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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A utilização do Google EarthTM e equipamentos com a tecnologia GNSS pelos
alunos do Colégio Estadual Tarquínio Santos – Foz do Iguaçu-PR.
MariluzKronitzki de Gaspari1
Ericson Hideki Hayakawa2
Resumo: As geotecnologias (ferramentas e técnicas exemplificadas principalmente pelo Sistema de Informação Geográfica (SIG), Sistema de Posicionamento Global por Satélite (GNSS) e Sensoriamento Remoto) estão cada vez mais presentes no cotidiano dos cidadãos. Desde a previsão de tempo observada nos meios de comunicação, aos aparelhos celulares, computadores, tablets, dentre outros, é possível ter contato com imagens de satélite, com ferramentas de posicionamento geográfico, dentre outros. No contexto educacional, especialmente no ensino de geografia, este tema é comumente observado nos livros didáticos de geografia. Neste sentido, trabalho tem por objetivo identificar e descrever a relação dos alunos do 3º ano Ensino Médio do Colégio Tarquínio Santos com as geotecnologias. A metodologia consistiu na aplicação de questionário a fim de identificar o percentual de alunos que utilizam das geotecnologias, quais os instrumentos manuseados, a frequência e objetivo da utilização. Adicionalmente, realizaram-se atividades que integravam a leitura de mapas e o Google Earth. As atividades com a geotecnologia ampliaram a possibilidade de multidisciplinaridade, estendendo o conhecimento adquirido para outras disciplinas.
Palavras-chaves: tecnologia na educação, geotecnologias, ensino de geografia
1- Abstract (tools and techniques exemplified primarily by Geographic Information System (GIS), Global Positioning Satellite System (GNSS) and Remote Sensing) are increasingly present in the daily lives of citizens. Since the weather forecast seen in the media, to mobile phones, computers, tablets, among others, can have contact with the satellite images with geographic positioning tools, among others. In the educational context, especially in the teaching of geography, this theme is commonly observed in geography textbooks. In this sense, work aims to identify and describe the relationship of students of the 3rd year of Secondary School College Tarquin Santos with geotechnology. The methodology consists of a questionnaire to identify the percentage of students using the geo of which are items handled, which the frequency and purpose of use. Activities aiming to present different ways of working reading maps from Google Earth to satellite imagery arousing students' ability to interpret and concentration were performed. The activities with the geotechnology increased the possibility of extending the acquired knowledge to other subjects.
1- Professora do Colégio Tarquínio Santos. Licenciada em Geografia pela PUCCAMP- Pontifícia Universidade Católica de Campinas- SP. Especialização em Metodologia do Ensino – Aprendizagem de Geografia no Processo Educativo pela Faculdade de Educação São Luiz de Jaboticabal SP.
Introdução.
A tecnologia continuamente promove mudanças significativas na educação.
Sua influência é notável desde a parte administrativa onde contribui na organização
e praticidade, bem como na parte pedagógica, onde auxilia no processo de ensino e
aprendizagem. Quanto a utilização dos recursos tecnológicos em sala de aula, há a
preocupação referente à atualização dos profissionais da educação em relação as
novas tecnologias. É necessário não só capacitá-los, mas também aproximá-los da
realidade tecnológica dos alunos.
Embora haja diferentes realidades socioeconômicas nas escolas, mesmo os
alunos com menor poder aquisitivo na maioria das vezes tem acesso à internet,
celulares modernos, entre outras tecnologias. Os alunos ou escolas com situação
econômica mais favorável, além dos citados anteriormente, a presença de tablets e
computadores portáteis são comuns. De outro lado, observa-se que muitos
professores encontram-se defasados em relação aos avanços tecnológicos, e sua
atualização torna-se fundamental para o exercício da profissão.
No caso específico do ensino de geografia, nas últimas décadas o avanço
tecnológico na área do conhecimento referente às Geotecnologias, que por muito
tempo restringia-se ao Geógrafo Bacharel, também alcançou o ensino de geografia
nos níveis fundamental e médio. Representados principalmente pelo Sistema de
Informação Geográfica (SIG), Sistema de Posicionamento Global por Satélite
(GNSS) e Sensoriamento Remoto, estas ferramentas são rotineiramente citadas nos
materiais didáticos de geografia. Ademais, cita-se o fato de que a maior parte dos
mapas presentes nos materiais didáticos foi elaborada a partir de uma das
ferramentas já mencionadas.
