Upload
espiral-do-tempo
View
262
Download
12
Tags:
Embed Size (px)
DESCRIPTION
A revista de quase todos os relógios.
Citation preview
Director: Hubert de Haro • [email protected]
Editor: Paulo Costa Dias • [email protected]
Editor técnico: Miguel Seabra • [email protected]
Design gráfico: Paulo Pires • [email protected]
Jornalista: Cesarina Sousa • [email protected]
Fotografia: Kenton Thatcher • Nuno Correia
Colaboraram nesta edição• Fernando Campos Ferreira• Fernando Correia de Oliveira• Isabel Stilwell• Miguel Esteves Cardoso• Rui Cardoso Martins
Traduções: Maria Vieira • [email protected]
Contabilidade: Elsa Filipe • [email protected]
Coordenação de publicidade e assinaturas Patrícia Simas: [email protected]
Revisão: Letrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos
ParceirosAir France • Belas Clube de Campo • Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro • Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar • Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Montebelo • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo • Hotel Fortaleza do Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotéis Heritage Lisboa • Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas • Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo Golfe • Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts • Portugália Airlines • Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference & Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House • Westin Campo Real
Ficha técnicaCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da em-presa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.
• Digitalização: ZL - Zonelab • Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: trimestral• Tiragem: 52.000 exemplares • Registo pessoa colectiva: 502964332• Registo no ICS: 123890• Depósito legal Nº 167784/01• Venda exclusiva na Livraria Bertrand
Fundador: Pedro Torres
Dizem que os melhores são os primeiros a partir. É verdade.
Pedro Augusto Arrez Torres, administrador do grupo Torres, faleceu em Paris, na noite cinzenta de 17 de Novembro
de 2008.
A revista Espiral do Tempo perdeu o seu fundador e a alta-relojoaria um apaixonado.
Eu, perdi o meu melhor amigo.
Terceiro de três irmãos, teve sempre que lutar para obter algo. Após longos e sucedidos anos na Torres Joalheiros,
na rua do Ouro, saiu para fundar a Torres Distribuição com a ajuda do actual presidente do Grupo, o seu irmão João
Carlos Torres. Em menos de duas décadas, a sua empresa torna-se líder incontestada na importação e distribuição
de relógios de prestígio. Lança e/ou consolida nomes como Audemars Piguet, Franck Muller, Jaeger-LeCoultre,
François-Paul Journe ou TAG Heuer. A obra realizada em tão pouco tempo é imensa e está à altura do marco que
este empresário de sucesso deixará.
Foi grande a tentação de escolher o fundador da Espiral do Tempo para capa desta edição. Quem teve o privilégio
de o conhecer recorda-se de uma imensa generosidade, um sentido do humor por vezes desconcertante e uma
vontade de viver cada momento como se fosse o último....
No entanto, decidimos salientar mais uma grande virtude do Pedro: o pudor. Nunca quis protagonismo na revista
que lançou comigo há quase 10 anos. O Pedro insistia, inclusive, durante as nossas reuniões editoriais, para dar mais
destaque às marcas não representadas pelo grupo Torres. Valorizava a credibilidade da sua Espiral do Tempo.
Vou guardar esta última imagem do dia 21 de Novembro, em Lisboa: dois dos mais brilhantes relojoeiros da era
moderna, Franck Muller e François-Paul Journe, juntos, partilhando a dor da família na última despedida ao nosso
Pedro. Marcaram presença, para além dos familiares e de muitos amigos, a maior parte dos representantes suíços
do sector.
O nosso “bom rebelde” teria gostado imenso.
Disto, tenho a certeza absoluta.
Teria gostado, também, de uma derradeira homenagem:
Enfrentar a crise comprando um dos fantásticos modelos que lhe apresentamos nesta edição da Espiral do Tempo!
Boa leitura e os nossos agradecimentos pela vossa fidelidade.
Il est dit que les meilleurs partent en premier.
La règle se confirme aujourd’hui:
Pedro Torres est mort à Paris, le 17 Novembre 2008, des suites d’une longue maladie.
Nous souhaitons par la présente partager avec le lecteur la douleur d’une perte irréparable mais aussi la mémoire
d’un homme hors du commun.
Pedro aura marqué son temps et les personnes qui auront eu le privilège de le connaître.
Nous nous souviendrons d’un homme profondément bon, aimant la vie, presqu’autant qu’il aimait les
montres, son autre vraie passion.
Son entreprise – TORRES Distribuição – qu’il fonda avec son frère et président du groupe João-Carlos il y a presque
vingt ans est aujourd’hui leader incontesté au Portugal de la distribution de marques de prestige.
Il a su, au fil des ans, défendre inlassablement le bon nom de la haute horlogerie, devenant un des ambassadeurs
les plus respectés de la profession. Tout en gardant ce charme unique et cette gentillesse qui nous manquera
tellement.
On se souviendra aussi du polyglotte unique qui savait toujours trouver le mot juste, dans la langue de son
interlocuteur.
Enfin, il ne cessa jamais d’innover en s’appuyant sur une équipe plurielle, multi-culturelle qui l’aida à faire grandir
“sa petite entreprise” ou encore en fondant la revue Espiral do Tempo, aujourd’hui leader de la communication
horlogère de langue portugaise.
o terrível, não é sofrer nem morrer, mas morrer em vão.
jean-paul sartre
Ce qui est terrible, Ce n’est pas de soufrir ni de mourir, mais de mourir en vain
/ Editorial /
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 11
lisboa
EntrEvista dE capapEdrO LaMY
15leiria
rEpOrtaGEMFaLcÕEs 50 anOs
72porto
EntrEvistapaULO dOs santOs
62
lisboa
rEpOrtaGEMrEssOnÂncia
54
lisboa
sabOrEar O tEMpOspa ritz FOUr sEasOns
102
lisboa
sabOrEar O tEMpOHOtEL HEritaGE LisbOa
104lisboa
prOdUçãO FOtOGráFicaOs sEntidOs da GULa
108tróia
sabOrEar O tEMpOtróia GOLF
106
/ Onde fomos / Edição 31 / Inverno 2008
neste final de ano, rumámos a Genebra onde tivemos a honra de seguir de perto os bastidores dos óscares da relojoaria: o Grand prix d’Horlogerie. de regresso
a Lisboa entrevistámos pedro Lamy. O piloto português é o rosto da nossa capa e revelou estar sempre pronto a desafiar os milésimos do tempo. nesta linha, a
função cronográfica é realmente um instrumento indispensável, pelo que a rubrica Em Foco se centra em cronógrafos de prestígio. Entretanto, a inauguração do
novo espaço Manuel dos santos Jóias levou-nos ao porto para conversar com paulo dos santos, o mais novo dos seus representantes. É claro que, com tantas
voltas, o tempo para descontrair é sempre precioso. por isso, nada melhor do que aproveitar as nossas sugestões e saborear estas últimas semanas do ano em
lugares inesquecíveis.
Sumário
Grande Plano 10
Entrevista de Capa - Pedro Lamy 15
Crónica Miguel Esteves Cardoso 20
Correio do Leitor 22
Crónica Rui Cardoso Martins 28
Crónica Fernando Correia de Oliveira 30
Inovação - Equação do Tempo 30
Breves 34
Reportagens
Ressonância 54
Grande Prémio de Relojoaria de Genebra 58
Entrevista a Paulo dos Santos 62
História - Crash de 1929 66
Falcões 50 anos 72
Técnica
Cronógrafos
Audemars PiguetRoyal Oak Tourbillon Chrono 78
ChopardL.U.C. Chrono One 80
Franck MullerChrono Perpetual Bi-Retro 82
Graham Chronofighter Oversize Black Label 84
Jaeger-LeCoultre AMVOX 2 DBS 86
Montblanc Chrono Email Grand Feu 88
TAG Heuer Grand Carrera Chrono Pink Gold 94
Porsche Design Indicator Pink Gold 90
Raymond Weil Nabucco Cuore Caldo 92
Laboratório Rolex Oyster Perpetual Date 96
Saborear o Tempo
Spa Ritz Four Seasons 102
Hotel Heritage Lisboa 104
Tróia Golf 106
Os Sentidos da Gula 108
Acontecimentos 118
Internet 126
Livros 127
Assinaturas 129
Crónica Fernando Campos Ferreira 130
Prazeres
Genebra
rEpOrtaGEMGrandE prÉMiO dE rELOJOaria
58
/ Onde fomos / Edição 31 / Inverno 2008
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 11
Rolex Awards for Enterprise 2008Florestas de águaA vida de Romulus Whitaker tem muitas histórias para
con tar. Americano radicado na Índia, especialista em
rép teis e realizador de documentários sobre o ambiente
es colheu um percurso diferente ligado à preservação
da natureza. Recentemente, desenvolveu um projecto
de estabelecimento de centros de pesquisa de florestas
tro picais na Índia, com o objectivo de demonstrar a
importância das suas reservas de água para milhões
de pessoas. O projecto de Romulus primou pela diferen-
ça e, por isso mesmo, integrou a lista dos dez vence-
dores da edição 2008 dos Rolex Awards for Enterprise.
A cada dois anos, a Rolex faz uma contribuição monetá-
ria e oferece um relógio Rolex a indivi dualidades de
todo o mundo, pelos seus esforços no sen tido de esti-
mu lar o conhecimento e contribuir para uma melhoria
da vida no nosso planeta. Este programa financia pro-
jectos inovadores em cinco diferentes áreas: Ambiente,
Património Cultural, Ciência e Medicina, Tecnologia e
Ino vação, Ex plo ração e Descoberta.
www.rolexawards.com
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 10
Jaeger-LeCoultre175 anos de mestria relojoeira
O Jaeger-LeCoultre Master Eigth Days Perpetual, série
limitada e numerada de 175 exemplares, integra a colec-
ção comemorativa do 175.º aniversário da Grande Mai-
son. Este calendário perpétuo reflecte todo o savoir-faire
e expressão artística de uma das poucas manufacturas
relojoeiras na verdadeira acepção da palavra. Na frente, o
movimento esqueletizado e, no verso, a ponte 3/4 recor-
tada, de carácter único, permitem contemplar pormeno-
res de um trabalho de mestria só possível de concretizar
pelas mãos de grandes mestres relojoeiros. Da gravura
aos parafusos em ouro rosa, do tambor esqueletizado
à ilusão de esfera que a ponte transmite: um mundo de
excelência. Denominada Master Control – 1833, esta
co lec ção comemorativa é composta ainda por 175
exemplares do Master Minute Repeater, bem como 575
exemplares do Master Grand Tourbillon e do Master Ultra
Thin. Os 175 primeiros números serão disponibilizados
em conjuntos com os quatro modelos num estojo espe-
cial. Em Portugal, esta colecção estará disponível, em
exclusivo, na Ourivesaria Camanga, em Lisboa e na Re-
lojoaria Faria, em Sintra.
www.jaeger-lecoultre.com
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 12
/ Entrevista de Capa / Pedro Lamy
aOs 21 anOs, FOi O sEGUndO pOrtUGUês a acEdEr aO MUndO da FórMULa 1, dEpOis dE UMa dÉcada a
acUMULar vitórias nO aUtOMObiLisMO. HOJE, cOM 36 anOs, sOnHa GanHar as 24 HOras dE LE Mans E
cOnFEssa qUE, apEsar dE Já tEr tidO UM acidEntE GravE, O únicO rEcEiO qUE tEM É O dE nãO andar
tãO dEprEssa cOMO qUEr. a EspiraL dO tEMpO rEvELa-LHE qUEM É JOsÉ pEdrO MOUrãO nUnEs LaMY
viçOsO. pEdrO LaMY, EssE MEsMO.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 15
Lembra-se do seu primeiro triciclo?
Triciclo? (risos) Por acaso recordo-me de que tinha um, mas só muito va- gamente. Da bicicleta e da mota já me lembro perfeitamente. Aos seis anos já corria em motas pequeninas, entusiasmado pelo meu pai.
A sua mãe não o esganou, nem o ameaçou com o divórcio?
Até hoje, não! A iniciativa e o apoio eram do meu pai, mas a minha mãe nunca se opôs. Mas as motas andavam pouco e comecei logo a ganhar no minimotocross e no motociclismo, e as pessoas diziam que eu tinha jeito. Já não havia volta a dar...
Na escola, era um herói?
Vivia na Aldeia Galega, ao pé de Alenquer. Andava na escola pública com miúdos que tinham muito menos do que eu e sempre tive consciência de que era um privilegiado, mas não sentia que olhassem para mim como um herói. Talvez como um tipo com sorte. Até ao dia...
Até ao dia em que...
Em que o filho do nosso mecânico teve um grande acidente, e aí acabaram as motas.
Mas chegaram os carros?
Exactamente. Aos 13 anos já corria em karts, aos 16 anos era campeão nacional de karting e aos 17 anos de Fórmula Ford.
É evidente que é preciso ter condições económicas para entrar neste mundo,
mas o que é que distingue um piloto que pode ir longe?
Alguém que não tenha medo. Não se pode ter medo. Para além da vontade de praticar e persistência. Depois, há uma percentagem de talento natural, não sei definir, mas sei que uns conseguem logo demonstrar resultados e outros não. Ah, esquecia-me de que existe uma outra coisa fundamental...
Que é?
O bicho da competição. O querer mesmo, mesmo, vencer.Que eu tinha e ainda tenho.
Mas se não tivesse sido corredor de automóveis, o que é que desejava ter sido?
Não sei. Talvez engenheiro mecânico, mas para isso teria de ter sido melhor aluno e voltar à escola. Nunca chumbei, mas era de suficientes e rezava para que a escola acabasse.
Tirou a carta de condução no dia em que fez 18 anos?
Para dizer a verdade, no dia em que fiz 18 anos já a tinha na mão... Con-segui obtê-la uns meses antes dessa data, porque precisava dela para ir correr numas provas a Inglaterra e integrar a equipa de Fórmula Ford que esta- giava lá. Interrompi o 12.º ano, mas passei com as notas do primeiro perío-do. Não sei se isso ainda é possível, mas a mim soube-me mesmo bem.
Era a primeira vez que estava sozinho, longe da família, que já percebi que
funcionava muito em clã?
Julgo que a experiência de um mês de inter-rail que tinha feito aos 16 anos com outros pilotos de kart, e que constituía então a mais fantástica experiência de liberdade, me ajudou a encarar com optimismo os primeiros
tempos em Inglaterra. Sinceramente, não me custou muito, porque estava tão entusiasmado por pertencer a uma equipa daquelas, que tudo o resto me parecia secundário.
Aí sentiu que já estava definitivamente no bom caminho, que ia ser piloto de
alta competição?
Não, nunca tive a segurança de dizer «Ah, esta é a minha profissão para sempre». Aqui em Portugal o meu desempenho era francamente bom, mas como seria contra estrangeiros – seria capaz? E durante quanto tempo? Estas questões põem-se sempre, ainda hoje. Encarava tudo como experiên-cias. Naquele tempo, sabia que, se não corresse bem, voltava para a escola…
As primeiras provas correram bem?
Venci a Taça das Nações em Fórmula Opel e o campeonato europeu de Fórmula Opel/Lotus. Comecei então a ter mais confiança, afinal só tinha 19 anos, era dos mais novos, tinha competido contra os melhores e ven-cido. Depois, vai-se passando de categoria em categoria...
Até à Fórmula 1?
Até à Fórmula1, que é o ponto mais alto de uma carreira de piloto de au-tomóveis. Cheguei ao topo com 21 anos, em 1993, e tenho orgulho nisso.
O primeiro Grande Prémio em que participou foi em…?
Em Itália. Tenho a memória desse dia ainda muito viva. Treinei pouco, estar ali já era realizar um sonho, mas tinha muito pouca experiência. Lem-bro-me de estar assustado...
Assustado, com medo de um acidente?
Não, não, de maneira nenhuma. Isso nem me passava pela cabeça, nunca passa. Do que tinha medo, e ainda tenho, é de não andar tão depressa como quero. É o receio de falhar.
Um dia os medos do seu avô aconteceram. Em 1994, teve um acidente
enorme. Pensou: «Pronto, já está!»?
De maneira nenhuma. Nunca se está à espera de um acidente e quando acontece é tudo tão rápido que não se pensa nada. Mas nesse desastre parti, de facto, as duas pernas e estive meses sem andar e outros tantos em fisioterapia, mas não perdi a vontade de voltar a competir. O meu último GP só foi em 1996, dois anos depois, no Japão. Nessa altura, já tinha par-ticipado em quatro épocas, e 32 Grandes Prémios, ao volante da Lotus e da Minardi. E já tinha pontuado no GP da Austrália em 1995.
O efeito das vitórias é completamente inebriante?
As vitórias são muito boas. É por elas que damos tudo, mas são muito curtas. As derrotas são mais difíceis de gerir e muito mais duradouras. Felizmente tenho tido muitas das primeiras...
O meu relógio das corridas
Quando se passa tanto tempo a velocidades tão grandes, vive-se mais, tem-se
a sensação de viver mais intensamente?
O tempo é fundamental, o tempo contado aos milésimos de segundo. No momento de uma prova, vive-se, de facto, intensamente.
16 / Espiral do Tempo 31 / Entrevista Pedro Lamy
Os meus pais, mesmo que o pensassem, sabiam que não podiam pedir nada, era tarde
demais para isso. Mas o meu avô, apesar de ser aventureiro e de gostar imenso de
carros, oferecia-me dinheiro para eu deixar de correr.
Usa algum relógio nas provas?
Usava sempre um relógio Ferrari, fininho, pequenino, que os meus pais me ofereceram ainda era eu muito miúdo. Chamava-lhe «o meu relógio das corridas», e punha-o sempre, quase como um amuleto. Sem ele sentia-me inseguro. Mas esta superstição já passou e hoje não uso relógio no pulso quando estou dentro do carro. Mas tenho o meu Ferrari religiosamente guardado. Talvez para o dar a um dos meus filhos – tenho dois rapazes ainda pequenos.
Um dia abandonou a Fórmula 1, mas continuou a competir. Se os GP são o
clímax, sentiu que os ponteiros estavam a voltar para trás?
A competição é feita de bons momentos, e os melhores de todos são as vitórias. Não importa muito em que categoria. O importante é ser o mais rápido contra os adversários que temos no momento. Sabe tão bem vencer em Fórmula 1 como numa prova de resistência. Logo depois, fiquei em quarto na final do Le Mans, o melhor lugar de sempre obtido por um piloto português. Em 1998, conseguia o primeiro título de velocidade para Portugal. E depois, tudo depende do carro. Tudo o que se quer é um bom carro. Se possível, o melhor. Quando se tem o melhor carro, seja em que categoria for, o gozo da experiência está garantido.
Sente que agora tem essas condições?
Agora tenho a melhor equipa e estou integrado na maior estrutura em que já estive. E tenho ainda muita ambição.
Trazer a Fórmula 1 para Portugal
Inaugurou há semanas o autódromo do Algarve. Gostou do que viu?
O autódromo do Algarve é espectacular. É dos melhores do mundo, não só pelas infra-estruturas como por ter um traçado interessante, com curvas iguais às que marcam noutros circuitos.
Uma das críticas que é feita é de que corre o risco de «ficar às moscas», como o
estádio do Euro. Considera que há esse risco?
Julgo que a Fórmula1 era importante para Portugal, em termos turísticos. Julgo que vai ser possível fazer provas do GP no Algarve. O autódromo do Estoril já está muito limitado, tem pouco espaço, embora ainda seja pres-tigiado, sobretudo por causa do GP de Motas, que é um pólo de atracção forte. Mas é claro que, para criar o hábito de ir a provas, é preciso ir tendo corridas ao longo do ano, nomeadamente corridas de teste. É preciso que os portugueses aprendam de novo a gostar do desporto automóvel.
Diz «de novo». Portugal já foi mais interessante para o automobilismo?
Não há muito dinheiro em Portugal para investir no automobilismo, e também não há campeonatos com peso internacional. Acho que o esfor- ço de recuperar o Rally de Portugal é fundamental, e o ACP está a fazer um bom trabalho nesse sentido. Era uma prova muito popular e muito forte.
Temos jovens pilotos com futuro?
Hoje, é mais fácil uma carreira no automobilismo, mesmo para um piloto português, porque as grandes equipas, até por uma questão de custos, estão dispostas a investir em jovens sem muita experiência, mas que podem vir a ser as grandes revelações. Mas continua a ser preciso ter talento e per-sistência, porque não é fácil vencer em todas as categorias e continuar por aí acima.
Diz-se, também, que hoje os carros fazem tudo…
Mas não é verdade. De facto, os carros são cada vez mais sofisticados, com programas computadorizados que ajudam imenso, mas o talento e a ca-pacidade de correr riscos, continua a ser o que faz a diferença. Além disso, por serem mais sofisticados, os carros, sobretudo os de Fórmula 1, são mais difíceis, exigem uma maior formação dos pilotos. Em Portugal, Álvaro Parente e Filipe Albuquerque, por exemplo, têm todas as hipóteses.
Qual é a velocidade máxima de um carro de Fórmula 1?
Os 320/330 km/h. No Le Mans são 340 km/h. Mas depende das curvas, porque é obvio que a velocidade nas rectas tem de ser dominada nas curvas. Os novos pneus ajudam muito e a evolução é constante. Onde se vê daqui a dez anos?
A correr. Vou correr até ao mais tarde possível. Tenho 36 anos e há muitos pilotos que são óptimos e correm até aos 50, 50 e picos. Depois sei que estarei ligado aos carros, sempre.
E treinador e manager dos seus filhos, como o seu pai foi seu?
Se eles quiserem correr. O mais velho já tem mota.
Qual a competição que ainda quer vencer?
As 24 Horas de Le Mans. É uma das três maiores corridas do mundo, e tenho possibilidade de vencer uma delas. Aliás, já venci as 24 Horas de Nürburgring, e no ano passado fiquei em segundo no Le Mans, em que já participei cinco vezes. A sério: é o meu grande sonho.
Não tenho grande percepção do tempo. Há pilotos que dizem que têm, não sei se têm ou não, mas eu não. Apesar de tudo, consigo
ter a consciência, no final de uma volta, se correu bem ou menos bem.
18 / Espiral do Tempo 31 / Entrevista Pedro Lamy
a coisa que mais enerva quem está a en-
velhecer – e, escusando as fitas, quem
não está? – é a sensação de que o tem-
po passa mais depressa quanto mais
velho se vai ficando.
a medida-padrão deste incómodo é uma batota,
porque é das primeiras coisas boas que se perdem
quando se cresce: as férias grandes. quando se é
pequeno, as férias grandes nunca mais chegam. O
tempo de espera é uma insuportável eternidade.
depois, quando chegam, parecem mesmo grandes.
Às vezes até – embora inconfessavelmente – grandes
de mais. Mas não dura muito tempo essa sensação
deslumbrante de três meses parecerem mesmo um
mês inteiro; depois outro e, depois desses dois, ainda
mais um mês inteiro.
Um dia – mesmo aos mais novinhos – chega a
sensação melancólica das férias terem passado num
instantinho. Esta é a maneira pouco subtil que tem a
vida de gritar no cerebrozinho dos meninos: «para-
béns zezinho – estás a ficar velho!»
É nesses fins de tarde de setembro, em que já
está um bocadinho de frio – pois, o frio da velhice, nem
menos – que uma criança de sete anos pode sentir-se
um pré-cota em estado avançado.
qualquer pessoa com 70 anos pode simpatizar
com tal desolação. com a mesma incompreensão
da maneira como o tempo passa. parece acelerar e
ganhar balanço à medida que avança. O que é depri-
mente quando se sabe o que nos espera no fim da linha.
no entanto, há uma razão muito simples para
explicar esta sensação. basta usar uma pitada de arit-
mética. quando se tem sete anos e se quer uma mota,
a resposta que se obtém, na melhor das hipóteses,
é «no dia em que fizeres 14 anos, oferecemos-te
a mota.»
O queixume da criança será «Mas ainda falta tanto
tempo!», e a resposta instantânea e insensível dos
pais é sempre «vais ver que sete anos passam num
instantinho.» E, para serem ainda mais irritantes, o
pai olhará para a mãe com olhos de garoupa enevoada
e as sobrancelhas a repicar a velha cançoneta «para
onde foi a nossa juventude?»
se ainda se quiser chatear mais o miúdo, poderá
haver por perto um avô que acrescente em voz leve:
«Olha, andré – para tu fazeres uma ideia de como o
tempo passa depressa, juro-te que ainda parece que
foi ontem que a tua mãe me telefonou a dizer que
tinhas nascido. Foi há sete anos e parece que foi
ontem! É verdade!» (Já toda a gente se foi embora,
mas ele continua a repetir sozinho «É incrível!» e
«Ouve bem o que eu te digo!»)
perante matemáticas destas, é um milagre não
haver mais suicídios infantis. pois é: chegou a altura
de fazermos contas à vida. basta uma pitada de arit-
mética para perceber.
a criança, já se sabe, tem sete anos. suponhamos,
para simplificar, que os pais têm 35 anos e que o avô
tem 70. À superfície, parece que os sete anos que é
preciso esperar até o miúdo ter 14 são os mesmos,
porque um minuto é um minuto para toda a gente, seja
qual for a idade.
só que não é assim. O tempo é sentido de maneira
diferente por cada um e é essa percepção – e a dife-
rença entre as várias percepções de pessoas diferen-
tes – que é importante.
Mas não é por isso que passa a ser inteiramente
subjectivo, para podermos encolher os ombros e irmos
todos para casa. vejamos então: o que são sete anos
para um ser com sete anos de idade? É a vida inteira.
quando lhe pedem para esperar sete anos, estão a
pedir-lhe que espere todo o tempo que conhece, mais
aquele todo de que não se lembra sequer, quando era
tão pequeno que era um esquecido a tempo inteiro.
para quem tem sete anos, sete anos são 100
por cento da vida. É, de facto, uma eternidade. para
os pais, porém, sete anos é apenas 1/5 da vida; uns
meros 20 por cento. se tirássemos sete anos aos pais,
eles ficavam (todos contentes) com 28 aninhos. se
tirássemos sete anos ao petiz ele não teria chance de
se mostrar feliz ou triste com a subtracção: deixaria,
muito simplesmente, de existir.
quanto ao colaboracionista do avô, que tem 70,
sete anos são uns míseros 10 por cento. até como
/ Crónica / Miguel Esteves Cardoso
20 / Espiral do Tempo 31 / Crónica Miguel Esteves Cardoso
desconto é uma miséria. É uma desconsideração pelo
cliente. para o avô, sete anos é apenas um décimo do
cansaço existencial. subtraem-se e ainda fica com 90
% do cansaço – o que já é cansaço que chegue, mesmo
para os mais chateados.
assim se vê que dizer a um miúdo de sete anos
para esperar sete anos produz a mesma sensação afli-
tiva que teria um homem de 35 anos se lhe dissessem
que teria de esperar 35 anos para trocar de automóvel.
