Upload
vantram
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
INSTITUTO DE SISTEMAS ELÉTRICOS E ENERGIA
Análise e implementação de um cicloconversor trifásico com carga resistiva
e indutiva
EDILSON GONZAGA PERES JUNIOR
LUSSANDER EDUARDO DE SOUZA
Itajubá, outubro de 2017
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
INSTITUTO DE SISTEMAS ELÉTRICOS E ENERGIA
EDILSON GONZAGA PERES JUNIOR
LUSSANDER EDUARDO DE SOUZA
Análise e implementação de um cicloconversor trifásico com carga resistiva
e indutiva
Monografia apresentada ao Instituto de
Sistemas Elétricos e Energia, da
Universidade Federal de Itajubá, como parte
dos requisitos para obtenção do título de
Engenheiro Eletricista.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Elias Caetano
Coorientador: Prof. Dr. Ângelo José Junqueira Rezek
Itajubá, outubro de 2017
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
ii
Dedicatória
Dedicamos este trabalho primeiramente а Deus, pois sеm ele nãо teríamos forças pаrа
essa longa jornada.
Аоs nossos pais, irmãos e a todos os familiares que, cоm muito carinho е apoio, nãо
mediram esforços para quе chegássemos аté esta etapa dе nossas vidas.
Dedicamos também а todos оs professores qυе nos acompanharam durante а graduação,
еm especial ао Prof. Dr. Ricardo Elias Caetano е ao Prof. Dr. Ângelo José Junqueira Rezek,
responsáveis pеlа realização deste trabalho.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
iii
Agradecimentos
À Universidade Federal de Itajubá, pela oportunidade dе fazer о curso de Engenharia
Elétrica, a todos os nossos familiares e professores presentes durante toda a graduação, a
empresa Datapool e seus funcionários que sempre nos ajudaram e por fim a todos quе direta оu
indiretamente fizeram parte dа nossa formação, о nosso muito obrigado.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
iv
Resumo
O trabalho apresentado sob o título “Análise e implementação de um cicloconversor
trifásico com carga resistiva e indutiva” tem como objetivo modelar teoricamente configurações
de cicloconversores de três, seis, doze e vinte e quatro pulsos e através de simulações com o
software Ciclocon analisar os resultados obtidos, além de modelar e simular cicloconversores
de seis e doze pulos no “software” MATLAB, visando obter resultados para serem analisados,
tais como formas de onda e conteúdos harmônicos.
Este trabalho tem também como objetivo a implementação prática de um cicloconversor
trifásico para trifásico de três pulsos com carga resistiva e com carga indutiva, do qual serão
realizadas coletas de dados para comparação com os dados obtidos nas simulações e também
com a teoria envolvida.
Através da análise das simulações realizadas, nota-se a influência do número de pulsos
do cicloconversor, a frequência e amplitude da tensão de saída no espectro harmônico. Na
comparação entre as simulações e a montagem experimental com carga resistiva percebe-se que
os resultados obtidos são bem próximos. Na análise com carga indutiva, na qual foi utilizado
um motor de indução trifásico, observou-se ruídos na forma de onda da tensão de saída e a
influência da carga na forma de onda da corrente.
Ao final do trabalho conclui-se que os resultados obtidos pela implementação e
simulações realizadas foram satisfatórios se comparados a teoria e são propostas análises de
cicloconversores com maior número de pulsos, diversos tipos de cargas e das componentes
harmônicas geradas para o sistema em trabalhos futuros, aplicando-se os conceitos aqui
apresentados.
Palavras chave: Cicloconversor. Harmônicos. Implentação. Simulações.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
v
Abstract
The work presented under the heading “Analysis and implementation of a three phase
cicloconverter with resistive and inductive load” has as objective to model theoretically
configurations of three, six, twelve and twenty four pulses cicloconverters and through
simulations with the software Ciclocon analyse the results acquired, in addition to model and
simulate six and twelve pulses cicloconverters in MATLAB software, in order to get results to
be analysed, as waveforms and harmonic components.
This work has also as objective the practical implementation of a three-phase to three-
phase three pulses cicloconverter with resistive and inductive load, from which will be made
data acquisition for comparing with the data acquired through simulation and also with the
developed theory.
Through the analysis of the simulations made it is noticed the influence of the number
of pulses of the cicloconverters, the frequency and amplitude of the output voltage on the
harmonic spectrum. In the comparison between the simulations and the experimental mounting
with resistive load it is realized that the given results are very close. In the analysis with
inductive load, in which a three-phase induction motor was used, it was observed ripples in the
output voltage waveform and the influence of the load in the current waveform.
At the end of the work it’s concluded that the results obtained by the implementation
and simulations accomplished were satisfactory if compared to the theory and analysis of
cycloconverters with greater number of pulses, various sorts of load and of the harmonic
components generated to the system are proposed for future researches, applying the concepts
presented here.
Key words: Cicloconverter. Harmonics. Implementation. Simulations.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
vi
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Cicloconversor monofásico com carga resistiva. ................................................. 21
Figura 2.2 – Formas de onda na saida de um cicloconversor monofásico com carga resistiva.
.................................................................................................................................................. 22
Figura 2.3 – Cicloconversor monofásico com SCRs ligados em ponte. .................................. 22
Figura 2.4 – Formas de onda com controle de disparo dos SCRs. ........................................... 23
Figura 2.5 – Circuito cicloconversor trifásico para monofásico. ............................................. 24
Figura 2.6 – Circuito cicloconversor trifásico para trifásico de 3 pulsos. ................................ 25
Figura 2.7 – Forma de onda na saída de uma fase. ................................................................... 26
Figura 2.8 – Cicloconversor de 3 pulsos com ponto médio. .................................................... 27
Figura 2.9 – Cicloconversor de 6 pulsos com carga isolada. ................................................... 27
Figura 2.10 – Cicloconversor de 6 pulsos com carga nao isolada. ........................................... 28
Figura 3.1 – Cartão de disparo 9945. ....................................................................................... 32
Figura 3.2 – Forma de onda do sincronismo. ........................................................................... 33
Figura 3.3 – Forma de onda do sincronismo. ........................................................................... 33
Figura 3.4 – Forma de onda do sincronismo. ........................................................................... 34
Figura 3.5 – Formas de onda. ................................................................................................... 35
Figura 3.6 – Interface Software Ciclocon. ................................................................................ 36
Figura 3.7 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 30 Hz e amplitude
100%. ........................................................................................................................................ 37
Figura 3.8 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 15 Hz e amplitude
100%. ........................................................................................................................................ 37
Figura 3.9 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 30 Hz e amplitude
50%. .......................................................................................................................................... 38
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
vii
Figura 3.10 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 15 Hz e amplitude
50%. .......................................................................................................................................... 38
Figura 3.11 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 30 Hz e amplitude
100%. ........................................................................................................................................ 39
Figura 3.12 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 15 Hz e amplitude
100%. ........................................................................................................................................ 39
Figura 3.13 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 30 Hz e amplitude
50%. .......................................................................................................................................... 39
Figura 3.14 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 15 Hz e amplitude
50%. .......................................................................................................................................... 40
Figura 3.15 – Cicloconversor de 12 pulsos. ............................................................................. 40
Figura 3.16 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 41
Figura 3.17 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 41
Figura 3.18 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 41
Figura 3.19 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 42
Figura 3.20 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 42
Figura 3.21 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 42
Figura 3.22 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 43
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
viii
Figura 3.23 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 43
Figura 3.24 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 6 Hz e amplitude
87%. .......................................................................................................................................... 43
Figura 4.1– Diagrama de blocos cicloconversor trifásico de 6 pulsos. .................................... 44
Figura 4.2 – Grupo de tiristores do cicloconversor trifásico de 6 pulsos. ................................ 45
Figura 4.3 – Controle dos disparos dos tiristores. .................................................................... 45
Figura 4.4 – Bloco de controle do disparo para o cicloconversor de 6 pulsos. ........................ 46
Figura 4.5 – Pulsos de disparo do semi-ciclo positivo. ............................................................ 46
Figura 4.6 – Pulsos de disparo do semi-ciclo negativo. ........................................................... 47
Figura 4.7 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 47
Figura 4.8 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%........................................................................... 48
Figura 4.9 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%. ............ 48
Figura 4.10 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 49
Figura 4.11 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%........................................................................... 49
Figura 4.12 Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%. ............. 50
Figura 4.13 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 50
Figura 4.14 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%............................................................................. 51
