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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PGECOL)
Zoneamento de risco a incêndios florestais com uso do Sensoriamento Remoto: aplicação na Mata do
Krambeck e arredores, Juiz de Fora - MG
Demetrius Vasconcelos
Juiz de Fora 2013
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PGECOL)
Zoneamento de risco a incêndios florestais com uso do Sensoriamento Remoto: aplicação na Mata do
Krambeck e arredores, Juiz de Fora - MG
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Colegiado do Curso do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de mestre. Orientadores: Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha Prof. Dr. Guido Assunção Ribeiro
Mestrando: Demetrius Vasconcelos
Juiz de Fora - MG 2013
2
DEMETRIUS VASCONCELOS
Zoneamento de risco a incêndios florestais com uso do Sensoriamento Remoto: aplicação na Mata do
Krambeck e arredores, Juiz de Fora - MG
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Colegiado do Curso do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para obtenção do título de mestre.
Aprovado em
Banca Examinadora
_______________________________ Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha
Orientador - Presidente Universidade Federal de Juiz de Fora
_______________________________ Prof. Dr. Guido Assunção Ribeiro
Co-Orientador Universidade Federal de Viçosa
_______________________________ Prof. Dr. Alexandre Rosa dos Santos
Membro externo Universidade Federal do Espírito
Santo
_______________________________ Prof. Dr. Fabrício Alvim Carvalho
Membro interno Universidade Federal de Juiz de Fora
3
Dedico este trabalho à minha Mãe Arlete
Vasconcelos, a quem presto todos os
elogios, pois, graças a ela alcancei fronteiras
além de minha imaginação.
4
AGRADECIMENTOS
A esta Energia inexplicável que se manifesta em todos os lugares e é a responsável
pelo movimento de todas as partículas.
A minha esposa Sandra e aos meus filhos Derick e Gabriel sempre me mostrando
que é possível.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha pela amizade, pelos
conhecimentos compartilhados, pela persistência, e principalmente pela paciência.
Ao Prof. Dr. Guido Assunção Ribeiro, meu Co-orientador, pela disposição em
pesquisar os incêndios florestais e por ser uma inspiração deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Alexandre Rosa dos Santos, pelos conhecimentos compartilhados de
forma espontânea que permitiram que esta ideia pudesse se materializar.
Ao Professor Dr. Homero Soares por me fazer acreditar mais.
Ao Professor Dr. Fábio Roland Ferreira da Silva, nosso coordenador, aquele que
carrega a lanterna – Sucesso.
Ao Amigo e grande incentivador Alexandre Humia Casarin Major do Corpo de
Bombeiros Militar de Minas Gerais.
Ao Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais onde eu aprendi a respeitar e
entender o fogo.
Ao Amigo Gilberto Fialho Moreira do Centro de Estudos e Desenvolvimento Florestal
(CEDEF/IEF- MG)
Ao Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais pela cessão das imagens
RapidEye.
A todos os Professores do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PGECOL)
que contribuíram para construir meu entendimento da Ecologia Aplicada a
Conservação e Manejo de Recursos Naturais.
Ao Fabrício de Oliveira Loures da Secretaria de Planejamento e Gestão de Juiz de
Fora (SEPLAG-JF) / Subsecretaria de Planejamento do Território (SSPLAT) que foi o
importante elo desse departamento que gentilmente cederam informações para a
realização deste estudo.
A todos os amigos que acreditaram e me apoiaram.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para que fosse possível eu
chegar até a finalização deste trabalho.
5
Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a humidade, os bichos, o tempo; e o seu próprio conteúdo.
Paul Valéry
http://pensador.uol.com.br/autor/paul_valery/
6
RESUMO
Atualmente há necessidade de se compreender os fenômenos da natureza
para minimizar os impactos que as ações humanas causam ao meio ambiente.
Os incêndios florestais têm sido estudados por muitos ramos da ciência que
buscam compreender os fatores causadores e a sua dinâmica de forma a reduzir
os fatores de risco e colaborar na prevenção. O objetivo deste trabalho é a
criação de um zoneamento de risco a incêndios florestais na área de
preservação ambiental (APA) da Mata do Krambeck e fragmentos contínuos
situados nos seus arredores utilizando técnicas de Sensoriamento Remoto. A
metodologia consiste na construção de um banco de dados com base nas
imagens do satélite RapidEye (2009) IEF/MG (Instituto Estadual de Florestas de
Minas Gerais), ortofotos e arquivos cedidos pela Prefeitura de Juiz de Fora .
Para a construção desta base foram utilizados o pacote de programas de
computador ArcGIS. A integração, análise e combinação dos dados foram feitas
através deste sistema de informações geográficas (SIG) e fazendo uso da lógica
do processo analítico hierárquico (PAH). O resultado foi a identificação de zonas
vulneráveis a eclosão do fogo classificados nos seguintes níveis: muito baixo,
baixo, moderado, alto e muito alto, de forma a contribuir para o processo de
planejamento, gestão, prevenção e combate contra incêndios em florestas
remanescentes.
Palavras-chave: Incêndios Florestais, Sensoriamento Remoto, Riscos.
7
RESUMÉ
De nos jours, il est nécessaire de comprendre les phénomènes naturels
pour minimiser l’impact des activités humaines sur l’ environnement. Les feux de
forêt ont été étudiés par de nombreux domaines scientifiques qui cherchent à
comprendre leurs causes et leurs dynamiques, pour réduire les facteurs de
risques et ainsi prévenir l’occurrence de ces derniers . Le but de ce travail est la
création d’un zonage de risque de feux de forêt dans la zone de protection
environnementale de la « Mata do Krambeck » et dans les zones adjacentes en
faisant usage des outils de la télédétection. La méthodologie consiste à
construire une banque de données en se basant sur les images du satellite
RapidEye (2009) IEF/MG (Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais), des
orthophotos, et des données cédées par la mairie de Juiz de Fora. La suite de
logiciels Arcgis a été utilisée pour la construction de cette base de données.
L’intégration, l’analyse et la combinaison des données ont été faites via ce
système d’information géographique (SIG) et en utilisant les résultats de la
méthode hiérarchique multicritère (MHM). Les zones à risque de départs
d’incendie ont été identifiées et classées selon les niveaux suivant : très bas,
bas, modéré, haut et très haut . Ce zonage a pour vocation de servir de support
de décision dans le processus de planification et gestion des zones forestières,
dans la prévention du risque d'incendie et la lutte contre ces derniers.
Mots-clés: Feu de forêt, Système d’Information Géographique, Télédétection,
Risques.
8
ABSTRACT
Nowadays it is necessary to understand natural phenomena in order to minimize
humanity’s impact on environment. Forests fires have been studied by various
branches of science, which aim to understand the causal factors and their dynamics,
so as to reduce the risk factors and collaborate with prevention efforts. The objective
of this study is the creation of a map of at-risk areas of the Mata do Krambeck
preserve and adjacent areas using remote sensor techniques. The methodology
consists of the construction of a database based on satellite pictures from RapidEye
(2009) IEF/MG (Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais), vertical
photographs and files provided by the city of Juiz de Fora. For the compilation of the
database, the ArcGIS package was adopted. The data’s integration, analysis and
combination were done via this Geographic Information System (GIS) and using
Analytical Hierarchical Process (AHP). The result was the identification of sensitive
zones for combustion, which are classified in these five classes: very low, low,
moderate, high and very high, so as to contribute to the process of planning,
management, prevention and the fighting of fires in the remaining forests.
Key words: Forest Fire. Geographic Information System, Remote Sensing, Risks.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Triângulo e fluxograma do fogo........................................................ 19
Figura 2 Pirâmide do incêndio florestal........................................................... 21
Figura 3 Propagação do fogo por transmissão de calor................................. 23
Figura 4 Incêndio Subterrâneo........................................................................ 25
Figura 5 Incêndios de superfície e incêndios de copas.................................. 26
Figura 6 As Partes doincêndio........................................................................ 29
Figura 7 Contorno do incêndio........................................................................ 28
Figura 8 Combustíveis ligeiros........................................................................ 32
Figura 9 Combustíveis pesados...................................................................... 33
Figura 10 Vegetação com alta densidade e estratificação contínua............... 35
Figura 11 Vegetação com baixa densidade e estratificação descontínua...... 35
Figura 12 O espectro eletromagnético............................................................ 54
Figura 13 Assinaturas espectrais das folhas................................................... 55
Figura 14 Constelação dos satélites RapidEye............................................... 59
Figura 15 As Diversas camadas de mapas..................................................... 64
Figura 16 Mapa de localização da APA da Mata do Krambeck..................... 72
Figura 17 Perfil esquemático da floresta estacional semidecidual.................. 73
Figura 18 Médias pluviométricas mensais acumuladas 2005 a 2010............. 77
Figura 19 Área de influência ao risco a eclosão do fogo............................. 83
Figura 20 O uso e ocupação territorial............................................................ 85
Figura 21 Tipificação da vegetação............................................................. 88
Figura 22 Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (IVDN)............. 90
Figura 23 Proximidade da Ocupação Urbana.............................................. 92
Figura 24 Proximidade da rede viária.......................................................... 94
Figura 25 Proximidade da rede hidrográfica................................................ 96
Figura 26 Visão parcial frontal do modelo digital de elevação..................... 97
Figura 27 Visão geral do modelo digital de elevação..................................... 99
Figura 28 Grau de declividade das encostas............................................... 101
Figura 29 Orientação ou exposição das encostas....................................... 104
Figura 30 Altitudes do terreno...................................................................... 106
Figura 31 Calculadora do processo analítico hierárquico (PAH).................. 111
Figura 32 Resultado do zoneamento a risco de incêndio florestal................ 113
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 A vegetação e a propagação do fogo.............................................. 38
Tabela 2 Definições de ameaça, vulnerabilidade e risco................................ 67
Tabela 3 dimensões aproximadas das propriedades que compõem o
dossel contínuo............................................................................................... 75
Tabela 4 Dados médios das chuvas de 2005 a 2010..................................... 78
Tabela 5. Tipificação e classificação da vegetação........................................ 87
Tabela 6. Classificação da proximidade da ocupação urbana....................... 91
Tabela 7. Classificação da proximidade da rede viária.................................. 93
Tabela 8. Classificação da proximidade da rede hidrográfica........................ 95
Tabela 9. Classificação dos graus de declividades das encostas.................. 100
Tabela 10. Classificação da orientações ou exposições das encostas.......... 103
Tabela 11. Classificação das altitudes do terreno........................................... 106
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Relação Incêndios Florestais – Precipitação – Umidade Relativa
para Juiz de Fora – MG entre 1995 a 2004...................................................
