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Ayvu literária Café Expresso Ingredientes: Ayvu - anticrônica.........................................4 Alessandra L fatal Cabral - poesia......................................6 Alessandra L O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - dialogismo..........7 Vanessa Goveia Edward Sharpe And The Magnetic Zeros - dialogismo musical..8 Vanessa Goveia basileiro - rap............................................9 Felipe Santos Recriando o natural........................................12 Wellington Calcagno entorta - concretismo......................................14 Alessandra L O Show - teatro............................................16 Graci Rocha

Ayvu Literária

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Café Expresso Edição Número 0.

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Page 1: Ayvu Literária

Ayvuliterária

CaféExpresso

Ingredientes: Ayvu - anticrônica.........................................4 Alessandra L fatal Cabral - poesia......................................6 Alessandra L O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - dialogismo..........7 Vanessa Goveia Edward Sharpe And The Magnetic Zeros - dialogismo musical..8 Vanessa Goveia basileiro - rap............................................9 Felipe Santos Recriando o natural........................................12 Wellington Calcagno entorta - concretismo......................................14 Alessandra L O Show - teatro............................................16 Graci Rocha

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Editores

Alessandra [email protected]

Conteúdo.

Henrique MagoVanessa GoveiaFelipe SantosCarolValdeique OliveiraGraci Rocha

Artístico.

Lorena D’Arc

Revisão.

Bernardo Vieira dos Santos

arte capa: Lorena D’Arc

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anticrônica

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Nesta edição, a crônica será tomada pela alma de uma nação. Nação, me dá a idéia não só de um povo, mas de um tecido de mães, geradoras de vida, de um fonte humana que pulsa sagrada e re-flete ‘existência’, ‘existência’,’existência’, ad infinitum... Por estes dias uma nação falou. E nos ecos de sua fala encontrei isto: Um trecho de ‘Ñe’ẽ – a pala-vra alma’, texto da antropóloga Graciela Chamorro.

“A palavra é a unidade mais densa que explica como se trama a vida para os povos chamados gua-rani e como eles imaginam o transcendente. As experiências da vida são experiências de pala-vra. Deus é palavra. (...) O nascimento, como o momento em que a palavra se senta ou provê para si um lugar no corpo da criança. A palavra cir-cula pelo esqueleto humano. Ela é justamente o que nos mantém em pé, que nos humaniza. (...) Na cerimônia de nominação, o xamã revelará o nome da criança, marcando com isso a recepção oficial da nova palavra na comunidade. (...) As crises da vida – doenças, tristezas, inimizades etc. – são explicadas como um afastamento da pessoa de sua palavra divinizadora. Por isso, os rezado-res e as rezadoras se esforçam para ‘trazer de volta’, ‘voltar a sentar’ a palavra na pessoa, devolvendo-lhe a saúde.(...) Quando a palavra não tem mais lugar ou assento, a pessoa morre e torna-se um devir, um não-ser, uma palavra-que-não-é-mais. (...) Ñe’ẽ e ayvu podem ser tradu-zidos tanto como ‘palavra’ como por ‘alma’, com o mesmo significado de ‘minha palavra sou eu’ ou ‘minha alma sou eu’. (...) Assim, alma e pa-lavra podem adjetivar-se mutuamente, podendo-se falar em palavra-alma ou alma-palavra, sendo a alma não uma parte, mas a vida como um todo.”

Esta nação é a Guaranis Caiovás. E este texto foi es-pargido por todo lado e está presente aqui tambem como uma síntese da existência e da palavra. E se a palavra agora é de aflição e opressão, possa nos tomar tambem como palavra-dores (se temos alma) e nos empenhar como seres contrários ao mal e a injustiça e contra toda ameaça a ‘existência’.

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poesia

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fatal Cabral,puxa a âncora deste navioque não chegamos pra fazer mal

recolhe um canto, tira uma penaquem comeu tanto ouro?quem gastou tanto couro?

fatal Cabral,abre uma venda, funda uma escolainstrui este povo tementea não temer o pão d’esmola

vai Cabral,seca o rio desta línguamata o rugir deste marque a lua se acaba em mínguae a sorte por dona do azar

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– Ela parece distante... Talvez seja porque está pensando em alguém.– Em alguém do quadro?– Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.– Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.– Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.– E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?

“Uma mulher sem amor é como uma flor sem sol. Murcha.”

– Moça bonita do 5°, preciso lhe contar. Acredita em mila-gres?– Hoje não.

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– Jade!– Alexander!– Lembra aquele dia que você caiu da minha janela?– Com certeza, você pulou atrás de mim.– Bem, você caiu no concreto, quase quebrou sua bunda, você estava se esvaindo em sangue e eu corri com você pro hospi-tal, lembra-se disso?– Sim, eu lembro.– Bem, há algo que eu nunca lhe disse sobre aquela noite.– O que você não me contou?– Enquanto você estava sentada no banco de trás fumando um cigarro pensando que seria seu último, eu estava me apaixo-nando profundamente, profundamente por você, e eu nunca lhe disse até agora.

– Jade– Alexander– Do you remember that day you fell outta my window?– I sure do, you came jumping out after me.– Well, you fell on the concrete, nearly broke your ass, you were bleeding all over the place and I rushed you out to the hospital, you remember that?– Yes I do.– Well there’s something I never told you about that night.– What didn’t you tell me?– While you were sitting in the backseat smoking a cigaret-te you thought was gonna be your last, I was falling deep, deeply in love with you, and I never told you til just now.