Diariamente nos meios de comunicação como telejornais, revistas e jornais
impressos também são observados elementos relacionados às geotecnologias,
como por exemplo, na previsão do tempo. Além disso, inúmeros eventos como
furacões, tsunamis, terremotos, escorregamentos, inundações, desflorestamentos, e
demais eventos que ocorrem na superfície da terra também são mais bem descritos
a partir das geotecnologias. Mapas de criminalidade, de desigualdade econômica, e
uma infinidade de fatos que podem ser especificados geograficamente têm sua
visualização facilitada quando se utiliza das geotecnologias. Citam-se também
aplicativos e/ou sítios eletrônicos que disponibilizam imagens de satélites do todo o
planeta Terra, como por exemplo, o Google Earth.
Contudo, esses mesmos avanços e a disponibilização de aplicativos e sítios
eletrônicos que facilita o dia-a-dia de muitos cidadãos, ainda é um obstáculo para
muitos docentes. Especialmente aqueles que por motivos diversos acabaram por
ficar desatualizados, ou que na época de sua graduação a grade curricular do curso
de geografia não apresentava disciplinas relacionadas ao tema. De outro lado, a
atual geração de alunos tem o seu cotidiano marcado pelo uso de novas
tecnologias. Neste sentido, a desatualização dos docentes impede que a utilização
de novas tecnologias, especialmente aquelas da geografia (geotecnologias) possam
ser utilizadas, o que pode acarretar também em deficiência no ensino.
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo identificar e descrever a
relação dos alunos do Ensino Médio do Colégio Tarquínio Santos com as
geotecnologias. Adiciona-se também caracterizar qualitativamente os alunos que
utilizam do Google Earth e dos aparelhos com Sistema de Posicionamento Global
por Satélites (GNSS) e suas respectivas frequências e finalidades de uso e,
desenvolver atividades de leitura de mapas e de aplicativos e/ou sites como o
Google Earth, além do manuseio de equipamentos GNSS. A utilização das
geotecnologias é uma oportunidade não só de atualização profissional, como
também de exercitar outras técnicas de ensino de geografia.
Tecnologia na educação
São inegáveis os benefícios da tecnologia no âmbito educacional. A
tecnologia tende a proporcionar maior interatividade entre o conteúdo e os alunos,
aproximando-os do tema abordado. Segundo Fonsecaet al. (2011):
“Em seu conjunto as mudanças podem ser representadas por muitos aspectos: a globalização, o desenvolvimento tecnológico-informacional, a biotecnologia, modulação na apreensão espaço-temporal, a crise ambiental, crise do conhecimento, novas formas de trabalho, desemprego estrutural. Estas são temáticas que tem relação com os processos educacionais em todo o mundo e, buscando uma plena inserção no mundo contemporâneo, o sistema educacional tem alterado a sua dinâmica com a busca de articulações com o conjunto dessas transformações” (Fonsecaet al., 2011).
No contexto educacional, as tecnologiasainda carecem de esforços para
aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem. O papel dos profissionais da
educação está em direcionar o uso dessas ferramentas tecnológicas. Isto garante
que as tecnologias não sejam utilizadas apenas para fins de entretenimento, mas
também como uma ferramenta de pesquisa e estudo.
Segundo Moran (2007):
“A banda larga na internet, o celular de terceira geração, a multimídia e a TV digital, estão revolucionando nossa vida no cotidiano. Cada vez mais, resolvemos mais problemas, em todas as áreas da vida, de forma diferentes das anteriores. (...) O mundo físico e o virtual não se opõem, mas se complementam, integram, combinam numa interação cada vez maior, contínua, inseparável. Ter acesso contínuo ao digital é um novo direito de cidadania plena. Os não conectados perdem sua inserção no mundo profissional, nos serviços, na interação com os demais” (Moran 2007: 9).
Neste contexto, é necessário pensar em uma educação aliada às tecnologias.
Da mesma forma que as tecnologias como as citadas por Moran estão presentes no
cotidiano, tanto para o entretenimento quanto para o profissional, torna-se
indispensável pensar em uma educação que incorpore as novas tecnologias.