79
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 13
2 OBJETIVOS................................................................................................. 15
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 16
3.1 A Complexidade dos incêndios florestais.................................................. 16
3.1.2 Comportamento do fogo......................................................................... 22
3.1.3 Tipos de incêndios................................................................................. 25
3.1.4 Fatores que determinam o comportamento do fogo.............................. 29
3.1.4.1 Os combustíveis vegetais................................................................... 30
3.1.4.2 Os fatores climatológicos.................................................................... 39
3.1.4.3 A topografia......................................................................................... 44
3.1.5 Fontes ou causas do fogo...................................................................... 46
3.1.6 Prejuízos ambientais.............................................................................. 49
3.2 Sensoriamento Remoto (SR) da vegetação e os satélites
RapidEye......................................................................................................... 50
3.2.1 Alguns detalhes dos satélites RapidEye................................................ 59
3.3 Sistemas de informações geográficas e os incêndios florestais............... 61
3.4 Mapas de risco.......................................................................................... 63
3.4.1 Conceito de risco.................................................................................... 66
3.4.2 Os incêndios florestais e a Geografia..................................................... 68
4 A MATA DO KRAMBECK – A ÁREA DE ESTUDOS................................... 71
5 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................... 80
5.1 O uso e ocupação territorial...................................................................... 84
5.1.1 Tipificação da vegetação 86
5.1.2 Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (IVDN), ou NDVI
(Normalized Difference Vegetation Index) 89
5.1.3 Proximidade da ocupação urbana 91
5.1.4 Proximidade da rede viária 93
5.1.5 Proximidade da rede hidrográfica. 95
5.2 Fatores topográficos 97
5.2.1 Graus de declividades das encostas 100
5.2.2 Orientações ou exposições das encostas 102
5.2.3 Altitudes do Terreno 105
12
5.3 Zoneamento de riscos a incêndios florestais aplicando o processo analítico hierárquico (PAH)............................................................................
107
5.3.1 Obtendo o mapa de zoneamento de risco a incêndio florestal............ 111
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 114
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 118
REFERÊNCIAS...................................................................................... 120
13
1 INTRODUÇÃO
As intervenções antrópicas sobre as florestas têm transformado estes
sistemas brutalmente.
As florestas e mesmo seus fragmentos mais isolados são de extrema
importância para a manutenção e preservação da vida como um todo no planeta. As
matas e os fragmentos próximos às ocupações urbanas estão mais sujeitos às
diversas pressões antrópicas que incluem a eclosão do fogo, agente este
responsável pela maior destruição destes sistemas.
É imprescindível o uso mais racional e sustentável possível de todos os
recursos disponíveis, visto que já não é uma questão de se salvar o planeta, mas
sim de se preservar a vida e com isso a raça humana.
As florestas formam reservas estratégicas de recursos com exigências cada
vez mais evidentes à sua preservação, proteção, desenvolvimento, uso racional e
sustentável. As florestas têm importante destaque nas questões sociais,
econômicas, ambientais e culturais da sociedade, são fontes de recursos renováveis
e fundamentais na manutenção da dinâmica do ambiente local e também global.
Portanto para ajudar a proteger e a preservar é essencial conhecer também
quais são as condições em que se manifestam os incêndios florestais, fenômeno
capaz de destruir importantes recursos e favorecer a emissão de gases do efeito
estufa contribuindo para o aquecimento global.
Devido à maneira como se deu a ocupação e uso do solo na região da zona
da mata, hoje algumas matas estão cada vez mais reduzidas a fragmentos isolados
suscetíveis aos danos que o fogo pode produzir. Assim esperamos que este trabalho
possa contribuir para que ações de diagnóstico de risco a incêndios florestais de
outras áreas florestais aconteçam a fim de proteger esta rica biodiversidade que
mantém um imenso potencial e carrega consigo ainda muitos conhecimentos a
serem descobertos.
Nesse sentido, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) combinados
com ferramentas de Sensoriamento Remoto podem ser utilizados para geração de
mapas estratégicos que auxiliarão no gerenciamento e no manejo das matas e
também na obtenção de mapas de risco a incêndios florestais que indiquem áreas
mais vulneráveis às ocorrências da eclosão do fogo podendo assim auxiliar no
planejamento, na gestão e na prevenção ao surgimento do incêndio, contribuindo
14
para identificar os locais que necessitam aceiros, restrição de acesso, alocação de
equipamentos para os combates aos incêndios, com a localização rápida das
estradas, dos mananciais de água e áreas verdes próximas às aglomerações
urbanas com maior necessidade de proteção.
A intenção é poder colaborar na diminuição e na prevenção dos incêndios
reduzindo assim os impactos decorrentes a este tipo de fenômeno, ou ainda
despertar ações para evitar que tais sinistros ocorram ou pelo menos minimizar seus
efeitos.
15
2 OBJETIVOS
Analisar a vegetação da área da área de preservação permanente APA da
Mata do Krambeck e arredores em Juiz de Fora – Minas Gerais utilizando imagens
de satélite RapidEye para gerar um zoneamento de risco a incêndios florestais para
o local utilizando Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e técnicas de
Sensoriamento Remoto (SR) para entendimento dos fatores que possibilitam a
manifestação e propagação dos incêndios Florestais na área.
Contribuir para o conhecimento do comportamento do fogo em regiões de
mata atlântica, floresta estacional semidecidual montana, e o aprimoramento dos
sistemas de prevenção e combate de incêndios em florestas nativas da região.
Criar uma base cartográfica digital para a área da APA (área de preservação
permanente) da Mata do Krambeck – Juiz de Fora – Minas Gerais, capaz de auxiliar
análises espaciais integradas às diversas influências: cobertura vegetal, ocupação
urbana, inclinação das encostas, exposição, proximidade de vias de acesso e
hidrografia.
16
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
3.1 A Complexidade dos incêndios florestais - noções do fogo ao incêndio.
Os Incêndios Florestais têm sido objeto de estudos dos mais variados ramos
das diversas ciências. Já há muito tempo e ainda hoje continuam as buscas de
respostas para melhor entender este fenômeno que está presente nas ações
humanas desde os mais remotos tempos. O fogo sempre existiu na natureza e a própria teoria científica do início do universo está ligada a ele, através da explosão de uma matéria de altíssima densidade, o famoso “big bang”. O fogo, a água, a terra e o ar formaram o ambiente do planeta terra. Posteriormente à origem da atmosfera, à formação dos mares e ao surgimento da vida, os vegetais começaram, há mais de 300 milhões de anos, a colonizar a superfície da terra. Desde então começou a haver uma associação entre a vegetação e o fogo que perdura até hoje. O fogo foi o responsável pela formação de muitos ecossistemas, favorecendo certas espécies e eliminando outras (SOARES & BATISTA, 2007).
Para se falar de incêndios florestais é preciso conhecer alguns conceitos a
respeito do fogo. É preciso entender um pouco da complexidade que envolve este
fenômeno natural tão presente no cotidiano das pessoas.
“Além de queimar e destruir florestas e outras formas de vegetação os
incêndios podem afetar negativamente outros elementos do ecossistema como solo,
fauna silvestre e o ar atmosférico”. (BATISTA & SOARES, 1997).
Um dos principais agentes de degradação dos fragmentos ainda existentes
das matas têm sido os incêndios, tanto pela destruição direta das áreas afetadas,
como também pelos efeitos causados mesmo por pequenos focos que ocorrem nas
adjacências destes fragmentos, alterando consideravelmente seus ciclos. Vale
lembrar que o fogo faz parte da dinâmica da natureza, o grande problema tem sido a
frequência com que têm ocorrido e sua intensidade, logo os problemas decorrentes
com esta frequência podem ser os mais variados possíveis desde erosão do solo, a
perda de biodiversidade, emissão de dióxido de carbono, etc.
