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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIDADE DIDÁTICA
IDENTIDADE CULTURAL DO MUNICIPIO DE
PIRAÍ DO SUL E O TROPEIRISMO
Sônia Maria Nascimento
PIRAÍ DO SUL - 2013
2
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTÊNDENCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Sônia Maria Nascimento
IDENTIDADE CULTURAL DO MUNICÍPIO DE PIRAÍ
DO SUL E O TROPEIRISMO
Material Didático-Pedagógico elaborado para definir diretrizes de ação do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Secretaria de Estado da
Educação – Paraná.
Orientadora: Dra. Alessandra de Carvalho
3
PIRAÍ DO SUL – 2013
FICHA CATALOGRÁFICA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
PROFESSOR PDE/2013
Título:
A identidade cultural do município de Piraí do
Sul e o tropeirismo.
Autor: Sônia Maria Nascimento dos Santos
Escola de atuação: Colégio Leandro Manoel da Costa
Avenida 5 de março, nº 170 Centro
Núcleo Regional de Educação: Ponta Grossa
Professor orientador: Dra. Alessandra de Carvalho
Instituição de Ensino: Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Área do conhecimento: História
Resumo:
,
A Unidade Didática que ora se apresenta é uma
produção didático-pedagógica exigida pelo
Programa de Educação da Escola Pública do
Paraná (PDE). A temática abordada é “A
Identidade Cultural do Município de Piraí do Sul
e o Tropeirismo”. Considerando os aspectos
históricos presentes na origem da cidade de Piraí
do Sul, busca-se com o presente projeto analisar
até que ponto o tropeirismo de fato faz parte da
história e da identidade sociocultural do
município, constatando-se e expondo ao final sua
contribuição para surgimento e povoamento de
Piraí do Sul, cidade integrante da Rota dos
Tropeiros. Pedagogicamente, serão realizadas
aulas dinâmicas com trabalhos em grupo e
individuais, coleta de informações e visitas a
marcos histórico, objetivando despertar a
curiosidade e compreensão dos alunos sobre o
tema em questão.
Palavras-Chaves: Identidade Cultural – Piraí do Sul – Tropeirismo
Formato do material didático: Unidade Didática
Público alvo: O projeto destina-se aos alunos do 7° ano do
Colégio Estadual Prof. Leandro Manoel da
Costa, no município de Piraí do Sul.
4
VIDA DE TROPEIRO
NA CONDUÇÃO DA TROPA,
O DESTINO É INCERTO,
VIAJANDO A CÉU ABERTO;
PASSEANDO POR ERMOS CAMINHOS,
NÃO SE SENTIAM SOZINHOS.
ENFRENTAVAM CHUVA E GEADA,
OU O ESTOURO DA BOAIDA.
DORMINDO AO RELENTO,
PORÉM SEMPRE ATENTO,
NA VIGILÂNCIA À TROPA,
QUE PRECISAVA CHEGAR INTACTA
AS FEIRAS DE SOROCABA.
SE NO CAMINHO, O INFORTÚNIO APARECESSE.
E A DOENÇA ACOMETESSE,
MÉDICOS NÃO HAVIA;
E AS ERVAS O TROPEIRO RECORRIA.
A NOITE CAIA,
A TROPA INQUIETA SE AFLIGIA
O POUSO ERA PREPARADO E A FOGUEIRA ACESSA
ESPANTAVA A TRISTEZA
NÃO DEMORAVA SAIR O CHIMARÃO,
PASSANDO DE MÃO EM MÃO,
AQUECENDO O CORAÇÂO
A JANTA TÍPICA ERA PREPARADA;
FEIJÃO E ARROZ TROPEIRA
A FOME SACIAVA
ENQUANTO A TROPA DESCANSAVA
BOA NOITE COMPANHEIRO
AMANHÃ É MAIS UM DIA
NA VIDA DE UM TROPEIRO!
ANA MAIRLENE M. RETKO
5
UNIDADE DIDÁTICA
A IDENTIDADE CULTURAL DO MUNICÍPIO DE PIRAÍ DO SUL E O
TROPEIRISMO
Autora: Sônia Maria Nascimento dos Santos1
Orientadora: Dra. Alessandra de Carvalho.2
1 APRESENTAÇÃO
Esta Unidade Didática tem por finalidade embasar e fomentar teoricamente a
discussão acerca da identidade cultural do município de Piraí do Sul e o tropeirismo,
movimento cuja contribuição foi fundamental para a formação e povoação de Piraí do
Sul, bem como apresentar as diferentes representações afloradas nesse contexto sobre a
figura do “tropeiro” como estilo de vida, preenchendo desta forma, a lacuna existente
nos programas educacionais da região, que contemplam de forma superficial o assunto
em seus livros didáticos.