Atualmente a sociedade tem acesso a inúmeras tecnologias interativas em
celulares, computadores, tablets, dentre outros que dinamizam principalmente a
troca de informações.Contudo, a escola mesmo com as inúmeras tentativas de
inovação, ainda apresenta o tradicionalismo e burocracias em suas metodologias de
ensino. Se de um lado tem-se a agilidade da comunicação ou presença de
instrumentos para a resolução de uma série de problemas, de outro, a educação
ainda apresenta traços do tradicional, tanto no aspecto físico quanto no aspecto
comportamental. Esta condição tem destoado da realidade. Como destacado por
Moran (2007), as mudanças acontecem com tamanha intensidade que cobram uma
nova maneira de educação, ou seja, a educação tem o desafio de acompanhar
essas mudanças sociais e comportamentais. O autor (2007) ainda complementa, “a
sociedade esta caminhando para ser uma sociedade que aprende de novas
maneiras, por outros caminhos, com novos participantes (atores), de forma
continua”. Dessa forma, desafio da educação é tanto no acompanhamento dessas
tecnologias modernas quanto na incorporação das mesmas em sua pedagogia.
Conforme Moran (2007), “a sociedade é educadora e aprendiz, ao mesmo tempo”
num processo dialético.
Tecnologia no ensino de geografia: o exemplo do Google Earth e Sistemas de
Posicionamento Global por Satélite (GNSS).
Segundo Santos (2009), em sua pesquisa sobre “tecnologia de informação no
ensino de geografia” existem ao menos dois pontos que se caracterizam como
dificuldades enfrentadas pelos professores de geografia em suas práticas
pedagógicas. São: “o modelo tradicional de ensino, os quais não são mais aceitos
na sociedade da informação e da tecnologia” e, “as diversas exigências postas ao
professor, tanto na teoria quanto na prática”. Segundo a pesquisadora o ensino da
geografia deve ser repensado na atualidade.
Diante deste cenário, inúmeras pesquisas são desenvolvidas visando
aperfeiçoar a inserção da tecnologia na educação. Especificamente na geografia,
Fonsecaet al. (2011),alertam sobre uso das novas tecnologias como um modismo.
Santos (2009) destacam que “é preciso compreender o porquê dessa integração e
como esta deve ser feita, para que não ocorra o “simplismo” de colocar a tecnologia
como solução para os problemas educacionais”. Essas indagações retratam o
quanto ainda se deve avançar no âmbito educacional. Nota-se que não se deve
simplesmente inserir as tecnologias como ferramentas de trabalho, mas também,
refletir para que fins sejam utilizados.
No ensino da geografia existem várias tecnologias possíveis de serem usadas
com o fim de auxiliar o aluno na construção do conhecimento. Filmes, imagens
fotográficas, músicas, podem fazer com que o aluno aprenda a ler a realidade e
construir suas críticas e proporcionar transformações. Adicionalmente há novas
tecnologias, ou geotecnologias à disposição através de aparelhos celulares, de
computadores portáteis, tablets, dentre outros que podem ser aplicadas no ensino
da geografia. Monbeig (1956) apud Banhara destaca: “para um mundo moderno
convém um ensino moderno e a geografia é uma interrogação permanente no
mundo. A evolução do ensino de geografia, nesse sentido, é facilitada pelos
contatos de todo o gênero que tem a mocidade com os problemas do dia”
(http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2125-8.pdf.).
No passado havia a bússola, e essa era a ferramenta de localização mais
sofisticada que se tinha acesso. Hoje com as tecnologias avançadas existem
programas e sistemas modernos que fazem esse papel. Neste contexto, existe uma
preocupação com a inserção das novas tecnologias na educação. Como exemplo,
tem-se a pesquisa realizada por Fonsecaet al. (2011), sobre “O papel das novas
tecnologias no ensino de geografia” cujo objetivo foi o de buscar as justificativas dos
professores da área de geografia a incorporarem ou descartarem a tecnologia no
ensino de geografia. A pesquisa foi realizada com profissionais da educação da rede
pública e privada de ensino da cidade de Cruz das Almas – BA. Segundo as autoras,
entre as diversas formas de se pensar a tecnologia na educação tem-se aquelas que
abordam sobre “substituir o professor, para complementar as limitações de ensino
ou para enriquecê-lo”. Notaram que na realidade em que foi aplicado o uso das
tecnologias no ensino de geografia, em sua maioria foi para a substituição do
professor no processo de ensino. Contudo, um grupo de professores utilizou a
tecnologia enquanto recurso didático em sua pratica cotidiana para o enriquecimento
do ensino aprendizagem. Ademais, de modo geral os professores de geografia não
utilizam de tecnologias em suas aulas e, os que usam, o fazem com pouca
frequência. Esses resultados demonstram que “em verdade, deve se haver,
primordialmente, uma mudança de postura do professor, que deve deixar de
perceber se como o “repassador de conhecimento” e assumir-se como o criador de
ambientes de aprendizagem” (2011).
