Farmacocinetica e mica Dos Anestesicos Venosos

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Rev Bras Anestesiol 1994; 44: 1: 35 - 42

Farmacocintica e Farmacodinmica dos Anestsicos VenososDanilo Freire Duarte,TSA 1Duarte DF - Pharmacokinetics and Pharmacodynamics of Intravenous Agents Key Words: ANESTHETICS, Intravenous: etomidate, ketamine, midazolam, propofol, thionembutal; PHARMACOLOGY: venous drugs

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nestsicos venosos (AV) podem ser definidos como frmacos administrados por via venosa para induzir e/ou manter a anestesia geral, bem como para promover sedao durante anestesia loco-regional. So considerados neste artigo, por continuarem a merecer aceitao universal e por serem disponveis no Brasil, os seguintes AV: tiopental (TS), cetamina, etomidato, midazolam e propofol. O objetivo deste trabalho rever os principais aspectos farmacocinticos e farmacodinmicos dos AV mencionados.

FARMACOCINTICAO estudo farmacocintico dos AV foi iniciado por Price1 , em 1960, quando demonstrou que o trmino do efeito do TS era devido, basicamente, a uma redistribuio dessa substncia e no sua biotransformao. A partir de ento todos os demais agentes foram estudados com o intuito de avaliar a distribuio, a eliminao, a curva de concentrao plasmtica e outros parmetros importantes. A absoro, no caso dos AV, no considerada, j que essas drogas so administradas diretamente na corrente sangnea. Assim sendo, a concentrao plasmtica, se a droga for administrada em dose nica, vai depender to somente da dose e da velocidade da injeo2 . Contudo, j no plasma, esses agentes ligam-se de forma reversvel s protenas plasmticas. Com exceo da cetamina, que pode ser considerada uma droga de baixa li-

1 LD - UFSC, Membro do Grupo de Pesquisa em Engenharia Biomdica - UFSC, Prof Titular (inativo) da Disciplina de Anestesiolo gia - UFSC Correspondncia para Danilo Freire Duarte R Luiz Delfino 146 88015-360 Florianpolis - SC

1994, Sociedade Brasileira de AnestesiologiaRevista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : N 1, Janeiro - Fevereiro, 1994

gao protica, os demais AV ligam-se s protenas, e em especial albumina, em percentual superior a 70%. Vale destacar que algumas drogas, como o midazolam e o propofol, tm um percentual de ligao superior a 90%3,4 . Um outro ponto que no deve ser esquecido a possibilidade de que drogas anestsicas se liguem a outros constituintes do sangue, como os eritrcitos, e vale lembrar que a ligao do TS hemoglobina j foi relatada5 . A importncia farmacocintica da ligao protica resulta do fato de que somente a frao livre capaz de se difundir atravs de membranas biolgicas e, conseqentemente, se distribuir pelo organismo e alcanar os receptores onde deve exercer a atividade farmacolgica6. Distribuio - No que diz respeito distribuio, ou seja, passagem do frmaco da corrente circulatria para os tecidos, deve ser considerado, inicialmente, que o volume central (V1) para todos os AV excede o volume intravascular7 . Como o incio de ao para a maioria dessas drogas muito rpido parece indubitvel que o crebro est includo em V1. A passagem de V1 para V2 (primeiro compartimento perifrico) tambm muito rpida, indicando que a distribuio desempenha um papel extremamente importante para o trmino do efeito da maioria desses agentes. J que a transposio de membranas biolgicas facilitada pela lipossolubilidade e pela presena da droga sob a forma no ionizada, justifica-se que a distribuio dos AV seja extensa. Mesmo a cetamina, que se apresenta em grande parte ionizada, compensa esse fato com a alta solubilidade, cerca de 10 vezes maior que a do TS. O volume de distribuio (Vd), depois de obtido o estado de equilbrio (Vdss), momento em que nenhuma transferncia da droga entre os tecidos e o plasma est ocorrendo8 , 2 a 3 vezes superior ao volume dos lquidos orgnicos, exceo feita aos benzodiazepnicos. Em outras palavras, os AV tm Vd elevado. Eliminao -A eliminao pode ser definida35

