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A hipótese da gramática universal e a aquisição de segunda língua Andréa Machado de Almeida Mattos Universidade Federal de Minas Gerais Abstract The aim of this pape r is to present the theory of second language acquisition based on the Universal Grammar (UG) Hypothesis. At first, the main aspects related to the scope of the Generative Theory are presented, introducing its main ideas. Then, the main points of the theory of second language acquisition based on the UG are presented, considering some controversial issues and its basic problems. Finally, the pape r tries to critically discuss some of the theory's obscure points, offering alternative solutions and opinions.

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  • A hiptese da gramticauniversal e a aquisio desegunda lngua

    Andra Machado de Almeida MattosUniversidade Federal de Minas Gerais

    AbstractThe aim of this paper is to present the theory of second languageacquisition based on the Universal Grammar (UG) Hypothesis. Atfirst, the main aspects related to the scope of the Generative Theoryare presented, introducing its main ideas. Then, the main points ofthe theory of second language acquisition based on the UG arepresented, considering some controversial issues and its basicproblems. Finally, the paper tries to critically discuss some of thetheory's obscure points, offering alternative solutions and opinions.

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    INTRODUO

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    A Lingstica Aplicada tem uma histria bastante recente nocenrio cientfico mundial. O desenvolvimento da disciplinadata do final dos anos 50, com a inaugurao da School ofApplied Linguistics, na Universidade de Edinburgh, no Reino Unido,em 1956, e a abertura do Center for Applied Linguistics, emWashington, nos Estados Unidos, em 1959 (KAPLAN, 1993). O termoLingstica Aplicada muitas vezes confundido com o campo dapesquisa em aquisio de segunda lngua que, segundo KAPLAN(1993:375), tornou-se uma rea independente nos ltimos anos.Contudo, VAN LIER (1994:329) considera esta separao contra-produtiva. No Brasil, a Lingstica Aplicada data de 1970, quando dacriao do Programa de Estudos Ps-Graduados em LingsticaAplicada ao Ensino de Lnguas, da PUC-SP (CELANI, 1992), ecertamente mantm, at hoje, uma forte interseo com a pesquisaem aprendizagem de lngua estrangeira, embora no se restringindoa ela.

    O escopo do presente trabalho, porm, restringe-se ao campoda pesquisa em aquisio de segunda lngua! (L2), mais precisamenteao mbito das teorias sobre aquisio de L2. Aqui, tambm, hgrandes controvrsias. Para alguns tericos da rea, o nmero deteorias sobre aquisio de L2 varia entre 40 e 60, incluindo "teorias,hipteses, modelos, metforas, arcabouos tericos e perspectivas"(LONG, 1993:225).2 Para outros (como GREGG, 1993; VAN LIER,1994) este nmero no passa de cinco. Numa rpida reviso da litera-tura pertinente (ELLIS, 1985 e 1997; KLEIN, 1986; MCLAUGHLIN,1987; LARSEN-FREEMAN & LONG, 1991), verifica-se que, dentre asteorias de maior repercusso, encontram-se: o Modelo de Acultu-rao, de Schumann; os Estudos sobre Interlngua, termo cunhado

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    por Selinker para definir a lngua do aprendiz; o Modelo do Monitor,de Krashen, com suas cinco hipteses, que talvez seja o modelo demaior penetrao na rea do ensino de segunda lngua; e a Hipteseda Gramtica Universal, baseada nos estudos da escola chomskianasobre aquisio de lngua materna (U). A lista, obviamente, no seesgota aqui, nem tampouco estas teorias, que, por serem maisfamosas e talvez mais abrangentes, esto livres de crticas equestionamentos. O presente trabalho tem por objetivo apresentara teoria de aquisio de segunda lngua com base na Hiptese daGramtica Universal (GD), discutir o cham~do "problema daaquisio de segunda lngua", que ser apresentado no decorrer dotexto a seguir, e fazer algumas reflexes sobre pontos obscuros oucontroversos j apontados na teoria.

    A HIPTESE DA GRAMTICA UNIVERSALAt meados dos anos 50, pressuposies de bases tericas

    behavioristas dominavam o campo da Lingstica Aplicada. Skinner,o pai do Behaviorismo, sustentava que a aquisio da linguagem pelacriana era feita atravs da imitao do comportamento dos adultose da formao de hbitos - ditos lingsticos. A lngua seria, ento,um conjunto de hbitos adquiridos atravs do modelo "estmulo-resposta", ou seja, a criana aprende a forma "correta" da lnguaquando recompensada pela produo de um comportamentolingstico correto e punida pela produo de um comportamentolingstico incorreto (KAPLAN, 1985).

