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Integração nos atendimentos da Psicologia e Pedagogia realizados no UniSALESIANO - Lins
Integration in the care of Psychology and Pedagogy conducted in UniSALESIANO - Lins
Daniele Sirqueira Barbosa – daniele.sirqueira@hotmail.com
Graduanda em Psicologia – UniSALESIANO Lins
Oscar Xavier Aguiar – UniSALESIANO Lins –
oscar150153@gmail.com
RESUMO
O projeto está vinculado com a área da Psicologia Escolar, estabelecendo
uma relação com a área da Pedagogia. Trata-se de um projeto desenvolvido no
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins, o objetivo foi diagnosticar
através do setor de Psicologia possíveis transtornos e deficiências cognitivas em
crianças atendidas pelo setor da Pedagogia. Promovendo a integração de ambas as
áreas para melhor rendimento aos atendimentos.
Palavras-chave: Psicologia. Pedagogia. Integração. Diagnóstico.
ABSTRACT
The project is linked to the field of school Psychology, establishing a
relationship with the area of Pedagogy. This is a project developed at the Catholic
Salesian University Center Auxilium Lins, the goal was to diagnose through the
Psychology industry possible disorders and cognitive impairments in children
assisted by the teaching sector. Promoting the integration of both areas for better
yield to calls.
Keywords: Psychology. Pedagogy. Integration. Diagnosis.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
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INTRODUÇÃO
A Psicologia Escolar tem sido pouco valorizada por ser considerada uma área
secundária da Psicologia. Muitas pessoas não conseguem distinguir qual é o papel
do psicólogo escolar e quais os benefícios de seu trabalho. No primeiro modelo o
psicólogo escolar é responsável em ajudar alunos com dificuldades a conseguirem
uma mudança positiva no desenvolvimento escolar. As instituições por si acreditam
que o psicólogo escolar deve tratar do ‘’aluno-problema’’ e ajustá-lo para o contexto
educacional. Na prática o trabalho do psicólogo escolar torna-se de grande
responsabilidade, pois, não são apenas questões de indisciplina, mas também,
contextos subjetivos, familiares, emocionais, socioeconômico, entre outros. Andaló
(1984)
Outro modelo de intervenção do Psicólogo Escolar segundo Reger (1989), o
psicólogo atuaria como clínico no contexto escolar quando baseia sua intervenção
num modelo médico. Seu interesse gira em torno da saúde e da doença mental e do
diagnóstico e cura de problemas de comportamento.
O mesmo autor afirma que, além de um profissional, o Psicólogo Escolar é
um cientista, um engenheiro educacional ou projetista de planos educacionais que
usa das mais modernas metodologias e técnicas. À medida que busca utilizar o
sistema educacional tão efetivamente quanto possível para cada criança ou grupos
de crianças, tem muito em comum com o administrador educacional e com o
professor. Assim como os outros educadores, ele daria mais ênfase ao crescimento
e desenvolvimento da criança do que à ‘patologia’. Mas diferencia-se do
administrador e do professor conforme visa à aplicação mais consistente do método
científico na resolução e problemas educacionais e psicológicos.
Outra consequência importante denunciar nesta visão clínica é a de que o
professor, ao entregar o seu "aluno difícil" nas mãos de um profissional tido como
mais habilitado que ele para lidar com a questão, se exime da sua responsabilidade
para com este aluno. Passa então a considerá-lo como um problema que não é seu
e que deveria ser solucionado fora do contexto de sala de aula, que é o seu
ambiente de trabalho, a saber, no gabinete de Psicologia. Na realidade, porém, a
criança que apresenta dificuldades, mesmo quando atendida por outros
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profissionais, enquanto aluna continua sendo problema do professor e da sua turma
e como tal deve ser assumida. Andaló (1984). Pelo exposto o modelo de atuação do
Psicólogo Escolar sofre a influência dos modelos médico e social.
