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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES SCHLA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DECISO BRUNO WASHINGTON NICHOLS ELEIÇÕES 2014: UMA ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS RELACIONADOS AOS PRINCIPAIS PRESIDENCIÁVEIS NA FOLHA DE S. PAULO NO FACEBOOK CURITIBA 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E … · 2016-02-23 · perpassando desde sua criação – sob o nome de Folha da Manhã, em 1920 – até sua

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – DECISO

BRUNO WASHINGTON NICHOLS

ELEIÇÕES 2014: UMA ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS RELACIONADOS AOS

PRINCIPAIS PRESIDENCIÁVEIS NA FOLHA DE S. PAULO NO FACEBOOK

CURITIBA

2015

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BRUNO WASHINGTON NICHOLS

ELEIÇÕES 2014: UMA ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS RELACIONADOS AOS

PRINCIPAIS PRESIDENCIÁVEIS NO FACEBOOK DA FOLHA DE S. PAULO

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito parcial à

obtenção de grau de Bacharel em Ciências

Sociais pela Universidade Federal do

Paraná.

Orientador: Emerson Urizzi Cervi

CURITIBA

2015

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RESUMO

Considerando as possibilidades de participação oferecidas pela rede social digital Facebook,

objetiva-se, nesta pesquisa, compreender as dinâmicas exercidas pelos comentários realizados

na página do jornal Folha de S. Paulo durante a corrida eleitoral de 2014. Desse modo, a

pergunta de pesquisa que se coloca é: os comentários, ao decorrer da campanha, buscaram

persuadir ou radicalizar? Elogiar ou criticar? Para viabilizar a busca pelas respostas dessa

pergunta, construiu-se um banco de comentários através da utilização do aplicativo para

Facebook chamado Netvizz, aliado a técnica de análise de conteúdo. Os resultados indicam

que, ao contrário de nossa hipótese inicial, os comentários radicalizados decrescem ao longo

do tempo, enquanto o inverso ocorre com a característica ‘persuasão’ – sendo esta a mais

utilizada durante todo o período eleitoral. Por sua vez, no que diz respeito aos comentários

críticos e elogiosos, observa-se, de fato, que o primeiro fora mais utilizado no primeiro turno

da corrida presidencial, com prevalência nas 12 das primeiras 14 semanas de disputa, enquanto

o segundo fora majoritariamente utilizado no returno – demonstrando, então, a mudança de

comportamento dos comentários ao decorrer da eleição.

Palavras-chave: Comunicação política, Opinião Pública, Participação Política, Internet,

Facebook.

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ABSTRACT

Considering the possibilities of participation offered by the digital social network Facebook, it

aims, in this research, to understand the dynamics used by the commentaries made in the Folha

de S. Paulo page during the election run of 2014. Therefore, the main questions are: Did the

commentaries during the campaign try to persuade or to radicalize? To praise or criticize? To

viabilize the answers for these questions, some commentaries were built through a Facebook

app called Netvizz allied to the technique of analysis of content which allowed its decoding,

based in two code books established for this finality. The results indicate that contrary to our

initial hypothesis, the radical commentaries decrease whilst the opposite occurred with the

persuasion quality – this one being more used during the whole political run. On the other hand,

as regards the criticism and praise, it is observed that the first was used more in the initial phase,

mostly in the first twelve of the fourteen weeks of the run, presenting an increase in the second

phase. Moreover, the second was mostly utilized in the second phase presenting a positive jump,

so demonstrating the behavior change of the commentaries throughout the election.

Keywords: Political Communication, Public Opinion, Political Participation, Internet,

Facebook.

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LISTA DE TABELAS

1. Frequência de comentários totais por turno .............................................................................25

2. Frequência simples de comentários válidos no primeiro turno...............................................26

3. Frequência simples de reflexividade no primeiro turno ..........................................................26

4. Frequência simples de comentários válidos no segundo turno ...............................................27

5. Frequência simples de reflexividade no segundo turno .........................................................27

6. Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no primeiro turno .............28

7. Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no segundo turno .............29

8. Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no primeiro turno ..........................30

9. Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no segundo turno ...........................30

10. Frequência simples de comentários críticos e elogiosos por semana do primeiro turno ...31

11. Frequência simples de comentários críticos e elogiosos por semana do segundo turno .....33

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LISTA DE GRÁFICOS

1. Elogio x Crítica em cada semana de campanha no primeiro turno .......................................32

2. Elogio x Crítica em cada semana de campanha no segundo turno ........................................34

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SUMÁRIO

1. Introdução ...................................................................................................................................08

2. O Contexto da corrida presidencial em 2014 ...........................................................................11

3. Folha de S. Paulo – do jornal às redes sociais digitais ............................................................16

3.1As Possibilidades do ambiente online: Da web 1.0 a web 2.0 ........................................................17

4. A definição de Participação Política .........................................................................................18

5. Analise dos dados ......................................................................................................................24

6. Considerações Finais .................................................................................................................36

7. Referências Bibliográficas ........................................................................................................38

8. Anexos ........................................................................................................................................41

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1 INTRODUÇÃO

Ligado à área de comunicação política e opinião pública, o presente estudo tem por

objetivo contribuir para o debate que abrange a importância das redes socais digitais – mais

precisamente o Facebook - como ferramenta para o exercício da participação política, tendo

neste caso, como recorte temporal, o período que contempla a eleição presidencial de 2014 no

Brasil – buscando elementos que demonstrem como ocorreu o debate na esfera online.

Neste trabalho, apresenta-se uma análise sobre a dinâmica interativa dos internautas

com as publicações da página Folha de S. Paulo no Facebook, ligadas à área de política, durante

a corrida presidencial no ano de 2014. Dessa forma, propõe-se neste estudo verificar como

aconteceu o debate realizado pelos comentadores nos posts que citaram – nominalmente, ou

através de apelidos - os candidatos Eduardo Campos/Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB)

e Dilma Rousseff (PT) e verificar se os comentários elaborados são majoritariamente elogiosos

ou críticos. Entende-se por elogioso todos os comentários que elogiam o autor de outro

comentário, ao candidato, ao governo, aos internautas em geral e, por fim, ao portal onde está

sendo realizado tal comentário. Por sua vez, os comentários críticos dizem respeito àqueles

onde predominam tal característica para as mesmas categorias citadas anteriormente. Nos casos

em que os comentários apresentaram as duas características, será considerada como válida

apenas a que obteve maior ênfase. Em caráter inicial, pretende-se também estabelecer

brevemente uma relação entre os comentários realizados no Facebook da Folha de S. Paulo e

conteúdos veiculados pela televisão, como as sabatinas do Jornal Nacional ou os debates

presidenciais televisionados.

Para a instrumentalização desta pesquisa foram coletados comentários1, formando, deste

modo, um banco de dados que teve o recorte temporal datado desde a primeira até última

semana de período eleitoral – entre 05 de julho e 29 de outubro de 2014 - no qual se aplica a

técnica da Análise de Conteúdo. Tendo em vista que este trabalho objetiva contribuir com a

discussão que se coloca entre mídias sociais e eleições, além de descrever o que ocorreu nos

comentários, a pergunta de pesquisa que se coloca é: os internautas, ao decorrer da campanha,

tenderam a tecer comentários - em sua maioria – radicais ou persuasivos? Elogiosos ou críticos?

A eleição presidencial de 2014, além de acirrada2, pode ser pensada como uma disputa

marcada por diversas situações inesperadas ao longo do período de campanha eleitoral como,

1Neste sentido, torna-se necessário ressaltar a importância do Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política &

Opinião Pública – UFPR, que fora fundamental para a operacionalização deste projeto.

2http://www.tse.jus.br/hotSites/estatistica_2014/resultados/resultado-eleicao.html

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por exemplo, o falecimento do presidenciável Eduardo Campos (PSB)3 e a escolha para suprir

o lugar deste candidato pela até então vice-presidente Marina Silva4.

Tendo em vista o contexto explicitado, as hipóteses que podem ser pensadas

convergem à ideia central deste trabalho: a análise sobre a reflexividade– variável que

estabelece a reação que um comentador demonstra no comentário a uma publicação: a

reflexividade pode ser classificada em: “persuasão”; “progresso”; “radicalização” ou “outra”,

caso não se enquadre em nenhuma das anteriores - dos comentários. Neste contexto, deve-

se mencionar que os comentários persuasivos são aqueles que tentam, em seu conteúdo,

persuadir ou se mostrar persuadido em relação a outro comentador; por sua vez, os

comentários na categoria “progresso” apresentam como característica principal a

capacidade de dar prosseguimento e estimular um debate com outro comentador;

“radicalização” diz respeito aos comentários que contém ofensas em seu conteúdo; por fim,

“outra” representa todos os comentários que não se encaixaram nas categorias anteriores.

