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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINRIA E ZOOTECNIA

NDICES DE RIGOR MORTIS E pH MUSCULAR DE TAMBATINGAS (FMEA DE Colossoma macropomum X MACHO DE Piaractus brachypomus) SUBMETIDAS INSENSIBILIZAO POR CHOQUE ELTRICO

DANIEL MONGE DE ALMEIDA QUEIROZCUIAB

MATO GROSSO BRASIL

AGOSTO/2013UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINRIA E ZOOTECNIANDICES DE RIGOR MORTIS E pH MUSCULAR DE TAMBATINGAS (FMEA DE Colossoma macropomum X MACHO DE Piaractus brachypomus) SUBMETIDAS INSENSIBILIZAO POR CHOQUE ELTRICO

DANIEL MONGE DE ALMEIDA QUEIROZRelatrio Final do programa de Iniciao Cientfica apresentado Pr Reitoria de Pesquisa (ProPeq/UFMT)/Programa PIBIC.

Orientadora: Profa. Dra. Janessa Sampaio de Abreu Ribeiro

CUIABMATO GROSSO BRASIL

AGOSTO/2013

SUMRIO

Resumo51.Introduo

52.Reviso Bibligrfica

83.Metodologia

94.Resultados e Discusso

125.Concluses

126.Atividades desenvolvidas

137.Dificuldades encontradas e aes adotadas para superao das dificuldades

138.Consideraes finais

149.Referncias Bibliogrficas

ResumoO manejo pr-abate, tanto em peixes como em outros animais, representa um dos pontos crticos dos sistemas de criao, pois na presena de um fator estressor, peixes desenvolvem respostas que envolvem uma srie de mudanas fisiolgicas que podem reduzir a qualidade e durabilidade da carne. Quando aplicado de forma correta, os mtodos de insensibilizao causam menos estresse, melhorando as propriedades fsicas da carne, por produzir menos acido ltico, manter o equilbrio do pH muscular e diminuir a velocidade de entrada do rigor mortis, tendo como consequncia um pescado de melhor qualidade. Este trabalho teve como objetivo avaliar a utilizao do choque eltrico como mtodo de insensibilizao e seu efeito na qualidade de carne de tambatingas (fmeas de Colossoma macropomum x macho de Piaractus brachypomus). Utilizou-se 60 tambatingas juvenis em trs faixas de peso (de 1,3 a 1,5, 1,6 a 1,8 e 1,9 a 2,1 kg) e 15 e 25 segundos de exposio ao choque eltrico em cada faixa de peso. Aps a insensibilizao, os peixes foram abatidos por corte branquial, eviscerados e submetidos s anlises de qualidade da carne: pH muscular (0, 6, 12, e 24 horas aps abate), rigor mortis (0, 3, 6, 12 e 24 horas aps abate). O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, sendo os resultados submetidos anlise de varincia (ANOVA) e as mdias comparadas pelo teste de Tukey (5%). Independente do tempo de exposio ao choque eltrico, os peixes de maior peso (1,9 a 2,1 kg) apresentaram imediatamente aps abate (0h) valores de pH significativamente menores (T5 = 6,13 0,42 e T6 = 6,12 0,45) que os demais tratamentos (T1 = 7,26 0,36; T2 = 7,13 0,39; T3 = 7,25 0,33; T4 = 7,21 0,35) cujos menores valores de pH foram verificados 6 horas post mortem (T1 = 6,51 0,74; T2 = 6,12 0,16; T3 = 6,03 0,52 e T4 = 5,85 0,08). Em todos os tratamentos, foram verificados os maiores ndices de rigor mortis s trs (79,66 22,41) e seis horas post mortem (91,22 13,36). O peso dos peixes influenciou a qualidade da carne, de forma que tambatingas de maior peso apresentaram menor elevao do pH post mortem, provavelmente, devido ao maior estoque de glicognio muscular. Os resultados permitem concluir que o choque eltrico aplicado por 15 e 25 segundos encurtou inaceitavelmente o prazo de validade comercial da carne da tambatinga, uma vez que em 12 horas de armazenagem o pH atingiu valores acima de 6,5, considerado limite pelo Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal (RIISPOA).