De acordo com Cochrane (2000) vários pesquisadores, usando técnicas de
datação por carbono nas camadas de carvão, constataram que as queimadas
ocorreram periodicamente, mas com intervalos de séculos, e por vezes de milhares
de anos. Do ponto de vista evolutivo, isso significa que não há nenhum incentivo
para que as árvores desenvolvam mecanismos de defesa contra o fogo, ao
17
contrário, em regiões onde o fogo é historicamente mais frequente, como no
cerrado, a vegetação sofreu adaptações evolutivas para sobreviver. Umas das
adaptações mais comuns em ecossistemas onde o fogo é frequente é o
desenvolvimento de cascas mais grossas nos troncos das árvores. Diversas atividades humanas junto às áreas florestais têm intensificado muito o problema dos incêndios. Isto porque, direta ou indiretamente, o homem interfere nos processos naturais, alterando as relações do fogo com os ecossistemas florestais (BATISTA & SOARES, 1997).
Como o homem interfere nos processos naturais, isto confirma a necessidade
de trabalhos conjugados com conscientização e educação ambiental.
No Brasil, a quase totalidade das queimadas é causada por atividades antrópicas, devido ao uso inadequado de recursos naturais, como por exemplo, o desmatamento desordenado, as queimadas para limpeza de pasto e/ou preparo do terreno para plantio (SOUZA et al., 2004).
O fogo foi considerado pelas sociedades modernas como um evento
completamente negativo o que desencadeou grandes esforços para 17vita-lo e/ou
suprimi-lo. Estas atitudes somadas à outras alterações no complexo equilíbrio do
planeta modificaram os ciclos naturais de ocorrência do fogo. Em consequência
quando ocorrem os incêndios estes podem afetar mais drasticamente os solos, a
vegetação e a fauna, dificultando também a regeneração natural.
Para Deppe e Paula (2003) os incêndios podem se constituir em fenômenos
naturais, no entanto, a susceptibilidade das florestas a incêndios está aumentando.
Isto não é somente causado por ações antrópicas, mas também causado por efeitos
de aquecimento global e mudanças climáticas, por exemplo, El Ninõ.
O “controle de incêndios florestais” está associado às ações administrativas e técnicas tomadas para realizar a prevenção e o combate ao fogo por uma instituição privada ou pública, seja ela municipal, estadual ou federal. (CEMIG, 2003)
Para evitar atos de negligência, reduzir e prevenir principalmente as causas
antrópicas e ainda, colaborar nas diferentes formas de prevenção e de atuação em
caso de incêndios, é necessário que informações esclarecedoras sobre o fogo
estejam acessíveis para as pessoas.
18
O fenômeno do fogo
Existem diversas linhas de pesquisa a respeito do fogo que geram diferentes
raciocínios. Há quem trate como diferentes o fogo e o incêndio, lembrando, mesmo o
incêndio é um fogo.
Alguns destes estudos qualificam o fogo, como habitualmente o conhecemos,
podendo este ser desde o “pequeno” fogo em um simples palito de fósforo ou até
mesmo o “grande” fogo capaz de fundir os metais em um forno de uma siderúrgica.
O que os iguala é o fato destes estarem sob controle e realizando uma ação prevista
e desejada. Quanto ao incêndio, seria qualquer fogo que queime sem controle,
podendo ser o fogo em uma lixeira que se iniciou pelo descuido de um fumante ao
lançar uma ponta de cigarro acesa no referido cesto, ou um incêndio que destrói
casas e florestas. Incêndio é o fogo sem controle, que queima algo que não
desejamos ou planejamos.
Desta maneira, incêndio florestal é o termo usado para definir o fogo sem
controle que se propaga livremente e consome os diversos tipos de materiais
combustíveis existentes em uma floresta e nas demais formas de vegetação.
Para Torres et al. (2008) o próprio conceito de incêndio florestal acaba por
gerar algumas contradições, visto que o mesmo é utilizado como sinônimo de fogo
sem controle sobre qualquer tipo de vegetação, seja, ela pasto, campo ou floresta.
Contudo, o termo floresta, de acordo com o IBGE ((2004) apud Torres et al., 2008)
se refere ao conjunto de sinusais (comunidades estruturalmente definidas mediante
a consideração das formas de vida das espécies nelas incluídas), dominadas por
fanerófitos (plantas maiores que 25 cm) de alto porte, e apresentando quatro
estratos bem definidos: herbáceo, arbustivo, arvoreta e arbóreo. Deve ser também
levada em consideração a altura, para diferenciá-la das outras formações lenhosas
campestres, para Rizzini ((1979) apud Torres et al., 2008), a definição de floresta ou
mata é sempre que as árvores superem 7 m de altura e toquem-se pelas copas.
No contexto da presença do fogo no meio florestal há ainda um termo que é a
“queimada”, sendo esta uma técnica agropastoril regulamentada por lei, usada para
limpar os campos de plantio, que necessita também estar sob controle, caso
contrário será vista também como incêndio florestal.
Assim ainda de acordo com Torres et al. (2008) apesar de usual o termo de
incêndios florestais, dentro do meio científico, o leitor menos familiarizado, pode-se
19
questionar quanto à sua utilização em uma área de pasto ou campo com vegetação
aberta. Sendo assim, sugerem-se as seguintes denominações:
Incêndio florestal – quando o mesmo ocorrer em áreas com predomínio de espécies
arbóreas seja elas plantadas ou nativas;
Incêndio em campo – quando ocorrer em áreas de pasto ou campo com predomínio
de vegetação herbácea e/ou arbustiva;
Incêndio em vegetação – termo generalista utilizado quando o mesmo ocorrer em
qualquer tipo de vegetação seja ela herbácea, arbustiva ou arbórea.
Definiremos neste estudo o uso abrangente do termo incêndio florestal, ou
seja, a manifestação do fogo em todo o tipo de vegetação, sem se ater às
características físicas ou tipo.
Tecnicamente o Fogo ou combustão é uma reação química de transformação
provocada pela pirólise (decomposição química da matéria pela ação do calor) de
materiais combustíveis e inflamáveis, que se processa em alta velocidade, com
liberação de energia sob a forma de calor e luz, visível ou não. Inicia-se por um
processo endotérmico (absorção de calor) dos materiais combustíveis e inflamáveis,
passando a exotérmico (desprendimento de calor), mantendo-se através da reação
em cadeia. (Figura 1)
Figura 1: Triângulo e Fluxograma do Fogo. Adaptado de Soares (1985)
20
É um consenso que a combustão existirá quando se unirem simultaneamente
os três lados de um triângulo imaginário (Figura 1), isto é a reunião de três
elementos agrupados, sendo: COMBUSTÍVEL (o material que queima, podendo ser,
sólidos inflamáveis, líquidos inflamáveis ou gases inflamáveis); COMBURENTE (aqui
o oxigênio presente no ar atmosférico que alimenta a chama); CALOR (agente ígneo
ou energia de ativação). Juntos em condições adequadas e equilibradas onde
possam proporcionar a contínua combinação do material combustível inflamável
com o comburente e o calor, gerando uma reação exotérmica também auto
catalisada devido à reação em cadeia. A reação em cadeia é a responsável pela
permanência do fogo, seria ela que manteria unidos os três elementos, por isso ela
também é vista por algumas linhas de pesquisa como sendo o quarto elemento
imprescindível à existência do fogo, onde neste raciocínio o fogo seria representado
por um losango. Para os estudos de combate e prevenção de incêndios é com a
quebra da união entre estes elementos que será possível eliminar o fogo.
Conclui-se, então, que o fogo existirá nas florestas quando uma fonte de calor
aquecer os materiais combustíveis (folhas, galhos, troncos etc.) aumentando a
temperatura a ponto de liberar gases que em presença do oxigênio (comburente)
atmosférico, permaneçam juntos a esta fonte de calor que continuará fornecendo
energia de ativação em quantidades suficientes até que estes gases alcancem a
temperatura do ponto de combustão de cada material em questão, e se incendeiem.
Devido à complexidade dos incêndios florestais é necessário considerar
diversos fatores. Souza (2000) detalhou de maneira abrangente a ênfase do
triângulo do fogo demonstrando eficazmente o fenômeno da combustão, e ainda os
processos de prevenção e combate de incêndios florestais reunindo diversas
atribuições a uma “pirâmide” formada pela junção de três triângulos. Nesta pirâmide
(Figura 2) identifica-se os múltiplos elementos envolvidos para a manifestação e
propagação dos incêndios florestais, pois estão reunidos: o triângulo do fogo
tradicional; o triângulo do comportamento do fogo, este formado pelas condições
meteorológicas, a topografia e materiais combustíveis; e também o triângulo do
regime de fogo formado pelo calor ou energia de ativação, mais material combustível
disponível e condições para queimar. Sendo importante verificar que a vegetação,
neste caso, o combustível é o elemento análogo presente nos três triângulos
necessitando assim ser o principal foco das atenções nos estudos de incêndio
florestal.
21
Figura 2: Pirâmide do incêndio florestal. Adaptado de Souza (2000)
Para que estes combustíveis queimem com facilidade será necessário que
estejam secos. Constituídos basicamente, primeiro pelos resíduos vegetais mortos,
seguidos das plantas vivas que perderão umidade com o calor do incêndio se
transformando em mais combustível.