Para Fleith (2010) o psicólogo escolar pode ser um agente de transformações
quando tem conhecimento do seu papel e de como realizá-lo promovendo ações
que destaquem o respeito pela indiferença levando os agentes escolares a promover
reflexões, delinear estratégias interventivas a fim de promover integração da escola
com a comunidade.
Guzzo, Mezzalira, Moreira, Tizzei e Silva Neto (2010), informam sobre a
necessidade de a Psicologia inserir-se na realidade educacional brasileira de forma
concreta, colaborando para que a relação entre teoria e pratica possam gerar como
frutos mudanças reais, tanto para a formação do psicólogo quanto também para a
sua contribuição para o cotidiano da escola.
A Pedagogia não é reconhecida apenas como um curso e sim como um
campo científico. O curso que lhe corresponde é o que forma o investigador da
educação e o profissional que realiza tarefas educativas seja ele docente ou não
diretamente docente. Somente faz sentido um curso de Pedagogia pelo fato de
existir um campo investigativo – o da pedagogia – cuja natureza constitutiva é a
teoria e a prática da educação ou teoria e prática da formação humana. Ocupa-se,
de fato, da formação escolar de crianças, com processos educativos, métodos,
maneiras de ensinar, mas antes disso ela tem um significado bem mais amplo, bem
mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos, diz respeito ao estudo e à
reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para
poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo. Libâneo (1998).
Vinh-Bang (1990) apresenta uma modalidade de intervenção baseada no
método clínico piagetiano e aponta três níveis nos quais a intervenção pode se dar:
no nível individual do aluno, para preencher lacunas e corrigir atrasos, no nível
coletivo de um conjunto de alunos, para dar conta de elementos que foram
negligenciados, e no nível da escola, para reduzir a desadaptação escolar. O autor
trabalha com a ideia de insuficiência, definindo-a como ‘’todo e qualquer erro nas
produções dos alunos, quaisquer que sejam a frequencia, a proveniência ou a
natureza. Tais erros podem ou não convergir ao insucesso, a uma produção
considerada como insuficiente’’. Com base nessa ideia de insuficiência, há que se
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buscar entender o processo de produção dos alunos e não somente seus resultados
finais, deve-se olhar o sucesso e o insucesso e reconstituir o processo de produção
de resposta do aluno, o que permitirá determinar o local e a incidência do erro.
Segundo Filho (2012) desde o início o relacionamento entre Psicologia e
Educação tem sido formada por acordos e desacordos tendo gerado muita polêmica
no mundo acadêmico brasileiro. No início do século XX ocorreu o domínio da
Psicologia sobre a educação, porém nos anos de 1980 ocorreu o afastamento da
pedagogia em relação a Psicologia. A Psicologia Escolar emerge no Brasil com a
finalidade de formar conceitos e aplicações de testes para medir e garantir a
adaptação do indivíduo à ordem social brasileira, atuando na seleção e orientação
dos indivíduos em consonância com os anseios sociais. Atualmente a Psicologia
Escolar em desenvolvimento contínuo confirma e valida gradativamente focalizando
nos processos educacionais e sociais a principal causa das dificuldades de
aprendizagem o foco anterior onde o aluno e família eram considerados como
problemas. A construção de novos espaços à reflexão unindo psicólogos e
pedagogos, facilita o estabelecimento de uma relação social humanizadora na
escola, valorizando o diálogo, as trocas recíprocas de conhecimentos e experiências
permeadas pela filosofia, pela ciência e pela política.
Esse estudo teve por finalidade entrevistar profissionais e estagiários e avaliar
as crianças encaminhadas pela clínica de Pedagogia.
1. Método
1.1 Procedimentos A coordenadora do curso de pedagogia do ‘’Unisalesiano - Lins’’, solicitou a
coordenadora do curso de psicologia a possibilidade de criar um núcleo de
diagnóstico para os sujeitos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
Disponibilizou-se uma estagiária do 4° ano e um supervisor, as crianças eram
encaminhadas da clínica de pedagogia, a seguir era agendada uma entrevista com
as mães e duas sessões com a criança e na quarta sessão era fornecida à mãe e a
clínica de pedagogia os informes obtidos pela estagiária de Psicologia.