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como o desaparecimento da forma farmacologicamente ativa da droga de todos os setores nos quais ela se distribuiu. Corresponde, portanto, depurao total, que por sua vez representa a soma da depurao renal com a depurao extra-renal. Pela via renal elimina-se a droga in natura ou eliminam-se seus metabolitos. O local de biotransformao, as reaes envolvidas e os metabolitos resultantes esto resumidos no quadro I, com base nos dados colhidos em vrias publicaes3,9-12,16 . O fgado o principal rgo de biotransformao, embora a hidrlise do etomidato tambm ocorra no plasma.Quadro I - Biotransformao dos AV em uso no Brasil. Droga TS Etomidato Midazolam Propofol Cetamina Local Fgado Fgado-Plasma Fgado Fgado Fgado Reao Oxidao Hidrlise Oxidao Conjugao Oxidao Metabolitos lcoois-Cetonas Ac.Carboxilicos Ac.Carboxlicos Hidroximidazolam GlucoronidesSulfatos Norcetamina

Referncias: 3,9-12,16.

A reao qumica predominante a oxidao ainda que o etomidato e o propofol sejam biotransformados por hidrlise e conjugao primria, respectivamente. Os metabolitos resultantes so inativos, exceo feita aos da cetamina. A velocidade do processo depende da concentrao da droga no local onde se realiza a biotransformao e da atividade enzimtica. A concentrao da droga resulta da taxa de extrao heptica. Quando essa taxa alta condiciona uma biotransformao fluxo-dependente e quando baixa uma biotransformao capacidade-dependente13 . Nesse ltimo caso o processo depende, basicamente, da atividade enzimtica. O etomidato, o propofol e a cetamina apresentam uma elevada taxa de extrao heptica, sendo includos entre as drogas cuja biotransformao pode ser expressivamente prejudicada com a queda do fluxo sangneo para o fgado7 . Curvas de concentrao plasmtica - A curva de concentrao plasmtica dos AV pode ser decomposta em 2 ou 3 segmentos identificando modelos bi ou tricompartimentais. O TS se ajusta de forma mais adequada ao modelo tricompartimental13 e o midazolam e o etomidato se ajustam mais adequadamente ao modelo bicompartimental3,14 . Contudo, tambm tem sido usado o modelo tricompartimental para avaliar parmetros farmacocinticos do etomidato14,15 .Em relao ao propofol tem36

sido adotado tanto o modelo bicompartimental quanto o tricompartimental16 .Quando so empregados modelos diferentes para uma mesma droga os parmetros farmacocinticos, por vezes, no coincidem15,16 . A vida mdia pode ser determinada separa1 damente, tanto para a fase de distribuio (T 2 ) 1 quanto para a fase de eliminao (T 2 ). Ambas so calculadas a partir da curva de concentrao plas1 mtica e o T 2 serve como guia no s para calcular o tempo necessrio eliminao da droga como para sugerir a possibilidade de acmulo, num esquema de doses repetidas. No quadro II esto reunidos os principais parmetros farmacocinticos dos AV abordados neste estudo, tomando como base vrios trabalhos de reviso7,15,16 que, por sua vez, analisaram dados colhidos de diversos autores. Pode ser observado que no h uma variao muito grande quanto ao Vdss. Contudo, h ntidas diferenas no que diz 1 respeito ao T 2 e depurao. A depurao extremamente elevada do propofol sugere uma expressiva contribuio extra-heptica7 . Por outro lado, o etomidato e o propofol aparecem como drogas a serem preferidas para infuso contnua, do ponto de vista farmacocintico, j que por apresentarem um 1 T 2 baixo no tendem a se acumular na economia. O TS, cujo perfil farmacocintico difere do apresentado pelos novos AV em relao a esses parmetros, quando em uso prolongado, tende para o acmulo e apresenta um retardo expressivo na recuperao9 .Quadro II - Principais parmetros farmacocinticos dos AV em uso no Brasil (valores mdios) Droga TS Etomidato Midazolam Propofol V1 (L/kg) 0,53 0,15 0,17 0,63 Vdss (L/kg) 2,34 2,52 1,09 2,83 3,10 T12