Santos e Callai (2009) abordaram as “Tecnologias da informação no ensino
de geografia”. Durante a pesquisa as autoras mostraram preocupação na forma de
utilização da tecnologia na educação, de modo a não utilizá-la como “solução para
problemas educacionais”. As tecnologias citadas pelas autoras referem-se aos
jornais, rádios e internet. Os resultados indicaram um parecer positivo quando houve
a utilização desses recursos. Relatam que, “não só despertaram o interesse do
aluno, como estimularam os mesmos na construção do conhecimento, associando a
teoria e a prática” (2009).
Neste contexto, Banhara abordou o estudo sobre a “Utilização das novas
tecnologias no ensino de geografia”
(http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2125-8.pdf). O autor
afirma que “o ensino de geografia por meio do uso de várias tecnologias permite que
o educando se insiram cada vez mais em um ambiente interativo, dado que os
inúmeros recursos tecnológicos podem tornar as aulas mais dinâmicas e
motivadoras”.
Os trabalhos têm em comum a preocupação de inserir a tecnologia na
educação de forma produtiva. Não há a intenção de solucionar problemas na
educação e nem mesmo em substituir o professor. Nenhuma das pesquisas retirou a
responsabilidade do professor no que se trata de domínio de conteúdo, e do objetivo
claro na utilização de qualquer tecnologia.
No trabalho “O uso de Imagens de satélite nas atividades de educação
ambiental no município de Feira de Santana”, os autores Almeida e Chaves (2009)
declaram, que “o processo de ensino aprendizagem deve ser atraente, e a escola
deve estar atenta a novos rumos geográficos e tecnológicos buscando uma
formação integral do estudante (...) capaz de processar informações e transformá-la
em conhecimento, e assim mudar suas práticas futuras”.
No trabalho desenvolvido, a metodologia consistiu na realização de oficinas
com alunos do 2º ano do ensino médio do Colégio da Polícia Militar (CPM). Abordou-
se temas como o surgimento da cidade de Feira de Santana e a relevância de seus
recursos hídricos, lembrando que a pesquisa foi realizada sobre o viés da educação
ambiental. Munindo-se de imagens de satélites da região estudada, observaram-se
as Lagoas da cidade de Feira de Santana, além de serem discutidos sobre os
impactos ambientais, conceito de ambiente e educação ambiental.A atividade
baseando-se em imagens de satélites possibilitou que os alunos emitissem
apontamentos a fim de minimizar os impactos ambientais na área. Os exemplos de
aplicação das geotecnologias, especialmente o uso de imagens de satélites sugere
que sua aplicação é possível e os resultados são expressos com a motivação dos
alunos. Conforme as autoras, “a oficina aplicada possibilitou desenvolver certas
habilidades dos alunos, como concentração, análise e interpretação de imagens,
discussão de temas como localização, ambiente, Impacto Ambiental e Educação
Ambiental”.
Materiais e métodos
O desenvolvimento desta proposta consistiu de pesquisa bibliográfica acerca
do tema ensino de geografia e geotecnologias. Em seguida elaborou-se questionário
que foi aplicado nos alunos visando quantificar a utilização das geotecnologias.
Desenvolveram-se atividades durante as aulas como leitura de mapas e atividades
de campo. Isto permitiu a comparação entre dados de geotecnologia e dados
coletados na pesquisa de campo. As atividades eram realizadas de acordo com
conteúdo das aulas. A seguir, descrição breve das atividades desenvolvidas: 1)
elaboração individual de croqui do caminho percorrido pelo aluno da sua respectiva
residência até o colégio Tarquínio Santos; 2) caminhada nos arredores da escola, a
fim de anotar as características da paisagem; 3) leitura e interpretação de mapas e
imagens em sala de aula; 4) análise de mapas turísticos da cidade de Foz do
Iguaçu.
Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no Colégio Estadual Tarquínio Santos, localizado na
Rua Carlos Welter, 470, Vila Yolanda, na cidade de Foz do Iguaçu - PR.O Colégio
possui treze salas de aula, com média de trinta e cinco alunos em cada sala. Destas,
cinco turmas no período matutino e três no período vespertino são do Ensino Médio.