Foram entrevistados duas professoras com formação em Pedagogia, duas
Psicólogas que atuam na área de Psicologia Escolar, uma estagiária do quinto ano
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do curso de Psicologia, uma estagiária do quarto ano do curso de Pedagogia ambas
estagiaram na mesma instituição que atende crianças deficientes.
Os atendimentos ocorreram na clínica de psicologia e foram utilizados
anamnese infantil, recursos lúdicos como brinquedos e jogos, testes de inteligência
e emocionais e DSM V para fins diagnósticos.
Para os profissionais e estagiários foi solicitado que respondessem a seguinte
questão ‘’ O que você pensa sobre a atuação conjunta de psicólogos e pedagogos?’’
1.2 Local
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – Lins. Clínica de Psicologia.
1.3 Período
Abril e maio de 2016. Quarta-feira 20h às 20h50m. As entrevistas com os
profissionais ocorreram em Junho do mesmo ano.
1.4 SujeitosParticiparam deste procedimento duas psicólogas, duas pedagogas, uma
estagiária de psicologia, uma de pedagogia e duas crianças com idades de 07 e 05
anos, com as seguintes queixas levantadas pela clínica de pedagogia. Dificuldade
em socializar-se com crianças e possível transtorno do espectro autista.
2. Inquérito Foi questionado aos profissionais e estagiários da área de Psicologia e
Pedagogia a seguinte pergunta: O que você pensa sobre a atuação conjunta de
psicólogos e pedagogos?
Os dados obtidos serão demonstrados abaixo:
Vejo como um parceiro no processo de ensino aprendizagem, pois com essa
parceria, muitas coisas que podem passar despercebidas, se tornam visíveis e de
fácil detalhamento, podendo assim, o pedagogo, atingir seu objetivo mais
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rapidamente, é uma união, sem dúvida nenhuma, importante! Relato de uma
professora estadual.
Eu acho que é de importantíssima valia a integração da psicologia com a
pedagogia, pois podem nos auxiliar no contato com o aluno, na comunicação
ajudando-nos a intervir quanto ao problema psicológico que esse aluno contém.
Com a colaboração de psicólogos é possível compreender melhor alunos com
deficiências múltiplas ou não que precisam de acompanhamentos psicológicos
principalmente para conviver em sociedade e adquirir a sua autonomia como
cidadão enquanto indivíduo que é. Relato de uma professora aposentada.
Eu acho que esse trabalho multidisciplinar colabora muito para o
desenvolvimento da criança ou do adulto, porque cada profissional tem sua área de
conhecimento e pode ajudar de maneiras diferentes, olhando o seu como um todo.
Acho que deve sim ser desenvolvido todas as áreas, o emocional, psicológico, físico
e intelectual. Por exemplo, em escolas o aluno não aprende se estiver com
problemas em casa ou com o emocional abatido, então ter um psicólogo ajudaria
muito! Relato de aluna do 8° semestre do curso de Pedagogia.
A meu ver são duas áreas do conhecimento humano riquíssimas e que
deveriam se afinar muito mais. As professoras deveriam ter formações, orientações
constantes a respeito do desenvolvimento psíquico com implicações na vida prática
cotidiana. Nós psicólogos também deveríamos conhecer os processos específicos
cada vez mais. Enfim... Creio que temos muito a avançar. O ser humano é múltiplo e
atravessado pelos diversos setores de sua vida, nos dividimos, ‘’fatiamos’’ os
saberes para compreender melhor o seu humano, mas na vida real não temos como
fazer esse ‘’recorte’’ por isso precisamos afinar sempre, cada vez mais a interação
entre as diversas áreas do conhecimento. Relato de uma psicóloga.
