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NÚMERO 47 15 DE OUTUBRO A 15 DE NOVEMBRO DE 2006 1 Engorda a 'administraçom paralela' da Junta que os membros do bipartido tanto criticaram ao governo Fraga Quem o ia dizer? A menos de dous anos da saudada mudança de governo na Junta, podiam-se pre- ver muitas promessas eleitorais desrespeitadas, mas dificilmente se podia imaginar que umha das mais duras batalhas contra a polí- tica clientelar do PP durante a última década fosse tida em conta só para conservar e até engordar notavelmente a chamada contra- taçom 'a dedo'. Dados oficiais con- sultados por NOVAS DA GALIZA indicam que o actual governo, apesar de contar com menos con- selharias que o anterior, dispom de mais assessores e pessoal de confiança, superando mesmo o número previsto nos orçamentos do presente ano. Trata-se inclusi- ve de pessoas sem experiência laboral e dedicadas a maior parte do dia a labores partidários que em muitas ocasions ocupam postos técnicos que deveriam ser apre- sentados a concurso público, sendo polo contrário dados a con- hecer como assessorias. Os núme- ros falam com clareza: As 114 livres designaçons do PP tornárom-se com o bipartido em 149, chaman- do especialmente a atençom o gabinete de Touriño, que integra 38 nomeaçons (11 mais que o de Fraga). A alcunhada 'administra- çom paralela' que caracterizara a gestom 'popular' conta agora com projectos equivalentes que permi- tem a criaçom de entidades semi- públicas ou singelamente a privati- zaçom de serviços, e enquanto Sam Caetano se enche de filhas e cunhados, o descrédito da política aumenta imparável na Galiza. Será que nom há motivos... / Pág. 10 'Estatuto dos Cidadaos Espanhóis no Exterior' discrimina terceira geraçom de emigrantes / 06 E AINDA... Opinam: Daniel Salgado, Xurxo Martínez, Celso Álvarez Cáccamo, Beatriz Santos, Paulo Paio Rubido, Xaquín Nortes e Valentim R. Fagim “Tivemos que reagir, antes de sermos assimilados polo marketing e a tomada de posiçons exclusivamente em chave autonomista” Joám Rodrigues Sampedro, membro de ‘Isca!’ PÁGINA 05 Com os 1.265 km de parede que os EUA vam levantar na fronteira do México como pano de fundo, o filósofo madrileno Santiago Alba Rico reflecte neste número sobre os muros que dividem a sociedade da opulência e a miséria do Planeta. / 02 Debate artificial sobre a 'independência' de Portugal em alguns meios espanhóis e portugueses Umha sondagem publicada polo semanário lisboeta O Sol no mês passado revelava que um quarto da populaçom portuguesa prefe- riria pertencer a um único Estado ibérico. Como costuma acontecer, o inquérito procurava umha resposta determinada, e o natural 'desabafo' de um popular português ou portuguesa perante a crise económica que atravessa o país, foi convertido polo semaná- rio em questionamento da iden- tidade nacional mediante técni- cas sensacionalistas ao mais puro estilo británico. A crónica foi imediatamente manipulada polos meios de comunicaçom espanhóis, que preferírom con- fundir a opiniom que o jornal atribuía aos chamados 'iberistas' com a do conjunto dos portugue- ses e portuguesas. Da mesma maneira que quando Cardoso anunciara a introduçom do espanhol no ensino obrigatório brasileiro, a notícia, para cuja divulgaçom se prescindiu do mais mínimo rigor informativo, foi recebida com júbilo por jor- nais como El País, que quigérom apresentar como um 'debate nacional' o que nom passou de mera especulaçom mediática: em Portugal, ao contrário do Estado espanhol, nunca chegou a haver umha proposta séria e pública, e muito menos organi- zada, que pugesse em questom a 'independência' do país. / Pág. 12 AS LIVRES DESIGNAÇONS AUMENTAM EM 30% EM RELAÇOM ÀS DO GOVERNO FRAGA PRESIDENTE DA JUNTA e Ánxela Bugallo querem que empresas financiem Cidade da Cultura / 06 CUBA GOZA, NO fim da era Fidel, de maior estabilidade política e social / 08 INCÊNDIOS E ESPECULAÇOM provocam que as chuvas se tornem cheias no litoral / 07 PSOE e BNG contratam livremente pessoas de confiança e aproveitam recursos criados polos anteriores governantes “O pequeno muro que segura o céu” Análise e opiniom a respeito da polémica informativa

Debate artificial sobre Engorda a 'administraçom paralela ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz47.pdf · lo. Mas creio sobretudo que o muro mexicano – como o israelita e

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NÚMERO 47 15 DE OUTUBRO A 15 DE NOVEMBRO DE 2006 1 €

Engorda a 'administraçom paralela'da Junta que os membros do bipartidotanto criticaram ao governo Fraga

Quem o ia dizer? A menos de dousanos da saudada mudança degoverno na Junta, podiam-se pre-ver muitas promessas eleitoraisdesrespeitadas, mas dificilmentese podia imaginar que umha dasmais duras batalhas contra a polí-tica clientelar do PP durante aúltima década fosse tida em contasó para conservar e até engordarnotavelmente a chamada contra-taçom 'a dedo'. Dados oficiais con-sultados por NOVAS DA GALIZA

indicam que o actual governo,apesar de contar com menos con-

selharias que o anterior, dispomde mais assessores e pessoal deconfiança, superando mesmo onúmero previsto nos orçamentosdo presente ano. Trata-se inclusi-ve de pessoas sem experiêncialaboral e dedicadas a maior partedo dia a labores partidários que emmuitas ocasions ocupam postostécnicos que deveriam ser apre-sentados a concurso público,sendo polo contrário dados a con-hecer como assessorias. Os núme-ros falam com clareza: As 114 livresdesignaçons do PP tornárom-se

com o bipartido em 149, chaman-do especialmente a atençom ogabinete de Touriño, que integra38 nomeaçons (11 mais que o deFraga). A alcunhada 'administra-çom paralela' que caracterizara agestom 'popular' conta agora comprojectos equivalentes que permi-tem a criaçom de entidades semi-públicas ou singelamente a privati-zaçom de serviços, e enquantoSam Caetano se enche de filhas ecunhados, o descrédito da políticaaumenta imparável na Galiza. Seráque nom há motivos... / Pág. 10

'Estatuto dos Cidadaos Espanhóis noExterior' discrimina terceira geraçomde emigrantes / 06

E AINDA...

Opinam: Daniel Salgado, Xurxo Martínez, CelsoÁlvarez Cáccamo, Beatriz Santos, Paulo PaioRubido, Xaquín Nortes e Valentim R. Fagim

“Tivemos que reagir, antes de sermos assimilados polo marketinge a tomada de posiçons exclusivamente em chave autonomista”Joám Rodrigues Sampedro, membro de ‘Isca!’ PÁGINA 05

Com os 1.265 km de parede que os EUA vam levantar nafronteira do México como pano de fundo, o filósofo madrilenoSantiago Alba Rico reflecte neste número sobre os muros quedividem a sociedade da opulência e a miséria do Planeta. / 02

Debate artificial sobrea 'independência' dePortugal em alguns meiosespanhóis e portuguesesUmha sondagem publicada polosemanário lisboeta O Sol no mêspassado revelava que um quartoda populaçom portuguesa prefe-riria pertencer a um únicoEstado ibérico. Como costumaacontecer, o inquérito procuravaumha resposta determinada, e onatural 'desabafo' de um popularportuguês ou portuguesa perantea crise económica que atravessa opaís, foi convertido polo semaná-rio em questionamento da iden-tidade nacional mediante técni-cas sensacionalistas ao mais puroestilo británico. A crónica foiimediatamente manipuladapolos meios de comunicaçomespanhóis, que preferírom con-fundir a opiniom que o jornal

atribuía aos chamados 'iberistas'com a do conjunto dos portugue-ses e portuguesas. Da mesmamaneira que quando Cardosoanunciara a introduçom doespanhol no ensino obrigatóriobrasileiro, a notícia, para cujadivulgaçom se prescindiu domais mínimo rigor informativo,foi recebida com júbilo por jor-nais como El País, que quigéromapresentar como um 'debatenacional' o que nom passou demera especulaçom mediática:em Portugal, ao contrário doEstado espanhol, nunca chegou ahaver umha proposta séria epública, e muito menos organi-zada, que pugesse em questom a'independência' do país. / Pág. 12

AS LIVRES DESIGNAÇONS AUMENTAM EM 30% EM RELAÇOM ÀS DO GOVERNO FRAGA

PRESIDENTE DA JUNTA e Ánxela Bugallo queremque empresas financiem Cidade da Cultura / 06

CUBA GOZA, NO fim da era Fidel, de maiorestabilidade política e social / 08

INCÊNDIOS E ESPECULAÇOM provocam que aschuvas se tornem cheias no litoral / 07

PSOE e BNG contratam livremente pessoas de confiança e aproveitam recursos criados polos anteriores governantes

“O pequeno muroque segura o céu”

Análise e opiniom a respeito da polémica informativa

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200602 OPINIOM

O PELOURINHO DO NOVAS

Se tens algumha crítica a fazer, algumfacto a denunciar, ou desejas transmi-tir-nos algumha inquietaçom oumesmo algumha opiniom sobre qual-quer artigo aparecido no NGZ, este éo teu lugar. As cartas enviadas deve-rám ser originais e nom poderámexceder as 30 linhas digitadas a com-putador. É imprescindível que os tex-tos estejam assinados. Em caso con-trário, NOVAS DA GALIZA reserva-se odireito de publicar estas colaboraçons,como também de resumi-las ouestractá-las quando se consideraroportuno. Também poderám ser des-cartadas aquelas cartas que ostenta-rem algum género de desrespeito pes-soal ou promoverem condutas antiso-ciais intoleráveis.Endereço: [email protected]

PARTIDO GALEGUISTA QUEROCUPAR ESPAÇO DE CENTRO

O espírito de juntar esforços,nom de restar, foi decisivo nahora de revitalizar o históricoPartido Galeguista (PG). Estepartido de ámbito galego e deorientaçom interclassista e pro-gressista, tem a sensibilidadenecessária para defender essegaleguismo consciente e res-ponsável que a Galiza necessi-ta. Um galeguismo de compro-misso que vertebre a uniom detodos os galegos para a defesada nossa cultura e da nossaidentidade.

O Partido Galeguista volta aocenário para ocupar o espaço decentro, por enquanto vazio; equer fazê-lo com umha claraaposta de conciliaçom para que

"a identidade galega" deixe deser "umha ameaça" para "a iden-tidade espanhola" e vice-versa.

A campanha presencial queos galeguistas pomos em mar-cha este mês de Outubro portoda a Galiza fala claramente:"Nem os de agora, nem os deantes; Galiza merece algo mel-hor". Essa ideia de mudançapositiva fai com que o projectogaleguista agrupe muitos gale-gos e galegas, cidadaos eempresários, importantes per-sonalidades e um bom númerode presidentes e vereadoresque, sem dúvida algumha,garantem as melhores expecta-tivas de êxito nas vindourascitas eleitorais.

E como nom podia ser deoutro modo, nas Terras deOrdes, também se sumáromesforços para constituir umhaGestora do Partido Galeguistae oferecer, em Ordes, umha

candidatura de prestígio queestará encabeçada porVictorino Cores Liste, militan-te histórico do PartidoGaleguista e que foi vereadorao longo de 22 anos (os quatroúltimos como responsável deObras e Serviços), em que selevárom a cabo melhorias emtodo o concelho. A sua expe-riência e eficácia fôrom sobeja-mente provadas; estará acom-panhado por gente com vonta-de de trabalhar polo desenvol-vimento do concelho, que naactualidade vive umha situa-çom política insustentável.

Ordes necessita urgente-mente de infra-estruturas ade-quadas para o seu desenvolvi-mento. Há que potenciar o par-que empresarial e primar a ins-talaçom de empresas que trans-formem os produtos do sectorprimário para que o valor acres-centado fique no concelho e

que propiciem o desenvolvi-mento da comarca e deem pos-tos de trabalhos estáveis para anossa gente nova. Promover oturismo e a gastronomia paraque no dia em que decaia oritmo no sector da construçom(que hoje em dia é o motorprincipal da economia), nomnos vejamos sumidos numhacrise de graves conseqüênciaspara Ordes.

O grande acolhimento mos-trado polos ordeses e ordesas, eas numerosas mostras de apoiorecebidas polo PartidoGaleguista e Victorino Cores,reflectem as muitas probabili-dades de que seja esta candi-datura a que governe as vin-douras vereaçons municipaisque se configurem nos concel-hos da Terra de Ordes.

Gestora do Partido Galeguistade Ordes

O pequeno muro que segura o céu

Um milhom de dólares dávolta ao mundo em décimasde segundo. Umha imagem

penetra em tiempo real em todos oslares do mundo. A publicidade deCoca-Cola, espírito sem fronteiras,nutre a ilusom de umha linguagemcompartilhada. Voam signos, avionse mercadorias por cima das nossascabeças. Circulam notícias, giram asalmas sem oposiçom. O bombardea-mento, a vigiláncia, a resistência, oamor, todo se fai visível e gere-se nopañuelo de um ecrám – radar, com-putador, televisor –, de onde seintroduz e se corrige, sem sair dacasa, o conteúdo de umha realidadeque nom deixa de passar. Ou assimnos parece. Porque neste mundo desoluçons tecnológicas e façanhascom um só dedo, de circuitos verti-ginosos e panópticos atmosféricos,onde a ordem de um corretor debolsa decide a sorte do Amazonas eumha esposa de Nova Iorque receberosas desde Ciudad del Cabo, háque recorrer no entanto a umhasoluçom antiga, milenária, primitiva,brutal, material; há que seguir imi-tando os trogloditas, Che-Huan-Ti eNabu-codonosor; há que descenderao chao e levantar um muro.

Por muito alto o muito longo queseja um muro, é sempre já umhacousa ridícula, um obstáculo dimi-nuto para umha civilizaçom queconquistou o céu e domesticou asondas. A Muralha Chinesa, visíveldo espaço, pode ser ultrapassada deum saltinho em helicóptero e é inca-paz de deter a mais singela mensa-gem informática. Os 1.265 km dedupla parede corrida que o governodos EUA quer levantar na fronteira

com o México, como os 650 km. domuro israelita na Palestina ou o altís-simo valado de Melilha, oferecemumha imagem patética e impoten-te, mui rudimentar e quase infantil.Vistos do universo – o nosso pontode vista ocidental – e enquanto ospaíses nom tiverem mais tecto doque o céu, os muros mais altos seempinan ridiculamente como umhamao em frente de um tsunami ouum papelom numha tormenta deareia. Já trespassamos todos osmuros e já vivemos mentalmenteacima das barreiras. Que seja precisoconstruir um muro – umha cousatam grosseira e primitiva, tam pouco

pós-moderna – lembra-nos a exis-tência residual de umha espécie queainda nom voa, que tem de procuraro seu alimento longe da casa e quevive nos limites do seu corpo; sommilhons e há que detê-los, enquan-to nós levitamos, a rás de suelo. Osimigrantes ameaçam, nom a nossaeconomia, mas o nosso universosimbólico. Mas a mesma barreiracom que tentamos protegê-lo ero-siona-o irremediavelmente.

Creio que o muro mexicano nomestá concebido contra a imigraçommas para inducir nos estado-uniden-ses a ilusom de que a sua naçomdepredadora e socialmente injusta

é um país perfeito e desejado; e nosimigrantes que já estám dentro a deque fôrom afortunados; e creio porisso mesmo que serám acrescenta-das paradoxalmente, como ‘efeitochamada’, às mercadorias, filmes eturistas estado-unidenses queentram sem obstáculos no México.Creio que o muro mexicano funcio-na aliás como o filtro de umha eco-nomia demencial cujos escravos jánom tenhem que ser arrancados dosseus povoados nativos por negreirosmas que acodem espontaneamentepara se venderem em baixa nasmetrópoles, onde tenhem que serseleccionados com pinças de cálcu-

lo. Mas creio sobretudo que o muromexicano – como o israelita e omelilhense – declara sob a luz do solo fracasso da nossa civilizaçom ima-terial e os seus valores aéreos. A suaconstruçom separa de facto dahumanidade essa metade da popu-laçom mundial que o capitalismonom pode nem alimentar nem soco-rrer e que, quando pede auxílio, éespancada o baleada medianteumha limpeza étnica estrutural quecausa todos os anos mais vítimasmortais do que o derrube das TorresGémeas. A sua construçom a ras desuelo, por baixo do céu infinito emque projectamos os nossos delírios,revela aliás sem dissimulo a verdadeque o circuito vertiginoso das nossasimagens acredita poder encobrir: aterra existe e está em disputa; ocorpo existe e há que pará-lo, explo-rá-lo e, chegado o caso, exterminá-lo.

A contradiçom de um sistemaque superou todas as barreiras é ade que segue necessitando os cor-pos e necessita, ao mesmo tempo,tratá-los como parasitas. Necessita-os mesmo para construir a barreira.Talvez nom se nos tenha ocorridopensar neste último looping perversoque declara também a antiguidadeprimitiva dos muros e da economiaque os reclama e os levanta. Fôromos escravos a construírem as pirámi-des egípcias. Fôrom os escravos aconstruírem as muralhas daBabilónia. Fôrom os vencidos repu-blicanos – escravizados polo fascis-mo – a construírem em Espanha atumba de Franco. Tudo fai pensartambém que serám imigrantes his-panos a construírem o muro que osseparará dos seus irmaos.

“OS 1.265 KM DE DUPLA PAREDE CORRIDA QUE O GOVERNO DOS EUA QUERLEVANTAR NA FRONTEIRA COM O MÉXICO, COMO OS 650 KM. DO MURO

ISRAELITA NA PALESTINA OU O ALTÍSSIMO VALADO DE MELILHA,OFERECEM UMHA IMAGEM PATÉTICA E IMPOTENTE,

MUI RUDIMENTAR E QUASE INFANTIL”

SANTIAGO ALBA RICO

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 03EDITORIAL

Da prosa do filósofo SlavojZizek abraia a sua capaci-dade para achar sintomas

do derrubamento na produçom cul-tural. Cada fotograma de cada filmede consumo semelha agachar,segundo o pensador esloveno, ras-tos dedecompo-siçom docapitalis-mo avan-ç a d o .Umha lei-tura nominocenteda culturade massase n t o r n aum mapaa j e i t a d opara nomcapitularno devalop ó s -moderno e, aliás, dificulta as 'toma-duras de pelo', o consentimentocómodo da esquerda fraca.

