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Bad Boy, Drama, Kristen Ashley, Policial, Romance Apimentado, Série.
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Redenção (Redemption)
Série Rock Chick – Livro 03
By Kristen Ashley
Equipe Pégasus Lançamentos
Envio: Soryu Monteiro
Tradução: Marcia Huck, Giovana S., Ale, Vania, Raisa,
Aline, Erika Ribeiro, Marta, Laura, Susana Isabel
Revisão Inicial: Giovana S.
Revisão Final: Grasiele Santos
Leitura Final: Gladys
Formatação e Layout: Luisinha Almeida
Sinopse
Roxie está fugindo de um mau namorado que não vai pegar a dica de
que está a-c-a-b-a-d-o. Ela não está interessada em amor à primeira
vista, mas quando seus olhos caem sobre Hank é problema desde o
início. Roxie tenta segurar Hank a distância de um braço, mas Hank
quer estar mais perto (tipo, muito mais perto). Os problemas de Roxie
a alcançam e Hank quer ajudar, mas Roxie sabe em seu coração que não
serve para um cara tão bom. O problema é que ninguém concorda com ela,
especialmente a louca hippie, que é sua melhor amiga Annette, ou seus
pais ainda mais loucos, da pequena cidade de Indiana, Herb e Trish.
Atire na mistura a gangue de Rock Chick e de Rock Chick Resgate e
Roxie encontra-se totalmente em desvantagem.
Durante tudo isso, Hank trabalha para convencê-la de que realmente
quer ficar. E juntamente com o Bando Quente, faz de tudo para deixa-la
segura. Hank também precisa trabalhar em mostrar para Roxie que suas
decisões anteriores não significam que seu futuro não pode incluir
algo absolutamente delicioso como... Normal.
Dedicatória
Este livro é dedicado a Kathleen - Danae- DenBachlet
Minha - Annette- Agradeço a deusa por trazer-me uma amiga... que
me deixa ser quem eu sou.
Agradecimentos Quando seu sonho é escrever livros e sonhos são destinados a
ser compartilhado com aqueles que você ama e sua melhor amiga há
mais de vinte anos vive meio mundo de distância (literalmente),
mas também edita seus livros, não há nada melhor do que ter as
palavras - Edição Kelly Brown - aparecendo em todo seu
manuscrito editado. Obrigado por estar comigo, Kell, cada
palavra do caminho.
E minhas garotas Rock e irmãs da rainha Ninja, flor de lírio
e flor de lótus, eu amo vocês.
Obrigado por Sturgis, o tempo da minha vida. JAKE!
E ao meu Guru Rock, Will... Você sabe como me sinto.
E a minha rainha Rock nova, mais recente líder de torcida e
minha amiga desde sempre, Stephanie Redman Smith, obrigado pela
leitura, adorando e torcendo. Eu amo você, Steph, mas ainda não
tem o Luke.
Ele é meu.
E a minha irmã, meu irmão e Erika - Rikki- WynneGibMoutaw...
Perdemos nossa âncora, mas nosso laço nunca vai enfraquecer. Eu
não seria quem sou se não tivesse você. Você está tão enraizado
no meu coração, você se tornou meu coração. Sinto sua falta
todos os dias.
E à minha família, amigos e leitores... bem-vindo de volta,
obrigado por terem vindo e segurem firme, o passeio está prestes
a começar!
Rock na...
Comentário da Revisora Final : Grasiele Santos
Nossa o que falar deste livro... Maravilhoso...
Prende você do inicio ao fim!!! E ainda deixa com gostinho de
quero mais...
Com certeza na minha opinião o melhor até agora!!
O Hank é tudo de bom, um homem, que meu Deus... Ai,ai,ai!
Confiante, honesto, gostoso, poderoso, mandão, sincero,
maravilhoso...
E a Roxie é guerreira, muito louca e engraçada, mas também sendo
sobrinha do Tex o que esperar né??? Forte e determinada.
Tem de tudo um pouco nesse livro, ação, aventura, amor,
loucuras, enfim...
Super recomendo, risadas garantidas, e podem contar com todas as
Rock Chick, que não deixam de fazerem das suas, e também podemos
contar todos os gostosos que marcam suas presenças.
Beijos e excelente leitura a todos..,
Resenha da Lulu
Bem, quando a Soryu Monteiro, me jogou o Rock Chick 3 para formatação e Layout, pensei : -- Merda, o enfadonho do Hank?
Porque meninas vamos ANALISAR, eu realmente não me empolguei com ele nos dois livros anteriores, achei ele certinho demais, enfadonho demais, legal demais, e outros "demais", que não gosto nos meus mocinhos, hehe... Mas estou aqui para pagar minha língua, tipo eu AMEI o Hank, amei no sentido, "vamos passar nutella no Hank e comê-lo na sobremesa?"
Na minha opinião de todos os livros da série apresentados até agora, esse foi o melhor, o Hank é todo, mas todinho mesmo, macho alfa, com muitos "cala bocas" e " "silêncio" hehe... Ah meus sais... Nós sabemos do ostracismo do Lee, o tipo do homem caladão, que não tem medo de ser rude e grosseiro. AMAMOS ELE. Nós sabemos da cara de mau do Eddie, o tipo do homem cismado, que olha feio para todos, e que é divertido e paciente, porque vamos considerar, aguentar a chata da Jet, precisa ser o Dalai Lama hehe... AMAMOS ELE TAMBÉM.
Mas o Hank, ele consegue ser um brutamontes e ao mesmo tempo tão fofo, ele consegue ser risonho e contemplativo na mesma cena, nos deixando pensar, "que porra esse homem tanto pensa?", minha nossa senhora da calcinha molhada, é puro macho, fiquei surpresa e deliciada. E sei meninas que vocês vão AMAR.
Bem, lembrando que a "gentaiada" toda dos outros livros vai aparecer aqui também, agora a gangue deve ter umas 15 ou 20 pessoas já hehe... Tiro um salva para a mocinha, que não é chata como a Jet, consegue ser mais hilária que a Indy, sério meninas, não posso soltar Spoiler, mas me peguei gargalhando sozinha na madrugada várias vezes durante o livro.
Fora que a motivação desse livro é muito mais dramática que dos outros dois. Vocês ficarão tocadas. Tenho que abrir um adendo para os pais da Roxie, eles são fantásticos, hilários ao cubo. Surtam mesmo, atrapalham a foda da manhã, se intrometem na decoração da casa do Hank, e também... ops Lulu não pode soltar Spoiler.
E que venha o Hank. Leiam e se lambuzem!
Abraços.
Primeira parte
Capítulo 1
Amor à primeira vista
Aconteceu comigo duas vezes, amor à primeira vista.
A primeira vez foi com Billy Flynn. A segunda foi com
Hank Nightingale.
Billy não aguentou e partiu meu coração. Hank, bem,
Hank é um destruidor de corações, pode ter a certeza, mas eu
não ficaria tempo suficiente para ele fazer isso comigo. Não
seria minha escolha, não ficar por aqui, mas isso é o que
aconteceria de qualquer forma, e provavelmente seria o
melhor. Pelo menos, para Hank.
* * * * *
Billy e Hank são noite e dia, escuro e luz, mau e bom.
Billy é o primeiro de todos esses. Hank é o último.
Veja, Billy é um criminoso, Hank é um policial.
Billy parece como um jovem Robert Redford, mas em vez
do charme do menino da casa ao lado, ele tem um pouco (Ok,
um monte) de James Dean, um rebelde sem causa.
Eu conhecia bem o Billy; estive com ele por sete anos
(sendo que nos últimos três tentei terminar com ele, mas ele
não aceitava).
Hank não se parece com ninguém que eu tenha visto
antes. Simplificando, ele é lindo. Ele é alto, com cabelos
escuros espessos, olhos cor de uísque e o corpo magro e
musculoso de um zagueiro.
Hank tem uma causa: Hank é todo justiça.
E Hank tem mais de cool em seu dedo mindinho, do que
Billy teria na vida inteira.
Não me pergunte como eu sei disso, porque só conheço
Hank há alguns dias. Embora, começou quando soube que
ele gostava de Springsteen. Quem gosta de Springsteen, bem,
disse o suficiente.
* * * * *
Um pouco sobre mim.
Por alguma razão bizarra minha mãe me chamou de
Roxanne Giselle Logan e todos me chamam de Roxie. Eu
tenho um irmão mais velho chamado Gilbert (nós o
chamamos de Gil porque Gilbert é um nome de merda) e uma
irmã mais nova chamada Esmeralda (a chamamos de Mimi,
porque Esmeralda é um nome de merda também).
Desnecessário dizer que tive sorte com essa parada de nome
de irmãos.
Papai deixou mamãe nos dar os nomes. Acho que fez isso
para poder pegar no seu pé pelo o resto da sua vida. Papai e
mamãe se amam, muito, e mostram, muito (muito mesmo se
você me perguntar). Crescer com constantes demonstrações
públicas de afeto de seus pais foi meio embaraçoso.
Independentemente disso, eles sempre provocavam um ao
outro e discutiam... Mas, de uma forma agradável.
* * * * *
Eu não cresci pensando que viveria essencialmente em
fuga (mesmo que no começo não soubesse disso) com um
namorado criminoso, não importa o quão bonito ele fosse.
Cresci pensando que teria um grande trabalho, onde
poderia vestir roupas de grife, fazendo um monte de dinheiro
e tendo dezenas de peões atendendo a todos os meus
caprichos.
Antes de conhecer Billy, eu estava no meu caminho.
Não entenda isso como se eu gritasse ambiciosa ou algo
assim; eu festejei durante o ensino médio e faculdade.
Estudei o suficiente para tirar A e B (principalmente B), mas,
foi realmente tudo sobre cerveja, uma ocasional garrafa de
tequila e rock ' n' roll. Papai disse que era sortuda por ser
uma menina inteligente, ou eu estaria fodida. Mamãe avisou
que se não fosse mais esperta, ia acabar fodida (embora a
mamãe não use a palavra com – f -, eu sabia o que ela queria
dizer).
Ambos estavam certos, do seu jeito, embora a minha mãe
tivesse mais razão.
Sorte para mim, minha mãe e pai — e o pai da mamãe e
o avô dela — todos se formaram na Universidade de Purdue
(meu tataravô tinha até o nome dele numa placa no centro
estudantil, pois morreu na Primeira Guerra Mundial). Eu
tinha um direito adquirido em Purdue: em outras palavras,
minha família tinha um histórico e tantos membros na
Associação de ex-alunos, que não podiam negar. Obtive meu
diploma, não importa quanto tempo passei na Harry’s
Chocolate Shop (o bar em Purdue que tenho certeza que
minha mãe, pai, avô e tataravô todos passaram muito tempo
também).
* * * * *
Conheci Billy depois que me formei em Purdue. Eu tinha
um bom emprego. Tinha conseguido alguns bons estágios de
verão em desenvolvimento de sites de empresas e uma em
Indianápolis contratou-me na formatura. Acho que isso tem
mais a ver com o fato de que era o entretenimento no
escritório do que qualquer outra coisa. Eu poderia ser um
pouco louca (Ok, talvez muito louca) e os dois caras que eram
os proprietários eram hilários, chegavam para trabalhar
vestidos com camisetas de propaganda, jeans rasgados e
possuíam ações de uma cadeia de café local, eles bebiam
muito café.
Minha colega, Annette, também me disse que eu consegui
o emprego por causa da minha aparência. Eu sabia que não
era de se jogar fora, pois tinha ganhado o Concurso de Miss
Adolescente de Hendricks (não fui para as finais estaduais
por causa de uma infecção por mononucleose e porque
concursos de beleza são chatos).
Eu pareço com o lado da família de minha mãe; alto,
construída como meu pai chama de - casa de tijolos - (eu
acho que isso significa todos os peitos e bunda, mas eu
nunca realmente entendi a comparação) com cabelos louros
escuros e olhos azuis escuros. Na verdade, todas as crianças
pareciam com o lado Mac Millan da família, todos altos, todos
loiros escuros, todos os olhos azuis e meu irmão tinha uma
barba castanho-avermelhada como Grizzly Adams e parecido
com o irmão da minha mãe, Tex.
* * * * *
Eu não conhecia o tio Tex; nunca o encontrei. Ele estava
no Vietnã e sumiu (seriamente sumiu) quando voltou.
Ninguém da família falou com ele novamente, exceto eu.
Embora, não falei com ele realmente, só escrevi e ele escreveu
de volta.
Comecei a escrever cartas quando era jovem, não me
pergunte como comecei, apenas fiz. Escrevia para qualquer
um cujo endereço chegasse a minha mão. Adorava colocar os
selos nas cartas e adorava receber a correspondência pelo
correio. Escrevia muitas cartas, a mamãe começou a
comprar-me papel com monogramas quando eu tinha doze
anos e ela ainda me compra duas caixas em cada aniversário;
fundo lilás com um RGL em relevo na parte superior e na aba
do envelope.
Mamãe disse para não escrever para o tio Tex. Ela me
disse que era um desperdício de tempo e que ele nunca
escreveria de volta.
Falar sobre tio Tex faz a mãe ficar triste, o que não
acontece com muita frequência. Geralmente, só quando fala
sobre o tio Tex e às vezes quando me via com Billy e pensava
que eu não estava prestando atenção.
Mãe e tio Tex eram super próximos enquanto cresciam,
mas ele foi para o exército em seu décimo oitavo aniversário e
foi para o Vietnã, perto do fim da guerra e isso era tudo o que
ela tinha ouvido falar dele.
Tio Tex escreveu de volta para mim, surpreendendo a
todos. Ele não respondeu para a mãe, a avó ou para as duas
irmãs da mamãe, mas respondeu para mim. Mesmo quando
estava na prisão por se meter com um traficante de drogas,
ele escreveu para mim.
Uma vez, quando eu tinha 14 anos, peguei a mamãe
dentro do meu esconderijo, lendo cartas do tio Tex e
chorando. Não deixei que soubesse que a tinha visto, e tive a
sensação de que não era a primeira vez que ela fazia isso
também.
De suas cartas, poderia dizer que o tio Tex era um cara
muito engraçado, maluco, como eu (talvez um pouco mais
louco). Nunca o conheci, mas sabia por que mamãe o amava
muito e, através de nossas cartas, sabia que eu o amava
muito também.
* * * * *
Conheci o Billy quando tinha vinte e quatro anos.
Apaixonei-me por ele imediatamente e me apaixonei
fortemente.
Ele era bonito; Tinha mais energia do que qualquer um
que já conheci; Me fez rir; Me tratava como uma princesa; e
era muito, muito bom com a boca (para fazer valer seu
argumento e outras maneiras além dessa).
Todo mundo o odiava, mãe, pai, Gil, Mimi e todos meus
amigos. Eu tocava a música de Cowboy Junkies, - Misguided
Angel- e dizia-lhes para superar isso.
Em um ano, Billy estava morando comigo em meu
apartamento e estávamos tendo a melhor fase das nossas
vidas... Sexo bom, muitas risadas, muitas festas. Eu não
tinha ideia do que Billy fazia para ganhar seu dinheiro e
estava tão envolvida por ele que também não me importava.
Então, um dia, ele disse que tinha uma oportunidade em
St. Louis que não podia deixar passar. Disse que em seis
meses, iríamos nos aposentar e viveríamos em St. Tropez, eu
passaria meus dias tomando sol de topless e ele me serviria
champanhe antes de nossos jantares gourmet todas as
noites. Ele me disse que me daria à vida que eu merecia a
vida que estava destinada a ter: roupas de grife, diamantes e
pérolas, champanhe no café da manhã, tudo.
Acreditei nele (sim, eu tinha vinte e cinco, e sim, eu era
estúpida). Apesar de todos me dizerem para não fazer (até
mesmo tio Tex), pedi demissão, desisti do meu apartamento e
me mudei para St. Louis. Levei minhas coisas para lá,
consegui um emprego e comecei tudo de novo.
Seis meses mais tarde, Billy me disse que tinha uma
oportunidade ainda melhor e nos mudamos para Pensacola.
Então, a Charleston.
Depois Atlanta.
Eu deveria ter previsto isso. Antes de me conhecer, Billy
tinha ido de Boston (onde cresceu), para Filadélfia,
Cincinnati, Louisville e Indianápolis. Eu deveria estar
satisfeita que passou um ano em Indianápolis comigo.
Quando chegamos a Chicago, três anos entre nossas
viagens, estava farta. Eu me diverti em St. Louis, Pensacola,
Charleston e Atlanta. Tive bons empregos em todos esses
lugares e fiz amigos. Odiei partir, odiava estar na estrada,
fazer as malas, me mudar. Às vezes, tinha apenas uma
semana para fazê-lo (e naquela semana, Billy estava longe,
me dizendo que estava procurando por locais para nos
mudarmos). Eu estava gastando mais e mais tempo
escrevendo cartas a todas as pessoas deixadas para trás e
que ia sentir falta e estava cansada de ser uma nômade.
Além disso, estava começando a entender porque Billy
era tão cauteloso sobre como passava os dias e onde ele
conseguia o dinheiro. Sempre foi dinheiro. Ele nunca trouxe
para casa um cheque. Às vezes, era um monte de dinheiro,
na maioria das vezes não era nada.
No começo, acreditava nele, nos seus sonhos e na sua
fala rápida que me convencia que a vida que eu -merecia-
estava logo ali na esquina. Depois, quis acreditar e não fiz
muitas perguntas. Então, não podia acreditar como tinha
sido estúpida em acreditar em primeiro lugar e me coloquei
firmemente em negação, que era um lugar bom para se
estar... Pelo menos por um tempo.
— Para o inferno com ele, querida, — Tio Tex me
escreveu com sua honestidade brutal. - Ele não parece bom.
Corte-o fora e encontre um homem de verdade.
****
Chicago teria durado menos tempo do que todo o resto se
fosse do jeito de Billy. Ele estava pronto para rodar depois de
três meses. Comecei meu próprio negócio de web design,
Annette havia mudado de Indianápolis, então eu já tinha feito
amigos e encontrei alguns bons clientes. Nós tínhamos
alugado um loft que eu amava. Eu estava perto do Campo
Wrigley (o que posso dizer? Sou uma fã de Cubs) e estava
apenas quatro horas de distância da família.
De jeito nenhum eu iria a algum lugar.
Então, disse a Billy que ele poderia ir, mas eu ficaria.
Tivemos uma grande e velha briga que acabou em lágrimas;
minhas lágrimas, eu era uma chorona, chorava todo tempo.
Chorava por um cartão com uma foto de um gatinho fofo, e
nem precisava olhar o que estava escrito para chorar, e nós
ficamos.
Isso aconteceu muito. Billy queria ir, eu queria ficar, nós
tínhamos uma discussão acalorada, eu chorava, e então
ficávamos.
Então, Billy chegou tarde em casa numa noite e disse que
tínhamos que ir. Eu poderia dizer, pelo seu modo de agir, que
as coisas que eu não entendia coisas que fechei meus olhos
todos esses anos, estavam ruins, tipo, muito ruim.
Eu não me importava. Bati o pé. As coisas entre nós não
eram as mesmas desde a primeira vez que me recusei a ir.
Estávamos em um declínio lento e detestei isso. Queria
que Billy fosse um bom rapaz e fizesse o certo para mim (e
para ele), mas estava começando a perceber que isso não ia
acontecer. Isso partiu meu coração, porque nós tivemos bons
momentos, ou melhor, ótimos momentos e sentiria falta dele.
Mas, havia um limite para o que uma garota podia aguentar.
Eu odiei que todo mundo estivesse certo sobre Billy, mas
quando você está fodida, tem que admitir, lidar com isso e
seguir em frente.
Eu estava pronta para seguir o conselho do tio Tex e
deixá-lo.
Quando lhe contei isso, Billy me encostou contra a
parede, antebraço contra minha garganta, seu bonito rosto de
menino transformou-se em um feio com uma raiva que eu
nunca tinha visto antes. Ele sussurrou para mim, — Aonde
eu vou, você vai. Você me pertence. Nós nunca vamos nos
separar, você é minha para sempre, caralho!
Desnecessário dizer, isso me assustou. Billy nunca agiu
assim. Não gosto de estar com medo. Nunca assistia filmes de
terror, nunca. Não lido com o medo.
Eu sabia naquele momento que estava tudo acabado.
Qualquer esperança que tinha para mim e Billy foi embora
em um piscar de olhos. Em primeiro lugar, não gostei do seu
braço no meu pescoço, dói. Em segundo lugar, não gostei do
olhar no seu rosto; isso me assustou. Por último, eu não era
de ninguém, a não ser de mim mesma.
Em outras palavras, que se foda.
De alguma forma, nós ficamos em Chicago e fosse o que
fosse que tinha deixado Billy em pânico, se acalmou.
Eu não. Arrumei as coisas dele, coloquei no hall e mudei
as fechaduras.
Isto não correu bem. Ele arrombou a porta com uma
marreta. Isto não correu bem também. Eu tive um ataque de
histeria.
Tivemos outra discussão acalorada e barulhenta e ele
queria que o aceitasse de volta.
Não pense que eu era burra ou fraca. Não tinha intenção
de realmente aceitá-lo de volta. Faz tempo que percebi
exatamente quem era Billy e não queria nada disso. Eu o
amava, sim, era verdade, mas ele não era o que pensei que
ele era (ou o que eu tentei me convencer de que ele era).
Estava começando a temer que o fedor que sentia nele iria
começar a transferir-se para mim.
Mas, uma marreta era um negócio sério.
Eu ia ter que ser esperta (finalmente).
Portanto, comecei a traçar o que eu gosto de chamar de
meu plano - Dormindo com o Inimigo -.
Comecei a economizar dinheiro em uma conta nova que
Billy não conhecia. Escondi roupas novas que Billy nunca
tinha visto e não daria falta na casa de Annette e parti.
Primeiro, fui para casa dos meus pais. Billy veio e me
trouxe de volta.
Eu esperava isso. Ainda escondia dinheiro e roupas na
Annette, tomando meu tempo.
Então, fui para a casa de uma amiga em Atlanta. Billy me
encontrou e me trouxe de volta.
Mais uma vez, esperei.
Depois fui para um hotel em Dallas. Billy me encontrou e
me trouxe de volta.
Este plano levou muito tempo e isso era incomum para
mim. Eu não era a mais paciente das pessoas e senti
perfeitamente, que minha vida declinava dia-a-dia, mês a
mês, ano a ano. No entanto precisava passar por isso, sendo
meio teimosa, e continuei.
Era a última vez que deixaria Billy, a segunda-parte final
do plano. Eu iria para o último lugar, que ele pensava que eu
pensava, que ele não olharia, sabendo (como todos os outros,
que deixei pistas), que ele eventualmente iria olhar. Então,
depois que me trouxesse de volta, eu iria lá novamente, tendo
estabelecido o plano de antemão e obtendo ajuda (assim
esperava) enquanto estivesse lá.
Embora as coisas estivessem uma merda, principalmente
porque o fedor de Billy tinha grudado em mim, como eu
temia. Veja, foi então, que fui a Denver. Fui ao tio Tex e,
infelizmente (ou felizmente, dependendo de como você olha
para isso, vi pelos dois lados: felizmente, porque me
lembraria disso com uma clareza agridoce para o resto da
minha vida e infelizmente, porque nunca duraria), foi então
que conheci o Hank e meu plano ficou completamente fodido.
* * * * *
Agora, estou sentada no chão do banheiro fedorento num
motel barato, algemada a uma pia e se eu tiver escolha, Hank
Nightingale será uma memória.
Ele merece alguém melhor do que eu.
Só espero descobrir uma maneira de fazer com que Hank
concorde.
Capítulo 2
Whisky
Isto é como tudo começou.
* * * * *
Há alguns meses tio Tex escreveu-me sobre algumas
pessoas que ele conheceu, uma das quais lhe deu seu
primeiro trabalho desde o Vietnã. Tinha sido duro para ele se
reajustar quando voltou do Vietnã. Ele passou algum tempo
preso e vivia miseravelmente com uma pequena herança
(incluindo uma casa) que recebeu de um tio, sem filhos, que
tinha gostado dele e complementava a herança cuidando de
gatos. Se der para acreditar (não pude quando li isso), tio Tex
agora estava fazendo café expresso num Sebo e Cafeteria
chamada Fortnum’s.
Meu tio Tex tinha sido preso por procurar e depois bater
num traficante de drogas quase perto da morte. Agora, várias
décadas mais tarde, ele estava fazendo café de forma
elegante.
Isso era estranho?
Ele parecia estar gostando e suas cartas estavam cheias
de histórias sobre todas as pessoas que trabalham lá e os
frequentadores que iam, especialmente uma mulher que era a
dona, India Savage (mas, de acordo com o tio Tex, o pessoal a
chama de Indy).
Em suas cartas, eu poderia dizer que o tio Tex gostava de
todos, especialmente de Indy (e, ultimamente, a outra garota
chamada Jet). Ele disse que Indy tinha - coragem- e tio Tex
gostava de coragem. Ele também gostava de impetuosidade,
que ele me disse que Jet tinha, mesmo que (disse ele) ela não
soubesse. Por último, gostava da insolência, que outra garota
que trabalhava com ele tinha Ally, (aparentemente, em
abundância). Em suas cartas, eu também poderia dizer que
esta pessoa, Indy, tinha adotado tio Tex e que ele estava
mudando, para melhor.
Então, coloquei Denver no meu plano, pensando que
talvez essa Indy tivesse realizado alguma mágica e tio Tex não
fecharia a porta na minha cara (como fez todas as vezes que
minha avó tentou visitar, e com a minha mãe, quando ela e
minhas tias foram com vovó todas aquelas vezes).
Portanto, decidi adicionar um segundo item na pauta do
meu plano, trazer tio Tex de volta a família, matar dois
coelhos com uma cajadada.
* * * * *
Era um domingo no início de outubro, quando cheguei.
Eu vi, pela primeira vez, a grande Denver, com seu céu azul
que nunca termina e a Front Rage se espalhando por todo o
Oeste, tornando as palavras - Montanhas púrpuras
majestosas- uma realidade para mim. Mesmo com o sol, era
um pouco frio.
Cheguei cedo de manhã, peguei um quarto de hotel (com
dinheiro, eu não queria que Billy me encontrasse ainda),
tomei banho e me arrumei. Era, a meu ver, uma ocasião
especial, encontrar tio Tex pela primeira vez e, além disso, eu
amava roupas (bem, amava roupas de grife). A minha mãe
disse que eu usava minhas roupas de grife como armadura.
Papai disse que se elas eram armaduras, não estavam
funcionando, porque agiam mais como um ímã.
Seja como for.
Usava meu cabelo um pouco acima de meus ombros e os
cortei num lugar que custou uma fortuna para que tivesse
todas as ondas suaves e pequenos cachos nas pontas. Eu até
me maquiei e coloquei uma saia de lã cinza carvão, na altura
do joelho e que caia com uma segunda pele, levantava minha
bunda, reta na frente e com pregas atrás. Usei isso com uma
blusa de lã de gola alta preta e um par de botas pretas lindas,
salto alto finos que custou tanto dinheiro que eu temia que
Billy tivesse um ataque quando visse o preço na lateral da
caixa. Em minhas orelhas, coloquei um par de brincos de
diamante que Billy me comprou, provavelmente com dinheiro
sujo, mas que eram diamantes e como ele muitas vezes não
ajudava com o aluguel, então, os mantive. No meu pulso,
coloquei meu relógio de prata Raymond Weill com fundo de
madrepérola e terminei o conjunto com o meu anel de vidro
preto Lalique.
Não podia pagar por tudo isto, não tendo que cuidar de
mim e Billy. Para alimentar a minha paixão por marcas, eu
poupei e controlei por todos os meus tesouros, escondendo
dinheiro ou pescando por novas lojas (para não falar, que era
viciada em sites de leilão online) para pessoas com glamour.
Fiz isso como um hobby. Fiz isso porque eu adorava coisas
bonitas, e ultimamente, fiz isso para me lembrar da vida que
tinha deixado para trás quando me apaixonei por Billy. Isto
também serviu como um lembrete do porque eu tinha que
encontrar uma maneira de me livrar dele.
Borrifei Boucheron, joguei minha pequena bolsa Fendi
por cima do ombro (comprada por um terço do seu preço de
venda, nunca usada, de uma moça que estava para se
separar em sua venda de quintal pré-divórcio) programei o
endereço no GPS e me dirigi à casa do tio Tex.
Ele não estava em casa.
Fiquei surpresa, era domingo e, durante anos, tio Tex
nunca havia saído de sua casa. Agora ele tinha um emprego,
mas não acho que ele estava a ponto de vagabundear em
torno de Denver.
Porém, em suas últimas cartas, parecia que ele estava
fazendo uma quantidade justa de vagabundagem.
Esperei por um tempo e ele não veio para casa. Então, fui
a um orelhão, procurando por Livraria Fortnum´s e
programei o endereço no meu GPS.
Encontrei uma vaga de estacionamento na Broadway e
caminhei até a porta, que ficava na esquina da Bayaud com a
Broadway. Parecia uma loja legal, hip1, mas não de uma
forma elegante, da forma que só grandes estabelecimentos
antigos podem ser hip, isto quer dizer, de forma natural.
Então, entrei na loja.
E adorei imediatamente. Cheirava a mofo do que
pareciam hectares de livros desorganizados em estantes, e
pelo que pude ver, o fundo da loja era do mesmo jeito.
1 Na última moda
Eu adorava ler, adoro livros, bibliotecas e livrarias, e esta
eu poderia dizer imediatamente, era uma das melhores.
A frente da loja era constituída por um balcão com livros
à esquerda, à direita era um grande balcão de café expresso e
por todo o meio havia mesas e cadeiras, poltronas e sofás
confortáveis com mesas de café baixas.
Parei assim que entrei e, então, o ar me faltou quando dei
uma olhada pelos sofás.
Sentados nos sofás, todos bebendo café, havia um bando
de homens. Não qualquer homem. Parecia que havia uma
convenção da GQ2 e todos os caras mais bonitos decidiram
tomar um café na Fortnum antes de ir para seminários sobre
como lidar e ser, realmente, incrivelmente, um deus.
Havia cinco deles; dois eram muito parecidos um com o
outro, como se fossem irmãos. Mas, do lote, foi só o com os
olhos cor de uísque que chamou minha atenção. Estavam
todos olhando para mim, mas no minuto em que meus olhos
encontraram Whisky, senti tontura e ainda tive que ficar
parada ou poderia ter desmaiado.
Eu sabia o que era, aconteceu quando vi Billy, essa
atração fatal. Mas, ou isso tinha sido há muito tempo ou não
me lembrava de como o sentimento era forte, porque me
atingiu como um trem de carga e fui atirada para um loop.
Para disfarçar, desviei o olhar e tentei andar calmamente
até o balcão de café expresso, onde uma versão feminina de
Whisky estava servindo e era à sua maneira, uma mulher
linda.
2 Revista Masculina
Ela estava observando os caras, então, ela olhou para
mim, sorrindo como se algo estivesse a divertindo
profundamente.
— Posso ajudar? — Ela perguntou.
Eu tinha até esquecido por que estava lá, à procura de
meu tio Tex, então fiz o que qualquer um faria quando
confrontado com uma máquina de café expresso, pedi um
café com leite magro com calda de caramelo.
— Anotado, — ela disse, então, foi preparar a minha
bebida, e percebi que estava segurando o balcão todo o tempo
e utilizando todos os poderes para não olhar para trás em
direção aos sofás para ver se o Whisky ainda estava me
secando.
Por favor, Deus, que Whisky ainda esteja me secando,
pensei.
Então, dei uma firme sacudida em minha cabeça para
livrar-me dos meus pensamentos de idiota. Eu precisava que
Whisky estivesse me olhando, do mesmo modo que precisava
de alguém fazendo um buraco na minha cabeça, ou seja,
nenhum pouco.
Uma mulher ruiva fantástica, quem eu sabia pelas
descrições de tio Tex tinha que ser Indy, andou atrás do
balcão.
Ela sorriu para mim.
Eu sorri de volta e, como o Whisky não estava mais no
meu campo de visão (embora eu pudesse realmente senti-lo
na sala), lembrei-me porque estava lá. Abri minha boca para
dizer algo a ela, quando a campainha da porta tocou.
— Eu não estou falando com você, — disse uma mulher
com uma voz que estava zangada e obviamente cheia de
merda e me virei para ver quem tinha entrado.
Era como se Fortnum fosse apenas para pessoas lindas.
Eles precisavam de uma placa para que as pessoas normais
não vagassem involuntariamente e desenvolvessem
complexos de inferioridade imediatamente.
Um homem mexicano tremendamente bonito e alto com
uma loira muito bonita estava entrando, obviamente no meio
de uma leve discussão amorosa. Eu sabia, pois tinha visto
meus pais terem milhões delas.
— Você é tão cheia de merda, — ele disse de um modo
que entendi que parecia ser seu sorriso adorável.
— O que está rolando? — a morena atrás do balcão
perguntou ao casal.
— Vou te dizer o que não está rolando, eu não vou morar
com Eddie, — disse a loira, olhando para o homem ao lado
dela.
Putz grila! Eu encarei-a.
Tex tinha me falado sobre Jet e como Jet tinha uma
queda por Eddie e como Eddie estava tentando chamar a
atenção de Jet, mas, mesmo que tivesse uma queda por ele,
Jet não estava querendo isso. Isso estava em uma de minhas
últimas cartas, tinha recebido apenas há algumas semanas.
Agora, eles estavam falando sobre morar juntos. Rapaz,
Eddie era rápido.
— Você vai, — Eddie retrucou, ainda olhando para Jet.
— Eddie não me deixa trabalhar no Smithie’s. Ou deveria
dizer, Eddie acha que ele não me deixa trabalhar no
Smithie’s, — disse Jet.
— Eu acho que você deveria deixá-la trabalhar no
Smithie’s. — Isto veio dos sofás. Dei uma olhada neles,
pensando que era o tal Smithie’s. O comentário veio de um
tipo nativo americano, com cabelo preto brilhante puxado em
um rabo de cavalo na base do pescoço, bochechas e cílios
para morrer e um sorriso de merda na cara dele.
Notei também que Whisky já não estava olhando para
mim, mas sorrindo e piscando para Jet.
Eu senti o meu coração contrair.
Eu olhei para longe e vi que Eddie estava mexendo suas
sobrancelhas para Jet, como se algum ponto tivesse sido
feito.
Foi um sentimento estranho, saber sobre estas pessoas e
não os conhecer ao mesmo tempo.
— Eu pensei que você estava morando com Eddie? —
Indy perguntou e eu me virei para olhar para ela.
— Foi temporário, — Jet disse. Ela pegou meu olhar de
volta para ela e me deu um pequeno sorriso antes de entrar
atrás do balcão pisando duro (o pisar duro foi obviamente um
show, ainda, eu poderia apreciar que ela era boa nisso,
minha mãe teria lhe dado um hi-53 pela forma e execução).
3 Espécie de “toca aqui” feito com a mão aberta levantada e visando um sonoro
impacto com a mão do interlocutor
Isto me deixou a olhar para Eddie. Ele reparou em mim e
seu olhar preto me mediu completamente. Imediatamente tive
a estranha sensação de que ele não gostava do que estava
vendo. Não que todo cara que olhasse para mim,
especialmente os caras que estavam ligados a garotas
bonitas, tinham tesão imediato por mim, mas ainda, foi
estranho. Fez-me sentir errada, como que se estivesse
invadindo, não querida e nem bem-vinda.
Tive essa sensação por causa de seus olhos, que estavam
líquidos com carinho e ternura quando olhou para Jet,
tornando-se completamente em branco quando eles se
fixaram em mim e Eddie não me parece ser um tipo que tem
olhares em branco.
Então ele se virou, completamente me ignorando e
caminhou para os sofás.
Eu também me virei, sentindo-me engraçada sobre a
reação dele. Eu larguei isso de lado, fiquei de costas para os
sofás (porque precisava de foco e outro olhar sobre Whisky
me faria perder o foco, eu sabia disto como sabia que meu
designer favorito era Armani) e enfrentei o balcão de
expresso.
A ruiva, a morena e a loira estavam todas falando por
trás da grande máquina de café, pareciam às bruxas de
Eastwick, mas mais bonitas e mais assustadoras. Desde que
a ruiva era Indy e a loira era a Jet, isso deixaria a morena
como sendo Ally.
O que significava, do que eu sabia das cartas do tio Tex,
que ela definitivamente estava relacionada com os irmãos nos
sofás, Whisky poderia ser Lee (que seria ruim, já que eu sabia
que ele estava com Indy) ou Hank (o que seria ruim porque
Tex disse-me que Hank era um policial e, portanto, não é
provável que se interessasse por pessoas como eu, uma
prostituta gangster ou o que quer que eu fosse).
— Eu acho que você deveria morar com Eddie, — Ally
estava dizendo enquanto terminava minha bebida.
— Estou tentando terminar com ele, — disse Jet. Eu
fiquei boquiaberta, porque mesmo que me ignorando, quem
no seu perfeito juízo iria terminar com Eddie? Ele era lindo.
Todas olharam para mim.
— Não se preocupe, — Jet garantiu-me com outro
sorriso. Ela era bonita normalmente, mas o sorriso a fez
espetacular. — Eu já tentei terminar com ele, mas não deu
certo.
— Conheço o sentimento. — Eu disse.
— Aqui está o seu café, — Ally disse, entregando-me um
copo de papel.
Eu peguei e coloquei no balcão. — Quanto eu te devo?
Ela me disse, dei-lhe o dinheiro e então ela inclinou-se e
disse: — O que quis dizer com você conhece o sentimento?
Você tem um namorado que você não pode se livrar? Eu sei
que é curioso, mas estou perguntando, pois, meu irmão está
sentado ali e ele tem te olhado desde o momento que você
entrou pela porta como se quisesse arrancar suas elegantes
roupas fora.
Eu mordi meu lábio e evitei olhar por cima do ombro em
direção os sofás.
Eu estava certa, essa era Ally e desde que Indy estava ali,
e Ally não iria apontar que o namorado de Indy, que era Lee,
queria arrancar minha roupa, então, estávamos falando sobre
Hank.
Solteiro (tanto quanto eu sabia) mas, ainda um policial.
Não questiono o fato de que Ally dizer algo assim sobre o
irmão para mim. Ela parecia o tipo de garota que fala aquilo
que vê.
Eu me inclinei e fiz o meu primeiro erro de muitos que
estavam por vir. — Nós estamos falando sobre Whisky? — Eu
sussurrei, principalmente porque não conseguia evitar.
— Whisky? — Indy se inclinou.
— Aquele com os olhos cor de whisky - eu respondi.
Indy sorriu para as outras duas e, em seguida, todas as
três sorriam para mim.
— É ele. — Indy disse.
— Você é Indy? — Eu perguntei, só para ter certeza. Ela
piscou o rosto dela registrando a surpresa.
— Sim, — ela respondeu. — Eu te conheço?
— Estou procurando por Tex MacMillan. Ele diz que
trabalha aqui. — O rosto dela mudou e eu podia ver que ela
estava entrando direto no modo de mãe galinha.
Sim, eu estava certa, ela tinha que ser Indy.
Mas, foi Jet quem me respondeu.
— Quem quer saber? — Perguntou ela, também, no modo
de mãe galinha.
Olhei para a irmã do Whisky. Ela não estava no modo de
mãe galinha, ela tinha disparado direto para o modo de leoa
pronta para rasgar-me membro a membro, se eu desse
sequer uma dica que estava lá para nada além de um feliz
propósito.
Decidi que era melhor contar-lhes rapidamente que era
um propósito feliz (meio que, eles não precisam saber sobre
Billy).
— Eu sou Roxanne Logan. Tex é meu tio.
As duas galinhas e a Leoa desapareceram
instantaneamente enquanto três bocas caíram abertas e
olhavam fixamente em franco espanto para mim.
Depois, a irmã do Whisky gritou tão alto que eu
realmente sentia todos os olhos masculinos na área de sofá
girando para me olhar, — Você deve estar brincando comigo!
— Então, por alguma razão bizarra, ela jogou a cabeça para
trás e riu. Ambas Indy e Jet estavam rindo muito. Indy,
tanto, que colocou as mãos no meio do corpo e se inclinou
um pouco.
— Não acredito. — Jet gritou.
Que diabos? Olhei para elas, como se elas tivessem
perdido a cabeça, o que eu temia que tivesse acontecido,
quando Ally se virou para os sofás e gritou: — Vocês não vão
acreditar quem é esta.
— Não, não... — eu disse a ela e olhei com o canto dos
meus olhos para os sofás e vi que estavam todos me
observando, principalmente Whisky, ou Hank, os olhos de
alguma forma pareciam alertas e preguiçosos e eu senti a
tontura me atingindo novamente e rapidamente afastei os
olhos.
O sino da porta tocou enquanto Ally anunciava, — Esta é
Roxanne, sobrinha do Tex, porra!
Eu fechei meus olhos, tomei uma respiração profunda e
coloquei minha mão em cima do balcão.
— Roxie?
Isto foi dito em um tom macio. Eu nunca tinha ouvido
um tom macio, mas era a única maneira de descrevê-lo.
Eu abri meus olhos, virei-me e olhei para uma versão
mais velha do meu irmão Gil (uma versão mais antiga, com
uma barba selvagem). Ele era quase tão alto como ele, era
grande (que o tornou uma floresta), peito-barril, loiro com
olhos azuis escuros e uma barba castanho-avermelhada. Ele
estava vestindo uma camisa de flanela, um par de jeans e
havia uma mulher muito bonita mais velha ao seu lado,
apoiando-se fortemente nele, segurando-o com um braço
enquanto o outro braço balançava estranhamente.
— Tio Tex? — Eu perguntei calmamente, mas sabia que
era ele e senti as lágrimas surgirem. Como de costume, eu
não podia controlá-las. Mesmo que tentasse engoli-las, elas
encheram meus olhos e começaram a deslizar pela minha
face.
— Jesus Jones! Roxie! — Tex gentilmente se separou da
mulher que ficou um pouco instável em seus dois pés com
um aceno e deu um sorriso para mim e então, ele deu dois
passos gigantescos na minha direção.
Levantei as mãos para dar-lhe um abraço, mas elas
bateram de relance no peito enorme. Para minha surpresa,
ele se abaixou, agarrando-me por minhas coxas, meus
joelhos acima e ele me levantou e me girou ao redor em um
círculo completo.
— Roxanne Giselle Logan, a garota mais bonita no
mundo inteiro, porra! — Ele vibrou, no máximo, desta vez.
Meu nariz começou a escorrer e chupei os meus lábios
para controlar as lágrimas, mas já era tarde, eu estava
chorando rios.
— Tio Tex — eu ri através de minhas lágrimas, segurando
em seus ombros. — Coloque-me no chão.
Ele fez, e eu caí duro nas minhas botas de salto alto. Ele
colocou as mãos grandes em ambos os lados da minha
cabeça, puxou-me para frente e plantou um beijo em cima do
meu cabelo. Então, enfiou-me de volta, mantendo suas mãos
onde elas estavam, e ele olhou para mim por um longo
tempo.
Então, os olhos dele ficaram macios e até mesmo um
pouco nebulosos, e a voz voltou para o tom baixo quando ele
disse, — Porra, garota, você é igualzinha sua mãe.
Segurei seus braços.
— Isso é o que papai diz, — eu disse a ele. Tio Tex
continuou me encarando.
— Porra! — ele sussurrou, e para minha total e completa
mortificação, dei um daqueles altos soluços de choro.
Ele soltou minha cabeça e me envolveu em um abraço.
Coloquei meus braços ao redor dele, fechei os olhos e apertei
minha bochecha em seu peito.
Pareceu-me que tio Tex não ia fechar a porta na minha
cara e senti como se tivesse sido abençoada. Eu soltei uma
respiração profunda e me permiti um sorriso privado através
de minhas lágrimas.
Ele me abraçou por um longo tempo e eu o segurei de
volta.
— Eu espero ansiosamente suas cartas todos os meses.
Nunca teria passado pela prisão se não fosse por você,
querida Roxie. — Nunca, — disse ele baixinho para mim, mas
a sua voz ainda era alta.
Eu só balancei minha cabeça contra seu peito, lágrimas
fluíam livremente agora. Eu era incapaz de controlá-las e
nem queria mais. O que ele disse era tudo para mim e que ele
tinha a coragem de dizê-lo, significou ainda mais.
— Tenho esperado muito tempo, Roxie, para te dar um
abraço. Um tempo longo para caralho.
Meus braços tremeram em torno dele e segurei firme.
— Eu também, —sussurrei, seus braços me puxaram
ainda mais contra si e ele tirou o ar dos meus pulmões.
Eu abri meus olhos e olhei direto para Whisky (não
pensava nele como Hank, não ainda, então ele tinha que ser
só Whisky para mim). Ele ainda me observava, inclinado no
sofá, a sola de um dos seus sapatos descansando sobre a
borda de uma mesa. Mas, agora a expressão dele era
diferente, a preguiça já não estava mais ali, e os olhos dele
eram totalmente alerta.
— Tio Tex, —comecei ainda olhando para Whisky, na
verdade, inteiramente incapaz de arrancar meus olhos dele,
— eu... Não consigo respirar.
Foi quando Whisky sorriu.
Se eu achava que era incapaz de respirar antes, estava
errada. O sorriso de Whisky era tão bom, que me fez esquecer
inteiramente como respirar.
— Desculpe querida. — Tex deixou-me ir, agarrou meus
braços e me apertou tanto que minha cabeça foi para frente e
para trás. — Yee ha! — Ele gritou e olhou ao redor da sala,
então ele jogou um braço ao redor de meus ombros.
— Esta é minha sobrinha, Roxie! — Ele anunciou para
todos ali presentes (como se eles já não soubessem).
Ele me empurrou e minha cabeça foi para trás.
— Nancy, conheça minha sobrinha.
Deixei meu cérebro se acalmar e, então, sorri para a
mulher bonita que entrou com o tio Tex.
— Oi Roxie, eu sou a Nancy, mãe de Jet. — Ela apertou
minha mão e em seguida, sentou-se no braço de uma cadeira
de uma forma que me fez pensar que se ela não sentasse,
teria caído por cima. Preocupada olhei para ela e seu braço
pendurado, que parecia ser inútil. Eu estava prestes a me
mover em direção a ela para perguntar se estava bem,
quando Tex me empurrou em direção ao balcão de expresso e
minha cabeça estalou para trás de novo, em seguida,
novamente enquanto ele me arrastava para frente.
— Indy, mulher, Ally, Loopy Loo, tragam suas bundas
para cá e conheçam minha sobrinha, — ele ordenou, e elas
vieram para frente.
Eu estava certa sobre todas elas. Ally era irmã do
Whisky. Loopy Loo era obviamente (por algum motivo), o
apelido de Tex para Jet.
Então, me apresentou a Lee. Fiquei sabendo das últimas
notícias, Lee agora era noivo de Indy e notei que ele tinha
olhos castanhos escuros; Vance, o nativo americano; Mace
que eu achava que era algum tipo de havaiano ou polinésio,
era quase tão alto quanto Tex e tinha fantásticos olhos verde
jade; Matt, um cara loiro bonito que tinha me encarado do
mesmo modo que Eddie; Eu já tinha percebido isso, mas não
disse a Tex, felizmente, o anúncio da relação de sangue com
Tex, fez a frieza de Eddie na minha direção derreter um
pouco.
E finalmente, Whisky, ou como Tex o apresentou, Hank
Nightingale.
Hank Nightingale. Jesus.
Meu coração quase parou.
Era um nome bom para caralho.
Hank deu a mão e eu a minha, e imediatamente apertei
meu lábio inferior entre os dentes quando nossa pele fez
contato.
Merda, Roxie, recomponha-se, eu pensei e respirei fundo
forçando meus dentes a largarem meu lábio e tentei sorrir (e
falhei miseravelmente). Felizmente, ele não notou já que os
olhos dele estavam fazendo uma varredura de corpo inteiro e
depois levantaram e bloquearam nos meus, enquanto Tex
empurrava-me em outra direção.
A mão de Hank soltou a minha, mas ao invés de se
afastar como os outros fizeram, os dedos dele enrolaram em
meu braço e puxou-me suavemente, mas firmemente, longe
do tio Tex, em direção a ele. Depois mais em direção a ele,
sua mão deslizou para baixo do meu braço. Em seguida,
mais, seus dedos circulando meu pulso. Em seguida, mais,
sua mão encontrou e envolveu em torno da minha. E,
finalmente, eu estava ao seu lado, nossos ombros quase
tocando.
Tio Tex olhou ao redor, seus olhos estreitando em Hank,
mas antes que ele pudesse falar, Hank fez.
— Eu sei que você está excitado que Roxie está aqui, —
ele disse em voz baixa e suave destinado apenas ao Tex (e,
devido a minha proximidade, a mim também). — Mas, talvez
você consiga um pouco de controle para que ela não entre em
choque.
Meu coração vibrou e inclinei-me um pouco nele. Eu não
tive a intenção, nem queria, meu corpo agiu como se tivesse
mente própria (é claro que ele tinha uma mente própria, mas
não estava funcionando naquele momento).
Meu ombro tocou os bíceps de Hank. No segundo que
isso aconteceu, sua mão apertou a minha e minha garganta
fechou, com medo de que ele soltasse minha mão e se
afastasse.
Ele não o fez.
Isso foi bom por duas razões. Um, se ele fizesse, eu teria
tombado como uma árvore e dois, gostei que ele segurasse
minha mão.
Tio Tex olhou para mim, então olhou para Hank, depois
olhou para mim de volta. Então, deu um passo para trás e
olhou para nós dois. Estava perto, podia sentir o calor do
braço de Hank queimando minha blusa, sua mão firme na
minha e eu estava começando me sentir tonta novamente.
Meus olhos fitaram fracamente tio Tex e quando ele o viu,
sorriu.
— Caralho, Roxie. Isso aí! — Tio Tex explodiu e fiquei
olhando, sem saber o que diabos que ele estava falando.
— O quê? — Eu perguntei.
Tio Tex não me respondeu, olhou para Mace e Vance e
declarou, — Vocês, rapazes, precisam aprender a se mover
mais rápido ou todas as boas vão acabar.
Com isso, ouvi Hank rir baixinho perto de mim. Olhei
para ele e seus olhos voltaram para o modo preguiçoso, mas
agora também estavam divertidos e, juro, por trás deles,
havia uma intensidade que fez meu coração acelerar. Mudei a
direção do meu olhar e olhei de volta para tio Tex.
— O quê? — Eu repeti.
Outra vez, tio Tex me ignorou enquanto Nancy movia-se
com cuidado ao nosso redor e depois agarrou no braço dele.
Ela inclinou-se para ele e ele levou seu peso naturalmente,
como se isso tivesse acontecido muitas vezes antes. Ela
sorriu para mim.
— Por que você e Tex não vêm para minha casa para o
jantar? Talvez possamos pedir a Jet para cozinhar para nós.
— Sem hesitação, Tex virou-se para Jet e gritou. — Faça
aqueles malditos brownies com caramelo, Loopy Loo. É uma
ocasião especial do caralho!
Eu pulei com o mais recente grito e Hank soltou minha
mão e foi embora. Eu senti sua perda como um golpe físico e
fechei os olhos apertados para afastar a dor.
A última vez que isso tinha acontecido comigo, eu tinha
perdido sete anos da minha vida com Billy.
Isso não ia acontecer de novo, de jeito nenhum. De
nenhuma fodida maneira.
Eu ainda não tinha me livrado do Billy, eu certamente
não preciso do problema que Hank Nightingale tinha
estampado nele.
Este problema era pior. Este problema dizia alto e claro
que Hank iria eventualmente descobrir sobre Billy e
perceberia a idiota que eu era, e Hank nunca seguraria
minha mão novamente. Não me pergunte como sabia disso,
eu sabia, assim como sabia que Manolo Blahnik faz os
melhores sapatos da história.
Abri os olhos novamente e Nancy me observava.
— Você está bem? — Ela perguntou baixinho.
Acenei com a cabeça, e falei baixinho também: — Eu ia te
perguntar a mesma coisa.
— Acidente vascular cerebral — ela respondeu, sem
hesitar. — Cerca de nove meses atrás.
Mudei-me em sua direção e, então, parei quando Eddie
entrou na minha visão periférica.
— Sinto muito, —sussurrei, tentando não chegar muito
perto e me sentindo estranhamente com medo de Eddie.
— Estou melhorando a cada dia, — Nancy me contou.
Eu sorri para ela.
— Isso é fantástico.
Ela sorriu de volta, era um sorriso fascinante, como o da
filha dela.
— Puxa vida, Nancy. Jet e você tem o mesmo sorriso, —
eu disse.
— Não diga a Jet.
— Por que não?
— Ela não vai acreditar em você.
Eddie chegou perto de Nancy e tirou seu peso de Tex,
quando ouvi Indy gritar, — Vamos fazer uma grande festa das
antigas!
Tex se moveu e gritou.
— Agora você está falando, mulher!
Olhei para Eddie e ele estava me observando, seus olhos
negros, já não estavam mais em branco, mas sim, em alerta.
Eu olhei de relance, sentindo que ele sabia os meus segredos
e eu queria mantê-los só para mim.
Então, notei com alarme, que As Bruxas de Eastwick
tinham se jogado plenamente no planejamento da festa
improvisada.
Eu não tinha certeza se isto era uma boa ideia.
— Não tenho um bom pressentimento sobre isso, —disse
a Nancy (e a Eddie, já que ele estava lá).
— Eu também não, — Eddie disse em um tom que fez
com que um arrepio atravessasse minha pele.
Nancy acariciou meu braço rapidamente, em seguida,
agarrou a Eddie novamente.
— Vai dar tudo certo, — ela disse sorrindo para Tex.
— Eu vou fazer o bolo em camadas de caramelo, — Jet
disse, andando em direção a Eddie, passando seu braço no
dele e colocando a cabeça no ombro dele, obviamente,
decidindo que sua briga tinha acabado.
— Muito bem, Loopy Loo, — disse Tex.
— Eu levo as bebidas, — disse Ally, chegando também ao
nosso grupo.
— Onde vai ser? — Indy perguntou, chegando-se ao meu
lado. Lee se materializou ao lado dela e o braço dele foi
através de seus ombros, assim como o dela foi para a sua
cintura. Ele olhava para mim e também me assustou de um
modo geral e a maneira de Eddie.
— Não pode ser na casa de Tex, nós vamos ter pelo de
gato no bolo de caramelo, — Ally disse e vi Hank aparecer
atrás dela e envolver ambos os braços em volta do pescoço e
puxou-a de costas para seu peito, brincalhão e áspero. Gill
faria isso para mim: Gill tinha feito isso comigo.
Eles eram próximos, você poderia dizer todos eles, todos
ao meu redor, mesmo Mace, Vance e Matt, que se juntaram a
nossa conferência. Eram uma família, e eles tinham tomado
tio Tex como um dos seus.
Isso me fez feliz por tio Tex, porque finalmente teve isto e
ao mesmo tempo triste por mim, porque eu nunca tive.
— Gatos! — Tex gritou e virou para mim. — Roxie,
querida, você precisa conhecer os gatos.
Eu olhei para ele e sorri.
— Não posso esperar. — E isso era verdade, tio Tex tinha
falado sobre seus gatos há anos.
— Nancy, você fica com Jet? — Tex perguntou e Nancy
assentiu com a cabeça.
— Bem, vocês combinem e nos digam onde devemos
estar. Roxie e eu temos coisas para colocar em dia, — disse
Tex, agarrando-me. — Garota, querida, nós estamos indo
conhecer alguns gatos.
Então, tio Tex me levou para fora da loja. Eu não tinha
tomado nem um gole do meu café caramelo.
* * * * *
Eu tive a chance de virar, chamei a atenção de Indy e
sussurrei.
— Obrigada.
Ela balançou a cabeça e deu um sorriso confuso, antes
que eu fosse puxada através da porta. Ela não tinha ideia do
que eu estava falando, mas não me importei, tinha que dizer
mesmo assim, por minha avó, minha mãe, minhas tias e eu.
* * * * *
Eu não olhei para Hank.
Hank tinha deixado de existir para mim. Ele precisava.
Para o seu próprio bem e o meu.
Capítulo 3
Martini Garota Safada
Isto é como ficou melhor e pior.
* * * * *
Conheci os gatos.
Havia um monte deles. Tipo, muito deles.
Alguns deles tio Tex era pago para cuidar, a maioria deles
eram do tio Tex.
— É legal ter tantos gatos? — Eu perguntei, balançando
um flash de luz laser na parede e observando um gato
chamado Petúnia, que tinha manchas gengibre e brancas,
tentando rastejar até a parede para chegar ao ponto
vermelho.
— Não — Tex disse, parando onde eu estava sentada no
sofá e olhando fixamente para o meu jogo de gato laser, como
se eu fosse a Rainha Mestre dos Gatos e ninguém podia
mexer com raio de laser tão bem como eu.
Não consegui evitar, mesmo com tudo o que estava na
minha mente, eu ri. Após todos esses anos e todas as nossas
cartas, era bom saber que tio Tex sentia-se da mesma forma
sobre mim, como eu sinto sobre ele.
— Pensei que Hank e Eddie eram policiais. Eles sabem
sobre seus gatos? —perguntei.
— Aqueles rapazes tiveram peixes maiores para fritar
nestes últimos meses. Com Indy sendo sequestrada e
tomando tiro o tempo todo e Jet lutando com um agiota
carregando uma faca e fugindo de um estuprador louco.
O ponto vermelho parou na parede enquanto eu piscava
para Tex.
— Petúnia está ficando louca, querida, mexa o laser, —
Tex disse, olhando para a parede.
— Sequestrada... Tiro... Estuprador... — Eu disse, ou
melhor, balbuciei.
Tio Tex virou para mim.
— É uma longa história.
— Acho que temos tempo.
— É, na verdade, duas histórias longas — ele disse.
— Eu ainda acho que temos tempo.
Ele se sentou ao meu lado no sofá, levou o laser longe de
mim e começou a mexer em outra direção, tentando chamar
a atenção de um gato de nome Rocky.
— Rocky também é muito preguiçoso, está engordando —
ele murmurou.
— Tio Tex.
Ele suspirou.
Então, ele me contou duas longas histórias.
* * * * *
— Nós podemos ligar para mamãe? — Eu perguntei
depois de ter superado as histórias de Indy e Jet sobre
assassinato, tiroteio, fazendas de maconha, caos no clube de
strip-tease, homens empunhando facas, sequestro e
agressão, tomando uma dose de licor caseiro de tio Tex que
dissolve o intestino (Ok, talvez duas doses, uma para cada
história).
— Não estou pronto para isso. — Tex me respondeu. Eu
assenti. Dar-lhe-ia tempo. Espero que, um dia, quando
minha vida amorosa fosse resolvida, teríamos todo tempo do
mundo.
Em seguida, apoiei-me nele e coloquei minha cabeça no
seu ombro e, surpresa das surpresas, ele deixou.
— Você quer me dizer por que está aqui? — Ele
perguntou em seu tom macio.
Fiquei tensa e depois suspirei.
— Não estou pronta para isso, — eu disse. — Mas, em
breve.
Senti-o acenando e então descansou a cabeça em cima
da minha.
— Diga-me uma coisa, você terminou com ele?
Ele quis dizer Billy.
Eu fechei meus olhos, em seguida, abri-os.
— Estou trabalhando nisso.
Ele assentiu com a cabeça contra a minha.
— Bom.
* * * * *
Tio Tex levou-me para pegar meu carro para que pudesse
voltar ao meu quarto de hotel para descansar e me preparar
para a festa. Quando saí do carro, ele me disse que em
Denver, as pessoas usavam jeans.
— Dê-me seu número de telefone celular, para poder me
comunicar com você, — eu disse, falando com ele através de
sua janela aberta.
— Não tenho celular.
Olhei para ele.
Em seguida, ele enfiou War no toca fitas (Sim, eu disse
toca fitas) e se dirigiu ladeira abaixo pela Broadway com -
Low Rider- gritando nos alto-falantes do seu El Camino
bronze, Tio Tex, eu rapidamente percebi, vivia na década de
70 e parecia que não queria deixá-la.
Fui para meu hotel, perguntei na recepção onde ficava o
centro comercial mais próximo, dirigir até Cherry Creek, fui
direto para a loja mais próxima de telefone e comprei um
celular para tio Tex. Ele poderia ter seu toca fitas, mas,
também teria um maldito celular. Não ter um nestes dias e
nesta idade era pura loucura. (Certo tio Tex era o mais
próximo de um lunático que eu conhecia — não obstante
existisse Billy — mas, ainda era.).
Voltei para o hotel, retirei minha roupa elegante de
conhecer tio Tex e coloquei um par de calças de veludo que
era tipo um cruzamento entre verde e cinza e tinha um brilho
prateado, pois Denver pode usar jeans, mas eu não, pelo
menos não em uma festa, ou, devo dizer, pelo menos não em
uma festa onde Whisky estaria. Hank pode ter deixado de
existir para mim, mas ele realmente não deixou de existir, e
eu estava relativamente certa que ele estaria na festa. Uma
garota tinha o orgulho dela. Eu mantive a gola alta e botas e
coloquei um cinto de fita reluzente.
Então, liguei meu celular.
Nove chamadas, nove mensagens de voz, todas de Billy,
todas com ele ficando cada vez mais nervoso e irritado até a
última.
— Eu vou encontrar você Roxie.
Sabia que ele iria, eu estava contando com isso.
Mais uma vez.
Então, a liberdade.
* * * * *
Tio Tex pegou-me e dei-lhe o telefone celular.
— Eu o carreguei e coloquei meu número nele. Você pode
passá-lo em torno da festa e pegar o número de todos.
— Você deveria ter guardado seu dinheiro, não vou usá-
lo.
— Tio Tex.