A queima ou combustão do combustível florestal compreende três fases
distintas, sendo: primeiro o pré-aquecimento, em segundo a decomposição ou
combustão dos gases e terceiro a incandescência ou consumo do carvão.
1ª Fase: Pré-aquecimento: Nesta fase inicia-se a transformação dos materiais, que
devido aos efeitos do aumento de temperatura serão aquecidos, desidratados, secos
e parcialmente decompostos, porém ainda não existirão chamas. O calor eliminará a
umidade contida nos vegetais e continuará aquecendo-os até a temperatura de
combustão (que variará entre 260 e 400 graus Celsius para a maioria dos materiais
combustíveis das florestas).
2ª Fase: Decomposição ou combustão dos gases: Nesta fase os gases combustíveis
que foram destilados dos vegetais (pirólise) se acenderão e queimarão, produzindo
22
chamas e altas temperaturas, que poderão atingir 1000 graus Celsius ou até um
pouco mais. Neste estágio do processo de combustão dos vegetais, os gases
continuarão queimando, o combustível estará incandescente liberando ainda mais
gases.
3ª Fase: Incandescência ou consumo de carvão: Nesta fase final o carvão será
consumido, restando apenas cinzas. O calor gerado será intenso, mas praticamente
não existirão chamas nem fumaça. A quantidade de calor liberada nessa fase
dependerá do tipo de vegetal que foi queimado.
Embora exista uma sobreposição entre elas, estas três fases da combustão
dos vegetais podem ser perfeitamente observadas em um incêndio florestal. A
primeira é o momento em que folhas e gramíneas se desidratam e enrolam devido à
perda de umidade, à medida que vão sendo aquecidas pelo calor das chamas que
se aproximam. Em seguida acontece a fase de combustão dos gases, ou queima
dos combustíveis secos, onde normalmente se destacam as chamas, no caso dos
incêndios florestais. Finalmente após a passagem das chamas vem a terceira fase, a
do consumo do carvão.
Os incêndios florestais na região de Juiz de Fora-MG acontecem nos meses
de inverno ou período de estiagem, onde as precipitações são mais escassas e a
umidade relativa do ar está muito baixa provocando a secura dos combustíveis
deixando-os em condições ideais para que haja a combinação equilibrada do
triângulo do fogo.
3.1.2 Comportamento do fogo.
A Propagação do fogo
O início de um incêndio florestal se dará devido à presença de uma fonte de
calor, podendo esta ser de origem natural ou antrópica, a partir da fonte de calor
diversas características ambientais ainda condicionarão a ocorrência do foco.
A propagação do fogo começará assim que surgir o primeiro foco do incêndio,
ela ocorrerá através da transmissão de calor provocada pela combustão que
23
aquecerá os demais combustíveis próximos ao foco inicial que ao aquecerem,
queimarão e assim sucessivamente.
A grande diversificação do ambiente como o tipo e a quantidade de
combustível disponível, a topografia, as condições climáticas, somadas às ações
realizadas para a prevenção e a supressão do fogo influenciarão sobremaneira o
modo como os incêndios se iniciarão e se manifestarão, ou seja, na propagação do
fogo e seu comportamento.
A propagação do fogo se dará principalmente pelas três formas de
transmissão de calor: Condução, Convecção e Radiação. (Figura 3)
Figura 3: Propagação do Fogo por Transmissão de Calor. Adaptado de Soares (1985)
Condução
Esta forma de transmissão de calor se dará quando existir contato direto entre
as plantas e/ou resíduos mortos de vegetação. É o processo pelo qual o calor será
transmitido de um corpo ao outro, acontecendo onde os materiais combustíveis
estão dispostos sem intervalos entre eles, ou seja, há continuidade da vegetação.
24
Convecção
Quando a massa de ar de determinado local se aquece, a tendência é a de
elevar-se devido a sua menor densidade, transportando consigo o calor que irá
aquecer os elementos acima.
É o processo pelo qual o calor é transmitido de uma região para a outra
através do deslocamento de matéria aquecida. Ocorre com os gases e os líquidos.
O ar aquecido como consequência do desprendimento de calor gerado por
um incêndio retira a umidade das plantas que se encontram acima e à frente das
chamas, ressecando-as, favorecendo desta maneira a propagação do fogo. A
transmissão de calor por convecção favorece a propagação do fogo com grande
velocidade encosta acima, onde a topografia e os ventos entram como fatores
determinantes no comportamento do fogo.
A convecção, somada ao vento no caso dos incêndios florestais, favorecerá
também um fenômeno conhecido por “transporte de fagulhas”, onde uma pequena
porção inflamada de combustível será transportada para uma área fora do perímetro
do incêndio, ou seja, aonde as bordas do incêndio ainda não chegaram (Figura 5),
iniciando desta maneira um novo foco de incêndio que também é conhecido como
“foco secundário”.
Os efeitos da convecção em encostas com aclives acentuados são tão
complexos que tem se observado que técnicas de prevenção de incêndios florestais
acabam sendo ineficientes, como por exemplo, a construção de aceiros preventivos,
que pelo fato de às vezes necessitarem possuir uma grande largura, acabam
provocando erosão, e não são capazes de conter o avanço do fogo, pois, já foi
observado o transporte de fagulhas por mais de cem metros distantes da frente do
fogo.
Radiação
Na radiação o processo de transmissão de calor será através de ondas
caloríficas sem que exista o movimento do ar para isso, mas atingirá somente as
plantas que se encontrarem a curtas distâncias. A radiação nos incêndios florestais
favorecerá a propagação do fogo afetando as plantas que estão próximas das que
estiverem em combustão.
25
3.1.3 Tipos de Incêndios
De acordo com o tipo de estrato ou topografia por onde o fogo se propaga se
distinguirão três tipos de Incêndios Florestais:
Subterrâneo;
De Superfície;
De Copas;
Incêndios subterrâneos
Avançam queimando a camada de serapilheira, a camada superficial de
material orgânico que cobre os solos consistindo de folhas, caules, ramos, cascas,
frutas, galhos mortos e raízes superficiais, ou seja, toda a matéria orgânica seca em
diferentes estágios de decomposição sobre o solo da floresta (Figura 4). São
incêndios de propagação lenta, sem chamas aparentes e com insignificante
manifestação de fumaça, tornando-os de difícil detecção e combate. Esses
combustíveis são geralmente de textura fina, relativamente compactados e
consideravelmente isolados da atmosfera, ou seja, com menor suprimento de
oxigênio. Os incêndios subterrâneos causam muitos danos à vegetação onde se
manifestam, pelo fato de destruírem as raízes superficiais das árvores onde passam.
Acontecem geralmente em matas e florestas que acumulam grande quantidade de
serapilheira e em áreas alagadiças (pântanos, brejos), que quando secam formam
espessas camadas abaixo da superfície.
26
Figura 4: Incêndio Subterrâneo. Adaptado de Soares (1985)
Incêndios de superfície
São aqueles que propagam superficialmente sobre o terreno queimando a
vegetação que corresponde às plantas com altura menor que 1,80 metros, pequenas
árvores, arbustos, galhos secos, troncos caídos, gramíneas, e todo resto vegetal não
decomposto existente das florestas e dos pastos (Figura 5). Devido às
características destes combustíveis sua combustão é muito fácil e rápida tornando
sua velocidade de propagação variável, podendo se expandir, desde uns poucos
metros até quilômetros por hora, de acordo com a disponibilidade, tipo e o arranjo
destes combustíveis vegetais, ainda pela influência do clima e da topografia.
Os incêndios superficiais normalmente se iniciam através de um pequeno
foco que pode ser provocado por pontas de cigarros, velas de rituais religiosos,
fagulhas das descargas de veículos, pequenas fogueiras, curtos circuitos das redes
elétricas que passam sobre a vegetação etc., propagando para todos os lados,
27
tendo sua forma determinada principalmente pela ação dos ventos e das
características do terreno.
Os incêndios de superfície são os mais frequentes e é a partir deles que
normalmente se iniciam os incêndios de copas e os subterrâneos.
Figura 5: Incêndios de Superfície e Incêndios de Copas. Adaptado de Soares (1985)
Incêndios de copas
São os incêndios que se propagam em vegetações com mais de 1,80 metros
de altura e principalmente através das copas das árvores, são os que avançam mais
rapidamente pelo fato de se manifestarem em maior altura, onde os ventos
deslocam com maior velocidade e força que próximo ao solo (Figura 5).
São os que apresentam maior dificuldade aos trabalhos de combate e
supressão do fogo.
Estes três tipos de incêndios nem sempre se manifestam de forma isolada,
sendo mais habitual a combinação dos três, e em especial a presença conjunta dos
incêndios de superfície e de copa, porém com velocidades distintas.
28
Formas e partes de um Incêndio
Após surgir o fogo em um ponto, as chamas irão se estender ao redor do foco
inicial, numa situação hipotética e rara, caso o terreno seja plano, a vegetação
uniforme e sem a presença de vento, o fogo avançará por igual em todas as
direções formando assim um contorno queimado de aparência circular. Quando há
vento ou o terreno é inclinado, a forma mais provável do contorno do perímetro em
chamas será de uma elipse, tendo o fogo velocidade e intensidades diferentes nos
diversos pontos do referido contorno (Figura 6).