O Colégio ofertava apenas o Ensino Fundamental até o ano de 2010. Por essa
razão era denominado de Escola Estadual Tarquínio Santos. A partir de 2010
iniciou-se a turma de 1º ano do Ensino Médio. No ano de 2011 iniciou-se a turma de
2º ano do Ensino Médio e no ano de 2012iniciou-se a turma de 3º ano do Ensino
Médio.
Segundo dados do Site do Governo do Estado do Paraná
http://www.consultaescolas.pr.gov.br (2013), o Colégio possui corpo discente de 948
alunos. A quantidade de salas de aulas estão subdivido em 18 turmas de ensino
fundamental ao todo, sendo 596 alunos matriculados neste período e 8 turmas de
ensino médio com 233 alunos matriculados. A equipe docente é formada por 58
profissionais, que atendem ao Ensino Médio e ao Ensino Fundamental, e por 4
profissionais da equipe pedagógica.O colégio possui uma quadra de esportes
coberta, áreas de alimentação cobertas e uma cozinha. Há dois banheiros para
funcionários, dois para professores e quatro banheiros femininos e quatro
masculinos para os alunos. Possui ainda bebedouros e uma cantina. Um laboratório
de informática com aproximadamente 40 computadores e dois datas show, além de
uma ampla biblioteca.
Resultados e discussões.
Os resultados demonstram que 100% dos alunos do Ensino Médio têm
acesso e conhecimento sobre tecnologias como tablets, celulares smartphones e
notebooks etc.. No entanto, apenas 90% têm posse desses objetos, outros 10% tem
acesso, mas utilizam os objetos tecnológicos de amigos ou mesmo do Colégio. Do
total de alunos entrevistados, 80 % dos alunos possuíam acesso a tecnologias e
aplicativos instalados, como o Google Earth.
No Ensino Fundamental, 75% dos alunos têm acesso e conhecimento às
tecnologias e possuem os objetos tecnológicos, enquanto 25% têm conhecimento e
acesso as tecnologias, mas não possuem esses objetos, utilizando então de amigos
ou mesmo do colégio. Destes 25% que não possuem objetos tecnológicos como
tablet, celulares e notbooks próprios, 5% alegaram que os pais não têm condições
financeiras para que possam ter suas tecnologias particulares. Os outros 10% dos
alunos do Ensino Fundamental alegaram que os pais têm condições financeiras,
porém julgam que os filhos não tenham idade apropriada para utilização dos objetos
tecnológicos próprios.
O fato de trabalharem muitas vezes com suas próprias ferramentas, ou seja,
seus próprios aparelhos celulares (smartphones) e tablets os fizeram refletir sobre o
potencial das ferramentas não apenas para entretenimento, mas também para
auxiliá-los no processo de aprendizagem e pesquisa. A atividade do croqui (“o
caminho de casa até o colégio”) contribui para que os alunos percebessem os
detalhes presentes no trajeto e depois comparassem com o que é possível observar
no Google Earth. Os alunos também calcularam a distância da sua casa até o
colégio e relacionaram com o conceito de escala geográfica. Segundo Almeida,
Chaves (2009), este tipo de atividade é importante porque aproxima a realidade do
aluno em seu trajeto diário com os dados fornecidos por satélites, facilitando a
compreensão e interpretação das imagens.
A atividade que envolveu a caminhada nos arredores da escola
complementou o exercício anterior. Os alunos em conjunto com a professora de
geografia observaram as características da área, as construções, ruas, etc e
posteriormente compararam com as imagens do Google Earth, explorando a
ferramenta de série histórica de imagens. Isto evidenciou as inúmeras
transformações na paisagem, muitas delas passaram despercebidas pelos alunos. O
exercício resultou também em vários questionamentos, do tipo: Tudo o que vimos
está no mapa? O que falta? O que tem a mais? Na imagem satélite tem algumas
árvores, elas ainda existem? Porque tem algumas coisas diferentes? Esse mapa é
atual? Qual a data da imagem satélite?As perguntas trouxeram reflexões
importantes como a rápida transformação da paisagem tendo em vista que algumas
imagens do Google Earth eram recentes. Esta interação evidencia o grau de
envolvimento dos alunos nas atividades. Destaca-se que os próprios alunos
conseguiram responder as suas questões, já que eles tinham acesso as
características da área, pois a percorriam diariamente. Adicionalmente, a atividade
apresentou aos alunos a diferença do que é observado na imagem de satélite e
aquilo que é observado no local. Trata-se também da melhora no processo de
interpretação e leitura das imagens de satélite. A atividade também evidenciou aos
alunos que embora as tecnologias nos facilitem o acesso a dados e ilustrações, é
necessária conhecimento de campo ou do objeto estudado para que se alcance o
resultado desejado ou a interpretação próxima da realidade. Neste contexto, o
professor é essencial para conduzir a atividade de modo que alcance o objetivo
proposto.