Dessa forma, as hipóteses que se colocam a serem testadas são de que i) existe uma

relação entre as variáveis “tempo de campanha” e “reflexividade”, considerando também que

os comentários radicalizam mais no segundo turno do que no primeiro e que ii) a variável

“formato do comentário” apresenta característica invariavelmente maior no que tange

conteúdo crítico em vista de comentários elogiosos. Com isso objetiva-se, então, identificar

não só as características dos comentários analisados, como também verificar se o tempo se

constitui como fator para uma possível mudança, ou não, nessas características.

Inicialmente, o primeiro tópico abordará o contexto da tumultuada eleição presidencial

de 2014, fazendo uso das principais pesquisas de intenção de voto de quatro renomadas

empresas: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Datafolha, CNT/Sensus e Vox

Populi, visando maior detalhamento desta corrida eleitoral para o leitor.

No segundo tópico será realizada uma análise sobre a história da Folha de S. Paulo,

perpassando desde sua criação – sob o nome de Folha da Manhã, em 1920 – até sua inserção

nas redes sociais digitais, bem como também haverá uma revisão dos teóricos que refletem

sobre as possibilidades ofertadas e rupturas ocorridas na web 1.0, web 2.0 e por fim, uma

revisão sobre o Facebook.

3http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1499718-presidenciavel-eduardo-campos-morre-em-acidente-

aereo-em-santos-sp.shtml 4http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1501478-psb-sela-acordo-para-lancar-marina-silva-no-lugar-de-

eduardo-campos.shtml

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Em seguida, será realizado um levantamento teórico sobre os conceitos de “participação

política”, “opinião pública” e “participação política na internet”, visando oferecer embasamento

científico à análise. Por conseguinte, o quarto tópico fora versará sobre a metodologia utilizada

para obtenção e refinamento dos dados, bem como para análise dos mesmos. Finalmente, a

última sessão desse trabalho fora designada a tratar sobre as conclusões obtidas através da

análise dos dados realizada no item anterior.

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2 O Contexto da Eleição Presidencial em 2014

A eleição presidencial de 2014 no Brasil pode ser considerada como a disputa eleitoral

mais acirrada desde o período da redemocratização brasileira – apresentando a diferença de

apenas 3% entre a campanha vencedora e a segunda colocada. No segundo turno tal intensidade

se repetiu desde os debates presidenciais até as calorosas discussões em fóruns da internet e

páginas de jornais tradicionais nas redes sociais digitais como, por exemplo, a alta quantidade

de comentários realizados nas postagens de notícias na página do jornal Folha de S. Paulo no

Facebook. Ao longo deste capítulo serão discutidos os principais elementos que marcaram a

eleição presidencial de 2014, a fim de situar o leitor sobre o contexto daquela disputa, bem

como, desta maneira, facilitar o entendimento para os próximos capítulos - na medida em que

se tem maior noção sobre o contexto do objeto a ser analisado neste trabalho.

Conforme dados apresentados pelo TSE5, 12 candidaturas concorreram à presidência da

república em 2014, o que representa, em números totais, o maior número de candidaturas para

a disputa do maior cargo do executivo nacional – quantidade idêntica já ocorrera na eleição de

19986, denotando uma concorrência significativa quanto às últimas eleições para este cargo.

Com as convenções dos partidos - realizadas entre 14 a 28 de junho - e com as candidaturas

oficializadas até a data de 05 de julho7 foi possível saber, então, que os candidatos à presidência

daquele ano foram: Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT),Eduardo Campos (PSB),

Eduardo Jorge (PV), Pastor Everaldo (PSC), Levy Fidelix (PRTB), Zé Maria (PSTU), José

Maria Eymael (PSDC), Luciana Genro (PSOL), Marina Silva (PSB), Mauro Iasi (PCB) e Rui

Costa Pimenta (PCO).8 Nota-se que há, no rol de candidaturas exposto, duas candidaturas pela

sigla PSB, isto acontece devido à substituição que ocorrera devido ao falecimento do até então

presidenciável Eduardo Campos.

Com as candidaturas oficializadas iniciou-se o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral

no dia 19 de agosto9 daquele ano, e os partidos puderam então veicular nas mídias as imagens

de seus presidenciáveis e suas propostas para a população. Dias antes do início do HGPE o

Jornal nacional, da Rede Globo, realizou uma série de três sabatinas com os principais

presidenciáveis segundo as pesquisas de intenção de voto – os entrevistados foram, por ordem,

Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Dilma Rousseff (PT). Talvez um dos

5http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2014/sistema-de-divulgacao-de-candidaturas 6 http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-1998/candidatos-a-presidencia-da-republica 7http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2014/06/84329-calendario-eleitoral.shtml 8http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2014/sistema-de-divulgacao-de-candidaturas 9http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/horario-eleitoral-gratuito-em-radio-e-televisao-para-as-eleicoes-2014

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elementos mais surpreendentes desta eleição viera a ocorrer justamente ao dia seguinte da

sabatina com Eduardo Campos, quando, em 13 de agosto10, o até então candidato falece num

trágico acidente aéreo. Sua morte gerou comoção nacional e uma série de expectativas sobre

sua substituição. As atenções então voltaram-se à Marina Silva, sua vice presidenta e

personagem até então mais cogitada para substituí-lo – o que aconteceu, segundo nota oficial

de seu partido, PSB, ao dia 20 de Agosto.11 Mesmo com toda esta expectativa criada sobre a

importância do PSB a campanha seguiu polarizada entre PT – como o partido buscando a

reeleição - e PSDB, como seu principal opositor, conforme apontam Mendonça e Parzianello:

O cenário que se apresenta para a campanha eleitoral de 2014, mais uma

vez coloca os candidatos do PSDB e PT como principais rivais

políticos, que disputam o cargo à Presidência da República. O atual

governo e a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) estão em

situação que precisam dar respostas à sociedade, que acreditou nas

propostas nas últimas eleições e no discurso da mudança, com vistas à

igualdade social e principalmente na ideia de que há solução para a crise

política brasileira. De outro lado, o principal partido de oposição PSDB

e seu candidato, Aécio Neves, sobrevivem à sombra de uma imagem

política positiva, construída basicamente por Fernando Henrique

Cardoso (FHC) enquanto Ministro da Fazenda e coordenador do bem sucedido ―Plano Real‖ no governo Itamar Franco, e, posteriormente ao

assumir a Presidência da República por duas vezes. (MENDONÇA e

PARZIANELLO, pág. 09, 2014).

Porém, mesmo a campanha estando polarizada entre PT e PSDB, deve-se ressaltar o

papel ativo e não secundário representado pelo PSB através da ideia de terceira via, uma opção

tomada pelo partido e apresentada para a sociedade como uma alternativa a esta polarização.

Deve-se destacar também, de acordo com Balzaretti, Silva, Rech e Da Sois, que a força política

da ideia de terceira via passa a ganhar força e cada vez mais notoriedade a partir da morte de

Eduardo Campos, o que gerou expectativas de vitória cada vez maiores. Para os autores:

Nas eleições presidenciais seguintes, em 2014, Marina Silva aliou-se –

tanto por motivos eleitorais quanto por motivos programáticos – a outra

força política que apresentava-se como alternativa à velha polarização:

o governador de Pernambuco, Eduardo Henrique Accioly Campos – do

Partido Socialista Brasileiro (PSB). A chapa formada por Silva e

Campos, a Coligação Unidos Pelo Brasil, porém, não teve expressão

política significativa até que o trágico acidente que tirou a vida de

Eduardo ocorreu em 13 de agosto. A comoção nacional em volta da

morte do presidenciável colocou todos os holofotes da nação voltados

10http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1499718-presidenciavel-eduardo-campos-morre-em-acidente-

aereo-em-santos-sp.shtml 11http://www.psb40.org.br/not_det.asp?det=5753

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à candidatura à Presidência herdada por Marina. De imediato, sua

candidatura decolou e, ao que tudo indicava, havia não somente a

possibilidade da mesma passar ao segundo turno, como também de ser

eleita Presidente da República. Porém, por diversos motivos, a

candidatura de Marina não manteve o fôlego adquirido com a tragédia

e despencou nos momentos finais da campanha. Porém, um motivo

identificado em praticamente todas as análises e opiniões para o

desmoronamento da candidatura de Silva é, em suma, o fato de que as ideias representadas por sua candidatura não eram claras o suficiente

para o eleitorado – a mesma era vista como uma incógnita política.

(Balzaretti, Silva, Rech, Da Sois, pág. 10, 2014)

Mesmo com toda força que a campanha ganhara após a morte de Campos e com o

motivo destacado pelos autores para seu desmoronamento, outras questões podem ser

apontadas para explicar esta queda como, por exemplo, o viés tomado tanto por PT quanto por

PSDB para atacar a campanha de Marina Silva, recém candidata à disputa eleitoral daquele

ano. Segundo artigo de Souza e Martins, a campanha petista passa a, abertamente, criticar a

presidenciável do PSB a partir de setembro, numa estratégia para diminuir o avanço de Marina

nas pesquisas de intenção de voto (até ali, Marina ameaçava a reeleição de Dilma) (Souza;

Martins, 2015). Além disto, Dilma passa a criticar pontos específicos apresentados por Silva

como, por exemplo, a quantidade de promessas feitas pela presidenciável do PSB, sua política

econômica parecida com a política econômica do PSDB e a questão do pré-sal.

