66
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE JAIANIA DORES DOS REIS KAMILA COSTA GOMES LUCAS BARATA WINGLER MARIANA BRAVIN PREREIRA PATRÍCIA COSTA FABRIZ SARA PIMENTEL BASTOS DA PROIBIÇÃO À POTENCIALIZAÇÃO: O USO EDUCATIVO DO CELULAR E TABLET EM SALA DE AULA E SUAS REPERCUSSÕES PEDAGÓGICAS VITÓRIA 2014

TCC Celular.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TCC Celular.pdf

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE

JAIANIA DORES DOS REIS

KAMILA COSTA GOMES

LUCAS BARATA WINGLER

MARIANA BRAVIN PREREIRA

PATRÍCIA COSTA FABRIZ

SARA PIMENTEL BASTOS

DA PROIBIÇÃO À POTENCIALIZAÇÃO: O USO EDUCATIVO DO

CELULAR E TABLET EM SALA DE AULA E SUAS REPERCUSSÕES

PEDAGÓGICAS

VITÓRIA

2014

Page 2: TCC Celular.pdf

1

JAIANIA DORES DOS REIS

KAMILA COSTA GOMES

LUCAS BARATA WINGLER

MARIANA BRAVIN PREREIRA

PATRÍCIA COSTA FABRIZ

SARA PIMENTEL BASTOS

DA PROIBIÇÃO À POTENCIALIZAÇÃO: O USO EDUCATIVO DO

CELULAR E TABLET EM SALA DE AULA E SUAS REPERCUSSÕES

PEDAGÓGICAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Geografia da Universidade Federal do

Espírito Santo como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciatura Plena em

Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Vilmar José Borges.

VITÓRIA

2014

Page 3: TCC Celular.pdf

2

JAIANIA DORES DOS REIS KAMILA COSTA GOMES

LUCAS BARATA WINGLER MARIANA BRAVIN PREREIRA

PATRÍCIA COSTA FABRIZ SARA PIMENTEL BASTOS

DA PROIBIÇÃO À POTENCIALIZAÇÃO: O USO EDUCATIVO DO

CELULAR E TABLET EM SALA DE AULA E SUAS REPERCUSSÕES

PEDAGÓGICAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Geografia da Universidade

Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura

Plena em Geografia.

Vitória, 27 de fevereiro de 2014.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Dr. Vilmar José Borges

UFES

Orientador

_____________________________________

Prof.ª Dr.ª Marisa Terezinha Rosa Valladares

UFES

______________________________________

Prof. Mestre Carlos Alberto Nascimento

Rede Municipal de Educação – Serra – ES

Page 4: TCC Celular.pdf

3

AGRADECIMENTOS

Agradecemos às nossas famílias pelo apoio durante os quatro anos de caminhada; ao

nosso orientador Prof. Dr. Vilmar José Borges, que sempre se mostrou disponível em nos

atender e incentivou nossa pesquisa; e a todos aqueles que direta ou indiretamente

contribuíram para a realização deste trabalho.

Page 5: TCC Celular.pdf

4

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades

para a sua própria produção ou a sua construção”. – Paulo Freire.

Page 6: TCC Celular.pdf

5

RESUMO

O objetivo geral desta pesquisa foi o de utilizar os aplicativos desenvolvidos para celulares e

a internet móvel, bem como o uso de redes sociais como recursos didáticos para o

aprendizado da Geografia, desenvolvendo assim, discussões e reflexões acerca da

presença de tecnologia no cotidiano escolar e seu uso no processo de ensino-

aprendizagem. Especificamente objetivou-se: a) conhecer a visão da equipe pedagógica,

pais de alunos e alunos acerca da introdução do uso de tecnologias no cotidiano das aulas;

b) relatar a receptividade do aluno quanto a esta nova proposta de aula e sua opinião,

positiva ou negativa; e c) sugerir, por meio da experiência na sala de aula, até que ponto a

tecnologia é positiva e ajuda o professor a despertar nos alunos o interesse pela disciplina.

Palavras-chave: Geografia – Cotidiano - Internet – Celular .

Page 7: TCC Celular.pdf

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Imagem da publicação do IBOPE em que discrimina as diferentes gerações

presentes no Brasil entre agosto de 2009 e julho de 2010 ............................................. 22

Figura 02: Resumo das principais características da chamada Geração Z .................... 23

Figura 03: Localização da escola São Camilo de Lellis .................................................. 27

Figura 04: Construção da Escolinha Pinóquio em 1972 ................................................. 28

Figura 05: Imagem aérea atual da Escola São Camilo de Lellis ..................................... 28

Figura 06: Sequência evolutiva do processo de precocidade juvenil .............................. 39

Figura 07: Comparação entre a infância de diferentes gerações .................................... 40

Figura 08: Tela Inicial do aplicativo ................................................................................. 47

Figura 09: Tela explicativa sobre o funcionamento do jogo ............................................ 47

Figura 10: Explicação da primeira fase ........................................................................... 48

Figura 11: Uma das quatro perguntas desta fase. Caso o aluno erre alguma letra, o

boneco vai sendo formado ............................................................................................. 48

Figura 12: Felicitação pelo acerto ................................................................................... 49

Figura 13: Incentivo para que o aluno continue tentando encontrar a resposta correta. 49

Figura 14: Tela de introdução à fase .............................................................................. 50

Figura 15: Identificação de um dos climogramas ............................................................ 50

Figura 16: Tela de explicação da última fase .................................................................. 51

Figura 17: Mapa de climas e indicadores dos climas a serem respondidos ................... 51

Figura 18: Indicadores verdes e azuis, indicando quais respostas já foram dadas e

quantas ainda faltam ...................................................................................................... 52

Figura 19: Tela de encerramento do jogo ....................................................................... 53

Figura 20: Imagem do ícone do aplicativo, já instalado no aparelho .............................. 53

Page 8: TCC Celular.pdf

7

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: “O seu aparelho de celular lhe permite acessar a internet?” ........................ 30

Gráfico 02: “Com que idade você ganhou seu primeiro celular?” ................................... 31

Gráfico 03: “Para quais funções você usa o seu celular?” .............................................. 32

Gráfico 04: “Ao acessar a internet utilizando o seu celular você já encontrou algum

conteúdo estudado ou que poderia ser utilizado na aulas de Geografia?” .................... 33

Gráfico 05: “Você concorda com a proibição do uso de celular em sala de aula?”........ 34

Gráfico 06: “Você acredita que o celular possa ser utilizado como uma possível

ferramenta de auxílio à educação do seu filho?” ............................................................ 35

Gráfico 07: ”Quanto ao celular, você concorda com sua proibição em sala de aula?”... 37

Gráfico 08: “Você acha possível a utilização do celular como ferramenta de ensino?”...38

Page 9: TCC Celular.pdf

8

SUMÁRIO

PALAVRAS INICIAIS ............................................................................................... 09

CAPÍTULO I - O COTIDIANO ESCOLAR: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E OS

DESAFIOS DAS TECNOLOGIAS NA SALA DE AULA .......................................... 12

1.1 CURRÍCULO, CULTURA E O PROFESSOR CONTEMPORÂNEO ................... 12

1.2 CONTEMPORANEIDADE TECNOLÓGICA E COTIDIANO ESCOLAR:

POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO ENSINO ......................................................... 15

1.3 A GERAÇÃO CONECTADA ................................................................................ 21

CAPÍTULO II – A ESCOLA: GERAÇÕES E PERCEPÇÕES ACERCA DA

TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO PRODUTIVO PARA A EDUCAÇÃO......... 26

2.1 LOCALIZAÇÃO, REALIDADE SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICA ................ 26

2.2 TABULANDO OS DADOS EMPÍRICOS.............................................................. 30

2.2.1 Perfil dos Alunos .............................................................................................. 30

2.2.2 Perfil dos Pais .................................................................................................. 33

2.2.3 Perfil dos Professores ...................................................................................... 36

CAPÍTULO III – APRENDENDO GEOGRAFIA COM O WHATSAPP E

VEGETACLIMA ........................................................................................................ 39

3.1 APRENDENDO GEOGRAFIA COM O WHATSAPP ........................................... 42

3.2 VEGETACLIMA ................................................................................................... 45

3.3 Avaliando os Projetos: observações indiretas e manuscritos dos alunos .......... 53

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 57

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 59

APÊNDICES ............................................................................................................. 61

APÊNDICE I – Questionário para os Alunos ......................................................... 62

APÊNDICE II – Questionário para os Pais/Responsáveis .................................... 63

APÊNDICE III – Questionário para os Professores .............................................. 64

APÊNDICE IV – Aprendendo Geografia com o WhatsApp ................................... 65

Page 10: TCC Celular.pdf

9

PALAVRAS INICIAIS

Ser professor consciente e crítico significa reconhecer que nenhuma metodologia de

ensino é válida e suficiente como único recurso didático a ser utilizado para a

efetivação significativa do processo ensino-aprendizagem. Vale dizer que uma

mesma metodologia, por mais eficiente e positiva, não serve para todos os dias. Há

que se considerar que alunos não são livros de colorir em que escolhemos as cores;

e, ainda, que uma sala de aula é um grupo heterogêneo.

Essa heterogeneidade se intensifica ainda mais no atual meio técnico-científico-

informacional1 em que as pessoas são influenciadas a todo tempo pela mídia, com

apreensão de novos valores, práticas, gostos, vícios etc. Assim, se evidencia a

necessidade e mesmo urgência de os docentes, no exercício de suas funções,

incluírem no planejamento escolar aulas que tenham significado, que despertem a

atenção e envolvimento de seus alunos. O foco para essas "aulas que interessam" é

exatamente aliar o que as crianças querem com o que elas precisam. Nessa

direção, no contexto das novas tecnologias, proibir o seu uso em sala de aula pode

instigar mais ainda os estudantes a querer usá-los. Assim, o questionamento que

começa a surgir é: o que fazer para equilibrar a vontade da nova geração com o

conteúdo curricular?

Tem se tornado cada vez mais comum nas instituições educacionais brasileiras, o

processo de adaptação ao uso de quadros digitais, tablets e demais interações

digitais no aprendizado. No entanto, ainda faltam treinamentos para os docentes,

manutenção dos equipamentos e em muitos casos de escolas públicas brasileiras, a

instalação do que já foi comprado com dinheiro público. Tal constatação não é muito

difícil de ser observada: basta estar atento aos telejornais e propagandas. As

escolas que não oferecem esses recursos modernos, entretanto, não deixam de

receber alunos com o mesmo perfil que os das escolas multimídias. Surge daí,

vários questionamentos: como pensar e trabalhar essas questões no ensino de

Geografia? É possível interagir com crianças e seus celulares durante a aula, sem

1 Conceito trabalhado pelo geógrafo brasileiro Milton Santos, no qual considera a informação como

vetor fundamental do processo social e os territórios como equipados para facilitar sua circulação. O meio geográfico então, tende a ser universal (SANTOS, 1996).

Page 11: TCC Celular.pdf

10

prejudicar o conteúdo? Como alunos do ensino fundamental e seus professores se

comportariam nesse desafio? Reconhecemos aqui uma necessidade profissional

transformada em problema.

Foram esses tipos de questionamentos e discussões que fomentaram o desejo de

realizar este trabalho, tentando buscar possíveis soluções. Para realizar a pesquisa

do cotidiano escolar e sua relação com as novas tecnologias o grupo selecionou a

escola particular “São Camilo de Lellis2”, que atende do Maternal ao Ensino Médio e

localiza-se no bairro Alvorada, na cidade de Vila Velha - ES. A opção pela escola

deve-se ao fato da proximidade de uma integrante do grupo de pesquisa com a

mesma – já que a integrante leciona a disciplina de Geografia no Ensino

Fundamental II, o que favoreceu a realização do estudo. A proposta metodológica

sob a qual se procurou erigir a investigação pautou-se nos pressupostos da

pesquisa bibliográfica e na aplicação de questionários qualitativos com os alunos,

pais dos alunos e professores, além do desenvolvimento e aplicação de atividades

didáticas envolvendo o uso do celular / tablet ao trabalhar o conteúdo de Geografia

que fazia parte do programa da disciplina que a turma estava estudando.