    Em 1959, CHOMSKY publicou Review o/E. F 5kinner: verbalbehaviour, que provocou uma revoluo na Lingstica Aplicada.Chomsky sustentava, contrariamente a Skinner, que "as crianasnascem com uma predisposio natural biologicamente condicio-nada para a aquisio da linguagem e que a simples exposio a umalngua suficiente para desencadear o seu processo de aquisio"(KAPLAN, 1985:2).

    Esta viso da linguagem deu origem teoria lingsticachamada Gramtica Gerativa, desenvolvida por Chomsky e seus

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    seguidores desde 1957 e cujo objeto de estudo a GramticaUniversal (GU), ou seja, "os aspectos sintticos que so comuns atodas as lnguas do mundo" (VITRAL, 1998:120). Para os seguidoresdesta teoria, portanto, a criana nasce com uma predisposio naturalpara a aprendizagem da sua lngua materna. Esta predisposionatural exatamente o que chamam de Gramtica Universal, umconjunto de princpios e parmetros que permitem a uma criananormal o desenvolvimento da linguagem durante os seus primeirosanos de vida, a partir da exposio sua lngua materna. Na visodos pesquisadores desta linha, os princpios so responsveis pelosaspectos comuns a todas as lnguas humanas e os parmetrosexplicam a variao encontrada entre as lnguas.

    Os tericos desta linha, tambm chamados "gerativistas" ou"inatistas", defendem que h duas evidncias que comprovam ahiptese da Gramtica Universal. A primeira delas "o trabalhoemprico de anlise de lnguas, no qual se procura estabelecerregularidades entre as lnguas e, a partir dessas regularidades,princpios que as expliquem" (VITRAL, 1998:122). A segundaevidncia se baseia na aquisio da linguagem pela criana. Comoj foi dito, acredita-se que o ambiente lingstico ao qual a criana exposta apenas ativa suas estruturas lingsticas inatas, permitindoo desenvolvimento da linguagem. Alm disso, toda criana normal,independentemente da sua classe social ou do grau de estimulaoque recebe, capaz de aprender sua lngua materna nos primeirosanos de vida (entre 1 e 4 anos de idade) e esta aprendizagem completa, ou seja, a criana aprende todo o sistema lingstico desua lngua (VITRAL, 1998:123).

    Este seria, ento, o chamado "problema da aquisio dalinguagem". Estudos sobre o ambiente lingstico ao qual a crianaest exposta mostraram que o input recebido insuficiente para aaquisio da linguagem. WHITE (l989a) apresenta trs problemasdesse input: a subdeterminao, a degenerao e a ausncia deevidncia negativa. A subdeterminao se refere ao fato de quevrios aspectos da lngua so subdeterminados pelo input, isto , o

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    conhecimento que a criana adquire da sua lngua, chamado decompetncia lingstica, inclui noes que no so bvias no inputrecebido e que no so ensinadas diretamente. O conhecimentoimplcito subjacente ao uso da linguagem vai muito alm daquilo aque uma criana qualquer estaria realmente exposta, e esteconhecimento no poderia ser adquirido atravs de estratgias geraisde aprendizagem ou habilidades de soluo de problemas. Adegenerao se refere ao fato de que o input que a criana recebenem sempre perfeito. Na verdade, este input cheio de erros,hesitaes e interrupes, incluindo frases agramaticais e formasparciais tanto quanto frases gramaticais. A ausncia de evidncianegativa, ou seja, ausncia de informaes explcitas sobre que frasesseriam agramaticais, constitui um outro problema para a aprendiza-gem da lngua. Pesquisas sobre aquisio de lngua materna sugeremque as crianas geralmente no so corrigidas quando produzemuma frase agramatical. Este tipo de evidncia, portanto, no estariapresente no input recebido pelas crianas mas apenas evidnciaspositivas na forma de frases gramaticais (ou quase) realmenteouvidas pelas crianas.

    Apesar desses problemas, toda criana normal capaz deaprender sua lngua materna num perodo de tempo surpreenden-temente curto e normalmente consegue se comunicar livremente jna idade pr-escolar (KLEIN, 1986:3). Chomsky props que isso Possvel porque a Gramtica Universal tem uma base biolgica, ouseja, mecanismos inatos da mente da criana que permitem aaquisio da linguagem. Esses mecanimos constituiriam os princpiose parmetros da Gramtica Universal e estariam presentes na formade estruturas mentais inatas, que foram chamadas de Dispositivo deAquisio da Linguagem. Esse dispositivo conteria os princpiosuniversais inerentes a todas as lnguas humanas e tambm osparmetros universais que permitem suas variaes e, por isso, seriaresponsvel por construir a competncia lingstica da criana apartir dos dados lingsticos do input. Segundo COOK (1983:16),esse dispositivo mental