O ensino de história pautado apenas nos conteúdos disponibilizados nos livros
didáticos proporciona aos alunos escasso conhecimento acerca do Tropeirismo, o que
torna necessário despertar o interesse sobre as origens históricas da cidade de Piraí do
Sul. Percebe-se que não há bibliografias, mídias, visitas aos marcos históricos do
tropeirismo ou quaisquer outras atividades na região que incentivem os alunos das
escolas públicas a aprofundar seus conhecimentos sobre um tema tão relevante para
nossa cultura local, o tropeirismo.
Despertar nos alunos a curiosidade sobre o passado da sua cidade e de seus
habitantes, estimulando o estudo e conhecimento sobre aqueles que colonizaram e
1 Formada em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR. Especialização em Patrimônio Educacional pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Lotada no Colégio Estadual Leandro Manoel da Costa. 2 Prof. do Departamento de História UEPG....
6
povoaram Piraí do Sul, é fundamental para resgatar as raízes culturais e despertar a
consciência histórica nos alunos, tornando-os conscientes da importância da preservação
de sua história.
Como bem assevera Paulo Freire (1979), ao trabalhar com temas relacionados à
realidade dos alunos, eles ganham a possibilidade de “ler o mundo” que os cerca,
podendo assim decodificá-lo e compreende-lo não como uma realidade dada, mas como
uma realidade construída pela ação dos homens.
Segundo Isabel Barca, citada nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (p.
57), a aprendizagem histórica se dá quando os professores e alunos investigam as ideias
históricas, a partir delas, a aprendizagem histórica configura uma capacidade dos jovens
se orientarem na vida e constituírem uma identidade a partir da alteridade.
Pretende-se estimular a aprendizagem histórica nos alunos a partir de uma
racionalidade histórica não linear e multitemporal, para que compreendam a História
como experiência social de sujeitos que constroem e participam do processo de
formação.
O trabalho será destinado aos alunos da 7° série do Colégio Estadual Leandro
Manoel da Costa de Piraí do Sul. A metodologia proposta está em consonância com as
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, fundamentada nas correntes
historiográficas a Nova História, Nova História Cultural e a Nova Esquerda Inglesa
(DCE, 2008).
Alguns objetivos específicos foram traçados, entre eles: discorrer sobre o
tropeirismo e sua influência na história local de Piraí do Sul, despertar nos alunos a
curiosidade e admiração pela cultura tropeira, proporcionar conhecimentos sobre o
tropeirismo em atividades de investigação, análise e reflexões com os alunos, conhecer
e valorizar o papel do tropeiro no desenvolvimento histórico e econômico em Piraí do
Sul e nos Campos Gerais, discorrer sobre a figura do “tropeiro” e seu estilo de vida,
estimular o respeito pelo patrimônio que testemunha o passado local.
Para tanto, o trabalho pedagógico será organizado por meio do trabalho com
vestígios e fontes históricas diversas, indo-se além dos documentos escritos,
trabalhando-se também com testemunhos de história local, fotografias da época, visitas
aos marcos histórico, documentários, entre outros.
Serão levantadas hipóteses a cerca dos acontecimentos do passado, buscando-se
estabelecer uma reflexão sobre as fontes históricas e sua relação com o presente, pois
conforme bem assevera Cainelli & Schimidt, citado nas Diretrizes Curriculares da
7
Educação Básica (p. 72), ensinar história é construir um diálogo entre o presente e o
passado, e não reproduzir conhecimentos neutros e acabados sobre fatos que ocorreram
em outras sociedades e outras épocas.
2 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Esta Unidade Didática Pedagógica será desenvolvida por meio da leitura de
textos, vídeos, interpretação de imagens, mapas, construção de textos, poemas, visitas
ao museu e aos marcos histórico da cidade, apresentação de trabalhos e exposição em
mural e para finalizar um delicioso almoço tropeiro.
1º ENCONTRO
Nesse primeiro encontro iniciaremos com um diálogo buscando auferir o
conhecimento dos alunos sobre o tema, questionando o que eles sabem acerca do
tropeirismo e da cultura tropeira de forma geral.