Para tanto, delimitou-se como universo da pesquisa empírica, uma turma de 6º ano

do Ensino Fundamental II (6º C – Vespertino) para aplicação dos questionários e

desenvolvimento das atividades práticas. Apesar de haver muitas ferramentas

tecnológicas que podem ser utilizadas como recursos de aprendizagem, optou-se

por trabalhar com o celular por ser um aparelho multifuncional e de fácil acesso dos

alunos no momento da aula, pois, ainda que nem todos os alunos possuíssem

celular, grande parte da turma o tinha, o que possibilitava trabalhar em grupos ou

duplas.

Desse modo, o objetivo geral desta pesquisa foi o de utilizar os aplicativos

desenvolvidos para celulares e a internet móvel, bem como o uso de redes sociais

como recursos didáticos para o aprendizado da Geografia, desenvolvendo assim,

discussões e reflexões acerca da presença de tecnologia no cotidiano escolar e seu

uso no processo de ensino-aprendizagem. Especificamente objetivou-se: a)

conhecer a visão da equipe pedagógica, pais de alunos e alunos acerca da

2 A Escola autorizou a identificação da pesquisa e, portanto, não houve necessidade de utilizar do

recurso de invisibilidade.

Page 12: TCC Celular.pdf

11

introdução do uso de tecnologias no cotidiano das aulas; b) relatar a receptividade

do aluno quanto a esta nova proposta de aula e sua opinião, positiva ou negativa; e

c) sugerir, por meio da experiência na sala de aula, até que ponto a tecnologia é

positiva e ajuda o professor a despertar nos alunos o interesse pela disciplina.

Nesse sentido, o presente relatório ficou organizado em três capítulos. No primeiro

capítulo, “O cotidiano escolar: práticas pedagógicas e os desafios das

tecnologias na sala de aula”, procuramos abordar teoricamente as implicações da

inserção das novas tecnologias e internet no cotidiano escolar e iniciar uma

discussão a respeito de suas possibilidades e limitações. Para tanto, nos utilizamos

de diferentes autores, procurando promover uma “conversa” entre eles.

No segundo capítulo “A Escola: gerações e percepções acerca da tecnologia

como instrumento produtivo para a educação” têm-se a localização da escola e

sua realidade social, cultural e econômica. Apresentamos a tabulação dos dados

empíricos, onde fica bastante evidenciada a viabilidade e mesmo manifestação de

interesses, tanto dos alunos, quanto de professores e pais, pela busca de

alternativas que visem à exploração positiva dos recursos tecnológicos tais como o

celular e tablets (objeto de nossa pesquisa) em favor do processo de ensino-

aprendizagem.

O terceiro capítulo, “Aprendendo Geografia com o WhatsApp e VegetaClima”,

apresenta as atividades que foram realizadas junto aos alunos utilizando o celular /

tablet para trabalhar o conteúdo de Climas do Mundo - algo que eles já estavam

estudando, sendo uma maneira, portanto, de fixação do conteúdo. Ao final eles

relataram suas opiniões positivas ou negativas sobre as atividades.

Espera-se assim, que o ensino de Geografia se faça significativo na medida em que

participa da vontade do aluno em estar com o celular / tablet em mãos.

Page 13: TCC Celular.pdf

12

CAPÍTULO I

O COTIDIANO ESCOLAR: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E OS DESAFIOS DAS

TECNOLOGIAS NA SALA DE AULA

Os cadernos, livros, lápis de cor e outros objetos tradicionais não são mais os únicos

itens no material que o aluno contemporâneo leva para a escola. Em um mundo

globalizado, com o uso intenso das novas tecnologias de comunicação, o cotidiano

escolar acaba por sofrer transformações. No geral e, via de regra, a livre utilização

de tais tecnologias por parte dos alunos é proibida. Na prática, os professores

precisam estudar saídas para que a turma não troque as aulas pelas redes sociais,

que são de fácil acesso em seus aparelhos digitais portáteis.

1.1 Currículo, Cultura e o Professor Contemporâneo

A passagem para o século e milênio atuais foi marcada por um turbilhão de

mudanças. Essas mudanças incluem uma “nova ordem mundial”, tanto de ordem

socioeconômica quanto de ordem midiática e tecnológica. A mídia, conceituada por

Debray (1994) como qualquer suporte de difusão maciça da informação (imprensa,

rádio, televisão, cinema, outdoors, etc.), a todo o momento nos bombardeia com

informações no intuito de nos incitar a consumir os mais diversos produtos com as

mais diversas funções.

Nesse sentido, é facilmente perceptível constatar que o cotidiano escolar seja

extremamente diverso em suas várias instâncias, pois é construído a partir da

interação entre uma multiplicidade de visões de mundo. Qualquer modo de existir

humano no mundo possui sua própria cotidianidade, e por isso a cotidianidade se

diferencia conforme os distintos modos de existência. Vale, portanto, aqui

lembrarmos a constatação de Lopes (1999), ao afirmar que a relação que temos

com o conhecimento cotidiano e com a própria cotidianidade é diretamente

determinada pelas relações sociais as quais somos submetidos.

Page 14: TCC Celular.pdf

13

Conforme a referida autora, conhecimento cotidiano é:

(...) a soma de nossos conhecimentos sobre a realidade que utilizamos de um modo efetivo na vida cotidiana, sempre de modo heterogêneo. É o conhecimento-guia de nossas ações, nossas conversas, nossas decisões. [...] O saber cotidiano pode, inclusive, acolher certas aquisições científicas, mas não o conhecimento científico como tal. (LOPES, 1999, p. 143).

Com o desenvolvimento técnico-científico, o pensamento humano atingiu tal grau de

desenvolvimento intelectual e técnico que, permeado pelas mais diversas relações

sociais, possibilita que até mesmo uma escola localizada em um dito “bairro

periférico” tenha possibilidades de acesso à Internet e a outras ferramentas

tecnológicas.

Nessa direção, Lopes (1999) ressalta a importância da cultura no processo

educativo e, consequentemente, da necessidade de se repensar o currículo escolar.

Segundo a referida autora,

os pesquisadores em Currículo e em Educação de uma forma geral, dentro de uma linha tradicional ou crítica, parecem estar de acordo quanto à cultura ser o conteúdo substancial do processo educativo e o currículo a forma institucionalizada de transmitir e reelaborar a

cultura de uma sociedade (...) (p.63).

Ainda segundo Lopes (1999), ao analisarmos a cultura de uma sociedade, pautados

apenas em uma perspectiva tradicional do currículo – que entende o processo

educacional apenas como transmissão de conhecimentos previamente selecionados

–, corre-se o sério risco de concebê-la como unitária, homogênea e universal. É

notório que muitos professores se utilizam dessa perspectiva em seu exercício

pedagógico, de forma que ao assumir esta abordagem, fatores que expressam a

multiculturalidade presente na sala de aula percam espaço, dando lugar a uma visão

funcionalista e homogênea do ponto de vista cultural e intelectual. Em

contraposição, a referida autora ressalta que as proposições da tradição crítica

trazem à tona o problema da legitimidade dos conhecimentos escolares que

interpelam diretamente a identidade dos professores e a realidade da(s) sala(s) de

aula em questão, pois não há ensino sem o reconhecimento da legitimidade da coisa

ensinada por parte dos atores sociais envolvidos.

Neste sentido e especificamente no que se refere à temática da presente

investigação, é que se visualiza a inserção da problemática do uso das mídias

Page 15: TCC Celular.pdf

14

(televisão, rádio, jornais e internet) em sala de aula. Tal inserção, por sua vez,

evidencia-se como uma questão interessante e rica tanto para debate (pois as

opiniões entre os profissionais da Educação se dividem quanto a isso) quanto para

possibilidades de usos (pois as opções são muitas), uma vez que é visível sua

influência e participação no cotidiano não só dos alunos, mas também dos próprios

professores. Desse modo, levanta-se o questionamento principal desta pesquisa:

partindo do currículo escolar, é possível fazer uso da(s) tecnologia(s) no ensino-

aprendizagem de Geografia na sala de aula?

A busca por respostas possíveis a tal questionamento exige que se considere,

conforme bem salienta Silva (2001 apud Moreira e Macedo, 2002, p. 38), que o

currículo é sempre permeado por relações de poder, e o poder se configura num de

seus principais componentes. Isso, por sua vez, traz outros questionamentos, tais

como: o que motiva o processo todo? Por que esse conhecimento e não outro, por

que essa concepção de verdade e não outra? Por que queremos que alguém se

transforme em uma coisa e não em outra?

Partindo dessas reflexões acerca da perspectiva do “poder” que o professor possui

em sala de aula e sua opção, por meio dele, de trabalhar a aula de maneira

alternativa e diferenciada para a turma, propomos então realizar uma discussão não

a respeito do que e de como algo poderia ser ensinado, mas sim de como esse dito

“poder” pode ser utilizado pelo professor em favor de uma didática diferenciada na

sala de aula.

Nesse sentido, vale considerarmos o que nos ensina Lévy (1999), ao afirmar que

uma técnica não é boa, nem má (isto depende dos contextos, dos usos e dos pontos

de vista), tampouco neutra (já que é condicionante ou restritiva, pois se por um lado

abre, por outro fecha o espectro de possibilidades). Portanto, há que se considerar

que ao optar por utilizar uma determinada metodologia em sala de aula não é

possível ter a plena garantia de a mesma ser a melhor forma de ensinar. Ou seja,

não existe uma receita única, pronta e acabada. O sucesso da metodologia utilizada

no processo de ensinar e aprender depende da realidade da turma com a qual se

trabalha e de como o professor aplicará a metodologia. Seguindo por esse viés,

nota-se que inovar a prática educacional parece ser o método mais eficaz para

captar a atenção dos alunos.

Page 16: TCC Celular.pdf

15

Vale, portanto, considerar que é relativamente grande o número de artigos que têm

sido publicados na perspectiva de inserção de ferramentas tecnológicas no espaço

da sala de aula.

Nessa direção, Abreu (2006), ressalta que alguns professores, especialmente os

que trabalham em escolas particulares, sentem-se pressionados a utilizarem, em

suas práticas pedagógicas, o uso das novas tecnologias, já que as mesmas estão se

tornando cada vez mais indispensáveis nas relações e ações humanas, como por

exemplo, a internet. No entanto, pertinente se faz a advertência de Carvalho (2009),

ao afirmar que a prática pedagógica, em conjunto com as diversas tecnologias, deve

realizar-se de duas maneiras: crítica, para poder compreender e desenvolver

propostas como estratégias para a construção do conhecimento, e democrática, de

modo que esteja a serviço de uma educação preocupada com uma mudança na

sociedade.

Para tanto a educação, materializada na prática pedagógica, deve ter como objetivo

principal a expansão do saber dos discentes e, com a gradual introdução da

tecnologia na sala de aula, abre-se uma janela de possibilidades para que este

objetivo seja alcançado.

1.2 Contemporaneidade tecnológica e cotidiano escolar: possibilidades e

desafios no ensino

Em uma retrospectiva histórica, é perceptível que a década de 1990 foi um período

de grandes transformações sociais e avanços tecnológicos. Sendo essas mudanças

intensificadas pelo acelerado processo de expansão do capitalismo financeiro e pela

popularização do computador pessoal e comercialização da Internet.

No centro de todas essas transformações está o processo de globalização, que

Santos (2011) chama de “ápice do processo de internacionalização do mundo

capitalista” (p.15). Ou seja, os mercados, antes nacionais, estão se transformando

em mercados globais, cada vez mais integrados em uma única estrutura de poder

Page 17: TCC Celular.pdf

16

que abrange todo o planeta. As fronteiras dos Estados-nações3 estão perdendo seu

significado em muitos aspectos e isso permite que os fluxos monetários entrem e

saiam sem grandes dificuldades.

Esta situação é particularmente acentuada no que diz respeito à mídia de

comunicação de massa, cujo processo de difusão é intenso. A informação, assim

como o capital, flui de forma cada vez mais livre, possibilitando que pessoas em todo

o mundo compartilhem sons e imagens, contribuindo para transformação da visão

de mundo de milhões de pessoas.

Na apresentação do texto da UNESCO4 de 1999, “A criança e a mídia: Imagem,

educação e participação”; destaca-se que são as crianças os indivíduos mais

vulneráveis à influência da mídia globalizada e as mudanças presenciadas no dia a

dia influenciam profundamente suas vidas, o que corrobora a proposição de Biocca

e Lévy (1995) ao afirmarem que a mídia também "engloba todo o vasto sistema

social e cultural construído ao redor dos canais de transmissão ou interfaces como a

televisão" (p.15).