1. IntroduoO manejo pr-abate, tanto em peixes como em outros animais, representa um dos pontos crticos dos sistemas de criao, pois na presena de um fator estressor, peixes desenvolvem respostas que envolvem uma srie de mudanas fisiolgicas que podem reduzir a qualidade e durabilidade da carne (McDONALD e MILLINGAN, 1997; WENDELAAR BONGA, 1997).O estresse pr-abate responsvel pela reduo da reserva energtica, e consequente reduo no acmulo de acido ltico, que por sua vez, contribui por manter o equilbrio do pH muscular e diminuir a velocidade de entrada do rigor mortis (CONTE, 2004). Quando aplicado de forma correta, os mtodos de insensibilizao causam menos estresse, melhorando as propriedades fsicas da carne, tendo como consequncia um pescado de melhor qualidade. Vrios mtodos de insensibilizao e abate tm sido estudados, a fim de minimizar os efeitos controversos dos fatores estressores desta etapa, e assim, promover o controle da qualidade da carne, alm da aumentar a eficincia e segurana dos procedimentos adotados em abatedouros (CONTE, 2004), por minimizar o tempo necessrio para produzir a morte (LAMBOOIJ et al., 2002). Ainda de acordo com Conte (2004), dentre as vrias tcnicas de insensibilizao estudadas em espcies exticas, dados comportamentais, indicadores de reflexos cerebrais e qualidade da carcaa mostram que, em geral, os mtodos de atordoamentos eltricos e percussivos aplicados somente na cabea, parecem ser que causam menor injria. Porm, pouco se tem estudado o efeito da insensibilizao por choque eltrico em espcies nativas.

Buscando conhecer os efeitos da eletronarcose em espcies nativas criadas no Brasil, este trabalho teve como objetivo avaliar a utilizao do choque eltrico como mtodo de insensibilizao e sua implicao na efetividade do atordoamento, pH muscular Post mortem e entrada no Rigor Mortis em tambatingas (fmeas de Colossoma macropomum x macho de Piaractus brachypomus).2. Reviso BibliogrficaA piscicultura cresceu 60,2% nos anos de 2008 e 2009 (FAO, 2010) e o consumo tambm vem crescendo significativamente no Brasil. Dados do Ministrio da Pesca e Aquicultura MPA (BRASIL, 2010), afirmam que o consumo de pescado cresceu 8% no mesmo perodo, alcanando a mdia de nove quilos depeixepor pessoa. Esse avano no consumo de pescados seguido pela preocupao dos consumidores em relao qualidade desse produto. A exigncia do consumidor a respeito da qualidade no se limita caractersticas intrnsecas do produto, mas tambm revela caractersticas extrnsecas, tais como meio ambiente e aspectos relacionados ao bem estar animal (LAMBOOIJ et al., 2008).O motivo de tal preocupao vem do reconhecimento, com bases em evidncias cientficas, de que os animais so seres sencientes, ou seja, capazes de expressar satisfao ou sofrimento. O interesse cientfico com o bem-estar animal antigo e veio crescendo a partir da dcada de 60. Porm, segundo Volpato (2007), a mesma preocupao pelo assunto em peixes mais recentemente, a partir da dcada de 90, sendo visivelmente intensificado no final dessa dcada e incio do sculo XXI.Os manejos de abate e pr-abate tm grande importncia no tocante bem estar animal, pois so etapas de sofrimento e estresse intensos. Se aplicadas de forma equivocada, esse manejo prejudica no s o bem-estar dos animais, mas tambm a qualidade da carne (GRANDIN, 1994).

Na presena de um fator estressor, peixes desenvolvem respostas comportamentais e fisiolgicas a fim de compensar e sobrepor o desafio imposto sobre eles (McDONALD e MILLINGAN, 1997). Sob esses fatores estressantes, peixes liberam hormnios adrenalina e corticosterona na corrente sangunea, o que resulta em reduo das reservas de glicognio muscular, e posteriormente, menor produo e acmulo de cido ltico. Isso faz com que o pH da carne no caia o suficiente e fique prximo da neutralidade, acelerando a ao das enzimas musculares (auto-hidrlise), ou o desenvolvimento de bactrias. Esse conjunto de respostas tem como consequncia a acelerao da entrada e resoluo do Rigor Mortis, degradao mais rpida do pescado e menor vida de prateleira (CONTE, 2004; ASHIE et al., 1996). Para evitar ou reduzir esses efeitos negativos preciso desenvolver estratgias racionais que os minimizem.A legislao brasileira determina que o abate humanitrio deva ser realizado no s nas operaes pr-abate, mas tambm devem prevalecer no ato do abate e nos momentos ps-abate. O Ministrio da Agricultura em sua instruo normativa nmero 3, de 07 de janeiro de 2000, descreve vrios critrios que definem um bom mtodo de abate, podendo-se citar:

a) os animais no devem ser tratados com crueldade;

b) os animais no podem ser estressados desnecessariamente;

c) a sangria deve ser a mais rpida e completa possvel;

d) as contuses na carcaa devem ser mnimas;

e) o mtodo de abate deve ser higinico, econmico e seguro para os operadores, com riscos mnimos.