Figura 4.15 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%. ............ 51
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
ix
Figura 4.16 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 52
Figura 4.17 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 15 Hz e amplitude 50%............................................................................. 52
Figura 4.18 – Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 50%. ............ 53
Figura 4.19 – Diagrama de blocos cicloconversor trifásico de 12 pulsos. ............................... 54
Figura 4.20 – Grupo de tiristores do cicloconversor trifásico de 12 pulsos. ............................ 54
Figura 4.21 – Bloco de controle do disparo para o cicloconversor de 12 pulsos. .................... 55
Figura 4.22 – Pulsos de disparo do semi-ciclo positivo ligado ao transformador em estrela. . 55
Figura 4.23 – Pulsos de disparo do semi-ciclo positivo ligado ao transformador em delta. .... 56
Figura 4.24 – Pulsos de disparo do semi-ciclo negativo ligado ao transformador em estrela.. 56
Figura 4.25 – Pulsos de disparo do semi-ciclo negativo ligado ao transformador em delta. ... 57
Figura 4.26 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 57
Figura 4.27 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%........................................................................... 58
Figura 4.28 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%. .......... 58
Figura 4.29 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%. ....................................................................................................................... 59
Figura 4.30 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%........................................................................... 59
Figura 4.31 – Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%. .......... 60
Figura 4.32 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 60
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
x
Figura 4.33 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%............................................................................. 61
Figura 4.34 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%. ............ 61
Figura 4.35 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 62
Figura 4.36 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%. ......................................................................................................................... 62
Figura 4.37 – Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 50%. ............ 63
Figura 4.38 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para monofásico. ............ 64
Figura 4.39 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para trifásico com carga
resistiva. .................................................................................................................................... 65
Figura 4.40 – Formas de onda de tensão (fases A e B). ........................................................... 65
Figura 4.41 – Formas de onda de tensão (fases A e C). ........................................................... 66
Figura 4.42 – Formas de onda de tensão e corrente na fase A. ................................................ 67
Figura 4.43 – Espectro harmônico da tensão na fase A. .......................................................... 68
Figura 4.44 – Espectro harmônico da corrente na fase A. ........................................................ 68
Figura 4.45 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para trifásico com carga
resistiva indutiva. ...................................................................................................................... 69
Figura 4.46 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para trifásico com MIT. .. 70
Figura 4.47 – Formas de onda de tensão e corrente na fase A. ................................................ 70
Figura 4.48 – Formas de onda de tensão nas fases A e B ........................................................ 71
Figura 4.49 – Espectro harmônico da tensão na fase A. .......................................................... 72
Figura 5.1 – Ordens dos harmônicos presentes na forma de onda de tensão na saída do
cicloconversor. .......................................................................................................................... 75
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
xi
Lista de Abreviaturas e Siglas
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
GTO Tiristor com Controle de Porta (do inglês – Gate Turn-Off Thyristor)
IGBT Transistor Bipolar de Porta Isolada (do inglês – Insulated Gate Bipolar
Transistor)
MATLAB Software de computação numérica da empresa MathWorks
MOSFET Transistor de Efeito de Campo Metal-Óxido-Semicondutor (do inglês – Metal
Oxide Semiconductor Field Effect Transistor)
SCRs Retificador Controlado de Silício (do inglês – Silicon Controlled Rectifier)
THD Distorção Harmônica Total (do inglês – Total Harmonic Distortion)
TRIAC Triodo para Corrente Alternada (do inglês – Triode for Alternating Current)
MIT Motor de indução trifásico
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
xii
Lista de Símbolos
𝛼 Ângulo do disparo do SCR
𝑓 Frequência
𝑓1 Frequência fundamental
𝑓𝐻 Frequência das harmônicas
𝑓𝑖 Frequência de alimentação
𝑓𝑜 Frequência de saída do cicloconversor
𝐹𝑣𝑒𝑓1 Valor eficaz de um sinal na frequência fundamental
𝐹𝑣𝑒𝑓𝑛 Valor eficaz da componente harmônica de ordem 𝑛 do sinal
𝐼𝐿𝑣𝑒𝑓 Valor eficaz da corrente na carga
ℎ Número inteiro positivo diferente de 0
𝑗 Constante complexa igual a √−1
𝐿 Indutância
𝑚 Número de pulsos
𝑛 Número inteiro de 0 a ∞
𝑝 Número inteiro de 1 a ∞
𝑃 Potência ativa
𝑅 Resistência
𝑉 Tensão
𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓 Valor eficaz da tensão na carga
𝑉𝐿𝑀 Valor eficaz máximo da tensão produzia pelo cicloconversor
𝑉𝐿𝑚𝑒𝑑 Valor médio da tensão na carga indutiva
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
xiii
𝑉𝐿𝑜 Valor máximo da tensão média na carga
𝑉𝑜 Valor eficaz da tensão aplicada à carga
𝑋𝐿 Reatância indutiva
𝑍 Impedância
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
xiv
Sumário
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 18
2.1 Conversores ............................................................................................................. 18
2.2 Controladores de tensão CA .................................................................................. 18
2.3 Cicloconversores ..................................................................................................... 19
2.3.1 Princípio de funcionamento ................................................................................... 19
2.3.2 Estrutura dos cicloconversores.............................................................................. 20
2.3.3 Cicloconversor monofásico .................................................................................... 20
2.3.4 Cicloconversor trifásico ......................................................................................... 23
2.3.5 Cicloconversor trifásico para monofásico ............................................................ 23
2.3.5.1 Princípio de funcionamento ........................................................................... 24
2.3.6 Cicloconversor trifásico para trifásico ................................................................. 24
2.3.6.1 Princípio de funcionamento ........................................................................... 25
2.3.7 Cicloconversor de 3 Pulsos com ponto médio ...................................................... 26
2.3.8 Cicloconversor de 6 pulsos com carga isolada ..................................................... 27
2.3.9 Cicloconversor de 6 pulos com carga não isolada ............................................... 28
2.4 Componentes harmônicas ...................................................................................... 28
2.4.1 Iterharmônicos e sub-harmônicos ......................................................................... 31
3 MODELAGEM TEÓRICA ........................................................................................... 32
3.1 Disparo do cicloconversor ...................................................................................... 32
3.2 Simulações ............................................................................................................... 35
3.2.1 Cicloconversor de 3 pulsos ..................................................................................... 36
3.2.2 Cicloversor de 6 pulsos ........................................................................................... 38
3.2.3 Cicloconversr de 12 pulsos ..................................................................................... 40
3.2.4 Cicloconversor de 24 pulsos ................................................................................... 42
3.2.5 Simulação com os valores de frequência e tensão de saída próximos aos que
foram utilizados na parte experimental ........................................................................... 43
4 ANÁLISE EXPERIMENTAL ....................................................................................... 44
4.1 Calibração dos cartões de disparo ........................................................................ 44
4.2 Simulações no “software” MATLAB .................................................................... 44
4.2.1 Cicloconversor trifásico para trifásico de 6 pulsos .............................................. 44
4.2.2 Cicloconversor trifásico para trifásico de 12 pulsos ............................................ 53
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
xv
4.3 Cicloconversor trifásico para monofásico ............................................................ 63
4.4 Cicloconversor trifásico para trifásico ................................................................. 64
4.4.1 Com carga resistiva ................................................................................................ 64
4.4.2 Com carga resistiva indutiva ................................................................................. 69
4.4.3 Com motor de indução trifásico ............................................................................ 69
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 73
5.1 Simulações ............................................................................................................... 73
5.1.1 Ciclocon ................................................................................................................... 73
5.1.2 MATLAB ................................................................................................................. 73
5.2 Cicloconversor trifásico para trifásico ................................................................. 73
5.3 Comparação entre simulação e montagem experimental ................................... 73
5.4 Ensaio com carga resistiva indutiva ..................................................................... 74
5.5 Ensaio com motor de indução trifásico ................................................................ 74
5.6 Comparação de harmônicos .................................................................................. 76
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 78
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 79
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
16
1 Introdução
Com o passar dos anos a demanda por energia elétrica sofreu um grande aumento
juntamente com o crescimento do sistema elétrico brasileiro e suas interligações. Com isso o
controle do fluxo de energia elétrica que sempre foi uma das maiores preocupações dos
engenheiros eletricistas tornou-se uma tarefa muito complexa.
