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Espiral do Tempo 25

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Edição 25 da revista de quase todos os relógios

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Director• Hubert de Haro • [email protected]

Editor • Paulo Costa Dias • [email protected]

Design gráfico • Paulo Pires • [email protected]

Jornalista • Marta S. Ferreira • [email protected]

Fotografia • Nuno Correia

Editor técnico • Miguel Seabra • [email protected]

Colaboraram nesta edição• Fernando Campos Ferreira• Fernando Correia de Oliveira• Frederico Van Zeller• Kenton Thatcher• Rui Cardoso Martins

Traduções • Maria Vieira • [email protected]

Contabilidade • Elsa Filipe • [email protected]

Coordenação de publicidade e assinaturas • Patrícia Simas • [email protected]

Revisão • Letrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos [email protected] • www.letrario.com

03Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Editorial ]

ParceirosAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo

• Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro

• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar

• Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo

Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de

Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo

• Hotel Fortaleza do Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha

• Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien

Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas

• Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo

Golfe • Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte

• Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts

• Portugália Airlines • Quinta do Brinçal, Clube de Golfe

• TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference

& Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House

Ficha técnicaCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.

• Digitalização: ZL - Zonelab • Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: trimestral• Tiragem: 52.000 exemplares • Registo pessoa colectiva: 502964332• Registo no ICS: 123890• Depósito legal Nº 167784/01

Ninguém terá grandes dúvidas sobre o sentido geral da palavra «tractor» (do verbo latino trahere, tirar) no

entanto, poucos sabem que continua a corresponder a uma imagem largamente utilizada no mundo relojoeiro.

Basta relembrar o princípio dos anos 2000, quando a Manufactura Jaeger-LeCoultre apresentou, com muito

orgulho, o seu novo calibre automático Hometime. Internamente e durante toda a fase de desenvolvimento,

a palavra que se usou para descrevê-lo foi a muito pouco mediática ‘tractor’. Contextualmente, a imagem é

adequada: estamos perante um calibre cujas características de robustez permitem maior qualidade e cujas

produção e montagem são simplificadas. Mais: este calibre serviu de base para a colocação de vários módulos

de pequenas a grandes complicações.

O dilema que as grandes marcas enfrentam hoje pode resumir-se a uma simples escolha: entre desenvolver um

calibre ‘tractor’ com muito pouca alavanca mediática e custos industriais elevados (estimados em mais de três

milhões de euros e três a cinco anos de intensa pesquisa) e apresentar séries limitadas e concept watches.

Neste segundo caso, o valor do impacte na imprensa chega a rentabilizar o projecto.

A escolha parece evidente. Tão evidente que a quase-totalidade da indústria relojoeira optou pelo mediatismo,

por vezes exagerado, das inovações que produz. Já não é relevante se a marca frustra os grandes colecciona-

dores pelo longo tempo de espera da comercialização, após a apresentação nos salões. Já não é relevante o

facto de esta monocomunicação prejudicar gravemente a comercialização do resto das novidades.

Este autismo estratégico assenta na seguinte crença industrial: as entregas contínuas dos vários calibres

de tipo ‘tractor’ são feitas pelo maior fabricante suíço de movimentos (o gigante ETA Manufacture Horlogère

Suisse).

No entanto, Nicolas G. Hayek, ‘salvador’ da relojoaria suíça nos anos 80 pelo facto de ter inventado a marca

Swatch e proprietário da ETA Manufacture Horlogère Suisse, já avisou os seus vários clientes: 2009 marcará

uma viragem na comercialização dos ditos ‘tractores’. A nova estratégia passará por dar preferência às marcas

do grupo Swatch, no que respeita às entregas.

Perante esta ameaça séria, a reacção não será das mais fáceis: raros são os casos de marcas recentes que

conseguiram integrar as várias fases de produção (à excepção da Franck Muller Watchland). Os custos indus-

triais elevados e a escassez da mão-de-obra qualificada impedem a maioria das marcas actuais de adoptarem

uma estratégia de manufactura.

Restam as ‘verdadeiras’ manufacturas.

Argumento um pouco esquecido nos últimos anos.

Aposto que voltará em breve a ribalta da ‘agricultura relojoeira’!

Hubert de HaroDirector

Custos industriais elevados e escassez da mão-de-obra qualificada impedem a maioria das marcas actuais de adoptar uma estratégia de Manufactura.

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Onde fomos Edição 25 | Verão 2007

Não regateamos esforços na constante busca de mais e melhor informação para lhe oferecermos. Nesta edição fomos ao Norte do País

visitar alguns locais que ainda preenchem o nosso imaginário, estivemos em Cascais para uma arrojada sessão fotográfica,

andámos pela bella Italia e pela Suíça da alta tecnologia. Reportagens e entrevistas para ler em qualquer tempo.

Lisboa

Reportagem Relógio do Arco da Rua Augusta

52

Cascais

Reportagem Produção de Moda Espiral do Tempo

108

Porto

Entrevista Vítor Baía

16

Viana do Castelo

Saborear o Tempo Estalagem Melo Alvim

Ponte de Lima

Saborear o Tempo Golfe Ponte de Lima

106102

Porto

Perfil Relojoaria Mendonça

98

Porto

Saborear o Tempo Restaurante Oporto

104

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Genéve

EntrevistaFranco Cologni

48

Hotel du Castellet - França

AcontecimentoLançamento Grand Carrera

118

Le Brauss

Reportagem Caixa Royal Oak Alinghi Team

64

Brescia

ReportagemMille Miglia

58

Le Sentier

ReportagemAtmos

70

Sumário

Grande Plano 10

Entrevista - Vítor Baía 16

Crónica Rui Cardoso Martins 26

Crónica ‘Swiss Made’ 28

Correio do Leitor 30

Variedades 32

I-novação 34

Breves 36

Reportagens

Entrevista - Franco Cologni 48

Reportagem - Arco da Rua Augusta 52

Reportagem - Mille Miglia 58

Reportagem - Caixa Royal Oak Alinghi Team 64

Reportagem - Atmos 70

Técnica

Em Foco

A. Lange & SöhneLange 31 78

Audemars PiguetRoyal Oak Dual Time 80

Franck MullerHeures Irrégulières 82

François-Paul JourneOcta Automatique Lune 84

HautelenceHL 08 86

Jaeger-LeCoultreReverso Squadra Chrono 88

TAG HeuerMonaco Vintage 90

Laboratório Graham - Chronofighter RAC Black Speed 92

Prazeres

PerfilRelojoaria Mendonça 98

Saborear o Tempo

Estalagem Melo Alvim 102

Restaurante Oporto 104

Golfe Ponte de Lima 106

Produção de moda Espiral do Tempo 108

Acontecimentos 116

Livros 126

Internet 128

Assinaturas 129

Crónica Fernando Campos Ferreira 130

09Espiral do Tempo 25 Verão 2007

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A paixão que o move

Jay Kay, vocalista da famosa banda britânica Jami-

roquai, foi fotografado ao volante de um Ferrari

Enzo, exibindo um modelo TAG Heuer no pulso.

Não foram os papparazzi que registaram a cena.

Foi um fotógrafo profissional, para uma iniciativa

da marca suíça. A TAG Heuer e a Fundação Save The

Children juntaram vinte e oito homens e mulheres

excepcionais de todo o mundo, conhecidos por se

empenharem na solidariedade e pela paixão que

têm por ‘grandes máquinas’ e velocidade. Ao vo-

lante dos mais rápidos e lendários carros de Grand

Tourism e com um modelo da nova colecção Grand

Carrera no pulso, estas personalidades do mundo

dos negócios, do cinema, da música e do desporto

participaram numa sessão fotográfica. Todas as

fotografias foram agrupadas num livro com edição

limitada, cujos lucros das vendas revertem para

a Fundação.

11Espiral do Tempo 25 Verão 2007

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Master Minute Repeater

Quatro discretas figuras musicais, à direita das 6

ho ras, decoram uma pequena peça que, sendo

dis creta, é a chave para o principal segredo deste

relógio. Quando esta sonnerie toca, o som, através

da pequena peça, entra em contacto com o vidro

safira do mostrador tornando-o ressonante am-

pliando-se e adquirindo um timbre único. Sendo

a repetição de minutos uma clássica complicação

relojoeira - ao alcance de muito poucos - o Master

Minute Repeater da Jaeger-LeCoultre encontrou na

alta-tecnologia outras soluções invulgares numa

peça do segmento de super-luxo. Caixa em titânio,

pontes e platinas em maillechort com revestimen-

to de ruthénium e 15 dias de reserva de corda.

A decoração do movimento? Do mais belo que

temos visto! Exclusivamente disponível em Portu-

gal na loja Machado Joalheiro.

13Espiral do Tempo 25 Verão 2007

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A marca das estrelas

A actriz e modelo Devon Aoki, de ascendência ja-

ponesa, alemã e inglesa, foi uma das estrelas que

exibiram jóias Chopard no Festival de Cinema de

Cannes. Aliás, a marca é presença fixa em todos

os grandes eventos da sétima arte. Foram várias

as personalidades do cinema que compareceram

em Cannes usando criações da Chopard. Para cele-

brar a ocasião, a Chopard decidiu criar a colecção

Red Carpet, composta por 60 peças únicas de alta-

-joalharia. Dez dessas peças inspiraram o famoso

estilista italiano Valentino a criar uma colecção de

vestidos deslumbrantes a condizer.

15Espiral do Tempo 25 Verão 2007

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Vasco Candeias: Acorda muitas vezes a pensar que é o

futebolista com mais títulos no mundo?

Vítor Baía: Não, normalmente acordo a pensar no dia que vou ter pela frente. Sinto-me feliz só por acordar e saber que os meus estão bem. Isso dos títulos é algo de que me orgulho, com certeza, mas não vivo com essa marca no pensamento. Cla ro que, por vezes, olho o passado, e nem se- quer tenho de olhar muito para trás, porque con-quistei o último título há muito pouco tempo.

VC: Já é uma peça da história do futebol mundial...

VB: Ainda bem que não me chamou peça de mu-seu... É um facto que ganhei o direito de entrar para a história do futebol e, aí sim, sou obrigado a reter momentos inesquecíveis do meu passado como profissional. São tantos que tenho alguma dificuldade em relevar este ou aquele.

VC: Mas houve títulos que tiveram um sabor especial...

VB: Ganhar a Taça UEFA ao serviço do F. C. Porto, por exemplo. Este título foi muito espe-

cial, porque concretizei, em Sevilha, onde se de-senrolou a final, um sonho que tinha desde que vi o F. C. Porto a conquistar a Taça dos Campeões em Viena de Áustria, em 1987. Todos os meus companheiros de então, das camadas jovens, dese-jaram lá estar. Comigo não foi diferente. Por isso, quando conquistei o primeiro troféu internacional à baliza do meu clube, realizei um sonho. Como em tudo na vida, passar de sonho a realidade é extraordinário. Foi uma tremenda confusão de sentimentos. Os últimos cinco minutos da final pareceram-me 50... Mas, quando o árbitro api-tou, assinalando o final, rebentei de alegria.

VC: Coloca esse troféu à frente do da Liga dos Campe-

ões, que conquistou na época seguinte, em 2004?

VB: Foi diferente, com certeza. Vencer uma pro va com tal importância fica para a vida. Em Gel senkirchen, demonstrámos a grande força da nossa equipa. Foi o culminar de um trabalho ex traordinário, liderado pelo José Mourinho. Tínha mos um grupo fantástico, um espírito con-

[ Entrevista ]

17 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Uma simples incidência foi suficiente para que o menino deixasse a freguesia onde nasceu, S.Pedro da Afurada, em Gaia, com apenas três meses

de idade, num inesperado encontro com o destino. O pai, soldado da guarda-fiscal, respeitando

ordens superiores, teve que se mudar para Leça da Palmeira, e com ele levou a família. Na terra onde

apetece perder o olhar na imensidão do Atlântico que a banha, Vítor Manuel Martins Baía teve uma

infância feliz e deu os primeiros pontapés na bola. Segue-se a viagem no tempo com o futebolista

que tem mais títulos no mundo.

entrevista de Vasco Candeias | fotos de Kenton Thatcher

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quistador, e julgo que a Europa do futebol ren-deu-se aí, em definitivo, ao poder do F. C. Porto, que venceu a prova mesmo tendo um orçamento mais reduzido do que outros grandes clubes, como o Manchester, por exemplo, que deixámos pelo caminho.

A hora do emigranteVC: Fez quase toda a carreira no F. C. Porto. Barcelona

não foi uma boa experiência?

VB: Foi boa enquanto não surgiu um treinador que entendeu prejudicar-me, e conseguiu. Tive bons momentos em Barcelona, não vou esquecer a re-cepção que me fizeram quando cheguei à cidade. Fui traído por uma lesão e por um treinador, o Sr. Van Gaal, que tomou outras opções, e estava no seu direito, mas não o fez respeitando os valo-res da igualdade de oportunidades que todo o futebolista merece. Já passou...

VC: Não gosta muito de se deter nos momentos maus

da carreira.

VB: Não, prefiro recordar os bons. Primeiro, por-que são muitos, e, depois, porque me deixam com um sorriso. Mas as situações difíceis por que pas-sei ajudaram-me a crescer. Tive momentos muito complicados, essencialmente pelas lesões que me afastaram da baliza, joguei em grande sacrifício, tanto no F. C. Porto como na Selecção Nacional, mas não me posso arrepender, porque o futebol deu-me muito de bom e há-de continuar a dar. As paixões são assim...

VC: Se fala na Selecção, vem-lhe ao pensamento o

nome de Scolari?

VB: Felizmente, tenho um passado na Selecção Nacional que me permite ter outras recordações. Desde que Scolari chegou, não fui mais chamado. Ainda hoje não sei o motivo. Se calhar, quando ele um dia cá não estiver, vai dizer. Aí, ou vou saber ou viverei sempre com esta curiosidade, até

que me dêem um argumento plausível. Ora, isso nunca aconteceu. Foi com uma tremenda tristeza que vivi os primeiros tempos de ausência na Se-lecção. Depois, fui-me habituando, porque não havia nada a fazer. Alguém entendeu fazer-me mal, alguém patrocinou tudo isto, mas não sou a melhor pessoa para responder porque não sou culpado de nada. Continuei a fazer o meu tra-balho no F. C. Porto, fui considerado o melhor guarda-redes da Europa durante esse meu afasta-mento, e, ainda assim, continuei de fora. Alguém ficou mal nesta fotografia, mas não fui eu.

VC: Porque é que nunca soltou a sua revolta?

VB: Quis que as pessoas trabalhassem em paz e seria incapaz de me tornar num foco desestabi-lizador. Só por isso. Respeitei quem lá estava e quem tomou as opções, porque gostava que fizes-sem o mesmo comigo.

Uma casa muito grandeVC: Agora proponho-lhe uma viagem no tempo... de

criança. Quando começou a jogar futebol, estava longe

de imaginar que se tornaria na figura que se tornou...

VB: Ninguém pode adivinhar o futuro. Às vezes, gostava de poder viajar numa máquina do tempo até aos primeiros jogos de futebol que fiz, na Académica de Leça, e num lugar próximo da minha casa, a Bataria, que era um antigo quar-tel onde esteve instalada o COPCON, a polícia militar que nasceu logo após o 25 de Abril. Hoje, nesse espaço, está instalado o complexo despor-tivo de Leça da Palmeira. Pelo menos, a bola con-tinua a saltar por ali.

VC: O Domingos Paciência é o que se pode chamar um

amigo de todos os tempos?

VB: É de sempre. Começámos a jogar futebol jun tos, fomos para o F. C. Porto no mesmo dia, acho que nos amparámos um pouco. Ele era um ‘fivelinhas’ e eu, aos 13 anos, não tinha esta altura

18 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

A Fundação Save the Children (www.savethechil-

dren.org) luta pelas crianças de todo o mundo que

sofrem de pobreza, doença, injustiça e violência.

Ajuda menores de 110 países, trabalhando para en-

contrar soluções a longo termo para os problemas

que enfrentam. É uma instituição de caridade in-

dependente e internacional, que foi fundada pelos

irmãos Eglantyne Jebb e Dorothy Buxton em Maio

de 1919, no Reino Unido, para ajudar os milhares

de crianças vítimas do bloqueio económico que se

seguiu à Primeira Guerra Mundial. Desde o início, a

Save the Children assume-se como visionária, arro-

jada, exigente e efectiva, tanto na forma como ajuda

as crianças como na que enfrenta e critica os gover-

nantes e as Nações Unidas e incita outros a ajudar.

As quatro grandes prioridades da fundação são «food

for life» (alimentos para a vida), lutando para redu-

zir a malnutrição crónica e aguda das crianças mais

pobres com menos de cinco anos e cujo acesso à

comida é impedido por conflitos, desastres naturais

ou colapso económico; «education for all» (educação

para todos), tentando levar a educação a todas as

crianças que de outra forma não teriam oportunida-

de de aprender, como as que trabalham, através da

criação de escolas ou da formação de professores;

«lifesaving healthcare» (cuidados de saúde que

sal vam vidas), lutando para arranjar formas de im-

pedir que as crianças contraiam doenças mortais,

providenciando-lhes cuidados de saúde; e «child

protection» (protecção das crianças), protegendo-

-as durante emergências, providenciando áreas se-

guras e lutando contra o trabalho infantil. A sede

da fundação situa-se no Reino Unido e existem 27

delegações no mundo inteiro, como, por exemplo,

em Nova Iorque e Genebra, de forma a pressionar

as Nações Unidas.

Save the Clindren Foundation “O tempo é o momento. Posso viajar atravésda minha memória, mas só consigo agarrar esse tempo ido em imagens.

Não o consigo reviver fisicamente. O tempo avança, não recua.”

Vítor Baía

Page 19: Espiral do Tempo 25

19Entrevista Vítor Baía

Page 20: Espiral do Tempo 25

20 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

“Ter sido convidado pela TAG Heuer para representar Portugal, numa lista de 27 personalidades, para a promoção da nova

colecção TAG Heuer Grand Carrera é, com certeza, um orgulho e uma honra especiais. O facto de as receitas desta inicia-

tiva (venda de um livro com as fotos) reverterem para a associação Save the Children – que é uma das mais antigas e

activas instituições não-governamentais a trabalhar com crianças de mais de 100 países, vítimas da pobreza, da doença,

injustiça e violência – é uma atitude nobre, uma forma de minimizar as dificuldades de tantas crianças. São objectivos

que a Fundação Vítor Baía também persegue, à sua escala. A prática desportiva é essencial para a aprendizagem de va-

lores importantes como a autoconfiança, o trabalho em equipa e o fair play. Todas as crianças têm o direito de aprender,

de brincar e de desenvolver as suas capacidades, independentemente das circunstâncias que as rodeiam. O objectivo

deste projecto da TAG Heuer é, acima de tudo, fazer com que todas as crianças tenham acesso ao desporto. Fazer com

que o desporto seja, efectivamente, um direito.“

Uma iniciativa pelas crianças

Koji Yakusho, actor

Vítor Baía, futebolista

Eric Bana, actor

David Coulthard, piloto de fórmula 1

Nick Mason, baterista dos Pink Floyd

Page 21: Espiral do Tempo 25

(sorrisos)... Mas foram muito bons os tempos da adolescência, porque aprendemos muito na Académica de Leça. Serviu-nos de trampolim para o que iríamos passar, depois, no F. C. Porto.

VC: Um mundo novo...

VB: Um mundo novo, sim, e ao tempo uma casa onde era muito difícil entrar. Aproveitámos bem a oportunidade. Percebemos muito cedo que es-távamos numa instituição onde tudo era feito com muito rigor. Já não podia haver aquelas ‘azias’ como na Académica, onde ficávamos aborrecidos com o treinador se não jogávamos. Quando en-trei no F. C. Porto, senti que se abriram as portas de um novo mundo. Tenho essa recordação bem viva, porque representou uma mudança radical na minha vida.

VC: Deixou os estudos?

VB: Não, acho que o meu pai me matava se isso acontecesse. Cresci em Leça da Palmeira junto a um bairro de gente muito modesta, como a fa-mília do Domingos, mas misturava-me com eles para jogar à bola na rua. Eram os meus amigos, muitos ainda são. Mas o meu pai achava que eu passava muito tempo a jogar futebol na rua e pouco a estudar. Com o tempo, compreendeu que eu estava a fazer bem as duas coisas. Fui cres-cendo no F. C. Porto, fui estudando ao mesmo tempo, mas houve um momento em que tive de optar: ou jogava futebol ou estudava. Optei pelo futebol, e contei com o apoio da minha irmã e da minha mãe, porque o meu pai não estava muito para aí virado... Conseguimos convencê-lo e hoje sei que ele não está arrependido. Ainda como júnior, assinei o meu primeiro contrato de profis-sional. Já lá vão uns anitos.

VC: Percebe-se que foi uma adolescência agradável.

Dava-lhe mesmo jeito uma máquina do tempo... para

voltar atrás?

VB: Isso dava, mas o tempo é o momento. Posso viajar através da minha memória, mas só consigo agarrar esse tempo através de imagens. Não o

consigo reviver fisicamente. O tempo avança, não recua. A frase que disse atrás já passou, é passado. O tempo é o presente.

VC: Já se sentiu perdido no tempo?

VB: Talvez... Mas o meu tempo é este. Gosto de olhar o futuro, porque também gosto do desco- nhecido, mas essencialmente gosto de gerir mui-to bem o meu tempo. Não gosto de andar a correr. Espero sempre que a calma me acom-panhe, porque sou uma pessoa tranquila, às vezes demasiado.

VC: Está a viver um momento em que o tempo se cruza,

o passado... e o futuro. Termina uma carreira de futebo-

lista e parte para outra vida. Isso atrapalha-o?

VB: Não. Tive o meu tempo enquanto profissional de futebol, sei que fiz coisas muito agradáveis, sei que dei alegrias a muita gente... e, já agora, peço desculpa por algumas defesas em falso, mas a vida continua e tenho o meu destino orientado. Feliz-mente, soube orientar a minha vida de modo a poder dar aos meus filhos um futuro com todas as condições. E isso foi um objectivo que tracei desde o dia em que percebi que o futebol me po-dia dar uma vida sem dificuldades, desde que eu também desse tudo ao futebol.

VC: Vai-lhe custar estar longe das balizas?

VB: Nos primeiros tempos, tenho a certeza de que vou conviver com a nostalgia, mas sinto-me pre-parado para isto. Tenho muito a fazer ainda den-tro do F. C. Porto e vou poder dedicar-me com mais tempo à Fundação, algo que me era impos-sível enquanto profissional de futebol, porque estava muito limitado pelo tempo de trabalho. A Fundação Vítor Baía 99 já não passa desper-cebida a ninguém em Portugal. Quando tive esta ideia, fiz uma das melhores ‘defesas’ da minha vida! Sei que a série de iniciativas em prol das crianças desfavorecidas e com problemas compli-cados de saúde estão a dar resultado. É uma satis-fação ver alguém a sorrir. Dito de outra forma, é gratificante fazer sorrir uma criança. ET

Em 2004, o guarda-redes Vítor Baía criou a Fundação

Vítor Baía 99, número que ostentou na camisola desde

que regressou ao F.C. Porto. O objectivo da fundação

é ajudar, de diversas formas, crianças e adolescentes

carenciados. O apoio faz-se a nível do desenvolvi-

mento social, económico, cultural, educativo, despor-

tivo e artístico. Neste contexto, a Vítor Baía 99 presta

apoio financeiro a instituições como o Refúgio Aboim

e Ascenção, o Espaço T e a Liga Portuguesa Contra o

Cancro, entre outras. Realiza também intervenções

de cedência de material a diversas instituições como

a Fundação AMI e a Associação Criança e Vida. Cede

ainda materiais hospitalares a estabelecimentos de

saúde como o Hospital Amadora-Sintra, o IPO do

Porto, o Hospital Maria Pia e o Hospital Pediátrico de

Coimbra. A Vítor Baía 99 recebeu este ano o estatuto

de I.P.S.S e é a primeira fundação, cujo objecto so-

cial não se enquadra na área da saúde, a assinar um

Protocolo de Apoio Científico na Área da Saúde, pela

iniciativa de monitorização da inflamação na asma

na criança, com o objectivo de melhorar a qualidade

de vida dos menores que padecem da doença.

Fundação Vítor Baía 99

Nome: Vítor Manuel Martins Baía

Local ideal: Porto, de preferência na zona da Foz, com o mar e o rio bem perto dos olhos.

Pior defeito: A teimosia

Virtude: Julgo-me uma pessoa solidária com os outros e sinto-me feliz por isso.

Herói: O meu pai sem dúvida!

Vilão: Adolf Hitler

Vício secreto: Digamos que sou viciado no Sol. Há mais, mas fico por aqui.

Um sonho: Continuar a ser feliz com a minha família e ver os meus filhos crescerem em paz.

auto-retrato

21Entrevista Vítor Baía

“O meu tempo é esteGosto de olhar o futuro, porque também gosto do desconhecido.”

Vítor Baía

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Um relógio parado é inquietante. Não pelo custo da pilha ou do arranjo, ou pelo tempo perdido até

o vermos a funcionar. Essas são contingências tão super-

ficiais como uma piada com barbas: um relógio parado

dá a hora certa duas vezes por dia, ao contrário dos que

trabalham, que nunca acertam.

O que inquieta num relógio parado é a sensação de

que o tempo desapareceu algures no mundo.

Lembro-me do relógio, com o vidro partido, a marcar

a hora exacta do primeiro dos atentados terroristas de 11

de Março de 2004, em Madrid. Parou às 7h 38m, na esta-

ção de Atocha, e, um minuto depois, outras nove mochilas

explodiam. Desconheço se o pulso que levava aquele reló-

gio, que só vi numa foto, ainda bate.

Creio que também resgataram um relógio que parou

no colapso de uma das Torres Gémeas, o World Trade Cen-

ter de Nova Iorque, na manhã de 11 de Setembro de 2001.

Quem o trazia não sobreviveu. Os pedaços maiores que

sobraram, naquela área da trituradora gigante que vimos

cair em directo, eram do tamanho de um relógio.

Há anos, tive uma sensação parecida quando me

disse ram o número em que parou o ponteiro do conta-

quilómetros de um carro que levava amigos meus. O carro

despistou-se e bateu numa árvore. Morreram todos de-

pressa demais.

Li, recentemente, o Atlas dos Piores Desastres Natu-

rais do Mundo (Lesley Newson, ed. Livros e Livros). Lê-se

como – e é, de facto – uma enciclopédia das catástrofes

que atingiram a Humanidade. Consultei-o ao acaso, como

se manobrasse a alavanca duma máquina do tempo, para

trás e para a frente, calhando sempre numa desgraça mais

admirável e horrível que outra.

Uma delas é ilustrada precisamente por um relógio,

uma cebola de bolso, castanho e estalado como uma fo-

lha seca: derreteu com o calor às 8h 15m, a 8 de Maio de

1902, na erupção do Monte Pelée, na Martinica francesa,

que matou 30 mil pessoas. Teve uma explosão piroclástica

semelhante, creio, à do Monte Vesúvio, que enterrou de

pedra-pomes, cinzas e calor (nuvem a 900º C descendo

a alta velocidade) as cidades de Pompeia e Herculano,

em 79 a.C.