A independência é uma conquista que precisa ser fortalecida todos os

dias. Cada momento na vida do Brasil exige de nós um esforço

diferente. [...] Nesse exato momento, é a defesa do pré-sal. Essa imensa riqueza, que é o nosso passaporte para o futuro. Essa luta torna-se

particularmente importante porque surgem vocês que ameaçam esta

grande riqueza nacional. A candidata Marina Silva é uma delas, pois

tem defendido o fim da prioridade ao pré-sal. [...] Isso significaria

abandonar ou desacelerar a exploração dessa imensa fonte de riqueza,

com consequências terríveis para o desenvolvimento do Brasil. (apud

SOUZA; MARTINS pág. 37, 2015).

A candidata petista atrelou não só sua crítica à Marina - quanto sua política econômica

- à imagem de Aécio como, também, apontou contradições dos mesmos presidenciáveis numa

tentativa de ratificar que, qualquer um dos dois que fosse ao segundo turno, era uma escolha de

voto ruim (SOUZA; MARTINS, 2015). Por outro lado, as críticas à Marina Silva também foram

colocadas pelo candidato Aécio Neves, pois tinha o desafio de convencer que ele era a melhor

mudança e não Marina, que ameaça a polarização com o PT (SOUZA; MARTINS, 2015).

Assim, nota-se que tanto Dilma quanto Aécio estavam se sentindo ameaçados pelo forte

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crescimento de Marina Silva. O candidato tucano critica a falta de estabilidade de Silva como

um dos principais fatores negativos da candidata, bem como a sua imagem atrelada ao governo

petista, como pode ser destacado na seguinte fala:

Você conhece mesmo a Marina? Eu me lembro que eu ainda líder

partidário, na Câmara dos Deputados, defendi a Lei de

Responsabilidade Fiscal, não para atender interesses do PSDB, mas

para atender interesses dos cidadãos brasileiros, para acabar com a farra

das administrações públicas irresponsáveis. Onde estava Marina? No

PT, votando contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. [...] Veio o

escândalo do mensalão [...] que trouxe indignidade a toda a sociedade

brasileira. Onde estava Marina? Ministra de Estado. Se indignou? Pediu

pra sair? Não. Continuou como Ministra de Estado. Nos brindou com

um obsequioso silêncio. Naquele momento, não considerou o mensalão

práticas da velha política. [...] Vejo Marina quase como uma metamorfose ambulante, trocando de posições ao sabor das

circunstâncias. (SOUZA; MARTINS pág 42, 2015).

A partir de críticas como essas, aliado a inabilidade por parte de Marina Silva ao não

conseguir esclarecer suas propostas – motivo destacado por Balzaretti, Silva, Rech e Da Sois –

a campanha do PSB passa a registrar decréscimos nas pesquisas de intenção de voto, o que

levou esta candidatura à terceira posição ao final do primeiro turno – posição antes ocupada

pelo PSDB, que foi para o segundo turno disputar a eleição contra Dilma Rousseff. Coube ao

PSB, então, definir qual seria sua posição para o segundo turno – seja como neutro ou como

apoiador de uma das chapas. Por fim, o partido decidiu pelo apoio programático ao PSDB12. O

segundo turno da eleição presidencial fora marcado por debates intensos, onde pipocavam

críticas e acusações de ambos os lados. Ao final do segundo turno, o resultado das urnas

mostrou o quão equilibrado fora este pleito, sendo Dilma Rousseff reconduzida ao cargo de

presidenta da república com 54.483.045 votos, o que significa apenas 3,3% de diferença para

os 50.993.533 votos conquistados por Aécio Neves13 - ou seja, a menor diferença em uma

eleição presidencial desde a redemocratização. Outra forma para olhar esta eleição sob a ótica

de um maior equilíbrio diz respeito aos resultados obtidos pelas pesquisas de intenção de voto

realizadas entre fevereiro e outubro de 2014 por três institutos de pesquisa14: Datafolha, Ibope

e Vox Populi15. A impressão inicial que se tem ao analisar os resultados diz respeito à ampla

12http://www.psb40.org.br/not_det.asp?det=5920 13http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-candidaturas-2014/estatisticas-eleitorais-2014 14 http://www.paradoxzero.com/brasil2014/ 15

http://www.ibope.com.br/pt-br/Paginas/home.aspx,http://datafolha.folha.uol.com.br/e

http://web.voxpopuli.com.br/

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vantagem que Dilma apresenta para o segundo colocado nos primeiros meses de campanha –

vantagem esta que bate na casa dos 20 pontos percentuais. Posteriormente, vê-se que Eduardo

Campos não apresenta crescimento significativo ao longo da campanha, apresentando pequenas

oscilações – sua maior porcentagem fora na pesquisa Datafolha para o mês de Abril, chegando

a 14% das intenções de voto, porém, no mês seguinte oscilou para 11% - ficando, então, na

terceira posição na disputa desta eleição. Por sua vez, Aécio Neves também apresenta

comportamento oscilante quanto às pesquisas, tendo altos e baixos até setembro – quando,

segundo pesquisa feita pelo Ibope, o candidato passa de 19% em Setembro para 30% em

Outubro. O destaque, ao analisar os números das pesquisas destes três institutos, fica por conta

de Marina Silva. Em agosto, mês de seu falecimento, Eduardo Campos apresentava 9% dos

votos segundo o Ibope. A partir da escolha de Marina Silva como candidata, seu percentual de

intenção de votos cresceu significativamente, chegando aos 28 pontos, segundo pesquisa

VoxPopuli para Setembro. Mesmo com esta crescente, a candidata do PSB apresentou, no mês

seguinte, queda percentual, chegando aos 22% tanto nas pesquisas do Datafolha quanto do

Ibope, enquanto Aécio aparecia com 24 e 30 pontos percentuais, respectivamente. A partir do

que fora analisado no presente tópico, faz-se necessário entender como o contexto conturbado

desta eleição presidencial pode ter relação com as possibilidades de participação oferecidas com

o advento da web 2.0, em específico, as redes sociais digitais. Vale ressaltar, por exemplo, que

o trágico acontecimento que levou à morte do ex-presidenciável Eduardo Campos (PSB) fora

responsável por picos de comentários com características persuasivas – questão que será

discorrida ao longo deste trabalho. O tópico seguinte versará sobre as mudanças ocorridas na

web, desde a primeira até à segunda - e atual – geração, assim como a ampliação de opções

geradas por esta transformação, aliando o que será dito com o jornal Folha de S. Paulo, que

também atua na plataforma web.

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3 FOLHA DE S. PAULO – Do Jornal Físico ao Facebook

A Folha de São Paulo é um jornal fundado no dia 19 de fevereiro de 1921 com o nome

“Folha da Noite”, e passou a contar também com os jornais “Folha da Manhã” e “Folha da

Tarde” anos depois. Mais tarde, em 1º de Janeiro de 1960, os três jornais se fundem dando

origem ao nome utilizado atualmente16. Com a expansão da internet no Brasil, o Jornal Folha

de São Paulo passa a, em 1996, investir em conteúdos na web com a criação do Universo Online

(UOL), passando a ser a primeira empresa jornalística do Brasil a divulgar notícias em jornal

físico e na web pelo endereço eletrônico “ww.uol.com.br”.

Um ano antes da criação do Portal UOL é lançado o endereço eletrônico FolhaWeb, que

em 1999 passa a ser chamado de Folha Online, operando de forma independente ao conteúdo

publicado em jornal físico – independência que acabaria em 2010, com a integração das

redações da Folha Online e Folha impressa.17 Em 25 de março do ano 200 a Folha de S. Paulo

aumenta seu leque de plataformas lançando o Folha WAP, um canal de notícias a ser acessado

por dispositivos móveis. Atualmente, a empresa possui uma página oficial na rede social digital

Facebook com mais de 05 milhões de curtidas.

Ao longo dos anos a Folha de S. Paulo se modernizou – estando, atualmente, nas mais

diversas plataformas, desde o jornal impresso até as redes sociais. Assim, para esta pesquisa,

torna-se importante analisar a trajetória da empresa na internet e como se deram as

transformações dentro desta plataforma fazendo uso de uma revisão sobre a internet,

objetivando identificar as formas de utilização de cada uma dessas transformações.

