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AS CONTRIBUIÇÕES DA ATIVIDADE ASSISTIDA POR ANIMAIS NO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL INFANTIL THE CONTRIBUTIONS ASSISTED ACTIVITY FOR ANIMALS ON PSYCHOSOCIAL CHILD DEVELOPMENT Jéssica Caroline de Lima Silva – [email protected] Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium Marcela Maximiano Sozzo – [email protected] Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium Natália Nakashima Tacques Alvim – [email protected] Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium Liara Rodrigues de Oliveira- Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium [email protected] RESUMO Essa pesquisa teve como objetivo explorar e vivenciar o contato das crianças com animais desensibilizados, classificada por As Contribuições da Atividade Assistida por Animais no desenvolvimento psicossocial infantil, na creche Dom Bosco, localizada na rua Diábase no município de Lins/SP. A pesquisa foi aplicada em 18 alunos do maternal II entre 3 a 4 anos, no período vespertino. O método utilizado inicialmente foi de uma entrevista realizada com a professora responsável pela sala, na qual teve o objetivo de coletar os dados Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul- dez de 2016

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AS CONTRIBUIÇÕES DA ATIVIDADE ASSISTIDA POR ANIMAIS NO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL INFANTIL

THE CONTRIBUTIONS ASSISTED ACTIVITY FOR ANIMALS ON PSYCHOSOCIAL CHILD DEVELOPMENT

Jéssica Caroline de Lima Silva – [email protected]ção em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium

Marcela Maximiano Sozzo – [email protected] Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium

Natália Nakashima Tacques Alvim – [email protected] Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium

Liara Rodrigues de Oliveira- Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium

[email protected]

RESUMO

Essa pesquisa teve como objetivo explorar e vivenciar o contato das crianças com animais desensibilizados, classificada por As Contribuições da Atividade Assistida por Animais no desenvolvimento psicossocial infantil, na creche Dom Bosco, localizada na rua Diábase no município de Lins/SP. A pesquisa foi aplicada em 18 alunos do maternal II entre 3 a 4 anos, no período vespertino. O método utilizado inicialmente foi de uma entrevista realizada com a professora responsável pela sala, na qual teve o objetivo de coletar os dados comportamentais das crianças e também suas aptidões e convívio em relação às outras crianças. Após o levantamento destes dados, foram realizados cinco encontros com duração de 50 minutos. Dentro do desenvolvimento das intervenções, foram levados os seguintes animais: coelho, tartaruga, pintinho, porco e cachorro, os quais em todas as interações estiveram acompanhados e relacionados a uma história infantil, histórias essas que levantam valores, imaginação e fantasia seguida de atividade lúdica para a finalização e execução dos encontros. Após essas atividades, foram feitas as devidas conclusões e relatos das intervenções, de forma a analisar os resultados obtidos e verificar os comportamentos abordados pelas crianças. Uma dessas contribuições foi a ultima entrevista com o professora a fim de levantar sua perspectiva final referente ao trabalho que foi desenvolvido. Em decorrência a presença dos animais, alcançou-se uma interação satisfatória relacionada à confiança, cooperação, cuidado, afeto e sensibilidade dentro da relação proposta, permeado da concretização da junção exercida. Esse trabalho foi concluído com aprovação e satisfação tanto pela professora como aos alunos que fizeram parte

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desse envolvimento da intervenção, fazendo concretizar o intuito e objetivo do trabalho dentro do desenvolvimento infantil psicossocial.

Palavras-chave: Desenvolvimento Infantil. Atividade Assistida por Animas. Contação de Histórias.

ABSTRACT

This research aimed to explore and experience the contact of children with desensitized animals, classified by The contributions Assisted Activity for Animals in child psychosocial development, nursery Don Bosco, located in Diabase street in the city of Lins / SP. The survey was conducted on 18 students from kindergarten II between 3 to 4 years, in the afternoon. The method used initially was an interview with the teacher responsible for the room, which aimed to collect behavioral data of children and also their skills and living in relation to other children. After surveying these data, there were five meetings lasting 50 minutes. Within the development of interventions, the following animals were taken: rabbit, turtle, chick, pig and dog, which in all interactions were monitored and related to a children's story, stories such raising values, imagination and then fantasy play activity for completion and implementation of meetings. After these activities, the appropriate conclusions and reports of the interventions were made in order to analyze the results and verify the behaviors addressed by the children. One of these contributions was the last interview with the teacher in order to raise its final perspective regarding the work that has been developed. Due to the presence of the animals reached a satisfactory interaction related to trust, cooperation, care, affection and sensitivity within the proposed relationship, permeated the implementation of joint exercised. This work was completed with approval and satisfaction by both the teacher and the students who were part of this involvement of the intervention, making fulfill the purpose and objective of the work within the psychosocial child development.