Considerando o ser humano multi-determinado, sempre que existe uma
dificuldade é extremamente importante o trabalho interdisciplinar. A troca de
experiências entre os profissionais vai proporcionar um atendimento com melhor
qualidade, podendo dar ênfase às diferentes necessidades apresentadas pelo
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sujeito e contribuir na sua melhora global. As escolas inclusive deveriam contemplar
a presença dos profissionais para atuarem de forma conjunta com objetivo de sanar
as dificuldades ou variáveis que interferem no bom andamento e no
desenvolvimento global dos alunos. A atuação de forma preventiva e interdisciplinar
favoreceria a sociedade como um todo, devolvendo sujeitos mais preparados para o
convívio social e oferecendo maior qualidade em seus desempenhos profissionais.
Relato de uma psicóloga.
Em relação às crianças com transtornos, deficiência intelectual e patologias, é
muito importante o trabalho em conjunto entre psicólogos e pedagogas, pois pôde-
se perceber que a criança obtém melhor compreensão das regras e limites dentro do
ambiente, tais como noção de horário e espaço, compreensão das relações sociais,
diminuição da ansiedade, melhor percepção e conhecimento da sua autoimagem,
diferenciação eu/outro. O trabalho pode ser de forma lúdica, pois a criança pode
aprender a reconhecer cores e números de forma mais fácil de compreender
respeitando seus limites. O trabalho integrado pode proporcionar para que os alunos
aprendam os conteúdos escolares, podendo ser utilizado bonecos de fantoches,
brinquedos estruturados e não estruturados, livros personalizados, músicas,
audiovisual, dentre outros. O psicólogo tem seu papel de acompanhar e orientar
professores e pais quanto a deficiência. Relato de aluna do 10° semestre do curso
de Psicologia.
3. CASO 1
O primeiro paciente foi H.E de sete anos, cujo encaminhamento da pedagogia
levantou dificuldade em socializar-se com crianças de sua faixa etária. Na entrevista
com a mãe cujo objetivo foi ouvir a queixa e aplicar a anamnese infantil, a mesma
relatou que seu filho é muito inteligente, porém, não brincava com crianças de sua
idade, tendo preferência em conversar com adultos e jogar jogos no vídeo game e
celular.
Seguindo a anamnese no tópico ‘’historia da gravidez e do nascimento’’ a
mãe relatou que sua gravidez não foi desejada, devido sua idade avançada e que
sentiu muita dor durante a gestação, entrou em trabalho de parto falso e durante sua
cesariana o bebê passou da hora do nascimento. Relatou que quando bebê o pai
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passou a maior parte do tempo com o filho, pois a mãe trabalhava, mas logo se
divorciaram. A mãe se preocupa em questão da separação ter influenciado em
aspectos sociais do filho.
No tópico ‘’história do desenvolvimento’’ a mãe relatou comportamentos
esperados para a idade em que seu filho engatinhou, andou e balbuciou, porém
queixou-se da gagueira do filho. A criança não executa higiene pessoal, tem muito
ciúmes da mãe e dorme com objeto transicional. O sistema educacional utilizado
pela mãe é sempre manter um diálogo com o filho e retirar celular, tablet como forma
de castigo. Segundo a mãe o filho não é desobediente e tem facilidade para se
relacionar com adultos. A partir das informações colhidas com a mãe pode-se notar
que a criança não teria nenhum comprometimento cognitivo. Mas para confirmação
foram realizados dois atendimentos com a criança.
Para favorecer a avaliação com a criança, utilizou-se o recurso de ludoterapia,
com jogos e brinquedos. A criança reagiu bem às atividades oferecidas e
rapidamente foi formado o vínculo terapêutico.
A criança interagiu logo e expressou aspectos apropriados para a sua idade
como compreensão do que é dito, compreensão das atividades, boa pronúncia, boa
leitura e afetividade.
Para concluir a avaliação, foi feito uma observação na clínica de pedagogia.