Para que este controle, seja ele transferência de potência elétrica de uma fonte para uma
carga, acionamentos de máquinas ou controles industriais, fosse realizado de modo a se obter
rendimentos elevados, pois se trata de uma potência elevada, foram desenvolvidos dispositivos
eletrônicos conhecidos como elementos ativos ou interruptores, tais como o GTO (Tiristor com
Controle de Porta, do inglês Gate Turn-Off Thyristor), TRIAC (Triodo para Corrente Alternada,
do inglês Triode for Alternating Current), IGBT (Transistor Bipolar de Porta Isolada, do inglês
Insulated Gate Bipolar Transistor) e MOSFET (Transistor de Efeito de Campo Metal Óxido
Semicondutor, do inglês Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor), que juntamente
com os elementos passivos já existentes tais como resistores, capacitores e indutores são
utilizados nos circuitos de eletrônica de potência também chamados de conversores.
Dentre os tipos de conversores se destaca o cicloconversor o qual foi utilizado pela
primeira vez na década de 1960 sendo o primeiro dispositivo a empregar eletrônica de potência.
Este conversor converte uma tensão CA de um determinado módulo e frequência em
uma tensão CA de módulo e frequência ajustáveis, que devido à comutação de saída é na
maioria das vezes uma fração da frequência de entrada. Este tipo de conversor é muito utilizado
para acionamentos de maquinas de baixa velocidade onde deseja-se controlar a frequência e a
tensão de saída, como por exemplo moinhos para fabricação de cimento e alimentação
ferroviária.
Esta monografia tem como objetivo analisar os tipos de configuraçoes dos
cicloconversores assim como obter na prática resultados que comprovem ou não a teoria.
Deste modo os seguintes assuntos são abordados:
Capítulo 2: Consiste em uma revisão bibliografica sobre diversos tipos de conversores,
de maneira mais especifica sobre o cicloconversor, abordando suas caracteristicas e tipos de
configurações assim como equações e teorias. Esse capítulo também faz uma abordagem sobre
os conteúdos harmônicos produzidos com o uso de conversores.
Capítulo 3: São realizadas simulações através de softwares além de modelagens teóricas
para algumas configurações de um cicloconversor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
17
Capítulo 4: São apresentados os dados obtidos através dos experimentos realizados em
laboratório e nas simulações.
Capítulo 5: São realizadas discuções sobre os resultados obtidos durante a parte
experimental comparando-os com as simulações realizadas na modelagem teórica.
Capítulo 6: São apresentadas as conclusões sobre o estudo realizado.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
18
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Conversores
Utilizando dispositivos semicondutores como chaves que são de pequeno porte, com
baixo custo e grande eficiência, esses circuitos são capazes de controlar parâmetros como
tensão, corrente e frequência, e realizam o tratamento eletrônico da energia elétrica entre dois
ou mais sistemas.
Os conversores podem ser classificados da seguinte maneira:
- Retificadores: Podem ser controlados, normalmente utilizando retificadores controlado
de silício (SCRs, do inglês Silicon Controlled Rectifier), ou não controlados, utilizando diodos.
Os retificadores convertem uma tensão CA (corrente alternada) monofásica ou trifásica em uma
tensão CC (corrente contínua);
- Choppers: Convertem uma tensão CC fixa em uma tensão CC de módulo variável;
- Inversores: Convertem uma tensão CC fixa em uma tensão CA de módulo variável ou
fixo, podendo ser monofásica ou trifásica;
- Chaves estáticas: Podem ser CA ou CC, funcionam com chaves e são utilizadas para
substituir as chaves eletromagnéticas e mecânicas tradicionais;
- Controladores de tensão CA: Convertem tensão CA fixa em tensão CA, porém com
frequência variável.
2.2 Controladores de tensão CA
Esses controladores, como mencionado anteriormente, convertem uma tensão CA fixa
em uma tensão CA com frequência variável e possuem um alto valor de conteúdo harmônico.
Existem duas maneiras para obter uma tensão de saída CA com módulo e frequência variáveis.
A primeira maneira é através de uma conversão de dois estágios (conversor DC-link),
sendo que o primeiro realiza a conversão de tensão CA fixa em tensão CC variável, utilizando
os conversores retificadores. Em seguida o segundo estágio converte a tensão CC variável em
tensão CA com módulo e frequência variáveis, utilizando os conversores denominados
inversores.
A segunda maneira é o uso dos chamados cicloconversores que eliminam a etapa
intermediária realizada pelo conversor retificador e da mesma maneira obtém-se em sua saída
uma tensão CA com módulo e frequência variáveis.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
19
2.3 Cicloconversores
Como mencionado anteriormente, o cicloconversor converte uma tensão CA de uma
determinada frequência em uma tensão CA de módulo e frequência ajustáveis, que devido à
comutação de saída é na maioria das vezes uma fração da frequência de entrada, teoricamente
podendo variar de 0 % a 50 % da mesma, porém para operar de maneira eficiente é necessário
que operem em uma faixa menor que um terço da frequência de entrada.
Os cicloconversores podem ser utilizados, entre outras, nas seguintes operações:
- Acionamento de motores de corrente alternada podendo variar a velocidade dos mesmos
devido a frequência variável na saída (moinhos, alimentação ferroviária, etc.).
- Sistemas geradores de frequência constante com velocidade variável (VSCF, do inglês
Variable Speed Constant Frequency) como por exemplo em aeronaves, onde fornecem tensão
regulada com frequência constante não levando em consideração as mudanças de velocidade
da parte móvel (gerador), além de serem utilizados também na geração eólica.
2.3.1 Princípio de funcionamento
Um cicloconversor basicamente é um conversor dual a tiristores que fornece uma saída
alternada. Assim, seja um conversor dual de 3 pulsos e considerando uma carga indutiva. Para
fazer com que esse conversor funcione como uma fonte de corrente alternada (cicloconversor)
temos que controlá-lo de maneira adequada. Temos que:
𝑉𝐿𝑚𝑒𝑑 = 1,17𝑉0 cos 𝛼 (2.1)
Onde o ângulo α é o ângulo de disparo dos tiristores.
Sendo assim para que o conversor produza uma tensão de saída alternada com
frequência menor do que a de entrada basta variar o ângulo α de maneira senoidal.
Com relação a saída do conversor, para α = 0:
𝑉𝐿𝑜 = √2 𝑉𝑜
𝑚
𝜋𝑠𝑒𝑛 (
𝜋
𝑚) (2.2)
Trabalhando com valor eficaz máximo temos que:
√2𝑉𝐿𝑀 = √2 𝑉𝑜
𝑚
𝜋𝑠𝑒𝑛 (
𝜋
𝑚) (2.3)
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
20
Logo a tensão máxima eficaz teórica na saída de um cicloconversor é:
𝑉𝐿𝑀 = 𝑉𝑜
𝑚
𝜋𝑠𝑒𝑛 (
𝜋
𝑚) (2.4)
Levando em consideração que a comutação não é instantânea, o angulo α sempre deve
ser maior que 0° no grupo positivo e menor que 180° no grupo negativo. Com isso o valor eficaz
da tensão de saída do cicloconversor passa a ser:
𝑉𝐿𝑀 = 𝑉𝑜
𝑚
𝜋𝑠𝑒𝑛 (
𝜋
𝑚) cos (𝛼𝑚𝑖𝑛) (2.5)
2.3.2 Estrutura dos cicloconversores
Os cicloconversores podem ser encontrados com tensão de entrada e saída monofásica
ou trifásica e podem variar também de acordo com a quantidade de pulsos sendo os mais
comuns de 3, 6 e 12 pulsos. Esse aumento na quantidade de pulsos gera um aumento na
quantidade de tiristores aumentando assim o custo, porém quanto mais pulsos menor será o
conteúdo harmônico do conversor.
2.3.3 Cicloconversor monofásico
Esse conversor nada mais é que dois conversores duais ligados em paralelo de maneira
reversa como pode ser visto na figura 2.1. Desta forma para que os conversores atuem como
retificadores os SCRs devem ser disparados sem retardos. Assim, um par de SCRs trabalham e
formam o grupo negativo e o outro par forma o grupo positivo de maneira que a forma de onda
resultante, mostrada na figura 2.2, se assemelha a uma forma de onda quadrada.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
21
Figura 2.1 – Cicloconversor monofásico com carga resistiva.
Fonte: AHMED, A. Eletrônica de potência (1992).
Como pode ser visto na figura 2.1 o grupo positivo é formado pelos SCR1 e SCR2 e o
grupo negativo pelos SCR3 e SCR4, sendo que a cada cinco semiciclos somente um grupo
conduz enquanto o outro fica bloqueado.
Outra maneira de ligação para uma saída monofásica é colocando os SCRs em ponte
como mostra a figura 2.3. Para que a forma de onda fique mais próxima de uma onda senoidal
os SCRs devem ser disparados controlando os ângulos de disparo como pode ser visto na figura
2.4. Para esse tipo de ligação o ângulo de disparo do grupo negativo será 𝛼𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 =
𝜋 – 𝛼𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 e a tensão dos dois grupos serão opostas.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
22
Figura 2.2 – Formas de onda na saida de um cicloconversor monofásico com carga resistiva.