Keyword: Child Development. Assisted Activity by Animas. Storytelling.

INTRODUÇÃO

O tema abordado neste trabalho refere-se a Atividade Assistida por Animais,

que tem por definição o envolvimento pela visitação, recreação e distração

proporcionado pelo contato da criança com o animal, somado à contação de

histórias. Os animais usados para essa intervenção foram: o coelho, tartaruga,

pintinho, porco e cachorro.

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De acordo com Dotty (2014) “nossa convivência com os animais existe desde

que o homem se reconhece na natureza, e que eles têm trazido grande ajuda no

decorrer do tempo.” Assim, a inserção dos animais na atividade de contação de

histórias é capaz de promover uma interação de forma prazerosa.

A hipótese sugeriu verificar a qualidade dos benefícios para o

desenvolvimento psicossocial de crianças atendidas em uma instituição escolar, no

que tange às habilidades sociais, cognitivas e emocionais, proporcionadas a partir

da participação grupal em um programa de intervenção de contação de histórias,

mediada pela vivência com animais.

Essa pesquisa foi desenvolvida em sete encontros de cinquenta minutos, com

um público de crianças com a faixa etária de três a quatro anos, em uma creche do

município de Lins/SP, tendo em suas entrevistas o acompanhamento da professora

do grupo. Realizou-se uma pesquisa de campo, a qual é caracterizada por ser um

tipo de pesquisa que exige que o pesquisador vá em busca de informações no lugar

determinado, para assim somá-las e arquivá-las por entrevistas, anotações e

percepções a partir dos encontros.

Os recursos para as intervenções foram músicas, fábulas, dinâmicas e os

animais, criando um ambiente lúdico possibilitando o desenvolvimento psicossocial

das crianças, habilidades emocionais, cognitivas e comportamentais, observando-se

as interações das crianças na realização das atividades como pinturas e desenhos

havendo engajamento nas atividades propostas.

O presente trabalho foi baseado na abordagem sócio histórica da psicologia,

que de acordo com Bock:

A perspectiva sócia histórica não se reconhece como meramente ideológica a possibilidade de escolhas das classes subalternadas. Ao contrário, entende-se que nisso reside a possibilita de mudança, de alteração histórica, ao reconhecer que os indivíduos podem, de certo modo, intervir sobre as condições sociais por meio de ações pessoais e/ou coletivas. (2006, p.69)

.

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O objetivo geral deste projeto foi oportunizar o contato das crianças com

animais e validar o que essa vivência é capaz de propiciar ao desenvolvimento

psicossocial das crianças e sua relação na escola.

Especificamente buscou-se despertar através dos encontros com os animais

o interesse das crianças, favorecendo o desenvolvimento e ampliação do repertório

de habilidades sociais, emocionais e cognitivas, enfocando o vínculo estabelecido na

relação com os animais.

Esse trabalho ambiciona evidenciar a contribuição existente na inserção de

atividades com animais na relação do indivíduo, mais precisamente voltada ao

desenvolvimento infantil.

1 ITENS DO DESENVOLVIMENTO

A pesquisa retrata as contribuições da atividade assistida por animais

ao desenvolvimento psicossocial infantil. A atividade assistida por animais tem um

papel importante, visando uma distração e recreação melhorando a qualidade de

vida, proporcionando o desenvolvimento psicossocial, através de atividades lúdicas,

dinâmicas, historias, oportunizando a motivação e informação, sendo muito benéfica,

as atividades são desenvolvidas de acordo com cada publico. A seleção do animal é

feita a partir da determinação do público a ser trabalhado, A atividade assistida por

animais pode estar presente em diversos ambientes e realizada com diferentes

públicos, como em escolas, hospitais, asilos e ambientes terapêuticos. Deve ser

construído um ambiente que seja bom tanto para o animal quanto para as pessoas

envolvidas nessa atividade, para que não haja nenhuma intercorrência a ponto de

prejudicar o entrosamento planejado.

Tendo como objetivo da pesquisa, propiciar a explorar e a vivência pelo

contato das crianças com animais dessensibilizados, o estudo foi desenvolvido com

18 alunos entre 3 e 4 anos, do maternal II de uma creche localizada no município de

Lins/SP.