16Informações baseadas em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/historia_folha.htm 17 Informações baseadas em: http://temas.folha.uol.com.br/folha-20-anos-na-internet/a-folha-na-web/lider-entre-

jornais-folha-completa-20-anos-na-internet.shtml

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17

3.1 As Possibilidades do Ambiente Online: Da Web 1.0 a Web 2.0.

Os estudos iniciais sobre o tema consideram que a internet sofreu mutações

significativas que podem ser consideradas como rupturas, ou então as chamadas “gerações”

da internet. Segundo Silva (2010), a internet de primeira geração era um espaço caracterizado

pela elaboração de conteúdos por especialistas, enquanto o usuário realizava leitura e

mantinha contatos através das tecnologias de informação como chat, e-mail, ou seja, o

usuário era “passivo”. Ainda, para o autor, a web 1.0 pode ser destacada num cenário onde

só era possível o download de arquivos, enquanto a próxima geração da web permite, também,

o upload. A primeira geração web é caracterizada pelas dificuldades de acesso provenientes

de seu custo, bem como as limitações impostas ao usuário, não havendo possibilidade de o

mesmo comentar, criar novos conteúdos, e sua capacidade de comunicação com outros

internautas ainda não era tão ampla. Por sua vez, a geração seguinte da internet, chamada

“Web 2.0”, aumentou a participação na rede, onde a internet se coloca mais acessível aos

utilizadores - que podem produzir e publicar seus próprios documentos e interagir de alguma

forma com as páginas que acessa - também diminuiu os custos de produção de informação,

ao possibilitar servidores gratuitos para hospedagem de sites. Neste cenário de trocas,

produção e circulação de informações na web 2.0, surge a importância de estudar o papel das

redes sociais digitais – nesta análise, a rede social digital Facebook – para verificar as novas

e diferentes possibilidades que esta oferece para seus utilizadores em relação aos sites

independentes. Com a inserção dos tradicionais veículos – como é o caso da Folha de S. Paulo

- de informação na rede social digital Facebook, novas possibilidades de interação surgiram,

sendo possível a expressão de sua opinião sem limite de caracteres e sem censura prévia,

possibilitando a publicação instantânea de um comentário, estabelecendo debates em tempo

real com outros comentadores - a saber, os meios tradicionais também possuem características

de interação, mas diferentes das ofertadas pelas redes sociais: tal debate não será aqui

aprofundado. Os benefícios em se trabalhar com os comentários realizados em redes sociais

em face aos de sites baseiam-se na fluidez proporcionada por aquelas, tornando a

possibilidade de comentar algo ainda mais acessível e prático do que era nos portais

independentes. A participação política online, aqui, está contemplada à medida em que um

número indeterminado de pessoas tem a opção de, ao mesmo tempo e espaço digital,

compartilhar suas ideias e comentar o que fora postado por outros indivíduos. Assim, a

seguinte sessão tratará sobre uma breve reflexão acerca dos conceitos de participação política,

debate público e opinião pública, pretendendo embasar teoricamente o objeto desta análise.

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18

4 A Definição de Participação Política

É possível pensar os comentários e interações realizados na página Folha de S. Paulo

como uma forma de participação política ao encontrar, neles, fundamentação teórica. Neste

contexto, o presente capítulo versará sobre a participação política e a participação política na

internet, bem como refletirá brevemente sobre os conceitos de Opinião Pública e Debate

Público. Há de se reconhecer, entretanto, que há diferentes perspectivas sobre a participação

política, o que implica na discussão – que não será aqui estabelecida - sobre conversação civil,

teoria deliberativa e jornalismo participativo, por exemplo. Uma primeira definição sobre

participação política pode ser encontrada em Bobbio (1998), em que elenca uma série de ações

que podem ser caracterizadas deste modo:

Na terminologia corrente da ciência política, a expressão Participação

política é geralmente usada para designar uma variada série de

atividades: o a todo voto, a militância num partido político, a

participação em manifestações, a contribuição para uma certa

agremiação política, a discussão de

acontecimentos políticos, a participação num comício ou numa reunião

de seção, o apoio a um determinado candidato no decorrer da campanha eleitoral, a pressão exercida sobre um dirigente político, a difusão de

informações políticas e por aí além. (BOBBIO, 1998, p. 888).

Assim, os comentários e interações analisados verificam-se em posição próxima ao que

fora definido por Bobbio (1998) como participação política. Além da reflexão sobre os

conceitos citados, serão observadas, ao longo deste capítulo, as dinâmicas dessa participação

política online, com a finalidade de embasar teoricamente os dados e os resultados por eles

indicados. Para esta pesquisa, outro conceito – atrelado ao de participação política – fora

considerado como essencial para este trabalho – trata-se da Opinião Pública. Bobbio (1998)

pensava a opinião pública como tendo “por função permitir a todos os cidadãos uma ativa

participação política, colocando-os em condições de poder discutir e manifestar as próprias

opiniões sobre as questões de geral interesse” e, para que isto acontecesse, seria preciso,

fundamentalmente, que houvesse liberdade de imprensa de forma plena, aliado a publicização

das questões tratadas em âmbito parlamentar – oferecendo, então, ao público, o acesso a estas

informações, para que elas pudessem ser apreciadas e debatidas por ele. Para o autor, a Opinião

Pública nasce do debate público e é pressuposta por uma sociedade civil não indistinguível do

Estado, onde haja círculos sociais que “permitam a formação de opiniões não individuais, como

jornais e revistas, clubes e salões” (Bobbio, 1998, pág. 842) – considerando, desta forma, a

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opinião pública como algo ocorrido com base em informações e pela troca realizada entre

indivíduos.

Davidson (1958), por sua vez, pensa que a opinião pública deriva de processos

psicológicos e sociais aonde um indivíduo, ao se posicionar, cria – de antemão – a expectativa

de que a postura de outros indivíduos seja semelhante à tomada por ele, tornando a opinião

pública algo que envolve constantemente a relação “indivíduo-grupo”. Destaca-se também o

fato do autor considerar que a opinião pública coloca o indivíduo numa situação de exposição

a argumentos diferentes dos seus, o que gera possibilidades das pessoas conhecerem opiniões

vindas de outros indivíduos de outros círculos sociais (Davidson, 1958, pág. 99). Segundo as

exposições feitas até aqui, os comentários na fanpage Folha de S. Paulo podem ser

considerados, sem exageros, como interações entre indivíduos acerca dos fatos publicados por

esta empresa de comunicação, com a possibilidade de haver troca de informação entre eles,

visto as condições e pressupostos básicos para estas trocas serem viabilizadas. Preocupação e

busca pelo entendimento como base para a resolução de conflitos também passa a ser algo

discutido por Manin (1996) ao concluir que a conciliação, nas esferas sociais e também na

esfera política se dá por meio da discussão e da negociação, onde uma “democracia de partido”,

caracterizando-se como forma estável de governo, não operaria através de imposições rígidas

de programas preestabelecidos.

Com a popularização da internet e a “explosão” das redes sociais digitais, também sob

o nome de new media, como Twitter, Google Plus e Facebook pelo mundo, com o maior acesso

dos brasileiros por esta última - cerca de 63% dos brasileiros responderam que a rede social

mais acessada por eles, de segunda a sexta feira, é o Facebook e, nos finais de semana, este

percentual sobe para 67%18 - e, fundamentalmente, graças às novas possibilidades de uso

trazidas pelas redes sociais, torna-se importante analisar as dinâmicas dos debates ocorridos

nestas plataformas – o que implica em analisar, também, a relação entre participação política e

internet. A chamada new media oferece um ambiente novo, mais democrático e mais fluído

para se debater questões “políticas”, conforme relatório da The Electoral Knowledge Network

sobre Mídia e Eleições:

Em muitos países, a new media tornou-se uma das mais vibrantes

plataformas para as pessoas expressarem suas opiniões, compartilharem

informações, interagir com seus líderes, e debater as principais questões

eleitorais. A new media oferece a vantagem de ser “democrática”,

permitindo a qualquer pessoa postar suas opiniões em blogs e micro

18http://observatoriodaimprensa.com.br/download/PesquisaBrasileiradeMidia2014.pdf

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blogs, compartilhar links, enviar e encaminhar e-mails, criar websites e

assim por diante. Também possui a vantagem de operar em tempo real,

permitindo então que as pessoas acompanhem a evolução dinâmica e

em constante mudança. Por fim, a new media também se mostra muito

mais difícil de censurar ou silenciar, pois os governantes não podem

suspender facilmente bloggers “certificados”, usuários de Twitter, ou

processar alguém por postar links no Facebook (The Ace Electoral

Network And The Encyclopaedia, 2013, pág. 36, trad. nossa)

Ou seja, um dos principais diferenciais do new media diz respeito à forma com que se é

possível fazer uso destas plataformas, tendo maior liberdade e conforto para sua utilização.

Sabe-se que a eleição presidencial de 2014 fora acirrada e isto tende a incutir um cenário de

disputa por votos e essa disputa exalta a possibilidade que a internet oferece ao relacionar um

contato entre informações e o internauta, oferecendo a ele novas oportunidades para expressar

seu ponto de vista em relação a determinado assunto, de acordo com Panis (2013):

O que difere a internet das outras formas de comunicação e o que a

constitui como uma nova mídia é a possibilidade de interação

envolvendo candidatos e cidadãos, bem como o suporte e ferramentas

que dão ao leitor a opção de escolher sua fonte de informação. A

internet viabiliza uma comunicação mais horizontal, interativa e

constante que tem potencial para dar novas possibilidades de práticas

de participação política. (PANIS, 2013, p. 20).