Só nos aplausos que anda a pro-vocar Salvador, a fita de ManuelHuerga, adverte-se a silhueta daideologia revisionista do progressis-mo moderado. Parece suspeita-mente significativo que as ovaçonsà narraçom cinematográfica da his-tória do fuzilamento de SalvadorPuig Antich procedam de El País ed'A Nosa Terra, de ERC e da críticaindependente da imprensa musi-cal. Esta visom 'romanticoide' damilitáncia antifranquista, mergul-hada na marijuana, nas festas hip-pies e na música do pachulí con-vence tírios e troianos. O símboloestupendo, a lei da memória semcafeína que pretende aprovar ogoverno espanhol do PSOE.

Para o sistema de representaçomensaiado por Salvador, com fasquiaestética a meio caminho do video-clip e da tele-série, os anarquistasque exerciam a luita armada contrao fascismo franquista apenas eramum fato de idealistas, bonitos, comumha visom deformada da realida-de. A dulcificaçom da experiênciamilitante ou, em definitivo, o amo-lecer da vida adapta-se às margensdo permitido pola ideologia domi-nante. Salvador retrata a luita arma-da na década de setenta, mas nom

menciona a ETA senom para esta-belecer, numha acrobacia digna docinema FAES, umha sinistra e revi-rada conexom entre o justiçamentode Carrero Blanco em 1973 e oassassinato legal do catalám em1974. A falsidade histórica e o

assentimen-to perante aversom ofi-cial confir-ma-se umhavez maiscomo estra-tégia centralda cinemato-grafia espan-hola.

Após arestauraçombourbónicade 1976 /1977, a ideo-logia do con-s e n s o

encontrou no cinema umha ferra-menta eficaz e dissimulada parafabricar consenso. A celebraçomconservadora, por mais quecomandada polos autodenomina-dos socialistas, paralela ao apogeutriunfalista da pós-modernidadeem Ocidente, olhou-se e gostoude si nos ecráns de um sector cul-tural vendido às instáncias dopoder. Nom é fácil falar sequer defranco-atiradores, tirando JoaquínJordá - morto este ano -, no que sedeu em chamar incorrectamentecinema espanhol.

O Salvador de Manuel Huerga -encarregado da retransmissom dacerimónia inaugural dos JogosOlímpicos de 1992 em Barcelona -quadra sem fendas com esta, pode-ria denominar-se, segunda vaga decinema hegemónico estatal.Salvador evita interrogar, impomum ángulo implicitamente conser-vador, nom roça nenhum pensa-mento alternativo. A ausência dereflexom fílmica conduz a fita semdesvios à imoralidade. Todo otramo final da narraçom, ademaisde incidir num tom amarelo pró-prio das convençons de telejornal,mostra umha falta de respeito atrozpola matéria tratada. O sentimen-talismo anula a consideraçom ética.Para o espectador de Salvador estádefinitivamente proibido pensar.

Aansiada mudança do governo galego chegou comcalmaria. A mais explícita e proclamada, a dospróprios protagonistas. Forçados até a asfixia

polo ajustado espartilho da correcçom política, os líde-res do bipartido apregoárom desde o primeiro dia anecessidade de nom inquietar umha maioria socialacomodada resignadamente no neoliberalismo fanfa-rrom e o fraquinho galeguismo tolerado. Vigiados deperto polos pilares financeiros e mediáticos daCorunha e Vigo, apostárom em apresentar-se tam bonsservidores da economia soberana que nem se atrevê-rom a declarar a correcçom dos seus excessos.

Mas a calmaria nom é só consigna cozinhada polascúpulas. Antes de mais, é um vasto movimento defundo herdado do pánico à extrema-direita que hipote-cou durante três lustros a Galiza. Necessitados deumha expectativa inexistente, milhares de galegos egalegas activas e conscientes guardam silêncio pararelegarem o fraguismo à história e deixarem fazer ogaguejante bipartido com um cheque em branco quenom caduca. Com indêntico resultado que o desenha-do polo empório PRISA em Espanha, o fechar fileiras

em favor do governo implica estender o ermo polasruas; conduzir o maior ciclo mobilizador da históriarecente da Galiza para os consensos plúmbeos nosmedia públicos e privados; inserir no consenso pró-empresarial todo o sindicalismo disposto a um peque-no lugar sob o sol da paz social; disciplinar o impulso daluta polo idioma e a cultura sob as chuvas de cimentoe de milhons que desfam o Gaiás compostelano.

Os resultados imediatos da aplaudida prudênciapopular nom som calculados nos cabeçalhos daimprensa de tiragem. NOVAS DA GALIZA foge da balbúr-dia e oferece a visom da sua lupa sobre os corredoresautonómicos. Na administraçom inchada - esse últimorefúgio das camadas qualificadas da populaçom peran-te a precarizaçom em ascenso - tece-se mais umha his-tória de injustiça e dependência. Umha burocraciaineficaz que se fai, a um tempo, administraçom cativados desígnios partidários. Umha trama precária e finan-ceiramente estrangulada que abre as portas às caixasde sempre para engolir o Estado no mercado. Só umhafiscalizaçom popular estrita pode fazer corar os res-ponsáveis e levá-los a calcular as consequências.

O AR ESTRAGADO DA MUDANÇA

GONZALO

Salvador: cinemae ética política

DANIEL SALGADO

As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografiae citando procedência. A informaçom continua periodicamente no sítio web www.novasgz.com e no portal www.galizalivre.org

EDITORA

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DESENHO GRÁFICO E MAQUETAÇOM

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IMAGEM CORPORATIVA

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FECHO DA EDIÇOM: 15/10/06

INTERNACIONAL

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COLABORAÇONS

Opiniom. Maurício Castro, X. Carlos Ánsia,Santiago Alba, Daniel Salgado, Kiko Neves,J.R. Pichel, R. Pinheiro, Carlos Taibo,Germám Ermida, Celso Á. Cáccamo, JorgePaços, Adela Figueroa, Joám Peres, PedroAlonso, Luís G. Blasco ‘Foz’, Alberte Pagán,Concha Rousia, Xurxo Martínez, AlexandreBanhos, Iván Cuevas, Raul Asegurado,Miguel Penas. Música. Jacobe Pintor. GalizaNatural. João Aveledo. Sexualidade. BeatrizSantos. Língua Nacional. Valentim Fagim.Descobre o que sabes. Salva Gomes. Desportos.Anxo Rua Nova, Xavier S. Paços. Cozinha.Joana Pinto, Miguel Burros, Ana Rocha

FOTOGRAFIA

Arquivo NGZNatália Gonçalves

ASSINANTES

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Suso Sanmartin, Pepe Carreiro, Pestinho+1,Xosé Lois Hermo, Gonzalo Vilas, Farruquinho,Aduaneiros sem fronteiras, Xosé Manuel

CORRECÇOM LINGÜÍSTICA

Eduardo Sanches MaragotoFernando Vázquez CorredoiraVanessa Vila Verde

“SALVADOR EVITA INTERROGAR, IMPOM UMÁNGULO IMPLICITAMENTE CONSERVADOR, NOMROÇA NENHUM PENSAMENTO ALTERNATIVO. A

AUSÊNCIA DE REFLEXOM FÍLMICA CONDUZ A FITASEM DESVIOS À IMORALIDADE”

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006

NOTÍCIAS

04 NOTÍCIAS

A lousa, um sectorestratégico, mas de risco

O NOVAS DA GALIZA falou com osecretário local da CIG-Valed'Eorras da situaçom do sector, doqual vivem directamente 3.800pessoas e indirectamente atinge20.000 que moram nessa comar-ca, muito significativo se reparar-mos em que a comarca ultrapassasó levemente os 28.000 habitan-tes, demonstrando-se assim aexagerada dependência no quediz respeito à indústria da lousa.Adriano Brito deu-nos uma visommuito pessimista do que está aacontecer no sector. Para o sindi-calista cumpre distinguir entre oprocesso de elaboraçom, ondeainda se teria avançado levemen-te, embora "fiquem cousas porfazer" e a extracçom a céu aberto,nas canteiras ou bancos, como olinguajar popular valdeorrêsdenomina as exploraçons minei-ras, onde a falta de medidas desegurança tem sido denunciadacom insistência polas forças sindi-cais. Na opiniom de Adriano Brito"o silêncio mediático é significati-vo", pois há anos que a CIG está adenunciar que "os acidentes nomsom um facto isolado, mas infeliz-mente muito freqüente". Sóumha semana depois da morte deAlbino Pácios, morria em Quirogaum trabalhador da empresa

PEBOSA, sediada na própriaQuiroga, quando conduzia umtractor agrícola com chafariz parafacilitar o acesso à canteira. Masesta morte nom tivo a mesmareleváncia, "talvez porque nomtivo a espectacularidade do sinis-tro de Carvalheda", assinala o sin-dicalista. A protecçom individualcom capacetes é, segundo a CIG,manifestamente insuficiente,dadas as dimensons das cantei-ras, já que "o pessoal que corta'em fio', para desprender as las-cas, está a pôr-se em perigo conti-nuamente".

Desleixo privado, desleixo públicoOs direitos dos trabalhadoressom continuamente atacados.Os empresários do sector obri-gam frequentemente a arru-mar os dumpers, que chegam apesar até 170 tn, junto aos cas-calhos, com o risco para a vidade quem os conduz, sublinhaAdriano. Deveriam, conformea central sindical, baixar acarga polo menos a cincometros dos cascalhos, mas paraisso haveria que comprar pás econtratar pessoal, "quantomais dinheiro poupam, menosriscos para os lucros", afirmaBrito; os louseiros nom se

importam com as repercussonsdas suas acçons porque "comdinheiro, solucionam-no" eainda a administraçom "nomfai cumprir o que se deve cum-prir". Na CIG surpreende quequestons que "deveriam sertomadas pola via penal" pas-sem com total impunidade,mas, na verdade, conforme nosadvertem no Barco, nem todaa gente se surpreende comoseria de esperar e é escassa aconscientizaçom dos trabalha-dores: "aqui, quando o sinistroem que morreu Albino Pácios,ninguém parou, nem tampou-co os próprios companheirosda empresa", diz-nos Adriano.

O panorama é muito preocu-pante: "absolutamente todasas empresas desrespeitam asnormativas de segurança ehigiene, todas" confirmam naCIG. As vias de acesso às can-teiras, de titularidade privada,apresentam umha situaçomlamentável, íngremes e total-mente rachadas, denunciamno Barco, mas nem aAdministraçom exige repará-las, nem os louseiros estámcom vontade, conforme nosrevela A. Brito, "os camionsmesmo tenhem caído ao fundo

das canteiras frequentemente,só que os condutores tivéromtempo para sair dos veículosna maior parte das ocasions".

Para a CIG, o desleixo nomvem só da parte do sector priva-do, também do público, emlugar de inspecçons periódicas,conforme nos diz a central sin-dical, "os poderes públicosdeveriam atender as múltiplasdenúncias que o sindicatonacionalista tem interposto", eatender, enfim, os direitos dostrabalhadores.

Práticas delituosasA 19 de Setembro apareciaumha notícia ligada ao sector nojornal La Voz de Galicia, queatingia a empresa Ferlosa, sedia-da em Quiroga, e concretamen-te o seu ex-director geral JoséLuis Ramos López, condenado apagar 3.000 euros e mais 500 deindemnizaçom, responsável porum delito contra a liberdade sin-dical denunciado em 1995 polaCIG. Para a central sindical, "onosso sindicato está vetado, é-nos impossível apresentar dele-gados já que os trabalhadorespoderám ser despedidos, semqualquer explicaçom, se se apre-sentarem" confirma Brito.

CIG denuncia que aumento do lucro e dos riscos laborais correm paralelos

REDACÇOM / A formaçom políticaNÓS-UP deu continuidade à suacampanha antifascista num novo Diada Galiza Combatente. Depois deter sabotado numerosos símbolos dofranquismo ao longo do País, aprovei-tou esta data de "homenagem a luita-dores e luitadoras" para congregarfiliados e simpatizantes no alto doFurriolo, lugar conhecido na comarcade Cela Nova polos 'passeios' execu-tados em 1936. Lá, umha nutridaconcentraçom a 7 de Outubro quijolembrar o compromisso de "todas asvítimas do holocausto galego", vin-cando na actualidade do seu ideário edas causas por que deram a vida.Representantes da própria organiza-çom, das e dos jovens de Briga e daassociaçom cultural limiá 'Arraianos'encarregárom-se da arenga.

Na Corunha, a AMI concentrou-se diante da prisom provincial comohomenagem à luta das e dos presosnacionalistas nos últimos trinta anos,recordando que ainda hoje dous dosseus militantes padecem prisom,acusados de estarem implicadosnumha sabotagem contra CaixaGalicia. Ao finalizar a arenga deumha representante da organiza-çom, encapuzados arriavam e quei-mavam a bandeira espanhola do pré-dio oficial. Este foi o pretexto para apolícia espanhola revistar em plenarua cinco militantes e deter MariaOsório, acusada de 'ultraje à bandei-ra' e libertada três horas depois.

Os dias anteriores ao acto, aAMI organizou palestras nos cen-tros sociais em que participáromex-presos, militantes e familiaresde Ugio Caamanho.

REDACÇOM / Umha comunicaçomanónima ao portal galiza.indymedia.orgreivindicou a queima de umha exca-vadora numha cêntrica obra da cida-de da Corunha a 29 de Setembro. Asou os comunicantes denunciam aespeculaçom que padece o País,falam dos resultados da acçom e famum chamamento a "ensinar os den-tes a Espanha e ao capital". Aimprensa maioritária nom recolheu aacçom. Ainda que NOVAS DA GALIZA

nom pudesse recolher mais porme-nores da mesma, o alvo escolhido e aterminologia utilizada leva a pensarque a sabotagem se pode enquadrarnas acçons do que se conhece comoa 'resistência galega'.

Assédio policialno Dia da GalizaCombatente

NGZ/ Após o infeliz falecimento, a 30deAgostopassado,dooperárioponfe-rradino Albino Pácios, de 50 anos e trabalhador da empresa 'Pizarra Os Vales',emMormeau(Carvalheda-VVald'Eorras),pudemoscomprovarmaisumavezcomo os media tradicionais centram a sua focagem na espectacularidade do

sinistro, semespecularemsobreas razonsdomesmo,enquantoaadministra-çom pública, por meio da sua delegaçom na província ourensana, abria umexpediente informativo, nom sem antes qualificar de "acidente fortuíto" aqueda desde 100 metros do dumper que conduzia o trabalhador berciano.

Reivindicamsabotagem echamam a 'enfrentara especulaçom'

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 05NOTÍCIAS

“Devemos abrir novos espaços sociais ondevivermos para já como galegos e galegas”

Por que se constitui ‘Isca!’?O alarme perante a situaçomactual do BNG: o abandonoideológico, o esquecimento deprincípios básicos como adefesa da autodeterminaçom;no social, nem é praticada amobilizaçom de rua nem é ele-

vada às instituiçons a defesade reivindicaçons elementa-res. E pensamos que havia quereagir, antes de sermos defini-tivamente invadidos polo mar-keting e a tomada de posiçonsexclusivamente em chaveautonomista.

Mocidade, nacionalismo, impli-caçom... mas nom será que anossa juventude nom 'liga'à política?É verdade, a galega e a do con-junto da Europa ocidental. Paraalém do condicionamento daprecariedade, do discurso esma-gador dos media, do individua-lismo, na Galiza a dependênciacolonial nom ajuda nada. E achoque a nossa geraçom ainda otem mais difícil do que a ante-rior, com um grau de espanholi-zaçom tremendo, sem referen-tes... isto tudo implica revermosa sério os modelos de participa-çom e, se calhar, relativizarmosos partidos.

Podes desenvolver um poucomais este assunto?

Na Galiza começam a pôr-se emandamento pequenos projectos,ainda embrionários, mas muiprometedores, em chave nacio-nal. Falo dos 'centros sociais',nomeadamente, onde convivemníveis de implicaçom mui diver-sos, ideologias e partidos tam-bém diversos, e mesmo activi-dades plurais, que se comple-mentam. Parece evidente quepara batalhas essenciais -comoa do idioma, mas nom só- estanova filosofia pode ser fulcral.

Dentro destas novas propos-tas o fundamental é que nom sóse recusa o neoliberalismo:ensaiam-se formas de vida erelaçons sociais diferentes,abrem-se espaços próprios. Istopoderia ser o embriom de pro-jectos interessantíssimos.

10.09.2006

Os custos do operativo emCaldas somam oito milhonsde euros.

11.09.2006

Quintana anuncia investi-mento de 20 milhons paramelhorias em centros assis-tenciais.

12.09.2006

Touriño valoriza como muitograve documento interno doPP da Corunha que pederetardar contratos contraincêndios em concelhosdeste partido.

13.09.2006

Feijoo pom os meios decomunicaçom como teste-munhas para af irmar quedocumento interno dirigidoàs cámaras municipais era deconhecimento público.

14.09.2006

‘SOS contra o Lume’ convo-ca manifestaçom em Com-postela e recebe apoio daAssociaçom de Montes emMao Comum.

15.09.2006

Quase 60 confrarias de pes-cadores manifestam-se con-tra a política piscatória daJunta, acusando-a de “ami-guismo”.

16.09.2006

Governo galego apresentaalegaçons contra o plano lác-teo do Governo espanhol pornom garantir a sobrevivênciadas exploraçons pequenas.

17.09.2006

“SOS contra o Lume” mani-festa-se em Compostela como apoio do PPdeG e a pre-sença de Mariano Rajoy.

18.09.2006

Secretário de organizaçom

CRONOLOGIA

(continua)

REDACÇOM / No passado mês de Julho fazia a sua apresentaçom públi-ca a organizaçom ‘Isca!’, formada por um colectivo de jovens proce-dentes de Galiza Nova. Para além de mostrarem o seu desacordo coma marcha actual do nacionalismo institucional, num novo episódio dedesafeiçom pola esquerda dos muitos que tem vivido o BNG, estas eestes activistas insistem na procura de novos caminhos para a eman-cipaçom nacional. Falam para o Novas.

JOÁM RODRIGUES SAMPEDRO, MEMBRO DE ISCA!