Depurao (ml/min/kg) 3,4 17,9 7-5 59,4 19,1

Ext.Hep. 0,15 0,90 0,51 >1 >1

(h) 10-12 2-5 2-4 1-3 2-3

Cetamina 1,70 Referncias: 7,15,16.

FATORES QUE MODIFICAM PARMETROS FARMACOCINTICOSIdade - A influncia exercida pela idade sobre parmetros farmacocinticos apontada por vrios autores17-25 . Na faixa geritrica, a ntida correlao entre a albuminemia e a dose de TS necessria para induo foi confirmada em trabalho recente24 . Pode ser admitido que no paciente idoso ocorra uma hipoalbuminemia e, principalmente, uma alterao qualitativa nas protenas circulantes, diRevista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : N 1, Janeiro - Fevereiro, 1994

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ficultando a ligao protica26 . Contudo, modificaes de outros parmetros como contrao de V1, aumento de Vd para os frmacos lipossolveis e reduo da funo renal e heptica26 so responsveis por repercusses mais importantes. A contrao de V1 determina maior concentrao da droga, desde que injetada na mesma dose que em paciente jovem condicionando, como conseqncia, um efeito mais intenso 27 . Embora esse ponto de vista no seja unnime28 , a contrao de V1 j foi apontada no s em relao ao TS como tambm em relao ao propofol e ao etomidato19,23 . A queda do dbito cardaco, com reflexo na velocidade da circulao, justifica, no idoso, um prolongamento do tempo de induo29 . No outro extremo da vida tambm ocorrem alteraes farmacocinticas em funo de vrios fatores. A composio orgnica na faixa peditrica difere da do adulto. No perodo neo-natal a albuminemia baixa, principalmente nos prematuros, e ainda encontrada no plasma quantidade varivel de albumina do tipo fetal, cuja afinidade para drogas pequena30 . Nesse perodo a proporo de gua em relao de tecido adiposo expressivamente maior, o que se reflete na distribuio dos produtos lipossolveis. tambm assinalada uma taxa de filtrao glomerular menor que a do adulto e uma imaturidade dos sistemas enzimticos hepticos que, aliadas a um menor fluxo sangneo para o fgado pode ser responsvel pela diminuio do processo de depurao heptica31 . A biotransformao por via oxidativa especialmente prejudicada, resul1 tando num T 2 elevado para muitos frmacos. Embora a conjugao com o sulfato permanea normal o mesmo no ocorre com as conjugaes com o cido glucurnico32 . Dessa forma, ainda que no seja freqente o uso de AV no perodo neo-natal, recomendvel, se for o caso, tatear prudentemente a dose a ser administrada. Deve ser assinalado, ainda, que do 3o ms at o 3o ano de vida h um aumento expressivo da biotransformao por reao oxidativa30 . J na idade entre 5 e 15 anos a ligao protica e o Vdss no diferem, de forma estatisticamente significante, desses mesmos parmetros no paciente adulto. No entanto, V1 tem um valor significativamente mais alto e a depurao se processa com velocidade 2 vezes maior. Esse ltimo dado 1 contribui para uma reduo acentuada do T 2 . Dessa forma, fica justificada a necessidade de uma dose maior de TS para induo entre os 5 e os 15 anos de idade e fica tambm explicada a recuperao mais rpida nessa faixa etria25 . Se forem comparados os dados obtidos por Jones e al, em crianas de 4 a 12 1 anos (T 2 = 3 3 m i n . e d e p u r a o = 4 0 , 3 5Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : N 1, Janeiro - Fevereiro, 1994