Destaca-se, então, o fato de que a internet pode ser considerada como um marco em

como ocorre à transmissão da informação para os internautas e o fomento do debate através

dessas informações publicadas. Como já dito, o contato entre os comentadores e os posts se dão

de forma mais horizontalizada do que nas mídias tradicionais e, aqui se coloca uma posição da

internet quanto às mídias tradicionais: a primeira vem ganhando cada vez mais espaço quanto

ao consumo de informações pelos internautas e, pensando nas possibilidades oferecidas por esta

nova forma de acesso a informações, onde se pode debatê-las em tempo real e, muitas vezes,

na mesma página de uma notícia, as campanhas eleitorais começam a instrumentalizar a internet

para seus objetivos, conforme os autores Marques e Sampaio (2011) apontam:

No que concerne ao consumo de informação política, por exemplo,

nota-se uma ruptura em relação aos padrões tradicionais auferidos pelos media convencionais. Ainda que o horário gratuito de propaganda

eleitoral continue relevante (e alvo de disputas partidárias com o intuito

de formar coligações para garantir tempo de TV relevante), é crescente

o consumo de informações por meio da Internet. É verdade que muitas

destas informações são apenas reprodução do que já se tem na televisão

ou no rádio. Porém, há materiais que somente são tornados disponíveis

através de cartas-corrente, de vídeos e gravações revelando momentos

infelizes de opositores ou, mesmo, de opiniões que outros usuários

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compartilham com suas listas de contato. Munidos de conhecimento

sobre este cenário, as coordenações de campanhas eleitorais passam a

instrumentalizar os media digitais de maneira a se adequar a este novo

padrão característico do mercado contemporâneo de oferta de

informações. (MARQUES; SAMPAIO. 2011. p. 16).

Portanto, há então, uma preocupação por parte das campanhas com os conteúdos

publicados na web e a forma com que essas informações serão recebidas pelos internautas, que

com o advento das redes sociais ganharam novas possibilidades de participação. Neste sentido,

Gomes (2005) discute a participação política sob a égide da chamada “democracia digital” que,

segundo os autores, diz respeito a “um expediente semântico empregado para referir-se à

experiência da internet e de dispositivos que lhe são compatíveis, todos eles voltados para o

incremento das potencialidades de participação civil na condução dos negócios públicos”, ou

seja, uma forma para tentar superar, segundo os autores, a “fraca participação política” e a

separação entre as esferas civil e política, visando à internet – ou o “meio digital” – como algo

a explicitar a participação política do público nos processos decisórios. Continuando nesta visão

positiva sobre a capacidade da internet em propiciar melhores condições para a participação

política, Gomes destaca as “possibilidades e limites” desta participação política na internet.

Como fatos positivos a este tipo de participação política na internet constam a

comodidade e a facilidade de acesso aliado ao engajamento político, a variedade de opções de

armazenamento, a rapidez, a economia e a conveniência de se disseminar informação política

online (Baber, 2003, apud Gomes, 2005), já os fatores negativos a este tipo de participação

dizem respeito ao uso do anonimato para fins tirânicos, racistas, discriminatórios e

antidemocráticos na internet (Gomes, 2002 apud Gomes, 2005), bem como a dominância,

comprovada em pesquisas, das discussões políticas por poucas pessoas. Outros autores também

discorrem sobre as capacidades oferecidas pelo uso da internet para a participação política

online, Pippa Norris (2003) argumenta que a participação política online enfrenta obstáculos

consideráveis devido à variedade de funções que a internet oferece quanto a entretenimento,

por exemplo, tornando mais difícil um internauta parar de realizar suas atividades na web –

como ouvir músicas, jogar ou assistir filmes – para acessar fóruns e páginas em que se estão

discutindo temas políticos e participar destas discussões, segundo a autora:

O mundo político – na web – divide espaços com sítios de

entretenimento, por exemplo, resultando numa possível falta de atenção

para com o primeiro. Além disto, em muitos estudos baseados em

análise de pesquisas norte-americanas verificou-se que a Internet

geralmente funciona para “ativar” mais e informar os cidadãos norte-

americanos que já estavam envolvidos em política, pregando para os

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convertidos e reforçando as desigualdades sociais existentes na

participação política. (Bimber, 1998; Corrado, 2000; Davis, 1999;

Davis e Owen, 1998; Hill e Hughes, 1998; Kamarck e Nye, 1999 apud

NORRIS, 2003, p. 24, tradução nossa).

Ocorrendo, desta maneira, o que a autora chama de “pregar para os convertidos”. Em

suma, pessoas que tem interesse em versar sobre temas políticos o farão com mais facilidade

do que aqueles que, num primeiro momento, não apresentam tal disposição. Reflexões sobre a

dinâmica da participação política online também foram tecidas por Marques e Sampaio (2011)

avaliando tanto seus benefícios quanto seus malefícios. Em resumo, o autor pondera que um

segmento da literatura da última década sobre a chamada “democracia digital” aparentava um

tom não otimista ao indicar, dentre outros fenômenos, que os usuários de internet tendiam a

reproduzir comportamentos típicos do mundo off-line, como, por exemplo, juntar-se somente a

grupos com os quais compartilhavam sentimentos e afinidades políticas (like-minded)

(Marques e Sampaio 2011, pág. 5), denotando uma visão não tão eufórica sobre os efeitos que

a democracia digital poderia oferecer; todavia, o autor indica a ruptura no modo de consumir e

fornecer conteúdos nas campanhas eleitorais, considerando que, na relação com estas

informações, um indivíduo passe a conhecer perspectivas de mundo diversas e a informações

que, voluntariamente, não buscaria ou tomaria conhecimento (Marques e Sampaio 2011, pág.

7) ressaltando, novamente, a relação entre os indivíduos proporcionadas pelo new media,

ocasionando estas trocas de informações. Já para Davis (apud SAMPAIO, R. C; MAIA, R. C.

M. e MARQUES, F. P; 2010 pag 450)as discussões online não visam à busca em comum por

soluções de uma determinada questão conflituosa, mas sim para expressar posicionamentos

particulares – sem, necessariamente, estarem em conflitos. Outras críticas são feitas a

participação política online quando Wilhelm (apud SAMPAIO, R. C; MAIA, R. C. M. e

MARQUES, F. P; 2010 pag 450) comprova a homogeneidade de ideias quanto aos participantes

das discussões, ocasionando em debates onde as ideias expostas dificilmente seriam

conflitantes entre si, ou quando Jankowski e Van Os (apud SAMPAIO, R. C; MAIA, R. C. M.

e MARQUES, F. P; 2010 pag 450) atestam em seus estudos que apenas um pequeno grupo de

pessoas dominou o debate em questão, apresentando uma limitação quanto à flexibilização da

discussão quanto aos temas e também em relação aos interesses mútuos e reciprocidade.

Com a inserção dos tradicionais veículos de informação na rede social digital Facebook,

novas possibilidades de participação também surgiram, sendo possível a expressão de sua

opinião sem limite de caracteres, sem censura prévia, publicação instantânea, interação com

outros debatedores, entre outras possibilidades, o que não se verificava através da utilização

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dos portais independentes dessas mídias tradicionais – tornando-se ainda mais importante a

realização de uma pesquisa sobre essas relações no Facebook em face às demais redes. Para

Marques e Sampaio (2011):

O Facebook também desempenhou um papel interessante na medida em

que “curtir”, “compartilhar” ou “comentar” o input inicial gerado por

um contato significa distribuir uma mensagem para sua própria rede de

amigos. Nesse sentido, a distribuição de conteúdos em rede possibilitada por esta outra iniciativa revela, inclusive, uma vantagem

em relação ao Twitter, no qual as mensagens tendem a se perder em

grande velocidade. (MARQUES; SAMPAIO, 2011. p. 7).

Desta maneira, faz-se importante a análise da dinâmica dos comentários de um dos

maiores jornais do Brasil nesta plataforma, a Folha de São Paulo, no período referente à disputa

eleitoral de 2014, buscando verificar as dinâmicas do que fora comentado. Há também que se

destacar a operacionalização dos comentários em seu sentido amplo, considerando a

possibilidade de radicalização do debate - bem como ocorre nos fóruns, conforme observado

por Marques (2006) ao apontar que nos fóruns abrigados pelo ambiente digital, são comuns

ofensas ou exclusões de usuários que não se dobram a determinado posicionamento, o que na

verdade não caracteriza uma atitude democrática, na medida em que se configura como uma

forma de violência (Marques, 2006). Atualmente, os estudos sobre internet parecem, segundo

Sampaio (2010), traçar por linha mais equilibrada: nem cética, nem otimista. Esta linha mais

equilibrada trata de olhar a internet como um meio, como uma ferramenta, não criando

expectativas negativas nem positivas quanto a ela – justamente por ser considerada “apenas”

um meio. Segundo o autor, “a internet não define o que acontece ou o que deixa de ocorrer por

si”, cabendo ao indivíduo esta decisão. Sampaio (2010) ainda lembra que, num cenário

hipotético onde não exista internet, os custos a se ter para realizar determinada tarefa seriam

maiores, mas não seria uma tarefa impossível de realizar devido a esta inexistência.