Esta situação pode ser notada no ambiente escolar, no qual os alunos

frequentemente distraem-se, fazendo uso de aparelhos como celulares e tablets em

sala, obrigando, muitas vezes, o professor a interromper sua aula para “chamar a

atenção”. Por isso, faz-se necessário e urgente, reflexões acerca das possibilidades

de exploração de tais aparelhos como ferramentas para o ensino.

Segundo Carvalho (2009), o acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação –

(TIC)5 (celular, televisão, rádio, computador, tablets, etc.) amplia as transformações

sociais e desencadeia uma série de mudanças na forma como se constrói o

conhecimento. Portanto, a escola, bem como os outros lugares onde se fomenta o

currículo, não pode desconsiderar o movimento de inserção de novas tecnologias e

mídias, pois esta é uma realidade com a qual os profissionais de todas as áreas se

deparam, apontando-lhe novos desafios.

3 Estado-nação: território delimitado, composto por um Governo e uma nação soberana.

4 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

5 A partir daqui, utilizaremos a sigla TIC para nos referir a elas.

Page 18: TCC Celular.pdf

17

Analisar criticamente a forma como essas ferramentas são utilizadas é

imprescindível. E, nesse sentido, Lévy (1999) nos alerta para a atenção na seleção

de informações presentes na internet. Segundo o referido autor, não existe sistema

de informação sem erros, perdas e defasamentos, de modo que a internet dispõe de

informações que carecem de uma seleção apropriada para que assim possa ser

usada de forma educativa.

Ainda no referido documento da UNESCO, seu Diretor-Geral Assistente de

Comunicação, Informação e Informática, Henrikas Yushkiavitshus, nos afirma que

(...) o desafio real, hoje, não é ensinar — é estimular o aprendizado. Não é instruir — mas provocar experiências que deixem uma marca com a esperança de que produzam uma mudança de mentalidade,

uma mudança de atitude” (UNESCO, 1999, p. 17).

Apesar de este ser um argumento apresentado por um órgão de nível internacional,

discordamos, pois não acreditamos que o papel do professor seja apenas mediar a

relação aluno-aprendizado. O desafio continua sendo ensinar e instruir, mesmo que

as referências culturais tenham sido substituídas.

O fato de que os alunos têm grande interesse e disposição para trabalhar com

atividades em que se utilizam a tecnologia pode e deve ser extensamente explorado,

pois segundo Carvalho (2009), o ato de gostar equivale ao ato de querer conhecer,

ou seja, temos mais chance de explorar a aprendizagem do aluno quando são

propostas atividades que têm significado para ele.

Moran (1997) explica que as redes exercem uma atração sobre os estudantes, “eles

gostam de navegar, de descobrir endereços novos, de divulgar suas descobertas, de

comunicar-se com outros colegas” (p. 146). No entanto, o referido autor também

alerta que a quantidade de conexões possíveis pode fazer com que os alunos se

percam, e aí, a orientação do professor no uso do computador ou de qualquer outro

aparelho tecnológico em sala se faz impreterível.

Segundo Cox (2003), certas atitudes são fundamentais para a formação e ação do

professor no que diz respeito ao uso da tecnologia em sua prática pedagógica. E

lista algumas dessas atitudes, tais como: a) competência para educar-se

continuamente em acompanhar a dinâmica da atualidade; b) capacidade de ousar

Page 19: TCC Celular.pdf

18

para quebrar as amarras das especificidades das formações educacionais

tradicionais; c) cumplicidade com o educando para estabelecer parcerias na busca

por soluções e construções; d) habilidade para socializar saberes e fazeres, com o

intuito de garantir o desenvolvimento da coletividade, entre outras.

Já em contraposição à ideia de que a inserção de TIC na sala de aula seja um fator

positivo, existe a possibilidade de alguns professores, ainda calcados numa

perspectiva tradicional da educação, temerem ser substituídos por um “professor

virtual”. Em relação a isso, Hawkins (1995 apud Carvalho, 2009, p. 11) discorre que

os professores deveriam ter consciência de que a tecnologia é capaz de ajuda-los a

ensinar melhor e com melhor qualidade, mas não substituí-los. Este autor crê que,

ao contrário dos receios manifestados por estes professores, o número de

professores deveria aumentar.

Ainda em uma crítica em relação à inserção das TIC nas salas de aula, e uso e

exploração inadequada de tal inserção, temos o exemplo citado por Barreto (2008)

em que uma professora, ao levar seus alunos para a sala de informática, fez uso

apenas do recurso do Word para uma atividade de ditado, onde ela mesma passava

corrigindo as palavras, máquina por máquina, “era a nova tecnologia a serviço de

uma prática velha e sem sentido” (BARRETO, 2008 p. 147). A autora faz uma crítica

negativa à supervalorização dos recursos tecnológicos nas escolas, porém, não

discorda que as TIC trazem novos materiais e conteúdos que através de uma leitura

que rompa com o tradicional, podem favorecer o trabalho multidisciplinar. Tudo isso

irá depender da prática pedagógica do professor. Este pensamento acorda com a

ideia de Kenski (2010) quando essa afirma que:

Para que as TICs possam trazer alterações no processo educativo, no entanto, elas precisam ser compreendidas e incorporadas pedagogicamente. Isso significa que é preciso respeitar as especificidades do ensino e da própria tecnologia para poder garantir que o seu uso, realmente, faça a diferença (KENSKI, 2010, p. 46).

Carvalho (2009) explica que a aprendizagem, em sentido amplo, só ocorre quando

professores e alunos, pais e filhos convergem para um objetivo em comum:

educação de qualidade (para a vida, o mundo e o trabalho), seja ela na modalidade

digital ou convencional. E é aí onde as dificuldades se materializam. E acerca das

Page 20: TCC Celular.pdf

19

dificuldades educacionais relacionadas à introdução das TIC na sala de aula, esta

autora afirma:

O grande desafio para o professor não é a dificuldade de domínio das competências para o uso das TIC, mas sim, em encontrar formas produtivas e viáveis de integrar as TIC no processo de ensino-aprendizagem, no quadro dos currículos atuais, da situação profissional e das condições concretas de atuação de cada escola. O enfrentamento deste desafio consiste na formação de qualidade dos docentes que deve ser vista em um amplo quadro de complementação às tradicionais disciplinas pedagógicas e que inclui um razoável conhecimento de uso do computador, das redes e dos demais suportes midiáticos (rádio, televisão, vídeo) em variadas e diferenciadas atividades de aprendizagem. É preciso saber utilizá-las adequadamente. Identificar quais as melhores maneiras de usar as tecnologias para abordar um determinado tema ou projeto específico ou refletir sobre eles, de maneira a aliar as especificidades do suporte pedagógico (do qual não se exclui nem a clássica aula expositiva, nem muito menos o livro) ao objetivo maior da qualidade de aprendizagem de seus alunos (CARVALHO, 2009, p.13).

Ao nos depararmos com as dificuldades educacionais estamos diante de inúmeros

fatores, sendo estes largamente apontados pelos professores e outros profissionais

da educação, pelos pais, pelos próprios alunos e também pelo governo.

Especificamente no que tange à problemática da presente investigação, que gravita

em torno das perspectivas e possibilidades de utilização do celular como recurso de

ensino, em outubro de 2007 foi publicada pela Câmara dos Deputados, o Projeto de

Lei nº 2246-A, aprovado em 03 de junho de 2009, do então deputado Pompeo de

Mattos, que em seu Art. 1º proíbe o uso de telefones celulares em todas as escolas

públicas do país.

Segundo o propositor, este Projeto de Lei - (PL)6:

(...) visa assegurar a essência do ambiente escolar, onde a atenção do aluno deve estar integralmente direcionada aos estudos, na fixação do aprendizado passado pelos professores, sem que nada possa competir ou desviá-lo desse objetivo. O uso do celular no ambiente escolar compromete o desenvolvimento e a concentração dos alunos, e são preocupantes os relatos de professores e alunos de como é comum o uso do celular dentro das salas de aulas (BRASIL, Lei nº 2246-A, 17 de outubro de 2007, p. 2).

O texto ainda diz que de acordo com relatos de professores:

6 Proposta apresentada para discussão e conversão ou não da mesma em Lei. Depende de

aprovação dos Órgãos Legislativos.

Page 21: TCC Celular.pdf

20

(...) é constante a troca de “torpedos” entre alunos dentro da sala de aula e também para amigos de outra sala. Muitos deixam o celular no modo silencioso e às vezes não resistem quando recebe uma ligação atendem sussurrando em voz baixa. Outros relatos indicam que muitos utilizam o telefone para jogar, já que praticamente todos os modelos trazem opções de vários “games”. Há relatos de estudantes que usam o celular para colar nas provas, através de mensagens de texto e também armazenando a matéria no próprio aparelho (BRASIL, Lei nº 2246-A, 17 de outubro de 2007, p. 2).

O deputado acima mencionado também usa como argumento o que ele chama de

exibicionismo, pois “(...) cada dia um aluno surge com um modelo novo dotado de

novas tecnologias, o celular é considerado um objeto de status entre eles”,

afirmando que isso “(...) tira o foco principal que é o aprendizado dos alunos (...)”.

Ainda em conformidade com o deputado, “muitos pedagogos defendem a ideia de

que o ideal é o aluno não levar o celular para escola, há relatos de alunos que não

conseguem deixar o celular desligado, tanto é o apego e a atenção dispensada para

o aparelho” (BRASIL, Lei nº 2246-A, 17 de outubro de 2007, p. 2).

O deputado Mattos também afirma que a “desculpa” da “(...) segurança e do direito

dos pais entrarem em contato com seus filhos (...)” (p.2), não justifica o uso de

celular em sala, alegando que as escolas possuem telefones fixos (e telefones

públicos) para que sejam usados em casos de emergências. Ele menciona também

o então Prof. Yves de La Taille, do Departamento de Psicologia Escolar da

Universidade de São Paulo (USP), cujo argumento é que “o celular prejudica o

aprendizado e a socialização face a face. O recreio é um momento importante, é

uma pena que seja despedaçado por relações não presenciais” (p.3).

Alguns países como a Alemanha já adotaram medidas semelhantes a este PL. Por

fim, o deputado diz crer que a adoção da medida em questão beneficiará o bom

funcionamento das atividades nas salas de aula no Brasil. Após vários argumentos e

visões que condenam o uso do celular em sala de aula, como os explícitos no

Projeto de Lei acima mencionado, percebemos que o objetivo do presente trabalho,

se firma como um contraponto a esta questão, analisando este aparelho como uma

possibilidade de ensino-aprendizado, permeada, é claro, pela responsabilidade e

planejamento e não somente como um “vilão”.

Page 22: TCC Celular.pdf

21

Ressalta-se, no entanto uma exceção feita pelo Substitutivo ao Projeto de Lei nº

2.246, de 20077, em que se admite o uso de aparelhos eletrônicos portáteis em sala

de aula, desde que inseridos em atividades ligadas ao desenvolvimento didático-

pedagógico e autorizados pelos discentes e/ou corpo gestor. É nessa “brecha” legal

e, mediante as inúmeras possibilidades e perspectivas de utilização positiva do

celular como recurso didático que buscamos inserir nossa proposta.

Ressaltamos que as TIC, se utilizadas a fim de promover a interdisciplinaridade e

sendo um auxilio a prática do professor, poderão ajudar a romper com as barreiras

de uma metodologia educacional engessada. As TIC compreendem várias formas

eletrônicas, neste sentido, optamos por dar ênfase às possibilidades dos usos de

aparelhos celulares e tablets como ferramentas de apreensão do conhecimento,

uma vez que já é constatada a grande popularização dos mesmos no cotidiano das

escolas.

1.3 A Geração Conectada

As constantes mudanças de paradigmas e a evolução da tecnologia têm imposto

dificuldades no caminho da educação, tanto para as famílias, quanto para a própria

escola, como já discutido anteriormente. A escola é um dos poucos ambientes em

que diferentes gerações se inter-relacionam, tendo como uma de suas

consequências, este desafio de como educar a mais recente geração, também

chamada de geração “Z”. Tentando tornar mais claros estes desafios, apresentamos

os conceitos de quatro diferentes gerações que estão inseridas no ambiente escolar:

Baby Boomers, “Y”, “X” e “Z”. Cada uma dessas gerações foi categorizada em

épocas diferentes e por diferentes autores.