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    " especfico para linguagem; ele trabalha de maneira bem diferentede outras formas de aprendizagem e leva a um tipo de conhecimentoque distintamente lingstico ao invs de compartilhar proprie-dades com outros aspectos do conhecimento."

    o PROBLEMA DA AQUISiO DE SEGUNDA LNGUAO problema da aquisio de segunda lngua segue o mesmo

    raciocnio apresentado para o problema da aquisio da linguagem.WHITE 0989a:37) sustenta que, assim como a criana, "o aprendizde uma segunda lngua tambm enfrenta o problema de extrairsentido de dados lingsticos, de produzir um sistema que expliquetais dados e que lhe permita compreender e produzir estruturas naL2". Para os pesquisadores interessados em aquisio de segundalngua que trabalham sob o referencial terico da Gramtica Gerativa,um aprendiz de segunda lngua, enfrenta esse problema com asmesmas ferramentas utilizadas por uma criana ao aprender sua lnguamaterna, ou seja, os princpios e parmetros da Gramtica Universal,disponveis no seu Dispositivo de Aquisio da Linguagem. Assimcomo na aprendizagem da lngua materna, o input disponvel parao aprendiz de L2 considerado insuficiente para que a partir deleo aprendiz consiga construir todo o sistema de uma lngua. Portanto,para que possa adquirir uma lngua estrangeira, o aprendiz, assimcomo a criana, far uso da Gramtica Universal.

    WHITE 0989a:38) chama ateno para duas alternativas: emprimeiro lugar, o fato de que o problema da aquisio de segundalngua possa talvez ser resolvido sem o uso da Gramtica Universal,mas atravs do uso de conhecimentos advindos da lngua maternado aprendiz; em segundo lugar, o problema pode, na verdade, nuncaser resolvido, j que a maioria dos aprendizes de L2 no conseguemchegar a nveis avanados de domnio da lngua estrangeira e jamaischegam a desenvolver um sistema lingstico que seja qualitativa-mente superior ao input recebido. Mesmo assim, White advoga aidia de que o input da L2 subdetermina o sistema lingsticodesenvolvido pelo aprendiz de L2, da mesma forma que o input da

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    11 subdetermina O sistema lingstico desenvolvido pela criana.Sobre a questo da degenerao do input recebido, White sustentaque, apesar de algumas pesquisas demonstrarem que o inputdisponvel para o aprendiz de L2 no degenerado, mas simsimplificado na forma de teacher-talk e (oreigner-tallt, isto apenascomplica o problema, pois input simplificado tambm seriainsuficiente para permitir a aquisio do sistema da L2. A diferenaprincipal entre a aprendizagem de 11 e L2, no que se refere ao inputdisponvel ao aprendiz, estaria na presena da evidncia negativa,ou seja, enquanto crianas aprendendo uma lngua materna recebempouca ou nenhuma evidncia negativa, indiscutvel que osaprendizes de lngua estrangeira tm acesso evidncia negativa emaulas de lngua. Alm disso, segundo BLEY-VROMAN 0989:48),"entre aprendizes e professores de lnguas estrangeiras h em geraluma aceitao de que a evidncia negativa pelo menos algumasvezes til, e algumas vezes, porm nem sempre, necessria."Contudo, WHITE 0989a:40-l) discorda de que a presena daevidncia negativa leve concluso de que aprendizes de L2 no seutilizam da Gramtica Universal. Em primeiro lugar, para que aevidncia negativa seja eficaz, necessrio que o aprendiz faa usodela. White defende que nem todo aprendiz de L2 recebe evidncianegativa e que aqueles que recebem nem sempre se utilizam dela.White lembra que ningum pode ser corrigido por erros que nocometeu: do mesmo modo como crianas aprendem sua lnguamaterna, o aprendiz de L2 no parece cometer erros que violem aGramtica Universal.

    A QUESTO DO ACESSO GRAMncA UNIVERSALComo j foi dito, existem vrias teorias sobre a aquisio de

    lngua estrangeira, e a Hiptese da Gramtica Universal apenasuma delas. Contudo, mesmo entre aqueles que defendem a idia deque a espcie humana dispe de uma capacidade inata para aaquisio da linguagem, no mbito da aquisio de segunda lngua,

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    h divergncias. A principal delas a questo do acesso GramticaUniversal, ou seja, at que ponto um aprendiz de segunda lnguacontinua tendo acesso aos princpios e parmetros da Gu. ELLIS(1997:69) lista quatro posies tericas contraditrias, o quecomprova que o papel da GU na aquisio de lngua estrangeiraainda incerto. Vejamos quais so estas posies:1. Acesso total~ Esta posio assume que o processo de aquisio

    de uma segunda lngua idntico ao processo de aquisio delngua materna e os aprendizes, portanto, tm total acesso Gramtica Universal. A aquisio do sistema da L2 seria, ento,puramente resultado da interao entre a GU e os dados da L2 ea lngua nativa no traria nenhum efeito para o processo deaquisio. Neste caso, seria possvel para um aprendiz de lnguaestrangeira atingir um comando aproximadamente nativo dalngua em questo.