— Não vou usá-lo.
— Tio Tex!
— Querida menina, isso é doce, mas, não vou usá-lo. —
Eu cruzei meus braços no peito.
— Tudo bem, então, vou passá-lo em torno da festa e
pegar o número de todos.
— Fique à vontade.
Tio Tex nunca pareceu teimoso em suas cartas. — Aposto
que Nancy tem um celular, —tentei (eu poderia ser teimosa
também).
Tio Tex não respondeu.
— Então, o que você fazia com Nancy esta manhã? — Tio
Tex ainda não respondeu.
Olhei para ele. Podia vê-lo corando no escuro.
— Você gosta dela! — Eu gritei (de uma forma feliz).
— Merda.
— Tio Tex e Nancy, sentados em uma árvore, bei-jan-do...
— Eu cantei.
— Quantos anos você tem?
— Trinta e um.
— Aja como tal.
Hee hee.
* * * * *
Fomos a um duplex, as luzes acesas de um lado, cortinas
abertas e parecia haver um milhão de pessoas lá dentro,
ombro a ombro.
Era todo o pessoal que estava naquela manhã na
Fortnum, além de vizinhos de Indy; um casal gay, chamados
Stevie e Tod. Havia também uma mulher muito bonita que se
parecia muito e se vestia como Dolly Parton (incluindo os
peitos atraentes) chamada Daisy.
Neste mix foi juntado o pai de Indy, Tom; os pais de
Hank, Malcolm e Kitty Sue; e as amigas da mãe de Jet, Trixie
e Ada.
Adicione uma pitada de um cara tipo Harley com cabelo
longo, cinzento em uma trança e uma bandana vermelha
amarrada na testa chamado Duke (eu tinha ouvido sobre
Duke nas cartas de Tex, ele trabalhava na Fortnum’s
também), um maconheiro chamado - The Kevster- (The
Kevster não trabalha em nada), umas amigas de Indy e Ally,
chamadas Andrea e Marianne e um bando de caras, alguns
deles policiais, outros trabalhavam para Lee (aprendi que
Mace, Vance e Matt, todos trabalham para Lee no seu serviço
de investigação privada).
Todos (menos Daisy) estavam usando jeans (embora
Daisy estivesse vestindo uma saia jeans, com strass
incrustados na bainha, bolsos e ao longo das costuras).
Mal sabia eu, que esta receita seria um desastre para
mim.
No momento, pensei que esta festa seria uma coisa boa.
Na verdade, estava me divertindo. Tio Tex tinha bons amigos,
que pareciam que gostavam muito dele e me senti confortável
com eles imediatamente. Isto significava que eu poderia me
divertir, talvez um pouco demais e talvez um pouco
loucamente demais, considerando o fato que Daisy me contou
uma história sobre ela, Ally, Jet e Indy usando armas de
choque em algumas mulheres num bar que me fez rir demais
e quase fiz xixi em minhas calças e Tod me contou uma
história sobre Indy dublando com ele durante um show de
dragqueen que me fez agarrar-lhe pelo ombro e gritar — Cala
a boca! — tão alto que todo mundo se virou para olhar. Isso
também significava que eu poderia facilmente evitar Hank ao
mesmo tempo, (bem, de certa forma, não era um grande
duplex, mas tentei arduamente).
Eu estava indo muito bem, por um tempo.
O problema foi que era uma festa boa, gente boa (embora
um pouco louca) que apreciavam a companhia uns dos
outros e tigelas de castanha de caju (todos sabiam que
castanha de caju significava boa festa). Pior ainda, Indy
estava com a coqueteleira e ela fazia um Martini tão bom, que
tomei três, antes de perceber isso.
Pior do que isso (e meu erro fatal em um par de horas
dentro da festa), dei uma mordida no bolo de camadas de
caramelo de Jet, enquanto Hank estava nas proximidades.
Eu não sabia, ninguém me avisou.
Eu mordi.
Eu mastiguei.
Fechei meus olhos em prazer obvio. Então, gemi.
Eu não pude me conter, eles eram tão bons. Quando abri
os olhos, a Tropa de Homens Bonitos, incluindo Lee, Eddie,
Mace, Vance e Hank estavam todos olhando para mim, e Lee
e Eddie tinham perdido sua aparência assustadora.
Hank estava me olhando como se quisesse tirar um
pedaço de mim.
Meu coração disparou e minha cabeça ficou tonta. Eu me
recuperei rapidamente.
— O quê? — Eu perguntei depois de engolir. — São bons.
A mão do tio Tex foi para o topo da minha cabeça.
— Você pode dizer que ela é da família.
Ally surgiu enquanto Indy tirava rapidamente o copo
número 3 de Martini vazio da minha mão e o trocou pelo
número quatro cheio, mais conhecido por todos como Martini
Garota Safada.
— Ouvi que você comprou um telefone celular para Tex,
— Ally disse.
— Sim! — Eu respondi talvez um pouco entusiasmada
demais para um celular novo com garantia, e tirei do meu
bolso. — Vou pegar o número de todos para ele. Qual é seu
número? — Eu o abri, inclinei a cabeça e apertei os botões
que adicionariam os números à lista telefônica.
— Não vou usá-lo, — disse o tio Tex.
— Confie em mim, você vai usá-lo, — disse-lhe.
— Desperdício de dinheiro bom, — tio Tex disse.
Olhei para cima e fiz uma carranca para ele.
— Eu estou dizendo a você, tio Tex, que você vai usá-lo!
— Não era nada demais continuar dizendo a ele, ordenando-o
a usá-lo.
Ele sorriu.
— Garota querida, você fica bonita quando está nervosa.
— E você é irritante quando é teimoso, —revidei e tomei
um pequeno gole de Martini (Ok, talvez tenha sido um grande
gole), portanto, jogando-me na Terra do Martini Garota
Safada.
Ele apenas balançou a cabeça para mim como se eu fosse
engraçada.
Minha carranca escureceu.
— O que acontece quando Nancy quiser se encontrar com
você e você está fora no El Camino? Hein? O que, então?
O rosto do tio Tex ficou vermelho e não era de raiva, ou
talvez, melhor dizendo, não era inteiramente da raiva.
Se estivesse prestando atenção (que eu não estava,
estava bêbada demais para prestar atenção), teria notado que
todas as mulheres na minha vizinhança (incluindo Indy, Ally,
Jet, Daisy e Trixie) sorriram e todos os homens (incluindo o
Hank, Lee, Vance, Mace e Eddie) ficaram tensos.
— Roxie, — disse uma voz profunda atrás de mim. Não
era uma voz que era totalmente familiar para mim, mas, eu
sabia de qualquer forma.
Era o Hank.
— Bem? — Eu perguntei a tio Tex, ignorando Hank e
colocando a mão com o celular no meu quadril.
— Roxanne Giselle, você está viajando, tentando sua
sorte, — tio Tex disse em um tom baixo.
— Ha! — Eu respondi. Não era muito como um revide,
mas senti Hank atrás de mim e isso era tudo o que eu
poderia dizer.
Tex inclinou-se, a mão do Hank enrolado em meu braço e
puxou-me longe da pose ameaçadora do tio Tex e de volta
para seu corpo. Eu estava muito bêbada para uma manobra
evasiva e de qualquer forma, gostei da sensação do seu corpo
contra mim.
Os olhos de Tex me ultrapassaram.
— Nightingale, talvez você deva levá-la para dar uma
volta e programar seu número em meu telefone novo.
— Eu acho que é uma boa ideia, — Hank disse atrás de
mim.
A sanidade voltou e eu estava pensando que era uma
ideia muito, muito ruim.
Tarde demais, Hank me virou para o lado, então para
frente e atravessamos a sala de jantar. Ele pegou um casaco
da parte de trás de uma cadeira e então me empurrou pela
cozinha e fora pela porta dos fundos.
* * * * *
Foi quando tudo começou.
O começo do fim.
* * * * *
O ar frio da noite lá fora foi como um tapa na cara. Se eu
não estivesse na Terra do Martini Garota Safada, teria curado
instantaneamente. Infelizmente, estava profundamente na
Terra do Martini Garota Safada. Tão profundamente, que
estava saltando sem direção através da floresta do Martini
Garota Safada e saltando sobre os riachos do Martini Garota
Safada, completamente alheia a tudo.
Eu enfiei o celular no bolso de trás e olhei no rosto de
Hank.
— Tio Tex é teimoso, — eu disse, soando arrogante.
Hank tinha ligado à luz de fora e havia um poste no beco
atrás da casa de Indy. Ambos nos iluminando e vi como ele
andou até mim e jogou o casaco. O braço dele veio ao redor
de um lado meu, a outra mão apareceu do outro lado para
pegar a borda e colocar a jaqueta em torno de meus ombros.
As duas mãos puxaram o paletó fechado no meu pescoço e
ficou lá.
Eu me aqueci imediatamente, mesmo que eu tremesse.
— Acho que é de família, — Hank comentou.
— Eu não sou teimosa! — eu retruquei, embora eu
soubesse que eu era.
— Certo. — Ele respondeu, mas seus lábios estavam
tremendo.
— Nós devíamos ir lá dentro, mostrar a tio Tex como usar
seu telefone. É bom para emergências, e, se as histórias que
ele me contou for qualquer coisa como ele disse, existem
muitas emergências entre todos.
Os olhos de Hank bloquearam nos meus.
— Tenho que admitir, essa é uma verdade.
— Whisky, apenas a verdade, é um eufemismo.
Suas mãos se flexionaram e chegou mais perto. Meu
corpo paralisou enquanto ele invadia meu espaço.
— Whisky? — Ele perguntou baixinho, seus olhos
homônimos ficaram lânguidos e meu coração pulou no meu
peito.
Eu ignorei a sua pergunta, os olhos, meu coração e
inclinei-me de volta um pouco. Não estava tão longe assim na
Terra do Martini Garota Safada para perder tanto assim meu
rumo de segurança.
Eu continuava obstinadamente.
— Pelo que eu li em suas cartas, tio Tex respeita você. Se
você dissesse a ele para usar o telefone, poderia fazê-lo.
— Acho que seria uma boa ideia se você deixar o telefone
em paz.
Inclinei a cabeça para o lado e estreitei os olhos para ele.
Antes que pudesse responder, ele perguntou, — Não é
teimosa?
— Não, —menti imediatamente.
— Certo. — Então, ele sorriu, no máximo, desta vez.
— Para de sorrir para mim, Whisky. Eu não sou teimosa.
— Próxima coisa, você vai me dizer que você não é de alta
manutenção.
Eu fiquei boquiaberta.
— Eu não sou!
Eu era. Eu era totalmente de alta manutenção. Os olhos
dele moveram-se sobre meu rosto.
— Jesus. Ontem, se alguém me dissesse que a sobrinha
do Tex era parecida com você, eu teria rido na cara deles. Agir
como você, talvez, mas se parecer com você, de jeito nenhum.
— O que você quer dizer com isso?
— Quero dizer teimosa, cheia de atitude, um pouco
louca.
— Eu não sou louca! — Eu era louca, embora não tão
louca como tio Tex.
— Certo, — Hank disse outra vez.
— Você me conhece o que? Dez segundos? E você acha
que me desvendou.
— Querida, eu te desvendei no minuto que você entrou
na Fortnum’s.
Senti minha respiração falhar e então, parar.
Com esforço, soltei e exalei o ar. Eu decidi empurrar a
questão, não me pergunte por que, era estúpido. Então,
novamente, eu estava um pouco irritada (Ok, talvez muito
irritada).
— E você acha que eu pareço de alta manutenção?
— Eddie disse isso e Eddie está certo.
Deus do céu. Eles tinham falado sobre mim.
— É por isso que Eddie não gosta de mim, — eu disse.
Seu sorriso desapareceu, as mãos dele caíram e ele se virou.
Eu não gostei disso. Gostei de suas mãos onde elas
estavam, fizeram-me sentir quente e, se eu fosse honesta,
segura.
— Eddie não tem muita paciência para alta manutenção.
— Eddie não me conhece bem o suficiente para me julgar
e você também não.
— Eddie vai te conhecer, e ele vai superar isso. Eu já
superei.
Não queria que ele superasse. Não quero que faça nada.
Isto não era totalmente verdade, mas eu estava tentando
ir com esse pensamento, o melhor que pude, considerando
que estava altamente embriagada.
Hank me observava e poderia dizer que estava lendo
meus pensamentos.
— Quanto tempo ficará em Denver? — Ele perguntou.
— Um tempo.
— Quanto tempo é um tempo?
— Ainda não decidi.
— Tempo suficiente para jantar comigo?
Puta merda. Eu tinha lido nas cartas do tio Tex, mas
agora estava bem aqui na minha frente. Quando eles queriam
algo, estes rapazes de Denver não fodiam por aí.
Eu pisquei para ele.
— O quê? — Eu perguntei.
— Você me ouviu.
Eu pisquei novamente.
— Isso não é uma boa ideia, — eu respondi e joguei meu
braço para dar ênfase.
Infelizmente, a mão presa ao meu braço ainda estava
carregando um Martini e esparramou pelos tijolos do quintal
e na jaqueta do Hank.
— Merda! Desculpe-me, — eu disse, virando para colocar
o copo sobre uma mesa e indo em direção à porta, usando
isso como o que eu considerava uma oportunidade de ouro
para executar um plano de fuga. — Eu vou pegar uma toalha.
Hank pegou meu braço e me parou.
Plano de fuga frustrado.
— Não se preocupe — ele disse.
— Eu derrubei vodca no seu casaco.
— Isso vai ser limpo.
Olhei para ele.
— Isso não vai limpar, é camurça. Caramba, está
encharcado. Vou comprar um novo.
— Você não está comprando-me um casaco novo.
— Eu vou, este vai estar arruinado, — disse a ele. —
Temos que buscar uma toalha.
— Você está evitando a minha pergunta.
— Você está evitando a mancha de vodca!
Eu estava evitando sua pergunta. Eu estava evitando
com tudo o que tinha.
Ele me puxou mais perto para ele.
— Vamos voltar ao jantar. Amanhã à noite. Eu vou te
buscar as dezoito e trinta. Onde você está ficando?
Eu balancei minha cabeça, — Tio Tex e eu estaremos
com os gatos.
Não foi bom, mas foi o melhor que consegui. Ele me
puxou mais perto ainda.
— Há uma razão para que você não queira jantar comigo?
— Ele perguntou.
Sim, havia uma razão; havia milhões delas. Nenhuma
das quais vou partilhar, a maior de todas era Billy.
— Não, — eu menti.
— Onde você está ficando? — Hank, obviamente, também
pode ser teimoso.
— Ouça, Whisky, estou aqui para ver o meu tio, então,
estou fora.
Ele chegou ainda mais perto, puxando-me na frente dele
para que meus seios quase encostassem com o peito dele. Ele
olhou para mim e sorriu.
Minha mente ficou em branco e fiquei olhando.
Pode parecer estúpido, mas seu sorriso era
deslumbrante. Ele tinha ótimos dentes.
— Querida, — ele disse em voz baixa. — Você estava aqui
para ver seu tio até você entrar na Fortnum e me ver e eu te
ver. Você sabe disso e eu sei disso. Você quer que eu te
convença. Estou preparado para fazer isso.
Opa.
Meu estômago se retorceu e eu podia sentir meus seios
incharem, tanto assim, que fiquei surpresa que eles não
cutucaram seu peito.
Eu queria que ele me convencesse, queria muito. Talvez
fosse por isso que eu disse o que disse em seguida.
— Você não tem ideia de por que estou aqui.
Seu rosto se aproximou ao meu e por algum motivo, não
me mexi.
Eu realmente deveria ter me movido.
Com seus olhos olhando nos meus, ele disse: — Não, não
tenho. Mas você vai me dizer no jantar amanhã à noite.
— Acho que não.
— Sim.
Comecei a entrar em pânico, principalmente porque eu
estava percebendo que se não saísse daqui ele ia me beijar.
Puxei meu braço.
— Eu preciso ir lá dentro.
A mão que não estava no meu braço veio para meu
quadril e seus dedos me apertaram suave, mas firme,
segurando-me onde eu estava.
— Onde você está ficando? — Ele perguntou. Meu
coração acelerou.
— Deixe-me ir.
— Vejo que tenho que convencê-la, —disse isso como se
fosse uma reviravolta vantajosa que lhe agradou muito.
Eu ia dizer não. Deveria ter sido mais rápida, mas sua
mão no meu quadril puxou-me contra ele, abaixou a cabeça e
ele me beijou.
Deus do céu.
Era verdade, estes rapazes de Denver não fodiam ao
redor. Não foi um beijo suave ou macio, uma carícia ou um
toque de lábios. Foi um beijo, beijo; sua boca se abriu sobre a
minha, sua língua insistente contra meus lábios até que eles
se separaram (o que, tenho medo de admitir, não precisou de
muita insistência) e em seguida sua língua deslizou para
dentro.
Os dedos dele pararam de apertar meu quadril,
principalmente porque eu tinha me inclinado sobre ele, meus
braços levantaram e deslizaram em seu pescoço e a mão
esquerda entrou em seu cabelo. Eu inclinei a cabeça para o
lado e beijei-o de volta.
Não pude evitar, foi o melhor beijo que tive. Passou até
mesmo os melhores talentos com a boca de Billy, por uma
milha.
Quando ele levantou a cabeça, mantive meus olhos
fechados e respirei.
— Puta Merda.
— Onde você está? — Perguntou-me contra a minha
boca.
— Marriott Towneplace Suites em Speer.
— O antigo prédio da Hirschfeld Press?
Concordei, ainda me sentindo um pouco tonta pelo beijo
e quente e acolhida, pressionada contra seu corpo rígido,
mesmo que o casaco manchado de vodca tinha caído dos
meus ombros.
— Luz do sol, abra os olhos, — ele sussurrou.
Eu abri meus olhos e ele estava sorrindo para mim.
— Agora tenho outra pergunta.
Merda.
Eu já disse demais.
Lutei contra o puxão do Martini Garota Safada, a mão no
meu quadril deslizou para minha cintura e segurou-me perto.
A outra foi para o meu pescoço.
Perdi a minha luta contra o puxão do Martini Garota
Safada.
— Por que agradeceu a Indy antes de sair da Fortnum’s?
— Olhei para ele por um segundo, não me lembrando, então
me lembrei.
Como isso não foi uma pergunta perigosa, eu respondi.
— Ela trouxe tio Tex para mim.
Seu braço apertou e o dedo deslizou pelo meu queixo.
— Como é isso? Vocês são próximos.
Eu balancei minha cabeça, — Até hoje, nunca o conheci.
— Ele piscou, devagar.
— Sério? — Ele perguntou.
Minhas mãos moveram-se para pressionar contra o peito,
mas ele não se afastou. Desisti e deixei minhas mãos onde
elas estavam.
— Sério. Nós temos escrito para o outro desde que eu era
uma garotinha, mas não nos conhecíamos. Ele cortou fora a
família depois de voltar da guerra. Falava apenas comigo e
somente por meio de cartas.
— Cristo. — Hank murmurou.
— Ele tem escrito sobre vocês todos por meses e eu sei
que Indy o tirou de sua casa e deu-lhe um emprego. Achei
que era hora de tentar vê-lo e espero que eu possa recuperá-
lo para a família.
Os olhos dele fixaram nos meus.
— É por isso que está aqui?
Não era, não inteiramente. Era muito importante mentir
sobre isso, então não respondi nada.
— Você pediu-lhe para ir para casa com você? — Hank
tentou.
Balancei a cabeça.
— Algo do tipo, mas ele ainda não está pronto.
— Espero que você não desista.
Eu balancei minha cabeça.
— Boa menina, —sussurrou.
Ter a aprovação dele parecia como se tivesse embrulhado
seu casaco em volta de mim novamente.
— Você me deixará ir agora?
Sua mão deslizou ao longo do pescoço e, em seguida, em
meu cabelo de cima até atrás da minha cabeça.
— Depois que você me prometer que estará no Marriott
amanhã às dezoito e trinta quando eu for te buscar.
— Eu prometo, — menti com grande remorso. Eu não
estaria em nenhum lugar perto do Marriott, mesmo que eu
desejasse que pudesse estar.
Ele balançou a cabeça.
— Você sabe que eu sou um policial?
Eu assenti.
— Você sabe que Lee possui um serviço de investigação
privada? — Minhas sobrancelhas se aproximaram, mas
concordei novamente.
— Você sabe que todos os meninos na sua folha de
pagamento são experientes caçadores de recompensa?
Meus olhos se arregalaram. Não sabia disso.
— Realmente?
— Sim.
— Por que está me dizendo isso?
— Porque, se você não estiver no Marriott, eu vou
encontrar você ou um deles vai e eles vão trazer você para
mim.
Puta merda.
Minha garganta fechou com medo e eu engoli duro para
abri-la.
— Você está brincando?
— Não.
Rapaz, eu estava em apuros.
— Por quê? — Eu perguntei.
— Você sabe por quê.
Eu sabia. Eu sabia o porquê. Eu sabia exatamente por
que.
Atração fatal.
— Whisky...
— Luz do Sol, prometa-me agora e estou falando sério.
Pensei sobre isso. Eu poderia jantar com Hank. Então,
estaria tudo acabado. Então, encontraria um tempo para
contar a tio Tex meu plano, colocaria as migalhas para Billy
encontrar-me e voltaria para Chicago com ele.
Então, pegaria meu estoque de roupas e dinheiro com
Annette e, com a ajuda do tio Tex, desapareceria por tempo
suficiente para Billy esquecer-me e seguir em frente.
E, ao mesmo tempo, teria uma memória agradável, uma
boa refeição com um cara bonito.
Eu suspirei.
— Ok, eu prometo estar no hotel.
Eu pensei que era só isso, mas seus lábios encontraram
os meus, sua mão na parte de trás minha cabeça inclinando
meu rosto acima e ele me beijou de novo. Foi uma repetição
do primeiro, mas melhor (se alguém pudesse acreditar).
Quando terminamos, meus braços estavam novamente
no seu pescoço.
— Eu vou ter que pedir para parar de beijar-me, —
sussurrei, e, até mesmo para mim, não pareceu muito
convincente meu pedido.
Ele sorriu.
— Não vou parar de te beijar, mas vou esperar até
amanhã à noite para fazê-lo novamente. — Sua mão mexeu
suavemente em meu cabelo e sua boca foi ao meu ouvido.
Então, ele disse, — E, assim que puder, vou provar mais do
que os teus lábios. — Deus do céu. Minha cabeça ficou tonta,
meus seios incharam novamente, meus mamilos ficaram
duros e meus joelhos ficaram tão fracos, que tive que segurar
firme.
— Você está indo muito rápido, —sussurrei.
Ele beijou meu pescoço, levantou a cabeça e olhou para
mim.
— Querida, eu pretendo ir tão rápido, que você vai ficar
tonta —prometeu.
Era tarde demais para isso.
Capítulo 4
Olhos bem abertos
Estava deitada em um sofá na Fortnum’s, pés em cima
do apoio de braço, joelhos dobrados, olhos fechados, braço
sobre meu rosto, sem me importar se os clientes pensassem
que era uma louca. Estava ouvindo Bruce Springsteen
cantando - Thunder Road- no meu MP3 player, esperando tio
Tex terminar o trabalho e tentando esquecer a noite passada.
Depois que Hank me levou de volta para dentro da casa
de Indy, aceitei o Martini número cinco, ou Martini Garota
Estúpida. Se bem me lembrava, passei o resto da noite ao
lado de Hank, rindo da minha tolice. E, acho que passei
algum desse tempo segurando a mão dele.
Deus do céu.
Felizmente, antes que conseguisse o Martini número seis
ou bancasse o Martini Garota Vomitada, tio Tex levou-me
para o meu hotel. Fiquei deitada na cama até o quarto parar
de girar e adormeci.
Acordei sentindo que tinha sido atropelada por um
caminhão. Fiquei debaixo do chuveiro até que pudesse abrir
meus olhos sem que os sentisse queimando buracos no meu
crânio. Eu me arrumei, cheia de maquiagem e cabelo solto.
Optei por jeans, porque tudo combina com jeans e não tive a
capacidade cerebral de recompor um figurino completo. Era
uma segunda-feira, Hank estaria trabalhando e eu não o
encontraria. Não precisava ser Garota Glamorosa de Alta
Manutenção, até as dezoito e trinta desta noite.
Combinei o jeans com uma camisa sem gola, branca, com
botões na frente e tinha várias linhas de babados em
miniatura ao longo do peito. Eu completei com uma
gargantilha Me&Ro no meu pescoço e meus brincos de argola
Me&Ro e um par de sapatilhas prata.
Entrei na Fortnum após manobrar pelas quatro faixas de
tráfego na Broadway e tio Tex, Duke e Indy todos me olharam
através da fila de clientes.
— Merda, garota — tio Tex sorriu enquanto chegava até o
balcão, cortando a fila e não dando a mínima pra isso.
— Café, — eu respirei.
— Ei, sou o próximo — o homem na frente da fila, disse.
Eu me virei para ele.
— Tomei cinco Martins ontem à noite e beijei um cara
muito quente que mal conhecia. Duas vezes, — disse a ele.
— Você pode ir primeiro, — ele disse.
Indy riu.
Eu peguei meu latte de caramelo e descobrir por que Indy
contratou tio Tex. O latte estava sublime.
— Tio Tex, isto é lindo, — disse a ele.
— Você tem espuma na boca, — ele disse.
Eu lambi.
Duke estava me encarando.
Então, ele olhou para Tex.
— Será que não podíamos ter, assim, talvez uma semana
antes que a próxima rolasse pela porta?
— Temos que aceitar o que a vida manda, — tio Tex disse
com um encolher de ombros.
Olhei entre eles.
— Do que eles estão falando? — Eu perguntei a Indy,
tomando outro gole.
Ela estava mexendo na bolsa dela. Ela tirou um frasco de
comprimidos, sacudiu dois ibuprofenos e passou-os para
mim.
— Tex disse sobre os problemas de Jet? — ela perguntou.
Eu engoli os comprimidos com outro gole de café com leite.
— Você quer dizer sobre o estuprador e o agiota e seu pai
estar no hospital após ser jogado de um carro em
movimento?
Os olhos do cliente ao meu lado saltaram da sua cabeça.
Eu o ignorei e Indy também.
Ela disse — Bem, isso tudo terminou na sexta-feira. Você
chegou no domingo. Vendo como você e Hank, hum...
parecem ser, hum...
Interrompi-a, — Sim, e...?
— Bem, eu acho que Duke está com um pouco de medo.
— Um pouco de medo, um inferno. Hank é foda, — ele
olhou para mim. — Sem ofensa, mas você vai deixa-lo moído,
eu posso ver. E, sem dúvida, todos nós vamos cair com ele.
Eu pisquei.
— Estou na cidade só por alguns dias, — eu disse.
— Já estou vendo isso chegar, — disse Duke.
— Aleluia! — Tio Tex gritou. — Sem pausas desta vez,
vamos continuar animados, querida menina, isso é o que eu
digo.
Eu olhei para a Indy.
— Acho que vou vomitar, — eu disse.
— Ressaca? — Ela perguntou.
— Também.
Ela riu novamente, mas eu não consegui descobrir o que
era tão engraçado.
Nesse ponto, Daisy apareceu na porta vestindo um
agasalho Juicy Couture rosa de veludo, super justo, com
zíper da blusa aberto para o que só poderia ser chamado de
Zona do Decote Perigoso e uma bandana trançado em torno
de sua testa, parecendo-se Dolly Parton a meio caminho de se
transformar em Jackie Stallone, mas mais jovem.
— Ei Roxie! Passei para ver se você queria fazer uma
caminhada comigo enquanto Tex está trabalhando? — ela
disse.
Meu estômago virou.
— Vou comer um cheeseburger, — eu respondi.
Cheeseburguer (com fritas) era a única cura de ressaca
que eu sabia que funcionava. Só levava quinze minutos após
a última fritas ser mastigada e engolida, mas eram quinze
minutos de nirvana.
Daisy franziu a testa.
— Docinho, cheeseburguers meio que acabam com o
propósito de uma caminhada.
Como que essas pessoas acabam com as ressacas? Todos
estavam comigo, bebida por bebida. Era irreal.
Achei que tinha que ser a altitude.
— Talvez você possa fazer uma super caminhada até a
lanchonete e voltar, — sugeriu Indy.
— Talvez você possa fazer uma super caminhada até a
Sibéria e ficar por lá. — Duke acrescentou.
Virei-me e fiz uma careta para Duke.
— Merda. — Ele disse quando ele viu minha carranca. —
Hank está fodido.
— Hank vai ser fodido, se me perguntar — Daisy riu e
soou como o tilintar de sinos.
— Entrei num hospício — disse outro cliente
involuntário, esta era uma mulher.
— É sempre assim por aqui, — respondeu o cliente. — É
por isso que eu venho, é como estar em um sitcom que
poderia apenas ir ao ar na HBO.
Eu não tinha um bom pressentimento sobre isso. Daisy
agarrou meu braço e fez uma super caminhada por alguns
quarteirões até um fastfood na esquina da Broadway e
Alameda.
Enquanto estávamos na fila esperando por meu pedido,
que consistia de uma refeição de tamanho ultra
cheeseburguer e quatro doses extras de batatas ultra, ela me
disse: — Bem, diga a Daisy tudo sobre isso.
— Sobre o quê? — Eu perguntei.
— Sobre tudo o que está fazendo seus olhos tristes.
Puta merda. Eu era tão óbvia?
— Nada está me deixando triste, — eu menti.
Ela me olhou por um tempo. O cara do balcão passou-me
a minha sacola e, então, ela disse: — Quando você estiver
pronta para falar, estou aqui, entendeu?
Eu assenti.
Ela deixou pra lá. Esqueceu isso e eu gostei ainda mais
dela.
Embora, não pudesse compartilhar, senti-me mal com
isso.
Caminhamos de volta um pouco mais devagar,
principalmente, porque eu estava comendo minha refeição de
tamanho ultra cheeseburguer e Daisy estava programando
números de telefone em meu celular (apenas no caso).
Quando chegamos a Fortnum, acabei as fritas e engoli
toda minha coca diet (porque, mesmo se eu tivesse devorado
uma refeição de tamanho ultra, havia uma lei das meninas
que dizia que deveria ser com uma bebida diet) e pedi outro
latte de caramelo.
A quantidade de clientes havia diminuído, Daisy e Indy
estavam conversando no balcão de livros, Duke tinha
desaparecido e tio Tex estava sozinho atrás da máquina de
café expresso.
— Pelo que eu entendi, seu namorado perdedor é a porra
de um ex-namorado perdedor, já que você estava de mãos
dadas com Hank na noite passada.
Eu suspirei.
— Podemos falar sobre isso mais tarde?
— Eu tenho muito respeito por Hank, ele é boa gente.
Diga-me que acabou com aquela doninha filho da puta.
— Terminei com Billy, eu terminei faz muito tempo. Só
ele que não terminou comigo. Vou jantar com o Hank, mas só
porque ele é persuasivo.
— Aposto, — tio Tex disse.
— É só um jantar. Nada mais, não até que eu acabe com
Billy.
— Jantar talvez seja só um jantar em Chicago, mas não é
em Denver. Não brinque com esses rapazes, você sabe o que
estou dizendo? — Tex perguntou,
Eu já tinha aprendido isso.
Ele continuou mesmo assim.
— Indy foi viver com Lee após cerca de um dia. Jet foi
com Eddie, pelas minhas contas, depois de menos de uma
semana. O jeito que Hank olha para você, acho que menos de
quarenta e oito horas.
Deus do céu.
Ele continuou.
— Eu sou seu tio de merda e eu gosto daquele rapaz o
suficiente para dizer, que eu estaria fazendo piruetas se você
ficasse com ele.
Rapaz, eu estava em apuros.
— Falaremos sobre isso mais tarde, está bem?
Ele olhou para mim por algum tempo, então ele disse, —
Ficaremos aqui por algumas horas então vamos ir a algum
lugar e conversar. Não quero você caminhando por aí e sendo
sequestrada ou tendo seu carro explodindo.
Meus olhos saltaram e ele encolheu os ombros. — Tem
acontecido por aqui.
Santo Deus.
Eu me sentei no sofá, escolhi Springsteen e escutei
“Candy´s Room” , “Incident on 57th Street” e estava curtindo
- Thunder Road- , mesmo que minha ressaca tivesse voltado
como uma vingança, quando senti o movimento ao meu lado
no sofá e algo pressionado contra o meu quadril.
Abri meus olhos.
Hank estava sentado ao meu lado, o quadril dele contra o
meu. Merda.
— O que está fazendo aqui? — Eu perguntei.
Por alguma razão, isso o fez sorrir e meu estômago
apertou.
Ele arrancou o MP3 player da minha mão e virou-o para
olhar o visor. Seu olhar ficou preguiçoso com o que ele viu,
mas ele tocou com o polegar e a mega-explosão de música
diminuiu para um sério nível de rock ' n' roll.
Então, ele se inclinou para baixo, os dedos dele
encontraram o cabo para os fones de ouvido que estava
descansando contra meu peito, ele puxou isso e tirou meu
fone de ouvido da minha orelha enquanto seus lábios foram
até lá.
— Você está gritando, — ele sussurrou. Que droga.
Eu era uma fracassada.
— Embora, Springsteen valha a pena. — Ele finalizou.
— Você não tem um emprego? — Eu perguntei, quando
sua cabeça surgiu e a mão dele passou longe do meu peito e
estabeleceu-se no lado oposto ao meu corpo, no sofá na
direção do meu quadril, fazendo-o inclinar-se mais em mim.
Eu estava tentando ignorar o fato de que, embora, não
fosse nem meio-dia, me tinha feito de boba em uma loja de
livros usados em Denver pelo menos meia dúzia de vezes.
— Vim pegar café — Hank respondeu.
— Oh.
— Quer almoçar?
— Vou almoçar com tio Tex.
Ele olhou para o balcão do café. Mudei a minha cabeça
no assento do sofá e olhei também. Havia quatro pessoas na
fila e duas pessoas esperando no fim do balcão para o seu
café. Tio Tex trabalhava a máquina de café expresso como um
doido, batendo e batendo como se cada café precisasse ser
criado com tanta violência quanto possível.
— Ele pode estar atrasado. — Hank disse, olhando para
mim.
— Tive uma refeição tamanho ultra de cheeseburger, —
disse a Hank. — Não estou com fome.
Seus olhos se afastaram para baixo em meu corpo, então
até meu rosto novamente.
Fazia tempo que isso não acontecia comigo, mas eu tinha
certeza que estava vermelha.
— Então, talvez você me faça companhia enquanto eu
almoço, — ele sugeriu.
— Não quero estar perto de comida, vou passar mal.
Estou de ressaca. Provavelmente, muita ressaca até para
jantar. Não estive com uma ressaca dessas desde que Purdue
venceu IU no Ross-Ade4 no meu último ano.
— Então, nós vamos ter uma noite tranquila. — Ele tinha
uma resposta para tudo.
Antes que eu pudesse responder, ele observou.
— Você é uma Boilermaker5.
— Hoosier6 por nascimento, Boilermaker, pela graça de
Deus. — Saiu da minha boca por hábito; eu dizia isso desde
que eu tinha três anos, quase desde que eu disse - vai,
Cubbies7, vai. — Eu não dizia isso para ser bonita, ou flertar,
ou pra ser engraçada.
O olhar de Hank disse-me que ele entendeu das três
maneiras, me sentei colocando meus cotovelos atrás de mim,
então eu estava (um pouco) cara a cara com ele.
— Whisky, não tenha ideias. Meus reflexos estão lentos.
Ainda não estou certa sobre esse jantar.
— Você está certa.
— Eu não estou. Estou em Denver para negócios
pessoais, negócios com tio Tex. Não preciso complicar as
coisas.
— Que tipo de negócio pessoal?
— Negócios que são pessoais. — disse em resposta.
Ele sorriu.
4 é um estádio em West Lafayette, Indiana.
5 Apelido dos estudantes da Universidade Pardue.
6 Nascida em Indiana.
7 Time de baseball.
— Por que você não me acompanha até meu carro e eu
vou ser um pouco mais convincente para que você tire algum
tempo para mim na sua agenda. — Ele insistiu.
— Chega de convencimento! — Eu gritei, e todos olharam
para nosso lado, clientes e todos os outros. Eu baixei minha
voz e sussurrei.
— Você prometeu, não até a noite.
— Eu posso esperar até a noite.
Bom Deus, eu caí direitinho nessa.
— Você é um filho de uma puta arrogante. — Eu disse-
lhe, claramente.
O que posso dizer? Estava de ressaca e, em casa, havia
outro homem dormindo na minha cama. Ok, então, talvez
Billy estivesse na estrada, procurando por mim e não estava
dormindo na minha cama. E, talvez, eu e o Billy não
tivéssemos sexo em mais de um ano (mesmo que ele tentasse
e estava começando a ficar puto com minha falta de
resposta). Mas, ainda assim, eu tinha que resolver as coisas
com Billy, antes que Hank entre em meu futuro e,
definitivamente, meu presente.
— Luz do sol, você é sensacional mesmo quando você
está sendo uma puta.
Eu fiquei boquiaberta.
Então, eu estreitei meus olhos.
— Não me chame de puta.
— Deixe-me ver se entendi, você pode me chamar de filho
da puta, mas eu não posso retaliar do mesmo modo?
— Isso mesmo.
Ele sorriu novamente.
Eu estava em grandes apuros, nada abalava esse cara.
Talvez, fosse porque eu não queria realmente abalá-lo.
Tudo bem estava na hora de ficar séria.
— Whisky, você não tem ideia de onde está entrando
comigo.
Sua outra mão desceu para o sofá e ele se inclinou para
mim, tão perto que seu rosto estava apenas a uma polegada
de distância.
— Roxanne, ouça atentamente. Um olhar para você e eu
sabia que os problemas te seguiam, estou te dando tempo
para que me conte. Se isso não acontecer, entrarei em ação
quando esse problema te alcançar. Neste momento, estaria
fazendo isso por Tex e por curiosidade sobre você. Depois
desta noite, acho que estarei fazendo isso por outras razões.
Merda!
Não sabia o que dizer, então, fiz a coisa certa pela
primeira vez e não disse nada.
Ele entendeu.
— Eu posso entender seu mecanismo de defesa, mas você
tem que saber, você não tem nenhuma razão para me
proteger. Eu tenho meus olhos bem abertos...
Eu estava começando a ter dificuldades em respirar.
— Hank, — eu sussurrei, interrompendo-o, mas ele
continuava.
— E eu gosto do que eles veem.
Opa.
— Estou em apuros. — Eu disse.
— Já sei disso.
— Eu estou falando sobre você.
— É bom saber que tens os olhos abertos também.
Ele nem me deixou entender. Beijou meu nariz, levantou-
se, pegou seu copo de café na mesa e foi-se embora.
— Puta merda, — eu respirei.
— Docinho, você pode dizer isso mais uma vez, — Daisy
falou. Ela estava sentada no balcão de livro, pernas cruzadas
e folheando uma cópia da revista Us. Embora, as mãos dela
estivessem movendo as páginas, ela estava olhando para a
porta que tinha fechado atrás de Hank.
— Puta merda —disse de novo.
— Estamos todos fodidos, — Duke disse com sua voz
grave de algum lugar dos livros.
Tive a sensação que ele não estava errado.
* * * * *
Tio Tex saiu do trabalho e me levou para um restaurante
do Oriente Médio na Universidade Boulevard chamado
Jerusalém. Ambos pedimos o prato do dia, que chegou
repleto arroz, baba ghanoush, hummus, salada, tabule folhas
de uva recheadas, falafel, carne apimentada, três tipos de
espetinhos e pão pita.
— Puta merda. Eu nunca vou ser capaz de comer isto —
eu disse, olhando para meu prato.
— Então, não come, fale. O que está acontecendo com
você? — Eu comecei a comer.
— Roxanne Gisele...
— Nossa, tio Tex, você se parece mesmo com mamãe. —
Seus olhos piscaram, dor cortou através deles e eu desejei
que tivesse ficado calada.
— Ok, eu irei falar, — eu disse, principalmente para tirar
sua mente fora do que quer que fosse que estava
machucando-o.
Contei-lhe sobre Billy.
No meio da história, próximo à parte da marreta, ele
gritou (pita pão e baba ghanoush voando para fora da boca).
— Eu vou matar aquele filho da puta!
Eu olhei ao redor para nossos vizinhos afugentados.
— Tio Tex, acalme-se, — eu sussurrei.
Ele engoliu.
— Termine! — Ele exigiu, circulando seu garfo para mim.
Eu terminei a história.
Em seguida, Tex disse, — Você não tem que ficar fugindo
daquele idiota. Uma palavra para Lee e ele dá um jeito na sua
bunda e fica tudo certo.
De maneira nenhuma. Nem no inferno.
— Não, tio Tex, sem palavras para Lee, Hank, Eddie, a
Indy, a ninguém.
— Lee é um cara durão. Lee faria Hitler tremer nas suas
botas idiotas brilhantes, mesmo com o exército alemão
parado em suas costas.
— Não.
— Roxie, querida, seu plano é uma merda.
— Tenho trabalhado nesse plano há anos!
— Ainda é uma merda.
Eu fiz uma carranca pra ele.
— Tio Tex, eu me meti nessa confusão. Eu saio dela.
Ele balançou a cabeça.
— Não vai acontecer. Vou falar com os rapazes. — Ele
disse como se fosse o fim.
Bati minha mão na mesa para obter a sua atenção e os
olhos do tio Tex travaram nos meus.
Eu respirei fundo e disse: — Eu aprecio sua preocupação
e preciso da sua ajuda, mas, vou arrumar isso do meu jeito.
— Roxie-
— Não! — Eu fechei meus olhos e abaixei minha cabeça
na mesa. Então, olhei para cima novamente.
— Tio Tex, eu tenho que ver meus olhos no espelho todas
as manhãs. Depois que fodi sete anos da minha vida, você
honestamente acha que posso apenas entregar meus
problemas para alguns caras que mal conheço e ser capaz de
acordar e olhar nesses olhos?
Ele me encarou.
Finalmente, ele disse, — Jesus Jones, mas você é uma
Mac Millan.
— Pode crer que sou. — Eu disse-lhe com mais de um
pouco de orgulho.
Ele olhou para mim, um pouco mais.
— Certo, — foi tudo o que ele disse.
Senti meu corpo relaxar. — Obrigada.
— Uma coisa, querida menina. Se tiver a menor fodida
suspeita que esse plano de merda esteja dando errado e
marque minhas palavras, vai dar errado, eu vou chamar os
rapazes.
Senti meu corpo ficar tenso novamente.
— Não. — Eu disse.
— Isso inclui Hank.
— Não! — Eu gritei, agora, ignorando nossos vizinhos
afugentados.
— Devo dizer, caralho, que essa porra especialmente
inclui Hank.
— Faça isso e eu vou embora, —ameacei.
— Se for embora, estou colocando Lee na sua bunda. Ele
vai enviar Vance ou Mace para localizá-la. Você não vai
mesmo chegar até a fronteira com o Colorado.
Cara, oh cara, eu estava, sem dúvida, seriamente,
oficialmente em apuros.
— Tio Tex.
Sua mão grande e musculosa levantou e envolveu a
minha. — Só tenho você na minha vida, querida menina, e
nenhuma doninha filha da puta vai levá-la de volta. Ele vai
ter que rachar meu crânio aberto com essa porra de marreta
antes que isso aconteça.
O medo se arrastou até minha garganta novamente,
principalmente porque eu estava preocupada que Bily iria
fazê-lo.
— Tio Tex...
— Não se preocupe, Roxie. Antes que rache meu crânio,
ele teria que quebrar uma dúzia de outros também. Confie
em mim, sei como esses caras trabalham. Ele não iria passar
pela primeira onda.
— Não conheço essas pessoas e você mal conhece.
— Não preciso conhecer muito mais para saber de que
eles são feitos. Vi muita coisa nesses últimos meses. — Ele
apertou minha mão. — Você veio ao lugar certo.
Então, ele se recostou na sua cadeira e jogou a cabeça
para trás.
— Pode vir! — Ele gritou.
Santo Deus.
Sim, sem dúvida, seriamente, eu estava oficialmente em
apuros.
Capítulo 5
Chamadas de telefone
Tio Tex levou-me ao meu carro e eu o segui até a casa
dele e o ajudei a limpar as caixas de areia. Depois, fomos à
loja da esquina onde ele me apresentou ao Senhor Kumar,
seu amigo e fornecedor de mercadorias. Depois, descobri que
tio Tex precisava ficar pronto para seu encontro com Nancy.
No caminho de volta da loja do Sr. Kumar, cantei a
canção.
— Tio Tex e Nancy, sentados em uma árvore —
novamente e ele me pegou, me carregou até meu carro,
pousou-me na rua, virou ao redor e, sem olhar para trás,
caminhou de volta para sua casa.
Hee hee.
* * * * *
Fui para meu hotel e olhei nas minhas malas (Sim, eu
tinha duas, eu era alta manutenção e mulheres de alta
manutenção não saíam sem pelo menos duas malas)
procurando uma roupa para vestir para o meu encontro. Eu
estava olhando as malas, explodindo em desespero, porque,
mesmo que eu tivesse mais roupas nessas duas malas que a
maioria da população da terra possuiria em suas vidas, eu
não tinha uma roupa para usar no meu encontro com
Whisky.
Meu celular tocou.
Eu tensa, olhei para minha bolsa como se fosse uma
coisa viva fora para o meu sangue e eu puxei o telefone fora
da minha bolsa, esperando que ele dissesse que Billy estava
ligando.
Em vez disso, ele me disse que Daisy estava ligando.
Em choque, eu o abri.
— Alô?
— Ei monte de açúcar, o que você está usando para o seu
encontro? — Daisy perguntou.
Sentei-me na borda da cama. Eu conhecia esta mulher
por menos de vinte e quatro horas e ela agiu como se ela me
conhecesse por vinte e quatro anos.
— Não tenho ideia, — disse a ela.
— Ligue para Indy, ela saberá. Ela é boa nessas coisas.
Ouça, você ficará na cidade por uns tempos?
E agora?
— Não sei — respondi.
— Bem, eu e o Marcus vamos ter uma festa, não nesta
quinta-feira, mas na próxima. Adoraria que você viesse.
Isso foi tão doce dela.
— Não sei se eu vou estar aqui, mas se eu estiver, eu irei,
— disse.
— Eu não preciso de números exatos, é para uma
instituição de caridade então vai ter salgadinhos. As pessoas
que vêm possuem a maior parte de Denver. Eles podem se
dar ao luxo de encher suas barrigas antes de aparecer no
castelo.
O castelo?
Daisy prosseguiu.
— É traje formal, tem algo brilhante para usar?
— Um... — Eu não tinha. Billy e eu normalmente não
comparecíamos a negócios formais.
— Não se preocupe, Tod vai emprestar-lhe alguma coisa.
Ele é uma drag queen. Ele tem o melhor armário. Ah! Tenho
que ir, minha massagista está aqui. Ta-ta!
— Tchau, — eu disse ao ar morto. Ela já tinha desligado.
Eu desliguei o telefone e tentei virar o interruptor que
estava me fazendo sentir bem acolhida e segura e
estranhamente em casa (o interruptor não funcionou).
Lavei meu rosto para me preparar para meu ritual de
maquiagem da noite e estava secando o cabelo, quando meu
telefone tocou. Eu olhei para ele na vaidade, certa que seria
Billy, mas em vez disso, disse que era Tod, vizinho de Indy.
Puta merda. Eu sabia que Daisy tinha programado Tod e
Stevie, quando ela estava brincando com meu telefone. Como
Tod tem meu número, eu não sabia.
Eu o abri.
— Alô?
— Ei menina. É Tod. Daisy ligou, disse que precisaria de
algo para vestir para a festa. Venha, nós passaremos por meu
armário, — Tod convidou.
Oh meu Deus, isso foi tão doce.
— Não estou certa de que eu vou estar aqui, — disse a
ele.
— Você tem que estar aqui! Vai ser a festa da década! —
Tod guinchou como se apenas dissesse que eu recusei uma
proposta de casamento do Príncipe Wiliam.
— Hum... — Eu disse.
— Venha de qualquer maneira. Vou pegar uma garrafa de
vinho espumante e o jogo Yahtzee.
— Estou indo a um encontro com Hank.
Silêncio.
Em seguida.
— Merda, esses garotos não brincam. — Ele pode dizer
isso de novo.
Porque eu precisava de ajuda, eu respirei fundo e
confidenciei, — Eu não estou certa do que vestir.
Tod respondeu imediatamente: — Diga-me o que você
tem. — Eu descrevi o conteúdo de minhas malas. O tempo
todo que eu falei, ele murmurou, - Mm hmm. Mm hmm.-
Então, quando eu descrevi o meu top preto com a ampla,
colher pescoço, ele gritou, — Isso! Com jeans e saltos e um
lenço rock 'n' roll. Tem um bom cinto? Esqueça. Eu estou
indo aí com cintos... E cachecóis. Chego aí em dez minutos.
Então ele desligou.
Olhei para o telefone.
Ele estava falando sério?
Puta merda.
Ele não podia estar sério.
Eu não poderia me preocupar com isso. O tempo estava
passando e só agora comecei meus preparativos. Eu comecei
a minha maquiagem e acabei a primeira fase de uma
produção de cinco fases quando o telefone tocou novamente.
Meu corpo não tenso dessa vez, eu podia ver a tela
dizendo - Ally ligando-
Eu já não estava surpresa com esta cadeia bizarra de
chamadas telefônicas.
— Oi, — eu respondi.
— Olá menina, Daisy mandou uma mensagem de seu
número. Você tem uma roupa para seu encontro com o
Hank?
Santo Deus.
— Não, mas acho que Tod está vindo com cintos e lenços.
— Bom de ouvir, Tod vai te ajudar. Quanto tempo você
vai ficar em Denver?
— Não sei.
— Bem, é outubro e estão abrindo as casas assombradas
e vamos, todos nós, Indy, Jet, Daisy e eu. Você tem que ir. É
hilariante.
— Não lido com assustador — informei a ela, pensando
que ela entenderia.
Ela não entendia.
— Perfeito. Não se preocupe. O homem da serra elétrica
nunca tem uma corrente na sua serra. Vamos mantê-la
informada. Tenho que ir. Até mais tarde.
Homem da serra elétrica?
Antes que pudesse perguntar, ela desligou.
Eu estava encarando o telefone na minha mão quando
tocou o telefone do hotel. Eu andei até lá e o peguei, desta vez
preocupada que Bily me encontrou cedo demais. Ou pior,
Hank tinha vindo mais cedo.
— Alô?
— É o Tod, que número do quarto que você está?
Fiquei em silêncio um instante.
Ele estava sério. Como ele ao menos sabia onde eu
estava?
Eu não quero saber.
— 333. — Eu disse.
Desligou.
Deus do céu.
Agora eu sabia como tio Tex tinha sido tão bem,
verdadeiramente e rapidamente abrigado na dobra. Essas
pessoas agiam rápido como relâmpagos.
Houve uma batida na porta e eu abri. Tod entrou
carregando bastante lenços e cintos para dar acessórios a
totalidade da equipe de dança de Purdue Boiler Babes.
Ele entrou jogando tudo em cima da cama.
Fechei a porta e andei de volta para o quarto.
— Tod, ele vai estar aqui em... — Olhei para meu relógio.
Então soltei um pequeno grito.
— Calma, calma, — disse Tod, as mãos para fora na
frente dele, palmas para baixo, pressionando o ar. — Vamos
arrasar. Termine sua cara, eu vou resolver isso.
Então, sem mais delongas, ele começou a cavar através
de minhas malas.
Não tive tempo para enlouquecer que um cara que eu mal
conhecia estava escavando as minhas malas. Hank ia estar lá
em vinte minutos e eu não tinha nem mesmo mudado para a
segunda fase da maquiagem.
Eu estava sombreando e misturando através da fase
quatro quando Tod entrou no banheiro.
— A roupa está na cama, eu desfiz suas malas porque,
garota, você está deixando rugas em algumas de suas blusas
ma-ra-vi-lho-sas. Então eu as pendurei, roupas íntimas e
pijamas nas gavetas. Você pode devolver o cinto e o lenço
para Indy e eu estou pedindo aqueles Manolo Mary Janes
para o meu ato neste fim de semana, se você ainda estiver na
cidade. Eles se encaixam como elas fossem feitas para mim.
— Claro. — Eu disse, mesmo que não fosse um pedido.
Nós beijamos no ar e ele se mandou.
Eu terminei a maquiagem, ajeitei meu cabelo e coloquei o
top preto, calça jeans, um cinto preto de Tod, o Manolo Mary
Janes e enrolei uma vez no meu pescoço um longo lenço fino
rock ‘n’ roll feito inteiramente de miçangas pratas costuradas
juntas. Eu coloquei um amplo bracelete de prata no meu
pulso, minha Raymond Weil no meu outro pulso e algumas
argolas seriamente longas penduradas em meus ouvidos. Eu
estava espirrando Boucheron às seis e vinte e nove e
tentando respirar com calma e chegar a minha zona zen (sem
sucesso), quando meu celular tocou novamente.
Ele disse: — Jet chamando.
Eu abri o telefone.
— Alô?
— Ei Roxie, Daisy me deu seu número.
Daisy estava um pequeno castor ocupado.
— Como está seu pai? — Eu perguntei.
O pai de Jet tinha sido baleado, esfaqueado, espancado,
então lançado de um carro em movimento, na Broadway, fora
apenas alguns dias antes na Fortnum. Transferiram-no para
fora da UTI de manhã e Jet passou o dia no hospital com ele.
— Muito melhor. Respirando, falando, consciente.
Eu sorri.
— Estou feliz.
— Ouvi dizer que você vai sair com Hank esta noite, você
tem algo para vestir?
Bolas! Tive quatro novos melhores amigos e eu os
conhecia há apenas um dia. A próxima coisa, Indy ia estar
ligando, me chamando para uma festa do pijama.
Antes que eu pudesse responder, tocou o telefone do
hotel.
Eu soltei um pequeno grito.
Ouvi Jet rir.
— Hank está aí, — ela supôs.
— Sim, sim, — Eu cantava.
— Respire fundo, — disse Jet.
— Sim, sim, — Eu cantava.
— Talvez ajude se você atender ao telefone, — Jet
sugeriu, mas pude dizer que foi através de um sorriso.
— Calma aí, — Eu disse a ela, peguei o celular da minha
orelha e peguei o telefone do quarto.
— Alô?
— Ei.
Era o Hank.
Minhas pernas não aguentaram e sentei-me na cama.
— Ei, — eu respondi.
— Estou na recepção. Em que quarto está?
Eu não queria Hank no meu quarto. Eu queria Hank
longe de meu quarto. Na verdade, Hank já estava mais perto
do meu quarto do que eu sempre quis que ele estivesse.
— Eu vou descer.
Ele me ignorou.
— Que quarto está? — Ele repetiu.
— Eu vou descer agora mesmo, — disse.
A voz dele desceu.
— Luz do sol, eu vou perguntar mais uma vez. Em que
quarto está?
Sua voz tremeu por mim.
— 333, — Eu respondi.
Desconectou-se.
Eu coloquei a celular volta ao meu ouvido.
— Oh meu Deus, oh meu Deus. — Disse a Jet.
Ela estava rindo.
— Um conselho? — Ela ofereceu.
— Qualquer coisa.
— Não resista.
Merda.
— Jet... Há coisas... — Eu parei. Então eu comecei
novamente, — Eu não posso...
Ela me interrompeu.
— Eu também não, mas eu realmente não preciso,
porque Eddie pode. Ele, tipo, totalmente assusta-me. —
Confidenciou.
— Eddie te adora. Eu poderia dizer que no minuto que eu
vi vocês dois e tio Tex disse isso. — Eu disse a ela.
— Sim. Estou começando a acreditar nisso. Ainda assim,
tipo, totalmente me assusta.
Houve uma batida na porta. Meus olhos girando para a
porta e a olhei.
— Oh meu Deus, oh meu Deus. — Eu entoava.
Jet riu novamente.
— Abra a porta.
Acenei com a cabeça, desci da cama e caminhei até a
porta. Então, para me concentrar em algo, qualquer coisa que
não era o que estava atrás da porta, disse:
— Tio Tex está saindo com sua mãe hoje à noite.
— Eu sei, — respondeu ela. — Se isso funcionar,
podemos ser parentes.
Eu sabia em um instante que gostaria disso.
Abri a porta e olhei para Hank.
Ele sorriu para mim.
Meus joelhos ficaram fracos e eu não estava pensando
em nada além de Hank.
— Tenho de ir, — disse a Jet.
— Diga a Hank que eu disse oi.
— Claro.
Ela desligou e eu fechei o telefone.
Os olhos de Hank foram para o telefone.
— Jet, — disse a ele.
Sem dizer uma palavra, ele caminhou para frente, apesar
de eu estar em seu caminho.
Ele parecia maior do que eu lembrava, mais alto, mais
amplo de ombro. Sua presença parecia invadir a sala. Ele
usava uma jaqueta de couro preta, uma camisa de gola alta
cinza escura, jeans e botas pretas.
Parecia fantástico.
Eu rapidamente saí de seu caminho, ele terminou de
entrar e virou. Fiquei na porta.
— Ela diz oi, — partilhei.
Ele agarrou meu braço e me puxou para fora da porta e
então fechou a porta atrás de mim. Eu assisti a porta fechar e
apenas (por pouco) impedi-me de gritar outra vez.
— Tio Tex vai sair em um encontro com a mãe dela esta
noite, — Eu continuei compartilhando.
A mão dele estava ainda no meu braço e agora ele foi me
puxando para ele. Ainda não disse nada.
— Se isso der certo, Jet e eu poderíamos terminar
parentes. — Eu fui lá, completamente incapaz de parar de
falar.
Ele me puxou para mais perto e, em seguida, sua mão
deixou meu braço e envolveu minha cintura. A outra mão foi
para o lado do meu pescoço.
— Nós vamos ser, tipo, primas ou algo do tipo. — Eu
continuei.
A cara dele veio em minha direção. Seus lábios não
estavam sorrindo, mas seus olhos estavam.
Meus lábios e olhos não estavam sorrindo, meu corpo
estava se preparando para ter um ataque cardíaco.
— É primos? Ou eu seria a sobrinha dela? Como isso
acontece? — Eu perguntei, desesperadamente, projetando
minha árvore genealógica em um esforço para evitar o que
estava acontecendo em tempo real.
— Luz do sol? — Ele disse contra minha boca.
— Sim? — Eu respirei.
— Cala a boca.
Eu fiz.
Então ele me beijou.
Foi como na noite anterior, tão sério, tão quente, tão
rápido para embaralhar meu cérebro e deixar-me tonta.
Ele levantou a cabeça.
Quando pude pensar em linha reta novamente, eu disse:
— Supostamente, é para você fazer isso após o encontro
acabar.
— Vou fazer isso então também, — ele voltou, seu braço
ainda em torno de mim, sua mão ainda no meu pescoço.
Puta merda.
— Sinto muito, mas vocês de Denver são pirados.
Conheço todos vocês, tipo, há um dia e eu acabei de receber
ligações de Daisy, Ally e Jet. Tod realmente veio trazer metade
do departamento de acessórios de Neiman Marcus com ele
para ajudar a me vestir. Toda a experiência de Denver é
estranha. Mais do que estranho. Denver é — The Twilight
Zone8, — disse a ele.
— Somos amigáveis.
8 Seriado que no Brasil recebeu o nome de “Além da Imaginação”
— Você pode dizer isso outra vez.
Ele ignorou meu comentário e perguntou:
— Está com fome? — Eu não estava com fome, comi
uma montanha de comida apenas algumas horas antes.
Se eu dissesse que não, não sabia quais eram as minhas
opções, e como estava em um quarto que consistia
principalmente de mobiliário em que uma garota pudesse
encontrar problemas (ou, no meu caso, mais problemas),
menti.
— Faminta.
Foi então, o sorriso em seus olhos atingiu sua boca.
Puta merda.
Meu telefone tocou.
— Merda! — Eu chorei, arrancando seus braços e
levantei o telefone para olhar para ele. — Quem será agora?
Tem que ser Indy. — Parei de falar quando Hank arrancou o
telefone da minha mão, abriu e colocá-lo no ouvido.
Olhei para ele em descrença.
— Sim? — Ele disse no telefone.
— Whisky, você não pode apenas responder meu telefone,
— eu estalei, parecendo muito com Jet quando ela estalou
com Eddie, o que queria dizer, cheia de merda. Cheguei para
levá-lo longe dele, mas ele empurrou a cabeça do meu
alcance.
— Alô? — Ele disse, soando muito mais grave.
Meu corpo congelou e meu coração parou.
Billy.
Isso não era bom. Pensei que seria a Indy, Duke, Stevie,
Lee, Eddie e meia dúzia de outras pessoas que eu mal sabia
quem eram, de repente, meus amigos. Não Billy.
Ele pegou o telefone da sua orelha e fechou.
— Quem era? — disse, me perguntando se deveria pedir
teste pré-ataque cardíaco CPR e decidi que os lábios do Hank
nos meus (de novo) não foi uma boa ideia.
— Sem resposta.
O telefone tocou novamente.
Eu tentei pegar, sabendo agora quem era e sentindo
pânico se espalhando por todo meu corpo, mas Hank afastou,
o abriu e colocou no ouvido.
— Alô? — Ele disse.
Mudei-me em direção a ele e em seu espaço.
— Hank, — eu sussurrei.
— Tem alguém aí? — Hank disse no telefone.
Fechei os olhos.
Isso não estava acontecendo.
Abri os olhos novamente e Hank me observava. Ele pegou
o telefone da sua orelha e o fechou.
— Sem resposta, — Hank me informou. Ele abriu e
começou a pressionar os botões.