Na sequência, a fim de demostrar a importância dos tropeiros na cultura e
formação das civilizações paranaenses, bem como algumas características básicas do
movimento tropeiro, faremos a leitura dos textos “O tropeirismo revisitado” de Moara
Zuccherelli extraído da dissertação A Rota dos tropeiros – projeto turístico na região
dos campos gerais: um olhar antropológico (UFPR, 2008) e “Início da ocidentalização”
extraído do livro Cultura e Educação no Paraná de Etelvina Maria de Castro Trindade
e de Maria Luiza Andreazza (SEED, 2001).
TEXTO 01
O “TROPEIRISMO” REVISITADO: VERSÕES CONTEMPORÂNEAS
De forma geral, a bibliografia relacionada ao assunto, descreve o “tropeiro”
como os homens que transportavam, regularmente, manadas de gado vacum, cavalar ou
muar - as tropas – do seu lugar de criação (região sul do Brasil) até os locais de
8
consumo (estados centrais do Brasil), além de variados produtos, mercadorias e
informações.
Diz-se que tropear era um “negócio” e um estilo de vida. “Tropeiros” eram
aqueles indivíduos que selecionavam os homens para formar a comitiva - um grupo
capaz de lidar com gado bovino e muar. Também escolhiam os animais - compravam,
vendiam e negociavam preços -, além de controlar o dinheiro, cuidar da contabilidade e
de, efetivamente, conduzir as tropas. Eram homens de negócio, empreendedores, tendo,
muitos deles, juntado fortuna e ocupado cargos públicos de grande destaque na vida
política regional e nacional.
“O tropeiro propriamente dito era o dono do negócio, dos animais que ele punha
em marcha com os seus camaradas. Podia não ser o único dono, mas tinha algum capital
empregado nesta atividade, alguma participação, como, por exemplo, comandar a
transação e a viagem. Por isso, chefiava, decidia”. (TRINDADE, 1992:38)
Além dos animais, a tropa era composta por um grupo de homens que
desempenhavam diferentes tarefas. Diz-se que, apesar da clara divisão de funções
dentro do grupo, o enorme esforço demandado por parte de cada um dos envolvidos na
viagem, para vencer os inúmeros perigos e dificuldades que encontravam pelo caminho,
de certa forma, os igualava. No longo trajeto, transcorrido em vários meses de viagem,
“(...) Todos compartilhavam do prolongado isolamento, da rusticidade do pouso
noturno, dos terrenos ou rios de travessia estafante ou arriscada, do possível ataque de
feras ou de guerreiros indígenas.” (TRINDADE, 1992:38)
A complexa rede de solidariedade e interdependências, construída pela
convivência diária e pelo fato de terem apenas uns aos outros com quem contar,
tornavam fundamentais aspectos como amizade, companheirismo e camaradagem.
Embora pertencendo a classes sociais diferentes, os integrantes do grupo
compartilhavam, de forma similar, o gosto pela vida simples, ligada à natureza e aos
animais, o sonho, a aventura e também a obediência às regras.
Com o tempo, o termo “tropeiro” alarga seu significado e passa a descrever,
indiferentemente, qualquer pessoa que participe ou tenha algum tipo de envolvimento
em uma tropeada. O termo, porém, jamais foi utilizado para designar o homem do
campo, aquele que vive da pecuária e/ou da agricultura.
Além destes “valores”, os tropeiros possuíam outros traços que foram realçados
na bibliografia, destacando-se dentre eles, atributos como coragem, valentia, honra,
virilidade, liberdade: “Ao tratar do sistema social, político e econômico do tropeirismo
9
se resgata uma herança cultural importante baseada num nomadismo que traz consigo a
criação de valores próprios e muito arraigados. É uma saga de homens enfrentando vida
difícil de embate com a natureza, desenvolvendo em longas caminhadas modos de
pensar e agir que vão marcar muito profundamente a vida da região sul do país.”
(AUGUSTO MUSSI, Vera Maria Agi Augusto Mussi, 1992. Apresentação do livro
“Tropeiros”, p.8).
TEXTO 02
INÍCIO DA OCIDENTALIZAÇÃO
[...] Na segunda metade do século, em 1772, quando a Coroa iniciou a
contabilização sistemática de habitantes, distribuíam-se no Paraná 4.245 pessoas: em
Curitiba, 1932, na freguesia de São José (dos Pinhais), 833, na de Santo Antonio (Lapa),
500, e na Povoação de Yapó (Castro), 973. Mesmo Paranaguá, maior vila paranaense no
período colonial, em 1785 contava somente com 3.427 habitantes (VIEIRA DOS
SANTOS, 1951B;10).