Fonte: AHMED, A. Eletrônica de potência (1992).
Figura 2.3 – Cicloconversor monofásico com SCRs ligados em ponte.
Fonte: AHMED, A. Eletrônica de potência (1992).
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
23
Figura 2.4 – Formas de onda com controle de disparo dos SCRs.
Fonte: AHMED, A. Eletrônica de potência (1992).
2.3.4 Cicloconversor trifásico
Esse tipo de configuração de um cicloconversor funciona de maneira análoga ao
monofásico, porém agora com uma tensão de entrada trifásica. Com relação à saída podemos
obter uma saída monofásica ou trifásica dependendo do tipo de tarefa onde serão empregados
os conversores.
2.3.5 Cicloconversor trifásico para monofásico
Utilizados para acionamentos e controle de cargas monofásicas, podem variar de acordo
com a quantidade de pulsos (número de tiristores utilizados) sendo os mais comuns 3, 6 e 12
pulsos. Sua estrutura básica pode ser vista na figura 2.5.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
24
Figura 2.5 – Circuito cicloconversor trifásico para monofásico.
Fonte: AHMED, A. Eletrônica de potência (1992).
2.3.5.1 Princípio de funcionamento
O grupo P formado pelos SCRs 1, 2 e 3 conduzem durante o semiciclo positivo e o
grupo N formado pelos SCRs 4, 5 e 6 conduzem durante o semiciclo negativo.
Para que na carga seja obtida uma tensão alternada apenas um grupo pode conduzir por
vez e outro deve estar bloqueado, quando esse controle é realizado de maneira sucessiva é
obtido na saída uma tensão alternada com uma frequência menor do que a de entrada, onde a
tensão máxima de saída pode ser descrita através da seguinte equação:
𝑉𝑜(𝑚𝑎𝑥) = 𝑉𝑜(𝑎𝑣𝑔) = 3
𝜋 sin 60° 𝑉𝑚 cos 𝛼 = 0,827𝑉𝑚 cos 𝛼 (2.6)
2.3.6 Cicloconversor trifásico para trifásico
Para o controle de maquinas elétricas trifásicas em CA, esse tipo de conversor é utilizado
de maneira que o mesmo é formado por combinações de três circuitos de saída monofásica de
forma a realizar a conversão para o fim desejado.
Assim como o anterior, o cicloconversor trifásico para trifásico pode variar de acordo
com a quantidade de pulsos. A figura 6 ilustra um cicloconversor de 3 pulsos ligado a uma
carga resistiva trifásica em conexão estrela.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
25
Figura 2.6 – Circuito cicloconversor trifásico para trifásico de 3 pulsos.
Fonte: AHMED, A. Eletrônica de potência (1992).
2.3.6.1 Princípio de funcionamento
Como este é formado por três cicloconversores de saída monofásica e cada um destes
possui dois grupos (P e N) como visto na figura 4, neste tipo de arranjo temos que durante o
semiciclo positivo os grupos A+ (formado pelos SCRs 1, 2 e 3), B+ (formado pelos SCRs 4, 5
e 6) e C+ (formado pelos SCRs 7, 8 e 9) conduzem e durante o semiciclo negativo os grupos
A- (formado pelos SCRs 10, 11 e 12), B- (formado pelos SCRs 13, 14 e 15) e C- (formado pelos
SCRs 16, 17 e 18) conduzem, desta maneira o conversor ofereçe um tensão alternada na saída
lembrando que os grupos do semiciclo positivo não podem conduzir quando os grupos do
semiciclo negativo estiverem conduzindo e vice e versa, para que não ocorra um curto circuito
na fonte.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
26
A frequência é controlada através dos instantes em que os SCRs são disparados e a
tensão de saída pode ser filtrada para fornecer uma forma de onda puramente senoidal.
Figura 2.7 – Forma de onda na saída de uma fase.
Fonte: AHMED, A. Eletrônica de potência (1992).
Os cicloconversores trifásico para trifásico mais comuns variam de acordo com o tipo
de ligação da carga e a quantidade de pulsos. A seguir são descritas algumas configurações.
2.3.7 Cicloconversor de 3 Pulsos com ponto médio
É uma das conexões mais simples utilizadas no âmbito da indústria. O transformador
tem função de adaptar tensão da rede à carga, porém a retirada do mesmo não interfere no
funcionamento do conversor. Os indutores conectando os dois grupos de SCRs mantém o fluxo
contínuo de corrente e limita a circulação da mesma. A figura 2.8 ilustra esta configuração.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
27
Figura 2.8 – Cicloconversor de 3 pulsos com ponto médio.
Fonte: Barbi, I. Eletrônica de potência (2006).
2.3.8 Cicloconversor de 6 pulsos com carga isolada
Consiste em uma solução econômica recomendada para cargas tais como máquinas
trifásicas de corrente alternada as quais possuem enrolamentos estatóricos isolados um do outro,
como representado na figura 2.9.
Figura 2.9 – Cicloconversor de 6 pulsos com carga isolada.
Fonte: Barbi, I. Eletrônica de potência (2006).
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
28
2.3.9 Cicloconversor de 6 pulos com carga não isolada
Esta configuração é utilizada quando as três fases da carga não podem ser isoladas entre
si. Neste caso é necessário um transformador com 3 saídas isoladas. A figura 2.10 ilustra esta
configuração.
Figura 2.10 – Cicloconversor de 6 pulsos com carga nao isolada.
Fonte: Barbi, I. Eletrônica de potência (2006).
2.4 Componentes harmônicas
A utilização de chaves eletrônicas em circuitos elétricos (diodos, tiristores e outras)
causam uma distorção nas formas de onda de tensão e/ou corrente, tanto na entrada quanto na
saída dos circuitos. As ondas não senoidais resultantes podem ser decompostas em ondas
senoidais de diferentes frequências e amplitudes pela série de Fourier, sendo que a soma de
todas as componentes resulta na forma de onda original. Seja 𝑓 uma função periódica de período
2𝐿. Assim:
𝑓(𝑡 + 2𝐿) = 𝑓(𝑡) (2.7)
Seja 𝑓 unívoca, isto é, cada valor do domínio está associado à um único valor da
imagem, e contínua dentro do período 2𝐿. Ainda, 𝑓 tem um número finito de máximos e
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
29
mínimos, e é integrável dentro do período 2𝐿. Assim, a série de Fourier da função 𝑓 é dada pela
série trigonométrica descrita em 2.8.
𝑇(𝑡) =𝑎0
2+ ∑ [𝑎𝑛 cos (
𝑛𝜋𝑡
𝐿) + 𝑏𝑛 sin (
𝑛𝜋𝑡
𝐿)]
∞
𝑛=1
(2.8)
Os coeficientes da série de Fourier são dados pelas equações:
𝑎𝑛 =1
𝐿∫ 𝑓(𝑡)
𝑐+2𝐿
𝑐
cos (𝑛𝜋𝑡
𝐿) 𝑑𝑡, 𝑛 ≥ 0 (2.9)
𝑏𝑛 =1
𝐿∫ 𝑓(𝑡)
𝑐+2𝐿
𝑐
sin (𝑛𝜋𝑡
𝐿) 𝑑𝑡, 𝑛 ≥ 1 (2.10)
Onde 𝑛 é inteiro e 𝑐 é uma constante arbitrária já que as equações 2.9 e 2.10 podem ser
integradas em qualquer intervalo de comprimento 2𝐿.
Na equação 2.8, 𝑎0
2 é a componente CC da onda e para 𝑛 = 1 tem-se o período da
fundamental.
A série de Fourier da função 𝑓 com petíodo 𝑇 também pode ser expressa na forma
harmônica como em 2.11.