A atividade de leitura e interpretação de diversos mapas e imagens em
diferentes escalas permitiu aos alunos relembrar informações sobre o continente sul-
americano, o Brasil, a região sul, e sobre o local em que residem, além de noções
de orientação, escala e coordenadas geográficas. A interpretação dos mapas
contendo bacias hidrográficas também contribuiu para a assimilação da organização
do espaço a partir dos recursos hídricos. Os alunos também aprenderam com a
carta topográfica a explorar a legenda do documento, descrevendo o que estava
presente na legenda. Identificaram uma série de elementos na carta como nome de
algumas avenidas e ruas, pontos importantes em destaque, hotéis, aeroporto, dentre
outros, considerando conhecimentos da cartografia temática.
A atividade referente a análise de mapas turísticos da cidade de Foz do
Iguaçu (mapas que são distribuídos gratuitamente pelos hotéis, pontos turísticos,
rodoviária, aeroporto, dentre outros) revelaram que cartograficamente muitos mapas
estão incorretos. Os alunos identificaram que os erros mais comuns são a ausência
da Escala e dos pontos Cardeais, o que dificulta a interpretação e, no caso da
Escala, impede a obtenção da distancia real no terreno. Ademais, relataram que os
mapas apresentam muita propaganda dos estabelecimentos comerciais de Foz do
Iguaçu, o que deixa o mapa esteticamente ‘poluído’ e dificulta a sua leitura. Os
alunos relataram que comumente os mapas turísticos tem caráter ilustrativo, com
poucas informações que facilite a locomoção de uma pessoa que desconheça a
cidade de Foz do Iguaçu. A atividade ampliou a gama de leitura cartográfica pelos
alunos, como também evidenciado em outras pesquisas (Almeida, Chaves, 2009), já
que comumente ficavam restritos aos mapas presentes nos livros didáticos. A leitura
dos mapas turísticos possibilitou destacar a importância dos conhecimentos da
cartografia, como utilização de legendas, presença da Escala, pontos de orientação
(como os pontos cardeais ou Rosa dos Ventos), dentre outros. Considerando que o
conteúdo de orientação, espacialidade partiram de suas necessidades de
localização e orientação no dia a dia possibilitou um maior envolvimento dos alunos.
Segundo Albuquerque (2002), “o ensino da cartografia, deve-se iniciar da mesma
maneira que os mapas aparecem, partindo da necessidade”.
As atividades também instigaram os alunos a novas pesquisas. Por exemplo,
os alunos cogitaram em desenvolver um trabalho inteiramente voltado ao mapa
turístico da cidade, com objetivo de buscar confeccionar um croqui mais próximo da
realidade. Evidenciaram a importância de o mapa possuir um bom tamanho, com
informações relevantes sobre os pontos turísticos, as possíveis rotas as escalas e
orientações corretas e o transporte fornecido pela cidade, de maneira que o turista
possa se locomover tanto de carro quanto com transporte coletivo. Adicionalmente,
a possibilidade de fornecer as informações em outros idiomas, como inglês e
espanhol possibilitando aplicar a multidisciplinaridade.
Considerações finais.
O trabalho desenvolvido no Colégio Tarquínio Santos evidencia a importância
do uso das diferentes geotecnologias no processo de ensino aprendizagem em
Geografia. Pode-se ampliar a exploração do conteúdo geográfico, aliando
conhecimentos teóricos e práticos. Os alunos desenvolveram maior concentração
com as análises de imagens da região e capacidade de interpretar essas imagens a
partir da coleta de dados em campo.
A realização das atividades denotou não só a importância na transmissão do
conhecimento geográfico, como também, de outras disciplinas. Citam-se a
matemática, quando se abordou a questão da Escala, de português na elaboração
de textos a partir da observação e comparação das imagens da leitura de mapas,
dentre outras possibilidades não exploradas. As atividades com a geotecnologia
ampliaram a possibilidade de multidisciplinaridade, estendendo o conhecimento
adquirido para outras disciplinas. Por fim, salienta-se que os resultados da inserção
das geotecnologias ou demais ferramentas no ensino da geografia dependem da
preparação e comprometimento do professor.
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