REDACÇOM / Umha extensa repor-tagem de ‘La Opinión - El Correode Zamora’ do passado dia 13 deOutubro voltou a pôr na berlinda aextensom territorial da Galiza. Omotivo, um mapa comarcal edita-do por NÓS-Unidade Popular noano 2003 (ainda que o jornalsituasse a sua ediçom muito maisrecente) em que se restituem àGaliza as comarcas que ficáromfora da actual comunidade autó-noma com a divisom provincial deJavier de Burgos. Segundo estejornal, e muitos outros meios gale-gos que recolhêrom a seguir ainformaçom, o mapa estaria a serdivulgado nas escolas galegas "comtoda a impunidade" por professo-rado independentista. Neste sen-

tido, El Correo Gallego afirma quea Conselharia da Educaçom nompudo confirmar tal extremo, masse assim fosse os mapas seriamretirados imediatamente porserem "ilegais". Seja o que for o queacontece nas escolas, o certo é queo mapa da polémica foi já assumidopor numerosos colectivos políticose sociais desde que foi dado a con-hecer há três anos, podendo ver-seem camisolas, autocolantes e pági-nas webs muito diversas. Para aorganizaçom independentista "oensino da língua e da história daGaliza ultrapassa a visom quadri-provincial espanhola", e por isso élógico que o mapa fosse assumi-do polo professorado "mais cons-ciente e rigoroso."

Fronteira da Galizade novo em debate

REDACÇOM / Saúde pública,urbanismo e língua serám astrês áreas abordadas num ciclode conferências organizado emPonte Vedra pola IniciativaPopular de Esquerdas (IPE),que pretende "promover odebate, para fomentar umhacidadania com um pensamentocrítico e livre, que se impliquee participe activamente nosassuntos públicos". OPresidente da Plataforma paraa Defesa da Sanidade Pública,Manuel Martín, falará a 19 deOutubro, representantes doForo Social pola Defesa doPovo de Cangas analisarám asituaçom do urbanismo muni-cipal a 27 de Outubro e a técni-

ca de normalizaçom lingüísticada Cámara Municipal de PonteVedra, Conchi Cochóm, dete-rá-se a analisar a situaçom dalíngua na cidade a 3 deNovembro.

Os actos terám lugar na SalaSargadelos de Ponte Vedra apartir das 20h30, e concluirámcom um fórum de debate entreos e as assistentes.

A Iniciativa Popular deEsquerda apresentava-sepublicamente no passado dia25 de Julho, apoiando a convo-catória das Bases DemocráticasGalegas. Esta iniciativa inde-pendentista partiu de umgrupo de pessoas residentes nacidade do Leres.

Jornadas sobre a realidadesocial de Ponte Vedra

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200606 NOTÍCIAS

do PSOE, José Blanco, pedeao PPdeG que nom util izeautarcas do seu partido con-tra as decisons do Governogalego.

19.09.2006

Dous detidos em Arouça porparticiparem no seqüestrode um industrial.

20.09.2006

O PPdeG considera comis-som de estudo dos incêndiosmanobra para ocultar dadose informaçom.

21.09.2006

Conhece-sse presumível tra-ma de corrupçom na Fede-raçom Galega de Futebol;director geral de Desportospede demisom ao presiden-te da Federaçom.

22.09.2006

91 famílias de Carança, emFerrol , obrigadas a dormirfora das suas moradas polasdanif icaçons ocasionadaspolo Gordon em casas deprotecçom oficial e recenteconstruçom.

23.09.2006

Dous em cada três trabalha-dores galegos nom tenhem atitulaçom que exige o seutrabalho.

24.09.2006

Touriño compromete-sse acriar 35.000 empregos nestalegislatura.

25.09.2006

Estoura explosivo em Lugofruto de umha brincadeira.

26.09.2006

Orçamentos do Estado pre-veem investimento de 8% dototal dos mesmos na Galiza.

27.09.2006

Pessoal sanitário exige maissegurança nos centros sani-tários.

28.09.2006

Junta investiga situaçom deumha família à qual morreumha criança por inaniçom.

29.09.2006

Descoberta trama de corrup-çom em venda de habitaçonsoficiais em Vigo.

Junta abre possibilidade de participaçomà iniciativa privada na Cidade da Cultura

A necessidade de dar um impulsoà busca de soluçons aos diferen-tes elementos que componhem oconjunto edificado nos terrenosdo Monte Gaiás determinou adecisom da Conselharia daCultura de juntar diferentesrepresentantes da vida culturalgalega para entre todos poderemchegar a um acordo final e enche-rem de conteúdo as edificaçonsque até agora ficam paralisadas.Mas a capacidade de absorçomorçamentária deste complexo faicom que o Governo galego tomea decisom de iniciar contactoscom empresas privadas para aexecuçom das diferentes iniciati-vas culturais que surgirem dentroda nova definiçom que procuraminstituiçons galegas para aCidade da Cultura.

O presidente Touriño anuncia-va no dia 4 de Outubro a procurade contactos com empresas pri-vadas para o financiamento deobras e novas ideias para a Cidade

da Cultura. Estes contactos nomestám especificados. Este movi-mento é justificado pola Junta daGaliza ao tomar como exemploideias como o MOMA de NovaIorque, Tate Gallery de Londresou o Pompidou de Paris. Um diaantes, a conselheira ÁnxelaBugallo, em entrevista à RádioGalega, nom descartava o confir-mado polo presidente Touriño.Usando o mesmo raciocínio,Bugallo considerava necessária aparticipaçom do capital privadopara sustentar a Cidade daCultura. Os resultados seriamumha participaçom activa destasempresas nas propostas culturaisdo conjunto do Gaiás. Um possí-vel exemplo seria a venda de tra-balhos culturais a fundaçons vin-culadas à iniciativa privada.

Fórum da Cultura e resultadosSegundo se deduz do docu-mento "Recomendaçons e pro-postas para a Cidade da

Cultura da Galiza", o complexodo monte Gaiás ameaça seria-mente o orçamento que sedestina a projectos culturais naGaliza. A conselheira Bugalloestima este ponto em 23-28%do total destinado ao seuDepartamento, enquantooutras aproximaçons estimamque o investimento realizado éde 40% do destinado ao com-boio de alta velocidade doAtlántico. Hoje em dia ficamobras comprometidas polo tri-plo do custo inicial. Recolhe-se também como possível ame-aça a legitimaçom por parte daJunta actual do desenho e ges-tom deste complexo realizadopolo governo Fraga. Mas entreas diferentes propostas pararenovar a Cidade da Culturafiguram a renomeaçom docomplexo, a análise de mode-los internacionais de boas prá-ticas ou a continuaçom do pro-cesso de participaçom iniciado

com este fórum. Chama a aten-çom a solicitaçom do início deprojectos culturais que nomprecisam da finalizaçom dasobras nos edifícios. Mais umelemento que nom deixárompassar foi a necessidade deumha melhor conexom daCidade da Cultura com a cida-de de Santiago.

Os objectivos marcados somvários: a consecuçom de um nóde vertebraçom de todo o siste-ma cultural galego, a promoçomcultural para a melhoria da qua-lidade cultural. Consideramimperante que seja também umactivo de desenvolvimento eco-nómico com a criaçom de tra-balho digno e de qualidade epedem a promoçom de umhamudança na conceiçom da cul-tura, seguindo instituiçonsinternacionais, para além de queseja permitida a conexom comessas instituiçons e as diferen-tes redes do espaço mundial.

Estatuto do emigrante discriminaterceira geraçom da diásporaREDACÇOM / O Congresso espan-hol aprovou o Estatuto dosCidadaos Espanhóis no Exterior- mais conhecido como 'Estatutodo emigrante' -, sem que nele setivessem introduzido algumhasdas principais reivindicaçons che-gadas de numerosas organizaçonssociais. O texto aprovado preten-de regular os direitos e as obriga-çons dos emigrantes, dentro dasquais figuram, por exemplo, com-pensaçons para o seu regresso ouajudas de carácter social, associa-tivo ou de representaçom.

Porém, os netos dos emigran-tes ficam discriminados na maior

parte dos casos, já que esses direi-tos e obrigaçons nom os adqui-rem de forma directa, já que selhes recusa sistematicamente anacionalidade espanhola - condi-çom sem a qual nom se podeoptar a qualquer direito, segundose desprende deste Estatuto.

Desta forma, dá-se o paradoxode que umha galega ou galego noestrangeiro - filho por sua vez deum galego de nascença - poderádecidir nas eleiçons galegas - otexto dota-o de possibilidade deser eleitor e candidato em qual-quer comício -, mas o seu filhonom. Ou, indo a um caso mais

extremo, essa mesma pessoapoderá regressar ao País de formanatural, mas a sua descendênciapoderá ser tratada como imigranteirregular - no caso de provir de forada UE; enquanto se vinher daAmérica Latina, poderia apenasentrar com permissom de trabalhoem firme ou só como turista.

Mençom à 'Espanha plural'O 'Estatuto do emigrante' tam-bém fai referência de algumhaforma à pluralidade nacional doEstado espanhol. No seu artigo24 determina que "o Estado [...]promoverá a divulgaçom e o

reconhecimento da diversidadecultural espanhola do Estado plu-rinacional, pluricultural e pluri-lingüístico no exterior".

Esta mençom, que nom apa-recia no anteprojecto original, éfruto de uma emenda do BNG.Curiosamente, é a primeira vezna história em que as Cortesespanholas dam luz verde a umdocumento que assinala -embora seja implicitamente - aexistência de várias naçons den-tro do Estado, para além da dife-renciaçom que fai aConstituiçom espanhola entre"nacionalidades" e "regions".

REDACÇOM / Após seis anos do início das obras no monte Gaiás eum ano depois da saída do governo Fraga da Junta da Galiza, aCidade da Cultura continua a ser o elemento mais polémico her-dado do fraguismo no que toca a políticas e infra-eestruturas cul-turais. Para sair do círculo vicioso que implica este Goliat com pésde barro, a Conselharia de Cultura decidiu abrir o Fórum da

Cidade da Cultura, onde se debateu com agentes sociais e cultu-rais as possíveis alternativas que se poderiam aplicar ao comple-xo desenhado polo arquitecto norte-aamericano Peter Eisenman.A conselheira Bugallo e o presidente da Junta oferecem a possibi-lidade de que a iniciativa privada entre para o financiamento dasobras e posterior exploraçom.

AGN

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 07NOTÍCIAS

30.09.2006

PPdeG pede que directorgeral de Montes da Juntapida desculpa por ter acusa-do cámaras municipaisgovernadas por este partidode sabotagem por nom teremcolaborado na extinçom deincêndios.

01.10.2006

Em Aguinho aparece ummorto no cais da vila. Nomhá sinais de violência.

02.10.2006

Podem desbloquear PlanoGeral de OrdenaçomMunicipal (PGOM) de Vigoao ter pedido a cámara muni-cipal tratamento de excep-cionalidade.

03.10.2006

Debate da Autonomia: Tou-riño pede consenso para quea Galiza nom perda nívelcom respeito a outrasComunidades Autónomas doEstado Espanhol.

04.10.2006

Trovoada derruba ponte noconcelho de Dumbria.

Debate da Autonomia finali-za o primeiro dia sem acor-dos claros.

05.10.2006

Conserveira Calvo em venda.A Junta procura compradoresgalegos para que a empresanom abandone a Galiza.

06.10.2006

1.100 moços e moças galegassomam-se à actividade agrá-ria segundo a Conselharia doMeio Rural.

07.10.2006

Quintana promete mais aju-das para emigrantes galegase galegos na Argentina, nocontexto da sua gira polaAmérica Latina.

08.10.2006

Touriño anuncia subida de6,5% nas pensons mínimasna Galiza e 225 milhons deeuros para reequilíbrio terri-torial

09.10.2006

Entrevista de Quintana comTabaré Vázquez no Uruguai.

Solicitam retirada do polémico PGOM viguêsREDACÇOM / A polémica surgidacom a proposta de planeamentoviguês ameaça com eternizar-seaté ser utilizada na contendapolítica nas próximas eleiçonsautárquicas. O pacto entre o PPe BNG para a aprovaçom inicialdo PGOM vê-se cada dia maisatacado política e socialmente.Aos dares e tomares protagoni-zados pola presidenta da Cámarada cidade e o conselheiro doMeio Ambiente sobre a necessi-dade de solicitar a excepcionali-dade na tramitaçom por exigên-cia da Lei de AvaliaçomAmbiental Estratégica, para evi-tar ter que elaborar um novo pla-neamento, responde agora apopulaçom viguesa com umhanova fase de mobilizaçom socialem que se exige a retirada com-pleta do PGOM.

Esta nova iniciativa tem comoobjectivos denunciar a irraciona-lidade e insustentabilidade doPGOM, solicitar à Junta daGaliza que recuse a sua aprova-çom definitiva e instar os pode-res públicos para impulsionaremum novo Plano para Vigo, elabo-

rado com participaçom e corres-ponsabilidade cidadá. Trata-sede um manifesto cidadao pro-movido pola Alternativa Vicinale por Outro Vigo É Possível, emque se fai um chamamento àassinatura de todos os cidadaos ecidadás que "sejam ou se sintamvigueses de nascimento, resi-dência, relaçom laboral ou vitalcom a cidade". A iniciativa estána rua desde o mês de Julho,quando a Alternativa Vicinalcomeçou a distribuí-la em diver-sos actos, concentraçons e mani-festaçons. Outro Vigo iniciou emSetembro a sua distribuiçomatravés da rede e de contactospessoais.

Perante a evidência de que oPlaneamento aprovado polo PPe o BNG só conta com o relatóriofavorável da própria equiparedactora, os promotoresincluem no manifesto umhacarta ao Presidente da Juntaexpondo as razons da ilegalidadedo Plano, baseando-se nos rela-tórios desfavoráveis da Juntaanterior, dos OrganismosEstatais e dos Técnicos do

Cámara municipal, no Estudode Sustentabilidade do PGOMda Universidade de Vigo e noDitame sobre a Legalidade doPGOM, entre outros documen-tos. Para os colectivos convocan-tes, "este momento crítico preci-sa de decisons acertadas, acor-des com a sua transcendência.As evidências de ilegalidade doPGOM constituem umha opor-tunidade para neutralizá-lo".

As organizaçons convocantesexponhem com claridade as irre-gularidades do documento apro-vado na altura de forma contro-versa. Entre as anomalias desta-cam a de ser um PGOM mal ela-borado, posto em andamentosem um debate prévio que tives-se ampla participaçom cidadá eumha adequada assessoria multi-disciplinar. Tem a sua origem –afirmam –, na economia da cons-truçom, "modelo insustentávelbaseado no investimento espe-culativo, que depreda o territó-rio, torna inacessível a habitaçome cria cidades desertas". Paraalém disso, carece de umha con-ceiçom ecológica do território e

estende o meio urbano dosactuais 35,5% até os 66% dos 106quilómetros quadrados do muni-cípio, reduzindo o meio rural de64,5% a 34%, trazendo consigo aeliminaçom de umha valiosadiversidade. Nom deixam deincidir os colectivos cidadaos emque promove um urbanismo des-personalizado e inarmónico,capaz, por exemplo,de conges-tionar o núcleo urbano com 69torres de grande altura queempequenecem a cidade.

O PGOM viguês já é o maisrecusado do Estado espanhol.Recebeu 61.067 alegaçons assi-nadas por 81.067 cidadaos ecolectivos, dez vezes mais doque o de Sevilha, o segundomais contestado socialmente.

Para além disso, o PGOMviguês nom cumpre os compro-missos da Carta de Aalborg sobredesenvolvimento sustentável,assinada duas vezes pola CámaraMunicipal de Vigo, nem a Lei9/2006 europeia sobre AvaliaçomAmbiental Estratégica, e tam-pouco respeitaria a futura Leido Solo estatal.

A ONU insta o Estado espanhola impedir a prática da torturaGALIZALIVRE.ORG / O relatorda ONU Manfred Nowakassevera num informe publi-cado recentemente que oEstado espanhol nom cumpreem vários pontos as recomen-daçons por parte do órgaopara erradicar práticas como atortura, o regime de incomu-nicaçom durante as deten-çons ou a dispersom peniten-ciária. Segundo o relator, oEstado espanhol nom prestouatençom às recomendaçonsdo organismo internacional arespeito da repatriaçom dosprisioneiros políticos bascosou da supressom da detençomincomunicada. A resposta doexecutivo espanhol nomdemorou. Estavam incomoda-dos porque Nowak tivesseincluído no informe a alcunhade presos políticos para as

pessoas bascas encarceradasem prisons espanholas.

Nem umha cousa nem aoutra. Nem erradicar a tortu-ra, nem suprimir o regime deincomunicaçom, nem velarpolo direito de que a pessoadetida se comunique com asua família e poda aceder aum advogado de confiançanem investigaçom adequadados inúmeros casos de denún-cias por maus tratos. OEstado espanhol chefiado porRodríguez Zapatero continuaa desouvir as recomendaçonsda ONU em matéria de tortu-ras e maus tratos a pessoasdetidas. Assim o deixou claroo informe apresentado poloseu relator. Nele insiste-se naideia de erradicar , entreoutras questons, a dispersompenitenciária. No relatório

assinala-se que este fenóme-no praticado polo Estadoespanhol causa multidom deacidentes e graves problemaspara os familiares das pessoaspresas. A este respeito o rela-tor lembra que o Estadoespanhol mantém 528 presosbascos dos que apenas 12 seencontram cumprindo conde-na no seu lugar de origem.

Para além disto, o relator daONU lembra que a executivade Zapatero, desouvindo asrecomendaçons do órgaointernacional, mantém o regi-me de detençom incomunica-da onde se produzem a maiorparte dos casos de torturasdenunciados no Estado. Estasdenúncias, assinala Nowak,nom som suficientementeinvestigadas nem tidas emconsideraçom polos julgados.

REDACÇOM / Diferentes concelhosda Costa da Morte e de outrascomarcas do litoral padecêrom osefeitos das cheias nos primeirosdias do mês, coincidindo com váriasjornadas de chuva intensa. O quehá poucas décadas nom teria acon-tecido é provocado polos efeitosdos incêndios - que este Verao ata-cárom especialmente a costa - epola construçom intensiva nestaszonas, com edificaçons que chegama ocupar espaços do domíniohidráulico, substituindo as "várzeasde inundaçom dos rios por cimen-to", conforme assinala a organiza-çom ambientalista ADEGA.

Os orçamentos do Estado desti-nam importantes verbas para cons-truir passeios marítimos, quebra-ondas e diques, que em muitas oca-sions "implicam intervençonsambientalmente agressivas para'humanizar' espaços costeiros eaumentar o seu atractivo turístico",assinalam por parte da ADEGA,pondo como exemplo a fraudulenta"regeneraçom" prevista para váriaspraias naturais em Rianjo.