Ou, na farmácia, a um homem de 70 que o viagra esgo-
tou mas que se está à espera de uma nova remessa
para daqui a 70 anos, chegando, o mais tardar, em Ja-
neiro de 2079.
se virmos as idades como fracções, é mais fácil
ver como aumenta a velocidade do tempo à medida
que envelhecemos. com sete anos, sete anos é 1/1. É
a vida inteira. com 14 anos, sete anos é 1/2: é metade.
com 28 anos é 1/4: é um quarto. com 56 anos é 1/8:
um oitavo. com 70 anos é 1/10: um décimo. com 84
anos é 1/12 avos e, graças aos progressos da medici-
na, com 98 são 1/14 avos.
agora, para ver a velocidade, basta acrescentar
um zero ao número de baixo. com sete anos, o tempo
avança muito devagar, a 10 quilómetros por hora. com
14 anos, a velocidade sobe para o dobro – 20 à hora –
mas continua a ser muito lenta.
saltemos já para os 56 anos, para ver como ace-
lera. Já se vai a 80 à hora – o suficiente para ficar feito
em fanicos, caso se embata numa árvore. com 84 anos
já se atinge o máximo permitido nas auto-estradas:
120 à hora. É uma velocidade estonteante.
a velocidade normal de cruzeiro – a do meio da
vida, aos 42 anos – é de 60 à hora. até aos 42, anda-
se mais devagar do que a média (apesar de já ser de-
pressa de mais para os gostos dos clientes). E a partir
dos 43, já se sabe: é sempre a acelerar.
como o destino desta viagem é a morte, aí se tem
o problema principal da vida: o tempo acelera quanto
menos tempo falta para viver. até parece que o sacana
se precipita a maior velocidade por pressentir que está
perto a meta desejada. por outro lado, para quem tem
ódio a estas acelerações vertiginosas, a morte tem
uma coisa de muito bebé: é mais lenta do que o mais
recenzinho dos recém-nascidos.
do que precisamos é de uma tabela de equivalên-
cias, para as pessoas de idades diferentes perceberem
a pressa ou o vagar umas das outras.
Os pais de 35 anos deveriam perceber que estão a
pedir ao filho que espere 35 anos para receber a mota.
E deveriam comportar-se com o pesar que a extensão
de tal período merece, em vez de anunciar frivola-
mente que o tempo passa num instantinho.
por outro lado, o puto ranhoso de sete anos, ao le-
var, pela enésima vez, com os queixumes do avô de 70
acerca da rapidez da passagem do tempo (coisa que
contrasta com o facto de ele passar a vida sentado no
sofá, como se o tempo tivesse parado), tem de com-
preender que o raio do velho é um herói que vai lança-
do a cem à hora numa viatura perigosíssima – o sofá
– que foi fabricada para não exceder um milímetro por
hora.
se a velocidade da vida não variasse – e acelerasse
como acelera – quem nos diz que seria suportável?
andar a vida toda na mesma monótona marcha não
será pior do que o esquema actual? – Mal por mal, não
valerá mais a vida que temos e o tempo passar como
passa?*
m.e.C.
* É uma pergunta-truque, claro. depende da idade de
quem responder!
« assiM sE vê qUE dizEr a UM MiúdO dE sEtE anOs para EspErar sEtE anOs prOdUz a MEsMa sEnsaçãO aFLitiva qUE tEria UM HOMEM dE 35 anOs sE LHE dissEssEM qUE tEria dE EspErar 35 anOs para trOcar dE aUtOMóvEL. OU, na FarMácia, a UM HOMEM dE 70 qUE O viaGra EsGOtOU Mas qUE sE Está À EspEra dE UMa nOva rEMEssa para daqUi a 70 anOs, cHEGandO, O Mais tardar, EM JanEirO dE 2079 »
TABELA DOS 7O qUE sãO 7 anOs cOnFOrME a idadE
idade
7 anOs
14 anOs
21 anOs
28 anOs
35 anOs
42 anOs
49 anOs
56 anOs
63 anOs
70 anOs
77 anOs
84 anOs
81 anOs
98 anOs
fraCção
1/1
1/2
1/3
1/4
1/5
1/6
1/7
1/8
1/9
1/10
1/11
1/12
1/13
1/14
veloCidade
10 KMs/H
20 KMs/H
30 KMs/H
40 KMs/H
50 KMs/H
60 KMs/H
70 KMs/H
80 KMs/H
90 KMs/H
100 KMs/H
110 KMs/H
120 KMs/H
130 KMs/H
140 KMs/H
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 21
Obrigado pela revelação. Trata-se de um site de coleccionadores particular-
mente interessante para um modelo muito especial na história da marca. Foi
o próprio Jack W. Heuer, que já tinha lançado a versão ori ginal na década
de 60 com a inconfundível coroa à esquerda, que supervisionou a reedição
de 2002 – formada não por dois, mas por três modelos: para além dos mod-
elos bicompax que tem, houve ainda uma edição especial em ouro rosa com
mostrador opalino de três submotradores! O Autavia é um relógio original
com muito carisma e que tem um tamanho ideal, à volta dos 43 milímetros
de diâmetro; em fotografias ou na montra não revela a mesma força que
apresenta quando usado no pulso e fica melhor com correia de pele do que
com a bracelete metálica. A coroa à esquerda é propositada e tem uma
razão muito específica: aquando do lançamento do primeiro cronógrafo au-
tomático, numa corrida que o consórcio TAG Heuer/Breitling/Leónidas travou
com a Zenith, Jack Heuer achou que o novo calibre Chronomatic deveria ser
imediatamente reconhecido a partir do exterior – daí a arquitectura do
mecanismo contemplar botões à direita e a coroa à esquerda, de modo
a estabelecer uma óbvia diferença relativamente aos cronógrafos mecâ-
nicos de corda manual. Curiosamente, também a Breitling lançou re-
centemente uma reedição do seu modelo Chronomatic de 1969 com coroa
à esquerda.
SAUDOSISTAS DO AUTAVIAComo apreciador de um particular modelo da TAG Heuer que foi reeditado e que já não faz parte
do catálo go, venho alertar-vos – e informar os leitores interessados – para um site que lhe é dedi-
cado: www.Heuerautavia.com. Tenho dois Autavia originais de 1969 e 1970, para além das duas
reedições (mostrador branco e preto) que a TAG Heuer lançou em 2002.
PEDRO MIGUEL ALVES, CARCAVELOS
Não é a primeira pergunta que nos é endereçada relativamente ao esta-
tuto de Franck Muller no seio da empresa com o seu nome, mas podemos
afirmar que há alguns anos a questão seria pertinente – mas actualmente
já não é. A sociedade Watchland, que concebe e produz os relógios Franck
Muller (para além de outras marcas), foi fundada por dois sócios que entra-
ram em divergência há seis anos: o investidor Vartan Sirmakes e o mestre
relojoeiro Franck Muller. Seguiu-se um período em que ambas as partes
expuseram as suas ideias tendo em conta o futuro da empresa e chegou
mesmo a haver uma ruptura, mas a produção dos relógios nunca parou,
tal como não parou a apresentação de novos modelos ou complicações.
Franck Muller optou por se afastar e encetar uma batalha judicial, mas as
duas partes chegaram a um entendimento e o genial mestre genebrino
reintegrou a estrutura de Watchland – tendo depois disso visitado várias
vezes Portugal em representação do grupo, como no lançamento da edi-
ção limitada ‘Pride of Portugal’ na Torre de Belém em Julho deste ano,
celebrando mesmo em Lisboa o seu 50º aniversário. O vídeo do evento
pode ser encontrado em www.torresdistrib.com.
FRANCK MULLER CONTINUANuma tertúlia de aficionados, foi-me dito com alguma veemência que
Franck Muller já não tem nada a ver com a marca com o seu nome. Essa
notícia confirma-se ou é um boato sem fundamento?
PAULO VAz MOUTINHO – VIA E-MAIL
/ Correio do Leitor
22 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
/ Correio do Leitor
A diferença não tem a ver automaticamente com a qualidade do mecan-
ismo ou do relógio. Há casos em que o salto da data é feito num ápice.
Mas também é normal se o tempo que demora para a mudança da data
for de escassos minutos, porque se for de mais de uma hora é necessário
proceder à sua regulação.
Quanto ao momento da mudança, há modelos que têm um câmbio de data
impreterivelmente à meia-noite, outros não têm a mudança tão sincroniza-
da; há também modelos assentes em calibres mecânicos menos recentes
em que o processo de mudança de data se ‘arrasta’ lentamente durante
quase duas horas – claro que, nesses casos, a mudança não é instantânea…
mas a lentidão do processo até pode não ter a ver com a qualidade do
calibre, e sim com a antiguidade do mecanismo. Para uma avaliação
mais apropriada, consulte o seu relojoeiro com a apresentação dos modelos
em questão.
O SALTO DA DATATenho na minha colecção vários modelos de relógios mecânicos e, nalguns deles,
a data muda instantaneamente por volta da meia-noite; noutros, até em mode-
los mais recentes, a data demora algum tempo para mudar desde antes até
bem depois da meia-noite. Gostaria de saber se essa diferença tem a ver com a
qualidade do relógio.
BERNARDO MARQUES, PORTO
Agradeço o envio sempre muito apreciado da vossa revista Espiral. Leio
os artigos e fico bem informado sobre o que se passa na industria relo-
joeira. Pena tenho em não poder comprar todos os modelos, ou então
alguns deles. Eu mesmo possuo um Rolex Oyster de 1968 (aço e ouro
branco), um Tissot T12 dos anos 50, e em 2004 adquirí um Omega
Speedmaster Snoopy (foi a série especial dedicada à Apollo 13).
O que sinto falta na revista são artigos e reportagens temáticas. Por
exemplo e para ficar no tema, uma história sobre como nasceu o
Speedmaster NASA version, a versão russa que foi desenvolvida para
combater a Omega, e marcas que participam de grandes feitos sub-
marinos, nas alturas, em temperaturas extremas, etc.
Tenho a impressão que do grande público que gosta de receber a
Espiral, uma ou outra matéria de cunho mais profissional/histórico
poderia ser interessante.
Um assunto interessante seria a história do modelo Santos da Cartier,
e vários outros relógios que foram inventados para uma tarefa mas
que depois transitaram para sererm ícones de marca, como o Oyster
da Rolex, o Speedmaster da Omega, o primeiro Flight da Breitling, e
tantos outros.
Espero que eu possa ter dado uma contribuição para que a revista
continue a ter a imagem que tem.
Melhores cumprimentos, Thomas Scheier
SUgESTõES RELOjOEIRAS
Um bom conselho de limpeza é a utilização de uma esponja auto-brilhante
para sapatos, fornecendo alguma viscosidade à superfície. Sublinhe-se que
uma boa bracelete de borracha vulcanizada utilizada por marcas prestigi-
osas não deve ser confundida com braceletes utilizadas em relógios mais
baratos de quartzo que parecem ser de borracha, mas que na verdade são
feitas à base de matérias plásticas ou derivados de silicone. Na verdade,
quando a borracha começou a ser pela primeira vez associada a relógios
mecânicos de prestígio, tamanha ousadia foi quase encarada como um
sacrilégio em certos sectores; hoje em dia, a sua utilização está generaliza-
da, promovendo uma auréola de irreverência muito especial em relógios
de marcas tão históricas como a Patek Philippe ou a Audemars Piguet. Há
mesmo marcas que assentam toda a sua filosofia estética em braceletes
de cauchu, como a Porsche Design ou a Hublot. As melhores escuderias
optam mesmo por desenvolver uma mistura ideal de borracha natural
com outros materiais para a obtenção de braceletes de qualidade a toda
a prova. Robustas, anti-alérgicas e maleáveis, as braceletes de borracha
vulcanizada não são condutoras de calor como as de metal nem tão
caras, embora a sua concepção até seja onerosa devido ao elevado preço
dos moldes de injecção para a sua feitura.
BORRACHA OMNIPRESENTETenho notado um cada vez maior uso de braceletes de borracha na
alta-relojoaria ou modelos de prestígio. Há uns anos, até achava que
se tratava de uma matéria menos nobre, mas tenho vindo a mudar
de opinião e comprei recentemente um TAG Heuer Carrera Tachymeter
Racing. Após algum uso, a borracha fica ligeiramente acinzentada e gos-
tava de pedir conselhos sobre a sua limpeza.
PAULO FALCãO, VIA E-MAIL
22 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
« UM aMiGO MEU vEiO dE itáLia Há dias, vEiO intriGadO cOM as ExcUrsÕEs dE cEGOs JapOnEsEs qUE vãO vEr – É a paLavra cErta EntrE Os cEGOs – Os paLáciOs dE rOMa, EM visitas GUiadas qUE dUraM HOras »
«a alemanha declarou guerra à rússia.
Fui à piscina de tarde», escreveu
Franz Kafka, no início de agosto de
1914, talvez a mais curta e discutida
entrada do seu diário. Mostra a grandeza do homem —
temos de continuar a nossa vida e preparar-nos para a
guerra — ou mostra que o grande homem não queria
saber da realidade e da guerra?
a forma como os artistas organizam o tempo tem sido
uma das maiores tarefas dos seus biógrafos. Leonar-
do da vinci não deve ser dado como exemplo. Ele ul-
trapassa todos, desde que o primeiro hominídeo se
ergueu nas patas traseiras até hoje de manhã. Mas
onde arranjou tempo para fazer o que fez? pintor
insuperável, escultor, cientista, matemático, anato-
mista, dissecador de cadáveres furtados no cemitério,
desenhador de entranhas, inventor muito à frente do
seu tempo e, dizem até, ginasta na juventude. dentro
de todas estas funções, e quando se dedicou à arte da
guerra, teve tempo para desenhar artefactos que não
fazem sentido: uma carroça de combate apetrechada
de lâminas em rotação que, se fosse construída, tanto
cortava as pernas dos cavalos do inimigo como as per-
nas dos nossos cavalos. Leonardo sabia o que estava
a fazer, claro, mas divertiu-se com a ideia.
Kafka passou a maior parte da curta vida (morreu aos
41 anos, de tuberculose) a escrever, várias horas por
dia, longas cartas às noivas, esposas sempre adiadas,
queixando-se de que não tinha tempo para escrever
as suas obras. no entanto, segundo aprendi com a sua
biografia (a de nicholas Murray), o escritor de praga,
ao contrário do que estava sempre a lamentar, foi um
alto funcionário consciencioso e bem cotado na firma
de seguros que o contratou. só começou a faltar aos
deveres quando ficou muito doente. Gostava de se
divertir. quando leu aos amigos a Metamorfose, a
história de um pobre homem transformado em barata,
riu às gargalhadas. Outra pista: na sua viagem a Milão,
o dr. Kafka despachou a catedral como «um pouco
cansativa», comparada com as atracções do bordel
al vero Eden. Estava habituado, de resto, a estes es-
tabelecimentos, e escreveu: «Em casa, era com as ra-
parigas de bordel alemãs que perdia o sentido da sua
própria nacionalidade por uns momentos, aqui era com
as raparigas francesas». O sentido da nacionalidade é
uma boa expressão para a coisa, mas como se pode
menosprezar a catedral de Milão? diante do duomo,
fechei os olhos e senti o peso magnético da catedral.
Um amigo meu veio de itália há dias; veio intrigado
com as excursões de cegos japoneses que vão ver – é
a palavra certa entre os cegos – os palácios de roma,
em visitas guiadas que duram horas.
num conto de raymond carver, alguém pergunta como
é que se descreve uma catedral a um cego. se bem me
recordo da história, como fica o cego a saber o que é
exactamente uma catedral, não apenas a sua ideia
Há uma maneira, imagino eu: é o cego ir lá. Mas,
como isso não chega, é preciso, antes da viagem, ler
tudo sobre ela, metro a metro, canto a canto, e saber
quantos séculos demorou a fazer, e quando e porque
a começaram, e a quantos quilómetros foram buscar
a pedra, e com quantos homens e carroças e gerações
de animais só para isso, e que discussões teológicas
houve sobre a sua geometria sagrada, se, no desenho
final, ganhou a figura do quadrado ou a do triângulo da
santíssima trindade, quantas guerras e fomes se de-
ram por sua culpa, quantos operários caíram dos seus
andaimes e morreram ou ficaram paralíticos, quantas
famílias de escultores, avô, pai, neto, não esculpiram
mais nada na vida.
depois, é preciso viajar até à catedral e lá, na penum-
bra branca da pedra, agarrar as colunas e seguir o ca-
lor das velas acesas e do gelo do mármore, da folha de
ouro das molduras e das pilastras, se possível, ainda,
com um organista tocando bach em tubos metálicos
cem vezes maiores do que flautas, e tocar na catedral
como imagem celeste na terra, que tenta aproximar-
-nos da glória de deus...
se calhar imaginei tudo mal.
como dizia Kafka, «eu sou um fim ou um princípio».
isto teve um princípio e agora tem um fim.
/ Crónica / Rui Cardoso Martins
28 / Espiral do Tempo 31 / Rui Cardoso Martinsv
O “princÍpE anarqUista” iiipiOtr KrOpOtKin
rrelatámos nos dois últimos artigos, como
o nobre russo Kropotkin se tornou anar-
quista ao conviver com as comunidades
relojoeiras do Jura suíço. rematamos
estes escritos dedicados ao autor de a conquista do
pão com um episódio pouco conhecido: a sua frustra-
da viagem a portugal.
na primeira página de a capital, de 26 de dezembro
de 1912, publicava-se, com grande destaque, uma
notícia: o príncipe dos anarquistas, Kropotkin, «um
apóstolo dos oprimidos», preparava-se para, a convite
dos seus camaradas portugueses, vir «aquecer a sua
velhice ao sol da nossa terra».
a notícia, assinada por ‘Ego’, informava: «que vem aí
Kropotkin, passar uns meses na doce temperatura da
nossa terra. Os seus 70 anos mal podem já suportar
as invernias de Londres, as neblinas daquela atmos-
fera baça e enregelada. precisa de aquecer um pouco
a sua velhice ao calor deste claro sol – deste sol que
é o amigo de todos os deserdados que ele defende,
ensinando os seus direitos e encorajando-os para a
grande luta que lhes há-de trazer a vitória definitiva.
na intransigência firme dos princípios, no desprendi-
mento que o arremessou há mais de 30 anos para as
lutas de propaganda, ele adivinha esse dia redentor
em que no mundo deixará de haver famintos, oprimi-
dos, escravos de todos os preconceitos e vítimas de
todas as superstições. que vem aí Kropotkin...»
depois, dava-se conta da biografia do pensador revolu-
cionário e rematava-se: «... até hoje, o esforço da sua
propaganda não afrouxou um momento, inteiramente
entregue o seu espírito ao trabalho da emancipação
dos oprimidos. no dia em que completou 70 anos,
de todo o mundo lhe chegaram cartas e bilhetes de
cumprimentos, a traduzir a solidariedade fraternal de
algumas centenas de milhares de camaradas. precisa
abandonar alguns meses a sua residência de Londres
para fugir aos rigores do inverno, que a sua velhice,
doente e cansada, já não pode suportar. Estamos
certos de que ninguém deixará de ver com simpatia a
iniciativa dos anarquistas portugueses: trazer o velho
Kropotkin para o sol da nossa terra…».
a viagem não chegou a realizar-se, mas as ideias de
Kropotkin já há muito que eram conhecidas em portu-
gal. principalmente por influência do geógrafo francês
Elisée reclus (1830-1905), membro da comuna de
paris, refugiado na suíça a partir de 1871, onde viria
a fazer amizade com o príncipe russo. reclus, autor
da monumental ‘nouvelle Géographie Universelle’, em
19 volumes, pai do moderno regionalismo ecológico,
foi também uma espécie de pai do anarquismo portu-
guês. influenciou históricos do movimento anarquista
luso como silva Mendes, Emílio costa, João antónio
cardoso ou antónio José de ávila.
reclus, esse sim, visitou portugal em 1886, em
viagem de estudo para os seus trabalhos geográfi-
cos, aproveitando também para contactar o incipiente
movimento anarquista português em Lisboa e no por-
to, incentivando-o a organizar-se. as primeiras obras
de Kropotkin foram traduzidas em portugal por sug-
estão de reclus, que prefaciou algumas delas, como
‘a conquista do pão’.
das suas impressões sobre portugal, reclus haveria
de escrever: «a ignorância em que vivem os portu-
gueses em meados do século xix assemelha-se à dos
seus vizinhos marroquinos, ao sul do algarve. nos
distritos do norte, de viana do castelo, de braga e de
bragança, uma rapariga que saiba ler constitui um ver-
dadeiro fenómeno».
de qualquer modo, e no espírito da ‘reserva índia’ com
que, ainda hoje, muitos intelectuais continuam a olhar
para portugal, reclus maravilha-se com o facto de «os
analfabetos portugueses serem tão diferentes desses
camponeses quase instruídos, mas grosseiros, da Eu-
ropa do nv orte, pois sabem discutir com moderação,
falar com elegância e improvisar em versos onde não
faltam a métrica, o ritmo, nem a verdadeira poesia».
30 / Espiral do Tempo 31 / Fernando Correia de Oliveira
Adequação do gráfico da lei do período de
Kepler a uma base de 360 graus.
A lei dos períodos de Johanes Kepler (1571-1630), baseada
nas suas observações diárias, permite estabelecer a curva
anual da diferença entre as horas solar e legal.
32 / Espiral do Tempo 31 / i-novação
O Jules Audemars Equação do Tempo é uma demonstração da superlativa com-petência da casa Audemars Piguet – um astro da relojoaria que brilha sem igual, reunindo de maneira inédita a indicação do nascer e pôr-do-sol, a resolução da equação do tempo e a eternidade do calendário perpétuo com lua astronómica.
A prestigiada colecção da Audemars Piguet inclui uma obra-prima de pulso que representa uma
inovação sem paralelo no universo relojoeiro e que
é reminiscente de três grandes criações de bolso da
marca: uma do final do século XIX, uma de 1925 e
outra de 1928. O Jules Audemars Equação do Tempo
é um relógio automático dotado de indicadores
separados para as horas do nascer e do pôr-do-sol,
de um indicador de equação do tempo que revela a
diferença entre o tempo oficial e o tempo solar real
e de um calendário perpétuo com indicação das
fases da Lua e dos anos bissextos – e que pode ser
devidamente personalizado para qualquer localidade
em Portugal.
Para um modelo de tão elevado pedigree, a histórica
manufactura de Le Brassus conseguiu conceber um
fabuloso mecanismo (o Calibre 2120/2808) de apenas
28 milímetros de diâmetro e 5,35 de espessura, que
alberga 423 peças – uma das quais apresentada
em diversas alternativas. É que a luneta de origem
apresenta o nascer e o pôr-do-sol com uma precisão
notável no local da nossa escolha; o luxuoso estojo
de madeira do relógio inclui um came e lunetas que
lhe permitem ser adaptado a várias outras cidades do
mundo. Os interessados só têm de fazer a encomenda
com a indicação do ponto do planeta desejado: os
mestres farão os cálculos e a calibragem dos cames
nos ateliers da marca, trocando depois as peças no
relógio – tal como hábeis artesãos gravarão o nome
do local solicitado e a indicação do tempo solar médio
desse sítio numa nova luneta...
As indicações referentes ao calendário perpétuo estão
presentes em dois submostradores: o das 12 horas
inclui um ponteiro para o mês e uma janela para as
fases da Lua, tendo ao seu lado direito uma pequena e
discreta seta que anuncia o ciclo quaternário dos anos
bissextos; o das 6 horas tem a apresentação, também
analógica, da data e do dia da semana. Os restantes
dois submostradores dão conta do momento exacto
em que o sol se levanta (às nove horas) e se põe (às
três horas). Já o ponteiro ao centro, dotado de um
sol, é o indicador da equação do tempo que revela a
variação que terá de ser adicionada ou subtraída ao
tempo oficial, com a ajuda da graduação na luneta.
As várias complicações tornam o relógio mais precioso,
mas qualquer peça com a assinatura Audemars Piguet
garante uma superlativa competência relojoeira que
data já de 1875. O modelo em questão integra a
linha redonda Jules Audemars (em homenagem a
Jules-Louis Audemars, co-fundador com Edward-
Auguste Piguet) e todos os pormenores revelam a
excelência da manufactura de Le Brassus. Para além
da elevada precisão e do alto grau de complexidade,
o mecanismo (de brilhante construção integrada)
é aturadamente decorado com anglage, perlage,
polimento e gravação no rotor esqueletizado! Em
suma: um tesouro disponível em várias versões de
ouro e platina, com mostrador branco ou preto. ET
/ I-novação / Jules Audemars Equação do Tempo / Audemars Piguet
Tempo solar realMas, afinal, o que é uma equação do tempo? É a indica ção da diferença, em minutos, entre o tempo conven cional estipulado (tempo oficial) e o tempo solar real. Essa diferença pode mesmo ser de mais de 30 segundos de um dia para o outro, devido à forma elíptica da órbita terrestre em torno do sol – enquanto os relógios ‘normais’ não calculam essas flutuações e dividem matematicamente o tempo em horas, minutos e segundos. Durante quatro vezes por ano, os dois tempos coincidem, mas no resto do ano as diferen ças podem ir desde menos 16 minutos e 23 segundos a mais e 14 minutos e 22 segundos relativamente à hora legal!No Jules Audemars Equation du Temps, esses cálculos são todos levados em conta, com o recurso a rodas dentadas que trabalham harmoniosamente entre si para oferecerem um grau de precisão absoluta, que até pode durar para sempre: é que o relógio está também dotado de um calendário perpétuo com um indicador das fases da Lua, cuja precisão se deve aos seus 135 dentes, e que não precisa de qualquer correcção manual antes de 2130.
« a aUdEMars piGUEt vOLtOU a transcEndEr-sE E criOU UMa Obra-priMa para O pULsO qUE É UMa inOvaçãO sEM paraLELO nO UnivErsO da rELOJOaria »
Texto Miguel Seabra
Calibre completo com destaque
para o came.
Materialização numa peça relojoeira, o
came, do gráfico de Kepler. O raio desta peça
varia entre 0,926 e 2,86 milímetros. A ro-
tação do came (uma volta por ano) permite
indicar diariamente, no mostrador do relógio,
a diferença em minutos entre as horas
solar e legal (de -16’45 a + 14’21). Cada 62
milésimos de milímetro corresponde a
um minuto.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 33
POrSchE DESign DAShBOArD PTc DLcDiAmOnD LikE cArBOnO p’6612 ptc é o primeiro modelo da nova edição da dashboard da porsche design. Este cronógrafo mecânico de
corda automática tem caixa em titânio polido com um inovador acabamento dLc que se caracteriza pela sua extrema
robustez e resistência. O mostrador, disponível em branco ou negro, foi inspirado no painel de instrumentos das
viaturas porsche e integra uma peculiar decoração em favos de mel. a imagem desportiva do relógio é realçada pela
função cronográfica, destacada a vermelho, pela escala taquimétrica, pelo ponteiro dos segundos e pelo logótipo
vermelho dashboard. Os três totalizadores com reflexos espelhados ou negros e a luneta com acabamentos em dLc
contribuem para completar a estrutura do mostrador. a nova coroa, com ‘clous de paris’, garante ainda um melhor
manuseamento. Está disponível com pulseira em titânio com acabamento dLc e fecho de báscula em titânio.
Preço: € 4.950
FrAnck mULLEr BLAck cOrTEZ king chrOnOBLAck FAShiOncriada em homenagem ao conquistador espa-
nhol Hernan cortez, a linha conquistador cortez
é uma evolução natural e geométrica da arrojada
colecção conquistador. O cronógrafo automático
black cortez King chrono é um dos seus modelos
de destaque devido ao quase absoluto domínio
do negro. a caixa quadrilátera em aço com trata-
mento pvd integra um mostrador negro onde
so bressaem, em branco, os algarismos e os pon-
teiros ‘feuille arrondie’ das horas e dos minutos.
a função de cronógrafo é facilmente identificável
pelos dois totalizadores das horas e dos minutos,
que se encontram respectivamente às três e às
nove horas. inclui ainda a função de data às seis
horas. disponível também com correia em pele de
crocodilo e fivela em aço com tratamento pvd.