Eu sabia que ele estava fazendo, olhando para as
chamadas recebidas.
Normalmente, eu teria ficado muito zangada com ele,
mas eu estava muito ocupada enlouquecendo com o que ele
poderia achar.
— Dê-me meu telefone, Hank.
Ele conseguiu o que ele estava procurando.
— Diz chamada desconhecida.
Merda.
Billy estava na estrada e provavelmente seu celular
estava sem bateria.
— Dê-me o telefone, — eu repeti.
Tocou novamente.
Sem demora, ele abriu e colocou no ouvido.
— Hank! — Gritei, tentando pegá-lo, mas ele me pegou,
me arrebatando ao redor da cintura com o braço e puxou-me
contra seu corpo.
— Este é o detetive Hank Nightingale. Quem é? — Ele
disse com uma voz que tocou com tanta autoridade, se fosse
eu do outro lado, eu teria respondido em um flash.
Billy ia ter uma hemorragia de merda: um homem
respondendo meu telefone, um homem com uma voz
profunda, sensual, autoritária, sem ser sem noção e um
título de polícia.
— Identifique-se. — Hank exigiu.
Ele esperou. Eu esperei.
Hank estava parecendo irritado. Eu estava segurando
minha respiração.
Ele tirou o telefone da sua orelha, fechou com uma mão e
olhou para mim.
— Sem resposta? — Eu perguntei.
Ele assentiu.
Fechei os olhos.
Seu braço apertou.
Abri os olhos.
— Seu problema entrando em dia com você? — Ele
perguntou.
Eu mordi meu lábio. Então deixei passar.
— Talvez.
— Pronta para me dizer sobre isso?
Respondi imediatamente.
— Não.
Isso o fez parecer mais irritado.
Isso pode me fazer ser uma aberração, mas Hank,
normalmente, era muito bonito. Hank irritado era fora de
série de tão bonito.
— Você é ainda mais bonito quando você está com raiva.
— Agora, por que eu disse isso?
Ele olhou para mim e, felizmente, ignorou o meu
comentário.
Então disse:
— Eu namorei uma menina durante todo o colégio. Ela
era bonita, mas quando entrava numa sala, só eu reparava
nela, não todo cara de merda no local. Ela usava roupas
normais, não uma merda que parece que vem das páginas de
uma revista de moda. Ela nunca jogou atitude em alguém.
Nunca ficou bêbada, nunca ouvia a música muito alta, nunca
ficava fora depois do toque de recolher, não conheceria
problemas se eles a mordessem na bunda e nem saberia
como manter um segredo. — Meu coração apertou,
definitivamente pré-ataque de coração, com certeza. Deveria
ter pedido o CPR.
— Você devia ter casado com ela. — Eu disse, soando
arrogante.
Ele deixou-me ir, fechou os olhos, limpou a mão na testa
e concordou comigo.
— Eu devia ter casado com ela. — Muito bem!
— Se você se lembra, eu não queria jantar com você, —
lembrei-lhe.
Ele deixou cair à mão e os seus olhos trancaram nos
meus.
— Luz do sol, você quer jantar comigo, você quer que eu
te beije e, mais tarde, você vai me implorar para fazer outras
coisas para você também.
Pus as minhas mãos para o meu quadril, mesmo
enquanto o sangue apressou-se a partes específicas do meu
corpo.
— Acho que não, Hank Nightingale. Isto oficialmente se
tornou o encontro mais curto da história. Você quer
encontrar a sua namorada de colegial? Comece a procurar
agora.
Rápido como um raio, ele agarrou minha cintura e
arrastou-me contra seu corpo.
— Você quer fingir que não sente o que está entre nós,
fique à vontade, — ele disse, seu rosto perto do meu. — Você
vai admitir em breve.
— Não há nada para sentir.
Suas sobrancelhas se levantaram.
— Sério? — ele perguntou.
Eu fiz uma careta para ele, porque mesmo eu não poderia
proferir essa mentira novamente.
— Você não deveria ter atendido meu telefone. — Eu
disse.
—Pensei que seria Indy, sendo um pé no saco, como de
costume. Eu não sabia que o mau vento já ia explodir.
Esperava, pelo menos, um pouco de tempo para derrubar
aquela guarda que você levantou. Parece que vou ter que
acelerar as coisas um pouco.
Acelerar as coisas um pouco?
Nós já estávamos na Velocidade 5 e eu nem sabia que
existia Velocidade 5.
— Quem era no telefone? — Ele perguntou.
Eu mantive a expressão e não respondi.
— Diga-me uma coisa, você está em perigo?
Eu perdi minha carranca e sentia meu corpo começar a
derreter.
Merda.
Ele estava preocupado comigo.
Billy tinha levado uma marreta para a porta e ele colocou
o braço na minha garganta, uma vez. Mesmo depois de anos
fugindo e mais de um ano sem sexo, ele nunca tinha
levantado a mão para mim após o incidente do braço. Ele era
intenso, com certeza, mas toda vez que fingi escapar, me
trouxe de volta usando sua lábia (ou, pelo menos, o deixei
pensar assim).
Não achava que eu estava em perigo. Só estava presa.
— Não estou em perigo, eu só... Tenho uma situação.
Estou arrumando isso. — Disse a Hank.
— Agora não é hora de mentir. — Hank me disse no seu
tom autoritário.
— Eu não estou mentindo.
Pelo menos, acho que não, ou, pelo menos, esperava que
não.
Ele me assistiu por um tempo. Então me deixou ir, mas
agarrou minha mão, jogou o telefone em cima da cama e me
puxou em direção à porta.
— Bom, vamos comer.
Simples assim.
Ele confiou em mim.
Deus do céu.
Eu segurei duro a mão dele e puxei-o de volta para o
quarto. Ele permitiu isso até que meus dedos fecharam em
torno de minha bolsa Fendi, então, nós saímos.
Capítulo 6
Hank acelera as coisas
Segurando a minha mão o tempo todo, ele me levou para
seu Toyota 4Runner preto, me ajudou a entrar, entrou no
lado do motorista e lá fomos nós. Ele dirigiu com uma mão e
natural, como se ele fosse parte do Toyota 4Runner. Eu
estava começando a pensar seriamente que era uma
aberração porque, por algum motivo, a maneira que ele
dirigia me excitava.
Ok, talvez fosse tudo sobre Hank que me excitava.
— Você é vegetariana? — Ele perguntou, e, eu estava
agradecida, quebrou os meus pensamentos dele me
excitando.
— Comi três quilos de carne no almoço em Jerusalém, —
respondi.
— Bandeja de combo?
— Sim.
— Boa escolha.
Levou-me por onde não poderia ser considerado o melhor
dos bairros, embora também não fosse o pior. Ele estacionou
e vi o trem metropolitano passar ligeiramente. O edifício que
levou-me parecia como se tivesse sido arrancado fora de um
filme faroeste de John Wayne.
— Que lugar é este? —perguntei.
— Buckhorn Exchange, o restaurante mais antigo em
Denver. Grandes bifes.
Ele segurou a porta para mim e vi que a decoração
consistia basicamente em cabeças de animais mortos, mas de
alguma forma parecia aconchegante, romântica e elegante ao
mesmo tempo. Sentamos numa mesa íntima de dois com
grandes, lastreadas em alta, confortáveis poltronas. Hank
pediu uma garrafa de vinho enquanto eu olhava para o
menu. Incluía Cascavel, cauda de jacaré frito, ostras das
montanhas rochosas e alces.
Olhei para cima do meu menu para Hank.
— O fantasma de Wyatt Earp vai entrar pela porta?
Ele sorriu para mim.
— Engraçadinha.
— Não, sério.
O sorrisinho aprofundou-se em um sorriso.
Calei-me.
— Deixe-me pedir, — ele disse, e isso me surpreendeu.
Nunca conheci um homem que pediu para mim antes. Nem
sabia que homens faziam isso mais.
Que se dane, quando em Denver...
— Nenhuma das ostras das montanhas rochosas, — eu
respondi.
Ele assentiu e continuou sorrindo.
— E sem cauda de jacaré. Jacarés são fofos. Eu não sou
vegetariana, mas não como animais fofos. Como cordeiro. Os
cordeiros são fofos. Podemos tentar a cascavel. Eu acho que
poderia comer cobra porque cobras assustam-me.
Ele me encarou. O sorriso tinha desaparecido.
— Você acha que jacarés são fofos? — Ele perguntou.
— Sempre parece que eles estão sorrindo. Acho que
jacarés são incompreendidos. Eles só querem relaxar ao sol e
nadar, mas pessoas continuar a incomodá-los, forçando-os a
lutar e essas coisas. Não é bom.
Ele ficava me encarando.
— Você come vacas? — Ele perguntou.
— Tento não pensar nelas como vacas, como aquela vaca
fofa, Norman, em cafajestes da cidade. Penso nelas como
touros. Os touros são assustadores.
Mais encarada.
— Que tal porcos?
— Eu ouvi em algum lugar que os porcos são maus, eles
não são como Babe. Babe usava uma peruca.
Seus lábios contorceram-se.
— Você está definitivamente relacionada ao Tex, —
comentou.
— Bem... Sim, — respondi.
Ele fez o pedido. Quando o vinho veio, nós bebemos.
Quando a comida chegou, nós comemos.
Foi uma boa comida. Tão boa, que eu comi mesmo ainda
estando cheia do almoço. Hank pediu bife e ele veio em um
grande pedaço de carne, o que eles dividiram pela metade na
mesa e colocaram uma grande e velha quantidade de
manteiga com ervas, em cima de cada porção para derreter
toda. Foi divino.
Todo o tempo entre comer e beber, nós conversamos.
Eu temia isso, mas veio fácil.
Descobri que o Hank era (meio que) da segunda geração
de Colorado, e (definitivamente) da terceira geração de
policiais. Seu avô tinha sido morto no cumprimento do dever
em New York City e, depois, a avó dele tinha levado a família
para Denver, onde a irmã dela vivia.
Hank tinha ido para a Universidade do Colorado,
estudado direito e pra Academia de polícia um par de
semanas depois que ele se formou. Seu pai não queria que ele
fosse um policial, ele queria que ele fosse um advogado, mas
Hank nunca quis ser outra coisa, além de um oficial da lei
então aí está (eu estava aprendendo, rapidamente, que o
Hank meio que fazia qualquer merda que ele queria).
Percebi que ele era próximo de sua família e me disse que
tinha conhecido Indy toda a sua vida. Os pais dela eram
melhores amigos com os seus, e quando a mãe de Indy
morreu jovem, a mãe de Hank prometeu cuidar de Indy e
certificou-se de que ela cresceu bem. Indy e Lee tinham sido
apaixonados por tanto tempo quanto podiam se lembrar, mas
só tinham ficado juntos recentemente. Eddie tem sido o
melhor amigo de Lee desde a terceira série e era como um
membro da família também.
Hank esquiava no inverno e jogava softball no verão. Ele
escutava Springsteen e tinha visto ele em show três vezes,
mas não poderia dizer a sua música favorita ou até mesmo
álbum favorito; Ele só gostava de tudo o que era de
Springsteen.
Isto, por si só, disse muito sobre ele.
Ele era um fã das montanhas rochosas, um fã de
Broncos e ficou claro que amava sua família, Denver e o
trabalho dele.
Eu disse a Hank que morava em Chicago e possuía um
trabalho em casa, negócio de web desing, mas tinha sido
nascida e criada em Brownsburg, uma cidade quinze milhas
a oeste de Indianápolis. Contei-lhe que os meus pais ainda
moravam lá, meu irmão era um guarda florestal para parques
estaduais de Indiana e minha irmã trabalhava em
Administração Hospitalar em um centro médico em Louisvile.
Disse a ele que eu nunca tinha ido a Indianápolis 5009,mas
tinha visto contrarrelógios10, tipo, um milhão de vezes. Disse
a ele que eu era um fã dos Cubs, assim como toda a família,
mas nós mudamos firmemente para os Pacers e o Ice para as
nossas necessidades de basquete e hóquei. Expliquei que eu
tinha me rebelado contra a devoção da minha família para os
Colts e torcia para os Bears.
Eu também disse a ele, como era um pré-requisito para
quem viveu no centro-oeste, eu amava REO Speedwagon
(embora, não as baladas poderosas, apenas canções como
‘Roll with the Changes’ e ‘Ridin ' the Storm Out’). Também
lhe disse eu gostava de Springsteen, mas nunca o tinha visto
em concerto.
Então, temo que tenha meio que me perdido na
discussão e admitido a ele eu amava Springsteen e achava
que era um poeta contador de histórias de proporções
bíblicas (mas eu não lhe disse que achava que Springsteen
tinha um lábio inferior lindo projetado pelos deuses, porque
pensei que poderia estar compartilhando demais). Eu
também me empolguei falando sobre Melencamp, talvez uma
sombra de muito tempo, mas tinha nascido em uma pequena
9 Indianápolis 500 ou só Indy 500, é uma das provas mais tradicionais do
automobilismo internacional.
10 Modalidade de ciclismo
cidade e Melencamp cantava sobre cidades pequenas. Eu
também tinha visto um monte de meus minutos virarem
memórias, a vida varrendo os sonhos que tinha planejado e
Melencamp cantava sobre isso também. Uma garota de
Indiana entende essas coisas como ninguém. Springsteen
pode conseguir dilacerar meu coração... Mas Melencamp
atirava direto através da minha alma.
Quando acabei de falar, Hank estava encarando
novamente, mas desta vez, os olhos dele eram suaves e
preguiçosos e senti um arrepio derivar através de minha pele.
Não lhe contei sobre Billy.
Quando terminamos, recusei a sobremesa porque o botão
da minha calça jeans estava cavando na minha barriga.
Hank pagou e comecei a sentir o alívio que o encontro
acabaria logo.
Se durasse mais muito tempo, eu sabia que iria perder-
me, e até sabia que eu queria me perder.
No final, não foi tão ruim. Na verdade, foi bom. Quase
podia fingir que estava em um encontro real, um grande
encontro, em vez de fugindo de um namorado criminoso que
era demasiado possessivo e não tinha medo de manejar uma
marreta.
Hank me levou para fora da porta e comecei a relaxar
pensando que ele me levaria para casa, provavelmente, me
beijaria (que seria uma adição encantadora para uma bela
memória) e então nós teríamos acabado. Isso seria um saco,
eu detestaria e lamentaria a perda de tempo para o resto da
minha vida, mas estava tentando não pensar nisso. Em vez
de ir para o estacionamento, ele guiou-me à plataforma
ferroviária.
Eu olhei para ele enquanto comprava bilhetes de uma
máquina.
— O que está fazendo? — Eu perguntei.
— Levando-te ao centro.
Num piscar de olhos.
— Eu pensei que o encontro tinha acabado.
Ele agarrou minha mão e me moveu em direção as faixas.
— O encontro definitivamente não acabou.
Merda.
Eu puxei minha mão fora dele.
— Estou cansada. Estou cheia e estou cansada. Foi uma
refeição deliciosa e obrigada, mas com todo esse vinho e
comida, preciso ir dormir.
O que eu precisava fazer era tirar minha calça jeans e
ficar longe de Hank, não nessa ordem.
Ele estava a olhar para as faixas, parcialmente me
ignorando.
— Você vai acordar, — disse ele.
— Estou com frio. Não trouxe um casaco. — Eu tentei.
Ele tirou o casaco e colocou em meus ombros. Ele fez o
fechamento das bordas com a coisa de suas mãos
novamente, e inclinou a cabeça para olhar para baixo para
mim, em pé bem no meu espaço.
— Melhor? — Ele perguntou.
— Melhor. — Não era a palavra para isso. “O melhor
possível, porra” eram as palavras para isso.
Bolas, não havia nada que agitasse esse cara.
— Está no meu espaço, — disse.
Ele chegou mais perto. — Sim.
— Whisky, afaste-se, — Eu avisei.
Ele sorriu.
— Roxie, relaxe. Estamos indo no centro da cidade para
por pra fora o estupor de comida. É isso.
Suspirei, ou mais como, pigarreei.
Eu deveria, poderia ir ao centro, ver um pouco de Denver,
tirar o estupor de comida.
— Oh, certo. —cedi.
Ele ficou ainda mais perto. Então, não estou brincando,
ele esfregou o nariz dele contra o meu e então me olhou nos
olhos e minha respiração parou. — É sobre depois que você
precisa se preocupar. — Merda.
Eu estava com problemas.
* * * * *
Nós fomos para o centro metropolitano e Hank
atravessou Denver comigo. Eu usava o casaco dele, e no
começo, ele segurava minha mão. Então, deixou cair a minha
mão e me puxou para o lado com o braço ao redor de meus
ombros.
Eu permiti isto porque decidi que para passar a noite, eu
estava fingindo ser outra pessoa. Eu ia fingir ser a Roxanne
Giselle Logan antes de Billy Flynn, que ainda não tinha feito
uma decisão idiota que fodeu a vida dela. A Roxanne Giselle
Logan que merecia estar num encontro com um cara alto,
bonito chamado Hank Nightingale.
Eu ia me dar isso, uma noite de fingimento.
— Você pode andar nesses sapatos? — Hank perguntou.
— Eu posso jogar basquete com estes sapatos, — disse a
ele, e eu não estava mentindo. Tinha usado salto alto desde
que minha mãe me comprou aqueles go-aheads11 infantis
rosas de plástico pequeno, quando eu tinha cinco anos.
11 Marca de roupa
— Se seus pés doerem avise-me.
Merda.
Ele era um cara bom, por todo o caminho.
Descíamos a 16th Street Mall e as ruas estavam cheias
de pessoas mesmo que fosse noite de segunda-feira. Bares
estavam pulando, restaurantes foram encravados, luzes
brilhavam, era lindo e vivo. Ele acompanhou-me pela Praça
Escritor e até o Supper Club, onde ele comprou-me uma
bebida e conversamos mais um pouco.
Nós estávamos indo de volta para a 16th Street Mall e eu
sabia que o encontro estava prestes a chegar ao fim. Estava
ficando tarde e Hank tinha que ir e fazer boas ações amanhã.
Quanto a mim, tinha que resolver minha vida.
Então, vi as carruagens puxadas por cavalos.
Eu amava cavalos.
Ok, era seguro dizer que gostava de qualquer coisa com
pelos.
— Só um segundo, — disse ao Hank e me afastei de seu
braço ao redor de meus ombros e caminhei para o motorista.
— Posso acariciar seu cavalo? — Perguntei-lhe com um
sorriso.
— Claro, — respondeu o motorista.
Eu andei até o cavalo e corri minha mão embaixo de seu
nariz de cetim.
— Ei, grandão, — eu sussurrei para ele.
Levantou a cabeça com um empurrão e depois instalou-
se e encostou no meu pescoço. Não pude deixar de soltar
uma risadinha baixa, principalmente porque fazia cócegas.
— Gosta de você, — disse o motorista.
— Eu cheiro a comida, — disse.
— Gosta de comida também.
Eu continuei acariciando e Hank permitindo por um
tempo e então me afastei. O cavalo virou a cabeça para me
ver (então eu dei-lhe um pequeno aceno) e comecei a subir à
calçada, mas Hank me guiou em direção ao transporte.
— O que está...? — Comecei a perguntar.
— Entra, vamos dar um passeio, — Hank disse.
Olhei para ele e, em seguida, olhei para o motorista.
— Não, — eu sussurrei.
Não aguentava mais. Uma noite com comida deliciosa no
restaurante romântico, vinho, boa conversa, uma caminhada
pelas ruas de Denver com jaqueta de Hank, agora um passeio
de carruagem. Era demais. Não podia suportar. Nunca estive
numa carruagem puxada por cavalos. Eu tinha começado a
acreditar que nunca nada romântico aconteceria comigo,
exceto em um assustador Bonnie e Clyde tipo de caminho
onde acabaria crivada de balas se o fedor de Billy se
estabelecesse em mim.
Billy nunca me levou a um passeio de carruagem com
cavalos.
Billy prometeu 1 milhão de promessas românticas, mas
nem sequer tinha me comprado flores. Diabos, nenhum dos
meus namorados nunca me comprou flores.
— Qual é o problema? — Hank perguntou quando meu
corpo paralisado e recusou-se a mover.
Eu senti que isso acontecia. Odiava quando isso
acontecia sem aviso. Meu nariz era pungente e tentava lutar
contra isso, mas apenas sabia que eu ia chorar.
Hank me virou para ele e olhou para mim.
Minhas narinas estavam tremendo.
Merda!
Não havia nada pior do que o estremecer da narina.
Deixei cair a minha cabeça.
Sua mão veio ao meu pescoço. Ele engatilhou sua cabeça
e dobrou para baixo, olhando para mim.
— Jesus, Roxie, qual é o problema?
— Apenas vamos, — eu sussurrei.
— Ela está bem? — Perguntou o motorista.
— Luz do sol... — Hank disse suavemente, a mão no meu
pescoço, deslizando em torno de meus ombros e sua outra
mão vai à minha cintura, me puxando para ele.
— Vamos, —repeti, mas estava meio abafado contra o
peito porque minha cabeça ainda estava inclinada para baixo
e meu rosto estava pressionado contra ele.
— Você quer o meu lenço? — Perguntou o motorista.
Uma das mãos do Hank foi embora, em seguida, voltou
para o meu queixo e ele inclinado minha cabeça para cima.
Isso foi lamentável, considerando o fato de que eu estava
chorando por completo agora.
Eu deslizei meus olhos para o lado para que eu não
pudesse ver Hank porque todos sabiam, em uma situação
embaraçosa, se você não pode ver a pessoa que você estava
tentando se esconder, eles não estavam realmente lá.
Ele limpou meu rosto com um lenço azul e não disse uma
palavra.
— Não liga para mim, — eu disse em uma fungada, ainda
olhando para o lado. — Eu choro muito.
Hank não disse nada.
— Choro em comerciais, — disse.
Hank ainda não disse nada.
— Eu choro quando assisto laços de ternura, que eu já
vi, uma dúzia de vezes. — Eu continuei.
Hank ficou quieto.
Eu respirei estremecendo.
— Toda vez que Shirley MacLaine sai e tem que se
encaixar no posto de enfermagem sobre a obtenção da
medicação de Debra Winger, — minha garganta fechou com a
lembrança e engoli duro, — Chega até mim.
— Está tentando dizer-me que está chorando porque você
está pensando sobre um filme? — Hank perguntou.
Eu neguei com minha cabeça.
— Então por que está chorando?
Finalmente, olhei para Hank.
Então, não me pergunte por que, mas sussurrei:
— Porque você está sendo tão bom para mim.
Por um segundo, antes de ele se esconder, a cabeça
empurrou uma fração e seu rosto mudou. Não tive a
oportunidade de lê-lo antes que isso fosse embora e os olhos
dele ficaram perfeitamente brancos.
O que eu poderia ler me assustou, em muitas maneiras
diferentes.
— Alguém não foi bom para você? — Ele perguntou e eu
poderia dizer que sua voz era controlada cuidadosamente.
— Apenas vamos.
Ele viu-me por um tempo, um braço ainda envolvido em
torno de minhas costas. Então, me deixou ir. Eu pensei que
ele ia ceder, mas estava errada. Ele se inclinou, deslizou um
braço atrás de meus joelhos e agarrou meus ombros, então
ele me levantou.
— O que está fazendo? — Gritei, jogando meus braços em
torno dele para segurar.
— Vamos fazer um passeio de carruagem, — ele disse,
levando-me ao escalar para dentro do carro.
Isto não foi uma tarefa nada fácil, considerando que eu
não era exatamente delicada. Tio Tex me carregando era uma
coisa; Tio Tex era Paul Bunyon na vida real. Isso era loucura.
Ele me acomodou no assento sem esforço aparente e se
sentou ao meu lado.
O motorista correu para o seu poleiro e decolamos.
— Não tem nada que te abalada, tem? — Perguntei a
Hank, minhas lágrimas se foram, eu estava começando a
sentir... Eu não sabia o que sentia.
Hank me puxou para o lado dele.
— Não, — ele respondeu.
Atravessei meus braços e tentei fingir que não estava
sentindo seja lá o que foi que eu senti. O que quer que fosse,
era bom e eu não poderia ceder; Tinha muito a perder se
fizesse.
Então eu olhei para ele.
— Minha maquiagem está arruinada?
Ele olhou para baixo e sorriu.
— Sim.
Merda.
* * * * *
Corrigi minha maquiagem o melhor que pude com a
bandana e meu espelho de mão e nós passeamos através de
Denver.
Depois de um tempo, estabeleci-me no lado do Hank e
relaxei. Não pude evitar, ele era sólido e quente. Denver era
bela enquanto eu a assistia passar pelo trote da carruagem
que balançava suavemente. Mesmo a mais tensa, estressada
neurótica teria relaxado.
Depois de outro tempo, a mão do Hank veio ao meu
queixo, ele inclinou minha cabeça para cima e me beijou.
Não demorou um tempo para eu beijá-lo de volta, acabei
de fazer, agora mesmo.
Ele era um grande beijador e, na inspeção, percebi que
tinha um lábio inferior que até rivalizava com o do
Springsteen.
Aquilo atingiu direto pelo meu coração e minha alma.
— Rapaz, estou em apuros, — eu sussurrei, olhando para
sua boca.
Ele enfiou a mão ao lado da minha cabeça.
— Sim. — Merda.
* * * * *
Sentei-me no 4Runner de Hank observando as ruas
passarem enquanto ele me levava para o hotel.
O encontro tinha acabado.
Eu estava tentando não chorar outra vez.
Foi o melhor encontro que tive. Pode até ser o melhor
encontro da história do mundo (ou pelo menos tinha que
estar no top dez).
Eu queria outro igual ele. Eu queria uma dúzia deles. Eu
queria um tempo de vida deles.
Eu só ia ter este aqui.
Eu deveria me considerar sortuda, algumas mulheres
nunca tinham tido um único encontro como este.
Eu não me sentia com sorte.
O carro parou e notei que estava estacionado na rua.
Olhei ao redor.
Nós não estávamos no hotel. Estávamos em um bairro.
Pelo que eu poderia dizer, um bom bairro.
Eu olhei para Hank.
— Onde estamos?
— Meu lugar.
— O quê? — Eu gritei.
Ele me ignorou e saiu.
Fiquei enraizada no meu assento.
Isto não está acontecendo, isso não está acontecendo. Eu
cantava na minha cabeça.
A porta se abriu.
Eu olhei para Hank novamente.
— Me leve de volta para o hotel. — Ele chegou, desfez o
meu cinto de segurança e agarrou minha mão, me tirando do
SUV.
— Eu tenho que passear com o meu cão.
Nós estávamos a vários passos de sua porta quando
parei, puxando na mão dele.
— Você tem um cachorro?
Ele também parou e olhou para mim.
— Sim, — ele disse. Eu amava cachorros.
— Que tipo de cão?
— Um labrador chocolate.
Merda.
Eu amava labradores.
— Eu vou esperar no 4Runner. — Eu disse.
Ele puxou a minha mão, me puxando para trás.
— Whisky, eu tenho que voltar para o hotel, — estava
tentando arrancar minha mão fora dele. Eu estava tentando,
mas sem grande sucesso.
Ele ignorou-me e continuei andando para casa. Um
andar, tijolo, um quintal bem cuidado, mas você poderia dizer
que nenhuma mulher vivia lá. Não havia nenhum vaso para
flores e não havia quaisquer decorações festivas de outono à
vista. Eu definitivamente colocaria decorações festivas de
outono se eu morasse lá.
Estava tentando não pensar em outras coisas que faria se
morasse lá, quando Hank parou na porta e deixei cair a
minha mão.
— Whisky...
Ele destrancou, e em seguida, abriu a porta.
Um labrador chocolate correu em nossa direção.
— Oh meu Deus! — Eu gritei e agachei-me. — Que
cachorro bonito!
E ele era bonito, adorável.
O labrador saltou sobre Hank que comandou.
— Para baixo. — Então o labrador parou de pular e
cabecear nas coxas de Hank, recebeu um carinho de orelha e
depois veio para mim. Ele me derrubou na minha bunda na
varanda da frente e começou a lamber meu rosto.
— Espero que você não o use como um cão de guarda, —
disse, tentando acariciar suas orelhas enquanto ele pulava
todo sobre mim.
— Acho que pode dar adeus a qualquer maquiagem que
você tinha deixado, — observou o Hank.
Eu não podia evitar, eu ri.
Hank entrou na casa, enquanto me levantava e brincava
com o cão e voltou com uma guia12.
— Qual é seu nome? — Eu perguntei.
— Shamus.
12 O que prende na coleira para segurar o cachorro.
Eu aplaudi a Shamus e ele veio até mim e sentou-se
sobre os meus pés enquanto Hank colocava a guia em cima
dele. No minuto em que a guia encaixou no lugar, Shamus
sabia o que fazer e estava doendo por isso. Dirigiu-se para a
calçada, fungando no chão.
Hank agarrou minha mão e nós seguimos o cachorro.
Depois da metade de um quarteirão, bateu-me e disse:
— Isso não é justo.
— O quê? — Hank perguntou.
— Não se faça de inocente comigo, Hank Nightingale.
Você sabe o que. O cachorro.
Hank deixou cair a minha mão e deslizou seu braço ao
longo de meus ombros.
Então ele parou, Shamus parou (embora Shamus não
quisesse parar e seu olhar de - Vamos lá pessoal - por cima
do ombro disse tudo) e eu parei.
Hank dobrou, beijou minha testa e então seus lábios
foram ao meu ouvido.
— Você tenta ser dura e difícil, mas posso dizer que você
é mole e fácil, —sussurrou.
Eu empurrei minha cabeça para trás e fiz uma careta
para ele.
— Eu não sou mole! —retruquei.
— Você chora em comerciais, — ressaltou.
Isso, infelizmente, era verdade. Pior, tinha oferecido essa
informação a ele, como a idiota que eu era.
— Bem, então, não sou fácil, — continuei teimosamente.
— Vamos ver.
Merda.
* * * * *
Caminhamos com Shamus por dois quarteirões.
Em seguida, Hank levou-nos para sua casa.
Eu fiquei na porta da frente, fechada, tentando ser óbvia
sobre querer ir embora (mesmo que não quisesse ir, precisava
ir embora) enquanto Hank ligava algumas lâmpadas.
A porta da frente levava a uma grande sala que consistia
de uma sala de estar para a direita, sala de jantar para a
esquerda, em seguida, um bar e um conjunto de armários
que começava uma cozinha em forma de u.
Tinha sido reformado e parecia agradável. Pisos de
madeira brilhando, a cozinha completamente remodelada
com armários de carvalho e eletrodomésticos KitchenAid,
profunda, móveis cushiony coberto de twil mocha e uma
velha mesa na sala de jantar que parecia legal.
Foi (um pouco escassa, mas ainda assim) decorada num
estilo que só podia ser considerado do Colorado. Um par de
velhas placas do Colorado com esquiadores estampados nelas
sobre a porta de entrada para uma sala, alguns artefatos dos
nativos americanos sobre as tabelas que pareciam
cuidadosamente escolhidas, duas gravuras emolduradas de
cervejas New Belgium Brewery ( Fat Tire- e - Skinny Dip )
mais seu sofá de sarja.
Isso era meio que tudo de decoração. Não era como se ele
tivesse uma abundância de velas perfumadas e almofadas
atiradas, mas era o suficiente para dar ao lugar uma
personalidade e sensação doméstica. Como se ele morasse lá.
Como se gostasse de lá. Como se estivesse orgulhoso dele e
do trabalho que tinha feito nele.
Eu pensei nela com alguns suportes de vela de ferro bom,
resistente, preto com velas perfumadas de amoreira e umas
cortinas cobrindo as cortinas.
Pare de decorar a casa do Hank. Disse a mim mesma e
cruzei os braços para enfatizar meus pensamentos para mim
mesma.
— Você quer uma bebida? — Hank perguntou da cozinha
depois que ele tinha tirado a guia do Shamus. Através dos
armários de piso e os de teto, eu só podia ver sua cintura e
abdômen.
Como todas as coisas de Hank, era uma boa vista.
Shamus passeou por cima e sentou-se novamente nos
meus pés. Eu descruzei meus braços e acariciei suas orelhas.
— Quero voltar para o hotel. — Respondi.
— Você vai passar a noite aqui. — Hank me informou,
movendo-se para o final do balcão que delineava a cozinha da
sala de jantar e apoiando um quadril contra ele, inclinando-
se, em seguida, cruzou os braços.
Minha boca caiu aberta e eu encarei.
Então fechei.
— Eu não vou passar a noite aqui. — Eu disse.
Seus olhos pareciam preguiçosos novamente.
Meu coração começou a bater mais rápido.
— Vem cá. — Hank disse suavemente.
— Não, me leve de volta para o hotel.
— Venha aqui e vou convencê-la que você não quer voltar
para o hotel.
Deus do céu.
Ele não tinha que me convencer, eu já estava bastante
certa de que não queria voltar para o hotel. Mas, tinha que
voltar para o hotel, para o bem do Hank se não fosse pelo
meu.
— Whisky, eu tenho que ter uma boa noite de sono. Eu
tenho coisas para fazer amanhã.
Eu não tinha realmente, mas eu precisava de uma
desculpa.
— Que coisas?
Mantive-me em silêncio.
Então ele continuou.
— Você pode vir aqui ou posso ir aí e pegar você. Sua
escolha, mas eu vou te avisar que você provavelmente deveria
vir para mim.
Olhei para ele e ele olhou de volta.
Meu coração não só estava batendo mais rápido, ele
estava viajando no meu peito como uma britadeira.
Nós ficamos encarando um ao outro, um instante levando
a dois, dois levando a três.
Então seus braços descruzaram e ele moveu-se para
frente.
Shamus viu avanço do Hank e me abandonou (que droga,
cão).
Eu retraí, e como eu estava de pé na porta, em meio
passo, meus ombros bateram contra ela.
Eu levantei minhas mãos para mantê-lo no comprimento
do braço.
— Whisky... — Eu comecei, mas ele evitou minhas mãos
pela dupla curvatura, colocando um ombro para o meu
estômago e me levantou tipo um bombeiro.
Santa Maria, mãe de Deus!
— Hank! — Gritei com as costas dele, mas ele virou e foi
andando através da área de jantar.
— Ponha-me para baixo! — Gritei, empurrando contra a
cintura, mas ele continuou, pela cozinha e em um quarto
escuro.
— Puta que pariu! Ponha-me para baixo! — Eu continuei
isso quando ele se virou e entrou em outro quarto escuro.
Ele parou, curvou, acendeu uma lâmpada e, em seguida,
colocou meus pés no chão. Eu teria escapado, mas ele estava
bem na minha frente e uma rápida olhada ao redor mostrou
que havia uma cama enorme, feito do que parecia ser toras
de madeira, atrás de mim; logo atrás de mim.
— Saia do meu caminho, — exigi. — Eu estou chamando
um táxi. — Os braços dele deslizaram ao meu redor.
— Sem táxi, — disse ele, uma mão deslizou nas minhas
costas e em meu cabelo para segurar atrás da minha cabeça
e mantê-la estável. — Nenhum hotel, — ele continuou, o
outro braço, envolvendo-se completamente em torno de mim
assim sua mão estava agarrando ao lado da minha cintura,
meu corpo pressionado no dele. — Esta noite você vai dormir
na minha cama comigo.
Eu olhei para ele. Em seus braços eu estava rapidamente
perdendo a vontade de lutar.
— Por favor, — eu sussurrei, a última tentativa
desesperada.
Sua cabeça inclinou-se e, com seus lábios contra o meu,
ele disse.
— Lembre-se dessas palavras, você vai usá-las muito esta
noite.
Senti meu estômago vibrar, e eu gostei.
Aqueles foram meus últimos pensamentos coerentes.
Ele me beijou, sua língua deslizando em minha boca. Eu
fiquei tonta e meu cérebro mexido. Eu o beijei de volta; Eu
queria lutar contra isso, mas eu não queria. Provavelmente
poderia ter lutado se eu não fosse fraca.
Mas eu era. Eu tinha sido fraca com Billy e agora fui
fraca com Hank.
Meus braços foram no seu pescoço, minha mão
deslizando por seu cabelo.
Ele tinha um ótimo cabelo; grosso e macio e com
bastante onda.
— Você tem um cabelo lindo, — sussurrei no ouvido dele
enquanto seus lábios arrastavam da minha bochecha ao meu
ouvido.
— Você é louca, — ele sussurrou, soando como se isso
fosse uma coisa boa. Então sua boca tocou atrás da minha
orelha e eu tremia.
— Eu não sou louca, — eu continuava em silêncio e virei
minha cabeça para colocar meus lábios em seu pescoço, logo
acima de sua camisa de gola alta, então toquei a minha
língua lá.
A mão dele deixou minha cintura, entrou na minha
camisa e deslizou até a pele do meu lado. Eu era sensível a
cócegas e eu contorcia-me contra ele.
— Você vai falar durante isso? — Ele perguntou,
levantando a cabeça para olhar para baixo para mim.
— Talvez. — Eu respondi.
Ele balançou a cabeça e beijou-me novamente.
Eu meio que achei que o último beijo foi sério, já que me
afetou seriamente. Mas eu estava errada. Esse beijo foi sério.
Se eu pensava que estava tonta antes, eu não sabia o
significado de tonta.
O beijo foi quente e duro, e antes que tivesse acabado, eu
tinha minhas mãos em seu suéter, vagando a pele de suas
costas e ombros.
Ele beijou-me novamente, provavelmente para me manter
calada, e perdi qualquer controle que eu tinha (embora não
havia muito que perder).
Até aí, ele também perdeu.
Estávamos um sobre o outro; mãos dentro das roupas do
outro, língua dentro da boca do outro. Ele se afastou e
desembrulhou o cachecol do meu pescoço e colocou de lado.
Antes que ele pudesse voltar, eu levantei sua camisa de gola
alta da cintura e puxei da cabeça dele. Ele me empurrou na
cama... Mas me seguiu até lá, seu corpo cobrindo um lado de
mim, a mão dele subindo minha camisa, no final de minha
barriga para o topo do meu peito. Ele me beijou novamente e
eu senti que ele puxou o bojo do meu sutiã rudemente para
baixo e então a mão dele estava pele contra pele no meu
peito.
Eu arqueei para ele e sua mão foi embora, mas o dedo
não o fez. Ele circulou preguiçosamente ao redor do meu
mamilo, sua boca ainda na minha.
— Deixa-me tirar minha camisa, — eu murmurei.
— Não terminei, — ele disse, ainda circulando com o
dedo e estava me deixando louca, mas no bom sentido.
Eu apertei com ele.
— Whisky, deixe-me tirar minha camisa. — Eu disse.
Levantou a cabeça e olhou para mim, ainda circulando.
Senti-me bem.
— Por que Whisky? — Ele perguntou.
— O quê?
— Por que Whisky?
Eu tentei ir embora para poder tirar as minhas roupas e,
não sei, talvez ataca-lo, quando o polegar juntou-se o dedo
dele e ele fez um rolo.
Meu corpo acalmou e senti um espasmo entre minhas
pernas.
— Caramba, — eu respirei.
— Por que Whisky? — Ele repetiu, voltou a circular.
— Os olhos... — Eu disse. — São da cor de uísque. — Ele
sorriu.
Senti um espasmo entre minhas pernas novamente.
Em seguida, sua boca estava na minha.
Eu estava tonta, quando ele finalmente se moveu e tirou
minha camisa.
Agradeci-lhe, mas ele cobriu meu corpo com o seu e usou
as mãos e a boca em mim, em cima de mim, então eu fiquei
sem palavras. Antes que eu percebesse, meu sutiã tinha ido
embora, ele chegou para baixo para tirar meus sapatos, então
ele puxou para baixo minha calça jeans. Então, sem aviso
prévio, suas mãos abriram as minhas pernas e sua boca
estava sobre mim, sobre minha calcinha.
Foi bom. Foi melhor que bom, foi incrível.
Então ele levou minha calcinha embora e sua boca estava
em mim.
Foi ainda melhor, muito melhor.
Na verdade, tão muito melhor, que senti vindo e eu sabia
que ia ser bom.
— Hank — eu disse, e soou como um gemido.
Então sua boca se foi e voltou por cima de mim. Eu
olhava para ele, levantei minhas mãos para os seus ombros e
o pressionei para baixo. Eu ainda não tinha acabado, então
ele certamente não tinha acabado. Para minha surpresa, ele
resistiu e enterrou seu rosto no meu pescoço, tocando sua
língua lá.
— Eu estava perto, —sussurrei.
— Eu sei, — ele respondeu, ainda resistindo a pressão
das minhas mãos.
Pisquei para o teto.
— Por quê? — Eu perguntei.
— Eu ainda não terminei com você.
E ele não tinha terminado.
Ele me levou de quase lá para quase lá para quase lá e eu
tentei o fazer chegar quase lá, mas só fui longe o suficiente
para desfazer o cinto dele e o botão de cima da calça jeans.
Ele se afastou para arrancar suas botas e meias... Mas foi só
isso.
Ele tinha a mão entre as minhas pernas e eu tinha
minha mão na parte de trás de seu jeans e estava quase lá
novamente, ofegante contra sua boca quando os dedos dele
foram embora e deslizaram até minha barriga.
Meus olhos se abriram.
— Whisky! — Eu pirei, pinoteando e tentando empurrá-lo
de costas para obter alguma vantagem sobre a situação.
Eu estava tão excitada, nunca estive tão excitada antes,
meu corpo estava a cantarolar com isso.
Ele estava sorrindo.
— Não sorria para mim, seu rato. Termine o que
começou.
Ele me deu um beijo leve.
— Peça gentilmente.
Eu rosnei.
Então ataquei.
Então ficou fora de controle. Houve um pouco de briga e
infelizmente Hank era mais forte. Acabei nas minhas costas,
pulsos sobre a minha cabeça realizada por uma das suas
mãos, a outra mão entre as minhas pernas novamente e a
boca no meu pescoço. Eu estava perto novamente e eu sabia
que ele sabia disso.
— Solta minhas mãos, quero tocar em você, — eu exigi.
Ele não respondeu, mas, em vez disso, passou a língua
ao longo do meu pescoço.
— Hank. — O nome dele saiu meio choroso.
Ok, talvez muito choroso.
Sua mão se afastou do meio das minhas pernas e meu
corpo ficou tenso.
— Por favor, — eu disse baixo e sua cabeça subiu e ele
olhou para mim.
Os olhos dele ficaram quentes e intensos e segurei minha
respiração.
Ele virou-me completamente sobre mim. Abri minhas
pernas e seu quadril caiu entre elas enquanto ele soltava
meus pulsos. A mão dele trabalhou nos botões de sua
braguilha e eu empurrei seu jeans para baixo de seus
quadris, minha boca no seu pescoço. Então envolvi minha
mão em torno dele.
— Jesus, luz do sol, — ele murmurou, mas havia um
sorriso em sua voz.
Olhei-o nos olhos.
Eu estava tentando guiá-lo em mim, mas ele não tinha
nada disso.
— Quero você dentro de mim, Whisky. Agora.
Ele afastou minha mão e então suas mãos foi para meus
quadris, levantando-os e ele olhou para baixo para mim, mas
não veio para dentro.
Eu cedi.
— Por favor.
Ele deslizou para dentro.
Senti-me bonita.
Minha cabeça foi para trás e meus braços envoltos em
torno dele.
— Querida, olha para mim.
Olhei para ele, se mexeu dentro de mim e senti-me
deliciosa.
— Começa agora, — ele disse.
Movi-me com ele, não estava realmente me concentrando
no que ele dizia, principalmente porque estava se construindo
outra vez e eu podia sentir vindo.
— O que começa agora? — Eu perguntei.
— Você e eu.
Ele moveu-se mais depressa, apertou com mais força,
mais profundo.
Deus do céu.
— O quê? — Eu perguntei desorientada.
— Você e eu, — ele disse outra vez.
— Whisky, — eu respirei. — Eu não estou te
acompanhando. — Eu estava acompanhando, mas não na
forma que estava falando. Eu me agarrei a ele, inclinado
meus quadris e ele foi ainda mais profundo.
— Deus, você é gostoso! — eu disse.
— Luz do sol, tente prestar atenção, —respondeu, soando
divertido e eu pisquei pra ele.
Ele ainda se movia e eu estava aproximando o tempo
todo.
— Você é louco? — Eu perguntei, não realmente me
importando se ele era.
— A partir de agora, há um você e eu.
Meus braços apertaram involuntariamente e outras peças
de mim involuntariamente apertaram demais.
Os olhos de Hank ficaram preguiçosos.
— Agora, isso foi bom, — ele murmurou.
— Hank.
Ele deslizou fundo.
— Fique quieta.
— Hank!
Sua boca encontrou a minha.
— Silêncio, — ele disse.
Então ele me beijou, se moveu, me movi, logo, logo eu
disse seu nome novamente (em um gemido novamente), mas
principalmente porque ele finalmente me deixou gozar.
E foi glorioso.
Capítulo 7
Fim
Depois que terminamos Hank moveu para longe, tirou a
calça jeans, me posicionou para a cama com as cobertas por
cima de mim, deslizou no meu lado e apagou a luz.
Ele se deitou de costas e rolou-me ao lado dele.
Durante tudo isso, estava silenciosa e complacente,
principalmente porque estava tentando decidir quantos tipos
de idiota eu era.
Estava estabelecendo-me em vinte e sete tipos de idiota
quando Hank falou.
— Acho que eu prefiro você falando.
— Estou com sono. —menti.
— Você está pensando e da maneira como sua mente
funciona, isso provavelmente não é uma coisa boa.
— Você não sabe como minha mente funciona. — Eu
disse a ele.
— Você se convenceu a pensar que jacarés são fofos.
— Eu não me convenci disso. Você já olhou para um
jacaré? Eles são fofos.
Seu corpo moveu-se com o riso.
— E as corujas são fofas. — Eu continuei, sem sentido,
ignorando sua risada, ou, mais provavelmente, por causa de
sua risada. — Eu sempre quis ter uma coruja. Como Florence
Nightingale. Ela carregava uma no bolso.
Seu corpo mantinha o movimento, exceto que eu poderia
dizer instintivamente que o riso tinha ficado mais profundo.
Então um pensamento me impressionou e me levantei em
um cotovelo.
— Ei, você é parente dela?
Senti seus olhos em mim, no escuro.
— Não que eu saiba. — voltei a me estabelecer e colocar
minha cabeça no ombro dele.
— Oh.
Ele rolou em mim e eu caí de costas.
Ele enfiou a mão no meu cabelo ao lado da minha
cabeça.
— Você está realmente com sono? — Ele perguntou.
Eu não estava. Eu estava bem acordada e assustada
demais.
— Hum. — Eu respondi.
— Porque se você quer falar, nós temos coisas para falar.
— Estou com sono. — Disse imediatamente.
Sua mão deslizou do meu cabelo, no meu pescoço, entre
meus seios e em baixo, a volta da minha cintura. Em
seguida, puxou-me com ele.
— Vamos conversar amanhã. — Ele disse.
Eu empurrei mais perto.
Eu não ia pensar nisso. Não agora. Talvez não para
sempre.
Enrolei meus braços ao redor dele e ele me segurou
perto.
Depois de alguns minutos, sussurrei:
— Hank?
— Sim?
Eu pressionei meu rosto em sua garganta.
— Obrigada por esta noite.
Os braços ficaram apertados.
* * * * *
Acordei e algo estava me esmagando.
Eu deitei ali, no escuro, avaliando a situação e, em
seguida, lembrei-me.
Estava nas minhas costas e Hank estava ao meu lado, eu
podia sentir sua respiração em minha testa, seus bíceps
estava descansando na minha barriga, antebraço, ondulando
acima minhas costelas com a mão repousando ao lado de
meu peito. Sua coxa estava em cima das minhas duas.
Adicionado a isto, Shamus estava do outro lado de mim,
descansando em minha barriga debaixo do braço do Hank,
como se meu estômago fosse um travesseiro na cabeça dele.
Ambos os meninos Nightingale humano e o canino
tinham-me encurralada. Eu tinha me sentido encurralada
por anos, mas este tipo de encurralada era aconchegante e
seguro.
Foi nesta conjuntura que a razão retornou.
Isto não era uma coisa boa.
Isso era tão uma coisa não boa que poderia ter sido uma
coisa catastrófica.
A coisa não era nem sobre Billy. Tive a sensação que
Hank poderia entender sobre Billy. Hank era um bom rapaz e
estava claro que gostava de mim (Ok, então estava realmente
claro que ele gostava de mim).
Eu não estava inteiramente certa que queria testar essa
ideia, no entanto.
Não, foi por ter dormido com Hank no primeiro encontro.
Eu era uma vadia.
O que ele deve pensar de mim?
Eu poderia ter sido capaz de explicar sobre Billy se não
tivesse dormido com Hank no primeiro encontro. Agora, ele
só pensaria que eu era fácil; uma garota fácil de Indiana que
transaria com criminosos e policiais sem piscar um olho.
Eu até mesmo disse, por favor.
Havia apenas uma solução para este problema.
Tinha que sair de lá.
Imediatamente.
Não sair da casa do Hank, mas sair de Denver.
Meu plano de deixar Billy estava ferrado. Tinha de
abortar e começar tudo de novo.
Eu me movi e Shamus empurrou e sentou-se.
Eu gelei, escutando, mas Hank não acordou.
— Vamos rapaz, se mova, —sussurrei para Shamus,
empurrando-o um pouco e ele pulou da cama. Saí debaixo do
Hank e depois parei de novo, à espera. Ele ainda não acordou
então eu saí da cama. Shamus pensou que era brincadeira e
abanou o rabo dele, correndo para a porta do quarto e volta
para mim.
— Shh! — Eu assobiei. — Venha aqui. Sente-se! —
Shamus fez como eu disse e ouvi sua cauda varrendo o chão
com emoção.
Ele pensou que íamos fazer um passeio da meia-noite,
talvez ir a um parque e jogar Frisbee. Cachorro louco.
Dei-lhe um carinho na orelha, desejando que pudesse
jogar Frisbee com ele (não naquele exato momento, mas em
algum momento, eventualmente e pegou no meu coração
saber que eu nunca iria).
Ele lambeu minha mão.
O que pegou no meu coração também.
— Você é um bom rapaz, — disse a ele, falando sério e
também desejando que Hank não tivesse um cão. Era difícil o
suficiente lidar com tudo que era Hank, adicione um cão à
mistura e era quase impossível.
— Fica. — Ordenei e Shamus obedeceu.
Comecei a procurar minhas roupas no escuro e tropecei
sobre uma das minhas Mary Jane.
— Merda! — Eu sussurrei e olhei para a cama.
Hank não tinha se movido.
Graças a Deus.
Encontrei minha calcinha e calça jeans, mas tropecei na
bota do Hank a caminho da minha camisa.
— Foda-se! — Surtei e desisti, sentindo-me como uma
tola, fuçando nua no escuro. Era muito melhor procurar ao
redor no escuro parcialmente vestida.
Eu coloquei na minha calcinha e Shamus perdeu a
paciência com a espera e caminhou até mim. Ele inclinou seu
corpo peludo em minhas pernas e podia sentir ondulado com
a força de sua cauda sacudindo.
— Sente-se Shamus. Seja bom. — Eu resmunguei,
fazendo outra acariciada de cabeça enquanto Shamus
estabelecia-se em meus pés.
Eu estava alisando o cachorro, o jeans ainda na minha
mão, quando a luz se acendeu.
Minha cabeça se levantou e eu olhei para a cama.
Hank voltou do alongamento para alcançar a luz e
apoiou-se em um cotovelo, seus olhos ficando em mim. Ele
parecia sonolento, cabelos despenteados, peito descoberto e
minha respiração ficou presa. Ele pode parecer bonito,
normalmente, bonito fodão quando irritado e derreter-em-
sua-boca bonito quando casualmente dirigia seu carro, mas
com sono ele era um nocaute.
— O que está fazendo? —perguntou.
— Você está acordado, — disse-lhe o óbvio.
— Os vizinhos estão acordados com todo seu barulho. O
que está fazendo?
— Estou indo embora.
Uh... Nada bom.
Um segundo, ele parecia sonolento, no segundo seguinte,
parecia irritado.
— O que você disse? — Ele perguntou.
Eu olhei para baixo, tudo para não olhar para Hank e
puxei meus pés debaixo de Shamus.
— Vou chamar um táxi e vou embora.
Privado de meus pés, Shamus levantou-se e pressionou
seu corpo contra as minhas pernas de novo. Isso foi infeliz já
que eu estava tentando colocar minha calça jeans, assim,
saltitando em uma perna e evitando Shamus ao mesmo
tempo. Não exatamente graciosa, mas não tinha nada mais a
perder.
Eu não deveria ter olhado para baixo. Sem aviso, Hank
estava lá. Ele puxou meu braço me puxando fora de
equilíbrio. Deixei cair o jeans e colidi com ele e Shamus.
Shamus saiu de entre nós e, em seguida, pressionou
contra nós dois.
Hank estava nu. Não tive a chance de uma boa olhada
nele, por causa de estar inteiramente muito atenta a quão
excitada ele estava me deixando. Eu sabia que ele tinha um
peito ótimo, mas meu olhar rápido mostrou-me que ele
praticamente tinha todo o resto ótimo também.
Ignorei seu ótimo tudo instantâneo e gritei.
— Ei! — Tentando puxar meu braço afastado, mas Hank
segurou apertado. Na verdade, sua mão livre veio e pegou
meu outro braço.
— Volta para a cama, — disse ele, olhando para mim.
— Estou indo, — disse.
— Você não está indo.
Ainda tentava afastar-me. Ainda não estava sendo bem
sucedida.
— Eu vou.
— Por quê?
— Isso importa?
— Por quê?
Meu Deus, não havia apenas nada que abalasse esse
cara.
— Deixe ir, —estava ficando meio desesperada. Caí o meu
olhar para o peito, levantei minhas mãos lá e comecei a
empurrar.
Ele apertou-me suavemente para chamar minha atenção.
Funcionou. Eu olhei de volta.
— Diga-me porque você está saindo escondida da minha
cama no meio da noite.
— Hank.
— Responda-me, porra!
Puta merda.
Não estava mais irritado, estava com raiva. Eu não podia
vê-lo apenas em seu rosto; Eu podia sentir isso emanando de
seu corpo. Por alguma razão, ele não me assustava. Ele
estava sob controle. Estava completamente controlado. Eu
sabia disso, como sabia que não havia nenhuma outra calça
jeans no mundo tão boa quanto Lucky jeans.
Isso me fez falar, no entanto. Eu não gostava que ele
estivesse com raiva, não de mim.
— Eu não sou uma vagabunda, — deixei escapar.
Suas mãos em meus braços relaxaram, mas não foram
embora e ele piscou uma de suas piscadas lentas.
— Desculpe? — Ele perguntou.
— Eu não sou uma vagabunda.
Deus, eu parecia uma idiota. Agora, eu tinha que
explicar.
— Eu não sou uma vagabunda. Nunca dormi com um
cara no primeiro encontro. Nunca. Nunca. Nunca.
— Roxanne... — Ele começou a dizer, mas continuei
falando.
— Bill... O último cara, demorou tipo, três semanas para
chegar à terceira base e pelo menos um mês antes que
rolasse. Eu juro.
— Roxie... — Hank começou novamente, mas continuei a
falar.
— Antes dele, havia Derek, e estávamos namorando, tipo,
para sempre, antes de nós fazermos e foi infeliz quando
fizemos porque ele não era muito bom nisso. Depois houve
Kenny e eu nem me lembro de quanto tempo demorou antes
que fizemos. Ele era um idiota; uma vez feito, ele deixou-me.
— Roxie... – Hank disse novamente e começou a puxar-
me contra o seu corpo, mas eu tinha meus braços entre nós
e, como a idiota que eu era, estava regredindo meus ex-
amantes nos meus dedos.
— Então houve Troy, ele beijava bem, como você, mas
ainda levou, não sei, pelo menos duas semanas antes de
deixá-lo colocar as mãos dentro da minha blusa. Espere, Troy
não conta, porque nunca fizemos isso no final. Eu o vi dando
uns amassos com minha amiga Kim e eu terminei com ele.
Que puta. Esqueci-me dela.
Hank tinha agora seus braços ao meu redor, Shamus
estava sentado ao lado, seu corpo cachorrinho descansando
contra as pernas e eu estava alheia a isto porque estava em
um rolo.
— Então, Scott, ele foi meu primeiro. Nós namoramos
pelo menos um ano, até que finalmente fizemos. Ele se casou
com a rainha do baile e agora eles têm meia dúzia de filhos,
não é brincadeira. — Eu parei e olhei para Hank.
Ele estava olhando para baixo em mim, a raiva foi
embora, irritado era uma memória, estava sorrindo
novamente com apenas seus olhos engajados no sorriso.
Merda.
Eu tinha acabado de recitar meus amantes para Hank?
Eu tinha.
Merda.
— Acabou? — Hank perguntou.
— Eu sou uma idiota.
Hank inclinou a cabeça e esfregou o nariz dele contra o
meu.
Então ele me deu um beijo leve.
Isso foi bom, mas ainda me sentia como se fosse agora
pelo menos trinta tipos diferentes de idiota.
— Eu sou uma vagabunda e uma idiota, — disse a ele.
— Você não é uma vagabunda e você não é uma idiota, —
ele disse com autoridade, fazendo-me acreditar que pelo
menos ele acreditava.
Então as mãos dele apareceram em minhas costas e
desfez o meu sutiã.
— Não! Não faça isso, eu tenho que ir embora.
Ele me ignorou, deslizou as alças para baixo de meus
braços e jogou o sutiã de lado. Depois, as mãos dele
desceram pelas minhas costas, ele se inclinou, as senti
passar pela minha bunda e ele empurrou-me para cima.
Eu joguei meus braços ao redor dele e ele se virou e me
depositou na cama e ele veio em cima de mim.
O peso dele era muito bom em mim, muito bom.
— Whisky, me larga. Preciso ir.
Suas mãos estavam em mim e eu gostei de como eles me
fizeram sentir, eu gostei muito. Seus dedos pegaram minha
calcinha e começaram a puxá-la para baixo.
Contra meu pescoço, ele disse: — Se você ainda quiser ir
depois de eu te foder outra vez, vou te levar de volta para o
hotel.
Puta merda.
Meu estômago fez um mergulho.
Eu tentei ignorar o mergulho e a sensação de estar
derretendo subsequente.
Tive de ser forte. Ou, pelo menos, tinha que tentar ser
forte.
— Não. Sem mais foder. Eu tenho que resolver o meu
problema, então, se você ainda estiver por perto quando
terminar, vamos tentar isso de novo, mas vamos levá-lo lento
e conhecer um ao outro antes de nós, uh... Continuar... er,
assim.
Sua cabeça levantou e olhou para mim. Eu poderia dizer
imediatamente que ele me achava engraçada.
— Luz do sol, sei que você é louca, e eu tenho que
admitir que é doce, mas você é todos os tipos de louca, se
você acha que estou esperando para entrar em você
novamente.
Puta merda. A sensação de estar derretendo
transformou-se em fervendo.
— Hank...
Ele parou puxando para baixo minha calcinha em meus
quadris, sua mão foi para o meu osso púbico e me beijou.
Merda.
Eu senti a pequena quantidade de força em que eu estava
me agarrando, começar a escapar quando sua língua se
moveu contra a minha.
— Abra as pernas, — ele disse contra minha boca.
— Preciso que você entenda, — Eu disse, e precisava.
Naquele instante, decidi que ia contar-lhe tudo que eu
precisava que ele entendesse.
— Você pode explicar isso amanhã. Agora quero que abra
as pernas.
Mantive minhas pernas firmemente fechadas.
— E se eu explicar para você amanhã e você não
entender?
Em resposta, ele beijou-me até que eu estava tonta. Após
o beijo, seus lábios arrastaram para baixo da minha
bochecha até meu ouvido.
— Roxanne, querida, abre as pernas para mim, — ele
sussurrou.
Eu abri as minhas pernas.
Eu era fraca e não pude me conter, mas
verdadeiramente, naquele momento, teria feito qualquer coisa
por ele.
Ele recompensou-me imediatamente. Mais tarde, eu o
recompensei.
Mais tarde ainda, tinha perdido todos os pensamentos
sobre ir embora. Minhas costas foram pressionadas no peito
dele, ele tinha o braço em volta de mim, meu braço
repousando sobre o dele e nossos dedos estavam
entrelaçados. Eu estava meio adormecida quando ele
murmurou.
— Seja o que for, eu vou entender.
Eu aconcheguei mais fundo e rezei para que fosse
verdade.
* * * * *
Meu cabelo foi movido longe do meu rosto e então um
dedo traçou no meu pescoço. Esse dedo, se transformou em
uma mão cheia quando ele deslizou abaixo do meu lado para
descansar no meu quadril.
— Acorda, luz do sol.
Eu rolei de costas, a mão ficou onde estava então moveu
para minha barriga quando eu abri meus olhos.
Foi o melhor despertador que tive.
Hank estava sentado na cama, inclinando-se sobre mim.
Ainda estava escuro lá fora apesar de um pouco de luz estar
vindo através das cortinas e também havia luz vindo de
alguma outra parte da casa pela porta. Eu podia ver que ele
estava vestido com uma t-shirt Rip Curl e um par de calças
de faixa escura que tinha uma listra larga correndo do lado.
— Está vestido. — Eu resmunguei.
— Shamus e eu vamos dar uma corrida. Nós vamos
voltar, tomar banho, eu vou levá-la para fora para o café da
manhã.
Eu pisquei.
— Correr? — Eu perguntei.
— Correr. — Ele respondeu.
— Tipo um exercício?
Seus lábios contorceram-se.
— Sim.
— Por quê?
— Acho que você não corre.
— Somente quando perseguida por homens empunhando
motosserras.