O conceito de geração sofreu grande mudança após os estudos do sociólogo Karl

Mannheim (1952), quando desenvolveu sua Teoria das Gerações, no qual a base

principal é a ideia de que as gerações não se constituem por fator biológico referente

à época do nascimento, mas pelo compartilhamento de um momento histórico que

possibilitaria aos membros do grupo a adoção de um mesmo estilo de pensamento

7 O Projeto de Lei nº 2.246, de 2007, foi o documento original apresentado para aprovação, e o PL

2246-A, é sua versão final, aprovada em 03 de junho de 2009.

Page 23: TCC Celular.pdf

22

ou de ação. Tal perspectiva teve seu conceito ampliado pelo sociólogo inglês Philip

Abrams (1982), que aliou os fatos históricos sociais à noção de identidade. Assim,

para os dois estudiosos “gerações é o lugar em que dois tempos diferentes - o do

curso da vida, e o da experiência histórica - são sincronizados. O tempo biográfico e

o tempo histórico fundem-se e transformam-se criando desse modo uma geração

social” (FEIXA, C. e LECCARDI, C. p.191).

Segundo publicação do IBOPE8 de pesquisa realizada entre agosto de 2009 e julho

de 2010, temos, no Brasil as gerações Baby Boomers, X, Y e Z dispostas da

seguinte maneira (figura 01):

Figura 01: Imagem da publicação do IBOPE em que discrimina as diferentes gerações presentes no Brasil entre agosto de 2009 e julho de 2010.

Fonte: IBOPE Mídia. 2014.

Conforme a referida publicação, a Geração Z é caracterizada como dinâmica e

conhecedora das tecnologias mais recentes, com desejos de estudos e viagens para 8 O IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística é uma das maiores empresas de

pesquisa de mercado da América Latina. É uma empresa privada que elabora pesquisas de opinião sobre TV, internet, telefonia e diversas outras categorias. Amplamente presente no território brasileiro, a empresa tem filiais nos Estados Unidos e em 13 países da América Latina. (http://www.ibope.com.br/).

Page 24: TCC Celular.pdf

23

o exterior. Enquanto para a geração Y (anterior à Z) diversão significa ir a bares,

restaurantes e sair para dançar, para a geração Z jogar games e ouvir música

(principalmente em mp3 e mp4) estão entre as diversões preferidas. Por isso são

comumente chamados de “conectados”.

A imagem seguinte (figura 02) aponta algumas das principais atividades

consideradas pela Geração Z como entretenimento e entre elas é dado grande

destaque para a internet, especialmente o uso de redes sociais, utilizadas de

maneira frequente.

Figura 02: Resumo das principais características da chamada Geração Z.

Fonte: IBOPE Mídia. 2014.

Buscando elucidar as características das referidas gerações, Mantovani (2009) se

utiliza de alguns autores para fazer uma rápida conceituação das mesmas. Assim,

citando Conger (1998) e Raines (2000), ela atribui à Geração Baby Boomer

características como informalidade, independência e otimismo, porém é considerada

pelas outras gerações como de difícil convívio. Trata-se de uma geração, cujos

membros nasceram entre os anos de 1943 e 1960, por isso presenciaram diversas

mudanças históricas significativas, tais como a Guerra do Vietnã e o movimento

Page 25: TCC Celular.pdf

24

feminista. Já a Geração X, é constituída por pessoas nascidas entre meados das

décadas de 1960 e 1980. Portanto, presencia a Guerra Fria e a queda do Muro de

Berlim. Representa a era da informação, são conservadores e materialistas, mas

valorizam a família. Por fim, quando Montovani (2009) comenta sobre a Geração Y,

citando Loiola (2009) e Lombardia (2008), os adjetivos que aparecem são

“impacientes”, “folgados”, “distraídos”, “superficiais”, mas também “esperançosos”,

“decididos”, “coletivos”. Fazem parte da Geração Y os nascidos entre 1980 e 2000;

são da época das tecnologias e da internet.

Assim, um dos desafios que se encontram na escola hoje, está em conseguir que os

professores, que são, via de regra, de gerações anteriores à Z se adaptem ao

comportamento tecnológico dos alunos desta última. E os alunos da geração Z por

sua vez, também possuem dificuldades em seguir o modelo didático da maioria dos

professores.

Pinto et al. (2013) em artigo publicado, afirmam que a educação

acompanha a evolução da humanidade agregando novas possibilidades na organização dos cursos, na comunicação com os estudantes e na produção e apresentação do material didático, modificando assim o espaço educativo. Segundo Maturana e Verden-Zöller (2004), o ambiente no qual convivemos e a forma como nele interagimos caracteriza-nos de uma forma particular delineando o curso da história humana geração após geração. Esse curso histórico é impulsionado pelas novas tecnologias e pelas exigências de uma sociedade em constante mudança (PINTO et al., 2013 p. 02).

Nesse sentido as novas exigências do século XXI se apresentam marcadamente na

sala de aula, visto que os alunos, cada vez mais cedo, estão conectados e fazendo

uso das novas tecnologias, contrapondo-se ao corpo docente, atualmente

pressionado a se adaptar aos novos interesses dos alunos. Espada (2012) afirma

que atualmente o problema não está mais em como prover acesso às tecnologias,

mas sim em como lidar com elas de maneira produtiva e coerente no âmbito

pedagógico e que

ainda não existem respostas comprovadas nem trabalhos publicados com informações detalhadas de como implementar métodos de aprendizado a redes sociais. (...) Talvez as futuras gerações tenham as respostas para nossos questionamentos. Digo talvez, porque é possível que nunca mais tenhamos modelos prontos e com eficácia certificada como no passado. As inovações surgem a cada dia, talvez

Page 26: TCC Celular.pdf

25

trazendo a necessidade de adaptações constantes em nossa concepção de ensinar e aprender. (p. 50-51).

Porém, vale ressaltar que o mesmo autor encerra assegurando a importância do

educador e da melhoria dos padrões de ensino para que essa inovação chegue à

educação.

Diante do exposto e no intuito de contribuir com as reflexões locais acerca do

acesso às tecnologias e de formas alternativas de como lidar com elas de maneira

produtiva e coerente no âmbito pedagógico, conforme sugere Espada (2012), no

próximo capítulo apresentaremos um perfil das percepções acerca dos limites,

possibilidades e perspectivas de utilização de tais recursos, explicitado pelas vozes

e concepções de alunos, professores e pais de uma unidade escolar do município

de Vila Velha-ES.

Page 27: TCC Celular.pdf

26

CAPÍTULO II

A ESCOLA: GERAÇÕES E PERCEPÇÕES ACERCA DA TECNOLOGIA COMO

INSTRUMENTO PRODUTIVO PARA A EDUCAÇÃO

Neste capítulo serão apresentados os resultados das pesquisas de opinião

realizadas com os professores, pais de alunos e alunos a respeito da utilização de

celulares e ou tablets como ferramentas no ensino da Geografia, bem como será

feito um breve resumo da história, estrutura física e realidade socioeconômica da

escola onde foi realizada a pesquisa.

2.1 Localização, Realidade Social, Cultural e Econômica

Para realizar a pesquisa empírica sobre cotidiano escolar e suas implicações com as

novas tecnologias, optou-se por selecionar a escola da rede particular de ensino

“São Camilo de Lellis9” localizada na Avenida Ernesto Canal, nº 451, no bairro

Alvorada - município de Vila Velha / ES, conforme pode-se visualizar na figura 03, a

seguir:

9 A direção da escola autorizou a identificação da mesma na pesquisa e, por tal motivo, não foi

necessário utilizar dos critérios de invisibilidade.

Page 28: TCC Celular.pdf

27

Figura 03: Localização da escola São Camilo de Lellis

Fonte: Google Maps, 2014.

O fator que determinou a escolha da referida escola se refere ao fato de que uma

das pesquisadoras atua, também, como educadora da mesma, já trabalhando com

os alunos que participaram da pesquisa. Esse critério, além de não alterar

significativamente o cotidiano da escola, também facilitou a entrada no campo da

pesquisa empírica.

Fundada no ano de 1972, a Escola São Camilo de Lellis iniciou suas atividades

como uma pequena instituição de Jardim de Infância, sendo nomeada, inicialmente,

de Escolinha Pinóquio. A escola adotou o nome atual no ano de 1978.

Atualmente atende alunos do maternal ao Ensino Médio. As figuras 04 e 05 retratam

o processo de ampliação da escola. Segundo informações constantes no site oficial

da instituição

Page 29: TCC Celular.pdf

28

a diretora da Escola Estadual Domingos José Martins, professora Maria Licínia Scardua Lellis, assume os 14 alunos de um pequeno Jardim de Infância que funcionava na garagem da residência do Sr. Pedro e Dona Severina, proprietários da Padaria Alvorada, no bairro Alvorada, em Vila Velha. Para assumir esses alunos, Dona Licínia e seu marido, o Sr. Delayr Lellis, transformaram, com ajuda dos filhos, um galinheiro que possuíam no quintal de casa, em uma pequena sala de aula, surgindo, assim, a Escolinha Pinóquio. (www.saocamilo.net, acesso em: 08 jan. 2014).

Figura 04: Construção da Escolinha Pinóquio em 1972.

Fonte: Site Escola São Camilo, 2014.

Figura 05: Imagem aérea atual da Escola São Camilo de Lellis.

Fonte: Site Escola São Camilo, 2014.

Page 30: TCC Celular.pdf

29

Sua estrutura interna atual abrange 32 (trinta e duas) salas de aula, Auditório,

Laboratório de Informática, Laboratório de Ciências, Biblioteca, Sala de Artes,

Piscina, duas Quadras de Esportes, Área de Eventos, Parquinho, Cantina,

Enfermaria, Sala de Excelência, duas Secretarias, e por fim, prédios separados para

Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio.

A escola, mesmo tratando-se de uma unidade particular de ensino, está inserida em

uma realidade social considerada “periférica”, visto que o bairro onde a mesma se

situa, carece de investimentos públicos em infraestrutura - incluindo principalmente

pavimentação, sinalização e drenagem - segurança e transporte.

Sabemos que os pais trabalham muito para poder colocar o filho para estudar aqui. Não é uma escola cara, mas para esses pais é uma parte importante do salário. É uma escola reconhecida no bairro e eles tentam dar o melhor para os filhos. (ADENILDE, 2013).

Porém, diferente dos pais que fazem parte das gerações “X” e “Y”, os estudantes

estão contextualizados na geração “Z”: impacientes e conectados. Além disso, por

essas famílias estarem inseridas em uma situação de classe média, a facilidade de

crédito parcelado, que por sua vez facilita a compra, via prestações, permite o

contato cada vez mais precoce dessas crianças com os aparelhos tecnológicos

portáteis.

Existe sala aqui na escola que todos os alunos possuem um tablet. Não tem como fugir, eles gostam disso. É dever nosso, dos professores e da escola, acompanhar essa vontade deles. (ADENILDE, 2013).

Portanto, a percepção de que o cotidiano escolar mudou já é um fato.

Reconhecendo essa demanda, a escola pesquisada já iniciou um trabalho de

adequação das metodologias didáticas a essas novas gerações cada vez mais

conectadas e não lineares. Esta informação pode ser observada no próprio site da

escola que afirma começar a:

...instalação de um sistema que possibilita aos professores e alunos utilizarem a partir de 2014 seus smartphones como ferramenta de pesquisa e ensino. (...) Para os próximos anos, o São Camilo continuará escrevendo sua história com a certeza de que vem desenvolvendo uma educação de qualidade. (SÃO CAMILO, 2014).

Page 31: TCC Celular.pdf

30

2.2 Tabulando os dados empíricos...

Como uma das alternativas metodológicas utilizadas para coleta de dados

empíricos, utilizou-se da aplicação de questionários qualitativos com os alunos, pais

dos alunos e professores (Apêndices I, II e III). Tais questionários tinham como

propósito, além de revelar o quantitativo de aparelhos eletrônicos e seus principais

usos, captar e desvelar a visão que cada um dos grupos entrevistados (alunos, pais

e professores) tinha a respeito da possibilidade de utilização destes aparelhos como

ferramentas educacionais, no caso deste trabalho. Assim, seguem os principais

resultados obtidos.

2.2.1 Perfil dos Alunos

O universo dos alunos respondentes foi de 33 (trinta e três), que faziam parte de

uma turma de 6º ano do turno vespertino, com idades entre 11 e 12 anos. Os

questionários foram aplicados durante uma das aulas de geografia, pela professora

regente desta disciplina. Com relação ao quantitativo de aparelhos celulares/tablets,

apenas dois alunos responderam não possuírem e, dos restantes, a maior parte

(Gráfico 01) afirmou possuir acesso à internet móvel, o que possibilitaria concretizar

atividades utilizando essas ferramentas, desde que realizadas em duplas ou grupos.