E lembramos Krakatoa, na Indonésia, a ilha vulcânica

que desapareceu a 20 de Maio de 1883, afundando, atra-

vés de ondas de 40 metros, 36 mil pessoas. Foi o primeiro

desastre a ser notícia em todo o mundo no próprio dia,

por meio do telégrafo.

Há tragédias mais recentes, outras mais antigas.

O sismo de Spitak, na Arménia, em Dezembro de 1988

(que provocou 100 mil mortos); o terramoto de Chimbote,

no Peru, em 1979, que fez desabar um monte, enterrando

vivas 20 mil pessoas.

Também lá está Lisboa, no dia 1 de Novembro de

1755, dia de Todos-os-Santos. O terramoto que mudou o

pensamento religioso e iluminou a Europa quanto à Justiça

Divina, pois começou por matar quase todos os fiéis que

estavam nas igrejas a assistir à missa e poupou, no final,

já contando os incêndios e maremoto, as principais ruas

da prostituição.

Há tornados no midwest dos EUA, furacões no Golfo

do México, tufões no Pacífico, deslizamentos de terra na

América do Sul, inundações na China e na Coreia, fogos

selvagens no Mediterrâneo e na Austrália, fogos urbanos,

tsunamis, etc... Incidentes separados no espaço por mi-

lhares de quilómetros e no tempo por séculos, mas todos

numa competição macabra para ver qual deles conseguirá

mais vítimas, quando o mundo acabar (meteorito gigante

como os dinossauros, explosão nuclear, morte do Sol?).

Há fomes provocadas pelas secas e pelos gafanhotos,

no Egipto, no Sahara, na Etiópia, etc. Mas acabamos por

concluir que o pior inimigo é o mais minúsculo: vírus,

bactérias e protozoários maléficos.

A pneumónica, ou gripe espanhola, no final da I Gran-

de Guerra, matou entre 20 e 90 milhões de pessoas.

Uma das recordações do meu avô de quando tinha

dez anos era da mãe dele, minha bisavó, perguntar-lhe:

– Vai lá ver se o teu pai ainda respira.

A Peste Negra, que surgiu com a praga de ratos e de

pulgas, veio da China e matou um terço da população da

Europa, no século XIV. E a Sida, que ainda não terminou a

contabilidade, longe disso.

Mas o que mais assusta no livro é o que não está lá.

Como saiu em 1999, perdeu, por antecipação, o tsunami

que afectou, em simultâneo, a Ásia e o Leste de África, no

Natal de 2004, e não contabilizou os 220 mil mortos deste

desastre. Também não fala, claro, do furacão Katrina, que

matou e destruiu a bela Nova Orleães (um bloody mary

às nove da manhã numa piscina do French Quartier. Não

sei se voltarei a fazer tal coisa…). Por misericórdia, o Atlas

não refere as guerras. Nem poderia contar as mortes pro-

vocadas pela estupidez do presidente Bush, a catástrofe

natural que assola o Iraque.

Mas lembra-nos o que pode acontecer se, um dia, o

vulcão de Las Palmas, nas Canárias, colapsar no Atlânti-

co: uma onda de 100 metros de altura, rumo à América.

E pensamos a que horas, de que dia, baterá a onda no

novo World Trade Center, acabado de inaugurar na Baixa

de Manhattan.

Os relógios param, o tempo não.

De qualquer modo, não desanimem. Não desistam

das férias. Os tempos mortos fazem falta na vida.

Rui Cardoso Martins

Rui Cardoso Martins

Catastrófica máquina do tempo

O que inquieta num relógio paradoé a sensação de que o tempo desapareceu algures no mundo.

26 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Crónica ]

Page 27: Espiral do Tempo 25
Page 28: Espiral do Tempo 25

Ao lançar o debate sobre o reforço

da etiqueta Swiss Made, a Federação da Indústria Re-

lojoeira Suíça (FH) abriu a caixa de Pandora. Ironica-

mente, as empresas que pedem uma legislação mais

pesada são aquelas que menos precisam dela, enquan-

to outras, ardentes defensoras da etiqueta, seriam as

primeiras a sofrer consequências das regras mais aper-

tadas. Conheça as reacções.

Se, para um homem comum, a indicação Swiss

Made é a garantia de que todas as peças do relógio

foram fabricadas e montadas na Suíça, a realidade é

bem diferente. Segundo a regra federal estabelecida em

1971, para um relógio ser considerado Swiss Made tem,

efectivamente, de ser manufacturado e inspeccionado

na Suíça. No entanto, as peças do mesmo não têm obri-

gatoriamente de ter a mesma origem. Grande parte dos

componentes pode vir de fora da Suíça, desde que não

ultrapasse 50 % do valor do relógio. Os grandes nomes

do sector defendem que este cenário tem de mudar.

Mais um fardo do que uma benção?

«Existem várias etiquetas diferentes», explica Karl-

-Friedrich Scheufele, co-presidente da Chopard. «Existe

o Geneva Seal, cujo critério abrange essencialmente

o acabamento e a decoração do movimento, a Fleu-

rier Quality, que faz mais exigências na qualidade do

movimento, e a Swiss Made, que é uma designação de

origem que, no que respeita à funcionalidade do reló-

gio, apenas garante que este é resistente ao choque.

Visto isto, é essencial uma revisão da etiqueta Swiss

Made, para restaurar o prestígio das marcas suíças a

nível internacional. Grande parte dos consumidores não

sabe o que esta etiqueta representa e, se fizessem um

esforço para descobrir o significado, ficariam certamente

desiludidos. Vamos então esperar que o consenso final

não deixe todos, no típico estilo suíço, insatisfeitos».

Claramente, Swiss Made começa a ser menos uma

ajuda e mais um empecilho para a alta-relojoaria. Isto

levou várias empresas a pedirem ao concelho da Fe-

de ração da Indústria Relojoeira Suíça (FH) e ao seu

presidente o lançamento de um debate, bem como a

apresentarem propostas concretas para a próxima as-

sembleia geral, que se realizou no final de Junho. Estas

propostas baseiam-se sobretudo na explicação do que

constitui um movimento ou relógio Swiss Made. De-

fende-se que, para um modelo ser considerado Swiss

Made, a quantidade de peças produzidas na Suíça

deve aumentar de 50 % para, pelo menos, 80 % do

valor total do movimento. O mesmo vale para relógios:

a FH defende que o critério de valor atribuído ao movi-

mento também deve ser aplicado ao produto final.

Propõe, assim, que 80 % do custo de produção de um

relógio mecânico corresponda a operações realizadas

na Suíça. Isto excluiria material em bruto, pedras pre-

ciosas e pilhas.

Perigo!

«Pessoalmente, sou completamente a favor do re-

forço da etiqueta Swiss Made», diz Jean-Claude Biver,

CEO da Hublot. «Estou bem ciente da grande ajuda e

do grande apoio que a Swiss Made é para nós. A indús-

tria relojoeira suíça não estaria numa posição tão viável

hoje sem esta etiqueta. Logo, precisamos de defendê-

-la, preservá-la e reforçá-la».

Alguns dos mais experientes profissionais do ramo

não hesitaram em agitar as águas. «O nosso papel é

criar valores e contar histórias», explica Michel Parmi-

giani, que lidera a Vaucher Manufacture. «Existe um

verdadeiro perigo em ver a imagem da verdadeira alta-

-relojoaria devastada por uma falta de rigor, especial-

mente entre emergentes no sector que são motivados

por ganhos a curto prazo. No final, quando o consumi-

dor percebe que foi enganado, pode decidir voltar as

costas a todos e quaisquer fabricantes de relógios.

Por último, os coleccionadores e os conhecedores mo-

vem-se pela paixão, e cabe aos fabricantes de relógios

serem pacientes para conseguirem inspirar emoção.

Não nos esqueçamos do que aconteceu à Chaumet

e Breguet quando foram adquiridas pela Investcorp.

O investimento esperava rápidos retornos, o que acabou

por não acontecer, e as duas empresas fecharam...».

Tendo em conta os diferentes pontos de vista,

po demos esperar grandes mudanças depois de a FH

debater o tema no final de Junho. Reforçar a etiqueta

Swiss Made é visto como uma necessidade na alta-

relojoaria que, ironicamente, poderá ser a que melhor

passa sem isso, apoiando-se na excelente reputação

das grandes marcas no mercado internacional. O mes-

mo não se pode dizer para outros sectores da profissão.

Agora, pelo menos, a questão já foi lançada.

www.hautehorlogerie.org

28 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Exclusivo Fondation de la Haute Horlogerie - Christophe Roulet

Swiss Made

Se o homem comum acredita que Swiss Made é a garantiade que todas as peças do seu relógio foram fabricadas e montadas na Suíça, a realidade é bem diferente.

[ Crónica ]

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Page 30: Espiral do Tempo 25

30 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Correio do Leitor ]

Correias de luxoHá algo que gostaria de discutir e aproveito a secção «Correio do

Leitor» para desabafar e procurar explicações. Fui presenteado com

um relógio Jaeger-LeCoultre Reverso quando acabei o meu curso de

medicina e, recentemente, tive de substituir a correia de pele de av-

estruz, porque já estava algo gasta devido ao uso contínuo. Fiquei

surpreendido com o custo da correia de substituição, que considero

astronómico. Não é um exagero? E porquê preços tão elevados?

CARLOS AFONSO MARQUES - VIA E-MAIL

De facto, quando analisado separadamente, o preço de uma correia de

relógio de uma marca consagrada – como, no caso, a Jaeger-LeCoultre

– pode parecer excessivo e atingir algumas centenas de euros. Mas

é necessário levar em consideração vários factores, a começar pela

qualidade. Tal como um relógio Jaeger-LeCoultre atinge um certo preço

porque, em comparação com outras marcas e outros tipos de relógio,

apresenta um elevado padrão de qualidade, também isto acontece

com determinadas correias relativamente à concorrência mais barata.

As boas marcas optam sempre por correias de excelente qualidade

que possam acompanhar devidamente os respectivos relógios, e não

qualquer subproduto. E uma boa correia (tal como uma boa bracelete

de cauchu ou uma boa bracelete em aço, que é ainda mais cara) tem

muito que se lhe diga: pele de superior qualidade, pespontos que

resistem à passagem do tempo, coloração que se mantém, resistência

à água, corte perfeito e produção manufacturada. Muitas vezes, as

aberturas para as correias são exclusivas (19, 21 ou 23 mm de largura,

quando a norma é 18, 20, 22 mm, etc.), e, em vários casos, as correias

até são recortadas para melhor se adaptarem às caixas dos relógios,

pelo que, geralmente, só mesmo recorrendo a correias de substituição

da marca é que se torna possível conseguir a substituição ideal. Para

aqueles que não se importam de ter uma correia de marca diferente

do relógio (e atenção, porque a fivela ou o fecho de báscula têm de

ajustar-se ao tamanho da nova correia!), claro que há correias para to-

dos os preços e mesmo as boas relojoarias apresentam soluções mais

baratas de marcas especializadas em correias com preços pouco acima

da dezena de euros. Mas a qualidade paga-se bem: noblesse oblige!

Com a corda todaNão posso deixar de cumprimentá-los pela excelência da vossa revista.

Tendo acompanhado os vossos artigos nos últimos tempos, gostaria de

aproveitar a vossa secção «Correio do Leitor» para resolver uma dúvida: por

que razão os relógios mecânicos, como o meu cronógrafo TAG Heuer Car-

rera, têm habitualmente uma autonomia de marcha que não passa dos dois

dias? É uma norma ou tradição? Ou trata-se de uma limitação técnica?

PAULO SOBRAL - VISEU - VIA E-MAIL

Começamos por agradecer os cumprimentos. Relativamente à questão so-

bre a corda, além de pertinente, tem muito que se lhe diga! De facto, uma

reserva de corda entre 42 e 44 horas (quase dois dias) é quase a bitola

para relógios mecânicos ditos ‘normais’, sejam eles automáticos (como o

seu TAG Heuer Carrera) ou de corda manual. Começamos aqui por fazer

uma distinção atendendo à especificidade do mecanismo. Geralmente, os

relógios automáticos não necessitam de uma autonomia muito maior do

que esta, porque ‘alimentam-se’ do movimento do pulso do utilizador e,

desse modo, são ‘carregados’ constantemente e a reserva de corda está

sempre perto do máximo. Mesmo assim, já há mecanismos automáticos

com reservas de corda bem assinaláveis, como os exemplares Octa do

François-Paul Journe. No que diz respeito aos relógios de corda manual,

geralmente é necessário dar corda através da coroa uma vez a cada dois

dias (mas é aconselhável uma vez por dia), e há quem adore o ritual, mas

também há quem não goste. De qualquer modo, as marcas têm apresen-

tado mais relógios de corda manual com autonomias cada vez maiores,

como os oito dias de reserva de corda dos Reverso Extra Grande Taille...

e o recente Lange & Söhne Lange 31 até apresenta reserva para um mês!

O grande problema nunca foi o prolongamento da autonomia per se, mas

sim o prolongamento da autonomia fazendo com que os relógios se man-

tivessem precisos. É que é preciso uma tensão constante da corda para

manter essa precisão e isso tem sido conseguido graças aos desenvolvi-

mentos tecnológicos: a qualidade de construção é cada vez melhor, as

ligas de metais para a corda são mais apuradas e os relógios também se

tornaram um pouco maiores, apresentando mais espaço para tambores de

corda (que, por vezes, são mais do que um) de grandes dimensões.

Page 31: Espiral do Tempo 25

Royal Oak Jarno TrulliSou um atento seguidor das novidades da relojoaria através da vossa revista

e não só. Considero-me bem informado, mas no outro dia deparei-me com

uma referência na Internet a um relógio que desconhecia existir: o Royal Oak

Jarno Trulli, da Audemars Piguet. Trata-se de um modelo novo na linhagem

da associação da marca a Juan Pablo Montoya e a Rubens Barrichello? Ou

um modelo já feito e entretanto desaparecido?

VASCO MARTINS MENDES - CASCAIS - VIA E-MAIL

A sua questão é surpreendente e obrigou-nos a um aturado trabalho de

pesquisa que até contemplou um contacto com a marca. Não, não existe

qualquer versão formal Royal Oak Offshore Jarno Trulli em honra do piloto

italiano. O que acontece é que Jarno Trulli surgiu num programa televisivo de

grande audiência em Itália envergando o novo Royal Oak Offshore Volcano

no pulso, despertando as atenções dos aficionados e não só. O Volcano,

com os seus tons laranja e negros, é um novo modelo, e a comunidade

relojoeira italiana imediatamente baptizou-o (oficiosamente) de ‘Jarno Trulli’,

como antes sucedeu com o Rolex Daytona ‘Paul Newman’. É uma história en-

graçada – e o certo é que despertou o interesse da comunidade internauta,

transformando o Volcano num dos modelos actualmente mais cobiçados da

Audemars Piguet!

Electrónica de qualidadePercebo que haja ‘maluquinhos’ dos relógios que só gostem de modelos de

corda, porque se trata de tradição etc. etc. Eu, por exemplo, tenho relógios

automáticos e de quartzo, não tendo qualquer problema em alterná-los no

meu pulso. Sei que o seu valor é diferente, mas não repudio os modelos de

quartzo em relação aos outros – e até a precisão dos relógios de quartzo

anda muito perto do ideal. Por isso, gostaria de colocar a questão: atenden-

do à evolução tecnológica, porque é que as grandes marcas de relojoaria

não apresentam mais soluções inspiradas na electrónica? Por exemplo, as

grandes marcas de automóveis, como a Aston Martin ou a Porsche, apre-

sentam hoje em dia modelos com soluções tecnológicas avançadas, não se

restringindo à mecânica do antigamente só para satisfazer os fanáticos dos

calhambeques e da tradição!

PEDRO ALVES SANTANA - VIA E-MAIL

O seu ponto de vista é interessante e a comparação não o é menos. Diga-

mos que os relógios mecânicos têm melhorado de qualidade muito mais do

que se pensa: reservas de corda maiores, precisão mais constante, espaços

de revisão cada vez mais alargados (graças à introdução de rolamentos de

esferas de cerâmica para os rotores em substituição de esferas de metal

que requerem óleo, por exemplo), materiais e ligas de vanguarda – tudo

ao serviço de um princípio tradicional: o da relojoaria mecânica. Como não

podia deixar de ser, há variações com a apresentação de novos conceitos

de mecanismos baseados em princípios diferentes (que têm surgido em al-

guns concept watches, como o Monaco V4 da TAG Heuer, com roldanas em

vez de engrenagens). Por exemplo, a Jaeger-LeCoultre apresenta um calibre

meca-quartz, em que o mecanismo de base é de quartzo e o mecanismo do

cronógrafo é mecânico – uma boa maneira de juntar os dois mundos. E a TAG

Heuer faz o mesmo no Monaco Sixty-Nine, com um relógio mecânico de um

lado e um relógio multifuncional de quartzo do outro. Depois, a preços mais

baixos, há outro tipo de soluções interessantes – como o Seiko Kynetic, etc.

31Espiral do Tempo 25 Correio do Leitor

Size does matter?Gosto de relógios grandes, mas tenho amigos bem informados que

me dizem que se trata de uma moda e que os relógios vão voltar a

ficar mais pequenos. Como tenho em mente adquirir um entre vários

modelos de dimensões consideráveis e não gostava que ele ficasse

rapidamente desactualizado, gostaria que me fizessem uma previsão

futurista sobre as tendências do sector. É que desejo comprar um bom

relógio e não quero investir dez mil euros em algo que fique rapida-

mente fora de moda.

GABRIEL ANTUNES - PORTO - VIA E-MAIL

Não consideramos que o aumento da média dos diâmetros dos reló-

gios tenha essencialmente a ver com moda, por isso pode estar des-

cansado. É claro que há marcas de relógios que fazem do tamanho

uma moda, sobretudo marcas de moda com modelos de quartzo –

mas a própria indústria relojoeira suíça, que serve de referência ao

sector, tem apresentado consistentemente relógios maiores. E por

variadas razões. A primeira é de ordem física: a população mundial

está a crescer e a envelhecer de geração para geração Este desenvolvi-

mento físico e a longevidade acompanhada pela perda de qualidade

de visão estão relacionados com a principal tendência verificada na

indústria relojoeira ao longo da última década: os relógios estão cada

vez maiores, para melhor se adaptarem a pulsos grandes e serem per-

feitamente legíveis por vistas cansadas. No entanto, não foi apenas a

necessidade que aguçou o engenho: o crescimento dos instrumentos

do tempo é também um exercício de estilo, só que é uma moda que

veio para ficar. Para mais, relógios de caixas maiores podem albergar

tambores de corda maiores para uma superior autonomia, melhores

protecções contra choques e infiltrações de água, etc. Actualmente,

o diâmetro clássico de um relógio terá passado dos 38 mm para os

41 mm – e diâmetros de 43 mm até já são considerados normais.

O futuro não será dominado por relógios gigantescos, mas vai ser

seguramente caracterizado pela convivência entre modelos maiores e

modelos mais pequenos...

Page 32: Espiral do Tempo 25

32 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Variedades ]

«O tempo que tudo transforma, transforma também

o nosso temperamento. Cada idade tem os seus prazeres, o seu espírito e os seus hábitos»

Nicolas Boileau

Número 30Há três décadas que o nome Rolex e o logótipo da coroa figuram no placar de resultados do lendário

Centre Court de Wimbledon, a mais longa parceria entre uma marca relojoeira e um evento de ténis.

A marca também tem por embaixadores Roger Federer e Justine Hénin, líderes dos respectivos

rankings mundiais.

Termo técnico que designa sobretudo o tamanho, mas também o formato e a especificidade de um

mecanismo relojoeiro. Os calibres podem ser de corda manual ou de corda automática, redondos

ou de forma; podem ser integrados ou modulares (com um calibre de base a receber um módulo

de cronógrafo suplementar, por exemplo). Antigamente, o diâmetro de um calibre era expresso em

linhas, equivalendo uma linha a 2,256 milímetros.

Léxico - Calibre

A época estival chegou e convém recordar um conjunto de conselhos que

permitirão ao seu relógio lidar com todas as contingências da estação mais

quente do ano.

• Com o calor e a humidade, torna-se mais fácil suar – e o suor é extrema-

mente pernicioso e corrosivo, sobretudo em relógios baratos feitos em aço

que não é inoxidável (como os modelos falsos). Qualquer relógio de quali-

dade é à prova de suor, se bem que seja necessário confirmar os respectivos

níveis de estanquicidade.

• Se o relógio (com a devida estanquicidade) tiver estado em contacto com

água salgada ou mesmo sido utilizado apenas numa prova de vela, tem de

ser passado por água doce logo de seguida; o mesmo acontece se tiver es-

tado em contacto com a areia. E se o relógio está equipado com uma luneta

giratória, deve-se fazer rodar a luneta enquanto se procede à limpeza, para

remover quaisquer partículas de sujidade ou grãos de areia – caso contrário,

a capacidade rotativa da luneta corre o risco de ser danificada.

A limpeza da caixa do relógio deve ser efectuada com uma velha escova

de dentes e água com sabão, o mesmo acontecendo com as braceletes

de metal – que acumulam areia e sujidade entre os elos. As braceletes de

borracha vulcanizada também devem receber o mesmo tratamento de lim-

peza, já que o sal, a transpiração e os cremes solares são particularmente

corrosivos. Como é evidente, o uso sistemático de correias de pele em

meios aquáticos ou na praia é desaconselhado, já que a pele seca e perde

as suas qualidades.

Conselhos para o Verão

Page 33: Espiral do Tempo 25
Page 34: Espiral do Tempo 25

[ I-novação ]

Apesar de manter princípios inabaláveis desde a era de Abraham-Louis Bréguet, a relojoaria

está a mudar – e a mudar radicalmente. A tradição já

não é bem o que era, com a profusão de criadores à

procura de estabelecer um corte epistemológico no

sector e determinar novas fronteiras para a relojoaria.

Depois de mais de meio século de marasmo, a última

década tem assistido a uma corrida rumo à inovação

que representa uma autêntica lufada de ar fresco.

Um dos protagonistas da nova tendência é Maxi-

milian (Max, para os amigos) Büsser, um italiano de

Milão há muito radicado na Suíça que optou por aban-

donar cargos empresariais no seio da alta-relojoaria

para se dedicar à concretização de produtos relojoei-

ros inovadores. Engenheiro de formação e responsável

pelo salto da Harry Winston Timepieces para o cume

da alta-relojoaria graças ao lançamento anual de um

instrumento do tempo revolucionário, Max Büsser

começou por criar a sigla MB&F – que significa Max

Büsser & Friends, um colectivo de talentosos inde-

pendentes (criadores, artesãos, mestres relojoeiros)

desejoso de transformar a sua paixão numa obra-pri-

ma radicalmente nova. Um pouco como D’Artagnan e

os Três Mosqueteiros, os vários elementos do grupo

utilizam as sinergias para conseguir algo mais do que

a soma das partes. Um por todos e todos por um:

o primeiro projecto dos amigos já está concretizado

e é surpreendente, como que lançando a relojoaria

numa nova era espacial! Para já, o primeiro conceito

radical de Max Büsser foi desenhado por Eric Giroud

e transformado numa obra de arte da micromecânica

pelo criador de mecanismos Laurent Besse e pelo re-

lojoeiro independente Peter Speake-Marin – surgindo

o Horological Machine N.º1.

Nave espacialO HM1 é uma espécie de fusão entre as 20 Mil Mil-

has Submarinas e 2001, Odisseia no Espaço – havendo

quem lhe chame o Star Trek da relojoaria. Epítetos

não irão faltar, porque se trata efectivamente de um

relógio impressionante em todos os aspectos...

A caixa tridimensional em ouro branco ou rosa

apresenta uma inspiração arquitectónica que faz res-

saltar tanto o aspecto artístico como o seu interior mi-

cromecânico; um turbilhão elevado sobre o plano do

mostrador centra as atenções; quadro tambores mon-

tados em paralelo permitem uma reserva de corda

de sete dias e, simultaneamente, manter uma tensão

mais baixa da mola de modo a diminuir o desgaste,

aumentar o isocronismo e prolongar a duração de

vida do mecanismo. O original mecanismo é formado

por 376 peças, incluindo 81 rubis funcionais. Apenas

30 exemplares serão construídos por ano ao longo

dos próximos três anos.

A ideia utópica de Max Büsser em criar uma mar-

ca cujo objectivo seria desenvolver conceitos relojoei-

ros radicalmente novos com um colectivo de amigos

(criadores e artesãos) está assim transformada em

realidade.

O primeiro resultado é uma obra-prima de grande

sofisticação visual, técnica e emocional. O HM1 é dife-

rente de tudo, com as suas duas esferas do tempo

num mostrador de três níveis; alimentado por corda

manual ou automática, indica as horas e os minutos

em mostradores separados com indicador de reserva

de corda numa ponte de safira transparente e tem um

turbilhão que surge em destaque no meio para ser

devidamente apreciado. Deixa água na boca relati-

vamente às criações que se seguem... Depois de ter

lançado os sensacionais Opus no seio da casa Harry

Winston, está a trilhar um novo caminho com as suas

próprias obras-primas. E não está só... ET

Maximilian Büsser abandonou as esferas dirigentes da alta-relojoaria para se lançar na concepção de obras-primas relojoeiras de

carácter radical – acompanhado por um colectivo de amigos sem limites para

a criatividade. Max & Amigos são os novos mosqueteiros do sector: um por

todos e todos por um.

texto de Miguel Seabra

34 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 35: Espiral do Tempo 25

35I-novação Max Büsser

“Vejo mais beleza em algo de ousadoe com um carácter forte do que em algo que é bonito

e politicamente correcto.”

Max Büsser

O HM1 é a concretização física da filosofia que lhe está

subjacente - nas palavas de Max Büsser: «O luxo, que sem-

pre foi simbolizado pela elegância, discrição e classicismo,

está a tomar um novo rumo – graças a criadores como

Richard Mille, Vianney Halter, Urwerk e alguns outros, a

alta-relojoaria está a seguir numa nova direcção.»

Page 36: Espiral do Tempo 25

[ Breves ]

36 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Com a chancela Jaeger-LeCoultreCronógrafo extremo de ‘Il Dottore’

Fruto de uma parceria com o famoso campeão de motociclismo Valentino Rossi, a Jaeger-

-LeCoultre lançou um conjunto de versões personalizadas da sua linha Master Compressor

– designadamente o Master Compressor Chronograph ‘46’, apresentando os detalhes pró-

prios das séries limitadas assinadas pelo piloto transalpino: utilização de jogos cromáticos

com o contraste entre o amarelo e o preto dominante com alguns toques de azul, fundo do

mostrador com uma decoração técnica em perlage, número fétiche do ‘Il Dottore’ bem visí-

vel. Dotado do excelente calibre cronográfico JLC 751 C, apresenta um diâmetro de 41,5 mm

e as tradicionais válvulas de compressão que protegem os botões de todos os exemplares

Master Compressor. Preço: € 7.500 (modelo à esquerda) • € 19.200 (modelo em cima)

Porsche Design para homemAcessórios que são essenciais

Técnica de ponta e perfeição de design – fundamental e não apenas decorativo. Cada acessório para

homem concebido pelo atelier Porsche Design apresenta formas claras e lineares, sendo despojado

de qualquer adereço supérfluo. O luxo essencial é aperfeição absoluta no plano funcional: com mate-

riais inovadores e combinações vanguardistas, a Porsche Design apresenta botões de punho, bra ce-

letes, porta-chaves e anéis de qualidade excepcional.