O colectivo ambientalista recla-ma das administraçons "maior sisona hora de planificar o desenvolvi-mento urbanístico nas margens dosrios e na costa", incidindo em quetanto os incêndios florestais quantoos projectos urbanísticos previstosno litoral agravam substancialmen-te os efeitos das cheias.

Incêndios eespeculaçomprovocam que aschuvas originemfortes cheias

Óscar París

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200608 INTERNACIONAL

INTERNACIONAL

O tempo joga contra Miami eCuba sabe-o, gerindo comsigilo as informaçons sobre aconvalescença de Fidel eadiando qualquer debatesucessório de maneira quaseinsolente. Os sobressaltadoschamamentos à revoltainterna da chamada ‘máfiacubana’ tenhem a sua expli-caçom. Pola primeira vez emmais de quatro décadas detentativas de intervencionis-mo armado na ilha, a oposi-çom da Florida sofre umhafenda intergeneracional queparece irreversível. Os novosimigrantes já nom se sentemexilados, reconhecendo aber-tamente, mesmo em Miami,terem abandonado o país pormotivos exclusivamente eco-nómicos. As últimas medidasda administraçom Bush paraafogar economicamenteCuba afectam-lhes, aliás,directamente, permitindo-se-lhes viajar a Cuba só umhavez em cada três anos, e ape-nas no caso de terem fami-liares directos. Os planosque Miami reserva paraumha hipotética Cuba capi-talista som deplorados jánom apenas dentro da maiordas Caraíbas, mas tambémentre muitos e muitas cuba-

nas residentes nos EUA, querejeitariam o regresso dosantigos engenhos às maosdos latifudiários ou a refor-ma dos sistemas educativo eda saúde socialistas.

Período especialAinda que nom oficialmen-te, Cuba já saiu tecnicamen-te do ‘período especial’anunciado por Fidel em mea-dos da década de noventa.Naquela altura, o povo cuba-no tivo que suportar as pio-res carências que lembram aspessoas nascidas com a revo-luçom. A falta de combustí-vel paralisou o país, incapazde contornar um embargoque o sumiu numha verda-deira economia ‘de guerra’.Foi ideado entom um siste-ma económico que permitiaa exploraçom de pequenosnegócios e a circulaçom deduas modedas, com o turis-mo como principal fonte deintroduçom de divisas. Estasmedidas, que gerárom des-igualdades sociais dantesdesconhecidas na ilha, per-mitírom, porém, que o siste-ma de saúde e de ensino per-manecessem intactos (naúltima década a esperançade vida mantivo-se ao nível

dos países mais industriali-zados, e a mortalidade infan-til ou o analfabetismo abaixode 1). Os efeitos desta polí-tica transitória, bem como asrelaçons de Cuba com algunspaíses que a tirárom do isola-mento, estám a começar aser notados agora pola popu-laçom, com a subida dos salá-rios mínimos e as pensons, aprogressiva renovaçom doselectrodomésticos ou a voltaàs universidades de muitaspessoas (já adultas) que tin-ham deixado de estudar nospiores anos do ‘período espe-cial’.

EstabilidadeEsta leve recuperaçom eco-nómica está a incutir maisoptimismo ao consenso anti-imperialista que domina nailha. A coluna vertebraldesta disposiçom som osCDR, Comités de DefesaRevolucionária, que levam acada rua umha verdadeira‘batalha de ideias’ que faicom que o sistema pareçaimpenetrável. Neste con-texto se há de entender aestabilidade política deCuba, perceptível até nasconversas com as pessoasmais críticas.

Cuba entra no fim da era Fidelcom grande estabilidade política

NUNO GOMES / 2/10/06 ; 9h15Centro Cultural Municipal (Bragança)A tuna do Instituto Politécnico deBragança abriu os Colóquios. Detestotunas.O representante da Xunta (em itálico,comoqualqueroutroestrangeirismo)estáa falar bem. Pois, logicamente.Este deve ser daquele tipo de congresso aoqual assistem apenas os conferencistas, oque não faz sentido nenhum. Por outrolado, muitos estão presentes só no dia dasua conferência, o que já faz sentido por serum dia da semana.

11h00O conferencista (Kelson Araújo, falandosobre softwares de tradução), vindo da terrada IURD (Igreja Universal do Reino deDeus), faz a apresentação de pé. Como seestivesse a vender algo.Desbalanceamento? Não haverá no Brasila palavra desequilíbrio?

11h45Os reintegracionistas deviam ouvir os avé-ques(calãoquedesignaosemigrantespor-tugueses em países francófonos) – estátudo na traduçom.

12h15Dual? O esloveno é dual? E isso é o quê?

12h45Português - duzentos e tal milhões defalantes. Galego - uns milhõezitos.Fazemos a OPA (Oferta Pública deAquisição)? Não se perde nada. Maismaiores grandes, sim senhor! Esempresemantêmfalantesque,casocontrário, iriamparar à concorrência.

13h00Descobri ontem que também sou confe-rencista. Eu, Nuno Gomes Lopes, tam-bém conhecido por Nuno Gomes Lopes.Vou estar na mesa, a falar do que não sei(Fazer jornalismoemportuguêsnaGaliza,substituindo Gerardo Uz, do Novas).Demais. Calha bem, quarta dou a minhaprimeira conferência e sexta estreio-me adar aulas. Ficam as novidades todas namesma semana.Onde é que me fui meter? O que se passacom a minha vida? Não sei, e não estoumuito preocupado. O futuro é agora.3h15O Luís, galego, diz ténica. A Regina, portu-guesa, diz adqüirir. Quem fala bem?Ok, o Luís disse ténica porque estava compressa. E a outra, qual a desculpa dela?“Nós somos iliterados! Não sou eu que odigo, são os ránques!” Iliterados,para a ilumi-nada, quererá dizer iletrados, e ránques serárankings. Mas eu sei lá.

3/10/06 ; 11h30A Sra. Zenóbia jurou-me, ontem, que nãoapresentaria a sua conferência. Bastou afalta de cavalheirismo dum participantepara despoletar a sua fúria brasileira de a

mim ninguém me pisa. Ah, e uma piada sobreo Lula (da Silva). Ninguém deve gozarcom o Presidente!António Bento. Puseram um português afalar sobre a língua da Galicia.Mas eleéquepercebe da Galicia e dos galicianos. Desdeque me recordo, esta é a pior conferência aque assisti.

4/10/06 ; 9h45Daqui a pouco apresento a minha “confe-rência”. Entre aspas, mesmo. Durante ocurso, o mais normal era apresentar osmeus trabalhos sem qualquer preparação.Mas sabia do que falava.

10h00Vou ficar ainda mais constipado, ar condi-cionado maldito.

15h30Vi logo que o Martinho Santalha iriasobressair ante os demais. Sempre calado,sorridente e polido, destacou-se pelo nívelda sua participação. Um senhor.

15h45Quem será esta Marisa Leirado? Será rein-tegracionista?

17h45Os almoços, enquanto decorrem, são divi-nais. Mas, como consequência da posta edo vinho, há o relaxamento da mente eperde-se o controlo do que se ingere. Aconsequência é não jantar, e o dia é passa-do com cólicas. Hoje, para já, tá tudo.Abençoada casa-de-banho. Trás-os-Montes, comida aos montes, montes deemoções, trazer bacio e alka-seltzer.

18h30Um dos galegos perguntou-me se a CéliaCordeiro era russa (antes, obviamente, desaberem que tinha nome português).Parece uma russa a falar, anda sempre com aBarbara, que é eslovena. Eu respondi-lhesque a Célia e a Barbara falam, de facto, umportuguês bem distante do que o que fala-mos nós, portugueses e galegos. ABarbaraétradutoradeportuguêsnaEslovénia,porisso esse sotaque distante. A Célia soacomo soa por ser açoriana.“A Galiza está cheia de lusistas platónicos,não praticantes.” Xavier Trilho

18h45Contaram-me que o Estraviz, antes docabelo ruivo roxo, o tinha branco. É o verdadeiro gigolô da província.O Xosé R. F. Mato deve ser, na definição doTrilho, um lusista platónico (na volta, abocaeramesmodestinadaaele). Não pra-ticante.O Ângelo Cristóvão, que dá o ar de ser oexemplo feito do capitalista (na minhavisão de abas, preconceituosa), contraria oestereótipo com a sua opção (ou, como nahomossexualidade, desde logo condição)linguística. É gratificante conheceralguém que dá este passo no vazio, saben-do da sua certeza (luz), mas rodeado doescuro da ignorância. O homem pareceum super-homem.

COLÓQUIOS DA LUSOFONIA – NOTAS DE PERCURSO

E. MARAGOTO / Quem tenha viajado a Cubanos últimos meses à procura de sintomas deumha iminente transiçom política, terá ficadodefraudado. As mensagens divulgadas pola oposi-çom de Miami e repetidas, sem reservas nos pri-meiros dias, pola maior parte dos meios de comu-

nicaçom ocidentais, pugérom em evidência odesespero e até o belecismo dos lobbys cubanosnos EUA, cada vez mais distantes da realidadeinterna do país e dos próprios ‘balseiros’ da últi-ma grande vaga de imigrantes, que nom aceita-riam outra intervençom militar na ilha.

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 09OPINIOM

Ninguém pode discutir acalamitosa situaçomem que o Partido

Popular deixou a AdministraçomGalega após os seus anos degoverno, nem imputar esta des-feita ao novo governo bipartido.Práticas caciquis, redes cliente-lares, empresas de "amigos" quecolocam determinadas pessoaspara pagar favores e procurarvotos, conformam um panora-ma actual que sem dúvida vaisignificar consideráveis despe-sas, assim como umha difíciltarefa para umha novaAdministraçom que deveriaevitar a consolidaçom de postosde trabalho na área pública decentos de pessoas cujo únicomérito é a pertença, simpatiaou favor pedido a um determi-nado partido político.

Mudar esta situaçom é deimportáncia extraordinária.Nom só para poder contar comumha Administraçom que sereja por uns critérios mínimosde legalidade, igualdade, trans-paréncia e racionalidade. Étambém um dos eixos princi-pais para erradicar um dosmaiores lastros do País - adependéncia.

Umha dependéncia que setornou a melhor arma do PPpara garantir o controlo social ea submissom permanente daClasse Trabalhadora. Se temoves, se protestas, se recla-

mas, se te afilias a umhaCentral Sindical, a umhaAssociaçom Cultural, se vais amanifestaçons, … ficas semtrabalho. E nom te vai contra-tar ninguém.

Por contra, se votas, se vaisde interventor, se te afilias(assim tenhem mais de100.000), se fás de agente naparóquia, … tés trabalho, outés umha empresa que sempretrabalha e move cartos porquejá se encarregam eles de aman-har algumha obra.

Pode ser que nas cidadesesta dependéncia seja menorna populaçom, mas na maior

parte da Galiza, concelhospequenos como onde eu vivo eonde todos nos conhecemos esomos facilmente "ficháveis",esta é umha norma com carác-ter de lei oficial.

Que tipo de ClasseTrabalhadora quer o novogoverno? Supostamente, umhaorganizaçom política de direi-tas representa umha minoriaelitista que controla o tecidoeconómico, e submete a maio-ria da populaçom bem pola viada força, da repressom, damanipulaçom mediática, dadependéncia ou do afogamentoeconómico. Supostamente,

umha organizaçom política deesquerdas representa umhamaioria social, a ClasseTrabalhadora, e tem comoobjectivo o reparto da riquezada sociedade entre todas aspessoas, para o qual precisa queestas nom sejam dependentesnem submissas, mas auto-orga-nizadas e independentes.

O PSOE e o BNG governamagora a Junta, e tenhem a capa-cidade de decidir. Há dousmodelos mui bem definidos.Ou se regulariza o funciona-mento da Administraçom, eportanto se estabelecem crité-rios de igualdade e transparén-

cia na contrataçom, ou se optapola via anterior, a do PP, a de sejulgar legitimado polos votospara estabelecer as suas redes ebeneficiar os seus. Estes dousmodelos nom atingem só umtipo de administraçom.Definem o modelo social que sepretende, ou o dumha maioriasocial da Classe Trabalhadora oudumha minoria elitista. Deesquerdas ou direitas.

Casos como os acontecidosnos Centros Comarcais nomsom um bom sintoma.Continuar com a subcontrata-çom de serviços, dá-las aempresas de "amigos", e con-tratar através destas a pessoaspoliticamente de confiança, éoptar por um dos modelos aque já anunciámos que a CIGvai opor-se com total contun-déncia por ser contrário aosinteresses da ClasseTrabalhadora. E nom vai existir"conivéncia" (como algum diri-gente do BNG reclamava nesteconflito), por sermos naciona-listas. Se se optar por ummodelo de dependéncia social,os que continuamos sendo eseremos Classe Trabalhadorateremos que luitar como sem-pre polos nossos interesses e anossa Independéncia eAutorganizaçom.

Paulo Paio Rubido é secretário nacio-nal da Federaçom de Serviços da CIG

A classe trabalhadora quer a independência

PAULO PAIO RUBIDO

O PSOE E O BNG TENHEM A CAPACIDADE DE DECIDIR. HÁ DOUS MODELOS MUI BEM DEFINIDOS. OU SE REGULARIZA O FUNCIONAMENTO

DA ADMINISTRAÇOM, E PORTANTO SE ESTABELECEM CRITÉRIOS DE IGUALDADE E TRANSPARÉNCIA NA CONTRATAÇOM, OU SE OPTA POLA

VIA ANTERIOR, A DO PP, A DE SE JULGAR LEGITIMADO POLOS VOTOS PARA ESTABELECER AS SUAS REDES E BENEFICIAR OS SEUS

Apartado 24034 - 28080 - Madrid

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200610 A FUNDO

H. CARVALHO / As conselharias queconstituem o governo autonómicodisponhem de potestade para con-tratar livremente pessoal de con-fiança destinado a fazer parte dosseus gabinetes em cada área de tra-balho. Bem que PSOE e BNG ape-lavam a conter as despesas públi-cas e a afastar as políticas de nepo-tismo que caracterizaram o PartidoPopular, os dados oficiais indicamque o actual governo, apesar de termenos conselharias que o anterior,dispom de mais assessores e demais pessoal de confiança, o queultrapassa o número previsto nosorçamentos deste ano. O secretárionacional da CIG (ConfederaçomIntersindical Galega) naAdministraçom Autonómica,Manuel Canitrot, julga que é difíciljustificar que "pessoas recém licen-ciadas, sem experiência laboral ededicadas a maior parte do dia aafazeres partidistas" poidam ocu-par-se de trabalhos de assessora-mento em conselharias e que, narealidade, servem para "engrossaradesons inquebrantáveis em chaveinterna". Estas pessoas contrata-das, que poderiam perder o empre-go se mudasse a representaçompolítica, recebem salários elevados.Para a central nacionalista este ébem um caso de "descontrolo orça-mentário e aproveitamento clien-telar", porquanto por vezes somomitidos requisitos para atribuirestes postos, incluindo designa-çons para áreas técnicas que deve-riam sair a concurso público eserem preenchidas por funciona-riado e que, no entanto, som apre-sentadas como assessorias.

As 114 livres designaçons do PPpassárom agora para 149. Destaca ogabinete do Presidente Touriño,que integra 38 nomeaçons (27 comFraga), a Conselharia daPresidência, que aumenta de 3para 10 contrataçons 'a dedo'; a doEnsino que cresce das 7 vagas para13 ou a da Habitaçom, que duplicao número de designaçons directas.

E a ocuparem estes postosencontramos pessoas que mudama cor política do seu assessoramen-to, como Sonia Fentanes Fortes,chefa do Gabinete dos AssuntosSociais com Belén Prado, que con-tinua agora como assessora de

Anxo Quintana na Vice-presidên-cia. A situaçom dá azo a irregulari-dades como a dotaçom salarial dochefe do gabinete da Sanidade,Higinio Beiras Cal, que exercecomo tal mas cobra do estabeleci-mento hospitalar onde trabalhava,o que lhe proporciona melhorremuneraçom económica.

As outras vias de favoritismoO uso das redes de contrataçomcriadas através da Junta durante osanos de governo do Partido Popularsom um lastro herdado pola actualadministraçom autonómica.Coloca-a num difícil papel, já que éforçada a assumir centos de postoslaborais de pessoas que trabalha-vam para o ente autonómico atra-vés de diferentes empresas e orga-nismos, que fôrom confirmados

como pessoal da Junta por numero-sas sentenças que decretárom frau-des na contrataçom. Tal é o casodas contrataçons externalizadasmassivamente por meio de comis-sons de serviço e de assistênciastécnicas. Desta maneira, o governodispom de licença para ceder aempresas postos de trabalho quena prática servem directamente acargos da funçom pública, de jeitoque os actuais orçamentos devemfazer face ao pagamento de saláriosque com frequência eram financia-dos pola Uniom Europeia. A únicasaída para o governo seria revogaras concessons, admitir o pessoalcomo laboral indefinido na Juntae, se o julgar necessário, pôr nova-mente a concurso as vagas, para asquais os anteriores trabalhadoresbeneficiariam de ter acumulado

A FUNDO

DIFERENTES FORMAS DE CONTRATAÇOM BENEFICIAM A CRIAÇOM DE REDES POLÍTICAS DE DEPENDÊNCIA

As promessas de mudança lançadas polo PSOE e o BNG antes e depois de alcançarem agestom do Governo nom se plasmam no que atinge às políticas de contrataçom de pes-soal para a Administraçom. O actual bipartido aproveita mecanismos criados polo PP parafavorecer os seus agentes e abusa da potestade de contratar 'a dedo' pessoal de confian-

ça nos gabinetes, passando das 114 livres designaçons do PP às actuais 149. Reiteradasdenúncias sindicais certificam estas actuaçons, assim como a utilizaçom da externaliza-çom de serviços a novas empresas, o que dá lugar a umha nova 'administraçom paralela'vinculada aos dous partidos governantes.