Contudo, ainda no h nada na legislao brasileira referente a mtodos de abate para peixes, visto que as definies de metodologias de manejo, transporte e bem estar desses animais no se adequarem nas suas definies no que se refere aos animais de aougue. Isso ocorre pela carncia de informaes cientficas e falta de sensibilidade dos produtores e do mercado consumidor quanto ao bem estar de peixes (VARGAS, 2011).Dentre os mtodos de insensibilizao/abate praticados, esto o atordoamento eltrico, o golpe letal na cabea, o choque trmico, gua saturada com CO2, seco da medula seguida de sangria das brnquias, ou simplesmente a remoo de gua (morte por asfixia). O procedimento de abate deve ser realizado imediatamente aps a captura ou transporte, evitando que os peixes se fadiguem e percam as reservas energticas que so importantes para prolongar a fase de pr-rigor e consequentemente manter a qualidade do pescado.No Brasil, o mtodo de insensibilizao mais comumente utilizado nas indstrias processadoras a insensibilizao por gelo (hipotermia), por considerar que com choque trmico permite menor dano fsico e maior perodo de rigor mortis, favorecendo a qualidade do pescado para o consumo. Contudo, h relatos de que este mtodo no seja considerado humanitrio, porque provoca sofrimentos desnecessrios, estresse e dor (LAMBOOIJ et al., 2006). O uso de choque eltrico como mtodo de insensibilizao tem se demonstrado uma estratgia alternativa no abate de organismos aquticos, uma vez que promove a transio rpida para a insensibilidade e possibilita sua execuo individualmente ou em lotes (LAMBOOIJ et al., 2002; LAMBOOIJ et al., 2006). No Brasil, a aplicao de corrente eltrica utilizada como mtodo de insensibilizao e abate em outros animais de interesse zootcnico, como aves, mas, este mtodo ainda no uma realidade nas indstrias brasileiras processadoras de pescado.

Neste sentido, fazem-se necessrias pesquisas relativas a mtodos de abate para peixes, primando pela escolha de um mtodo que cause o menor sofrimento possvel e que promova caractersticas de qualidade adequadas um mercado consumidor cada vez mais exigente. 3. MetodologiaO experimento foi realizado na Estao Experimental de Piscicultura da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinria e Zootecnia (FAMEVZ) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), localizada no municpio de Santo Antnio do Leverger/MT situado a 34 km da capital do Estado.No protocolo experimental utilizou-se 60 tambatingas juvenis adquiridas em uma piscicultura comercial localizada no municpio de Vrzea Grande - MT e transferidas para viveiro escavado da Fazenda experimental da UFMT, onde foram aclimatadas durante 3 semanas, com alimentao diria (2 vezes ao dia) com rao comercial extrusada para peixes onvoros com 28% Protena Bruta (PB). Terminado o perodo de aclimatao, aps suspenso do fornecimento de rao por 24 horas, os animais foram pesados e separados em trs faixas de peso e alocados em tanques-rede de Polietileno (1m3) de acordo com trs faixas de peso: 1,3 a 1,5 kg, 1,6 a 1,8 kg e 1,9 a 2,1 kg. Aps a separao de acordo com o peso, os peixes de cada faixa de peso foram transferidos individualmente a uma caixa plstica com 100 litros de gua salinizada com 488 micro Siemens/cm de condutividade (condutivmetro Schott) e foram submetidos ao choque eltrico (gerador eltrico Honda EU10 ILP1; potncia 950W, voltagem 120V, corrente 7,5A e freqncia 60Hz) de acordo com os seguintes tratamentos (n=10 peixes/tratamento), conforme tabela 1:.Tabela 1: Tratamentos utilizados na insensibilizao de tambatingas por choque eltrico.TratamentosFaixa de Peso (kg)Tempo de exposio ao choque eltrico (s)