Fundamentada na abordagem sócio histórica da psicologia, compreendendo a

interação entre o meio social e os indivíduos e as mudanças decorrentes dessa

interação. O processo de desenvolvimento do pensamento da criança ocorre

independente da aprendizagem escola, sabendo-se que os processos autônomos

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não se influenciam de modo algum. De acordo com Dotti (2014), pesquisas

realizadas com pais de crianças que tiveram animais de companhia na infância,

apresentaram resultados direcionados a atitudes de responsabilidade, de

sensibilidade e senso de comunicação com outros indivíduos, organização e

cooperação. Colaboram para a promoção de saúde e bem-estar do indivíduo.

Cuidados como colocar ração e água para o animal, ajudar a dar o banho, já são

estimuladores de responsabilidades e convivência.

Almejou-se verificar se a contação de histórias mediada pela vivência com

animais é capaz de estimular o desenvolvimento social de crianças, promovendo a

expressão de sentimentos, emoções e novas habilidades comportamentais. A partir

da relação homem- animal, sabe-se que os animais tem diversos papeis na

sociedade à muitos séculos, como o de guarda, companhia, trabalho, símbolo de

poder, status e suporte social, assim como o papel na terapia de doenças, havendo

então uma aproximação emocional entre humanos e animais, que podemos nomear

como domesticação, a partir dai pessoas de todas as culturas gostam de criar

animais de estimação.

A pesquisa desenvolveu-se em sete encontros, partindo de um contato inicial

com a instituição, seguido de observação da dinâmica e interação presente na rotina

das crianças em seguida, realizou-se entrevista aberta com a professora a fim de

levantar informações comportamentais de cada crianças.

A intervenção junto às crianças e com os animai deram-se em 5 encontros de

cinquenta minutos, após o consentimento e autorização dos pais e/ou responsáveis,

participaram da pesquisa dezoito crianças com faixa etária entre três e quatro anos

do maternal II, que foram acompanhadas dentro do espaço institucional.

Os comportamentos foram observados dentro da rotina da escola, registrados

e analisados pelo método qualitativo, com o intuito de conhecer o perfil das crianças

participantes do estudo. Foi elaborado um roteiro norteador de observação e registro

dos comportamentos emitidos pelas crianças no decorrer das intervenções, essas

observações mostraram os tipos de comportamentos mais reproduzidos por eles,

tais como: xingou, gritou, brigou, bagunça, nervoso, deu atenção ao animal, etc.

Para a primeira intervenção junto aos alunos foi levado o coelho, em conjunto

com a história “O Coelhinho: o coelhinho saltitante foi explorar...” e posteriormente

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houve a proposta de uma atividade de colagem em grupo, foi disponibilizada apenas

uma cartolina, com a ilustração do animal, com o intuito de verificar as noções de

espaço assim como a relação social dentro do ambiente escolar.

A tartaruga, foi o segundo animal inserido no contexto escolar das crianças e

complementando esse encontro foi realizada a leitura da história “Tartaruguinha”,

essa escolha se deu pois a tartaruga desperta curiosidade através de seus

movimentos mais calmos, estimulando a concentração e relaxamento. A atividade

proposta para a intervenção foi uma corrida de duas tartarugas, dividindo-se a sala

em duas torcidas de forma preferencial para cada aluno, com o objetivo de trabalhar

a agitação excessiva e a ansiedade.

No terceiro encontro foram levados três pintinhos, essa escolha deu-se pela

oferta de estímulo sensorial que estes animais oferecem, devido a sua fragilidade

necessitando um cuidado exacerbado, exigindo maior delicadeza no toque,

trabalhando a coordenação motora. O livro que precedeu o contato com o animal foi

“Os Dez Pintinhos Trapalhões”, para finalizar foi preparada uma atividade lúdica

onde o pintinho foi representado por uma bexiga com a fisionomia do mesmo.

O porco foi o animal escolhido para o quarto encontro, trazendo para as

crianças um contato relevante, pensando na desmistificação do porco, pois ele é

representado por características pejorativas nos meios sociais, como sendo um

animal sujo, trazendo a repulsa. A história contada para as crianças foi “Os três

porquinhos” que traz a mensagem, que o trabalho esforçado e feito com dedicação

será sempre recompensado, após a história foram distribuídos focinhos de porco

feitos de E.V.A.