A contração do lábio se transformou em um sorriso.
— Isso acontece muito?
— Não, mas Ally diz que há na casa assombrada que ela
quer me levar.
O sorriso morreu e suas sobrancelhas se aproximaram.
— Cristo, não vá para as casas assombradas com Ally e
Indy. Há alguns anos, Indy ficou maluca e rompeu os fardos
de feno, que tinham criado para fazer a trilha assombrada,
indo para os milharais. Todos os funcionários perseguiram
atrás dela, mas desde que estavam vestidos como monstros,
Indy perdeu a cabeça. Eles tiveram que chamar a polícia para
acalmá-la.
— Tinha se perdido nos milharais.
— Milharais? — Eu sussurrei.
— Sim.
— Eles têm uma trilha assombrada por milharais?
— Sim, lá em cima em Thornton. Melhor casa
assombrada em Denver. Indy e Ally vão todos os anos. Por
quê?
— Milharais assustam-me. — Eu admiti.
Hank ficou silencioso.
Então, disse:
— Você é de Indiana. Como milharais podem te assustar?
— Milharais não me assustam. Milharais durante a noite
me assustam. Milharais assombrados à noite assustam-me.
— Você foi a muitos milharais assombrados?
— Cara. — Eu disse baixo. — Todos os milharais são
assombrados. Confie em mim. Eu sei. — Então me apoiei nos
cotovelos por que estava perto dele e eu disse baixinho, —
Eles sussurram para você. — Então senti um calafrio,
porque, bem, a memória de milharais que sussurram me
fazia surtar, de fato, milharais que sussurram deveriam fazer
qualquer um surtar.
Seus braços vieram em torno de mim e puxou-me
totalmente até que apertou meu tronco contra o dele. Eu
sabia que ele estava rindo. Não ouvi, eu senti. Depois que seu
corpo parou de tremer ele disse:
— Você acabou de me chamar de cara?
— Sim. Então?
Ele enfiou a mão no meu cabelo ao lado da minha
cabeça, os dedos deslizando através dele. Isso fez meu couro
cabeludo formigar agradavelmente. Ele assistiu a mão mover
e, em seguida, os olhos dele voltaram para mim.
— O que tem de errado com 'cara'? — Eu perguntei
quando ele não respondeu.
— Não temos tempo suficiente para entrar em tudo o que
há de errado com 'cara', especialmente quando temos coisas
mais importantes para conversar. E se eu ficar aqui por mais
tempo, eu vou querer o meu exercício de uma maneira
inteiramente diferente, uma forma que não vai ajudar o
Shamus a se manter em forma.
Ele me deu um beijo leve, que fez com que meus lábios
formigassem ainda mais agradáveis do que o meu couro
cabeludo.
— Há grãos de café no congelador, moedor no armário
sobre a máquina de café. Se sirva, mas vou levar você ao
Dozens para café-da-manhã, então não coma nada que vai
estragar seu apetite.
— Tudo bem. — Disse, olhando seu lábio inferior,
fascinado ao vê-lo mover-se enquanto falava.
— Roxie?
— Hmm? — Eu não estava prestando atenção. O que
posso dizer? Seu lábio inferior era bom.
— Você continua a olhar para minha boca assim, depois
que eu terminar com você, e desde que estarei fazendo a
maioria do trabalho, você vai ter que levar o Shamus para
correr.
Meus olhos mudaram-se para ele e então eles
estreitaram.
— Você tem feito à maioria do trabalho? — Ele sorriu,
mas não respondeu.
— Bem! Eu tenho que lembrá-lo, Hank Nightingale, que
você não me deixou tocá-lo pela primeira vez e a segunda vez
eu tentei passar por cima, mas você não me permitiu.
Ele me beijou para ficar quieta.
— Você não tem que me lembrar, — disse ele baixinho
quando terminou de me beijar. — Lembro-me de cada
segundo.
Aquilo me calou, principalmente porque me deixou sem
fôlego.
Ele continuou.
— Chegarei em quarenta e cinco minutos, uma hora no
máximo. Espere por mim, vamos tomar uma ducha juntos. —
Eu balancei a cabeça. Embora em algum lugar em minha
psique estivesse registrando que estava sendo extremamente
mandão, não me importava, nem um pouco.
— Acho que vou voltar a dormir por um tempo. — Disse.
— Me acorde quando chegar em casa.
Em minhas palavras, os olhos dele ficaram preguiçosos e
os braços esticados, trazendo meu corpo mais profundo em
seu. Tenho a impressão que ele estava perdendo sua
motivação para a corrida. Olhei para o lado da cama e vi o
Shamus sentado ali, com impaciência, língua pendendo para
fora, começando a abanar a cauda quando pegou meu olhar.
Eu olhei para trás para Hank.
— Whisky, Shamus está esperando.
Hank ficou olhando para mim, só que, olhando para
mim, com o rosto perto, seus olhos olhando para os meus.
Senti minha respiração se tornar trivial quando seus olhos
preguiçosos ficaram com aquele olhar intenso por trás deles.
— O quê? — Eu perguntei.
Sua mão subiu a meu lado.
— Pensando em você dormindo na minha cama, — ele
disse. — É um bom pensamento.
Minha garganta fechou e sentimentos de pânico e
felicidade subiram através de mim. Era estranhamente
excitante e assustador ao mesmo tempo. Eu engoli para abrir
minha garganta, então coloquei meus braços ao redor dele e
apertei meu rosto em seu pescoço.
— Hank, —sussurrei contra sua pele. — O que eu tenho
que dizer, no café da manhã, sei que você não vai gostar. Por
favor, para mim, ou para a pessoa que você acha que eu sou
agora, não...
Ele me interrompeu.
— Está me dizendo que você é uma pessoa diferente?
Eu balancei minha cabeça, me afastei de seu pescoço e
olhei nos olhos dele.
— Mas uma vez que você ouvir o que tenho a dizer
pensará que eu sou.
Ele me encarou por um momento, então, de repente, ele
puxou-me completamente por debaixo das cobertas e
deslizou meu corpo nu sobre seu colo. Ele puxou as cobertas
por cima de mim, as envolveu em torno para me manter
aquecida e então suas mãos entraram em meu cabelo em
ambos os lados da minha cabeça e me abraçou, de frente
para ele.
— Querida, eu tenho trinta e cinco anos e já tive uma
porra de amantes muito mais do que você contou com uma
mão ontem à noite. Vou direto ao ponto, com as mulheres, sei
o que quero, quando vejo e não vejo nada há muito tempo
que me interessa tanto quanto você.
Puta merda.
Eu estava tentando processar isso (e lutando com isso)
quando ele continuou.
— Não é só isso, mas vi um monte de merda no meu
trabalho e lido, dia-a-dia, com a crosta imunda, corroendo a
borda da boa civilização. Eu conheço gente boa, conheço
pessoas más, conheço pessoas boas que fazem coisas ruins e
pessoas más que fazem coisas boas.
Olhei para ele, os olhos arregalados, fascinada e sem
palavras, como o rosto mergulhado mais perto para o meu.
— Eu sei que tipo de pessoa você é, e nada que você diga
no café-da-manhã vai mudar o fato de que, enquanto estou
correndo, vou pensar sobre seu fantástico, pra caralho, corpo
nu dormindo na minha cama.
Um arrepio deslizou através de mim.
— Uau —sussurrei.
— Então você pode parar de se preocupar — finalizou.
Balancei a cabeça.
Ele me olhava por um momento e então as mãos dele
foram da minha cabeça, meus ombros e em seguida em torno
de minhas costas.
— Mais uma coisa, Roxanne.
Concordei novamente, ainda sem palavras, ainda
processando e, mesmo que eu tivesse concordado, não estava
inteiramente certa se poderia levar o “mais uma coisa”.
— Eu falei sério ontem à noite, eu e você. Sei que você
está assustada...
— Não estou assustada. — menti, automaticamente e em
legítima defesa.
Seus braços apertaram.
— Silêncio, — ele ordenou.
Calei-me.
— Você acha que estamos indo muito rápido.
— Com isso, eu vou concordar — invadi novamente.
Ele balançou a cabeça e sorriu.
— O que você precisa entender, é que está feito. O
minuto que deslizei para dentro de você ontem à noite, estava
feito.
Eu tive um tremor na barriga
— Você disse isso ontem à noite, — lembrei-lhe.
— Eu tenho que saber que você entendeu.
— Por quê?
— Porque o que quer que seja que você vai me contar em
algumas horas vai fazer-me envolvido.
— Não tenho certeza do que isso significa.
— Eu tenho.
— Whisky...
— Já estou envolvido.
— Acho que não.
Ele franziu a testa.
— Você não entendeu.
— Você tem que me deixar resolver isso sozinha.
— Estive lá, fiz isso... Eu era um espectador das outras
vezes e com certeza pra caralho isso não vai acontecer com
você e eu.
Ele estava falando sobre Indy e Jet e todos seus
problemas.
— Você está sendo muito gentil, mas tenho que cuidar
disso do meu jeito.
— Eu não estou sendo gentil, eu estou protegendo o que
é meu.
Meu corpo travou em choque com suas palavras, num
piscar de olhos e minhas costas endireitaram.
— Eu não sou sua, — eu disse.
— Você é bem-vinda para pensar que não, mas não muda
o fato de que você é.
Isto era familiar, muito familiar, irritantemente familiar.
Homens!
— Eu não sou sua! — Eu disse e minha voz era muito
mais alto, Shamus deu um woof.
— Entendi, Roxie, está tentando ser forte e independente.
Ah não, agora ele estava sendo condescendente comigo.
Não era uma grande fã de serem condescendentes comigo.
— Não se atreva a ser condescendente, Hank Nightingale.
Eu sou independente. — Eu disse, não reivindicando ser
forte. Eu sabia que não era isso. — E eu estou cansada de
homens que pensam que podem...
Eu parei. Não quero ir longe demais, cedo demais.
— O quê? — Hank perguntou. Quando eu não respondi
ele empurrou.
— Homens que pensam que podem o que?
Eu fiz uma careta pra ele e explodiu em uma enxurrada
de palavras (altas).
— Me possuir! Prender-me! Fazer-me ficar onde eu não
quero ficar ou ir onde eu não quero ir, ou sentir o que não
quero sentir!
Depois que parei de falar, ele torceu, bateu de costas na
cama e antes que eu percebesse, ele estava em cima de mim,
olhando para mim, seus olhos intensos.
— Pertencer a mim não quer dizer que vou fazer você,
fazer nada, significa apenas que eu te considero minha
enquanto isso durar. Significa que vou te proteger, significa
que vou cuidar de você. Para outro homem, pode significar
algo diferente. — Os olhos dele mudaram, ficaram
engraçados, a intensidade os mudou para algo que era
hipnotizante.
Então ele disse.
— Não me confunda com outro homem. — Suas palavras
deram às minhas defesas um golpe destrutivo.
Obstinadamente, continuei, tentando ser filosófica,
tentando segurar o esfarrapado resto do que restou do
escudo que tinha em torno de mim, me protegendo de Hank.
— Eles dizem, se você se importa com alguma coisa, você
tem que libertá-la e se ela volta para você, é que era pra ser.
— Eles estão cheios de merda.
Obviamente, falhei espetacularmente no filosófico.
Eu desisti disso e fui para o irritado.
— Hank. — Eu gritei.
Ele sorriu, efetivamente quebrando o momento e me deu
um beijo leve.
— Vamos falar sobre isso no café da manhã. Prometo que
vou te ouvir... E você tem que prometer que vai me escutar.
Nós vamos resolver.
Se eu pudesse colocar minhas mãos na minha cintura,
eu teria.
— Você é tão teimoso quanto tio Tex.
O sorriso se aprofundou.
— Isso significa que você está com problemas, — ele
disse.
— Eu já sei. — Eu resmunguei.
Ele rolou completamente em cima de mim, seu corpo
pressionando o meu, me tirando o fôlego.
— Assim que vi você entrar na Fortnum’s, sabia que faria
o que fosse preciso para te ter onde você está agora. E eu vou
fazer de tudo para mantê-la aqui enquanto nós dois
pegarmos algo bom disso.
Eu mordi meu lábio. O que posso dizer? Ele estava
chegando em mim.
Não, se fosse honesta, ele já me tinha.
Não podia deixar que percebesse.
— E você acha que eu sou louca? — perguntei.
— Sim, se você continuar a fingir não querer estar aqui,
você está definitivamente louca e você está mentindo para si
mesma, — ele beijou meu nariz e sorriu para mim. — Não se
preocupe, sou paciente.
Merda.
Ele levantou-se, me virou até que estivesse bem
acomodada na cama e se inclinou para beijar a minha testa.
Em seguida, sem esperar que eu chegasse a uma
resposta (o que estava achando difícil) foi-se embora.
* * * * *
Eu o ouvi sair e não dormi. Como poderia? Minha mente
estava um turbilhão, fiquei tonta e Hank não estava sequer
em casa.
Mentalmente puxei meu escudo protetor, mas sabia que
era inútil.
Oh bem, tanto faz. Então, tinha que acrescentar Hank
em meu plano.
Não seria difícil, considerando que eu tinha a sensação
de que Hank provavelmente só vai assumir o plano e fazer do
jeito dele.
Havia coisas piores, certo?
De qualquer forma.
Eu ouvi uma batida na porta, enquanto estava cavando o
travesseiro do Hank e sorri.
Ele veio cedo, para casa.
Pobre Shamus. Eu o levaria a jogar Frisbee, mais tarde,
talvez. Não sabia se Shamus realmente jogava Frisbee, mas
parecia ser um cão extremamente inteligente, iria aprender.
Pensei que Hank provavelmente não pegou as chaves dele
porque sabia que eu estaria aqui.
Levantei-me, encontrei minha calcinha e puxei-as e
agarrei sua camisa do chão e coloquei também.
Deixei o quarto dele, entrei em outro quarto, uma sala
grande que corria o comprimento da casa e tinha dois sofás,
correndo abaixo dos lados, um fogão de lenha, sentado em
uma lareira de pedra na extremidade e uma televisão.
Caminhei pela porta lateral, através da cozinha para a porta
da frente. Sem olhar para ver quem era, eu abri a porta, um
sorriso ainda jogando na minha boca.
Assim que vi quem estava no limiar, meu sorriso morreu.
Billy estava lá.
Capítulo 8
Billy e meu passeio selvagem
Foi o fim de Hank e eu.
Mesmo que eu pensasse que era o começo, o que
aconteceu em seguida manteria Hank ainda mais longe de
mim do que qualquer escudo frágil que eu colocasse.
* * * * *
Agora, estou sentada debaixo da pia num hotel sujo,
amordaçada e algemada no cano de esgoto. Machucada, em
todos os lugares.
Eu nunca me machuquei tanto, meu corpo dói, meu
rosto dói, meu coração dói.
Tudo dói.
Eu tinha dor, mas não estava com medo.
Billy sumiu, os homens levaram-no. Não sei quem eles
eram, não sei onde eles estavam indo e não me importo.
Alguém me encontraria, a camareira (se eles tinham uma
neste maldito lugar) ou o gerente quando nós não fizermos o
check-out. Só tenho que esperar. Eu não ia morrer algemada
a uma pia.
No entanto, era discutível se algo importante, algo
profundo dentro de mim, algo precioso, já não tivesse
morrido.
* * * * *
Billy me sequestrou. Não havia nenhuma outra maneira
de colocá-lo.
Não foi um sequestro fácil para ele; Lutei com ele.
Foi violento, foi destrutivo e foi muito feio.
Depois que abri a porta e o sorriso morreu na minha
cara, ele subiu à sala de estar do Hank, as mãos em mim.
Fomos para trás... Para trás... E então ele me bateu na
parede. Meu crânio rachou contra a parede e bati com tanta
força, que os quatros da nova cervejaria da Bélgica (a Fat Tire
Um) caiu, desabando, vidro voando por toda parte.
— A porra do Hank Nightingale — Billy cuspiu no meu
rosto, me dizendo como ele me achou. Ele procurou Hank.
Merda.
Não podia falar, a mão do Billy estava na minha garganta
e ele estava apertando.
— Eu o vi correndo com seu cachorro. Um policial. A
porra do detetive Hank Nightingale. — Billy rosnou.
Eu empurrei com força, chutei com mais força e de
alguma forma me livrei.
Lutamos em pé. Eu quebrei, começando a correr. Billy
me pegou, me chicoteando ao redor. Mais luta. Uma lâmpada
caiu, batendo no chão, mesas viraram. Billy tinha-me no
chão, rolou em cima de mim, seu rosto com raiva acima do
meu.
— Você transou com ele? — Ele perguntou.
Não respondi, com medo de falar. Eu empurrei contra ele,
meu coração corria, assustado fora de meu juízo, esperando
com tudo o que tinha que Hank voltasse para casa e em
breve. Eu tentei pensar em quanto tempo ele se foi. Ele disse
quarenta e cinco minutos, uma hora. Provavelmente tinha
apenas vinte minutos, vinte e cinco, no máximo.
— Eu disse, você transou com ele? — Billy gritou na
minha cara quando não respondi, e então ele se moveu.
Então ouvi o estalar de um canivete e ele saiu de mim, e
antes que eu percebesse, a lâmina entrou na camisa do
Hank, fatiando. Eu afastei, Billy me pegou pela camisa e ela
rasgou mais, pendurada em mim em farrapos. Eu puxei livre,
levantei, tentei fugir, mas Billy me pegou pelo tornozelo e fui
voando, pousei duro em meus joelhos.
Torci ao redor quando puxou-me em direção a ele pelo
meu tornozelo e tentei lutar, mas ele era muito forte, ele me
bateu na cara, um dos seus anéis de prata rasgando minha
carne, abrindo minha bochecha. Eu vi estrelas e tentei
balançar minha cabeça limpa, quando se levantou, puxando-
me com ele e me arrastou pela casa, no quarto do Hank.
— Ele te comeu aqui? — Ele exigiu, me puxando para
cima, batendo-me contra uma parede, empurrando seu corpo
contra o meu. — Ele te fodeu? — Ele repetiu, empurrando
meu rosto para o lado, pressionando minha bochecha
sangrando contra a parede. — Ele fez você gozar? Quantas
vezes ele te fodeu? — Ele me puxou para longe da parede e
atirou-me contra ela novamente. — Quantas vezes ele te
fodeu? — Ele gritou.
Agora, não havia conversa mansa. Sem língua de prata.
Ele estava completamente fora de controle.
— Billy, — eu sussurrei.
Ele me bateu de novo, tanto minha cabeça e corpo
voaram para o lado e desci em minhas mãos e joelhos.
Então me chutou nas costelas, a bota dele batendo no
meu corpo tão forte, que me tirou do chão.
Então ele deixou cair e me rolou, rasgou os restos da
camisa de mim e forçou sua coxa entre as minhas pernas até
que seus quadris caíram entre elas, sua virilha pressionando
contra mim.
— Eu deveria foder você, aqui, na cama dele. Deixar um
presente para ele em seus lençóis.
Deus, não. Por favor, Deus, não, pensei.
Eu comecei a lutar novamente, minhas costelas estavam
queimando onde ele me chutou, meu rosto dolorido, podia
sentir o sangue lá. Billy não notou minhas lutas.
— Eu deveria, mas não temos tempo, — ele disse e eu
tive apenas um segundo para agradecer a Deus antes de Billy
dissesse: — Se vista. — Ele se levantou, empurrando-me
acima com ele.
— Se vista! — Ele gritou.
Tremendo e com medo, eu me vesti.
* * * * *
Eu tentei escapar.
Ele me levou até seu carro, estacionado na rua atrás do
4Runner do Hank. Ele dirigiu, em primeiro lugar, como um
louco, silencioso louco.
Deixei-o com seus pensamentos. Os meus eram de
sobreviver, então escapar.
Assim que saímos de Denver, ele parecia calmo.
Eu decidi que era hora para tentar falar, talvez
argumentar com ele, talvez, convencê-lo do contrário.
— Billy, eu tenho que ir ao banheiro. — Eu disse.
— Cala a boca, porra.
Ok, então eu estava errada sobre ele estar calmo.
Ele dirigiu, rápido.
Perto da fronteira do Colorado-Nebraska, paramos em
um posto de gasolina.
— Billy, eu tenho que ir ao banheiro, ver a minha cara. —
Eu disse calmamente.
Ele virou para mim. Não parecia mais com meu Billy
bonito, gentil, sonhador. Eu nem mesmo conhecia este
homem.
— Você corre, pegarei você. Não se engane. — Concordei,
acreditei nele. Ainda assim, eu ia tentar.
Ele me deu a chave e fui para o banheiro. Havia outros
carros na estação e as pessoas neles me encararam, mas
mantiveram distância.
Olhei para o meu rosto no espelho nublado e pipocado do
posto de gasolina. Havia sangue escorrendo pela minha
bochecha esquerda e foi manchando ao longo do meu rosto.
Os cortes não eram ruins, mas eles estavam lá sangrando
muito e os hematomas e inchaço já havia começado.
Senti minhas narinas queimarem e tomei respirações
profundas para parar as lágrimas de virem. Lágrimas iriam
vazar energia e era tudo o que precisava. Forçando de volta
as lágrimas, lavei o rosto e fiquei no banheiro, enquanto
poderia, esperando que alguém fosse chamar a polícia.
Esperando ouvir as sirenes.
Um punho bateu na porta.
— Tire sua bunda daí! — Billy gritou.
Inclinei a cabeça para trás, fechei meus olhos e respirei
fundo. Então empurrei a porta aberta com toda minha força e
corri, passando direto por Billy, determinada como o inferno,
sem um destino em mente, eu só queria atenção, para
conseguir alguém para ajudar. Então corri, gritando a plenos
pulmões.
Eu vi os olhares surpresos virarem choque, pessoas
enchendo seus carros ou esperando neles, atordoado imóvel à
vista de Billy me perseguindo. Então, ele me pegou, arrastou-
me chutando e gritando para o carro, me empurrou no lado
do motorista, entrou comigo e, de alguma forma, nós
disparamos da estação enquanto eu estava lutando com ele.
Eu vi um homem correndo em nossa direção, mas era
tarde demais.
Billy dirigia como louco, lutando contra mim enquanto
dirigia. Eu não me importava se nós bateríamos, eu levaria os
danos de um acidente ao meu corpo muito mais fácil do que
levaria mais danos do Billy.
Ele parou e virou-se, dando-me toda a sua atenção.
Ele bateu-me outra vez, tão duro, minha mente deu um
branco e abrandei para deixar meu cérebro resolver. Quando
pisquei afastando a inconsciência que queria me envolver,
Billy estava amarrando minhas mãos juntas, com corda de
nylon.
Quando terminou, me arrastou através do freio de
emergência, até que o rosto dele estava a uma polegada do
meu.
— Você tem que aprender, Roxie. Você precisa aprender.
— Eu não sabia o que ele estava falando e não queria saber.
— Você vai aprender, — ele terminou, então me
empurrou, colocou o carro na engrenagem e decolamos.
* * * * *
Ele dirigiu de forma errática. Pensei que estávamos indo
em direção a Chicago, indo para o leste, mas em seguida ele
foi para o sul.
Paramos em outro posto de gasolina na fronteira do
Kansas. Ele escolheu um que estava deserto, sem carros,
desta vez, apenas a atendente.
Ele amarrou minhas mãos no volante, quando entrou
para pagar. Ele trouxe de volta folheados de queijo e uma
bebida diet e comi com as mãos atadas. Notei que sua
carteira estava cheia de notas, transbordando com elas e eu
estava com muito medo do que estava acontecendo para estar
com ainda mais medo de como ele conseguiu tanto dinheiro.
Não pensei em nada, mantive minha mente em branco,
tentei dormir então meu corpo estaria descansado, pronto
para lutar, mas o sono não veio.
Fomos para Kansas, fomos para o oeste por um tempo e,
no final da noite, paramos em um hotel. Billy me amarrou ao
volante novamente enquanto ele se registrou. Ele não soltou
minhas mãos toda à noite, até mesmo ficou em cima de mim
enquanto fui ao banheiro.
Deitando minhas costas na cama, Billy se pressionou
contra mim, metade do seu corpo por cima de mim, me
impedindo de respirar, minhas costelas ainda doloridas e
doíam ainda mais com o seu braço firme em torno de mim.
Ele sussurrou:
— Você não pode me deixar Roxie. Você é a única coisa
boa que eu tenho. Você é a única coisa boa que já tive. Eu
não posso te perder. Você não entende?
Eu não entendia.
— Billy, você tem que falar comigo. Do que está fugindo?
— Temos que ficar longe por alguns dias. Eu consegui
isso dessa vez, Roxie. Logo antes de você sair, eu consegui.
Agora, posso levá-la para a França. Agora, nós podemos ir a
qualquer lugar. Podemos ir para a Itália, Bermudas. Você
pode viver em um biquíni.
— Billy, —sussurrei. — O que você fez?
— É tudo para você, Roxie. Tudo que fiz é para você. —
Senti as lágrimas até minha garganta, minhas narinas
tremendo, mas eu lutei com isso e deitei lá, acordada a noite
toda, Billy dormindo ao meu lado.
Eu estava na cama que tinha feito para mim mesma.
* * * * *
No dia seguinte, mais do mesmo, a única diferença era
que não tentei escapar e peguei um tubo de chips com a
minha bebida diet.
Fomos para o leste, então norte, cortando por trás e
depois para o Sul, então norte novamente.
Não falamos, Billy foi além da conversa mole agora,
mesmo Billy foi suficientemente inteligente para saber que
teria que falar três milhas em um minuto para me trazer de
volta.
Estávamos na fronteira do estado de Nebraska-Iowa,
quando o relógio no painel do carro virou-se para a meia-
noite e paramos em um motel imundo.
O gerente olhou-me amarrada ao volante enquanto Billy
fazia o check-in. Não fiz um movimento, não tentei comunicar
o meu dilema. Pensamentos de fuga tinham desaparecidos,
por agora.
Como minha mãe disse, eu precisava ser inteligente. Para
escapar, eu precisava de pessoas, eu precisava de um lugar
para correr, uma delegacia de polícia, bombeiros, um
hospital, um café vinte e quatro horas. Alguma coisa. Tinha
que esperar o meu tempo, não lutar; Talvez fazer com que
Billy achasse que eu tinha desistido.
Billy teria que fazer merda em algum lugar ao longo da
linha, e eu estava esperando.
Era quando eu iria fugir e encontrar meu caminho de
casa, levar minhas coisas para Annette e desaparecer. Eu
teria que deixar o país, talvez ir para o Canadá, México,
desaparecer e ficar fora por um bom tempo, talvez para
sempre.
Eu era o tio Tex da minha geração; Tinha de me soltar.
Agora entendi tio Tex. Eu entendi como se sentiu ao se sentir
sujo, mesmo quando não foi você quem pulou na lama, em
vez disso, você tinha sido empurrado, mas você estava suja
da mesma forma.
Não tinha ido a um chuveiro em três dias, meu cabelo
estava sujo, meu corpo e rosto ainda doíam da luta,
especialmente minhas costelas e temia que elas tivessem sido
quebradas quando Billy me chutou.
Doía estar, trancada no carro, minhas mãos doíam de
serem amarradas juntas por dois dias. Deitei-me na cama,
Billy ao meu lado novamente, e meus pensamentos à deriva
para Hank.
Eu consegui não pensar nele até então, mas eu estava
cansada, cansada para caralho, eu não poderia empurrar os
pensamentos.
Eu me perguntei o que ele pensou quando ele veio para
casa de sua corrida, pensando em me encontrar dormindo na
sua cama, para me acordar, tomar banho comigo, levar-me
ao café-da-manhã, como pessoas normais, como um casal a
começar.
Em vez disso, ele voltou para casa para encontrar sua
casa amplamente aberta e destruída, sem eu.
Um encontro e ele disse que havia um ele e eu. Ele estava
tão seguro sobre isso. Ele estava seguro para caralho, que ele
me deixou segura. Durante vinte minutos, me senti boa e
limpa e livre.
Deus, como eu queria que isso pudesse ser verdade.
Aquilo não durou, não podia durar.
Aqui estava eu, sem banho, em um motel fedorento,
fugindo com um criminoso, minhas bonitas roupas de
designer sujas, não eram mais minha armadura. Hank iria
me olhar uma vez e se perguntar que diabos ele estava
pensando. Eu não era o que ele pensou que eu era. Eu nem
sabia quem eu era mais.
Senti uma lágrima deslizar para baixo do lado do meu
olho quando a porta foi dividida e caiu aberta.
Billy acordando subitamente e chegou longe da cama e
eu rolei do outro lado quando a luz acendeu.
— Porra, Roxie, corra! — Billy gritou, mas não tive tempo
para correr. Não havia para onde fugir. Eles estavam na
porta, cortando a única rota de fuga.
Havia dois homens, com armas. Senti-me
momentaneamente atordoada. Não acho que eu já tinha visto
uma arma, exceto em um coldre, levado por um policial
uniformizado.
Billy foi para frente, eu saí do meu espanto e tentei fazer
uma travessia. Um foi atrás do Billy, mas eu não vi o que
aconteceu porque o outro veio atrás de mim.
Graças à porra de merda, do meu então, muito ex-
namorado, eu era dificultada por mãos amarradas, pulsos
friccionados crus por estarem amarrados por dois dias.
Eu lutei mesmo assim.
Facilmente, ele me dominou e forçou-me para o banheiro,
dobrou-me por um pulso para os canos debaixo da pia. Eu
estava gritando e ele empurrou seu lenço na minha boca, o
amarrou no lugar com um cabo que ele arrancou de uma
lâmpada no quarto. Isso tudo levou menos de um minuto, ele
tinha uma mão experiente para esta porcaria.
Então, sem olhar para trás, ele entrou para a briga de
grunhidos assustadores que ouvi na outra sala. Ninguém lá
fora me ouviu gritar antes de eu ser amordaçada, ou, era o
tipo de lugar onde eles ignoravam isso. A briga parou ou se
mudou, mas de uma maneira ou de outra, o quarto ficou
completamente em silêncio.
Sentei-me debaixo da pia, tensa e a espera, mas os
minutos se passaram e ninguém veio me buscar.
* * * * *
Então, lá estava eu, meus piores medos tinham se
tornado realidade.
O fedor de Billy tinha se assentado em mim.
Eu podia até sentir o cheiro.
Segunda Parte
Capítulo 9
Um preço alto
Ouvi um barulho na outra sala, pequeno, apenas um
ruído.
Eu sabia que alguém estava lá, talvez alguém que não
devesse estar lá.
Fiquei quieta e segurei minha respiração, insegura sobre
o que fazer. Não queria que os homens que levaram Billy
voltassem para me levar. Não achava que eles eram boas
pessoas que estavam lá para explicar que Billy tinha ganhado
milhões de dólares em sorteios de alguma revista e só
realmente tinha se empolgado com a emoção de tudo.
Eu vi a sombra, quando bateu a porta e, sem pensar, eu
entrei mais embaixo da pia.
— Caralho, — murmurou a sombra.
Então a luz do banheiro acendeu.
Vance estava parado lá; O caçador de recompensas de
Lee.
Pisquei para ele, meus olhos se ajustando com a luz.
Imediatamente percebi que Vance era um tipo diferente
de Hank. Ele não tinha controle sobre suas reações, talvez
não quisesse e não tentou esconder sua expressão de mim.
Os olhos escuros do Vance estavam ardendo irritados e sua
boca estava apertada.
Ele tirou algumas chaves do bolso e se agachou ao meu
lado, seus olhos nunca deixando meu rosto enquanto suas
mãos iam às algemas. Ele me libertou da pia, dentro de
alguns segundos e, em seguida, foi trabalhar no fio enrolado
ao redor de minha cabeça, tudo enquanto olhava para mim.
Depois puxou o lenço suavemente da minha boca, as
mãos dele voltaram para a minha e trabalhou com a corda de
nylon, enquanto perguntou:
— Você está bem?
Eu queria rir e perguntar-lhe quantas garotas ele
encontrou espancadas, amordaçada e algemadas em pias em
hotéis desprezíveis que responderam “Sim, claro, ótima.” Mas
aquilo era qualquer coisa, menos engraçado e Vance e eu
sabíamos.
Em vez disso, eu disse:
— Eu acho que ele quebrou umas duas costelas. — Seus
olhos queimaram e, novamente, não tentou escondê-lo.
Ele me ajudou a levantar do chão, me ajudou a sair do
hotel e em seguida me ajudou entrar em um Ford Explorer
preto.
Uma vez lá dentro, contornou o carro e girou o volante.
Sem demora, ligou a caminhonete, batendo em alguns botões
sobre o GPS, depois apertou um botão no telefone, fazendo
tocar dentro da caminhonete.
— Sim? — Uma voz respondeu antes do segundo toque.
— Com ela, você tem um bloqueio na minha posição? —
Vance pediu, ainda, teclando no GPS.
— Sim. Ela está bem? — A voz falou de volta.
— Preciso do hospital mais próximo, — respondeu o
Vance.
Silêncio.
Em seguida:
— Porra.
Vance parou de mexer com o GPS, inverteu o Explorer da
vaga e começou a dirigir.
— Quando você ouvir o CEP, insira no GPS. Você
consegue? — Vance me pediu.
— Sim, — eu sussurrei, em seguida, limpei minha
garganta. — Sim, — eu disse mais alto.
A voz masculina deu-me o CEP e eu coloquei.
Depois que fiz isso, Vance assumiu, pressionou alguns
botões. O GPS calculou a rota e Vance virou cento e oitenta
graus em forma de U.
Então a voz masculina disse:
— O que eu posso relatar para Hank e Tex?
— Ela está segura. Vamos examiná-la. Então vou ligar e
você pode deixar que Lee decida.
— Estou aqui, — disse outra voz, uma voz que eu sabia
que era de Lee.
Eu fechei meus olhos e inclinei minha cabeça contra a
janela, humilhação, queimando profundamente em minhas
feridas mentais já expostas. Eu não sabia que horas eram,
mas tinha que ser no início da manhã, 03:00, talvez quatro e
Lee e seu exército estavam trabalhando para mim.
— Hank está aí? — Vance perguntou.
Meu corpo já tenso passou para rocha sólida.
— Ele não está na sala de vigilância. Está no meu
escritório. Bobby vai pegá-lo agora. — Respondeu Lee.
Soltei um suspiro.
— Tex? — Vance perguntou.
— Tex está sistematicamente destruindo a máquina de
pesos na sala de baixo.
Quase sorri para isso. Quase.
Vance começou a falar:
— Roxie foi espancada, mas parece-me bem, ela acha
que ele quebrou suas costelas. Eu vou examiná-la. Então nós
vamos voltar pra casa.
Envolvi meus braços em torno de meu meio e mantive
minha cabeça contra a janela. Eu queria que a conversa
terminasse antes que Bobby pegasse Hank do escritório de
Lee e ele chegasse na sala de vigilância.
Não sabia quanto tempo eu tinha.
— Você conseguiu Flynn? — Lee pediu, invadindo meus
pensamentos.
— Não havia ninguém, ela estava sozinha e algemada na
pia no banheiro. Sinais de luta. Eu não fiz perguntas, apenas
a levei para fora. — Os olhos dele mudaram-se para mim. —
A luta foi sua?
Eu balancei minha cabeça.
— Alguém veio e levou o Billy, algemou-me na pia. — Eu
disse calmamente.
— Ouviu isso? — Vance perguntou.
— Eu vou por Ike nisso, — disse Lee.
Eu fechei meus olhos novamente. Tanto para não
arrastar Lee e seus rapazes para isto.
— Roxie? — Lee chamou o meu nome e sentei lá e não
respondi. Eu sabia que era melhor do que estar em meu
passeio selvagem com Billy, mas de alguma forma, então, me
senti pior.
— Roxie, — disse Lee mais uma vez, sua voz mais suave.
— Sim? — Eu respondi, respondendo ao seu tom e ao
aperto de adulação do Vance no meu joelho.
— Fale com Vance, diga-lhe tudo o que aconteceu. Tudo
que você possa se lembrar. Está bem?
— Tudo bem, — disse.
— Vance, eu quero chamadas regulares.
— Entendido. — Vance respondeu.
— Leve ela para casa. — Lee ordenou.
Desconectou-se.
Eu respirei um suspiro de alívio porque não tive que lidar
com Hank.
— Não quero falar sobre isso, — disse a Vance depois de
assisti-lo pressionar um botão no telefone.
— Você não precisa, — disse ele, não olhando para mim.
— Agora não. Nebraska está ante nós. Temos tempo.
Sentei-me lá um segundo e então sussurrei.
— Obrigada. — Eu quis dizer sobre ele me resgatar, não
sobre ele deixar-me ficar quieta.
Acho que ele sabia o que eu quis dizer.
* * * * *
O raio-x mostrou que eu tinha três costelas quebradas.
Não havia nada que eles poderiam fazer, mas me
enfaixaram... E acho que fizeram isso mais para minha paz
de espírito do que para as costelas. Os cortes no meu rosto
iriam curar, disseram-me e não precisavam de pontos.
Não gostaram do que eles viram e gentilmente
perguntaram se queria ligar para a polícia.
Eu disse que não.
Não tinha decidido o que ia fazer a seguir. Estava
superando, minuto por minuto.
Vance me colocou no carro e nós rodamos.
Sem pedir, me levou em um shopping.
Eu poderia ter beijado ele, mas não beijei. Se houvesse
alguma coisa que uma garota alta manutenção como eu
precisava após ser raptada e agredida, era um shopping.
Fomos para a loja Levis onde comprou-me um par de
calças jeans que estavam apenas um pouco atrás de serem
tão boas quanto da Lucky’s, um grande cinto que era tão
marrom escuro que era quase preto e uma camiseta rosa
empoeirada. Não era D&G, mas servia que era uma beleza.
Depois fomos a uma Body Gap e peguei calcinhas novas.
Depois fomos ao Designer Shoe Warehouse e Vance me
comprou um par de Keds, então eu poderia tirar o Manolo
Mary Jane.
Vance parou em um hotel e eu teria parido seu primeiro
filho se ele pedisse, (apesar de não lhe dizer isso) quando
fizemos o check-in e tomei um banho, usando o xampu do
hotel e o sabonete de corpo.
Saí do banheiro limpíssima, mas ainda me sentindo suja.
Joguei minhas roupas no lixo, nunca mais queria vê-las
novamente (todos, menos os Manolos porque mesmo sendo
raptada e estar foragida não podia manchar sapatos Manolo
Blahnik).
Eu olhei para Vance, que estava sentado na cama.
— Pronta para ir? — perguntou, levantando da cama,
pronto para a ação, mesmo que suspeitasse que ele tivesse
dormido tanto quanto eu nos últimos dias.
O que era o mesmo que nada.
Suspeitava que Hank ou tio Tex o colocou em mim no
minuto que Hank descobriu que eu tinha ido embora.
— Preciso que enrole minhas costelas de novo, — disse,
segurando as ataduras para ele.
Ele veio em minha direção. Levntei minha camisa até
meus seios, além da vergonha neste momento. Quero dizer
que ele encontrou-me algemada a uma pia com cabelo muito
ruim.
Vergonha agora era um luxo.
Ele me envolveu novamente, rapidamente, habilmente,
sem sentido, como se tivesse feito isso antes centenas de
vezes. Quando terminou, assenti com a cabeça para ele e
disse:
— Pronto. — Mas não me mexi.
Ele me olhava por alguns instantes então ficou no meu
espaço e me olhou. Pela primeira vez notei que os olhos dele
estavam semicerrados e estava me dando espaço
Então perguntou:
— Você precisa de tempo? Lee quer você em casa, mas se
você precisa de tempo, nós vamos arranjar tempo. Você pode
ir para a cama e deixar o sono curar.
Merda.
Aqui estava novamente, com outro cara bom pra caralho.
Eu não saberia lidar.
Engoli a ameaça de lágrimas.
— Casa é Chicago, — disse a ele. Decidi focar nisso e não
disse a ele que poderia provavelmente dormir por cem anos e
não ser curada.
Ele ficou olhando para mim, mas ficou quieto.
— Você me levará a Chicago? — Eu perguntei.
Ele ainda ficou me olhando.
Então disse:
— Eu quero dizer sim, mas vou dizer não. — fechei meus
olhos e senti suas mãos em meus braços.
— Menina, — disse baixinho. Eu abri meus olhos e olhei
para ele. — Se chegasse em casa e encontrasse o que Hank
encontrou, minha mulher desaparecida, e o homem que
enviei à procura dela a levasse ainda mais longe, não há
como dizer o que eu faria. Sinto muito, é coisa de homem. Eu
o respeito e não vou fazê-lo mostrar-me o que ele faria.
Eu tinha dado uma boa olhada no espelho do banheiro.
Os cortes tinham sobrado quase nada, o sangue se foi, mas
as contusões e inchaço na maçã do meu rosto e ao redor do
meu olho estavam piores do que nunca. E tinha mais
manchas na minha garganta, braços, costelas, quadris e nos
pulsos. Eu era uma confusão absoluta. Estava horrível; Senti
isso como uma coisa física, dentro e por fora.
— Olhe para mim, Vance. Não posso voltar para Hank, —
eu sussurrei e soou como um apelo, porque era um apelo.
Hank era bondade e verdade. Eu era segredos e mentiras. Eu
não tinha nada com Hank Nightingale.
Vance me olhou por mais alguns instantes, chegou a
uma decisão e assentiu com a cabeça.
— Posso te dar isso, vou te levar para Tex.
Meu alívio foi tão grande, não pude evitar, cedi nele. Seus
braços deslizaram em volta de mim e pressionei minha
bochecha boa no seu peito.
— Obrigada. — Eu disse.
Ele não reagiu. Ficamos lá por algum tempo, ele
segurava-me, até que eu me senti mais quente e capaz de me
mover. No minuto em que meu corpo estava preparado para a
ação, sentiu e se afastou, pegou a minha mão na sua e
guiou-me até o carro.
* * * * *
Paramos apenas para almoçar e jantar e para encher o
tanque de gasolina. Não comi muito. Vance notou e fez-me
ficar hidratada me comprando garrafas de água e entregando-
as para mim de vez em quando, fazendo-me beber.
Eu tentei dormir, mas o sono não chegava.
Então, quando estava pronta, em um longo trecho de
estrada reta que era tudo o que já tinha conhecido de
Nebraska (até agora, eu soube de um motel barato, um
hospital com boas pessoas trabalhando lá e um shopping),
disse a Vance minha história.
Enquanto falava, o carro parecia que estava vibrando
com a raiva aberta que estava rolando fora dele.
Só continuei a falar.
Ele não disse nada quando eu tinha terminado,
simplesmente ligou para relatar isso para a sala de vigilância
de Lee.
* * * * *
Denver pairou brilhante na escuridão.
Antes que eu percebesse, nós estávamos saindo da I-25
para Speer Boulevard, bem para a cidade, quando Vance
apertou um botão no telefone e o toque encheu a cabine do
SUV.
— Sim?
— Estamos em Denver.
— Estou te vendo, — a voz disse, — você está indo pro
lado errado.
— Vou levá-la para Tex, — respondeu o Vance.
Silêncio.
Em seguida, a voz disse:
— Hank a quer.
— Ela quer ir para o tio dela, vou levá-la lá. — Outro
momento de silêncio, em seguida. — É sua escolha.
Vance apertou um botão e desligou o telefone.
— Vai se meter em problemas? — Perguntei-lhe.
— Não.
— Você não mentiria? — Eu perguntei.
— Eu mentiria, — ele respondeu... e vi o sorriso de merda
que se espalhou, seu rosto bonito iluminado pela luz do
painel. — Mas eu não estou.
Aquilo quase me fez sorrir também. Quase.
Ele parou em frente à casa de tio Tex e a porta da frente
abriu antes que o Explorer parasse. Tio Tex veio fora de casa
e para a escuridão. Acendeu-se a luz exterior e vi Nancy em
pé na porta.
Eu abri o carro, saí e tio Tex estava lá.
Ele olhou para mim, seu rosto iluminado pelos postes da
rua mostrando claramente uma batalha entre o alívio e a
fúria.
Alívio ganhou para fora e ele me puxou para seus braços.
— Cuidado, Tex. Ela tem três costelas quebradas. —
Vance disse de algum lugar perto.
Braços apertados do tio Tex afrouxaram.
— Estou bem, — disse contra seu peito.
Ele não respondeu.
— Tio Tex. Eu estou bem, — repeti.
Ainda sem resposta.
— Ela precisa de descanso, não acho que dormiu em
dias, — disse Vance.
Estava meio cansada desses homens falando sobre mim
como se não estivesse lá. Infelizmente, estava cansada como
um cachorro que fisicamente, não tinha a capacidade mental
para chamar atenção deles. Então, em vez disso, acenei com
a cabeça, ainda pressionada contra o peito do tio Tex, e me
afastei um pouco.
— Não sei como te agradecer, — tio Tex disse, obviamente
a Vance.
— Falaremos sobre isso mais tarde, — respondeu o
Vance.
Tio Tex me soltou e olhei para Vance. Eu vi que Vance e
tio Tex estavam encarando um ao outro, e o ar à nossa volta
mudou de alguma forma.
— Você tem uma ideia do que você quer? — Tio Tex
perguntou, não muitos rodeios, e esperava que qualquer
resposta que tio Tex procurava era a única que Vance daria.
— Sim, — respondeu o Vance.
— Dinheiro? — Tex pediu.
Rosto do Vance ficou apertado e eu poderia dizer, logo,
não era a coisa certa a dizer.
Tio Tex também poderia e ele mudou de tática.
— Roxie? — Tex disse, mas ele não estava falando
comigo, ele estava falando com Vance.
Meus olhos ficaram largos e olhei para Vance, esperando
sua resposta.
Eu poderia estar cansada e acabada de ser resgatada de
um rapto e estava certamente grata a Vance por tudo o que
ele tinha feito e ele era bonitinho e tudo (realmente bonitinho,
super bonitinho, na verdade bonitinho não era a palavra,
gostoso era mais a palavra) mas com certeza não ia ser
entregue como um presente de gratidão por ter salvado
minha vida.
E de qualquer forma, se alguém poderia me entregar,
essa seria eu e eu acabei com os homens. Totalmente e
completamente. Estava ansiosa para uma vida como mulher
gato. Eu ia pegar uma dúzia de gatos e um ótimo vibrador,
talvez dentre aqueles modelos coelhos que eu ouvi falar, e era
só isso.
A voz do Vance invadiu meus solitários, mas satisfeitos,
planos para o futuro.
— Eu vou ter o que quero de Lee.
— Dinheiro, — Tex disse decisivamente e pareceu
desapontado.
Vance olhou para mim. Então olhou para Tex. Ele estava
decidindo se ele deveria compartilhar.
Então, decidiu.
— Quero cinco minutos na sala de espera com Billy
Flynn antes de entregá-lo.
Olhei entre os dois homens. Eu não sabia o que era - a
sala de espera - mas não era preciso um cientista para
descobrir.
Puta merda.
Eu segurei minha respiração.
Pela primeira vez, tio Tex sorriu e tudo o que estava no ar
evaporou.
— Você terá que ficar na fila, — Tex disse a ele.
— Acho que ganhei um dos primeiros golpes, — disse
Vance. Puta merda. Puta merda. Puta merda.
— Vance- — comecei, mas parei quando os olhos dele
trancaram em mim.
Ele não estava me escondendo sua reação novamente;
Parecia irritado, além da raiva. Percebi imediatamente que ele
tinha estado controlando sua reação. Esta foi a sua reação
real e me assustou demais.
— Um homem levanta uma mão para uma mulher, ele
precisa de uma lição, — disse Vance.
Eu abri minha boca para dizer algo, mas não havia nada
a dizer. O que ele disse era totalmente, definitivamente
verdade.
Vance entrou no meu espaço e colocou as mãos nos
meus ombros e tudo o que ia dizer voou do meu cérebro. Ele
olhou para mim e os olhos dele mudaram, a raiva ainda
estava lá, mas assisti a tudo o que estava lutando por seu
lugar e estava escondido de mim.
— Fale com Eddie, — ele disse, sua voz calma, sua
expressão agora sob controle e ocultos. — Apresente
acusações. O sequestro ocorreu em Colorado na casa de um
policial. Billy Flynn está fodido.
Ele não esperou minha resposta e meu coração parou
quando segurou meu queixo, puxou minha cabeça para o
lado e beijou minha bochecha, bem onde estavam minhas
crostas. Então se virou, andou ao redor do capô do Explorer,
balançou-se no banco do motorista, e se foi.
— Vamos levá-la para dentro. — Nancy estava lá e tinha
sua mão em mim. Foi mais forte do que eu esperava que
fosse.
Ela virou-me para casa, seu rosto cheio de preocupação.
O braço do tio Tex veio ao redor de meus ombros
enquanto vi luzes à esquina do quarteirão.
Eu congelei.
Estava escuro, mas eu podia ver, nos postes, que era
4Runner do Hank.
— Não, — eu sussurrei, pânico voando através de mim.
— Roxie? — Tio Tex pediu, ele e Nancy pararam comigo.
Meus olhos voaram para Tex.
— Não posso ver Hank.
Tio Tex olhou para o carro que se aproxima.
— Querida menina... — Tex começou e eu sabia que ele
não concordava comigo.
— Não! Não, eu não posso vê-lo e... E ele não pode me
ver. Não assim. Por favor, por favor. — Eu choramingava.
O SUV estava perto. Não tive tempo. Eu parei de
choramingar, apertei a mão de Nancy, o braço do tio Tex e
corri.
* * * * *
Eu fui para a casa, rasgando através dela, para o quarto
na parte de trás.
Eu bati a porta fechada. Era o quarto do tio Tex.
Corri para janelas, gatos voando por toda parte, sentindo
meu pânico, e puxei as cortinas. Então voltei através da sala
escura para a porta, sentindo o botão de bloqueio, mas não
havia nenhum. Eu coloquei minhas costas para a porta e
deslizei para baixo, estando com os meus ombros
pressionados contra a porta.
Então, ouvi as vozes, tio Tex era um boom macio, a voz
profunda de Hank estava controlada e paciente, Nancy se
metia de vez em quando. O boom ficou mais alto e então eu
poderia dizer, mesmo que não pudesse entender as palavras,
que o Hank perdeu o controle.
Eu coloquei minhas mãos nas orelhas, levantei meus
joelhos e descansei minha testa neles, mas ainda podia ouvir
as vozes, podia sentir a impaciência do Hank e sabia que o tio
Tex estava tentando me proteger.
Comecei a cantarolar.
Deus, estava tão cansada. Tão, cansada, pra caralho.
Eu não podia ceder à exaustão.
Cantarolava, forçando as vozes da minha cabeça, e eu
planejei.
Buscar as minhas roupas do hotel.
Pegar meu carro.
Ir para Chicago.
Ir para Annette.
Pegar meu dinheiro, minhas coisas e fugir.
Houve uma batida suave na porta e eu calei.
— Roxie, querida, sou eu, Nancy.
Levantei-me lentamente da porta e a abri uma
rachadura. Ela estava sozinha.
As vozes tinham desaparecido.
— Onde está o Hank?
— Lee e Eddie estão aqui, estão com ele lá fora. Deixe-me
entrar, bonequinha, — ela disse suavemente. Abri a porta
suficiente para que pudesse deslizar e fechei atrás dela.
Ela acendeu uma luz... e então se virou para mim.
— Eddie e Jet foram para seu hotel hoje. É bom ter um
policial na família.
Eu vi como ela sorriu o sorriso satisfeito de uma mãe e o
meu coração foi arrancado com a visão. Eu nunca tinha visto
minha mãe sorrir pra Billy e eu assim. Nunca.
Nancy continuou falando.
— Eddie explicou à gestão e fizeram seu check out. Seu
carro está lá fora. Jet e Indy trouxeram suas coisas. Elas
estão arrumando o segundo quarto agora.
Eu estava encostada à porta, tentando ouvir o que estava
acontecendo lá fora, ao mesmo tempo tentando não ouvir.
— Todos nós achamos que você deveria ir para casa com
o Hank, — Nancy disse suavemente. — Até Tex.
Eu balancei minha cabeça, olhando para o chão.
— Vou dormir por um tempo, então eu vou ir, — disse a
ela.
Nancy se aproximou de mim, encostou-se à porta comigo,
mais suporte de verdade que apoio moral, eu poderia dizer.
Ela estendeu a mão e agarrou a minha mão. — Para onde
você vai?
— Não sei, — eu ainda estava olhando para o chão. —
Longe.
— Você deve saber, Hank queria olhar para você. Jet me
disse. Lee e Eddie o convenceram do contrário. — Quando ele
chegou na casa dele... — ela parou. — Querida, olha para
mim...
Olhei para ela. Seus olhos verdes eram amáveis e senti
minhas narinas começar a queimar e chupei em respirações
profundas para controlar as lágrimas.
Ela continuou falando.
— Quando chegou a sua casa e você sumiu, não foi bom.
Tex sabia exatamente o que tinha acontecido e disse a eles
sobre esta pessoa Billy. Lee estava preocupado com o que
Hank faria se te achasse e Billy estivesse com você. Tex disse-
me que Lee e os seus rapazes podem fazer coisas que Eddie e
Hank não podem fazer. Ainda assim, demorou muito para
convencer Hank a não ir atrás de você.
Percebi que Nancy pensou que eu estava chateada que
Vance tinha vindo atrás de mim, não Hank.
— Não é isso, — disse ela.
— O que é? — Ela perguntou.
Eu olhei para o chão novamente e engoli.
Ela apertou minha mão.
— O que é, querida? — Ela perguntou, sua voz tão macia,
que mal conseguia ouvi-la.
Meu nariz começou a queimar e assim como meus olhos.
Eu os fechei, duramente e pisquei as lágrimas.
— Estou suja, —sussurrei em voz mais baixa do que a
dela. — Ele é bom e limpo e maravilhoso e merece alguém
melhor do que eu.
— Oh querida, — ela sussurrou... E mudou-se,
deslizando através da porta, a mão dela largou a minha e o
braço dela, chegando perto de mim. — Sabe que isso não é
verdade. — Eu fiquei lá e deixei segurar-me o melhor que
podia. Ela era menor do que eu e, ela teve um derrame, mas
ainda era mais forte que eu.
Jet também era, Indy também era, Ally também era.
Todo mundo era mais forte que eu.
Hank precisava de alguém como elas. Alguém que
diferenciava o bom do mau, que é forte o suficiente para ficar
de pé pelo bom e para se afastar do mal.
E não era eu.
John Melencamp cantava um velho ditado: — Você tem
que estar de pé por algo, ou você vai cair por qualquer coisa.-
Melencamp estava certo.
Milagre dos milagres, eu não chorei... E finalmente disse,
— Eu tenho que ir dormir.
Ela afastou-se e olhou-me atentamente. Eu poderia dizer
que não gostou do que viu.
Mesmo assim, suspirou e deixou-me ir.
— Vou ver como Indy e Jet estão fazendo com essa cama.
Quer que eu as mande aqui?
— Não! — Eu disse mais alto do que precisava, mas eu
gostava dessas pessoas e passar mais tempo com elas seria
mais difícil de deixar. — Não. Eu quero ficar sozinha. Não
estive sozinha em três dias.
Ela assentiu com a cabeça, mas poderia dizer que ela
ainda não concordava.
— Vou bater na porta quando o caminho estiver livre. —
Eu peguei a mão dela e dei um apertão.
— Obrigada. — Eu disse.
Ela estendeu a mão, beijou minha bochecha e, em
seguida, deslizou para fora da porta, não abriu mais do que
precisava. Encontrei-me esperando, novamente, que o tio Tex
e a Nancy dessem certo.
Apaguei as luzes e retomei a minha posição no chão, os
ombros contra a porta.
Eu ouvi Nancy falar com Indy e Jet, suas vozes um
murmúrio e eu não consegui ouvir o que elas disseram.
Depois houve silêncio.
Eu esperei.
Muito tempo passou e lá estava uma batida na porta.
— Roxie?
Era tio Tex.
— Sim?
— É só você e eu, garota. Todos se foram. — Eu não
respondi.
Eu fechei meus olhos e descansei minha testa em meus
joelhos.
Não foi com alívio, foi com o coração quebrado.
* * * * *
Sentei-me no escuro para um pouco mais de tempo e,
quando me senti pronta, saí.
Tio Tex me fez comer metade de uma pizza congelada e
me fez beber três doses de bebida alcoólica. O tempo todo me
assistiu silenciosamente. Percebi que ele queria dizer algo,
mas manteve a sua paz.
Deixei-o em frente ao enorme, velho console TV em sua
sala de estar e fui para o segundo quarto.
A cama de casal foi feita com lençóis, um cobertor velho,
verde-menta, chenille e alisado por cima. Minhas malas
estavam no chão contra a parede, meu pijama tinha sido
limpo e foi dobrado e descansava no travesseiro.
Eu lutei contra as lágrimas (de novo), troquei para o meu
pijama e deslizei para a cama.
Eu ainda tinha meu plano... E amanhã, ia realizá-lo.
Eu não sabia o que estava acontecendo com Billy e não
me importava. Ele estava morto para mim.
Não sabia onde estava o Hank e tentei não me importar.
Ele não estava morto para mim, mas tínhamos acabado. Isso
eu sabia como sabia que cosméticos MAC, são o melhor em
qualidade por preço de longe.
Finalmente, dormi.
* * * * *
Acordei quando os cobertores se moveram e não fui eu
que os movi.
Por um momento, pensei que era um dos gatos do tio Tex
e, em seguida, a cama se mexeu de uma forma que teria de
ser o maior gato da história.
Ou um ser humano.
Em seguida, deslizou um braço forte ao meu redor e fui
puxada para trás contra um corpo quente, duro.
Eu gelei, então tentei afastar-me.
— Não. — Hank disse, na parte de trás da minha cabeça.
Merda.
Parei de me afastar, mas meu corpo estava tenso.
— Como você entrou aqui? — Eu sussurrei.
— Tex deixou-me entrar.
Fechei os olhos.
Traída pela minha própria carne e sangue.
— Bem, ele certamente não está convidado para minha
próxima festa de aniversário, — Eu disse.
Silêncio.
— Estou bem, Hank. Realmente. Você pode ir, — disse a
ele, ou mais como, menti para ele.
Mais silêncio e ele não se mexeu.
— Na verdade, prefiro que você vá. Estou sentindo a
necessidade de estar sozinha.
— É uma pena, porque não estou sentindo essa mesma
necessidade. — Nossa, ele era teimoso.
— Se me lembro, eu que fui sequestrada aqui, não tenho
certeza se seus sentimentos contam agora. — Eu disse a ele,
soando tão arrogante que estava no limite de vadia.
Seu corpo ficou tão tenso quanto o meu, senti isso como
um aviso.
Então, sua boca veio ao meu ouvido. — Eu sinto as
bandagens, — ele disse, sua mão correu suavemente ao longo
de minhas costelas.
— E eu sei sobre a maneira que Vance encontrou você.
Eu sinto muito, que você passou por isso, Luz do Sol.
Eu não respondi e esperei. Esperava que ele não tivesse
acabado.
Eu não estava errada.
— Mas, eu voltei para casa de uma corrida na manhã
seguinte do melhor encontro que já tive, um encontro com
uma garota que falou sobre porcos usando perucas, que
poderia citar letras de Springsteen, que sussurrou para
cavalos e que cresceu em Indiana e estava com medo de
milharais. Vim para casa pensando que ia fazer amor com
aquela garota, tomar banho com ela, leva-la para tomar café
da manhã, fazê-la confiar em mim e finalmente, começar a
conhecê-la melhor. Em vez disso, encontrei minha casa um
desastre, e o que eu só poderia assumir era sangue na parede
do meu quarto e ela desaparecida.
Meu Deus. Como o meu sangue foi parar na parede?
Ele deve ter ficado louco. Tio Tex deve ter ficado louco.
Eu fechei meus olhos e suspirei.
— Aquele era seu sangue? — Ele perguntou.
Soltei minha respiração.
— Bem, tentei, mas infelizmente, fui à única que acabou
sangrando.
Eu devia ter ficado em silêncio, ou, possivelmente, não
devia ter sido leviana. Por um motivo ou outro, o ar no quarto
mudou tanto que achei difícil de respirar e não tinha nada a
ver com seu braço apertado em torno das minhas costelas.
— Hank, minhas costelas, —sussurrei.
Instantaneamente, o braço soltou e sua boca foi longe da
minha orelha. Eu esperei enquanto ele se controlava. O ar
mudou de volta ao normal e ele falou novamente.
— Acho que estou dizendo que meus sentimentos contam
sim agora, — ele terminou.
— Desculpe-me. Eu vou pagar por qualquer dano ou
limpeza de sua casa, — eu disse.
Ele ignorou meu comentário totalmente estúpido.
— Você me disse que não estava em perigo.
Merda.
Eu tinha dito isso.
— Eu não teria lhe deixado sozinha, se soubesse que você
estava em perigo, — ele continuou.
Bom Deus, ele pensava que era culpa dele.
— Não foi sua culpa, Hank. Eu não achei que eu estava
em perigo, — disse a ele.
E era verdade, que não pensei que eu estava.
Pensei que o Billy me amava. Ele era louco e possessivo,
para não mencionar possessivamente louco, mas nunca
pensei que ele sequer me bateria, muito pior bateria e me
ameaçaria a violar-me na cama de outro homem. Nunca
pensei que iria me arrastar em todo país, fugindo do que
tinha que ser bandidos e me colocaria em perigo ainda pior
com eles do que eu estava com ele.
Quanta sorte eu tinha que eles não me levaram com eles
ou atiraram em mim no local?
Quanta sorte foi que eles me deixaram algemada a uma
pia?
Nunca pensei que, crescendo com sonhos de ser uma
deusa corporativa com dois armários cheios de roupas e
outro dedicado a sapatos, que eu acabaria assim.