ml/min/kg) 33 , com os resultados relatados por Cock1 sholt et al, em adultos (T 2 = 45 min e depurao= 32,9 ml/min/kg) 34 , diferenas so tambm constatadas em relao ao propofol. O mesmo ocorre com a cetamina30 . Sexo - A influncia do sexo sobre a farmacocintica dos AV no parece ser pondervel. Tomando como base a dose de TS, em mg/kg, nenhuma diferena estatisticamente significativa foi observada18,24 . Comparando homens e mulheres de diversas idades nos quais o TS foi usado como agente de induo, foi constatado1 aumento de V3 (modelo tricompartimental) e do T 2 35 . Contudo, esses resultados no parecem ter repercusso clnica. O autor deste trabalho no encontrou, na literatura disponvel, dados referentes a outros AV. Patologias associadas - Vrias entidades patolgicas alteram parmetros farmacocinticos destacando-se as hepatopatias e as nefropatias. Ambas modificam o perfil protico. Nas hepatopatias h uma diminuio da albumima plasmtica, enquanto a concentrao da frao globulina se eleva. A correlao desse desvio com a ligao droga-protena ainda no foi suficientemente esclarecida6. Nas hepatites graves, devido reduo da sntese protica, alm da hipoalbuminemia h uma possvel carncia de enzimas, com reflexos sobre a biotransformao. Na cirrose compensada a ligao protica e os parmetros farmacocinticos no se alteram de forma significativa, podendo ser observada uma elevao moderada de Vdss36,37 . J na cirrose descompensada, em funo da reteno de lquidos, constata-se expressiva modificao de Vd38 , alterando, conseqentemente a distribuio das drogas. Nos pacientes urmicos a ligao do TS, do etomidato e do midazolam s protenas fica reduzida11,39,40 . Esse fenmeno persiste aps dilise e normalizao protica, pelo menos no caso do TS39 e do etomidato40 . A explicao encontrada uma provvel alterao da estrutura da protena provocada pela nefropatia6 . Nos pacientes em estado crtico e principalmente nos septicmicos tambm ocorrem alteraes farmacocinticas, consubstanciadas em alteraes das protenas plasmticas que podem migrar para o espao extracelular, graas ao aumento da permeabilidade vascular. Alteraes do Vd so tambm observadas38 . Num estudo realizado em 6 pacientes em estado crtico, nos quais o midazolam foi admi1 nistrado em infuso contnua, 4 apresentaram um T 2 elevado e 2 uma depurao reduzida, identificando dificuldade na biotransformao dessa droga41 . No ps-trauma e em especial nos grandes

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queimados foi verificada uma elevao da 1-glicoprotena cida que acompanhada, em alguns casos, de diminuio da frao albumina42-44 . Embora as conseqncias em relao aos AV ainda no tenham sido devidamente elucidadas, deve ser levado em conta que as drogas cidas ligam-se predominantemente albumina e que as drogas bsicas apresentam afinidade pela 1-glicoprotena cida6 . Quando se empregam tcnicas de hemodiluio possvel que a recuperao anestsica seja prolongada, j que ocorre hipoproteinemia diluicional45 . Contudo, nem sempre recomendado reduzir as doses empregadas46 . Nos desnutridos, com hipoalbuminemia intensa, a ligao do TS com outras fraes proticas pode aumentar consideravelmente47 e/ou a frao livre no plasma pode se elevar de forma expressiva48 . vlido admitir que o mesmo ocorra com outros AV. A associao de anestsico inalatrio potente pode interferir com a biotransformao de AV com alta taxa de extrao heptica, no somente devido a reduo do fluxo sangneo para o fgado como tambm pela possvel interao com o processo de biotransformao49 . Pelo que foi exposto, at agora, pode ser concludo que a farmacocintica no um jogo matemtico esotrico com muito pouca contribuio a oferecer farmacologia clnica 50 , sim um caminho para o entendimento e, at mesmo, para a previso das relaes dose-resposta, j que procura determinar a concentrao da droga nos diversos compartimentos, inclusive na biofase.