Gráfico 01: “O seu aparelho de celular lhe permite acessar a internet?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados. 2013.

Page 32: TCC Celular.pdf

31

Diante do alto índice de alunos que possuiam aparelhos de celular, buscou-se

verificar a idade com que adquiriram o primeiro aparelho. Os dados tabulados e

apresentados no gráfico 02, revelam que essa geração tem acesso à tecnologia

cada vez mais precocemente. Essa constatação reforça a importância e relevância

da Educação buscar alternativas viáveis e que possibilitem explorar esses recursos.

Gráfico 02: “Com que idade você ganhou seu primeiro celular?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013.

A pergunta seguinte se referia à razão pela qual ganharam o celular/tablet e as

respostas que mais se repetiram foram a) para acessar a internet e jogar; b) para se

comunicarem com os pais e amigos e; c) porque pediram aos pais. Notou-se,

durante as atividades realizadas, que os alunos que haviam ganhado o aparelho

celular em idades mais novas, possuiam melhor desenvoltura no manuseio do

mesmo, o que pode ser explicado pela informação acima. Com relação as principais

funções utilizadas nos aparelhos, elas estão representadas no gráfico 03:

6%

34%

24%

27%

3%

6%

5 anos

6-7 anos

8-9 anos

10-11 anos

12 anos

Em Branco

Page 33: TCC Celular.pdf

32

Gráfico 03: “Para quais funções você usa o seu celular?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013.

Vale esclarecer que, no tocante ao Gráfico 03, a alternativa “Outros” engloba

atividades tais como tirar fotos, ouvir músicas, assistir vídeos online, GPS e

conversas por mensagens online (WhatsApp).

Ao serem perguntados se encontraram algum conteúdo de Geografia, estudado na

Escola, ao acessarem a internet pelo celular, os dados afirmativos são

consideráveis, conforme pode-se observar no gráfico 04 a seguir:

15%

11%

20%

17%

27%

7%

3%

Ligações

Torpedos (sms)

Acessar redes sociais

Pesquisa

Jogar

Outros

Em branco

Page 34: TCC Celular.pdf

33

Gráfico 04: “Ao acessar a internet utilizando o seu celular você já encontrou algum conteúdo estudado ou que poderia ser utilizado na aulas de Geografia?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013.

Quando indagados sobre quais conteúdos de Geografia poderiam ser encontrados,

as respostas que mais se repetiram foram a respeito da localização (GPS, mapas) e

sobre o clima/tempo. As motivações dessas respostas podem ser devidas ao fato de

os aplicativos de localização e de previsão do tempo já virem instalados em boa

parte dos aparelhos com sistemas que permitem acesso à internet móvel. Estes

aplicativos, entretanto, apesar de limitados, podem também ser utilizados em aulas

introdutórias destes conteúdos, como uma maneira de despertar o interesse dos

alunos.

Os próprios alunos levaram para casa os questionários destinados aos pais para

que fossem respondidos, os resultados serão apresentados a seguir.

2.2.2 Perfil dos Pais

Dos trinta e três alunos da turma, somente quinze dos pais/responsáveis retornaram

os questionários respondidos, se tornando este então, o universo trabalhado. Depois

de tabulados, os resultados mostraram que boa parte dos alunos possuem, em

45%

49%

6%

Sim

Não

Em Branco

Page 35: TCC Celular.pdf

34

casa, outros tipos de aparelhos eletrônicos, tais como notebooks e vídeo games e

que boa parte dos pais não permite que estes sejam levados para a escola.

Quando indagados sobre a proibição do uso do aparelho celular/tablet na sala de

aula, a maioria dos pais/responsáveis disse não concordar. Entretanto as opiniões

ficaram dividas sobre o uso desses aparelhos para auxiliar a educação dos filhos,

como explicitado nos gráficos 05 e 06.

Gráfico 05: “Você concorda com a proibição do uso de celular em sala de aula?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013

Diante do alto percentual de respostas dos pais concordando com a proibição do

uso do celular em sala de aula, buscou-se compreender tal posicionamento, e, para

tanto, perguntamos se os pais acreditavam no potencial educativo do celular para o

processo de ensino-aprendizagem. As respostas foram tabuladas no Gráfico 06

abaixo:

93%

7%

Sim

Não

Page 36: TCC Celular.pdf

35

Gráfico 06: “Você acredita que o celular possa ser utilizado como uma possível ferramenta de auxílio à educação do seu filho?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013.

Os dados obtidos revelam certo equilíbrio entre acreditar ou não no potencial

educativo do celular para a formação dos filhos. Diante do exposto, foram propostas

algumas questões abertas, buscando, assim, compreender melhor o posicionamento

dos pais. Alguns posicionamentos merecem destaque e são apresentados a seguir:

“Em algum momento sendo direcionado para alguma atividade da matéria, creio que pode! Só tenho preocupação da distração dos alunos e a falta de disciplina em relação ao celular”. (Pai 01)

“Acho que o uso do celular na sala de aula não é possível, pois, o mesmo causa muita distração aos alunos”. (Pai 02)

Essa contradição no pensamento não é exclusiva dos pais de alunos. A hipótese

proposta por este trabalho também é, de certa maneira uma experimentação das

novas teorias educacionais apresentadas no início deste trabalho, cuja discussão

está longe de se encerrar. Mesmo porque, há que se considerar ainda, as

discussões que embasaram o subtítulo 1.3 do primeiro capítulo, onde buscamos

explicitar as percepções e características das diferentes gerações.

Assim, partimos para a triangulação dos dados relativos à visão e percepção dos

professores.

Page 37: TCC Celular.pdf

36

2.2.3 Perfil dos Professores

Em 2013 o corpo docente responsável pelas aulas do Ensino Fundamental II (onde

está inserido o 6º ano), constituía-se de 15 (quinze) professores. Desse total, 06

(seis) responderam à pesquisa. Em razão do número reduzido em comparação aos

outros grupos pesquisados, alguns dados serão apresentados em forma de tabela e

não como gráficos.

Tabela 01: Dados dos Professores-Sujeitos da Pesquisa

Formação Acadêmica

Graduação Especialização Mestrado Doutorado

01 05 - -

Tempo de Serviço Geral

1-5 anos 5-10 anos 10-15 anos 15-20 anos

01 - 02 03

Tempo de Serviço nesta Escola

1-5 anos 5-10 anos 10-12 anos

04 01 01

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013.

No que se refere ao questionamento a respeito da utilização de novas tecnologias

como recursos didáticos na sala de aula, todas as respostas dos respondentes

foram positivas. Porém não havia especificidade de quais tecnologias e qual a

frequência. Já sobre a proibição do uso de celular na sala de aula e sua utilização

como ferramenta de ensino, os números foram iguais: dos seis entrevistados, cinco

responderam ser contra a proibição e acreditavam em sua utilização didática contra

apenas uma resposta contrária a cada uma dessas alternativas. Percebeu-se que os

professores que ingressaram recentemente na Educação e também aqueles que

possuem formação acadêmica além da Graduação, tenderam a ter uma

receptividade maior quanto a novas metodologias de ensino-aprendizagem em sala

de aula, no caso desta pesquisa, em relação ao celular.

Page 38: TCC Celular.pdf

37

Gráfico 07: “Quanto ao celular, você concorda com sua proibição em sala de

aula?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013.

Em relação ao gráfico de n° 07 obtemos algumas justificativas em relação a sua

resposta, conforme pode-se observar abaixo:

Não, não concordo. O celular e as possibilidades que ele permite deve ser utilizado com cautela, todavia proibir seu uso é deixar de se utilizar de um meio de informação importante e prático (Professor de Filosofia, 2013).

Sim, concordo. O celular deve ser um meio de comunicação que oriente uma situação vivida no momento (informação diálogo de necessidade, etc.); enquanto na escola o mesmo é utilizado como outras funções, descaracterizando totalmente o foco e o objetivo da aula em pauta (Professor de Matemática, 2013).

Sim, concordo. O celular pode tirar a atenção dos alunos, devido as diversas possibilidades de uso que ele oferece. (Professor de Geografia, 2013).

Page 39: TCC Celular.pdf

38

Gráfico 08: “Você acha possível a utilização do celular como ferramenta de ensino?”

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados constantes nos questionários aplicados, 2013.

Estes resultados demonstram que já há uma mudança de pensamento por parte do

corpo docente sobre a incorporação de novas metodologias educacionais que

podem ser enriquecedoras para as aulas, despertando interesses e curiosidades nos

alunos. As respostas obtidas em todos os grupos pesquisados foram fator

importante na elaboração do passo seguinte da pesquisa, ou seja, a aplicação de

atividades relacionadas à geografia por meio do uso do celular, que será

apresentado mais detalhadamente no capítulo seguinte.

Page 40: TCC Celular.pdf

39

CAPITULO III

APRENDENDO GEOGRAFIA COM O WHATSAPP E VEGETACLIMA

No transcorrer da presente investigação se fizeram necessários esforços no sentido

de traçar um perfil dos estudantes do sexto ano do ensino fundamental, da escola

campo da pesquisa, cujos dados empíricos foram tabulados e apresentados no

capítulo anterior. Essa atividade se prendeu à necessidade de elaborar, implementar

e tentar validar, uma proposta alternativa de ensino, com utilização do aparelho

celular como recurso didático.

Desse exercício nos deparamos com algumas representações sociais a respeito dos

estudantes (crianças/pré-adolescentes) no século XXI, que podem ser agrupadas e

exemplificadas pelas duas charges constantes das Figuras 06 e 07.

Ambas as charges revelam as diferenças entre gerações, cujas características já

foram discutidas no capítulo anterior (gerações X, Y e Z).

Figura 06: Sequência evolutiva do processo de precocidade juvenil:

Fonte: <http://ideologiajuvenil.blogspot.com.br>, 2014.

Page 41: TCC Celular.pdf

40

Figura 07: Comparação entre a infância de diferentes gerações:

Fonte: <http://www.querodesenho.com/category/charges/page/7/>, 2014.

A figura 06 retrata uma forte discrepância entre uma criança provavelmente dos

anos 1950, outra dos anos 1990 e a última dos anos 2000 adiante. As

características são visíveis nas vestimentas e no próprio comportamento de cada

um. Enquanto o primeiro menino parece tímido, o segundo é dinâmico e o terceiro,

preso na tecnologia e na rede social Facebook.

Quando, porém, o último quadro dessa sequência descreve que “Já não fazem mais

crianças”, o autor faz uma crítica negativa à infância da geração Z. Indiretamente a

essa crítica, pode-se fazer uma interpretação livre da visão que o autor demonstra

ter a respeito da infância e, por conseguinte, do significado de ser criança. Assim,

podemos pressupor que para o referido autor, criança só é criança se for

mentalmente inferior aos adultos – por isso o termo “inocente” – ou quando também

brincam despreocupadas com a aparência – se analisado o menino sujo de tinta

colorida. Todavia, o terceiro quadro da sequência mostra uma criança com roupa

adulta, com os olhos vidrados no aparelho portátil. O que ele esta fazendo na rede

social não é revelado pela charge, mas sem dúvida, a imagem sugere ser uma

atividade mais interessante e envolvente do que brincar de amarelinha, pique

esconde, pião, casinha, carrinho etc.

Esta charge (figura 06) chama a atenção, pois revela uma realidade que se faz cada

dia mais presente. As novas gerações já nascem em um mundo agressivamente

Page 42: TCC Celular.pdf

41

globalizado, com uma rede de informações de alta velocidade e um universo de

diversões tecnológicas. Trocar todos esses atrativos por um caderno e um professor

falando ininterruptamente seja talvez, para eles, uma lástima. Isso, por

consequência, repercute em alunos desinteressados e alheios aos respectivos

conteúdos curriculares.

A Figura 07, contudo, mostra quatro crianças. Uma delas se destaca entre as

demais por estar se divertindo com um caminhão de brinquedo. Como se divertir

com esse tipo de brinquedo se há tecnologia em mãos - no caso da charge, dos

aparelhos portáteis? O garoto loiro nos dá a resposta: “Ele é criado pelo avô”. Mais

uma vez, evidencia-se a diferença entre as gerações. O que é diversão para a

geração dos nossos avós não é a mesma que a da geração Z, por exemplo, os

jogos eletrônicos, as redes sociais, os vídeos de ídolos teens10, as conversas

dinamicamente mais rápidas propulsionadas, principalmente pela utilização dos

aplicativos para celulares, muitas vezes tendem a substituir as brincadeiras

tradicionais de contato físico entre as crianças.