Para o quinto encontro foi programada a visita do cão, por ser um animal

domesticado e dócil, trabalhando assim o afeto, brincadeira, o cuidado e as

responsabilidades cabíveis a ele, gerando assim a autonomia e a afetividade. A

intervenção foi complementada com a leitura do livro “Pensando nos Outros” que

toma como lição a falta de obediência do filho com a mãe, logo depois distribuímos

máscaras para colorir em formato ilustrativo do animal.

Durante o quinto encontro programou-se um momento de diálogo grupal,

relembrando as atividades e intervenções efetuadas, com o intuito de fixar e verificar

a absorção e contribuição que as intervenções desencadearam nas crianças.

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Uma entrevista estruturada foi realizada novamente junto a professora do

grupo, tais perguntas eram relacionadas às percepções e conclusões da professora

acerca do comportamento, expressões e interação das crianças após a intervenção.

Os resultados começaram a ser obtidos a partir da primeira entrevista com a

professora, constatou-se em seu discurso que as habilidades sociais nessa faixa

etária, eram presentes na turma do maternal II, sendo as crianças apresentadas

pelos seus comportamentos, classificando-as quanto sua facilidade ou dificuldade de

emissão de respostas.

Na primeira intervenção foi levado para a sala de aula o coelho, ao apresentar

o animal às crianças foram percebidos em todos os indivíduos os seguintes

comportamentos: agitação, interesse, preocupação e o brincar com o animal. Após a

leitura, aplicou-se uma atividade a qual se refere à colagem de papeis coloridos em

uma imagem desenhada em forma de coelho, havendo apenas uma aluna que não

participou da atividade, pois se dispersou subindo nos colchonetes que estavam

guardados na sala.

No segundo dia de intervenção foi contada a história “Tartaruguinha”, fazendo

com que todos os alunos se mantivessem sentados em círculo durante a leitura,

dentre as dezoito, sete crianças interagiram com a história, dando opiniões e

sugestões para a tartaruguinha, motivando-os a permanecer concentrados até o

início da atividade proposta, que foi uma corrida de tartarugas. A partir do momento

em que os animais entraram no contexto da sala, notou-se agitação em duas

crianças e medo em apenas uma. Foram muito receptivos no andamento da

atividade, participando através de torcida pelos animais enquanto estavam divididos

em dois grupos, animando a atividade. As crianças tiveram a oportunidade de

alimentar as tartarugas, o que as deixou encantadas. Após esse contato direto,

levou-se o grupo para a higienização das mãos, havendo uma dispersão,

ocasionando no desperdício de água, assim como foi ilustrado por uma das

crianças.

No início da terceira intervenção as crianças mostraram-se agitadas ao

encontrar com as pesquisadoras, concretizando o sentimento de alegria em revê-las.

O pintinho foi o animal levado para essa intervenção, junto à história “Os Dez

Pintinhos Trapalhões”, a qual durante a leitura, as crianças imitaram o barulho do

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animal. Um fato interessante de ilustrar foi que as crianças mostraram-se envolvidas

com a leitura, pois uma das pesquisadoras cometeu um erro que foi corrigido por

duas crianças (ela trocou “pintinhos” por “patinhos”). Posteriormente à contação,

colocou-se os pintinhos no meio da roda, e as crianças cantaram músicas temáticas

para o animal, surgindo dúvidas sobre o personagem “galo” que estava presente na

leitura e não se encontrava em sala, fazendo com que as pesquisadoras

explicassem que o “papai galo” ficou cuidando dos outros sete pintinhos, visto que

só havia três em sala. Ocorreram também comentários sobre o mau cheiro das

fezes do animal, mais isso não interferiu no carinho e afeto. Uma das crianças ficou

preocupada dizendo aos amigos para que tomassem cuidado com o animal. Ao final

do encontro foram presenteados com bexigas em forma de pintinhos, demonstrando

carinho e afeto assim como no animal.

Na quarta intervenção, ao chegarmos em sala as crianças ficaram agitadas,

lembraram os nomes das pesquisadoras, o nome do animal e da história passada.

Trabalhou-se a história “Os Três Porquinhos”, e a interação com o porco, nomeado

por dona porca pelas crianças, notou-se um receio das crianças em relação ao

animal, ao contrário dos encontros anteriores, três crianças específicas não se

sentiram à vontade com a presença do animal, sendo que uma delas se manteve

afastada durante toda a intervenção. Parte da atividade era alimentar o porquinho

com leite na mamadeira, fazendo uma das crianças se manter ao lado do animal o

tempo todo se preocupando. Encerrou-se a atividade com a distribuição de focinhos

de porcos em E.V.A, fazendo as crianças se inspirarem nos sons e comportamentos

do animal, finalizando com todas imitando o porquinho.