Preço: € 250 (botões de punho) • € 140 (anel) • € 490 bracelete)

“Para vender um relógio de luxo, é preciso dizerum pouco mais do que as horas. É preciso construir um universo,

um estilo de vida, uma maneira de ser, uma forma de pensar.”

Thierry NatafPresidente da Zenith

Page 37: Espiral do Tempo 25

Poderosa ‘granada’ da GrahamChronofighter cresce ainda mais

Recebeu uma injecção de testosterona e tornou-se ainda mais impressionante: o ousado

cronógrafo de alavanca da Graham, carinhosamente designado por ‘Granada’ pelos tiffosi

italianos, surge declinado numa versão com um diâmetro maior que o torna ainda mais

inconfundível. Com 46 milímetros, o Chronofighter Oversize Black Ranger apresenta um

mostrador negro com pequenos segundos num submostrador contrastante a branco e

utilização judiciosa de tons laranja para um espírito desportivamente moderno. Estanque

a 100 metros, está disponível com bracelete de cauchu. Preço: € 5.650

TAG Heuer aperfeiçoa um íconeNovo Aquaracer Chrono 43 mm

Lançada em 1982, rapidamente se tornou num ex-libris da TAG Heuer. Quase um quarto de

século depois, o espírito da Série 2000 vive através da linha Aquatimer – sua descendente

directa tanto no plano estético como também na vertente técnica. A mais nova adição da

família Aquaracer promete tornar-se rapidamente na estrela da companhia: um pujante

cronógrafo de 43 milímetros simultaneamente couraçado e elegante. A personalidade de

aço do Aquaracer Chrono dá-lhe um carácter vincadamente desportivo, realçado pelos

anéis à volta dos totalizadores dos minutos e das horas, índices luminescentes aplicados,

janela dupla para a data e o dia da semana, estanquicidade até aos 300 metros, luneta

giratória unidireccional e bracelete em cauchu. Preço: € 2.050

Ícone da casa Franck MullerNovo Master Banker Lune

Em 1996, um banqueiro encomendou a Franck Muller um relógio de leitura sim-

ples com três fusos horários. Nascia o Master Banker, um dos mais emblemáti-

cos modelos do mestre genebrino e dotado de um mecanismo automático com

três fusos horários – originariamente, os fusos das bolsas de Londres (FTSE),

Nova Iorque (Dow Jones) e Tóquio (Nikkei) – que podia ser acertado através de

uma única coroa. Dez anos depois, o modelo foi remodelado e, em vez de sub-

mostradores num plano vertical, o novo Master Banker tem os submostradores

dispostos lateralmente, com a apresentação analógica do dia num submostrador

às 6 horas que inclui ainda uma janela para as fases da lua. Preço: € 26.250

“O nosso papel é criar valores e contar histórias”

Michel ParmigianiPresidente da Parmigiani Fleurier

Page 38: Espiral do Tempo 25

[ Breves ]

38 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Graham introduz melhoriasSwordfish com novos mostradores

Os relógios Graham são poderosos e imediatamente reconhecíveis, graças à aplicação de

conceitos inovadores que fazem com que se tornem inimitáveis – como o Swordfish, que

surpreende pelos dois óculos dotados de lupa que realçam os totalizadores (em tons con-

trastantes ou não) das horas e dos minutos. O famoso relógio binocular surge agora dotado

dos novos mostradores ‘Big 12-6’, com algarismos sobredimensionados às 12 e às 6 horas;

as cores são ousadas, sendo possível optar entre uma bracelete de cauchu e uma correia

em couro ou entre botões à esquerda e botões à direita. Com 46 milímetros de diâmetro, é

estanque a 100 metros. Preço: € 5.550

Edição limitada Porsche DesignConjunto muito vitaminado

A Porsche Design apresenta uma versão especial

do cronógrafo PTC, um porta-chaves e botões de

punho – todos eles de visual condizente e fabrica-

dos em materiais idênticos, com as partes metáli-

cas em titânio acetinado e as componentes em

couro de pele de borrego perfurada. Tanto as cos-

turas da pele como alguns ponteiros e indicações

do mostrador apresentam um tom laranja que

contrasta cor negra familiar ao universo Porsche.

O conjunto está disponível em 333 estojos.

Preço: € 5.300

Nautilus da Patek PhilippeFaria inveja ao Capitão Nemo

Baptizado com o nome do famoso submarino do

Capitão Nemo no romance ’20 Mil Milhas Subma-

rinas’ de Jules Verne, o Nautilus foi lançado na

década de 70 e rapidamente se tornou um clás-

sico da excepcional casa relojoeira Patek Philippe.

Recentemente renovado com formas e dimensões

mais contemporâneas mas sempre respeitando

o modelo original assinado pelo designer Gerald

Genta, o Nautilus Grande Taille apresenta uma

nova versão em ouro (branco, amarelo ou rosa)

para complementar a habitual versão em aço.

Com 43 milímetros de diâmetro, o Nautilus da

nova geração é estanque a 120 metros, inclui o

reputado Calibre 315 S C de corda automática e

também está disponível com correia em pele.

Preço: sob consulta

Page 39: Espiral do Tempo 25

“Existirá maior luxo do que poder criar sem restriçõesem conjunto com pessoas que não são apenas competentes mas que partilham

também os nossos valores humanos.”

Max BüsserCEO MB&F

Franck Muller no femininoColor Dreams

Realizados no célebre formato que caracterizou e con-

tinua a ser um exclusivo da marca Franck Muller, o Cin-

trée Curvex, a colecção Color Dreams foi feita a pensar na

mulher que aprecia peças de excepção. Com mostrador

branco ou preto e algarismos exclusivos Franck Muller a

colecção Color Dreams cativa pela sua sobriedade e quali-

dade topo-de-gama e pelo seu carácter arrojado no uso

das cores no mostrador.

Preço: Desde € 5.600

Cronógrafo Ebel 1911 BTREquipado com calibre próprio

Após o sensacional lançamento da linha 1911 BTR, a Ebel volta a

surpreender com um novo modelo desportivamente agressivo – o

cronógrafo 1911 BTR Calibre 139, equipado com um original mecanis-

mo cronográfico desenvolvido pela Ebel e com um mostrador estru-

turado que lhe dá um look especialmente técnico. O 1911 BTR Cali-

bre 139 foi mesmo uma das vedetas da feira de Basileia deste ano,

apresentando todos os condimentos para se tornar num objecto de

culto. O mecanismo de manufactura é certificado pelo COSC e pode

ser admirado através de um fundo transparente.

Preço: sob consulta

AMVOX 2 Chronograph ConceptJaeger-LeCoultre revoluciona cronógrafo

Fruto da parceria entre a manufactura relojoeira Jaeger-LeCoultre e a escuderia automóvel

Aston Martin, o AMVOX2 Chronograph Concept não necessita dos tradicionais botões laterais: a

cronometragem é accionada e travada mediante uma pressão directa sobre o vidro! Um sistema

de rolamentos permite à caixa e à luneta bascularem relativamente à base do relógio, numa

acção que activa uma série de alavancas que por sua vez transmitem os impulsos que controlam

as funções do cronógrafo. O tecnicismo é reforçado por um mostrador recortado: em baixo, po-

dem ver-se as alavancas de activação do calibre 751B, enquanto os totalizadores das horas e dos

minutos surgem em discos luminescentes por baixo de janelas quase semicirculares.

Preço: € 10.700

Page 40: Espiral do Tempo 25

Millenary da Audemars PiguetCelebração do tempo oval

Com caixa ergonómica e mostradores realçados

pela utili za ção excêntrica dos algarismos, a linha

Millenary transmite uma nova dimensão ao tem-

po. Con jugando números árabes e romanos em

linhas circulares e ovais, a zona das horas for ma

um círculo descentrado sobre a área dos minu-

tos. O efeito óptico é mágico, seja num tamanho

sobredimensionado para os homens ou de porte

médio para as senhoras.

Preço: € 28.500 (modelo de homem)

€ 18.690 (modelo de senhora)

Versace com nova colecçãoLinha Eclissi promete deslubrar

A colecção de relógios da Versace foi enrique-

cida por um novo modelo: o Eclissi, um exem-

plo supremo de sofisticação contemporânea.

A caixa, disponível em aço e ouro amarelo e

cor de rosa, é caracterizada pelo seu design

ele gante e avant-garde. O mostrador guilloché

é embelezado por dois diamantes na posição

das 12 horas. Já a bracelete é enfeitada por

imagens da Greca e da Medusa, insígnias da

marca. Preço: € 1.100

Reverso Duetto Duo da Jaeger-LeCoultreParadigma da feminilidade da Jaeger-LeCoultre

Apresentando dois mostradores na tradicional caixa reversível, o Reverso Duetto apresenta

toda a sua versatilidade nas situações mais díspares – sempre com muito charme e feminili-

dade, sobretudo na versão em ouro de 18 quilates aureolada com 64 diamantes. O mecanis-

mo que alimenta os ponteiros a funcionar coordenadamente em ambos os lados da caixa é

o Calibre Jaeger-LeCoultre 865, manufacturado e decorado à mão nas instalações da marca

em Le Sentier. Preço: € 11.250

[ Breves ]

40 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 41: Espiral do Tempo 25

Toda a classe A. Lange & SöhneGrande Saxonia Automatik

Numa altura em que proliferam os relógios pluri-

complicados com mostradores cheios de diferen-

tes indicadores, o Grande Saxonia Automatik da

Lange & Söhne sobressai pela pureza clássica do

mostrador em prata maciça da caixa em ouro rosa.

O fundo transparente em vidro de safira desvela o

Calibre L921.2 SAX-0-MAT de 46 horas de autono-

mia e mecanismo de reset, profusamente decora-

do segundo a tradição estética dos relojoeiros de

Glashütte. A correia é feita manualmente a partir

de peles de crocodilo da melhor qualidade, sendo

devidamente complementada com uma fivela em

ouro maciço. Preço: € 18.000

Freelancer da Raymond WeilUma nova direcção

Um relógio simultaneamente robusto e elegante,

dotado de um espírito urbano e independente –

são essas as características principais da nova

linha Freelancer da Raymond Weil, composta por

modelos automáticos onde o design puro e sim-

ples é realçado pela utilização do aço. A colecção

expressa tudo aquilo que é necessário para se

ser um bom freelancer (força de carácter, determi-

nação, profissionalismo, criatividade e liberdade

de espírito) e é dedicada aos freelancers que mol-

dam o universo do luxo: designers, jornalistas,

direc tores de arte, fotógrafos... Preço: € 1.490

Fortis edita Flieger CockpitEdição limitada

Celebrando o seu 95.º aniversário, a Fortis mer-

gulhou nas suas raízes e inspirou-se num relógio

clássico de aviador dos anos 30 para lançar uma

espectacular série limitada de 950 exemplares.

Denominada Flieger Cockpit, a série comemorativa

da Fortis apresenta uma correia de três peças com

base de couro por baixo da caixa do relógio, um

original mostrador bicolor repartido em dois tons

(negro e laranja), um mecanismo de corda manual

e uma nova coroa que – mesmo não estando en-

roscada – assegura a estanquicidade até 200 me-

tros de profundidade. Preço: € 650

“Os fabricantes alemães estão a dar uma excelente réplica aos seus

colegas suíços, no entanto acredito que

vivemos e aprendemos mais em

conjunto do que competimos.”

Fabian KroneCEO A. Lange & Söhne

“Costumo dizer que não faço relógios, faço relojoaria.”

François-Paul JourneMestre relojoeiro

Page 42: Espiral do Tempo 25

“Uma revisão da etiquetaSwiss Made é essencial para restaurar o

prestígio das marcas relojoeiras suíças

a nível internacional.”

Karl-Friedrich ScheufelePresidente da Chopard

[ Breves ]

Classicismo Audemars PiguetRetorno às origens

O novo Jules Audemars Automatique, para além de ser alimentado pelo exclusivo Ca libre

AP 3120, mantém-se fiel ao espírito tradicional da Manufactura ao mesmo tempo que

surpreende pela nova decoração em guilloché ‘Spirale’ que ofere ce uma bela nuance

ao mostrador e realça o ritmo circular da caixa em ouro branco ou rosa de 18 quilates.

Também os algarismos romanos são em ouro condizente com a caixa, ao passo que o

rotor que transmite energia ao mecanismo é concebido em ouro de 22 quilates e gravado

com os brasões das famílias Audemars e Piguet. O mecanismo tam bém é profusamente

decorado à mão: perla ge, rhodiage, anglage, colimaçonnage e Côtes de Genève.

Preço: € 15.600

Fortis homenageia pilotos da TAPB-42 TAP Pilot Chronograph Alarm

Depois do sucesso na sua comercialização junto

dos pilotos da TAP Portugal, está agora disponível

para o público em geral o mais pujante modelo

da Fortis. A marca suíça, associada à indústria

aeroespacial russa, apresenta um cronógrafo em

ti tânio, com alarme, assente no mecanismo pa-

ten teado F2001. O mostrador é personalizado

com as “asas de piloto” às 6 horas e cada peça

é numerada e entregue num estojo rotativo gra-

vado com os vários logótipos da TAP ao longo

dos anos. Preço: € 2.760

Chopard mostra irreverênciaNovo L.U.C. Tech Twist

Quando a Chopard inaugurou a Manufactura L.U.C,

lançou uma linha de alta relojoaria assente um

modelos extremamente clássicos. Actualmente,

essa vertente está a ser complementada por ex-

emplares mais irreverentes – como o L.U.C Tech

Twist, que alia técnica, design e estética num reló-

gio com mostra dor estratificado que desvela o

novo calibre automático L.U.C 96 TB e deliciosos

pormenores descentrados (coroa às 4, pequenos

segundos e data às 7). Caixa em aço com 41 mm

de diâmetro, correia de crocodilo, 65 horas de

reserva de corda, estanque a 30 metros.

Preço: sob consulta

42 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 43: Espiral do Tempo 25

Carrera ‘Chocolat’Um sabor especial

Inspirando-se no universo da competição automóvel, o cronógrafo automático Carrera Tachymètre Cho-

colat vem quebrar barreiras com uma arrojada versão Racing em tons de chocolate. Impróprio para dia-

béticos e sedentários, os tons do mostrador, da luneta e da correia abrem o apetite de quem tem um

apetite voraz por velocidade. Preço: € 2.550

Formula 1 da TAG HeuerCom o Verão à porta, relógio casual

A TAG Heuer lançou nos anos 80 a primeira linha

Formula 1 – que conheceu uma segunda geração

no início da presente década, com a ousada ver-

são de 2003 a ser agora complementada com

modelos de mostrador redesenhado. O destaque

vai para os coloridos cronógrafos, ideais para os

momentos de lazer e período estival. O Formula 1

é, assumidamente, o relógio mais desportivo ja-

mais concebido pela TAG Heuer e apresenta todas

as características técnicas necessárias para um es-

tilo de vida cheio de adrenalina: estanquicidade a

200 metros, vidro de safira, bracelete de aço ou

cauchu, coroa de rosca com protecções laterais e

luneta giratória unidireccional. Preço: € 930

Glashütte Original renovaSenator Karrée com novas linhas

A casa germânica Glashütte Original renovou um

dos seus modelos mais fortes da última década

– o Senator Karrée, que agora surge com linhas

mais suaves e ligeiramente arredondadas sem

per der a sua característica personalidade quadri-

látera. Equipada com mecanismos de manufac-

tura decorados segundo a tradição de Glashütte,

a linha Karrée é formada por vários modelos, in-

cluindo um cronógrafo de grande classe e o ine-

vi tável automático com data panorâmica.

Preço: € 6.450 (relógio)

€ 7.650 (cronógrafo)

Page 44: Espiral do Tempo 25

[ Breves ]

44 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Royal Oak Offshore ChronographA pujança de um mito da Audemars Piguet

A inconfundível estética da linha original Royal Oak de 1972 foi implementada com

uma dose energética extra que deu origem a um instrumento do tempo dotado de um

carácter mais extremo: o Royal Oak Offshore, que tem na sua variante em cauchu uma

das suas mais populares versões. Caracterizado pelo uso da borracha vulcanizada na

tradicional luneta octogonal, bracelete e botões, o Royal Oak Offshore Chronograph

Caoutchouc mantém os códigos genéticos da família Royal Oak mas adapta-os ao

século XXI com um espírito mais contemporâneo e radical. Preço: € 16.150

TAG Heuer com Mercedes-BenzNovo cronógrafo SLR

O Mercedes-Benz SLR é um dos bólides mais potentes e exclusivos do mundo. Em

2004, a TAG Heuer e a Mercedes-Benz combinaram forças e know-how para lançar

uma linha conjunta. O novo cronógrafo automático ‘TAG Heuer SLR para Mercedes-

-Benz’ surge editado numa série limitada de 3.500 exemplares. Inspirado pelo es-

pírito do SLR, apresenta pormenores fabulosos: botões ergonómicos inclinados a

45 graus, escala colocada num anel interior operado por uma segunda coroa, escala

taquimétrica na luneta exterior para cálculo de velocidades, bracelete em cauchu

evocativa das entradas de ar do automóvel, mostrador em guilloché circular.

Preço: € 3.850

Montblanc mantém-se referênciaUm novo instrumento de escrita

A Montblanc continua a cimentar a sua reputação de líder no campo dos instrumentos

de escrita com a colecção StarWalker – que combina formas e materiais contemporâneos

com os valores tradicionais da marca. A variante StarWalker Doué apresenta um corpo em

nobre resina negra que contrasta com a tampa plaqueada a platina. Disponível em caneta

com aparo em ouro plaqueado a ródio, esferográfica e fineliner. Preço: desde € 290

“O sucesso não vale de nadase não for usado em benefício dos mais desfavorecidos”

Jean-Christophe BabinCEO da TAG Heuer

Page 45: Espiral do Tempo 25

Roberto Cavalli com ousadiaSensualidade no pulso

O prazer de ousar e fazer-se notar pelo estilo e originalidade: a

nova colecção Roberto Cavalli Timewear veste a mulher so fisticada

mas provocante, recorrendo a formas artísticas surpreendentes.

O modelo Stones utiliza pedras naturais (como o ónix negro ou

o coral vermelho) aliadas ao aço para formar um relógio-jóia de

forma única; o Cabochon mostra um design sinuoso em duas de-

clinações: aço com pedras esverdeadas e plaqué ouro com pedras

de quartzo rosa. Preço: € 440

Originalidade MoschinoDois relógios-braceletes

Uma diferente maneira de apresentar o tempo de modo integra-

do: a Moschino apresenta uma original colecção de reló gios

que ex primem ironia, modernidade, divertimento e juventude.

O modelo Time 4 Pirates é composto por uma bracelete da

qual pendem símbolos do universo da pirataria, desde o pa-

pagaio até à âncora, em versões plaqué ouro ou aço. O Mul-

ticoloured Stones é composto por berlindes coloridos presos

por um elástico. Preço: € 190

“O nosso negócio, a arte de fabricar relógios,preocupa-se com a beleza e, como tal, deve ser feito num

ambiente de beleza..”

Vartan SirmakesCEO da Franck Muller

Page 46: Espiral do Tempo 25
Page 47: Espiral do Tempo 25

EntrevistaFranco Cologni [48]

ReportagemMille Miglia [58]

ReportagemArco da Rua Augusta [52]

ReportagemAtmos [70]

ReportagemRoyal Oak Alinghi Team [64]

47Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 48: Espiral do Tempo 25

Espiral do Tempo: Comecemos pelo início. É italiano,

nasceu em Milão em 1934 e a sua formação é sobretu-

do literária, com um duplo doutoramento em filosofia e

literatura (sobre o dramaturgo italiano Ugo Betti) obti-

do em 1957. Não lhe parece que errou a vocação?

Franco Colgni: De forma alguma! Após a minha tese de doutoramento, um editor italiano es-pecializado em teatro pediu-me que escrevesse um livro sobre Ugo Betti*. Perante o sucesso da obra, o mesmo editor encomendou-me um seg-undo livro: Jacques Copeau, Le Vieux Colombier**. Jacques Copeau foi um encenador que marcou a história do teatro moderno. O problema não é errar a vocação, mas há na história das letras uma frase latina recorrente: Carmina non dant panem: Os poemas não dão pão.

ET: É naquela época que inicia a sua carreira profissional,

escrevendo simultaneamente cartas e discursos para o

presidente de um grande conglomerado italiano.

FC: Comecei, primeiro, por trabalhar num jornal

italiano, depois mudei completamente de rumo ingressando nos quadros de uma grande empresa como secretário e jornalista do seu director-geral. No desempenho das minhas funções, aprovei- tando o meu background cultural, cheguei a lan-çar uma revista cultural interna para os 15.000 colaboradores da empresa.

ET: A sua carreira académica termina aqui.

FC: Sim, e por uma razão muito simples: o poe-ta escreve, mas está completamente só. Apenas lhe resta o silêncio. Eu quero estar presente, viver com as pessoas que me rodeiam.

ET: Cruza-se então com Robert Hocq, o homem-forte

da Cartier France, que o incentiva a abrir, em 1969, a

Tobako International, uma empresa de distribuição de

várias marcas de luxo, incluindo da marca Cartier.

FC: Conheci-o no fim dos anos sessenta. Fui res-ponsável pela distribuição dos isqueiros Cartier, que estavam a ter um enorme sucesso no mundo

inteiro. Foi a primeira vez que um objecto fun-cional se transformou em objecto de luxo. Segui-ram-se as canetas. Da Cartier, Itália, emigrei para França, Suíça, enfim, percorri o mundo pela Cartier. A minha carreira é a Cartier.

ET: Participa com Alain-Dominique Perrein, durante

os 30 anos seguintes, na extraordinária ascensão da

Cartier. O que registará a história do papel que desem-

penhou durante esse período?

FC: Para ser franco, dentro do grupo, sempre tive a fama de ser duro… mas um duro com olhos azuis.

ET: Um duro de coração mole?

FC: É isso mesmo! Mas também me considero honesto e algo visionário… talvez seja um de-feito, mas o facto é que nunca me enganei nas minhas visões! Lá fora, a minha carreira sempre se desenvolveu na sombra do número um: Alain-Dominique Perrein. Era obrigado à discrição: um

Embora muitos o considerem como um dos gurus da relojoaria suíça, Franco Cologni prefere ver-se como um

«dinossauro do Parque Jurássico». Com a saída deste homem paradoxal da Direcção Operacional do Grupo Richemont

em Abril de 2005, vira-se uma página do Pós-Renascimento da relojoaria. Desde então, tornou-se membro

da Compagnie Financière Richemont, S. A., e presidente da recentemente criada Fundação de Alta Relojoaria.

Encontro comovente na sede da Fundação, em Genebra, com um homem para quem

os valores humanistas prevalecem sobre a busca desenfreada do lucro.

Entrevista de Hubert de Haro | fotos de Nuno Correia | Fundação de Alta Relojoaria - Genebra - Suíça

[ Grande Entrevista ]

48 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 49: Espiral do Tempo 25

“Estou sempre a sonhar,mas gosto de concretizar as coisas.

Não sou um utopista.”

49Entrevista Franco Cologni

Page 50: Espiral do Tempo 25

50 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

“Apenas algumas peças de relojoaria merecemque se fale de investimento. O resto é uma questão de gosto, de personalidade.”

grande grupo não pode ter dois líderes. Mas cá dentro, era alguém, uma personagem importante, porque a Itália era o meu território, e sempre me foi dada a primazia nas decisões a tomar.

ET: A história do renascimento da Panerai tornou-se um

caso de estudo: a sobrevivência da marca face à queda

brutal das encomendas da marinha italiana só foi pos-

sível graças ao seu sentido de negócio.

FC: A minha cultura e atitude resumem-se a uma palavra: curiosidade. A curiosidade é para mim o elemento de base da criatividade. O facto de ter recuperado a Panerai não significa que que-ria afirmar-me como um grande da relojoaria. Antes quis mostrar que, a partir do nada, se pode ir muito longe.

ET: Contudo, o seu percurso continua a ser pouco con-

vencional: acompanhou a ascensão do grupo Riche-

mont e o seu crescimento extraordinário, mas sem

deixar de ser um homem profundamente ligado ao

esteticismo, ao belo e aos valores humanistas, um ho-

mem que prefere falar de «cultura a falar de lucro».

Nesta senda, quais são os objectivos da Fundação da

Alta Relojoaria recentemente criada?

FC: A cultura foi o que me permitiu estabelecer um vínculo entre as marcas e a fundação. Existem duas formas de ver os negócios: a criatividade e a cultura permitem criar o produto e o lucro resulta naturalmente deste processo. Mas é um caso raro. Hoje em dia, utiliza-se a marca e os seus produ-tos para obter lucro. No primeiro caso, arrisca-se a longo prazo e, no segundo, a curto prazo. Esta é a diferença. Não sou apologista dos valores americanos do tipo ‘money, money, money’. Sou

Page 51: Espiral do Tempo 25

51Entrevista Franco Cologni

a favor do benefício ético, embora a ética nada tenha a ver com a moral. A ética abrange a ex-periência, o conhecimento, o profissionalismo, a honestidade. Não é por acaso que se fala hoje em dia de ‘empresa ética’ nos Estados Unidos. Se nunca fiz fortuna como capitalista, é porque para mim o business sempre foi uma questão de ho-mens e não de dinheiro. Aliás, a Cartier ergueu--se graças a pessoas, porque na altura não havia dinheiro.

ET: Quanto à divulgação da alta-relojoaria, as marcas

estão em competição permanente no que respeita à

inovação técnica, chegando a ultrapassar o conceito de

‘revolução relojoeira’. O desfasamento entre o momen-

to em que estas descobertas são anunciadas e a che-

gada do produto no mercado tem vindo a crescer. Não

acha que isto poderá complicar a tarefa da Fundação?

FC: No mundo nunca houve revoluções, nem em França, mas sim evoluções. Quando analisamos as grandes evoluções a longo prazo, num período de dez ou 20 anos, apercebemo-nos de que, antes de mais nada, se trata de um processo que se in-screve numa evolução. A fundação nasce da von-tade de afirmar a cultura da alta-relojoaria. Não é um paradoxo, mas uma luta contra tendências que ameaçam os valores da perenidade. Veja-se o caso da contrafacção que nasce da vontade de copiar os outros.

ET: Está na origem da primeira revista on-line sobre re-

lojoaria (www.hautehorlogerie.org), o que demonstra

a sua vontade de utilizar os meios actuais de comunica-

ção. Acredita que seja possível comunicar deste modo

com as gerações mais jovens, sensibilizá-las para os

valores da alta-relojoaria?