Preço: € 22.350
hAmiLTOn cAmPEãO DO mUnDO 2008desde cedo que Lewis Hamilton dá passos em
direcção à vitória. na fotografia de cima, o piloto
britânico abraça o pai num dos momentos altos da
sua carreira. na foto de baixo, o jovem brilha com o
primeiro lugar no pódio de uma prova patrocinada
pela taG Heuer e pela McLaren Mercedes. pois
foi precisamente enquanto piloto da vodafone
McLaren Mercedes e embaixador da taG Heuer
que, no passado dia 2 de novembro, Hamilton fez
história: tornou-se no mais jovem piloto campeão
mundial de sempre da Fórmula 1, ao terminar em
quinto lugar o Grande prémio do brasil, no circuito
de interlagos, a última prova da temporada. de-
pois, Lewis Hamilton teve a oportunidade de expr-
essar a sua gratidão a todos os que o apoiaram no
seu percurso nomeadamente à taG Heuer marca
da qual se sente orgulhoso de ser embaixador.
/ Breves /
34 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
TAg hEUEr cArrErA cALiBrE 1cOrDA mAnUALa edição limitada a 6000 peças taG Heuer carrera calibre 1 é
a homenagem perfeita a Lewis Hamilton: concentra-se no es-
sencial. sob as suas linhas puras, simultaneamente clássicas
e contemporâneas, encontra-se um movimento mecânico
de corda manual antes utilizado nos relógios de bolso. a sua
caixa em aço polido de 43 milímetros é um hino à simplicida-
de. O mostrador negro oferece perfeita visibilidade: às seis
horas, os pequenos segundos numa graduação semicircular,
com um ponteiro prateado para os segundos de 0 a 30 e um
ponteiro vermelho para os segundos de 30 a 60. a decoração
clous de paris na platina do mecanismo, no cauchu da brace-
lete e no centro do mostrador reinterpreta a grande tradição e
enquadra o taG Heuer calibre 1 na história da relojoaria.
Preço: € 3.550
AUDEmArS PigUET miLLEnArY PiAnOFOrTEAS TEcLAS DO TEmPOa singular arquitectura da caixa oval baseada no coliseu de roma e o design contemporâneo são
elementos de destaque na colecção Millenary, mas cada modelo apresenta uma identidade própria,
sempre marcada pela originalidade. na série limitada pianoforte, com mecanismo automático, as te-
clas do piano saltam à vista no mostrador e realçam o disco em nácar descentrado, onde se encon-
tram os algarismos romanos. a caixa em ouro branco com vidro em safira é estanque até 20 metros.
apresenta data grande às três horas. Preço: € 27.980
/ Breves /
JAEgEr-LEcOULTrE mASTEr TOUrBiLLOnPrEciSãO incOmPArÁVEL
a história da Jaeger-Lecoultre ficou marcada, em 2006, pelo lançamento do Master control tourbillon, equi-
pado com o calibre mecânico 978. Este relógio extraordinário, com linhas clássicas e design simples e ele-
gante, surge dotado de um turbilhão, em titânio, com um novo balanço de grande dimensões, que assegura
que o movimento da peça opera com extrema precisão. no mostrador sobressaem as funções das horas,
minutos, segundos e segundo fuso horário, numa sóbria combinação. a data, ajustável dos dois lados do
mostrador, inclui um ponteiro que dá um salto entre o dia 15 e o dia 16 evitando, assim, esconder o turbilhão.
Está disponível com caixa em aço e correia em pele de jacaré. Preço: € 37.500
FrAnck mULLEr cUrVEX chrOnO mASTEr cALEnDArcLASSiciSmO rEViSiTADOO cronógrafo automático curvex crono Master calendar é um exemplo
singular pela forma imponente como na sua caixa cintrée curvex em ouro
rosa são associadas as diversas funções. no mostrador branco com dec-
oração ‘guilloché’ sobressai a escala para os segundos do cronógrafo e a
indicação dos dias do mês. Enquadrados no submostrador encontram-se
os segundos contínuos às seis horas e os totalizadores dos minutos e
das horas do cronógrafo, respectivamente às três e às nove horas. no
centro, quatro ponteiros azuis dão um toque de requinte a toda a peça.
duas janelas exibem o dia da semana e o dia do mês. Está disponível com
correia em pele de crocodilo com fivela em ouro rosa. Preço: € 42.600
POrSchE DESign wOrLDTimErcLiqUE PArA ViAJArO Worldtimer é um relógio mecânico de corda automática que se ca-
racteriza pelas formas puras e bem definidas da caixa em ouro rosa.
O grafismo, o ‘design’ e as cores do mostrador vão ao encontro da
funcionalidade do relógio. por um lado, o mostrador negro contrasta
com a elegância do ouro rosa, por outro lado, a luminescência dos
ponteiros, das horas, dos minutos e dos índices garantem uma leitura
eficiente. É possível seleccionar um qualquer segundo fuso horário
mediante um ajuste exclusivo idealizado pela porsche design. numa
só coroa, ao escolher a cidade pretendida, o anel das horas do segun-
do fuso avança automaticamente. a coroa com ranhuras garante o
seu melhor manuseamento. Está disponível com pulseira em cauchu
com fecho de báscula em ouro rosa. Preço: € 18.500
FrAnck mULLEr PriDE OF POrTUgALESPíriTO POrTUgUêScom a icónica caixa cintrée curvex, o cronógrafo me-
cânico de corda automática pride of portugal em ouro
rosa é um dos modelos que, integrado na edição limi-
tada que homenageia portugal, pode ser adquirido isola-
damente. no mostrador negro, as quinas evocam o
espí rito lusitano. O vermelho-velho das camisolas da
selecção de 1996 contorna os números árabes estiliza-
dos e os ponteiros, atribuindo desta forma um carácter
ainda mais português à peça. a opção por uma coroa
negra e botões revestidos a pvd condizentes com o
mostrador e a utilização, pela primeira vez na história
da marca, de um fecho de báscula para a bracelete são
mais alguns dos pormenores exclusivos desta edição
limitada a 30 exemplares. inclui as seguintes funções:
horas, minutos, segundos, cronógrafo e data.
Preço: € 31.900
/ Breves /
rOLEX OYSTEr PErPETUAL DAYTOnAmiTO Em OUrO rOSAO rolex Oyster perpetual daytona é um cronógrafo
mítico que surge pela primeira vez completamente
em ouro Everose de 18 quilates. O mostrador negro
permite destacar os submostradores em ouro dos
pequenos segundos às seis horas e dos minutos
e horas do cronógrafo, respectivamente às três e
nove horas. a caixa, estanque até aos 100 metros,
inclui luneta gravada com função de taquímetro. a
pulseira Oysterlock com elos de extinção Easylink
atribui a este modelo um carácter inigualável.
Preço: € 23.625
38 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
/ Breves /
JAEgEr-LEcOULTrE rEVErSO SqUADrA wOrLD chrOnO24 hOrAS Em TiTâniOO reverso squadra World chrono é o primeiro mecanismo auto-
mático com funções sincronizadas nas duas faces: associa a
função de cronógrafo com a de indicação do tempo universal. Este
modelo distingue-se pela sua caixa reversível em titânio, uma es-
treia na quase secular linha reverso. no mostrador negro do verso,
para além da indicação das horas, dos minutos e dos pequenos
segundos, apresentam-se as funções de cronógrafo, data grande
e indicação dia/noite. Mas é no preciso momento em que se desli-
za a caixa para contemplar o reverso que toda a originalidade é
revelada: um disco central oferece a leitura simultânea das horas
de cada um dos 24 fusos horários do globo e um disco transpa-
rente, colocado sobre os nomes das cidades, garante a indicação
dia/noite. Preço: € 12.500
Preço: € 1.860
Preço: € 1.060
AUDEmArS PigUET rOYAL OAk OFFShOrE SUrViVOra edição limitada a 1.000 peças audemars piguet royal
Oak Offshore survivor apresenta elementos estilizados
arrojados e inovadores. dotado de grande legibilidade,
funcionalidade e precisão, é concebido com materiais
ultraleves e resistentes, nomeadamente o titânio. a
caixa alberga uma protecção antimagnética no inte-
rior para impedir que campos magnéticos afectem o
mecanismo. assenta no movimento automático au-
demars piguet calibre 3126, com o módulo adicional
de cronógrafo 3840. Uma combinação perfeita para
a colecção de joalharia da audemars piguet que inclui
uma grande variedade de jóias. Os anéis e pendentes
royal Oak Offshore apresentam-se com os elementos
clássicos da colecção. surgem aqui em aço inoxidável,
em cauchu negro com o motivo Mega tapisserie e com
diamantes no lugar dos parafusos.
Preço: € 31.200
grAhAm SwOrDFiSh BLAck nighT YELLOwESPÉciE Em ViAS DE EXTinçãOa edição limitada a 500 exemplares, black Knight Yellow,
é a prova de que a família Graham swordfish continua a
explorar sem medos as águas da relojoaria. a possante
caixa em aço de 46 milímetros com black toptM, o
design arrojado e os protuberantes ‘olhos’ de vidro em
safira, que aumentam a visibilidade dos acumuladores
das horas e dos minutos do cronógrafo, atribuem-lhe um
carácter inconfundível. por outro lado, o negro absoluto
recortado pelo amarelo-lima dos algarismos e dos pon-
teiros garante uma visibilidade excelente. alimentado
pelo calibre G1710, o swordfish black Knight Yellow tem
uma reserva de corda de 42 horas e é estanque até 100
metros. como todos os modelos da família, os botões e
a coroa estão disponíveis em versões do lado direito ou
do lado esquerdo da caixa. Preço: € 6.250
PAnErAi LUminOr 1950 TOUrBiLLOn gmTA FOrçA DO TUrBiLhãOO Luminor 1950 tourbillon GMt é um relógio com mo-
vi mento mecânico de corda manual calibre p 2005. a
característica distintiva do novo Luminor é o seu turbi-
lhão cuja caixa descreve duas rotações por minuto. com
a caixa em aço e o tradicional dispositivo protector da
coroa, tem o fundo de cristal safira que permite ver todo
o movimento. inclui ainda as funções das horas, minu-
tos, segundos, duplo fuso horário, indicador de reserva
de marcha, indicador de 24h.
Preço: € 79.000
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 41
rAYmOnD wEiL nABUccO TiTâniOA OUSADiA DE 46 mm
O robusto e fascinante nabucco em titânio é a prova de que, apesar
de conotada com a simplicidade por opção, a raymond Weil também
aposta em caminhos mais ousados. Este cronógrafo mecânico de
corda automática ostenta uma possante caixa de 46 milímetros de
diâmetro em titânio e aço, com vidro em safira com tratamento anti-
brilho dos dois lados. alimentado pelo calibre 7753 tricompax, oferece
uma reserva de corda de 46 horas e uma fiabilidade garantida por um
órgão regulador de 28.800 vibrações por hora. no mostrador, realce
para o azul das 12 horas e dos ponteiros. inclui ainda as funções de
data às 4 h 30 m e de taquímetro na luneta. Preço: € 3.770
TAg hEUEr grAnD cArrErA rS2A ErA DO DiScOcom a força da caixa em titânio escurecido, a série limitada a 3000 peças taG Heuer
Grand carrera calibre 17 rs2 personifica a adrenalina da velocidade e evoca a vertigem
dos circuitos automóveis. O movimento crononográfico, com certificado c.O.s.c., propõe
um sistema revolucionário baseado em discos que é a assinatura da colecção: o rotating
system. Às três horas encontram-se os segundos contínuos e às nove horas encontram-
-se os minutos do cronógrafo. O domínio do negro neste modelo é enriquecido com
toques de vermelho no ponteiro dos segundos do cronógrafo, na luneta do taquímetro,
na coroa e no pesponto da bracelete. a massa oscilante e as janelas dos discos rotativos
têm decoração côtes de Genève. Um relógio de excepção. Preço: € 6.300
chOPArD gP DE mOnAcO hiSTOriqUEcLÁSSicO E DESPOrTiVOO Mille Miglia Gp Monaco Historique 2008 chronograph com
uma generosa caixa de 42,5 milímetros em aço combina a
aparência clássica com um mostrador prateado completa-
mente desportivo. para uma óptima leitura e uma clara dis-
tinção do cronógrafo em relação às outras funções o contador
dos 30 minutos (às doze horas) e o contador das 12 horas (às
seis horas) surgem a negro, bem como a luneta do taquímetro.
Os ponteiros e índices luminescentes garantem uma perfeita
visibilidade no escuro. com certificado de cronómetro c.O.s.c. o
movimento deste cronógrafo opera com extrema precisão.
Preço: sob consulta
/ Breves /
/ Breves /
FOrTiS B42 TAP PiLOT chrOnOgrAPh ALArmA OLhAr OS cÉUSa edição limitada a 300 exemplares do b 42 tap pilot chro-
nograh alarm é uma homenagem aos pilotos da companhia
aérea portuguesa. Este cronógrafo automá tico, assente
no mecanismo patenteado F2001 exclusivo da Fortis, está
agora disponível para o público em geral. além do cronógrafo
e das habituais funções das horas, dos minutos, dos segun-
dos e da data, apresenta também um útil alarme mecânico.
a caixa em titânio integra uma luneta rotativa unidireccional,
vidro e fundo transparente em safira e é estanque até 200
metros. O mostrador é personalizado com as asas de piloto
às seis horas e cada peça é numerada e entregue num estojo
com moinho rotativo. Preço: € 6.750
TAg hEUEr cArrErA cALiBrE 16 DAY-DATEhOmEnAgEm àS grAnDES LEnDASO carrera calibre 16 day-date chronograph é uma nova interpretação
da celebrada linha carrera. Este cronógrafo automático assente no
calibre 16 presta homenagem às grandes lendas do mundo das cor-
ridas. a sua autoritária caixa de 43 milímetros em aço inclui coroa
e botões que evocam o mítico universo das corridas de carros dos
anos 50, enquanto os algarismos aplicados à mão estão directa-
mente associados ao design do lendário carrera calibre 360. sofisti-
cado e refinado em cada pormenor, inclui as funções de horas, minu-
tos, segundos, dias da semana e do mês numa janela às três horas.
com correia em pele de jacaré, o cronógrafo está disponível em três
versões: com mostrador e correia negros; com mostrador branco e
correia negra; com mostrador e correia chocolate. Preço: € 3.550
grAhAm cOm nOVAS grAnADASSEgUrAnçA E VErSATiLiDADEO chronofighter Oversize diver date deep seal é um cro-
nógrafo automático ideal para enfrentar tanto as profun-
dezas do mar como os desafios mais extremos do quo-
tidiano. a sua respeitável caixa em aço de 47 milímetros
de diâmetro, com vidro em safira, é revestida a pvd e
está equipada com uma válvula de hélio que permite ao
relógio gerir a pressão de mergulhos a grande profun-
didade em ambientes controlados. O versátil chrono-
fighter Oversize GMt big date associa a função crono-
grá fica à indicação de um segundo fuso horário. O mos-
trador preto mate ou prateado apre senta pormenores
gráficos de destaque: os ponteiros luminescentes e os
algarismos de cor laranja asseguram uma leitura efi-
ciente das várias funções.
Preço: Deep Seal (em cima) € 6.350 Preço: gmT Big Date (à dta.) € 7.220
/ Breves /
cArTiEr LE cirqUE AnimALiErViAgEm AO OriEnTEa colecção cartier Le cirque animalier aventura-se pelo mundo da fan-
tasia, assumindo a imagem de um circo itinerante que parte numa
viagem de aventura e descoberta. Em edição limitada, cada um dos
três modelos apresenta, em harmonia com o mostrador, um animal
diferente como motivo que evoca as fascinantes florestas asiáticas.
O relógio com o motivo elefante surge cravejado de diamantes e com
o olho de esmeralda. a silhueta do animal, debruada a ouro branco,
invade o mostrador em ouro rosa decorado. a caixa em ouro rosa está
também cravejada de diamantes. Os outros dois modelos incluem um
tigre e um panda. Preço: sob consulta
VErSAcE DV OnEUm ícOnE POr mÉriTO PróPriOO dv One é inconfundivelmente um relógio de corda au-
tomática com assinatura versace. no mostrador branco
sobressaem os índices e ponteiros em plaquê de ouro
amarelo. a caixa em cerâmica com vidro em safira é
recortada na margem e decorada pelo emblemático
friso Greca. O branco domina toda a peça, sendo que a
bracelete também em cerâmica é harmoniosamente
enquadrada em todo o conjunto. Preço: € 2.560
FrAnck mULLEr crAZY cOLOr DrEAmSSOnhAr A cOrEScom um espírito divertido e arrojado, a linha color
dreams crazy é um convite à boa disposição. no
mostrador imperam os números coloridos de grande di-
mensão que ocupam lugares que não lhes pertencem.
Uma interessante complicação faz com que o ponteiro
das horas salte de modo aparentemente aleatório. as
diferentes declinações incluem correia em pele de cro-
codilo, de cores variadas, e caixa em ouro branco.
Preço: € 16.350
AUDEmArS PigUET LADiES miLLEnArYTEmPO EXcênTricOa colecção Millenary da audemars piguet atreve-se a
apresentar uma nova geometria do tempo. neste par-
ticular modelo incluído na linha de senhora, a caixa
ergonómica em aço polido de formato oval é rodeada
por 66 diamantes. O cinzento claro do mostrador com
decoração flinqué é o palco onde sobressai a relação
original entre números árabes e romanos. além disso,
o rosa dos algarismos árabes e do pesponto da correia
em pele de crocodilo atribuem à peça um toque profun-
damente feminino.
Preço: € 10.950
TAg hEUEr AqUArAcEr JOAiLLEriEDiAmAnTES nO DESPOrTOO aquaracer Joaillerie foi completamente repensado e
redesenhado para reflectir a personalidade glamorosa
da sua embaixadora: Maria sharapova. com uma caixa
maior (32 milímetros) que lhe realça a elegância e o
prestígio, este modelo desportivo e, ao mesmo tempo,
muito feminino exibe um mostrador em madrepérola
cravejado de dez diamantes top Wesselton (0,098 qui-
lates) e uma luneta unidireccional polida cravejada de
42 diamantes top Wesselton (0,567 quilate). disponível
em aço com elegante bracelete de cinco elos, apresenta
uma estanquicidade até 300 metros.
Preço: € 3.990
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 47
/ Breves /
ALFinETE DAViD rOSASum toque de eleGÂnCiaquando se fala de elegância há peças que fazem toda
a diferença. Um original alfinete em forma de jarro da
colecção david rosas é perfeito para dar um toque de
requinte a uma ocasião especial. Está disponível em
duas versões: em ouro branco com diamantes e safiras
rosa ou em ouro branco e diamantes.
Ouro branco, diamantes e safiras rosa: € 5.407Ouro branco e diamantes: € 6.471
AnÉiS giLLES FinE JEwELLErYforça e CarÁCtera nova colecção da Gilles Fine Jewellery assenta numa
ideia base que serviu de inspiração para as jóias conce-
bidas: a estrutura de uma árvore e os conceitos que lhe
estão associados: Força e carácter. O ouro e os diaman-
tes são os materiais estrela utilizados, resultando em
jóias glamorosas e cheias de brilho. as formas podero-
sas dos anéis em destaque reflectem toda a ideia base
da colecção. preço desde: € 1609
cOLAr E AnÉiS mAchADO JOALhEirODELicADAS SUrPrESASHá momentos que requerem peças de sonho. Uma de-
liciosa combinação de pérolas e brilhantes num colar
ou um deslumbrante anel em ouro branco com topázio
azul são opções de destaque da Machado Joalheiros
para surpreender.
anéis: € 6.320 / Colar: € 7.278
h. STErn DVF TALiSmAn chArmTALiSmã DO AmOr a colecção H.stern dvF talisman de 2008 inclui peças
em ouro rosa de design exclusivo em que os diferentes
motivos podem ser interpretados como talismãs. da
pulseira apresentada pendem harmoniosamente um
coração, uma folha ginko biloba e um love knot de dife-
rentes dimensões que evocam o poder do amor. na mes-
ma linha estão disponíveis também um colar e brincos.
preço: 3.400 euros
chOPArD hAPPY AmOrEcOrAçãO DE DiAmAnTEa colecção Happy amore inclui colares, pendentes,
anéis e pulseiras com pequenos corações em ouro rosa
ou em ouro branco que dançam unidos por um simples
ponto de ligação. Entre eles surpreende um coração que
guarda no centro um delicado diamante móvel.
a chopard lançou também uma colecção de malas de
mão designada “caroline”, numa lúdica colaboração
com a co-presiente da marca. pensada como um aces-
sório indespensável, a colecção está disponível em dois
tamanhos, que se adaptam às diferentes situações da
vida da mulher contemporânea.
Preço: sob consulta
/ Breves /
BAng & OLUFSEnwhiTE cOLLEcTiOna bang & Olufsen apresenta a sua colecção de produtos em branco que segue as tendências contemporâneas de
design. todos os produtos brancos da bang & Olufsen foram submetidos a rigorosos testes que garantem que a cor
não é afectada com o passar dos anos. são vários os elementos da colecção disponíveis em branco. O leitor de cd,
com design david Lewis, garante um desempenho extraordinário independentemente da sua posição vertical ou hori-
zontal, uma vez que o visor muda de forma automática de acordo com a opção escolhida. preço: € 4.260
nOVA LinhA APPLE mAcBOOka apple anunciou a nova família Macbook que redefine o design dos portáteis. Os novos Macbook e Macbook pro de
15 polegadas têm uma carcaça concebida a partir de um único bloco de alumínio. resultado: apresentam um design
mais sofisticado, mais fino e mais duradouro. incluem também performances gráficas avançadas nvidia, displays
com retroiluminação LEd e um trackpad Multi-touch, cumprindo com os mais rigorosos standards ambientais Energy
star 4.0, EpEat Gold e roHs. O novo Macbook pro está disponível em dois modelos com disco rígido de 250 Gb e 320
Gb respectivamente. preço: € 949
SAmSUng OmniATEcnOLOgiA nA PALmA DA mãOO samsung OMnia é um smarthphone touchscreen
que combina conteúdos empresariais de elevada per-
formance, estilo e entretenimento topo de gama com
experiências dinâmicas multimédia, permitindo ao
consumidor estar sempre ligado ao mundo. O ecrã de
3,2 polegadas possibilita a navegação intuitiva de op-
erações de toque, arrasto e deslize e o recurso a um
teclado qwerty. com um perfil de 12,5 milímetros e um
acabamento platinado, é possível visualizar vídeos e
slide shows em alta resolução, com avançadas capaci-
dades áudio. Está disponível nas versões 8Gb e 16 Gb
de memória interna e inclui também Gps, entre muitas
outras funcionalidades. preço: sob consulta
mcinTOSh mT-10O rEgrESSO DO ViniLnuma altura em que todas as atenções se viram para o áudio digital e para o download de ficheiros, a Mcintosh
Laboratory inc. atreve-se a desafiar o tempo com a apresentação de um gira-discos ímpar. O Mt-10 é, de imediato,
reconhecido como fazendo parte da família Mcintosh, mas distingue-se pela sua identidade muito própria. com um
design inovador, o gira-discos vem equipado de origem com uma cabeça tipo Mc de alta qualidade, o que permite que
também o seu braço venha já afinado de origem. tudo o que o utilizador de um Mt-10 tem a fazer é retirá-lo da caixa e
começar de imediato a ouvir o som particular dos discos vinis de todos os tempos. preço: € 11.800
50 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
Como no universo relojoeiro, também na fotografia continua
a fazer sentido usar máquinas mecânicas?
Com a evolução (ou melhor revolução) da fotografia analógica
convencional (com película) para a fotografia digital, deixou
de ser possível haver câmaras totalmente mecânicas para
fotógrafos amadores. Poucas são as que ainda se fabricam,
como a Leica modelo M7 (analógicas), mas mesmo esta já
têm componentes electrónicos. Só as câmaras de grande for-
mato utilizadas, sobretudo, por fotógrafos profissionais conti-
nuam a ser puramente mecânicas ainda que, na sua maioria,
equipadas com sistemas de captação digital em vez dos car-
regadores de película.
Uma Leica digital é “uma Leica”? Ou seja, mantêm o espíri-
to e carácter que construiu a marca?
Esse é, sem dúvida, o grande objectivo da marca quando fabri-
ca ou coloca o red dot (nome pelo qual é conhecido o símbolo
da Leica entre os Leiquistas) numa câmara, seja ela compacta
ou outra. No entanto, o modelo M8 e a sua evolução mais
recente, a M 8.2, é o que consegue manter todo o carácter e
espírito da marca. A M8 só difere das suas antecessoras analó-
gicas no modo de captação da imagem. Tudo o resto foi man-
tido. Quem pega numa M8 e faz o primeiro disparo sente de
imediato que tem uma Leica na mão. Aliás, no modelo M8.2
esse efeito ainda é mais conseguido através de um novo obtu-
rador mais silencioso, por conseguinte mais discreto, do que o
primeiro modelo digital M. A discrição será porventura aquilo
que um fotógrafo mais aprecia numa Leica M.
É a Leica como as manufacturas relojoeiras, onde a ida de se-
dimenta filosofias e prestígio, mas também responsabilidade?
A indústria da fotografia difere imenso da relojoeira. Os avan-
ços tecnológicos nesta área, na última década, têm sido eston-
teantes! Enquanto a indústria relojoeira suíça conseguiu ‘dar a
volta’ à electrónica, na fotografia verifica-se o oposto. O digital
chegou e venceu, pelo menos até à próxima tecnologia... Nes-
te tipo de cenários não é fácil para nenhum fabricante manter-
-se demasiado agarrado a determinadas filosofias. Assistimos
nos últimos anos à derrocada de marcas famosas da nossa
indústria, como a Polaroid ou a Ilford, por exemplo. De nada
lhes valeu o seu prestígio ou sentido de responsabilidade.
Qual o seu fotógrafo preferido que usa Leica?
Há tantos! A Leica está associada aos mais famosos fotógrafos
do mundo, sobretudo na área de fotojornalismo. Um grande
número das mais icónicas fotografias da nossa história contem-
porânea, foram captadas com câmaras Leica. De Henri Cartier-
-Bresson a Ralph Gibson, muitos foram os grandes fotógrafos
que utilizaram e ainda utilizam Leica. Talvez pelo humanismo
do seu trabalho, expondo as maiores desigualdades no mundo,
aprecio muito o trabalho de Sebastião Salgado, que tive a hon-
ra de conhecer aquando de uma exposição sua no CCB.
Qual foi o minuto mais longo da sua vida, e o mais curto?
Vários minutos. Aqueles que esperei à porta da sala de partos
do Hospital Santa Maria, pelo nascimento do meu primeiro
filho, pareceram dias! O mais curto foi o primeiro momento
que estive com ele nos meus braços, antes das enfermeiras o
levarem outra vez.
rEpOrtaGEMGrand priX d’HorloGerie [58]
rEpOrtaGEMfalCÕes 50 anos [72]
rEpOrtaGEMa ressonÂnCia e o relóGio [54]
Históriao CrasH de 1929 [66]
EntrEvistapaulo dos santos [62]
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 53
/ Reportagem / Ressonância
Uma visita guiada pelo professor Pedro Brogueira ao departamento de Física do Técnico, em Lisboa, revela um mundo à parte – um mundo cheio de fenómenos visíveis e não visíveis ou audíveis e não audíveis que provocam reacções em cadeia e mexem com tudo o que nos rodeia. Até mesmo com um certo e determinado relógio: o Chronomètre à Résonance, de François-Paul Journe.
«A ressonância está à nossa volta», afirma Pedro Brogueira. «Sem ressonância não havia música; uma cantora que parte vidro ao puxar pelas suas cordas vocais, um camião na rua que faz vibrar o copo numa mesa de café, os prédios que vão abaixo num terramoto são um exemplo do fenómeno da res-sonância». E exemplifica: «A ressonância é a busca da frequência que acerta a frequência de oscilação do sistema. E isso tem duas aplicações: ou pôr os sistemas a oscilar, ou deixar que os sistemas não oscilem. Por exemplo, usam-se cálculos de ressonância para evitar que estruturas mecânicas – pêndulos ou pré-dios – não caiam em sismos; quando se faz construção anti-sismo é procurar utilizar na estrutura algo que não entre em ressonância com o choque. No caso do rádio e televisão, procura-se o oposto: que entre em ressonância com a frequência de emissão».