    2. Nenhum acesso~ Esta posio assume que a GU no est maisdisponvel para os aprendizes de L2, pelo menos para os adultos.Estes fariam uso de estratgias gerais de aprendizagem noespecficas para a aquisio da linguagem, o que explicaria avariao no grau de sucesso obtido na aquisio de L2. Neste caso,aprendizes adultos normalmente no conseguiriam atingir umcomando avanado da lngua alvo e suas interlnguas poderiamconter regras que seriam proibidas pela Gu.

    3. Acesso parcial~ Esta posio assume que os aprendizes de L2somente tm acesso aos parmetros da GU que esto emoperao na sua lngua materna. Contudo, seria possvel reativaros parmetros relevantes para a L2 atravs da instruo formal eda correo de erros. Assim, nesta viso a aquisio da lnguaestrangeira seria parcialmente regulada pela GU e parcialmentepor estratgias gerais de aprendizagem.

    4. Acesso dual~ De acordo com esta viso, aprendizes adultos deL2 fazem uso tanto da GU quanto de estratgias gerais deaprendizagem. Contudo, o uso de estratgias gerais de aprendi-

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    zagem pode bloquear o acesso GU. Neste caso, os aprendizesno atingiriam um comando nativo da lngua alvo e tambmpoderiam produzir erros inaceitveis pela GU.

    AS DIFERENAS ENTRE OS PROCESSOS DE AQUISiO DE L1 E L2Comparando o processo de aquisio de lngua materna com

    o processo de aquisio de lngua estrangeira, especialmente naidade adulta, possvel notar vrias diferenas. BLEY-VROMAN0989:43-8) aponta oito diferenas fundamentais entre estes doisprocessos, alm da questo da ausncia/presena da evidncianegativa, j comentada anteriormente. So elas:1. Falta de sucesso~ Crianas normais sempre atingem um perfeito

    comando do sistema lingstico da sua lngua materna. O mesmono se pode dizer de aprendizes adultos de segunda lngua que,ao contrrio, no conseguem obter sucesso perfeito ao aprenderuma L2.

    2. Falncia geral~ No s a falta de sucesso uma caractersticada aprendizagem de L2 entre aprendizes adultos, como tambma falncia geral, ou seja, o sucesso completo extremamenteraro entre aprendizes adultos de L2, principalmente no que serefere ao sotaque e s intuies sobre gramaticalidade.

    3. Variao no sucesso, curso e estratgia ~ Entre crianas, o graude sucesso na aprendizagem, o curso da aprendizagem e asestratgias utilizadas so uniformes, isto , toda criana normalaprende sua lngua materna com sucesso total, seguindo aproxi-madamente um mesmo curso e utilizando as mesmas estratgias.Entre adultos, o grau de sucesso varia substancialmente, mesmoquando outras variveis como idade, quantidade de exposio lngua alvo, instruo formal, etc. so mantidas estveis. Almdisso, aprendizes diferentes seguem rotas diferentes e aprendemestruturas e subsistemas em ordens diferentes. Por fim, asestratgias utilizadas por aprendizes adultos tambm variam deaprendiz para aprendiz.

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    4. Variao nos objetivos ~ Entre aprendizes adultos de L2, htambm grande variao nos objetivos de cada aprendiz. Algunsdesenvolvem muita fluncia na segunda lngua, mas atingem umbaixo nvel de competncia; outros preocupam-se com a correogramatical, embora no sejam muito fluentes; outros, ainda,podem preocupar-se mais com uma boa pronncia ou com odesenvolvimento lexical. Alguns podem ter por objetivo seremconfundidos com um nativo. Outros orgulham-se de se mostraremestrangeiros.

    5. Fossilizao~ Este um fenmeno tpico da aprendizagem delngua estrangeira na fase adulta. sabido que aprendizes adultosatingem um determinado grau de desenvolvimento na L2 - beminferior ao nvel atingido pelo nativo - e depois permanecemestveis neste nvel, sem prosseguir no desenvolvimento daaprendizagem da lngua.