Alguns podem incorrer no equívoco de interpretar a figura 07 como se ela separasse

as crianças por classe social: as três crianças com aparelhos eletrônicos são classe

média ou rica e o menino do caminhãozinho de classe econômica inferior. Mas isso

seria uma ideia errônea, visto que o contato com a tecnologia já esta ultrapassando

as fronteiras econômicas. Certamente, há uma diferença entre a qualidade da

tecnologia, mas isso não impede que crianças das classes mais humildes, que

estudam em escolas públicas, fiquem à parte deste mundo globalizado.

De maneira a corroborar essa última ideia, foi feito um levantamento de dados

indireto com uma turma de uma escola pública do município de Fundão – ES, ainda

considerado área interiorana, apesar de estar em processo cada vez mais intenso

de integração com os outros municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória

(RMGV), apesar de este município, oficialmente já constar como parte integrante da

RMGV. Nesse levantamento foi constatado que todos os estudantes tinham

aparelho celular e a maioria com acesso à internet. Isso reafirma a realidade da

facilidade do acesso das crianças à tecnologia cibernética.

10

Palavra da língua inglesa que em português tem o mesmo significado de adolescente.

Page 43: TCC Celular.pdf

42

Assim, diante do exposto, optou-se pelo desenvolvimento de projetos de ensino, que

foram devidamente testados e aplicados em sala de aula. O desafio seguinte é

apresentar uma análise dos relatos indiretos dos alunos durante a dinâmica e os

depoimentos escritos dos mesmos recolhidos após a realização das atividades, no

intuito de validar a proposta alternativa de ensino implementada.

3.1 Aprendendo Geografia com o WhatsApp

Para desenvolver a atividade didático-pedagógica com a turma de 6º ano do Ensino

Fundamental II, na escola São Camilo de Lellis, foram elaborados dois projetos

pedagógicos que possibilitassem o diálogo entre a matéria do semestre letivo e a

tecnologia. Coerentemente com o objetivo geral da presente investigação, esse

diálogo visou constatar as possibilidades do uso de dispositivos móveis como

ferramentas de ensino para a Geografia. O primeiro projeto previa a utilização de um

aplicativo de troca de mensagens online: o WhatsApp.

O WhatsApp foi criado em 2009 e tornou-se popular a partir de 2012, principalmente

entre jovens e adolescentes. Ele é um aplicativo

(...) multiplataforma que permite trocar mensagens pelo celular sem pagar por SMS. Está disponível para Iphone, BlackBerry, Android, Windows Phone, e Nokia e sim, esses telefones podem trocar mensagens entre si! Como o WhatsApp Messenger usa o mesmo plano de dados de internet que você usa para e-mails e navegação, não há custo para enviar mensagens (...) Além das mensagens básicas, os usuários do WhatsApp podem criar grupos, enviar mensagens ilimitadas com imagens, vídeos e áudio (WhatsApp Brasil, 2014).

A escolha deste aplicativo se deve ao fato do mesmo ser amplamente conhecido e

utilizado pela maioria dos alunos da turma escolhida, conforme informações da

professora de Geografia, responsável pela turma. A escolha pelo aplicativo permitiu

uma dinâmica com divisão de grupos na sala de aula e envio de informações entre

eles.

A atividade se desenvolveu da seguinte maneira: a professora solicitou, na aula

anterior, que os alunos trouxessem seus aparelhos celulares para a realização da

aula na qual aconteceria a explicação oral do conteúdo sobre “Climas e Vegetações

Page 44: TCC Celular.pdf

43

do Mundo”, aliada a uma dinâmica interativa com o uso do celular em sala de aula,

acompanhado pela docente. Vale citar que foi alertado aos alunos que não

possuíam aparelho celular, a presença obrigatória dos mesmos, pois a dinâmica não

necessitaria do uso individual do celular.

No dia da prática da atividade, a turma foi dividida em quatro grupos dispostos nos

quatro cantos da sala de aula, com o intuito de organizar as discussões entre si. Os

grupos deveriam escolher um, entre os seus membros, para ser o líder. Em seguida,

foi entregue aos líderes de cada grupo, uma folha explicativa (Apêndice IV), para

que os mesmos lessem para os companheiros de equipe as instruções e regras do

jogo.

A folha explicativa do “Aprendendo Geografia com o WhatsApp” começa com uma

introdução ao uso de celular em sala de aula e o objetivo do jogo. A intenção era

permitir uma leitura inicial que provocasse nos alunos a vontade de jogar e aprender.

Para tanto, pauta-se na questão:

Se celular é proibido em sala de aula... Imagine o WhatsApp! Mas dessa vez o aplicativo que virou febre no mundo pode ser usado para aprendermos Geografia! De uma forma competitiva e divertida, iremos revisar o conteúdo de Clima e Vegetação do mundo! Vamos começar?

A pergunta final “Vamos começar?” teve por intuito fazer com que o aluno

continuasse lendo a folha explicativa sem cansaço, visto que eles precisariam obter

informações a respeito da sequência e regras do jogo – e regra é algo que criança

nenhuma gosta de receber. A sequência da atividade foi composta por três passos

principais: a) no primeiro passo o grupo seria informado sobre qual clima e

vegetação iriam representar; b) no segundo, entenderiam que a comunicação do

jogo seria apenas pelo WhatsApp e; c) o terceiro passo indicaria que as etapas

seriam realizadas mediante avisos: “dicas e pistas”, a serem passados oralmente

pela professora.

Nesse sentido, os referidos “avisos”, que totalizavam cinco, se constituíam em

explicações detalhadas de como o aluno deveria agir em cada momento da

atividade. Dessa maneira, desde o ato de enviar para o grupo rival uma imagem ou

palavra até o feito de pesquisar e responder, foram sequencialmente explicados na

Page 45: TCC Celular.pdf

44

folha distribuída aos alunos. Todavia, no decorrer da dinâmica e devido à

empolgação dos alunos, a professora observou a necessidade de registrar no

quadro as respectivas etapas do jogo, de forma mais objetiva, evitando, assim, que

os grupos tivessem que ficar (re)lendo a folha novamente durante o jogo. Essa

percepção se deu durante a realização da atividade, na observação de que os

alunos estavam ansiosos pela saudável competitividade provocada e não queriam

perder tempo lendo a explicação detalhada na folha.

As regras do jogo foram quatro no total, além de uma consideração ao líder do

grupo. Essas recomendações, ao contrário da sequência do jogo, foram lidas pela

professora para toda a turma, a fim de enfatizar o que era permitido ou não na

atividade.

Após a compreensão do jogo pela turma, a professora informou que a consulta ao

livro didático seria necessária e explicou que a interação seria realizada de dois em

dois grupos: sendo do grupo 01 para o 02 e vice-versa; e do grupo 03 para o grupo

04 e vice-versa. Cada um destes grupos teria um tipo de clima e de vegetação

próprios, e ficaria a cargo do grupo rival, a partir das características informadas por

meio das trocas de mensagens, pesquisar e responder as questões propostas. Vale

citar que o número do grupo, assim como o tipo de clima e vegetação, foram

escolhidos pela professora. Nessa definição, a professora procurou selecionar para

o grupo um tipo climático sem relação com o tipo de vegetação, com o propósito de

que os alunos do grupo lessem informações variadas no livro didático.

Como informado, na terceira instrução da folha do jogo, a turma iniciou a dinâmica

seguindo os sucessivos avisos da professora. Pode-se perceber que os alunos

estavam movidos por certa competitividade, uma vez que o grupo vencedor seria

aquele que desvendasse o maior número de charadas sobre clima e vegetação do

grupo rival.

É interessante relembrar que a escolha do aplicativo WhatsApp se deu por sua

popularidade entre os jovens e adolescentes. O aplicativo é compatível para

instalação com os celulares smartphones, que são usados pela maioria dos alunos

hoje em dia, e é possível também instalar o aplicativo em celulares menos modernos

Page 46: TCC Celular.pdf

45

- desde que com acesso a internet móvel, possibilitando assim abranger um maior

número de alunos em uma sala de aula heterogênea.

Uma vez que o WhatsApp já é utilizado por um considerável número de alunos,

conforme foi verificado nos respectivos questionários e evidenciado no capítulo

anterior, fica bastante clara a possibilidade e viabilidade de desenvolver diversas

atividades, com grupos maiores ou menores ou até mesmo individualmente. A

dificuldade que pode ser encontrada para se desenvolver a atividade com o

aplicativo, se relaciona com a internet (sinal wi-fi), pois a mesma é necessária para

que haja o envio de mensagens instantâneas. Existem duas possibilidades para

essa adversidade: uma delas é que a escola, que geralmente possui uma rede wi-fi

para comunicação interna e externa, libere a senha para os alunos realizarem a aula

ou então, que o professor conte com a internet própria dos alunos, a chamada

internet móvel 3G, que às vezes, pode apresentar problemas com o sinal. Vale

ressaltar que não são todos os alunos que possuem a internet móvel. Trata-se, pois,

de questões que o professor deve prever com antecedência, ao planejar esse tipo

de atividade.

Nesse sentido, uma alternativa ao uso dos celulares em sala que não seja

dependente do sinal de internet foi elaborada. Foi desenvolvido um jogo com temas

de Geografia, no qual o aluno pode fazer o download em casa, a partir de um link de

internet disponibilizado pelo docente, e que para ser jogado, os celulares não

precisam estar conectados. Mais será falado a seguir.

3.2 VegetaClima

A preocupação de não se trabalhar com somente um jogo em sala de aula fez surgir

a ideia do aplicativo VegetaClima. Trata-se de um aplicativo desenvolvido em

parceria entre os autores desta pesquisa e o aluno do Curso de Engenharia da

Computação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Guilherme Tebaldi

Meira11. Para a elaboração do aplicativo, as fases do mesmo, as perguntas, o design

11

O estudante concordou com a citação de seu nome no trabalho.

Page 47: TCC Celular.pdf

46

e a jogabilidade foram preparadas pelo grupo de pesquisa, enquanto a parte da

programação ficou ao encargo do aluno supracitado.

O objetivo deste aplicativo era abranger o conteúdo do semestre letivo do 6º ano C,

trabalhando-o numa disposição que contemplasse diferentes níveis de dificuldades e

conhecimento. O próprio nome do aplicativo – VegetaClima - faz referência a união

das palavras “Vegetação” e “Clima”, que era o conteúdo que estava sendo

trabalhado na turma em questão.

Para a realização da dinâmica em sala de aula a professora regente de Geografia

solicitou durante a semana, através da rede social Facebook, na qual ela já

mantinha contato com a maioria dos alunos da série, que os alunos fizessem

download do aplicativo pela internet. Essa metodologia foi muito positiva, visto que

os alunos não apresentaram dificuldade nesta primeira etapa. Esse fato, portanto,

revela a facilidade do acesso e compreensão da geração Z com a tecnologia, como

já discutido anteriormente.

No dia estabelecido para a utilização do aplicativo, a turma foi organizada em grupos

menores de alunos, diferentemente do que foi feito na dinâmica com o WhatsApp.

Isso foi possível, pelo fato de que boa parte dos alunos havia conseguido instalar o

aplicativo com sucesso em seus respectivos celulares/tablets. Desta maneira, a

professora apenas informou a permissão do uso do livro didático para consulta e os

alunos iniciaram o jogo.

A tela inicial do aplicativo (figura 08) pretende atrair a atenção do aluno, mostrando-o

que o aplicativo é, sobretudo, uma forma de aprender Geografia. Em seguida, ao

clicar na opção “Iniciar” a criança recebe a introdução ao jogo (figura 09), ou seja, as

instruções de como o jogo funciona.

Page 48: TCC Celular.pdf

47

Figura 08: Tela Inicial do aplicativo. Figura 09: Tela explicativa sobre o funcionamento do jogo.

Fonte: Elaboração própria, 2014 Fonte: Elaboração própria, 2014

Na primeira fase do VegetaClima o aluno tem a tradicional brincadeira “Forca12” em

versão moderna (figuras 10 e 11). Nesta etapa a criança precisa pesquisar sobre o

tipo de fator climático que as informações dadas se referem e tentar acertar a

resposta, para passar de fase. Esta fase do jogo procurou privilegiar tanto o aluno

que ao ler já sabia a resposta quanto àquele que precisou de um “incentivo” para

relembrar a matéria.