Com o que fora exposto nesta sessão, podem-se ressaltar alguns aspectos como cruciais

para esta pesquisa. O caráter democrático - juntamente à possibilidade de anonimato, a fluidez,

os fatores que incentivam e desincentivam a participação política online, bem como a noção de

que um indivíduo busca, ao se posicionar, que sua postura seja semelhante à de outros

indivíduos no mesmo debate – constituem-se como alguns dos fatores que levam a

complexidade deste objeto – sendo importante, desta forma, uma análise precisa sobre tais

comentários – algo que será realizado no tópico a seguir.

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5 Análise dos Dados

O método de pesquisa deste projeto se dá através da análise de conteúdo do material

coletado a partir da utilização do aplicativo Netvizz referente ao período de cobertura eleitoral,

da primeira a última semana de campanha, sobre as interações realizadas na página do jornal

Folha de São Paulo19. Através da execução deste aplicativo são disponibilizados arquivos em

planilhas - preenchidos segundo um conjunto de especificações - e, a partir deste banco de

dados completo, se foi necessário à utilização do programa IBM/SPSS para a disposição

estatística destes dados, viabilizando uma melhor apresentação dos resultados obtidos20.

Os dados obtidos foram analisados com base em dois livros de códigos: um para a

cobertura das publicações dos jornais na rede social e, outro, para a categorização dos

comentários e interações destas publicações. Começando pelo Livro de Códigos dos Posts

(publicações), temos as seguintes variáveis: ‘Tema Geral’ – objetivando a definição do tema

predominante no texto da publicação; ‘Tema de Campanha’ – categoria analisada somente

quando a variável Tema Geral apresenta o código 1, tem por finalidade descobrir o tema

relacionado a campanha que foi abordado em determinada publicação; ‘Tipo de Fonte’ –

quando se fez uso de algum indivíduo como fonte de informação. Nesta sessão, destaca-se

sempre a pessoa mais citada e, quando o número de citação para mais de uma fonte for igual,

registra-se a primeira pessoa a ser citada; ‘Origem da Fonte’ – variável que determina de forma

mais precisa o teor da fonte; ‘Número de Fontes’ – diz respeito ao número total de fontes citadas

em determinado post (publicação); ‘Citação de Candidato’ – variável que diz respeito a

ocorrência ou não ocorrência de citação de candidato; por último, temos a variável ‘Valência’

– toda vez que houver a citação de candidato, deve-se também constar nessa categorização a

valência desta citação, a valência pode ser categorizada de quatro formas: Positiva, quando há

menção positiva ao candidato; Negativa, quando há menção negativa ao candidato; Neutra,

quando não houver avaliação negativa ou positiva ao candidato; Equilibrada, quando há na

citação características negativas e positivas de maneira mais homogênea, não sendo possível

destacar somente o viés negativo ou positivo.

19 A divisão das semanas ocorreu da seguinte maneira: (1)01 a 07 de Julho, (2) 08 a 14 de Julho, (3) 15 a 21 de

Julho, (4) 22 a 28 de Julho, (5) 29 de Julho a 04 de Agosto, (6) 05 a 11 de Agosto, (7) 12 a 18 de Agosto, (8) 10

a 25 de Agosto, (9) 26 de Agosto a 01º de Setembro, (10) 02 a 08 de Setembro, (11) 09 a 15 de Setembro, (12)

16 a 22 de Setembro, (13) 23 a 29 de Setembro, (14) 30 de Setembro a 06 de Outubro, (15) 07 a 13 de Outubro,

(16) 14 a 20 de Outubro e (17) 21 a 28 de Outubro. 20O conjunto de especificações elaboradas para a execução desta pesquisa, visando à decodificação das variáveis,

baseou-se no planejamento do Professor Emerson Cervi junto ao grupo Comunicação Política e Opinião Pública

(CPOP) da Universidade Federal do Paraná.

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Por sua vez, o Livro de Código para os Comentários apresenta as seguintes variáveis:

‘Resposta Comentador’ – evidencia se o comentário é dirigido ao post ou a um

comentador/comentário deste determinado post; ‘Destinatário Comentador’ – indica quem é o

destinatário do comentário – podendo referir-se ao autor, ao candidato, à campanha, ao governo,

aos internautas em geral, ao portal em questão, ao tema ou não possuir destinatário algum;

‘Formato do Comentário’ – indica qual foi o formato predominante do comentário – podendo

ser elogioso ou crítico ao autor de um comentário, ao candidato, ao governo, aos internautas,

ao portal ou ser indefinido, quando não houver elogio ou crítica explícita; ‘Posição do

Comentador’ – mostra como foi a dinâmica do comentador em relação aos outros comentadores

do debate, dividindo-se em ‘monológica’: quando não há réplica a outros comentadores ou

‘reciprocidade’, quando demonstra estar lendo e respondendo um post ou comentário;

‘Reflexividade do Comentador’ – aponta como fora a reflexividade deste comentador em

relação a um post, sendo essa variável responsável apenas ao que tange outros debatedores,

excluindo-se aqui a reflexividade do comentador em relação ao portal ou a candidatos, tal

categoria consiste em persuasão, progresso, radicalização ou outro/indefinido; ‘Justificativa do

Comentador’ – última variável deste livro de códigos, visa categorizar a justificativa usada para

defender determinada posição por parte deste comentador, tal perspectiva pode ser: ‘de posição

– quando afirma uma posição sem argumentos para sustenta-la, ‘interna’ quando utiliza o

próprio ponto de vista, ‘externa’ quando busca fontes externas como embasamento

argumentativo e ‘outra’, quando o comentário não se encaixa em nenhuma das classificações

anteriores. Em casos em que o comentário veio a apresentar mais de uma característica – em

uma ou mais variável - considerou-se válida, nesta pesquisa, apenas a característica mais

utilizada. Para uma melhor compreensão do leitor, os livros de códigos para posts e comentários

estão disponíveis nos anexos desta monografia.

Através da metodologia exposta obtiveram-se os seguintes resultados em relação ao

objetivo proposto - divididos em primeiro e segundo turno para cada caso, respectivamente:

Tabela 1 – Frequência de comentários totais por turno

Turno Frequência Porcentagem

1 262017 41,7%

2 366040 58,3%

Total 628057 100,0% Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública.

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Esta tabela apresenta a quantidade de comentários totais realizados nos posts de política

realizados pelo Jornal Folha de São Paulo durante a corrida eleitoral. O montante diz respeito

aos comentários que citam e que não citam os principais presidenciáveis analisados neste

estudo.

Tabela 2 – Frequência simples de comentários válidos no primeiro turno

N Válido 156465

1º turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Por sua vez, estes dados dizem respeito ao número de comentários válidos

contabilizados para esta análise, ou seja, a quantidade de comentários que citaram um ou mais

presidenciáveis.

Tabela 3 – Frequência simples de reflexividade no primeiro turno

Frequência Porcentagem

Válido

Persuasão 33399 42,4%

Progresso 13609 17,3%

Radicalização 31614 40,2%

Total 78622 100%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Esta tabela diz respeito à reflexividade – reação que o comentador demonstra no

comentário a um post ou a outro comentário - adotada pelos comentadores no primeiro turno.

Percebe-se que há certo equilíbrio entre Persuasão – quando o texto do comentário dá sinais

que o debatedor foi persuadido por outro ou tenta persuadir - e Radicalização – reação negativa

a uma postagem ou comentário que questiona posição anterior do debatedor - não havendo uma

tendência que desponte uma característica como a prevalecente nos comentários realizados. Por

sua vez, as variáveis que não são o foco desta pesquisa apresentaram os seguintes

comportamentos: Progresso – quando cita outra postagem, com novos argumentos ou

informações – fora a menos utilizada pelos comentadores, enquanto Outro (categoria onde os

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comentários não se encaixaram em nenhuma variável discutida acima) apresentou-se como

majoritariamente utilizada, com quase metade dos comentários situados nesta categoria –

porém, tal categoria não fora considerada como válida por esta pesquisa e, portanto,

desconsiderada em seus cálculos, pois se trata de algo demasiadamente abrangente quanto ao

seu conteúdo, não sendo o foco, desta análise, verificar suas características.

Tabela 4 – Frequência simples de comentários válidos no segundo turno

N Válido 260963

2º turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Por sua vez, esta tabela apresenta a quantidade de comentários realizados no segundo

turno que citaram os candidatos considerados por este levantamento.

Tabela 5 - Frequência simples de reflexividade no segundo turno

Frequência Porcentagem

Válido

Persuasão 67545 73,4%

Progresso 7775 8,4%

Radicalização 16586 18%

Total 91906 100 %

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

No segundo turno, há um forte destacamento da variável “Persuasão” dentre os

comentários realizados, indicando como característica ainda mais dominante no segundo turno

da eleição presidencial, apresentando-se como 73,4% do total analisado para este turno,

enquanto radicalização apresenta alto decréscimo quanto ao primeiro turno, chegando a marca

dos 18%.