Invenit et fecitO fenómeno da ressonância assenta, basicamente, em duas frequências que se harmonizam. E o Chronomètre à Résonance é, decididamente, um relógio completamente diferente de qualquer outro instrumento do tempo elaborado na actualidade por se inspirar nesse fenómeno da física. «Cada um dos dois balanços do mecanismo é alternadamente excitador e ressonante; quando ambos se encontram em movimento, entram em simpatia – se não fosse, não se acertavam», analisa o professor.
A ideia intuitiva de que a energia se expande sem que no entanto se perca remonta ao século XVIII, com as pesquisas do grande químico A. L. de Lavoisier (1743-1794). Com a invenção do pên-dulo, os relojoeiros observaram que as frequências interferiam frequentemente com o meio ambiente,
UM FEnóMEnO natUraL cOMO pOntO dE partida para UM dOs Mais nOtávEis rELóGiOs da actUaLidadE:
O princÍpiO dE FUnciOnaMEntO dO cHrOnOMètrE À rÉsOnancE dE FrançOis-paUL JOUrnE E divaGaçÕEs
sObrE a FÍsica.Texto Miguel Seabra / Fotos Nuno Correia
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 55
«UM baLançO nãO dEsacELEra na MEsMa OrdEM da acELEraçãO dO OUtrO qUandO Há iMpactO», EscLarEcE O prOFEssOr pEdrO brOGUEira. «qUandO Há UM dEsacErtO nUM dOs baLançOs dUrantE UM dEtErMinadO EspaçO dE tEMpO, sEGUidaMEntE ELEs vOLtaM a acErtar-sE – pOUcO a pOUcO, EntraM EM sintOnia. »
Significado e aplicações‘Ressonância’ é a tendência de um sistema oscilar
em máxima amplitude em certas frequências. Nes-
sas ‘frequências ressonantes’, até mesmo forças
periódicas pequenas podem produzir vibrações de
grande amplitude, pois o sistema armazena energia
vibracional. Quando o amortecimento é pequeno, a
frequência de ressonância é aproximadamente igual
à frequência natural do sistema, que é a frequência
de vibrações livres. O fenómeno ocorre com todos
os tipos de vibrações ou ondas: mecânicas, acús-
ticas, electromagnéticas e funções de onda quân-
tica. Sistemas ressonantes podem ser usados para
gerar vibrações de uma frequência específica, ou
para obter frequências específicas de uma vibração
complexa contendo muitas frequências. A ressonân-
cia foi descoberta por Galileu Galilei quando iniciou
as suas pesquisas com pêndulos em 1602. A res-
sonância é semelhante ao eco e tem aplicações im-
portantes em todas as áreas da ciência, sempre que
há a possibilidade de troca de energia entre sistemas
oscilantes. A aplicação mais palpável é na área das
telecomunicações, em que as ondas electromagnéti-
cas actuam como intermediárias na transmissão das
informações do transmissor até ao(s) receptor(es),
constituindo-se o que se chama ‘sinal’.
e não era raro verificarem que um relógio com balanço parava por si assim que o pêndulo entra-va em ressonância com o peso motor suspenso à corda. Antide Janvier foi quem primeiro teve a noção de que se podia tirar proveito desse incon-veniente para dele fazer um trunfo: pensou em construir dois mecanismos completos com dois escapes de precisão para os colocar um perto do ou tro, fazendo com que os dois pêndulos fossem suspensos pela mesma armação. E confirmou que ambos os pêndulos recuperavam a energia liberta por cada um deles de forma a passarem a bater em conjunto, entrando então em ressonância. Se-guro por essa onda e protegido pelas vibrações exte riores, o princípio da ressonância aumentava consideravelmente a precisão de funcionamento. Um dos relógios de Antide Janvier faz parte da colecção privada de François-Paul Journe na sede da sua marca; cerca de 30 anos depois do francês, também o lendário Abraham-Louis Breguet con-cebeu dois reguladores com ressonância.
«Pelo que sei, ninguém mais na relojoaria se interessou por tal fenómeno físico, apesar de
ser fascinante», revela François-Paul Journe; «As vantagens oferecidas pela ressonância em termos de precisão incentivaram-me a prosseguir nas minhas pesquisas e, após quinze anos, aplicá- -la a um relógio de pulso no Chrononomètre à Résonance. O sistema de ressonância sempre me pareceu especialmente adaptado aos diver-sos movimentos do pulso que provocam muitos choques nefastos para o mecanismo dos relógios. O resultado é evidente: maior precisão». Um reló-gio digno do seu lema ‘Invenit et Fecit’ – um ins-trumento do tempo original ‘inventado’ por uma mente iluminada e ‘feito’ com mão de mestre.
Auto-regulaçãoO conceito de ressonância aplicado no Chrono-mètre à Résonance é simplesmente genial, em-pregando o fenómeno da física como meio de auto-regulação. O calibre de tão notável instru-mento do tempo integra dois mecanismos e dois balanços, que se movem segundo o tal pressu-posto de que um corpo animado transmi te uma vibração ao espaço circundante e que outro cor-
po capta essa energia para vibrar com a mesma frequência. Os dois balanços entram em simpa-tia por efeito da ressonância e começam a bater naturalmente em oposição: auxiliam-se mutua-mente, dando mais inércia ao seu movimento; autocompensam-se, de modo a assegurar uma precisão óptima e se qualquer choque ou acele-ração súbita fizer com que um dos balanços au-mente a frequência, o outro balanço desacele ra – e pouco a pouco vão retomando depois a frequên-cia comum até reencontrarem o ponto de acordo. Parece simples… mas requer uma enorme espe-cialização relojoeira.
«Um balanço não desacelera na mesma ordem da aceleração do outro quando há impacto», es-clarece o professor Pedro Brogueira. «Quando há um desacerto num dos balanços durante um deter-minado espaço de tempo, seguidamente eles voltam a acertar-se – pouco a pouco, entram em sintonia».
E entrar em sintonia é acertar as agulhas do tempo. Se o princípio do Chronomètre à Réso-nance se pudesse aplicar às pessoas, o mundo se-ria seguramente melhor!
Antide Janvier foi o primeiro a conseguir adaptar o fenómeno
da resonância ao mecanismo de um relógio. Um dos relógios de
Antide Janvier integra a colecção particular de F.P. Journe.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 57
Porque o ser humano tende a com-parar e a classificar, a eleição dos melhores é um passatempo recorrente em praticamente todos os sectores. Na relojoaria existem eleições nacionais em praticamente todos os países, sendo que em Portugal essa iniciativa tem sido imple-mentada pela revista Relógios & Jóias através da votação do público; algumas das mais credenciad-as publicações internacionais também promovem uma classificação com o recurso a um painel de especialistas. Emergindo sobre todas essas ini-ciativas ‘locais’, o Grand Prix d’Horlogerie de Genève é o equivalente relojoeiro dos Óscares de Hollywood, mesmo que – por razões políticas ou mesmo estratégicas – algumas marcas façam questão de não concorrer.
A fase terminal do ano encerra sempre rescal-dos e nomeações, mas o processo de triagem do
Grand Prix d’Horlogerie de Genève começa bem antes. Para mim, até começou em finais de Abril: a organização convidava-me a integrar o júri à es-cala mundial que escolhe anualmente os exemplos mais representativos da indústria relojoeira. Uma honra tão grande quanto ines pe rada! Acompanho com interesse a relojoaria tradicional desde que me lembro e com maior paixão a partir de 1994, quando comecei a visitar as feiras da indústria; já traduzi ou supervisionei traduções de catálogos de marcas de A a Z (da A. Lange & Söhne à Zenith), visitei in loco muitas das principais manufacturas, estabeleci laços de amizade com personalidades do meio, sou o correspondente português da re-vista de referência Europa Star e a ligação à Es-piral do Tempo é-me especialmente gratificante. Mas, atendendo ao percurso jornalístico no ténis, que ocupa a maior parte do meu tempo profis-
sional, nunca esperaria ser convidado para fazer parte do mais importante júri da relojoaria…
Primeiras fasesA participação começa num simples processo de candidatura: as marcas apresentam modelos concorrentes em várias categorias, que sofrem uma triagem inicial para se estabelecer uma pri-meira pré-selecção apresentada aos membros do júri em Junho. E a primeira selecção oficial não é fácil, uma vez que há dezenas de modelos em compita para cada um dos galardões.
Começámos por escolher os dez melhores em cada categoria, atribuindo pontuações de dez a um. A soma total dos pontos do júri determinou uma segunda pré-selecção com modelos que pas-saram a integrar uma exibição itinerante; entre a primeira e a segunda selecção, houve um modelo
ao qual eu dei nota máxima na categoria despor-tiva e que não se classificou para a segunda ronda: o notável conceito híbrido de Linde Werdelin, assente num relógio mecânico de pulso de es-tética robusta e contemporânea, ao qual se pode acoplar um módulo electrónico de fornecimento e recolha de dados que posteriormente se podem descarregar no computador…
Também tivemos de seleccionar o melhor ar-quitecto relojoeiro e, na segunda ronda de votação efectuada em Setembro, indicar também a nossa sugestão pessoal para o Prix Spécial du Jury… sendo que esse prémio especial iria dar muito que falar. Aliás, os últimos dias antes da cerimónia de 13 de Novembro em Genebra foram mesmo pas-sados com frenéticas trocas de e-mails entre o júri para se preparar um veredicto final no rendez-
-vous matinal do dia da cerimónia.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 59
ManhãÀ chegada ao edíficio da USB Corraterie, pelas 11 horas da manhã,
sou recebido pela organizadora Carine Maillard e pelo comissário do
júri Patrick Cremers – que me apresentam aos restantes membros. Os
relógios vencedores das várias categorias já haviam ficado definidos
e o Grand Prix de l’Aiguille d’Or (prémio Ponteiro de Ouro para o
relógio mais destacado) será para François-Paul Journe – a quem Wei
Koh, o meu colega responsável pela revista Revolution (que, a partir de
Singapura, revolucionou a imprensa do sector ao juntar sensualidade
e alta-relojoaria), apelidou de «Lance Armstrong da relojoaria». Por
norma, o vencedor do Ponteiro de Ouro da edição anterior não pode
concorrer no ano seguinte e torna-se membro honorário do júri –
e, em 2008, tivemos entre nós Richard Mille, sempre informal e muito
animado. A principal razão da reunião acabou por ser a atribuição do
tal Prix Spécial du Jury. Após aceso debate em que defendi a noção
de que o prémio deveria ser atribuído a uma instituição ou fundação
em detrimento das personalidades pré-nomeadas, sugeri a iniciativa
Rolex Awards for Enterprise (fundo que distingue personalidades na
área das ciências e das artes); foi estabelecida então uma lista de nove
possibilidades e optámos por eleger a Fundação da Alta-Relojoaria.
Entre os colegas, Wei Koh, Richard Mille, o ‘patriarca’ italiano
Eugénio Zigliotto e o eloquente Aurel Bacs, da leiloeira Christie’s,
foram os mais participativos; o japonês Naomasa Furukawa fez-se
acompanhar de uma tradutora. Feitas as últimas deliberações e que-
brado o nó do Prix Spécial du Jury, veio a descompressão. Falei com
Richard Mille sobre a sua ‘Alta Tecnolojoaria’ e inteirei-me de outros
pormenores do concurso junto de Patrick Cremers e Carine Maillard;
depois passámos às entrevistas individuais para um canal televisivo.
TardeDispersámo-nos e aproveitei para visitar a manufactura F.P. Journe na Rue de L’Arquebuse antes de apanhar um táxi para o belo local onde, desde cedo, estava a decorrer o Fórum da Alta-Relojoaria sob o lema ‘A Indústria do Tempo Em Mutação’, com a participação de CEO de várias marcas da Fundação de Alta-Relojoaria e líderes de opinião do sector. A supervisão estava a cargo de Anne Bieler, a press
officer do Salon International de l’Haute Horlogerie que se mostra sempre atenciosa para com os portugueses – tem residência de férias perto de Tavira. Pediu-me para não escrever nada sobre os temas debatidos, por serem de carácter interno, mas não deixo de destacar o tom animado de Jean-Claude Biver da Hublot e a auréola mediática de Jean-Christophe Babin da TAG Heuer (que me mostrou o novo telemóvel da TAG Heuer e confidenciou haver uma celebração especial dos 40 anos do cronógrafo Monaco em 2009…), para além da condução paternal de Franco Cologni. A minha colega de júri Gillian de Bono, editora do estupendo suplemento How to Spend It do Financial Times, dissertou sobre a importância do consumo em tempos de crise para não travar a economia.Como afirmava Maquiavel, «Se soubesses mudar de natureza quando mudam as circunstâncias, a tua fortuna nunca mudaria»; o debate que se seguiu às várias intervenções visou sobretudo desenhar os novos contornos da indústria do luxo num mundo afectado pela convulsão económica.
58 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
NoiteO imponente Grand Théatre de Genève fervilhava de actividade pelas 18 horas. Fachada iluminada com decoração relojoeira alusiva ao Grand Prix; passadeira vermelha, limusinas, televisão e flashes de fotógrafos. Os assentos personalizados do júri ficaram localizados na primeira fila e a cerimónia arrancou em grande pompa, com o anúncio das diversas categorias e a apresentação dos dois modelos finalistas, para depois ser anunciado o vencedor e o respectivo presidente da marca a receber o galardão. Houve surpresas menores, com alguns modelos inesperados entre os dois finalistas, mas a principal surpresa foi a inesperada eleição do Prémio do Público – atribuído por votação online em worldtempus.com ao Starside Eternal Moon da Maurice Lacroix. Foi muito estranho um relógio de senhora ter ganho na votação online através de um site maioritariamente visto por homens aficionados da relojoaria mecânica…Depois da cerimónia, gorou-se uma foto de conjunto dos elementos do júri; as entrevistas aos vencedores prolongaram-se em demasia e o cocktail chamava-nos. O hall do Grand Thèatre estava à pinha e as discussões eram animadas. Seguidamente, um número restrito das 1.500 pessoas que tinham assistido à cerimónia subiu para o jantar. Fui colocado na mesa da Romain Jérôme, jovem marca que tem causado polémica pelos seus relógios com luneta de metal corroído do malogrado Titanic; tive ao meu lado o Jean-François Rauchonnet, que idealizou o mecanismo de roldanas do Mónaco V4 para a TAG Heuer e que fez o Cabestan para a Romain Jérôme, enquanto Pierre Jacques, editor da GMT, me dizia que a Espiral do Tempo era uma das três melhores revistas de relógios do mundo…As conversas mais relevantes do dia tinham a ver com a mudança dos valores sociais que modificam a percepção do luxo e a evolução da geografia da riqueza com a predominância de novas regiões ou novos perfis de consumidores. Sobretudo, o desafio colocado pelas flutuações do mercado à Alta-Relojoaria. E não há dúvida de que o Grand Prix d’Horlogerie de Genève respondeu positivamente, com uma lista de vencedores que representam prestígio, tradição e inovação.
Laureados de 2008Ponteiro de Ouro: F.P. Journe Centigraphe Souverain
Relógio Complicado: Jaeger-LeCoultre Reverso Gyrotourbillon II
Relógio de Senhora: Piaget Limelight Magic Hour
Relógio de Homem: Vacheron Constantin Quai de l’Ile
Relógio Design: Concord C1 Tourbillon Gravity
Relógio Joalharia: Audemars Piguet Millenary Pianoforte
Relógio Sport: TAG Heuer Grand Carrera Caliper
Relógio Calendário: Audemars Piguet Equação do Tempo Squelette
Jules Audemars
Construtor de Mecanismos: Giulio Papi
Melhor Aluno Escola de Relojoaria de Genebra: Glenn Thompkins
Num momento ímpar de concentração no mundo relojoeiro português,
em que quatro casas de referência apostam em novos e grandes espaços
comerciais, foi o mais novo dos seus representantes que escutámos, com
atenção, a falar do presente e do futuro… que entendeu revelar. Afinal,
apesar de todas as mudanças, o segredo continua a ser mais que um
pormenor no mundo dos negócios. No belo espaço do Marshopping,
percebemos o olhar, lúcido, de alguém com a ambição de deixar uma marca
que vá para além do seu Tempo.
Entrevista Hubert de Haro e Paulo Costa Dias / Fotos Nuno Correia
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 63
/ Entrevista /
A estratégia da Manuel dos Santos Jóias não se concentra na alta-relojoaria. É um projecto que tem vindo a expandir-se em diversos segmentos.
Não escondo que sou ambicioso, nem nunca escondi. Queremos sempre crescer, mas, por outro lado, o mercado também nos impõe isso. A opção é morrer ou crescer, o mercado actual não deixa outras alternativas. O nosso negócio iniciou-se centrado na joalharia, nos anos 80, numa altura em que a relojoaria suíça estava a sofrer a sua mais grave crise, com o aparecimento do quartzo. Por isto, só posteriormente introduzimos a relojoaria na nossa actividade. Temos a Pianegonda, uma marca de joalharia internacional com um design de moda contemporâneo; a Manuel dos Santos onde brilha a alta-relojoaria e joalharia para o segmento de luxo e a WatchMe onde nos posicionamos naquilo que podemos chamar de mass market. Será aqui que vamos investir menos no próximo ano. Com a Pianegonda, abriremos uma segunda boutique no Porto, um pouco a reboque desta loja agora inau-gurada. Além disto, vamos celebrar os 20 anos da Manuel dos Santos Jóias em 2009 e vamos mudar algumas coisas, mas não quero revelar a fórmula da Coca-Cola…
Quantos pontos de venda tem da Watch Me, neste momento?
Estamos com onze pontos de venda em Portugal e quatro em Espanha.
Como tem sido a experiência da internacionalização?
Um dos segredos é a persistência. Espanha é um país que está aqui ao lado, mas cultural e socialmente é um país muito diferente de Portugal. Se às vezes entre Lisboa e Porto temos formas diferentes de ver as coisas, relativamente a Espanha temos uma catadupa de diferenças. Tivemos uma fase de aprendizagem em que fechámos três pontos de venda não rentáveis mas aprendemos, emendámos a mão e estamos para ficar.
Outros projectos de internacionalização?
Veremos em 2009…
Estabeleceu uma parceria curiosa no caso da Pianegonda.
Tenho uma sócia no caso da Pianegonda que é a apresentadora de televisão Ana Marques, mas não é tanto uma parceria. A Ana já era uma cliente Pianegonda. Tinha, portanto, a enorme vantagem de se identificar com os
valores da marca e, quando surgiu a hipótese de abrir a boutique, não es-condo que teve peso ter a Ana Marques associada ao projecto.
O que pretende com a comercialização de marcas de alta-relojoaria de autor?
As marcas mais exclusivas e mais de nicho existem para um cliente que é apaixonado, que tem cultura relojoeira e que já comprou todas as marcas suíças centenárias ou bicentenárias reconhecidas. O conhecedor profundo também chega a um ponto em que percebe que as grandes casas produzem 50.000 peças por ano. Ora uma das discussões para os próximos tempos será, justamente, o que é o verdadeiro luxo. Quando se produzem 50.000 relógios por ano não estamos a falar de verdadeiro luxo nem de exclusivi-dade. Pequenas marcas, como a François-Paul Journe que introduzimos em 2005 e que tem uma produção de 800 peças ano, permitem a quem se quer diferenciar poder fazê-lo.
E os clientes? Que evolução houve nos últimos anos?
Existe hoje uma maior riqueza global, provavelmente mal distribuída, mas nunca o ser humano viveu com tanto conforto. Além disso, o mercado português, em termos de cultura relojoeira, sempre foi um mercado acima da média. Os suíços vêem Portugal como um mercado pequeno mas inter-essante e com um conhecimento significativo. Houve também um grande impulso da imprensa especializada que contribuiu para trazer mais infor-mação e estímulo ao cliente.
O que é que o cliente que entra na Manuel dos Santos Jóias procura?
Temos clientes dos 30 aos 60 anos. O cliente mais velho, tendencialmente, compra peças mais clássicas e os restantes, coisas mais desportivas. É so-bretudo um cliente masculino que procura alta-relojoaria, o savoir-faire suíço. Temos muitos clientes que se interessam por especialidades, por complicações.
Há uma tendência nas relojoarias de topo para uma gestão muito diferente
da que havia há alguns anos. A que se deve esta mudança?
Crise é sinónimo de oportunidade e obviamente que o mundo relojoeiro acaba por fazer a sua selecção natural. O que se tem assistido nos últimos anos é a uma concentração de peso, relativamente a algumas empresas, e
Sobretudo o rigor e a confiança relativamente aos produtos que vendemos e à forma como tratamos o cliente. Sabe, sou um privi-
legiado. Sou a segunda geração, faço uma coisa que me dá um prazer enorme e tenho a sorte de vender produtos que não são
apenas objectos. Por um lado vendemos ‘companheiros de vida’, que são os relógios. Por outro vendemos ‘histórias de amor’, que
são as jóias. Quando um homem oferece uma jóia a uma senhora está a oferecê-la não pelo valor intrínseco, mas para realizar e
provar os sentimentos que nutre por ela. Em relação aos relógios, imagine um cliente que compra um relógio porque finalizou um
negócio. Daqui a 10 ou 15 anos ele vai lembrar-se, regularmente, da razão desta aquisição. Há poucos objectos que possamos usar
todos os dias e que, ao fim de 15, 20 anos, permaneçam próximos de nós.
64 / Espiral do Tempo 31 / Entrevista Paulo dos Santos
à morte de outras. Estamos a aprender em relação à gestão, mais uma vez, porque o mercado nos impôs isso. Hoje, para conseguirmos ter acesso a determinadas peças especiais, séries limitadas, por exemplo, temos de ser credíveis perante a indústria. Por isso temos de crescer, ganhar dimensão, ter outra atitude, outra ambição.
A formação é um tema quente, hoje em dia. Como é no comércio de alta-relojoaria?
Ao nível da loja, a formação tem de ser contínua. Temos várias pessoas com o curso de relojoaria da Casa Pia, que têm um conhecimento acima da média, e temos a vantagem de eles serem pacientes e darem formação aos colegas. É importantíssimo, na venda de um produto de alta gama, responder às questões que se levantem. De alguma forma, é o mesmo que termos um engenheiro mecânico a vender um carro.
Uma nova loja, agora no Porto. Porquê?
O meu pai era do Norte e tivemos sempre o desejo de voltar às origens. Temos uma carteira de bons clientes do Porto que constantemente nos perguntavam quando é que abríamos uma loja na Invicta. Depois das duas lojas de Lisboa, fazia sentido ter uma presença a norte para cuidarmos e aconselharmos os clientes que já cá temos e, naturalmente, angariar no- vos clientes.
No segundo semestre de 2008, abriram novas lojas e de grandes dimensões.
Ou seja, o tamanho das lojas aumenta, mas não haverá menos necessidade de
visitas físicas? Como disse, o cliente é cada vez mais bem informado pela im-
prensa e pelos meios digitais, podendo mesmo fazer aquisições sem se deslocar.
Continuo a achar que tem de haver um relacionamento humano. Antes, estávamos longe dos clientes, aguardávamos, expectantes, dentro da loja. Hoje, todos temos uma atitude mais pró-activa e sempre que surgem novi-dades passamos essa informação através dos meios digitais, mas creio que não acabou a parte relacional. Quanto ao tamanho das lojas, era inconce-bível, pelo volume de negócios de uma ourivesaria, que tivéssemos espaços
mais pequenos que lojas de pronto a vestir ou perfumarias, e nem sequer falo de marcas de luxo.
Como analisa a questão da assistência técnica em Portugal e qual a sua leitura
para a generalidade da indústria?
Esse será um dos pontos cruciais dos próximos anos. Quando pensamos que uma marca produz 40.000 peças por ano e sabemos que uma revisão deverá ser feita de quatro em quatro anos, significa que daqui por quatro anos teremos 40.000 relógios de volta. Creio, apesar de tudo, que Portugal – à boleia do apoio da indústria suíça à Casa Pia – tem alguma formação e a própria distribuição começou a criar as condições para que o serviço ao cliente – estamos a falar de algo muito melindroso – seja feito no mais curto espaço de tempo, por técnicos credenciados. É importante que a re-visão de um relógio seja uma boa experiência para o cliente.
Pode tornar-se um argumento de venda, a capacidade do SAV (serviço pós-venda)
de uma marca?
Não é um argumento de venda, mas vai fazer muitos danos a quem não consiga proporcioná-la.
Podemos dizer que o Paulo dos Santos é o wonder boy da relojoaria portuguesa?
Não. Eu diria que sou teimoso, obstinado e um bocadinho utópico. Este lado utópico, revela-se mais na parte da joalharia, onde continuo a tentar que Portugal consiga produzir joalharia com assinatura. Vejam os nossos vizinhos espanhóis, eles compram o que é espanhol e têm muito orgul-ho nisso, mas nós temos dificuldade em fazê-lo, com excepção de alguns produtos como o vinho ou o azeite. Este é o grande desafio de todos.
Falando de utopia, o que vai ser a Manuel dos Santos Jóias daqui a cinco anos?
Ideias temos muitas, mas não vou revelá-las… O nosso objectivo é lançar e consolidar uma marca e não, apenas, termos um negócio que desapareça daqui a 10, 20 ou 30 anos. Pretendemos deixar uma marca para o futuro.
Temos assistido nos últimos anos a crescimentos de dois dígitos na indústria relojoeira suíça. Esses resultados são feitos com mais
produção, maior rentabilidade e maior crescimento. O que estas marcas pequenas trouxeram de novo foi a ‘utopia do negócio’.
É voltar a fazer-se as coisas verdadeiramente por paixão e não ter a parte financeira a funcionar como locomotiva da actividade.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 65
Tudo o que sobe desce. E o balão estoirou, numa quinta-feira, em Wall
Street. O mundo mudou de um dia para o outro e os loucos anos 20
deram lugar à Grande Depressão, que iria ser, afinal, a antecâmara da
II Guerra Mundial. Por todo o lado, a mancha do totalitarismo cresceu.
E as horas da indústria relojoeira foram negras.
Em Fevereiro de 1929, Friedrich von Hayek, econo-mista austríaco, avisava: «… o boom colapsará dentro de poucos meses». Foi dos poucos economistas que previu o crash. Re-cebeu o Prémio Nobel em 1974.
No Verão de 1929, Ludwig von Mises, um financeiro austríaco, secundava von Hayek: «… aproxima-se um grande crash e não quero o meu nome de alguma maneira associado a ele». Era a sua resposta ao convite que lhe fora feito, e que rejeitara, para presidir ao Kredit Anstalt, na altura um dos maiores bancos da Europa. Dois anos de-pois, o Kredit declarava falência.
A 24 de Outubro de 1929, uma quinta-feira, dava-se o crash na bolsa de Nova Iorque. A indústria relojoeira mundial não ficaria, naturalmente, imune ao desastre. Nos gloriosos anos loucos, que tinham antecedido aquilo que depois veio a chamar-se a Grande Depressão, o relógio de pulso tinha começado a ganhar paulatina-mente terreno ao relógio de bolso. Um dos factores determinantes para isso terá sido o desembarque, na Europa, de centenas de milha-res de soldados norte-americanos, no epílogo da I Guerra Mundial, cujos oficiais e sargentos usa vam marcadores de tempo no pulso em lugar de no bolso, por se achar que eram mais práticos para a coorde-nação cronológica das operações militares. E se, até então, o relógio de pulso tinha tido fraca aceitação junto do público masculino, que
/ História / Crash 1929
Texto Fernado Correia de Oliveira
http://boards.nbc.com/nbc/index.php?act=Print&client=printer&f=8&t=790937NBC - The Tonight Show with Jay Leno - The Great Recession of 2008 O Crash de Wall Street na primeira página do London Herald de 25 de Outubro de 1929http://peterjcooper.files.wordpress.com/2008/05/wall_street_crash_1929.jpg Poster alusivo ao Crash de 1929https://www.allposters.com/-st/American-Moments-Posters_c6600_p2_.htm
o via como um objecto efeminado, com o final do conflito, o homem europeu começou a deixar- -se convencer pelo novo adereço. Diga-se que, em 1930, o mercado mundial de relógios de bol-so e de pulso se repartia igualmente entre si. A partir daí, foi o crescer do último em detrimento do primeiro, hoje praticamente desaparecido das linhas de produção.