12

O jogador tem que acertar qual é a palavra proposta, tendo como dica o número de letras e o tema

ligado à palavra. A cada letra errada, é desenhada uma parte do corpo do “enforcado”. O jogo termina ou com o acerto da palavra ou com o término do desenho do corpo.

Page 49: TCC Celular.pdf

48

Figura 10: Explicação da primeira fase. Figura 11: Uma das quatro perguntas desta fase. Caso o aluno erre alguma letra, o boneco vai sendo formado.

Essa primeira fase do aplicativo possui quatro forcas com diferentes questões que

devem ser respondidas pelo aluno: acertando em três tentativas aparecerá na tela

do aluno uma felicitação (Figura 12). Em caso de erro em três tentativas aparecerá

um incentivo na tela do aluno para que ele tente outra vez (Figura 13).

Fonte: Elaboração própria, 2014. Fonte: Elaboração própria, 2014.

Page 50: TCC Celular.pdf

49

Figura 12: Felicitação pelo acerto. Figura 13: Incentivo para que o aluno continue tentando encontrar a resposta correta.

Fonte: Elaboração própria. Fonte: elaboração própria.

Já a segunda fase do aplicativo privilegia a capacidade de analisar climogramas e

relacioná-los ao clima que mais se adequa as características apresentadas (Figuras

14 e 15). Vale aqui ressaltar que a seleção dos climas, para esta etapa, teve como

parâmetros o livro didático adotado pela escola trabalhada, facilitando a pesquisa

dos alunos. No entanto, é importante mencionar que o conteúdo sobre climas no

livro adotado não indica o climograma de cada tipo climático, sendo este tema

apenas abordado em duas páginas do capítulo referência do livro didático. Portanto,

para eficácia do jogo, a professora usou as informações do livro para explicar como

analisar um climograma através da quantidade mensal de chuvas e a temperatura

média de um lugar.

Page 51: TCC Celular.pdf

50

Figura 14: Tela de introdução à fase. Figura 15: Identificação de um dos climogramas.

Fonte: Elaboração própria, a partir de climogramas disponíveis na internet, 2014.

Fonte: Elaboração própria, a partir de climogramas disponíveis na internet, 2014.

A terceira e última fase do aplicativo constitui em um Mapa Mundi no qual o aluno

deve reconhecer a vegetação de acordo com a região destacada pelos localizadores

azuis e pelo clima predominante da região, conforme Figuras 16 e 17. Foram

selecionadas cinco vegetações – tundra (Groelândia), taiga (Rússia), vegetação de

montanha (Chile), equatorial (Brasil) e deserto (Saara). Os critérios para tal seleção

se prenderam à tentativa de alcançar os diferentes tipos de clima do mundo.

Page 52: TCC Celular.pdf

51

Figura 16: Tela de explicação da última fase.

Fonte: Elaboração própria, a partir de mapa do IBGE (CD-ROM), 2007.

Figura 17: Mapa de climas e indicadores dos climas a serem respondidos.

Fonte: Elaboração própria, a partir de mapa do IBGE (CD-ROM), 2007.

Page 53: TCC Celular.pdf

52

Ao acertar a vegetação o aluno perceberá que o localizador azul ficará da cor verde,

alertando que aquela região já foi respondida, como se pode verificar na Figura 18.

Figura 18: Indicadores verdes e azuis, indicando quais respostas já foram dadas e quantas ainda faltam.

Fonte: Elaboração própria, a partir de mapa do IBGE (CD-ROM), 2007.

A saudação final do aplicativo parabeniza o aluno por ter concluído as três fases,

além do agradecimento por ter feito uso do aplicativo e jogado até a última fase

(Figura 19). O ícone do aplicativo na tela do celular/tablet pode ser visualizado na

figura 20 e tem a mesma imagem da tela inicial (figura 08). Vale ressaltar que, por

ser uma espécie de protótipo, o jogo não varia as perguntas em cada fase, mesmo

que seja utilizado mais de uma vez; essa seria uma modificação a ser pensada caso

o aplicativo viesse a ser disponibilizado e divulgado a outros professores.

Page 54: TCC Celular.pdf

53

Figura 19: Tela de encerramento do jogo.

Figura 20: Imagem do ícone do aplicativo, já instalado no aparelho.

Fonte: Elaboração própria, 2014. Fonte: Elaboração própria, 2014.

3.3 Avaliando os Projetos: observações indiretas e manuscritos dos alunos

Ressalta-se, de imediato, que conforme informado anteriormente e considerando

que a professora regente da turma dos alunos com quem foram desenvolvidos dois

projetos de ensino, é parte integrante do grupo de pesquisadores, seu papel foi o de

explicar os objetivos e o uso dos projetos pedagógicos para os alunos e o corpo

gestor da escola. Para colher depoimentos avaliativos dos alunos e da aula,

entretanto, foi eleita outra integrante, responsável pela observação indireta durante o

andamento da aula.

As observações indiretas foram enumeradas de acordo com a ocorrência dos fatos

e, portanto, retratam o desenvolvimento das atividades, conforme sintetiza as

anotações do caderno de campo, a seguir:

Page 55: TCC Celular.pdf

54

Os alunos ficaram muito entusiasmados pela permissão do celular em sala de aula.

Houve conflito no estabelecimento dos grupos, pois os alunos tiveram resistência em se agruparem com os que não eram de seu convívio íntimo. Superado tais conflitos a aula prosseguiu de forma tranquila.

Na aula em que foi usado o aplicativo WhatsApp houve uma grande competitividade, pois o grupo que acertasse mais questões seria o vencedor. O interessante foi notar que havia um diálogo entre os integrantes do grupo para decidir que resposta enviar para o outro grupo. Entretanto, não foi do agrado de todos que apenas uma pessoa (neste caso o líder) pudesse estar com o aparelho em mãos e digitasse as respostas.

Na realização da aula com o aplicativo VegetaClima, os grupos foram menores e os alunos escolheram os grupos por afinidade. Foi perceptível que os alunos já estavam mais a vontade para discutir as questões e era possível ouvir frases que remetessem ao dia em que a professora explicou o conteúdo como – “Ah, a resposta dessa questão, a professora explicou aquele dia (sic)”.

O Mapa Mundi do aplicativo VegetaClima não é exatamente igual ao do livro didático dos alunos. Logo, eles tiveram que interpretar o mapa do livro para assim transferir essa interpretação para o outro mapa, mostrando que de fato compreenderam e assim puderam responder as questões com mais facilidade.

Ao concluir as atividades com os dispositivos móveis foi solicitado aos alunos que,

individualmente, registrassem o depoimento pessoal acerca das aulas, ressaltando

os pontos positivos e negativos. Alguns exemplos serão mostrados a seguir:

Pontos positivos do meu trabalho foi que em nosso grupo tivemos mais conhecimentos sobre clima e vegetação através de mensagem de tecnologia que tivemos em grupo. Assim, podemos debater e aprendemos muito sobre clima e vegetação (ALUNO A).

Eu adorei a experiência de usar o aparelho celular para aprender mais sobre geografia. Eu também gostei muito do aplicativo, muito interessante (ALUNO B).

Este jogo foi uma forma legal, divertida de aprender, nos ajuda a estudar para a prova de uma maneira mais fácil e divertida (ALUNO C).

Nesse trabalho que tive aprendi muitas coisas, por exemplo, agora sei que no celular pode-se baixar coisas que ajudam na geografia, aprendi a trabalhar em grupo e características dos climas, tempo e vegetação. Aprendi que devemos saber trabalhar com qualquer pessoa, burra e inteligente (ALUNO D).

Page 56: TCC Celular.pdf

55

Eu acho que aprendemos e ainda podemos aprender muito com o telefone celular e tablets, essa experiência foi muito legal, o único ponto negativo foi a parte de arrumar as cadeiras mais o resto foi legal até pra mim que gosto de celular, espero que a professora passa (sic) mais experiência como essa não só pelo celular, mas sim para aprender mais (ALUNO E).

O relato da professora de Geografia também foi bastante positivo, apesar de apontar

algumas dificuldades durante a execução das atividades:

Os projetos foram muito bem aceitos pela turma. Eles adoram mexer no celular. Quando usar o aparelho deixa de ser proibido e passa a ser aceito em uma aula específica, isso anima muito o aluno. Claro que tivemos problemas durante as dinâmicas, principalmente na atividade com o aplicativo WhatsApp na questão da organização da sala. Mesmo com duas aulas geminadas, gastamos muito tempo separando os grupos de acordo com os celulares em que o aplicativo estava funcionando. A escola ainda não tinha a rede wifi de internet aberta, o que deixou restrito o uso dos celulares de crianças que não tinham internet própria. Mas terminamos as aulas com o primeiro projeto pedagógico cumprido. Os alunos não sentiram a hora passar, eles realmente gostaram de aprender brincando. Fiquei feliz em ler os depoimentos das crianças aprovando a aula. Fiquei ainda mais feliz quando vi o resultado na prova sobre o conteúdo trabalhado: todos ficaram acima da média. Associar o conteúdo com algo vivenciado torna-se um aprendizado natural; por isso a importância do professor preocupar-se em gerar possibilidades de aprendizado. O aluno do século XXI é um desafio... eles não suportam mais a repetição, não existe – e nunca existiu – lógica em copiar do quadro o que tem no livro... eles já sabem que acham tudo no Google! Para aprender de verdade os alunos precisam apreender o que esta sendo ensinado. Não é tarefa fácil para o professor. Não somos valorizados socialmente e financeiramente pelo nossa importância na construção de um cidadão. Mas se escolhemos trabalhar para a educação, temos que nos reinventar sempre, pois o mundo muda, as crianças mudam, as gerações são outras. (MARIANA, 2013).

As fotos 01 a 05, foram obtidas durante a aula em que foi desenvolvida a atividade

com o aplicativo do jogo VegetaClima, nas quais é possível identificar os alunos

trabalhando em duplas e/ou trios. As fotos são, portanto, do 6º C e foram tiradas

pelas componentes do grupo que se encontravam presentes na sala de aula,

incluindo-se aí a própria professora de Geografia. Algumas fotos foram desfocadas,

visando garantir a privacidade dos alunos, nas imagens que seus respectivos rostos

aparecem.

Page 57: TCC Celular.pdf

56

Foto 01. Fonte: Bravin, Mariana. 2013. Arquivo Pessoal.

Foto 02. Fonte: Bravin, Mariana. 2013. Arquivo Pessoal.

Foto 03: Fonte: Bravin, Mariana. 2013. Arquivo Pessoal.

Foto 04: Fonte: Bravin, Mariana. 2013. Arquivo Pessoal.

Foto 05: Fonte: Bravin, Mariana. 2013. Arquivo Pessoal.

Page 58: TCC Celular.pdf

57

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ambiente escolar é muito diverso, especialmente por abrigar diferentes gerações

em um mesmo espaço. Gerações essas com comportamentos e modos de pensar

que diferem entrem si e, em alguns momentos se chocam. Aliada a essa

problemática, os professores se deparam, ainda, no exercício de suas respectivas

funções, com o currículo escolar, o cotidiano e as muitas teorias educacionais. O

desafio paira, portanto, nas constantes buscas por encontrar maneiras e

alternativas de conciliar toda essa diversidade, sem que o ensino perca qualidade e

ao mesmo tempo desperte o interesse do aluno. É sempre pensando nesse

“despertar” que muitos professores buscam novas maneiras de ensinar conteúdos,

sem que isso prejudique ou se afaste do que o currículo das escolas determina.

Observar o cotidiano da escola e do aluno e não ignorar isso durante a prática

pedogógica é algo amplamente defendindo por vários pesquisadores da área, tais

como Lopes (1999), Carvalho (2009) e Kenski (2010). Assim, foi a partir da

observação desse cotidiano e desses referidos pressupostos, que surgiu o interesse

por esta pesquisa. É fato notório que dentro das salas de aula a presença das

tecnologias de comunicação, cada vez mais multifuncionais e compactas, já se

tornou rotina e, assim, não causa mais estranheza. Dentre tais tecnologias, uma em

especial, se faz presença constante: o celular. Este aparelho, inegavelmente, é

“acessório” indispensável para muitas pessoas, principalmente os que têm acesso à

internet móvel, que está cada vez mais disponível. Com os alunos não é diferente,

cada vez mais cedo as crianças estão tendo acesso a essa tecnologia e, como não

poderia deixar de ser, a levam consigo para a escola.