FC: Penso que todos os meios actualmente exis-tentes se dirigem às pessoas maduras. A ferramen-ta informática permite-nos informar, chamar a atenção e fomentar a interacção. Este último acto é, para mim, o fundamento da formação atra vés da curiosidade.

ET: Também participou na criação da Escola de Design

de Milão, a Creative Academy, financiada pelo Grupo

Richemont. Quais foram os seus primeiros resultados?

FC: A Escola de Design é uma necessidade no mundo do luxo. Quando o luxo voltou a aumen-tar exponencialmente no início dos anos 2000, verifiquei que as marcas careciam de designers. A criatividade é uma exploração da tradição. A Escola procura e forma talentos que possam ga-rantir que o amanhã será diferente.

ET: A alta-relojoaria vive actualmente momentos de

grande euforia. Como interpreta este crescimento ex-

ponencial dos produtos de alta gama?

FC: Um dos problemas mais importantes do mundo do luxo é o serviço pós-venda (SPV), o serviço ao cliente. A Fundação não deseja imple-mentar escolas técnicas de relojoaria nos países. É obrigação das marcas criar estas escolas. Para mim, o símbolo do serviço ao cliente não é uma mulher bonita, mas um homem de camisa branca com uma lupa. Organizamos módulos de for-mação para o pessoal do SPV, mas não nos é pos-sível abordar a técnica. As marcas ainda não estão prontas para trabalharem em equipa no âmbito do SPV, do serviço ao cliente. Todas querem ser as melhores, individualmente.

ET: Não acha que a chegada dos coleccionadores de

arte americanos aos leilões poderá provocar uma in-

flação dos preços?

FC: Vivemos num mundo de loucura e de fortunas emergentes. Os ricos verdadeiros são avarentos! Os novos-ricos tentam aceder a determinados pro dutos de luxo que são os novos títulos da nobreza. Em contrapartida, penso que os leilões tornar-se-ão numa coisa banal: existem, hoje em dia, muito mais relógios do que há 50 anos.

ET: Acha iminente a crise do mundo relojoeiro, como

têm vindo a afirmar os ‘velhos do restelo’ da imprensa

especializada?

“As profissões artísticas exigem anos e anosde aprendizagem, esforço que os jovens se recusam a fazer.”

Inauguração do Salão Internacional

de Alta-Relojoaria em Abril de 2007.

*«Ugo Betti», Franco Cologni, Edições Cappelli, Bolonha, 1960.

Ugo Betti (Camerino, 1892, Roma, 1953), Juiz italiano, mais con-

hecido como um dos maiores dramaturgos italianos.

**«Jacques Copeau. Il Vieux Colombier», Franco Cologni, Edições

Cappelli, Bolonha, 1962.

Jacques Copeau (Paris 1879, Beaune 1949), autor de teatro, críti-

co e dramaturgo. Cria a Nouvelle Revue Française em 1909 com

André Gide, Jacques Rivière, Paul Claudel e Jean Schlumberger.

É o fundador do Teatro Vieux Colombier.

FC: Não, não acho. Os países emergentes são um reservatório de clientela.

ET: Há 30 anos, o luxo era caro e exclusivo. Actualmen-

te, os preços pouco ou nada significam: 1000 euros po-

dem ser considerados um luxo tal como o podem um

milhão de euros. Terá o luxo abolido a fractura social

e abandonado o topo da pirâmide de Maslow para se

juntar a bens mais universais?

FC: O luxo define-se hoje em dia através de uma palavra: a diferença. Esta deve expressar-se atra-vés da legitimidade, da autenticidade e da origi-nalidade. Independentemente do seu preço, o produto deve ser o melhor para que seja consi de-rado luxo. Veja-se o exemplo dos isqueiros Carti-er. Mas isto não é o conceito do luxo de massa.

ET: Para concluir, e referindo-me a um dos seus para-

doxos, escreveu que detesta a luta pelo poder e pelo

dinheiro, mas… que é um homem de poder e de di-

nheiro. O poder libertou-o e permitiu-lhe concretizar os

seus sonhos?

FC: Enquanto tive o poder nas mãos, sempre res-peitei as pessoas. O dinheiro é um instrumento que me permite valorizar as pessoas. O poder e o dinheiro são ferramentas, não são um fim em si, nem representam valores. ET

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Page 53: Espiral do Tempo 25

O mais importante espólio de relojoaria de Portugal, a Casa-Museu Fundação Medeiros e Almeida, em Lis boa, serviu de oportuno cenário para um curso de relojoaria patrocinado pela manufactura Jaeger-LeCoultre e pelo importador da marca, a Torres Distribuição.

Durante três dias, grupos de dez pessoas – entre coleccionadores, jornalistas especializados e retalhistas – tiveram ocasião de tomar contacto com o Calibre JLC 875, que equipa o Reverso Grande Date, sob a orientação de um mestre relojoeiro vindo expressamente de Le Sentier, em Valée de Joux, onde se encontra, desde 1866, a manufactura, fundada 33 anos antes por Antoine-LeCoultre.

Desmontagem e montagem do calibre, primeiro, no computa-dor, e, depois, manuseando o próprio movimento, em bancadas individuais, proporcionaram aos 30 amantes da relojoaria apreciar a delicadeza da micromecânica empregue nos relógios de pulso.

Este foi o aperitivo para a acção que a Torres Distribuição e a Jaeger-LeCoultre desenvolveram depois, em colaboração com

Até um relógio parado está certo duas vezes por dia.

Fraca consolação para um país que tem desprezado o seu

património relojoeiro de torre. O mais simbólico desses

medidores do tempo, o relógio que encima o Arco da Rua

Augusta, vai ser agora reparado, numa acção de mecenato

que tem como pilar uma edição especial de um Jaeger-

-LeCoultre Reverso, o Squadra Augusta.

53Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Reportagem ]

texto de Fernando Correia de Oliveira* | fotos de Nuno Correia

Page 54: Espiral do Tempo 25

54 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

o IGESPAR (antigo IPPAR) na Baixa pombalina – uma visita ao Arco da Rua Augusta, para contac-to com a relojoaria grossa – o termo técnico que se dá aos relógios de torre, em contraposição à chamada relojoaria fina ou de pulso.

Quem passe este Verão pela Rua Augusta não deixará de notar que o monumento está co-ber to com várias faixas, de ambos os lados, fa-zendo menção a uma iniciativa inédita no País – a Jaeger-LeCoultre e a Torres Distribuição vão patrocinar o restauro do relógio que lá se encontra, bem como de um outro, muito mais antigo, que ali está, ambos parados e a necessitar de cuidados urgentes.

Subidas umas íngremes escadas em caracol, chega-se a uma ampla sala, com clarabóia, na curva do arco, onde foi dado a conhecer aos visitantes o modelo de relógio da Jaeger-LeCoultre que vai permitir toda esta acção de mecenato.

Trata-se de um Reverso Squadra Hometime, em ouro rosa, numa edição especial, baptizada de Squadra Augusta. Limitado a 32 peças (tantos quantos os anos que separaram o primeiro projec-

to do arco e a colocação das últimas estátuas na Praça), com mostrador preto e ponteiros ver-melhos, segundo fuso horário, ostentará na caixa uma gravação, representando o arco.

«O Squadra, lançado em 2006, é a nova forma do mítico Reverso, e com isso queremos associar o passado de uma linha clássica, bem geométrica, como o traço da Baixa pombalina, com o futuro e o restauro dos relógios de torre que estão no Arco», disse Pedro Torres, da Torres Distribuição.

Os lucros da venda do Squadra Augusta se rão directamente destinados ao trabalho de restauro, e os compradores verão o gesto eter niza do com o respectivo nome gravado numa placa em bronze que será colocada junto aos relógios restaurados.

«Esta iniciativa marca a primeira colaboração tripartida entre a Torres Distribuição, a Manufac-tura Jaeger-LeCoultre e o Instituto de Gestão do Património Arqueológico (IGESPAR , antigo IPPAR)», referiu Pedro Torres. «As próximas acções terão o objectivo comum de restaurar ou-tras peças do património relojoeiro do País, ao ritmo de uma intervenção por ano», disse.

Quanto mais concentrado o poder, fosse elereligioso ou civil, mais unificado o tempo, através de marcadores simbólicos

que regulavam os anos, os dias, as horas da comunidade, os ritmos

de trabalho e de ócio, de reza e de divertimento.

O tempo e o poder em LisboaNão se sabe ao certo quando é que os relógios me cânicos foram introduzidos em Portugal, em bora seja provável que tenham vindo com as ordens religiosas que ajudaram a dar forma ao território no tempo da Reconquista. De qualquer modo, em 1377, a Sé de Lisboa tinha uma torre de relógio, batendo sinos, um mecanismo financiado em partes iguais pelo rei, D. Fernando, pelo Cabido e pelos homens bons da urbe. Terá sido o primeiro relógio mecânico na Capital, feito e mantido por um certo ‘mestre João, francês’, e sintomaticamente erigido pelos três poderes – nobreza, clero e povo. Como seria normal na altura, esse relógio não teria mostrador – servia para ‘bater’ horas e não para as mostrar. Regulava mais a vida religiosa do burgo do que outra coisa, mas servia também para indicar a hora de recolher a casa, o fechar de portas dos bairros onde viviam as várias minorias – judeus e mouros – através do toque do chamado sino da colhença.

Com D. Manuel I e a construção do Paço da Ribeira das Naus, o tempo de Lisboa passou a ser mais regulado, pela torre do relógio que aí passou a existir, e a função de relojoeiro do Paço passou a constar das listas de funcionários. O tempo torna-se cada vez menos sagrado, cada vez mais profano. A primeira imagem deste relógio do Paço data de 1520, já com mostrador, mas apenas com um ponteiro, pois os mecanismos da época eram pouco exactos e o ponteiro dos minutos não fazia grande sentido quando os desvios diários eram enormes. Com o dinheiro do ouro do Brasil, D. João V mandou reformular o Paço da Ribeira e encomendou uma torre do relógio ao arquitecto italiano Canevari. O edifício ficou rapidamente célebre não só em Lisboa como em todo o País, pela respectiva opulência e pela qua lidade do mecanismo do relógio ali instalado (possivelmente de origem flamenga, como os dois extraordinários exemplares que o rei encomendou para o Convento de Mafra). Forasteiros vindos de toda a Europa também faziam notar o esplendor barroco desta torre.

Mas o terramoto de 1755 faz desaparecer par te de Lisboa, incluindo a torre de Canevari e o que resta desse tempo é um painel, hoje no Museu do Azulejo, onde o Paço e o efémero re-ló gio aparecem. A reconstrução da capital, sob

Page 55: Espiral do Tempo 25

55Reportagem Relógio do Arco da Rua Augusta

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56 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 57: Espiral do Tempo 25

a direcção de Pombal, previa uma praça es plen-dorosa em redor do que havia sido o Paço e um projecto de Carlos Mardel contemplava um enorme arco triunfal com relógio. Isso não passou do papel e o que é hoje o Terreiro do Paço é bem diferente e demorou mais de um século a ser feito. De qualquer modo, e com forte carga maçónica (o próprio Pombal teria sido iniciado como pe-dreiro livre quando andou como embaixador por Londres e Viena), o Arco de Triunfo da Rua Au-gusta é inaugurado em 1873 com estatuária sim-bólica do escultor e maçom francês Camels.

Augusto Justiniano de AraújoO Arco da Rua Augusta, tal como hoje o vemos, terá recebido, em finais do século XIX, um mecanismo vindo do Convento de Jesus, que «não estava preparado para indicar as horas para o lado da rua», segundo relato da época. Ou seja, era um relógio apenas para ‘bater’ horas.

Foi Augusto Justiniano de Araújo, o fundador da Escola de Relojoaria da Casa Pia de Lisboa, quem o adaptou, substituindo o escape de folliot por um de âncora, e o relógio passou a dar e a ‘bater’ as horas aos alfacinhas a partir de 4 de Dezembro de 1883.

«No dia quatro, às sete da noite, ficou com-ple to o assentamento do relógio do Arco da Rua Augusta. Este relógio é de construção nacional e do estilo do século XVIII. Era do antigo convento de Jesus e não estava organizado para indicar as horas para o lado da rua.»

«As modificações para este fim foram feitas pelo Sr. Araújo, relojoeiro estabelecido na Rua da Boa Vista, n.º 164, 1.º, assim como o escape que o mesmo artista inventou e que denominou ‘escape Araújo’.»

Augusto Justiniano de Araújo nasceu em Valença do Minho, em 1843, e faleceu em Lis-boa, em 1908. Relojoeiro-construtor (fabrica reló gios de torre, parede e precisão), foi agraciado com a medalha de prata e cobre, na Exposição Industrial de 1888. Estabeleceu-se em Lisboa, na Rua Nova do Almada, 81; na Rua da Boavista, 164, 1.º, Fábrica de Relógios de Torre; e na Rua São João da Mata, algumas vezes em sociedade com o seu amigo Veríssimos Alves Pereira, um outro relojoeiro famoso do século XIX português. Exerceu gratuitamente o cargo de director técnico da Empresa Fabril de Relojoaria.

Na Exposição Industrial Portuguesa de 1888, apresentou um cosmocronómetro de sua invenção (1886) e construção que desde logo foi distinguido com várias medalhas (existe um exemplar do cos-mo cronómetro, um relógio de hora universal, na Sociedade de Geografia de Lisboa). Nessa oca-sião, já tinha construído 23 relógios de torre, não só para o interior do País como para os Açores, S. Tomé, Angola e Brasil. Foi o fundador, em 1895, da Escola de Relojoaria da Casa Pia. É re conhecido como o mais importante e sábio construtor português de relógios de parede e torre dos séculos XIX e XX. Foi director e fundador da revista ‘O Cosmochronometro’, provavelmente a primeira do género que houve em Portugal.

Manuel Francisco CousinhaVárias peripécias, avarias, levaram à substituição do relógio já no século XX por uma máquina da autoria de Manuel Francisco Cousinha, um dos grandes construtores nacionais de relojoaria grossa, férrea, de torre ou monumental.

Manuel Francisco Cousinha nasceu em 1894, em Palheiro às Pontes, Sobral Magro, Po-

ma res, Arganil. Foi um dos mais importantes cons trutores de relógios de torre do seu tempo. Fez parte do Corpo Expedicionário Português (CEP), em França, onde terá aprofundado conhe cimentos relojoeiros que já demonstrara intuitivamente ainda criança. Fundou, em 1930, A Boa Construtora, Fábrica Nacional de Relógios Monumentais, a funcionar num barracão em Al-ma da, posteriormente remodelado. A fábrica de Almada produziu os mais diversificados e com-pli cados relógios que vendeu para todo o País, para as ilhas, colónias e para o Brasil.

Falecido Manuel Cousinha, em 1961, con-tinuou a fábrica entregue aos familiares, tendo falido em 1974, vítima das dificuldades laborais surgidas com o 25 de Abril.

Um neto de Cousinha, que se tem dedicado à reparação, restauro e ma nutenção da relojoaria grossa nacional, vai agora proceder ao restauro estético do velho relógio vindo do Convento de Jesus e que foi adaptado e colocado por Augusto Justiniano de Araújo no final do século XIX nesse local, e que se encontra muito degrada- do. E vai voltar a colocar em funcionamento o relógio que o avô Cousinha fa bricou e instalou nos anos 30 do século passado no Arco da Rua Augusta.

O restauro deverá estar terminado em Se tem-bro e, com os seus ministérios e fun cio nalismo público, símbolo da centralidade e do poder até aos nossos dias, o ‘Paço’ alfacinha voltará assim a ter um relógio que marcará o tempo da co-munidade. ET

* Jornalista e investigador do Tempo, da Relojoaria

e das Mentalidades

57Reportagem Relógio do Arco da Rua Augusta

A reconstrução da capital, sob a direcçãode Pombal, previa uma praça esplendorosa em redor do que havia sido

o Paço e um projecto de Carlos Mardel contemplava um enorme

arco triunfal com relógio. Isso não passou do papel e o que é

hoje o Terreiro do Paço é bem diferente e demorou mais

de um século a ser feito.

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Brescia, 17 de Maio, 10 h 15 m, a concretização de um projecto Espiral, que meses antes me tinha sido

anunciado pelo meu amigo PT: assistir à partida da famosa Mille Miglia como convidado

da Chopard, principal sponsor do evento.

[ Reportagem ]

58 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

texto de Fernando Campos Ferreira - Brescia - Itália

Jacky Ickx e Karl-Friedrich Scheufele, são companheiros

de corrida habituais nas edições do Mille Miglia,

organizadas pela Chopard.

As Mille Miglia actuais continuam a ter a distância que o nome indica, mas já não são disputadas em ritmo de corrida non-stop por pilotos famosos cujos nomes ainda hoje rever- beram na nossa imaginação – Varzi, Nuvolari, Fangio, Moss, Ascari, Biondetti, Marzotto, Castellotti, Villoresi, Taruffi – assumindo agora o figurino revival. Outras caras, mas os mesmos carros, sendo a Freccia Rossa dos tempos mo-dernos disputada em três etapas (Brescia – Ferra-ra – Roma – Brescia). Desta fazem parte 40 provas de regularidade histórica de permeio e passagem por sítios como Verona, Siena – Piazza del Campo – Florença, Bolonha, Modena e os famosos Passos della Futa e della Raticosa.

Este ano comemorava-se o 50.º aniversário das últimas Mille Miglia a sério, ganhas por Piero Taruffi num Ferrari 315 S Pinin Farina com cerca de 400 cavalos de potência. Este per-correu, em 1957, os cerca de 1600 km da prova à média horária de 152 km/h, a segunda melhor

marca de sempre depois dos estonteantes 157 km/h de média alcançados dois anos antes pelo então jovem Stirling Moss. Moss tripulava o impressionante Mercedes 300 SLR (ex-works), com o n.º 722, correspondente à sua hora de partida (7 horas e 22 minutos).

O ano de 1957 marcou também o fim da mí-ti ca corrida, por ordem do governo italiano, na sequência do brutal acidente da Ferrari oficial, pilotada por Alfonso Cabeza de Vaca, Marquês de Portago. O piloto despistou-se em consequência de um furo, já perto da chegada a Brescia, à velocidade de 300 km/h, vitimando doze pessoas, entre as quais o próprio e o seu navegador.

De regresso ao presente... as ruas do centro histórico de Brescia, magníficas no seu inimitável estilo arquitectónico italiano, em perfeita sim bio-se estética com as nada menos do que 375 belas máquinas construídas de 1929 a 1957, selec cio-na das pela organização, dentre as cerca de 800 pré-inscrições recebidas de vários países – os

Este ano comemorava-seo 50.º aniversário das últimas Mille Miglia

a sério, ganhas por Piero Taruffi num

Ferrari 315 S Pinin Farina com cerca

de 400 cavalos de potência.

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59Reportagem Mille Miglia Chopard

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60 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Os automóveis admitidos a concorrer nas Mille Miglia ostentam o que de mais belo alguma vez foi feito no domínio dos odómetros,

dos conta-rotações e dos cronómetros. E, claro está, os seus afortunados proprietários não

poderiam, sob pena de incoerência, usar algo pouco menos do que perfeito nos seus pulsos...

As ruas de Brescia assistem à partida

para mais uma edição. A história

funde-se com o vintage, um cenário

ideal.

Espectadores, apaixonados, convida-

dos, imprensa... O Mille Miglia

passou de corrida a evento anual

com crescente cobertura mediática.

con correntes, pilotos e co-pilotos não-italianos ul tra passavam os 400 –, para tomarem parte na 25.ª edição revival das Mille Miglia (MM), todas confluindo, ordeira e lentamente, sob o olhar aten to de milhares de tiffosi, para as verificações téc nicas na Piazza Loggia e desta para o local da partida, na Viale Venezia, donde o número um, um OM 665 SS MM de 1929, partiria ao princípio da noite.

Dezenas de Ferrari, incluindo o 315 S de Taruffi (que nestas MM foi tripulado pela filha, Prisca Taruffi, tendo como co-piloto um mui afor tunado proprietário americano), Maserati, Cisitalia, Osca, OM, Stanguellini, Alfa Romeo, Lancia e Fiat ‘aerodinâmicos’ justificavam o pre-domínio das tonalidades chiaroscuro de ver melho, sublinhadas pelo sol e contrastando com o ocre das fachadas dos prédios. Outras tantas dezenas de Bugatti, Aston-Martin, Jaguar, Riley, Bentley, Frazer Nash, BMW Veritas, Mercedes (alguns vindos do museu Carl Benz, incluindo o 300 SLR outrora guiado por Fangio e agora passeado pelo ex-piloto de Fórmula 1 Jochen Mass), Porsche

550 RS etc., salpicando com cores variadas o rosso de rigueur. Marcas à parte, tudo viaturas com pedigree de competição – excepção feita à tradicional participação de um BMW Isetta, talvez o mais aplaudido à partida, bem depois da 21h, pelos milhares de espectadores apinhados ao longo da Viale Venezia –, como o atestam os nomes dos diferentes modelos: Coupé Allemano, MM Vignale, Spider e Scaglietti, Monza, 750 Competizione, Tour de France, Coppa Oro, A6 GCS, Disco Volante, 8V Zagato, DBR 2, DB 3 S, Super Sports, SSK, Speed Six...

Como tem sido costume desde há vários anos, o patrão da Chopard, Karl-Friederich Scheufele, fazia equipa com o Senhor ‘Le Mans’, Jacky Ickx, este ano trocando o habitual Porsche Spider por um menos rápido, mas inegavelmente apropriado Auto-Union Wanderer 1938.

Onde há automóveis de competição, há ine-vi tavelmente equipamentos de medição de dis-tâncias, de velo cidade e, naturalmente, de tempo, uns e outros ex poen tes complementares de uma engenharia não só de vanguarda mecânica, mas

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61 Reportagem Mille Miglia Chopard

Onde há automóveis de competição,há inevitavelmente equipamentos de medição de distâncias,

de velocidade e, naturalmente, de tempo...

Mille Miglia GT XL 2007

Edição limitada em aço a 2007 exemplares

Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática.

Funções: Horas, minutos, pequenos segundos, data e cronógrafo.

Caixa: Aço, vidro em cristal de safira e estanque a 100 metros.

Bracelete: Borracha natural 1960’s Dunlop Racing tyre-tread

com duplo fecho de segurança em aço.

Ref: 168489-3001 • Preço: Sob consulta

Page 62: Espiral do Tempo 25

62 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Gran TurisMo XL

Movimento: Mecânico de corda automática.

Funções: Horas, minutos, segundos e data.

Caixa: Aço, vidro em safira, estanque a 100 metros.

Bracelete: Borracha natural 1960’s Dunlop Racing

tyre-tread com duplo fecho de segurança em aço.

Ref: 168997-3001 • Preço: € 3.280

A Chopard oferece a cada um dosconcorrentes um exemplar Mille Miglia gravado com o respectivo

número de inscrição, este ano concebido com base no modelo

Gran Turismo XL.

Page 63: Espiral do Tempo 25

63Reportagem Mille Miglia Chopard

Com um estilo e bonomia muito

próprias cada concorrente usufrui

o melhor que pode perante a

‘dureza’ e ‘adversidades’

do percurso.

A dupla vencedora: Viaro e Berga-

maschi num Alfa Romeo 1500 S

e a cerimónia solene de encerra-

mento do Mille Miglia.

Durante duas horas e meia, sob o entusiasmoesfusiante da multidão de espectadores, lá partiram para as Mille Miglia 2007 as centenas

de concorrentes, motores a roncar, num misto de excitação e de ansiedade

estampada nos rostos...

também es té tica, e, por falar nela... também há mulheres de uma beleza e elegância próxi- mas do trabalho photoshop de que fala o meu amigo APA.

Os automóveis admitidos a concorrer nas MM ostentam o que de mais belo alguma vez foi feito no domínio dos odómetros, dos conta- -rotações e dos cronómetros. E, claro está, os seus afortunados proprietários não poderiam, sob pena de incoerência, usar algo pouco menos do que perfeito nos seus pulsos, quando não mes mo em ambos os pulsos, já que a Chopard oferece a cada um dos concorrentes um exemplar Mille Miglia gravado com o respectivo número de inscrição, este ano concebido com base no mo delo Gran Turismo XL.

Submerso em tais e tamanhas distracções, e após dois cocktails estra te gicamente realizados às 12 h e às 18 h 30 m, num ambiente interdisciplinar que o Cosmo Kramer da sitcom Seinfeld poderia apelidar de «...fine watches, fast cars, fast drinks and not so fast women...», só dei pelo passar do dia quando me vi sentado, às 20 h, na tribuna colocada mes mo em frente da rampa da partida. Durante duas horas e meia, sob o entusiasmo es-fusiante da multidão de espectadores, lá par tiram

para as MM 2007 as centenas de concorrentes, motores a roncar, num misto de excitação e de ansiedade estam pada nos rostos... que três noi-tes muito mal dormidas depois, com mais de 1600 km no corpo, mostrariam à chegada (os que chegaram...) rostos cansados, sujos, mas felizes pelo simples feito de terem participado e con-seguido chegar sem percalços de maior.

Com que ar terá chegado a top-model italiana, cujo nome não fixei, após aquela odisseia? Foi melhor não ter ficado lá para ver, preservando, assim, na minha memória a imagem do imaculado penteado à la Gina Lollobrigida, a envolver a cara sorridente e bem maquilhada, num fato de competição cintado, branco angélico, com o zipe generosamente em baixo... por causa do calor.

Cheguei a Lisboa, de Malpensa, no final da manhã do dia seguinte, assado por dentro e por fora na sauna – para quando se poderá esperar que as nossas desatentas autoridades determinem a obrigatoriedade do ar condicionado nos trans-portes públicos? Do táxi (tão distante do A8 W12 em que fui passeado durante o evento, com o extra de ter uma jovem chauffeuse teutónica), fiquei na dúvida se não teria, afinal, sonhado ter passado um dia nas corridas. ET

Page 64: Espiral do Tempo 25

A America’s Cup tem dominado a actualidade desportiva dos últimos meses, tal como o Royal Oak Offshore Alinghi Team

tem sido o protagonista dos relógios desportivos de luxo apresentados

este ano. Em ambos os casos, a tecnologia e o design são elementos

preponderantes – e a utilização do carbono forjado representa a fusão

perfeita entre relojoaria tradicional e arrojo vanguardista, colocando a

Audemars Piguet na crista da onda.

texto de Miguel Seabra | fotos de Nuno Correia | Le Brauss - Suíça

[ Reportagem ]

Em Le Brassus, a Audemars Piguet está já a lançar as fundações para as suas novas instalações – um edifício ecológico revolucionário que passará a albergar a herança de quase um século e meio de excelência relojoeira, estabelecendo a ponte entre um glorioso passado e um futuro auspicioso. Será um edifício emblemático, como iconográfico já é o Royal Oak Offshore Alinghi Team.