    6. Intuies indeterminadas ~ Vrios estudos demonstram quemesmo os mais competentes aprendizes de L2 no conseguemfazer julgamentos de gramaticalidade com clareza. Este carteropaco das intuies sobre gramaticalidade entre falantes no-nativos foi chamado de indeterminado (SCHACHTER, TISON &DIFFLEY, 1976, apud BLEY-VROMAN, 1989:47).

    7. Importncia da instruo~ Crianas em fase de desenvolvimen-to da linguagem no necessitam de instruo formal para aprendersua lngua. No entanto, h consenso quanto influncia positivada instruo formal na aprendizagem de L2 entre adultos.

    8. Papel dosfatores afetivos~ O sucesso da aprendizagem da lnguamaterna entre crianas parece no ser afetado por fatores comopersonalidade, socializao, motivao e atitude. A aprendizagemde uma lngua estrangeira por adultos, pelo contrrio, parece seraltamente influenciada por tais fatores, ditos afetivos.

    Com base nessas diferenas, Bley-Vroman prope a Hipteseda Diferena Fundamental, ou seja, crianas e adultos adquirem ouso da linguagem (11, para a criana e L2, para o adulto) de maneiras

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    fundamentalmente diferentes. Para ele, as caractersticas da aquisioda linguagem pelo adulto acima descritas so caractersticas geraisde aprendizagem, que incluem estratgias cognitivas gerais parasoluo de problemas. Assim, BLEY-VRMAN (1989:51) sustenta quea aquisio de uma segunda lngua por um adulto baseada noconhecimento da sua lngua nativa e em sistemas gerais de soluode problemas, ao contrrio da criana que se baseia na GU e emprocedimentos de aprendizagem especficos para o domnio dalinguagem. Bley-Vroman justifica, assim, o insucesso geral daaquisio de segunda lngua por adultos, pois, para ele

    "a linguagem no meramente difcil de se aprender usando-sesomente estratgias gerais de aprendizagem, mas sim virtualmenteimpossvel. Esta uma razo importante para se atribuir s crianasuma faculdade inata especfica para o desenvolvimento dalinguagem." (1989:44).

    OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DA TEORIA

    Apesar de bastante difundida e amplamente aceita atualmente,com vrios pesquisadores renomados interessados em decifrar tantoo problema da aquisio da linguagem (11) quanto o problema daaquisio de segunda lngua, a teoria lingstica que trabalha coma Hiptese da Gramtica Universal e as pesquisas nela baseadas,principalmente no mbito da aquisio de L2, no esto livres deproblemas. Vejamos alguns apontados por ELLIS (1994):

    Quanto ao domnio da teoria

    A teoria de aquisio de L2 baseada na Hiptese da GramticaUniversal dedica-se a estudar um fenmen bastante restrito, ou seja,a competncia gramatical desenvolvida a partir de um conhecimentoinato e abstrato sobre os princpios e parmetros que determinamas possibilidades de realizao da linguagem humana. Deste domniorestrito, muitos pontos so excludos e fica claro que a teoria deixade analisar aspectos cruciais da linguagem e do seu uso, cobrindo

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    apenas parte do fenmeno total de desenvolvimento da linguagemhumana que deveria ser estudado por uma teoria abrangente.Contudo, enquanto para alguns este um problema, para outros ofato de o domnio da teoria ser to bem definido uma grandevantagem, pois permite delimitar o campo da pesquisa a proporesmanuseveis (ELLIS: 461).

    Quanto aos problemas metodolgicos

    Os problemas relacionados metodologia das pesquisasrealizadas nesta rea so vrios. Em primeiro lugar, as pesquisas tm-se restringido a estudos trans-seccionais de vrios sujeitos e faltamestudos longitudinais. Um outro problema se refere ao fato de queestas pesquisas, em sua grande maioria, tm-se baseado em testesde julgamentos de gramaticalidade realizados pelos sujeitos. J queas pesquisas sobre a aquisio de L2 preocupam-se principalmentecom o aprendiz adulto, um outro problema importante refere-se definio de "adulto" e determinao de quando comea a idadeadulta.