De forma geral essas pessoas eram pobres e viviam com muita simplicidade. Em
suas roças, a exemplo dos índios, o caipira plantava mandioca, milho, feijão, e no
litoral, pela boa adaptação da cana de açucar havia diversos engenhos de cana.
Paralelamente, desde o princípio do século XVIII, com as constantes exigências
do mercado mineiro, organizavam-se fazendas de criação nos Campos Gerais, nos
Campos de Guarapuava, nos de Palmas. Com a intenção de reduzir o preço do gado e
das cavalgaduras de Curitiba, o Capitão General de 1731, Cristovão Pereira de Abreu
passou a primeira tropa de aproximadamente 2.000 cavalos e eguás originários do sul
do país. A atividade criatória que se desenvolvia até então foi substitída, em boa parte,
pelas invernadas que produziam nova fonte de renda para os fazendeiros.
Com o tropeirismo foi rompido o isolamento dos que viviam nos sertões de
Curitiba. As Caravanas desempenhavam função social de veicular notícias, de
encaminhar correspondência e enconendas, de identificar cônjuges adequados ou
parceiros temporários, de forjar alianças políticas e econômicas. Sazonalmente,
movimentavam as vilas e as vendas de portas abertas situadas em seu percurso. Nas
10
bodegas, os peões das tropas buscavam as bebidas e as meretrizes; nas vendas,
mantimentos e crédito (PERERIRA, 1996:146).
Sobretudo, o tropeirismo promoveu condiçoes para os paranaenses, notadamente
os dos Campos Gerais, integrarem uma cultura específica partilhada por grupos
dispersos em amplo espaço, que ia do norte do Uruguai, do leste da Argentina até a
região de Itú e Sorocaba. Um modo de vida engengrado lentamente, com vocabulário,
culinária, vestuário e hábitos próprios. Uma cultura, que por certo “populismo” dos
fazendeiros, não imprimia diferença no comportamento dos participantes.
Provavelmente o oligarca, seus comerciantes e artesãos urbanos tinham hábitos
pouco diferenciados. Não há evidências de que existissem formas de lazer, de higiene
ou de gestual específicas de um ou de outro setor da população. (PEREIRA; 1996,136).
A sociedade que se organizou em função do tropeirismo fundamentava-se na
relação senhor-escravo, como toda formação tradicional brasileira. A família fazendeira
recolhia-se dentro de suas terras, criando uma economia quase auto-suficiente orientada
para a subsitência do próprio grupo. No mais das vezes, o contato comercial com as
vilas restringia-se à compra do sal.
ATIVIDADE 01
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Após a leitura e explicação dos textos acima, os alunos formarão grupos para juntos
realizarem as atividades que se seguem. Na sequência os grupos apresentarão suas respostas,
que serão corrigidas por meio de explanação dialogada. Os alunos serão avaliados pela
participação e conclusão da atividade.
a) Explique com suas palavras o que foi o tropeirismo.
b) Fale sobre a contribuição do tropeirismo no século XVIII para o Estado do Paraná,
explicando se foi importante para o desenvolvimento e formação das civilizações
paranaenses.
c) Fale sobre os tropeiros e seu modo de vida.
d) Cite algumas cidades que você sabe que se originaram dos pousos tropeiros.
11
2º ENCONTRO
No segundo encontro, estudaremos a saga dos tropeiros pelo sul do país
assistindo ao vídeo nº 2 do fascículo lançado no final do ano de 2006 na edição especial
da Revista Globo Rural, intitulada “Os Tropeiros – A travessia”, onde os alunos
poderão visualizar o percurso dos tropeiros nos territórios catarinense e paranaense.
Poderão visualizar as dificuldades enfrentadas pelos mesmos durante os trajetos,
conhecer a culinária, hábitos, pessoas e cidades históricas com origem tropeira, em
especial a cidade tropeira da Lapa no Paraná.
Com aproximadamente uma hora e quarenta minutos de gravação, o vídeo
esta disponível no site youtube <https://www.youtube.com/watch?v=UT_fnF0shl0>.