O actual governo, apesar de ter menos conselharias que o anterior, dispom de mais assessores e de mais pessoal de confiança, o que ultrapassa o número previstonos orçamentos deste ano. Estas pessoas contratadas, que poderiam perder o emprego se mudasse a representaçom política, recebem salários elevados

As contrataçons de pessoal de confiança por parte dobipartido superam num 30% o número de postos do PP

A situaçom dá azoa irregularidadescomo a dotaçomsalarial do chefe dogabinete daSanidade, HiginioBeiras, que exercecomo tal mas cobrado estabelecimentohospitalar ondetrabalhava, o quelhe proporcionamelhor remuneraçomeconómica

Sindicalistas acusáromos partidos governantesde terem nomeadomais de mil pessoas 'adedo' em sete meses edenunciárom que ascomissons de serviços,eram tam fáceis deconceder como naanterior administraçom,apesar de que nosprimeiros meses degoverno se tivesseespecial cuidado neste ámbito

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 11A FUNDO

A aclamada 'limpeza' nos postos deresponsabilidade da Junta omitiualguns nomes com forte peso eresponsabilidade durante o gover-no do Partido Popular. É o caso deMiguel Ángel Sieiro González, amao direita do ex-candidato a lide-rar o PPdG Enrique López Veiga,que na actualidade dirige a secre-taria geral da Conselharia da Pesca.Sieiro fora considerado um "aríetedo PP contra Nunca Mais" e é oresponsável pola questionada Leide Guarda-costas - umha lei quefoi elaborada sem se estabelecer

nenhum tipo de diálogo com ossindicatos e que, conforme à CIG,sofre de "graves deficiências" e"problemas jurídicos em matériade gestom de pessoal", umhapesada herdança para a actual con-selheira Carmen Gallego.

Outros continuidadores desta-cados provenhem da família do ex-conselheiro Manuel Vázquez-Portomeñe. O seu irmao José é oactual secretário geral daConselharia de Trabalho, enquan-to o seu sobrinho - e filho do citado- Víctor Vázquez-Portomeñe Seijasdirige a Funaçom Arao que o PPcriara para enfeitar a desfeita doPrestige. Também mantém oposto o que fora subdirector depessoal com Xaime Pita, ocupandoo mesmo cargo na vice-presidênciade Anxo Quintana.

Um dos casos mais denunciadospola CIG centra-se na contrataçomde Arsenio Morillo Rodríguez comoengenheiro de montes para exercercomo assessor na luita contra osincéndios. O que fora cabeça delista do PP em Ribas de Sil e chefedo Distrito Florestal VIII da Terrade Lemos dera-se a conhecer pordenunciar o agente florestal PabloSantos por levar autocolantes nocarro oficial que aludiam a NuncaMais e ao movimento contra a gue-rra no Iraque, o que moveu umhasançom contra o trabalhador.

Sonia Fentanes Fortes, que fora chefa do Gabinete dos Assuntos Sociais com Belén Prado (PP), continua agoracomo assessora de Anxo Quintana na Vice-presidência do governo autonómico

‘Populares’ no poder

pontos polo tempo de prestaçomde serviços.

Isto representa um duro cavalode batalha para o PSOE e o BNGe nom foi encarado de forma claranem decidida conforme denún-cias sindicais. Em Junho, os sindi-calistas acusárom os partidosgovernantes de terem nomeadomais de mil pessoas 'a dedo' emsete meses e denunciárom que ascomissons de serviços, cessonsque permitem mobilidade parafunçons temporárias, eram tamfáceis de conceder como na ante-rior administraçom, apesar de quenos primeiros meses de governose tivesse especial cuidado nesteámbito. Sem embargo do que foiacordado com as centrais sindicaispara acabar com estas práticas, aCIG afirma que durante o Veraofôrom atribuídas dezenas de ads-criçons de serviços deste tipo,mantendo o recurso a um decretode 1997 que possibilita a atribui-çom de vagas antes de saírempublicadas, como constatárom aspesquisas de sindicalistas quereclamam a aplicaçom de critériosde transparência, igualdade,publicidade e concorrência.Curiosamente, durante o mês deAgosto tanto o Director Geral daFunçom Pública como o DirectorGeral de Qualidade e Avaliaçomde Políticas Públicas estavam deférias, cousa inaudita na históriada administraçom autonómicasegundo fontes consultadas.

As comissons e as chamadasassistências técnicas som fórmu-las de contrataçom que permitemseleccionar o pessoal sem cumpriros requisitos que exige qualquercargo da administraçom pública, eque acabam por afiançar postos naprópria Junta em base às funçonsque adquirem.

Irregularidades e abusosDispor do controlo da administra-çom autonómica permite levar asrédeas da contrataçom de pessoalsaltando umha e outra vez os pro-cedimentos pactuados e as regrasdo jogo. Assim, segundo fontes

sindicais, à subdirectora geral degestom do Plano Galego deInvestigaçom, Desenvolvimentoe Inovaçom Tecnológica, XuliaGuntín Araúxo, foi-lhe recusada alivre designaçom por um relató-rio desfavorável para a funçompública por ser professora univer-sitária, mas, apesar disso, conti-nua a exercer o seu trabalho paraindignaçom de sindicatos. Umcaso semelhante é o de MiguelÁngel Caínzos López, docenteque desempenha responsabilida-des na Escola Galega deAdministraçom Pública contra-vindo as condiçons de contrata-çom.

As denúncias sindicais salien-tam o abuso de nomeaçons recen-tes para postos laborais através deassistências técnicas. Entre oscasos denunciados, a Conselhariada Pesca promoveu por esta viaque cinco pessoas fossem contra-tadas por mediaçom doutraempresa para prestarem serviçona sala de operaçons de guarda-costas. Em relaçom à Conselhariada Cultura, no Instituto Galegodas Artes Cénicas e Musicais(IGAEM) Ana Miragaya foi con-

tratada para realizar trabalhos decolaboraçom artística nos termosdumhas bases que marcavamrequisitos que "semelhavam per-filados para ela", segundo fontessindicais consultadas. Na realida-de, Miragaya trabalha como inte-grante do gabinete de imprensa eexerce umha funçom de categoriasuperior. E no registo de entradada Conselharia do Meio Rural, porexemplo, trabalha mais outra pes-soa contratada por meio de assis-tência técnica apesar de se tratardum posto laboral destinado niti-damente para o funcionariado.

As possibilidades de seleccio-nar pessoalmente as contrataçonsdam lugar a práticas de nepotismoconforme informaçons fornecidaspola CIG Administraçom. Taispráticas permitem distribuir amaior parte destas designaçonsentre pessoas afins aos partidosgovernantes, vinculadas por obe-diência política ou relaçons fami-liares. Nas nomeaçons da Juntapodemos verificar como ReginaLosada Trabada, a irmá doSecretário Geral de RelaçonsInstitucionais da Vice-presidên-cia, preside a Direcçom Geral deTributos. Nos gabinetes relacio-nados com o próprio AntónLosada dá-se achego a bomnúmero de pessoas ligadas acade-micamente ao professor em exce-dência de Ciência Política,enquanto que o gabinete daPresidência se nutre também dejovens contrataçons promovidaspor vínculos quer de amizadequer de família. A filha do opina-dor Xosé Luís Barreiro Rivas, SaraBarreiro González é outro destescasos: colocaram-na no gabineteda Secretaria Geral de Análise eProjecçom. Ou ainda, o cunhadodo Conselheiro da Indústria, J.Ramón Cortés, que é o delegadoprovincial da Conselharia emLugo. Estes e outros muitosoutros casos engrossam as cercade mil pessoas que no total com-ponhem o aparelho de nomeaçonscontroláveis polos mecanismos daAdministraçom.

As comissons e aschamadasassistências técnicaspermitem aselecçom de pessoalsem cumprir osrequisitos daadministraçompública. Acabampor afiançar postosna própria Juntaem base àsfunçons queadquirem

A alcunhada 'administraçom para-lela' que desenhava o PP não des-apareceu com a nova administra-çom. O governo actual preparaprojectos equivalentes que permi-tem criar entidades semi-públicasou privatizar serviços directamen-te. Assim acontece com aSociedade Galega de ServiçosSociais (Sogaserso), criada polaVice-presidência. Nesta entidadeparticipam a Caixanova e a CaixaGalicia, que se encarregará da cria-çom e manutençom de centrospara a terceira idade - o que segun-do fontes sindicais constitui umha"privatizaçom encoberta de servi-ços públicos que permitirá a ges-tom empresarial com lucros paraas entidades financeiras" que,como Caixanova, conta com expe-riência na criaçom deste tipo decentros. Da Vice-Presidênciadefendem que, sendo a participa-çom institucional maioritária, aJunta manteria o controlo sobre oscentros, à diferença do PP, que"sacava a concurso a gestom dasresidências públicas, que eram esom geridas assim por empresastotalmente privadas". Falam de

continuidade na gestom pública,mas os centros que vaiam ser cria-dos estarám administrados porumha sociedade paralela participa-da, isso sim, com fundos das arcasautonómicas e das caixas.

Um outro caso de externaliza-çom julgada desnecessária é adotaçom de pessoal para os servi-ços informáticos da SecretariaGeral de Relaçons Exteriores daPresidência. Nos requisitos daconcessom que saiu a concursoexiste um "paralelismo enormecom os requisitos dos contratadospara sistemas e tecnologia dainformaçom da própria Junta",polo que para a CIG, estes postoslaborais se correspondem com tra-balhos administrativos de pessoalfuncionário especializado, comoocorre já noutros departamentos.

Por outra parte, o CentroTecnológico da Carne é umha dasnovas entidades que fôrom criadasde forma paralela às administra-çons polo PP. Este organismoautónomo ligado à Conselharia doMeio Rural convocou recentemen-te 12 vagas de carácter indefinidopara iniciar as actividades.

Sociedades paralelase externalizaçomde serviços públicos

Continuidadoresdestacados provenhem

da família doex-conselheiro

Vázquez-Portomeñe.O seu irmao José é o

actual SecretárioGeral da Conselhariade Trabalho, enquan-to o seu filho dirige aFunaçom Arao que o

PP criara para enfeitara desfeita do Prestige

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200612 A FUNDO

Intervençom sindical impede que a contrataçomnos Centros Comarcais siga o padrom do PPA Conselharia do Meio Ruralassumiu a gestom da rede deFundaçons e Centros Comarcaiscriados ao longo do País e prome-teu mudanças na sua orientaçomcom a vontade declarada de ostornar verdadeiros dinamizadoresdas comarcas em que assentam.Entre as primeiras medidas dealternáncia, propujo um novoconcurso para seleccionar umhaempresa que substitua o GrupoFerrovial, dando por fechada arelaçom destes centros com acompanhia ao vencer a conces-som. O primeiro concurso, con-cedido em Junho, integrava oscentros comarcais de Lalim, oSalnês, o Barco de Val de Orras,Ribadávia e Cela Nova, e deixariasem emprego as pessoas quefôram contratadas para trabalhostécnicos em condiçons precárias,e que eram assinaladas como 'pro-tegidas' do PP. No entanto, naaltura ainda permaneciam nosseus cargos os principais respon-sáveis políticos pola gestom edirecçom nomeados polo anteriorgoverno. Estes cargos acumulamo grosso das dotaçons salariais epoderiam ser revogados polaConselharia. Da totalidade doscargos de nomeaçom política ape-nas fôrom excluídos o DirectorGerente, um chefe de área, umcoordenador de actividade e umoutro responsável. Nos seus vel-hos postos continuam por voltade meia centena de cargosda administraçom da Socie-dade para o DesenvolvimentoComarcal da Galiza.

A alternativa à Ferroser era umamédia empresa da 'casa', aAsesoría Cristín SL, propriedadede Ramiro Recouso Liste, que foicabeça de lista do BNG em Ordes-demitiu-se para se dedicar àempresa há ano e meio- e mem-bro do Conselho Nacional da for-maçom. Fontes sindicais referemainda que se dá a coincidência deque a companheira sentimentalde Recouso, Susana GrilleNegreira, trabalha na SedeNacional do BNG emCompostela, onde compartilhavatrabalho com Alberte Souto, oactual secretário geral do MeioRural. Sob a denominaçom deViagens Cristin (do mesmo admi-nistrador), é a empresa que com-pra os bilhetes de aviom para asviagens do BNG, multiplicandopor dez a sua facturaçom desde2004, conforme fontes sindicaisconsultadas.

O BNG evidenciou o seu inte-resse em defender esta contratanum comunicado enviado a todosos seus cargos eleitos e responsá-veis logo após umha conferénciade imprensa crítica da CIG, quedefendia a continuidade dos pos-tos de trabalho até que se reali-zasse um concurso público. Nocomunicado, a que tivo acessoNOVAS DA GALIZA, defendia-se avalidade da atribuiçom à AsesoríaCristín e aduzia-se que iammudar as directrizes e o modelodos Centros, bem como os pro-cessos de contrataçom. Estas afir-maçons contrastam com as mani-festaçons de Paulo Rubido, secre-

tario nacional da Federaçom deServiços da CIG. O sindicalistaadverte que nom pode falar-se detransparência no processo selecti-vo quando quem contrata é umhaempresa, com a única publicidadede anúncios por palavras naimprensa e sem que exista um tri-bunal a avaliar o processo. Na prá-tica, iam ser contratadas 11 pesso-as, das quais seis no mínimo man-tenhem relaçom directa com oBNG, bem como militantes con-hecidos e integrantes de listaseleitorais, como é o caso deMariel Oubiña Vázquez, candida-ta em Cambados.

No entanto, as denúncias dostrabalhadoros afectados acabárompor anular a concessom e os des-pedimentos fôrom declarados ile-gais. A intervençom sindical foi odetonante dumha mudança for-çosa, que levou Suárez Canal aassumir os postos de trabalhocomo pessoal da administraçomaté novo concurso e a anular osacordos com a Asesoría Cristín,que confiava gerir novos lotes deconcessons para os centros aindanom adjudicados. Cada um des-tes centros facilitava 145.000euros para despesas a efectuarpola empresa concessionária, dosquais entre 55% e 60% correspon-deriam a despesas de pessoal,permitindo umha mobilidadeeconómica que poderia gerirautonomamente umha compan-hia privada cujo capital socialequivale a cerca de 50% dos orça-mentos previstos para cada umhadas concessons que aguardava.

A alternativa era uma média empresa da 'casa' propriedade de Ramiro Recouso Liste, que foi cabeça de listado BNG em Ordes e é o proprietário da agência de viagens com a que trabalha a formaçom nacionalista

Em 23 de Setembro o jornalportuguês O Sol publicavaum inquérito com um

dado bem curioso: quase um emcada três portugueses (27%) pre-feririam fazer parte de Espanha ecriar uma grande uniom ibérica.

Poderiam tirar-se uma man-cheia de conclusons a partirdeste dado. Eu chamarei a aten-çom para as seguintes:

A questom de que Portugalpasse a fazer parte de Espanha ouque se crie um novo estado ibéri-co pode abordar-se a partir dasseguintes ideias fundamentais:ou bem, intergovernamentalis-mo, nom ceder a soberania emvez de criar umha alta coopera-çom, com umha mistura de cer-tos organismos próprios de cadaEstado (umha linha federalista);ou bem, supranacionalismo,ceder a soberania e integrar-secompletamente noutro Estado(existente ou nom).

Em qualquer caso, a economiaé o factor fundamental a ter pre-sente para entendermos a reali-dade do nosso mundo e o da pró-pria história. O processo de cons-truçom europeia é a este respeitobem ilustrativo.

A situaçom económica dePortugal é abafante. Nestes mes-mos dias está a debater-se a subi-da de taxas nos serviços daSaúde; o Partido ComunistaPortuguês propom umha subidado salário mínimo, que está nestemomento nos 385,9 � por mês;pretende-se reduzir as pen-sons… O mais pavero de tudo, éque o preámbulo daConstituiçom portuguesa de1976 proclama: "A AssembleiaConstituinte afirma a decisão dopovo portugués […] de abrircaminho para uma sociedadesocialista, no respeito da vonta-de do povo português, tendo emvista a construção de um paísmais livre, mais justo e mais fra-terno". Eis o que rege na consti-tuiçom portuguesa actual.

Se se materializasse um proces-so de uniom ibérica, as naçonssem Estado da Península Ibéricateriamos uma oportunidade chavepara poder constituir-nos comonaçons com capacidade decisóriacom o consequente reconheci-mento da autodeterminaçom. Eisso porque Portugal tería queassegurar esse direito, pois se auniom fosse um fracasso para osportugueses, para os seus interes-ses, eles poderian voltar a separar-se. Até viriamos a ser peças funda-mentais, partindo duma unidade

nacional, para elaborarmos umhafederaçom que tivesse em contaos interesses da Galiza.

Ora ben, federalismo significa"pacto" e un pacto deve fazer-se apartir da igualdade. Por isso oreconhecimento da Galiza comonaçom e a sua livre escolha é orequisito mínimo para estarmosà mesma altura que Espanha ePortugal. Mas nom devemos ilu-dir-nos: o Estado espanhol nom éproclive a reconhecer aquilo queé o direito fundamental dumpovo. A eterna negaçom da reali-dade nacional da Galiza e a con-sequente negaçom da sua auto-determinaçom é característicadominante do Estado espanhol.

Mas também pode dar-se umprocesso que leve à integraçomda naçom portuguesa emEspanha. Portugal passaria entoma ter umha carta autonómica eperderia a sua plena soberania.Por muito que alguns colunistasportugueses afirmem que a inte-graçom nom provocaria a destrui-çom dos valores tradicionais e dacultura nacional, nós, que bemsabemos o que é viver despossuí-dos da nossa liberdade nacional,sabemos também do poder des-trutor dos instrumentos difuso-res e repressores do Estado, diri-gidos a aniquilar a nossa naçom, aum ritmo maior ou menor depen-dendo da capacidade de conciên-cia e resistência do nosso povo.

Se se verificasse esta segundaopçom, nós ficariamos na mesmasituaçom ou talvez ainda pior.Esfarelariam-se parte das nossasesperanças, já que a independén-cia nacional de que goza Portugalé un estímulo para as naçons semEstado peninsulares. Umanaçom, aliás, que se libertou daditadura fascista através dumprocesso revolucionário que mui-tos arelamos para o nosso País,por muito que reprovemos o des-envolvemento posterior.

Talvez seja cedo ainda para falardesta unidade ibérica, seja qual foro processo, mas nom é absurdo for-mular esta problemática. E aquiCastelao teria muito a dizer!

Compreende-se bem quequase um terço da populaçomportuguesa se incline pola inte-graçom peninsular. As necessida-des económicas som umha razomde muito peso. A lógica económi-ca e de mercado é essencial. Eessa é a lógica que presidiriaqualquer processo. Mas, aten-çom, o respeito, a fidelidade àpátria e a dignidade dum povonom tenhem preço.

Portugal e aintegraçom ibérica

POR XURXO MARTÍNEZ

OPINIOM

ANÁLISE

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 13ANÁLISE

Num artigo de 2004, o escritorportuguês Miguel UrbanoRodrigues avaliava, entre

outras cousas, a funçom que na socie-dade lusa cumpriam os meios decomunicaçom: "A televisom convidamilitares reaccionários e académicoscom muitos títulos para se pronun-ciarem como especialistas sobretemas da política caseira de copa ecozinha e para debitarem, comoespecialistas, disparates sobre oIslám". A situaçom nom é, neste sen-tido, diferente no outro grandeEstado da Península ibérica, e umbom exemplo temo-lo no tratamentodado nos meios de ambos os países aumha estranha notícia de duvidosorigor informativo.