Nos loucos anos 20 e 30, na Europa e nos Es-tados Unidos, houve uma revolução de costumes e uma explosão de formas – na música, na dança, na arte, na arquitectura e decoração (com o Art Déco), nos relógios.
Quanto aos relógios de pulso, a elegância es -ta va mais nas caixas rectangulares, quadradas ou em tonneau do que nas redondas, e há mode-los de hoje que são inspirações ou cópias desses modelos, surpreendentemente grandes, com números gigantes nos mostradores. Marcas como
a Longines, por exemplo, ditavam uma estética arrojada, hoje repetida por tantas marcas.
Durante os anos 20 e 30, a indústria relojoei-ra suíça cresceu tremendamente. Havia novos de sen volvimentos técnicos, novos materiais. A Rolex tinha lançado, em 1926, o Oyster, o pri-meiro relógio verdadeiramente estanque. Em 1927, a Patek Philippe apresentava o primeiro calendário perpétuo de pulso. O vidro do mostra-dor em safira, à prova de risco, aparecia em 1929.
Depois da I Guerra Mundial, num clima de descompressão generalizado, o relógio de pulso tinha seguido essencialmente dois caminhos: o de relógio-jóia, enfatizando a forma; o de reló-gio técnico ou desportivo, enfatizando a função. Ambos se inspirariam em criadores como Adolf Loos, Walter Gropius ou Le Corbusier. Essa tendência seria confirmada na Feira Internacio-nal de Artes Decorativas de Paris, em 1925. A
Cartier seria o epítome dessa corrente, com relógios-jóia orientalizantes e, ao mesmo tempo, relógios técnicos de linhas sóbrias (como o Tank Americano).
O relógio baguette, originalmente lançado pela Vacheron Constantin, cedo seria imitado pela Cartier, pela LeCoultre, Baume & Mercier, Dunhill, Lange ou Van Cleef & Arpels. As caix-as redondas ficavam reservadas para os modelos automáticos e para os relógios estanques.
Se, em 1920, a Suíça tinha exportado 13,7 milhões de relógios, em 1929 atingia o auge, com 20,7 milhões. Mas o crash iria fazer-se sentir vio len tamente. Em 1930, há logo uma redução para 16,2 milhões e, em 1932, bate-se no fundo, com apenas 8,2 milhões. Só em 1935, com 15,1 milhões de relógios exportados, se chega quase ao nível de cinco anos antes e apenas em 1938 a crise foi totalmente ultrapassada, quando se
Desde Abril de 1928, Salazar era Ministro das Finanças do governo da ditadura militar saído do
golpe de estado de 28 de Maio de 1926. Portugal estava exangue, mercê de séculos de miséria
monárquica, de 16 anos de anarquia republicana, de dois anos de participação desastrosa na
I Guerra Mundial. Era um país esfrangalhado social, política, económica e financeiramente que
apanhava com o crash e a crise internacional. Salazar, em entrevista ao Novidades, declarava:
«nunca nenhum médico perguntou a um doente o remédio que ele deseja tomar, mas apenas
o que é que lhe dói». O seu remédio para o saneamento das finanças passava pela auto-
suficiência, pelo limitar das importações. A passagem de Salazar pelas finanças foi de curta
duração, tendo regressado a Coimbra, para voltar pouco depois, para ser chefe de governo e aí
ficar 38 anos. Outro dos pilares do regime, o seu amigo de seminário, Gonçalves Cerejeira, era
A tradição do mecânico imperava ainda. Prodigiosas criações
continuavam a ser fabricadas pela Patek Phillipe ou pela Jaeger-
-LeCoutre. Em cima, um estojo da Rolex com peças para reparação
de relógios mecânicos.
atingiram os 21,8 milhões de peças. Todas as manufacturas, europeias ou norte-americanas, so fre ram brutalmente com a crise económica, e a tendência geral foi deixar de fabricar relógios em metais preciosos e passar a fazê-lo em aço, para que os preços fossem minimamente atraentes.
No auge da crise, manufacturas especializa-das em alta-relojoaria viram-se forçadas a reduzir a produção e a força de trabalho. A Audemars Piguet, que tinha crescido exponencialmente du rante o boom, trabalhando para clientes como Gubelin, Tiffany & Co., Cartier ou Bvlgari, foi das mais afectadas. Em 1929, vendeu ap-enas 737 relógios, contra dois mil em 1920. Pro- duziu apenas 54 relógios em 1931 e dois em 1932, ficando praticamente parada. A Interna-tional Watch Company (IWC) produziu somen-te 600 movimentos em 1932, e apenas para reló-gios de bolso.
Alguns beneficiaram com a crise. Como a Rolex. Foi neste contexto deprimido que surgiu o modelo Prince. De forma rectangular, claramente na linha estética dos anos 20, foi o relógio nos-tálgico de uma clientela falida, mas que, olhando para o pulso, se sentia reconfortada ao recordar tempos menos cinzentos. Hans Wilsdorf, fun-dador da marca, um génio do marketing, lançava constantemente novas ideias para vender mais relógios. Durante os anos 20, em pleno boom, tinha popularizado o Oyster. Quando Mercedes Gleitz atravessou a nado o Canal da Mancha com um relógio desse modelo no pulso, Wilsdorf con-seguiu uma proeza de publicidade inédita para a época. Durante os anos da Grande Depressão, ele continuou a ter ideias inovadoras para vender, nomeadamente com o modelo Perpetual – o pri-meiro relógio automático de produção maciça, lançado em 1933 e 1934.
A resposta mundial ao crash foi em dois senti-dos: alastramento um pouco por todo o lado dos regimes autoritários (há quem diga que o desas-tre bolsista de Nova Iorque foi o primeiro capí-tulo de uma história trágica que culminaria na II Guerra Mundial), por um lado; renascimento do proteccionismo comercial, por outro.
Em 1929, cerca de 18,5 por cento dos relógios suíços eram exportados para os Estados Unidos. Em Julho de 1930, uma lei norte-americana de-cretava um aumento de direitos sobre as impor-tações de 38,5 por cento (a vigorar desde 1922), para uns brutais 53,2 por cento.
Particularmente no que diz respeito a reló-gios, a lei visava dificultar as classes de relógios de gama baixa e média, representando dois terços das exportações helvéticas para os EUA. O to-tal de exportações suíças contraiu-se em 24 por cento em 1930, com as exportações para o mer-
nomeado por essa altura cardeal patriarca de Lisboa. As intentonas sucedi-
am-se, fracassando umas sobre outras, o PCP reorganizava-se sob a batuta
de Bento Gonçalves. Lançava-se a Campanha do Trigo, proclamando-se: «o
trigo da nossa terra é a fronteira que melhor nos defende». Em Outubro de
1929, numa manifestação de apoio, no discurso de agradecimento, Salazar
usa pela primeira vez a frase «Nada contra a Nação, tudo pela Nação». Uma
série de decretos-lei anula o pacote legislativo anti-religioso da I República e
as ordens religiosas são autorizadas a regressar a Portugal.
A indústria relojoeira nacional resumia-se então à Boa Reguladora, de Vila
Nova de Famalicão (desaparecida no início do século XXI), que fabricava re-
lojoaria média: populares modelos de caixa alta, de parede e de mesa. No
retalho relojoeiro, a Casa Francesa, no Porto, e a Casa Mergulhão, em Lis-
boa, davam cartas (Zenith e IWC, em relógios de bolso, principalmente, eram
bastante populares). No capítulo da relojoaria de luxo, as casas que nessa
época davam cartas eram, em Lisboa, a Leitão & Irmão, a Ourivesaria do
Carmo, a Ferreira Marques; no Porto, a Ourivesaria Cunha (hoje Machado
Joalheiro). Nos seus registos históricos há importações regulares de Cartier,
Vacheron Constantin e LeCoultre. Mas os poucos portugueses endinheirados
e viajados preferiam muitas vezes Paris para comprar os seus relógios de
bolso em ouro.
Os novos formatos começavam a surgir. Cartier, Patek Phillipe e até
a Audemars Piguet tentavam encontrar os caminhos da sedução
até aos consumidores.
cado norte-americano a caírem 48 por cento. Em retaliação face ao aumento dos direitos al-fandegários sobre relógios, bordados e sapatos, a Suíça iniciou um boicote aos produtos norte-americanos. Os correios helvéticos anunciaram que não comprariam carros americanos, e os caminhos-de-ferro e os bancos suíços recusaram-se a comprar a firmas americanas.
Com o crash, a consolidação da indústria re-lo joeira suíça, que já estava em marcha desde 1926, ganhou novo ímpeto devido à queda do comércio mundial. O governo suíço criou uma super holding, chamada ASUAG (Allgemeine Schweizerische Uhrenindustrie AG ou Société Général de l’Horlogerie Swiss, S.A., nome por que é conhecida em francês). Essa holding com-prou a maioria das acções da Ebauches, S.A., e vários outros importantes fabricantes de calibres e componentes. A indústria, nesse tempo de cri-se, foi quase totalmente nacionalizada.
De fora ficariam poucas. Dos fabricantes de calibres, realce para a Valjoux, S.A., adquirida em 1929 pelos irmãos Marius e Arnold Reymond, que persistiu em continuar sozinha. Mesmo as-sim, os Reymond viriam a perder o controlo da empresa, vendendo-a a um grupo de investidores. Hoje, a Valjoux faz parte do conglomerado ETA, o maior fabricante suíço de calibres, por sua vez detido pelo Swatch Group.
Quanto aos fabricantes de espirais e rodas de balanço, foram várias as pequenas empresas a de-saparecer ou a fundir-se, ficando, no final, apenas a Isoval e a Nivarox. Na segunda grande crise re-lojoeira do século, quando o relógio de quartzo asiático, nos anos 70, ameaçou de novo de morte o sector, a Isoval não resistiu e, hoje, apenas resta a Nivarox como grande fabricante, que faz igual-mente parte do Swatch Group.
Depois, na alta-relojoaria, poderá citar-se o caso da Jaeger-LeCoultre que, mesmo durante o período da Grande Depressão, vendendo natu-ralmente muito menos, não deixou de investir em pesquisa e desenvolvimento. A manufactura lançou, em 1929, o Calibre 101, ainda hoje o mais pequeno movimento mecânico do mundo. Um ano antes, tinha lançado o revolucionário Atmos, um relógio que funciona sem corda, usando ap-enas as variações térmicas e de pressão atmosféri-ca como força motriz. Depois, houve o Reverso, lançado em 1931, um clássico do Art Déco e, ainda hoje, um dos ícones da relojoaria de pulso.
Só em 1934 os Estados Unidos começaram a reduzir os direitos alfandegários, o primeiro passo para um retomar do comércio mundial e para uma saída lenta da Grande Depressão.
Quanto à indústria relojoeira norte-america-na, que tinha conseguido ser competitiva tanto em relojoaria média (relógios de caixa alta, de
pa rede e de mesa) como em relojoaria fina (de pulso e de bolso), mercê de processos industriais revolucionários que reduziam os preços unitários, foi atingida em cheio pelo crash. Muitas peque-nas fábricas desapareceram na voragem da falên-cia, especialmente por, juntamente com a crise, não conseguirem adaptar rapidamente as cadeias de produção, mudando dos relógios de bolso para os de pulso. A Waltham foi uma delas.
A Waterbury Clock Co. (WCC), antepassa-da da Timex, esteve às portas da falência. Marcas como a Elgin ou a Hamilton quase fecharam, e apenas com o advento da II Guerra Mundial e o esforço de preparação que a antecedeu vieram a recuperar. Poderá perguntar-se: porquê? Porque os mecanismos de relojoaria foram, até há pouco tempo, essenciais para a regulação de toda uma série de bombas e outras munições. Os milhões de calibres encomendados pelo governo norte- ame ricano às manufacturas relojoeiras nacionais, a partir de 1938, foram o balão de oxigénio para uma indústria que tinha quase sucumbido em 1929 e nos anos seguintes.
Portugal, país neu tro durante o conflito, im-portou, entre 1939 e 1945, um número recorde de calibres suíços. Para exportar depois para os dois lados – Inglaterra e Alemanha… Esses cali-bres acabariam em tabliers de aviões ou em meca-nismos de detonação de bombas.
Os anos 20 e 30 foram, apesar de tudo, anos marcantes para a
re lojoaria suíça. O modelo Prince da Rolex, o primeiro Atmos da
Jaeger-LeCoultre e o Reverso, ícone da Grand Maison, tiveram o seu
nascimento neste conturbado período.
para comemorar os 50 anos da Esquadra Fal-cões, localizada na base de Monte Real, foi agora produzida uma edição limitada do modelo B-42 da Fortis. São 50 relógios au-tomáticos, com horas, minutos, segundos,
data e três fusos horários. Com o símbolo dos Falcões às nove horas, têm o número de série e o nome do pilo to na lateral da caixa em aço, com vidro em safira de ambos os lados e é estanque até 200 metros. Estas peças não chegarão ao mercado, dado que a procura foi intensa en-tre actuais e antigos pilotos da esquadra. Para provar a fiabilidade e resistência do relógio, os 50 Fortis Falcões
foram submetidos a um voo de baptismo, atingindo os 9 G (nove vezes a gravidade terrestre) a bordo de dois caças F16, numa operação coroada de êxito.
«Abnegação, rusticidade, competência e fiabilidade são qualidades que se esperam de um Falcão português», salientou na festa de aniversário o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Luís Araújo. «São essas as qualidades que encontramos também nos relógios For-tis, pelo que a escolha foi acertada».
Já o Falcão-Mor, Tenente-Coronel Luís Serôdio, cujo nome de código é Elvis e que é actual comandante da Es quadra, recordou que a parceria com a Fortis dura
/ Reportagem / Fortis Falcões 50 Anos
sãO Os tOp GUn da FOrça aÉrEa pOrtUGUEsa, cOrpO dE ELitE dE piLOtOs dE caça
cOM UM HistOriaL ricO E qUE Está a FazEr MEiO sÉcULO dE Existência. só UM
rELóGiO MUitO EspEciaL pOdEria satisFazEr EstE cOrpO dE ELitE.
Texto Fernando Correia de Oliveira / Fotos Nuno Correia
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 73
há quase uma década, pois houve anteriormente várias edições limitadas da marca para os Falcões. «O relógio é robusto e fiável, como tudo aquilo que usamos nas nossas missões», referiu.
A história da Esquadra Falcões está ligada à da Base Aérea n.º 5 de Monte Real, onde hoje se localiza, mas o seu início remonta à então Base Aérea n.º 2 da Ota. Foi em 4 de Fevereiro de 1958 que nasceu a Esquadra 50 Falcões, tendo como primeiro comandante o Capitão Piloto Avia dor Gualdino Moura Pinto. A sua criação foi originada pela entrega a Portugal das aero- naves F-86F, ao abrigo do Military Defence As-sistance Program, como contrapartida da utiliza-ção da Base das Lajes.
Para lema, os Falcões adoptaram ‘Guerra ou Paz Tanto nos Faz’ e o símbolo escolhido foi o
fal cão peregrino, uma ave de rapina com carac-te rísticas únicas. Com efeito, o falcão peregrino – o ser vivo mais rápido de todos – tem particu-laridades que lhe permitem atingir velocidades incríveis, mantendo uma precisão e beleza de voo que impressiona o Homem, desde a Antiguida de.
Como recorda um artigo da revista Mais Alto, o órgão oficial da Força Aérea Portuguesa, assinalando o meio século de vida da Esquadra dos Falcões: «já no antigo Egipto simbolizava o deus Horus e, na Idade Média, a sua posse era um indicador de estatuto social, sendo apenas autorizada a membros da realeza e da corte. O falcão peregrino é um caçador destemido que se alimenta quase exclusivamente de aves. Pode afirmar-se que dentro do território de caça de um falcão peregrino nenhuma ave estará segura, em-
bora as suas presas sejam fundamentalmente aves de pequeno e médio porte. Percebe-se, assim, a adequação perfeita do símbolo escolhido face à missão da Esquadra».
Os primeiros F-86F Sabre chegaram a Por-tugal em 25 de Agosto de 1958. É de assinalar que esta aeronave foi a primeira da aeronáutica portuguesa a «esburacar a barreira do som», usan-do a expressão com que os Falcões fundadores se referiam à passagem da barreira do som.
Foi ainda nos tempos de formação na Ota que se colocou por cima da porta da Esquadra a frase «Por esta porta passam os falcões mais ferozes do mundo», frase que passou a estar presente em to-das as portas de entrada das instalações onde a Es quadra funcionou e que se mantém, até hoje. Foi no dia 22 de Setembro do mesmo ano que se
« para prOvar a FiabiLidadE E rEsistência dO rELóGiO, Os 50 FOrtis FaLcÕEs FOraM sUbMEtidOs a UM vOO dE baptisMO, atinGindO Os 9 G a bOrdO dE dOis caças F16... »
74 / Espiral do Tempo 31 / Reportagem Falcões 50 Anos
efectuou o primeiro voo em F-86F com um pi-loto português aos comandos, honra que natural-mente pertenceu ao Comandante de Esquadra, o Major Moura Pinto. A forma de estar e sentir do primeiro Falcão-Mor ficou bem gravada nas suas palavras escritas, após esse voo, no Livro da Vida Privada dos Falcões, um livro onde foram escritas algumas passagens da vida da Esquadra pelo cunho dos seus pilotos.
Em 1980, recorda o articulista da Mais Alto, ocorrem os últimos voos de F-86F, «constituindo- -se Portugal como o último país da NATO a voar, operacionalmente, este lendário jacto supersónico, no qual foi efectuado um total de 60.000 horas de voo, de treino e operacionais, em tempo de paz e em teatro de operações de guerra».
No final de 1981, a Força Aérea recebeu os primeiros A-7P Corsair II, aeronave que permitiu
conciliar as modernas tecnologias de navega ção autónoma e de sobrevivência em combate, com um sistema de armas de tiro preciso e com as tác-ticas mais avançadas de combate aéreo. A desig-nação de Falcões passou a identificar a Esquadra 302, herdeira das tradições das Esquadras 51 e 201 que a tinham precedido como unidades de caças.
Em Agosto de 1990 Portugal inicia o proces-so de aquisição de 20 aviões General Dynamics F-16A Fighting Falcon, cujo programa recebeu a designação de Peace Atlantis. No desenvolvi-mento do processo, decidiu-se reactivar a Es-quadra 201 Falcões, em 4 de Outubro de 1993. A partir de Julho de 1994, começou a entrega dos F-16, tendo-se oficializado em 21 de Fevereiro de 1995 a entrada ao serviço dos 20 F-16.
Desde o final de 2001, após os atentados ter-roristas do 11 de Setembro, o estado de prontidão
do alerta da defesa aérea foi alterado para dar res-posta a um nível de ameaça considerado elevado. Desde então, e em contínuo, a Esquadra 201 mantém o alerta de defesa aérea e policiamento aéreo 24 horas por dia, num estado de pron-tidão elevado (15 minutos), com duas aeronaves F-16 armadas com mísseis reais e canhão. Esta é uma missão em que a disciplina e a capacidade de res posta contínuas personificam o espírito da Esquadra dos Falcões.
Historicamente, os Falcões foram, e conti- nu am a ser, uma Esquadra de referência a operar meios aeronáuticos que estão na vanguarda, em termos tecnológicos, dos novos sistemas de ar- mas. E há meio século que defendem a integri-dade do espaço aéreo nacional ou, como é gíria no palácio dos Falcões, mantêm «Air Supremacy
since 1958».
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 75
A mais popular complicação relojoeira é a cronográ fica. Trata-se
de uma função desportiva que permite dominar os tempos do
nosso tempo. E um cronógrafo torna-se ainda mais prestigiado se
é associado a outras complicações relojoeiras ou se é concebido
em metal precioso…
Curiosamente, a palavra cronógrafo significa isso mesmo: escrever o tempo.
Apesar de o termo cronógrafo se ter institucionalizado, a designação não é uma
tradução fiel da origem grega da palavra... que realmente significa ‘conspirador
do tempo’. Num sentido ainda mais literal, a palavra composta chronograph
(do grego graphein, escrever, e chronos, tempo) indica a marcação do tempo
com a inscrição de uma marca de tinta num mostrador ou folha de papel.
E tendo em conta que os relógios existem precisamente para mostrar o tempo, a
designação mais correcta para cronógrafo seria chronoscope (do grego skopein,
olhar... o tempo) – ou seja, cronoscópio. No Dicionário Profissional Ilustrado da Re-
lojoaria até é referido que «um cronoscópio mostra intervalos de tempo, ao passo
que um cronógrafo, em sentido estrito, deve registá-los». A confusão etimológica
também abrange a expressão cronómetro, erradamente utilizada na maior parte
das vezes. Um cronómetro não é um cronógrafo: é simplesmente um relógio (que
pode ser cronógrafo ou não) cuja elevada precisão é certificada pelo Controlo
Oficial Suíço dos Cronómetros. No entanto, o verbo derivado ‘cronometrar’ indica
precisamente o acto de medir o tempo com o recurso a um cronógrafo (que deve-
ria chamar-se cronoscópio…).
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 77
a LEnda dO rOYaL OaK nãO sE cinGE apEnas Às pEcULiarEs FOrMas GEOMÉtricas; tEM iGUaLMEntE a vEr cOM as
MúLtipLas variantEs E EspEciaLidadEs qUE O sEU FOrMatO FOi aLbErGandO dEsdE O inÍciO dOs anOs 70. E nãO Há
dúvida dE qUE UMa das Mais prEstiGiadas vErsÕEs É O tOUrbiLLOn cHrOnOGrapH – qUE aprEsEnta UMa pOdErOsa
FUsãO EntrE a Mais nObrE (O tUrbiLHãO) E a Mais dEspOrtiva (O crOnóGraFO) das cOMpLicaçÕEs rELOJOEiras
Graças a UM sObErbO MEcanisMO qUE pErMitE rEUnir O MELHOr dOs dOis MUndOs: O caLibrE 2889, dOtadO
dE divErsas inOvaçÕEs apErFEiçOadas pELO ‘atELiEr’ dE pEsqUisa E dEsEnvOLviMEntO dE prOdUtO da aUdEMars
piGUEt. UMa dELas É a MOLa da cOrda, cOncEbida EM titÂniO E cOM UMa baixa FOrça dE inÉrcia, qUE pErMitE qUE
O pOntEirO dOs sEGUndOs dO crOnóGraFO arranqUE, parE E rEGrEssE sUavEMEntE aO zErO sEM a HEsitaçãO
patEntE nOUtrOs MEcanisMOs. taMbÉM O taMbOr da cOrda pErMitE UMa rOtaçãO rápida para arMazEnaMEntO
dE EnErGia E a tEnsãO da cOrda MantÉM-sE cOnstantE.
tUrbiLHãO & crOnóGraFO
O cronógrafo é talvez a mais popular das complicações. O tur-bilhão, idealizado por abraham-Louis breguet há pouco mais de dois séculos para compensar os efeitos da força da gravidade exercidos sobre os mecanismos relojoeiros, representa a arte relojoeira no máximo esplendor e é uma das mais fascinantes invenções do homem. a janela aberta no mostrador permite ver a gaiola do turbilhão do royal Oak tourbillon chronograph efec-tuar a tradicional rotação de um minuto sobre si mesma.
cOrrEia OU bracELEtE
O tourbillon chronograph está disponível em caixas com 43 milímetros de diâmetro em aço, ouro branco ou ouro rosa, devi-damente equipadas com uma correia de pele de crocodilo do Luisiana (com fecho de báscula concebido sobre as letras a e p do logotipo) ou com a inconfundível bracelete integrada (no mesmo metal da caixa). dotada de um fecho de báscula com três lâminas extremamente seguro, a bracelete polida à mão é constituída por uma justaposição de pequenos elos que per-mitem simultaneamente robustez e conforto.
caLibrE prOdiGiOsO
O calibre 2889 de corda manual merece ser devidamente apre-ciado através de um fundo transparente em safira: dotado de uma platina e pontes em ‘maillechort’ (liga inoxidável particu-larmente estável através do tempo), é profusamente decorado com côtes de Genève, ‘perlage’ e ‘anglage’. O balanço é equili- brado por parafusos ajustáveis e alberga uma espiral curva phillips; uma báscula em titânio elimina o pernicioso salto no arranque do ponteiro cronográfico dos segundos. no total, o mecanismo alberga 286 peças e 25 rubis, apresentando 72 horas de reserva de marcha e uma frequência do balanço de 21.600 alternâncias/hora.
«Três características sobressaem quando temos esta
peça na mão: é um Audemars Piguet, como tal é um
relógio equipado com um calibre de manufactura; é
um turbilhão que por si só encerra uma mestria téc-
nica ao alcance de poucos; e é um cronógrafo, o que
transmite um ar desportivo a este Royal Oak. Ao re-
quinte do ouro soube a casa Audemars Piguet acres-
centar as características certas para criar um relógio
marcante em todas as ocasiões, das mais casuais às
mais formais.
António Machado / Machado Joalheiros
Referência / 25977BA.OO.D088CR.01
Diâmetro / 44 mm
Caixa / Ouro amarelo 18k.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento / Turbilhão cronógrafo de corda manual
calibre AP 2889.
Funções / Horas, minutos, segundos e cronógrafo.
Estanquicidade / 20 metros.
Bracelete / Pele de jacaré com fecho de báscula
em ouro amarelo 18k.
Preço / 169.440 euros
Ficha TécnicaRoyal Oak Turbilhão Chrono / Audemars Piguet
/ Em Foco / Royal Oak Turbilhão Chrono / Audemars Piguet
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 79
aprEsEntadO na cELEbraçãO dO dÉciMO anivErsáriO dO EstabELEciMEntO da ManUFactUra cHOpard EM FLEUriEr,
O L.U.c cHrOnO OnE sUrprEEndEU O MUndO rELOJOEirO cOM O sEU sEnsaciOnaL caLibrE crOnOGráFicO aUtOMáti-
cO intEGradO, cOM rOda dE cOLUnas E FUnçãO dE rEtOrnO instantÂnEO (FLYbacK). EstE crOnóGraFO aprEsEnta
ainda UMa rEsErva dE MarcHa dE LOnGa dUraçãO E a FUnçãO dE zErO-rEsEt para Os pEqUEnOs sEGUndOs
cOntÍnUOs, dE MOdO a prOpOrciOnar UM acErtO Mais prEcisO. idEaLizadO pELO cO-prEsidEntE KarL-FriEdricH
scHEUFELE E cOncEbidO EM tEMpO rEcOrdE pOr UMa EqUipa dE ELitE, O L.U.c cHrOnO OnE cOncEpt cOMEMOrativO dE
2006 OstEntava UMa pErsOnaLidadE dEcididaMEntE cOntEMpOrÂnEa cOM sUbMOstradOrEs transparEntEs. O MO-
dELO rEGULar EM OUrO rOsa (Mas taMbÉM dispOnÍvEL EM OUrO brancO) É siMULtanEaMEntE cLássicO E dEspOrtivO,
cOM as sUas prOpOrçÕEs ELEGantEs E Os tOtaLizadOrEs cOntrastantEs. qUaLqUEr qUE sEJa a vErsãO, trata-sE dE UM
prEstiGiadO instrUMEntO dO tEMpO qUE satisFaz tOdas as ExiGências da aLta-rELOJOaria tradiciOnaL.