T11,3 a 1,515

T21,3 a 1,525

T31,6 a 1,815

T41,6 a 1,825

T51,9 a 2,115

T61,9 a 2,125

Aps a insensibilizao, os peixes foram abatidos por corte branquial, pesados (Balana Toledo 9094), medidos (ictimetro) e submetidos s anlises de qualidade da carne, pH Post mortem e rigor mortis. A anlise de pH post mortem foi realizada 0 hora (imediatamente aps o abate), 3, 6, 12 e 24 horas, utilizando-se um eletrodo de insero (pHmetro Quimis Q400B) na musculatura dorsal dos peixes. Com os peixes mantidos em caixas trmicas de poliestireno expandido cobertos de gelo e mantidos em cmara refrigerada (6 C), o grau de rigidez (rigor mortis) foi avaliado com auxilio de rgua s 0 hora (imediatamente aps o abate), 2 e 3 horas aps o abate. O ndice de rigor foi medido segundo com BITO et al. (1983), e calculado de acordo com a equao: IR = ((Do D)/Do) x 100, onde: Do = valor da distncia que separa a base da nadadeira caudal ao ponto de referncia, imediatamente aps a morte e D = valor da distncia que separa a base da nadadeira caudal ao ponto de referncia nos intervalos de tempos selecionados. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos (trs faixas de peso e dois tempos de aplicao do choque eltrico), dez repeties por tratamento. Os resultados foram analisados por ANOVA utilizando o programa SAS (verso 9.0) e expressos pela mdia desvio padro da mdia. As mdias foram comparadas pelo teste de Tukey, com nvel de 5% de significncia.

4. Resultados e DiscussoPara pH muscular foi observado que independente do tempo de exposio ao choque eltrico, os peixes de faixa de peso maior (1,9 a 2,1 kg) apresentaram imediatamente aps abate (0h) valores de pH significativamente menores (T5 = 6,13 0,42 e T6 = 6,12 0,45) que os demais tratamentos (T1 = 7,26 0,36; T2 = 7,13 0,39; T3 = 7,25 0,33; T4 = 7,21 0,35), cujos menores valores de pH foram verificados 6 horas post mortem (T1 = 6,51 0,74; T2 = 6,12 0,16; T3 = 6,03 0,52 e T4 = 5,85 0,08) (Tabela 2). Segundo Conde (1975), medida que o pescado comea se deteriorar, os valores de pH aumentam e podem atingir 7,2. Este valor foi atingido nos tratamentos 5 e 6, em 24 horas aps abate. Isso indica que o peso dos peixes teve influncia na elevao do pH post mortem. Nesta relao, quanto menor e mais leve o peixe, mais dramtica foi a elevao do pH. Neste trabalho o peso dos peixes influenciou a qualidade da carne, de forma que tambatingas de maior peso apresentaram menor elevao do pH post mortem, provavelmente, devido ao maior estoque de glicognio muscular.

O pH final do pescado aps a sua morte est relacionado com a quantidade de glicognio disponvel nesse momento. A diminuio do pH consequncia da converso do glicognio em cido ltico (CONTRERAS-GUZMN, 1994). Neste caso, quanto menor essa reserva, menor o pH atingido e menor o tempo em que esse pH permanece baixo. Isso faz com que o pH da carne fique prximo da neutralidade, acelerando a ao das enzimas musculares (auto-hidrlise), e o desenvolvimento de bactrias (ASHIE et al., 1996). Robb e Kestin, (2000), evidenciam que a velocidade da queda do valor do pH aps o abate pode influenciar na colorao dos fils e na regenerao do ATP interferindo assim no tempo de instalao do rigor mortis.Tabela 2. Valores pH muscular post mortem de tambatingas (fmea de Colossoma macropomum x macho de Piaractus brachypomus) de diferentes faixas de peso comercial e submetidas insensibilizao por choque eltrico. Tratamentos 1 e 2: peso entre 1,3 a 1,5 kg e tempo de exposio de 15 e 25 segundos, respectivamente; Tratamentos 3 e 4: peso entre 1,6 a 1,8 kg e tempo de exposio de 15 e 25 segundos, respectivamente e Tratamentos 5 e 6: peso entre 1,9 a 2,1 kg e tempo de exposio de 15 e 25 segundos, respectivamente. TratamentoTempos de coleta aps abate