A 23 de Setembro passado, umsemanário de recente apariçom nacena mediática lusa, punha em circu-laçom os dados de umha sondagemencomendada à empresaIntercampus, conhecida pola elabo-raçom de pesquisas para o canal tele-visivo TVI e até por algum problemacom o Fisco. O jornal levava à capa amanchete "Um quarto dos portugue-ses prefeririam ser espanhóis", reme-tendo para um inquérito publicadonas páginas 22 e 23 em que logo se viaque o bombástico título da capa nomrespondia a nenhuma das perguntasrealizadas polos entrevistadores. Masas técnicas manipulativas iam darainda para muito mais nas páginasinteriores, podendo perceber-secomo nunca até que ponto os jornaispodem construir realidades fictíciasem abono dos seus interesses, firamas sensibilidades que ferirem.

A sondagemO trabalho do Sol consta de três par-tes: "Portugal e Espanha", "Portugal eas ex-colónias" e "Portugal e aEuropa". Como se podia prever foi aprimeira delas a que maior sensaçomcausou, apesar de ser a que menosanálise mereceu para o jornal, que selimitou a destacar em confusos des-taques informaçons contraditóriascom o parco texto explicativo.Curiosamente, o volume deste texto(de 63 palavras) confrontado com asnotícias publicadas depois polosmeios de comunicaçom espanhóis(El País: 2.480 palavras) dá bem paraentender o tipo de objectivo perse-guido polas diferentes publicaçons,sensacionalista cru e nu no primeirocaso e evidentemente político nos

media espanhóis. Mas o mais cha-mativo é o confuso manejo das per-centagens usadas polo jornal. Assim,a primeira questom que fai referên-cia às relaçons hispano-lusas("Portugal e Espanha deveriam serum único país?") é repondida afir-mativamente por 27'7 por cento daspessoas inqueridas, passando a ser asrestantes 69'7% absolutamente igno-radas na formulaçom das perguntasseguintes, realizadas apenas a 'pró-iberistas'. Este pormenor seria atélegítimo se fosse devidamente expli-cado polo jornal, que opta no entan-to por fazer confusom ao respeito,sem esclarecer nos destaques que ascinco perguntas seguintes fôrom rea-lizadas só a umha parte das pessoasinqueridas. O resultado é claramen-te perceptível no amplo tratamentoque a imprensa espanhola dá à notí-cia. El País é só um dos muitos meiosque preferiu 'confundir' a opiniomdos 'iberistas' com a dos 'portugue-ses'. Desta maneira, o jornal madrile-no, entre licenças de chauvinismocomo "inveja do progresso" ou "umhapolémica eterna em Portugal", faireferência aos "97% [dos portugue-ses que] responde que sim quando

perguntados se Portugal se desen-volveria mais se se unisse aEspanha. Os portugueses, aliás,confiam em que seriam tratadoscom eqüidade: no remotíssimosuposto de que ambos os países seconvertessem num só, 68% pensaque os portugueses receberiam umtrato de igualdade, enquanto 24%pensa que seriam discriminados."E ainda vai mais longe quando afir-ma que "42% escolhe Madrid e

41% opta por Lisboa" respondendoà pergunta de qual seria a capitaldo hipotético Estado unitário, ouque "os monárquicos som tambémbourbónicos (53% aceitaria o reiJuan Carlos, opondo-se 21%)". Nocaso de Telecinco chegava-se adizer que em Portugal quereriammesmo perder a sua língua e cultu-ra em favor da espanhola.

A realidadePara além das escassas pessoasutilizadas para a elaboraçom dasondagem (741), houvo 243 pes-soas que se recusárom a respon-der, um matiz importante quenenhuma notícia posterior salien-tou. Por cima, as opinions daesmagadora maioria desta exíguaamostra (69'7) nom merecêrommais umha linha. Assim, em mui-tos fóruns portugueses pergunta-vam-se no dia seguinte sobre qualseria a resposta dos mesmos à per-gunta 'Como estariam dispostos adefender a independência dePortugal?'. Em lugar disto, o jornalpreferiu avaliar o carinho que pro-fessa umha minoria ao monarcaespanhol, talvez porque o interes-

se que poderia despertar a sonda-gem no Estado vizinho seria infi-nitamente diferente.

O SolO novo jornal lisboeta é umha 'cisom'do semanário de referência dosmedia impressos portugueses. Comidêntica ideologia liberal, nasce lide-rado polo que fora director doExpresso, e em aberta concorrênciacom o mesmo. De facto, a polémicasondagem deve ser interpretadacomo mais um elemento da agressivapolítica de captaçom de leitores e lei-toras que o Sol pretende disputar aooutro semanário que sai aos sábados.O director, José António Saraiva, nomoculta a intencionalidade destas notí-cias sensacionalistas, como tampoucoparece mui preocupado por ocultar o'iberismo' que lhe é atribuído: "a posi-çom romántica já nom chega: agoramanda o progresso e sentimos invejado êxito económico espanhol."

O 'iberismo'Quem conheça Portugal em profun-didade sabe que a identidade destanaçom foi construída, e continuaassente, num profundo anti-espan-holismo defensivo muito enraizadoentre as classes populares. O badala-do 'iberismo' nunca existiu organiza-do nem exposto abertamente, até oponto de parecer antes um boatobaseado na atitude de certa admira-çom, e até complexo, de uns quantosintelectuais e empresários poloEstado vizinho. O máximo represen-tante desta 'tendência' seria o NobelSaramago, sempre mais preocupadopor ser ouvido em Madrid do queem Lisboa. Entre o resto do povoportuguês existe, no máximo, a sen-saçom de domínio económico espan-hol do mercado interno, lógico numpaís absolutamente rodeado, quepode provocar em certos sectoresrespostas similares às que dariammuitas pessoas espanholas se per-guntadas pola própria língua: 'Nomundo deveríamos falar todosinglês'. Porém, da mesma maneiraque quando se nos apresentava emgrandes manchetes o Brasil comoum país de repente bilíngüe, os jor-nais madrilenos pretendem fazer-nos ver Portugal (cujas eivas noterreno económico nom deixam deser evidentes) como um país emcrise irreversível que caminha emdirecçom à anexom.

Manipulaçom mediática dosentimento nacional português

Para além das escassas pessoas utilizadas para a sondagem, 243 recusárom-se a responder, matiz que nenhuma notíciaposterior salientou. Por cima, as opinions da maioria desta exígua amostra (69'7) nom merecêrom mais umha linha

EDUARDO MARAGOTO / No passado dia 23 de Setembro umha sondagem realiza-da pola empresa Intercampus para o novo semanário português Sol revelava que 27'7%dos portugueses estariam dispostos a formar, com a Espanha, um só país. A sondagemapresentava deficiências evidentes e foi tratada polo jornal através das mais grosseiras

técnicas manipulativas da imprensa sensacionalista. Apesar disso, os meios de comu-nicaçom espanhóis dérom atençom imediata aos dados divulgados, num momento degrave crise identitária no Estado e prévia visita oficial do presidente da RepúblicaPortuguesa, Cavaco Silva.

OS MEIOS DE COMUNICAÇOM ESPANHÓIS SAÚDAM EXULTANTES UMHA SONDAGEM QUE POM EM QUESTOM A INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL

Quem conheçaPortugal emprofundidade sabeque a identidadedesta naçom foiconstruída, econtinua assente,num profundoanti-espanholismodefensivo muitoenraizado entre asclasses populares

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200614 DENÚNCIA

No Salgueirom (Cangas do Morraço)está a se a librar umha desigual batal-ha: um grupo de vizinhos e vizinhas

levam já mais de um ano, desde o 16 deSetembro de 2004 da primeira paralisaçom edesde o 3 de Outubro de 2004 de maneira con-tinuada, impedindo que camions e escavadorasdesenvolvam o projecto de porto desportivo.

O de desigual vem do feito de que às costasdo projecto está o cerne mais rígido do podereconómico galego, com as suas vertebraçonsmultinacionais, supom-se.

Nós, pequenos peons do campo de batalha,pouco podemos saber do que há realmentedetrás desses fios que se perdem na escurida-de. Mas olhamos aonde apontam.

A mesa levava anos posta, pronta para a lar-peirada: umha via rápida de selvagem impac-to (no mais puro estilo do seu artífice Cuinha)pondo o Morraço a quinze minutos de Vigo,cinco milhons de metros quadrados de terre-nos comunais em Aldám usurpados aos vizin-hos e comprados a preço de risa com requali-ficaçom e projecto preparados, milhares demetros quadrados de particulares conseguí-veis a baixo preço numha comarca sem trabal-ho nem projecto del, as melhores vistas, amelhor orientaçom, a natureza melhor con-servada das Rias Baixas...

Mas, Cangas ergueu-se para dizer nom.A táctica entom mudou e concentrárom-se

os esforços num ponto: um projecto de portodesportivo tramitado pola AutoridadePortuária de Vigo na zona qualificada comoindustrial do porto de Cangas. Com todo umprojecto especulativo às costas, claro. Impediro desenvolvimento e tentar abrir umha fendapola que chegar outra vez à larpeirada.

Já vos imaginaredes que o suporte legal doprojecto, tanto em terra como no mar, é "por-que o digo eu". Há ordenamento arbitrário doterritório, opacidade, cesons de terrenos jámunicipais e de domínio público, vulneraçomda Lei de Contratos das AdministraçonsPúblicas, da normativa de avaliaçom ambien-tal, da Lei de Costas, falsidades documen-tais... mesmo tenhem registado "em plenodomínio" mais de 16.000 metros quadradosde domínio público marítimo terrestre.

Às costas? E aguardando lucro: Caixanovacomo promotora do projecto; UbaldinoRodríguez como administrador deResidencial Marina Atlántico SA, empresa

criada em Portugal no ano 2004 para levar oprojecto; Abel Caballero, ratificando a con-cessom, que já fora assinada por Julio Pedrosa,o anterior presidente da Autoridade Portuária,mas sempre com Luis Lara como director.

Repetimos que nós sabemos mui pouco,sabemos que as administraçons inibem-se,Política Territorial, Pesca, Meio Ambiente,Indústria; que a táctica está mui estudada,identificaçons diárias, multas; justiça de duasvelocidades, lenta contra eles, rápida contranós; desprestígio ou ocultaçom nos meios,quem lhe di outra cousa a quem gasta 10.000euros diários numha página de periódico,ainda que for pagada com dinheiro público?.

Sabemos que as implicaçons políticas somfundas, fôrom-no quando se aprovou ambien-talmente o projecto, com um recém estreadogoverno do PSOE em Madrid, quando nom sedam respostas a perguntas parlamentárias, emMadrid e Santiago, quando mesmo metemumha pergunta numha comissom parlamentá-ria de sanidade!!. Dolores Villarino sabe dotema, foi vereadora de Urbanismo em Vigo,numha esquecida época em que se urbanizou

a zona de Rosalia de Castro, trabalhou paraUbaldino Rodríguez na urbanizaçom PonteRomano de Sabaris, e agora... nós pobres peonsnom sabemos quase nada de aonde chegam osfios; grupos de poder em Ourense manejandoo tema de Aldám, o arquitecto Cabanelascomo representante de Norman Foster para OSalgueirom e contacto directo entre o arqui-tecto estrela e o ainda vivo eixo Cuinha-Sotelo, Fernández Tapias ou Amancio Ortegacomprando terras na ria de Aldám...

Ar que ainda nom vem fresco para Galiza. Alegalidade da nossa parte. A justiça de Europaestá longe e vai devagar. O projecto económi-co chama-se tijolo. Tourinho e Quintanadeclaram umha e outra vez a defesa do litoralcontra a especulaçom, mas ao ouvir falar doSalgueirom mudam de tema, por umha razomdesconhecida, as soluçons nom aparecem.Nom podemos ser optimistas. Mas estamosconvencidos de que a maré vai connosco, esaber que estamos a defender a terra (e omar) enche-nos de folgos.

Xaquín Nortes

DENÚNCIA

O Salgueirom: os fios do poder (económico)INICIAMOS UMHA SÉRIE DE REPORTAGENS DE DENÚNCIA, QUE COMEÇA A ANALISAR AS PRINCIPAIS AGRESSONS NO LITORAL

ÀS COSTAS? E AGUARDANDO

LUCRO: CAIXANOVA COMO

PROMOTORA DO PROJECTO;UBALDINO RODRÍGUEZ

COMO ADMINISTRADOR DE

RESIDENCIAL MARINA

ATLÁNTICO SA, EMPRESA

CRIADA EM PORTUGAL NO

ANO 2004 PARA LEVAR O

PROJECTO; ABEL CABALLERO,RATIFICANDO A CONCESSOM,QUE JÁ FORA ASSINADA POR

JULIO PEDROSA, O ANTERIOR

PRESIDENTE DA

AUTORIDADE PORTUÁRIA,MAS SEMPRE COM LUIS LARA

COMO DIRECTOR

“Cinco milhons de metros quadrados de terrenos comunais comprados a preço de risa com requalificaçom e projecto preparados, milhares de metrosde particulares a baixo preço, as melhores vistas, a melhor orientaçom, a natureza melhor conservada... Mas, Cangas ergueu-se para dizer nom”

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 15HISTÓRIA

" Cada um pensa segundo o lugarque ocupa na produçom",escreveu Carlos Marx

No ano 1972 a greve geral revolu-cionária em Vigo levou muitosjovens a entrarmos na luita.

Eu tinha daquela 13 anos. Asminhas recordaçons ven-hem-me através dos meus

companheiros e do meu irmao.Eles falavam-me das mobilizaçonsde milhares de trabalhadores polasruas de Vigo. Xil Araúxo, foi junta-mente com outros muitos mais,preso e torturado, ao extremo deque as suas irmans nom fôromcapazes de o reconhecer. Falavam-me da solidariedade dos comer-ciantes, tendas, bares, pescanti-nas... com os trabalhadores emgreve. Contavam-me como os ope-rários tomaram os Estaleiros, dosconfrontos com a polícia, dasassembleias multitudinárias nomonte, dos cortes de tránsito e dossaltos por toda a cidade, etc. AGreve começa em solidariedadecom os despedidos da Citroen, quefôrom abandonados polos vendidossindicatos, e que foi dirigida polaO.O. (Organización Obreira).Destacava, entre outros lideres,Abelardo Collazo.

Quero sublinhar que a grevenom só foi importante polo quesignifcárom as mobilizaçons sociais(participárom mais de 30 milobreiros e pola primeira pugerom-se em prática métodos de guerrilhaurbana) e pola ampla solidariedadepopular que a apoiou. Foi-no tam-bém polo elevado nível político eorganizativo alcançado.

A princípios de 76, com 16 anosde idade, começo a militar noSindicato Obreiro Galego, emtorno ao nacionalismo da ANPG eda UPG. É um tempo curto masmui intenso para a minha cons-ciência. Um tempo em que arepressom chega a muitos trabal-hadores e os conflitos nas fábricassom numerosos.

Umha das minhas vivências pes-soais foi na greve da construçom,onde fum com um piquete de grevepara parar umha obra no bairro deCóia. Ali, vim com os meus olhos derapaz, o que significa o instinto edefesa da nossa classe fronte aoscapitalistas através da luita contraos esquiróis: um obreiro, ao ver queos esquiróis nom paravam, agarrou

um deles e pujo-o à beira do oco doelevador e chorando de raiva, dixo-lhe: "estamos em greve para defen-dermos os nossos direitos e o pamde todos os nossos filhos. Ou parasou boto-te abaixo!!".

O verdugo Franco morrera algunsmeses atrás e já se palpava a manobrada "transiçom". É neste contexto deluita que é preciso tomar umha deci-som (que já a greve do ano 72 deixa-ra delimitada): ou com aqueles quevam mendigar a legalidade ou comaqueles que continuam a luita. Eutomo partido por estes.

Em finais de 76 incorporo-me àmilitáncia comunista no PCE(r).Começam a bombardear-nos comas eleiçons de todo género, com oreferendo, com a legalidade, com asua democracia,... e as luitas na ruanom param e a repressom tampou-co. A tortura e as detençons somdiárias, e já começam a falar dos"terroristas", dos que som "estran-hos", dos que nom comungamcom a sua tremenda patranha.

A princípios do ano 78 estouragreve da construçom em Vigo. Emapoio à greve realizamos váriassabotagens nos arredores da cida-de, para cortarmos as comunica-çons, nas quais participamos vários

militantes do PCE(r). Por estasacçons em apoio às luitas obreirassom condenados dous militantes amais de seis anos de cadeia.Também deflagra a luita de Ascóne outras fábricas. O ambiente narua é de constante confronto com apolícia antidistúrbios, com suces-som de saltos e cortes de tránsitoem diversos pontos da cidade. EmMaio som preso na Corunha, junta-mente com outros companheirosdo Comité Nacional da Galiza.Fum torturado durante três dias epassei na cadeia oito meses porpropaganda ilegal. Estivem noscárceres da Corunha e de Sória. Noprimeiro, vivim as luitas dos presossociais polos seus direitos, organi-zadas pola COPEL (Coordinadorade Presos en Lucha) para conquis-tarem condiçons dignas no cárcere.Nós apoiamos as luitas com grevede fame e plantes, criando vínculosde solidariedade entre presos polí-ticos e sociais. Podo assegurar-vosque no tempo em que estivem ali alimpeza, a camaradagem e a solida-riedade entre presos foi de tal nívelque demonstra mais umha vezque, dando-se as condiçons favo-ráveis, o ser humano com dignida-de fronte a todo tipo de canalha é

capaz de alcançar as mais altascotas dos ideais socialistas.

Este exemplo de dignidade e deluita era insuportável para o Estado.E uma repressom feroz desabousobre os mais conscientes dirigentesda COPEL. O isolamento, junta-mente com malheiras e todo génerode chantagens, acabou por destruí-los, erradicando um perigoso exem-plo antifascista. Ainda assim, as luitasdos presos sociais tomárom outras

formas, as mais conhecidas hoje somas luitas dos FIES (Ficheros deInternos de Especial Seguimiento).