Meu corpo tenso começou a tremer.
— Merda. — Eu disse.
Ele sentiu isso vindo e me virou. Eu resisti, mas ele fez de
qualquer maneira.
— Merda, — repeti quando ele veio por cima de mim. —
Merda, merda, merda. — Eu estava cara a cara com ele e
ambos os braços de Hank me rodearam quando chegaram as
lágrimas; grande, arrancando soluços.
Droga, eu odiava quando chorava. Eu era uma fraca de
merda. E enfim, chorar machucava minhas costelas.
Eu coloquei minhas mãos sobre meu rosto e, com dor ou
não, não tinha escolha, além de deixar rolar.
— Eu sou tão es-es-túpida, — eu gaguejei entre soluços,
levando minhas mãos longe do meu rosto. — Billy assustou-
me, com a marreta e tudo, mas eu fui tão estúpida. Eu pensei
que poderia jogar.
— Marreta? — Hank perguntou, mas o ignorei.
— Eu pensei que era mais esperta que ele. Tio Tex disse
que meu plano iria por água abaixo. Foi tão abaixo, que está
na porra do esgoto! — Eu gritei
— Vamos voltar para a marreta, — sugeriu o Hank.
Eu me afastei e comecei a rolar para fora da cama. Eu
estava quase fora quando Hank agarrou a camiseta do meu
pijama e me puxou de volta para a cama.
— Me deixa!
— Roxanne, acalme-se.
Lutei contra ele:
— Hank, deixa-me ir!
Surpreendentemente, ganhei a luta. Não ocorreu a mim
que ele não ia lutar comigo quando eu tinha três costelas
quebradas. Eu pulei da cama e corri para as minhas malas,
minha respiração difícil com esforço mínimo.
— Eu tenho que ir, tipo, agora, — anunciei, apesar de
não estar em condições de ir a qualquer lugar.
Hank estava fora da cama e entrando no meu espaço.
— Volte para a cama, — ele disse.
— Não, eu tenho que ir.
Ele estava bloqueando meu caminho, para todos os
sentidos que eu virava, e me guiando de volta para a cama.
— Saia do meu caminho! — Eu gritei.
— Para onde você vai?
Eu fiz uma decisão de momento:
— México!
— México?
— Meu dinheiro vai até lá. Eu poderia começar uma
franquia, como uma loja de conveniência ou algo assim. Eu
vou ser a rainha gringa da minha aldeia.
Eu ainda tentava fugir dele quando suas mãos pegaram
meus quadris e ele segurou apertado.
— Não diga a Tex que você vai comprar uma franquia, ele
vai ficar louco.
O que ele disse me fez parar e eu olhei para ele
estupidamente no escuro.
— O que tem de errado com franquias? — Eu perguntei.
— Eles são a morte da América, — tio Tex explodiu da
sala ao lado e Hank e eu congelamos. — Agora, vocês podem
calar a porra da boca. As paredes são finas e vocês estão
perturbando os gatos!
Ambos estávamos paralisados ainda por um momento e
então eu comecei a rir. Não conseguia evitar. Eu ri tanto que
pensei que iria quebrar outra costela. Comecei a me dobrar,
mas minha testa colidiu com a clavícula do Hank. Ainda
assim, não parei de rir.
Hank, notei vagamente, não ria nem um pouco.
Os braços dele foram em torno de mim e meu riso
rapidamente se transformou em lágrimas novamente.
Coloquei meus braços ao redor dele, não queria, mas se não
fizesse, não seria capaz de ficar em pé.
Finalmente, quando consegui algum controle, disse
baixinho;
— Eu pensei que ele me amava.
O corpo do Hank tinha relaxado quando tinha enrolado
meus braços ao redor dele, mas, em minhas palavras, ficou
tenso outra vez.
— Eu juro, não pensei que estava em perigo. —
continuei.
Ele começou a acariciar minhas costas com uma mão,
segurando-me com o outro braço. Algo havia mudado da
forma que ele estava me segurando, mas eu estava cansada
para notá-lo.
— Eu acredito em você. — Ele disse.
Eu engoli porque sabia que ele acreditava, e isso significa
muito.
— Obrigada, — sussurrei, tipo, pela milionésima vez
naquele dia.
— Você o ama? — Hank perguntou.
Eu assenti com a cabeça contra o seu peito e o ar mudou
novamente e, novamente, estava exausta demais para notar.
Não quis dizer que amava Billy agora. Queria dizer que
eu o amara, era uma vez, quando o conto de fadas ainda
podia virar real.
Não o amava mais. Eu não o odiava. Só não o quero em
qualquer lugar perto de mim. Não quero nem pensar nele.
Eu fiquei ali, nos braços do Hank e deixei o cansaço
infiltrar-se através de mim.
Era como se sentisse, ele era tão sintonizado em mim e
guiou-me para a cama.
Não resisti.
Nós dois entramos e ele me abraçou novamente.
Eu não resisti a isso também.
Sonolenta, para levar meus pensamentos da minha
cabeça, ou talvez para me ensinar uma lição, eu citei a letra
do Melencamp - Minutes to Memories. -
— Melencamp, — Hank murmurou.
— Sim, — eu sussurrei. — Devia ter ouvido mais
atentamente.
A cabeça do Hank se moveu, ele beijou meu pescoço e
então se estabeleceu.
Eu esperei até que a respiração dele igualou.
Então, quando sabia que ele estava dormindo, sussurrei
a parte da música onde Melencamp explica sobre o velho
sábio na visão da canção. Sobre como essa visão era difícil de
seguir. Tal como o jovem na canção fez as coisas à sua
maneira, e ele pagou um alto preço. Sobre como, anos mais
tarde, olhou para sua conversa com o velho durante sua
viagem de ônibus, e sabia que o velho tinha razão.
E, oh homem, como ele tinha razão.
Eu fiquei em silêncio.
Então, depois de um tempo, bateu-me e comecei a
cantar, pensando que era um segredo, meu segredo, minha
canção. Em outra vida, uma vida nos últimos três dias, uma
vida aonde Hank veio para casa dele antes do Billy e me
encontrou, poderia ter sido a canção minha e do Hank.
Palavras do Springsteen.
Eu cantei tão discretamente, minha voz era quase um
sussurro e eu mudei apenas duas das palavras.
Foi o primeiro verso de - Because The Night- do
Springsteen13.
Eu cantarolava o segundo verso e no meio de cantarolar,
adormeci nos braços do Hank.
13
A autora do livro já chegou a comentar que no original tinha colocado os versos das
músicas citadas, mas não pôde deixar por causa de direitos autorais.
Porque eu estava dormindo, nunca percebi que Hank não
estava.
* * * * *
Parecia que dormi por uma semana.
Quando acordei, Hank tinha desaparecido.
Capítulo 10
Tortura de mp3
Era dia quando rolei da cama. Meu corpo protestou com
sofrimento e dores me avisando mais cedo que eles queriam
ficar lá por um tempo.
Eu não sabia onde Hank foi, mas achava que tinha ido
trabalhar, porque era quase meio-dia.
Fui ao banheiro e vi que Indy ou Jet tinha colocado o
meu nécessaire na pia. Esmaguei por baixo de outra onda de
remorso que essas pessoas não estariam na minha vida, além
de algumas memórias preciosas. Em seguida, varri o
pensamento de lado, escovei os dentes e lavei o rosto.
Eu me vigiei no espelho. O inchaço desapareceu; os
hematomas estavam roxos, verde e amarelo.
Não era uma boa combinação de cores e eu estava
duvidosa que Calvin Klein iria usá-los em sua linha de
primavera.
Eu entrei na sala e vi tio no sofá com seus pés na mesa
de café, uma tigela de pipoca descansando em sua barriga e,
um filme de Bruce Lee correndo tranquilo na TV console.
Ele olhou para mim quando entrei.
— Hey querida garota. Como está se sentindo hoje?
— Café. — Eu respondi.
Ele sorriu.
— Eu posso fazer o café.
Sentei-me em uma cadeira de vinil berrante, verde,
branca e amarela com estampa de margaridas, na sua mesa
de cozinha. Ele trouxe-me um copo de café e sentou-se
comigo.
— Hank ainda está dormindo? — Ele perguntou.
— Hank se foi, —respondi.
Ele me olhou estranho. — O que você quer dizer, se foi?
— Provavelmente para o trabalho.
Ele me encarou.
— Não ouvi ele ir, — disse ele.
Dei de ombros e olhei pela janela.
— Estás zangada comigo porque o deixei entrar? — Ele
perguntou.
— Um pouco. — Eu respondi sinceramente.
— Você quer falar sobre isso?
Eu balancei minha cabeça.
— Você quer falar sobre alguma coisa?
Eu balancei minha cabeça novamente.
— Tudo bem, garota. Vou te dar hoje. Amanhã, nós
estamos falando sobre isso.
— Vou deixar a cidade, assim que tomar banho e me
vestir. — Eu disse.
— Como Hank se sente sobre isso?
— Eu não sei. Não me importo. — menti sobre a segunda
parte.
Silêncio.
Eu olhei da janela para trás ao tio Tex. Ele estava me
encarando novamente. Acho que estava encontrando
dificuldades para manter a paz.
Então ele disse:
— Assim seja.
Fiquei surpresa que se rendeu tão facilmente. Surpresa e
aliviada e talvez um pouco triste. Levantou-se e beijou o topo
da cabeça, levou minha caneca de café e fui para o chuveiro.
* * * * *
Eu estava na calçada, tio Tex do meu lado, minhas malas
no chão uma em cada lado dele, olhando para meu carro.
— Maldito seja. — Tio Tex disse. — Nunca vi isso antes.
Lentamente, virei minha cabeça para olhar para ele. Ele
ficou olhando meu carro. Então continuou.
— Não posso dizer que este é o melhor bairro, mas quatro
pneus furados? Isso tem que ser um recorde.
— Tio Tex —comecei.
— Bem! — Ele gritou, dobrando para pegar minhas
malas. — Acho que você não está indo embora hoje. — Eu
tinha uma suspeita que meus quatro pneus furados não
tinham nada a ver com este ser um bairro ruim.
Tio Tex entrou em casa com as minhas malas e não
olhou para trás.
Eu virei de volta para o meu carro e fiquei olhando
aquilo.
Depois de algum tempo, soltei um suspiro enorme e fui
para a casa.
* * * * *
Eu estava sentada no sofá, pés para cima, assistindo
Independence Day e o Will Smith estava seriamente
detonando alguns alienígenas.
Tio Tex tinha recebido telefonemas pela última hora. Jet
ligou. Indy ligou. Nancy ligou. Daisy ligou. Eddie ligou. Eddie
ligou de novo. Eddie ligou uma terceira vez. Toda vez, tio Tex
cobriu a boca e gritava um nome, tornando o - cobrir a boca-
uma ação discutível.
Toda vez eu ficava tensa, pensando que fosse Hank.
Preocupada que fosse Hank. Desejando que fosse o Hank.
Então, quando não era Hank, balançava minha cabeça e tio
Tex fazia alguma desculpa ridiculamente ruim para mim e
desligava.
Outro telefone tocou e eu sabia que era meu celular. Tio
Tex estava sentado ao meu lado e olhou para mim enquanto
ignorava minha bolsa tocando no chão ao lado do sofá. Então
se levantou, pegou minha bolsa, cavou nela e puxou meu
telefone bem quando ele parou de tocar e ficou parado para
mim.
Eu balancei minha cabeça.
— Talvez tenha sido o Hank, — ele disse.
Merda.
Ele sabia que eu estava esperando por Hank chamar.
Balancei minha cabeça novamente.
Ele abriu meu telefone e começou a pressionar os botões.
Ele fez isso por um longo tempo. Então, meu telefone
começou a fazer barulhos alarmantes e não pude me conter,
puxei isso da mão dele.
— Pare com isso! — Eu rebati.
— Descubra quem ligou, talvez Hank esteja tentando
entrar em contato com você.
— Ele sabe o seu número.
— Talvez não queira falar comigo. Talvez ele só queira
falar com você.
— Bem, não quero falar com ele.
Tio Tex me encarou e então andou em frente à mesa de
café, suas canelas empurrando minhas pernas, forçando-me
a sentar. Ele sentou-se sobre a mesa de café na minha frente,
bloqueando minha visão de Will Smith e me deixando
preocupada com o futuro da mesa de café quando sua bunda
se instalou nela.
— Você está no meu caminho, — disse.
— Olhe para mim, garota.
Eu tentei olhar em torno dele para a TV.
— Roxanne Giselle Logan, olhe para mim.
Olhei para ele. Tive anos de - Roxanne Giselle Logan. - Eu
estava condicionada a fazer o que me diziam depois que meu
nome completo era dito por uma figura de autoridade.
— O quê? — Eu respondi, totalmente arrogante.
Ok, então estava condicionada a fazer o que me diziam,
mas eu era arrogante o suficiente para fazê-lo com graça.
Ele se inclinou para frente e os olhos dele eram tão
brilhantes, eles estavam febris e algo sobre eles me assustou.
Segurei minha respiração e esperei o que estava por vir.
— Você está numa encruzilhada, querida. Você tem dois
caminhos para seguir.
Olhei para ele e continuou.
— Eu já estive em sua encruzilhada uma vez. Eu escolhi
o caminho errado. Depois que você desce, é impossível
encontrar o caminho de volta.
Soltei minha respiração, mas apenas para chupar mais
uma profunda e segurá-la.
Suas mãos musculosas ficaram em meus joelhos e ele
ficou mais perto.
— Na metade do meu caminho para baixo, uma menina
de seis anos me escreveu uma carta.
Oh merda. Oh merda.
— Não, — eu sussurrei, mas a palavra não era audível,
acho que apenas minha boca fez a forma da palavra, mas
sem som. Minha respiração pega com algo feroz e sabia que,
em breve, iria perder todo o controle.
Com esforço, chupei ar no meu nariz, mantendo as
lágrimas na baía.
— Ela não me impediu de perder meu caminho, mas ela
me impediu de me perder.
— Pare de falar, — eu sussurrei e ouvi as palavras saírem
desta vez, mas tio Tex as ignorou.
— Agora, tenho a chance de retribuir o favor.
— Por favor, tio Tex, não.
Senti minhas narinas tremem.
Ele ainda me ignorou.
— Esta vida é feita de boas voltas e voltas ruins. Alguns
meses atrás fiz uma boa ação. Tomei um tiro por Indy. Nos
últimos três dias, Lee me pagou de volta.
Fechei os olhos.
— Olhe para mim, querida garota.
Eu abri meus olhos.
— Lee iria se colocar na frente de uma bala pelo irmão
dele, não se engane. Hank estava completamente fora de si
quando veio para casa para encontrar você desaparecida. Eu
pensei que iria destruir Denver à procura de você. Lee quase
teve que trancá-lo em sua sala segura para evitar que fosse
atrás de você.
— Por favor, pare.
— Você teve sua volta ruim, Roxie. Abra a porra do seu
coração e deixe o Hank ser a boa.
Olhamos para um ao outro por algum tempo. De alguma
forma, eu não chorei.
Depois, acenei com a cabeça e abri o meu telefone.
Com as mãos a tremer, fui às minhas chamadas
recebidas, meu coração batendo, esperando que fosse o
Hank.
— Não, foi minha amiga Annette, de Chicago.
— Annette, — disse o tio Tex.
As mãos dele deixaram meus joelhos.
— Não Hank? — Ele perguntou, surpreso abertamente.
Eu balancei minha cabeça.
Ele se levantou e se sentou ao meu lado.
— Ele vai ligar. — Ele disse.
* * * * *
Eu estava deitada na cama no quarto do tio Tex e ouvi a
Joni Mitchel no meu MP3 player enquanto eu olhava para o
teto.
Independence Day tinha acabado, Eddie tinha ligado
novamente e Stevie também. Não falei com nenhum deles.
Hank não tinha ligado.
Tio Tex estava no Kumas comprando coisas para fazer
porcos em um cobertor e macarrão com queijo para o jantar.
Eu desliguei o Joni cantando sobre beber um caso de
você, porque sabia que eu só estava me torturando. Peguei
meu celular e liguei para Annette.
Annette tinha desistido de web design para abrir uma
loja em Chicago chamada, apropriadamente, - Head14. - Ela
vendia cobertores com fotos de Jimi Hendrix e cachimbos,
bongos, incensos, pôsteres psicodélicos, camisetas tie-dye e
roupas de cânhamo. Para sua surpresa, foi um enorme
sucesso, provavelmente porque ela era uma louca do calibre
de Tex e isso fazia sua loja divertida de estar, assim como a
Fortnum’s. Depois ela ficou muito ocupada e não podia mais
fazer isso, ela me contratou para executar o site. Ela vendeu
bongos em cinco continentes.
Ela tinha cabelo encaracolado, loiro-cinza, olhos verdes
leitosos e ela era alta, mais alta até que eu. Ela era uma boa
amiga. Ela era simpática na cara do Billy, nunca deixando
transparecer que ela tinha uma vez ficado com tanta raiva em
meu nome (Sim, depois de eu ter contado sobre o incidente
da marreta), que ela jogou um copo em uma parede,
partindo-o em pedacinhos.
— Fala, vadia! — Ela respondeu no segundo toque (nada
com que se preocupar, isso era como Annette atendia ao
telefone o tempo todo).
14 Cabeça.
— Ei, — eu disse, calmamente.
Então comecei a chorar.
Então contei-lhe minha história, toda minha história.
— Santo Jesus Cristo, porra, — ela disse quando eu
terminei.
— Eu sei.
— Ele não ligou?
— Annette! Billy me sequestrou e me bateu. Isto não é
sobre Hank!
— Billy provavelmente foi morto e seu corpo sem valor
está sendo comido por formigas vermelhas em alguma Duna
de areia em Utah, pela vontade dos deuses. Billy é a porra do
passado, esse cara, Hank, é o futuro, baby.
Eu disse que Annette era louca.
— Estou indo para casa, assim que consertarem meus
pneus. — Eu disse, contornando o problema de Hank.
— Quando é que isso vai ser?
— Tio Tex tem um amigo que vem buscar o carro
amanhã. Não pode demorar muito tempo para trocar os
quatro pneus. Eu acho que eu vou estar na estrada, amanhã
à noite. Então, vou pegar minhas coisas de seu lugar e se
você e Jason puderem ir comigo até o loft, só para ter certeza
de que é seguro, vou fechá-lo. Então vou para o México.
— Foda-se essa merda, — disse Annette. — Jason e eu
iríamos a um fim de semana prolongado, acampar em
Michigan. Vamos torná-lo um fim de semana ainda mais
prolongado e levar suas coisas para o Colorado. Parto
amanhã. O que quer do loft?
— Annette. — Eu disse baixo. — Eu tomei uma decisão.
— Ela ignorou o meu tom de aviso.
— Bem, eu estou ‘des’ tomando-a.
— Você não pode vir para o Colorado! E a Head?
— Eu tenho que implorar meu pessoal para sair no final
do dia. Não tenho problemas com a Head. Eu poderia me
juntar a uma comuna por seis meses e eles não saberiam
nem que eu estive fora.
Isso era verdade. Os funcionários da Annette eram como
o pessoal em alta fidelidade de Nick Hornby. Suas vidas
inteiras eram a Head. Se alguém jogasse uma granada na
Head, eles lutavam entre si pela oportunidade de se lançar
sobre ela. Era assustador.
— Você não está me fazendo mudar de ideia, — disse a
ela.
— Claro que estou. É isso que amigos fazem quando os
seus amigos tomam decisões estúpidas e idiotas sem pensar.
— Ela respondeu. Então gritou; — Viagem de carro! — E
desconectou antes que eu pudesse dizer outra palavra.
Fechei meu telefone e encarei o teto.
Eu percebi que eu morava em uma pequena ilha de
sanidade enquanto tudo ao meu redor estava uma confusão.
Estava prestes a me torturar com - Both Sides Now- ou
realmente ir com tudo e mudar para o - Into the Mystic- de
Van Morrison quando veio uma batida na porta.
— Sim? — Eu chamei.
— O jantar está pronto. — Tio Tex gritou.
Pus de lado meu MP3, rolei fora da cama e saí para a
sala.
* * * * *
Já era tarde.
Tio Tex e eu tínhamos comido nossos porcos cobertos e
macarrão com queijo. Mais tarde, tivemos alguns biscoitos e
sorvete de creme. Ainda mais tarde, bebidas após o jantar de
moonshine do tio Tex.
Acabamos assistindo Letterman e levantei-me do sofá e
disse:
— Vou para a cama.
Olhei para o tio Tex. Ele tinha o telefone (um telefone de
disco, a propósito, seu fio amarrado em toda a sala de estar)
sentado no colo dele e encarando isso tanto que pensei que
raios laser iriam atirar-se de seus olhos e queimá-lo até virar
cinzas.
— Boa noite. — Eu disse quando não respondeu.
Ele olhou para mim.
— Ele vai ligar.
Eu sorri para ele. Até eu sabia que era um sorriso triste.
Eu tinha tido uma conversa curta com Nancy, mas achei
que ela logo seria família, então estaria a salvo. Eddie tinha
ligado novamente, Indy também. Não falei com nenhum
deles.
Hank não tinha ligado.
Eu sabia o que significava. Tinha imaginado mesmo
antes de ter meu encontro com ele.
No meu quarto estava escuro, não conseguiu ver-me
ontem à noite, cara agredida, corpo machucado, mas ele
sabia. Ele podia sentir o cheiro em mim. Ele lidava com
pessoas como Billy todos os dias. Eu era a menina de Billy,
mesmo que isso tivesse ficado no era uma vez.
Hank não queria esse mau cheiro na sua cama.
Eu abaixei-me e beijei o topo da cabeça do tio Tex
novamente.
— Ele vai ligar, porra. — Tio Tex rosnou.
Toquei o ombro dele e fui embora.
Entrei na cama e fiquei lá por um tempo.
Então tirei meu MP3 player e achei a música.
Eu ouvi - Because the Night- do box Springsteen Live
1975/85.
Então escutei novamente.
Na terceira vez, comecei a chorar. Não com enormes
soluços, mesmo com as paredes muito finas, tio Tex nunca
me ouviria.
Então, desliguei o meu player, limpei meu rosto no meu
travesseiro e fui dormir.
Capítulo 11
Mundo de faz de conta de bondade de chiclete
Eu rolei da cama sentindo-me melhor do que tinha no dia
anterior, as dores e o sofrimento foram diminuindo.
O espelho no banheiro me mostrou outra mistura
horrível de cores de hematomas na minha cara, mas pelo
menos eles estavam sumindo. As marcas ao redor do meu
pescoço, braços e pulsos eram ainda visíveis, mas nem de
perto tão irritadas.
Entrei na cozinha, servi-me uma xícara de café e vi a
nota do tio Tex, dizendo que tinha ido trabalhar e estaria em
torno das 13h em casa.
Eu estava vagando de volta ao meu quarto, tendo visões
de uma manhã gasta realizando mais auto-tortura musical,
quando olhei para o lado de fora da janela na sala de estar do
tio Tex e parei no que eu vi, xícara de café presa no meio do
caminho para os meus lábios.
Um enorme caminhão estava parado no meio da rua e,
pairando no céu, pendurado no que parecia um guindaste,
era o meu carro em cintas.
Independentemente do fato de que eu estava vestindo
nada além de um par de pijamas (fundo de morangos
coloridos com estrelas bonitas azuis e turquesas retro
imprimidos sobre eles e uma camisola morango com laço
turquesa), abri a porta e corri, descalça, para a calçada.
— Ei! — Gritei para um cara grande e preto em macacão
azul sujo que estava nas alavancas do caminhão. — Esse é
meu carro!
— Estou retirando-o para mudar os pneus, — ele disse,
não impedindo suas manobras no meu carro, que estava
flutuando precariamente no ar sobre o caminhão.
— Você não pode mudar os pneus aqui? — Gritei por
cima do barulho.
— Tex quer fazê-lo na loja, me disse para dar uma
revisada e regularizada enquanto o tenho.
Eu ia matar o tio Tex.
— Não precisa de uma regularizada. Eu o conferi, antes
de sair daqui.
Ele encolheu os ombros.
Eu fiz uma careta pra ele.
Ele me ignorou.
Eu vi um carro se aproximando e me virei para assistir
enquanto o 4Runner do Hank rolava pela rua.
Esqueci sobre meu carro não mais na terra e fiquei
congelada vendo Hank estacionar.
Merda.
Merda, merda, merda, merda, merda.
Hank saiu, seus olhos em meu carro no ar e caminhou
para mim.
Ele parecia bem.
Ele usava calça jeans, botas e uma camisa cor de vinho.
Havia uma arma e distintivo anexado ao seu cinto. Tudo o
que estava faltando era o chapéu branco.
Ele parou ao meu lado, olhos ainda no meu carro.
— O que está acontecendo? — Ele perguntou, não
olhando para mim.
Tardiamente, percebi que estava quente como um dia de
verão lá fora. Ainda assim, estava de pé na calçada de pijama
e não tinha feito nada com meu cabelo.
Merda.
— Isso é o meu carro. — Disse.
Hank olhou para mim e eu me impedi de prender minha
respiração.
— O que aconteceu? — Ele perguntou.
— Tio Tex cortou meus pneus.
Hank me encarou.
— Ele não queria que eu fosse embora. — Expliquei.
Hank me encarou outro momento e, em seguida, seus
olhos mudaram para o meu rosto, em seguida, a minha
garganta, meus braços e meus pulsos, levando-se nos
hematomas. Eu quase mordi meu lábio, mas me forcei a ficar
ainda sob controle. Então seus olhos mudaram-se para os
meus.
— Precisamos conversar. — Disse ele.
Pode ter certeza, tínhamos que conversar.
Ele se virou e caminhou para o alpendre.
Segui-o.
Ele parou na varanda, não tentando entrar. Achei isso
estranho, mas parei com ele.
— Você quer café? — Eu perguntei.
— Não ficarei muito tempo.
Eu pisquei para ele, confusa.
Em seguida, bateu-me.
Seus olhos estavam errados. Eles não eram sexys,
preguiçosos ou alertas.
Eles eram distantes e desinteressados.
Senti minha respiração começar a vir mais rápido, como
se eu fosse correr uma maratona antes de correr uma
maratona. E, o fato era que eu queria correr, correr o mais
rápido que pudesse, mais longe que conseguisse.
— O que foi? — Eu tentei agir como se eu não me
sentisse como se eu quisesse deitar e morrer.
— Você está evitando Eddie. — Ele disse.
Eu pisquei, confusa novamente, mas ele continuou.
— Você não pode proteger o Flynn, Roxanne. Já prestei
queixa. Ele invadiu minha casa e o destruiu.
— Proteger? — Eu disse, incapaz de formar uma frase
completa.
— Eddie está vindo esta manhã para levá-la para a
estação, então você pode dar sua declaração, queixar-se você
queira, ou não. Sua escolha. Mas mesmo se você for para
casa, ainda estou seguindo em frente. E desde que
descobrimos que Flynn é procurado em Boston, Pensacola e
Charleston, assim que encontrá-lo e lidar com ele aqui, ele
vai ser um cara ocupado.
Não conseguia falar.
Não me surpreendi que Billy era procurado em três
cidades diferentes, quatro contando Denver, mesmo que fosse
novidade para mim.
Não, a razão pela qual que não conseguia falar era
porque Hank achava que eu estava protegendo o Billy.
— Hank...
Ele me interrompeu.
— Encontrei seu cachecol em minha casa, Indy tem.
Automaticamente (e futilmente) eu disse.
— É de Tod.
— Indy tem, — ele repetiu, olhando para longe e assisti o
guindaste acertar de volta à sua posição, meu carro na cama
plana. Então ele olhou para mim, olhos em branco, como os
de Eddie a primeira vez que ele me viu.
— Tenho que voltar ao trabalho. — Ele disse. — Cuide de
si mesma.
Em suas palavras de despedida, me movi de repente. Foi
involuntário... Mas eu vacilei, só até o meio, como se ele
tivesse me dado um soco no estômago.
Imediatamente, sua mão saiu para pegar meu braço e
suas sobrancelhas se aproximaram.
— Você está bem? — Ele perguntou.
Eu olhei para ele, em seguida, balancei a cabeça.
— Tudo bem. — Eu menti.
Ele me olhou um instante e, em seguida, dois. Era a
minha vez de dizer algo, mas não conseguia pensar no que
dizer.
— Fale com Eddie. — Ele disse.
Apenas olhei para ele e não disse uma palavra.
Então vi os olhos dele ficando duros e ele soltou meu
braço.
— Fique à vontade.
Então ele foi embora.
Eu o assisti ir embora, vi o caminhão ir e assisti a rua
por um bom tempo antes de virar e entrar na casa.
Eu deixei o meu copo na mesa de café e fiquei na sala de
estar.
Petúnia, o gato branco e gengibre, esfregou as minhas
pernas.
Sentei-me no chão, a melhor posição para acariciá-la.
Então eu deitada no chão, do meu lado, meus joelhos no
meu peito. Petúnia andou em cima de mim e sentou no meu
quadril. Depois ela limpou o pé dela.
Isto é como o Eddie me encontrou quando abriu a porta.
— Jesus. — Ele murmurou.
Eu rolei de costas e Petúnia saiu em disparada.
Eu fiquei no chão e olhei para Eddie.
— Oi. — Eu o cumprimentei.
— Você está bem?
Não.
Não, eu não estava bem. Eu estava tudo, menos bem. Eu
estava tão longe de bem que estava em outra dimensão.
— Claro. — Eu disse.
— Por que está deitada no chão? — Ele perguntou.
Porque o melhor cara que já conheci, pensava que eu era
alguma mulher idiota e estúpida que protegeria um fora da lei
mesmo depois que ele tinha me batido e me sequestrado e
arrastou-me através de três Estados. Porque aquele mesmo
cara era tudo sobre bondade e a justiça e não queria ter nada
a ver com uma mulher como eu. Porque esse fato partiu meu
coração e me irritou e eu não tinha certeza de qual eu sentia
mais. Eu pensei.
— Senti vontade de descansar. — Respondi.
Eddie pegou um segundo para processar isso e, em
seguida, ele disse:
— Falou com o Hank?
Eu balancei a cabeça.
— Estou aqui para levá-la à delegacia prestar queixa
contra Flynn.
— Okeydoke. — Eu respondi, me virei e cuidadosamente
me levantei, segurando minhas costelas.
Quando eu estava de pé e olhei para ele, estava me
encarando com indisfarçável surpresa.
— Desculpe? — Ele perguntou.
— Eu disse 'Okeydoke'. Pode esperar enquanto eu me
apronto? — Ele continuou me olhando, então, lentamente,
acenou com a cabeça.
— É preciso algum tempo para eu me preparar. Talvez
você queira voltar.
Os olhos dele ficaram de guarda.
— Vou esperar.
— Tudo bem. O café está na cozinha. — Eu disse a ele e
depois fui para o chuveiro.
* * * * *
Eu nunca tinha prestado queixa contra alguém. Eu
nunca tinha ido a uma delegacia, exceto em um passeio na
sexta série. Eu não sabia qual era o código de vestimenta.
Tomei um banho. Sequei meu cabelo então prendi meu
cabelo alisado num rabo de cavalo severo na altura do meu
pescoço. Eu endureci sobre a maquiagem para tentar
esconder os hematomas (isso, para sua informação, não
funcionou). Eu usava uma justa, cor de camelo, saia lápis
que veio para baixo a apenas abaixo do joelho e tinha uma
fenda até a volta, coberto com uma camisa vermelha, t-shirt
e, nos meus pés, sexy, vermelhos, salto alto pico sling.
Finalmente, amarrei um lenço desenvolto em volta do meu
pescoço.
Parecia Bonnie de Faye Dunaway em Bonnie e Clyde,
mas sem a boina ou espingarda e com um pouco mais de
estilo para cor.
Eu saí e Eddie estava no sofá, tomando café e assistindo
um jogo de bola.
— Pronto. — Anunciei e fui para a TV. — Você quer que
eu desligue isso?
A TV do tio Tex tinha que ter trinta anos de idade. Não
tinha nenhum controle remoto. Provavelmente era
considerada uma antiguidade valiosa em alguns círculos.
Definitivamente pertencia a um museu.
Virei e olhei para Eddie. Ele estava me inspecionando.
— Eddie? — Chamei quando ele não respondeu.
Seus olhos tinham meio que viajado, mas ele veio e olhou
para mim.
— Vamos embora, — disse ele.
Eu quase não me levantei em sua caminhonete vermelho
fantasia porque minha saia era muito apertada, mas fiz isso.
Fomos para a estação em completo silêncio.
Ele estacionou e torci cautelosamente para desfazer meu
cinto de segurança. Ele me impediu de me torcer de volta
para sair quando colocou uma mão no meu braço.
— Você deve saber algo sobre o que está acontecendo
com seu namorado, — disse ele, olhando-me nos olhos.
Eu pisquei para ele.
— Namorado? — Eu perguntei.
— Flynn. — Ele respondeu.
Minhas costas subiram.
— Isso seria meu ex-namorado. — Eu o informei.
Ele olhou para mim e, em seguida, ignorou o que eu
disse e passou.
— Você repete isso na estação, eu irei negá-lo. — Era a
minha vez de olhar para ele.
Ele continuou.
— Lee tem um dos seus homens à procura dele. Não só
isso, ele ainda colocou uma recompensa por Flynn então não
só é Ike procurando por ele e a polícia, mas também todos os
caçadores em oito Estados. Lee provavelmente vai tê-lo antes
de nós. Hank deu a Lee ordens e Tex concordou. — Ele fez
uma pausa e me olhou. — Entende o que estou dizendo para
você?
Eu não sabia, então eu neguei com a cabeça.
— Flynn vai para a sala de espera antes de ele ser
entregue à polícia. Vance garantiu seus direitos. Vance obtém
primeira rachadura após Tex ter sua chance. Hank saiu fora,
mas você sabe disso a essa altura.
Oh, eu sabia essa última parte, com certeza. Hank tinha
sido muito claro naquela manhã.
Eu também entendi o que Eddie estava me dizendo. Billy
ia estar na - sala de espera- e eles iam enchê-lo de porrada.
Senti-me mal por Billy, mas eu achava que o que vai, volta.
— Compreende agora? — Eddie perguntou.
Eu assenti.
— Você tem algo a dizer sobre isso, diga agora, para mim.
Eu não gosto, mas eu vou falar por você. Agora mesmo, cabe
a Tex e Vance levar em consideração o que você tem a dizer.
— O que você quer dizer? — Eu perguntei.
— Eu vou falar para Lee sobre Flynn ser levado
diretamente para a polícia, nenhuma sala de espera. Você
deve saber, duvido que ele vai ouvir. Não foi fácil para ele ver
o seu irmão, ou Tex, passar por isso.
Bem, pobre Lee. Eu pensei.
Não era um pensamento agradável, mas, novamente, eu
não estava tendo um dos meus melhores dias. Na verdade, eu
não estava tendo uma das minhas melhores semanas.
— Deixe-me ver se entendi. — Disse. — Você acha que eu
vou pedir para proteger Billy?
— Isso mesmo. — Respondeu ele.
Virei-me totalmente a ele. O que meio que fez doer
minhas costelas, mas fiz mesmo assim. Eu queria ter toda a
sua atenção.
— Primeiro, ele tentou estrangular-me, ele usou um
canivete na camisa que eu estava usando, então ele me
bateu, depois ele me arrastou pela casa do Hank.
Os olhos de Eddie tinham estado em guarda, mas a
guarda escorregou em minhas palavras.
Eu ignorei e continuei.
— Então ele me chutou na porra das minhas costelas,
ameaçou estuprar-me na cama do Hank e me sequestrou,
prendendo meus pulsos, dirigiu como um doido durante dois
dias e me amarrava ao volante qualquer hora que saia do
carro e me fez ir ao banheiro com minhas mãos amarradas
enquanto ele assistia. — A guarda de Eddie tinha ido embora,
agora, seus olhos estavam brilhando.
— Isso é apenas um resumo. — Eu disse a ele. — Eu não
vou nem entrar nos dois bandidos com armas ou sentado no
chão do banheiro fedorento algemada a uma pia sem
mencionar o fato de não ter tomado um banho em três dias.
Joguei fora meu mais lindo par de jeans da Lucky por causa
desse cara! — Minha voz foi ficando mais alta, ela estava
preenchendo a caminhonete, e eu não me importava.
Eu joguei minhas mãos e olhei para o teto do caminhão.
— Quero dizer, meu Deus! Eu terminei com ele, tipo, não
sei, há anos! Uma mulher te tranca com suas malas no
corredor, se liga porra!
Ok, agora eu estava gritando.
— Roxanne — disse Eddie.
Eu o ignorei.
— Então, tio Tex está de volta aqui, assustado e Hank...
Tanto faz. E os meninos de Lee estão correndo por todo o
maldito Cinturão da Bíblia. — Parei e olhei para ele. —
Nebraska e Kansas estão no Cinturão da Bíblia? — Eu
perguntei, mas não esperei por uma resposta. — Enfim, não
importa. Não sei o que é esta sala de espera, mas não me
importo. Faça o que quiser. Billy é memória. Só não quero
saber.
Então eu virei, abri a porta e saltei para fora da
caminhonete.
Teria sido uma grande saída, exceto que, tipo, eu vacilei
um pouco no meu calcanhar quando aterrissei.
Eu comecei a andar sem esperar por Eddie, mas ele me
alcançou.
— Aguente aí, Chica. — Ele disse, agarrando-me pelo cós
da minha saia. Era uma pegada e tanto, considerando que
minha saia era tão apertada. Ele deve ter tido muita prática
nisso.
Eu parei e olhei para ele.
— O quê?
Ele olhou para mim, seus olhos ainda meio brilhantes e
eu poderia dizer que ele estava fazendo uma decisão sobre
algo.
Finalmente ele disse:
— Eu acho que eu preciso ter uma conversa com Hank.
— Não me faça nenhum favor. — Eu rebati. — Hank é
memória também. Eu vou prestar queixa, pegar meu carro e
explodir dessa coisa de louco. Denver é a cidade de Looney
Tunes. Não me importo se é outubro e a sensação é de julho e
vejo as montanhas, todos os dias. Este lugar é doido e desde
que eu sou metade MacMillan, vindo de mim, isso é alguma
coisa.
Depois que eu terminei, eu puxei me afastando e
encravando na delegacia.
Minha mãe teria ficado orgulhosa.
* * * * *
A sala estava cheia de mesas, cadeiras, sofás e pessoas. A
maioria das pessoas me encarou abertamente quando
cheguei. Eu ignorei isso, endireitei meus ombros e segui
Eddie para uma mesa. Ao meu redor era um ramo de
atividade, pessoas andando, falando, telefones tocando,
portas abrindo e fechando.
Eddie sentou-me ao lado de uma mesa, então eu poderia
falar com um homem bom, mais velho, chamado detetive
Jimmy Marker.
Contei minha história enquanto Eddie ficou do nosso
lado, vendo e ouvindo.
De vez em quando eu iria olhar para Eddie. Às vezes eu
fazia uma carranca para ele. Às vezes eu iria levantar minhas
sobrancelhas na pergunta silenciosa de, - Não tem nada
melhor para fazer?- Depois do terceiro aumento de
sobrancelha, ele sorriu para mim como se eu fosse
engraçada.
Porra de homens loucos de Denver.
Pelo final quando o Detetive Marker estava tomando meu
depoimento, eu senti Eddie tenso.
Eu fiz uma careta para ele, mas não estava olhando para
mim, ele estava olhando em direção à porta.
Eu segui seu olhar e parei de respirar.
Hank, Lee e Vance estavam de pé na porta, todos eles
olhando para mim.
Os olhos de Hank estavam em branco. Lee era os
mesmos.
Vance sorriu para mim.
Com uma força super humana, ignorei Hank e Lee e sorri
para Vance.
— Com licença. — Eddie murmurou e foi embora.
Eu me virei para o Detetive Marker.
— Você tem tudo que você precisa? — Eu perguntei.
— Sim. — Ele disse, mas estava olhando para Hank
também e, por alguma razão bizarra, estava sorrindo, sorriso
enorme, como se ele achasse alguma coisa extremamente
hilariante.
Eu estava totalmente certa sobre Denver sendo um
hospício; todo mundo estava louco.
— Você tem o meu cartão? — Detetive Marker perguntou
depois que virou de volta para mim.
Balancei a cabeça.
— Posso estar na estrada, você vai ter que ligar no meu
celular, se precisar de alguma coisa.
— Você vai voltar para depor? — Ele perguntou.
Dei-lhe um olhar.
— Você vai voltar para depor. — Ele murmurou.
Eu me levantei, apertei a mão dele, coloquei a minha
bolsa por cima do meu ombro e atravessei a sala.
Todos na sala assistiram.
Hank, Lee, Eddie e Vance eram em um amontoado.
Vance partiu-se e caminhou até mim. Os outros três viraram
para olhar.
— Ei, garota, — Vance disse quando chegou ao meu
espaço, muito no meu espaço.
Eu não me afastei.
— Ei. Preciso de uma carona até o Tex. Pode me levar? —
Perguntei-lhe.
— Primeiro, vou te levar para almoçar.
Eu não queria almoçar. Eu não tinha tido ainda qualquer
café ou pequeno-almoço, mas meu estômago estava cerrado
apertado sabendo que os olhos de Hank estavam em mim.
Fiquei dividida entre me jogar aos seus pés e implorar-lhe a
entender e pular em cima dele e arrancar seus olhos para
fora.
Em vez disso, mantive meus olhos no Vance e disse:
— Soa bem.
Vance virou-se para o amontoado.
— Chaves, — que ele chamou de Lee.
Lee jogou um conjunto de chaves e Vance apanhou-os.
Evitei olhar do Hank.
Então Vance agarrou minha mão e saímos.
Eu estava me concentrando tanto em não tropeçar ou
fazer a coisa mais ridícula que não sabia que o pulso da sala
tinha mudado quando Vance agarrou minha mão.
Também não percebi o olhar na cara do Hank quando ele
viu o Vance pegar na minha mão, que foi bom, porque se
tivesse, teria tropeçado com certeza.
* * * * *
Vance me levou para Road House a Lincoln, um bar de
motociclistas contornando a saída da estrada I-25.
Ele me estabeleceu em uma banqueta alta em uma mesa.
Olhei ao redor, pensando que talvez eu deveria ter mudado
meu equipamento. Denver era, definitivamente, uma cidade
de jeans e, na Lincoln Road House, jeans eram praticamente
obrigatórios.
Notei que opcional eram conjuntos de couro preto.
Vance comprou-me uma cerveja, um pop para si mesmo,
pegou alguns menus e sentou-se à minha frente.
— Como você está indo? — Ele perguntou, me
observando atentamente.
— Minha vida está uma confusão total, ainda me dói o
corpo e estou bastante certa de que vou ter uma cicatriz no
meu rosto para lembrar-me diariamente este tempo precioso
na minha vida, — disse a ele. — Como vão as coisas com
você?
— Melhor do que você.
— Vance, querido, isso não é dizer muito.
Ele sorriu.
Cruzou as pernas, olhei para meu menu e notei Vance
mover pelo canto do meu olho. Eu olhei de relance para ele,
mas estava olhando por cima do meu ombro.
Eu me virei e vi o Mace entrar no bar pela parte de trás.
Mace fez uma elevação do queixo com Vance, arranjou
uma cerveja e, depois, veio e sentou ao meu lado.
Ele me mediu uma vez e disse:
— Roupa legal.
— Obrigada. —respondi.
— Eu pensei que você estava de tocaia, — disse Vance
para Mace.
— Matt me aliviou. Eu odeio tocaias. Entediante. Alguma
notícia do Ike?
Olhos tanto de Vance quanto do Mace deslizaram para
mim.
Tomei um gole da minha cerveja, e acenei minha mão
livre para eles. Coloquei a cerveja na mesa e disse:
— Eu sei sobre a sala de espera e o planejamento de
porrada. Estou bem com isso.
Mace olhou Vance.
— Acho que gosto dela, — observou Mace.
— Pegue um número. — Vance respondeu.
Deus do céu.
— Ninguém vai me alimentar? — Eu disse para detê-los
de falar sobre gostar de mim.
Vance deu seu sorriso de merda, então pedimos.
Minha bolsa toco, então abri e peguei meu telefone. Ele
disse:
—Annette Ligando. — Eu o abri.
— Ei, — eu disse.
— Ei, — ela disse.
Ah não.
Annette não deu sua saudação normal. Isto significava
que algo estava errado.
Fiquei tensa. Desde que fiquei tensa, senti tanto Mace
quanto Vance ficarem tensos.
— O que está errado? — Perguntei-lhe.
— Bem, Jason e eu estamos no nosso caminho. Estamos
na aldeia Iowa, deus todo-poderoso. Iowa.
Ela parou, como se não houvesse palavras para Iowa,
então eu apressei,
— E?
— Bem, nós fomos na sua casa e estava meio destruída.
— Eu fiquei ainda mais tensa. Vance e Mace estavam me
observando.
— Destruída?
— Sim. Seu laptop estava lá e não me parecia que algo
estava faltando, mas muita coisa foi quebrada, sua mobília
foi cortada. Não sou especialista, mas parecia que alguém
estava procurando por algo. Tenho a maioria de suas roupas
e algumas outras coisas que eu pensei que você quisesse. —
Fechei os olhos, coloquei o cotovelo sobre a mesa e a minha
cabeça na minha mão.
— Obrigada, Nettie.
— Vamos ver se nós podemos chegar mais rápido. Nós
vamos pegar um hotel ou algo quando chegarmos aí. Eu
ligarei amanhã.
— Está bem. Cuida-se e... Obrigada.
— Até mais tarde.
Então ela desligou e fechei o telefone.
Vance e Mace ainda estavam me observando.
— Destruído? — Vance perguntou.
— Meu loft. Uma amiga passou lá para buscar minhas
coisas. Ela disse que parecia que alguém estava procurando
por algo. Ela disse que nada estava faltando que ela possa
dizer. Até pegou o meu laptop, então eles não poderiam estar
lá para me roubar — disse a ele.
Vance olhou para Mace.
Mace saiu murmurando:
— Tenho que fazer uma ligação.
Eu ignorei o Mace e perguntei para Vance:
— Devo me preocupar? — Ele me encarou.
— Eu devo me preocupar. — eu disse.
Sua mão veio e agarrou a minha.
— Foram provavelmente as pessoas atrás de Flynn. Eles
já provaram que não têm nenhum interesse em você. Você
provavelmente não tem nada para se preocupar.
Concordei, mas não gostei muito dele usando a palavra
provavelmente.
Então vi Vance olhando por cima do meu ombro de novo.
Ele soltou minha mão, mas deixou cair à cabeça e sorriu na
mesa quando meu telefone tocou novamente.
Ele disse
— Indy ligando.
Eu respirei fundo e respondi.
— Onde você está? Liguei para casa um milhão de vezes,
porra, — tio Tex gritou.
— Desculpa, tio Tex, eu deveria ter ligado. Fui com Eddie
na delegacia prestar queixa contra Billy. Agora, eu vou
almoçar na casa de Lincoln Road com Vance e Mace.
Eu senti os pelos do meu pescoço se arrepiarem e virei.
Foi quando vi Mace na porta traseira falando com Lee, Eddie
e a porra do Hank.
— Porra. — Eu disse, dando a volta.
Vance estava sorrindo para mim.
— Não há nada para rir! — Eu murmurei para Vance.
Sorriso do Vance foi amplo.
— O que disse? — Tio Tex gritou no meu ouvido.
— Nada, — respondi, os pelos arrepiados aumentando
enquanto sentia os olhos de Hank nas minhas costas. —
Onde você está?
— Na Fortnum, passei o dia todo ouvindo a porra da
Indy, Ally e Jet falando sobre como você ainda está presa a
esse filho da puta estúpido, doninha que te raptou. Disse que
elas eram todas malucas, — ele disse. Então ele perguntou:
— Você não, você está?
Pisquei na mesa, assim como a garçonete veio e pousou
em nossa comida.
— Do que você está falando? — Eu perguntei.
— Aparentemente, Hank disse a Lee e Lee disse a Indy e
Indy disse a cada porra de corpo que você ainda está
apaixonada por aquele filho da puta.
Meu corpo ficou completamente congelado.
Então, lentamente, me virei e olhei para Hank.
Ou, para colocá-lo mais sinceramente, o encarei, olhos
estreitados e tudo.
Hank pegou minha carranca e levantou suas
sobrancelhas.
Meus olhos estreitaram.
Então voltei para a mesa.
— Não... Eu... Não... Estou... Apaixonada... Pela...
Porra... Do... Billy... Flynn — Eu enunciei cada palavra.
Depois que eu terminei Vance realmente jogou sua
cabeça para trás e riu. Eu fiz uma carranca para ele também.
— Não achava que você estava, — disse o tio Tex.
— Traga meu carro de volta, tio Tex. Estou indo embora
no minuto que eu chegar em casa. — Eu exigi.
— Não, querida. Você tem que resolver as coisas com
Hank.
— Não tem chance.
Tex ficou silencioso.
— Tem certeza? — Tio Tex finalmente perguntou.
— Muita certeza, — respondi.
Mais silêncio.
Então ele disse,
— Como você está se sentindo sobre Vance? — Senhor
tenha misericórdia.
— Adeus, — disse.
Antes que eu pudesse desligar, ele disse em uma corrida,
— Você fica a noite, nós vamos ligar para sua mãe.
Minha respiração ficou presa na minha garganta.
— Nós? — Eu perguntei.
Mace sentou-se ao meu lado, jogou a Vance uma olhada
e depois começou a comer.
Tio Tex disse no meu ouvido,
— Sim, você e eu.
— Vai falar com ela? — Eu disse baixo.
Ele fez uma pausa. Então ele disse,
— Sim.
Instantaneamente, eu concordei.
— Eu vou ficar a noite. — Senti vontade de fazer
piruetas, mas tio Tex seguiu em frente.
— Divirta-se com os rapazes. Você está cozinhando o
jantar esta noite.
— Tudo bem, por mim. Vamos celebrar. Eu vou fazer algo
extravagante.
— Soa bem. Estou me sentindo como a gordura,
costeletas de porco suculento com aquele arroz com as coisas
vermiceli, como na TV. O deleite de San Francisco.
Eu assisti Vance comer uma batata frita, presa em um
momento de silêncio estupefato.
Uma vez que eu me puxei fora de meu silêncio, eu
perguntei,
— O tratamento São Francisco?
— Sim, — tio Tex disse, — Eu vou para a loja.
— Eu estava pensando em algo mais sofisticado, como,
Bife Wellington. Isso é comida todos os dias, não comida que
você come depois de falar com a irmã que não falou em
décadas.
— Caralho. A próxima coisa que você vai querer é
champanhe em vez de bebida alcoólica. Eu vou para a loja,
chegue em casa na hora de cozinhar. E, já que está com
Vance, dê uma boa olhada nele. Se você não gostar do que vê,
olhe Mace. Eu não conheço Mace tão bem assim, mas ele
parece um bom tipo.
— Você está brincando, certo?
— De jeito nenhum. Esses rapazes são a merda. Hank
teria sido minha escolha, mas ele estragou tudo. Matt e
Bobby estão tomados, Ike está na estrada... E ele é um filho
da puta assustador. Você não gosta de Mace ou Vance, vou
apresentá-la ao Luke. Lee diz que Luke é foda, mas ele tem
estado se recuperando de um tiro, então não o vi em ação.
Ainda, eu ouvi Indy dizendo que ela acha que ele é bonitinho.
Você só terá que ir fácil sobre ele por um tempo.
Deus do céu.
Tio Tex, o casamenteiro.
— Você está louco. — Eu disse.
— Isso é o que eles me dizem.
Então ele desligou.
Fechei meu telefone e olhei para ele por um segundo.
Então enrolado meu punho em torno dele, juntei minhas
mãos em um gesto de - Gol!- e gritei realmente alto,
— Woo hoo! — Todo mundo se virou para olhar, todos
incluindo Lee, Eddie e Hank, que agora estava em pé no bar.
Tanto faz.
Nada poderia perfurar esse pedaço de felicidade. Nem
mesmo Hank.
Eu sorri para Vance.
— Parece sua sorte acabou de mudar, — Vance
comentou.
— Cara, tio Tex vai falar com a minha mãe esta noite.
Primeira vez que eles vão se falar desde que ele voltou do
Vietnã. — Os olhos do Vance piscaram, então eles
aqueceram. Em seguida, ele estendeu a mão e traçou a curva
do meu ouvido.
— Boas notícias, — ele murmurou.
— Pode acreditar, a melhor.
Eu ouvi o baque alto de uma garrafa de cerveja batendo
um contador. Eu virei a tempo de ver as costas de Hank
enquanto ele ia embora.
Olhei para onde Eddie e Lee ficaram no bar.
Eddie estava sorrindo para mim.
Lee estava carrancudo.
Virei às costas, tentando fingir que nada disso me afetou.
Mas afetou, tipo, muito.
Mas eu tinha decidido, só então, com a feliz notícia que
Tio Tex ia ligar para minha mãe, que eu ia viver em um
mundo de fingimento de bondade de chiclete.
Pelo menos até eu dirigir sobre a fronteira do Colorado,
então será Joni Mitchel e Van Morrison, todo o caminho
através de Nebraska.
Capítulo 12
Hank e meu passeio selvagem
— Oi mãe, — Eu disse.
Tio Tex estava sentado à minha frente, na mesa da sala
de jantar, a perna dele saltando, as mãos descendo nas coxas
dele, seus olhos selvagens.
Tivemos nossas costeletas de porco com arroz e Tex
bebeu três doses de cachaça e duas cervejas. Eu pensei que
ele estava se preparando, mas parecia mesmo que ele estava
espontâneo.
— Ei, querida. O que se passa contigo? — A mãe disse no
meu ouvido.
Eu sorri tranquila para Tex.
— Eu tenho realmente duas boas notícias, — disse ela.
— Sim? Sempre preciso de boas notícias.
— Bem... — Desembuchei. — Billy e eu terminamos. Ele
se foi. Realmente para longe desta vez.
Minha mãe ficou em silêncio.
Então ela respirou:
— Oh meu Deus.
Então, ela pegou o telefone longe da boca dela e ouvi-a
gritar,
— Herb! Herb, vem cá! Roxie terminou com Billy. Oh doce
Jesus. O doce senhor Jesus ouviu minhas preces.
Mãe continuou assim por um tempo.
Esperei pacientemente, principalmente porque eu estava
acostumada a esse comportamento da mamãe. Mamãe ia à
igreja aos domingos e com certeza era uma cristã, mas
somente chamava docemente nosso senhor Jesus em
ocasiões especiais (as quais eram muitas) que exigia um
pouco de talento para o drama.
Como o presente.
O telefone foi empurrado e meu pai estava lá.
— Roxie?
— Oi pai.
— É verdade? Você finalmente se livrou daquele monte de
merda?
— Sim.
Eu não ia contar sobre meu passeio selvagem com Billy.
Eu precisava escolher uma boa hora para isso, como, depois
que eles tivessem tido três doses de bebida alcoólica do tio
Tex. De qualquer forma, não queria nada para a próxima
reunião da família.
— Porra, graças a Deus. Eu sempre odiei esse bastardo,
— papai disse.
Meu pai não era de segurar alguma coisa.
— Eu sei. Não é como se você realmente tivesse mantido
um segredo.
— Assim como seu irmão, — ele continuou.
— Eu sei.
— E sua irmã.
— Eu sei, — disse.
— E sua mãe.
Eu rolei meus olhos para o teto.
— Meu Deus, pai, eu sei.
— E a Sra. Montgomery do fundo da rua. No minuto em
que ela pôs os olhos nele, disse-me que era uma semente
ruim. — Santo Deus.
Billy era, claro, uma semente ruim, mas para a Sra.
Montgomery, todo mundo era uma semente ruim. Ela mesmo
disse que seu sobrenome sagrado era uma semente ruim e
sua santa irmã agora ensinava na escola primária de St
Malachy.
— Pai, — disse em advertência.
— Isso é uma boa notícia, Roxie. Boas notícias.
Eu decidi mudar de assunto, principalmente porque o tio
Tex olhou a explosão, e se não tive esse show na estrada,
quem sabia o que aconteceria.
— E a mãe ainda está aí? — Eu perguntei.
— Sim. Você quer falar com ela?
— Pai, escuta, ela está sentada?
Silêncio.
Então,
— Não.
— Bem, leve-a para sentar. Pai, estou em Denver. —
Silêncio de novo.
Eu continuei.
— Eu estou sentada em frente ao tio Tex agora. Ele quer
falar com ela.
Houve uma hesitação depois ouvi a mão sobre o bocal,
mas ainda poderia ouvir as palavras.
— Trish, você precisa se sentar.
— O quê? — Disse minha mãe no fundo e eu podia ouvir
a borda da mãe do — Que Roxanne fez agora? — em seu
Tom.
— Roxie está em Denver, com Tex.
Ouvi um grito curto, mas barulhento.
— Ele quer falar com você, — o pai continuou quando
mãe acabou gritando.
— Doce Jesus. Doce Jesus, — mãe cantava.
Eu sorri para tio Tex.
Tex abruptamente levantou-se, pronto para fugir.
Levantei-me também, preparada para isto, e, carregando o
telefone comigo, eu bloqueei seu caminho. Seus olhos eram
mais selvagens do que nunca.
— Tio Tex, respire fundo. — Eu disse.
— Estou entregando o telefone à sua mãe, — papai disse
no meu ouvido. — Está pronta?
— Sim. — Eu disse a ele e olhei tio Tex. — Tio está
pronto? — Eu perguntei.
Ele balançou a cabeça.
— Tex? — A mãe disse hesitante no meu ouvido.
— Oi mãe, ainda sou eu. Bom, segure-se aqui é o tio Tex.
— Tex estava tomando respirações profundas, em seguida,
franziu os lábios e soltou em rajadas rápidas como se ele
fosse uma mulher em trabalho de parto praticando Lamaze15.
Entreguei o receptor de telefone para ele e ele olhou para ela
como se fosse uma coisa viva. Em seguida, tomou uma
15 Técnica de respiração para controle das contrações.
respiração mais profunda, arrebatou o receptor da minha
mão e colocou no ouvido. Eu defini o telefone na mesa da
sala.
— Trish? — Tex disse em um tom macio.
Senti um derretimento de calor espalhar na minha
barriga. Cheguei perto, descansei minha testa contra o peito
grande, de meu tio e envolvi meus braços em torno de sua
cintura. Ele podia não precisar de mim para segurá-lo, mas
eu precisava disso, precisava muito disso.
— Sim, sou eu. Como estão as coisas? — Tex pediu.
Ouvi minha mãe falando com Tex, a voz dela soou alta e
eu não podia entender o que ela disse. Depois que falou por
um tempo, senti o corpo de Tex relaxar e ele colocou a mão
na parte de trás do meu pescoço.
— Eu e Roxie acabamos de comer costeletas e arroz. Nós
resolvemos passar uns dias para nos conhecermos. Ela é
uma boa garota, Trish. Você fez bem com ela. Como está
Herb? — Mamãe falou e eu ouvi uma batida na porta. Afastei-
me, estendi a mão na ponta dos pés e beijei o rosto distorcido
do tio Tex e caminhei até a porta.
Eu ainda tinha um sorriso no meu rosto quando abri a
porta.
O sorriso desvaneceu-se... E minha boca caiu aberta no
que vi.
Hank estava ali de pé, ainda vestindo calça jeans, botas
cor de vinho, mas agora também estava usando sua jaqueta
de couro preta.
— O que faz aqui? —perguntei, mas ele não respondeu.
Ele entrou e eu pulei fora de seu caminho, porque se não
teria esbarrado em mim.
Hank olhou ao redor da sala, à procura de algo.
Tio Tex ficou segurando o receptor de telefone no ouvido,
olhos em, Hank.
Então Hank pegou minha bolsa na mesa do café, voltou
para mim, pegou minha mão e me arrastou para fora da
porta, batendo atrás de nós.
Através da batida, eu podia ouvir o riso em plena
expansão do tio Tex.
Puta merda.
O que diabos estava acontecendo?
— Hank! — Gritei, tentando puxar minha mão da dele,
mas foi me arrastando ao longo da calçada, em direção a sua
4Runner.
— Hank! Pare! O que está acontecendo?
Ele me levou para o lado do motorista, abriu, curvou-se
me pegou e eu deixei escapar um grito.
Era como se eu não fizesse um barulho. Hank me pôs no
banco e em seguida, entrou atrás de mim, então tive que
chegar para lá, para o lado do passageiro, o dobro do tempo.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, nem meu cinto de
segurança eu coloquei, Hank jogou minha bolsa no meu colo,
ligou o carro e foi embora.
Eu disse:
— Leva-me de volta para o Tex, — exigi e ele me ignorou,
então continuei. — O que está fazendo, me leva de volta para
o Tex!
Ele ainda não disse nada.
— Vamos só ver sobre isso, — abri minha bolsa e peguei
meu telefone. Quem eu ia ligar, eu não sabia, mas eu ia ligar
para alguém.
Mal peguei da bolsa quando Hank arrancou da minha
mão e jogou sobre o banco, longe de mim.
Olhei para ele.
— Bem! — Eu disse por que não consegui pensar em
mais nada a dizer. Meu coração estava martelando no meu
peito e minha mente estava em um estado de confusão.
Então descobri o que dizer.
— Isso é loucura. Você é doido. Denver está louco. Todos
vocês pularam do século passado, não foi? Acho que nem os
últimos milhões de anos! Você é um homem das cavernas, —
eu gritei. — Eu não acredito que você só me arrastou para
fora da casa do tio Tex. Ele estava falando com minha mãe!
— Quieta. — Falou finalmente Hank.
— Foda-se o silêncio. Deus! Por que não peguei no meu
carro e dei o fora daqui quando tive a chance?