Figura 6: As Partes do Incêndio. Adaptado de PATAE - UFF (1985)
Borda: todo o contorno que está queimando.
Cabeça ou frente: orientada pela direção do vento ou pela inclinação da encosta, é
a extremidade da elipse por onde o fogo avança mais rapidamente.
Flancos: são as bordas laterais da elipse que também serão nomeadas pela direção
do vento.
Retaguarda: é a área da elipse onde o fogo normalmente avança mais devagar e
tem menor intensidade, também identificada pela direção contrária a do vento.
A frente avançará mais rápido quanto mais forte for o vento e/ou quanto mais
inclinado for o terreno, pois assim as chamas irão desidratando e secando a
vegetação que está adiante ainda sem queimar, favorecendo o aumento do
perímetro da área queimada. É na frente onde existirá maior geração de calor e
onde os danos serão maiores. É também a parte do perímetro onde é mais difícil o
controle ou o combate.
29
Nos flancos e na retaguarda o fogo avançará com menor velocidade e
intensidade, o calor da queima normalmente aumenta gradualmente da retaguarda
passando pelos flancos chegando até a cabeça. É a partir dos flancos que se inicia o
combate direto ao incêndio podendo assim chegar até a cabeça.
Comumente a forma do contorno de um incêndio florestal não será uma
elíptica devido aos diversos fatores que determinam o comportamento do fogo. As
mudanças na composição da vegetação, as barreiras naturais, as variações do
terreno, etc. farão com que as bordas do incêndio assumam contornos irregulares
com o surgimento de dedos, que serão como frentes paralelas, dando ainda origem
às bolsas onde haverá uma menor progressão do fogo (Figura 7).
Figura 7: Contorno do Incêndio. Adaptado de Soares (1985)
3.1.4 Fatores que Determinam o Comportamento do Fogo
Os fatores que influenciam o comportamento do fogo são diversos e estão
sempre combinados entre si, sendo os principais: os combustíveis, os fatores
climatológicos e a topografia. Serão eles que definirão a forma e a evolução do
incêndio florestal.
Os combustíveis, ou cobertura vegetal, são um dos elementos do triângulo do
fogo e as condições que se apresentam no cenário tais como seu tamanho,
30
distribuição e o grau de umidade serão decisivos para o comportamento do fogo.
Será nos combustíveis o único dos elementos em que será possível atuar para
controlar e combater o incêndio florestal.
Os fatores climatológicos afetam o estado dos combustíveis através do
aumento de temperatura, regem o grau de umidade e pelo vento favorecem a
propagação do fogo.
A topografia é capaz de alterar as características tanto dos combustíveis
quanto do clima.
3.1.4.1 Os combustíveis vegetais
O tipo de cobertura florestal influencia o comportamento do fogo de várias
formas sendo, portanto, um fator importante ao se analisar este tipo de fenômeno. A
variação nas propriedades da cobertura vegetal pode causar mudanças de diversos
aspectos relacionados ao comportamento do fogo. Uma mata densa, cerrada e
pouca alterada mantêm um conteúdo de umidade mais elevado e estável que outra
mata alterada e aberta estando assim mais sujeita às ações do vento e da radiação
solar, por conseguinte mais propensa aos incêndios.
A vegetação de uma floresta pouco alterada exerce acentuada influência no
microclima da área onde está localizada e seus arredores. Uma floresta com árvores
de grande porte, variada diversidade, densa e cerrada, intercepta a radiação solar,
conservando a temperatura mais amena do ar e dos materiais combustíveis ali
presentes. Uma mata assim funciona como barreira evitando a livre passagem das
correntes de vento e reduzindo sua velocidade, proporcionando uma menor
evapotranspiração, deste modo, dificultando a perda de umidade do material
combustível da floresta.
Uma característica importante do material combustível está relacionada às suas dimensões, principalmente com a espessura ou com o diâmetro das partículas. Quanto mais finos forem os elementos individuais do combustível, mais rápida é a troca de umidade com o ar atmosférico. (CEMIG, 2003)
Nas florestas são considerados combustíveis todos os vegetais existentes de
diversos tipos, as plantas vivas e seus resíduos, mesmo que no final de um incêndio
31
seja possível observar vegetais que não inflamaram, isso porque, não atingiram a
temperatura de combustão.
Constituirão como combustíveis vivos os capins diversos, os cipós, os
arbustos, as árvores, etc..
Dentre os combustíveis mortos estarão os troncos, galhos, folhas etc., sendo
importante observar a camada formada por diversos restos de vegetação morta e de
tamanho reduzido denominados de serapilheira, estrato localizado acima do solo,
que proporcionará a fácil instalação do fogo e sua rápida propagação
Todos os tipos de combustíveis tanto vivos quanto mortos exercerão
influência sobre o fogo de acordo com as condições que apresentem tais como:
- Grau de combustibilidade;
- Quantidade disponível de combustível;
- Densidade da vegetação;
- Estratificação da vegetação;
- Grau de umidade dos combustíveis.
Grau de combustibilidade
O grau de combustibilidade ou inflamabilidade se refere à maior ou menor
capacidade que os combustíveis vegetais possuem para absorver calor e liberar
gases que entrarão em combustão. Os vegetais terão caracterizada sua
combustibilidade pelo tamanho, por sua estrutura, por sua capacidade de reter
umidade, por possuir ou não substâncias que atuarão como aceleradoras da
combustão como algumas resinas e pela fisiologia de cada espécie.
O destaque ficará por conta do volume de combustível morto e de espessura
mais fina disponível no cenário, devido ao fato de quanto mais fino e menor for o
material combustível maior será sua capacidade de perder umidade e receber calor
inflamando-se, aumentando consideravelmente o grau de combustibilidade da área
onde se encontram. Para os estudos de combate a incêndios florestais os
combustíveis são classificados em ligeiros e pesados
32
Tipificação dos combustíveis
Os combustíveis podem dividir-se em quatro grandes grupos: vivos, mortos,
ligeiros e pesados. Sendo óbvio existirem diferenças fundamentais entre uns e
outros.
Enquanto que nos combustíveis vivos a quantidade de água é elevada e não
reduz este volume para além de certo limite, nos combustíveis mortos o teor em
água é muito baixo e é muito susceptível às variações concomitantes a queda da
umidade do ar. Assim, se a humidade do ar está muito baixa, nos combustíveis
mortos a umidade também será baixa, e, pelo contrário, se a umidade atmosférica
estiver elevada, então, a humidade dos combustíveis mortos tem tendência a ser
elevada.
Combustíveis Ligeiros - constituídos por materiais combustíveis finos, folhas, ervas,
capins, pequenos arbustos, etc., que se aquecem, perdem umidade e se incendeiam
facilmente. Queimam com grande rapidez contribuindo para a propagação do fogo
(Figura 8).
Figura 8: Combustíveis Ligeiros. Adaptado de PATAE - UFF (1985)
33
Combustíveis Pesados - formados pelos materiais combustíveis de combustão lenta,
troncos, cipós grossos, as raízes, etc. (Figura 9), que exigem mais calor e tempo
para se incendiarem, serão mais lentamente consumidos pelo fogo devido seus
diâmetros mais volumosos e que também reterão mais água dificultando desta forma
a pirólise, porém quando o fogo se instala nestes combustíveis o combate é
dificultoso e necessitará de grande quantidade de água para se extinguir a
combustão.
Figura 9: Combustíveis Pesados. Adaptado de PATAE - UFF (1985)
Em um incêndio florestal, o avanço e o comportamento do fogo dependerão
diretamente dos tipos de combustíveis que predominem na área em que se instalou
o fogo, da quantidade, de seu arranjo, do volume dos combustíveis vivos, mortos,
ligeiros ou pesados. Logo, a velocidade de propagação do fogo será mais rápida nas
pastagens do que em vegetações arbustivas predominantes e que será ainda menor
nas matas densas etc..
Temos ainda que levar em consideração que existirão espécies vegetais que
possuem em suas estruturas certas resinas que ao serem aquecidas liberarão gases
mais voláteis e com maior capacidade de queima aumentando assim o grau de
combustibilidade destes combustíveis.
34
Quantidade do combustível
A quantidade de combustível tanto vivo quanto morto, por unidade de
superfície, será outro fator que influenciará sobremaneira o comportamento do fogo,
uma vez que quanto mais combustível maior será a intensidade do incêndio e maior
sua capacidade de provocar danos e prejuízos.
Com o grande acúmulo de resíduos caídos no solo da floresta e com a
alteração do ciclo do fogo, os incêndios tem se apresentado muito mais
devastadores em alguns lugares.
O material combustível de uma floresta pode ser quantificado, sendo o peso
médio de matéria seca existente por unidade de área, feito por amostragem,
normalmente sendo dada em kg/m² ou por ton./ha. A Prévia quantificação será
importante nos trabalhos de prevenção e futura caracterização e associação aos
efeitos do fogo na área queimada.
Também é possível qualificar os combustíveis de uma área, conhecendo suas
características de inflamabilidade e predominância, o que também previamente será
útil para a prevenção.