Na cadeia de Sória, vivim (tinha18 anos) a experiéncia do que eraumha comuna e do que significava.Foi umha experiéncia inesquecívelque permanecerá na minha memóriamentres viver. Ali, aprendim a tra-balhar à escala colectiva, é dizer, semo egoísmo de para um somente. Oscamaradas ensinárom-me a estudar ederam-me as bases para aprender aluitar, para ser um comunista conse-qüente e nom um charlatam, para amanter umha atitude de aprendersempre e para ser humilde com dig-nidade, entre outras muitas outrascousas. Vivim, até sair em liberdadeem Dezembro, quatro meses muiintensos de aprendizagem, pois nomdebalde tinha 18 anos.

Encabecei estas linhas com umasserto de Carlos Marx que se man-tém tam vivo hoje como no dia emque foi proferido, há 150 anos.Afirma que a classe a que pertencesdetermina a tua concepçom domundo e o teu combate. Eu perten-ço aos obreiros e nestas breves linhasmanifesto a minha posiçom de clas-se... e é assim que ocorre absoluta-mente com todos os humanos.

HISTÓRIA

Fazendo Memória Histórica:a Repressom em Vigo nos Anos ‘70POR X. LUIS FERNÁNDEZ, ‘CHÉ’

A PRINCÍPIOS DO ANO

78 ESTOURA GREVE DA

CONSTRUÇOM EM VIGO.TAMBÉM DEFLAGRA A

LUITA DE ASCÓN E

OUTRAS FÁBRICAS.O AMBIENTE NA RUA

É DE CONSTANTECON-FRONTOCOM A POLÍCIA

ANTIDISTÚRBIOS, COM

SUCESSOM DE SALTOS E

CORTES DE TRÁNSITO

X.L. Fernández: “Fum torturado durante três dias e passei na cadeia oito meses por propaganda ilegal. Estivem nos cárceres da Corunha e de Sória. No primeiro,vivim as luitas dos presos sociais polos seus direitos, organizadas pola COPEL (Coordinadora de Presos en Lucha) para conquistarem condiçons dignas no cárcere”

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200616 ANÁLISE

ANÁLISE

Dizíamos na primeira partedesta visom apressada quesobre o lume e a política

florestal estamos a projectar, quepara desfazermos o nó górdio quenos abafa a fumaradas seria precisoagirmos de forma contundente ecortarmos polo sam, tal como fige-ra Alexandre o Macedónio. Parececlaro, a estas alturas, que a poten-cialidade dos nossos montes ultra-passa a concepçom ruim e mes-quinha da indústria trituradora,que só vê nos montes fábricas depauzinhos para transformar emastelas. Hoje, apesar do dito, nomé preciso esforçar-se muito paraconceber umha outra realidade.Aquela que resultaria se se tivesseimplementado o plano Florestal deCeballos e Ximénez de Embúnnos anos trinta. Se tivesse sidoassim, agora teríamos um patrimó-nio florestal enormemente valioso,umha indústria florestal diversifi-cada e capaz de dar emprego adúzias de milhares de pessoas e, oque é mais importante, umha tra-diçom silvícola e industrial integra-dora, complementar e com visomde país -e nom este arremedo decirco de feras, onde a maior come apequena e, se nom a dá comido,abrasa-a. Mas a ditadura gorou essapossibilidade, instaurando estaperturbaçom florestalista queainda nos oprime. Por isso, inevita-velmente, é preciso empreender-mos umha "segunda transiçom",centrada desta vez no ámbito dosaproveitamentos do monte. Estamudança nom passa tangencial-mente pola indústria de tritura-çom. Essa mudança deve esgaçar ocerne do seu esquema e desactivara capacidade de influéncia destaindústria, nomeadamente da celu-lósica. E isso fai-se, primeiro, limi-tando-lhe a capacidade produtiva,redimensionando a produçom esubordinando-a aos interessesnacionais. Um simples desloca-mento da ENCE, mantendo oumesmo aumentando a sua produ-çom, só agravará o problema.Passemos a desenhar estamudança.

Primeira Fase. A ENCE devesair da Galiza. No seu lugar, ogoverno impulsionará umha socie-dade pública de investimento, naqual favorecerá a participaçom,entre o accionariado privado, dum

sócio tecnológico e dum sócio capi-talista. A nova indústria terá umhacapacidade produtiva limitada,nom superior a 100.000 Tm depasta de celulose, funcionará emciclo fechado de água e com a tec-nologia TFC em descarga zero deefluentes. Com estas premissas, oimpacto ambiental reduzirá-se aténíveis toleráveis. Ainda assim,deverá estudar-se a sua localiza-çom e, o melhor de tudo, o cicloprodutivo fechará-se integrandoumha fábrica de papel. O forneci-mento de matéria-prima nom seráproblemático. A respeito da maté-ria-prima, parece óbvio que sedeverá continuar fabricando pastade eucalipto. Hoje muitos conside-ram que as condiçons climatéricasgalegas, favoráveis ao medre doeucalipto, som umha desgraça paraos nossos montes. Esta percepçomtambém se transformará, e passa-remos a sentir-nos afortunados porcontarmos com esta mirtácea entreo nosso diversificado patrimónioflorestal. Porque, ainda que nomtenhamos a ENCE, deveremosabordar umha profunda transfor-maçom dos nossos montes e danossa política florestal para evitarque perdure a perversom do siste-ma operativo das celuloses - e lem-bremos que temos cinco celulosesnum raio de menos de 400 km.

Esta radical transformaçom

passa por multiplicar o número deagentes ou actores em cena. Trata-se de impulsionar a diversificaçomindustrial diversificando a produ-çom de matéria-prima, sob o crité-rio orientador de fomentar a indús-tria transformadora, avançando nacadeia até desenvolver o maiorabano de possibilidades em produ-tos de elevado valor acrescentado.E tal só será possível se se desen-har umha nova política florestal,baseada numha nova legislaçomrestritiva e condicionadora, e umhanova política para o mundo rural. Éum labor árduo. A transversalidadepolítica deverá ser consideradaestratégica, absolutamente priori-tária, mais do que em qualqueroutro ámbito, sabendo que, ade-mais, é uma politica profundamen-te de esquerdas. Só assim funcio-nará.

Eis a seguinte parte do guiom:Segunda fase. A transversalidade

da acçom de governo impregnaráas políticas dos actuais departa-mentos do Trabalho e Emprego, daInovaçom e Indústria, do MeioRural e do Ambiente. Os objecti-vos primordiais som: incorporar àproduçom florestal as espéciesarbóreas autóctones, de maneira atorná-las competitivas face àsespécies de crescimento rápido;incentivar e activar iniciativas dos

proprietários de montes (as comu-nidades de montes serám a pedraangular); reformar a estrutura dapropriedade, para o qual se preci-sará dum Banco de TerrasFlorestais com capacidade e auto-nomia financeiras; aumentar opatrimónio público, para desenharumha rede de espaços naturaiscom garantias de conservaçom eum conjunto de prédios onde pra-ticar e divulgar a silvicultura dealto nível para a obtençom demadeiras de qualidade. E assimpor diante.

Se forem aplicadas estas provi-dências básicas, a possibilidade devoltarmos a padecer catástrofescomo as que aconteceram nesteVerao seria remota. Viveríamosnum país de sonho e abundância e,entom, sem dúvida Castelao sehaveria de orgulhar das nossasárvores e de toda a sociedade gale-ga. Mas a realidade é dura como apedra e este esboço de programaflorestal nunca poderá levar-se àprática sem antes nos ceivarmos danossa verdadeira peja, do lastroque nos mantém colados sempreao mesmo rumo cara a um fatídicoe incontornável destino histórico: ocarácter subalterno da nossa reali-dade nacional (ou, antecipando-nos ao futuro, a realidade subalter-na do nosso carácter nacional…), aalienaçom colectiva e a submissom

ao caciquismo e, finalmente e nommenos importante, o perfil revira-do, ofuscado, paranoide e intratá-vel da "vanguarda militante" donacionalismo hegemónico queanda de aventuras "conociendoEspaña". A estas alturas, quemacredita que o PSdeG ou o BNGvam ter a coragem e o sangue friode gizar un plano deste calibre?Será que nos vam deixar desmon-tar umha estrutura que lhes levoudécadas a levantar? O problemaflorestal galego chama-se ENCE enon interessa na estepe castelha-na, como tampouco interessou adada altura o nosso mar. Nós é quetemos que nos sacudir este proble-ma. Resolvermos este conflito,analogamente ao que acontececom o património dos nossos mon-tes, exige-nos sementar para ofuturo, passa por apostarmos comfirmeza na nossa capacidade deresposta, através de reivindicaçonshistóricas que um dia fôrom pala-vras de orde para milhares de mili-tantes e que hoje se abandonam ese consideram anacrónicas. Talcomo se renuncia a tensionar dia-riamente a realidade social, laboral,ecológica e política que padece-mos, renuncia-se também a fazerpedagogia militante com o exem-plo do combate e o trabalho diá-rios. Temos um nacionalismo mer-gulhado até ao pescoço na derivainstitucional, até tal extremo quenegocia e aceita danos colaterais epom de parte postulados históri-cos. E, ainda assim, pretende con-tinuar a termar do leme da nau caraà soberania, tentando convencer-nos que seguem o roteiro previsto,no meio do nevoeiro ideológicomais mesto que se lembra nos últi-mos lustros. Mais do que deriva, anave descreve umha derrota certacara à rompente. E quem nom ointerpretar assim, vive nummundo virtual, como a abelhaMaya, a picar de flor em flor, liban-do o néctar do aggiornamento noambigu do Cine España. SuárezCanal passará, Quin passará e, nomnos enganemos, também o BNGpassará, polo menos na sua actualformulaçom.

Pois vai ser o Bourbon quem nosentregue um maceiro com um car-valho para plantarmos na nossaleira…, e ainda falavam de nomvoar com asas emprestadas!

Voar com asas emprestadasPOR PEDRO ALONSO

LUMES E POLÍTICA FLORESTAL (e III)

O problema florestal galego chama-se ENCE. Nós é que temos que nos sacudir este problema

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro 15 de Novembro de 2006 17CULTURA

REDACÇOM / O colectivo portu-guês Audiência Zero disponibili-zou recentemente na sua web(http://www.audienciazero.org)umha nova ferramenta parafomentar o relacionamento luso-galego: a agenda cultural para oEixo Norte-Galiza. Esta novasecçom visa divulgar nom apenasos eventos organizados pola asso-ciaçom, mas também aquelesoutros promovidos por outroscolectivos.

Devido à amplidom de even-tos - musicais, fotográficos,audiovisuais, desportivos, etc. -que podem surgir numha áreatam extensa como o norte dePortugal e a Galiza, a agenda vaiestar gerida tanto polos respon-sáveis polo sítio da AudiênciaZero como polo público que uti-lize a web. A forma de participa-çom é tam simples como acederà secçom da agenda, clicar no

botom "Adicionar Evento" e pre-encher um breve formulário des-critivo da actividade que se querincluir.Cumpre lembrar que esta novaferramenta se enquadra dentrodo projecto Eixo Norte-Galiza,criado em seu dia pola AudiênciaZero para fomentar "as colabora-çons e parcerias como motor dedinamizaçom cultural" e "promo-ver o contacto e a interacçomentre o mundo artístico e cultu-ral" das duas margens do Minho.Assim, a Audiência Zero "assu-me-se como umha plataformavisível para todos aqueles que serevejam nestes mesmos fins", detal forma que esta ferramenta,juntamente com as já existentese as que poda haver num futuropróximo, pretendem servir parao patrocínio de quaisquer formasde expressom artística e dedivulgaçom cultural.

Nova ferramenta para orelacionamento luso-galego

Audiência Zero cria agenda culturalpara a Galiza e o norte de Portugal

CULTURA

Com o pregom da escritoraIolanda Castanho começava o IFestival 'Implícate' que sedesenvolveu na localidademarinhá de Burela nos dias 1 e 2de Setembro. Neste festivalparticipárom umha ampla mostraartística vinculada ao nortecantábrico. Na organizaçom efornecimento desta mostraparticipárom doze associaçonsburelesas, as quais representam asdiferentes sensibilidades queestám a surgir em Burela e emtoda a Marinha. Associaciaçons dedeficientes, associaçons culturaisde diversa índole e até ascomunidades cabo-verdiana eperuana implicárom-se numhaconvivência que quer seritinerante para fazer reflexionartoda a sociedade sobre anecessidade do conhecimentomútuo entre os seus integrantes,com a entrada gratuita para quemquiger desfrutar e participar dasactividades do festival. O desejode preencher espaços na vidacultural na Marinha fijo com que aorganizaçom pensasse numevento com carácter itinerante ede ámbito comarcal.

Entre os objectivos estámestabelecer-se como plataformapara grupos musicais noveis.Quer-se mostrar como asdinámicas de mobilizaçom podemderrubar as desigualdades entre ospovos. Procura-se consolidar umhaalternativa cultural cujo eixo é aconvergência de arte esolidariedade. Finalmente, vê-se anecessidade de compartilhar acomarca com os fluxos devisitantes, mostrando um lugarcom iniciativas próprias.

ActividadesDurante os dous dias do

'Implícate' realizárom-se mostrase degustaçons gastronómicas que

recolhêrom os diferentes saboresque componhem a variedadegastronómica do norte cantábrico.Desde o bonito até os caféssolidários, a cozinha cabo-verdiana, peruana e a galegamostrárom o melhor de cadaumha. As actuaçons musicaisimplicárom bandas relacionadasde maneira directa ou indirectacom a Marinha. The Homems,Mediogramo e HA6 fôrom parteda ampla oferta musical deste'Implícate 2006'.

Mas nom só se realizárommostras gastronómicas e musicais.A interacçom entre as diferentescomunidades foi o elementofundamental para impulsionar o'Implícate'. Os jogos para ascrianças e nem tanto, fôrom osmais populares. Também oaudiovisual tivo o seu momentoacompanhando os concertos comtrabalhos audiovisuais efotografias. Destacou o 'jogo daspersonagens', que consistiu emconvidar os paricipantes para seporem no lugar de outra pessoa econhecerem melhor a vida dasdiferentes comunidades e as suasexperiências.

ImpressonsQuanto à assistência a

valorizaçom foi positiva. SegundoOlga Castro umha dasorganizadoras do 'Implícate', aafluência de público encheu asexpectativas que se tinham postonos resultados esperados.Destacava a ampla participaçomde crianças cabo-verdianas eperuanas nos jogos e actividadessobre a de crianças galegas. Mas aafluência de público foiimportante, cumprindo-se asexpectativas. Os objectivosprincipais também fôromcumpridos ao participarem osgrupos novos da comarca. Asactividades de lazer solidáriofôrom as mais concorridas e pudo-se realizar umha reflexomprofunda sobre a convivênciaentre as diferentes culturas quevivem num espaço como é umhacomarca galega.

Para o ano, nom há um lugarconcreto para organizar o'Implícate', mas som já várias asofertas de outras cámarasmunicipais que mostrárom o seuinteresse em reforçar este festivalde convívio e música.

'Implícate', primeira experiência solidária e musical na Marinha

Dança do Peru no Festival de Burela

F. MARINHO / 'Implícate' é o primeio festival musical e soli-dário nascido da iniciativa de doze associaçons vinculadas àvila de Burela. Depois de anos de umha convivência sem darfrutos visíveis, as diferentes comunidades que componhem asociedade marinhá confluírom numha mostra solidária e

musical para encher vazios nas actividades culturais e turís-ticas do norte cantábrico. Este festival leva implícita a refle-xom sobre a multiculturalidade e a solidariedade usando amúsica e outras expressons artísticas para aproximar os dife-rentes mundos culturais que vivem na Marinha.

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200618 E TAMBÉM...

LÍNGUA NACIONAL

1. 1861; 2. Edward Said; 3. 1970; 4. Igor Stravinsky; 5. CaixaOurense; 6. Arredistas em BuenosAires

DESCOBRE O QUE SABES... por Salva Gomes.

1. Quando se levam a cabo os primeirosjogos florais da Galiza, primeiro aconte-cimento cultural a que se pode chamarregionalista?

-1861 -1865 -1871

2. Que árabe dixo: nom há suficientejustiça nas folhas do 'livro santo' paradar aos mártires a alegria de andaremlivremente por cima das nuves?

-Edward Said Yasser Arafat- Mahmad Darwich

3. Em que ano recebem o direito restri-to ao voto as mulheres em Andorra?-1967 -1968 -1970

4. Quem foi considerado 'inovador reac-cionário' apesar da sua arte revolucioná-ria?-Edward Manet -Igor Stravinsky

-A.Russell Wallace

5. Quem acompanhou há algumhas épo-cas ao Breogám de Lugo e ao OAR deFerrol como equipas galegas na máximacategoria do basquetebol estatal mascu-lino?-CaixaOurense -Obradoiro -

Celta de Vigo

6. A quem correspondeu a criaçom daSociedade d'Arte Pondal na América?-Arredistas em Buenos Aires-Arredistas em La Havana-Arredistas em Caracas

Soluçons :

O debate sobre a identidadeda nossa língua tem suscitadonumerosa bibliografia edebates intensos. Umha dasquestons centrais costuma virdenominada sob a epígrafe: "ogalego é/nom é, a mesma línguaque o português". Esintomático que este debatenom venha acompanhado coma mesma intensidade de umoutro ainda mais necessário: é ogalego umha língua diferentedo espanhol?

E digo que é sintomático porduas razons. A primeira é quese furta interesseiramente odebate que devia ser centralfazendo com que a olhos docidadao médio os maus sejamos lusistas por alienantes. Aarmadilha (ou a miragem) émais ou menos assim: o galegoé umha língua de seu como

podam ser o espanhol ou ofrancês. Assim sendo,substituir a ortografia de seu (Ñ),a fraseologia de seu (non te comaso tarro), ou a lexicografia de seu(chandal) é desnaturalizá-lo.

A segunda razom, maisfulcral, é que ambos os debatescaminham, desde há mais de100 anos, de braços dados.Certamente, o 'galego' nompode ser a mesma língua que oportuguês desde que o'português' seja a línguanacional dos portugueses e dasportuguesas, e o 'galego' umhavariedade dialectal doespanhol. Ou se preferirem,quando o 'galego' deixar de serum dialecto do espanhol e setornar a língua nacional de umpaís chamado Galiza é queserá... 'português'. Eis aquestom.