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Tabela 6 – Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no primeiro

turno

Reflexividade do comentador

Persuasão Progresso Radicalização Percentual

Válido

Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana

da

campanha

1 1203 02 921 2,70%

2 737 91 2583 4,34%

3 1147 777 5236 9,11%

4 2832 1138 2761 8,56%

5 1442 428 2249 5,24%

6 306 88 296 0,88%

7 7266 908 1680 12,53%

8 2870 212 856 5,01%

9 3319 2310 2309 10,10%

10 2556 1366 4010 10,09%

11 2336 11 2181 5,76%

12 2959 5221 2617 13,73%

13 4020 760 3783 10,89%

14 406 297 132 1,06%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Quando analisados em semanas, os dados correspondentes à reflexividade dos

comentadores no primeiro turno demonstram algumas tendências. Uma delas pode ser apontada

quando se analisa a semana 07, semana do falecimento do até então presidenciável Eduardo

Campos (PSB) e a escolha de Marina como presidenciável pelo seu partido, PSB – forte

aumento nos comentários persuasivos, o que ocorre também onde há um na penúltima semana

do primeiro turno.

As semanas 03 e 04, onde houve as sabatinas com os presidenciáveis realizadas pelo

Jornal Nacional, da Rede Globo, nota-se que, na maioria das vezes, os comentários foram

realizados em tom radicalizado – o que também se repete na semana 05, marcada pela

repercussão destas sabatinas. Esta tendência não se repete, por exemplo, na semana 09 - onde

os presidenciáveis começaram a série de debates televisivos, havendo maior número de

comentários persuasivos.

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Por sua vez, as semanas 11 - de possível repercussão do debate da semana 09 e

antecedente da semana em que mais um debate iria acontecer – 12 e 13 – semanas de debate,

apresentaram um acirramento na reflexividade quanto às duas variáveis analisadas. Com

diferenças inferiores a casa de 300 comentários, a característica majoritariamente utilizada

nestas três semanas diz respeito à persuasão, seguida pela característica radicalizada. Nota-se,

também, que a semana 12 fora onde mais ocorreram comentários no primeiro turno.

Outro destaque se dá quanto à radicalização, com os picos nas semanas 03 e 10 - na

semana 03 houve as sabatinas com os presidenciáveis Eduardo Campos (15/07/2014) e Aécio

Neves (16/07/2015), bem como o início do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (dia

19/08/2014), já a semana 10 pode ser explicada como a semana após o primeiro debate

presidencial, realizado na semana 09. Quanto à variável progresso, o único pico registrado

ocorre na semana 12 – em que foram televisionados dois debates eleitorais, nos dias 16 e 22 de

Setembro21.

Tabela 7 – Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no segundo

turno

Reflexividade do comentador

Persuasão Progresso Radicalização Percentual

Válido

Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana

da

campanha

14 23782 160 3959 30,36%

15 12158 2006 6230 22,19%

16 22645 3279 2511 30,94%

17 8960 2330 3886 16,51%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Já no segundo turno, o número de comentários persuasivos passa a registrar diferenças

cada vez maiores quando comparados aos comentários radicalizados, apresentando pico nas

semanas 14 e 16 – na semana 14 fora dividida como a semana que marcava o pré e o pós

primeiro turno, enquanto na semana 16 onde houve três debates presidenciais de segundo turno:

21Dados encontrados em: http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2014/06/84329-calendario-eleitoral.shtml

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Rede Bandeirantes (14/10/2014), SBT, UOL e rádio Jovem Pan (16/10/2014) e Rede Record

(19/10/2014).

Assim, ao logo da campanha os comentários comportaram-se, majoritariamente, como

persuasivos, apresentando uma leve vantagem quanto à radicalização no primeiro turno (42,4%

contra 40,2% de radicalizados) do total analisado. Esta diferença tornou-se ainda maior quando

se trata do returno eleitoral, com radicalização decrescendo, chegando a 18%, enquanto

persuasão cresce, batendo na marca de 73,4% do total analisado válido.

Tabela 8 – Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no primeiro turno

Frequência Porcentagem

Válido

Elogio 59844 38,2%

Crítica 80184 51,2%

Indefinido 16437 10,5%

Total 156465 100,0%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Quando o assunto passa a ser a comparação entre comentários de características criticas

e elogiosas no primeiro turno, nota-se a tendência principal: no primeiro turno da eleição

presidencial, a característica que se destacou entre os comentários foram os de natureza crítica,

somando 51,2% do total analisado, enquanto os comentários de cunho elogiosos resultaram um

montante de 38,2%.

Tabela 9 – Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no segundo turno

Frequência Porcentagem

Válido

Elogio 120834 46,3%

Crítica 92654 35,5%

Indefinido 47475 18,2%

Total 260963 100,0%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Tendência essa que não se verifica no segundo turno, onde os comentários elogiosos

correspondem à maioria do total analisado, significando em 46,3% - ou 120 mil e 834

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comentários. Ou seja, ao longo da campanha os comentários tenderam a se portar

majoritariamente de forma elogiosa, enquanto a categoria crítica fora predominante no começo

da campanha.

Tabela 10 – Frequência simples de comentários críticos e elogiosos por semana do

primeiro turno

Elogio x Crítica

Elogio Crítica Indefinido

Porcentagem

Válida

Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana da

campanha

1 693 1356 628 1,71%

2 601 2666 581 2,42%

3 1356 6244 4198 7,54%

4 1829 7832 1720 7,27%

5 4600 6311 654 7,39%

6 289 1532 72 1,21%

7 5036 7197 1957 9,07%

8 2578 4253 452 4,65%

9 9027 10492 1715 13,57%

10 11106 9018 1645 13,91%

11 2923 3443 294 4,26%

12 11147 10838 899 14,63%

13 7490 7729 1078 10,42%

14 1169 1273 544 1,91%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Quando analisado os comentários por semana no primeiro turno, verifica-se que os

comentários elogiosos têm suas máximas nas semanas 05, 07, 09, 11 e 12. Por sua vez, os

comentários críticos têm seus picos registrados nas semanas 03, 04, 05, 07, 09, 10, 12 e 13.

Nas semanas 03 e 04 ocorreram as sabatinas com os principais presidenciáveis no Jornal

Nacional, bem como o início do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral. A semana 07 foi

marcada pela morte de Eduardo Campos e escolha de Marina Silva como sua substituta na

corrida à presidência da república pelo PSB. Nas semanas 09, 12 e 13 houve debates

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presidenciais.22 Por sua vez, as semanas 05 e 11 destacam-se como datas de repercussão dos

fatos anteriores a elas.

GRÁFICO 01 – Elogio x Crítica em cada semana de campanha no primeiro turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Entre os comentários elogiosos e críticos por semana de campanha no primeiro turno

nota-se a prevalência dos comentários críticos sob os elogiosos em 12 das primeiras 14 semanas

de disputa eleitoral, representando um ambiente mais conflituoso.

As semanas de sabatina 03 e 04 se destacam como as semanas com maior prevalência

da categoria crítica quanto aos comentários – demonstrando, deste modo, o sentimento negativo

dos comentadores agravado nestas semanas. Na semana de morte do ex-presidenciável Eduardo

Campos (PSB) e a escolha de Marina Silva (PSB) como candidata à presidência, a categoria

crítica também se destaca como a mais utilizada, não sendo possível, nesta pesquisa, aprofundar

se as críticas foram direcionadas mais ao ex-presidenciável ou a figura de Marina. Por sua vez,

as semanas de possível repercussão, 05 e 11, foram marcadas, também, pela prevalência da

categoria crítica, apresentando menor diferença na semana onze.

22Dados retirados em: http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2014/06/84329-calendario-eleitoral.shtml,

http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/08/psb-escolhe-marina-silva-para-ser-candidata-no-

lugar-de-campos.html e http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/08/eduardo-campos-morre-apos-

queda-do-aviao-em-que-viajava.html.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Elogio x Crítica por semana de campanha -primeiro turno

Elogio Crítica

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Nas semanas de debate 09 e 13, a categoria crítica apresentou-se como dominante, o que

não se verifica na semana de debate 12, onde, de forma acirrada, a categoria elogiosa fora a

mais comentada.

Tabela 11– Frequência simples de comentários críticos e elogiosos por semana do

segundo turno

Elogio x Crítica

Elogio Crítica Indefinido Porcentagem

Válida

Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana da

campanha

14 17433 17696 878 13,80%

15 20210 20455 21423 23,79%

16 41459 30555 7073 30,31%

17 41732 23948 18101 32,10% Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Os comentários elogiosos no segundo turno são maiores que os críticos e apresentam

seus picos nas últimas três semanas de campanha eleitoral. A semana 16, onde ocorreram três

debates presidenciais, demonstra a quantidade mais expressiva de comentários elogiosos e

críticos do segundo turno até então – quando é superada pela semana 17, ao que concerne a

categoria elogiosa, onde houve o debate na Rede Globo somado a repercussão dos debates

ocorridos na semana anterior.