Densidade da vegetação
A densidade será classificada como a extensão horizontal de cobertura do
solo pela vegetação existente, e indicará também a maior ou menor proximidade de
umas plantas para as outras, que ajudará a condicionar a velocidade de propagação
do fogo (Figura 10). Se a densidade é alta sem interrupções na cobertura do
combustível, o fogo se propagará mais rapidamente dispersando-se por longas
distâncias caso o teor de umidade seja muito baixo.
35
Figura 10: Vegetação com alta densidade e estratificação contínua. Adaptado PATAE – UFF (1985)
Já em áreas onde o incêndio se instalou, se a densidade for muito reduzida,
ou existam porções sem combustível o fogo encontrará dificuldades para sua
propagação (Figura 11)
Figura 11: Vegetação com baixa densidade e estratificação descontínua. Adaptado de PATAE - UFF (1985)
36
Estratificação da vegetação
A distribuição da vegetação de acordo com um plano vertical se denomina
estratificação e se divide em uma série de camadas ou de estratos de diferentes
alturas, variando nas pastagens ou vegetações rasteiras, nas vegetações arbustivas
e nas matas, determinando o tipo de incêndio (subterrâneo, de superfície ou de
copas
Poderá ser estratificação contínua (Figura 10), onde os diferentes estratos se
sobrepõem permitindo assim que o fogo se propague de uns para os outros. Esta
condição favorecerá o fogo onde facilmente um incêndio de superfície se transforme
em incêndio de copas, ou ainda, estratificação descontínua (Figura 11), onde
existirão falhas entre os estratos. Neste caso um incêndio de superfície dificilmente
passará para as copas das árvores.
Os combustíveis superficiais são todos aqueles localizados sobre, e
imediatamente acima ou no piso da floresta, até 1,80 metros de altura, e
compreendem basicamente folhas, galhos, troncos e demais materiais que se
encontram neste intervalo. Os combustíveis subterrâneos são todos os materiais
combustíveis que estão abaixo da superfície da floresta, como serapilheira, raízes
de árvores, madeira em decomposição, folas, entre outros (BATISTA, 1990).
Nos estudos de incêndios florestais a estratificação vertical está dividida em
três grupos específicos:
• Arbóreo, constituído pelas árvores, em cuja posição superior se encontra a
copa estando esta a uma altura superior 1,80 metros de altura;
• Arbustivo, constituído por arbustos ou pequenas árvores cuja altura seja
inferior a 1,80 metros de altura;
• Pastagem, constituído pelas diversas espécies de capins e outras
vegetações rasteiras, porém sem uma definição específica para a atura deste tipo de
elemento. Castro et al. (2003)
Para Anderson e Brown (1988 apud Batista, 2000) os combustíveis estão
dispostos por “continuidade” referindo-se à sua distribuição sobre uma área, tanto no
sentido horizontal quanto vertical. É uma característica muito importante porque
controla parcialmente onde o fogo pode ir e a velocidade com que se propaga.
Quando o material está distribuído uniformemente sobre uma área, não há
interrupção no combustível e as chamas irão se propagar sem obstáculos. Quando a
37
continuidade não é uniforme, isto é, quando o combustível está disposto de forma
dispersa, há dificuldade do fogo se propagar devido às interrupções do combustível
sobre a área.
Grau de umidade dos combustíveis
O conteúdo de água dos combustíveis vegetais tem grande importância no
comportamento do fogo, pela sua capacidade de até impedir um pequeno foco de se
espalhar quando os vegetais estão muito hidratados, quanto da possibilidade de se
iniciar a combustão e sua posterior evolução quando os vegetais se apresentarem
muito secos.
Para Schroeder e Buck (1970 apud Batista, 2000) o conteúdo de umidade é a
mais importante propriedade que controla a inflamabilidade dos combustíveis vivos e
mortos. A umidade do material reflete o clima e as condições meteorológicas do
local, podendo variar rapidamente. Combustíveis vivos e mortos têm diferentes
mecanismos de retenção de água e reagem distintamente às variações das
condições meteorológicas. O conteúdo de umidade dos combustíveis mortos flutua
principalmente em função da umidade relativa, temperatura do ar e a precipitação.
Partículas finas do combustível morto, tais como: folhas secas e pequenos ramos
podem variar o conteúdo de umidade em poucas horas. Ao contrário, são
necessários vários dias ou semanas para variar significativamente o conteúdo de
umidade de um tronco de árvore ou galho de grosso calibre caído ao solo.
O grau de umidade dos materiais combustíveis de uma floresta é medido pela
capacidade que estes materiais têm de reter ou armazenar água. São controlados,
em grande parte, pela umidade atmosférica, e pelos índices de precipitação.
De acordo com Batista e Soares (1997) existe uma troca contínua de vapor
d’água entre a atmosfera e o combustível depositado no piso da floresta. O material
seco absorve água de uma atmosfera úmida e libera água quando o ar está seco. A
quantidade de umidade que o material morto pode absorver do ar e reter depende
basicamente, da umidade do ar. Durante períodos extremamente secos, a baixa
umidade do ar pode inclusive afetar o conteúdo de umidade do material vivo.
A velocidade do avanço do fogo em um material florestal combustível qualquer é menor ou maior segundo o seu conteúdo de umidade no momento de entrar em combustão. O material combustível úmido absorve
38
grande parte do calor que recebe para secar-se e só entra em combustão depois que a quantidade de umidade seja suficientemente nula e incapaz de impedir a ignição. Desta forma compreende-se que um material verde e com alto conteúdo de umidade, queima com dificuldade, tornando-se um agente retardante do fogo, e às vezes até impedindo o avanço das chamas, ao que o material que está seco entra em combustão imediatamente sendo campo ideal para a rápida propagação do incêndio. (PATAE-UFF, 1985)
Para Soares (1985) o conteúdo de umidade da vegetação viva varia
principalmente em resposta ao estágio estacional de desenvolvimento em que se
encontra. Geralmente, durante a estação de crescimento, período das chuvas
regulares, as árvores apresentam muita brotação e folhas novas, portanto possuem
um conteúdo de umidade bastante elevado, podendo chegar a 300% do peso seco.
No início do período de estiagem, inverno, quando as árvores começam a entrar em
dormência, apresentam teor de umidade próximos de 50%.
A concentração de calor mesmo em um combustível vegetal com alta
porcentagem de umidade fará primeiro com que se evapore este excesso de água
antes que a planta alcance temperatura suficiente para liberar gases que se
inflamem o que demonstra a importância da regularidade de chuvas no contexto dos
incêndios florestais. Agora quanto mais baixo o volume de água que um vegetal é
capaz de reter, mais seco estará este combustível e mais rapidamente se queimará.
O fogo se manifestará nos combustíveis de acordo com seu estado e suas
características conforme tabela 1.
Tabela 1. A vegetação e a propagação do fogo, as características dos combustíveis.
Maior Velocidade de Propagação Menor Velocidade de Propagação Combustíveis Mortos Combustíveis Vivos Combustíveis Ligeiros Combustíveis Pesados Alta Densidade Baixa Densidade Estratificação Contínua Estratificação Descontínua Pastagens e Vegetações Rasteiras Matas Fechadas Silviculturas onde predomine apenas uma espécie.
Matas com grande diversidade, e com pouca intervenção antrópica.
Combustíveis mais secos Combustíveis mais úmidos. Fonte: PATAE-UFF, 1985
Como os combustíveis secos e mortos tem menor capacidade de reter água,
estão mais sujeitos a variação de temperatura e queda nos índices de pluviosidade,
pois perdem umidade mais rapidamente e entram em combustão com mais
facilidade, logo se existirem em grande quantidade em uma determinada área fará
39
com que o risco de se iniciar um incêndio seja maior e que sua propagação seja
mais rápida.
O conteúdo de umidade do combustível controla sua inflamabilidade, é muito importante na determinação das condições de perigo de incêndio. O conteúdo de umidade dos materiais combustíveis mortos (cobertura morta, galhos, folhas, húmus) varia tremendamente dependendo dos índices pluviométricos. Ela raramente é menor que 20% mas pode exceder os 200%, como por exemplo, em madeira apodrecida ou no húmus, após prolongada chuva. (PATAE-UFF, 1985)
Este comportamento da perda de umidade da vegetação ocorre em
consequência do processo de transpiração, que é a evaporação devido à ação
fisiológica dos vegetais. As plantas, através de suas raízes, retiram do solo a água
para suas atividades vitais. Parte dessa água é cedida à atmosfera, sob a forma de
vapor, na superfície das folhas. Deste modo, a atmosfera atua como um dreno para
vapor d’ água, quanto mais seco estiver o ar (baixa umidade relativa), maior será a
força desse dreno e assim maior será a perda de água pela planta. Em vegetação
de pequeno porte, como gramíneas, a perda de umidade ocorre poucas horas
depois da chuva e dependendo do período sem chuvas ou com chuvas inferiores a
20 mm a recuperação da sua umidade é mais lenta, quando comparada com a
vegetação de floresta (VOLPATO, 2002).
3.1.4.2 Os fatores climatológicos
A ocorrência de Incêndios Florestais e sua propagação estão intrinsecamente
ligadas às condições climáticas da região onde se manifestam.