FARMACODINMICAQuando uma droga, em seu trajeto atravs dos diversos compartimentos orgnicos, alcana a biofase, interage com os stios pelos quais mantm afinidade. Essa interao dispara uma cadeia de eventos que determina, em ltima anlise, o efeito do frmaco. A farmacodinmica estuda a interrelao entre a concentrao da droga na biofase e seu receptor, bem como o mecanismo de ao responsvel pelo aparecimento dos seus efeitos50 . O principal efeito dos AV uma depresso reversvel e dose-dependente do SNC que se estende da sedao ao coma. Embora o TS, o etomidato e o midazolam exeram efeito anticonvulsivante, nenhum deles, com a exceo da cetamina, promove efeito analgsico. As aes dessas drogas no SNC podem ser responsveis por outros efeitos com repercusso respiratria e circulatria da mesma forma que os AV podem exercer tambm aes diretas sobre outros rgos e sistemas.38

Nesta atualizao o objetivo primrio analisar a atuao dos AV no SNC. A atividade do sistema nervoso desenvolvida mediante a transmisso de mensagens conduzidas ao longo das fibras nervosas e transferidas para os neurnios subseqentes atravs das sinapses. Desse modo, informaes procedentes de todas as regies do corpo so conduzidas para as reas onde vo ocorrer a anlise e o processamento da informao51 . Assim sendo, as drogas que modificam a atividade funcional do SNC devem exercer sua ao no axnio, interferindo com a conduo do impulso nervoso, ou na sinapse, interferindo com a passagem desse impulso para o neurnio imediato. O TS e o etomidato no alteram a polaridade da clula em repouso52 , embora tenha sido demonstrado que barbitricos de ao curta modificam a forma do potencial de ao sem, entretanto, alterar o potencial de repouso da membrana52 . Uma concluso possvel, a partir desses dados, que os AV exeram uma atividade estabilizadora na membrana do neurnio. O bloqueio da migrao de ons, explicao para o fato, j foi demonstrado. O pentobarbital bloqueia a migrao do clcio54 e os barbitricos e o propofol interferem com o funcionamento dos canais de sdio na crtex cerebral humana55 . Em estudos ainda mais recentes foi constatado, em preparaes isoladas de crebro humano que o pentobarbital reduz o tempo de abertura dos canais de sdio em concentraes que correspondem dose clinicamente empregada para obteno da anestesia56 . A despeito desses resultados a sinapse continua sendo considerada como o principal local de ao dos anestsicos desde o incio do sculo57 . Nas sinapses os AV, podem agir em vrios pontos assinalados no Quadro III. Ao estudar o mecanismo de ao desses agentes vale a pena recordar alguns aspectos funcionais. No SNC as sinapses podem ser divididas em dois grandes grupos55 :

Quadro III - Pontos e possveis mecanismos de ao dos AV na regio sinptica.

Regio Pr-Sinptica Inibindo a sntese e/ou a liberao de neurotransmissores Aumentando a liberao de neurotransmissor Fenda Sinptica Interferindo com a biotransformao Bloqueando a recaptao do neurotransmissor Regio Ps-Sinptica Bloqueando a interao neurotransmissor/receptor