ATIVIDADE 01
DISCUSSÃO SOBRRE O VÍDEO:
Agora que já revivemos a história dos tropeiros responda:
a) O que você descobriu sobre os tropeiros e que mais lhe chamou atenção?
b) O que mais te impressiona no estilo de vida dos tropeiros?
c) Cite a influência do tropeirismo para a população do sul do Brasil.
d) A influência do tropeirismo ainda se faz presente na arquitetura, culinária,
vestuário e vocabulário das pessoas de nossa região. Você conhece pessoas ou
lugares que ainda hoje carregam traços dos tropeiros?
e)Fale sobre o tropeiro conhecido como Barão dos Campos gerais.
3º ENCONTRO (05 aulas)
Esse terceiro encontro objetiva o estudo localizado do fenômeno do tropeirismo
na região dos Campos Gerais, o qual compreende o Municìpio de Piraí do Sul.
Para tanto iniciaremos com um vídeo explicativo sobre, a hoje redescoberta
Rota dos Tropeiros, onde os alunos visualizarão paisagens integrantes da Rota dos
Tropeiros, inclusive paisagens de Piraí do Sul e cidades vizinhas, o que os
proporcionará conhecimento sobre a influencia do tropeirismo na cultura e história
local.
12
O vídeo foi retirado do site www.rotadostropeiros.com.br, tem a duração de dois
minutos e vinte segundos, disponivel no link abaixo:
< www.youtube.com/watch?v=aVYSYgDu9yA#t=47&hd=1>
ATIVIDADE 01
PESQUISA EM GRUPO SOBRE AS CIDADES INTEGRANTES ROTA DOS
TROPEIROS
Conforme os vídeos acima demostram a Rota dos Tropeiros é a nova rota turística
do Paraná, composta por 16 municípios (Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Porto
Amazonas, Balsa Nova, Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi,
Telêmaco Borba, Piraí do Sul, Arapoti, Jaguariaíva e Sengés). Estes municípios têm em
comum a cultura deixada pelo tropeirismo e oferecem aos turistas a oportunidade de
conhecer belas paisagens, gastronomia regional, história e cultura riquíssimas, artesanato
diferenciado, lugares pitorescos e ainda opções de prática de esportes de aventura, como o
rafting. Sobre o assunto propoe-se a seguinte atividade:
a)Os alunos deverão formam grupos de forma que cada grupo deverá
ficar uma cidade integrante da Rota dos Tropeiros para que pesquisem
em jornais, revistas, internet, livros, fotografias e demais fontes
históricas, informações e recortes sobre as paisagens turísticas,
gastronomia, hábitos e costumes da respectiva região. Na sequência
cada grupo deverá confeccionar cartazes explicativos sobre o resultado
da pesquisa e os apresentar para o restante da turma. Depois de
apresentados, os trabalhos deverão ser expostos em mural
confeccionado pelos alunos. A avaliação será feita pela participação e
zelo na confecção dos cartazes.
4º ENCONTRO
O quarto encontro será dedicado à exposição da relação entre a identidade
cultural do munícipio de Piraí do Sul e o Tropeirismo.
Para tanto iniciaremos com a ánalise do texto sobre o Tropeirismo em Piraí do
Sul, texto que elaboramos especificamente para esta oportunidade. Salientamos que o
texto é um resumo das discussões elaboradas por Dalva Fanchin em seu livro Piraí do
Sul, sua gente e suas histórias (2002) e por Marcelo Zanelo Milleo em seu livro
Fundação e Evolução de Piraí do Sul (2008).
13
TEXTO 01- PIRAÍ DO SUL E O TROPEIRISMO
A cidade de Pirai situa-se no segundo planalto do Paraná na região sudeste do
estado. Na língua tupi o vocábulo pirahy (ortografia antiga) significa rio do peixe.
Faz fronteira ao norte com a cidade de Arapoti e Jaguariaíva, ao sul com a
cidade de Castro e Cerro Azul, a oeste com Tibagi e Castro e a leste com Jaguariaíva.
Localizada a 170 km da capital paranaense, possui área total de 1.373 km.
Os primeiros relatos de povoamento referem-se aos bandeirantes paulistas, que
por suas andanças por essas terras, assenhoreavam-se de grandes glebas de terra e
formavam fazenda de gados que deixavam a cuidado dos escravos.