Os diversos fatores que configuram as características climatológicas de uma
área em que se instala um incêndio condicionarão também sua evolução devido a
grande influência que exercerá nos três elementos que compõem o triângulo do
fogo. Entre estes fatores os que mais exercerão influência são:
- O vento;
- A Umidade do Ar;
- A Radiação Solar;
- A Precipitação Pluvial;
- A Temperatura.
40
O vento
De grande importância no comportamento do fogo, por contribuir para a
perda de umidade dos vegetais e especialmente por determinar a velocidade de
propagação.
O vento é o movimento do ar em relação à superfície terrestre. É gerado pela ação de gradientes de pressão atmosférica, mas sofre influências modificadoras de movimento de rotação da Terra, da força centrífuga ao seu movimento e do atrito com a superfície terrestre. (TUBELIS e NASCIMENTO, 1984)
Devido a distribuição dos continentes dos mares e oceanos e as mudanças
das estações do ano sobre a superfície do planeta, se produzem temperaturas
diferentes (gradientes de pressão atmosférica) de certas regiões para outras o que
produz movimentos horizontais e verticais do ar constituindo assim os ventos gerais.
Em determinadas regiões devido também as diferenças de temperaturas
entre o dia e a noite e ainda devido as diversidades topográficas surgirão ventos
locais, cujas ações se somarão aos ventos gerais.
Os ventos afetam diretamente o comportamento do fogo e por sua vez as
variações de calor provocadas pelo incêndio alteram as características dos ventos
locais, produzindo correntes de ar ascendentes.
Os ventos de maior interesse no combate aos incêndios florestais são os
ventos de encosta, anabáticos ascendentes e catabáticos descendentes, que são
muito presentes em regiões de relevo acidentado.
O vento afeta o comportamento do fogo nas florestas de diversas maneiras. O vento leva para longe o ar carregado de umidade, acelerando a secagem dos combustíveis, ventos leves auxiliam certos materiais finos, considerados ligeiros, em brasa a dar início ao fogo. Uma vez iniciado o fogo, o vento auxilia a combustão pelo aumento no suprimento de oxigênio (comburente). O vento alastra o fogo através do transporte de materiais acesos ou aquecidos para novos locais ainda não incendiados, inclina as chamas para perto dos combustíveis ainda não queimados que estão na frente do incêndio. A direção e velocidade da propagação do fogo serão determinadas principalmente pelo vento. (BATISTA e SOARES, 1997) O vento é fator fundamental nos incêndios de copas, onde transporta calor e chamas de árvore para árvore. Caso o vento parar, o fogo geralmente não tem continuidade nas copas. (PATAE-UFF, 1985)
41
O vento é o responsável pela rápida dispersão do fogo, já que é capaz de
transportar materiais acesos (brasas) gerando focos secundários.
Assim quanto mais forte o vento, mais rapidamente será a propagação do incêndio, isto porque o vento trás consigo um suprimento adicional de oxigênio, fazendo com que este alastre chamas, fagulhas e brasas em direção ao combustível que está adiante, provocando fogos intermitentes e esparsos. (PATAE-UFF, 1985)
A umidade do ar
Tubelis e Nascimento (1984) argumentam que a umidade do ar é a água, na
fase de vapor, que existe na atmosfera. Suas fontes naturais são as superfícies de
água, gelo e neve, a superfície do solo, as massas vegetais e os animais. A
passagem para a fase de vapor é realizada pelos processos físicos de evaporação e
sublimação, e pela transpiração.
Para Ayoade (1996) o volume de vapor d’água na atmosfera pode variar
praticamente de zero, em regiões áridas, até cerca de 3 - 4% nos trópicos úmidos. O
conteúdo do vapor d’água está estreitamente relacionado com a temperatura do ar e
com a disponibilidade de água na superfície terrestre. Assim, nas latitudes médias é
maior no verão do que no inverno, quando a capacidade da atmosfera para reter a
umidade é pequena.
A importância da umidade do ar está intrinsecamente ligada à umidade dos
materiais combustíveis, ao risco da eclosão da combustão e ao comportamento do
fogo nos seus diversos estágios.
Concluímos juntamente com Batista e Soares (1997) que a umidade do ar é,
isoladamente, um dos mais importantes fatores na propagação dos incêndios
florestais, principalmente nas regiões onde a ocorrência de incêndios é
predominante no inverno, quando os índices pluviométricos são menores devido à
estiagem, como ocorre na maior parte do território Brasileiro. A umidade do ar é
também um elemento importante na avaliação do grau de dificuldade de combate
aos incêndios. Quando a umidade do ar desce ao nível de 30% ou menos, torna-se
extremamente difícil combater um incêndio.
42
A Radiação Solar
A radiação solar de acordo com Tubelis e Nascimento (1984) é a energia
recebida pela Terra, na forma de ondas eletromagnéticas, provenientes do sol. Ela é
a fonte primária de energia que o globo terrestre dispõe, e a sua distribuição variável
é a geratriz de todos os processos atmosféricos, influenciando sobremaneira o
comportamento dos incêndios florestais devido a capacidade de reduzir o teor de
umidade dos materiais combustíveis.
Afirmam Tubelis e Nascimento (1984) que as variações diárias do
balanço de radiação da superfície do solo ocorrem em função da trajetória diária do
sol acima do horizonte, enquanto que as variações estacionais em função da
variação da declinação do sol ao longo do ano. O balanço de radiação de uma
superfície é composto por uma entrada de energia, a radiação solar absorvida, e por
uma liberação de energia através da emissão efetiva terrestre. A radiação absorvida
ocorre durante o período em que o sol está acima do horizonte, e sua intensidade é
proporcional à altura do sol acima do horizonte, sendo máxima na sua passagem
meridiana. A emissão efetiva terrestre é crescente do nascer do sol até sua
passagem meridiana quando, passa a ser decrescente até o nascer seguinte.
“O padrão de distribuição da radiação solar é ligeiramente alterado sobre a
superfície terrestre, basicamente por causa do efeito da atmosfera que absorve,
reflete, difunde e reirradia a energia solar”. (AYOADE, 1996)
Acompanhando ainda o raciocínio de Tubelis e Nascimento (1984) a
quantidade de radiação solar em um determinado local depende da inclinação dos
raios solares, do comprimento do dia, da transmissividade da atmosfera e da
cobertura do céu. Superfícies com orientações e inclinações diferentes recebem
quantidades diferentes de radiação solar global em comparação com uma superfície
horizontal, em uma mesma localidade e época do ano. A importância deste fato é
que a produção de matéria vegetal é condicionada pela disponibilidade de energia
solar, ou seja, influenciando o comportamento do fogo.
A superfície do solo, com ou sem vegetação é o principal receptor da radiação
solar e da radiação atmosférica, sendo também um emissor de radiação. Seu
balanço de radiação, variável no decurso do dia e do ano, promove variações diárias
e anuais na temperatura do solo e do ar que somados aos diversos fatores que
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influenciam os incêndios florestais irá contribuir para sua maior ou menor
manifestação.
A precipitação pluvial
Para os estudos da climatologia são diversas as formas de precipitação,
desde saraiva, granizo, neve, água etc.. Para os estudos dos incêndios florestais
nos interessa muito a quantidade de vapor d’água, condensado na atmosfera, que
cai sobre o planeta em forma de gotas comumente conhecida por chuva. As chuvas
quando regulares proporcionam que os combustíveis permaneçam úmidos, ou seja,
contribuem para que o teor de umidade dos vegetais esteja elevado tornado difícil o
surgimento do fogo e sua propagação.
Durante os períodos prolongados de estiagem são observados o aumento no
número de ocorrências de incêndios florestais, uma vez que devido ao longo período
sem chuvas, os materiais combustíveis acabam mesmo por ceder umidade ao
ambiente que se encontra mais seco, assim, tornando-se os vegetais mais
inflamáveis e suscetíveis ao surgimento do fogo.
De acordo com Batista (2000) as precipitações são importantes porque ao
manter o material florestal úmido, dificultam ou tornam impossível o início e a
propagação do fogo. Existe uma forte correlação entre os incêndios e prolongados
períodos de seca. Nestes períodos de seca prolongada o material cede umidade ao
ambiente, tornando as condições favoráveis às ocorrências de incêndios. Na
avaliação do efeito da precipitação, deve-se considerar não apenas a quantidade de
chuva que cai, mas também sua distribuição estacional. Se a distribuição das
chuvas em um determinado local é uniforme durante todo o ano, sem uma estação
seca definida, a possibilidade de ocorrência e propagação dos incêndios é menor do
que um local onde a estação chuvosa está concentrada em alguns meses, com
longos períodos de estiagem durante os outros meses.
Os níveis de chuva e distribuição sazonal são usados para se encontrar
inclusive índices que auxiliarão na previsão do período de risco a incêndios
florestais.
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A temperatura
Temperatura ou calor é um dos elementos do “triângulo do fogo”, ficando
clara a sua importância fundamental tanto na ignição (início) da combustão como na
propagação dos incêndios florestais.
Para Ayoade (1996) a temperatura de um corpo é o grau de calor medido por
um termômetro, pode ser definida em termos do movimento de moléculas, de modo
que quanto mais rápido o deslocamento destas, mais elevada será a temperatura,
logo sua definição relativa toma-se por base o grau de calor que um corpo possui.
De acordo com Batista e Soares (1997) embora o comportamento do fogo
seja afetado diretamente pela temperatura, a maioria dos efeitos são indiretos.