𝑓(𝑡) = 𝐴0 + ∑ 𝐴𝑛 cos(𝜔𝑛𝑡 − 𝜃𝑛)
∞
𝑛=1
(2.11)
Nesta expressão, os coeficientes são dados por:
𝐴0 =𝑎0
2 (2.12)
𝐴𝑛 = √𝑎𝑛2 + 𝑏𝑛
2, 𝑛 ≥ 1 (2.13)
𝜔𝑛 =2𝑛𝜋
𝑇 (2.14)
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
30
Pode-se encontrar a relação entre a forma harmônica e a forma trigonométrica aplicando
a igualdade trigonométrica do cosseno da diferença à forma harmônica.
cos(𝑎 − 𝑏) = cos(𝑎) cos(𝑏) + sen(𝑎) sen(𝑏) (2.15)
Substituindo 2.15 em 2.11 com 𝑎 = 𝜔𝑛𝑡 e 𝑏 = 𝜃𝑛 resulta:
𝑓(𝑡) = 𝐴0 + ∑ 𝐴𝑛 cos(𝜔𝑛𝑡) cos(𝜃𝑛) + 𝐴𝑛 sen(𝜔𝑛𝑡) sen(𝜃𝑛)
∞
𝑛=1
(2.16)
Como a função só depende de 𝑡, os coeficientes cos(𝜃𝑛) e sen(𝜃𝑛) são constantes para
qualquer valor de 𝑛. Assim, comparando 2.16 com a forma trigonométrica em 2.8 tem-se:
𝐴0 =𝑎0
2 (2.17)
𝑎𝑛 = 𝐴𝑛 cos(𝜃𝑛) (2.18)
𝑏𝑛 = 𝐴𝑛 sen(𝜃𝑛) (2.19)
Tratando-se de um cicloconversor monofásico em ponte, vê-se que as formas de onda
de tensão e corrente na saída e da corrente de entrada contém componentes harmônicas como
pode-se observar na figura 2.4. Independentemente da configuração do circuito do
cicloconversor, este continuará produzindo harmônicos, tanto na entrada quanto na saída.
Para circuitos de potência, é importante que não exista harmônicos ou que estes sejam
de baixa intensidade em relação à fundamental. A presença de harmônicos causa mal
funcionamento da carga, maior aquecimento dos enrolamentos em transformadores e máquinas
rotativas diminuindo sua vida útil, além de outros efeitos. O parâmetro que mede a intensidade
de harmônicos presentes em um sinal é o THD (Distorção Harmônica Total, do inglês Total
Harmonic Distortion), definido como a razão entre a soma das potências de todas as
componentes harmônicas e a potência da componente fundamental. Se o interesse for a pureza
do sinal, ou seja, a contribuição da frequência fundamental em relação às componentes
harmônicas, o THD é mais comumente definido como a razão entre o valor eficaz da amplitude
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
31
dos harmônicos de ordem superior à frequência fundamental em relação ao valor eficaz da
amplitude da fundamental. Assim:
𝑇𝐻𝐷 =√∑ 𝐹𝑣𝑒𝑓𝑛
∞𝑛=2
𝐹𝑣𝑒𝑓1
(2.20)
Onde 𝐹𝑣𝑒𝑓1 e 𝐹𝑣𝑒𝑓𝑛
podem ser valores de tensão ou corrente.
Filtros passivos podem ser empregados para redução dos harmônicos. Outra solução é a
utilização de cicloconversores com mais pulsos para reduzir principalmente a quantidade de
harmônicos de ordens baixas (mais difíceis de filtrar).
2.4.1 Iterharmônicos e sub-harmônicos
A norma IEC-61000-2-1 define interharmônicos como frequências entre as frequências
harmônicas de tensão e corrente que não são múltiplos inteiros da frequência fundamental.
O termo sub-harmônicos não tem uma definição oficial mas é apenas um caso especial
de interharmônicos para componentes de frequência menores que a frequência fundamental.
A tebela 2.1 sintetiza as definições de harmônicos, interharmônicos e sub-harmônicos,
onde 𝑓1 é a frequência fundamental e ℎ é um número inteiro positivo.
Tabela 2.1 – Definição de harmônicos, interharmônicos e sub-harmônicos
Harmônico 𝑓 = 𝑓1 ∙ ℎ
Interharmônico 𝑓 ≠ 𝑓1 ∙ ℎ
Sub-harmônico 𝑓 > 0 e 𝑓 < 𝑓1
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
32
3 Modelagem Teórica
3.1 Disparo do cicloconversor
Para o disparo do ciclonversor foram utilizados três cartões de disparo 9945 (figura 3.1)
fornecidos pela empresa Datapool, os quais possuem circuitos de disparo, sincronismo e sinais
de autorização para os SCRs.
Figura 3.1 – Cartão de disparo 9945.
Fonte: Eletrônica de potência - manual da empresa Datapool.
O disparo de um cicloconversor deve ser feito através de pulsos de comandos durante
semiciclos inteiros da tensão de entrada. Para que cada grupo de retificadores (positivo e
negativo) atuem de maneira a alterar a frequência de saída com relação a frequência de entrada,
é necessário um sinal de sincronismo.
O cartão 9945 possui um circuito de sincronismo que controla a passagem da senoide de
entrada por zero além de quatro flip-flop’s do tipo D, sendo que a frequência de sincronismo é
o dobro da frequência de entrada devido às duas passagens por zero, obtendo assim pulsos de
autorização nas saídas 𝑄0 e 𝑄0 na mesma frequência da senoide de entrada como mostram as
figuras 3.2 e 3.3.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
33
Figura 3.2 – Forma de onda do sincronismo.
Fonte: Eletrônica de potência - manual da empresa Datapool.
Figura 3.3 – Forma de onda do sincronismo.
Fonte: Eletrônica de potência - manual da empresa Datapool.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
34
Os disparos dos SCRs são efetuados através de duas rampas que são geradas a partir da
tensão de sincronismo e estas são comparadas com a tensão de referência V_REF1 como mostra
a figura 3.4.
Figura 3.4 – Forma de onda do sincronismo.
Fonte: Eletrônica de potência - manual da empresa Datapool.
Para um cicloconversor de 3 pulsos que será implementado produzir uma tensão senoidal,
é necessário que o sinal de referência também seja senoidal para controlar o ângulo de disparo
dos tiristores.
A frequência na saída é a mesma da senoide de comando o que implica que o semiciclo
negativo desta senoide comanda o grupo negativo do cicloconversor e o semiciclo positivo
controla o grupo positivo do cicloconversor.
As rampas geradas são comparadas com a referência produzindo os pulsos de gatilho e
ainda a senoide de referência é retificada e comparada com a rampa nos dois semiciclos, assim
produzindo as seguintes formas de onda, mostradas na figura 3.5.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
35
Figura 3.5 – Formas de onda.
Fonte: Eletrônica de potência - manual da empresa Datapool.
3.2 Simulações
Utilizando o software Ciclocon (figura 3.6) que simula o ângulo de disparo dos tiristores,
o qual é calculado pelo método “cossine wave crossing”, foram realizadas simulações para
observar o comportamento de cicloconversores de 3, 6, 12 e 24 pulsos.
Para se obter a forma de onda de um dado sinal, é necessário fornecer os valores de
amplitude (qualquer valor entre 1% e 100%, variando de 1 em 1), freqüência (qualquer valor
entre 5 e 60 Hz, variando de 1 em 1) e o número de pulsos do circuito (3, 6, 12 ou 24).
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
36
Figura 3.6 – Interface Software Ciclocon.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
3.2.1 Cicloconversor de 3 pulsos
Como visto anteriormente um cicloconversor de 3 pulsos consiste em dois grupos de
tiristores que conduzem de acordo com o ângulo de disparo e também de acordo com o ciclo
da onda de entrada, produzindo assim uma tensão de saída com amplitude e frequência
controlada.
A figura 3.7 é resultado de uma simulação de um cicloconversor de 3 pulsos com uma
frequência de saída igual a metade da frequência da rede, ou seja, 30 Hz e com uma tensão com
amplitude igual a amplitude de entrada.
Podemos perceber que para obter uma frequência de 30 Hz os tiristores de cada grupo
foram disparados com ângulos de disparos diferentes como mostra a forma de onda na cor preta.
A forma de onda fundamental resultante para esse tipo de operação pode ser vista na onda de
cor laranja. As demais formas de ondas (verde, azul claro e azul escuro) correspondem as
formas de onda da tensão de entrada.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
37
Figura 3.7 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Para o mesmo ciclonversor de 3 pulsos foram realizadas simulações para obter formas
de ondas com amplitude igual 100% da entrada e frequência de 15 Hz (figura 3.8), com
amplitude de saída igual a 50% da entrada e com frequência de 30 Hz (figura 3.9) e com
amplitude igual 50% da entrada e frequência de 15 Hz (figura 3.10).
Figura 3.8 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
38
Figura 3.9 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Figura 3.10 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
3.2.2 Cicloversor de 6 pulsos
O principio de funcionamento desse cicloconversor é o mesmo, porém, agora com mais
pulsos proporcionando assim uma forma de onda mais próxima da fundamental (figura 3.11).