Sobre este tema surge uma discussão: na escolas, via de regra, o uso deste

aparelho durante as aulas é proibido, mas será que se utilizado de maneira regulada

pelo professor como uma ferramenta a mais no processo de ensino-aprendizagem, o

mesmo conseguirá uma resposta positiva por parte dos alunos? Afinal, não se

discute que quando o aluno trabalha com algo que o interessa e lhe é prazeroso, a

assimilação e aprendizagem são mais eficientes e eficazes? A literatura a respeito

da introdução das novas tecnologias no processo educacional é vasta, mas sobre

este tema em especial, ainda há muito a se pesquisar.

Page 59: TCC Celular.pdf

58

Assim, antes, porém, da aplicação de alguma atividade prática, que propicie tal

utilização, diretamente com os alunos, se fez necessário traçar o perfil e a opinião

não só dos alunos, como também do corpo docente da escola trabalhada e dos pais

dos alunos sobre a possibilidade do uso de aparelhos celulares/tablets como

potencializadores do aprendizado da Geografia. Esse exercício investigativo

evidenciou que, mesmo com certa dúvida a respeito dessa proposta, havia abertura

para que fosse realizada. Nesse sentido, foram desenvolvidas e implementadas as

propostas de atividades pedagógicas, que foram voltadas para o tema “Climas do

Mundo”, por já estar sendo trabalhado pela professora anteriormente.

O resultado final das atividades foi bastante satisfatório. Apesar de ter havido alguns

aspectos a serem melhorados e aprimorados, as respostas tanto da professora

quanto da turma foram bastante positivas e animadoras. Os alunos em especial

ficaram animados e incentivados pelo fato de poder usar os aparelhos durante as

aulas, que foram bem dinâmicas.

Nesse sentido, acredita-se que a presente pesquisa terá cumprido com seu papel,

se contribuir, ainda que minimamente para a inclusão nos debates educacionais,

sobre a viabilidade de utilização do celular como instrumento facilitador do processo

ensino-aprendizagem. Assim, visando nos adequar ao espaçotempo disponível,

interrompe-se, momentaneamente, os trabalhos investigativos para apresentar os

resultados, parciais e provisórios, possíveis...

No entanto, mister se faz reafirmar que esta etapa da pesquisa se encerra por aqui,

mas sua temática está longe de ser esgotada. Ao contrário, trata-se de algo ainda a

ser bastante explorado e por diferente ângulos, não só sobre o uso de aparelhos

celulares, mas também sobre como utilizar as novas tecnologias que continuam

surgindo a favor do ensino. Destaca-se, aí, que o papel do professor é de

fundamental importância, como mediador e por que não, guia desta boa relação.

Como se pode notar muitos são os caminhos e inúmeras as interrogações. O

desafio de continuidade e novas investidas está posto...

Page 60: TCC Celular.pdf

59

BIBLIOGRAFIA

BARRETO, Raquel Goulart. A presença das tecnologias. In: Cotidiano Escolar, formação de professores(as) e currículo. Carlos Eduardo Ferraço (organizador), 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2008. (Série Cultura, Memória e Currículo; v.6). BIOCCA, F.; LEVY, M. Communication in the age of virtual reality. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates, Inc. Publishers, 1995. BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 2.246-A, de 2007. Disponível em : <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=517286&filename=Avulso+-PL+2246/2007>. Acesso em 11 dez. 2013. CARVALHO, Rosiani. As tecnologias no cotidiano escolar: possibilidades de articular o trabalho pedagógico aos recursos tecnológicos. 2009. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1442-8.pdf>. Acesso em: 07 dez. 2013. COX, Kenia Kodel. Informática na Educação Escolar. Campinas, SP. 2003. Disponível em: <http://books.google.com.br/books/about/Informatica_Na_Educacao_Escolar.html?hl=pt-BR&id=-nN38KoMCggC>. Acessado em: 07 dez. 2013. DEBRAY, Régis. Manifestos Midiológicos. Ed. Vozes, Petrópolis. 1994. Escola São Camilo de Lellis <www.saocamilo.net> Acesso em: 08 jan. 2014 ESPADA, Alexandre Barbosa. Redes sociais e o impacto na educação. In: Janus, Lorena, vol.9, n. 15, 1 jan./jul., 2012. (p. 45-56). Disponível em: <http://www.publicacoes.fatea.br/index.php/janus/article/view/580/410> Acesso em: 20 jan. 2014. FEIXA, Carles e LECCARDI, Carmem. O conceito de geração nas teorias sobre juventude. Soc. estado. [online]. 2010, vol.25, n.2, pp. 185-204. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922010000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 31 Jan. 2014. Gerações Y e Z: Juventude Digital. IBOPE Mídia. Disponível em: <http://www4.ibope.com.br/download/geracoes%20_y_e_z_divulgacao.pdf> Acesso em: 20 jan. 2014. IBGE. Atlas geográfico escolar. 4. Ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007 (CD-ROM). KENSKY, Vani Moreira. Educação e novas tecnologias: o novo ritmo da informação. 6. ed. Campinas, SP: Papirus, 2010. 141 p. (Papirus educação). LÉVY, Pierre. Cibercultura. Ed. 34, São Paulo. 1999.

Page 61: TCC Celular.pdf

60

LOPES, Alice Ribeiro Casimiro. Conhecimento escolar: ciência e cotidiano. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999. MANTOVANI, Marcia Tathiane da Silva Ribeiro. Análise do comportamento das gerações: geração baby boomer, geração x, geração y e geração z, na busca da eficiência no processo de liderança. Centro Universitário de Maringá. Curso de administração. Pré-projeto de Estágio I Metodologia Científica. Maringá 2009. Disponível em: <http://ebookbrowsee.net/gdoc.php?id=427731236&url=9a61104c34967e09740aa98920835ccc> Acesso em: 20 jan. 2014.

MORAN, José Manuel. Como utilizar a Internet na educação. Ci. Inf. [online]. 1997, vol.26, n.2 ISSN 0100-1965 (p. 146-153). Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19651997000200006&lng=en&nrm=iso> Acesso em: 11 dez. 2013.

SILVA, Ellen Fernanda Gomes da; SANTOS, Suely Emilia de Barros. O impacto e a influência da mídia sobre a produção da subjetividade. (ano) Disponível em: http://abrapso.org.br/siteprincipal/images/Anais_XVENABRAPSO/447.%20o%20impacto%20e%20a%20influ%CAncia%20da%20m%CDdia.pdf>. Acesso em 15 dez. 2013. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Livro vira-vira. BestBolso, Rio de Janeiro. 2011. Site WhatsApp: <http://www.whatsapp.com/?l=pt_br> Acesso em: 27 jan. 2014.

Pinto, S. S.; Laurino, D.P. e Lunardi. G.L. Percepção de graduandos de diferentes gerações em relação à educação a distância. In: Revista Iberoamericana de Evaluación Educativa, 6(2), 245-264. 2013 Disponível em: <http://www.rinace.net/riee/numeros/vol6-num2/art13.pdf> Acesso em: 20 jan. 2014.

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO). Ulla Carlsson e Cecilia von Feilitzen (Orgs.) A criança e a mídia: imagem, educação, participação. Edições UNESCO Brasil, 1999. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001278/127896por.pdf>. Acesso em 11 dez. 2013. FONTES ORAIS: COELHO, Adenilde Borges. Entrevista gravada (?). Vila Velha – ES, 2013.

Page 62: TCC Celular.pdf

61

APÊNDICES

Page 63: TCC Celular.pdf

62

Apêndice I

QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS

1. Você possui celular?

Sim Não

2. O seu aparelho de celular lhe permite acessar a Internet?

Sim Não

3. Com que idade você ganhou seu primeiro celular? _________________________

4. Por qual razão você ganhou/adquiriu seu celular? __________________________

_____________________________________________________________________

5. Para quais funções vocçe usa seu celular?

( ) Apenas ligações ( ) Torpedos (SMS) ( ) Acessar redes sociais ( ) Pesquisa ( ) Jogar ( ) Outros: ____________________________________________________________

6. Na sua escola é permitido usar o celular em sala de aula?

Sim Não

7. Você utiliza o celular em sala de aula?

Sim Não

8. Você vê seus colegas utilizando o celular em sala de aula?

Sim Não

9. Ao acessar a Internet utiizando seu celular, você jpa encontrou algum conteúdo estudado ou que poderia ser utilizado nas aula de Geografia?

Sim Não

10. Se sim, cite exemplos desses conteúdos.

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

____________________________________________________

Page 64: TCC Celular.pdf

63

Apêndice II

QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS/RESPONSÁVEIS

11. Seu filho possui celular?

Sim Não

12. Por qual razão você deu um celular para o seu filho?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. A qual(ais) outro(s) aparelho(s) tecnológico(s) seu(s) filho(s) tem acesso em casa?

PC Notebook Video Game Tablet Outro:_________________

14. Você permite que seu(s) filho(s) leve(m) algum(ns) desse(s) aparelho(s) para a escola?

Sim Não

15. Você concorda com a proibição do uso de celular em sala de aula?

Sim Não

16. Você acredita que o celular possa ser utilizado como uma possível ferramenta de auxílio à educação do seu filho?

Sim Não

Page 65: TCC Celular.pdf

64

Apêndice III

QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES

1. Área do conhecimento: _________________________________________________

2. Instituição(ções) de formação: ___________________________________________

3. Grau:

Graduação Especialização Mestrado Doutorado

4. Tempo de serviço:

. Geral: ___________________

. Nesta escola: ________________

5. Possui celular?

Sim Não

6. Caso sim, seu aparelho lhe permite o acesso à Internet?

Sim Não

7. Faz uso das novas tecnologias em sala de aula?

Sim Não

8. Você acha possível a utilização do celular em sala de aula como ferramenta de ensino?

Sim Não

9. Quanto ao celular, você concorda com sua proibição em sala de aula?

Sim Não

10. Justifique.

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________

Page 66: TCC Celular.pdf

65

APÊNDICE IV

Se celular é proibido em sala de aula... Imagine o WhatsApp! Mas dessa vez o

aplicativo que virou febre no mundo pode ser usado para aprendermos

Geografia! De uma forma competitiva e divertida, iremos revisar o conteúdo de

Clima e Vegetação do mundo! Vamos começar?

1º) Seu grupo representará o clima _____________ e a vegetação _______________. Leia as características nas páginas _____________________.

2º) Vocês apenas se, comunicarão via WhatsApp, com o líder do GRUPO ___, que representa outro clima/vegetação em segredo.

3º) De acordo com os avisos da PROFESSORA, todos os grupos terão as seguintes etapas:

AVISO 1: Envie para o GRUPO ___ uma característica do seu clima e uma característica da sua vegetação. (O Grupo ___ fará o mesmo com vocês!).

AVISO 2: Responda a mensagem do GRUPO ___, adivinhando qual clima/vegetação eles representam.

AVISO 3: Confiram se o GRUPO ___ acertou sua charada!

AVISO 4: Procure no livro uma imagem qualquer de clima ou vegetação (sem a legenda, é claro!), fotografe e envie para o GRUPO ___ tentar adivinhar! Eles farão o mesmo, então adivinhe o que eles enviarem!

AVISO 5: Escolha um animal característico de uma determinada vegetação (p.200 até 202), envie o nome desse animal para o GRUPO ___ e espere eles adivinharem de qual vegetação se trata! Preparem-se: eles farão o mesmo com vocês!

REGRAS:

- Apenas o líder do seu grupo poderá responder para o líder do outro grupo!

- Ajude seu líder anotando no caderno as informações que ele precisa. (Para seu líder visualizar melhor, escreva com letra grande e legível!).

- Todos do grupo deverão ler atentamente as características dos climas e vegetações do mundo, para ficar mais fácil adivinhar!

- Gritos, xingamentos, bagunças exageradas são COMPORTAMENTOS INADEQUADOS, e estarão sujeitos à ocorrência.

Observação para o líder do grupo: A troca de informações e respostas apenas poderá ser realizada através do WhatsApp! Então, ao receber a charada do outro grupo, leia em tom de voz baixo para seu grupo e procurem as respostas juntos!

Aprendendo

Geografia com

o....

GRUPO