Recentemente lançado por ocasião da defesa do troféu da America’s Cup por parte do sindicato suíço Alinghi, o novo cronógra-fo da Audemars Piguet impressionou a crítica pelo arrojo conceptual – mas as reacções foram bem mais consensuais do que as geradas com a apresentação do primeiro elemento da dinastia Royal Oak, desve-lado há precisamente 35 anos. Nessa altura, a ousadia da Audemars Piguet em apresentar um relógio couraçado de elevado preço chegou a ser ridicularizada; pouco depois, a via aberta pela histórica manufac-tura fundada em 1875 por Jules-Louis Audemars e Edward Auguste Piguet foi seguida por outras casas relojoeiras de excepção (como a Patek Philippe, com o Nautilus, ou a Vacheron Constantin, com o Overseas) e actualmente todas as grandes marcas exibem caríssimos relógios em aço no respectivo catálogo...

No entanto, o Royal Oak continua a ser a referência dos relógios desportivos de luxo com pedigree para ser usado em qualquer ocasião mais formal e preço apenas acessível a uma elite conhecedora, com posses para consumar a sua paixão. E, ao contrário do que sucedeu na estreia de 1972, já ninguém se ri com as constantes declinações do modelo de luneta octogonal inspirado num barco de guerra do sécu-lo XIX – neste momento, tanto a concorrência como os aficionados

Page 65: Espiral do Tempo 25
Page 66: Espiral do Tempo 25

66 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Octavio Garcia, designer da Audemars Piguet responsável pela estética do Royal

Oak Offshore Alinghi Team, revela as bases estabelecidas para o desenho do

novo cronógrafo: «O desafio era desenhar um relógio que evocasse o Alinghi

e atingisse o mesmo nível tecnológico do barco, utilizando na sua construção

materiais inovadores que, depois, também influenciariam a estética do relógio.

Queríamos um instrumento não só com estilo, mas também ergonómico, com

um mostrador de excelente legibilidade, que fosse funcional com botões

sobredimensionados e extremamente leve para ser utilizado em condições

específicas. Devo dizer que a função condicionou a forma e que, no final,

alcançámos um excelente equilíbrio entre a vertente técnico-funcional e a

parte estética. Queríamos algo com uma imagem muito forte, até mesmo

brutal – mas sem esquecer as raízes do modelo original. E conseguimos!».

Carácter forte

Page 67: Espiral do Tempo 25

67Reportagem Caixa Royal Oak Alinghi Team Audemars Piguet

Recentemente lançado por ocasiãoda defesa do troféu da America’s Cup por parte do sindicato

suíço Alinghi, o novo cronógrafo da Audemars Piguet

impressionou a crítica pelo arrojo conceptual.

No coração deste cronógrafo está o

Ca li bre AP 2326/2848, automático e

totalmente decorado à mão.

No verso do relógio uma gravura

evo ca a ligação da Audemars Piguet

ao Alinghi e à America’s Cup.

Indissociável da qualidade relojoeira

com que a Audemars Piguet nos

brinda nas suas criações está todo

o trabalho de estudo e design que

atingiu nesta peça um ponto alto.

aguardam sempre com enorme expectativa todas as novas adições à família Royal Oak.

Forjar o carbonoPoucas vezes terão sido tão surpreendidos quan-to este ano: o Royal Oak Offshore Alinghi Team deixou todos boquiabertos com a maior ou me-nor utilização do carbono forjado, numa edição limitada a 2007 exemplares, dos quais 1350 apre-sentam uma caixa totalmente elaborada nesse ma terial – enquanto os restantes juntam uma lu-neta de carbono forjado a caixas de ouro rosa e de platina. Como não podia deixar de ser, é a edição totalmente em carbono forjado que tem suscita-do maior curiosidade, pelo seu visual escureci-do e escasso peso total de 99 gramas. Colocado no pulso, o cronógrafo apresenta uma ligeireza quase surreal...

Tudo começou com a visita de Georges- -Henri Meylan, presidente da Audemars Piguet, a uma feira de indústria aeroespacial; encontrou lá companhias especializadas na criação de peças de fibra de carbono através da tecnologia de car-bono forjado. Os blocos de carbono comprimido são extremamente caros, custando cerca de 1000 euros por bloco em estado bruto (antes mesmo de qualquer trabalho), o que legitima a sua utili-zação em alta-relojoaria tendo em conta o valor intrínseco e as qualidades evidenciadas.

Mas trabalhar a matéria em relojoaria é muito mais complicado. De qualquer modo, estava lan-çada a ideia e o projecto arrancou em 2004, pelo que a Audemars Piguet é a primeira manufactura a utilizar fibras de carbono em alta-relojoaria e também a única a utilizar esse material de modo

funcional para lá de meros interesses estéticos. A utilização de fibras de carbono chegou a ser pen-sada para a concepção da platina do sensacional Royal Oak Concept que celebrou o 30.º aniversá-rio do Royal Oak, em 2002. «Na altura, o carbo-no existente não era suficientemente denso e por isso usámos o titânio», recorda Giulio Papi, res-ponsável pelo atelier de vanguarda da Audemars Piguet em Le Locle. «Mas, depois, encontrámos uma forma mais densa de carbono comprimido.» Em 2006, já se utilizou o material para a platina do Audemars Piguet Maserati MC12.

Sendo o carbono poroso, havia problemas de estanquicidade – que foram resolvidos. A con-cretização do projecto implicou uma importante decisão: em vez de comprar a feitura das caixas, a Audemars Piguet optou por estabelecer con-dições para as fazer em casa – montando um pequeno atelier separado da sede histórica da manufactura (integrado na AP Technology, divi-são especializada em criar equipamentos médicos de precisão) e de acesso restrito, integrando uma equipa de quatro elementos liderada por Julien Stervinou, um jovem especialista em fibras de carbono que antes fazia peças para helicópteros.

As formas complexas da luneta e da caixa do Royal Oak requeriam resistência sobre todos os eixos, para além de ângulos perfeitos e uma superfície lisa. Mas as dificuldades de produção foram ultrapassadas. O carbono – especialmente encomendado com uma mistura certa de carbono e resina – é cortado em quantidades precisas de fios de 1 a 2 mm de diâmetro (compostos por milhares de fibras de carbono de sete mícrones com um fio de resina). Estes fios são colocados

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68 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 69: Espiral do Tempo 25

69

num molde e impregnados com resina líquida, sendo posteriormente aquecidos a 230 graus e comprimidos a mais de 300 kg por centímetro cúbico. As caixas saem quase prontas, faltando apenas polir e abrir buracos para os parafusos e a bracelete.

Diariamente, o atelier concebe 25 lunetas e quase outras tantas caixas em carbono forjado. Tudo indica que o Royal Oak Offshore Alinghi Team seja o primeiro de vários modelos que no futuro beneficiarão da nova tecnologia...

Cocktail explosivoA caixa em carbono forjado é muito mais dura do que se possa imaginar – a relação força-peso é excepcional – e até mais resistente do que o aço.

As imperfeições ópticas do carbono ajudam não só a tornar o visual do relógio (assinado pelo de-signer Octavio Garcia) mais industrial e hi-tech, como também a esconder eventuais riscos.

Por dentro, a tecnologia do mecanismo tam-bém é de ponta; o arranque de uma regata segue regras muito precisas e dois dispositivos ‘especial regata’ enriquecem o instrumento: o dispositivo flyback permite melhorar a contagem do tempo, já que uma única pressão do botão faz com que simultaneamente o cronógrafo pare e arranque de novo instantaneamente – e nenhuma fracção de tempo deve ser perdida nos quatro diferen-tes tiros que precedem a partida de uma regata. A janela de contagem decrescente contabiliza os últimos dez minutos antes da partida, sendo es-

senciais os últimos cinco porque é aí que se fazem as manobras essenciais para o arranque.

Para além das funções cronográficas adapta-das, o ponteiro dos minutos em forma de proa de barco, o logo do Alinghi e a gravura da tri- pulação do barco estampada no fundo da caixa do relógio em titânio são pormenores delicio-sos que complementam a utilização do carbono forjado na caixa, da cerâmica ultra-resistente para a coroa e para os botões, do silicone na junta por baixo da luneta e da borracha vulcanizada na bracelete.

Em suma: o Royal Oak Offshore Alinghi Team é um explosivo cocktail tecnológico manu-facturado para lidar com condições extremas de utilização! ET

Diariamente, o atelier concebe 25 lunetase quase outras tantas caixas em carbono forjado. Tudo indica que o Royal Oak

Offshore Alinghi Team seja o primeiro de vários modelos que no

futuro beneficiarão desta nova tecnologia.

O molde de onde saem as lunetas

em carbono forjado.

O resultado final na pureza das suas formas e

na sua singulariedade. Cada caixa e cada luneta

são únicas devido à impossibilidade das fibras

de carbono reproduzirem o mesmo efeito

estético.

A Bela e o Monstro - apetece dizer

perante o Royal Oak Offshore Alinghi

Team – do “industrial” processo de

fabrico da caixa e luneta nasce o

relógio mais cobiçado do momento.

Reportagem Caixa Royal Oak Alinghi Team Audemars Piguet

Page 70: Espiral do Tempo 25

É num atelier-satélite, destacado da principal infra-estrutura da Manufactura, que a Jaeger-LeCoultre concebe

um dos produtos mais emblemáticos da sua história – o mítico Atmos, um relógio de mesa que

apresenta características bem diferentes das dos conhecidos modelos de pulso da marca.

A sua particularidade: funciona com o ar do tempo e para sempre...

[ Reportagem ]

70 Espiral do Tempo 24 Verão 2007

Movimento perpétuo é a definição relojoeira para a acção de um mecanismo que gera a sua própria energia para funcionar indefinidamente. Sempre foi uma demanda perseguida por inventores e cientistas, embora o grande Leonardo Da Vinci já demonstrasse, no século XVI, que o movimento perpétuo não passa de uma quimera, devido ao simples facto de contrariar as leis da física...

Mas a Jaeger-LeCoultre, histórica manufac-tura especialista em micromecânica e em solu-ções de vanguarda para os calibres dos seus reló-gios de pulso (incluindo calibres automáticos com rolamentos de esferas em cerâmica que não requerem a habitual lubrificação e só necessitam de revisões muito espaçadas) tem a solução relo-

joeira mais próxima possível da eternidade: um mecanismo que vive literalmente às custas do ar e do tempo que passa. Esse movimento realmente perpétuo não integra os relógios de pulso da marca; está alojado em cada um dos relógios Atmos produzidos pela Jaeger-LeCoultre em instalações exclusivamente destinadas ao efeito.

Dirigido pelo mestre René Lamotte, o atelier Atmos dista um escasso quilómetro da casa-mãe em Le Sentier. A sala principal é iluminada por janelas nos dois lados; é de lá que saem 3500 exemplares por ano, alguns dos quais destinados, pela Confederação Helvética, a presentear os seus convidados oficiais – e algumas das maiores personalidades das últimas décadas, como John Fitzgerald Kennedy, Sir

Winston Churchill, Charles de Gaulle, Ronald Reagan, Charlie Chaplin ou o papa João Paulo II, foram agraciadas com tão intemporal oferta. O Atmos rapidamente se tornou num presente de excelência, atribuído pessoalmente ou por grandes companhias aos seus mais distintos membros em datas comemorativas ou ocasiões especiais.

Um segredo gaseificadoO Atmos deve a sua intemporalidade a uma cáp sula hermeticamente fechada que alberga uma mistura gasosa que se dilata quando a temperatura sobe e se contrai quando a tem-peratura desce – uma verdadeira máquina do tempo que absorve a sua energia nas variações

texto de Miguel Seabra | fotos de Nuno Correia | Le Sentier - Suíça

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71Reportagem Atmos Jaeger-LeCoultre

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72 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Momento raro e apenas possível em

poucas ocasiões. Uma vez fechada, a

caixa do Atmos permanecerá assim

até que o próprio tempo vença este

relógio eterno.

Uma manufactura dentro da pró pria

Manu factura. Daí se pode avaliar a

especia lização neces sária para poder

execu tar qualquer operação durante

a pro dução dos Atmos.

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73Reportagem Atmos Jaeger-LeCoultre

Não é uma utopia: existe mesmo um relógioque vive do ar e do tempo. É o Atmos, a lendária peça da Jaeger-LeCoultre escolhida para

presentear os convidados de honra da Confederação Helvética. O conceito é mesmo

inspirador: é fascinante que um mecanismo possa funcionar “ad eternum”...

de temperatura. Prestes a completar o seu 80.º ani versário, o Atmos mantém o seu estatuto ím par na história da relojoaria e continua a fas cinar gerações após gerações, depois de ge-ra ções e gerações terem tentado encontrar a fonte de energia ideal para um mecanismo de funcionamento contínuo. Muitos foram os que procuraram conceber mecanismos baseados numa força motriz térmica, a partir do século XVII – mas somente Pierre de Rivaz, em meados do século XVII, é que idealizou um mecanis- mo de pêndulo que se pode considerar precursor do Atmos.

Vários cientistas e relojoeiros apresentaram protótipos baseados num princípio análo go, embora nenhum se tenha revelado suficien-temente fiável para originar uma produção em série. Mas o princípio da dilatação de volume oferecia possibilidades interessantes; Charles

Hour fez experiências com a dilatação do álcool e Karl Heirich Meyer usou a dilatação da gli-cerina como meio de dar corda a um mecanismo de pêndulo de torção Acabaria por ser Jean-Léon Reutter (1899-1971) a resolver o problema com a criação de um pêndulo fiável movido graças às flutuações da temperatura, fazendo jus à lei fundamental da termodinâmica formulada por Lavoisier no século XVIII: «nada se cria, nada se perde, tudo se transforma».

As tentativas de Reutter começaram aos 14 anos de idade e as experiências in ten si fi ca ram--se a partir de 1926. Os primeiros pro tó tipos surgiram em 1927, até que, em 28 de Novembro de 1928, o engenheiro suíço regista finalmente a primeira patente (com mercúrio, um gás liquefeito e o seu vapor saturado (amo nía co) na tal cápsula dilatável com as variações atmosféricas de temperatura – daí o nome Atmos).

A estutura sobre a qual irão ser colo-

cados os elementos que darão vida

ao Atmos.

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74 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 75: Espiral do Tempo 25

O Atmos é uma belamaneira de captar um pedaço da

eternidade: um companheiro silencioso

e fiável que nada exige em troca

- apenas beber o ar do tempo.

Conjugação de sinergiasA complexa produção do instrumento encerrava muitas dificuldades e, em 1930, o relógio estava no mercado... mas o seu funcionamento ainda era algo irregular. Jacques-David LeCoultre descobriu, então, um modelo numa vitrina em Paris. Conhecia o princípio pelo qual se regia, mas considerava o fabrico quase impossível; no entanto, comprou o relógio para analisar as suas qualidades e os defeitos, entrando depois em contacto com o inventor. A partir de 1932 começou a colaboração com Jean-Léon Reutter e desde logo se renunciou à utilização do mer-cúrio por ser demasiado perigoso, optando-se por um gás muito sensível.

A 22 Maio de 1936, após comprar a patente a Reutter, a Jaeger-LeCoultre passou a juntar a produção do Atmos ao seu estatuto. Ainda foram necessários alguns anos de tentativas – com explosões pelo meio devido às experiências

com gás! –, mas prevaleceu o cloreto de etílio C2H5CI. A partir do momento em que se ve-rificou que as premissas da produção do me-canismo estavam certas, bastou resolver os res-tantes desafios (robustez, resistência ao trans-porte, maior facilidade de produção) com a ajuda dos mestres-relojoeiros da Jaeger-LeCoultre e seguir um rigoroso programa de cinco semanas de controlos até à saída do atelier especializado em Le Sentier.

O Atmos passou a ser declinado em várias formas de apresentação; depois, foi equipado com fases da lua e começou a inspirar versões cada vez mais sofisticadas com caixas assinadas por designers famosos ou pelos melhores arte-sãos. E actualmente, numa era em que todos os instrumentos da vida quotidiana se orientam para a economia de energia, o Atmos pode or-gulhar-se: esteve sempre à frente do tempo! ET

75Reportagem Atmos Jaeger-LeCoultre

Um dos grandes segredos do Atmos. Um simples

fio feito de um material que para ter a quali dade

necessária para integrar o mecanismo, é enve-

lhecido durante 6 anos segundo procedimentos

secretos.

O Atmos assenta em quatro pilares: o motor térmico, que transforma a energia

térmica em energia mecânica; o mecanismo de relojoaria, que utiliza a energia

mecânica para fazer funcionar o movimento do balanço e a disposição das horas no

mostrador; o mecanismo de pêndulo, que suporta o órgão regulador e dispositivos

anexos, assegurando a ligação entre as diversas partes do pêndulo; e a caixa, que dá

consistência estética ao conjunto e assegura a sua protecção.

O mecanismo é tão perfeito que não requer óleo. A cápsula hermeticamente fechada

contém uma mistura de gás que se dilata quando a temperatura sobe e se contrai

quando ela baixa; esse dilatar e / ou contrair deforma a caixa como se fosse um fole

de um acordeão e, sendo solidária com a mola do pêndulo, dá permanentemente

corda ao mecanismo com um mínimo de esforço. A diferença de um único grau é

suficiente para proporcionar dois dias de reserva de corda: o Atmos precisa apenas

de um centésimo da energia consumida por um relógio de pulso, já que o balanço

efectua somente um movimento de vaivém por minuto. Ou seja, o seu coração bate

duas vezes por minuto: 120 alternâncias/hora – menos 14 400 menos do que um

relógio mecânico de pulso. Juntos, 60 milhões de Atmos não conseguiriam consumir

mais do que a energia necessária a uma lâmpada eléctrica de somente 15 watts!

Para além da fórmula da mistura gasosa, o segredo do Atmos reside num fio (que

suspende o balanço) muito longo e de uma fineza extrema, composto de uma

liga insensível às mudanças da temperatura e inventado pelo suíço Charles Eduard

Guillaume, galardoado com o Prémio Nobel da Física. São necessários seis anos para

se encontrar uma qualidade de metal suficientemente elevada para o fabrico desse

fio, que é envelhecido artificialmente na Jaeger-LeCoultre segundo procedimentos

secretos e se torna tão valioso que está guardado no cofre de um banco.

Preso por um fio precioso

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Page 77: Espiral do Tempo 25

Franck MullerHeures Irrégulières [82]

Audemars PiguetRoyal Oak Dual Time [80]

A. Lange & SöhneLange 31 [78]

Jaeger-LeCoutreReverso Squadra Chrono [88]

HautlenceHL 08 [86]

François-Paul JourneOcta Automatique Lune [84]

Laboratório - GrahamChronofighter RAC [92]

TAG HeuerMonaco Vintage [90]

77Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 78: Espiral do Tempo 25

Não há instrumento de pulso com uma autonomia tão grande: o Lange 31 só necessita de receber corda uma vez por mês para funcionar ao longo de 31 dias, sem sofrer qualquer quebra de intensidade

que comprometa a precisão do mecanismo. Tamanha proeza só é possível graças à ousadia da A. Lange & Söhne. Um mecanismo

com tal autonomia nunca poderia funcionar com uma corda normal ou manter a precisão exigida durante tantos dias consecutivos

sem apresentar disposições técnicas suplementares. A solução: um calibre mecânico de corda manual cuja arquitectura integra

dois enormes tambores sobrepostos com 25 milímetros de espaço interior (ocupam três quartos da superfície do mecanismo!)

e molas principais de 1,85 metros, para além de um complexo dispositivo de força constante entre o tambor duplo e o escape,

independentemente do estado de tensão da mola da corda.

Em Foco Lange 31 A. Lange & Söhne

78 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Fabian Krone

[ CEO A. Lange & Söhne ]

Acha que, num futuro próximo, outra

marca tenha a competência técnica para

superar este recorde de 31 dias?

Para ser exacto, é a combinação da du-

ra ção da reserva de corda de 31 dias e

a precisão conseguida do primeiro ao

último dia que constitui o recorde. Com

o desenvolvimento do escape de força-

-cons tante encontrámos uma solução

téc nica que permite eliminar a diferença

de precisão que normalmente existe à

medida que a reserva de corda se esgota.

Não substimamos no entanto o talento

in ventivo dos nossos concorrentes e acre-

di tamos que consigam encontrar outras

solu ções técnicas para este desafio.

Chave do sucesso

Devido à potência das molas, seria extre-

mamente difícil fornecer corda ao relógio

através de um sistema de coroa habitual.

Por essa razão, a Lange optou por uma chave

como as utilizadas para dar corda aos antigos

relógios de bolso. A chave, quadrada, é in-

se rida numa abertura no fundo em vidro;

uma roda livre integrada na chave permite

uma rotação fluída e um sistema protector

evita qualquer tensão suplementar sobre as

engrenagens no acto de dar corda.

Concentrado de energia

O segredo da elevada autonomia está nos dois

grandes tambores que ocupam praticamente

dois terços do mecanismo e cujas dimensões

permitem albergar molas de 1,85 metros –

comprimento que é de cinco a dez vezes o

das molas dos relógios de pulso existentes.

A energia armazenada é suficiente para ele-

var uma tablette de chocolate suíço com 100

gra mas a 3,30 metros de altura!

Caixa monumental

Para poder albergar tanta tecnologia, a cai xa

em platina do Lange 31 apresenta um diâ-

metro de 46 milímetros e uma espessura de

15,9 milímetros. Tal como o vidro, também

o fundo transparente é de safira – com uma

abertura para inserção da chave que fornece

corda ao mecanismo. A coroa permite acer-

tar as horas e o botão à esquerda faz avançar

a data.

Page 79: Espiral do Tempo 25

www.alange-soehne.com

79Em Foco A. Lange & Söhne

Ficha técnica

Lange 31

A. Lange & Söhne

Mostrador puro

Tal como em todos os relógios Lange, o mos-

trador argenté é de uma pureza extrema. Em

pra ta maciça rodiada, apresenta um grande

indi cador de reserva de corda quase circular

às 3 horas, pequenos segundos à seis horas

(stop seconds, para acerto mais preciso) e a

emblemática data grande em janela dupla

às 10 horas. Os ponteiros são em ouro branco

rhodié.

Referência: 130.025 • Diâmetro: 46 mm • Espessura: 15.9 mm • Caixa: Platina, com fundo transparente em vidro de

safira • Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Mecânico de corda manual, Calibre

L034.1 com 31 dias (744 horas) de reserva de corda • Decoração do movimento: Decorado à mão

Funções e indicadores: Horas, minutos, pequenos segundos com paragem, data panorâmica e indicador de reserva de

corda • Estanquicidade: 50 metros • Bracelete: Pele de crocodilo cosida à mão • Fecho: Fivela em platina personalizada

com o logótipo • Preço: sob consulta

Page 80: Espiral do Tempo 25

www.audemarspiguet.com

80 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Referência: 26120ST.00.122OST.01 • Diâmetro: 39 mm • Caixa: Aço, parafusos hexagonais da luneta em ouro

Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Mecânico de corda automática,

Calibre 2329/2846; rotor personalizado em ouro de 21 quilates Decoração do movimento: Côtes de Genève,

perlage e anglage • Funções e indicadores: Horas, minutos, data, indicador de reserva de corda, 2º fuso horário

e indicação 24 horas dia/noite • Estanquicidade: 50 metros Bracelete: Integrada em aço • Fecho: Fecho duplo de

segurança em aço personalizado com o logótipo • Preço: 13.820 euros

Mostrador típico

Disponível em branco, azul ou preto, o mos-

tra dor do Dual Time assume o habitual pa drão

qua driculado Grande Tapisserie omni presente na

co lec ção Royal Oak e que oferece uma noção de

tridimensionalidade ao conjunto. Os indicadores

têm facetas douradas para um discreto toque de

luxo suplementar.

Page 81: Espiral do Tempo 25

81Em Foco Audemars Piguet

Georges-Henri Meylan

[ CEO Audemars Piguet ]

Porquê a opção de um sub-mostrador

para o segundo fuso-horário, em vez de

um duplo ponteiro das horas ao centro?

A opção por um sub-mostrador justifica-

-se pela clareza de leitura. Julgamos que

um ponteiro extra para indicar as horas

do segundo fuso, mais o ponteiro dos

minutos servindo ambos os fusos, provo-

ca alguma confusão visual. A colecção

Royal Oak prima por um design que va-

lor iza a clareza e facilidade de utilização

e este novo membro da família apenas

her dou esse princípio. Acrescentámos

ain da o pormenor da indicação dia/noite

que complementa muito bem a estética

do conjunto e valoriza o artigo.

A Audemars Piguet esteve sempre na vanguarda dos mecanismos dotadosde múltiplos fusos horários. Um dos modelos vocacionados para o viajante é o Royal Oak Dual Time – um elegante relógio desportivo

de luxo em aço que apresenta o habitual código genético da mítica colecção Royal Oak. A globalização das comunicações, dos

meios audiovisuais e da actividade financeira implica uma constante interactividade multinacional de exigências imediatas que

requer uma absoluta mestria do tempo. É cada vez mais necessário viajar (física ou virtualmente) através dos 24 meridianos, e

quem está em constante movimento sabe o quebra-cabeças que é efectuar cálculos imediatos para conhecer as diferentes horas

em distintos locais do globo – sendo necessário calcular se a ‘outra’ hora é diurna ou nocturna, pormenor importante para não

interromper o sono de alguém ou para saber exactamente o horário de funcionamento de certos mercados financeiros. O Royal

Oak Dual Time é ideal para estas ocasiões.

Em Foco Royal Oak Dual Time Audemars Piguet

Maleabilidade perfeita

O Royal Oak é celebrado pelos seu visual simul-

taneamente (e paradoxalmente) couraçado

e elegante. A bracelete integrada, composta

por centenas de peças, é extremamente ma-

leável e envolve qualquer tipo de pulso de

ma neira perfeita – sendo equipada com um

fecho de báscula extremamente seguro.

Funções úteis

Um submostrador (localizado às 6 horas) com

horas e minutos re ferente a um segundo fuso

horário é o complemento principal do Royal

Oak Dual Time, fazendo-se acom panhar tam-

bém de outras funções úteis tal como um

indicador dia/noite acoplado, um manómetro

que in dica a reserva de corda e a data noutro

sub mostrador analógico.

Motor perfeito

O Royal Oak Dual Time está equipado com

um calibre automático, alimentado por um

ro tor personalizado em ouro de 21 quilates e

finamente decorado (Côtes de Genève, per-

lage, anglage) nos ateliers da célebre ma -

nufactura de Le Brassus.

Pormenor de classe

Essenciais no código genético da família

Royal Oak: os parafusos hexagonais – tradi -

cionalmente em ouro nos modelos mais

clás sicos, como o Dual Time – que seguram

a luneta octogonal à estrutura de base da

caixa. Outro toque sublime: as superfícies da

caixa e da bracelete alternadamente polidas

e escovadas.