FUndO transparEntE
a apurada decoração do calibre L.U.c 11 cF satisfaz os mais elevados padrões estéticos da alta-relojoaria e a sua arquitec-tura peculiar pode ser devidamente apreciada através de um fundo transparente em vidro de safira. a robusta caixa de 42 mm de diâmetro e 14,2 de espessura assegura uma estanqui-cidade até aos 30 metros. a sumptuosa correia é em pele de crocodilo do Louisiana e apresenta uma fivela de ouro da cor da caixa.
caLibrE L.U.c. 11 cF
O chrono One é alimentado pelo soberbo calibre L.U.c 11 cF manufacturado no ‘atelier’ de alta-relojoaria da chopard em Fleurier – trata-se de um mecanismo cronográfico ‘flyback’ com roda de colunas e ‘stop seconds’ para o acerto do tempo, embraiagem vertical que impede variações de amplitude, rotor bidireccional de eixo central em ouro assente sobre rolamentos de esferas em cerâmica, dispositivo de engrenagem unidirec-cional, regulação através dos parafusos no balanço variner de inércia variável e 60 horas de reserva de marcha. O mecanismo tem certificação de cronómetro atribuída pelo contrôle Officiel suisse des chronomètres (cOsc).
cLássicO MOdErnO
dotado de uma elegante caixa em ouro rosa e botões de forma a ladearem a coroa personalizada, o chrono One assume a sua vocação desportiva com os submostradores das horas e dos minutos a contrastarem com o mostrador antracite raiado. a colecção L.U.c arrancou com uma personalidade declara- damente clássica em 1997, mas actualmente divide-se em modelos sóbrios, que exaltam os valores tradicionais, e out-ros de carácter mais moderno, que se projectam no futuro; o chrono One é um relógio intemporal.
«O grande investimento feito pela Chopard na sua
manufactura em Fleurier rapidamente começou a dar
frutos. O desenvolvimento de calibres próprios eleva
a marca a outro patamar dentro da alta-relojoaria
e permite um total controle de todas as etapas de
concepção e fabrico dos seus movimentos. O L.U.C.
Chrono One é o expoente máximo da excepcional
qualidade mecânica e estética que a casa Chopard
produz. É uma peça distinta e sóbria que não perde
a sua personalidade contemporânea. Se o exterior é
digno de admiração, no seu coração está o calibre
L.U.C. 11 CF com certificação COSC. Intemporal.»
Rita Torres / Torres Joalheiros
Referência / 161916 - 5001
Diâmetro / 42 mm
Caixa / Ouro rosa 18k.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento / Mecânico de corda automática
Calibre L.U.C. 11 CF.
Funções / Horas, minutos, segundos, cronógrafo
e data PVD preto.
Estanquicidade / 30 metros.
Bracelete / Pele de crocodilo com fivela em ouro
rosa 18k.
Preço / Sob consulta
Ficha TécnicaL.U.C. Chrono One / Chopard
/ Em Foco / Chopard / L.U.C. Chrono One
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 81
FazEndO JUs aO LEMa ‘MEstrE das cOMpLicaçÕEs’, FrancK MULLEr sEMprE GOstOU dE cOnJUGar MúLtipLas FUnçÕEs
EM MOdELOs MascULinOs dE GrandE prEstÍGiO. a cOLEcçãO cOM a sUa assinatUra tEM rEFLEctidO Essa tEndên-
cia dEsdE O inÍciO E, apEsar dO sUrGiMEntO dE OUtras FOrMas dE caixa, Os MOdELOs dEcLinadOs nO EMbLEMáticO
FOrMatO ‘tOnnEaU’ cOntinUaM a sEr Os principais cLássicOs da Marca – cOMO sE pOdE cOMprOvar pELO ExcE-
LEntE crOnóGraFO caLEndáriO pErpÉtUO birrEtróGradO, qUE tEM a particULaridadE dE cOMpLEMEntar a FUnçãO
crOnOGráFica cOM UM caLEndáriO pErpÉtUO qUE incLUi as FasEs da LUa E UMa ExtravaGantE dispOsiçãO rEtró-
Grada da data E dO dia da sEMana. O cLassicisMO irrEvErEntE da caixa cintrÉE cUrvEx qUE sE tOrnOU indissOciávEL
da Marca É cOMpLEMEntadO pOr UM ELEGantE MOstradOr dE sUpErFÍciE dEcOrada EM divErsOs padrÕEs
dE ‘GUiLLOcHÉ’; Os aLGarisMOs árabEs EstiLizadOs E a sOLUçãO GráFica dO cOnJUntO, acEntUada pELas EscaLas
birrEtróGradas, OFErEcEM aO rELóGiO UM caráctEr vErdadEiraMEntE sUMptUOsO.
caixa sObrEdiMEnsiOnada
a voluptuosa caixa em ouro rosa de 18 quilates é de grandes di-mensões (tamanho 9880) e surge equipada com uma clássica correia em pele de crocodilo com fivela personalizada. a coroa e os botões que activam a função cronográfica fazem-se acom-panhar de quatro discretos correctores – dois em cada flanco – para o ajustar das várias indicações do calendário perpétuo: dia, dia da semana, mês e fases da Lua.
ELEGantE ExtravaGÂncia
O mostrador surge com a habitual indicação de horas e minutos ao centro, ponteiro de segundos cronográficos igualmente ao centro e dois submostradores para o totalizador de 30 minu-tos do lado das três horas e o totalizador de 12 horas às nove; grandes ponteiros excêntricos indicam de modo semicircular a data e o dia da semana; há ainda um submostrador às 12 horas para o mês (com uma janela que indica o ciclo bissexto de qua-tro anos) e uma janela para as fases da Lua às seis horas.
sistEMa rEtróGradO
a disposição da data e do dia da semana através de ponteiros dotados de um sistema de retorno instantâneo ‘flyback’ é de difícil concretização técnica, já que o mecanismo está cons-tantemente a funcionar como uma mola que se vai apertando até que a indicação chega ao final da escala e se liberta violen-tamente; quando a mola se solta, o ponteiro salta para trás de modo a recomeçar o seu trajecto desde o início. Os ponteiros retrógrados são uma folia que troca as voltas ao tradicional sis-tema circular de contagem, numa nova interpretação da arte de medir o tempo.
«Se à grande complicação que é um calendário
perpétuo juntarmos a indicação retrógrada da data
e do dia da semana e ainda uma função cronográ-
fica, poucos são os relojoeiros que saberiam dar uma
resposta tão grandiosa como o “Mestre da Compli-
cações”, Franck Muller. Um desafio aceite e resolvido
pelo genial relojoeiro e envolto numa caixa cintrée
curvex, também um exclusivo seu, em ouro rosa de
18k. Esta peça representa o que de melhor a Franck
Muller nos consegue apresentar.»
Nuno Torres / Anselmo 1910
Referência / 9880 CC QP B
Diâmetro / 48 x 60 mm
Caixa / Ouro rosa 18k.
Vidro / Safira.
Movimento / Mecânico de corda automática.
Funções / Horas, minutos, segundos, cronógrafo,
calendário perpétuo com data e dia da semana,
mês, ano bissexto e fases da Lua.
Estanquicidade / 20 metros.
Bracelete / Pele de crocodilo com fivela em ouro
rosa 18k.
Preço / 76.350 euros
Ficha TécnicaChrono Perpetual Bi-retro / Franck Muller
/ Em Foco / Franck Muller / Chrono Perpétual Bi-retro
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 83
aqUandO dO sEU LançaMEntO, O cHrOnOFiGHtEr EstabELEcEU-sE LOGO cOMO UM dOs rELóGiOs Mais OriGinais dO
UnivErsO rELOJOEirO da actUaLidadE, MUitO Graças À prOtUbErantE aLavanca dEstinada a dEspOLEtar as
FUnçÕEs crOnOGráFicas. O sUcEssO EMpUrrOU a GraHaM para a criaçãO dE várias EdiçÕEs LiMitadas E taMbÉM
para UMa variantE dE FOrMatO ainda MaiOr – E Essas dUas vErtEntEs EncOntraM-sE cOnJUGadas nO iMprEs-
siOnantE cHrOnOFiGHtEr OvErsizE bLacK LabEL, UM pUJantE instrUMEntO qUE aLia O OUrO aO nEGrO nUMa prE-
ciOsa EdiçãO LiMitada a 500 ExEMpLarEs. as OriGEns dO EMbLEMáticO ‘GatiLHO’ dO crOnóGraFO rEMOntaM aOs
instrUMEntOs dE prEcisãO prEsOs À pErna dOs navEGadOrEs dOs aviÕEs da sEGUnda GUErra MUndiaL qUE, atravÉs
dE UM sistEMa sEMELHantE, acciOnavaM O crOnóGraFO para MEdir O tEMpO dEcOrridO EntrE a LarGada da
bOMba E a sUa dEFLaGraçãO nO sOLO. a aLavanca dO cHrOnOFiGHtEr OriGinaL sUrGE nO bLacK LabEL cOMpLEtaMEntE
cObErta cOM pvd nEGrO para tOrnar O cOnJUntO ainda Mais aGrEssivO.
rapidEz nO GatiLHO
O inconfundível sistema de alavanca é a imagem de marca da linha chronofighter e é muito mais do que um mero exercício estilístico ou técnico: o seu posicionamento à esquerda da caixa foi estudado para aproveitar ao máximo a acção do dedo polegar (considerado o mais rápido de todos os dedos da mão) e a precisão na cronometragem exige um accionamento rápido para evitar qualquer ‘décalage’ relativamente ao início do even-to que está a ser medido.
cHarME ObscUrO
O contraste entre a classe do ouro rosa de 18 quilates (na lu-neta, nos parafusos, no botão e nos pormenores do mostrador) e os tons negros proporcionados pelo revestimento da caixa em pvd atribui ao relógio uma personalidade forte e masculina. além disso, favorece a legibilidade dos dados luminescentes (que enchem os algarismos, ponteiros e indicadores em ouro). O belo mostrador é raiado horizontalmente e a bracelete preta em cauchu completa de modo ideal o conjunto.
MOtOr dE FOrça
O mecanismo cronográfico automático do black seal é o cali-bre G1734, com reserva de corda de 42 horas e base mecânica modificada para implementar o accionamento do cronógrafo à esquerda e sobre a coroa. O ponteiro cronográfico dos segundos surge ao centro, com um submostrador para os pequenos se- gundos contínuos às três horas e um totalizador de 30 minutos às nove horas. a janela da data está colocada nas sete horas.
/ Em Foco / Chronofighter Black Label / Graham
«Eu diria que este é um relógio para os “destemidos”.
Sendo uma peça com um diâmetro imponente difi-
cilmente passa despercebida no pulso de quem a
usa. Estamos perante uma criação de uma das mais
carismáticas marcas relojoeiras da actualidade que
se soube impor no mundo da alta-relojoaria pela
sua técnica apurada e estética de excepção. Esta
marca inglesa fabricada na Suíça resolveu apresentar
o Black Label em edição limitada a 500 relógios, o
que torna este modelo ainda mais aliciante para os
apreciadores da bela relojoaria. Os meus parabéns
ao meu amigo e CEO da marca Eric Loth, com o qual
tenho o prazer de falar todos os anos durante a suas
férias no Algarve.»
João Lobato / Vanvaco
Série limitada / 500 exemplares.
Referência / 2OVBZ.B10A.K10B
Diâmetro / 47 mm
Caixa / Ouro rosa 18k.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento / Mecânico de corda automática
calibre G1732.
Funções / Horas, minutos, segundos, data,
cronógrafo com botão de reset em ouro rosa e
alavanca start & stop em aço com tratamento
PVD preto.
Estanquicidade / 100 metros.
Bracelete / Cauchu com fivela em ouro rosa 18k.
Preço / 9.990 euros
Ficha TécnicaChronofighter Black Label / Graham
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 85
nUMa cOLEcçãO qUE incLUi tOdO O tipO dE cOMpLicaçÕEs rELOJOEiras, a JaEGEr-LEcOULtrE cOnsEGUiU ir ainda Mais
aLÉM E aprEsEntar UM crOnóGraFO qUE cOnstitUi UM aUtênticO cOrtE EpistEMOLóGicO aO nÍvEL da activaçãO:
nãO nEcEssita dOs tradiciOnais bOtÕEs LatErais, pOrqUE a cOntaGEM É acciOnada E travada MEdiantE UMa
prEssãO dirEcta sObrE O vidrO! O rEvOLUciOnáriO sistEMa FOi idEaLizadO nO ÂMbitO da assOciaçãO EntrE a
ManUFactUra rELOJOEira sEdiada EM LE sEntiEr E a EscUdEria britÂnica astOn Martin: UM sistEMa dE rOLaMEn-
tOs pErMitE À caixa E À LUnEta bascULarEM rELativaMEntE À basE dO rELóGiO, nUMa acçãO qUE activa UMa sÉriE
dE aLavancas qUE, pOr sUa vEz, transMitEM Os iMpULsOs qUE cOntrOLaM as FUnçÕEs crOnOGráFicas. tãO OriGinaL
instrUMEntO dO tEMpO sUrGiU para acOMpanHar O LançaMEntO dO bóLidE astOn Martin dbs, cOnsidEradO ‘pOtên-
cia ExpLOsiva EM bLacK tiE’. taMbÉM O aMvOx2 dbs É UM crOnóGraFO radicaL cOM cHarME Mais dO qUE sUFiciEntE
para sEr UtiLizadO cOM ‘sMOKinG’: a ELEGantE caixa EM titÂniO OFErEcE UM LUxUOsO cOntrastE cOM O FUndO
tEcnOLOGicaMEntE EscUrEcidO dO MOstradOr.
ELEvada ciLindrada
O motor do aMvOx2 chronograph dbs assenta no calibre cro- nográfico automático JLc 751E de roda de colunas manufac-turado, montado e decorado à mão. É composto por 280 peças e 41 rubis; tem uma reserva de corda de 65 horas e bate à frequência de 28.800 alternâncias/hora. tratado com ruténio e decorado manualmente. as funções são: horas, minutos, data, indicador de funcionamento; discos totalizadores das horas e dos minutos, e ponteiro cronográfico dos segundos ao centro.
instrUMEntaçãO dE bOrdO
O original mostrador preto recortado desvela a força mecânica do aMvOx2 dbs chronograph: o centro, transparente, deixa ver as pontes do mecanismo decoradas em perlage e os discos dos contadores dos minutos e das horas; às seis horas, uma abertura redonda indica que o mecanismo está em funciona-mento e, em baixo, podem ver-se as alavancas vermelhas de activação.
carrEGar nO pEdaL
numa carrosseria com estrutura basculante, basta um rápido movimento para despoletar a contagem através de um engenhoso sistema de embraiagem vertical! pressiona-se o vidro de safira anti-reflexo às 12 horas e arranca a função cronográfica; volta a carregar-se às 12 e a contagem pára; às seis e todos os indicadores regressam ao zero. a caixa em titânio, com 44 milímetros de diâmetro, apresenta no flanco um cursor que permite bloquear todas as funções do cronógrafo ou apenas a função de retorno a zero – para impedir que qualquer gesto involuntário afecte a cronometragem.
«Excepcional criação da Grand Maison, o AMVOX 2
representa o caminho inovador que ainda é possível
percorrer dentro da alta-relojoaria. O original acciona-
mento da função cronográfica mediante a pressão
so bre a caixa do relógio é a assinatura deste modelo.
Se a estética do AMVOX 2 o torna uma “tentação”
a sua mecânica e espírito inovador fazem dele um
marco na história recente da Jaeger-LeCoultre.»
Pedro Rosas / David Rosas
Referência / Q192T450
Série limitada / 999 exemplares.
Diâmetro / 44 mm
Caixa / Titânio grau 5.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento / Mecânico de corda automática
Calibre JLC 751E de roda de colunas.
Funções / Horas, minutos, segundos, data e
cronógrafo accionado sob pressão directa
no vidro do relógio.
Estanquicidade / 50 metros.
Bracelete / Calfe perfurado com fecho de báscula
em titânio.
Preço / 12.500 euros
Ficha TécnicaAMVOX 2 DBS / Jaeger-LeCoultre
/ Em Foco / Jaeger-LeCoultre / AMVOX 2 DBS
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 87
cOM a aqUisiçãO da ManUFactUra dE MEcanisMOs MinErva E a cOnsEqUEntE ExpansãO da Marca para UM ‘atELiEr’
EspEciaLizadO na LOcaLidadE dE viLLErEt, a MOntbLanc GanHOU ExprEssãO nO sEGMEntO da aLta-rELOJOaria.
aprEsEntOU rEcEntEMEntE O ExcELEntE crOnóGraFO riEUssEc E aGOra sUrprEEndE cOM a cOLEcçãO viLLErEt
1858 – dEstinada a cELEbrar prEcisaMEntE O 150.º anivErsáriO da MinErva E qUE Está a FazEr a dELÍcia dOs
cOLEcciOnadOrEs. a prEstiGiada cOLEcçãO viLLErEt 1858 EnGLOba divErsOs rELóGiOs EM pLatina E OUrO dOtadOs
dE caLibrEs MEcÂnicOs dE cOrda ManUaL, dEstacandO-sE EntrE ELEs Os crOnóGraFOs MOnOpULsantEs cOM
MOstradOr EsMaLtadO; O MOdELO cHrOnOGrapHE ÉMaiL Grand FEU, EditadO EM núMErO LiMitadO, aprEsEnta Os
úLtiMOs caLibrEs MinErva 13-21 (UM MEcanisMO crOnOGráFicO dE rOda dE cOLUnas, qUE pOdE sEr aprEciadO
atravÉs dO FUndO cOM taMpa) E tEM UM bELO MOstradOr EM OUrO cObErtO dE EsMaLtE sEGUndO a tÉcnica
‘Grand FEU cHaMpLEvÉ’.
EdiçãO LiMitada
cada versão da ccolecção villeret 1958 está limitada a uma, oito e 58 peças que traduzem o ano da criação da Manufactura Minerva – um exemplar em platina com mostrador em esmalte azulado ‘grand feu’, oito em ouro branco com mostrador branco ou preto e 58 em ouro rosa com mostrador em esmalte bran-co ‘grand feu’. a tampa inclui as gravações ‘Édition Limitée’, ‘Montblanc’ e ‘Fait main à villeret’ no exterior e a assinatura do mestre-relojoeiro demetrio cabiddu no interior.
caixa cOM taMpa
a elegante caixa apresenta uma construção clássica, mas com algumas interessantes adições. para além da coroa com o sím-bolo Montblanc em madrepérola, tem o botão do cronógrafo às duas horas e uma tampa com fecho patenteado que se abre para deixar ver o mecanismo sob o fundo de vidro em safira. a correia em pele de crocodilo, cosida à mão e com fivela em ouro rosa, foi especialmente manufacturada para se acoplar à caixa de 41 milímetros de diâmetro e 13,56 de espessura.
MEcanisMO rarO
O chronographe Email Grand Feu é alimentado por um meca- nismo cronográfico Minerva em extinção: o calibre 13-21 de corda manual, que contém roda de colunas e é accionado por um único botão. comporta 239 peças, 22 rubis, assenta em pontes e numa platina em prata alemã decoradas com ‘perlage’ e ‘anglage’; o balanço com parafusos bate a uma frequência de 18.000 alternâncias/hora e a reserva de corda estende-se até às 60 horas.
«Aliando a tradição e perfeição relojoeira da cente ná-
ria Minerva, ao requinte e intemporalidade da Mont-
blanc, esta peça permite-nos afirmar estar perante a
arte no verdadeiro sentido da palavra, a sua carac-
terística mais proeminente é o mostrador esmaltado
com genuino champlevé.»
Maria Alves / Boutique Manager/Public Relations
/ Em Foco / Chrono Email Grand Feu / Montblanc
Referência / 103849
Série limitada / 58 exemplares.
Diâmetro / 41 mm
Caixa / Ouro rosa 18k.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento / Mecânico de corda manual Calibre
Minerva 13-21 (mecanismo cronográfico de roda
de colunas).
Funções / Horas, minutos, segundos, cronógrafo
monopulsante.
Estanquicidade / 30 metros.
Bracelete / Pele de crocodilo com fivela em ouro
rosa de 18k.
Preço / 47.500 euros
Ficha TécnicaChrono Email Grand Feu / Montblanc
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 89
O atELiEr pOrscHE dEsiGn tEM-sE EspEciaLizadO na transFOrMaçãO dE sOnHOs EM ObJEctOs dE cULtO – E O rEvOLU-
ciOnáriO indicatOr É UM aUtênticO bóLidE para O pULsO qUE Faz JUs À Histórica HErança MOtOrizada da Marca,
cOM prEstaçÕEs diGnas dE UM carrEra Gt E prEçO sUpEriOr aO dE UM bOxstEr. E a nOva vErsãO dO indicatOr,
qUE cOMbina O cLassicisMO ELEGantE dO OUrO rOsa cOM O vanGUardisMO HiGH-tEcH dO titÂniO rEvEstidO cOM
pvd nEGrO, É ainda Mais vaLiOsa. Mas O GrandE trUnFO nEM Está na ExcELência dOs MatEriais OU nas apUradas
sOLUçÕEs EstÉticas qUE FazEM dELE UM parqUE tEMáticO aUtOMObiLÍsticO: É O ‘MOtOr’ ExtrEMaMEntE cOMpLica-
dO qUE Faz a diFErEnça. cOM OitO cEntEnas dE pEças E qUatrO taMbOrEs dE cOrda nEcEssáriOs para FOrnEcEr a
EnErGia nEcEssária (UM para O rELóGiO, Os OUtrOs para cada UM dOs três discOs dO crOnóGraFO diGitaL), O
indicatOr cHEGOU OndE nEnHUM OUtrO crOnóGraFO MEcÂnicO cHEGOU Graças aO MOstradOr, capaz dE FOrnEcEr
indicaçÕEs Mistas (anaLóGicas E diGitais) Às cUstas dE UM caLibrE aUtOMáticO dE ELEvadO rEndiMEntO.
taManHO cOLOssaL
para uma leitura óptima dos totalizadores digitais, as janelas teriam de ser de consideráveis dimensões; logo, também o diâmetro do mostrador teria de ser bem grande. a caixa do relógio em titânio coberto a negro pvd ostenta um imponente diâmetro de 49 milímetros para 17,8 milímetros de espessura. assim, o mecanismo adaptado cresceu até aos 36 milímetros de diâmetro e 14,3 de espessura. com o balanço a contabilizar as tradicionais 28.800 alternâncias por hora do calibre-base valjoux 7750, o indicator apresenta uma reserva de marcha reforçada de 46 horas.
da idEia À rEaLizaçãO
O objectivo: legibilidade absoluta através da opção digital em vez da analógica. a solução foi encontrada com o recurso a uma dupla janela panorâmica, onde vai rodando a indicação digital dos minutos e das horas do cronógrafo. para se chegar a essa inovadora apresentação de dados num cronógrafo mecânico, foi necessário transformar substancialmente o robusto e fiável calibre de base valjoux 7750: em vez de um módulo que tor-naria a espessura incomportável, a platina e as pontes foram redesenhadas numa solução que integra 400 novos compo-nentes – elevando para 800 o número total de peças!
siMbOLOGia
porque o indicator foi esteticamente inspirado nas criações automobilísticas da porsche, o relógio apresenta-se como um ‘cocktail’ do carrera Gt! a coroa é um pneu em miniatura com a característica jante; os botões estriados do cronógrafo são modelados à imagem dos pedais e o rotor, que pode ser admi-rado através de um fundo transparente, também é semelhante às jantes radiais; a própria bracelete em borracha vulcanizada apresenta uma textura interior igual à dos pneus e é acompa- nhada de uma espectacular fivela dupla. Mas é o ‘painel de instrumentos’ que mais impressiona pela sua tecnicidade...
«Creio que o Indicator já merecia esta versão em ouro
rosa. À colossal criação da Porsche Design que con-
tinua a surpreender pela sua imponência, quer estéti-
ca quer mecânica, foi agora acrescentado um toque
de luxo dado pelo ouro rosa, mantendo ao mesmo
tempo a sua modernidade conjugando o nobre metal
com o cauchú negro.»
Paulo Santos / Manuel dos Santos Jóias
Referência / 6910.6944.149
Diâmetro / 49 mm
Caixa / Ouro rosa.
Coroa / Personalizada com o logótipo da marca.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento / Mecânico de corda automática
Calibre Eterna 6036.
Funções / Horas, minutos, segundos, indicador
de reserva de corda e cronógrafo com janela.
Estanquicidade / 50 metros.
Bracelete / Cauchu.
Preço / 165.000 euros
Ficha TécnicaIndicator P’6910 / Porsche Design
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 91
a raYMOnd WEiL EntrOnizOU UM nOvO MOnarca: O nabUccO cUOrE caLdO passa a sEr O Mais dEstacadO rELóGiO
da Marca GEnEbrina, Já qUE sE trata dE UM ExcEpciOnaL MOdELO EM EdiçãO LiMitada qUE aLia UMa EstÉtica
prEciOsa À EspEciaLizaçãO tÉcnica. O nOME nabUccO FOi critEriOsaMEntE EscOLHidO para baptizar a LinHa
Mais MascULina E dE MaiOrEs diMEnsÕEs JaMais saÍda dOs ‘atELiErs’ da raYMOnd WEiL. tEM UMa pErsOnaLidadE
FOrtE E pOdErOsa, taL cOMO O apaixOnantE rEi assÍriO (nabUcOdOnOsOr ii) qUE sErviU dE inspiraçãO À FaMOsa
ópEra dO cOMpOsitOr GiUsEppE vErdi. Mas O nabUccO cUOrE caLdO vai Mais aLÉM dO qUE O crOnóGraFO nabUc-
cO da cOLEcçãO rEGULar: pOr FOra Está vEstidO dE OUrO rOsa E titÂniO, nUMa FELiz cOnJUGaçãO qUE cOntrasta
cOM O nEGrO dO MOstradOr E da bracELEtE; pOr dEntrO, O caLibrE crOnOGráFicO rEcEbEU dOis MódULOs
sUpLEMEntarEs para O pOntEirO rattrapantE E para O indicadOr da rEsErva dE MarcHa. rEsULtadO FinaL:
UM rELóGiO MUitO LatinO E... dE cOraçãO qUEntE.
LiMitadO a 500 ExEMpLarEs cOM Extras
as combinações de materiais utilizadas no cuore caldo são supreendentes e estão igualmente patentes nos botões de punho e na caneta que acompanham o relógio num luxuoso estojo. O ouro rosa de 18 quilates sobressai poderosamente na luneta, na coroa, nos botões, nos ponteiros e nos adornos sobre o mostrador em fibra de carbono tão característico da linha nabucco; trata-se de um material ultraleve que evoca técnica e estética de vanguarda, cujo padrão entrelaçado também é realçado tanto nas partes laterais da caixa como na bracelete em cauchu.
pOntEirO dE rEcUpEraçãO
a função ‘rattrapante’ assenta num segundo ponteiro que é acoplado ao ponteiro do cronógrafo por meio de um complexo e dispendioso mecanismo. através de um botão suplementar, que no cuore caldo está originalmente integrado na coroa de rosca, é possível interromper o funcionamento do segundo ponteiro a qualquer altura (para ler um tempo intermédio) e depois fazê-lo avançar instantaneamente, de modo a que re-cupere (‘rattrape’) a sua posição para voltar a coincidir com o primeiro ponteiro do cronógrafo.