— Isso é uma boa pergunta. — Foi a resposta do Hank.
Aquilo me calou porque eu não queria ir para lá.
Afivelei o cinto, cruzei os braços no peito e tentei elaborar
um plano.
Ainda estava na minha saia apertada e saltos. Eu não
poderia correr. Ainda tinha três costelas quebradas. Eu não
podia lutar. Não queria lutar contra Hank enfim. Diabos, não
queria correr também.
O que estava dizendo? Eu pensei.
Então me forcei a parar de pensar no total.
Antes que eu percebesse, estacionou em frente à sua
casa. Sentei-me no seu 4Runner, braços cruzados ainda, não
me mexendo, quando ele andava em frente ao capô do carro.
Ele abriu a porta do lado do passageiro, inclinou-se,
soltou o cinto e me puxou para fora.
E me arrastou pela sua porta da frente.
— Quero voltar para o tio Tex, — disse.
— Você não vai voltar para Tex, — ele respondeu em sua
voz autoritária e abriu a porta.
Antes que pudesse dizer alguma coisa, Shamus estava lá,
pulando de Hank para mim, quando Hank me puxou para
dentro.
— Oi, olá rapaz. — Eu arrulhei, dobrando-me para dar-
lhe um rápido carinho atrás das orelhas. Eu fiquei chateada
com Hank por raptar-me, mas não via razão para descontar
em Shamus.
Foi um carinho muito rápido porque Hank fechou a porta
atrás de nós, trancou, agarrou a minha mão novamente e
então continuou me arrastando, direto para o quarto.
Foi quando comecei a lutar, puxando a minha mão da
sua.
— Ei! Aonde vai? Deixe-me ir!
Ele não parou.
— Hank, porra!
Ele finalmente parou quando chegamos ao quarto. E
também me deixou ir. Acendeu a luz ao lado da cama e me
virei para correr, mas ele me pegou pela cintura, de alguma
forma fazendo isto com cuidado e puxou-me em torno assim
eu estava presa entre ele e a cama.
Então ele encolheu os ombros, e puxou fora o casaco
dele.
Meus olhos arregalaram e pude olhar para o seu peito
exposto.
Deus do céu.
— O que você está... —comecei a dizer, mas ele me
interrompeu.
— Em deferência de suas costelas, você pode ficar por
cima desta vez. — Minha boca caiu aberta.
Então meus olhos voltaram ao normal e estreitaram
sobre ele.
— Acho que não, — falei.
Ele me pegou nos quadris, puxou-me para ele e me
beijou.
Eu resisti, não sou tão fraca. É só que a minha
resistência não durou muito tempo.
Quando sua boca deixou a minha para trilhar abaixo da
minha bochecha para meu pescoço eu disse;
— Você é um idiota.
Ele se mudou um pouco, levantou minha blusa da minha
saia, puxando ela sobre minha cabeça e deixou cair no chão.
Então olhou nos meus olhos.
Meu coração martelando trovejou em um inchaço e
gaguejou então a um impasse quando vi o olhar em seus
olhos.
Não eram distantes ou desinteressados, eles eram outra
coisa, algo que nunca tinha visto sobre ele, nem ninguém,
antes.
— Sim, — ele concordou, e a sua voz ecoou o olhar dele.
— Eu sou.
Então me beijou de novo.
O que eu diria? Foi selvagem! (O que poderia eu dizer,
isto era Hank).
Estávamos em cima um do outro, mãos, bocas, línguas.
Ele puxou minha saia acima, ajuntando na minha
cintura, nos virou em torno e sentou-se na cama, os braços
em volta de mim, me levando com ele. Caiu para trás, me
rolou cuidadosamente, em seguida, voltou para cima e puxou
para baixo a minha calcinha e deixou de lado. Então dobrou
minhas pernas baixas, espalhadas e a boca dele foi lá.
— Bom Deus, — eu respirei e deslizei minhas mãos em
seus cabelos.
Ele me levou até o limite. Estava ofegante, pressionando
as mãos no cabelo e quase lá quando afastou-se.
Instantaneamente, eu vim, minhas mãos foram para os
ombros, empurrando-o para trás. Eu desabotoei sua fivela,
desabotoei a calça jeans, deslizei apenas tão baixo em seus
quadris, como era necessário e subi em cima dele. Eu tinha
minha mão amarrada em torno dele para orientá-lo dentro,
mas as mãos dele foram para meus quadris, ele me
contrariou, batendo em mim e minha mão voou longe entre
nós.
Minhas costas arquearam quando entrou em mim,
ofeguei e Hank continuou resistindo.
Era Hank, o meu passeio selvagem, e foi muito mais que
satisfatório.
Ele não me obrigou a fazer todo o trabalho, era forte,
seus quadris eram poderosos e só segurei em seus ombros e
gostei do passeio.
Estava delicioso.
Quando voltei, as mãos deslizaram nas minhas costas,
me pressionando para baixo, e ele capturou meus gemidos na
boca dele.
Poucos minutos depois, agradeci o favor.
Depois disso, tinha meu rosto pressionado no pescoço
dele e ele falou, sua voz profunda e rouca,
— Diga meu nome. — Hesitei, não tenho certeza do que
ele estava pedindo. Ele achou que eu não sabia quem ele era?
Ele pensou que eu me imaginava com Billy?
— Hank, —sussurrei, meu coração na garganta.
— Isso não é o que você me chama.
Meu estômago vibrou, mas me mantive em silêncio.
Seus braços apertaram em torno de mim e eu senti os
músculos apertarem quando se sentou, levando-me com ele.
Estabeleceu-se na borda da cama, comigo ainda agarrada a
ele, minhas mãos em seus ombros. Olhei para ele e estava
olhando para mim. Ele não colocou seus braços ao meu
redor.
— Falei com Eddie, — ele disse.
— Eu imaginei isso, — disse.
Ele deixou cair à cabeça e beijou minha garganta e, em
seguida, manteve a cara dele lá.
— Cristo, Roxie, me desculpe, — ele disse contra minha
garganta.
Fechei meus olhos e meus braços apertaram
reflexivamente, mas eu não disse nada. O que havia de dizer?
Nos últimos vinte minutos tinha sido a melhor apologia
da história da humanidade.
Ele inclina a cabeça para trás novamente.
— Você precisa chamar Tex e deixá-lo saber que você vai
passar a noite comigo.
Eu balancei minha cabeça.
Eu estava feliz que ele não pensou que era uma mulher
triste, apaixonada por um abusador, mas também não estava
pronta para me pegar novamente com Hank.
— Você precisa me levar de volta para a Tex.
Seus olhos ficaram preguiçosos.
— Você não vai voltar para o Tex. — Olhei para ele e
pensei que estava certo, principalmente porque por trás dos
seus preguiçosos olhos, era intenso e sabia que, para
conseguir o que eu estava tentando, teria que lutar. Desde
que eu realmente não queria de qualquer forma, não estava
preparada para lutar.
Ele me rolou para o lado e bateu minha cabeça no
travesseiro. Chegou a mim, pegou o telefone dele e me
entregou.
Liguei para tio Tex enquanto Hank se afastou e puxou
para cima a calça jeans, mas não as fechou. Ele então puxou
para baixo a minha saia.
— Yo! — Tio Tex cresceu em resposta.
— Ei, tio Tex. Estou com Hank.
Ouvi uma risada.
— Sim, eu vi isso. Estes rapazes são a merda, — tio Tex
respondeu.
Eu suspirei.
— Não vou para casa esta noite.
— Não me surpreende. Chame o Hank para levá-la a
Fortnum amanhã, vou colocar uma chave debaixo do tapete,
se você precisar voltar para casa.
— Como foi com a mãe? — Eu perguntei.
— Ela e Herb estão saindo em algumas semanas. —
Hank estava sobre um cotovelo, inclinando-se sobre mim e
não pude evitar, sorri para ele. Os olhos dele foram suaves e
ele enfiou a mão no meu pescoço. Ele acariciou meu queixo e
mordi meu lábio.
Silenciosamente, compartilhei minha felicidade e
silenciosamente, ele aceitou.
Eu mentalmente me sacudi fora no momento.
— Isso é bom, — disse ao tio Tex.
— Tenho que ir, disse a Nancy que iria chamá-la. Ela não
vai acreditar nisso, você e Hank, eu ligando pra Trish. Merda.
Mas as coisas não ficam chatas por aqui por muito tempo.
— Eu amo você, tio Tex, — deixei escapar, então fechei
meus olhos, me perguntando se isso era demais para ele.
Houve um silêncio, em seguida,
— Querida garota.
É tudo o que ele disse antes de desligar.
Eu abri meus olhos e bati o botão de desligar o telefone.
Hank pegou e colocou em sua base. Então olhou para
mim.
— Já comeu?
Balancei a cabeça.
— Teve sobremesa?
Eu balancei minha cabeça.
Ele pulou pra cima, agarrou minha mão e me puxou para
cima atrás dele.
— Se veste, vamos embora.
* * * * *
Ele me levou para um lugar chamado Gunther Toody.
Um restaurante de artifício concebido para refeições
familiares e para dar a sensação das lanchonetes estilo anos
50. Neon, cromo, vinil e garçonetes em uniformes brancos
coberto de botões no slogan, com chocante batom vermelho.
Hank pediu um hambúrguer e batatas fritas de queijo.
Eu pedi um Milk shake de chocolate. O shake foi o malte
mais grosso, maior, melhor que tinha tomado na minha vida.
Eu estava olhando pela janela, chupando o canudo do
meu malte, tentando pegar um pensamento. Tudo havia
acontecido muito rápido, eu não conseguia acompanhar. Não
sabia o que fazer, aonde ir, o que pensar.
A única coisa que sabia era que precisava ir mais
devagar, recuperar o fôlego, curar meu corpo e me segurar.
Não achava que Hank estava seguro. Denver certamente não
era seguro, pelo menos não emocionalmente. Também não
era Chicago, se eu fosse honesta.
Eu senti a passada de pé do Hank, me desviando dos
meus pensamentos e olhei da janela para ele.
Deus, você é lindo. Pensei quando meus olhos se
instalaram nele.
Eu suspirei e percebi que estava ainda seriamente em
apuros.
Ele terminou com a comida e o prato dele foi empurrado.
Ele estava me observando.
— Há coisas a dizer, — ele me disse.
Eu acho que havia, mas não somente eu não queria dizer
nenhuma delas, como também não queria ouvir.
Eu não tinha escolha.
— Você me disse que o amava, — disse Hank.
Num piscar de olhos.
— Amei, amei, duh, duh, duh, — Eu disse. — Passado. —
Hank inclinou-se e pegou na minha mão.
— Querida, eu perguntei, 'Você o ama?' e você acenou
com a cabeça, não passado. — Ah.
Lembrei-me disso.
Merda.
Eu me inclinei para frente também.
— Tinha acabado de ser resgatada de um louco e não
tinha dormido em dias. Eu estava tão cansada, eu não sabia
o que estava dizendo ou fazendo.
Sua mão espremeu a minha... Foi só o reconhecimento
que deu que ele entendeu e que sentia muito, mas eu sabia
que entendeu e que estava arrependido. Um homem como
Hank não se desculpava muito, e eu já tinha conseguido uma
desculpa direta naquela noite.
Eu olhei para trás para fora da janela.
— Estou contente por termos esclarecido isso. — Eu
disse para a janela e eu estava. Seria bom ter um tempo,
deixar as coisas se estabelecerem ao invés de ficar feio e mal.
A mão dele me deu um pequeno puxão e eu olhei de volta
para ele.
— Vamos voltar para onde nós paramos. Nós teremos que
lidar com Flynn, quando eles o encontrarem, mas você e eu
podemos continuar daqui.
Eu balancei minha cabeça.
— Não, minha amiga Annette está trazendo as minhas
coisas para Denver enquanto falamos e assim que chegar e o
meu carro, eu vou.
— Luz do sol...
— Não, Hank. Não há volta. Eu não estou brava com você
por achar que sou uma idiota, porque, bem, sou uma idiota,
não sou uma idiota por isso. É que... Tenho que ir resolver a
minha vida e isso vai levar algum tempo. Você deve seguir em
frente. — Seus olhos passavam perigosamente.
— Seguir em frente? — Ele disse as palavras lentamente.
Balancei a cabeça.
— Sim, é bom que nós terminamos em uma nota boa e
não em um mal entendido, — Eu disse a ele.
— Roxie, nós não vamos terminar.
— Sim, nós vamos. Você é um cara legal... — Eu parei e
percebi que era só isso. Ele era um bom rapaz. Eu era uma
louca, eu tinha percebido que era só isso. Ele um bom rapaz.
Eu uma porca. Minha casa tinha sido destruída, meu ex-
amante era procurado em quatro Estados e ainda estava em
liberdade Deus sabia onde e a coisa que nós estávamos
ambos contornando era que eu estava contaminada. Ele
sabia disso. Eu sabia. Mesmo que ele soubesse que eu não
amava o Billy mais, o fato de que Hank pensou isso me
avisou tudo o que precisava saber sobre o que ele pensava de
mim.
— Acabou, —terminei.
— Desculpa, não era você que eu estava fodendo uma
hora atrás? — Ele perguntou, seus olhos estreitando.
Eu olhei para ele com cara feia.
— Não acabou, — disse ele.
Minhas sobrancelhas se aproximaram.
— É isto. Estou partindo amanhã. — Ele viu-me por um
segundo e, em seguida, deixou ir minha mão, tirou a carteira
do seu bolso detrás, jogou algumas notas em cima da mesa e
se levantou, empurrando sua carteira de volta no bolso.
Ele me puxou para fora da cabine e, segurando minha
mão, guiou-me até a porta com um elevar de queixo para a
nossa garçonete, antes de passarmos pela porta.
Uma vez que estávamos lá fora, largou minha mão e
colocou o braço ao redor de meus ombros e me puxou para o
lado dele.
Bem... Ele estava levando minhas palavras finais
realmente bem.
Embora eu soubesse que devia estar aliviada, ele meio
que me irritou.
Ele abriu a porta do carro para mim e eu me virei para
ele, tomando a decisão de manter as coisas em uma
inclinação positiva e ser educada.
— Obrigada pela compreensão.
Ele olhou para mim.
— Não compreendi, — disse ele.
— Com licença?
— Roxie, você não vai a lugar nenhum. Eu só tenho que
convencê-la a ficar.
Eu pisquei para ele.
— Vou embora amanhã, — disse (novamente).
Moveu-se para o meu espaço, eu voltei e ele prendeu-me
contra o interior da porta.
— Então, eu tenho que convencê-la antes de amanhã.
— Você não será capaz de fazer isso. Minha mente está
feita, — disse-lhe, pressionando seu peito com minhas mãos
para empurrá-lo de volta.
— Há alguns dias, você nem queria jantar comigo. Em
menos de vinte e quatro horas, você estava na minha cama.
Eu vou ser capaz de convencê-la.
Muito bem! Ele estava certamente seguro de si.
Claro, o que ele disse era verdade (tudo, exceto a parte de
me convencer), mas mesmo assim.
— Me leva de volta para do tio Tex, — eu exigi.
Ele sorriu.
— Você não vai para o Tex. Vai para casa comigo.
Fiz um barulho.
Então, imaginei que isso significava que ele não estava
tomando minhas coisas de terminar com ele muito bem, na
verdade, ele não estava levando nada bem.
Então, ele me beijou.
Assim, ainda meio tonta, fui para casa com ele.
* * * * *
Eu estava nas minhas costas. Hank tinha levantado
minhas pernas para os meus joelhos, então eles foram
dobrados em seus lados. Ele estava nos cotovelos para que o
peso dele não estivesse em mim. Com minhas pernas
dobradas e sua alavancagem, ele deslizava dentro de mim,
mais profundo do que qualquer um já tinha ido.
Tinha os olhos fechados, o sentindo mover-se, meus
braços absorto em torno de suas costas.
Deixei-me seduzir novamente (honestamente, não
demorou muito) e estava memorizando tudo, o cheiro dele, a
sensação dele, o gosto dele, a força dele. Eu preciso manter
estas memórias por muito tempo.
Ele arrancou e quebrou seu ritmo, seu indicativo de
corpo, eu podia senti-lo, mas ele não estava vindo dentro.
Meus olhos abertos.
— Hank?
Deixou cair a cabeça e no meu ouvido, ele disse,
— Fica.
Puta merda.
Meu corpo todo sentiu espasmos.
— Não.
— Prometa-me que você ficará, — ele sussurrou.
Mudei-me, apertando meus braços e minhas pernas em
torno de suas costas o embrulhando.
— Whisky.
Quando eu usei o apelido dele, ele deslizou no fundo e
continuou trabalhando, me acabando.
* * * * *
Depois que terminamos, ele me segurou contra o lado
dele e fez-me dizer o que aconteceu com o Billy, desde o
minuto em que ele saiu para correr, para o minuto que ele
estava na cama comigo depois que eu voltei.
Ele escutou sem dizer nada, mas seu corpo estava
falando por ele, ficando tenso; sua mão, que estava
acariciando minhas costas, indo e voltando, agora estava,
flexionando e me mordendo.
Então, ele me fez contar sobre o incidente da marreta.
Ele disse alguma coisa depois.
— Eu vou matar aquele filho da puta.
— Isso é o que o tio Tex disse, — Eu disse a ele.
Então, ele me fez contar sobre meu plano para me livrar
de Billy.
Em outras palavras, tivemos a conversa que teríamos que
ter no pequeno-almoço há cinco dias.
— Não foi um plano muito bom, — ele me disse.
— Eu sei agora, — eu respondi.
Então, ele me disse que sabia que meu lugar foi
destruído, Mace lhe tinha dito na Lincoln Road House.
— Não é seguro você voltar lá, — ele disse.
— Estou indo, — falei.
— Vamos ver.
Meu Deus, não havia apenas nenhum tremor com esse
cara.
— Você sabe que há essa coisa chamada à emenda XIX,
dando às mulheres o direito de votar? — Eu perguntei.
— Eu ouvi falar disso, — ele disse... E havia um sorriso
em sua voz.
— E existe esse movimento todo chamado Fe...mi...
nis...mo- Eu disse lentamente, como se ele fosse uma
criança fraca. — Onde as mulheres começaram a trabalhar,
exigindo igual pagamento por trabalho igual, levantar suas
vozes em questões do dia a dia, levar de volta a noite, coisas
assim.
Ele rolou sobre mim, que me fez virar de costas.
— Me parece familiar.
— Você tem uma enciclopédia? Talvez nós possamos
procurar isso. Se as palavras são grandes demais para você
ler, vou lê-lo em voz alta e explicar junto.
Ele se levantou em seu cotovelo.
— Só se você estiver nua. — Eu dei um tapa no seu
ombro.
Ele ignorou meu tapa, jogou sua coxa sobre as minhas e
estabeleceu-se em mim.
Eu suspirei.
Shamus saltou, e andou por aí na cama como se fosse o
chão, então deitou com um gemido alto, cãozinho, com as
costas pressionando o comprimento do meu lado.
Eu suspirei outra vez.
— Vocês, garotos Nightingale, são difíceis de abalar.
— Lembre-se disso, — Hank murmurou e envolveu seu
braço em volta da minha cintura como se para provar o
ponto.
Capítulo 13
Isto vai ser divertido
Na manhã seguinte, Hank acordou-me e fez amor comigo,
pegando mais no meu coração por prestar atenção especial
com a boca e as mãos para os hematomas no meu pescoço,
braços, quadris, até meus pulsos, como se ele pudesse
apagar sua memória e eles com o seu toque.
Cara, eu estava com problemas ou o que?
Quando terminamos, nós ainda estávamos respirando
pesado, Shamus deu um gemido e moveu-se e desceu do lado
da cama, não tirando os olhos de Hank.
— Eu tenho que levá-lo lá fora, — Hank disse, dando-me
um leve beijo na boca e se afastando suavemente.
Eu assenti com a cabeça e rolei sobre o meu lado,
puxando o travesseiro para meu meio.
Eu assisti Hank puxar seu jeans e andar descalço fora da
sala.
Ouvi a porta abrir e fechar.
Então algo estranho aconteceu.
Eu fechei meus olhos lentamente, languidamente,
descendo do alto que era fazer amor com Hank e quando abri
os olhos, o rosto de Billy estava perto no meu.
Eu empurrei para cima na cama, ainda segurando o
travesseiro contra meu peito e gritei o nome de Hank. O grito
era alto, estridente e ecoou pela casa como um tiro.
Eu subi na cama, agarrando o travesseiro e ficando de
joelhos. Minhas costas bateram na cabeceira da cama
quando Hank correu para o quarto.
— Jesus Roxie, — disse ele, olhando para mim. Ele
estava mortalmente pálido e com os olhos arregalados como
tio Tex estava ontem à noite.
Eu estava olhando para nada. Billy não estava lá. Meus
olhos se mudaram para Hank que sentou na cama, os braços
dele vieram até mim, tirando o travesseiro e puxando-me em
seu corpo quente, sólido.
— Porra. Foda, foda, foda. Estou vendo coisas. Podia
jurar que Billy estava bem aqui. — Eu disse a ele e podia
sentir meu corpo tremer.
Ele jurou sob sua respiração e puxou-me sobre seu colo,
envolvendo os braços em torno de mim e colocando minha
cabeça em seu pescoço.
— Estou louca, ou mais louca. Deus, eu juro que ele
estava aqui. Eu poderia vê-lo liso como o dia. —sussurrei
contra seu pescoço, entrelaçando meus braços em volta de
seu corpo.
— Foi um flashback, querida. Vítimas de violência os têm
toda hora.
Eu ainda tremia e senti as lágrimas subindo pela minha
garganta.
— Droga, — eu engasguei, enterrando nele, tentando
fazê-lo absorver-me ou tentar absorver um pouco da sua
força em mim, eu não sabia qual. Senti a umidade no meu
rosto, transferindo-se para sua pele. — Eu sou uma fraca.
— Eu não deveria ter trazido você de volta aqui. Estava
preocupado com isso.
Eu balancei minha cabeça, lágrimas que ainda viriam. —
Sou eu, sou fraca.
— Não é você, poderia acontecer com qualquer um. — Eu
sabia que não teria acontecido a Indy ou Ally, Daisy ou
qualquer uma que ele conhecia. Elas eram feitas de material
mais duro do que eu.
— Peço desculpa, —disse calmamente.
— Por quê?
— Sinto-me estúpida.
— Cristo, luz do sol, dê tempo ao tempo. — Acenou com a
cabeça, mas não concordei.
Ele me segurou até que parei de tremer, seus braços
apertados em volta de mim.
Então se levantou, me levando com ele e me pôs de pé.
Inclinou-se e pegou minha calcinha do chão, silenciosamente,
entregou para mim. Vesti enquanto ele cavou na sua gaveta e
retirou uma camisa de manga térmica, longa verde camuflada
com uma foto estampada na parte de trás. Foi uma sorte que
era doce e quente. Ele puxou isso na minha cabeça, enfiei
meus braços através e caiu sobre os quadris.
— Vamos conseguir algo para o Shamus, — ele disse.
Guiou-me para a porta dos fundos, segurando a minha
mão o tempo todo e abriu-a. Shamus estava trancado dentro.
Então me levou para a cozinha, soltou a minha mão e
começou a fazer café.
— Você vai alimentar Shamus? — Hank perguntou.
Ele me disse onde encontrar o material. As mangas da
blusa térmica caíram em minhas mãos e eu limpei os restos
das lágrimas do meu rosto com elas. Em seguida, empurrei-
as para cima em meus antebraços e olhei ao redor da sala.
Foi tudo arrumado. A impressão do pneu gordo se foi, a
impressão abatida de Dip tinha sido reposicionada ao centro
acima do sofá.
Tudo estava onde era suposto estar; a lâmpada quebrada
não tinha sido substituída, mas todos os restos foram
arrastados. Era como se Billy nunca estivesse estado lá.
Em vez disso, parecia quando eu entrei depois do Hank
pela primeira vez em meu encontro.
Olhei fora antes de começar a decorar novamente,
respirei fundo e fiz a Shamus seu café da manhã.
Enquanto fazia isto, Shamus saltou à minha volta em
antecipação feliz sendo alimentado. Quando coloquei a sua
tigela no chão, ele enfiou a cara na comida molhada, seu
corpo movendo-se com o rabo abanando.
— Ele é um cão feliz, — eu disse a Hank, encarando o
Shamus e desejando que minha vida pudesse ser tão simples
quanto o dele. Comida, feliz. Caminho, feliz. Hank, feliz.
Ok, talvez a minha vida pudesse ser como isso, ou uma
versão, mas eu não ia lá.
Hank parou na minha frente e depois entrou no meu
espaço, apoiando-me até que meu corpo bateu com o dele.
Chegou tão perto que podia sentir o calor do seu corpo.
As mãos dele vieram para ambos os lados do meu
pescoço, e ele olhou nos meus olhos.
— Como você está se sentindo? — Ele perguntou.
Balancei a cabeça.
— Melhor. Desculpe por isso.
— Se você me desculpar novamente-
— Sinto muito. Desculpe... Hum, desculpe! — Oh Deus,
eu não podia parar de pedir desculpas.
Hank sorriu para mim.
— Cale-se, — ele disse.
— Tudo bem, — eu respondi.
— Coloque seus braços ao meu redor.
Eu estava tão estranha naquela manhã, imediatamente
fiz o que me disseram.
Ele ficou ainda mais perto.
— Como estou indo?
Eu pisquei para ele.
— Perdão?
As mãos dele escorregaram para meus ombros e ligaram
em torno de minhas costas. Então ele esfregou o nariz dele
contra o meu.
Eu odiei quando ele fez isso, principalmente porque eu
adorava quando ele fazia isso.
— Convencer você a ficar, — continuou em silêncio.
Merda.
— Estou partindo hoje, Hank.
Seus olhos ficaram preguiçosos.
Eu odiava quando eles faziam isso, principalmente
porque eu adorava quando eles faziam isso.
Eu dei meu pé um pouco de espaço, para lhe mostrar que
era sério e para me mostrar.
— Você acha que eu vou ficar!
— Sei que vai ficar, — respondeu ele.
Rolei os olhos para o teto e depois os trouxe de volta para
ele.
— Eu vou tomar um café, fazer torradas no café da
manhã e você vai me levar de volta para o Tex. Então, vou
pegar meu carro, encontrar Annette e ir.
— Torrada francesa parece bom.
Obviamente seguiu ignorando o resto do que eu disse.
Tanto faz.
— Tem pão, ovos, xarope de groselha? — Eu perguntei.
A cabeça mergulhou e foi para o meu pescoço. Com os
lábios dele lá, ele disse,
— Provavelmente.
— Queijo e açúcar de confeiteiro? — Eu perguntei.
— Provavelmente não, — disse ele, sua boca no meu
pescoço.
Oh bem, eu faria.
— Para trás, que eu vou começar.
Subiu a cabeça e ele estava sorrindo para mim.
Rolei os olhos para ele e o ouvi rir baixinho.
Deixou-me ir e se afastou.
Eu caminhava para o café e puxei aberto o gabinete
acima, imaginando que é onde as canecas estariam, porque é
onde eu guardaria as canecas. As canecas estavam lá e tirei
duas.
— Como você toma seu café? — Eu perguntei.
Ele veio atrás de mim, apertou meu quadril contra o
balcão e os braços dele foram em torno de mim, sua boca
voltando para o meu pescoço.
— Preto, — ele respondeu, antes de ter ambas as mãos
sob a camisa; uma foi ao norte, uma foi para o sul.
— Hank! — Empurrei meu corpo, mas não havia
nenhuma maneira de me afastar dele. — Deixe-me ir.
— Chame-me de Whisky e eu vou deixar você ir, — disse
contra meu pescoço.
Deus do céu.
Eu ignorei seu pedido e gritei,
— Deixe-me ir! — Uma mão entrou em minha calcinha, a
outra mão em concha no meu peito.
Oh merda.
Dez minutos depois estava pressionando minhas costas
contra seu corpo e segurando o balcão pela minha vida.
Minha cabeça estava inclinada voltando a descansar no seu
ombro, minha testa foi pressionada no pescoço. Ele tinha
inclinado a cabeça para frente e estava me ouvindo suspirar.
Os dedos em ambas as mãos faziam um redemoinho
delicioso.
— Me chame de Whisky, — ele murmurou.
Eu não demoro e faço o que ele pediu.
Então ele tomou conta de mim, orgasmo número dois do
dia e, eu ainda não tinha ficado acordada algumas horas.
Ele me segurou, minhas costas, à sua frente, seus braços
envolvidos em torno de minha barriga, enquanto eu me
recuperei.
Uma vez que minha respiração equilibrou ele perguntou,
— Com medo de minha casa?
Minha barriga derreteu e soltei um suspiro rápido de
minhas narinas. Hank estava tentando apagar as lembranças
ruins, dando-me as boas.
Deus, ele era um cara tão legal.
No entanto, era um cara legal em uma maneira muito
sexy.
Eu balancei minha cabeça.
Ele beijou meu pescoço.
— Te sente ficando ainda? — Meu Deus.
Ele pode ser um cara legal, mas era mesmo teimoso.
Eu balancei minha cabeça.
— Teimosa, — ele murmurou, sua boca, atrás da minha
orelha.
— Eu estava pensando isso de você, — disse-lhe.
Eu senti seu sorriso ao invés de ver.
— Isso vai ser divertido, — ele disse.
Eu duvidava disso.
* * * * *
Comemos rabanada. Tomamos um banho. Ele me levou
para o Tex e ouvi o telefone na cozinha enquanto eu me
vestia.
Liguei para Annette e ela respondeu com um sono,
— Yo vadia. — Ela estava em Denver e ela me disse que
ela e Jason estavam pegando no sono e combinamos de nos
encontrar mais tarde na Fortnum’s.
Eu chamei o tio Tex na loja (ele ainda não usava seu
celular) e peguei o endereço de onde estava meu carro.
Então, Hank levou-me para pegar meu carro.
Pensei que era estranho, Hank sendo tão legal, levando-
me ao meu carro, Considerando que eu pretendia ir embora
ao por do sol. Mas eu não ia parecer com um cavalo de
presente na boca, boca do Hank especialmente; sua boca
estava hipnotizante.
O cara no macacão azul sujo estava sentado atrás do
balcão, folheando o livro.
— Estou aqui para pegar meu carro, — disse a ele
quando ele olhou para cima.
Ele olhou para Hank, em seguida, de volta para mim.
— Desculpe, não posso dar isso a você.
Olhei para ele.
— Por quê?
— Alguns policiais entraram algum tempo atrás, e o
rebocaram para o depósito. Disse que era prova de um crime.
Meu corpo tremeu.
— Que crime?
Ele encolheu os ombros.
Minha cabeça virou-se lentamente para olhar para Hank.
Ele estava olhando satisfeito consigo mesmo. Foi quando meu
corpo virou-se lentamente para o rosto de Hank.
— Você sabe alguma coisa sobre isso? — Seus lábios
contorceram.
— Talvez.
Minhas mãos endureceram ao meu lado, pisei meu pé e
deixe sair um barulho estrangulado.
Hank fez um sorriso cheio, abraçou-me em torno da
cintura e me puxou em seu corpo.
— Disse que estava ficando. — Ele disse.
— Eu... Você... — Eu parei e fiz o barulho estrangulado
novamente.
Um de seus braços enrolaram a volta da minha cintura, a
outra deslizou em meu cabelo.
— Deus, você é fofa, — ele disse.
— Você é um idiota, — eu respondi.
Ele balançou a cabeça, em seguida, dobrou e beijou-me.
Pisquei para ele quando ele acabou.
Então ele disse,
— Isto é divertido.
* * * * *
Hank me levou para a Fortnum’s e todo mundo estava lá;
Indy, Lee, Aly, Daisy, tio Tex, Duque, Jet e Eddie.
Parecia que eles estavam esperando para o show.
Eu pisei no lugar e Duke abriu a boca para falar, mas eu
coloquei a minha mão.
— Não quero ouvi-lo. Então, sim, acertou. Coloquei tudo
através do moinho. Não foi como se eu quisesse ser agredida
e sequestrada, — falei para ele.
— Só ia dizer, bom te ver segura, — disse Duque.
— Bem... — Eu suspirei, soltando o ar, — Obrigada. —
Ele balançou a cabeça para mim, como se estivesse se
perguntando sobre minha sanidade. Eu não podia dizer que
culpava ele: Eu estava começando a me perguntar sobre
minha sanidade também.
— De nada. — Respondeu ele.
Hank estava do meu lado e eu olhei para ele.
— Não tem que ir para o trabalho ou algo assim?
Interrogar os suspeitos? Relatórios de arquivo? Testemunhar
em tribunais? Esse tipo de coisa? — Eu perguntei, soando
arrogante.
Ele colocou o braço ao redor de meus ombros e
mergulhou seu rosto ao meu, seus olhos sorrindo, sua boca
não.
— Hoje é domingo, eu só interrogo suspeitos durante a
semana se puder controlá-lo.
Empurrei minha cabeça.
— É domingo?
— Sim.
Merda. Estive uma semana fora.
— Minha vida é uma desgraça, — eu sussurrei.
Ele apertou meu ombro e, por alguma razão, senti-me
tranquilizada.
Não tive tempo de processar os meus sentimentos de
tranquilidade e reafirmação com Daisy se aproximando de
nós, olhando para Hank.
— Afaste-se, garotão. Você teve seu tempo suficiente.
Temos papo de garota. — Então ela agarrou minha mão e me
puxou para as prateleiras de livros.
Viramos na seção P-Q-R-S e notei que Aly, Indy e Jet
tinham nos seguido.
— Então, você está de volta com o Hank, — Indy estava
sorrindo.
— Vou deixar a cidade, assim que puder pegar meu
carro, — disse a ela.
Seu sorriso desvaneceu-se.
— Onde está seu carro? — Jet pediu.
— Hank apreendeu, — respondi.
Sorriso de Indy voltou.
— Ele não quer que vá embora. — Eu expliquei
desnecessariamente.
— Você totalmente não vai. — Ally disse, ela estava
sorrindo muito.
Olhei para ela.
— Vou —disse e quis dizer isso.
— Você totalmente não vai embora, — Ally repetia.
Indy chegou perto de mim.
— Roxie, você deve saber, uma vez, quando Hank queria
uma moto, e seu pai lhe disse que ele teria que comprá-lo
com seu próprio dinheiro, Hank teve dez empregos.
Trabalhou até o osso, acordando cedo, trabalhando até tarde
da noite. Ele mesmo fez isso e foi para jogos e prática de
futebol. No final, teve aquela moto.
— Hank dirige uma moto? — Eu perguntei.
Ally ignorou minha pergunta e compartilhou sua própria
história.
— Sim, eu me lembro de quando Hank decidiu que ia
comprar uma casa na Bonnie Brae. Ele queria estar perto de
onde ele cresceu e ter um lugar em um bairro onde ele
poderia ensinar seus filhos a andar de bicicleta nas calçadas
sem medo de um motorista louco. Valores de propriedade
estavam fora do patamar do salário de um policial. Todos
esperavam que ele desistisse. Quando encontrou o seu lugar,
era um lixo total. Ninguém queria, exceto para comprar o lote
e limpá-lo. Hank pagou mais do que valia e reformou, ele
mesmo.
Eu estava perdida em pensamentos de Hank ensinando
seus filhos a montar suas bicicletas quando Daisy disse, —
Terra pra Roxie.
— O quê? — Eu disse.
— Por que quer ir embora? — Daisy perguntou.
— É muito complicado de explicar, — disse ela.
Todas olharam uma a outra, então olharam para mim.
— É! — Eu chorei.
— Tanto faz. — Ally disse, descartando as complicações
da minha vida com duas palavras. — Vai ir para Frightmare16
conosco amanhã à noite?
16 brinquedo tipo trem fantasma no Brasil.
Deus do céu.
— Frightmare? — Eu perguntei.
— Sim, a casa assombrada em Thornton. É a merda, —
disse Ally.
— Eu não lido bem com assustador. — Respondi,
pensando que estava farta de medo na última semana,
obrigada muito obrigada.
— Oh, é tudo diversão, — persuadiu Indy.
Eu me virei para a Indy.
— Hank disse-me que você ficou furiosa e quebrou tudo
através de fardos de feno e tiveram que chamar a polícia. Isso
não é divertido.
Ally e Indy olharam uma para a outra e, em seguida,
riram. Tanto que elas dobraram com isso.
Jet, Daisy e eu assistimos.
Elas finalmente ficaram sóbrias e se endireitaram. Ally
enxugou uma lágrima do olho dela e murmurou,
— Lembro-me daquele ano. Bons tempos.
— Vocês são loucas — disse-lhes.
— Tem razão irmã. — Jet murmurou.
— Bem, eu vou. Parece uma piada e você pode dar alguns
risos, estou certa, açúcar? — Daisy perguntou, olhando para
mim.
Ela estava certa. Muito bem. Bem assustador.
— Ok, bem. Eu vou. Meus amigos Annette e Jason estão
na cidade. Eles podem vir?
— Quanto mais, melhor. — Ally, claramente a líder da
casa mal assombrada, disse.
Novamente, eu sabia que estava em apuros, mas era um
tipo diferente de problema.
Uma mulher alta e muito magra virou a esquina na parte
de trás das prateleiras, carregando livros.
Ela bateu a um impasse quando nos viu, obviamente ela
tinha estado em seu próprio mundo.
— Oi, — ela disse, surpreendida pela existência de outros
seres humanos na terra, pela cara dela.
— Oi, — todas nós dissemos.
Ela esperou uma batida e então me disse:
— Que bom que está tudo bem.
Eu pisquei para ela. Não tinha ideia de quem era essa
mulher.
— Obrigada, — eu disse.
Ela arquivou um livro e vagueou afastado.
— Quem era? — Perguntei a Indy.
— Jane, ela trabalha aqui faz anos. Ela é meio...
Estranha, — Indy respondeu.
Tio Tex me disse sobre Jane. Silenciosa, viciada em
romances policiais e romances. Sua vida foi dedicada à
Fortnum’s, lendo, escrevendo seus próprios romances que
nunca foram publicados e não muito mais.
Daisy agarrou minha mão, levando Jane da minha
cabeça.
— Como estão as coisas? Você está bem? — Seus olhos
como pétalas azuis eram gentis, mas afiados. Eu sabia desde
apenas pelo seu olhar que ela não perdia uma.
Contei-lhes sobre ter a visão do Billy no quarto do Hank
naquela manhã. Eu terminei com,
— Hank disse que foi um flashback.
Jet, Ally e Indy estavam me observando retiveram seus
sorrisos; elas estavam pensando em suas causas.
Daisy, por outro lado, acenou com a cabeça.
— Sim, eu tive isso depois que fui estuprada. — Ela
respondeu.
Minha mão apertou a dela.
— Você foi estuprada? — Eu sussurrei.
— Há muito tempo. Flashbacks duraram algum tempo,
mas foram embora. A mente cura como o corpo, mas demora
o seu tempo. É bom que você tenha um homem decente para
você ver através disso. Ajudou-me que, durante esse tempo,
encontrei meu Marcus. — Eu suspirei.
Ninguém acreditou em mim quando disse que estava
deixando a cidade e sabia que não acreditam em mim quando
eu disse a eles que Hank não era meu homem, então, fiquei
em silêncio.
Então ouvimos um grito da frente da loja.
— Jumpin 'Jehosafats! Este lugar é ótimo! — Isso seria
Annette.
Rostos de todas as garotas foram congelados com
incredulidade no grito.
— Isso é minha amiga, Annette, — disse-lhes, separando
e caminhando para frente.
Annette e Jason estavam a poucos metros da porta.
Jason era parceiro de Annette, mesma altura como Annette,
cabelo castanho claro e olhos castanhos escuros. Ele sempre
sorria como se quisesse dizer isso e nunca estava com mau
humor.
Annette e Jason olharam para mim quando cheguei e
percebi que Jason poderia ter mau humor sob circunstâncias
extremas, porque assim que me viu, seu rosto ficou duro.
Annette olhou.
— Ei — eu disse, sorrindo para eles.
Annette olhou para Jason, em seguida, virou-se sobre
seu calcanhar e saiu pela porta.
Na calçada do lado de fora, de mãos e braços retos
cerrados, ela jogou a cabeça de volta e gritou na parte
superior de seus pulmões. Então ela começou a chutar a
calçada como se ela desse, socos e pontapés no ar como se
estivesse dando em um saco de pancadas, durante todo o
tempo em alta, emitindo murmúrios sem-sentido, zangados.
Virei-me para todo o pessoal do Fortnum’s.
— Ela é um pouco louca, — Eu disse.
Ninguém disse uma palavra, estavam todos olhando para
fora da porta.
Annette entrou atrás.
— Eu vou matar aquele filho da puta, — ela anunciou.
— Acho que é o consenso, — disse a ela.
— Não, não, não. Eu vou arrancar o pau dele e enfiar no
seu nariz e desfilar pelas ruas nuas como um - Bambi- e
então cortar sua cabeça.
Toda a loja ficou em silêncio.
— Annette, querida, eu pensei que você era pacifista —
recordei-lhe com uma voz apaziguadora.
— Você viu o seu rosto?
— Hum... Sim. Ele já está muito melhor.
Em minhas palavras, os olhos dela reviraram.
Puta merda.
Algo errado a dizer.
Rapidamente, eu disse,
— Deixe-me te apresentar a todos.
Fiz as apresentações. Annette deu a tio Tex um abraço
grande e forte e quando eu terminei com o Hank, ela olhou-o
de cima a baixo, virou para mim e acenou com a cabeça
enquanto ela disse,
— Bom. — O braço do Hank deslizou ao longo de meus
ombros e puxou-me para seu lado.
Annette e Jason viram isso e Annette sorriu enorme.
Então ela disse,
— Muito bom.
Eu olhei para Hank e os lábios dele estavam tremendo.
Merda.
Então, Jason veio para frente, pegou minha mão e disse,
— Se importa? — Para Hank. Ele puxou-me longe do
braço do Hank e em ambos os seus. Então ele me deu um
abraço apertado, enfiando seu rosto no meu pescoço.
O lugar, depois de terem se recuperado de assistirem o
desabafo de Annette, ficou em silêncio novamente.
Senti as lágrimas bater nas costas dos meus olhos e
deslizei meus braços ao redor dele.
— Jason, estou bem, — eu sussurrei. — Estou bem,
estou aqui. Acabou.
Ele não me deixou ir. Ouvi dizer que Annette dá um
soluço alto, relinchando. (Annette era chorona, assim como
eu), então seus braços vieram em torno de nós dois.
Ficamos assim por um tempo e então eu ouvi Hank dizer
baixinho:
— Jason, Roxie tem três costelas quebradas. — Os
braços de Jason soltaram e ele e Annette se afastaram.
Imediatamente, Hank deslizou o braço sobre meus ombros
novamente e puxou-me apertado ao seu lado.
— Annette disse que você é um policial, — Jason disse,
olhando para Hank.
Hank assentiu com a cabeça.
— Você vai prendê-lo? — Jason perguntou.
Hank assentiu com a cabeça novamente.
Jason olhou para ele por alguns minutos, em seguida,
acenou com a cabeça também e eu assisti a tensão vazar de
seu corpo.
Todo mundo estava quieto depois disso.
— Então está bem! — Indy disse no silêncio que se
seguiu, — Por que não vamos almoçar?
— Isso parece ótimo, eu comeria um cavalo, mas tenho
que descarregar o carro primeiro. Trouxemos toda a sua
merda – Anette disse para mim - O velho Subaru está
arrastando.
— Você pode levar para minha casa. — Hank disse para
ela.
Eu congelei.
Nem no inferno. Eu pensei.
— Não. — Eu disse em voz alta.
— Legal. — Annette me ignorou. — Devemos seguir você
até lá?
— Nós todos iremos, — Ally, de repente, estava lá. —
Muitas mãos fazem o trabalho mais fácil.
— Não, — eu repeti, ligeiramente mais alto desta vez.
— Vamos lá, estou faminto. Quanto mais cedo fizermos
isso, mais cedo eu posso comer. — Eddie disse quando ele e
Jet caminharam até nós. Ele tinha Jet sob ele, como Hank
estava fazendo comigo.
— Não! — Eu disse novamente, ainda mais alto.
— Onde vamos almoçar? Eu voto Las Delicias, — Indy
falou.
— Nós fomos lá ontem, — disse Lee.
— Todo dia é dia de Las Delicias, — Indy sorriu para ele.
— Não! — Eu disse pela quarta vez, e foi quase um grito.
Daisy vinculou o braço no meu, afastando-me de Hank.
— Você pode ir comigo, docinho. Temos coisas que ainda
não conversamos.
Foi à vez de o Hank congelar.
— Não se preocupe, Hunkelícia, nós estaremos bem na
sua cola. — Daisy disse-lhe e guiou-me até a porta.
— Não liguem para Tex, Jane e eu, vamos apenas ficar
aqui e trabalhar! — Duke gritou para nós enquanto
caminhávamos para fora da porta.
— Obrigada, você é uma boneca. — Indy gritou de volta.
Olhei para trás em pavor para tio Tex... Mas ele estava
sorrindo.
Daisy me levou ao seu Mercedes, que estava estacionado
na parte traseira enquanto todos se espalharam em seus
próprios veículos.
Sentei-me no carro, olhando cega pela janela enquanto
ela ligou o carro.
— Docinho, você parece assustada como uma lebre. —
Daisy disse.
— Estou com medo. Meu carro está apreendido e não
consigo ir para casa. Não consigo ir a lugar nenhum. Agora,
meus amigos estão essencialmente movendo minhas coisas
para a casa de um homem que conheço há uma semana. É
oficial. A partir de hoje, eu o conheci há uma semana.
— Parece mais tempo, — murmurou Daisy.
Ela não está errada.
— Relaxe. — Daisy disse. — Uma coisa que aprendi, esta
vida é selvagem e você apenas tem que seguir o fluxo.
Eu virei para ela.
— Eu preciso de um momento para pensar. Preciso de
um momento para planejar. Preciso de um momento para
mim.
— Isso é justo quando tudo dá errado, quando você tem
tempo para pensar. E você tem uma eternidade de tempo
sozinha em seu caixão. Agora é melhor você passar seu
tempo com gente boa e um homem bonito. Quando estiver
com oitenta e pensar onde foi sua vida, você não vai se
agradecer por não se soltar e deixar algo de bom para trás,
compreende? — Eu abri minha boca para dizer algo, mas
Daisy não me deixou.
— Confie em mim, doçura, eu... — Então ela parou de
falar, os olhos dela ficaram grandes e além de mim, ela
cuidava da janela lateral.
Eu me virei para ver o que ela estava olhando e em
minha janela um homem, inclinou-se e olhou para dentro.
Não era qualquer homem, era um dos homens que
tomaram Billy.
Ele bateu na janela com uma arma.
— Saia do carro, — disse ele, olhando para mim.
— Por favor, me diga que é um flashback, — eu
sussurrei.
— Isso não é nenhuma merda de flashback, — Daisy
respondeu. Então ela bateu o carro em marcha-ré e acelerou
para trás em um cavalo de pau, ondulando para os lados. O
bandido pulou fora do caminho do para-choques e Daisy
quase bateu no caminhão de Eddie, que estava puxando para
baixo e de Ally atrás de nós.
O homem com a arma entrou em um carro indo em
direção a Bayaud e Daisy tomou o rumo para Bayaud. O
outro homem que viria a tomar Billy, que me amarrou na pia,
estava dirigindo o carro. Eles atiraram longe, da calçada atrás
de nós.
— Oh não. Não, não, não. Merda! — Eu gritei.
Olhei para trás e vi que eles seguiam e Eddie entrou por
trás deles.
— Você conhece estes caras? — Daisy perguntou.
— São aqueles que levaram Billy.
— Hum hum, — ela murmurou, deslocando a olhar pelo
retrovisor quando ela atravessou o sinal vermelho e virou na
Broadway.
Carros buzinavam e desviavam quando cortamos no meio
do tráfego. Eu segurei o traço com uma mão, o teto com
minha outra e preparando meu corpo, o melhor que pude.
Quando nós estávamos subindo rapidamente pela Broadway,
eu por acaso dei outro olhar para trás e vi que os dois
rapazes e Eddie tinham avançado o vermelho também. Para
meu maior desespero, vi um Subaru puxando na retaguarda,
arrastando uma carga e duas bicicletas de montanha que
estavam amarradas ao seu telhado.
Merda.
Carros estavam desviando por todo o lado, buzinando e
via rostos irritados pelas janelas.
Um Crossfire e o 4Runner de Hank que estava em frente
do Fortnum’s juntou-se a caçada.
Em seguida, o bandido no banco do passageiro inclinou-
se para fora da janela e apontou a arma para nós.
— Puta merda! Ele vai atirar! — Gritei quando ouvimos
tiros e um - ping, ping, ping- como o hit de balas no porta-
malas do nosso carro.
— Eles atiraram em mim! Atiraram no meu Mercedes!
Aqueles filhos da puta! — Daisy gritou, então ela virou a
direita numa estrada estreita com carros estacionados em
ambos os lados; mal tinha espaço suficiente para nos levar
para baixo.
Um carro estava vindo em nossa direção e Daisy
inclinou-se sobre o vidro.
— Saia do meu caminho, filho da puta! — Ela gritou,
inclinando-se vesga para a frente através do para-brisa como
ela fosse míope e quase descansando seus seios enormes no
volante.
No último momento possível em nosso jogo assustador, o
carro bateu em um espaço aberto e nós voamos pelos ares.
Olhei para trás e vi o resto dos carros no nosso encalço.
— Unidade de uma delegacia de polícia, — Eu disse a ela.
— O que? — Ela perguntou, ainda deitada na buzina.
— Tire a mão da buzina e leve o carro para uma delegacia
de polícia! — Eu gritei.
Ela parou de tocar a buzina e ouvi minha bolsa tocando.
— Merda! — Pensei.
— Coloque o cinto. Foda-se o telefone. Cinto. Agora! —
Eu fiz como instruiu Daisy. Ela deu seta para esquerda
executando um sinal de parada duas quadras pra baixo, ela
pegou outro sinal à esquerda, e então dois quarteirões
abaixo, teve outra esquerda, através de uma luz verde e caiu
em uma estrada de duas pistas. Finalmente meu celular
parou de tocar e Daisy teceu dentro e fora do tráfego, tocando
sua buzina ficando fora da linha de mira.
Revezamos-nos várias vezes mais. Eu ficava olhando para
trás; O caminhão de Eddie tinha sumido, o crossfire ficou
para trás , Hank ficou atrás do Crossfire.
Daisy tomou outro rumo, e nós estávamos no
estacionamento da delegacia que Eddie tinha me levado no
dia anterior.
Vi pela janela de trás os homens maus, continuarem. O
Crossfire parou em um guincho de pneus. Hank em seu
4Runner passou por lá e foi atrás dos bandidos. Indy saltou
do Crossfire... E assim que ela fechou a porta, decolou em
outro guincho de pneus.
Então eu não poderia olhar mais.
Daisy executou o que só poderia ser descrito como uma
parada de piloto de corrida, guincho com a metade traseira
do Mercedes girando em volta e balançando a um impasse. O
caminhão vermelho veio atrás de nós. Subaru de Annette
seguindo ele.
Dois carros patrulha voaram fora da outra saída; as
sirenes e as luzes piscando.
Eddie não se incomodou em estacionar. Ele parou atrás
de nós, saiu do caminhão, Jet saindo do outro lado.
Ela imediatamente começou a andar em direção a
entrada da delegacia, Indy estava lá, segurando a porta para
ela.
Eddie movimentou em nossa direção.
Daisy e eu saltamos fora do carro.
— Entre na delegacia. Agora. — Eddie exigiu e percebi
que Jet e Indy já tinham atendido suas ordens.
Daisy e eu não contestamos. Ela jogou as chaves para
Eddie, que as pegou no ar e nós andamos para a estação,
com Jet e Indy. Annette e Jason entraram nem um minuto
mais tarde.
— Que porra foi essa? — Jason gritou.
Ok, então eu tinha aprendido outra situação que pode
levar o bom humor de Jason.
Contei-lhes sobre os caras maus.
— Os filhos da mãe atiraram em minha Mercedes! —
Daisy disse quando eu acabei de falar. Ela estava tremendo,
talvez com raiva, mas achei que era outra coisa.
Coloquei meus braços ao redor dela e ela retribuiu o
gesto.
— Os filhos da mãe atiraram em minha Mercedes, — ela
sussurrou.
— Sinto muito. — Eu sussurrei, sentindo o peso de seu
medo, fixando-se firmemente em meus ombros.
Ela segurou.
Eddie entrou. Seus olhos escuros, resplandecendo com
raiva, foram primeiro para Jet e então eles vieram para mim.
— Você está bem? — Ele perguntou.
Afirmei com a cabeça.
— Daisy? — Ele disse.
Ela tirou o rosto do meu peito e assentiu com a cabeça,
mas não me deixou ir.
Eddie a assistiu por um momento e então disse.
— Vou chamar Marcus.
Algo mudou no ar. Eu vi no rosto de Daisy e no de Jet,
mas eu não sabia o que era. Então Eddie olhou para mim.
— Conhece aqueles caras?
Eu neguei com a cabeça, mas disse. — Eles levaram
Billy.
— Billy não está com eles agora, — ele observou.
Eu só olhei para ele.
— Porra, — Eddie terminou.
Ele podia dizer isso de novo.
* * * * *
Eu estava sentada num sofá na sala onde eu dei meu
depoimento para o detetive.
Daisy estava perto da porta, sendo abraçada por um
homem bonito, de cabelos escuros que eu sabia que tinha
que ser o seu marido, Marcus. Ele estava ignorando alguns
olhares muito estranhos que estava recebendo de todos os
policiais na sala.
Indy estava a seis pés de distância, falando com algum
homem bonito de uniforme preto. Jason estava com eles, seu
rosto ainda não tinha voltado para o bem-humorado Jason
que eu conhecia.
Jet estava sentado ao meu lado, Annette do outro e
estávamos de mãos dadas.
Eddie estava falando ao telefone.
Então, um cara que estava em outro telefone disse: — Yo,
Eddie!
Eddie colocou a mão sobre o receptor e levantou o
queixo.
— Hank os pegou. — Disse o cara.
Os olhos de Eddie deslizaram para mim.
— Graças à deusa. — Annette respirava.
Eu encarei Eddie e senti meu peito apertar.
Antes, eu pensei que estava saindo da cidade para
proteger meu coração.
Agora, tinha que sair da cidade para proteger meus
amigos.
* * * * *
O que parecia ser uma eternidade mais tarde, Hank e
Ally entraram na sala. Ally tinha ido no 4Runner com Hank e
ele a tinha levado com ele, se dobraram em ir atrás dos
bandidos. Isto foi falado pela polícia como se não fosse uma
grande coisa e eu tenho a impressão que todos sabiam que
Ally era o tipo de garota que poderia defender-se em uma
crise.
Poderia dizer do outro lado da sala que o corpo de Hank
estava tenso, ele estava ligado e estava seriamente e
completamente irritado.
Ele sondou a sala até que seus olhos caíram em mim, e
então veio direto para mim.
Levantei-me do sofá.
Ele parou na minha frente, mano-a-mano, totalmente no
meu espaço.
Ele inclinou sua cabeça para baixo e me olhou
diretamente nos olhos.
— Você vai ficar. — Declarou em sua voz autoritária.
Merda.
Capítulo 14
“É ela”
Eu estava em cima das cobertas da cama do Hank,
vestindo a camisola lilás, elástica empoeirada com a renda
preta sobre o corpete e a bainha. Era um pouco arriscada
para ficar no quarto de Hank, o cara que eu estava falando a
mim mesma que eu estava tentando afastar, mas foda-se,
arriscada nestes dias era o meu nome do meio.
Shamus estava deitado de bruços ao meu lado. A cabeça
na minha barriga, seus olhos fechados, feliz enquanto em
acariciava suas orelhas. “Born to Run” estava tocando no
aparelho de som no quarto do Hank e eu tinha acabado de
terminar de escrever uma carta para um amigo em Atlanta
(mas não partilhei nenhum dos acontecimentos recentes; isso
teria que acontecer por telefone).
Eu tinha colocado meus papéis de lado e eu estava
olhando para o teto e tentando decidir como a minha vida
tinha descido em tal loucura (e obviamente evitando me
culpar na tentativa de salvar o que restava da minha
sanidade mental). Era como se alguém de terno tivesse
andado até mim e me dado um certificado que afirmava
“Roxanne Giselle Logan, sua vida está fodida”
* * * * *
Passei à tarde na delegacia de polícia.
Primeiro, levaram a declaração, em seguida, Daisy e eu
identificamos os dois bandido. Deu-me um frio na espinha
ver o homem novamente; ali parecia tão perto.
Felizmente, Hank estava ali também, de pé atrás de mim,
sua mão forte e quente na parte de trás do meu pescoço.
Depois disso, voltamos para a sala grande com mesas e
telefones e pessoas. Hank não veio conosco... Mas todo
mundo ainda estava lá. Vance e Mace tinham chegado e
ambos estavam com um olhar sombrio. Ou, pelo menos,
Mace parecia sombrio, Vance parecia chateado.
Eles estavam falando com Lee, mas eles desconversaram,
Vance se aproximou de mim, olhou-me nos olhos, os seus
queimando tão profundamente, que senti o calor no meu
rosto.
— Não se preocupe, — ele disse baixo.
Então, ele e Mace foram embora.
Opa.
Não sabia o que ele quis dizer. Tudo o que sabia era que
fosse o que fosse, ele realmente quis dizer isso.
Então, todo mundo foi embora. Eu tentei seguir, mas Lee
pegou meu braço e me segurou.
— Você fica aqui, esperando Hank. — Ele ordenou.
Eddie ficou ao lado dele, Jet e Indy ficaram ao lado de
seus respectivos homens. Eu olhei para eles.
— Eu preciso... — eu comecei.
— Você precisa esperar por Hank, — disse Lee e seu tom
não tolerava argumentos.
Eu senti a necessidade de discutir, mesmo que Lee me
assustasse um pouco.
— Você não entende. Tio Tex- — Eu disse a ele.
— Vamos falar com Tex. — Diz Eddie me cortando.
Senti a presença de outro atrás das minhas costas, então
me virei e lá estava Malcom, pai de Lee e Hank; uma versão
mais velha bonita de ambos. Conheci brevemente na festa de
Indy e Lee há uma semana.
— Vamos lá, Roxie. Vamos tomar uma xícara de café. —
Disse Malcolm.
Merda.
Merda, merda, merda.
Café com o pai do Hank depois de ter sido perseguida
pelas ruas de Denver e alvo de tiros.
Merda.
Dei a Lee e Indy, Eddie e Jet um último olhar e um
pequeno sorriso. Em seguida, acenei com a cabeça para
Malcolm e fui com ele.
Ele me deu café (ou o que poderia ser descrito
frouxamente como café, eu nunca mais tomaria café como
garantido depois de ter uma das criações orgásticas de tio
Tex) e voltamos para a sala grande, a sua atividade
começando a sumir. Sentou-se no sofá.
— Deixe-me dizer o que está acontecendo. — Malcolm me
disse.
Olhei para ele. Seus olhos estavam abertos e
desprotegidos e infinitamente amáveis. Logo percebi duas
coisas. Um, este homem tinha criado dois filhos muito
fantásticos e uma filha incrível, e eu poderia dizer a razão
para isso era porque ele era um bom homem. Também
percebi que ele tinha sido arrastado para a confusão que foi a
última semana da minha vida junto com os outros. A
primeira coisa que me deixou humilde, a segunda coisa me
envergonhou.
Socada para baixo com o embaraço, concentrei-me e
disse em voz baixa.
— Eu gostaria de saber o que está acontecendo.
Seus olhos registraram com aprovação meu comentário e
eu senti como se tivesse passado em um teste importante.
Não só isso, eu tinha tirado dez.
Ele começou a falar.
— Eles estão interrogando aqueles homens. Jimmy
Marker e Danny Rose estão fazendo isso. Jimmy e Danny são
veteranos, bom no que fazem e bons amigos. Hank não pode
se envolver por causa de você.
Concordei, ele continuou.
— Hank está assistindo, espelho de duas faces. Em
primeiro lugar, queremos saber o que aconteceu com Flynn e
se ele ainda está foragido. Então, queremos saber para quem
eles trabalham e por que eles vieram atrás de você.
Concordei novamente. Eu queria saber tudo isso
também.
— Hank quer você aqui, onde ele sabe que você está
segura e ele pode pegar você. Fará isso por ele? — Eu fiquei,
me perguntando se Malcolm sabia quão grande sua pergunta
foi.
Então concordei novamente.
Ele deu um tapinha na minha coxa.
— Linda menina, — ele disse.
Fiz outra vez, passado em um outro teste e tirando outro
dez.
Eu respirei fundo e ele continuou.
— Este é um assunto de família, Roxie, em mais de uma
maneira. Agora, eu vou explicar como isso funciona. Ninguém
sequestra a namorada de um policial de sua casa, em
seguida, a coloca no caminho de uma bala. Todo o
departamento vai funcionar até podermos pegá-los e deixa-la
segura. Lee e eu vamos fazer tudo o que pudermos para o
mesmo efeito. Você tem minha palavra sobre isso.
Eu tentei não focar no fato de que ele me chamou de
namorada do Hank, ao invés disso, eu foquei em algo que era
ainda mais assustador. Eu gostei deste homem; Ele era o pai
do Hank e transformou Hank no que ele era hoje e no que ele
era para mim. Eu não queria que ele pensasse mal de mim.
— Peço desculpa por tudo isto estar acontecendo. — Eu
disse a ele. — Você deve pensar...
Ele apertou meu joelho e me interrompeu.