Na quinta intervenção trabalhou-se a história “Pensando nos outros”, que

aborda o tema da desobediência do cachorrinho. Uma das crianças quis justificar os

atos do cachorrinho por possivelmente ele não ter escutado as regras da mamãe

cão. Para a atividade levamos máscaras de colorir juntamente ao cachorro Bacon,

as crianças no primeiro momento ficaram receosas pelo tamanho do animal, aos

poucos foram se familiarizando e percebendo que o animal era dessensibilizado,

três crianças tiveram o comportamento de abraçar o cachorro, motivando as outras a

confiarem no animal, sendo assim os comportamentos de todos, foram: sentarem

em círculo, brincar com animal na guia, imitaram o cachorro e cantaram.

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Ainda nessa intervenção foi desenvolvida uma roda de conversa onde

trabalhamos os encontros anteriores, quatro alunos recapitularam todos animais

utilizados nas intervenções, o que parece indicar que a atividade foi significante

havendo apropriação dos conteúdos. Ao final informamos as crianças que seria o

último encontro, despertando sentimentos de tristeza percebida a partir do momento

que as crianças disseram que seria chato não voltarmos, imitando barulho de choro.

Durante o último encontro realizou-se uma segunda entrevista com a

professora responsável pela sala, com perguntas específicas sobre a percepção

dela perante o grupo, ilustrando que as crianças estavam mais harmônicas,

sensíveis, carinhosas, e em sua opinião a pesquisa desenvolvida foi muito benéfica

e que essa oportunidade que eles tiveram os muda dentro do contexto social,

propiciando nela um sentimento de motivação em trabalhar com as crianças da

mesma forma porque o resultado é visível e sentido.

As atividades foram relacionadas com histórias, músicas, imaginação, roda de

conversa, pintura e o contato com os animais, assim propiciando o desenvolvimento

e a aprendizagem de habilidades sociais, despertando o fator emocional de cada

criança, os encontros foram apresentados às crianças animais dessensibilizados

com características previamente estabelecidas para a intervenção. Observou-se

aceitação geral das crianças no decorrer das visitações em relação aos animais,

mostrando o cuidado em nomear, tocar, pegar, alimentar, acariciar, respeitando as

limitações e regras impostas no convívio com cada animal apresentado.

Dentro da relação com essas atividades, as crianças apresentaram

contentamento, participando alegremente das histórias, fazendo com que essa

relação ficasse mais dinâmica e construtiva. Também foram cantadas músicas

relacionadas aos animais, em todos os encontros, com gestos e brincadeiras,

deixando as crianças ativas e participativas. Os resultados obtidos pela pesquisa,

permitiram observar que houve mudanças no repertório comportamental e

emocional das crianças da creche após as interversões de atividades assistidas por

animais.

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CONCLUSÃO

Constatou-se que a hipótese inicial de que a contação de histórias mediada

pela vivência com animais é capaz de incentivar o desenvolvimento social e

emocional de crianças, promovendo a expressão e estimulando novos sentimentos,

comportamentos e emoções, desta forma, sendo de grande valia a pesquisa.

A pesquisa veio ressaltar o aprendizado e desenvolvimento proporcionado

pela interação das pesquisadoras junto as crianças da creche, mediada pelos

animais, que em uma relação de troca de experiências, foi capaz de levar as

crianças a realizarem novas descobertas e interesses, estabelecendo uma história

de vinculação com o animal.

A atividade assistida por animais proporciona muitas sensações e estímulos,

a partir da relação com a natureza, pois nos encontros foi possível observar as

crianças atentas às histórias, expressando sentimentos negativos e positivos,

admiração, medo, curiosidade, espanto, interesse e expectativa. Durante os encontros as crianças participavam das histórias contadas,

envolvendo-se na história, mostrando emoções correlacionadas aos personagens.

As limitações presentes na pesquisa devem-se ao curto espaço de tempo de

realização das intervenções, pois ocorreu em cinco encontros de cinquenta minutos

cada. Embora as crianças desde o início demonstrassem interação nas respostas

tornando-se fundamental para a realização do trabalho e a evidência dos benefícios

identificados a partir das reações positivas verificadas a cada encontro. Sugere-se

em estudos futuros que se dê continuidade à intervenções nessa modalidade, pois

se mostrou efetivo no alcance dos objetivos propostos, e para que se construa e se

obtenha resultados mais duradouros em um espaço de tempo maior.

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