    Quanto aos resultados das pesquisas

    Os resultados das pesquisas sobre a aquisio de segundalngua feitas com base na Hiptese da Gramtica Universal tm-semostrado indeterminados. Os estudos sobre a acessibilidade da GUna aquisio de L2 por adultos parecem mostrar que os aprendizestm pelo menos acesso parcial GU, porm concluses maisespecficas no so possveis (ELLIS, 1994: 458). Exemplos destaspesquisas podem ser encontrados em GASS & SCHACHTER (989),onde so relatados vrios estudos sobre aquisio de L2 com basena GU que tentam derivar concluses sobre a acessibilidade gramtica universal durante a aquisio de uma segunda lngua.SCHACHTER (1989) conclui que, na idade adulta, o aprendizdemonstra ter acesso apenas aos parmetros da GU que estopresentes na sua lngua materna. Outro tipo de concluso apresen-

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    tada por estes estudos parece indicar que a lngua materna pelomenos influencia a aquisio de L2: FLYNN (989) conclui que nasestruturas sintticas onde os parmetros da 11 e da L2 so os mesmos,a aquisio facilitada, porm, nas estruturas em que estesparmetros diferem, a aquisio parece ser mais rdua; LICERAS(989) sugere que a distncia entre as lnguas (11 e L2) pode ter umpapel determinante na interpretao das estruturas; WHITE 0989b)sugere que os parmetros da 11 influenciam a marcao dos par-metros da L2, e GASS (989) sugere que a fonte inicial da formaode hipteses na L2 pode ser a 11 e apenas onde h divergncia osaprendizes recorrem gramtica universal. Contudo, mesmo conclu-ses desse tipo no so totalmente corroboradas pelos resultados.

    Quanto aos problemas tericos

    Os principais problemas tericos desta linha de pesquisa sereferem definio dos parmetros universais e de suas caracters-ticas gramaticais. A contnua reviso da teoria quanto a estas questestorna-se um problema para os pesquisadores de L2, pois trabalhamcom um modelo em constante evoluo, que pode se tornar obsoletoantes que suas pesquisas estejam terminadas. Um problema maissrio, porm, a impossibilidade de se determinar se os aprendizesesto ou no se comportando de acordo com a GU (ELLIS, 1994:459).Isto fica claro quando se analisam os resultados das pesquisas acimacitadas.

    REPENSANDO ALGUMAS IDIASAlm dos problemas apontados acima, um leitor atento e

    informado far com certeza suas prprias observaes e analisar ateoria do ponto de vista da sua aplicabilidade prtica. Como apontaBEAUGRANDE 0997:280), "at que ponto uma teoria vlida naprtica uma boa medida de at que ponto a teoria vlidaenquanto teoria". Na verdade, no se trata de dizer que a teoria vlida ou invlida. Porm, tenta-se, aqui, discutir pontos j indicados

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    como obscuros ou controversos por autores renomados, retomando-se esses pontos pela tica do chamado insider.4

    Tomando-se como ponto de partida, ento, as palavras deBeaugrande citadas acima, uma pergunta pertinente seria qual a realaplicabilidade dos estudos baseados na Hiptese da GramticaUniversal para a construo de uma teoria sobre aquisio desegunda lngua, j que, como sugere GREGG (1984:79), "a aquisiode uma segunda lngua pode ser simplesmente muito difcil e muitocomplexa para ser tratada por nica teoria". Alguns autores, comoLONG (990) e o prprio BEAUGRANDE (997), j tentaramestabelecer os pontos que deveriam ser abordados por uma teoriaabrangente sobre a aquisio de segunda lngua. No entanto, asteorias disponveis hoje em dia, inclusive a Teoria Gerativista,parecem no satisfazer totalmente esses requisitos.

    Para comear, os pesquisadores gerativistas trabalham comdados idealizados, ou seja, a competncia lingstica de "um falante-ouvinte ideal numa comunidade lingstica completamente homo-gnea, que sabe a sua lngua com perfeio" (CHOMSKY apudHYMES, 1972). Tal fonte de dados no leva em considerao que alinguagem humana faz parte de um sistema unificado de comporta-mento e que a formao de frases de uma lngua no determinadaexclusivamente por regras lingsticas, mas tambm por restriescognitivas (como memria e ateno) e sociais ou contextuais(BEAUGRANDE, 1997). A Teoria Gerativista, como j foi dito, postulaque a aquisio da linguagem determinada biologicamente e geneticamente transmitida na forma de capacidades inatas da espciehumana, desconsiderando processos de aquisio derivados daexperincia de situaes da vida real e de aprendizagem explcita.Alm disso, os gerativistas desconsideram o papel da comunicaona aquisio da linguagem. GREGG (1989) afirma que a forma dalinguagem humana independe de sua funo, e que o objetivoessencial da linguagem no a comunicao. No entanto, este no um ponto pacificamente aceito por outras linhas de pesquisa, comopor exemplo, a Abordagem Funcionalista e a Teoria Construtivista,

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    que atribuem comunicao um papel crucial no desenvolvimentoda linguagem.