Da mesma maneira que no cicloconversor de 3 pulsos foram realizadas simulações com
diferentes frequências e amplitudes da tensão de saída.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
39
Figura 3.11 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Figura 3.12 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Figura 3.13 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
40
Figura 3.14 – Forma de onda cicloconversor de 6 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
3.2.3 Cicloconversr de 12 pulsos
Um cicloconversor de 12 pulos (figura 3.23) é uma configuração que exige um grande
número de tiristores o que impcta no aumento do preço e na robustez do conversor, porém
diminui a quantidade de harmônicos gerados. Outra vatagem desse tipo de configuração é o
aumento da capacidade de ptência do mesmo.
Figura 3.15 – Cicloconversor de 12 pulsos.
Fonte: REZEK, A.J.J. et al.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
41
Figura 3.16 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Figura 3.17 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Figura 3.18 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
42
Figura 3.19 – Forma de onda cicloconversor de 12 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
3.2.4 Cicloconversor de 24 pulsos
Figura 3.20 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Figura 3.21 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
43
Figura 3.22 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
Figura 3.23 – Forma de onda cicloconversor de 24 pulsos - frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
3.2.5 Simulação com os valores de frequência e tensão de saída próximos aos que foram
utilizados na parte experimental
Foi realizada a simulação no “software” Ciclocon com valores próximos aos utilizados
na montagem experimental (tensão de saída com frequência de 6 Hz e amplitude de 87% da
tensão de entrada) visando comparar os resultados obtidos. Não foi possível realizar a simulação
para a frequência de saída exata utilizada na montagem experimental (6,25 Hz) já que o
“software” Ciclocon só permite valores inteiros para a frequência de saída.
Figura 3.24 – Forma de onda cicloconversor de 3 pulsos - frequência de saída 6 Hz e
amplitude 87%.
Fonte: “Software” Ciclocon, versão 1.0.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
44
4 Análise Experimental
4.1 Calibração dos cartões de disparo
Para a realização do experimento foi preciso calibrar os cartões de disparo 9945 a fim de
se obter a mesma faixa valores ajustáveis para a amplitude e frequência nos 3 módulos
utilizados na montagem do cicloconversor trifásico para trifásico. Os ajustes de amplitude e
frequência podem feitos através de dois potenciômetros presentes na parte frontal do cartão de
disparo ou por uma tensão externa. Potenciômetros internos ajustam a faixa de valores possíveis
de se obter através desses potenciômetros.
Outros ajustes são necessários para ajustar as rampas positivas e negativas, e a forma de
onda de V_REF2, senoide de baixa frequência de referência para disparo dos tiristores.
4.2 Simulações no “software” MATLAB
4.2.1 Cicloconversor trifásico para trifásico de 6 pulsos
Para esta simulação o diagrama de bolcos mostrado na figura 4.1 foi utilizado e cada
bloco do cilconversor, ou seja, cada grupo de tirisitores para uma fase é mostrado na figura 4.2.
Figura 4.1– Diagrama de blocos cicloconversor trifásico de 6 pulsos.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
45
Figura 4.2 – Grupo de tiristores do cicloconversor trifásico de 6 pulsos.
Fonte: Autor.
Figura 4.3 – Controle dos disparos dos tiristores.
Fonte: Autor.
O controle do disparo dos tiristores é feito pelo método de cruzamento de onda de
cosseno. Na figura 4.3, no bloco “output voltage (V peak)” escolhe-se a tensão de saída desejada
que em seguida é multiplicada por um ganho K igual ao inverso da tensão de entrada para que
se obtenha a tensão desejada em porcentagem da tensão de entrada. No bloco “output frequency
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
46
(Hz)” escolhe-se a frequência desejada na saída em Hz que é convertida para rad/s através do
ganho K igual a 2π. No bloco “Subsystem” então são geradas as tensões de referência para o
disparo dos tiristores das fases A, B e C que em seguida são comparadas nos blocos “Cyclo
Firing Control” de cada fase (figura 4.4) e são gerados os pulsos de disparo dos tiritores do
semi-ciclo positivo e negativo nos blocos “Pulse Generator”. Os pulsos gerados para o semi-
ciclo positivo e negativo são mostrados nas figuras 4.5 e 4.6 respectivamente.
Figura 4.4 – Bloco de controle do disparo para o cicloconversor de 6 pulsos.
Fonte: Autor.
Figura 4.5 – Pulsos de disparo do semi-ciclo positivo.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
47
Figura 4.6 – Pulsos de disparo do semi-ciclo negativo.
Fonte: Autor.
As seguintes formas de ondas foram obtidas variando-se a tensão e a frequência de saida
vizando comparar as mesmas com as simulações realizadas no “Software” Ciclocon e utilizando
a função FFT Analysis do bloco powergui foi obtido o espectro harmônico da tensão de saída
do cicloconversor.
Figura 4.7 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
48
Figura 4.8 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
Figura 4.9 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
49
Figura 4.10 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: Autor.
Figura 4.11 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
50
Figura 4.12 Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
Figura 4.13 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
51
Figura 4.14 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%.
Fonte: Autor.
Figura 4.15 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
52
Figura 4.16 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: Autor.
Figura 4.17 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 15 Hz e amplitude 50%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
53
Figura 4.18 – Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 50%.
Fonte: Autor.
4.2.2 Cicloconversor trifásico para trifásico de 12 pulsos
Para esta simulação o diagrama de bolcos mostrado na figura 4.19 foi utilizado e cada
bloco do cilconversor, ou seja, cada grupo de tirisitores para uma fase é mostrado na figura
4.20.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
54
Figura 4.19 – Diagrama de blocos cicloconversor trifásico de 12 pulsos.
Fonte: Autor.
Figura 4.20 – Grupo de tiristores do cicloconversor trifásico de 12 pulsos.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
55
Nessa configuração é necessario que um grupo de tiristores esteja ligado a um
transformador ligado em estrela-estrela e outro ligado em estrela-delta para que ocorra uma
defasagem de 30º. O controle utilizado foi o mesmo descrito anteriormente mudando apenas o
numero de pulsos como pode ser visto na figura abaixo. Os pulsos de disparo para os semi-
ciclos positivo e negativo conectados aos transformadores em estrela e em delta são mostrados
nas figuras 4.22 a 4.25.
Figura 4.21 – Bloco de controle do disparo para o cicloconversor de 12 pulsos.
Fonte: Autor.
Figura 4.22 – Pulsos de disparo do semi-ciclo positivo ligado ao transformador em estrela.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
56
Figura 4.23 – Pulsos de disparo do semi-ciclo positivo ligado ao transformador em delta.
Fonte: Autor.
Figura 4.24 – Pulsos de disparo do semi-ciclo negativo ligado ao transformador em estrela.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
57
Figura 4.25 – Pulsos de disparo do semi-ciclo negativo ligado ao transformador em delta.
Fonte: Autor.
As seguintes formas de ondas foram obtidas variando-se a tensão e a frequência de saida
vizando comparar as mesmas com as simulações realizadas no “Software” Ciclocon.
Figura 4.26 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
58
Figura 4.27 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
Figura 4.28 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
59
Figura 4.29 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 100%.
Fonte: Autor.
Figura 4.30 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
60
Figura 4.31 – Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 100%.
Fonte: Autor.
Figura 4.32 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 30 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
61
Figura 4.33 – Forma de onda na fase A e forma de onda de referência para o disparo, com
frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%.
Fonte: Autor.
Figura 4.34 – Espectro harmônico com frequência de saída 30 Hz e amplitude 50%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
62
Figura 4.35 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: Autor.
Figura 4.36 – Forma de onda das tensões nas fases A, B e C, com frequência de saída 15 Hz e
amplitude 50%.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
63
Figura 4.37 – Espectro harmônico com frequência de saída 15 Hz e amplitude 50%.
Fonte: Autor.
4.3 Cicloconversor trifásico para monofásico
Primeiramente montou-se o cicloconversor trifásico para monofásico utilizando apenas
um cartão de disparo 9945 e um conversor dual de 3 pulsos a fim de observar o funcionamento
do cicloconversor. O esquema da montagem é mostrado na figura 4.38. A carga resistiva
utilizada foi uma lâmpada de 127 V e 40 W.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
64
Figura 4.38 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para monofásico.
Fonte: Autor.
Como a finalidade desta parte do experimento foi somente observar o funcionamento do
circuito para futuramente efetuar a montagem do cicloconversor trifásico para trifásico, nenhum
dado foi coletado, apenas foram observadas as formas de onda na saída.