Mais tarde, os tropeiros que transitavam entre Sorocaba estado de São Paulo e
Viamão no Rio Grande do Sul, levando tropas soltas (sem cargas) de muares para as
fazendas de café e gado para o comercio estabeleciam aqui seu lugar de pouso. A
capelinha das Brotas oferecia-lhes conforto espiritual e os campos fartos e seguros,
oferecia-lhes proteção para os animais. Nesta época o Paraná pertencia ainda ao Estado
de São Paulo.
Apenas em dezenove de dezembro de 1883 o Paraná se torna um estado
independente, separando-se de São Paulo, época em que o Padre Rodrigues Franca
recebeu como doação as terras do Vale do rio Pirahy, que eram ainda terras
inexploradas, habitadas por tribos selvícolas.
Após diversas e sucessivas elevações politicas, em 1946 Piraí foi elevada a
comarca, e graças a gente forte e empreendedora que aqui havia se instalado, mais tarde
tornou-se o Município de Pirai do Sul, município marcado ate hoje pela devoção a
Nossa Senhora das Brotas.
Essa história que conhecemos de Pirai do Sul, conta com a fundamental
contribuição dos tropeiros que cruzando o Paraná de norte a sul percorriam belos
caminhos e espalhavam o progresso.
O ciclo do tropeirismo foi o mais importante ciclo econômico nos tempos
passados da vida brasileira, caracterizou-se ainda por ser um empreendimento
expansionista, apropriador de terras e por isso foi reconhecido como fator decisivo e
responsável na consolidação de nossas fronteiras Sul sobre terras legitimamente
espanholas.
14
O vai e vem pelos caminhos das tropas se transformou ainda num corredor
cultural, pois onde passavam os tropeiros influenciavam nos usos, costumes, tradições e
cultura da época. Um exemplo é a devoção a Nossa Senhora das Brotas, costume local,
que foi transmitido pelos tropeiros aos mais distantes rincões.
Em cada local de pouso, onde os tropeiros e animais encontravam agua boa,
pasto, e abrigo contra chuvas, geadas e enchentes às vezes tendo que permanecer por
vários dias, começaram a se estabelecer pessoas ofertando algum tipo de serviço o que
deu origem aos povoados, depois freguesias, vilas e, finalmente, cidades, a exemplo de
Pirai do Sul que era ponto de parada e descanso dos tropeiros que transportavam gado e
muares do Rio Grande do Sul para São Paulo.
Muitos tropeiros se encontravam com outras tropas onde dividiam espaço,
faziam suas tarefas, refeições típicas, rezavam e pernoitavam. Iniciavam cedo no ofício,
por volta dos 10 anos de idade, precisavam ser resistentes para enfrentar as intérperes do
tempo e muitas vezes eram mortos e enterrados no caminho, trajavam-se de chapéu de
feltro, calça marrom de pano forte, camisa branca ou marrom, botas de cano alto, sobre
os ombros uma pala ou capa e lenço no pescoço.
Como demonstrado, o tropeirismo foi agente dinâmico do povoamento de nossa
terra e gerador de progresso muito importante no contexto histórico de Pirai do Sul.
ATIVIDADE 01
REFLEXÃO SOBRE O TEXTO
Dando continuidade as atividades, os alunos deverão formar duplas e responder as
questões que se seguem. Na sequência será feita a correção das questões por meio de
explanação dialogada. A avaliação será feita considerando a participação dos alunos.
a) Explique com suas palavras como o tropeirismo contribuiu para o
surgimento de Piraí do Sul.
b) Por que razão os tropeiros tinham Piraí do Sul como local de pouso?
15
ATIVIDADE 02
ANÁLISE DE MAPAS
O mapa a seguir ilustra o caminho do Viamão, e as cidades que surgiram ao longo
do caminho das tropas. Os alunos deverão localizar no mapa abaixo o caminho das tropas e
as principais cidades que surgiram ao longo do caminho, depois, deverão pintar a rota dos
tropeiros.
3
ATIVIDADE 03
ANÁLISE DE IMAGENS
As fotografias a seguir fazem parte do acervo histórico do cidadão
piraiense Ricardo Martins Szesz Filho e retratam o passado de nossa cidade. Os alunos
deverão observar as fotografias e responder a questão proposta:
a) Como você pode perceber através das imagens registradas em terras
3 Fonte:
htpp://4.bp.blogpost.com/nxD2h8P14Ys/SQZ3mTWW55I/AAAAAAAAAGw_PesSxY/s400/caminho+de+viam%C3%A3o-sorocaba.jpg
16
piraienses, os tropeiros realmente tinham Piraí do Sul como local de pouso,
como você acha que o povo piraiense foi influenciado pelos tropeiros? Que
traços desta época você consegue visualizar nos dia de hoje em nossa
cidade? Você conhece alguém que ainda faça uso de trajes, culinária e
outros hábitos tropeiros? Faça uma síntese sobre o assunto.