Page 82: Espiral do Tempo 25

Franck Muller revolucionou os padrões, os tamanhos, os formatos, as corese as complicações para lançar, no início da década de 90, a relojoaria numa nova era. Dez anos depois, a marca do mestre

genebrino continua a abalar os cânones preestabelecidos. O objectivo de qualquer relógio sempre foi o de reproduzir a passagem

do tempo com a maior exactidão possível. Para escapar a esse peso histórico e ao vertiginoso ritmo contemporâneo, Franck Muller

foi na direcção oposta com os conceitos Crazy Hours e o Secret Hours – o primeiro com o ponteiro das horas a seguir um trajecto

aparentemente aleatório, o segundo para aqueles que só querem que o relógio lhes mostre as horas quando lhes apetece. A última

criação de Franck Muller decorrente da sua abordagem filosófica ao tempo faz com que, numa ilusão de óptica, os ponteiros andem

(aparentemente) mais depressa ou mais devagar consoante a importância que cada utilizador dá à certas alturas do dia – porque

a noção do tempo é pessoal e arbitrária.

Em Foco Heure Irrégulière Rétrograde Lune Franck Muller

82 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Franck Muller

Depois das formas e das cores surgem

agora modelos que interpretam e brin-

cam com a noção de tempo...

O Heure Irregulière, como sucedeu antes

com o Crazy Hours e o Secret Hours,

sur ge na sequência da minha abordagem

filosófica à temática do tempo – que,

como se sabe, é relativo. Esta peça é

uma pequena brincadeira envolvendo as

par tes do dia em que todos nós sentimos

que o tempo passa mais depressa ou

mais devagar. Dou grande ênfase à ori gi-

nalidade e nunca me conformei pe ran te

o conservadorismo da indústria relo joeira;

foi por isso que desde sempre procurei

des bravar novos formatos e tamanhos,

no vas técnicas e cores.

Mecanismo misterioso

O Heure Irregulière assenta num calibre de

cor da automática dotado de 42 horas de re-

ser va de corda e frequência de 28.800 alter-

nâncias por hora. Composto por 158 peças e

21 rubis, é decorado com Côtes de Genève,

perlage e diamantage. Claro que, apesar da

dispo si ção das ‘horas irre gulares’, uma hora

dura exac tamente uma hora...

Horas irregulares

Uma leitura do tempo inovadora: no seg men -

to indicador correspondente das sete às sete

as horas estão mais ou menos es pa çadas

consoante a importância que lhes é atribuída.

Graças a uma leitura ‘irregular’ num indicador

com ponteiro retrógrado, o período de almoço

(12 a 14 horas) parece mais longo, enquanto

as horas de trabalho estão mais juntas!

Mostrador luxuoso

O ‘rosto’ das criações de Franck Muller é sem-

pre de elevada qualidade e o acabamento

é superlativo – como no caso do Heure Irre-

gulière, com o magnético efeito frappé soleil

do mostrador a ser complementado com os

característicos algarismos árabes estilizados e

a abertura das fases da lua no submostrador

dos pequenos segundos. Disponível em bran-

co, preto ou azul.

Page 83: Espiral do Tempo 25

www.franckmuller.com

83Em Foco Franck Muller

Ficha técnica

Heure Irrégulière

Franck Muller

Caixa emblemática

A imagem de marca da Franck Muller são

os relógios de forma – sobretudo o formato

Cintrée Curvex, uma elaboração mais tridi-

men sional da clássica forma tonneau (caixa

alongada em forma de barril) tão em voga

no período Art Deco e que hoje é o sinal

inconfundível da sua maneira de ver o tempo.

Disponível em ouro de 18 quilates.

Referência: 7880 HIR L S6 • Diâmetro: 26.60 mm • Espessura: 5.60 mm • Caixa: Ouro branco maciço de 18k

Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Mecânico de corda automática com 42 horas

de reserva de corda • Decoração do movimento: Côtes de Genève, perlage e diamantage • Funções e indicadores: Horas

retrógradas com uma disposição ‘irregular’, minutos, pequenos segundos e fases da Lua • Estanquicidade: 30 metros

Bracelete: Pele de jacaré cosida à mão • Fecho: Fivela em ouro branco de 18k personalizada com o logótipo

Preço: 26.250 euros

Page 84: Espiral do Tempo 25

Seis anos depois após a sua criação, a linha Octa apresenta um novo rostoalimentado por um novo calibre. Inspirando-se na estética pura do Chronomètre Souverain, o Octa Automatique Lune mantém as

directrizes estéticas da etiqueta F.P. Journe, mas apresenta os ponteiros principais (horas e minutos) num eixo central e não excêntrico

como nos primeiros modelos da colecção. A mudança visual rubricada por François-Paul Journe permite um pequeno ganho de

visibilidade e funcionalidade. A mudança é acompanhada pela adopção de um novo calibre mecânico automático destinado a

maximizar cineticamente todos os pequenos gestos dos utilizadores que, devido à idade ou à actividade profissional, apresentam

uma actividade diária menos dinâmica. De resto, todas as características comuns à colecção F.P Journe, em geral, e aos anteriores

modelos Octa, em particular, estão bem patentes num relógio tornado ainda mais fascinante pela mística presença da Lua....

Em Foco Octa Automatique Lune François-Paul Journe

84 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Opção unidireccional

O novo calibre automático Octa 1300-3, composto por 250 peças e 37 rubis, surge dotado de

um rotor que se movimenta somente em sentido unidireccional; o sistema de rolamento de

esferas em cerâmica fomenta a captação de energia num sentido e bloqueia o outro sentido.

A opção foi tomada após a realização de um estudo de eficácia.

François-Paul Journe

[ Mestre relojoeiro ]

Novo mostrador e um rotor unidireccio-

nal. O que motivou estas mudanças na

linha Octa?

Apercebi-me de que o Octa de um amigo

nunca estava completamente carregado

porque ele passava o dia no computador

e o seu pulso não se movimentava o su -

ficiente. Além disso, alguns clientes su-

geriram que o mos trador clássico do Octa

não era tão le gível. Assim, aproveitei a

ocasião do novo calibre para criar dois

modelos de mostrador inspirado no

Chro nomètre Souveraine, que ganhou o

prémio de relógio para homem na edição

de 2005 do Grande Prémio de Relojoaria

de Genebra.

Características de excepção

Apesar de ter um diferente sistema de alimen-

tação, o novel mecanismo Octa 1300-3 apre-

senta todas as superlativas características

comuns aos calibres que têm alimentado os

restantes modelos da colecção: cinco dias de

reserva de corda (120 horas) e um ba lanço

de inércia variável, que oferece uma esta-

bilidade excelente. E é concebido em ouro

rosa, como passou a suceder com todos os

mecanismos da marca.

Mostrador de classe

O mostrador em prata maciça apresenta a

tradicional decoração em guilloché no centro

e acabamento moiré nos pequenos segundos

e no indicador de reserva de marcha, com

ponteiros principais azulados ao centro.

O azul celestial da janela das fases da lua

combina com os ponteiros e contrasta com a

base prateada do mostrador.

Page 85: Espiral do Tempo 25

www.fpjourne.com

85Em Foco François-Paul Journe

Ficha técnica

Octa Automatique Lune

François-Paul Journe

Invólucro perfeito

A caixa do Octa Automatique Lune é um paradigma

de equilíbrio. Concebida em platina ou ouro rosa com

38 ou 40 milímetros de diâmetro, está acompanhada

da emblemática coroa estilizada e de uma sumptuosa

correia em pele de crocodilo com rebordos arredondados

para um acompanhamento mais elegante da caixa.

Referência: FPJUARL40.PTO.BR • Diâmetro: 38 ou 40 mm • Espessura: 5.86 mm • Caixa: Platina, com fundo transparente

em vidro de safira • Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Mecânico de corda

automática, Calibre FPJ Octa 1300-3 composto por 250 peças e 37 rubis com 5 dias (120 horas) de reserva de corda

• Decoração do movimento: Decoração exclusiva FPJ • Funções e indicadores: Horas e minutos ao centro, pequenos

segundos, data panorâmica, fases da Lua e indicador de reserva de corda Bracelete: Pele de jacaré • Fecho: Fivela em

platina personalizada com o logotipo • Preço: (aproximadamente) 32.850 euros

Page 86: Espiral do Tempo 25

86 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

A Hautlence (anagrama de Neuchâtel) nasceu para dar a conhecer ao mundo uma novarelojoaria onde os princípios mecânicos seculares se mesclam com um desejo vanguardista de apresentar o tempo. A intenção era

cortar com a falta de originalidade dos relógios clássicos e propor uma nova filosofia relojoeira a partir de conceitos tradicionais

apresentados através de uma linguagem industrial irreverente. O intento foi bem-sucedido e a Hautlence é já um ícone da relojoaria

do século XXI. Os seus relógios inserem-se numa tendência modernista que começa nos contornos da caixa e que é sobretudo

patente num mostrador expressamente técnico com diversos planos estratificados, por entre os quais é possível vislumbrar-se

partes do calibre que alimenta o relógio. As horas saltantes e os minutos retrógrados, acompanhados por um submostrador com

pequenos segundos, são ligados por um sistema funcional de alavancas inspirado nas antigas locomotivas a vapor.

Em Foco HL 08 Hautlence

Calibre exclusivo

O mecanismo que equipa os modelos da

Hautlence é de concepção e manufactura pró-

pria. Trata-se de um calibre de corda manual,

com 40 horas de reserva de marcha e uma

frequência de 21.600 alternâncias por hora.

Assen te em 150 peças, a intrincada estrutura

do mecanismo pode ser apreciada de ambos

os lados através de vidros de safira.

Novo invólucro

Um relógio de visual original merece uma caixa igualmente diferente. A Hautlence

inspirou-se nas caixas do tipo ecrã de televisão dos relógios dos anos 60 e concebeu

uma estrutura rectangular de disposição horizontal com contornos cuidadosamente

facetados e uma base para as asas que seguram a correia. Dimensões: 43,5 mm de

largura por 37 mm de altura, com 10,5 mm de espessura.

Guillaume Tetu

[ Co-fundador da Hautlence ]

Qual a atitude da Hautlence perante a

relojoaria e os objectivos da marca neste

mercado altamente competitivo?

Não queríamos reinventar a relojoaria,

mas sim apresentar uma nova leitura do

tempo que mostrasse a bela mecânica de

maneira diferente. Andávamos frustrados

com a falta de inovação do sector e de-

ci dimos criar algo que apelasse à nossa

ge ração e que não fosse mais uma

recria ção dos mesmos relógios que todos

fa zem. Também estávamos interessados

em mecanismos de outras indústrias e

foi assim que decidimos optar por uma

mecânica diferente e atraente que fosse

interpretada como alta-relojoaria.

Edições limitadas

Cada modelo Hautlence é limitado a 88 exem-

plares devidamente numerados, de modo

a oferecer um toque exclusivo à produção.

A caixa é concebida em ouro branco de 18

quilates, acompanhada por uma correia de

pele de crocodilo dotada de uma fivela igual-

mente em ouro branco.

Page 87: Espiral do Tempo 25

www.hautlence.com

87Em Foco Hautlence

Ficha técnica

HL08

Hautlence

Rosto da máquina

A estética Hautlence é inconfundível: na linhagem dos modelos iniciais

da primeira colecção da marca, o HL08 apresenta um visual mais es-

cu recido graças a um mostrador negro opalino que se mistura com

tons metálicos contrastantes. A estratificação do mecanismo dá a noção

de tridimensionalidade ao mostrador e os algarismos luminescentes

per mitem excelente visibilidade em condições difíceis.

Referência: HL 08 • Diâmetro: 43,5 mm por 37 mm • Espessura: 10,5 mm • Caixa: Ouro branco de 18k, numerada indi-

vidualmente, fundo transparente em vidro de safira • Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira

Movimento: Próprio, composto por 150 peças com 40 horas de reserva de corda • Funções e indicadores: Horas saltantes

num disco, minutos em ponteiro retrógrado e pequenos segundos • Estanquicidade: 30 metros • Bracelete: Pele de

jacaré com escamas quadradas, cosida à mão • Fecho: Fivela personalizada ou fecho de báscula em ouro branco de 18k

Série Limitada: 88 exemplares • Preço: 44.000 euros

Page 88: Espiral do Tempo 25

O lendário perfil do Reverso tem-se mantido inalterado desde o seu adventoe as suas proporções sempre foram escrupulosamente respeitadas aquando do lançamento de novos tamanhos. Mas, exactamente

75 anos após o lançamento de um dos incontornáveis ícones da relojoaria, a histórica manufactura relojoeira, sediada em Le

Sentier, teve a ousadia de estrear uma variante decididamente mais contemporânea e urbana. Curiosamente, a patente inicial do

relógio reversível abrangia dois modelos: o rectangular, utilizado desde 1931, e um outro mais quadrado que foi recuperado para a

comemoração do 75.º aniversário do Reverso. Foi assim que nasceu o Squadra, dotado de maiores dimensões e proporções distintas

do Reverso original. A nova linha é alimentada integralmente por mecanismos automáticos de nova geração e inclui múltiplos fusos

horários. O Reverso Squadra Chronograph GMT representa fielmente o espírito moderno preconizado pela Jaeger-LeCoultre para a

nova geração da famosa família reversível.

Em Foco Reverso Squadra Chrono GMT Jaeger-LeCoultre

88 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Mecanismos de nova geração

Para uma linha de espírito contemporâneo,

a Jaeger-LeCoultre optou exclusivamente por

calibres de nova geração: corda automática,

rotor sobre rolamento de esferas em cerâ-

mi ca que não necessitam de lubrificação,

regu lamento à base de quatro masselottes

na orla exterior do balanço, extremidades da

espiral presos ao pitão e à virola através de

soldadura a laser.

Versatilidade complementar

Relógio versátil, com data grande, funções de cronógrafo e segundo fuso horário, o

Squadra Chronograph GMT apresenta também grande variedade de escolha entre

correias e braceletes: pode-se optar por pele de crocodilo cosida à mão, borracha vulca-

nizada ou bracelete em metal de acordo com a caixa (aço ou ouro).

Jérôme Lambert

[ CEO Jaeger-LeCoultre ]

Foi um risco esta actualização daquele

que é, porventura, o mais emblemático

relógio da Jaeger-LeCoultre?

Foi um risco, mas um risco calculado.

No caso do Squadra a inspiração é muito

pro funda. Desde 1931 que estava cons-

truída uma peça de referência numa

cai xa qua drada/rectangular com o ob-

jec tivo de ser comercializada, o que fizé-

mos foi reinterpretá-la com uma visão

con temporânea. Dou a imagem de uma

árvore para caracterizar o que é hoje

a Jaeger-LeCoultre: imaginemos grandes

raí zes, profundas, mas com um tronco e

folhas que permitem captar o Sol e as in-

fluências novas.

Conceito actualizado

Tido como um relógio de linhas clássicas, e

ten do sido pensado, na sua génese, como

uma peça para jogadores de polo, o Reverso

assume na linha Squadra a sua versão mais

desportiva e de maiores dimensões. Se ante-

rior mente estas duas facetas já tinham sido

exploradas nas versões Grand Sport e XGT

o Squadra promete tornar-se um dos mais

emble máticos Reversos da Manufactura.

Calibre cronográfico de excepção

Manufacturado e decorado à mão, o Calibre

754 – composto por 296 peças e 39 rubis –

apresenta 65 horas de reserva de corda e bate

a uma frequência de 28 800 alternâncias por

hora. As funções cronográficas dão-lhe um

espírito desportivo; o segundo fuso horário

(num submostrador de 24 horas) é uma in-

dicação indissociável do modo de vida do

século XXI.

Page 89: Espiral do Tempo 25

www.jaeger-lecoultre.com

89Em Foco Jaeger-LeCoultre

Referência: Q7018420 • Diâmetro: 50,5 mm x 35 mm • Espessura: 14 mm • Caixa: Reversível em aço, com fundo trans-

parente em vidro de safira • Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Calibre JLC 754,

cronógrafo mecânico de corda automática com 296 peças e 39 rubis, 65 horas de reserva de corda, 1000 horas de controlo

Decoração do movimento: Decorado à mão com, 39 rubis • Funções e indicadores: Horas, minutos, 2º fuso horário em 24

horas, data panorâmica e cronógrafo • Estanquicidade: 50 metros • Bracelete: Pele de jacaré • Fecho: Fecho de báscula em

aço personalizado com o logótipo • Preço: 6.750 euros

Ficha técnica

Reverso Squadra Chrono GMT

Jaeger-LeCoultre

Quadrado vs. Rectângulo

O estilo da caixa mantém a inspiração na Art Déco do

Reverso original e o sistema reversível é o mesmo,

mas a reinterpretação estética assume características

bem diferentes graças a proporções mais próximas

do quadrado. Composta por 50 peças e com vidro

de safira também no fundo, a caixa apresenta uma

dimensão de 50,5 por 35 milímetros.

Page 90: Espiral do Tempo 25

A TAG Heuer elevou ao quadrado o sucesso de um clássico da relojoaria: depois de umaprimeira versão com mostrador branco inspirado no fato de corrida do mítico actor Steve McQueen no filme Le Mans, foi recentemente

apresentada a versão com mostrador preto com as mesmas características. E a linhagem do Monaco continua a crescer depois de

a marca suíça ter reeditado o emblemático modelo de 1969 numa primeira série limitada em 1998 – a partir daí, a adesão dos

aficionados e dos coleccionadores não tem parado de crescer. As listas laranja e azul que atravessam o marcador acompanhadas do

logótipo Gulf evocam o famoso Porsche-Gulf 917K com motor de cinco litros que venceu por duas vezes em Le Mans, estabelecendo

um recorde ainda hoje inigualado ao percorrer 5335 quilómetros a uma velocidade média de 222 km/h. Dois mitos num só: o actor

e o bólide num relógio comemorativo limitado a 4000 exemplares.

Em Foco Monaco Vintage Special Edition TAG Heuer

90 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Jean-Christophe Babin

[ CEO TAG Heuer ]

O ano de 2007 viu surgiu mais uma ver-

são do famoso Monaco. Continua a ser

uma aposta ganha para a TAG Heuer?

Não posso negar que em termos de

sucesso comercial as sucessivas ver sões

do Monaco têm superado as expec ta ti-

vas mais optimistas. Há muito que te-

mos noção de que é uma das nossas

mais emblemáticas peças. O famoso

filme Le Mans, ponto de partida para

esta “aventura relojoeira”, continua a

ser uma fonte de inspiração estética para

as edições limitadas que todos os anos

apresentamos e não creio que tenhamos

esgotado este filão. Surgirão num futuro

próximo mais surpresas.

Caixa com carácter

A estrutura em aço do Monaco Vintage está

finamente acabada com super fícies polidas

que alternam com superfícies escovadas. Os

botões de forma são estili za dos. O vidro, em

plexiglass, é fiel ao ori ginal do final dos anos

60, e o fundo da caixa surge personalizada

com a decoração vintage. Lançado em 1969,

o Monaco foi um dos primeiros relógios do

mundo a albergar um mecanismo cro no grá-

fico automático.

Detalhes de distinção

A grande qualidade gráfica e conceptual dos mostradores

da TAG Heuer está bem patente: os dois submostradores

surgem num plano ligeiramente inferior, oferecendo

con traste perante a luz; os indicadores facetados dão a

sensação de volumetria e são condizentes com os pon-

tei ros das horas e dos minutos.

Valor simbólico

Steve McQueen era um fã de Jo Siffert, pelo que Michael

Delaney (o personagem interpretado por McQueen no

filme Le Mans) usou os adereços do piloto suíço no ecrã

– o fato e o relógio. Por volta do minuto 24 do filme,

Delaney segura no capacete e o Monaco torna-se bem

visível aos olhos do espectador: nascia um mito. Se em

2006 o Monaco se inspirou no cromatismo do fato de

Steve McQueen, na sua versão 2007 foi o Porsche-Gulf

917K a musa inspiradora.

Page 91: Espiral do Tempo 25

www.tagheuer.com

91Em Foco TAG Heuer

Ficha técnica

Monaco Vintage

TAG Heuer

Racing colors

A estética do Monaco Vintage Special Edition é

especial de corrida: o azul-claro e o laranja ofe-

re cem um contraste dinâmico com o mostrador

preto; os tons laranja estão igualmente presentes

no ponteiro dos segundos e dos minutos do cro-

nó grafo, nos pequenos segundos, e nas costuras

da correia preta em pele de crocodilo.

Referência: CW211A.FC6228 • Diâmetro: 40.40 mm • Espessura: 13 mm • Caixa: Aço polido e escovado

Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Plexiglas • Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática,

Calibre 17 (ETA 2894) • Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo • Estanquicidade: 30 metros

• Bracelete: Pele de jacaré com pespontos laranja • Fecho: Fecho de báscula com botões de pressão

• Série Limitada: 4000 exemplares

Preço: 3.650 euros

Page 92: Espiral do Tempo 25

Graças à sua característica alavanca com espátula à esquerda, é o mais inconfundível dos cronógrafos. Denominado ‘Granada’

por alguns aficionados precisamente devido ao seu perfil original, o Chronofighter foi recentemente melhorado

com um excepcional mecanismo de roda de colunas e novos mostradores de grafismo optimizado.

Impunha-se um estudo mais pormenorizado em laboratório...

O Chronofighter é um dos relógios mais originais do actual panorama relojoeiro; trata-se de um

cronógrafo carismático que alia a força histórica à ino-

vação técnica e estética, tornando-se instantaneamente

no ex-libris da Graham logo após a sua apresentação.

Volvidos alguns anos e mantendo o seu perfil sempre

inconfundível, surge agora renovado com um mecanis-

mo cronográfico mais apurado e um conjunto de novos

mostradores de espírito mais agressivo.

Mecânica à parte, foi a configuração arquitectónica

da pujante caixa que catapultou o Chronofighter para a

fama – com a sua coroa sobredimensionada colocada à

esquerda e dotada de uma alavanca optimizadora das

funções cronográficas, para além de um botão colocado

de modo assimétrico que recoloca o ponteiro a zero.

A característica alavanca do cronógrafo assenta em

princípios ergonómicos para optimizar a utilização das

funções cronográficas através do dedo polegar – porque

o polegar, que é independente dos restantes dedos, rea-

ge algumas décimas de segundo mais depressa para o

arranque/paragem do contador.

O advento de tão emblemático relógio partiu de dois

vectores de inspiração: o primeiro, de um relógio antigo

militar que os aviadores prendiam à perna, accionando o

cronógrafo para medir o tempo entre a largada da bomba

e o impacto; o segundo partiu de um grande cliente da

marca em Itália, o senhor Barrozzi de Brescia, que incitou

Éric Loth (responsável pela Graham) a ousar e fazer algo

texto de Miguel Seabra | fotos de Nuno Correia

[ Laboratório ]

Sem compromissos nem cedências a qualquernível, é o lema da Graham. Os modelos saídos da casa britânica assumem-se

como peças arrojadas com um carácter muito próprio, aliando uma

linguagem estética única a uma competência técnica

topo de gama.

92 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 93: Espiral do Tempo 25

93Laboratório Graham

Page 94: Espiral do Tempo 25

Magnífica imagem onde se pode

ver em pormenor a alavanca e a

espátula características.

O miolo da ‘granada’ mostra o

primor de construção do mostrador

e do coração do relógio.

Desmantelada a ‘Granada’ pelo relojoeiroVítor Serrão, uma primeira nota para o mecanismo. O calibre G1742 tem

por base o fiável e robusto calibre cronográfico Valjoux 7750, embora

com muito trabalho de modificação nos ateliers da manufactura

de mecanismos La Joux-Perret.

94 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 95: Espiral do Tempo 25

de diferente daquilo que as outras marcas tinham para

oferecer. «O senhor Barrozzi fez-me abanar um pouco e

foi precisamente em Itália que o Chronofighter arrancou

para o sucesso», confessa Éric Loth.

O Chronofighter é também conhecido nos mean-

dros da relojoaria por ‘Granada de Pulso’, embora esse

epíteto, na verdade, se deva aplicar mais ao seu irmão

mais novo: o Chronofighter Oversize, recentemente lan-

çado com uma dimensão de caixa maior e uma alavanca

mais industrial. Mas foi o formato original a granjear

muita fama para a Graham e foi por isso que escolhemos

o Chronofighter R.A.C. Black Speed (de formato original

mas já com um novo calibre e mostrador) para uma

análise mais cuidada no estúdio de relojoaria da Torres

Distribuição – de modo a efectuar uma verificação mais

atenta das melhorias introduzidas.

Banco de ensaioDesmantelada a ‘Granada’ pelo relojoeiro Vítor Serrão,

uma primeira nota para o mecanismo. O calibre G1742

tem por base o fiável e robusto calibre cronográfico Val-

joux 7750, embora com muito trabalho de modificação

nos ateliers da manufactura de mecanismos La Joux-

Perret. Para além de um virar da posição do calibre de

base e consequentes desdobramentos, para que a coroa

e os botões de activação passem para a esquerda do

relógio, o que salta mais à vista é a adopção de um sis-

tema de roda de colunas (roue à colonnes, daí a desig-

Ficha técnica

ChronofiGhTer raC BLaCk sPeed

Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática,

calibre G1742.

Funções: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo.

Caixa: Aço, vidro em safira e estanque a 50 metros.

Bracelete: Calfe com fivela em aço.

Ref: 2CRBS.B01A.K25B

Preço: € 5.990

Test result

Os testes efectuados no estúdio de relojoaria da Torres

Distribuição asseguram que o motor do Chronofighter

funciona na perfeição. Com o relógio nas seis diferentes

posições exigidas, a média diária revelada na folha de

regulação é de somente 4 segundos – valor bem me-

lhor do que a diferença até cinco segundos tolerada pelo

Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros para atribuir o es-

tatuto do cronómetro certificado! ET

nação R.A.C. no nome) que permite ao mecanismo um

arrancar, parar e retomar da contagem – ou seja, asse-

gura uma ainda maior precisão na medição de tempos

curtos. Utilizado em vez do sistema de cames, o meca-

nismo de roda de colunas consiste numa roda de carga

(rochet) com seis colunas de forma triangular que regula

as funções de diversas alavancas (leviers); o seu grau de

sofisticação é tão elevado que raras são as companhias

relojoeiras capazes de o produzir…

Para além dessa nova solução técnica, o calibre

G1742 apresenta igualmente uma massa oscilante estili-

zada que une uma estética diferente a uma optimização

de rotação.

Os parafusos azulados e a decoração em Côtes de

Genève embelezam o conjunto, que a partir de agora

pode ser apreciado através de um fundo transparente em

vidro de safira – outra importante diferença em relação à

primeira série do Chronofighter, juntamente com a aber-

tura para a janela da data na parte da frente. De resto, a

caixa mantém a sua estrutura de sempre. Concebida em

aço inoxidável 316L polido com a luneta acetinada, apre-

senta um diâmetro de 43 mm para 16 mm de espessura

e é estanque a 50 metros.

Para além da técnica, também a estética do Chro no-

fighter melhorou com a introdução de novos mostradores.

O Black Speed é um deles, destacando-se a área metali-

zada à volta dos submostradores. Os ponteiros, al garismos

e indicadores são luminescentes; o estilo des portivo/mi-

litar do conjunto é acentuado por uma vo lup tuosa cor-

reia de couro com pespontos (baptizada ‘Bomber Jacket’,

numa alusão aos blusões dos aviadores) ou por uma bra-

celete preta em cauchu.Valores obtidos pelas máquinas que aferem a estanquicidade e a

regulagem dos relógios.