4.4 Cicloconversor trifásico para trifásico
Nesta estapa montou-se o circuito do cicloconversor trifásico para trifásico, utilizando-se
os 3 cartões de disparo 9945 e 3 conversores duais de 3 pulsos, um para cada fase. Para
conseguir a defasagem de -120º da fase B em relação à A e +120º da fase C em relação à A é
necessário alterar a ordem das fases nos cartões de disparo e nas pontes de tiristores para
conseguir tal defasagem.
Realizou-se ensaios com carga resistiva e com carga resistiva indutiva. A montagem dos
circuitos e dados obtidos serão mostrados nas próximas subseções.
4.4.1 Com carga resistiva
A montagem do circuito é mostrada na figura 4.39. A carga resistiva utilizada foram três
lâmpadas de 127 V e 40 W conectadas em estrela. A tensão de entrada no transformador foi de
80 V entre fase e neutro.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
65
Figura 4.39 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para trifásico com
carga resistiva.
Fonte: Autor.
A frequência das três fases foi ajustada de modo que ficassem o mais próximo possível
através do potenciômetro. As formas de onda de tensão obtidas na saída das fases são motradas
nas figuras 4.40 e 4.41 onde a fase A, em amarelo, é tomada como referência e em verde são
mostradas as fases B e C respectivamente.
Figura 4.40 – Formas de onda de tensão (fases A e B).
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
66
Figura 4.41 – Formas de onda de tensão (fases A e C).
Fonte: Autor.
O perído da fundamental é de 𝑇 = 160 ms, obtido observando–se as figuras 4.40 e 4.41.
Assim, pode–se calcular a frequência da fundamental.
𝑓 =1
𝑇=
1
0,16 → 𝑓 = 6,25 Hz (4.1)
O valor eficaz da tensão nas fases foi obtido através da função measure do osciloscópio,
resultando em 𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓= 71,4 V.
Foi obtido também a forma de onda da corrente para a fase A como mostra a figura 4.42
onde a onda amarela mostra a tensão na fase, novamente tomada como referência, e a onda
verde mostra a corrente. As formas de onda da corrente para as outras fases não são mostradas
pois são idênticas à fase A, porém defasada de -120º na fase B e +120º na fase C.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
67
Figura 4.42 – Formas de onda de tensão e corrente na fase A.
Fonte: Autor.
A corrente foi obtida utilizando-se um ponta de prova de corrente, que gera uma tensão
proporcional à corrente que circula em seu interior e tem seu funcionamento baseado no Efeito
Hall. Utilizou-se a ponta de prova na escala de 100 mV/A, ou seja, a cada 1 A circulando em
seu interior é gerado 100 mV na saída. Com o valor eficaz da tensão resultante de 𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓=
235 mV, obtido pelo osciloscópio, foi calculado o valor eficaz da corrente na fase.
𝐼𝐿𝑣𝑒𝑓=
𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓
100=
235
100 → 𝐼𝐿𝑣𝑒𝑓
= 2,35 A (4.2)
Através da função math do osciloscópio foi obtido o espectro harmônico da tensão e
corrente na fase A mostrados nas figuras 4.43 e 4.44 respectivamente.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
68
Figura 4.43 – Espectro harmônico da tensão na fase A.
Fonte: Autor.
Figura 4.44 – Espectro harmônico da corrente na fase A.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
69
4.4.2 Com carga resistiva indutiva
A montagem do circuito é mostrada na figura 4.45. A carga resistiva indutiva utilizada
foram três lâmpadas de 127 V e 40 W em série com um reator de 40 mH em estrela. A tensão
de entrada no transformador foi de 80 V entre fase e neutro.
Figura 4.45 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para trifásico com carga
resistiva indutiva.
Fonte: Autor.
As formas de onda obtidas neste experimento não são mostradas pois foram as mesmas
obtidas no ensaio com carga puramente resistiva.
4.4.3 Com motor de indução trifásico
A montagem do circuito é mostrada na figura 4.46. O motor de indução trifásico (MIT)
utizado foi ligado na configuração estrela aterrado com uma tensão de entrada de 50 V entre
fase e neutro.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
70
Figura 4.46 – Montagem experimental do cicloconversor trifásico para trifásico com MIT.
Fonte: Autor.
Para este ensaio o cicloconversor foi ajustado para que em sua saída a tensão entre fase e
neutro fosse 70% da tensão de entrada, ou seja 35 V, e também a frequência na qual o motor
deveria trabalhar fosse 33% da frequência da rede, ou seja 20 Hz. Com isso as seguintes formas
de ondas foram obtidas.
Figura 4.47 – Formas de onda de tensão e corrente na fase A.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
71
Onde em azul observamos a tensão na fase A que através da função measure do
osciloscópio, foi obtido o valor de 𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓= 35,3 V. Em amarelo temos a corrente na fase A que
foi obtida utilizando-se um ponta de prova de corrente mencionada anteriormente. Com o valor
eficaz da tensão resultante de 𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓= 515 mV, obtido pelo osciloscópio, foi calculado o valor
eficaz da corrente na fase A.
𝐼𝐿𝑣𝑒𝑓=
𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓
100=
515
100 → 𝐼𝐿𝑣𝑒𝑓
= 5,15 A (4.3)
Na figura 4.48 pode-se observar em azul a forma de onda da tensão na fase A e em
amarelo a tensão na fase B ambas com 𝑉𝐿𝑣𝑒𝑓= 35,3 V.
Figura 4.48 – Formas de onda de tensão nas fases A e B
Fonte: Autor.
Através da função FFT do osciloscópio foi obtido o espectro harmônico da tensão na
fase A mostrados na figura 4.49.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
72
Figura 4.49 – Espectro harmônico da tensão na fase A.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
73
5 Resultados e Discussões
5.1 Simulações
5.1.1 Ciclocon
Através das simulações realizadas no “software” Ciclocon observou-se que a forma de
onda de saída se aproxima da onda fundamental com o aumento no número de pulsos do
cicloconversor, diminuindo assim o conteúdo harmônico gerado, como esperado de acordo com
a teoria.
Outro fato notório é que quanto menor a frequência menor é o conteúdo harmônico. Tal
efeito deve-se ao fato de que para uma frequência de saída menor haverá mais ciclos da tensão
de entrada no período de um ciclo da onda fundamental da tensão de saída, possibilitando assim
maior quantidade de disparos dos tiristores dentro de um ciclo.
5.1.2 MATLAB
Através das simulações realizadas pelo MATLAB para os cicloconversores de 6 e 12
pulsos foi percebido que a forma de onda da tensão de saída difere um pouco das simulações
realizadas no “software” Ciclocon. Essa diferença é devido ao fato que o “software” Ciclocon
faz um cálculo matemático baseado no método de controle por cruzamento de onda de cosseno,
sem levar em conta as características intrínsecas dos componentes. Já no MATLAB, essas
características são levadas em conta gerando pequenas perdas e deformações nas formas de
onda.
5.2 Cicloconversor trifásico para trifásico
A seleção da frequência dos módulos de disparo foi feita manualmente através dos
potenciômetros na parte frontal. Por esse motivo, apesar das frequências nas 3 fases serem
muito próximas não foi possível ajustá-las perfeitamente. Assim, com a evolução do tempo, as
ondas de tensão nas fases perdem a defasagem inicial de -120º de B para A e +120º de C para
A. O controle por tensão externa também não foi possível devido à calibração dos módulos.
5.3 Comparação entre simulação e montagem experimental
Com a simulação realizada no “software” Ciclocon para os valores próximos aos da
montagem experimental mostrada no item 3.2.5 pode-se observar que tanto a forma de onda da
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
74
tensão e o espectro harmônico obtido foram próximos aos da montagem experimental. A
simulação não foi realizada com os valores exatos pois o software Ciclocon não permite tais
valores.
5.4 Ensaio com carga resistiva indutiva
Como mencionado anteriormente, não se pôde observar nenhuma diferença entre este
ensaio e o ensaio com carga puramente resistiva. Isso se deve ao fato de termos utilizado a
mesma frequência (6,25 Hz), pois nesta frequência a indutância não apresenta valores
significativos para que ocorra a defasagem da onda de corrente em relação à tensão. A reatância
indutiva é dada pela equação 5.1.
𝑋𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 (5.1)
Calculando para os valores de indutância e frequência utilizados no experimento obtemos
𝑋𝐿 = 1,571 Ω.
A resistência da lâmpada pode ser calculada pela equação 5.2.
𝑅 =𝑉2
𝑃 (5.2)
Com os valores nominais da carga resistiva obtemos 𝑅 = 403,225 Ω.