Quanto mais aquecido o ar e as partículas de combustível, menor a quantidade de
calor necessária para iniciar e continuar o processo de combustão. A temperatura
também afeta a capacidade do ar conter vapor d’água. Além disso, normalmente
quando a temperatura aumenta, a umidade decresce e, desse modo, ajuda a baixar
o conteúdo de umidade dos combustíveis, aumentando o risco de incêndios.
Então a elevação da temperatura aumenta o grau de combustibilidade dos
vegetais e da matéria morta ao favorecer maior evaporação e reduzir o grau de
umidade destes combustíveis, criando condições ideais para a manifestação dos
incêndios. Porém é necessário existir uma fonte de calor contínua capaz de elevar a
temperatura dos materiais combustíveis até seu ponto de ignição, observando que
para os vegetais vivos e verdes precisará ser mais intenso a ponto de levá-los à
desidratação e a queima.
3.1.4.3 A Topografia
A topografia é a configuração do relevo, ou seja, o aspecto assumido de um
terreno ou área com a posição de suas feições naturais ou artificiais.
Batista e Soares (1997) costumam dizer que a topografia faz o clima e
determina o tipo de combustível em uma determinada área. Considerando-se que o
comportamento do fogo é em grande parte o resultado do clima e do combustível
disponível, pode-se dizer também que topografia influi decisivamente no
comportamento do fogo. A topografia afeta profundamente as características dos
ventos, particularmente os ventos convectivos. Além disso, é responsável pela
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localização dos diversos tipos de combustíveis, tendo influência sobre o seu
crescimento e inflamabilidade devido os seus efeitos sobre o clima.
Locais onde há grandes variações na altitude do terreno a vegetação que se
encontra no vale será mais abundante que aquela localizada no topo das encostas.
Para nosso entendimento os elementos da topografia que influenciam os incêndios
florestais são:
- A Inclinação da Encosta;
- A Exposição/Orientação;
- Altitude.
As inclinações das encostas
As encostas (aclive do terreno) são um dos fatores que contribuem para
propagação do fogo, de acordo com o grau de inclinação, quanto mais acentuado
maior será a velocidade da frente do incêndio. Os incêndios sobem mais facilmente
as encostas por causa das ondas de calor tender a subir e também devido ao fato
da inclinação positiva contribuir para aproximar as chamas até os vegetais que estão
na parte mais adiante, assim o fogo aquece, seca e queima estes combustíveis com
maior intensidade que aqueles localizados abaixo. Favorecidas pela inclinação do
terreno, as correntes de ar aquecidas (convecção), auxiliadas pelos ventos, sobem
aquecendo e secando a vegetação de forma mais ampla que no plano horizontal
onde só atuam até a altura final das copas.
A exposição/orientação
São as posições em que as faces do terreno estão em relação aos pontos
cardeais, dados úteis para a compreensão de como a radiação solar contribui para o
crescimento da vegetação e o aquecimento da área.
Superfícies que possuem orientações norte e sul, com diferentes inclinações, recebem energia solar como se fossem horizontais e situadas em outra latitude, esta dependente da inclinação do terreno. Superfícies que possuem orientação leste ou oeste terão menores durações diárias da insolação, devido a um adiantamento do momento do pôr do sol para terrenos leste e atraso no momento do nascer do sol para terrenos oeste. A
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radiação solar global será a mesma para ambas as orientações na mesma inclinação. (TUBELIS e NASCIMENTO, 1984)
As informações a respeito das orientações em que os terrenos estão expostos
terão grande importância também ao se identificar a predominância da direção dos
ventos, já que estes são fatores que contribuirão fortemente no comportamento do
fogo.
Altitude
É a distância vertical de um ponto da superfície da Terra, que considera como
referência a relação ao nível zero dos oceanos.
De acordo com Batista et al (2002), a elevação do terreno, em relação ao
nível do mar, é relevante no estudo do risco de incêndio porque tem efeito sobre as
condições climáticas do local e consequentemente sobre as características de
umidade do material combustível. Com a elevação da altitude se observa um
decréscimo da temperatura acompanhado por um aumento na umidade relativa do
ar até determinadas altitudes. Logo, o risco de incêndio florestal é maior nas baixas
altitudes.
3.1.5 Fontes ou causas do fogo. Os incêndios florestais são resultado da interação de diversos fatores, mas
principalmente pelas intervenções antrópicas diretas ou indiretas e pela falta de
informações dos seres humanos com relação aos aspectos da prevenção. Para os
estudos de combate a incêndios florestais as origens destes são classificadas em
Causas Naturais e Causas Humanas.
Para podermos entender e combater os incêndios florestais é preciso
conhecer suas origens, logo, como citado por Batista (2000) a análise das causas
dos incêndios, através dos registros de ocorrências de incêndios florestais, é uma
forma simples e prática de avaliar o grau de risco em função das principais fontes de
fogo.
De acordo com Ambiente Brasil (2008) as causas dos incêndios podem variar
bastante de uma determinada região para outra região do país de acordo com os
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mais diversos e diferentes aspectos, tais como condições climáticas, atividades
agrícolas e florestais, proximidade de determinadas concentrações urbanas, cultura
destas populações, margens de rodovias, estradas de ferro, pastagens.
Causas Naturais
As causas naturais que podem dar origem ao fogo e que têm realmente
significância são os raios (descargas atmosféricas) e as combustões espontâneas.
Os raios são descargas elétricas entre as nuvens e o solo. No Brasil não
existem registros de grandes incêndios provocados por quedas de raios, uma vez
que o período ocorrências de raios coincide com a estação chuvosa. Há relatos de
princípios de incêndios, principalmente em copas de árvore, mas que não se
propagam devido à chuva que cai posteriormente aumentando sobremaneira o teor
de umidade dos vegetais impedindo que o fogo se alastre.
As combustões espontâneas entre os vegetais são processos complexos que
podem ocorrer, por exemplo, quando há acúmulo de certos vegetais juntamente com
determinas resinas e óleos também de origem vegetal e estes pela ação de algumas
bactérias, entram em fermentação. A fermentação produz calor e libera gases que
se incendeiam. Estes materiais entram em combustão sem fonte externa de calor,
são materiais com baixo ponto de ignição e são considerados combustíveis com
grande inflamabilidade. A combustão espontânea ocorre então quando há mistura
de determinadas substâncias químicas, provocando uma reação lenta de oxidação,
onde esta combinação gera calor e libera gases até alcançar quantidades e
temperatura suficientes para iniciar a combustão em contato com o oxigênio.
Causas humanas
As causas humanas como já citado, são maioria nas origens dos incêndios
Florestais, já que estes são iniciados principalmente em decorrência de algum tipo
de atividade humana, direta ou indiretamente.
De acordo com Soares (1996) as estatísticas mais recentes sobre incêndios
florestais no Brasil indicam que de acordo com a classificação da FAO (Food and
Agriculture Organization), as principais causas dos incêndios florestais são “queimas
para limpeza” e incendiários.
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São diversas as causas humanas que dão origem aos incêndios florestais,
mas as que usualmente são usadas para entendimento e estudos relativos a os
incêndios são:
- Uso do fogo para fins agropastoris ou queima para “limpeza” é uma prática
bastante comum pela qual algumas pessoas, fazem uso do fogo para “limpeza” de
terrenos quer seja para fins florestais, agrícolas, pecuários ou ainda para controle de
pragas sem as devidas medidas de segurança. Nesta categoria se encaixa também
a queima de restos vegetais ou da vegetação de lotes vagos, que são um grande
risco quando ocorrem nas imediações aos fragmentos florestais próximos às
concentrações urbanas.
- O uso do fogo para eliminar o lixo, além de ser uma prática agressiva ao
meio ambiente, quando realizado próximo às áreas verdes, pode escapar ao
controle e gerar mais danos que o previsto.
- As fogueiras ou fogos campestres são comumente utilizados por
excursionistas, pescadores, caçadores e trabalhadores rurais, que as empregam
para diversos fins como cozinhar ou se aquecerem e as abandonam sem o cuidado
de apagá-las corretamente, dando início a incêndios.
- O uso de velas é comum nas práticas religiosas existindo rituais próximos às
áreas verdes e até mata adentro, onde as velas são deixadas acesas, aumentando
desta maneira a possibilidade de início de um incêndio.
- Incêndios provocados por incendiários normalmente são motivados por
pessoas que agem por vingança, ou que usam o incêndio para dificultar a
investigação de alguns crimes, existindo até pessoas que colocam fogo por mero
vandalismo; nesta categoria se encaixam também as pessoas que agem
inconscientemente, devido a desequilíbrios mentais.
- Fumantes normalmente provocam incêndios florestais próximos às estradas
e rodovias ao lançarem pontas de cigarros ou fósforos acesos na vegetação seca,
por negligência ou imprudência.
- Nas estradas de ferro ou linhas férreas sem as periódicas manutenções,
onde a vegetação cresce desordenadamente aproximando do leito da ferrovia, o
atrito das rodas dos trens com os trilhos geram centelhas que podem ocasionar
incêndios.
- Quando existem sobre as matas fios elétricos ou linhas de transmissão de
energia a cobertura vegetal fica sujeita aos possíveis acidentes que