EstrUtUra iMpEriaL
assente numa carrosseria em titânio, o cuore caldo é estanque até 200 metros e tem um impressionante diâmetro de 46 milímetros para 15,5 milímetros de espessura – com as asas, a estrutura chega mesmo aos 55,5 mm. O vidro anti-reflexo é re-forçado e tem uma espessura de 2,5 mm. a escala taquimétrica em ouro rosa permite o cálculo de velocidades médias na lu-neta: activa-se a função cronográfica no início e, um quilómetro depois, pára-se a contagem; nessa altura, o ponteiro do cronó-grafo indicará a velocidade média (em km/h) a que foi percor-rida a distância.
«A colecção Nabucco da Raymond Weil foi e con-
tinua a ser um extraordinário sucesso. Este passo
arrojado por parte da marca foi uma aposta ganha.
A caixa de grandes dimensões e o uso de materiais
de ponta atestam que esta marca genebrina pertence
a um restrito grupo de marcas relojoeiras que para
além do mero aspecto estético, procuram oferecer
soluções de qualidade. Esta edição limitada a 500
relógios combina o ouro rosa de 18 k, o titânio, o
aço polido e fibra de carbono. A cereja no topo é uma
com plicação relojoeira muito especial: um cronógrafo
rattrapante.
José Teixeira / Ourivesaria Camanga
/ Em Foco / Nabucco Cuore Caldo / Raymond Weil
Referência / 7900 SR 05207
Série limitada / 500 exemplares.
Diâmetro / 46 mm
Caixa / Ouro rosa 18k, titânio e aço polido.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento / Mecânico de corda automática
Calibre Valjoux 7750 e cronógrafo ETA bi-compax.
Funções / Horas, minutos, segundos, cronógrafo
bi-compax rattrapante, indicador de reserva de
corda, taquímetro.
Estanquicidade / 200 metros.
Bracelete / Cauchu vulcanizado com fecho de
báscula duplo em aço.
Preço / 14.980 euros
Ficha TécnicaNabucco Cuore Caldo / Raymond Weil
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 93
nãO É MOnO... É EstÉrEO! O Grand carrEra cHrOnOGrapH nãO tEM UM, Mas dOis discOs qUE criaM O sUrprEEndEntE
EFEitO visUaL tãO caractErÍsticO da nOva LinHa dE tOpO na cOLEcçãO da taG HEUEr. E O MOdELO qUE aLia O OUrO
rOsa aO castanHO É O Mais prEstiGiadO dE tOdOs; as vErsÕEs EM açO só EstãO dispOnÍvEis cOM MOstradOr
pratEadO OU prEtO, pELO qUE sE trata dE UMa cOMbinaçãO única, dEstinada a saLiEntar a ExcLUsividadE E cUJO
rEsULtadO FinaL sE aFiGUra ExtrEMaMEntE LUxUOsO. para aLÉM dE UMa atraEntE EstÉtica aLicErçada EM
prOpOrçÕEs cOntEMpOrÂnEas E nUM ‘LOOK’ nEO-rEtrO dEspOrtivO inspiradO nOs bóLidEs Gt, O cOMpLicadO
sistEMa rOtativO aprEsEntadO pELO Grand carrEra cHrOnOGrapH É OriGinaL E cOnstitUiU UM dEsaFiO para Os
EnGEnHEirOs da taG HEUEr: a diFErEnça dE Massa E pEsO EntrE Os pOntEirOs tradiciOnais E Os discOs adOptadOs É
siGniFicativa, tEndO sidO nEcEssáriO caLcULar a inÉcia sUpLEMEntar para assEGUrar UM óptiMO FUnciOnaMEntO.
EM sUMa: UM diGnO sUcEssOr da cELEbrada LinHa carrEra.
taManHO idEaL
a linha Grand carrera está declinada em três versões de três tamanhos diferentes – sendo o maior precisamente o do cronó-grafo automático calibre 17 rs de 43 milímetros, com discos rotativos para os pequenos segundos contínuos e para o acu-mulador de minutos do cronógrafo.
dEtaLHEs dE prEstÍGiO
a caixa em ouro rosa inclui uma escala taquimétrica na luneta e é embelezada pela alternância entre acabamentos polidos e escovados. Um vidro de safira convexo com tratamento anti- -reflexo em ambos os lados cobre o mostrador achocolatado ou ‘argenté’ com três nuances: a zona central é lisa, sendo ladeada por linhas concêntricas e por uma escala dos minutos no perímetro com outra tonalidade. Os índices facetados e os por-menores das janelas da data e dos discos (embelezadas com parafusos e decoração côtes de Genéve) são em ouro rosa.
cErtiFicaçãO dE crOnóMEtrO
como todos os relógios que integram a linha Grand carrera, o mecanismo do Grand carrera chronograph foi minuciosamente afinado e arduamente testado para ganhar o certificado de cronómetro atribuído pelo cOsc – o contrôle Officiel suisse des chronomètres. a decoração do calibre 17 rs inclui person-alização do rotor, ‘côtes de Genève’, ‘perlage’, ‘côtes’ circulares, ‘rhodiage’ e efeito ‘soleil’ no tambor.
«Era a declinação que faltava na linha Grand Carrera.
Creio que a colecção ficaria incompleta sem esta
versão em ouro rosa de 18 k. O mostrador “choco-
late” tão querido à TAG Heuer e cujo sucesso tem
sido enorme noutras colecções, é a combinação
perfeita para um relógio quente e harmonioso com
a exclusividade de uma edição limitada. Todos os
profissionais do sector reconheceram o engenho e
a solução do sistema “rotating system” patente que
lhe valeu o grande prémio de relógio desportivo, no
Grand Prix d’Horlogerie de Genève de 2008.»
Jacinto Mendonça / Relojoaria Mendonça
Referência / CAV514C.FC6181
Diâmetro / 43 mm
Caixa / Ouro rosa 18k.
Coroa / Personalizada com o logótipo da marca.
Vidro / Safira com tratamento anti-reflexo.
Movimento / Mecânico de corda automática.
Funções / Horas, minutos, segundos, data e
cronógrafo RS (Rotating Sistem) - segundos
nas 3h e minutos nas 9h.
Estanquicidade / 100 metros.
Bracelete / Pele de crocodilo com fecho de
báscula em ouro rosa 18k.
Preço / 16.500 euros
Edição limitada a 1.000 exemplares.
Ficha TécnicaGrand Carrera Chrono / TAG Heuer
/ Em Foco / Grand Carrera Chrono / TAG Heuer
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 95
O carisma da Rolex e o facto de se ter tornado num mito da relojoaria advêm da sua incondicional busca pela excelência e também da posição enganadoramente conservadora – não só pela sobriedade dos seus responsáveis face às convulsões da indústria do sector, mas também devido a modelos simples de grande qualidade inseridos numa colecção consistente através das décadas.A Rolex sempre seguiu o seu caminho indiferente às modas passageiras, mas por trás do suposto conservadorismo continua a tal busca da perfeição que faz com que nenhuma outra instituição per-sonifique melhor o conceito de ‘evolução na continuidade’ – o espírito perpétuo tão caro à marca e que é perfeitamente simbolizado pela mítica caixa dos seus relógios, denominada Oyster (ostra) precisa-mente devido à capacidade do molusco fechar a sua concha de modo hermético para resistir às pressões subaquáticas.Fundada no início do século XX pelo visionário Hans Wilsdorf, a Rolex assenta a sua reputação ina-balável em duas patentes de 1926 ligadas ao conceito Oyster e à obsessão de tornar invioláveis os cada vez mais populares relógios de pulso: uma tinha a ver com a construção da caixa a partir de um monobloco; a outra estava relacionada com o sistema Twinlock de aparafusamento da coroa. O grande passo seguinte foi dado em 1931, com a adopção de um movimento automático – apelidado de meca- nismo Perpetual porque bastava o movimento do braço para que o rotor fornecesse corda ao relógio... para sempre. Esse binómio Oyster/Perpetual permite à Rolex ostentar o epíteto de inventora do relógio de pulso moderno devido ao aperfeiçoamento da caixa estanque e do mecanismo automático. A intransigência na manutenção dos elevados padrões é tal que lidera claramente a lista de marcas com mecanismos certificados pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros (após exigentes baterias de testes) e só os agentes oficiais dispõem de equipamento idóneo para abrir a caixa. Com uma supervisão férrea sobre todas as fases de produção, a Rolex tem também o mais rigoroso serviço de assistência pós-venda e não deixa nada ao acaso quando se trata de defender a sua reputação de fiabilidade e precisão sob condições extremas... porque a reputação deve ser protegida como o mais precioso dos bens.
/ Laboratório / Rolex Oyster Perpetual Date
cOMO sE prOcEssa O sErviçO dE pós-vEnda dE UM rELóGiO MEcÂnicO dE prEstÍGiO? a rEvELaçãO É FEita
pELO rEspOnsávEL da aUtO-qUartzO, tOMandO pOr ExEMpLO UM MOdELO da rOLEx – Marca dE inabaLávEL
rEpUtaçãO nO qUE diz rEspEitO a parÂMEtrOs qUaLitativOs E À LOnGEvidadE dOs sEUs prOdUtOs sEMprE
prOntOs a sErvirEM dE LEGadO Às GEraçÕEs sEGUintEs.Texto Pedro Ribeiro e Miguel Seabra / Fotos Nuno Correia
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 97
« após váriOs anOs dE trabaLHO, É nOrMaL qUE Os óLEOs dE UM rELóGiO – MEsMO dE UM rOLEx! – pErcaM aLGUMas prOpriEdadEs, a cOrda sE ‘cansE’ UM pOUcO E aLGUMas pEças sE dEsGastEM dEvidO aO cOntÍnUO trabaLHar dO MEcanisMO. »
Etapas de revisão
Após vários anos de trabalho, é normal que os óleos de um relógio – mesmo de um Rolex! – per-cam algumas propriedades, a corda se ‘canse’ um pouco e algumas peças se desgastem devido ao contínuo trabalhar do mecanismo. Normalmente, o portador do relógio constata que o seu instru-mento do tempo deixa de ser tão certinho e, no caso de um relógio automático, este não acumule tanta corda como antigamente e até pare duran- te a noite. Afinal de contas, os relógios tradicio-
nais de corda manual ou automática executam tarefas de gigante ao longo das suas décadas ou gerações de vida: um relógio mecânico com uma frequência de balanço de 28.800 alternâncias por hora tem um escape que permite à engrenagem avançar 691.200 vezes a cada 24 horas – o que faz com que, ao cabo de quatro anos, se ultrapassem os mil milhões de impulsos transmitidos através do escape. E o espiral de um relógio mecânico contrai-se e expande-se mais de 200 milhões de
vezes por ano. É normal que mais cedo ou mais tarde o relógio vá parar à assistência técnica para lhe ser feita uma revisão geral. Na sua grande maioria, os relógios Rolex são en-viados pelos clientes (lojas) directamente para a Auto-Quartzo – que é agente autorizado de di-versas marcas de prestígio no serviço pós-venda e que permite que os clientes particulares possam deixar relógios para reparação nas suas instalações no número 39 da Avenida Almirante Reis.
1Quando um relógio Rolex chega para reparação, é acompanhado de um talão
que apresenta os sintomas da “doença”. Depois de um percurso administrativo, o
relógio chega às mãos de um técnico especializado – que no caso em particular
é Vítor Rosa, um relojoeiro que trabalha há mais de dezoito anos com a Rolex e já
participou em quatro cursos da marca de Genebra.
O primeiro contacto do técnico com o relógio serve para estabelecer um orça-
mento. Antes de abrir e desmontar o relógio, Vítor Rosa controla a marcha e a
amplitude do balanço com um cronocomparador. Todos os elementos são anali-
sados, da bracelete aos ponteiros, passando por todo o mecanismo. Depois de
aceite o orçamento, o relógio está pronto a ser reparado. No caso da Rolex, tudo
foi preparado para ajudar o técnico, que dispõe de um pequeno dossiê onde está
descrito minuciosamente o ‘método de reparação Rolex’. Vítor Rosa começa sem-
pre por separar a bracelete da caixa e de seguida desenrosca o fundo. A operação
seguinte consiste em retirar o módulo do mecanismo automático. Só a partir daí
se pode retirar o movimento do interior da caixa e proceder à desmontagem dos
ponteiros e do mostrador.
98 / Espiral do Tempo 31 / Laboratório
2Os elementos do adereço do relógio (bracelete e caixa são colocados numa caixa à parte e são, depois,
entregues a Hugo Mota, o especialista da Auto-Quartzo na arte do polimento. O movimento, ainda montado,
vai agora ser lavado na máquina uma primeira vez, para retirar óleos secos, poeiras e eventuais pedaços de
peças danificadas.
3 A partir de então, Vítor Rosa poderá proceder à des-
montagem do movimento e repará-lo ao mesmo tem-
po. Todas as peças são analisadas individualmente e
todas aquelas que apresentem marcas de uso serão
substituídas. Todos os órgãos que compõem o movi-
mento serão analisados ao nível do funcionamento.
Só quando tudo estiver controlado é que se proce-
derá à segunda lavagem.
4De seguida, o movimento é montado e lubrificado.
Antes de se proceder ao ajuste da marcha, desmag-
netiza-se o movimento, para que não existam quais-
quer campos magnéticos a perturbar o bom funcio-
namento do balanço. Uma vez terminado o trabalho
no mecanismo, só falta colocá-lo na caixa – que por
sua vez passou por um teste de entanquicidade. Para
que a revisão possa ser dada como terminada, falta
ainda proceder ao controlo da marcha durante qua-
tro dias, ao fecho do fundo e a novo teste de estan-
quicidade – que no caso dos Rolex Oyster é sempre
passado com distinção, ou não se tratasse da marca
da… ‘ostra’.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 99
107Espiral do Tempo 24 Primavera 2007
sabOrEar O tEMpOtróia Golf [106]
sabOrEar O tEMpOHotel HeritaGe lisboa [104]
sabOrEar O tEMpOspa ritz four seasons [102]
acOntEciMEntOso mundo da relojoaria [118]
prOdUçãO FOtOGráFicaos sentidos da Gula [108]
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 101
Filipa BatalhaSpa Manager & FitnessSpa Ritz Four Seasons www.fourseasons.com/lisbon/spa
Filipa Batalha, spa & fitness manager, levanta-se com as galinhas, literalmente! Mais pro-
priamente, com as fracas (ou galinha-d’angola), que cria juntamente com outra bicharada,
umas quantas hortaliças e meia dúzia de cães – com nomes tão patuscos como Bagaço,
Ginja ou Palheto – na quinta biológica onde vive, às portas de Lisboa. Há três anos que está
à frente daquele que foi considerado o melhor fitness da Europa e o oitavo melhor spa cita-
dino do mundo, fora o Reino Unido. Com uma paixão e desenvoltura próprias da praticante
assídua de snowboard que é, Filipa Batalha «defende a sua dama» com a convicção que a
cultura Four Seasons empresta aos seus melhores. Talvez tenha sido, justamente, a paixão
pelo risco que a fez subir a pulso na estrutura do hotel e a ajudou a criar a verdadeira ex-
periência sensorial que é este spa. Sem equipamentos, a aromaterapia torna-se um dos
argumentos mais convincentes e imediatamente reconhecido pelos delicados e exóticos
odores que ocupam os diversos espaços. Mas é a capacidade técnica da vasta equipa e o
seu lado humano, profissional mas afectivo, que fazem a diferença e levam à adesão dos
afortunados ‘clientes-amigos’. Rodeados de sonoridades calmas e de um ambiente aco-
lhedor, onde a própria intensidade da luz é calculada, encontramos uma bela infra-estrutura
com um serviço exemplar, privacidade e atenção ao detalhe. Tudo isto, no coração de Lis-
boa. Quanto à nossa anfitriã, por trabalhar neste ambiente, suportar o cacarejar da bicharia
pela manhã e passar os fins-de-semana a escorregar pelas montanhas da Europa, merece
a comiseração de todos nós…
/ Saborear o Tempo / Spa Ritz Four Seasons
Jaeger-LeCoultre, Reverso Lady Classique € 5.600
« UM dOs nOssOs LEMas É tratar Os cLiEntEs cOMO GOstarÍaMOs dE sEr tratadOs »
Diogo LaranjoDirector GeralHóteis Heritage Lisboa www.heritage.pt
Uma das curiosidades do Hotel Heritage é pertencer a uma família portuguesa que apos-
tou em lugares de tradição, em Lisboa, estabelecendo compromissos entre a história e a
arquitectura, e «no equilíbrio do antigo com o moderno» – nas palavras de Miguel Câncio
Martins, responsável pela decoração desta unidade. No espaço requintado e acolhedor
que é hoje a alma deste característico edifício lisboeta do século XVIII, desvela-se um
ambiente assumidamente português, inspirado nas residências alfacinhas, burguesas
e urbanas. Situado na mais nobre artéria da cidade, a reabilitação manteve todos os
elementos da fachada, os azulejos pombalinos do interior foram recuperados e até um
belíssimo móvel de uma antiga ervanária que ali existiu marca presença no lobby. Um
«gratificante contributo para a cidade e para o País», na opinião de Diogo Laranjo. Por
isso, compreendemos que este portimonense rendido aos encantos da capital se sinta
em casa. Um amor por Lisboa que não olvida as enormes potencialidades turísticas
que a capital e os seus arredores «até Évora» oferecem «como nenhuma outra capital
europeia» e que «a Expo divulgou ao Mundo». Dirigir as cinco unidades do grupo Heri-
tage, apesar de estarem todas situadas em Lisboa, não deixará muito tempo disponí-
vel, mas a organização e o método de trabalho a que se obriga permitem-lhe a funda-
mental disponibilidade para as outras paixões da sua vida de bom português: a família,
os amigos, as viagens, os relógios e o Benfica…
/ Saborear o Tempo / Hotel Heritage
« a rEcUpEraçãO dEstEs EdiFÍciOs É UM GratiFicantE cOntribUtO para a cidadE E para O paÍs »
Henrique de SousaDirector de GolfeTróia Golf www.troiagolf.com
Está a formar-se, na península de Tróia, uma pérola que dá pelo nome de Tróia Resort, da
qual faz parte aquele que é conhecido como o mais desafiante campo de golfe em Portu-
gal – ou não fosse este um projecto Sonae e o Tróia Golf uma das suas principais bandei-
ras. O projecto integrado que ali se desenvolve a bom ritmo inclui hotéis, imobiliário, uma
marina e uma vertente cultural justificada pelas ruínas romanas existentes naquele local,
bem como toda uma estratégia que respira qualidade, competência e sustentabilidade am-
biental, alicerçada na norma ISO 14001. Um pormenor que não é de somenos importân-
cia. Na opinião do director, Henrique de Sousa, a gestão ambiental de um campo de golfe
é «um argumento de venda e de qualidade de imagem» que qualquer projecto turístico
tem de considerar. O campo sofreu melhoramentos – como foi o caso de um magnífico
lago – que não colocaram em causa aquelas que são as suas principais características: o
seu enquadramento e a sua capacidade de desafiar o jogador e de o «obrigar a pensar, até
porque 90 % do golfe está na cabeça», como sublinha o nosso anfitrião, que acrescenta:
«é um campo exigente e não perdoa». Também de beleza é feito este percurso que tem o
mar a seu ombro e a Serra da Arrábida no olhar. Talvez por isso fosse um dos favoritos do
seu autor, Robert Trent Jones Sr., que achava o buraco três um dos melhores par quatro de
sempre. Com greens pequenos, estreitos fairways bordejados por dunas e pinheiros, bun-
kers estrategicamente colocados e um clubhouse a ‘cheirar a novo’ com uma fantástica
varanda panorâmica, pode dizer-se que, definitivamente, «há mais golfe para além do do
Algarve», como nos diz o algarvio Henrique de Sousa.
/ Saborear o Tempo / Tróia Golf
« tEnHO diFicULdadE EM GErir O MEU tEMpO »
Audemars Piguet, Royal Oak Dual Time € 22.660
A Gula é um dos sete pecados capitais, uma tentação à qual supostamente
devemos resistir… o fruto proibido é o mais apetecido e há alturas em
que vale a pena deixarmo-nos levar pelos nossos sentidos. Em época de
inevitáveis excessos, atrevemo-nos a seguir a sabedoria popular e a errar
como humanos que somos. Deixámo-nos levar pelo luxo de aproveitar a
preguiça do tempo a saborear cores, sabores, aromas, a seguir caminhos
inesperados, sem receio e sem sentimentos de culpa.
O desafio: modelos fascinantes de alta-relojoaria como inspiração para um
menu exclusivo, preparado com a arte e o requinte do chef Luís Suspiro.
O resultado: um convite irrecusável ao mundo dos sentidos…
Luís Suspiro
Luís Suspiro tem 53 anos e nasceu em Vale
Figueira, Santarém. Formado em Engenharia
agrícola, é empresário de restauração e um
auto-didacta. É proprietário do restaurante
O Condestável, em Ereira, Cartaxo e é o chef
do restaurante da Ordem dos Médicos.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 109
Carapaus de escabeche com creme aveludado de batatas.
Graham Chronofighter Oversize Diver Deep Seal ø 47 mm / € 7.390
“Ele andava à roda no seu desejo, como o preso no cárcere”
Gustave flaubert
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 111
Camarão tigre… à brás
Jaeger-LeCoultre Master Tourbillonø 41,5 mm / € 47.300
112 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
“Posso resistir a quelquer coisa,menos à tentação”
osCar Wilde
Pastelinhos de massa tenra com arroz cremoso de caldeirada de porco preto alentejano.
Franck Muller Master Calendar Luneø 42 x 54 mm / € 27.600
114 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
“É instintivo da mente humana que umhomem mais deseje os prazeres
que lhe são proibidos””torCato tasso
Suspiro vulcânico em espetada de frutas caramelizadas com sorvete de frutos vermelhos.
Audemars Piguet Millenary Starlit Skyø 39,5 x 35,5 mm / € 29.830
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 117
“Se não sois capaz de um poucode feitiçaria, não vale a penameter-vos a cozinheiro”
sidoni Colette
No dia 18 de Novembro foram anunciados os no-
mes dos dez vencedores da edição de 2008 dos
Prémios Rolex para Espíritos Empreendedores. Esta
iniciativa foi criada em 1976 por André J. Heiniger.
A cada dois anos, a Rolex oferece uma contribuição
monetária e um relógio Rolex a individualidades
de todo o mundo pelos seus esforços no sentido
de estimular o conhecimento e contribuir para uma
melhoria da vida no nosso planeta. O programa
financia projectos inovadores em cinco diferentes
áreas, nomea damente, Ambiente, Património Cul-
tural, Ciência e Medicina, Tecnologia e Inovação,
Exploração e Descoberta. Os laureados deste ano
foram Arturo González, com um projecto de ex-
ploração de grutas submarinas, no México, em bus-
ca de vestígios da Idade do Gelo; Rodrigo Medellín,
pela salvaguarda de morcegos em vias de extinção
no México; Elsa Zaldívar, com um projecto alterna-
tivo de construção de casas de baixo-custo no Para-
guai; Andrew McGonigle, com um projecto de pre-
visão de erupções vulcânicas no Reino Unido; Talal
Akasheh, da Jordânia, apresentou um projecto de
conservação de Petra; Andrew Muir que na África
do Sul foi responsável por um projecto de apoio aos
órfãos da Sida; Romulus Whitaker, pela criação de
uma rede de centros de pesquisa de florestas tropi-
cais na Índia; Moji Riba, pela salvaguarda do povo
de Arunachal Pradesh na Índia; Tim Bauer com um
projecto de redução da poluição provocada pelos
triciclos motorizados nas cidades asiáticas; Alexis
Belonio com um projecto de aproveitamento da
vagem do arroz nas Filipinas.
roleX premeia projeCtos inovadores
/ Acontecimentos /
a recta final deste ano ficou marcada pela aposta na expansão, por parte de grandes marcas da relojoaria. a Jaeger-Lecoultre, a taG Heuer e a F.p.Journe celebra-
ram a abertura de novas boutiques e, em portugal, foram igualmente diversos os espaços inaugurados, baseados em conceitos inovadores de aproximação
ao cliente. num momento de balanço face às actuais criações e tendências da relojoaria, as iniciativas de atribuição de prémios encerram em grande o ano de
2008. Em novembro, os rolex awards for Enterprise surpreenderam mais uma vez pela originalidade dos projectos laureados. destaque ainda para os excelentes
resultados alcançados pelos embaixadores de algumas marcas: Lewis Hamilton da taG Heuer e Lee Westwood, Miguel angel Jimenez e Graeme Macdowell, da
audemars piguet.
Andrew McGonigle / ©Rolex Awards/Marc Latzel
Arturo González / ©Rolex Awards/Kurt AmslerMoji Riba / ©Rolex Awards/Xavier LeCoultre
Andrew Muir / ©Rolex Awards/Tomas Bertelsen
Audemars Piguet
Manufactura ecológica em 2009
Em 2009, a Audemars Piguet inaugurará
em Brassus uma nova manufactura que
vai permitir reunir a quase totalidade dos
colaboradores do sector de produção sob o
mesmo tecto. Mas a importância do pro-
jecto ultrapassa os ganhos de tempo e
produtividade. Já em construção, o edifício
foi concebido sob a etiqueta Minergie-ECO
que, além de oferecer conforto e eficiência
energética, reduz o impacto no ambiente.
Novo centro de produção Patek Philippe
Em Novembro de 2007, a Patek Philippe ad qui-
riu um terreno de 18.000 m2 em Crêt-du-Locle,
em Canton de Neuchâtel. O objecti vo desta
aquisição foi o de reforçar a sua pre sença na
manufactura relojoeira em La Chaux-de-Fonds
através da criação de um novo centro dedica-
do à produção de caixas e componentes, aos
polimentos e à fixação de gemas. Os trabalhos
de construção começaram em Abril de 2008,
mas a cerimónia oficial de lançamento da
primeira pedra ocorreu no dia 1 de Outubro.
Estão planeados três edifícios neste projecto
de construção.
Apresentação do AMVOX2 DBS Transponder
em Paris
Há quatro anos atrás, a Jaeger-LeCoultre e a As-
ton Martin escolheram Paris como palco para
anunciar o início da sua cooperação, aliando a
perícia relojoeira à performance automobilís-
tica. Para celebrar a mais completa expressão
desta sinergia, o AMVOX2 DBS Transponder – o
primeiro relógio mecânico de sempre que con-
trola o acesso ao prestigioso carro –, as duas
marcas aproveitaram o Paris Motor Show, para
realizar, mais uma vez, um evento espectacular
no restaurante de renome Apicius.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 119
novo espaço da torres joalHeiros no CasCaisHoppinG No dia 20 de Outubro de 2008, foi inaugurado o novo espaço da Torres Joalheiros no CascaiShopping, num
evento muito concorrido. No cocktail dinnatoire, estiveram presentes cerca de 300 pessoas, que puderam
apreciar um inovador conceito de loja a ser adoptado nos próximos anos por toda a cadeia de lojas Torres
Joalheiros. Segundo Rita Torres, gerente da loja, o objectivo passa por «abrir a loja para fora, convidando e
motivando o público a entrar, indo ao seu encontro». Além dos 26 metros de montra, «é um espaço mutável,
já que todas as vitrinas têm rodas e, por isso, podemos deslocá-las, criando múltiplas opções de exposição»,
remata a gerente. Tendo em conta o universo automóvel que esteve na base do evento, vários pilotos
portugueses marcaram presença, nomeadamente Pedro Lamy, Miguel Barbosa, Francisco da Cruz Martins
e Bruno Magalhães.
olGa KurylenKo Com jóias GrisoGono Na estreia do novo filme de James Bond, Quantum of Solace, que ocorreu em Londres, a 29 de Outubro,
Olga Kurylenko, que interpreta a personagem Camille, optou por usar peças de joalharia GRISOGONO.