— Sem ofensa, querida, mas você não sabe o que eu
penso.
Eu esperei, tranquila, sabendo que ele não tinha
terminado, e por alguma razão, ainda mais assustada.
Passei alguns testes, mas alguém tinha atirado em mim
naquele dia. Isso provavelmente não era o número um na
lista de um pai, do tipo de garota que ele queria que seu filho
ficasse; especialmente um filho como Hank. Ocorreu-me que
eu poderia ser “o Billy” do Hank, a garota que faz seus pais
estremecerem e ficarem com caras tristes quando eles nos
veem juntos.
Ele continuou.
— A única coisa que eu quero nesta vida é um pedaço de
felicidade para aqueles que eu chamo de meus. Eu conheço
meu filho, ele não brinca na porra do serviço quando há
alguma coisa que ele quer, desculpa a minha língua.
Eu fiz um gesto com a mão para desculpar a sua
linguagem. Não era ele usando a palavra ‘porra’ que estava
me deixando assustada.
— É muito claro que Hank quer você e aquele rapaz não
toma decisões estúpidas. Ele é esperto, ele é controlado e ele
é decisivo. Se ele quer você, há algo para querer e isso é tudo
que eu preciso saber.
Olhei para ele, me sentindo engraçada. Não era um
sentimento ruim, era um bom, um realmente bom e isso
assustou-me ainda mais.
— Você me lembra do meu pai, ele não perde tempo com
besteiras também, — disse-lhe.
— Parece que eu vou gostar do seu pai. — Disse Malcolm.
Ele disse isso como se fosse negócio decidido que ele
encontraria o meu pai. Eu tive visões de Malcolm conhecendo
o meu pai e isso fez meu coração bater mais forte.
Mamãe e papai nunca conheceram os pais de Billy, nem
eu. Billy nunca falava sobre eles; ele se fechava no minuto
que eles eram mencionados.
Meus pais gostariam de Malcolm e amariam Hank. Eu
podia ouvir mamãe chamando o doce Jesus, todo o caminho
de Brownsburg, Indiana só com o pensamento de mim com
um cara como Hank.
— Obrigada por me dizer tudo isso, — disse para
Malcolm.
Ele sorriu para mim e seu sorriso era deslumbrante como
o de seu filho.
— Meu prazer.
Nós nos sentamos um pouco mais, falando sobre o tempo
de Denver e então começamos a conversar sobre esportes. Ele
me disse que demorou um pouco para ele se aquecer para as
montanhas rochosas; Ele tinha sido um fã do Mets.
Provocantemente lhe dei os parabéns, pelo menos,
permanecendo fiel à Liga Nacional. Então, eu disse a ele que
eu pensava que não havia nada melhor no mundo do que
comer um cachorro-quente e beber uma cerveja ao sol úmido
no Wrigley Field. Depois que eu terminei com isso, Malcolm
me deu mais um dos seus sorrisos, fazendo-me pensar que
eu tinha passado em outro teste.
Então Hank entrou na sala e deixei de falar.
Seus olhos se estabeleceram em nós e ele não desviou o
olhar enquanto atravessava a sala.
— O que conseguiram? — Malcolm perguntou quando
Hank chegou.
Hank agarrou minha mão, me puxou pra cima, ficou
perto e não soltou minha mão. Malcolm levantou também.
— Não muito, eles não estão falando. Liguei para a polícia
de Chicago ontem para mandar verificar o apartamento de
Roxie. Impressões do apartamento batem com a desses caras
e Chicago nos diz que estes meninos estão ligados com uma
operação maior. Estamos à espera de relatórios sobre as
impressões que levantaram no hotel em Nebraska para
verificar se nós podemos colocá-los lá também. Não
esperamos muito disso. O lugar era uma pocilga, imunda,
impressões em todos os lugares. Não conseguiram muito,
exceto parciais ao redor da pia. Vão ser as palavras da Roxie
que os colocarão em Nebraska.
Depois que ele disse isso, sua boca ficou apertada no
pensamento de mim e da pia.
Olhei para ele. Não sabia que alguém tinha voltado para
o hotel em Nebraska, e certamente não sabia que a polícia
verificou meu loft em Chicago.
— Do que você está falando? — Eu perguntei.
Foi Malcolm que respondeu.
— O minuto Vance encontrou você, Hank e Jimmy têm
corrido o que se tornou uma investigação de três estados.
Puta merda.
— Bem, Hank não tem corrido nada, pelo menos não
oficialmente, — Malcolm continuou como se eu fosse fugir
para Assuntos Internos e dedurar os esforços de Hank para
me manter segura.
Antes que eu pudesse reagir ao que Malcolm disse, Hank
puxou minha mão.
— Vamos lá, — disse Hank, acenando para o pai,
obviamente, acabou a conversa.
— Onde? — Eu perguntei.
Ele olhou para mim.
— Casa. — Ele respondeu.
Eu puxei minha mão dele e dei um beijo na bochecha de
Malcolm. Quando me afastei, vi os olhos do Malcolm
plissados nos cantos em um sorriso que não atingiu os lábios
dele e percebi que, de alguma forma, eu tinha outro dez.
Então eu me virei para Hank. Ele agarrou minha mão
novamente e fomos embora.
Quando nós entramos no carro e Hank foi para a estrada,
ele perguntou: — Como você está?
— Nada bem. — Eu respondi honestamente. — Você?
— Estou com raiva, — ele disse, tão honesto quanto eu.
— Posso dizer.
Então, depois de um momento, suspirei, enorme e alto e
olhei para fora da janela lateral, tentando não chorar.
— Roxie, — disse ele.
— O quê? —perguntei, ainda olhando pela janela.
— Não estou com raiva de você.
— Eu sei.
Eu acreditava nele, ainda, eu me senti como uma total e
completa dor na bunda.
— Eu gosto de seu pai. — Eu ofereci para mudar de
assunto.
— Bom. — Ele respondeu e, pela primeira vez naquela
tarde, eu senti que um pouco de sua raiva tinha ido embora.
* * * * *
Ele estacionou em frente à sua casa. Havia carros
familiares alinhados na rua, incluindo o El Camino do tio
Tex.
Quando entramos na casa, fomos assaltados pelo cheiro
de alho, som do Led Zeppelin e um Labrador chocolate muito
agitado.
Se isso não fosse suficientemente esmagador, o lugar
estava cheio.
Indy, Jet, Ally e Annette estavam sentadas na mesa de
jantar de Hank jogando cartas. Kitty Sue (a mãe de Hank) e
Nancy estavam na cozinha cozinhando. Eu podia ouvir
(fracamente, Led Zeppelin estava meio alto) um jogo de bola,
passando na TV no outro quarto.
— Yo vadia! — Annette cumprimentou quando entramos.
— E, hum... Cara — Annette prosseguiu, olhando para Hank.
— Está tudo bem? — Kitty Sue perguntou, seus olhos no
Hank.
Ela estava segurando uma colher de pau que parecia
estar revestida com molho de espaguete.
Nancy moveu-se para mim e me deu um abraço de um
braço só.
— Aposto que você está com fome, — ela disse em meu
ouvido.
Hank respondeu sua mãe enquanto eu relaxava no
abraço da Nancy e assenti com a cabeça para ela. Ela se
moveu e tio Tex estava de pé atrás dela.
— Pelo amor de Deus, menina. Não queremos as coisas
por aqui chatas, mas isso não é a porra do French Connection
— ele gritou e eu poderia dizer que ele estava tentando fazer
uma piada, mas não achava que a situação era tão
engraçada.
Eu sorri para ele, mas era fraco.
Ele colocou a mão em cima da minha cabeça por um
segundo, em seguida, tirou de mim.
Eu sorri para ele novamente, desta vez foi mais forte.
— Colocamos todas as suas coisas no quarto extra — Ally
anunciou e eu virei para ela.
— Nancy e eu embalamos suas coisas do Tex e as
trouxemos, — Kitty Sue adicionou e eu olhei para ela, em
choque. Eu abri minha boca para dizer algo, algo como “Você
está louca, porra?”, mas então Tex pegou meu olhar e
começou a explodir.
— Sem discutir, Roxie. Hank quer você com ele, você vai
ficar com ele.
Deus do céu.
Eles me mudaram para o Hank.
Tio Tex tinha razão. Tinha passado uma semana, e lá eu
estava, morando com o Hank.
Merda.
Olhei para Jet e ela estava me dando um olhar que era
meio sorriso, meio careta. Ela conhecia minha dor, ela teve de
morar com Eddie durante seus problemas e mesmo que seus
problemas tivessem acabado, ela ainda não tinha saído de lá.
Eu poderia dizer que ela não ia fazer uma coisa sobre a
minha situação atual, provavelmente porque ela concordava
com todos os outros.
Eu fiz um som estrangulado e olhei para Tex. Eu estava
começando a ficar com raiva.
— Eu não tenho uma palavra nisso? — Perguntei ao tio
Tex.
— Não. — Respondeu ele.
Meus olhos se estreitaram.
— Me desculpe, mas eu acho que eu tenho.
— Você pode ter sua opinião quando as pessoas não
estiverem atirando em você. — Tex retornou.
Jason, Lee e Eddie entraram da sala de TV para pegar o
que era susceptível de ser um show mais espetacular
enquanto eu discutia com tio Tex.
— É isso, eles estavam atirando em mim, mas Daisy
estava comigo. Eles poderiam matá-la. Eles atiraram no carro
dela! — Gritei. — Parece-me que todos estariam bem mais
seguros se eu estivesse longe daqui.
— Você não está pensando direito. — Tex disse
agradavelmente. — É compreensível.
Eu bati meu pé. Eu já não estava começando a ficar com
raiva, eu estava com muita raiva.
— Estou pensando direito. Se algo acontecer com alguém
por minha causa, eu não seria capaz de viver comigo mesmo.
— Nada vai acontecer. — Hank disse do meu lado,
cortando a conversa.
Eu me virei para ele.
— Sim? Você tem certeza disso? — Eu perguntei.
Os olhos dele ficaram duro.
— Sim, — ele disse lentamente, olhando para mim. —
Sim, eu tenho certeza pra caralho.
Puta merda.
O jeito que ele falou, como ele parecia, me fez acreditar
nele.
Quase.
— Hank, a boca, — Kitty Sue disse em tom de uma mãe.
Mesmo com a tensão que fluía entre Hank e eu, eu tinha
que admirar Kitty Sue brigando com seu filho adulto, super
macho e policial fodão por dizer palavrão.
Em seguida, ela anunciou:
— Espaguete está pronto, vamos comer. — A conversa
acabou e assim como o show.
Mesmo que eu não queria que tivesse acabado, eu
realmente não tive escolha.
* * * * *
Nós comemos. Lavamos os pratos. Jogamos
Scattergories.
Tio Tex levou Nancy para casa. Comemos sundaes
sufocados em calda de chocolate quente e coberto com creme
chantilly e uma cereja. Lavamos os pratos de novo. Kitty Sue
foi para casa, Hank e Lee ambos a acompanharam até o
carro.
Isso eu achei tão doce que senti minha respiração se
contrair em meu peito e apanhei o olhar de Indy. Seus olhos
estavam brilhantes e quentes e algo fluiu para mim, como um
convite para uma irmandade que só nós duas poderíamos
compartilhar. Eu queria aceitar, mais do que qualquer coisa
que eu sempre quis em toda a minha vida; mesmo que diva
corporativa, armários cheios de roupas e um lugar na
primeira fila no Show de inverno da Chanell em Paris.
Hank e Lee voltaram e o momento foi perdido, mas
manteve-se a promessa e senti-me tão comovida por ela que
mal disse uma palavra o resto da noite.
Jogamos mais Scattergories. Ouvimos a Indy e Ally
contando histórias de casas mal assombrada do passado e
comecei a ficar mais e mais nervosa com este negócio de
Haunted House. Não me pareceu divertido, parecia
assustador, parecia louco, parecia totalmente fora de
controle.
Hank reparou em mim ficando tensa e incisivamente
guardou o jogo de Scattergories.
Todos pegaram a dica, abraços foram trocados, em
seguida, eles foram embora.
— Você ficou quieta, — Hank comentou depois que tinha
fechado e trancado a porta.
— Fui baleada hoje, — respondi, pensando que tinha um
bom ponto, mesmo que eu estivesse mentindo.
Ele caminhou até mim. — Isso não é tudo.
Ele estava certo, não era isso. Como sabia disso, não me
pergunte, mas era como se tivesse um fio que ele plugou em
mim no momento em que me colocou os olhos. Foi assim
desde o início. Isso me assustou e me fez sentir centralizada e
segura ao mesmo tempo. Não me pergunte como ele fez isso,
também não poderia te dizer isso.
— Não é nada, — disse. — Eu preciso ligar para Daisy.
Surpreendentemente, ele deixou para lá, dizendo que
tinha de fazer suas próprias chamadas.
Liguei para Daisy e ela me disse que ela estava bem e
para não me preocupar com ela.
— Eles foderam com a garota errada quando eles foderam
comigo. Marque minhas palavras, — ela ameaçou.
Eu as marquei, ela soou séria. Daisy pode ser toda doce
como uma torta e bonita como um botão, mas tenho a
sensação definitiva que ela poderia causar dor.
* * * * *
A casa do Hank tinha três quartos. O principal, ao lado
da casa perto da cozinha com um banheiro pequeno, de três
quartos anexados, e havia dois quartos na parte de trás, fora
a sala de estar, separada por um banho completo.
Uma destas salas era o que parecia ser uma sala de
levantar peso e guardar tralhas, mais minhas caixas e malas.
Annette e Jason tinham trazido minhas roupas
escondidas e também embalado a maioria das minhas
roupas, sapatos, minha caixa de joias, meus anuários da
escola, álbuns de fotos e alguns porta-retratos cheios de fotos
de família e amigos e transportaram tudo para Denver.
Aparentemente, pensaram que eu ia ficar por um tempo.
O outro quarto era o escritório do Hank. Tinha um sofá
velho de aparência confortável, uma mesa com televisão, uma
escrivaninha, seu computador e um saco cheio de bastões
que eram irregulares na parte inferior (com o que parecia ser
softballs) sentado no canto. Achei que o quarto era seu covil.
Ele desapareceu lá quando liguei para Daisy e não o
perturbei.
Depois de ligar para Daisy, tirei a roupa e fiquei pronta
para dormir, encontrei os CDs do Hank na sala de TV, escolhi
- Born to Run- (porque eu estava na casa do Hank e isso
exigia Springsteen) e Shamus e eu nos estabelecemos com
meus artigos de papelaria em alto-relevo lilás.
Eu coloquei de lado meus artigos de papelaria, estava me
divertindo (ou não) pensando como minha vida estava
completamente fodida e “É Ela” (“She’s The One”) tinha
começado a tocar quando Hank chegou.
Ele parou ao lado da cama e me encarou. Ele fez isso por
um tempo; tanto tempo que me deixou desconfortável.
— O quê? — Eu perguntei.
— Estive esperando muito tempo para conhecer a garota
desta canção.
Senti meu corpo paralisar com a importância do que ele
disse.
Shamus também, sua cabeça voltou para cima e ele
olhou Hank também.
A letra desta canção não era enigmática, mesmo assim,
de alguma forma me colidia com o tipo de música
incrivelmente legal que eu considerava história real;
começando com expectativa e depois explodindo, então indo
para fora para um belo e vibrante clímax.
Toda garota queria secretamente ser “ela”, mesmo que
pudesse mentir para si mesma que ela não queria. Era a
visão do homem da mulher que ele desejava e até amava:
amargo, doce, desafiador, admirável e sexy demais.
Independentemente de tudo isso, o coro era uma
repetição de “É ela”, é um tempo presente, que dizia tudo.
— Whisky — eu disse baixinho porque não sabia mais o
que dizer.
Ele puxou sua t-shirt que caiu no chão e apagou a luz.
Ouvi o farfalhar no escuro, enquanto ele tirava o resto de
suas roupas e então a cama moveu quando ele subiu nela.
Deitou ao meu lado, mas não me tocou, e ambos ficamos
parados no escuro.
Esperei por ele para me tocar, se virar para mim, alguma
coisa, mas ele não fez e Shamus estabeleceu a cabeça na
minha barriga novamente.
Para cobrir minha confusão (e decepção, se eu fosse
honesta) eu perguntei.
— Qual é o negócio com o marido da Daisy, Marcus?
Hank respondeu:
— Ele é má notícia. Trafica armas, tem um harém de
meninas e vende drogas como um hobby.
Eu me apoiei nos meus cotovelos e virei, olhando para a
sombra no escuro, me perguntando se eu deveria rir.
— Você está brincando. — Eu disse, e eu realmente
esperava que ele estivesse
— Não. — Respondeu ele, e a minha esperança morreu.
Puta merda.
Não queria que Daisy fosse casada com um cara mau. Eu
realmente gostava de Daisy. Eu queria que a Daisy fosse
casada com alguém como Hank.
Eu perguntei: — Bem, como isso funciona, com Daisy,
sendo parte do clã?
— Daisy é uma nova adição, ela só tem estado em torno
nas últimas semanas.
Eu ofeguei com este pedaço de notícia. Foi quase tão
inacreditável quanto saber que seu marido era um senhor do
crime.
— Mas, eu pensei que vocês a conhecessem há anos.
— Ela cuidou de Jet quando ela tinha seus problemas e
ficou. Marcus não é parte disso e de alguma forma funciona.
Cara, essas pessoas eram malucas.
— O que é o negócio com Marcus e Eddie? — Eu
perguntei.
— Eddie quer Marcus na prisão e tem trabalhado para
que isso aconteça por um longo tempo. Marcus não quer ir
para a prisão. Eles se odeiam mutuamente.
Isso não soou bem.
— Não vejo isso funcionando por muito tempo. — Eu
disse. — O que acontece quando Eddie colocar Marcus na
cadeia?
— Daisy conhece o jogo, assim como Marcus. Não é
problema seu e não é meu. Quando isso acontecer, vamos
lidar com isso.
Para Hank, era simples assim. Havia algo muito legal
sobre isso. Mesmo assim.
— Acho que não é assim tão simples. — Disse a ele.
Ele suspirou e se virou para mim (mas, note-se, ele ainda
não tocou-me). — Roxanne, gosto de Daisy, difícil não gostar
dela. Mas ela fez a escolha dela. Se algo acontece com Marcus
e ela estende sua mão ao 'clã' como você chamou, espero que
todo mundo vá pegar.
— Incluindo você? — Eu perguntei, com a necessidade de
saber a resposta a isso, tanto quanto eu precisava de
oxigênio.
— Incluindo eu.
Senti algo estabelecer em mim. Não estava na minha
barriga, meu coração ou a minha mente. Em todos os
lugares. Estava na minha alma.
Hank levantou-se e atravessou o quarto escuro e desligou
Springsteen no meio de “Jungleland”. Ele deitou ao meu lado
e novamente não me tocou.
— Whisky?
— Sim?
— Nada.
Eu estava frustrada. Eu queria que Hank me tocasse. Eu
não queria admitir, mas lá estava.
Eu nunca tinha tocado nele. Eu tinha, mas eu nunca
tinha tomado o primeiro passo.
Fiquei lá um pouco mais.
Ah, foda-se. Pensei e depois rolei nele.
Minhas mãos foram para o peito e os meus lábios foram
para a clavícula. Seu braço enrolou em volta da minha
cintura, Shamus entendeu a dica, pulou da cama e saiu do
quarto.
— Pensei que você nunca ia fazer isso. — Ele murmurou,
e eu poderia jurar que ele parecia aliviado.
Não respondi, estava ocupada, ou pelo menos minha
boca estava.
Eu explorei sua clavícula e o pescoço com minha boca e
língua, em seguida, eu o beijei. Ele me deixou prová-lo, até
provocá-lo, me deixando controlar o beijo e era coisa pesada.
Então me movi para baixo, lentamente, descobrindo o
seu peito e abdômen com minhas mãos, boca, dentes e
língua.
O tempo todo ele acariciou meu quadril, bunda e costas,
mas caso contrário, ele não me tocou.
Eu levei o meu tempo, apreciando a sensação e gosto dele
e sua resposta, que consistia no endurecimento dos
músculos, baixo gemidos (meus favoritos) e às vezes seus
dedos me apertavam se eu fizesse alguma coisa que ele
realmente gostava.
Então mergulhei mais baixo, levando-o em minha mão e
então em minha boca.
Sua mão deslizou em meu cabelo.
— Porra! — Ele disse baixo.
Eu sabia que ele gostava do que eu estava fazendo, eu
podia dizer... E isso me excitou tanto que eu fui dedicada,
dando-lhe todos meus melhores movimentos e inventando
novos. De repente sua mão deixou meu cabelo, as duas mãos
foram nas minhas axilas e ele me puxou sobre seu corpo.
Mmm, parecia que era hora de levar a sério.
Sentei-me, movendo-me para o lado, dizendo:
— Deixe-me tirar ... mas ele me puxou de volta sobre ele
e me empurrou então eu estava com uma perna em cada lado
dele. As mãos dele foram minha calcinha e lhe deram um
puxão violento. Meus quadris empurraram para frente,
rasgando o material e assim minha calcinha se foi.
— Whisky — eu disse, chocada que ele rasgou minha
calcinha (talvez ele fosse parte homem das cavernas, exceto
com uma aparência realmente boa e sem todo o cabelo), mas
não tive tempo para processar isso. As mãos dele estavam em
meus quadris e ele empurrou para baixo assim como seus
quadris levantaram e bateu em mim.
Foi incrível, inacreditavelmente incrível e quase perdi a
noção do que estava fazendo. Eu mordi meu lábio,
controlando meu desejo de deixá-lo assumir e inclinando
para frente, beijando o pescoço dele sob a sua orelha e disse
— Hank, por favor. Desta vez deixe-me.
Em parte, eu fiz isso porque eu queria dar-lhe algo, mas
em parte eu fiz isso porque era muito bem a minha vez.
Seu aperto afrouxou em meus quadris, que tomei como
sua resposta afirmativa, e comecei a mover-me lentamente,
explorando o pescoço com a minha boca ao mesmo tempo.
Quando chegou a hora de parar de jogar, quando eu sabia
que ambos queríamos mais, eu levantei, mas não desci,
pensando em dar-lhe um pouco do seu próprio remédio.
No ouvido dele disse:
— Eu quero meu carro de volta.
— Luz do Sol. — Ele gemeu, suas mãos me mordendo.
— Prometa Hank.
Ele deitou parado e, quando pensava que eu o tinha onde
eu queria, apertou as mãos e ele me virou de costas e
assumiu, empurrando bem fundo e depois parou.
— Whisky! É a minha vez! — Eu chorei, envolvendo meus
braços ao redor dele e levantando meu quadril dele.
— Não use sexo para me manipular. — Ele disse.
Olhei para ele no escuro.
— Você faz isso o tempo todo! — Eu disse.
— Eu sou bom nisso, — ele parou de ficar parado e
começou a se mover. Não pude evitar, movi-me com ele. — E
eu não faço com nada que é importante.
Eu ignorei a arrogância dele e o fato de que ele estava
cheio de merda.
Na noite anterior ele tinha usado para tentar manipular-
me para ficar. Se isso não era importante, eu não sabia o que
era.
Em vez disso, decidi voltar para o assunto em questão,
ou pelo menos uma das questões à mão.
— Eu quero meu carro de volta. — Exigi, mas saiu meio
rouca.
— Silêncio, — ele devolveu.
— Eu quero meu carro de volta. — Eu repeti.
Ele me beijou, eu fiquei tonta. Ele manteve minha boca
ocupada para eu não falar e, meu corpo está ocupado, para
que, depois de um tempo, eu não pudesse falar.
Então, eu senti. Eu torci minha cabeça e fiquei tensa,
respirando em seu ouvido.
— Whisky, eu vou... — Eu não terminei. Ele levantou
minhas pernas com suas mãos sobre meus joelhos e afundou
em mim e perdi a capacidade de falar.
Quando ele terminou, rolou para o lado e, em seguida, à
sua volta, levando-me com ele. Deitei-me em cima dele por
um tempo, minha cabeça sobre o travesseiro ao lado dele,
minha testa pressionada na sua mandíbula.
Finalmente eu disse.
— Isso não foi justo.
— A primeira vez que você me toca, é para que você possa
me perguntar pelo seu carro, então você pode me deixar. Não
me senti com vontade de jogar justo.
— Hank...
Ele me interrompeu.
— Você estava me chamando de Whisky há poucos
minutos, quando você pretendia me obrigar a fazer o que
você queria levando-me em sua boca.
Percebi então que ele estava com raiva e subi nos
cotovelos.
— Está bravo? — Eu perguntei, mesmo sabendo que ele
estava.
— Você é “É Ela” — Eu fiquei boquiaberta.
— Eu não sou 'É ela' — Eu surtei.
— Você é completamente ‘É Ela’.
— Não sou! — Eu gritei.
— Por favor, me diga que não estamos tendo esta
conversa ridícula. — Ele disse, soando exasperado.
— Você começou. — Respondi.
— Eu vejo. Estamos tendo esta conversa ridícula. — Fiz
um barulho estrangulado.
Ele rolou-me sobre minhas costas e depois mudou o peso
dele e ele se esticou por cima de mim e ligou a luz.
Então estabeleceu-se em seu lado, elevando-se sobre
mim e me olhou.
Antes que pudesse dizer alguma coisa eu disse:
— Eu quero meu carro.
— Você não está indo embora. — Ele respondeu.
— Não. Eu não estou. Só quero meu carro.
— Então você não estará recebendo ele até eu saber que
você não vai fazer nada estúpido, como ir embora.
Eu fiz uma careta para ele.
— Eu disse que não vou embora, eu não vou.
— Eu odeio dizer isso luz do sol, mas não confio em você.
Você acha que jacarés são bonitos e tem amigos que largam
tudo para conduzir por todo país para trazer para você suas
coisas, e isso é porque você tem um coração maior que o
estado de Colorado e o que aconteceu hoje te revirou. Não,
acho eu, o que aconteceu com você, mas o que aconteceu
com a Daisy, enquanto ela estava com você. Eu te devolvo
seu carro e você vai.
Ele estava tão certo.
Eu odiei isso.
— É meu carro.
— Você é minha mulher e eu não quero você fora por
conta própria com Flynn e Deus sabe quem procurando por
você.
Meu corpo congelou.
— Billy?
Hank me encarou e eu sabia que ele tinha dito mais do
que pretendia.
Então ele murmurou:
— Porra.
Eu senti medo passar através de mim.
— Hank, fale comigo, — eu sussurrei.
A coxa dele moveu por cima da minha e ele me prendeu
na cama.
— Roxanne, você está segura. Ninguém vai lhe fazer mal-
ele disse.
— Fala comigo! — Eu disse, mais alto e ligeiramente mais
histérica desta vez.
Ele suspirou.
— Recebi a palavra antes de vir para o quarto. Jimmy
botou um daqueles garotos para falar. Flynn escapou deles.
Deus do céu.
Meu corpo tremeu e braço do Hank foi em torno de mim,
me puxando pra ele.
— Ninguém vai lhe fazer mal, — ele repetiu.
— Hank, ele sabe onde você mora. Eu tenho que sair
daqui.
— Roxanne, me ouça.
Eu comecei a me contorcer, totalmente em pânico,
tentando escapar.
— Roxanne, droga, — ele xingou, mas não parei de lutar.
Ele caiu para o lado e me enrolando nele, envolvendo
seus braços ao meu redor, prendendo os meus braços ao meu
corpo e ele jogou uma coxa pesada por cima da minha. Ele
era tão forte, a resistência era inútil, então eu acalmei.
— Ele me machucou, — eu disse no pescoço do Hank.
— Eu sei.
— Ele vai me machucar de novo.
— Não, ele não vai.
Fiquei ali deitada, respirando pesadamente mais de
ansiedade que de minhas lutas.
— Estou com medo, — eu admiti e levou tudo que eu
tinha sobrando fazer isso.
Os braços e pernas do Hank apertaram.
— Eu sei.
Depois de alguns minutos de luta interna, relaxei nele e
ele soltou, estendeu a mão e desligou a luz. Em seguida, ele
caiu de costas, comigo parcialmente no topo, parcialmente
em seu lado, mantendo um braço ao meu redor.
Tentei manter minha mente tranquila. Felizmente, estava
exausta, então funcionou. Eu pensaria nisso amanhã. Ou
não pensaria nisso. Eu estava pensando que não pensar
nisso soava bem.
— Eu não sou sua mulher. — Eu disse, sonolenta.
— Você é. — Ele respondeu.
Eita.
Não tinha nada mesmo que abalava esse cara.
— Eu vou morrer. Eu vou com Billy. Eu vou fazer o que
for para que ninguém se machuque, — prometi.
— Ele não vai chegar a isso. — Ele deu-me uma
promessa em troca
— Eu quero meu carro. — Eu continuei, teimosa.
— Falaremos sobre isso amanhã à noite.
— Eu vou estar na casa assombrada, amanhã à noite. —
Ouvi sua cabeça mover-se sobre o travesseiro, provavelmente
ele estava tremendo, porque pensava que eu era uma idiota
total.
— Você é maluca.
Ok, ele tremia porque ele pensava que eu era uma
maluca.
— Não, não sou. — Eu disse.
Ele não respondeu.
Fiquei ali deitada por muito tempo. Eu senti a tensão
deixar seu corpo, sua mão relaxada agora no meu quadril e
achei que ele estava dormindo.
— Eu não comecei a tocar você para tirar algum proveito,
eu fiz isso porque queria. — Eu disse para ele adormecido.
— É bom saber. — Ele respondeu, sua voz baixa e
sonoridade cansada, mas definitivamente não dormindo.
Eu olhei acima no meu cotovelo.
— Eu pensei que você estava dormindo!
— Não.
Merda.
Eu abaixei de volta.
— Eu realmente acho que você é um idiota. — Eu disse,
apesar de até eu poder dizer que não quis dizer nenhuma
palavra daquilo.
— Por não estar dormindo? — Agora ele parecia cansado
e divertido.
— Bem... Sim.
— Eu não estava dormindo quando você cantou ‘Because
The Night’ também.
Puta merda.
Eu olhei no meu cotovelo novamente.
— Por favor, me diga que você está brincando.
— Não. — Ele disse novamente.
Merda. Merda. Merda.
Eu rolei afastada, ele rolou comigo, me pegou pela
cintura e me puxou de volta em seu corpo.
— Agora, eu tenho que ir embora - Eu disse.
— Por quê?
— É embaraçoso. Meu canto é uma merda.
— Pareceu bom para mim.
— Isso é porque você gosta de mim.
Ele beijou meu pescoço.
Então se instalou atrás de mim e disse, — Sim.
Capítulo 15
Meu dia com os rapazes
Eu ouvi o som do telefone do Hank, ele murmurou um
xingamento e inclinei-me para pegar o celular da mesa de
cabeceira.
— Sim? — Ele respondeu, sua voz rouca com sono.
Meus olhos piscaram aberto, ainda estava realmente
escuro.
Os meus olhos fecharam novamente e eu enrolei no
Hank. Shamus pressionou contra minhas costas.
— Onde? — Hank perguntou.
Ele parecia resignado, não tenso. Desde que ele não
estava tenso, achei que meu mundo não fosse vir desabar,
assim eu não fiquei tensa.
Então ele disse.
— Tenho que cuidar de uma coisa em casa, então eu vou
estar lá. — Outra pausa, em seguida. — Sim.
Então eu ouvi o bip dele desligar a chamada.
— Whisky? — Eu sussurrei.
Havia mais sinais sonoros. Hank estava fazendo uma
chamada.
— Só um minuto, querida. — Ele respondeu, em seguida
falou no telefone. — Jack? Hank. Preciso sair e preciso de
proteção para Roxie.
Ele parou de falar. Levantei-me no meu cotovelo e puxei
meu cabelo do meu rosto. Shamus deu um enorme gemido de
cachorro de protesto.
— Foda. — Hank disse então fez uma pausa. — Sim. Eu
a levarei lá. Vinte minutos, no máximo.
Outro bip quando ele desconectou.
— O que está acontecendo? — Eu perguntei, olhando
para sua sombra na escuridão.
Ele moveu, acendeu a luz e eu pisquei. Shamus se
levantou, pesquisou a cena, se preparando para todas as
possibilidades de cachorrinho abertas para ele; caminhada
cedo, café da manhã mais cedo ou algum tipo carinho para
animais.
— Houve um homicídio e está ligado a um caso meu. —
Hank disse-me. — Tenho que ir para a cena. Eu preciso levá-
la aos escritórios de Lee. Você pode voltar a dormir lá. Vou te
buscar mais tarde.
Eu pisquei novamente, mas não porque a luz queimou os
meus olhos.
Escritórios de Lee?
Nem no inferno.
— Posso ir para o tio Tex, — eu sugeri.
Ele balançou a cabeça, afastou-se, saiu da cama e
caminhou para a cômoda.
— Por favor, não discuta, quero ter certeza você está
segura e os meninos de Lee podem mantê-la segura. Arrume
algumas coisas. Uma mudança de roupas, tudo o que você
precisa para amanhã de manhã. Temos que sair agora.
Ele estava falando sério?
— Agora, — não era uma opção para mim. Ele sabia que
eu era alta manutenção. Ele disse vinte minutos, parte disso
era tempo de viagem. Eu precisava escolher uma roupa, eu
precisava de coisas de cabelo, coisas de corpo, maquiagem.
Eu precisava de vinte minutos apenas para a roupa.
— Agora? — Eu perguntei.
Ele colocou alguma boxer branca, voltou para a cama e
me puxou fora dela.
Quando ele estava de pé na minha frente, inclinou-se e
beijou o meu nariz.
— Agora. — Ele respondeu.
Merda.
* * * * *
Hank carregava seu saco de treino que ele tinha
esvaziado para que eu fizesse as malas e segurou minha mão
enquanto caminhávamos até alguns passos para alguns
escritórios. Eu tinha a alça da guia do Shamus em minha
outra mão.
Shamus estava com fora de si com alegria, seu corpo de
cãozinho tremendo. Ele estava em uma aventura.
Eu estava fora de mim com desespero. Eu não poderia
ser deixada sozinha, sem proteção.
Eu vim sem luta, principalmente porque eu tinha
causado bastante preocupação e caos. Eu não precisava ter
uma grande discussão com o Hank quando ele precisava ir
trabalhar. Além disso, ele estava certo. Tio Tex era enorme e
duro, mas os meninos de Lee poderiam ser contratados para
proteger o Papa.
Para não mencionar, Hank tinha dito ‘por favor’.
Nós andamos em alguns escritórios. As luzes estavam
apagadas na sala que entramos, mas havia dentro uma porta
aberta, uma luz do corredor acesa lá iluminava o espaço e eu
podia dizer que era uma área de recepção.
Hank e eu caminhamos pelo corredor, ele tinha várias
portas que conduziam fora dele.
Um homem saiu de um quarto no meio do corredor, mas
ficou na porta aberta. Ele era construído como um caminhão,
mas talvez um pouco mais sólido.
— A sala segura está aberta e pronta. — Ele disse ao
Hank os olhos dele me procuraram brevemente, depois ele
voltou para o quarto e a porta se fechou atrás dele.
Não muito de boas-vindas.
Hank me levou no final do corredor e em um quarto.
Era escassamente mobiliado e não decorado. Uma cama
de casal, uma cadeira reclinável, uma TV e uma estante cheia
de livros e DVDs. Outra porta levava fora dela.
Eu soltei a guia do Shamus e ele ficou ocupado
explorando seu novo espaço.
Hank deixou a bolsa na cadeira.
— Durma, - ele disse depois que virou para mim. — Vou
estar de volta antes de você acordar.
— Tudo bem, — eu respondi. Ele estava ocupado, ele
tinha coisas para fazer, coisas importantes que envolviam o
crime e justiça.
Lembrei-me que agora não era a hora de causar um
alvoroço.
Ele caminhou até mim. Notei que os olhos dele eram
preguiçosos e eu segurei minha respiração. Sua mão veio ao
lado do meu pescoço, e ele me deu um beijo leve.
Então ele se foi.
Tirei meu casaco que por baixo eu estava vestindo um
par de jeans e camisola lilás. Tirei meus sapatos, o jeans,
desliguei a luz e fui para a cama. Shamus subiu comigo,
andava na cama por um tempo, reconhecendo o terreno,
estabeleceu-se em seu lado, sua volta pressionado ao meu
lado e ambos dormimos.
* * * * *
Shamus acordou e pulou da cama. Eu rolei para ver o
que ele estava fazendo, mas já estava a meio caminho através
do quarto.
Eu olhei em direção a porta e ali estava um homem.
Por um segundo, olhei para ele, confusa, porque não
sabia o que estava acontecendo.
Então me lembrei.
Mesmo assim, continuei a olhar para o homem.
Não demorou muito para saber que este era outro dos
rapazes de Lee. Não era o cara caminhão, esse cara era alto,
magro, vestindo calças pretas, uma t-shirt skintight preta, e
botas pretas. Ele tinha cabelos pretos, corte perto e o
absoluto melhor cabelo facial que nunca vi num cara na
minha vida. Um bigode espesso e preto que cresceu em todo o
lábio e as laterais de sua boca, a barba limpa e precisa. Ele
parecia uma mistura de Harley Man com um homem alto e
quente.
— Ei, — eu disse a ele.
Um lado da boca dele subiu em um meio-sorriso sexy.
Deus do céu.
— O cão quer sair. Hank está atrasado. Volte a dormir. —
Eu assenti com a cabeça, atordoada silenciosamente com a
quantidade de informação que ele foi capaz de compartilhar
usando o menor número possível de palavras.
Ele foi para o lado, Shamus saiu pela porta, cauda
abanando, e ele fechou.
Deitei por um instante, pensando que não havia
nenhuma maneira no inferno que eu ia voltar a dormir.
Então voltei a dormir.
* * * * *
Eu acordei, e novamente me senti confusa, mais uma vez
percebi o que estava acontecendo e saí da cama.
Eu tentei a porta interna e descobri que era um banheiro.
Carreguei minhas coisas até ele, fiz minhas mega-
preparações matutinas (mesmo que eu tenha esquecido meu
spray corporal, encontrei uma barra fechada de Irish Spring
debaixo da pia e eu esqueci minha loção de alisamento-
capilar então eu tinha que me virar apenas com a minha cera
de acabamento). Eu não tinha feito nada ruim com a minha
roupa, considerando que estava meio adormecida. Calça com
cintura baixa verde floresta, casaco de caxemira, com um
cinto largo na cintura, chocolate camurça e rasteirinhas
camurça correspondentes.
Assim que terminei, caminhei pela outra sala para a
porta, precisando de café, precisando de comida, precisando
checar o Shamus e precisando saber onde estava o Hank.
Eu tentei abrir a porta, dei um puxão, minha mão saiu
da maçaneta e a porta não se mexeu.
Eu olhei para ela e tentei novamente.
A maçaneta não virou e a porta ainda não se mexeu.
Eu estava presa.
Senti o pânico através de mim.
— Que porra é essa? — Eu sussurrei.
Então eu ouvi um desencarnado.
— Roxie.
Olhei em volta procurando a fonte do som.
Ele voltou.
— Aqui é a sala de controle. Aguente firme. Nós estamos
trazendo alguém para dentro.
— O quê? — Eu perguntei, me sentindo estúpida falando
com um quarto.
— Nós estamos trazendo alguém para a sala de espera.
Precisamos que aguente. Quando ele estiver preso, nós vamos
busca-la.
— Puta merda, — eu sussurrei. Então, entrei em pânico.
— Não é... — eu comecei a dizer.
— Não é Flynn — a voz me interrompeu.
Eu soltei uma respiração profunda. Então eu puxei uma
afiada, percebendo que ele sabia por que eu estava em
pânico.
Ok, que seja, não é como se fosse um segredo a minha
vida ser comprovadamente fodida. Eu pensei.
Sentei-me no braço da cadeira reclinável e escutei para
ver se eu conseguia os ouvir trazendo para dentro quem quer
que seja.
Eu não conseguia.
Em seguida, a porta abriu e ali estava o cara quente.
Levantei-me.
— Hey, — Eu disse.
Ele fez um dos seus meio-sorrisos.
— Com fome? — Ele perguntou.
Assenti.
Ele saiu para o lado e fez um gesto largo de seu braço,
dizendo-me para precedê-lo.
Homem de poucas palavras.
Eu saí, ele caiu em passo ao meu lado e caminhamos
pelo corredor.
— Eu sou Roxie. — Eu disse.
— Eu sei, — respondeu ele.
Bem, aí está.
— E você é...? — Eu solicitei.
Ele olhou para mim. Seus olhos eram escuros, mas notei
que também eram azuis. Índigo.
Deus do céu.
— Luke. — Ele disse.
— Prazer em conhecê-lo Luke.
Ele deu outro meio-sorriso.
Eu tropecei.
Transformou-se em um sorriso completo.
Merda, merda, merda.
Chegamos ao fim do corredor. Na porta, ele parou e
colocou a mão na maçaneta.
— Nossa recepcionista vai sair e comprar comida pra
você. O que você quiser.
Concordei, achando que isso era bom; visões de tia Bea
de - The Andy Griffith Show- caindo na minha cabeça. Ele
abriu a porta e eu entrei e parei.
A mulher sentada atrás do balcão da recepção reluzente
era o mais longe de tia Bea que você poderia obter. Parecia
que ela tinha acabado de sair de uma corrida, bochechas
salientes, cabelo loiro brilhante, 4,5 kg abaixo do peso;
absolutamente linda.
— Oi, eu sou Dawn, — ela disse brilhantemente quando
ela me viu; um sorriso no rosto que eu notei que não atingiu
os olhos dela. Ela fez uma tomografia completa e depois o seu
sorriso virou presunçoso.
Vadia. Eu pensei.
— Oi. Eu sou Roxie, — disse.
— Eu sei, — ela disse isso como se fosse uma piada.
— Café da manhã, — Luke cortou, claramente tendo
outras coisas para fazer e isso não incluiu sutilezas comuns
como introduções ou vadiando ouvindo Dawn sendo uma
puta.
— Hum... — Estava me sentindo engraçada sobre dar-lhe
a minha ordem.
— Café? — Luke chutou.
— Sim... Um café com leite magro e caramelo? — Eu
perguntei, insegura.
Os olhos dele mudaram-se para Dawn e os meus
também. Ela tinha perdido seu sorriso presunçoso e parecia
irritada. Estava claro que ela não queria sair para me
comprar um latte de caramelo.
— O que mais? — Luke perguntou, olhando para mim de
novo.
— Eu não sei. Um bolo, um muffin... Algo assim, — senti
uma pressão tremenda. Talvez eu devesse pedir simples
frutas e granola sem açúcar e perguntar-lhes onde posso
fazer minha ioga da manhã (embora eu não praticasse ioga).
— Pegou isso? — Luke perguntou para Dawn, ele tinha
terminado ali e que era hora de seguir em frente.
Ela assentiu com a cabeça, pegou a bolsa na gaveta e
saiu, andando como se estivesse em uma passarela, um pé
na frente do outro, sua bunda balançando sob a saia de seu
terno caro, costurado.
Vadia. Pensei novamente, vendo-a passar.
— Sem comparação — Luke disse depois que a porta se
fechou atrás de Dawn e eu me virei para ele.
— Desculpe?
— Dawn é uma comedora de homem. Você não é. Sem
comparação — Luke respondeu e não sabia como levar isso.
— Isso é bom?
O meio-sorriso voltou.
— A maioria dos homens prefere serem os que comem.
Puta merda.
— Tio Tex me contou que você foi baleado, — deixei
escapar, desesperada para sair do assunto do cara quente
comendo qualquer coisa.
— Sim, — respondeu ele.
— Como você está? — Eu perguntei, apesar de ser uma
pergunta estúpida. Ele parecia saudável e apto, muito
saudável e apto.
— Vivo. — Ele respondeu.
Aquilo tipo disse tudo.
— Bem, estou feliz por isso, — disse-lhe porque não
conseguia pensar em nada melhor para dizer.
Antes que ele pudesse responder (não que ele fosse
responder), a porta abriu.
Eu virei e vi Lee e Marcus entrarem.
— Merda, — eu murmurei antes que pudesse me parar.
Luke chegou perto, eu podia sentir seu calor contra
minhas costas.
Fiquei completamente parada.
Os olhos de Marcus estabeleceram-se em mim.
— Roxie. — Disse Lee, caminhou até mim e inclinou-se
para beijar minha bochecha.
Uau.
Um beijo na bochecha de Lee.
Com certeza foi um dia de múltiplos ‘Puta merda’.
— Oi Lee, —sussurrei.
Os olhos de Lee moveram-se para Luke, plissado nos
cantos para mostrar o seu divertimento, tal como o seu pai, e
ele se afastou.
— Você conheceu Marcus ontem? — Lee perguntou, seus
olhos movendo-se para mim.
Eu neguei com minha cabeça.
— Marcus, esta é Roxanne Logan. — Lee apresentou-nos.
Marcus estendeu sua mão e eu peguei.
Antes que ele pudesse responder, eu disse rapidamente
— Eu sinto que fiz de Daisy alvo de tiros. Eu gosto de
Daisy. Ela tem sido muito legal comigo. Ela é sábia e ela é
engraçada e ela tem um gosto interessante em roupas. —
Marcus me olhou e não disse nada então, claro, continuei
como a idiota que eu era. — E eu sinto muito sobre sua
Mercedes conseguir furos de bala nela. Não foi culpa dela. Ela
é uma boa motorista. Quer dizer, ela manteve a calma, ou
quase, exceto quando estávamos sendo perseguidas... hum...
outras vezes.
Oh meu Deus, alguém tinha que me impedir de falar.
Eu continuei.
— E se ela for alvo de tiros novamente, tenho certeza que
vai escapar.
Luke estabeleceu sua mão na minha nuca.
Eu calei a boca.
A mão ficou lá.
— Daisy me disse que você passou por coisas difíceis, —
disse Marcus.
Eu assenti. A mão do Luke apertou.
Marcus olhou para mim e um arrepio deslizou em minha
pele.
Ele era bonito, isso era certo, mas havia uma dureza por
trás de seus olhos que era marcante.
— Seus problemas acabaram, — ele disse com uma
finalidade que causou um arrepio tremendo todo o meu
corpo.
Eu pisquei para ele.
— Vamos para o meu escritório. — Lee cortou, seus olhos
agora eram graves e estavam em Luke.
Marcus ainda estava segurando a minha mão. Ele deu
um aperto firme que eu senti que aquilo era uma promessa.
Em seguida, ele soltou.
Lee tocou no meu ombro e eles saíram da sala.
Luke tirou a mão do meu pescoço e eu me virei para ele.
— O que aconteceu? — Perguntei-lhe.
— Marcus entrou na foto. — Luke respondeu.
— O quê?
— Três coisas. — Luke disse imediatamente,
surpreendendo-me. Não tinha certeza se ele poderia
enumerar três coisas no Discurso do Luke. Ele continuou,
provando que ele poderia. — Um, a polícia pode rastrear o
seu problema, onde problema é afastado e acabou. Dois, nós
podemos rastrear, seu problema é levado à sala de espera,
aprende uma lição, então é entregue para a polícia e acabou.
Três, Marcus podem rastrear, e seu problema está morto. Eu
estou torcendo pelo número dois.
Concentrei-me no número três.
— Morto tipo, sem respirar mais, morto? — Eu perguntei.
— É o único tipo de mortos que tem. — Respondeu ele.
— Puta merda, — eu disse.
Ele me encarou.
— Por quê? — Eu perguntei.
Luke não respondeu, mas eu sabia por quê. Marcus não
me culpava pelo que aconteceu com a Daisy. Ele culpava Billy
e quem estava envolvido nesta confusão. Eu tinha visto
Marcus segurando Daisy no dia anterior. Independente do
que ele era, chefão do crime, traficante de armas, cafetão, ele
amava a Daisy. Alguém colocava sua vida em perigo, esse
alguém ia pagar.
— Talvez eu devesse falar com ele, — sugeri a Luke.
O meio-sorriso voltou.
— Mesmo que isso fosse ser divertido, não vai acontecer.
— Por que não? Talvez possa persuadir –-
— Roxie. —Ele me interrompeu.
— Sim?
— Fique quieta.
Eu olhei para ele e então soltei um grande suspiro.
Silêncio pode ser uma coisa boa.
Ele colocou a mão no final das minhas costas,
impulsionando-me em direção à porta do corredor e em
seguida me levou para a sala de controle e para Shamus.
* * * * *
— Isso é legal! — Eu gritei quando entrei na sala de
controle.
Shamus correu para mim e pulou em mim, seu corpo
tremendo com emoção. Eu evitei que ele me desse mais três
costelas quebradas, o acariciei na cabeça e então
delicadamente o afastei. Ele se sentou em meus pés, com a
língua para fora.
— Oi, eu sou Monty, — um homem com um corte militar
loiro levantou e sorriu para mim, oferecendo-me a mão.
Peguei, fizemos um aperto e tentei não gemer quando quase
todos os meus ossos foram esmagados.
Monty era ligeiramente mais velho do que a maioria dos
meninos de Lee, mas não menos apto. Ele também era um
pouco mais em sintonia com nuances sociais, como dizer Olá.
— O que é isto tudo? — Eu perguntei, olhando para todos
os monitores nas prateleiras na parede, gravadores de DVD
sob eles, botões e racks de equipamentos eletrônicos. Parecia
que eles poderiam me amarrar e poderíamos ir a Marte.
— Esta é a sala de vigilância. Nós cuidamos da segurança
por aqui e... Outras coisas.
Olhei para os monitores.
Eu fiquei espantada com os monitores.
— Ei! Isso é da Fortnum’s! Isso também... E isso... E... —
Eu fui para trás.
Querido Deus, eles tinham quase todos os cantos, frente
e trás da Fortnum’s monitorado. Eu assisti o tio Tex bater na
máquina de café expresso ao mesmo tempo em que ele
parecia estar carregando um argumento com o Duke.
Monty ligou um interruptor e a voz do tio Tex expandiu-
se para a sala.
— Eu não quero ouvir nenhuma merda de Hank
Williams, Jr.! Você tem Johnny Cash, eu vou ouvir Johnny
Cash.
Monty desligou o interruptor.
— Puta merda, — eu respirei.
— Monitoramos Fortnum’s 24 horas por dia, — disse
Monty.
— A melhor parte do dia no turno de vigilância, — Luke
falou.
Tentei pensar no tempo que passei na Fortnum’s. Quase
nunca tinha ido sem algum incidente vergonhoso.
Eu olhei para Monty e Luke. Luke estava usando seu
meio-sorriso. Monty estava sorrindo completamente.
— Merda. — Eu disse.
— Sente-se, — Monty disse-me, o sorriso ainda jogando
sobre seu rosto. — Você pode comer seu café da manhã aqui.
Eu vou te mostrar o que fazemos.
— Onde está o Hank? — Eu perguntei, sentando ao lado
de Monty, olhando para trás para os monitores. Shamus
moveu para ajustar-se aos meus pés.
— Hank está atrasado indefinidamente. — Monty
respondeu, mas eu não estava ouvindo. Um dos monitores
mostrou um visual da sala que eu tinha dormido.
Virei-me em terror para Monty.
— Você me assistiu dormir? — Eu perguntei.
Ele assentiu.
— Ordens do Hank. Constante vigilância. Se não estamos
com você, estamos de olho.
— Mas... Eu estava no final do corredor. — Eu disse,
mortificada que ele me assistiu dormir, e esperando que eu
não tivesse babado.
— Uma coisa que aprendi, você pode nunca ser
demasiado cuidadoso. — Monty respondeu.
Ok, então, talvez ele estivesse certo sobre isso.
Monty me fez esquecer as notícias alarmantes que tinha
me visto dormir e disse-me o que eles faziam na sala de
controle; alguma segurança, principalmente a investigação.
Em seguida, Dawn apareceu com meu café com leite e um
bolinho de mirtilo. O café estava frio e tinha xarope de avelã
nele. O bolinho era uma merda. Eu não disse uma palavra...
e comi o bolinho enquanto ouvimos o rádio na estação da
polícia e Monty ensinou-me alguns dos códigos.
Em seguida, ele desligou a estação da polícia, eu bebi o
meu café com leite e vimos os monitores.
Cerca de meia hora depois, eu estava perdendo a vontade
de viver e a sala de controle tinha perdido seu frescor. Como
podem esses caras fazer isso dia sim dia não? Era
estupendamente chato.
O telefone tocou.
— Graças a Deus! — Eu gritei antes que pudesse me
parar. Fiquei feliz que alguma coisa, qualquer coisa estava
acontecendo. Não me importava se era a lavanderia ligando
para dizer que as camisas de Monty estavam prontas para
serem pegas.
Monty atirou-me um sorriso, em seguida, olhou para
Luke enquanto ele chegou para o telefone. — Essas meninas
gostam de sua animação.
— Graças a Deus. — Luke murmurou sua resposta.
Eu não sabia o que significava, mas eu suspeitava, pelo
menos, que era bom.
— Sim? — Monty disse no telefone. Então ele disse. —
Ela está aqui.
Ele virou para mim.
— Hank.
Peguei o telefone e coloquei no meu ouvido.
— Ei. — Eu disse, mergulhando a minha cabeça e
estranhando o sentimento naquela sala pequena com Monty
e Luke não tendo nada para fazer, além de ouvir.
— Como você está? — Hank perguntou e eu senti um
arrepio de emoção através de mim ao som de sua voz.
— Monty, Luke e eu estamos na sala de controle. —
Silêncio.
— Hank?
— Eu pensei que você ia assistir um DVD ou algo assim.
— Não, eles estão me ensinando códigos de polícia.
Mais silêncio.
— Dawn trouxe-me um café com leite e bolo. Luke disse
que eu poderia ter o que quisesse, então ela saiu correndo
para pegar para mim. — Eu disse isso porque eu não tinha
nada mais emocionante para dizer.
— Aposto que Dawn gostou de fazer isso. — Disse Hank,
aparentemente conhecendo Dawn.
— Ela não parecia muito feliz. — Disse.
Eu ouvi a risada suave do Hank e outro arrepio correu
através de mim.
— Eu vou estar fora um tempo. Você vai ficar bem? — Ele
perguntou.
— Claro. — Eu disse.
— Eu estarei aí para pegar você assim que eu puder.
— Está bem.
Silêncio por um momento e em seguida.
— Estou falando com Roxanne Logan? — Ele perguntou.
— Bem... Sim. Qual é o problema?
Outro momento de silêncio.
— Nada, querida. Vou ver você em breve.
Eu tive um terceiro arrepio e então ele desligou.
Entreguei o telefone para Monty, ele o colocou no
receptor e então ele tocou um botão e disse.
— Brody, venha para a sala de controle. — Em seguida,
estabeleceu-se na cadeira.
— Quem é Brody? — Eu perguntei.
— Nosso cara do computador. Você pode ir com ele por
um tempo. Mudança de cenário.
Dei-lhe um sorriso aliviado.
Houve uma batida na porta e Luke levantou-se e abriu-a.
Um homem entrou, vestindo calça jeans preta, seu cabelo
escuro precisava de um corte e ele era uma desordem da
cabeça aos pés.
Ele usava óculos de Buddy Holly e o corpo dele não era
absolutamente o normal muscular de um dos rapazes de Lee.
Sua t-shirt preta disse em letras brancas “Eu subi o meu,
suba a sua”.
— Meu Deus. É Roxie. Uau. Eu quero conhecer você,
tipo, faz dias! — Ele gritou quando me viu.
— Oi. — Disse, surpresa com a reação por mim.
— Você é tipo, famosa. Foi uma loucura por aqui quando
foi raptada. Todo mundo estava correndo, os telefones
tocando sem parar, Dawn estava, tipo, toda irritada, pior do
que o habitual. Eu estava olhando cada coisa de computador
possível. Os registros de hotel, companhias aéreas, cartões de
crédito. Lee me pagou um monte de horas extras. Cada vez
que Vance relatou em que alguém tinha visto você em um
posto de gasolina, ou qualquer outra coisa, o lugar ficou
maluco. Quando Vance ligou dizendo que alguém viu você
amarrada a um volante, Hank estava tão furioso, ele colocou
o punho através da parede na sala de baixo. Eu vi. Foi uma
loucura. — Eu senti o sangue correr da minha cara.
— Brody. — Monty disse, sua voz baixa com o aviso.
— O quê? — Brody perguntou, olhando para Monty,
completamente perdido na emoção daquilo tudo. Então ele
pegou a dica, sua alegria desvaneceu-se e olhou para mim. —
Oh sim. Certo. Sinto muito. Bem, fico feliz em ver que está
bem e tudo. — Ele não parecia feliz. Parecia que ele teria
preferido o lugar continuasse maluco.
— Por que não leva Roxie para seu escritório? Mostre a
ela o que faz. — Monty sugeriu.
— Nenhuma das coisas confidenciais, certo? — Brody
perguntou.
Monty balançou a cabeça e não foi difícil de ler que Brody
estava tentando sua paciência.
— Tudo bem, — ele disse.
— Está bem. Vá lá. — Disse Brody.
Eu acenei para Luke e Monty quando segui Brody fora da
sala de controle. Eles não acenaram de volta, mas eles deram
um sorriso.
Brody levou-me para outra porta no corredor, em uma
sala que tinha quatro cabines no meio, todas com
computadores e armários.
— Eu faço minhas coisas aqui. Controle de créditos,
verificações de emprego, coisas assim. Eu também tenho
outros projetos que são mais divertidos, mas não posso falar
sobre eles com ninguém, mesmo com a namorada do Hank.
— Brody disse-me.
Eu parei ao lado de qual era o seu cubículo. Foi
profusamente decorado com uma variedade de latas de
bebida energética, quantidade grande de batatas fritas e
embalagens de doces jogadas.
Eu olhei o Brody.
— Hank realmente colocou o punho através de uma
parede?
Brody iluminou.
— Sim! Eles ainda não consertaram. Você quer ver?
Eu mordi meu lábio e neguei com minha cabeça.
Puta merda filho da puta.
Hank, o Sr. Controle, tinha colocado um punho através
da parede. Por mim.
Merda.
Brody continuou.
— Ele estava muito chateado. Seu tio também estava
super chateado, mas principalmente gritou. Sem ofensa, mas
eu achei que era legal. Veja, Dawn tem uma queda por Hank
agora que Lee está tomado, e ela sabe que ela não vai chegar
a lugar nenhum com Vance, Mace ou Luke. Ela tem tentado
ficar com um ou outro deles, tipo, desde sempre. Sempre
flertando mesmo que ela tenha um namorado. Ela estava
tipo, totalmente chateada quando descobriu que Hank tinha
uma namorada, especialmente quando ele ficou muito louco.
Eu e todos os outros estávamos emocionados. Dawn acha
que sua merda não fede. Ela pode ser bonita, mas tudo sobre
Dawn fede. É bom trabalhar aqui, só não conte a ninguém
sobre as coisas legais que você faz. Tudo é ótimo, mas não
Dawn. Então, todos nós estávamos felizes que Hank
realmente gosta de você, porque nós gostamos de Hank, mas
nós não gostamos de Dawn. Não estávamos felizes que você
foi sequestrado ou nada.
Muito bem!
Sabia que Dawn era uma cadela.
Eu não compartilhei meus pensamentos... E dei-lhe um
sorriso.
— Obrigada. — Eu disse.
Nenhuns dos outros computadores estavam ocupados,
então eu perguntei a ele
— Posso checar meu e-mail em um desses
computadores?
— Claro, me deixe preparar. — Brody respondeu.
Verifiquei uma semana de e-mail, enviando respostas,
excluindo o lixo e fazendo algumas mudanças e atualizações
através dos painéis de administração de alguns dos meus
sites.
Pouco depois, Dawn entrou com algumas pizzas e
refrigerantes e Monty e Luke revezaram-se para se juntar a
nós, tendo uma pausa da monotonia de vigilância. Monty
conversou sobre sua esposa e família. Luke não disse muita
coisa, mas Brody e eu compensamos isso. Dawn não se
juntou a nós em tudo, provavelmente por medo de que o
queijo na pizza daria celulite instantânea, mas ela entrou,
cara parada e dura, para limpar depois.
Uma vez que a porta se fechou atrás dela, Brody deu-me
um sorriso enorme.
Estava no registro de um dos meus sites quando Brody
andou atrás de mim e vi que eu estava fazendo.
— Você faz sites? — Ele perguntou.
— Sim, eu sou uma designer.
— Dahora! — Ele gritou. — Mostre-me um dos seus sites.
— Ele virou sua cadeira ao meu lado e nós passamos através
de alguns dos meus sites. Então ele me mostrou um jogo que
a equipe de computador tinha carregado, chamado ‘Diablo’.
Era um jogo de RPG onde você tem que ser um
personagem e ir a buscas por terras devastadas,
assustadoras, cavernas, desertos e cidades.
Você pega o ouro, armaduras, armas e feitiços mágicos e
luta contra os bandidos. Era foda.
Brody entrou na rede do jogo, em seguida, rolou em sua
cadeira de volta para seu cubículo. Escolhi a personagem
assassina porque ela tinha a melhor roupa e começamos a
jogar.
O que parecia ser minutos mais tarde, mas era realmente
horas, estávamos em uma batalha até a morte com um monte
de ogros e trolls e gritei:
— Sim! Vai Brody! Acabe com ele!
— Não fique aí! Afaste-se. Ele está matando você! —
Brody gritou.
Eu por acaso dei um rápido olhar sobre minhas
estatísticas. O bandido estava me matando.
Entrei em pânico.
— Estou sem poções de saúde. Retiro! Retiro! Dê-me
algumas das suas poções de saúde! — Eu gritei.
— Não tenho qualquer poções. Corre, cadela, corre! —
Brody gritou.
O vermelho saiu na minha saúde e meu assassino foi
transportado, despojado de tudo o que tínhamos pago, de
volta ao campo de partida.