Somando-se os valores de 𝑅 𝑒 𝑋𝐿, temos:
𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋𝐿 = 403,225 + 𝑗1,571 = 403,23 ∠0,22° Ω (5.3)
Como visto em 5.3 o ângulo da impedância equivalente da carga é muito próximo de zero,
ou seja, as ondas de tensão e corrente estão praticamente em fase. Por esse motivo não foi
possível observar o comportamento de uma carga resistiva indutiva inserida nos terminais do
cicloconversor. Ensaios adicionais serão realizados para avaliar tal comportamento.
5.5 Ensaio com motor de indução trifásico
Como pode ser observado nas figuras obtidas para as formas de onda de tensão e corrente
no motor (4.47 e 4.48) há uma grande quantidade de harmônicos inerentes ao funcionamento
do cicloconversor, porém vemos que a corrente não apresenta “picos” na forma de onda como
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
75
a tensão. Isso ocorre pois devido a presença dos indutores acoplamento e a carga indutiva, o
que não permite que a corrente varie instantaneamente segundo a Lei de Lenz.
𝑒 = −𝑁𝑑𝛷
𝑑𝑡 (5.4)
Pelo espectro harmônico da tensão (figura 4.49) obtido pelo osciloscópio vemos que
além dos harmônicos gerados pelo cicloconversor há uma grande quantidade de ruídos de
menor intensidade originados da tensão da rede. Analisando a figura 4.49 e através da
comparação com a teoria, foram constatadas as principais ordens de harmônicos presentes na
onda de tensão.
Figura 5.1 – Ordens dos harmônicos presentes na forma de onda de tensão na saída do
cicloconversor.
Fonte: Autor.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
76
Além dos harmônicos gerados pelo cicloconversor há uma grande quantidade de ruídos
provenientes da rede já que cargas poluidoras estavam conectadas à mesma no momento de
obtenção dos dados.
5.6 Comparação de harmônicos
De acordo com Barbi (2006, p.160), as expressões para o cálculo das frequências de
harmônicos da tensão de saída para os cicloconversores de 3, 6 e 12 pulsos são as mostradas
abaixo.
3 pulsos 𝑓𝐻 = |3(2𝑝 − 1)𝑓𝑖 ± 2𝑛𝑓𝑜| (5.5)
6 pulsos 𝑓𝐻 = |6𝑝𝑓𝑖 ± (2𝑛 + 1)𝑓𝑜| (5.6)
12 pulsos 𝑓𝐻 = |12𝑝𝑓𝑖 ± (2𝑛 + 1)𝑓𝑜| (5.7)
Onde:
𝑓𝐻 – frequência das harmônicas.
𝑓𝑖 – frequência de alimentação.
𝑓𝑜 – frequência de saída do cicloconversor.
𝑝 – número inteiro de 1 a ∞.
𝑛 – número inteiro de 0 a ∞.
Analisando as equações apresentadas e a teoria de harmônicos em cicloconversores,
percebemos que as harmônicas presentes na tensão de saída dependem dos seguintes fatores:
• Frequência de entrada;
• Frequência de operação do cicloconversor;
• Número de pulsos.
Também pela análise das equações precebemos a existência de sub-harmônicas.
Observando o espectro harmônico obtido na montagem prática com carga resistiva e com
o motor de indução trifásico nota-se uma grande quantidade de harmônicos na tensão
principalmente para este pois a frequência de operação do cicloconversor foi ajustada para 20
Hz neste caso.
Através das simulações realizadas no MATLAB e com o auxílio da função FFT Analysis
obtivemos os THDs resultantes e os gráficos das componentes harmônicas, podendo assim
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
77
observar que de acordo com a teoria, aumentando a quantidade de pulsos e a frequência de
operação do cicloconversor temos uma menor distorção harmônica, considerando que a
frequência de entrada é constante e igual a 60 Hz.
Observando a simulação do cicloconversor de 12 pulsos vemos que o espectro harmônico
apresenta grande conteúdo da 3ª harmônica em relação a fundamental, isso porquê a frequência
utilizada nas simulações foi relativamente baixa para um cicloconversor com esse número de
pulsos fazendo com que a forma de onda na saída fosse próxima de uma onda quadrada.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
78
6 Conclusão
A implementação do cicloconversor trifásico com carga resistiva e indutiva apresentada
nesse trabalho foi realizada de forma satisfatória apesar dos cartões de disparo utilizados serem
para cicloconversores trifásico para monofásico e não terem sido projetados para operar com
carga indutiva. As dificuldades de ajuste da frequência de saída das três fases do cicloconversor
para que fossem exatamente iguais interferiu nos resultados do experimento com o motor de
indução trifásico, porém as conclusões tiradas a partir deste experimento não foram
comprometidas, sendo possível a comparação com a teoria.
Através da análise teórica dos cicloconversores e das simulações realizadas nos
“softwares” Ciclocon e MATLAB foi possível comparar os resultados obtidos na parte prática.
Nota-se a diferença dos resultados entre os dois “softwares”, sendo que o primeiro realiza
cálculos analíticos e o outro utiliza modelos de componentes para gerar um resultado mais
próximo ao real, portanto para aplicações práticas o MATLAB fornece resultados mais
fidedignos.
A análise de harmônicos nos cicloconversores de 3, 6 e 12 pulsos, permitiu verificar os
conceitos teóricos sobre a geração de harmônicos na saída de cicloconversores, ou seja, a
dependência desta em relação à frequência de operação e o número de pulsos do cicloconversor,
já que a frequência de entrada foi mantida constante pois considerou-se um sistema conectado
à rede elétrica de 60 Hz.
Além disso, analisando as formas de onda obtidas nos ensaios com carga resistiva e carga
indutiva, onde um motor de indução trifásica foi acionado, percebe-se que as mesmas condizem
com o resultado esperado exceto por alguns ruídos da rede ocasionados por cargas conectas a
mesma.
Finalmente, os conceitos aplicados neste trabalho podem ser extendidos para análise de
cicloconversores com maior número de pulsos e diversos tipos de carga. Também recomenda-
se uma análise de harmônicos gerados para a rede já que não foi considerado este aspecto no
decorrer deste trabalho. Resultados mais satisfatórios podem ser obtidos na prática utilizando
um cartão de disparo próprio para cicloconversores trifásicos com saída trifásica.
UNIFEI – ISEE Trabalho Final de Graduação
79
Referências
AHMED, A. Eletrônica de Potência. 1ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2000. 479 p.
ALMEIDA, J.L.A. Eletrônica de Potência. 2ª ed. São Paulo: Érica, 1986. 298 p.
ALVES, M.F. ABC do Osciloscópio. Disponível em:
http://www.ceset.unicamp.br/~leobravo/TT%20305/O%20Osciloscopio.pdf. Acesso em:
24/05/2017.
Barbi, I. Eletrônica de Potência. 6ª ed. Edição do Autor, 2006. 332 p.
FERREIRA FILHO, F.C.; BRITO, G.R.L. “Ciclocon - Programa para Simulação de
Cicloconversores em Visual-Basic”. Pesquisa de Iniciação Científica e Trabalho de Diploma,
EFEI/CPq-DET, 1998.
HART, D.W. Power Electronics. 1ª ed. McGraw-Hill Education, 2010. 496 p.
IEEE. Interharmonic Task Force Working Document – IH0101. Disponível em:
http://grouper.ieee.org/groups/harmonic/iharm/ih519b.pdf. Acesso em: 30/08/2017.
JAIN, A. Power Electronics and Its Aplications. 2ª ed. Penram International Publishing (India)
Pvt. Ltd., 2004. 498 p.
LEONHARD, W. Control in Power Elctronics and Electrical Drives: Proceedings of the Second
IFAC Symposium, Düsseldorf, Federal Republic of Germany, 3–5 October 1977. 1ª ed. New
York: Pergamon Press, 1978. 1026 p.
MOHAN, N.; UNDELAND. T. M.; ROBBINS, W. P. POWER ELECTRONICS: Converters
Aplications and Design. New York: John Wiley and Sons, 1ª ed., 1989.
PELLY, B.R. Thyristor Phase-Controlled Converters and Cycloconverters: Operation, Control
and Performance. New York: John Wiley and Sons, 1ª ed., 1971.
POMILIO, J.A. Eletrônica de Potência. Campinas: FEEC, 1998.
RASHID, M.H. Circuitos, Dispositivos e Aplicações: Eletrônica de Potência, 1ª ed. São Paulo:
Editora Makron Books, 1992.
ROZANOV, Y et. al. Power Electronics Basics: Operating Principles, Design, Formulas, and
Applications. 1 ed. CRC Press, 2015. 489 p.