As crianças e os estagiários estavam jogando jogos educativos e quando venciam
ganhavam prêmios. Notou-se alegria ao ganhar os prêmios e observou-se o
comportamento interativo de H.E com a outra criança e com os estagiários de
pedagogia.
Foi realizada a devolutiva para a mãe, informando que seu filho apresentava
comportamentos apropriados para a sua idade sendo necessário apenas um
fonoaudiólogo para questões relacionadas à fala.
A devolutiva foi encaminhada para a coordenadora de pedagogia e arquivada
no arquivo da clínica de psicologia.
4. CASO 2
O segundo paciente foi H.A de cinco anos, foi encaminhado pela clínica de
pedagogia, pois apresentava suspeitas de características do transtorno do espectro
autista.
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Na entrevista com a mãe foi utilizado o procedimento de anamnese infantil, a
mãe relatou que em sua gestação não houve nenhuma preocupação e ao
nascimento do filho houve problemas com a sucção do peito. A mãe observou que a
criança estava se desenvolvendo, começando a engatinhar e andar, mas não emitia
nenhum som relacionado à fala. Relatou que a criança começou a balbuciar aos dois
anos e meio de idade e que só formulou frases curtas com quatro anos. Ao ingressar
a escola, as professoras orientaram a mãe a procurar um psicólogo, pois em sala de
aula a criança só fazia desenhos e se isolava de alunos e professores, sem nenhum
tipo de interação. A mãe relatou que divorciou de seu marido quando seu filho
completou quatro anos, a partir da separação a mãe observou aspectos da
personalidade e distúrbios no comportamento social da criança, que passou a ter
comportamentos inadequados, não respeitava regras e limites, tinha crises de raiva
e choro, irritabilidade frequente, apresentava hiperatividade, inconveniente em
diversas situações e não aceitava ser contrariado. A mãe notou que a criança
apresenta balanceio, fita o horizonte, brinca sozinho organizando os carrinhos
enfileirados e que quando está sentado, balança braços e pernas. Consegue
executar higiene pessoal sozinho, se alimentar, porém fala sozinho por muito tempo
dificultando a interação da mãe. A mesma tenta interagir com o filho utilizando tinta,
quebra-cabeça, massinhas de modelar, mas nem sempre consegue bons resultados
e fica muito angustiada, sem saber o que fazer. A única pessoa que H.A consegue
interagir é com sua irmã de um ano e quatro meses, segundo a mãe seu filho sente
muito ciúmes da irmã e em alguns momentos acabam brincando juntos.
Após entrevista com a mãe, foram realizadas duas avaliações com a criança,
foram utilizados recursos lúdicos para formar o vínculo terapêutico. Utilizou-se:
Massinha de modelar, lego, folhas e lápis para desenhos. A criança se interessou
pela massinha de modelar, porém, sua primeira iniciativa foi tentar grudar a
massinha no cabelo e roupa da estagiária, o comportamento repetiu-se diversas
vezes, a criança se escondeu atrás do sofá e ao se aproximar a criança gritava
muito alto, percebendo que aquilo causava incomodo, aumentou a frequência
gritando cada vez mais alto.
H.A teve perfil desafiador, em vários momentos mostrou a língua, pulou em
todos os sofás que haviam na sala e direcionou as nádegas próximo ao rosto da
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estagiária realizando esforço para soltar gazes, não respeitou regras e limites
impostos.
Em nenhum momento a criança teve interação com a fala, respondia algumas
perguntas com a cabeça (sim ou não) e emitia sons (gritos e som de chacota).
A criança se interessou pelos legos e utilizando peças do mesmo tamanho
montou uma torre grande, ao final empurrou a torre sobre a estagiária.
Pode-se notar sinais de hiperatividade e desrespeito, a criança ria de tudo o
que planejava para a estagiária.
A criança teve suspeita de características do transtorno de oposição
desafiante. Pois apresentou alguns dos critérios abaixo, segundo diagnósticos do
DSM V.
5. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Um padrão de humor raivoso/irritável, de comportamento
questionador/desafiante ou índole vingativa com duração de pelo menos seis meses,
como evidenciado por pelo menos quatro sintomas de qualquer das categorias
seguintes e exibido na interação com pelo menos um indivíduo que não seja um
irmão.
HUMOR RAIVOSO/IRRITÁVEL1. Com frequência perde a calma.
2. Com frequência é sensível ou facilmente incomodado.
3. Com frequência é raivoso e ressentido.
COMPORTAMENTO QUESTIONADOR/DESAFIANTE4. Frequentemente questiona figuras de autoridade ou, no caso de crianças e
adolescentes, adultos.
5. Frequentemente desafia acintosamente ou se recusa a obedecer a regras ou
pedidos de figuras de autoridade.
6. Frequentemente incomoda deliberadamente as pessoas.
7. Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau comportamento.
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ÍNDOLE VINGATIVA8. Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos últimos seis meses.
A persistência e a frequência desses comportamentos devem ser utilizadas
para fazer a distinção entre um comportamento dentro dos limites normais e
comportamento sintomático. No caso de crianças com idade abaixo de 5 anos, o
comportamento deve ocorrer na maioria dos dias durante um período mínimo de
seis meses, exceto se explicitado de outro modo.(Critério 8) No caso de crianças
com 5 anos ou mais, o comportamento deve ocorrer pelo menos uma vez por
semana durante no mínimo seis meses, exceto se explicitado de outro modo.
(Critério 8). Embora tais critérios de frequência sirvam de orientação quanto a um
nível mínimo de frequência para definir os sintomas, outros fatores também devem
ser considerados, tais como, se a frequência e a intensidade dos comportamentos
estão fora de uma faixa normativa para o nível de desenvolvimento, o gênero e a
cultura do indivíduo.
A. A perturbação no comportamento está associada a sofrimento para o
indivíduo ou para os outros em seu contexto social imediato (p. ex. família, grupo de
pares, colegas de trabalho) ou causa impactos negativos no funcionamento social,
educacional, profissional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo.
B. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um
transtorno psicológico, por uso de substância. Depressivo ou bipolar. Além disso, os
critérios para transtorno disruptivo da desregulação do humor não são preenchidos.
GRAVIDADE ATUAL
LEVE: Os sintomas limitam-se a apenas um ambiente (p. ex. em casa, na escola, no
trabalho, com os colegas).
MODERADO: Alguns sintomas estão presentes em pelo menos dois ambientes.
GRAVE: Alguns sintomas estão presentes em três ou mais ambientes.
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ESPECIFICADORES: Não é raro indivíduos com transtorno de oposição desafiante
apresentarem sintomas somente em casa e apenas com membros da família. No
entanto, a difusão dos sintomas é um indicador da gravidade do transtorno.
Foi realizada a devolutiva para a mãe e para a coordenadora de Pedagogia,
informando que H.A precisava de um acompanhamento multidisciplinar e foi
encaminhado para o ‘’Núcleo de apoio integrado ao AEE’’, onde a criança poderá
ser avaliada e iniciar atendimento psicoterápico, fonoaudiólogo e pedagógico.
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CONCLUSÃO
A integração de ambas as áreas promoveu para a obtenção de respostas
favoráveis referente à dificuldades de aprendizagem. Visto que, a área da Psicologia
trabalhou aspectos individuais e cognitivos da criança para favorecer no processo de
avaliação, a área da Pedagogia trabalhou aspectos grupais e didáticos para
desenvolver no processo de aprendizagem. Os pensamentos dos profissionais e
estagiários foram semelhantes quanta a relevância da atuação entre as duas áreas,
focando na interdisciplinaridade, na troca de experiências como facilitadores no
processo de ensino, aprendizagem e no relacionamento professor e aluno.
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REFERÊNCIAS
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