A QuestomVALENTIM R. FAGIM

JOANA PINTO / Ingredientes( para 4 pessoas): 2 kg tamborilfresco, 1 pimento vermelho, 2tomates, 1 cebola, 3 cenouras1 nabo, 2 courgettes, 1 alhofrancês, 60 gramas arroz agulha10 gramas arroz selvagem, 20gramas manteiga, 40 dl natas,açafrámPreparaçom: Cortar o tamborilaos cubos. Picar a cebola, o alhoe os pimentos. Fazer um refoga-do e juntar-lhe o tomate corta-do aos cubos. Deixar ferver e

adicionar o açafrám, refrescandocom vinho branco. Juntar o tambo-ril e as natas. Deixar estufar e reti-rar o tamboril. Ligar o molho ligei-ramente. Descascar os nabos e ascenouras. Cortá-los em juliana,juntamente com as courgettes.Cozê-los e esfriá-los. Cozer emseparado o arroz branco e o arrozselvagem. Quando cozidos, esfriá-los e envolvê-los.Empratar o tamboril com os legu-mes e com o arroz e já está prontopara servir.

ARROZ COM CHÍCHAROS

Estufado de Tamboril com Legumes e Arroz Selvagem

Quando, em finais do séculoXVIII, D. A. François SADEescreveu a sua obra nuncaimaginou que o que neladescrevia, mas que nominventou, daria lugar à criaçom dotermo 'sádico'. O mesmo caberiadizer para Leopold von SacherMASOCH, em finais do s. XIX, eo 'masoquismo'.

Kraft-Ebing, representante dapsiquiatria de finais do s. XIX,'institucionaliza' ambos ostermos na sua obra PsychopathiaSexualis sob o prisma dasparafilias. Assim os nomes domarquês de Sade e SacherMasoch ficárom associados nosadomasoquismo/masosadismo(sm-ms).

Mais de um século depois cabeformular em que medida o sm-msestá presente na nossa

quotidianidade erótica.Mordedelas, palmadas, belis-

cos..., combinaçons de ternura edureza em diferentes graus paradar e receber, ficam possivel-mente mui longe da figuraencoirada e com látego, fetichedo imaginário colectivo.Encontramos estas práticas nanossa quotidianidade com maisou menos consciência, com maisou menos gosto, com mais oumenos prazer. Porém, pôr-lhesnome, abrir portas ao sm-mspode levar-nos a encontrarmosem nós mesmos o tabu. Nomearimplica a condenaçom devida àprofunda erotofobia existente.Esta concorda com os diversosjeitos que permitem a expulsomda realidade de eróticas nomsubmetidas à economia estrita dareproduçom e, com certeza, a sua

anexom à doença mental e aodelito (algo de que gostam muitoos meios de 'comunicaçom'). Portudo isto será precisamente omovimento Queer que resgate osm-ms no s. XX.

As descriçons de Sade eMasoch podem ser a ponta doiceberg; e logo, que é o que hádebaixo da água? Que seria do sm-ms se Kraft-Ebing nom o chegassea nomear? Podem existir tantaspráticas e níveis de sm-ms comopessoas?. Ainda hoje é pecado?.

Bem puidera num antolho Do teu donaire gozar;

Pero vejo que há infernoNom me quero condenar

.............Aciveirinho das flores

Quem me dera um aciveiroNa terra dos meus amores.

A CONJUGAR O VERBO SEXUAR

BEATRIZ SANTOS

MASOSADOMASOSADOMASOSADOMA

JACOBE PINTOR / Os brasilei-ros Bonde do Role irrompem nacena musical internacional comumha obra inclassificável, quenom é funk nem é electrónica,também nom é pop nem rap, masno entanto, é isto tudo e aindamais. Este paradoxo nom seria tal,se o nome de Diplo, encarregadode parte da produçom de "Melodo tabaco", nos chamasse a aten-çom nas legendas do disco; esteincansável pesquisador dos ritmosda periferia que, para além de terrecolhido o êxito após a produçomdo debute de M.I.A., acabou deeditar como dj "Favela StrikesBack", umha sessom em que revi-sa gemas sonoras em bruto, queultrapassam os limites dos génerosmusicais; o hip hop, o reague, oelectro, … tudo é um único somfabricado nos guetos cariocas, semnenhum tipo de concessom àsofisticaçom e ao artifício quepedem alguns gostos esquisitos damúsica alternativa, enganados demau modo polas estratégias domercado da indústria do lazer, eembriagados pola corrida impará-vel dos hits das bandas que estámna moda, seja Franz Ferdinad ouqualquer umha outra. Nom é este o caso do Bonde do

Role, cujo universo sonoro se ali-menta de desperdícios e lixomusical de outras décadas.Techno dos oitenta, riffs de hardrock, e até um sample de "sumernights", cançom para maior glóriade John Travolta e Olivia NewtonJohn, som abordados com o firmepropósito de demolir e de destro-çar as suas próprias músicas quedesfilam, levadas da breca, a umhavelocidade de vertigem, conduzi-das por bases demolidoras, bom-bardeios de percussom brasileira erecitados fogosos, que funcionamcomo impulsos primitivos para oprazer e o gozo violento da favela.Assim, o primeiro impacto, 'Melodo Tabaco', título também do

álbum, e ao que seguem mais duasversons da mesma música, batedirectamente na cabeça, possuídapor um ritmo frenético de tambo-res que anunciam o começo dadança macabra, e que desfilamsobre umha guitarra cortante,infectada de rock sujo que perver-te a voz de umha rapariga da qualdificilmente se poderia esperarque cantasse. Bonde do Role, finalmente, é aprova de umha evidência: a perife-ria roubando o legado cultural docentro para devolvê-lo feito peda-ços, reventando os moldes estreitosdo refinamento ocidental, transfor-mando-o na sua imagem para dotá-la de significaçom própria.

ENTRE LINHAS

Calom BrasileiroBonde do Role, 'Melo do tabaco' (Mad decent, 2006)

ANJO RUANOVA*/ No mundo em quevivemos, caracterizado pola preca-riedade, exploraçom, emigraçom,desemprego, individualismo ouinsolidariedade, as massas confor-mam-se, no marco deste contextoquase geral de sedentarismo,comodidade e submissom, comadmirar umha minoritária eliteprofissional do espectáculo des-portivo, mas passivamente, já queisto nom se reflecte no aumentoda gente que pratica desporto;mesmo cada vez é mais difícilencontrar desportistas naquelasdisciplinas que requerem umsuperior esforço físico e mental.

Neste panorama influi muito ofacto de que continua a ser prioriza-do, polos grupos económicos emediáticos, polas administraçons einstituiçons públicas, o desportocomo simples espectáculo e negó-cio, enquanto é marginalizado o des-porto de base, limitado o investi-mento e criaçom das infra-estruturasdos bairros, e discriminadas as ajudasá prática generalizada do desporto.

O desporto nom deve ser só parapoucos e poucas privilegiadas; háque rachar, de vez, com esseesquema de elitismo desportivo ereclamar que as infra-estruturas eos desportos estejam abertos atodo o povo; quer dizer, há que tra-balhar pola democratizaçom doacesso à prática desportiva, emdenúncia da mercantilizaçom(neste caso do desporto comonegócio-espectáculo), porque como desporto estendem-se e apren-dem-se valores como a integra-çom, cooperaçom, companheiris-mo, solidariedade ou gosto polasuperaçom, além de estar a desen-volver um hábito saudável, tanto a

nível físico como psíquico, muitorecomendável, especialmente,para a mocidade, ao eliminar, comele, práticas nocivas para a saúde.Por isso, também temos o compro-misso de exigir um apoio institu-cional real para os desportos,sobretudo reivindicando novaspolíticas que dirijam a sua aten-çom às necessidades do povo tra-balhador, e dando especial aten-çom no desporto de base.

Recurso nacionalizadorPara isto é necesário e urgente ofomento do desporto de base, dascompetiçons populares (abertas a

qualquer pessoa e sem a necesi-dade de posuir licença desportivapara poder competir, como, porexemplo, em triatlos, corridas outaças populares), e a construçomde centros desportivos em todosos bairros, luitando por materiali-zar objectivos como a manuten-çom óptima dos mesmos, ou agratuidade do uso das suas insta-laçons, pavilhons, piscinas, salasde musculaçom, pistas ou vestiá-rios. Para além disto, nom deve-mos esquecer o enorme potencialque o desporto possui comorecurso nacionalizador e comomecanismo de transformaçom

social e palco de exigências. É, em suma, impossível disso-

ciar a pura dinámica desportivade fundas conotaçons identitá-rias, e mesmo políticas. Porém, odesporto, gerador de orgulhocolectivo, é um foro privilegiadopara a defesa das nossas identida-des nacionais e, portanto, lugar depromoçom da nossa consciêncianacional, também ponto de recla-maçom para que a Galiza tenha odireito a contar com representa-çom em todos os ámbitos, incluí-do o das competiçons desportivasinternacionais. Face a esa visomdo deporto concebido de jeito eli-

tista e minoritário, reduzido asimples negócio, espectáculo ouinclusive considerado como fac-tor de alienaçom, é hora deerguer, também no ámbito des-portivo, a bandeira da defesa dosnossos direitos nacionais, da justi-ça e da causa democratizadora,exigindo assim, um outro despor-to possível, que seja entendidocomo um seviço social e poda serpraticado por toda a populaçom epor todos os povos.

*Anjo Ruanova Fernandesé triatleta do Clube TriatloBricosa-PPedras de Santiagoeiros.

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2006 19DESPORTOS

DESPORTOS

Negócio ou serviço social?

Três galegos no cimo do pódio com a bandeira da pátria (Campionato Estatal de Triatlo cadete 2005)

Impossível dissociar adinámica desportiva deconotaçons identitárias,o desporto, é um pontode reclamaçom paraque a Galiza tenha odireito a contar comrepresentaçom emtodos os ámbitos,incluídas as competiçonsinternacionais.

Com o desportoestendem-se e apren-dem-se valores como aintegraçom e coopera-çom, além de estar adesenvolver um hábitosaudável, tanto a nívelfísico como psíquico

REFLEXONS A RESPEITO DO DESPORTO DE BASE COMO RECURSO NACIONALIZADOR

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OPINIOM 2EDITORIAL 3NOTÍCIAS 4INTERNACIONAL 8

A FUNDO 10ANÁLISE 13CULTURA 16DESPORTOS 19

OReino de España, chefiado como sempredesde que lembro por um militar profissio-nal, prepara-se mais uma vez para celebrar

a conquista e o genocídio nesse repugnante 12 deOutubro, Día de la Hispanidad, Fiesta Nacional.Ainda bem que não sou espanhol, que muitos nãosomos espanhóis para levarmos essa vergonha nascostas. España, a ressessa España dos catecismosescolares, das enciclopédias Álvarez, das cruzesgamadas e latinas, da indivisível unidade, da asfi-xiante hagiografia e dos mártires do Alcázar e dasréstias de repugnantes reis e rainhas, homenageiaaquele mercenário Cristophorus Columbus, omesmo indivíduo que negociou igualmente com osequestro de escravos africanos em Portugal e comescravos americanos em Sevilha, o que inaugurou apeste e o extermínio, o mesmo indivíduo quealguns tristes patriotas catalães, portugueses ougalegos querem reivindicar como seu.

O repugnante dia da Fiesta Nacional verá, maisuma vez, o desfile de repugnantes exércitos erepugnantes bandeiras de repugnantes monar-quias e repúblicas, numa infantil sinceridadeespanhola que é de agradecer: porque a essênciade España sempre foi o exército. Perante o palcopopulado de medalhas e sorrisos de pastel, dealtezas e baixezas, de políticos hipócritas y otrasaltas autoridades civiles, católicas y militares, des-filará a essência de España. E quem desfilará comas suas melhores galas de feriado não serão docen-tes, electricistas, varredores, pessoal sanitário. Nãodesfilarão campesinhas, cabeleireiros, jubilados,empregadas, contáveis, marinheiros, juízes, jardi-neiros. Não desfilarão taxistas, parteiras, comer-ciais, tradutoras, vendedores, peixeiras, músicos,jornalistas, ferralheiros, alvanéis, terapeutas, ope-rárias, poetas, fruteiros, biólogas, limpadoras,camareiros, redeiras, pintores, tratantes, secretá-rios, desempregadas, recepcionistas, mineiros.Não. Desfilarão matadores profissionais, soldados,cabos, sargentos, tenentes, capitães, coronéis,comandantes, generais, carros de metal, aviões demetal, fuzis, mastros, metralha. Desfilará página apágina a enciclopédia universal do assassínio legal,regulado, cristão, salvador. Desfilará letra a letra oinfame artigo 8 da Constitución Española.

E assim, mais uma vez, España demonstrarátransparentemente a sua vocação armada, impe-rial, grotesca, o seu fracasso histórico. E todos etodas saudarão bandeiras de cor de sangue e bílis,bandeiras com estrelas de dor, com águias preda-doras, com coroas de ouro roubado, bandeiras comas eternas palavras do extermínio: América,Marrocos, o Sara, Guiné, Iraque, Líbano,Afeganistão, Haiti. Felizmente regressarão os EUAao concerto hispânico dos amigos da morte. E fir-mes nos seus tronos democráticos, políticos quelixam a palavra "socialista" e políticos que lixam apalavra "popular", os mesmos que invadiram oIraque e os mesmos que o abandonaram para con-tinuarem no Afeganistão, para invadirem o Líbanocegamente fieis aos cães da guerra, celebrarão jun-tos a glória da Conquista, a heróica missão doReino nos intestinos da prata e do ouro negro.

Do Cusco a Cabul, na mais antiga tradiçãomonárquica, España continua a celebrar a épicada morte humanitária com o fulgor erecto desabres e pistolas. Como sempre com essa mons-truosa retórica da libertação cristã, democrática,ocidental. Como sempre desde que lembro.Como sempre até que a gente desse Reino deci-da deter a repugnante farsa.

CELSO ÁLVAREZ CÁCCAMO

Repugnante

“A gente de cada geraçom tem a sua própria cabeça e saberá inventar”

-PParecequenomvaispararmais...- Pois nom che sei dizer. Sabestu o que vais durar? Por empen-ho sim, pois senom que voufazer? Polo menos até que o filhotenha 15 anos e poda viver dele.

- HHá de fazer falta mais punk?- Isso som pareceres. A gente decada geraçom tem a sua própriacabeça e saberá inventar. Nomnecessariamente lhe tenhemque chamar punk, mas pensoque acontecerá. O que estariafeio seria que fosse eu ou alguéma dizer-lhe como tem que ser.

- FFica algo da Galiza em ti?- Pois um pouquinho da fala epouca cousa mais rapaz. Fum àGaliza e nom o sentim; moroem 'basquilándia' e a verdade éque tampouco o sinto, de verda-de. Ficou-me todo em lembran-ça cerebral, já nom sei.

-DDimquefalasgalegoaosfilhos?- Um pouquinho. Eles falam-meem basco e eu tenho que apren-der. Já levo ali desde que tinha 7

meses, foda-se. Já há tempodisso, mas tenho que reconhe-cer que quando falei com aminha madrinha falei muitomelhor galego que agora, igualporque era a madrinha, eh!.

- CCozinha-sse novo disco?- Temos novos temas para tiraroutro mas ainda nom temoscom quem. Já está feito, há já13 com letra. Faltam-me 8, mastenho demasiadas parvadaspara dizer nelas.

-SSeguescriticamentenaSGAE...- Ainda que som parte, o meudever é dizer a verdade, somuns ladrons, como já lhes can-tei. Quando tiramos os pri-meiros discos de La Polla,dixérom-nos que se nomreclamássemos, a nossa parteiria para os cinco primeirosartistas 'nacionais', daí, dessanaçom. E naquele tempo umdeles era Julio Iglesias. Por issonos fixemos 'autores', antes do'No Somos Nada', e desdeentom nom me fum, porque

sei que é um roubo que se vaicometer em meu nome a nomser que me ponha a venderdiscos de tenderete em ten-derete. Enquanto consintaque se editem milhares dediscos, vai ter que passar polaSGAE do caralho. Logo pensoque seria de parvos nom ficarcom o meu depois de quetirem o seu módico 20% polagestom. Já sei que nom é justode todo e blá, blá, mas tam-bém levo calças, e estou certode que o chefe da fábrica ondefôrom feitas é um 'filho daputa', desculpe a expressom.Convém-me ser claro.

- QQuando vens tocar à Galiza?- Tem que coincidir. Gatillazo éoutra história, e igual temmenos pressa na vida da quetinha La Polla. Daquela andá-vamos com mais pressa.

- CComo valoras os movimentosde libertaçom nacional?- Penso que se discute muitoentre a gente de esquerda porparvadas. Lembro as festas deVitória, em que havia 17 parti-dos comunistas que nom sefalavam entre eles, sempre otivem em conta. É como naGuerra Civil, as divisons tivé-rom muito a ver com que seperdera. Os outros usavamum chefe com látego quefazia funcionar os bonecos atoda a 'óstia'. Aqui discutia-setoda a teoria do teorema, a

propósito com muita embos-cada também, e enquanto dis-cutíamos entre nós a posturacorrecta para mandar aquelescem soldados... o outro já chemandara um bombardeio alu-cinante. Na minha postura,todo o que veja próximo, deesquerda, para o meu enten-der está bem. Agora, com osda minha quadrilha tambémteria que ter debates... e blá,blá, blá Menéndez.

- HHá futuro?- Foda-se, eu que pensava que nome tenho 46 anos... Mas o alzheimerserá o último que me vaia esque-cer... O Parkinson é outra história, ésó um arrepio. E para mais sendocantor nom dá problema.

- LLembras Guilharei?- Lembro a banheira que usa-vam como alambique para oaguardente. E também o quar-to que estava quase a cair nacasa velha onde nascim.Estivem até os 7 meses e fumalgumha vez de férias, de nenoamargado de 10 anos, um 'toca-pelotas'... a verdade é que setenho um filho assim mato-o aóstias. E depois fum com maisde trinta anos, quando faleicom a minha madrinha mais dehora e meia em galego.

- Algo que dizer aos leitores?- Pois que leiam o resto da revis-ta porque total para o quelhes vou contar eu...

C. BARROS / Sem apelidos, Evaristo, o que fora vocalista e ideólo-go de La Polla Records continua a carreira artística com a bandaGatillazo, depois de ter colaborado com gente de RIP na ediçomdos discos The Kagas e The Meas. Energia em estado puro e agu-deza radical na crítica perante um sistema e um mundo que nuncao acabou de convencer. Nascido na paróquia de Guilharei (Tui),logo foi dar ao País Basco. Após perto de trinta anos nos palcos, con-tinua com fúria e muito sentido do humor, berrando forte, emboraa nova agrupaçom tenha ainda caminho por andar para chegar àdifusom que tivera nos anos oitenta. Isso sim, por ele nom vai ser,e já prepara o repertório para o segundo disco de Gatillazo.

EVARISTO CANTANTE DE GATILLAZO