    Justamente por menosprezar grande parte dos processos eestratgias gerais que, em princpio, poderiam ser utilizados naaquisio de uma lngua que a Teoria Inatista necessita de postulara existncia do Dispositivo de Aquisio da Linguagem, pois, de queoutra maneira poderia, ento, uma criana desenvolver um sistemalingstico completo, em to pouco tempo, se j no tivesse sidopreparada biologicamente para isto? Porm, apesar de esta idia fazeralgum sentido e de muitos pesquisadores e professores de lnguaterem aderido a ela, este poderoso dispositivo cujo mecanismo deoperao capaz de fazer a mediao entre o input recebido e osistema lingstico resultante, jamais foi apropriadamente descrito.A definio atual dos mecanismos inatos de aquisio da linguagem a Teoria de Princpios e Parmetros que tenta descrever o contedoda chamada Gramtica Universal. Segundo VITRAL 0998:125-6),"hoje em dia comea-se a desenvolver a idia segundo a qual asrestries impostas pela Gramtica Universal seriam, na verdade,decorrentes da natureza das caractersticas fsicas do crebro." Muitospesquisadores, porm, rejeitam a idia de que a aquisio dalinguagem se d num rgo mental especfico (o LADS). KLEIN (apudELLIS, 1994) argumenta que a existncia desse rgo mental umapostulao desnecessria, j que todo o processo de aquisio, a seuver, pode ser explicado sem a pressuposio de uma capacidadecognitiva extra, especfica para a linguagem. Contra a evidncia dototal sucesso das crianas em aprender sua lngua materna num curtoespao de tempo, ELLIS 0994:461) sugere que "isto apenasdemonstra que as crianas tm uma notvel capacidade para aaprendizagem de lnguas, que pode ser especificamente lingsticaou mais genericamente cognitiva por natureza".

    Um outro debate importante est relacionado influncia dosfatores afetivos na aquisio da linguagem. Parece ser ponto pacfico,no campo da Lngstica Aplicada, que esses fatores no influenciama aquisio de lngua materna mas, como j foi dito, tais fatores

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    parecem influenciar grandemente a aquisio de uma lnguaestrangeira, principalmente na idade adulta. Contudo, BEAUGRANDEafirma que, em relao s habilidades cognitivas gerais,

    "pesquisas empricas sobre cognio j estabeleceram firmementeque tanto a aprendizagem quanto o desempenho so na verdadesignificativamente facilitados por fatores como motivao, auto-confiana e um senso de pertencer ao grupo, e prejudicados poransiedade e postura defensiva, sentimentos de fraqueza eexpectativas de insucesso" (1997:301).

    Ora, se h evidncias empricas que comprovem a influncia defatores afetivos nas capacidades cognitivas humanas em geral, noh motivo para supor que a capacidade de aquisio da linguagemseria uma exceo. Beaugrande conclui que "modelos que, como [aGramtica Gerativa], deixam de lado fatores como limitaes dememria, distraes e mudanas de foco de ateno, so irrealistase improdutivos" 0997:302) e, alm disso, no podem ser testados.

    Como j foi dito, os pesquisadores gerativistas acreditam queuma criana, ao aprender sua lngua materna, no produz errosproibidos pelos princpios da GD. Da mesma forma, para aquelesque acreditam que a GU continua disponvel para a aquisio desegunda lngua, aprendizes de L2 tambm no produzem erros queviolem estes princpios. Sobre isto, WHlT 0989a:55) cita pesquisasrecentes que sugerem que "alguns princpios da GU emergem deacordo com um programa maturacional." Assim, o sistema lingsticode uma criana poderia apresentar erros que violem princpios aindano maturados. White presume, assim como COOK (994), que estaquesto irrelevante para a aprendizagem de L2, j que todos osprincpios j teriam sido maturados durante a aquisio da LI. Noparece ter sido conjecturado, porm, que a maturao de taisprincpios talvez seja estimulada pelo prprio desenvolvimento da11 e, portanto, uma determinada lngua poderia apresentar princpiosmaturacionais diferentes de uma outra. Nesse caso, esses princpiospoderiam ser uma boa explicao para o insucesso constatado entreaprendizes de L2, j que, num adulto, os princpios maturados

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    durante a aquisio da sua 11 poderiam ser diferentes daquelesnecessrios para a aquisio da L2.