A actriz é uma admiradora das criações de Fawaz Gruosi, pelo que revelou satisfação por usar joalharia
da marca em todas as estreias do filme, que decorreram em Paris, Oslo, Berlim, Amesterdão, Roma, Valên-
cia, Sidney e Tóquio.
Chopard funda de uma nova sociedade:
Fleurier Ebauches, S.A.
O grupo Chopard fundou recentemente a socie-
dade Fleurier Ebauches, S.A., em Fleurier. Como
o nome indica, esta nova empresa pro duzirá
os ébauches dos movimentos e permitirá ao
grupo Chopard reforçar a sua in de pendência e
aumentar a produção de mo vimentos relojei-
ros e dos respectivos componentes.
Um TAg Heuer para Barack Obama
O jornal suíço Le Matin Dimanche sugere
que, entre 1990 e 2007, Barak Obama terá
usado regularmente um relógio TAG Heuer
1500 Two Tone Divers. Sebastien Rytz, direc-
tor de marketing da marca para o mercado
suíço, afirmou: «a TAG Heuer é totalmente
‘apolítica’, estamos orgulhosos pelo facto
de Barak Obama e a TAG Heuer partilharem
os mesmos valores desportivos, determi-
nação e espírito competitivo».
ConferênCia taG Heuer em tóquio A TAG Heuer reafirma a sua ligação às corridas de
automóveis numa conferência de imprensa em
Tóquio a 7 de Outubro. No evento, Lewis Hamil-
ton teceu alguns comentários sobre o seu reló-
gio preferido, o TAG Heuer Grand CARRERA, e o
designer Ken Okuyama anunciou o lançamento
de uma edição limitada de 24 carros desportivos
TAG Heuer K.O 7 GT. Pela primeira vez na história
dos carros desportivos GT, um designer inspirou-
se numa colecção de relógios, a Grand CARRERA,
para a projecção do painel de instrumentos. Os
proprie tários dos carros têm direito a um par de
relógios Grand CARRERA que se encaixam no pai-
nel de instrumentos.
Chopard funda de uma nova sociedade:
Fleurier Ebauches, S.A.
O grupo Chopard fundou recentemente a socie-
dade Fleurier Ebauches, S.A., em Fleurier. Como
o nome indica, esta nova empresa pro duzirá
os ébauches dos movimentos e permitirá ao
grupo Chopard reforçar a sua in de pendência e
aumentar a produção de mo vimentos relojei-
ros e dos respectivos componentes.
greubel Forsey: Emmanuel Vuille nomeado CEO
A Greubel Forsey anunciou a nomeação de
Emmanuel Vuille como CEO da Greubel Forsey,
CompliTime e CT Time, com efeito a partir de 1
de Janeiro de 2009. Vuille é activo na indústria
relojoeira há 17 anos, foi managing director
da Parmigiani Fleurier e, mais tarde, CEO da
manufactura da Sandoz Family Foundation.
Exposição Paula Rego em Algés
Desde Dezembro de 2006, o Centro de
Arte Manuel de Brito (CAMB) tem vindo a
desenvolver um programa de exposições
temáticas, com o objectivo de divulgar a
sua colecção e consciencializar o público
para a arte contemporânea. Assim, no dia
3 de Outubro, foram inauguradas as ex-
posições Anos 80, que reúne artistas com
trabalho expressivo na década de oitenta,
e Paula Rego, que contempla trabalhos da
artista desde os anos 50 até à actualidade
e inclui a inédita apresentação pública de
sete novas obras da colecção Manuel de
Brito. Em 2002, Paula Rego assinou a ter-
ceira edição da série exclusiva Reverso/
Arte Portuguesa da Jaeger-LeCoultre, de-
pois de Júlio Pomar e Manuel Cargaleiro. As
exposições estarão patentes ao público até
ao dia 18 de Janeiro.
missão audemars piGuet: lançamento diGital do royal oaK offsHore survivorA Audemars Piguet surpreendeu em Outubro com uma misteriosa campanha digital de lançamento do
Royal Oak Offshore Survivor, que reflectiu um espírito de vanguarda do mais alto nível. O spot apostou
numa imagem inovadora onde elementos A 6 de Novembro, a marca desvelou o mistério e o seu site
oficial disponibilizou todas as informações relativas ao novo modelo. Apesar de manter os elementos
clássicos da colecção, o Survivor apresenta elementos estilizados ainda mais arrojados e inovadores.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 121
jaeGer-leCoultre apoia HoGar nuestra señora del pilar No dia 9 de Novembro, em San Isidro, Argentina,
a manufactura Jaeger-LeCoultre, juntamente com a
sua retalhista local, Simoneta Orsini, doou 18.500
dólares à instituição de caridade Hogar Nuestra
Señora del Pilar, dirigida por Gloria Pavlovsky. Esta
iniciativa ocorreu no âmbito da quinta edição do
Las Estrelas, uma partida anual de pólo na qual
participaram grandes jogadores da modalidade,
entre os quais os embaixadores da Jaeger-LeCoul-
tre, nomeadamente, Adolfo Cambiaso, Eduardo
Novillo Astrada e Juan Martín Nero.
TAg Heuer inaugura uma boutique
new-style em Westfield
A TAG Heuer inaugurou a 30 de Outubro em
Westfield, Londres, uma nova boutique que
assenta num conceito inovador que segue a
linha do Museu 360 da marca na Suíça. Com
um design de vanguarda, assente em linhas
simples onde uma enorme vitrina percorre
todo espaço, a nova boutique da TAG Heuer
convida os visitantes a conhecerem o mun-
do da marca «no qual a tradição é reinter-
pretada à luz de uma tecnologia futurista».
O novo conceito de loja será igualmente uti-
lizado em Singapura e em todas as cidades
onde a marca está presente.
F.P. journe inaugura boutique-lounge
em Paris
Depois de Tóquio, Hong Kong, Genebra e
Boca Raton, a F.P. Journe – Invenit et Fecit
– irá inaugurar, a 8 de Dezembro de 2008,
uma boutique-lounge no número 63 da
Faubourg St. Honoré, em Paris, perto do
Palácio do Eliseu. A quinta boutique-lounge
da marca foi inteiramente concebida por
François-Paul Journe em harmonia com o
conceito das outras boutiques já existentes:
um salão, um bar e uma biblioteca onde
os coleccionadores e aficionados de alta-
relojoaria se podem encontrar e partilhar
a mútua paixão. Na parede, imagens do
mestre e dos seus relojoeiros a trabalhar
permitem ao visitante entrar no universo
da marca.
Ebel – patrocinador oficial do Real Madrid
A Ebel efectuou a sua maior jogada até
agora no mundo do futebol profissional, ao
acrescentar o concurso do gigante espanhol
Real Madrid C.F. à sua crescente carteira de
contratos de longo prazo com equipas de
futebol de alto nível. Além do Real Madrid,
a Ebel também se tornou o official time-
keeping partner do Ajax da Holanda, do
Rangers da Escócia e do campeão francês
Olympique Lyonnais.
ap Com suCesso no Golfe europeu No dia 2 de Novembro, terminou o Tour Europeu de Golfe de 2008 com a 21.ª edição do Volvo
Masters. No top five da Ordem de Mérito do Tour ficaram contemplados três embaixadores da
Audemars Piguet: em terceiro lugar, encontra-se Lee Westwood, que conseguiu oito vezes o ter-
ceiro lugar, inclusive no US Open Championship, e uma vez o segundo lugar no World Golf Cham-
pionship Brideston Invitational; Miguel Angel Jimenez ficou posicionado em quarto lugar, com
duas vitórias no UBS do Open de Hong Kong e no campeonato BMW PGA; e Graeme McDowell,
com as suas duas vitórias no campeonato Ballantines e no Open Barclays Scottish, conseguiu
o quinto lugar no top five. Ao terminar a época em quarto lugar no torneio Volvo Masters, Lee
Westwood conseguiu ainda o nono lugar no top ten do ranking mundial.
franK muller WatCHland, s.a reCebe o priX de l’industrie No dia 9 de Outubro, a Geneva Chamber of Commerce (CCIG), associada ao Office of Industrial Promotion
(OPI), laureou a manufactura Franck Muller Watchland, S.A., com o Prix de L’Industrie durante a sexta Con-
ferência Económica Anual, organizada pela BCGE, pela CCIG e pelo OCSTAT. Este prémio foi criado em 1985
pela cidade de Genebra, com vista a premiar e promover as companhias manufactureiras de Genebra que se
distingam em termos de excelência e inovação, e que se mantenham na vanguarda do respectivo sector. Ao
laurear, em 2008, o grupo Franck Muller Watchland, S.A., com o prémio, a CCIG e o OPI destacam a companhia
pela sua originalidade e pelo seu contínuo desenvolvimento no âmbito da indústria relojoeira suíça.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 123
inauGuração do espaço david rosas Wonderlab A David Rosas inaugura um novo conceito de espaço
que assenta em valores como visual inovador e ar-
quitectura surpreendente, modernidade e protago-
nismo das peças. Localizado no piso zero do Centro
Colombo, o David Rosas Wonderlab é assumido
como «um local de experimentação da alta-joalharia
e relojoaria, de experiências sensoriais e de vivência das marcas». Pensado como um espaço de transmis-
são de conhecimento, a loja integra também uma pequena oficina em vidro que permite contemplar o
trabalho do relojoeiro. Por outro lado, o David Rosas Wonderlab foi ainda concebido para receber pequenas
conferências, apresentações de novas colecções e workshops exclusivos.
Company One aposta na banda desenhada
para as montras TAg Heuer
A agência criativa da TAG Heuer em Por-
tugal – a Company One – apostou num
conceito revolucionário para a exposição
em vitrinas dos modelos que integram a
colecção From F1 to GT Cars, que celebra o
envolvimento da marca com o mundo au-
tomóvel. Ao longo do mês de Novembro
e início do mês de Dezembro, foram 18 os
postos de venda que ofereceram aos seus
clientes uma montra inesperada. A banda
desenhada foi a inspiração base. A inovação
passou pela apresentação de um circuito
automóvel de ilusão 3D, que transmite ao
espectador a sensação de que é um piloto
que viaja num circuito do tempo. O cenário
criado engloba, em paralelo, a reinterpre-
tação e evolução de séries lendárias da TAG
Heuer – do Monaco ao Formula 1, passando
pelo SLR, Carrera e Grand Carrera GT. Um
catálogo foi ainda especialmente concebido
pela agência.
taG Heuer junta-se à fondation de la Haute HorloGerie A 1 de Outubro de 2008, a TAG Heuer tornou-se
mem bro privilegiado da Fondation de la Haute
Hor logerie (FHH), entidade de prestígio no sec-
tor. A parceria salienta os 150 anos de história
dedicados à busca da precisão e inspirados
por uma constante procura da inovação. Como
parte desta associação, a TAG Heuer irá expor o
Grand Carrera Calibre 8 RS Grande Date GMT em
duas das mais importantes feiras de relojoaria
desta época: a Munich Time (de 30 de Outu-
bro a 2 de Novembro) e o Salon Belles Mon-
tres, em Paris (de 28 a 30 de Novembro). Com
esta parceria, a prestigiada marca reforça a sua
posição de destaque na indústria da alta-relo-
joaria. Jean-Christophe Babin, presidente e CEO
da TAG Heuer, afirmou: «Estamos muito orgu-
lhosos por nos tornarmos num membro activo e
assim demonstrarmos o nosso comprometimen-
to com os valores de base da alta-relojoaria».
Filipe Lima renova em 2009
com a TAg Heuer
O melhor golfista profissional português
da actualidade (122.º na Ordem de Mérito
do European Golf Tour, no final de 2008)
assinou, no passado dia 8 de Novembro, a
renovação da parceria que o liga à marca
suíça de relógios TAG Heuer desde 2007.
«Foi com muito orgulho que aceitei conti-
nuar a minha parceria com a TAG Heuer»,
afirmou Lima, «espero poder retribuir a con-
fiança que a marca e os seus res ponsáveis
em Portugal depositam em mim».
Miguel Barbosa no pódio na estreia
do BMW X3
Miguel Barbosa terminou em terceiro lugar
a Baja 500 Portalegre na sua estreia ao
volante do BMW X3. Acompanhado de Luís
Ramalho, o embaixador TAG Heuer Portu-
gal afirmou que «foi uma época positiva
em que ganhei quatro corridas e fui o piloto
que mais prova venceu à geral no campeo-
nato, o que só nos pode deixar satisfeitos,
quando sabemos que tínhamos armas infe-
riores à concorrência”.
panerai e anselmo 1910 inauGuram sHop in sHop Anselmo 1910 inaugurou, no dia 14 de Novembro,
no Amoreiras Shopping Center, uma nova loja que
passa a contar com o primeiro espaço personalizado
de conceito shop in shop da marca italiana Officine
Panerai. A inauguração deste espaço integra-se no
plano de expansão comercial que a marca está a
levar a cabo a nível mundial. O novo shop in shop
pretende ser um local de referência para os aficio-
nados e coleccionadores da Panerai. A colecção em
exposição centrar-se-á, em especial, nos modelos
com movimentos manufacturados exclusivos da
Panerai, nomeadamente o Radiomir Tourbillon GMT
e os Luminor 1950 Chrono Monopulsante.
seGundo aniversÁrio pianeGonda A boutique Pianegonda comemorou, no dia 3 de
Outubro, o seu segundo aniversário com uma fes-
ta que reuniu várias figuras públicas das áreas da
moda, da cultura, da televisão, do design e da músi-
ca. O evento decorreu no Fontana Park Hotel, em
Lisboa. Ana Marques e Franco Pianegonda foram os
anfitriões da festa. Como embaixadora da marca em
Portugal e proprietária do espaço Pianegonda nas
Galerias Saldanha Residence, Ana Marques convi-
dou cinco mulheres para representarem o espírito
da marca nessa noite: a actriz Joana Seixas, a apre-
sentadora Leonor Poeiras, as designers de interiores
Gracinha Viterbo e Mónica Penaguião e a manequim
angolana Karina Silva.
luís fiGo ao lado das Grandes marCas O futebolista Luís Figo não esconde o seu gosto pela
alta-relojoaria nem revela qualquer problema em
se ir deixando levar pela maré das grandes mar-
cas. Primeiro, foi embaixador da TAG Heuer e teve o
privilégio de assistir ao lançamento de uma edição
limitada com o seu nome. Mais tarde, a paixão pelas
criações Franck Muller levou-o a conhecer o mestre
genebrino e a visitar a sede da marca na Suíça. Re-
centemente, o famoso internacional do futebol por-
tuguês participou na apresentação oficial do relógio
IWC Shaffausen, com vista a apoiar a Fundação Luís
Figo. Com esta iniciativa, o futebolista passou a ser
mais um friend of the brand IWC.
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 125
A Primavera 2001 marcou o lançamento da Espiral do Tempo – a revista de
qua se todos os relógios, a publicação do sector da relojoaria com a maior tira-
gem e a mais ampla penetração em Portugal.
No entanto, a necessidade crescente de responder mais regularmente à viva-
cidade actual do mundo dos relógios justifica, agora, a criação de uma publi-
cação digital com carácter mensal. A Internet tornou-se num meio de comuni-
cação privilegiado para os amantes da bela relojoaria mas, até hoje, o site de
origem brasileira Relógios e Relógios, no qual Carlos Torres tem desenvolvido
um trabalho de excelente qualidade na versão portuguesa, é a única fonte de
informação digital na nossa língua, dedicada a esta área.
Assim, para colmatar esta lacuna, a Espiral do Tempo oferece agora a comple-
mentaridade entre suporte escrito e suporte digital.
Como?
Através de dois sites especializados:
Espiral TV
www.espiral.tv
A Espiral TV apresenta diversos vídeos com entrevistas, reportagens, cobertura de
eventos, os mais recentes lançamentos e outros acontecimentos nacionais e inter-
nacionais. Organizado através de uma programação mensal o site disponibiliza ain-
da os vídeos relacionados com a programação e um aquivo por marca.
espiral news
A parte de notícias do site Espiral do Tempo é actualizada diariamente com notícias
breves ou mais detalhadas trazendo até aos utilizadores nacionais as últimas no-
vidade do mundo da alta-relojoaria, dos eventos sociais, à abertura de novas lojas
ou lançamentos de novos relógios. Pretende-se com a Espiral News criar um site
dentro de um site.
Espiral do tempo
www.espiraldotempo.com
espiraldotempo.com é um magazine digital que tem como principal objectivo apre-
sentar a melhor informação relojoeira. Mensalmente, a equipa editorial faz uma
selecção dos melhores relógios (entre seis a oito), com apresentação da sua análise
técnica e respectivas fotos. Por outro lado, viajamos pelo mundo inteiro para reco-
lher a informação mais actualizada, perceber as tendências e fazer a nossa leitura.
A espiraldotempo.com disponibilizará, também, entrevistas e reportagens exclusi-
vas e um perfil das principais lojas de alta-relojoaria a nível nacional. A espiraldo-
tempo.com aposta no essencial. O seu interface de linhas simples está concebido
de modo a permitir uma navegação instintiva e orientada, sem que se corra o risco
de se perder informação. Além disso, o utilizador pode fazer um registo próprio que
lhe garante uma assinatura gratuita da versão impressa da Espiral do Tempo.
ESPirAL DO TEmPO iniciA AVEnTUrA ‘OnLinE’
/ Internet /
126 / Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008
/ Livros /
UM LivrO É UM ObJEctO intEMpOraL E tEM a sUprEMa vantaGEM dE prOpOrciOnar váriOs prazErEs. O prazEr da LEitUra É O Mais óbviO,
Mas O cOntactO FÍsicO cOM UM LivrO, O sEU cHEirO, a FOrMa, O GraFisMO da capa, a FaciLidadE dE ManUsEaMEntO, nãO sãO dEspiciEndOs
E aJUdaM a pErcEbEr a paixãO qUE dEspErtaM. Os LivrOs pErMitEM viaJar nO tEMpO E cOnHEcEr nOvas rEaLidadEs. pOr OUtrO LadO,
sãO FOntEs únicas dE inFOrMaçãO dE tEMas dE qUE GOstaMOs. pErantE tanta variEdadE, a EscOLHa É sEMprE O passO Mais cOMpLicadO...
/ Espiral do Tempo 31 / Inverno 2008 / 127
tempo e poder em lisboa, o relóGio da rua auGustaEditado pela Espiral do tempo, no âmbito da iniciativa de restauro do arco da rua augusta, esta obra
apresenta, numa perspectiva histórica, a relação atribulada da cidade de Lisboa com os seus reló-
gios públicos, desde a reconquista até à actualidade. Organizado em capítulos, de acordo com datas
específicas, e acompanhado de imagens sugestivas que ilustram as diferentes épocas referidas,
tempo e poder em Lisboa centra-se no relógio do arco da rua augusta estabelecendo ainda um pa-
ralelo com a história da manufactura que tornou possível o seu renascimento.
Autores: Fernando correia de Oliveira e José sarmento e Matos
Edição: Espiral do tempo
capa: brochada
Formato: 20,5 x 26,5 cm
Preço: 19,50 euros
Catarina de braGançadepois do aclamado Filipa de Lencastre, a mulher que mudou portugal, isabel
stilwell apresenta agora uma biografia romanceada de catarina de bragança, a
única portuguesa que foi rainha de inglaterra. Filha de d. Luísa de Gusmão e de
d.João iv, catarina de bragança nasceu em 1638 e teve uma vida “comprida e
muito cheia”, segundo a autora. sob a alçada de factos históricos, isabel stilwell
procura apresentar uma imagem de catarina diferente das versões habituais, na
qual são exploradas as suas dimensões psicológica e sentimental.
Por isabel Stilwell / Edição: a Esfera dos Livros / capa: brochada
Formato: 16 x 23,5 cm / Preço: 22 euros / disponível nas livrarias
jaeGer-leCoultrela Grande maisonEste é o livro de referência sobre a Jaeger-Lecoultre, a ‘Grande casa’ relojoeira
fundada por antoine Le coultre. ao longo de quase 400 páginas são apresenta-
das dezenas de criações antigas e modernas e alguns dos relógios com que a
marca tem surpreendido o universo relojoeiro. as mais de 600 ilustrações, as
fotografias e os textos tornam esta obra indispensável para um apaixonado da
bela relojoaria.
Por Franco cologni / Edição: Edições Flammarion / texto em francês
Formato: 29 x 25 cm / 381 páginas / capa dura / Preço: 39,5 euros
Encomende os seus livros com 15% desconto para os assinantes da revista
Fotocopie este questionário e preencha-o.
Junte um cheque endereçado à Company One no valor da encomenda e envie para:
Espiral do Tempo, Departamento de Livros e Catálogos > Av. Almirante Reis, 39 > 1169-039 Lisboa > Portugal
Nome: Idade:
Endereço:
C. Postal: Localidade: País:
E-mail: Tel.: Tm.: Profissão:
Pretendo encomendar os livros n.º Cheque n.º Banco:
montres sportivesO livro convida o leitor a viajar ao longo dos anos com
que se faz a história da relojoaria de precisão. as téc-
nicas, os homens que as concretizam e as marcas
que ousam criá-las são o tema central deste livro que
se organiza em oito capítulos que vão desde o fun-
cionamento dos relógios desportivos e dos cronógra-
fos até à apresentação dos modelos que contam a
evolução das peças de precisão.
Por constantin Parvulesco / Edição: Edições Etai
Texto em francês / Formato: 25 x 30 cm
178 páginas / capa dura / Preço: 65 euros
vintaGe roleX sports modelsOrdenada cronologicamente, esta obra propõe-nos
uma viagem inédita ao mundo dos míticos relógios
vintage desportivos da rolex de 1952 a 1990: do
submariner ao Explorer, do GMt-Master ao turn-O-
-Graph, passando pelo Milgauss e o cosmograph. pá-
gina a página o leitor é surpreendido com a história de
mais de 140 modelos vintage e respectivas fotos.
Por martin Skeet e nick Urul
Edição: schiffer publishing / Texto em inglês
Formato: 22 x 28 cm / 264 páginas / capa dura
Preço: 95 euros
montres militairesOs relógios militares, criados para circunstâncias onde
a precisão é garantia de sobrevivência, são peças
únicas que evocam momentos históricos e que se en-
quadram perfeitamente à vida contemporânea. Este
livro é uma abordagem de referência com fotografias
e informação essencial recolhida em parceria com o
especialista de relojoaria romain réa.
Por constantin Parvulesco / Edição: Etai
Texto em francês / Formato: 25 x 30 cm
177 páginas / capa dura
Preço: 65 euros
Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do Tempo, envie-nos uma carta para: Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa, juntando a quantia respectiva em cheque.
Assinatura para 8 edições (dois anos): • Portugal € 28 • Europa € 60 • Resto do Mundo € 80
Fotocopie este questionário, preencha, junte um cheque endereçado a: Company One, Publicações Lda. • Av. Almirante Reis, 39 1169-039 - Lisboa - Portugal
AssinaturasA assinatura deverá ser feita em nome de:
Morada: C.Postal: –
Localidade: Profissão: Data de nascimento:
Cont.: Tel: Tm.: E-mail:
Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive) Cheque n.º: Banco:
Nº 2 • € 5 Nº 4 • € 5 Nº 5 • € 5 Nº 6 • € 5
Nº 7 • € 5
Nº 1 • € 5 Nº 3 • € 5
Nº 8 • € 5 Nº 9 • € 5 Nº 10 • € 5 Nº 11 • € 5 Nº 12 • € 5
Nº 14 • € 5Nº 13 • € 5
Nº 25 • € 3,5 Nº 26 • € 3,5 Nº 27 • € 3,5 Nº 28 • € 3,5 Nº 29 • € 3,5 Nº 30 • € 3,5
Nº 23 • € 3,5Nº 22 • € 3,5 Nº 24 • € 3,5Nº 20 • € 3,5 Nº 21 • € 3,5Nº 19 • € 3,5
Nº 16 • € 3,5 Nº 17 • € 3,5Nº 15 • € 5
Nº 18 • € 3,5
/ Assinaturas /
« EntrE MUitOs bOtÕEs E ManÍpULOs, O siMpLEs GEstO qUOtidianO dO abrir a áGUa E dE a tEMpErar aO nOssO GOstO aGOra transFOrMadO EM ExErcÍciO dE tEstE aO nOssO q.i... »
Outubro, 22 h
Um colunista de uma revista de automóveis clás-
sicos escrevia recentemente que há cinco regras
cardinais a observar por qualquer candidato a in-
vestidor-coleccionador em ‘classic wheels’, e depois
de enumerar quatro delas – todas incontroversa-
mente óbvias e previsíveis, do género «não gaste
o que não tem, nem compre o que não gosta»; ou
«a reparação custará sempre mais do que possa
julgar» –, aconselhava a compra, em 2009, de por-
sches clássicos, modelos 356, 911 e também 912,
quase terminando o artigo sem enunciar a quinta
regra de ouro, entretanto esquecida pelo leitor can-
didato a investidor-coleccionador, qual seja: «esta
opinião tem o valor que você pagou por ela».
Outubro, 06 h 45’
Os estrelados hotéis das cidades modernas estão
transformados em sítios onde dificilmente se con-
segue dormir bem. Ele é a climatização excessiva
que não desliga; o barulho das águas correntes,
limpas e sujas, dos quartos vizinhos, sempre re-
pletos de executivos madrugadores – ou será de
‘compagnons’ de noite mal dormida?...; a emprega-
da da limpeza que nos espreita às 7 h 30 m da
manhã, depois de às seis nos terem passado um
questionário por debaixo da porta («...como clas-
sificaria o conforto do seu aposento: Mau ; insu-
ficiente ; bom ; Excelente ...»), para às sete
pendurarem na mesma, com estrondo e fanfarra, o
jornalzinho diário.
E o que dizer das canalizações ‘sci-fi’ com que nos
confrontamos nas casas de banho desses hotéis?!
Entre muitos botões e manípulos, o simples gesto
quotidiano do abrir a água e de a temperar ao nosso
gosto agora transformado em exercício de teste ao
nosso q.i., como se fossemos candidatos a astro-
nautas num teste feito pela nasa, a água que não
sai por onde devia e, quando sai, fá-lo ou gelada ou
a escaldar, como castigo pela nossa falta de jeito e
inteligência para o banho matinal.
Novembro, 13 h 15’
atravessar a avenida da Liberdade com semáforo
verde para peões e utilizando civilizadamente as
zebras constitui assim como que uma espécie de
‘steeplechase’ pedestre: os veículos motorizados a
quererem pisar-nos os calcanhares e os calos, nós
a correr e aos pulos zebras afora.
E o que dizer das velocidades subsónicas dos trans-
portes públicos, a despentear quem está nos pas-
seios, transformados em ‘rails’ humanos de uma
pista imaginária? E para quando alguém que se
lembre de que na avenida da Liberdade um radar-
zinho preventivo se calhar até faz mais sentido do
que na avenida brasília?!
Novembro 21 h 12’
a senhora deputada, sentada na primeira fila da
bancada do seu partido, filmada pela televisão, a
meio do debate sobre o OE, invectivando alguém
enquanto mascava alarvemente uma pastilha elás-
tica. triste espectáculo deseducativo.
Novembro, 9 h 05’
O novo autódromo do algarve é daquelas realiza-
ções que simultaneamente nos surpreende e nos
orgulha. Excede todas as nossas melhores expec-
tativas e por isso nos surpreende e orgulha, como
portugueses. pena que no fim-de-semana da rea-
lização das primeiras corridas de automóveis as
muitas bancadas do autódromo estivessem tão
despidas de espectadores. nada que, infelizmente,
nos surpreenda ou orgulhe.
/ Crónica / Fernando Campos Ferreira
130 / Espiral do Tempo 31 / Crónica Fernando Campos Ferreira