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Brasileiro é trouxa, sonha em ir pra EuropaÉ ainda mais trouxa, de 4 em 4 anos anos sonha em ganhar a copa

Idolatram jogador famoso, como se ajudassem na sua rendaO máximo que podem fazer, é um título como prenda

Pensa truta, bota o cérebro pra funcionarSenão vai ser no “tranco”, que ele vai pegar

Não se iluda com o que o dinheiro possa comprarTodo mundo sonha com o materialGeral se esquece do espiritual

Tu pode comprar de A a Z nas casas BahiaMas lembra quando era criança, tua barriga era vazia

Então tenha humildadeNão caia na futilidade

Que dinheiro pode tudo...essa é a grande verdadeTu até pode discordar e dizer que eu estou errado

Mas viva assim, e lembra...vai ver se eu estava equivocadoBrasileiro fica puto quando tiram sarro do Brasil

Mas me diz se não tem que tirar, quando se vê um menino com fuzil...Na TV, tem apenas 10 anos, e já viu, muito mais coisas que você

Se pá ele cresceu...junto com ele sua ganânciaMas nunca esqueceu, que era ser rico, o seu sonho de criança

Já correu de polícia, já derrubou, mas já foi derrubadoNão hoje, nem amanhã...nem por polícia mas sim por seu passado

Em vez de ter ido estudar, estava com companhia erradaEm vez de escutar a mãe, estava segurando uma quadrada

Pai era cachaceiro, a mãe era empregadaEnquanto a mãe, nas casas dos playboys, seu pai, caído na calçada

A grana que ela ganhava, não dava pra comprar,

RAP

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O tênis que ele queriaAí resolveu assaltar, ver se conseguiaFoi ele e mais 3, queriam uma vida melhorErrados estavam, o que era ruim, ficou piorForam roubar a loja, renderam os funcionários“Todo mundo pro chão, dá uma de esperto não, eu não sou otário”A policial chegou, todo mundo fugiu, ficou só um, funcionária refém“Fica longe polícia senão eu mato ela, e depois me mato também”O policial disse: Calma garoto, o que você quer?Quero um carro, um colete a prova de balaE uma toca tapando a cara10 km acelerou...atrás a viatura“Vou acelerar, vai, vai, se segura”Mais ele correu, levou tiro na cinturaCaiu...chorando, pedindo a presença dos paisQue se continuasse vivo, não roubaria mais...Aos poucos seus olhos foram fechando...O calor do seu corpo acabando...Viu sua mãe lá longe correndoA lágrima pelo seu rosto, foi escorrendoJá não dá tempo mais pra nadaMorria mais um ali...que queria tudo e teve nadaEssa história é fictíciaMas pára pra pensar, quantos morrem pela políciaSonho de crescer, dar uma festa pra famíliaAté uma festa de 15 anos, pra irmãEle faz tudo isso que eu disse na música...Mesmo com o medo, de não ter amanhã...

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Recriando o natural

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concretismo

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entorta um tanto tonto a tinta tola do todo teu,

teste tosco tertúlia tensa teu todo é tudo meu t

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teatro

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t

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Sala de estar/ dia

Ele está tentando estudar, ela anda de um lado para outro impaciente, com seu corpo pálido, sua

roupa e olhar de morta.

Ela - Você sabe por que estou aqui? Responda! Eu tenho o dia inteiro (cruza os braços com desdém). Você está me escutando? (Pausa)... Meu querido... (se aproxima, mas não encosta nele).

Ele - Não quero escutar agora, tenho que estudar e... Eu não sei de nada...

Ela - Não vou sair daqui até que me olhe, me escute... Você sabe disso, não tem saída... (Pausa)... Eu preciso saber por que es-tou aqui... Por que está chorando? Por quê? Por favor, não cho-re...

Ele ajeita o caderno, bravo...

Ela - Por que acha que isso vai te ajudar? Ah! Sou uma figura emocionante, não sou? (olha-se, empolga-se) Ou será que tenho um visual triste demais pra você? É talvez, talvez.

Ele - Não sei porque choro, isso sempre acontece, sempre... Por favor, apenas me deixe em silêncio.

Ela - Vamos! Controle-se! Faz sua parte que é me ver, e eu faço a minha, que é falar. Quem sabe assim as coisas se ajeitam...

Ele - Tento, mas é difícil, isso pra mim...

Ela - Por quê? Afinal o show tem que continuar...

Ele - Aí esta você não é? (aponta na direção dela) Cheia de vida, ou será que é de morte? Ora estou enlouquecendo... Aqui estamos nós, numa conversa póstuma, se é que se pode chamar de conversa... (revoltado)

Ela - O que é isso? Está insinuando que eu falo demais?

Ele - Não, é que você está morta...

Ela - Ah! Lá vem você de novo com essa história, eu morta, você vivo, um espaço enorme entre nós... Blá, blá, blá, ora será que você não pode esquecer um minuto disso e me dar um pouco de atenção...

Ele senta-se emproado, olha pra ela e ajeita o cabelo.

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Ele - Pois bem fale, antes que eu me arrependa...

Ela - (finge um choro e mágoa) Nem depois de morta mereço um pou-co de carinho e respeito, tudo bem, eu aqui sou um estorvo. (faz um drama) É mesmo hora da minha partida. Adeus meu querido, meu amor... (segue em direção a porta).

Ele - (corre até ela, pega sua mão) Não, por favor não vá meu amor, me perdoe...

(continua)

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