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I- Sinapses excitatrias: tm como principais neurotransmissores a acetilcolina e aminocidos, destacando-se entre eles o glutamato. Promovem despolarizao nas clulas alvo. II- Sinapses inibitrias: tm como principais neurotransmissores o cido gama-aminobutrico (GABA) e a glicina. Promovem hiperpolarizao nas clulas alvo. Os receptores para aminocidos liberados nas sinapses excitatrias podem ser agrupados em trs categorias58,59 . O mais conhecido, do ponto de vista farmacolgico, o receptor n-metil-d-aspartato (NMDA) que encontrado, principalmente, no hipocampo e na crtex cerebral 58 . acoplado a um canal permevel ao sdio, ao potssio e ao clcio e possui vrios pontos de afinidade para diferentes agonistas, entre os quais a cetamina59 . J foi demonstrado que o pentobarbital e a alfaxalona bloqueiam de forma dose-dependente e reversvel as descargas promovidas pela aplicao iontofortica de glutamato em reas selecionadas da crtex cerebral60 . O experimento permite deduzir que essas substncias reduzem a sensibilidade da membrana ps-sinptica ao glutamato embora, pela metodologia da pesquisa, no possa ser excludo um bloqueio de liberao do neurotransmissor. Quanto acetilcolina, so encontrados no SNC receptores muscarnicos e nicotnicos. Os efeitos dos AV sobre esses receptores so mal conhecidos. Tudo indica, no entanto, que a cetamina reduz a durao da abertura do canal intico de receptores nicotnicos55 . Embora a ao dos AV em sinapses excitatrias possa contribuir para o efeito depressor desses agentes, as aes que eles exercem sobre as sinapses inibitrias, exceo feita cetamina, so mais importantes. O GABA o principal neurotransmissor inibitrio e interage com dois tipos de receptores, GABAa e GABAb. O primeiro de maior interesse no que concerne ao mecanismo de ao dos AV61 . O complexo GABAa composto de duas sub-unidades denominadas de e . Vrias substncias agem nesse complexo sejam como agonistas, como antagonistas ou como moderadoras 62 (figura 1). O GABA e substncias anlogas como o muscinol e o THIP tm afinidade pela sub-unidade . Como antagonistas competitivos, apresentando, conseqentemente, afinidade pela mesma sub-unidade, podem ser citados a bicuculina e compostos sintticos61 . A ativao dos receptores GABAa aumenta a condutncia ao on cloro, que se encontra em maior concentrao na superfcie externa da membrana 61 .Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : N 1, Janeiro - Fevereiro, 1994

Fig 1 - Representao esquemtica do Complexo GABA-ionforo cloro. Diversos agonistas e antagonistas esto representados acima e abaixo da linha dos receptores, respectivamente. O en volvimento dos barbitricos com o ionforo cloro tambm est sinalizado. O local de ao do propofol ainda no est esclare cido. O muscinol, a bicuculina, o THIP, o TBSP e o TBOP no so utilizados em clnica.

Como o fluxo de cloro obedece ao gradiente de concentrao, verifica-se sua transferncia para o interior da clula. Dessa forma aumenta a carga negativa em relao superfcie externa da membrana, ocorrendo hiperpolarizao. As relaes entre os barbitricos, os benzodiazepnicos e o complexo GABA-ionforo cloro so as mais conhecidas. Ambos acoplam-se a pontos especficos do complexo macro-molecular com os quais apresentam afinidade. Os barbitricos com ao hipntica intensificam os efeitos do GABA, provavelmente por aumentarem o tempo que o ionforo cloro permanece aberto, sem contudo modificar a condutncia para esse on61 . Os barbitricos convulsivantes no exercem essas aes63 . Os benzodiazepnicos ao se ligarem a pontos especficos, diferentes daqueles para os quais os barbitricos apresentam afinidade, promovem aumento do fluxo do on cloro, provavelmente por acelerarem a freqncia de abertura do canal respectivo61 . Os benzodiazepnicos so os nicos moduladores que agem no complexo GABA-ionforo cloro que dispem de antagonistas utilizados na prtica clnica64-67 . O flurazemil atua como um antagonista competitivo e, embora tenha sido qualificado como um agonista parcial64 , no homem parece destitudo de atividade agonista, embora apresente39