95Laboratório Graham

Page 96: Espiral do Tempo 25
Page 97: Espiral do Tempo 25

107Espiral do Tempo 24 Primavera 2007

Saborear o TempoEstalagem Melo Alvim [102]

PerfilRelojoaria Mendonça [98]

ReportagemProdução de Moda [108]

Saborear o TempoGolfe de Ponte de Lima [106]

Saborear o TempoRestaurante Oporto [104]

Livros [126]Acontecimentos [116]

97Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 98: Espiral do Tempo 25

98 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 99: Espiral do Tempo 25

Não podíamos deixar passar os 50 anos de existência de uma tão emblemática relojoaria do Porto.

Foi em Julho de 1957 que a Relojoaria Mendonça abriu portas, e foi privilégio nosso ouvir

um sucinto relato da experiência que fica de meio século de histórias vividas,

algumas delas, na primeira pessoa.

A casa foi fundada por Alberto Mendonça na Rua Sá da Bandeira, no Edifício do Bolhão. O traquejo deste, provinha da dedicação ao mun-do dos relógios desde os dez anos de idade, altura em que começou a aprender o ofício. Mais tarde, passou a exercer, estabelecendo-se finalmente de modo próprio em 1945, com a Relojoaria Ramos e Mendonça, à qual permaneceu ligado durante 12 anos. Tinha aprendido a arte com um tio, Do mingos Mendonça, uma referência no exclu-sivo mundo dos relojoeiros do Norte, no início do século. Este viria, aliás, a fundar a Relojoaria Azevedo Mendonça, estabelecimento centenário que ainda hoje existe na sua terra natal, em Mal-ta, Vila do Conde.

Hoje, à frente da Relojoaria Mendonça, além de Jacinto Mendonça, está a sua irmã Maria José, numa perfeita continuidade familiar que torna tão característica esta forma de comércio e cuja linhagem está já assegurada pelo seu sobrinho Miguel e pelo seu filho Filipe. As origens expli-cam a paixão pela bela relojoaria mecânica que se

entrevista de Afonso Bernardo dos Santos | fotos de Nuno Correia

[ Perfil ]

99Perfil Relojoaria Mendonça

Page 100: Espiral do Tempo 25

100 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Page 101: Espiral do Tempo 25

respira – e se ouve – neste estabelecimento. A for-ma ou o tamanho dos relógios não são relevantes, porque a emoção é suficientemente grande para se repartir por todos. E, como nos conta o nosso anfitrião, «vende-se de tudo um pouco».

Se a paixão é visível, o truque do sucesso está no conceito de gestão e na relação com as pessoas: É com cunho familiar que se dirige um estabe-lecimento desta natureza. São conceitos morais antigos, mas não ultrapassados, que continuam a presidir à forma como se apresentam ao mercado. Acrescente-se um relacionamento quase fa miliar com muitos dos clientes, na mais pura tradição comercial portuense; uma sensibilidade e conhe- cimento dos produtos que vendem e do negócio que lhe está na origem, e eis a receita de sucesso da Relojoaria Mendonça.

E o bater dos carrilhões dos relógios de caixa alta vai embalando a conversa…

«Felizmente temos clientes de todo o país, nas várias faixas etárias, desde o avô ao neto. Pro curamos ter um atendimento personalizado e criar laços de amizade e confiança com os nos-sos clientes. Por isso a nossa presença na loja é imprescindível».

Mas nem só de sólidos princípios e de afabi-lidade se faz uma casa com 50 anos.

101Perfil Relojoaria Mendonça

“Hoje há muitos clientesque discutem connosco os calibres de um relógio,

o que é muito engraçado. Estão atentos à novela

da relojoaria...”

Cinco geraçõesRelojoaria Mendonça

Rua de Sá da Bandeira, 428 - 4000-429 Porto

22 200 27 37 - [email protected]

«O consumidor hoje é muito diferente. É mui to mais atento, sabe muito mais. Hoje há mui tos clientes que discutem connosco os calibres de um relógio, o que é muito engraçado. Estão atentos às novidades na relojoaria, têm muito mais informação, coleccionam livros, vão pesqui-sar na internet, devoram revistas, observam e es-tudam pormenores, já percebem se são peças que valorizam e porquê. Se ficam com interesse em investir num determinado modelo, fazem-no de uma forma muito mais consciente.

O cliente, hoje, quando quer comprar uma peça boa de alta-relojoaria, já sabe o que quer.»

Ao som dos carrilhões e embalado pelo en-tusiasmo, continua a sua análise do momento relojoeiro: «A alta-relojoaria cresceu muito no nosso país, desenvolveu-se com o aparecimento de novas marcas de que não se ouvia falar há uns anos. Hoje, as grandes marcas estão cá todas».

Regressando ao tom confessional, acrescenta: «O mercado é propenso ao consumo de relógi-os... Mas não é só em termos nacionais. A Feira de Basileia é a melhor mostra dos últimos anos. Há inovação, que é uma característica da alta-re-lojoaria de hoje. No capítulo do desenvolvimento e da inovação tecnológicos, estiveram parados durante muitos anos. Eram extremamente tradi-cionais e conservadores.

Esta aposta das grandes casas relojoeiras, além de entusiasmante para os verdadeiros amantes, é óptima tanto para conquistar novos públicos como para estimular compradores tradicionais» confidencia o relojoeiro.

Na opinião de Jacinto Mendonça, esta al-teração nos ditames da indústria tem origem no crescente interesse dos mercados chinês e russo.

Enquanto isso, o bater dos carrilhões cente-ná rios alegra o passeio junto ao Bolhão. ET

Page 102: Espiral do Tempo 25

Um excepcional exemplo de evolução da arquitectura e do espaço urbano em Portugal acolhe o visitante em Viana do Castelo

na forma de um edifício cuja origem remonta a 1509. E como a medição do tempo gosta de números redondos,

este espaço, cuja inauguração foi presidida por Jorge Sampaio, foi aberto à plebe há precisamente dez anos.

A casa Melo Alvim é o mais antigo solar urbano de Viana do Castelo, a rondar o meio milénio de

existência. A construção foi iniciada por ordem do al-

moxarife Pedro Pinto que, porventura sob influência do

cunhado João Álvares Fagundes, o primeiro navegador a

chegar aos Grandes Bancos da Terra Nova, lhe atribuiu

o estilo Manuelino. No final do século XVI, foi-lhe acres-

centada influência oriental, bem como adicionado um

átrio toscano no piso térreo. O dono era então Francisco

de Melo Alvim, com passado traçado nas pelejas do Ori-

ente. Eram as influências da primeira globalização ter-

restre, iniciada pelos portugueses com os Descobrimen-

tos, a marcarem a pedra e a história. Houve um novo

crescimento do edificado no século seguinte e, posteri-

ormente, já no século XIX, a demolição de um convento

adjacente permitiu a valorização de parte da fachada que

fica voltada para o largo. À data foi assente um chafariz,

agora reinstalado.

Apesar de as virtudes originais do edificado se terem

mantido, a adaptação do espaço a estalagem permitiu

realçar múltiplos pormenores que nos permitem percor-

rer os vários períodos e estilos, fruto de um restauro que

se revelou exemplar. Daí os 20 quartos e suites terem

todos uma decoração diferente.

Atendendo às exigências actuais, além da coerência

ao nível da decoração e do mobiliário, há o arrojo de,

aqui e além, se reservar espaço para o que é contem-

porâneo. Ao ambiente único que aqui se pode respirar,

acrescem as funcionalidades e a comodidade exigidas

nos dias de hoje, uma biblioteca rica em documentação

sobre a região, um restaurante de cuidada e criativa gas-

tronomia, um jardim e os respectivos claustros anexos

que permitem momentos de quietude e tranquilidade

invejáveis.

Foi aqui que falámos com os irmãos José e Francisco

Laranjeira que, entre outras actividades, são os donos

desta unidade inserida na cadeira hoteleira Relais & Châ-

teaux. Visto a paixão pelas belas máquinas que medem o

tempo não lhes ser indiferente, como não poderia deixar

de ser, este encontro revelou-se afortunado.

Estalagem Melo Alvim

102 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Pormenor da característica fachada

da Estalagem Melo Alvim facilmente

reconhecível.

Tanto os quartos como as áreas

comuns primam pela elegência

na decoração.

Casa Melo Alvim - Relais & Châteaux | Viana do Castelo | Tel. + 351 258 808 200 | www.meloalvimhouse.com

texto de Paulo Costa Dias | fotos de Nuno Correia

Page 103: Espiral do Tempo 25

103Saborear o Tempo Estalagem Melo Alvim

“O charme e a inovação do Audemars Piguet e o caráctere rigor tecnológico do Jaeger-LeCoultre convivem na perfeição com a tradição desta casa.”

José e Francisco Laranjeira

Audemars Piguet Royal Oak • € 35.360

Jaeger-LeCoultre Master Compressor Geographic • € 7.770

Page 104: Espiral do Tempo 25

Calcorrear o Passeio Alegre e as ruelas da Foz Velha devia constituir aperitivo obrigatório para os forasteiros, antes de recolherem

ao distinto e acolhedor espaço que nos é sugerido pela bela fachada do restaurante Oporto, no pitoresco Largo da Igreja da Foz.

Mas, com a barra do Douro por fundo, um passeio recreativo depois do repasto também não serviria mal como digestivo!

É ancestral a relação da cidade do Porto

com os súbditos britânicos. Às associações com o comér-

cio do Vinho do Porto – já de si centenárias – acrescem

outras, bem mais distantes. El-Rei D. João I aqui casou,

em 1387, com D. Filipa de Lencastre, nobilíssima in-

glesa, mulher notável e mãe de uma ínclita geração de

príncipes lusos, dando origem à mais antiga aliança entre

duas nações.

Não se tratando de uma homenagem nem tendo

sido sequer uma primeira opção, a ligação do nome

de um restaurante portuense aos “bifes” acaba por se

justificar. O espaço interior, very british, assumidamente

conservador na decoração, cai bem ao old money da In-

victa e transporta-nos para o conforto dos clubes selectos

que tão bem representam uma certa maneira britânica

de bem-viver. Mas mais que uma mera estratégia

comercial, o ambiente cosy é fruto do gosto pessoal do

sócio que está na origem da casa – José Luís Kendall,

nado e criado na zona – e da sapiência profissional do

decorador Fernando Marques de Oliveira. E porque

do Porto se trata, com bairrismo ou não, lá estão

na parede retratos de gradas figuras da cidade em

elegante galeria fotográfica, alguns deles vizinhos,

quase todos fregueses.

A um recanto pode digerir-se alguma leitura ou um

aperitivo e preparar a tripa para o que há-de vir da mais

interessante assoalhada do estabelecimento: a cozinha!

Felizmente bem pouco britânica… Aqui, quem manda é

Emília Magalhães, senhora com tradição na restauração

portuense que, juntamente com o marido Dino Maga-

lhães, fazem a casa há quatro anos. Com o advogado

Afonso Pinheiro Torres, o trio de sócios completa-se.

A boa manja está portanto garantida pelas raízes portu-

guesas dos pratos, pela experiência e pela criatividade

da autora – salivámos com uma Vazia de Borrego em

Massa Folhada com Batata Gratinada e Esparregado.

Restaurante Oporto

104 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

texto de Paulo Costa Dias | fotos de Nuno Correia

Um belo local para saciar o estôma-

go e deixar o tempo correr rodeado

de coisas belas.

Oporto Restaurante | Largo da Igreja da Foz - Porto | Tel. + 351 226 100 727

Page 105: Espiral do Tempo 25

105Saborear o Tempo Restaurante Oporto

“Um relógio bonito, divertidoe arrojado com a classe e a qualidade que estão

inerentes à marca Franck Muller.”

Emília Magalhães

Franck Muller Long Island Color Dreams • € 8.340

Page 106: Espiral do Tempo 25

Um campo de golfe é, quase sempre, uma zona de grande beleza paisagística, eventualmente pontuado por uma

urbanização razoavelmente integrada, e que nos permite um afortunado contacto com a natureza. Mas poucos

campos conseguirão representar tão bem o que de mais significativo uma região – a sua região – tem para oferecer.

Junto a uma vila diminuída por um centro

histórico com demasiados edifícios devolutos e deca-

dentes, e com os habituais arrabaldes de construção de-

sordenada, há, em Ponte de Lima, um campo de golfe

que nos proporciona o que de melhor o Minho ainda tem

para oferecer. A tranquilidade e a beleza de paisagens

centenárias, a hospitalidade e a qualidade da mesma, a

evocação das raízes de um povo.

Ao percorrermos os 18 buracos por um percurso de

elevações e declives mais ao menos acentuados – oca-

sionalmente muito acentuados –, um percurso onde o

desafio é uma constante, pelo jogo e pelo exercício físi-

co, vamo-nos envolvendo numa paisagem bucólica que

preenche a nossa memória de um Minho mítico.

O campo de golfe foi concluído há doze anos, e nele

ficaram incluídas uma série de hortas e pequenas pro-

priedades familiares que ainda hoje estão activas e que

emprestam a este circuito um pitoresco surpreendente.

Hortas bem cuidadas, com as suas latadas de uvas para a

produção de vinho verde, os ribeiros que correm junto ao

green, a omnipresença do granito, a mata envolvente.

O ar puro, que se sente antigo, os odores intensos da

mata e dos campos lavrados, o sino da igreja que toca

ao longe. No meio do percurso, ressaltam do verde en-

volvente o recorte e as cores de um pequeno solar, com

um enorme brasão fronteiro como é típico da região que

serve hoje o turismo. Mas não se fica por aqui a oferta ho-

teleira porque, mais à frente, enquadrado na paisagem,

o simpático Hotel do Golfe complementa a oferta.

Com jogadores provenientes sobretudo do Porto,

Guimarães e Braga, a sua ocupação alarga-se agora, sig-

nificativamente, a hostes de bons vizinhos galegos. Um

verdadeiro refúgio dirigido com eficácia e fidalguia por

Manuel Francisco de Miguel, administrador e rosto deste

golfe de Ponte de Lima, ao qual o ligam afectos que vão

além dos profissionais. A apenas 20 km do mar e 60 km

do Porto, este campo Par 71 concebido por Daniel e David

Silva desenha-se em duas voltas de nove buracos com

início e fim no Clubhouse. Uma inspiração para amadores

e um desafio para profissionais.

Golfe de Ponte de Lima

106 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

texto de Paulo Costa Dias | fotos de Nuno Correia

Golfe de Ponte de Lima | Quinta de Pias - Fornelos | Tel. + 351 258 743 414 | www.golfe-pontedelima.com

Relações entre opostos:

a tranquilidade do espaço e o carácter

marcadamente racing do relógio.

Page 107: Espiral do Tempo 25

107Saborear o Tempo Golfe de Ponte de Lima

Manuel Francisco de Miguel

“Uma bela máquina que me seduziu.O que faltou foi um familiar 911 Turbo Cabriolet, para o levar

a passear com os ponteiros ao vento.”

Porsche Design Flat Six Automatic Chronograph • € 2.680

Page 108: Espiral do Tempo 25

Ficha Técnica

Fotografia: Frederico Van Zeller

Assistente de Fotografia: Elisete

Make-up e Cabelos: Catarina Pedroso

Produção: Manuel Medeiro

Manequins: Flor, Elise e Andreia Rodrigues – L’Agence

Page 109: Espiral do Tempo 25

A Espiral do Tempo realizou uma produção de moda que se desenrolou no cenário do inovador

Farol Design Hotel, em Cascais. Numa tarde banhada pelo sol,

os convidados que assistiram ao evento cheio de ‘glamour’

conheceram as tendências da moda para relógios e jóias para o

Verão que se aproxima, onde se misturaram marcas de alta-

-relojoaria e marcas de moda. Quem por lá passou pôde experi -

mentar os exemplares que prometem marcar a estação quente e

assistir a uma sessão fotográfica exclusiva.

Page 110: Espiral do Tempo 25

Franck Muller

Cintrée Curvex Color Dreams

Caixa em aço e correia em pele de jacaré € 7.320

Page 111: Espiral do Tempo 25

Audemars Piguet

Royal Oak Offshore Lady

Caixa em aço com 32 brilhantes e correia em cauchu € 35.360

Page 112: Espiral do Tempo 25
Page 113: Espiral do Tempo 25

Versace

DV One Rose Limited Edition

Caixa e bracelete em cerâmica rosa, luneta em ouro rosa 18k com 45 safiras

(2,2 ct) e mostrador em madre-pérola com 11 safiras rosa € 5.400

Page 114: Espiral do Tempo 25

Just Cavalli

Brincos Amuleto: € 108

Pendente Amuleto: € 225

Pulseira Dragon: € 168

Page 115: Espiral do Tempo 25

Versace Colecção Wave Crown

Brincos: Ouro branco 18k com diamantes (0,90 ct) € 8.050

Anel: Ouro branco 18k com diamantes (0,95 ct) € 6.520

Franck Muller Long Island

Caixa em ouro rosa 18k e correia em pele de jacaré € 8.640

Page 116: Espiral do Tempo 25

[ Acontecimentos ]

O segundo trimestre deste ano foi marcado por festas e eventos desportivosonde as grandes marcas da alta-relojoaria e joalharia tiveram papel de revelo. Realizou-se a Apresentação Mundial de alta-relojoaria e a célebre gala

Panda Ball. Franck Muller marcou presença em Portugal numa cerimónia de homenagem a Pinto da Costa. Este arranque do Verão foi ainda

marcado pela luta contra a pirataria da Audemars Piguet e pela adesão da Raymond Weil ao mundo virtual.

116 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Cerca de 400 convidados juntaram-se no Salão Parque das Nações do Palácio da Bolsa, no Porto, para

homenagear Pinto da Costa que completou 25 anos de presidência do F. C. Porto. Entre as caras conhe-

cidas do mundo do futebol e da sociedade civil destacou-se a presença do fabricante de relógios suíços

Franck Muller. O relojoeiro subiu ao palco para oferecer ao dirigente do clube desportivo uma versão

única de um relógio de platina. «É uma prenda especial para um grande homem. Ele é um exemplo

para todos nós, um exemplo de perseverança, de luta e de vitória», disse Franck Muller. O fabricante

suíço já tinha sido responsável pela edição do relógio «Conquistador», alusivo à conquista do F.C.Porto

da Liga dos Campeões em 2004.

Franck Muller na homenagem a Pinto da Costa

Jaeger-LeCoultre realiza torneio de póloPela segunda vez, o Jaeger-LeCoultre Spring

Gold Cup juntou, na Costa Esmeralda, Sarde-

nha, Itália, oito equipas com os mais experien-

tes jogadores de pólo da Europa, Argentina e

EUA. Depois do sucesso da primeira edi ção

em 2006, o evento é hoje considerado um

dos mais prestigiados da velha modalida de.

A equipa da Jaeger-LeCoultre é liderada pelo

italiano Luca E. D’Orazio e é também com-

posta por três jogadores argentinos. O fa-

moso campeão Valentino Rossi, embaixador

e confesso admirador das criações da Manu-

factura, foi o convidado de honra do evento,

que decorreu entre 24 de Maio e 2 de Junho.

Para comemorar a ocasião, a marca relojoeira

apresentou a nova colecção Reverso Squadra

Hometime Black. Enquanto a antiga colecção

com o mesmo nome era caracterizada por for-

ma icónica rectangular, a nova surge com um

formato absolutamente moderno, com mode-

los desportivos. Jaeger-LeCoultre aproveitou

também para apresentar a colecção Reverso

Squa dra Chronograph GMT Black, que une a

vertente desportiva com a qualidade e pre-

cisão características da marca. A apresentação

das novas colecções foi realizada durante um

cocktail que contou com a presença do fa-

moso jogador de pólo Adolfo Cambiaso.

‘Dream Team’ oferece recorde a TAG HeuerDois pódios completos consecutivos: o 'Dream

Team' de pilotos da TAG Heuer ocupou os três

primeiros lugares das duas primeiras corridas do

Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de 2007,

estabelecendo um recorde sem precedentes. Os

três embaixadores da TAG Heuer na Fórmula 1

– o duplo campeão do mundo Fernando Alonzo

e Lewis Hamilton na McLaren-Mercedes e Kimi

Raikkonen na Ferrari – repartiram entre si as pri-

meiras posições nas corridas de Melbourne (Aus-

trália) e Sepang (Malásia) e figuram naturalmente

no topo da classificação.

Page 117: Espiral do Tempo 25

117Acontecimentos

Este ano, a célebre gala Panda Ball du WWF realizou-se no dia 4 de Maio em Raffles Le

Montreux Palace, na Suíça. Quatrocentos convidados assistiram a uma noite pensada para

favorecer as riquezas naturais do Mediterrâneo. O Príncipe Alberto do Mónaco foi o convidado

de honra e a marca suíça de alta-relojoaria Raymond Weil ofereceu o primeiro prémio da

muito concorrida tômbola do Panda Ball, o ponto alto da noite. A marca ficou muito satisfeita

por colaborar com o WWF International através da oferta do primeiro prémio, um relógio de

senhora com 18 quilates da colecção Parsifal. As receitas do sorteio da tômbola reverteram

na sua totalidade para o financiamento do projecto de protecção dos tesouros naturais do

Mediterrâneo. O presidente da direcção-geral da Raymond Weil, Olivier Bernheim, aproveitou a

ocasião para anunciar que a marca está empenhada na protecção do planeta e do ambiente.

Raymond Weil no Panda Ball

O mítico actor Alain Delon e o mestre-relojoeiro

François-Paul Journe juntaram-se na criação de

uma peça única que une as paixões das duas

personalidades e que vai ser leiloada a favor da

caridade. Delon e FP Journe criaram um relógio

inspirado no filme Il Gattopardo (O Leopardo) do

realizador italiano Luchino Visconti, no qual o ac-

tor participou. O relógio em ouro branco exibe

um mostrador com as gravuras de três leopardos,

feita por Bernard Ditzoff, ao estilo do escultor

Rembrandt Bugatti, de quem o actor é grande

apreciador. O leilão da peça realizou-se a 21 de

Março, no hotel Président Wilson em Genebra e

a orquestra que acompanhou o evento foi regida

pela batuta do maestro Simon de Pury. As recei-

tas reverteram a favor da Fundação IRP, empe-

nhada na luta contra a paralisia.

FP Journe e Alain Delon

Na conferência de imprensa de apresentação do

novo filme ‘O Quarteto Fantástico e o Surfista Pra-

tea do’, em Sydney, na Austrália, a actriz Jessi ca

Alba, que protagoniza a película de aventura, apa -

receu envergando um Versace DV ONE no pulso.

Jessica Alba com Versace no pulso

Mestre das profundezasFoi uma produção complicada e altamente téc-

nica, envolvendo duas embarcações em alto-mar,

dois robôs, uma dúzia de mergulhadores profis-

sionais e engenheiros electrónicos e informáticos.

Mas, às 10h 09m de 14 de Junho, o relógio Master

Com pressor Diving 1000 GMT da Jaeger-LeCoultre

atingiu os 1080 metros de profundidade, ao largo

da ilha de Lanai, no arquipélago do Hawai, no

meio do Oceano Pacífico. Esta imagem, obtida

por uma câmara montada no robô, regista o mo-

mento exacto do feito, que foi presenciado de

perto por 50 jornalistas vindos de todo o mundo,

incluindo o representante da Espiral do Tempo.

O relógio, pertencente a uma nova linha estará

disponível no início de 2008.

Page 118: Espiral do Tempo 25

118 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Acontecimentos ]

Kimi Räikkönen e Jean--Christophe Babin num momento que espelha o estado de espírito reinan te. Os pilotos profissionais que conduziram os convidados numa aluci-nante demonstração de velocidade.

Miguel Barbosa defendeu brilhantemente a repre-sentação portuguesa ao conquistar o primeiro lugar na prova de habilidades de condução.

A pista do Le Castellet foi palco de um evento único no dia 26 de Junho: 80

convidados da TAG Heuer puderam experimentar a sensação de estar atrás do

volante de alguns dos mais extraordinários carros de Grand Tourism. O evento

ocorreu na sequência de uma iniciativa da TAG Heuer e da Fundação Save

The Children, que juntou 28 personalidades numa sessão fotográfica, onde

foram fotografadas ao volante dos lendários carros e com um modelo da nova

colecção Grand Carrera no pulso. A comitiva portuguesa que participou no ac-

ontecimento foi representada pelo piloto de todo-o-terreno Miguel Barbosa. O

piloto luso, que já partici pou por duas vezes no Lisboa-Dakar, deu destaque à

presença portuguesa no evento ao arrecadar o primeiro lugar no pódio na única

competição do dia, a prova de habilidades de condução.

Page 119: Espiral do Tempo 25

119Acontecimentos

Durante todo o dia, os 80 convidados conduziram ‘grandes máquinas’ da Audi, Porsche,

Mercedes McLaren, Ferrari, Aston Martin, entre outras. No final da tarde, foram conduzi-

dos durante duas voltas por famosos pilotos de F1, entre os quais Kimi Räikkönen,

David Coulthard, Mark Webber e Sebastien Bourdais.

A noite foi de festa, no Hotel du Castellet, onde mais convidados se juntaram para um

jantar sumptuoso. No caminho para a sala onde decorreu o repasto, numa tela com

cerca de 20 metros estavam expostas as fotografias das vinte e oito personalidades que

participaram na sessão fotográfica, que foi transformada em livro, cujos lucros de venda

reverteram a favor da Save The Children. Durante o jantar, que serviu também para a

apresentação da nova colecção Grand Carrera, o CEO da TAG Heuer, Jean-Christophe

Babin, fez um discurso de agradecimento aos participantes da iniciativa.

Hotel du Castellet

Alain Prost, o seu filho e o actor japonês Koji Yakusho

Jean-Christophe Babin apresenta o projecto Grand Carrera/Save the Children

Peter Ho, actor e cantor chinês com David Coulthard e Jay Kay.

Sebastien Bourdais, co-piloto da equipa Peugeot de Le Mans

Nick Mason baterista dos Pink Floyd

Bryan Habana, estrela sul-africana de rugby

Katarina Witt, patinadora alemã

Jay Kay (Carrera 360) e Jean-Christophe Babin usando o novo Grand Carrera

Jean-Christophe Babin e Jack Heuer

Page 120: Espiral do Tempo 25

[ Acontecimentos ]

Audemars Piguet na luta contra a pirataria O fabrico de relógios suíços assistiu a uma expansão

imensa nos últimos anos. Mas, como há sempre o

reverso da medalha, também o negócio das cópias

e da contrafacção aumentou. As cópias de plás-

tico dos modelos de sucesso das grandes marcas

aparecem já no mercado convencional, além dos

tradicionais recursos da contrafacção, como as feiras.