A avaliação será feita pela demonstração do conhecimento até aqui adquiridos
pelos alunos.
Registro de pousos tropeiros em terras piraienses:
Registro das tropas passando ao fundo da imagem pela atual Rua 15 de Novembro, na
altura da praça da Igreja Matriz:
17
Homens com traje tropeiro em Piraí do Sul, no local onde atualmente localiza-se a Praça
da Igreja Matriz.
Homens na Vila de Pirahy em trajes tropeiros:
18
Ganchos para prender cavalos fixados no meio fio da rua XV de Novembro que até hoje
podem ser visualizados.
19
ATIVIDADE 04
ANÁLISE DO HINO MUNICIPAL
Partiremos para a análise do hino municipal, símbolo de Piraí do Sul onde também se
encontra presente a influência do tropeirismo. Após cantarem o hino de Piraí do Sul, os alunos
deverão identificar o trecho que faz referencia ao tropeirismo:
Hino do município de Piraí do Sul
Letra por Sebastião de Lima
Melodia por Sebastião de Lima
Nasceste Bairro da Lança
Da valente epopéia pioneira
Do ideal do Padre Rodrigues França
A mostrar todo o valor da raça brasileira
Ao se formarem os pousos famosos
No prenúncio de grande porvir
Surgiste neste solo venturoso
Piraí do Sul plena a luzir
Piraí do Sul
És do labor a vitória
Onde o céu sempre azul
Mostra o rumo da glória
Rio das Cinzas, Salto da Carreira
Um mundo de tanta beleza
Serra das pedras, Serra da Taquara
Moldura natural do painel da natureza
Piraí do Sul
És do labor a vitória
Onde o céu sempre azul
Mostra o rumo da glória
E hoje que é real teu sucesso
O filho teu jamais esquecerá
Que a razão maior do teu progresso
É que és filha do gigante Paraná
Piraí do Sul
És do labor a vitória
Onde o céu sempre azul
Mostra o rumo da glória
20
FONTE: <http://www.anparana.com.br/portal/?p=898>
ATIVIDADE 05
RELACIONANDO A RELIGIOSIDADE PIRAIENSE COM O TROPEIRISMO
A crença é uma das coisas mais marcantes na Rota, a fé foi uma herança também
herdada dos tropeiros. Em 2004, Nossa Senhora das Brotas foi conclamada padroeira da
Rota dos Tropeiros. A devoção ao Menino Deus da mesma forma, remota aos tempos dos
tropeiros, que no século XVII, trouxeram a imagem original das ruínas das Missões no Rio
Grande do Sul e depositaram na primitiva capela de Vila da Lança, tornando-se padroeiro
do município.
Em posse destas informações os alunos realizarão uma pesquisa sobre as duas datas
religiosas mais tradicionais de Piraí do Sul, dia 25 e dia 27 de dezembro, as relacionando
com o tropeirismo e com as imagens abaixo:
O resultado deverá ser apresentado pelos alunos em sala de aula, sugerimos que as
carteiras sejam organizadas em círculos para a discussão.
21
Fonte: http://www.flickr.com/photos/raide_cabanha_paulista/8177198249/
22
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_das_Brotas_(Pira%C3%AD_do_Sul)
24
ATIVIDADE 06
Dando continuidade a análise de imagens, os alunos deverão ser convidados a uma
discussão reflexiva sobre os impactos ambientais, causados em nossa região com a
passagem dos tropeiros.
Com base nas discussões os alunos elaborarão um texto relatando os aspectos
negativos e positivos.
5º ENCONTRO
Esse encontro objetiva levá-los a visitar o Museu Municipal, onde se encontram
objetos de uso tropeiro, vestimentas, armas e informações variadas sobre o assunto.
Durante a visita é muito importante que se façam anotações sobre as informações que
observou no local, como fotos, desenhos, objetos, vestimentas, mobiliários, entre outros.
25
ATIVIDADE 01
VISITA AO MUSEU E MARCOS HISTÓRICO DE PIRAÍ DO SUL
Questões a serem levantadas:
a) Como foi adquirido o acervo do museu?
b) Observar como é apresentada a figura do tropeiro.
c) Fazer uma síntese do que está sendo exposto no Museu.