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efeito anti-convulsivante65 . Essa droga reverte a hipnose e o efeito amnsico dos benzodiazepnicos65 . O etomidato, segundo demonstrao experimental em preparao oriunda de hipocampo de cobaia, tambm intensifica a inibio do GABA clorodependente67 O local de ao do etomidato parece estar intimamente vinculado ao local de ao dos barbitricos. Estudos recentes constatam que o propofol tambm exerce sua atividade depressora atravs de mediao GABA-rgica55,68 . Propriedade anticonvulsivante parece ser um denominador comum aos AV, com exceo da cetamina10,69,70 . A maioria dos barbitricos so capazes de inibir convulses. Contudo, essa propriedade cresce com a presena de um radical fenil, apenso ao carbono 5 como ocorre com o fenobarbital,cuja dose anticonvulsivante inferior quela necessria para promover hipnose71 . Esse fato indica uma dissociao entre o mecanismo de ao da atividade depressora e o da atividade anticonvulsivante71 . Experimentalmente, face proteo dos fenmenos convulsivos desencadeados pelo eletrochoque e pelo pentilenotetrazol em camundongos, o propofol parece ter propriedade anticonvulsivante similar do TS69 . Como a projeo clnica desse resultado um efeito anti-epilptico, e como h suspeitas de crises convulsivas, tipo grande mal, conseqentes ao uso do propofol72 , esse tpico necessita reavaliao. A ao anticonvulsivante dos benzodiazepnicos tambm envolve o complexo GABA-ionforo cloro, j que esses frmacos antagonizam os efeitos da picrotoxina e da bicuculina70 . Todavia, h indcios de que o mecanismo de ao dos benzodiazepnicos diferem, em detalhes, do mecanismo de ao dos barbitricos70 . vlido esclarecer que a atividade relaxante muscular desenvolvida pelos benzodiazepnicos, e ausente em outros AV, deve-se a uma ao central mediada por receptores especficos glicina, situados na medula espinhal70 . Dessa forma, os AV estudados neste trabalho, exceo da cetamina, exercem sua ao farmacolgica sobre o SNC principalmente atravs dos receptores GABAa. No que concerne cetamina, qualificada como um anestsico dissociativo73 , o mecanismo de ao tem sido atribudo a sua interferncia nos nveis de mono-aminas cerebrais74,75 , ao bloqueio de receptores de aminocidos excitadores59 e estimulao de receptores opiides76 . Os estudos com o envolvimento dessa droga com os nveis de noradrenalina, dopamina e serotonina no SNC no tm sido concordantes. H trabalhos que registram elevao dos nveis de dopamina em algumas regies enceflicas75 . Outros no apontam para alteraes

no teor de dopamina e constatam queda na concentrao de noradrenalina cerebral em ratos74 . A sntese de serotonina parece diminuir, significativamente, 4 horas aps administrao de cetamina74 . O efeito anestesia, ao que tudo indica, deve-se interao com receptores NMDA59 , onde a cetamina exerce um bloqueio no competitivo58 , embora a interao com receptores opiides no possa ser descartada. lgico deduzir, pelo que foi exposto, que os AV, agindo em sinapses que se espalham pelo SNC no atuem numa rea restrita desse sistema. tambm fcil compreender que o efeito hipntico dependa, provavelmente, de uma somatria de aes exercidas sobre sinapses inibitrias e excitatrias, ainda que predominem as aes sobre as primeiras e, em especial, sobre o complexo GABAionforo cloro. A cetamina faz exceo, donde se justifica as caractersticas peculiares da anestesia produzida por essa droga.

Duarte DF - Farmacocintica e Farmaco-dinmica dos Anestsicos Venosos Unitermos: ANESTSICOS, Venosos: cetamina, etomidato, midazolam, propofol, tiopental: FARMACOLOGIA: agentes venosos

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FARMACOCINTICA E FARMACODINMICA DOS ANESTSICOS VENOSOS

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