A Audemars Piguet decidiu agir contra as cópias e

a contrafacção e criou um observatório, composto

por advogados e investigadores, para o efeito. São

já diversos os resultados do trabalho obtidos pelo

observatório. Entre estes, encontram-se os que de

seguida se exemplificam. Durante o evento Base-

world 2006, um stand que distribuía produtos Mac-

team Offshore (Altanus SpA) foi fechado e produtos

da VIP (Eurotrade SrL) foram apreendidos e durante

a edição de 2007 do mesmo evento os produtos da

Drops (Ritmo Mvndo) também foram apreendidos.

Quinze processos legais e criminais foram instau-

rados na Suíça, em Itália e na França contra ven-

dedores e retalhistas que distribuíam cópias.

Na luta contra a contrafacção, a Audemars Piguet

organizou, em 2006, 126 raids que resultaram na

apreensão de 6300 peças contrafeitas e no encer-

ramento de 120 websites que vendiam peças con-

trafeitas da marca.

Raymond Weil adere ao “Second Life”A Raymond Weil foi a primeira fabricante de reló-

gios a aderir ao ciberespaço e a criar uma ilha vir-

tual no Second Life, que vai inaugurar em Agosto.

Nabucco é o nome da mais recente colecção de

relógios da marca, que vai ser lançada em Portugal

em Setembro, e é também o nome escolhido para

a ilha que vai abrir as portas aos cibernautas no iní-

cio de Agosto, na comunidade virtual 3D no Second

Life. Mais de sete milhões de pessoas usam regu-

larmente o Second Life, o mais recente fenómeno

da Internet, que une diversas comunidades virtuais

e que já pôs os departamentos de marketing das

grandes empresas mundiais a pensar na melhor

forma de utilizar este novo veículo de comunicação.

Várias empresas já abriram portas no SL, como a

IBM, Toyota, Warner Bros., Nokia, Nike e Reuters.

Em Portugal, a Universidade de Aveiro foi a primeira

instituição de ensino a comprar a sua própria ilha no

mundo virtual também conhecido como a «Internet

3D». Elie Bernheim, o director de comunicação da

Raymond Weil, explica o que levou a marca a apos-

tar no mundo virtual: «O Second Life é um canal

fantástico de comunicação que nos permite chegar

mais perto dos nossos clientes finais».

120 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Estrelas exibem criações ChopardForam várias as personalidades do cinema que participaram no Festival de Cinema de Cannes usando

criações da Chopard. Maria de Medeiros, que fazia parte do júri, usou um requintado conjunto de colar

e brincos de diamantes e um fino modelo quartz. Bar Refaeli, modelo, actriz revelação e namorada

de Leonardo DiCaprio (na foto com Caroline Scheufele-Gruosi) escolheu um colar de diamantes e ouro

branco, da colecção Red Carpet. A Chopard é a marca de referência quando se trata de adornar as mais

belas mulheres do mundo.

Page 121: Espiral do Tempo 25

Alta-relojoaria em festa memorávelA décima edição da Apresentação Mundial de alta-relojoaria (World Pres-

entation of Haute Horlogerie – WPHH) foi um sucesso estrondoso. Sete

empresas do grupo Franck Muller (Franck Muller Genève, Pierre Kunz, ECW,

Rodolphe, Barthelay, Backes & Strauss and Martin Braun) exibiram todos os

modelos das suas novas colecções, num espaço com mais de 4500 metros

quadrados criado especialmente para a ocasião, no parque e no castelo de

Watchland, em Genthod. A exibição, que esteve aberta ao público de 15 a

22 de Abril, recebeu mais de seis mil visitantes e 550 jornalistas de todo o

mundo. O ponto alto do evento foi a grande gala de 18 de Abril, que contou

com a presença do lendário cantor galês Tom Jones. A actuação insere-se

no habitual convite da marca a grandes nomes para actuar nas suas galas,

como Tony Bennet e Ray Charles. Uma vez que não está presente nas feiras

e salões de relojoaria em Genebra e Basileia, a marca Franck Muller organiza,

anualmente, um evento que decorre nas instalações da marca, em Genthod.

O próximo WPHH vai realizar-se de 6 a 13 de Abril de 2008. Com o glamour

próprio do evento, várias foram as belezas presentes na festa.

Katherine Jenkins é nova embaixadora internacional da MontblancA cantora de ópera Katherine Jenkins é a nova embaixadora internacional da Montblanc. No seu

novo papel, Katherine vai estar em destaque na campanha publicitária da marca e estará também

presente na inauguração das novas boutiques Montblanc, em Tóquio e Londres. Em contrapartida,

a Montblanc vai patrocinar a tournée da cantora lírica por todo o Reino Unido e apoiará, também, a

sua expansão a nível internacional. A cantora lírica vai ser a imagem dos relógios, artigos em couro,

joalharia e instrumentos de escrita da Montblanc. «Quando conhecemos Katherine Jenkins pela pri-

meira vez, ficámos impressionados com a sua personalidade apaixonada e genuína. Soubemos, de

imediato, que era perfeita para apresentar os nossos produtos femininos e para representar a mar-

ca. Sendo uma jovem artista de sucesso a caminho do topo, ela reflecte exactamente o público a

que pretendemos chegar com os nossos produtos», disse Wolff Heinrichsdorff, CEO da Montblanc.

121Acontecimentos

Page 122: Espiral do Tempo 25

122 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

Tourbograph «Pour le Mérite» é o relógio do ano de 2007A Baselworld, a mais importante feira internacional

da indústria relojoeira e de joalharia, elegeu, mais

uma vez, a melhor peça de relojoaria. E, mais uma

vez, o prémio foi para a A. Lange & Söhne. O Tourbo-

graph Pour le Mérite foi escolhido pelos leitores do

jornal de domingo alemão Welt am Sonntag e da

revista da especialidade Armbanduhren. O mode lo

exclusivo do fabricante saxão Lange, que foi apre-

sentado ao público em Outubro de 2005, venceu

com 1285 votos dos 19.342 registados. Arrecadou,

assim, o primeiro prémio pela quinta vez na sua

curta vida. Apenas 101 exemplares deste modelo

vão ser fabricados à mão pelos mestres-relojoeiros

da marca. A versão em platina do mesmo custa

389.800 euros.

Uma fusão tecnológicaAs empresas de Vaud, Valtronic e AP Technologies,

fundiram-se de forma a criar um novo centro para

tecnologia médica em Vallée de Joux. A nova ins-

tituição, Valtronic Technologies, já conseguiu atin-

gir um lucro no valor de 70 milhões de francos. A

AP Technologies já fez parte do departamento de

engenharia mecânica e electrónica da Audemars

Piguet. A recém-nascida companhia tem um ob-

jectivo de 100 milhões de vendas para 2010, com

vinte novos cargos de alta qualificação. No total, a

Valtro nic Technologies tem mais de 500 emprega-

dos, estando os estrangeiros divididos pelas nacio-

nalidades norte-americana, marroquina e romena.

Para já, a empresa vai investir dez milhões na cons-

trução de um segundo edifício-sede.

[ Acontecimentos ]

3.ª Edição do Grande Prémio ChopardNa terceira edição do Grande Prémio Chopard de vela juntaram-se à competição dois novos barcos

Décision 35 e, pela primeira vez, o evento contou com a participação de uma tripulação exclusivamente

feminina. O prémio foi um modelo especial da marca e coube a Alain Gautier, marinheiro do D35 Foncia.

A marca de alta-relojoaria Chopard aposta na vela porque as duas coisas têm os mesmos princípios

fundamentais: a escolha dos materiais, a precisão, a inovação, a discrição e a atenção nos detalhes.

Por isso, a empresa, sedeada em Genebra, decidiu apoiar o barco Cadence, de Jean-François Demole,

amigo do vice-presidente da Chopard, Karl-Friedrich Scheufele. Desde há três anos que organiza uma

competição da modalidade, que tem como palco de arranque o porto de Genebra. Pela segunda vez

desde que o Grande Prémio Chopard de vela foi criado, Karl-Friedrich Scheufele presenteou o vencedor

da competição com um cronómetro L.U.C. Pro One GMT. No entanto, o prémio deste ano tem um sig-

nificado maior, uma vez que o L.U.C Pro One Cadence, disponível apenas em mil edições, foi feito es-

pecialmente em honra do barco D35, usando o seu nome e assumindo os seus excelentes resultados.

Paume Photography Os laureados da primeira edição do Jeu de

Paume Photography Awards, que se realizou

em 2006, ganharam, além de um prémio mone-

tário, a oportunidade de exibirem os seus tra-

balhos numa exposição que se realizou de 24

de Abril a 3 de Junho de 2007, acompanhada

de uma publicação que reúne todas as obras

vencedoras. A marca relojoeira Jaeger-LeCoultre

apoiou tanto a realização da competição como

a publicação que se seguiu. Mais uma vez, a

marca mostra o seu apoio pela fotografia jo-

vem e criativa.

Page 123: Espiral do Tempo 25

As horas de Wimbledon são RolexHá mais de 25 anos que os espectadores de todo o mundo assistem aos melhores tenistas joga-

rem tendo como plano de fundo relógios da Rolex. Patrocinador e timekeeper oficial desde 1978,

a Rolex é a parceira ideal do maior torneio de ténis mundial e partilha com Wimbledon um forte

compromisso com a excelência. De 25 de Junho a 8 de Julho realiza-se a 121ª edição do evento, que

corresponde ao 29º aniversário da parceria. O mundo vai estar com os olhos postos no sumptuoso

relvado de Wimbledon e contar todos os segundos das partidas nos ponteiros dos relógios Rolex

no recinto. Depois de quase 30 anos de uma parceria que provou ser mais do que apropriada pela

partilha de ideais, a Rolex promete continuar a ‘dar cartas’ no mundo do ténis. Exemplo disso é o

dossier que a empresa relojoeira criou para a ocasião no seu site (www.rolex.com).

Jaeger-LeCoultre no pulso de Bruce WillisNa capa da mais recente edição da revista ame-

ricana “Life Style”, a estrela de Hollywood Bruce

Willis foi fotografado usando um Master Geogra-

phic da Jaeger-LeCoultre. Numa publicação que

pro move os seus conteúdos como “the very best

the world has to offer”, a estrela de Hollywood

também não deixa por mãos alheias o excelente

gosto pela escolha dos seus relógios. À semelhan-

ça de Leonardo DiCaprio e de Clive Owen também

Bruce Willis elege as criações da Manufactura para

ter o seu tempo sob controle.

Chopard e Sir Elton John juntos contra a SidaPelo nono ano consecutivo, Sir Elton John e David Furnish abriram as portas da sua casa em Windsor

para o White Tie and Tiara Ball. O evento, que tem como objectivo angariar fundos para a Elton John

AIDS Foundation, activa na luta contra a Sida, realizou-se este ano a 28 de Junho, mais uma vez tendo

como parceira a Chopard. O tema desta edição do White Tie and Tiara Ball foi a noite de Las Vegas, ex-

travagante, ao mais puro estilo de Elton John. Entre as muitas estrelas que compareceram àquele que é

considerado um dos maiores acontecimentos anuais de Londres, estiveram Liz Hurley e a co-presidente

da Chopard Caroline Scheufele-Gruosi.

Grupo Richemont aumenta os seus lucrosO grupo de artigos de luxo Richemont, lucrou 1,329

biliões de euros durante o seu último ano fiscal

(que encerrou a 31 de Março), o que representa

um aumento de 21% em relação ao mesmo perío-

do de 2006. Impulsionada pelo momento positivo

que o sector atravessa, a companhia, informou que

a sua facturação também aumentou 12%, chegan-

do a 4,830 milhões de euros, enquanto o resultado

operacional cresceu 24%, aumentando para 916

milhões. A estratégia do grupo é, segundo os seus

responsáveis, «apoiar-se no potencial das marcas,

contar com uma carteira de produtos equilibrada e

manter presença em todas as regiões do mundo a

fim de reduzir os riscos», já que o sector do luxo

está muito exposto às crises económicas.

123Acontecimentos

Page 124: Espiral do Tempo 25

124 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Acontecimentos ]

Jaeger-LeCoultre organiza Master Class em PortugalA Jaeger-LeCoultre realizou em Portugal um Master Class na Fundação Medeiros e Almeida, em Lisboa,

destinado a jornalistas e amantes da relojoaria. De 28 de Maio a 1 de Junho, oito grupos de dez pes-

soas participaram num curso com vertentes teórica e prática sob a orientação do mestre relojoeiro

suíço Frank Martin. O mestre veio de propósito da Suíça, trazendo consigo todo o material necessário,

incluindo bancadas, computadores e instrumentos relojoeiros, para ensinar aos portugueses alguns

processos básicos da relojoaria mecânica. No final do Master Class todos tinham desmontado e remon-

tado o Calibre Jaeger-LeCoultre 875, que equipa o Reverso Grand Reserve. A Fundação Medeiros e

Almeida, que serviu de palco, durante uma semana, ao curso de relojoaria, é proprietária de um vasto

espólio relojoeiro. Na sala dos relógios, há 225 exemplares datados desde o século XVI, alguns dos

quais são exemplares únicos carregados de história, ou raridades de valor incalculável.

Mostradores Franck Muller em exposição A Franck Muller realizou várias exposições

em lojas em Lisboa e no Porto. Durante

Maio e Junho, a colecção do relojoeiro suí-

ço este ve exposta na ourivesaria Anselmo

1910, no Centro Comercial Colombo, na Tor-

res Joalheiros, na Rua Áurea, e na Manuel

dos Santos Jóias, no Saldanha Residence.

A colecção ainda pode ser vista na Ferdior

Jóias, no NorteShopping, e na Machado Joa-

lheiro, na Avenida Boavista, no Porto.

Sector patrocina campeã de jet skiJá arrancou o Campeonato da Europa de jet

ski e Inês Pe reira assume o favoritismo a lutar

para o ranking dos 10 melhores da Europa e do

Mun do. Um dos patrocinadores da equi pa é a

marca de relógios desportivos Sector. Também

no início de Maio deu-se o início do Campeo-

nato Nacional de Jet Ski 2007 e, mais uma vez,

Inês Pereira partici pou, patrocinada pela con-

hecida marca de relógios desportivos. A piloto

levou a sua Kawasaki oficial ao limite, ven-

cendo as duas mangas da Classe Profissional

de Senhoras e ficando em segundo lugar na

Classe Profissional de Homens. Inês Pereira foi,

em 2005, terceira classificada no Campeonato

da Europa e quinta classificada no Campeonato

do Mundo e campeã nacional em 2006.

Page 125: Espiral do Tempo 25

Edição limitada Fortis TAP Pilot testada num F16Afinal, tratava-se de uma evolução mais do que natural: após

várias edições limitadas associadas a esquadras da Força Aérea

Portuguesa e mesmo à fragata Corte-Real, surge finalmente o

Fortis TAP Pilot – uma série de tributo aos pilotos da companhia

aérea portuguesa. O Fortis B42 Crono Alarme TAP PILOT, série

limitada de 300 peças, foi testado no dia 1 de Junho na Base

Aerea No.5, em Montereal. O teste decorreu durante mais uma

missão de treino do novo F16 da Força Aérea Portuguesa. Coube

ao capitão Pilav Rosa “JEDI” da esquadra 301 Jaguares, testar o

modelo de tributo aos pilotos da TAP. O Fortis TAP Pilot supor-

tou, durante o teste, uma pressao de 6G.

Page 126: Espiral do Tempo 25

[ Livros ]

Montres SportivesO livro convida o leitor a viajar ao longo dos anos

com que se faz a história da relojoaria de precisão. As

técnicas, os homens que as concretizam e as marcas

que ousam criá-las são o tema central deste livro que

se organiza em oito capítulos que vão desde o fun-

cionamento dos relógios desportivos, dos cronógrafos

e cronómetros até à apresentação dos modelos que

contam a evolução das peças de precisão.

• Por Constantin Parvulesco • Edições ETAI

• Texto em Francês • Formato 30 x 25 cm

• 178 páginas • Capa dura • € 65

A arte de medição do tempo, em geral, e a tradicional arte relojoeira, em particular, constituem um mundo fascinante e mesmo viciante. Como tal, a história da relojoaria, a complexidade das complicações micromecânicas,

a evolução do design, a respectiva inserção na conjuntura socioeconómica e as lendas da indústria relojoeira surgem bem documentadas em vários

livros que prometem ser uma leitura extremamente agradável para os aficionados. Alguns desses livros são mais técnicos, outros mais históricos,

outros são mais uma espécie de catálogo de marcas. Alguns são para principiantes, outros para coleccionadores experimentados. Mas todos eles

despertam o interesse de quem aprecia tudo sobre a relojoaria: factos históricos, curiosidades, anedotas, mitos.

Jaeger-LeCoultre - La Grande Maison

Este é o livro referência sobre a Jaeger-LeCoultre, a ‘Gran de Casa’ relojoeira fundada por Antoi-

ne LeCoultre. Ao longo das quase 400 páginas são apresentas dezenas de criações antigas e

alguns dos relógios com que a marca tem surpreendido o universo relojoeiro. As mais de 600

ilustrações, as fotografias e os textos tornam esta obra indispensável para um apaixonado

da bela relojoaria.

• Por Franco Cologni • Edições Flammarion

• Texto em Francês • Formato 25 x 29 cm

• 381 páginas • Capa dura • € 165

126 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

MontresO inventário do especialista

Organizada por décadas, esta obra propõe-nos uma

viagem de descoberta dos modelos e dos nomes da

indústria relojoeira que fizeram história ao longo de

todo o século XX. As fotografias dos relógios mais em-

blemáticos de cada época estão em destaque, bem

como os pormenores técnicos de cada peça e a fechar,

um glossário com termos técnicos.

• Por René Pannier • Edições Vilo Paris • 219 páginas

• Texto em francês • Formato 18 x 24 cm

• Capa semi-dura • € 45

Les montres et horloges de table du Musée du Louvre - Tome II

As mais de duas centenas de relógios de bolso e de

mesa, balizados entre os séculos XVI a XIX, analisados

pela conservadora Catherine Cardinal, compõem este

segundo volume. O catálogo com peças de diferentes

colecções, permite descobrir mais os objectos de arte

guardados no Musée du Louvre.

• Por Catherine Cardinal • Texto em francês

• Edição Réunion des Musées Nationaux

• Formato 26 x 27 cm • 239 páginas

• Capa dura • € 65

Page 127: Espiral do Tempo 25

La folie des montres

Um pequeno livro quadrangular de leitura simples e rápida, com vários capítulos referentes a

diversos tipos de abordagem relojoeira e com a ilustração de um relógio por página. Apresenta

fotografias dos relógios de pulso mais marcantes do século XX e de alguns modelos de excepção

verdadeiramente raros.

• Por G.-A. Berner

• Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.

• Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas • Capa dura • € 30

Vrais & Fausses MontresUm dos grandes temas da actualidade em relação à

indústria do luxo é o fenó me no da contrafacção, sendo

um dos sec tores mais vulneráveis a este flagelo econó-

mico, justamente, o sector relojoeiro, nomeadamente

no ‘ataque’ que é feito às marcas mais prestigiadas. Daí

a pertinência deste livro que nos ajuda a destrinçar o

‘trigo do joio’ mostrando as diferenças, bem mais ób-

vias do que se pensa, entre o original e as cópias.

• Por Fabrice Guêroux • Edição ArgusValentines

• Texto em Francês • Formato 15 x 21,5 cm

• 320 páginas • Capa dura • € 65

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La Cote de Montres Modernes et de Collection

Este livro ajuda-nos a aferir o valor de cerca de 650

modelos das principais marcas, pelo que se torna um

livro fundamental para quem faz colecção, para todos

os que o desejam vir a fazer ou para aqueles que têm

a sorte de herdar algum dos relógios de pulso encon-

trados no armário do sótão, na quinta do avô. Aqui en-

contra as principais características, o preço caso ainda

seja produzido e a cotação atribuída.

• Por MMC • Edição ArgusValentines

• Texto em Francês • Formato 21,5 x 30 cm

• 219 páginas • Capa dura • € 80

Relógios e RelojoeirosQuem é quem no tempo em Portugal

Ao longo das quase 200 páginas, José Mota Tavares

e Fernando Correia de Oliveira apresentam-nos os no-

mes e os rostos de quem tem trabalhado e investiga-

do a arte de medir o tempo em Portugal. Investigado-

res, re lojoeiros e autodidactas são apresentados neste

livro que recupera o contributo que cada um deu em

di ferentes épocas.

• Por José Mota Tavares e Fernando Correia de Oliveira

• Âncora editora • Texto em Português

• Formato 30 x 23 cm • 199 páginas

• Capa dura • € 60

Page 128: Espiral do Tempo 25

[ Internet ]

www.fpjourne.com

www.raymond-weil.com

www.fortis-watch.com

www.porsche-design.com

www.chopard.com

www.jaeger-lecoultre.com

www.thebritishmasters.com

www.audemarspiguet.com

128 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

www.torresdistrib.com

Torres Distribuição com novidades na InternetA Torres Distribuição tem um novo site: uma nova imagem inovadora, com um design prático, acessível e cheio de novidades. No

novo site da empresa líder na importação e distribuição de marcas de alta-relojoaria em Portugal, encontra informação sobre tudo o

que se passa no sector, em geral e em particular, podendo orientar a pesquisa de notícias pelas marcas representadas pela empresa.

A Torres Distribuição decidiu aderir em força à era digital e a aposta é visível nos vídeos e imagens que disponibiliza no novo site.

Pode também ver as colecções sempre actualizadas das marcas representadas pela empresa. No site pode ainda inscrever-se para

receber a newsletter com todas as informações mais recentes do mundo da alta-relojoaria ou, se for jornalista, registar-se no Press

Corner para fazer o download de fotografias em alta resolução para publicar.

Page 129: Espiral do Tempo 25

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Como se vê no mundo dos relógios? Onde viu a Espiral do Tempo?

Coleccionador Apaixonado Curioso Banca TAP Relojoaria Hotel/Golfe

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Page 130: Espiral do Tempo 25

Março, 15h 35mNaquele sábado, intelectualizei o que distingue a coisa

patinada da coisa simplesmente estragada. O raspão

ao de leve numa aresta de vidro havia riscado o aço

es covado do cronógrafo – como é que o vidro risca o

aço?! – e o que antes parecia novo já não o era. Não

havia patine que lhe valesse. Aquela patine de coisa

bem usada, como nos relógios muito gastos ou no

descolorido arranhado dos estofos de cabedal Connolly

de um clássico inglês. Os americanos, com a sua pro-

verbial tendência para o exagero, já compreenderam

que a fortuna gasta no restauro de um carro clássico o

plastificava, descaracterizava como coisa que é suposto

demonstrar uso, e alguns gastam agora novas fortunas

a patinar o que outros quiseram ver over restored.

Também interiorizei que não possuo especiais do-

tes de poli dor de caixas de relógios, não obstante o

estojo de fer ramentas eléctricas que em tempos com-

prei para o efeito.

Abril, 08h 45mO túnel do Marquês aí está, atrasado, e, ao que dizem,

com um custo para o erário público muito além do or-

ça mentado. Nada de novo, portanto.

Inaugurada a obra, notícia de primeira página e

de abertura dos noticiários televisivos deste ‘Portugal

dos Pequeninos’, recrudesceram as críticas dos espe-

cialistas e dos entendidos – um deles teimava em falar

nas alternativas ao túnel, como se ele não existisse

já e a boa solução fosse agora aterrá-lo – bem como

os costumeiros maus agoiros e bota-abaixo. Enquanto

isso, cerca de 30 mil inexpertos na matéria utilizaram-

no nesse dia inaugural e agradeceram a obra.

Abril, 23h 30mO País, sentado no sofá e no banco da taberna, assis-

te ao big brother do quotidiano da nossa democracia,

todos transformados em figurantes e actores instan-

tâneos da tragédia daqueles que são interrogados e

dos que foram constituídos arguidos, depois de apara-

tosamente transportados a velocidades disparatadas,

mimetizando serodiamente os policiais americanos,

para interrogatórios pela madrugada adentro, como

que a sublinhar a especialidade do caso... os jorna-

listas, cá fora, a repetir à exaustão o que não sabem,

agarrados ao directo, as imagens que nos chegam de

uma rua triste e opressiva, mal iluminada por cande-

eiros que parecem velas, filme noir, pelintra, filmado

numa qualquer rua de Lisboa que mais se parece com

Bagdad... os carros com pirilampos azuis intermitentes

a entrar a alta-velocidade por um portão que se abre

e mostra uma rampa inclinada em demasia por onde

desaparecem, qual caverna do Ali Babá... tudo envolto

numa luminosidade pálida que nada tem a ver com a

luz serena das velas do Barry Lyndon de Kubrick.E se

a montanha pariu um rato? Se o interrogado nada fez

de mal? Se o arguido – esse protoculpado aos olhos

dos muitos inexpertos jurídicos que por aí abundam no

comentário – é absolvido? Há, em tudo isto, similitu-

de com confrangedores es pec táculos inquisitórios para

regabofe das massas, palco para todas as baixezas e

perversões da natureza humana. Inquietante é que se

assista e participe, no sofá ou no banco, ao atear de

fogueiras no Portugal democrático do século XXI.

Maio, 09h 30mO automobilista português tem uma tendência para

‘apifarar’ o seu veículo. Desde os ‘béu-béus’ na chape-

leira, com ou sem tapete carpélio ou ramos secos de

eucalipto, passando pela decalcomania da Penélope na

traseira e terminando no novel colete de sinalização a

vestir o banco do condutor, já se viu de tudo. A coisa

ao fim de pouco tempo vira uma espécie de statement

kitch. Quem não segue não integra a vanguarda kitch.

Ultimamente, os pseudo-selected few... resolveram

tam bém criar o seu tique distintivo: porta-skis no teja-

dilho, de preferência numa carrinha germânica, pouco

importando que em Maio ou em Agosto da neve só se

vislumbre o gelo do sorvete.

Maio, 12h 45mA vista do topo do arco da Rua Augusta é deslumbran-

te, compensando amplamente as dezenas de degraus

da apertada escada em caracol que é preciso vencer

para lá chegar. De lá admira-se o Tejo, o Castelo, a

Baixa Pombalina e a Sé, como de mais sítio nenhum é

possível fazer. Este foi um privilégio dos convidados da

C. S. Torres, no âmbito do protocolado restauro do re-

lógio centenar do dito arco, a cargo da Jaeger-LeCoultre,

iniciativa muito meritória na recuperação e manutenção

do nosso património. O relógio, esse, não tenho dúvi-

das de que vai passar a dar horas, com precisão suí-

ça, aos lisboetas e aos turistas que por ali passam. Já

quanto à recuperação das entranhas do arco – paredes

sujas, vidros quebrados, portas de madeira carcomida

pelo tempo –, infelizmente não tenho a mesma certeza.

Nada que não se resolvesse com a receita gerada pela

venda de bilhetes de acesso ao monumento, abrindo o

privilégio da vista a quem dele quisesse desfrutar.

Fernando Campos Ferreira

Fernando Campos Ferreira

Quotidianos

A vista do topo do Arco da Rua Augusta é deslumbrante,compensando amplamente as dezenas de degraus da apertada escada em caracol que é preciso vencer para lá chegar.

130 Espiral do Tempo 25 Verão 2007

[ Crónica ]

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