0h3h6h12h24h

T17,26 0,36Aa8,5 0,08Aa6,51 0,74ABb6,82 0,09ABab6,86 0,07Bab

T27,13 0,39Aa8,6 0,12Aa6,12 0,16BCc6,84 0,10Ab6,85 0,09Bb

T37,25 0,33Aa7,05 0,20Ba6,03 0,52BCb6,9 0,12Aa6,9 0,23Ba

T47,21 0,35Aa6,87 0,79Bab5,85 0,08Cc6,55 0,28Cb6,9 0,19Bab

T56,13 0,42Bc6,63 0,05Bb6,79 0,15Ab6,63 0,22BCb7,46 0,45Aa

T66,12 0,45Bc6,66 0,09Bb6,78 0,13Ab6,64 0,12BCb7,51 0,34Aa

Mdia Desvio padro. Letras maisculas diferentes indicam diferenas significativas entre os tratamentos dentro de cada tempo e minsculas de cada tratamento nos diferentes tempos.De acordo com o Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) (BRASIL, 1984), dentre as determinaes fsicas e qumicas consideradas para pescado fresco est o estabelecimento de pH da carne externa e interna inferior 6,8 e 6,5, respectivamente, e o pescado poderia ser considerado imprprio para consumo quando no se enquadrar nos limites fsicos e qumicos fixados para o pescado fresco. Por outro lado, h relatos que o pH muscular parece ser o mtodo menos eficiente na diferenciao das vrias categorias de frescor de pescado (FONTES et al., 2009). Matrinxs (Brycon amazonicus) submetidos ao abate por eletronarcose apresentaram aumento do pH muscular durante aramazenagem de 432 horas, mas, manteve-se abaixo de 6,8 (VARGAS, 2011), atendendo a regulamentao do RIISPOA. Neste trabalho, em 12 horas de armazenagem, para todos os tratamentos, o pH atingiu valores acima de 6,5, considerado limite pelo RIISPOA e seria considerado inadequado para consumo segundo a legislao nacional vigente.

H dois principais processos envolvidos na converso de msculo em carne aps a morte do peixe: a acidificao do tecido e o desenvolvimento do rigor mortis. Para uma boa qualidade de carne geralmente considerado que o incio rigor deve ser adiado ao mximo e deve ocorrer com a menor temperatura possvel, e a queda do valor do pH inicial deve ser atrasada e um o valor mnimo deve ser alcanado em baixa temperatura (KNOWLES et al., 2007).Neste trabalho no houve interao para rigor mortis entre os tratamentos de insensibilizao e tempos de coleta aps o abate. Em todos os tratamentos, foram verificados os maiores ndices de rigor mortis s trs e seis horas post mortem (Tabela 3). Tabela 3. ndice de Rigor mortis de tambatingas (fmea de Colossoma macropomum x macho de Piaractus brachypomus) de diferentes faixas de peso comercial e submetidas insensibilizao por choque eltrico. Tratamentos 1 e 2: peso entre 1,3 a 1,5 kg e tempo de exposio de 15 e 25 segundos, respectivamente; Tratamentos 3 e 4: peso entre 1,6 a 1,8 kg e tempo de exposio de 15 e 25 segundos, respectivamente e Tratamentos 5 e 6: peso entre 1,9 a 2,1 kg e tempo de exposio de 15 e 25 segundos, respectivamente. ndice de Rigor Mortis (%)

Tratamentos T168,52 38,30 AB

T267,77 39,38 AB

T363,68 37,75 B

T473,28 38,59 A

T563,05 36,61 B

T664,06 35,51 B

Tempos de coleta aps abate (h)000,00 00,00 c

379,66 22,41 b

691,22 13,36 a

1287,49 12,47 a

2473,59 15,54 b

Mdia Desvio padro. Letras maisculas diferentes indicam diferenas significativas entre tratamentos e minsculas entre tempos.Vargas (2011) observou tempo menor de rigor mortis na carne de matrinx (Brycon amazonicus) submetidos insensibilizao e abate por eletronarcose, asfixia e choque trmico, levando cerca de 1,5 horas para a instalao total do fenmeno que permaneceu nesta condio at 96 horas de estocagem, quando finalmente ocorreu a dissoluo do rigor.