    Finalmente, um ponto que parece inquestionvel a consta-tao de que poucos aprendizes de L2 chegam a adquirir a lnguaalvo com domnio nativo ou quase-nativo. fato notrio que aesmagadora maioria no passa de nveis intermedirios de profi-cincia na L2. Como foi visto, entre os pesquisadores gerativistas,essa situao debatida em termos das diferentes hipteses deacesso aos princpios da GU na idade adulta, porm h vriasexplicaes alternativas. Schumann (apud ELLIS, 1985) sugere aquesto da aculturao; KRASHEN (985) afirma que a resposta estna quantidade insuficiente e na qualidade inferior do inputrecebidopor aprendizes de L2 em contextos no-naturalistas, alm de proporas hipteses do filtro afetivo e do monitor; GARDNER & LAMBERT(972) propem que o tipo de motivao - integrativa ou instru-mental - estaria ligado a um maior ou menor sucesso na aquisio.Uma outra explicao comumente aceita seria a idade do aprendizquando do incio de sua exposio lngua alvo, interrelacionadacom o tempo de exposio. A idade ideal para se comear aaprender uma L2 um ponto amplamente discutido no campo dapesquisa em aquisio de segunda lngua, porm ponto pacficoque quanto maior o tempo de exposio lngua, maior ser osucesso do aprendiz.

    Uma questo que parece no ter sido ainda levantada comoexplicao para o insucesso do aprendiz de L2 o fato de que, pormais que ele se exponha (ou esteja exposto) lngua alvo, esta sersempre sua segunda lngua. A lngua nativa parece permear toda acognio do ser humano. KLEIN 0986:5) afirma que

    "existem elementos cruciais no controle da linguagem que estointerrelacionados com o desenvolvimento da criana e que soadquiridos durante a aprendizagem da primeira lngua, ficandodepois disponveis para a aquisio de L2."

    O desenvolvimento cognitivo da criana estaria, assim, intimamenteligado ao desenvolvimento da linguagem, e transferir ou ajustar para

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    a L2 os conceitos cognitivos j existentes em 11 pode ser "uma tarefaparticularmente rdua para o aprendiz" (KLEIN, 1986:5)

    Assim, pode-se supor que os aprendizes de L2 no cheguema nveis avanados de proficincia na segunda lngua porquecontinuam usando sua lngua materna em seus processos cognitivosde alto nvel, quando no esto em contato direto com a L2, ou seja,quando no esto realizando alguma tarefa na L2. O que se estquerendo dizer que o ser humano estar usando a sua lnguamaterna automaticamente - ou seja, involuntariamente - emqualquer situao em que se encontre, mesmo que no seja umasituao ligada realizao de uma tarefa que exija um processa-mento lingstico, e somente usar a L2 quando a situao se lheimpuser. ainda Klein que levanta a questo da dominncia de umalngua sobre a outra, sugerindo que "a maior parte do processamentolingstico de uma pessoa seja realizado na lngua dominante e quea outra lngua seja usada apenas num nvel superficial de produoe compreenso" 0986:11). Isso pode ser completamente inevitvel, doponto de vista da cognio humana, e pode talvez explicar por quemesmo os falantes mais proficientes de uma L2, em situaes deextrema emoo ou presso psicolgica, acabam tendo um baixodesempenho na L2, ou pelo menos um desempenho inferior ao queteriam em situaes de pouco estresse.

    CONCLUSOEste trabalho teve por objetivo apresentar a teoria de aquisio

    de segunda lngua baseada na Hiptese da Gramtica Universal.Inicialmente, foram relatados os principais aspectos relacionados aoescopo da Teoria Gerativa, introduzindo suas principais idias. Emseguida, foram apresentados os principais pontos da teoria deaquisio de segunda lngua baseada na GU, discorrendo-se sobreas questes controversas e sobre seus principais problemas. Por fim,tentou-se fazer uma discusso crtica de pontos obscuros da teoria,apresentando-se opinies e solues alternativas. No se est

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    propondo, contudo, nenhuma soluo original definitiva. Como foisugerido, a aquisio de uma segunda lngua pode ser algorealmente muito complexo para comportar uma resposta nica eabrangente. A pretenso deste trabalho restringe-se apenas discusso de pontos inquietantes, na esperana de provocar novaspesquisas que ampliem o entendimento atual sobre o assunto econtribuam para o fortalecimento da Lingstica Aplicada enquantocincia.

    NOTAS1 No se est fazendo aqui diferena entre segunda lngua e lngua estrangeirano que se refere ao contexto de aprendizagem/aquisio.2 Traduo minha, assim como todas as outras citaes feitas a partir de autoresestrangeiros, no restante deste trabalho.3 Teacher-talk se refere fala simplificada do professor de lngua estrangeiraquando em interao com seus alunos e {oreigner-talk fala simplificada do nativoquando em interao com um estrangeiro.4 O termo irzsiderse refere a um obsetvador participante, ou seja, um pesquisadorque no apenas obsetva o fenmeno estudado, mas que tambm participa deleativamente.; LAD a abreviatura, em ingls, de Dispositivo de Aquisio de Lngua (LanguageAcquisition Device), utilizada aqui por ser bastante conhecida no campo daLingstica Aplicada.

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