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GRÁFICO 02– Elogio x Crítica em cada semana de campanha no segundo turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Neste gráfico mostra-se a tendência de aumento crescente dos comentários elogiosos

face aos críticos nas últimas semanas de disputa. Nota-se a queda expressiva dos comentários

críticos comparando as duas últimas semanas, enquanto os comentários elogiosos praticamente

mantêm sua constante (contando com um pequeno decréscimo).

Mais precisamente, os comentários apresentaram uma mínima prevalência nas duas

primeiras semanas do primeiro turno, com pouco mais de 200 comentários sobre a característica

elogiosa. Na semana 16, onde ocorreram três debates presidências, a tendência se inverte e o

segmento “elogio” apresenta um salto, chegando a apresentar quase onze mil comentários de

diferença para a categoria crítica. Esta situação se acentua ainda mais na última semana de

eleição presidencial, onde houve o debate na Rede Globo, num cenário em que os comentários

elogiosos superaram os críticos em quase 18 mil comentários. Desta maneira, quando analisado

durante todo o período de campanha, há uma inversão quanto a característica preferida pelos

comentários: se, num primeiro momento, no primeiro turno, a característica mais utilizada é a

de comentários críticos, esta tendência se inverte no segundo turno, com a prevalência da

característica elogiosa. Assim, a característica majoritária dos comentários – divididos entre

críticos e elogiosos - mudou conforme o tempo de campanha.

Ao se analisar os dados, portanto, evidencia-se que no primeiro turno houve certo

equilíbrio entre persuasão e radicalização, tendência que não ocorreria no returno, onde a

primeira possuiria três vezes mais comentários que a segunda. Outro apontamento significativo

diz respeito ao comportamento dos comentários por semana: nas semanas onde houve a morte

1743320210

41459 41732

1769620455

30555

23948

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

14 15 16 17

Elogio x Crítica por semana de campanha -segundo turno

Elogio Crítica

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do ex presidenciável Eduardo Campos (PSB), o primeiro debate presidenciável, na semana que

antecedeu o primeiro turno, bem como na primeira e última semana do returno, a característica

que mais utilizada fora a persuasiva; por sua vez, nas semanas de sabatinas no jornal nacional,

a característica mais utilizada diz respeito à radicalização – por fim, nas semanas de debate 12

e 13, houve certo equilíbrio entre estas duas categorias.

Quanto à relação entre elogio e crítica, nas semanas de sabatina, morte de Campos e

debate são marcadas pelo alto índice de comentários críticos; tal pico ocorre, para a categoria

elogiosa, nas semanas de repercussão 05 e 11, bem como nas semanas de debate 09 e 12 –

havendo mudança de comportamento dos comentários de um turno para o outro, onde se passou

a comentar de forma mais elogiosa no returno, enquanto a característica crítica fora mais

comentada no primeiro turno.

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6 Considerações Finais

Os resultados indicam que, ao contrário de nossa hipótese inicial, neste estudo fora

observado que não houve aumento da radicalização conforme o tempo de campanha –

sugerindo que os debatedores não optaram pela radicalização como maneira preferencial ao se

pronunciar diante das publicações. Entretanto, os comentários buscaram radicalizar nas

semanas de sabatinas no Jornal Nacional e na semana onde ocorreu o primeiro debate

presidencial. O tempo de campanha pode ser considerado um fator explicativo para o aumento

dos comentários persuasivos. Quando comparado em turnos, evidencia-se a crescente tendência

das tentativas de persuasão por parte dos comentários, que apresentaram seus picos em semanas

de debate eleitoral e na semana onde Eduardo Campos falece e Marina Silva passa a ser uma

presidenciável para as eleições daquele ano. É importante atentar ao fato de que a característica

persuasiva sempre foi a dominante nos dois turnos, porém, apresenta aumento de sua presença

em 102,2% no returno, fato que demonstra a ampliação de sua “liderança”. A característica

progresso é - das três observadas - a menos utilizada pelos comentadores, tendo seu pico nas

semanas 12 e 16, ambas as semanas de debates eleitorais, tendo sua intensidade diminuída em

42% de um turno para o outro. Dessa forma, rejeita-se a hipótese de que o tempo de campanha

se constitui como fator para o aumento da radicalização, não havendo, portanto, relação – neste

aspecto – entre as duas variáveis analisadas. Por outro lado, descobriu-se que a variável “tempo

de campanha” pode ser apontada como fato explicativo para o aumento da persuasão ao longo

do tempo. Ou seja, os comentários das publicações realizadas pelo jornal Folha de São Paulo

no Facebook preferiram, majoritariamente, utilizar a persuasão como forma principal para

expor seus argumentos, relegando a radicalização um decréscimo considerável. Ao se cruzar as

variáveis correspondentes ao tempo de campanha e “característica de comentário” percebe-se

que, novamente, nossa hipótese inicial não se confirma. Ao contrário, a partir da análise dos

resultados referentes a esse cruzamento, temos como resposta que ao longo do tempo de

campanha, o teor dos comentários que apresentam maior crescimento são os elogiosos.

No primeiro turno há destacamento da categoria crítica como a mais utilizada,

prevalecendo em 12 das primeiras 14 semanas de disputa. Ao separar a eleição por turnos

verifica-se que os comentários críticos apresentam aumento do primeiro para o segundo turno,

mas tal aumento não foi o suficiente para esta condição manter-se como a mais utilizada, pois

os comentários elogiosos apresentaram salto positivo de 101,9%, polarizando, neste aspecto, o

returno - esta diferenciação nota-se mais claramente ao analisar estas duas categorias em turno,

e não por semana. Desta forma, ao decorrer da campanha – ou, mais precisamente, ao se

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comparar os turnos da eleição - os comentários mudaram sua postura: se inicialmente buscavam

os tons críticos para se estabelecer no debate público, isso não se verifica num segundo

momento, quando os comentários passam a apresentar formas mais elogiosas dentro deste.

Quanto aos picos dos comentários por semana, a distribuição se deu da seguinte forma: os

comentários elogiosos tiveram seus picos na semana 05, 07, 09, 11, 12, 15, 16 e 17. Por sua

vez, os comentários críticos tiveram seus picos nas semanas 03, 04, 05, 07, 09, 10, 12, 13 e 16.

Ou seja, em cinco semanas ocorreram picos nestas duas formas de classificação dos

comentários – destas, três correspondem a datas de debates eleitorais, uma corresponde à morte

de Eduardo Campos e a escolha de Marina Silva como presidenciável, e a semana 05

provavelmente contempla-se pela hipótese de ser uma semana de repercussão da sabatina de

Dilma Rousseff no Jornal Nacional. Com relação às semanas onde não houve picos mútuos de

intensidade, a categoria elogiosa apresenta suas maiores taxas de comentários nas semanas 11,

15 e 17 – última semana de campanha eleitoral, bem como onde houve o último debate entre

os presidenciáveis Aécio Neves e Dilma Rousseff na Rede Globo. Por sua vez, a categoria

crítica possui taxas máximas nas semanas 3, 4, 10 e 13. Assim, pode-se pensar que, enquanto o

último debate e a última semana de campanha estimularam um pico de elogios aos candidatos,

as primeiras semanas de sabatina e o penúltimo debate geraram máximas de críticas ao debate.

Os dados obtidos sobre os debates ocorridos nas postagens sugerem a tendência de que

os comentadores utilizaram o espaço para tentar impor suas posições aos outros através da

utilização de características persuasivas. Assim, a crítica ao modelo deliberacionista online de

Davis é a que melhor contempla estes resultados, considerando também a visão de Marques em

relação às ofensas realizadas dentro deste objeto empírico, porém é importante ressaltar o

decréscimo da radicalização ao longo da campanha frente ao crescimento exponencial de táticas

de convencimento realizadas ao longo da mesma, bem como a substituição da forma de

comentário mais utilizada, variando do crítico (no primeiro turno) para a postura elogiosa

(segundo turno). Se faz necessária a análise sobre as direções que nos remetem os dados obtidos

e a capacidade destes em contribuir com as pesquisas sobre eleições e o online. É importante,

também, ressaltar que os esforços aqui realizados são prospectivos, estando abertas a novas

possibilidades e pesquisas no futuro. Por se tratar de uma pesquisa inicial, novas pesquisas de

complementação na interação entre os meios de comunicação colocam-se, a exemplo do que a

empiria nos mostrou, como passo importante para o refinamento do presente estudo. Assim,

abre-se espaço a pesquisas relacionando comentários nas redes sociais digitais face à outras

plataformas, como a televisão, em debates ou Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral.

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Lista de Anexos

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LIVRO DE CÓDIGOS – POSTS – FACEBOOK - 2014

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LIVRO DE CÓDIGOS – POSTS – FACEBOOK-2014

Fonte: Núcleo de Comunicação Política & Opinião Pública