Após a visita ao museu, os alunos deveram conhecer os pontos da cidade que fazem
referência ao tropeirismo, como o monumento da rotatória da Avenida David Federman e da
Av. Nossa Senhora das Brotas que fazem referência à rota dos tropeiros, a igreja do Senhor
Menino Deus, o santuário de Nossa Senhora das Brotas, e as argolas fixadas para prender os
cavalos ainda existentes na Rua 15 de Novembro.
As saídas de campo terão como fechamento a confecção de relatórios em dupla, que
serão apresentados para a turma. A avaliação será feita analisando-se a participação e interesse
de cada aluno.
6º ENCONTRO
Os tropeiros não viviam apenas trabalhando, nas horas de folga gostavam de
tocar viola, cantar suas músicas cheias de estórias de valentia e saudade. Gostavam
também de jogar cartas, dançar fandango e a catira.
Vamos nos divertir um pouco como tropeiros?
26
ATIVIDADE 01
CANTANDO COMO OS TROPEIROS
Em grupos os alunos deverão escrever canções sobre o que aprenderam sobre os
tropeiros e apresenta-las para os colegas em músicas no estilo cururu!
O Cururu é um desafio de canto, onde os versos são inventados na hora com ritmo e
rimas que devem ser respeitadas. Exige inteligência, rapidez e criatividade para inventar
versos rimados.
Usaremos como material de apoio o CD de áudio “Cancioneiro da Rota por Silvestre
Alves”, CD elaborado em homenagem aos tropeiros que contém várias canções enaltecendo
o ciclo do tropeirismo e as belezas naturais da nossa região.
Atividade 02
DESENHANDO E COMPONDO COM OS TROPEIROS
Os alunos deverão desenvolver poesias ou desenhos sobre o tropeirismo em Piraì do Sul
Na sequência, os resultados deverão ser expostos em um painel.
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ATIVIDADE 3
PESQUISA COM IMAGENS
Os alunos pesquisarão imagens que relacionem Piraí do Sul ao tropeirismo, e criarão
uma legenda explicativa pra cada imagem. As imagens serão expostas em mural. A avaliação
será feita pela participação e demostração de conhecimento sobre o assunto.
7º ENCONTRO
ENCERRAMENTO DA UNIDADE DIDÁTICA
Como encerramento da Unidade Didática, propomos que seja realizado um almoço
tropeiro com os alunos no santuário de Nossa Senhora das Brotas, local de pouso tropeiro,
sendo facultado aos alunos usarem trajes tropeiros.
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REFÊRENCIAS:
FANCHIN, Dalva Ferreira. Pirai do Sul, sua gente e suas historias. 2 ed. Brasilia.
Centro Gráfico do Senado Federal.
FREIRE Paulo. Educação e Mudanças. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1979.
MICHAELE, Faris. Manual de Normatização bibliográfica para trabalhos
científicos. 2 ed. Ponta Grossa: UEPG, 2007.
PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares para Ensino
Fundamental. Curitiba: SEED, 2008.
AVILA, Fábio. Brasil, Paraná, turístico, ecológico e cultural. São Paulo: Empresa
das artes, 2004.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MILLEO, Marcelo Zanello. Fundação e evolução de Pirai do Sul-PR. 1 ed. Curitiba:
Juruá, 2008.
TRINDADE, J.B. Tropeiros. São Paulo: Editoração Publicações e Comunicações Ltda,
1992.
NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do território, população e migrações.
Curitiba: SEED, 2001.
TRINDADE, Etelvina Maria de Castro, ANDREAZZA, Maria Luiza. Cultura e
Educação no Paraná. Curitiba. SEED, 2001.
SCHIMIST Maria Auxiliadora. Histórias do cotidiano paranaense. Curitiba:
Letraviva, 1996.
COELHO, S.J.C. Passeio à minha terra. Curitiba: Fundação Cultural, 1995.
COSTA JUNIOR, Cesar da. Projeto Buriti: história. São Paulo: Moderna, 2007.
Prefeitura Municipal de Piraí do Sul. Disponível em
http://www.piraidosul.pr.gov.br/site/. Acesso em 31/10/2013.
Jornal Á notícia do Paraná. Disponível em: http://www.anparana.com.br/portal/.
Acesso em 25/10/2013.