5. ConclusesOs resultados permitem concluir que o choque eltrico aplicado tanto com 15, como 25 segundos encurtou inaceitavelmente o prazo de validade comercial da carne da tambatinga, uma vez que em 12 horas de armazenagem o pH atingiu valores acima de 6,5, considerado limite pelo Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal (RIISPOA).6. Atividades desenvolvidasDentre as atividades realizadas do cronograma de execuo do plano de trabalho, esto:

a) Levantamento bibliogrfico para obteno de informaes utilizadas na discusso dos resultados obtidos no trabalho;

b) Aquisio e transporte dos tambaquis da piscicultura comercial at a fazenda experimental da UFMT;

c) Povoamento e aclimatao dos tambaquis no viveiro;

d) Realizao do experimento, envolvendo separao por peso, insensibilizao de acordo com os tratamentos, abate e coleta de dados;

e) Anlises estatsticas;

f) Entrega dos relatrios parcial PIBIC 2012/2013;

g) Elaborao e envio de resumo ao XXI Seminrio de Iniciao Cientfica.Como atividades no programadas, mas, que foram executadas dentro deste perodo, inclui-se:

h) Participao quinzenal de grupo de estudos, visando a discusso de artigos relacionados aquicultura e a espcies estudadas em experimentos do setor (No perodo de recesso de frias no houve atividade do grupo);

i) Participao em atividades rotineiras do setor de Piscicultura como clculo e fornecimento de rao aos peixes, preparo dos tanques e despesca, durante todo o perodo compreendido neste relatrio;

j) Acompanhamento de montagem e execuo de dois experimentos de projetos de Pesquisa do Programa de Ps-Graduao em Cincia Animal simultneos realizados nesse perodo, bem como a coleta de dados: anlise e monitoramento da qualidade de gua, biometrias, arraoamento , limpeza de tanques, coleta e anlise de sangue e vsceras.7. Dificuldades encontradas e aes adotadas para superao das dificuldades

Houve dificuldade na obteno de um aparelho que atendesse as especificidades do experimento previsto inicialmente no plano de trabalho que era a de testar diferentes frequncias de corrente eltrica e tempos de exposio ao choque eltrico. Contudo, o aparelho gerador de corrente eltrica que foi utilizado no trabalho tinha freqncia e intensidade de corrente fixas, no sendo possvel a regulagem, e por esta razo, o plano de trabalho original teve que ser modificado testando-se o efeito do choque eltrico em peixes com diferentes faixas de peso em diferentes tempos de exposio. Houve tambm dificuldade em obter exemplares de pacu (Piaractus mesopotamicus) em peso comercial o que resultou na troca da espcie estudada, de forma que o estudo foi conduzido com tambatinga, um peixe hbrido, mas, cujo comrcio bem acentuado na regio, sendo mais fcil a obteno dos mesmos em diferentes pesos comerciais. e tambm na estatstica dos dados de respostas comportamentais, que no ficaram prontas a tempo de serem discutidas neste relatrio.

As anlises comportamentais previstas no plano de trabalho foram realizadas, contudo, esto sendo tabuladas e requerem uma anlise estatstica mais elaborada. Pela necessidade de consultar um estatstico para auxiliar na anlise destes dados, os resultados das visualizaes comportamentais no foram finalizados a tempo para serem discutidos neste relatrio. 8. Consideraes finaisAbre-se a possibilidade de novos testes com parmetros eltricos diferentes e maiores pesos dos peixes, visto que os melhores resultados observados neste trabalho voram os tratamentos com maior faixa de peso corporal.9. Referncias BibliogrficasASHIE, I.N.A, SMITH, J.P., SIMPSON, B.K. 1996. Spoilage and shelf-life extension of fresh fish and shellfish. Review Food Science. Nutrition, 36: 87-121.BRASIL. MINISTRIO DA PESCA E AQUICULTURA. 2010. Produo Pesqueira e Aqucola- estatstica, 2010. Disponvel em Acessado em agosto de 2013.BRASIL. MINISTRIO AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO. 1984. RIISPOA: Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal . Decreto n 120.691. Braslia, DF.BITO, M., YAMANADA, K., MIKUMO, Y., AMANO, K. 1983. Studies on rigor mortis of fish - I. Difference in the mode of rigor mortis among some varieties of fish. By modified cuttingns methods.Bulletin Tokai Regional Fisheries Research Laboratory, 109: 89-96.

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