— Eu estou morta! Porra mataram-me! — Eu
choramingava, empurrando a mão do mouse e rolando minha
cadeira em desgosto.
Brody ficou em silêncio.
Eu olhei para ele e vi que ele estava olhando para a porta.
Virei meu olhar para a porta e estava aberta. Hank, Lee e
Luke estavam tudo ali em várias poses de macho divertidos,
nos observando.
Merda.
— O quê? — Eu perguntei, decidindo ir com arrogante.
— Se divertindo? — Hank perguntou, sua boca se
contorcendo.
— Não. — Eu disse com raiva. — Eu estou morta. Agora
eu tenho que correr todo o caminho de volta ao meu corpo e
pegar minhas coisas. Os ogros e trolls vão estar pendurados
em volta e nós vamos ter que lutar com eles e não posso fazer
isso sem a minha armadura boa. Eu vou ter de usar as coisas
ruins que eu tinha escondido no porta-malas. Eu tinha uma
realmente boa espada e capacete, e agora eles se foram. Isso
simplesmente é uma merda.
Hank me encarou.
Então ele disse.
— Você sabe que eu não sei o que você está falando.
— Diablo, — eu respondi, assim explicando tudo.
Ele me encarou.
— Nada. Esqueça isso. — Eu me virei para Brody. — Será
que isso pega no meu laptop? — Eu perguntei.
— Claro, se você tem um bom. — Brody respondeu.
Eu olhei para trás para Hank.
— Temos de ir ao shopping, eu tenho que comprar este
jogo.
— Talvez nós vamos fazer isso amanhã, Luz do Sol.
— Agora! — Estalei.
— Uh-oh. — Disse Brody. — Já vi isso antes. Não é
bonito. Em breve ela vai estar jogando a noite toda na
Internet.
Minha cabeça balançou para Brody.
— Você pode jogar na Internet? — Eu respirei.
— Agora é uma boa hora para calar a boca Brody. — Lee
advertiu.
Hank entrou no quarto e agarrou minha mão.
— Vamos lá, princesa guerreira. Hora do jantar.
— Eu não era uma princesa guerreira, eu era uma
assassina. — Eu disse a ele.
Hank sorriu para mim.
Meu coração vibrou.
— De qualquer forma, acabamos de almoçar. — Eu disse
enquanto Hank me puxava para fora da cadeira.
— Cinco horas atrás. — Colocou o Luke.
Eu parei e olhei para Luke, de boca aberta.
— Sério? — Eu perguntei.
Ele balançou a cabeça, a pose de macho divertido ainda
em pleno vigor.
— Puta merda. — Eu disse.
O jogo tinha sugado cinco horas fora de mim e eu senti
uns cinco minutos.
Eu me virei para Brody.
— Não acho que Diablo é bom para mim.
— Alguns podem lidar, outros não. É a vontade de
Diablo, — respondeu o Brody.
Concordei com a sagacidade profunda de sua resposta.
Hank me puxou em direção à porta e eu poderia jurar
que ele estava rindo.
— Até mais tarde. — Brody falou enquanto
caminhávamos para fora.
Capítulo 16
Orações
Hank foi buscar o Shamus e eu fui para a sala segura
para arrumar as minhas coisas.
Estava de pé na cadeira reclinável, empurrando as
últimas coisas dentro do saco quando Shamus correu ao meu
lado.
— Ei menino! — Eu disse, dobrando-me para dar-lhe um
carinho de orelha que se transformou em uma lavagem de
mão pela língua super animada de Shamus. Aparentemente,
nas últimas cinco horas longe de mim tinha sido um trauma
canino, para o meu garoto chocolate peludo.
— Ooo, —murmurei. — Tia Roxie deixou você com os
assustadores, caras maus na sala chata? Pobrezinho.
Senti o calor do Hank em minhas costas... Antes de o
braço deslizar em torno da minha cintura e endireitei. O
queixo dele veio ao meu pescoço e moveu para o cabelo, então
os lábios dele estavam lá. Shamus sentou em meus pés.
— Tendo um bom dia? — Hank disse contra meu
pescoço.
Eu tremia, em seguida virei seu braço, a cabeça dele
surgiu e olhei para ele. Shamus deslocou-se para sentar-se
com seu corpo encostado a nós dois.
— Sim. — Eu disse a Hank, surpreendente mesmo
porque era verdade.
— Bom, — ele disse, e eu poderia dizer que ele quis dizer
isso também.
Olhei para ele. Parecia seu habitual cansado, mas bonito.
Ele não tinha dormido uma noite inteira, interrompida ou
não. Não tinha tido sua comida entregue, mesmo por uma
arrogante. Não tinha gasto a tarde sendo uma assassina
fodona de faz de conta e matando ogros de invenção. Ele
tinha passado o dia dele sendo um policial da vida real e em
cenas de crime feias.
— Como foi seu dia? — Eu perguntei, sabendo a
resposta.
— Uma merda, — ele respondeu.
Sim, eu estava certa. Sabia a resposta e senti algo me
acontecer, algo me puxando para ele e, contra as diretrizes da
minha mente (se não meu coração), meu corpo se inclinou ao
dele. O outro braço dele veio à minha volta.
— Acho que não é divertido, ir a cena de um homicídio às
03:00 da manhã.
— Não. Tantas vezes eu fiz isso, e ainda não é divertido.
— Tantas vezes que ele tinha feito isso.
Deus do céu.
Antes que eu pudesse me parar, eu levantei minha mão
e, com meu dedo médio, localizei a borda inferior do lábio
inferior. Eu assisti meu dedo tocá-lo, e então olhei nos olhos
dele.
— Sinto muito, — sussurrei.
Os olhos dele mudaram. Não poderia descrevê-lo, eles
aqueceram, amoleceram e senti a mudança de forma física,
direto para as profundezas da minha barriga.
Então sua cabeça dobrou em relação a mim, minha mão
deslizou através do restolho da bochecha e ele beijou-me, sem
brincadeira, era quente e pesado com muita língua.
Quando terminou, sua boca deixou uma trilha até a
minha orelha enquanto eu segurava apertado, tentando me
recuperar do beijo. Minha mão que estava no seu lábio estava
no seu pescoço, meus dedos no cabelo dele, meu outro braço
estava enrolado na sua cintura.
No meu ouvido, sua voz rouca murmurou com algo,
paixão, emoção apenas talvez .
— Eu quero foder você agora. Quero deslizar dentro de
você e apagar este dia de merda.
— Whisky, — respirava, não com a intenção de dizer
nada mais, suas palavras tinham roubado-me o discurso.
Ele realmente achou que eu poderia fazer isso por ele?
Uma de suas mãos foi sob a bainha da minha blusa e no
cós da minha calça de cintura baixa. A outra deslizou sobre
minha bunda e ele me apertou com ele. Eu podia sentir sua
dureza contra mim.
Sim, acho que pensou que eu poderia fazer isso por ele.
E esse pensamento me oprimiu.
Tudo então me bateu. Seu trabalho, sua
responsabilidade, telefonemas as 03:00 da manhã, uma arma
em sua cintura, a merda que ele vê, as pessoas que aborda.
Então, depois de um dia destes, vai para sua casa e seu
cachorro e, uma vez lá, ele estaria sozinho. Ninguém para
falar sobre isso ou apenas ajudá-lo a esquecer.
Parecia ridículo, um homem como Hank estar sozinho,
poderia estar com alguém que ele escolheu.
Provavelmente nem ligava.
Mas eu me importava.
Oh merda.
Eu estava seriamente em apuros.
Antes que pudesse processar quantos problemas eu
estava, a língua dele traçou a curva do meu ouvido e derreti
mais nele. Ele torceu, me levando com ele. Shamus correu
longe de nossas pernas e depois mexeu-se para deitar-se
junto à porta.
Hank começou a apoiar-me na cama.
— Hank, — eu disse, mas ele não respondeu. Ele me
empurrou para longe dele e desfez o meu cinto. Caiu no chão
e nós passamos por cima dele. As mãos dele entraram em
meu casaco de lã, abrindo-o e então pressionou meu torso
quase nu contra a dele.
Então, me lembrei de algo e gelo entrou nas minhas
veias.
— Hank, eles têm câmeras aqui.
— Não importa, — disse ele.
Ah não.
Ele não quis dizer isso.
Quis?
— Acho que eles ainda têm microfones, — continuei.
— Não importa, — ele repetiu.
Ele quis dizer isso.
As costas das minhas pernas bateram na cama e eu não
estava preparada para isso. Cai para trás e ele desceu, seus
joelhos entre minhas pernas. Ele estava em cima de mim em
um momento e então rolou para o lado, puxando-me com ele,
deslizando sua coxa entre as minhas pernas, como sua mão
na minha bunda deslizou minha virilha ao longo de seu
comprimento. Sua boca voltou ao meu pescoço.
Oh meu, mas me senti bem.
Mesmo assim.
— Não os quero assistindo. — Eu disse.
— Eles não assistem. Eles vão desligar as câmeras. —
Desejei que isso fosse verdade, mas passei um tempo na sala
e depois de um tempo você assisti qualquer coisa.
— Não vão, — disse. — Eu sei o que é estar sentado lá
dentro, é chato demais. Eles vão assistir, totalmente. — A
cabeça dele apareceu. Então disse em sua voz autoritária,
abordando a sala em geral. — Desligue as câmeras. — Então
a boca voltou para meu pescoço, claramente pensando que
era isso.
Santo Deus.
— Eles não vão fazer isso, — eu disse.
Sua língua deslizou no meu pescoço para tocar na base
da minha garganta.
— Eles vão fazer isso. — Ele disse contra minha
garganta.
— Eles não vão. Você tem que ir verificar.
A cabeça dele subiu e ele me olhou como se eu tivesse
acabado de pedir pra ele sair e buscar-me um pouco de
caviar russo.
— Sério? — Ele perguntou.
— Sim. — Eu disse.
Ele apertou minha bunda, me colocando em contato
íntimo com sua virilha muito dura.
— Luz do Sol, eu não estou em condições de ir verificar.
— Hum, parece que ele estava certo.
Eu pensei sobre isso, então tomei minha decisão. Odeio
isso, mas eu faria isso, com condições.
— Ok, mas no caso deles estarem assistindo, nós temos
que fazer com tantas roupas quanto possível e você tem que
estar no topo, então eles não me veem.
Ele me encarou um momento. Então, enterrou seu rosto
no meu pescoço e eu senti seu corpo se mover com o riso.
Então seus lábios deslizaram ao longo da minha
bochecha novamente e ele me beijou, ainda rindo.
Então continuou me beijando.
Eu conhecia dois tipos de beijos de Hank. Os beijos leves
e os beijos que me deixavam tonta.
Esses beijos foram um terceiro tipo de beijo. Suas mãos
percorriam minha bunda e costas e percebi que esses beijos
não estavam indo a lugar algum. Eram beijos carinhos-com-
Hank; mais suave, mais doce, mais lento, ainda muita língua,
mas, principalmente me tocando enquanto me acariciava com
doces beijos.
Deixaram-me tonta de uma maneira diferente.
Depois de um tempo, ele parou de me beijar e esfregou o
meu nariz com o seu.
Então ele disse:
— Vamos comer alguma coisa. — Olhei para ele.
— Não vamos fazer? — Eu perguntei.
— Eu agradeço seu sacrifício Luz do Sol, mas se você não
está confortável, não vamos fazer.
Eu o, abracei grata, cavando meu rosto em seu pescoço.
Ele era um homem tão bom.
— Obrigada! —sussurrei.
Ele beijou o topo da minha cabeça.
— Eu vou apagar seu dia depois de voltar da casa
assombrada. —ofereci.
Sua mão foi para o meu queixo e o levantou, assim eu
estava olhando para ele. Os olhos dele tinham aquele olhar
neles de novo, o olhar macio, quente que fez meu estômago
revirar. — Vou esperar ansiosamente por isso, — ele disse.
Descobri que eu não tinha nenhum problema com isso.
* * * * *
Nós jogamos Shamus na casa dele e ele me levou para
um restaurante chamado Reiver’s que estava em uma rua
chamada South Gaylord que era no bairro do Hank. Nós nos
sentamos no bar e Hank pediu para nós.
Nossas cervejas só tinham acabado de serem entregues
quando minha bolsa tocou. Peguei meu telefone, abri e
coloquei no meu ouvido.
— Olá?
— Yo, vadia, — Annette gritou no meu ouvido. — Foi
baleada hoje? — Ela perguntou.
Olhei para Hank e sussurrei:
— Annette. — Eu assisti os lados dos lábios dele
aparecem e, em seguida, para Annette, eu disse. — Ainda
não.
— Garota, eu e o Jason estamos apaixonados. — Ela
disse.
Eu sorri para o telefone. — Já sei disso.
— Não, quero dizer por Colorado. Nós passamos o dia
todo andando de bicicleta nas montanhas. É
inacreditavelmente incrível, — disse.
— Estou feliz por estar se divertindo.
— Diversão? Isso não é divertido. Isso é o nirvana. As
trilhas aqui são fodas. Excelentes. Eu vou abrir Head 2,
Electric Boogaloo em Denver. Há uma loja em frente a
Fortnum’s para locação. Não estou brincando. Estou ligando
sobre isso amanhã.
Puta merda.
Não tinha certeza se isso era bom. Na verdade, eu tinha
certeza que isso não era bom. Não queria Annette mudando
para Denver.
Quanto a mim, eu estava no limbo de Denver. Não podia
deixar, não ia ficar.
Tive um dia sem incidentes, hora de resolver isso,
resolver minhas coisas. Eu tinha limpado o meu e-mail, fiz
alguns trabalhos, senti que minha vida não estava totalmente
fora de controle.
E eu sabia eventualmente tinha que fazer.
Os sinais estavam todos lá; as pessoas certas. Beijo de
bochecha de Lee, Kitty Sue nos fazendo espaguete, Indy
esclarecendo o convite para a Irmandade de Nightingale
mulheres sagradas, tirando dez no teste de Malcolm.
Não era isso, era eu.
As coisas com Hank eram boas, porra, realmente
fantástico, mas que não ia durar. Eu sabia isso como sabia
que tamanhos de vestuário do Gap eram pequenos. Eu era
mercadoria danificada e quando as coisas se acalmarem e
Hank tiver um minuto para pensar, ele irá perceber o que eu
era e que ele podia fazer melhor. Eu queria estar longe muito
antes disso acontecer.
Meu plano era simples. Eu ia com a onda, segura e não
ia causar nenhum problema (mais) e então ia sair da porra do
Dodge.
Eu sabia que tinha perdido o meu coração, era tarde
demais para proteger isso, mas não ia dar tempo pra isso. Eu
não ia estar lá quando o olhar quente, macio dos olhos cor de
uísque do Hank ficasse frio.
Eu saí de meus pensamentos e entrei na conversa de
telefone.
— Annette... — comecei a dizer em protesto.
— Sem tentar me convencer do contrário. Eu e o Jason
concordamos. De qualquer forma, realmente gostamos de
seus amigos.
Eu olhei para Hank. — Eles não são meus amigos, eles
são do Hank,
— Eles são amigos de todo mundo. — Annette declarou
enquanto eu vi os olhos de Hank cintilando com frustração
controlada.
Annette continuou.
— Estamos descendo a montanha agora, então vamos
tomar um banho e comer alguma coisa. Temos que estar na
Ally oito e meia. Te vejo lá. — Então ela desligou.
Eu fechei o celular.
— Annette está pensando em mudar para Denver, —
disse-lhe.
A mão de Hank foi para o meu joelho, sua aprovação
registrada em seus olhos.
— Isso vai ser bom.
Eu mordi meu lábio.
Hank assistiu minha boca.
— Merda, — disse Hank.
— O quê? — Eu perguntei.
— Não gosto de seu olhar, — ele disse.
— Que olhar? — Eu perguntei.
Ele se inclinou para mim e sua mão deslizou até minha
coxa para descansar ao lado do meu quadril.
— Rebobina, — ele disse, seu rosto próximo ao meu. —
Vamos voltar a Roxie de quinze minutos atrás. Aquela doce
que não discute e faz o que lhe é dito. Eu gosto dela. — Muito
boa!
— Essa não é a verdadeira Roxie. A Roxie Real argumenta
e nunca faz o que lhe é dito e é um pé no saco. Esta Roxie é
“A Louca com a vida em perigo Roxie”. Você não gosta da
Roxie Real, me devolve o meu carro e eu vou voltar para
Chicago. — Disse a ele.
Os olhos dele ficaram preguiçosos.
— Também gosto da Roxie Real. — Meus olhos se
estreitaram.
Ele sorriu.
Então, continuou.
— Eu estava apenas apreciando aquela doce. — Então
pegou minha mão, ele levantou e apertou o dedo médio em
seu lábio inferior, lembrando-me do que tinha feito na sala
segura e me mostrando como ele se sentia sobre isso. Eu
segurei minha respiração como sua boca aberta e a língua
dele tocou meus dedos.
— Bom Deus, —sussurrei, olhando para sua boca e
esquecendo completamente sobre meu temperamento.
— Molho de feijão preto, — o barman anunciou, alheio às
preliminares públicas, nos tirando do momento e colocando
uma tigela de molho e salgadinhos de milho entre as nossas
cervejas.
Meus olhos deslizaram para o lado e de tabela umas três
mulheres. Todas as três estavam nos encarando
abertamente. Ou mais precisamente, olhando para Hank.
Seus rostos todos mostraram expressões idênticas de
sufocante luxúria quente ao ponto de serem abertamente
carnais.
Puxei minha mão longe do Hank e alcancei um
salgadinho enquanto me recolhi. Ouvi a risada suave do
Hank antes dele tomar um gole de sua cerveja.
Porra, Hank.
Meu telefone tocou novamente, eu o peguei enquanto
mergulhava o chip e abri o celular.
— Olá?
— Ei garota! — Ally disse. — Onde você está?
— Estou no Reiver’s com Hank. —disse.
— Excelente! Todos vamos sair para buscar comida,
tarde demais para vocês dois. Que tal Annette e Jason?
— Tenho certeza de que gostariam de ir. — Então dei o
número de Annette.
— Legal. Eu vou ligar. Ouça, diga a Hank pra não se
preocupar. Sei que ele tem que trabalhar hoje. Diga que Carl
vai estar lá, Jason também. Já temos armas de choque
suficiente para todos e Daisy está trazendo um guarda-
costas.
Meu corpo paralisou.
— Armas de choque? — Eu perguntei.
— Sim, —respondeu, como se fossem acessórios
semelhante a uma bolsa ou um cinto.
— Guarda-costas? — Eu fiquei no alvo.
Ela riu. — Só dizendo, você está coberta. Vemos-nos às
08:30. Vista algo quente e sapatos de ginástica. Tem que
estar preparada para correr. Até mais tarde.
— Correr? — Eu disse para o telefone morto.
Sentei ali um segundo e depois fechei o celular e deslizei
na bancada.
Hank estava me observando.
Coloquei o chip carregado na minha boca.
Mastiguei.
Meus olhos se arregalaram e acho que tive um mini
orgasmo culinário.
Depois que engoli, murmurei.
— Isso aqui é ótimo, — então mergulhei outro chip.
A mão do Hank pegou meu pulso com o chip no meio do
caminho para a minha boca, minha boca todo o caminho
aberto para receber o chip. Meus olhos mudaram para ele.
— Armas de choque? Guarda-costas? — Ele perguntou.
Fechei minha boca e repeti o que Ally me disse.
Ele soltou meu pulso e sentei. O cotovelo dele foi para o
bar e enfiou a mão para dar um golpe na testa dele.
— Cristo, —murmurou.
Comi o meu chip e o ignorei. Então, comi mais um.
Ele olhou para mim.
— Você não está com vontade de voltar à Roxie agradável
e doce por um tempo, ir para a delegacia comigo hoje à noite,
ficar por lá enquanto eu trabalho? — Isso soou tão divertido
quanto ficar sentada na sala de controle.
Não tinha tanta certeza sobre esse negócio de casa mal
assombrada, mas não ia ficar olhando minhas unhas
crescerem na delegacia enquanto Hank trabalhava.
Eu neguei com a minha cabeça.
— Merda — ele disse.
— Temos que voltar pra sua casa, —disse. — Eu tenho
que trocar de roupa. A propósito, preciso ligar para o Vance.
Hank piscou lentamente.
— Por que você precisa ligar para o Vance?
— Ele me comprou umas roupas e uns Keds. Ally
mencionou que preciso vestir sapatos de ginástica e os únicos
que possuo são os que Vance comprou para mim. Preciso
recompensá-lo.
— Eu vou pagar-lhe. — Hank respondeu imediatamente.
Mergulhei o outro chip.
— Não, eu vou pagar de volta. Tem programado no seu
telefone? — Coloquei o chip em minha boca e estendi minha
mão para seu telefone.
— Você não vai ligar pro Vance, — ele disse, levando seu
próprio chip.
— Por que não?
Ele comeu.
— Porque não vai.
Olhei para ele, pensando que eu estava começando a
ficar com raiva.
— Por que não?
— Porque não gosto da ideia de você falando com Vance.
— Ok, eu definitivamente estava começando a ficar com
raiva.
— Por que não? — repeti.
— Vance é um jogador e ele está brincando com você.
Era minha vez de piscar. — Acho que não. — Eu disse.
— Ele está.
— Ele não está.
— Pelo amor de Deus, Roxie. — Ele disse, e eu poderia
dizer que estava começando a ficar com raiva também.
— Sem 'pelo amor de Deus’, Hank Nightingale. Vance não
está jogando comigo.
— O que estava acontecendo no Lincoln então?
— Lincoln?
— Quando ele estava segurando sua mão.
Ah.
Aquilo.
— Estávamos tendo um momento.
O controle do Hank escorregou e os olhos dele ficaram
duros.
Eu assisti assustada e fascinada ao mesmo tempo.
— E quando ele estava tocando seu ouvido? — Ele
perguntou.
Mmm, teve aquilo também.
— Estávamos tendo outro momento. —respondi.
O controle do Hank escorregou mais... E o rosto inteiro
ficou duro. Então, olhou para o barman enquanto ele
deslizou fora do banco.
— Olhe isso, — chamou o barman, acenou com a cabeça
para as nossas coisas no balcão. Minha bolsa e o telefone
estavam lá, assim como nossa comida.
O barman olhou para a arma e distintivo no cinto do
Hank e assentiu com a cabeça.
Então, Hank agarrou minha mão e me puxou para fora
do banco.
— Ei! — Perdi o controle, mas ele me arrastou para fora,
virando a esquina, ao lado do edifício. Ao mesmo tempo,
tentei me libertar. No entanto, falhei.
Então ele me empurrou contra o lado do edifício, e vi que
eu estava errada sobre o controle de Hank estar
escorregando. Um olhar para ele e percebi que o controle do
Hank tinha ido embora.
Qualquer garota esperta teria mantido sua boca calada.
Eu não era uma garota esperta. Era um fato estabelecido,
especialmente recentemente, que eu era um idiota.
— Não acredito que você acabou de me arrastar pra fora
do restaurante, — eu chiei.
Hank chegou perto.
— Lembra quando eu te disse que você ser minha
mulher, significava que eu te protegia e você se mantinha
segura?
— Sim, — eu ainda chiava.
— Bem, desta vez, isso vem na forma de eu dizendo o que
você vai fazer e o que você não vai fazer é falar, ou ver, Vance
novamente.
Santa Maria, mãe de Deus.
Eu já não estava começando a ficar com raiva. Eu estava
completamente irritada.
— Você não disse isso para mim.
— Eu disse sim, porra.
— Retire! — Minha voz estava subindo.
Ele chegou mais perto. Uma de suas mãos estava nos
tijolos ao lado da minha cabeça, a outra estava no seu
quadril, o peito estava quase contra o meu e a cabeça dele
estava inclinada para me olhar.
— Vance significa algo para mim, — eu disse.
Hum... Não era a coisa certa a dizer.
— Você mal o conhece, — ele disse.
— Eu mal te conheço, — repliquei irritadamente.
Dois a zero. Definitivamente não era a coisa certa a dizer.
— Já tive meu pau dentro de você. Acho que você me
conhece muito melhor do que você conhece Vance, porra.
A esse comentário desagradável, coloquei minhas mãos
em seu abdômen e forcei para trás. Seu corpo foi, mas voltou
imediatamente para o meu espaço.
— Não seja grosseiro. — Eu cortei.
— Roxanne...
— Ele me resgatou da pia! Ele me levou para o hospital!
Ele me deu as roupas quando eu tinha que me livrar das que
estava usando, porque não suportaria mantê-las nem por
mais um segundo. Ele me conseguiu um banho porque eu
não tinha tomado um em dias.
— Roxanne...
— Não, Hank...
— Roxanne, fique quieta.
— Não!
Ele enfiou a mão de seu quadril no meu queixo e o rosto
mergulhou tão perto; era tudo que eu podia ver.
— Não acha que eu queria ter te resgatado daquela pia?
— Ele rosnou, sua voz baixa e perigosa.
Meu estômago apertou enquanto percebi o que tinha
trazido a sua raiva.
Olhei para ele e finalmente fiquei de boca fechada.
— Você tem qualquer ideia quão difícil era aguardar o
Vance ligar com relatos de testemunhas, cada maldito
relatório pior do que o anterior? Você fugindo de um banheiro
num posto de gasolina, sangrando, gritando e lutando para
escapar. Amarrada a um volante. Comer batatas de merda
com os pulsos presos. Cristo!
A última palavra foi uma explosão. Eu recuei e empurrei
como se tivesse um impacto físico no meu corpo.
Ele recuou e tirou a mão da minha cara, mas eu peguei e
coloquei de volta.
— Hank, ouça-me, — ele estava olhando para a parede
por cima do meu ombro, tentando recuperar o controle.
Quando eu disse o nome dele, os olhos dele moveram para
bloquearem nos meus e senti um arrepio correr através de
mim apesar da raiva ainda estar lá.
Eu continuei.
— Depois que ele me achou, pedi para Vance me levar de
volta para Chicago.
Com isso, os olhos de Hank pegaram fogo.
Eu balancei minha cabeça e continuei.
— Ele não faria isso. Ele disse que não faria isso porque
respeitava você e você o mandou atrás de mim. Ele disse que
não faria isso porque não queria fazer você mostrar a ele
como reagiria se ele não me trouxe de volta para você.
Eu o vi trabalhar para ter o controle, um músculo
mudou-se em sua mandíbula. Enquanto isso, ele manteve
seus lindos olhos em mim.
Senti minhas narinas queimarem respirei fundo para
manter as lágrimas na baía.
Quando vi que ele tinha controle, sussurrei.
— Eu estou feliz por que não foi você que me encontrou.
Eu não poderia ter... Eu não conseguiria viver com isso, se
você me visse assim. — Com isso, os braços dele deslizaram
em volta de mim.
— Foda-se, Roxie. — Ele disse sobre a minha cabeça.
Eu coloquei meus braços ao redor dele e puxei de volta
mais lágrimas.
Odiava aquilo. Odiava com tudo em mim, mas eu estava
tão certa. Esse negócio de Billy ia estar entre Hank e eu para
sempre. Senti raiva atirar através do meu corpo e se Billy
estivesse na minha frente, eu teria rasgado a cabeça dele.
Não era justo. Não era justo. Eu odiava as pessoas que se
queixavam que não era justo, mas se alguma coisa não era
justa, era aquilo.
Uma vida justa teria trazido Hank para mim sem nada
entre nós.
Respirei quebrado, as lágrimas ainda ameaçando. Eu
fechei os olhos e apertei minha bochecha contra o ombro do
Hank e rezei. Rezei para que tudo acabasse logo para que
pudesse ir, então eu poderia pegar os pedaços da minha vida.
Rezei por Hank também, para que ele pudesse seguir em
frente e encontrar alguém que o merecia, alguém forte,
inteligente e bom. Alguém com quem ele pudesse falar sobre
o seu dia. Alguém que o faria sorrir. Alguém que gostasse de
seu cão. Alguém que ponha velas com aroma de amora na
casa dele. Alguém que tivesse açúcar no armário e cream
cheese na geladeira para que ela pudesse fazer uma
rabanada melhor do que eu tinha feito; o tipo especial com o
queijo de creme adoçado espalhado no meio.
Alguém que não leve um tiro.
Alguém que não tenha sido sequestrada.
Alguém que não o faz atravessar a parede com o punho.
Alguém que não tivesse passado quase sete anos da sua
vida dormindo com um criminoso.
Alguém melhor que eu.
Hank afastou-se ligeiramente, mas manteve seus braços
ao meu redor.
Eu olhei para ele, empurrei minhas orações lá no fundo,
onde não podia ver, e sorri para ele.
— Posso ligar para Vance agora? — Eu perguntei.
— Eu vou pagar para ele, — respondeu Hank.
Eu suspirei.
— Teimoso, —reclamei, cedendo
Uma dica de um sorriso entrou em seus olhos e ele
descansou a testa contra a minha.
— Luz do sol? — Ele chamou.
— Sim?
— O que quer que tenha visto você pensar agora...
Merda.
Eu não tinha escondido rápido o suficiente.
Eu segurei minha respiração.
— Tira isso da porra da sua cabeça.
— Hank.
— Prometa-me
— Hank!
— Roxanne, — ele usou sua voz autoritária.
— Então o que? Agora você vai me dizer o que pensar? —
Eu perguntei, puxando minha cabeça para trás e retirei
minhas mãos do redor dele e coloquei na minha cintura.
Ele balançou a cabeça.
— Você disse- — Eu comecei.
— Ok, pense o que você quiser.
— Bem, obrigada! — Eu disse, arrogante.
Ele sorriu.
A boca dele veio à minha.
— Sim, mas considere-se avisada. Sua mente vagueia por
esse caminho novamente, eu vou ser obrigado a virar para
outras coisas.
Antes que eu pudesse responder, ele me mostrou o que
quis dizer.
Beijou-me, profundamente.
Meu cérebro derreteu e então eu não estava pensando em
absolutamente nada.
Capítulo 17
“Frightmare”
Hank me levou pra casa dele e mudei meus sapatos.
Então e procurei nas suas gavetas e puxei um moletom
da Universidade do Colorado e troquei meu casaquinho
exuberante pelo moletom.
— Vou confiscar isto, — disse a ele quando entrei na
cozinha.
Ele estava encostado, quadris contra o balcão,
escrevendo notas com uma mão sobre uma almofada que
estava em cima do balcão à sua direita. Ele olhou para mim e
então seus olhos caíram para o moletom, que era tão grande
que era quase um vestido.
Então eles ficaram preguiçosos.
— Vem aqui, — ele disse baixo.
— Não, nós temos que ir. Eu vou me atrasar.
— Vem aqui, —repetiu.
— Não! Você tem que ir trabalhar...
— Pode vir aqui ou... — Ele começou.
Eu sabia aonde isso ia.
— Oh, certo. —cedi.
Fui até ele.
Ele me beijou e fiquei tonta, esquentei, houve alguns
toques e fomos atrasados para a Ally.
* * * * *
Entramos na Ally e quase todos estavam lá, tirando
Daisy.
— Yo vadia! — Annette gritou comigo. — Yo cara! — ela
gritou.
Hank sorriu pra ela.
Ela ficou de boca aberta pra ele, momentaneamente
atordoada por seu sorriso e então virou para mim e acenou
com a cabeça lentamente.
— Bom, — ela falou lentamente.
Eu rolei meus olhos.
— Gostei do moletom, — Ally disse, indo pra trás e me
colocando pra dentro e, em seguida, ela me apresentou o
namorado, Carl.
Ele era bonito; alto, loiro, olhos azuis e sorrindo para o
Hank. Um sorriso que me fez sentir um pouco incomodada,
mas, estranhamente, no bom sentido.
— Precisamos conversar. — Hank disse-lhe.
— Achei que sim, — disse Carl.
Hank inclinou-se para baixo e envolveu um braço na
minha cintura para o lado. Eu olhei para ele e ele me deu um
beijo leve.
— Se divirta, —disse contra minha boca.
Então ele e Carl saíram pela porta da frente.
— O que é isso tudo? —perguntei, olhando a porta
fechada, como se eu tivesse visão raio-x e pudesse ver através
dela.
— Isso é Hank dizendo para Carl que vai transformá-lo
em uma garota instantânea, se algo acontecer com você, —
disse Ally.
— Bom Deus, —murmurei.
— Não se preocupe. Nada vai acontecer com você. —
Disse Indy.
A porta se abriu e Daisy chegou.
Ou, devo dizer que Daisy chegou.
Ela estava vestindo um macacão jeans desbotado, colado
a pele, o zíper da virilha até o seio ao potencial máximo de
clivagem17, rhinestones18 adornando os lados externos das
suas pernas, seus quadris, cintura, lados e para baixo por
17 Divisão
18 É um simulador de diamante feito de cristal de rocha, vidro ou acrílico.
dentro das mangas. Ela estava usando uma bota plataforma
correspondente, jeans desbotado, salto alto, fortemente
incrustada com strass. Tinha um lenço de chiffon rosa
amarrado em volta do pescoço e o cabelo louro platinado foi
armado para fora, volumoso como uma montanha.
— Yo vadia! — Annette gritou, completamente alheia ao
fato de que Daisy parecia como se fosse subir no palco de Las
Vegas
— Yo, docinho. — Daisy respondeu.
— Eu disse para usar sapatos de ginástica. — Ally disse,
irritada que as instruções dela da Haunted House não foram
realizadas ao pé da letra.
— Não uso sapatos de ginástica, compreende? — Daisy
disse-lhe, dando-lhe um olhar vesgo.
Opa.
— É o seu funeral. — Ally atirou de volta, totalmente
afetada pelo olhar vesgo.
Puta merda.
Então os olhos do Daisy vieram até mim.
— Querida cachos de aveia, — ela disse, — seu homem
está lá fora tendo uma conversa extrema com seu homem. —
Um lance de cabeça indicando Ally.
— Eu sei, — disse a ela.
Ela assentiu com a cabeça e olhou ao redor.
— Tudo bem então, quem trouxe as armas?
Merda.
* * * * *
Carl, Ally e Indy foram no Pathfinder de Carl.
Se você pode acreditar nisto, Annette, Jason, Jet, Daisy e
eu fomos devidamente atrás da limusine de Daisy.
O guarda-costas de Daisy levou.
— Amo Denver, — Annette disse, olhando pela janela e
alastrando no luxuoso espaço, completamente em casa, como
se ela andasse atrás da limusine todos os dias.
— Você tem que ficar até quinta-feira, açúcar, vem no
meu evento. Estou tendo uma festa chique, — Daisy
convidando.
— Nós... vamos... estar... lá... porra! — Disse Annette.
Jason olhou para mim e fechou os olhos na frustração de
boa índole. Quando abriu, eu estava sorrindo para ele. Nós
tínhamos compartilhado muito esses olhares ao longo dos
anos.
Então virei para Jet. — O que é Smithie’s?
— Perdão? — Ela perguntou.
— Smithie’s. Ouvi você dizer quando foi na Fortnum’s no
dia que te conheci, que você trabalha lá.
Ela sorriu para mim.
— Bem, oficialmente, eu não trabalho mais lá.
— Deixou Eddie ganhar? — Eu disse.
— Eddie ganha muito. — Ela disse.
Achei essas informações preocupantes, considerando o
fato de que acho que o Eddie era muito parecido com Hank.
— O que é? — perguntei.
— Um clube de strip. Eu era garçonete lá.
— Legal! — Annette chorou.
Jet sorriu para Annette e sentamos na limusine
deslumbrada por um momento com seu sorriso.
— Minha irmã é uma stripper lá. — Jet continuou. — Ela
estreia amanhã à noite. Podem vir todos se quiser. Eu
consigo passes VIPs
— Açúcar! Isso seria excitante! — Daisy guinchou com
excitação e, em seguida, fez um olhar varrer ao redor de todos
nós.
— A irmã dela é Lottie Mac.
— Rainha do calendário Corvette? — Jason perguntou,
claramente intrigado.
— Sim, porra! — Daisy respondeu.
Olhei em torno deles. Era como se estivessem falando em
um idioma diferente.
— Você quer vir? — Jet me perguntou.
— Amaria. —respondi.
Ela agarrou minha mão e apertou, em seguida, deixou ir.
Através do aperto de mão senti algo passar entre ela e eu.
O aperto de mão não era sobre eu ir assistir a sua irmã fazer
strip; foi dela me dando força. Eu me lembrei de que só há
uma semana passou por um trauma como o meu. Ela quase
foi estuprada e o pai dela ainda estava no hospital. Ela
conhecia minha dor em muitas maneiras diferentes, a dela
era quase tão fresca.
— Vejo que você seguiu meu conselho sobre Hank. —
Disse Daisy, levando-me dos meus pensamentos.
Eu olhei para ela.
— Não, vou embora assim que encontrarem o Billy e tudo
isso acabar.
A limusine ficou num silêncio mortal.
— Repete? — Daisy disse em silêncio.
Eu suspirei e olhei pela janela. — Vocês não entendem.
— Tente. — Jason solicitou suavemente.
Suspirei novamente, desta vez, mais profundo e mais
alto. Expliquei minha filosofia Hank-merece-melhor-do-que-
eu. Depois que parei de falar, havia mais silêncio.
— Repete? — Daisy repetiu.
— Eu sabia que vocês não entenderiam. — Eu voltei.
— Eu entendo. — Disse Jet.
Olhei para ela.
— Hank não vê tons de cinza. — Ela continuou.
Eu pisquei para ela.
— O quê? — perguntei.
— Você acha que ele não vê tons de cinza. Você acha que
ele vê a preto e branco. Bom e mau. Crime e justiça. Ele não
vê a tons de cinza. Você é cinza. — Eu engoli.
Era exatamente isso.
— Jet, bando de açúcar, não acho que Roxie seja cinza.
— Daisy colocou suavemente.
— Ela é cinza. E você também. — Jet respondeu, apenas
mais suavemente.
Daisy estava silenciosa porque Daisy era definitivamente
cinza.
Senti minhas narinas começam a queimar, mordi meu
lábio e olhei pela janela. Eu estava tentando arduamente,
mas senti lágrimas vazarem aos lados dos meus olhos.
— Roxie, você é tão cinza quanto o maldito sol. Desculpe,
Jet, mas conheço Roxie há anos e ela não é nada cinza, —
disse Annette.
— Eu não estou dizendo que cinza é mau ou que Roxie é
cinza. Só que eu entendo como ela se sente e que ela acha
que Hank vai achar que ela é cinza.
— Ela não é cinza. — Annette repetiu.
— Eu sei, mas ela acha que Hank vai achar que ela é. —
Jet respondeu.
— Ela não é cinza, porra! — Annette estava ficando
irritada.
— Eu sei disso. — Jet estava ficando irritada também.
— Eu vou ter uma conversa com Hank. — Jason cortou e
eu poderia dizer pelo seu tom que ele ia ter mesmo, e em
breve.
— Não se atreva. — Eu disse a Jason, minha cabeça
girando com ele.
— Você está chorando, açúcar? — Daisy perguntou.
Eu balancei minha cabeça, mesmo que eu estivesse.
— Oh Deus, me desculpe. Só queria que você soubesse
que eu entendia. — Jet agarrou minha mão novamente.
Eu limpei minhas lágrimas com minha outra mão.
— Está tudo bem. Sei que você não quis dizer nada com
isso.
— Roxie, olha para mim, — Jet pediu.
Eu virei para ela e tentei dar-lhe um sorriso, mas era
fraco.
— Está tudo bem, — eu repeti.
— Eu não sou muito bonita, — ela disse de repente.
Eu pisquei para ela.
— Com licença? —perguntei.
— Pelo menos, isso é o que eu pensava, — ela continuou
como se eu não tivesse dito nada.
Como ela podia pensar isso? Ela era muito bonita.
— Você não se olha no espelho? — Eu perguntei, não
querendo ser uma puta, mas... Sério.
— Pensei que, uma vez que Eddie me salvasse, ele
perderia o interesse em mim porque ele é tão bonito e eu não
sou.
— Você é louca, — disse Annette.
Eu olhava para ela e sua mão apertou minha.
— Eddie salvou-me algum tempo atrás. — Ela sussurrou.
Eu senti minha garganta fechar.
— Jet... — Minha voz era quase inaudível.
— Hank vê cinza. Você pode pensar que não, ele pode
agir como se ele não visse, pode até dizer que não vê. Mas ele
vê. Eu prometo, — a voz dela era apenas tão baixa.
— Ainda vou embora, — eu disse.
Ela assentiu com a cabeça.
— Eu entendo isso também.
— Obrigada.
— Embora, você não vai embora. — Ela disse.
— Eu vou. — Eu disse de volta.
— Você acha que você vai, mas você não vai.
— Eu vou! — Eu disse, um pouco alto.
Ela apenas balançou a cabeça.
Eu olhei de relance entre Jet e Daisy. Eles estavam
ambas sorrindo para mim.
— As pessoas de Denver são doidas, — eu disse a
Annette e Jason.
— Eu sei. Você não ama isso? — Annette respondeu.
* * * * *
Estávamos na frente da linha para a trilha assombrada,
as portas para a trilha em frente de nós, cada lado da porta
com uma tocha flamejante. Um homem usando maquiagem
completa de vampiro e uma grande, capa preta com capuz
estava parado na frente da porta, olhando para nós,
completamente na personagem.
Estava escuro, estava frio e eu já estava com muito medo.
* * * * *
Tivemos problemas desde o início.
Em primeiro lugar, a casa assombrada era do lado de
fora no meio do nada, a noite estava escura; Só a névoa das
luzes de Denver poderia ser vista à distância. Isso assustou-
me totalmente.
Então a limusine da Daisy foi à sensação quando
paramos no estacionamento. Então Daisy foi à sensação
quando ela desceu da limusine. Não era a coisa de usar um
skintight, macacão com strass incrustado com botas de
plataforma de salto alto, para uma casa assombrada no meio
do país. As pessoas olham. Eles não sabiam se era Dolly
Parton, se ela era um cover de Dolly Parton, ou se ela era
alguma outra personagem importante. Alguém ainda se
aproximou dela e lhe pediu um autógrafo.
— Bem, você não é doce? — Daisy deu uma risada de
sininho e assinou o pedaço de papel e, antes de devolvê-lo ela
o beijou com seu batom rosa gelado.
Então, nós descobrimos que armas não eram permitidas.
Eles tentaram confiscar as armas de choque, não só, mas
também a arma de verdade que Carl usava no cinto.
Então, quando Carl mostrou seu distintivo - Carl também
era um agente da polícia - o grande cara que parecia ser o
chefe da segurança foi todo política contra ele. Carl colocou
um olhar duro no rosto, levou-o à parte e eles conversaram.
Carl voltou e disse que as piores seis palavras, para mim, no
momento, na língua inglesa.
— Estamos indo para o começo da fila.
Nós andamos na frente de todos para frente da fila.
Devido à nossa situação eles nos deram uma grande cabine.
Antes de deixar-nos entrar, estavam esperando mais
entre o povo na nossa frente e mantendo o povo atrás de nós
mais tempo.
Carl tinha explicado a minha arma de choque para mim.
Eu tinha enfiado na parte de trás das minhas cordas de baixo
do moletom de Hank. Não estava confortável lá, mas eu
descobri que gostava de tê-la lá, apesar de duvidar que ia
usá-la.
Indy, Ally, Daisy e Jet carregavam uma. Elas tinham
recebido apenas um aviso e sem dizer uma palavra, Jason
pegou a arma e deu uma olhada a Annette. Ela ficou
arrogante por um segundo e depois fingiu que não se
importava.
— Tudo certo, se juntem. — Ally ordenou.
Fomos todos para uma reunião.
— Todo mundo tem um parceiro? — Ela perguntou.
Indy vinculou o braço com o meu.
Olhei para ela e então meus olhos balançaram, em
pânico, para Carl.
Ele me deu um aceno - não se preocupe,- mas não acho
que ele entendeu.
Não me preocupava que bandidos atirariam em mim.
Ninguém no seu perfeito juízo iria me atacar aqui.
Havia centenas de pessoas em todo o lugar e segurança
muito rigorosa.
Não, eu estava preocupada que Indy tivesse um surto
comigo.
Não tive tempo para trocar de parceiros enquanto Ally
continuou falando.
— Aconteça o que acontecer, fique com seu parceiro.
Oh merda.
Merda, merda, merda.
— Todos nós juntos. Alguém te captura ou encurralado,
digamos pelo carrasco com capuz ou o cirurgião maluco,
sangrento, todos nós vamos voltar e salvá-los. Nunca deixe
um homem para trás. Entenderam?
Oh merda!
Merda, merda, merda!
— Entenderam? — Ela gritou.
Todos nós assentimos com a cabeça.
— Repitam!
Todos nós murmuramos:
— Nunca deixe um homem para trás.
Ela acenou para nós.
— Bom.
Então ela ligou os braços com Carl e disse para o
vampiro, — Estamos prontos.
A porta rangeu aberta e meu coração começou a bater
tão forte, eu podia sentir na minha garganta.
Annette e Jason foram parceiros, Daisy e Jet (com
guarda-costas de Daisy está atrás deles) também. Indy foi
comigo. Ally estava com Carl. Entramos nessa ordem.
Foi muito legal; assustador, mas legal. Obviamente eles
colocaram um grande esforço nisso. Grandes monstros com
maquiagem fantástica, bons adereços, cenário excelente,
misterioso, assustador e escuro e os monstros apareceram na
hora de dar-lhe um susto. Não foi tão ruim como eu pensava.
Indy e eu fomos apanhadas de surpresa algumas vezes,
gritamos, fomos levadas para frente, e ríamos pra caramba.
Daí, chegamos ao espaço aberto com a seção do carrasco
e o personagem balançando uma corda na mão, como um
laço percebendo imediatamente os gatos assustados no
bando. Ele se aproximou de mim e Indy e com uma voz
gutural sussurrou:
— Ooo, eu gosto dessas meninas.
Nós duas congelamos, ficamos paradas de pé e olhamos
para ele e então nós duas gritamos com os topos dos nossos
pulmões. Carl e Ally nos salvaram, nos empurrando para
frente na frente deles, Ally rindo demais.
Deixamos algumas cavernas assombradas e entramos em
uma zona aberta que era um labirinto de milho.
— Merda. — Eu disse, meu coração começando a correr
novamente.
Indy tinha meu braço enrolado com o dela e ela estava
olhando ao redor, sempre vigilante, tentando me preparar
para o próximo susto (um esforço desperdiçado, estas
pessoas sabiam o que estavam fazendo).
— O que? — Ela perguntou.
— Não gosto de milharais.
Ela parou e olhou para mim.
— Mas você é de Indiana, — disse ela.
Então, do nada, os milharais se mexeram e o homem
casca de milho saltou para fora em nós. Ele foi para nós com
as mãos feitas de cascas secas, assustadoras. Nós duas
saltamos pra trás em sincronia, gritamos como lunáticos
delirantes e, em seguida, Indy fugiu correndo, ao contrário,
arrastando-me com ela. Firmamos através de Carl e Ally, Ally
caindo de bunda. Indy estava gritando com o topo de seus
pulmões e eu comecei a rir tanto, não conseguia controlar.
Não só sobre Indy, mas Ally caindo de bunda. Eu estava
curvada por causa disso, correndo de dupla e tentando ao
mesmo puxar Indy de volta.
Um monstro nos pegou no retiro e saiu roncando, Indy e
eu paralisamos e então guinchamos como mulheres com
raiva, bem em seu rosto. Eu a virei, nossos braços ainda
juntos e voltamos pelo mesmo caminho.
Nós disparamos, ainda gritando, por Carl, que tinha nos
seguido, então por Ally que alcançou. Bati em Ally correndo e
ela caiu de bunda novamente no chão.
Eu estava rindo, olhando para trás, Indy arrastando-me
para frente e eu gritava ofegante.
— Desculpa!
Nós contornamos o homem de casca de milho e saímos
fora, rindo e gritando, até ao fim do labirinto de milho.
Paramos, dobramos, tentando pegar a nossa respiração,
segurando uma a outra, mas ainda rindo. Minhas costelas
doíam, só um pouquinho, mas não me importei. Não ria
assim há anos e não me lembrava da última vez que me
diverti tanto. Estávamos em campo aberto, na frente do nosso
grupo que já estava longe. Ally e Carl iriam nos alcançar, eu
estava certa.
Não poderia ter sido um ou talvez dois segundos mais
tarde antes de ouvirmos a motosserra.
E eu poderia dizer que não havia nada mais
aterrorizante, trilha assombrada falsa ou não, em seguida,
sendo em campo aberto, no escuro, no meio do nada e
ouvindo o som de uma motosserra.
Indy e eu olhamos uma pra outra e, em uníssono,
movemos nossas cabeças e olhamos por cima do ombro para
o homem da serra elétrica que estava vindo em nossa direção.
— Corra! — Eu gritei.
Nessa altura, era cada mulher por si mesma.
Indy e eu empurramos uma à outra. Ela foi para um
lado, eu fui para o outro. Estava vendo ela quando senti
meus pés baterem em algo macio. As bordas do campo foram
feitas de borracha de espuma. Eu ricochetei e caí de joelhos
rangendo minhas costelas, minha respiração ainda não
voltou, mas, no entanto, estava cantando como uma idiota.
Levantei-me e corri, pra caramba, em direção a Indy.
Ela tinha feito muito mais, mas então um monstro pulou
na frente dela. Ela foi lateralmente para evitá-lo, bateu em
outro remendo de borracha e caiu, e foi rolando para baixo,
direto para o monstro.
Ele tombou dela e parecia que eles começaram a lutar.
Indy estava fora de controle, gritando e lutando, metade-
apavorada, metade-rindo. O monstro foi prejudicado por uma
grande fantasia que era um monte de material desfiado. Eles
rapidamente se enrroscaram, uma enxurrada de braços,
pernas e fantasia.
Paralisei e dobrei de rir, segurando meu estômago, rindo
tanto que eu estava bastante certa de que ia fazer xixi nas
calças. Devia ter ajudado, mas não consegui. Era
simplesmente engraçado demais assistir Indy e o monstro
rolando no chão sujo assim.
Então fui abordada.
Caí, duro.
Eu estava atordoada e sem fôlego, a queda abalou
minhas costelas e doeu. Os braços eram fortes e não
brincavam. Eu não poderia imaginar que os monstros eram
autorizados a tocar-te, muito menos te derrubar.
Talvez nós estivéssemos com problemas por correr como
loucas por aí. Talvez nós estivéssemos sendo expulsas.
Esforcei-me, virei e focalizei no que eu vi.
Billy tinha-me.
Merda!
Eu gritei, não um grito risonho, um grito verdadeiro que
perfurou pela noite, com terror genuíno.
— Cala a boca, — ele se levantou, puxando-me com ele.
De maneira nenhuma.
De jeito nenhum.
Isso não ia acontecer de novo.
E enfim, ele tinha ferrado minhas chances com Hank. Eu
queria o Hank. Hank era a melhor coisa que já me aconteceu
em toda a minha vida fedida.
Foda-se, Billy.
Eu fui pra trás e dei um soco na cara dele.
Doeu a minha mão, tipo, muito, mas quando ele
cambaleou para trás, eu não hesitei.
Eu virei e corri.
Indy tinha se desembaraçado com o monstro, mas ele
estava rolando, ainda amarrado em seu traje. Indy estava em
suas mãos e joelhos, olhando para mim, cara pálida. Ela
tinha ouvido o meu grito.
Ela olhou para trás em direção onde estava o Billy.
Eu derrapei a uma parada ao lado dela.
— Billy! — Eu gritei, a pegando. — Vamos! — Corremos
juntas, de mãos dadas. Viramos em uma esquina, outra, em
outra cena com alguns fardos de feno.
Billy nos alcançou e fez outro voador. Nós todos
descemos e enrolado em fardos, Indy e eu lutando, chutando,
arranhando.
— Ei! O que está fazendo? — Um monstro apareceu e
arrancou o Billy da gente.
Billy girou ao redor e o acertou no nariz.
— Ei! — O monstro gritou novamente, mas foi abafado
enquanto as mãos dele foram para o nariz.
Indy não esperou, ela puxou-me e ouvi uma briga atrás
de nós, o monstro continuava com Billy.
Nós percorremos mais trilha, em linha reta por monstros
e entramos em uma casa. Billy nos alcançou até lá. Ele
puxou a Indy longe de mim, jogou ela de lado e ela saiu
voando. Ele me pegou, começando por algumas escadas
escuras, meio me carregando, meio me empurrando.
Quando estávamos na metade do caminho, Indy atacou-o
por trás. Ele levou o golpe do seu corpo batendo nele com
força, seu corpo empurrando para frente. Ele deixou-me e eu
caí nas escadas, minhas costas batendo contra a borda de
uma escada, meus cotovelos chocando contra um vampiro.
Billy girou ao redor e pegou Indy com o braço. Ela foi
para baixo nas escadas e eu a vi cair.
Levantei-me, arranhando Billy para contorná-lo para
Indy.
— Não! — Eu gritei.
Ele ficava me empurrando no andar de cima.
Nós entramos em uma cena no topo com luzes
estroboscópicas, uma mesa de cirurgia, sangue falso em
todos os lugares, falsas mãos e pés cortados pendurados no
teto em correntes e um homem vestindo um jaleco sangrento.
Ele veio até nós para nos assustar, mas parou quando eu
plantei meus pés e fui para Billy, pegando-o na barriga com
meu ombro e o mandei alastrando contra uma parede. Eu
puxei para trás e comecei a bater-lhe.
— Você... — Bati-lhe na cara. — Não... — Eu bati nele
com minha outra mão. — Vai... — Bati-lhe novamente, desta
vez, no corpo. — Machucar... — Eu bati nele de novo. —
Meus... — Dei um soco na mandíbula. — Amigos!
Eu estava selvagem.
Billy foi agachando para tentar se proteger dos meus
golpes.
O maldito cirurgião me arrancou.
— Que se dane... — Ele começou a dizer, mas não
terminou.
Carl veio subindo as escadas ao mesmo tempo em que o
chefe de segurança entrou na sala através da saída.
Billy os viu, saiu da parede, atravessou o maldito
cirurgião e a mim e foi-se embora, não voltando para as
escadas, não através da porta no final, mas ele se jogou pela
janela.
O maldito cirurgião correu para a janela, Carl e o cara da
segurança correram para a porta, eu corri para a Indy.
Ela estava no meio do caminho, subindo as escadas. Ally
estava com ela.
— Você está bem? — Perguntei quando cheguei nela.
— Tudo bem. — Respondeu Indy.
Eu parei, percebendo que meu corpo estava tremendo
completamente e eu estava lutando para recuperar o fôlego.
— Você está bem? — Eu perguntei, olhando para ela.
Ela me levou em seus braços.
— Querida, estou bem. — Eu continuei a tremer.
— Tem certeza que você está bem? — Eu perguntei,
lágrimas em minha voz, lágrimas queimando meus olhos,
lágrimas subindo pela minha garganta.
Braços do Ally veio ao redor de nós duas.
— Estou bem, perfeitamente bem, — Indy assegurou-me.
Eu continuei a tremer.
— Shh, garota. Você está segura, — sussurrou Ally.
As luzes acenderam e ficamos lá. Ouvimos passos e
depois os outros estavam lá. Annette entrou para o grupo, em
seguida, senti Jet entrar. Não sei como conseguimos, mas
conseguimos fazer um abraço coletivo nas escadas estreitas.
Todos, exceto Daisy e Jason.
— Deus, porra, caramba! — Ouvi Jason gritar.
— Pra que você serve! — Daisy gritou com seu guarda-
costas.
Eu ignorei-os e me segurei aos meus amigos, chorando e
tremendo.
* * * * *
Hank abriu a porta com uma mão, à outra segurando a
minha.
Shamus veio para nós, mas antes que ele pudesse fazer
seu cãozinho bem-vindo, Hank ordenou. — Fica!
Shamus derrapou, parou e sentou-se, sua cabeça de
cachorro balançando em confusão e para trás entre os dois
humanos.
Hank me puxou para dentro, trancou a porta e me levou
até a cozinha. Só então ele deixou cair a minha mão.
Ele foi para o interruptor de luz.
Eu fui ao congelador.
Peguei uma toalha e coloquei gelo e depois coloquei na
minha mão.
Depois ele acendeu a luz, Hank tirou o casaco e jogou-o
sobre uma cadeira da sala de jantar, deu a Shamus um
carinho na cabeça e depois foi para mim. Ele parou perto, em
seguida, a mão veio e tirou alguma coisa do meu cabelo. Ele
desceu e havia um pedaço de palha entre os dedos.
— Lutar nos fardos de feno, — eu disse, olhando o
pedaço de palha.
Quando olhei para Hank, sua boca estava apertada.
Billy escapou. Não foi difícil. Foi um pandemônio;
pessoas em todos os lugares, ficando ao redor e sem saber o
que estava acontecendo como as luzes tinham vindo acima.
Ele facilmente tinha escapado.
Eles fecharam mais cedo e a polícia chegou. Eu conversei
com as pessoas que cuidavam da casa mal assombrada,
inclusive o cara que era chefe de segurança. Carl já tinha
contado minha história e eles foram gentis e compreensivos.
Estava perto de fechar de qualquer maneira, eles me
prometeram que não tinha problema. Eles pareciam mais
preocupados do que qualquer coisa. O monstro que foi
atingido no nariz ficou apenas com o nariz sangrando e não
quebrado.
Malcolm e o Detetive Marker reuniram-se e chegaram
rapidamente, usando uma luz de Kojak19.
Malcolm caminhou até mim, beijou do lado da minha
cabeça, em seguida, pôs o braço na minha cintura e não
soltou. Quando Hank chegou, eu estava encostada nele.
Hank veio até nós interrompendo nossa conversa, me
afastou de seu pai, me virou em seus braços e me abraçou,
forte.
— Como estão as costelas? — Ele perguntou.
19
Concordei que elas estavam bem, mas não respondi
verbalmente. Eu estava perdida em seus braços, levando o
que podia, envolvendo os meus próprios em torno dele.
O resto da entrevista continuou com braços de Hank em
torno de mim e minha bochecha descansando contra seu
ombro.
Lee e Eddie apareceram simultaneamente. Havia um
monte de olhares significativos com brilhantes olhos
zangados entre os homens.
Indy voltou para casa com Lee, Jet com Eddie, Ally voltou
com Carl. Dei abraços em Indy, Jet e Ally antes de irem.
Daisy voltou com Annette e Jason. Hank e eu fomos com
eles até a limusine. As pessoas estavam ao redor, olharam
para Daisy como se fosse uma estrela de rock desconhecida,
provavelmente pensando equivocadamente que o alarido e
confusão foram por causa dela. Dei-lhe mais abraços e eles
partiram. Daisy e Jason ainda pareciam irritados.
Annette parecia preocupada.
Hank me colocou em seu 4Runner e fomos para casa sem
dizer uma palavra entre nós, nos perdemos em nossos
pensamentos.
Lá, na cozinha, olhei para Hank.
— Ele poderia ter machucado Indy. — Eu disse.
— Sim, mas ele não machucou. — Respondeu Hank.
— Ele poderia ter...
— Não.
— Hank...
— Deixe-me dizer algo sobre Indy.
Eu fechei os olhos e olhei para outro lugar.
— Olhe para mim, luz do sol.
Abri e olhei para trás.
— Você disse que preferia morrer, e iria com ele, antes de
você deixar alguém se machucar. Lembra-se disso? — Hank
perguntou.
Assenti.
— Não há nenhuma maneira que India Savage deixaria
isso acontecer.
— Eu mal a conheço, — eu sussurrei.
— Você está errada sobre isso, — os braços dele
deslizaram ao meu redor. — Você a conhece, porque ela é
igual a você, — ele disse.
Essa foi uma das coisas mais bonitas que alguém alguma
vez me disse.
Lágrimas encheram meus olhos.
— Whisky, — minha voz quebrou no nome dele e enfiei
meu rosto em seu peito. Larguei o gelo no chão e agarrei na
sua camisa, em ambos os lados do meu rosto.
Então me bateu e bateu-me difícil. Eu me afastei, fora de
seus braços e pisei o pé.
— Aquele idiota desgraçado! — Eu gritei.
Shamus latiu.
Meus olhos viraram-se para o cão. Ele estava parado na
borda dos armários, seu corpo tenso, olhando para mim.
— Desculpe Shamus. — Eu disse.
Em seu nome, seu rabo começou a abanar e ele veio e
pressionou contra mim. Eu me inclinei para dar-lhe um
carinho e peguei o gelo. Joguei na pia e continuei esfregando
o corpo do Shamus, mas olhei para Hank.
— Eu vou matar aquele filho da puta. — Anunciei.
Hank olhou para mim.
— Ele empurrou Indy escada abaixo. — Eu continuei.
— Roxie, acalme-se.
— Não vou me acalmar. Eu vou caçar aquele bastardo e
assassiná-lo.
— Merda. — Hank balançou desequilibrado, os olhos dele
foram para o teto, as mãos dele foram para seus quadris.
— O quê? — Eu perguntei.
— Nada.
— O quê? — Eu perguntei, mais alto.
Os olhos dele voltaram para mim.
— Você não vai caçar ninguém.
— Bem... Não. — Eu disse, olhando para ele como se ele
fosse louco. — Eu estava apenas dizendo isso porque eu
estou louca como o inferno. Eu não saberia começar a caçá-
lo.
— Deixe-me lidar com isso. — Ele disse.
— Está bem.
— Sério.
Endireitei-me de esfregar o corpo de Shamus e Shamus
sentou em meus pés.
— Eu disse tudo bem.
— Se a Indy vier com alguma ideia brilhante, você diz que
eu estou lidando com isso.
— Tudo bem. — Eu disse.
— Jet, Daisy, a porra da minha irmã, vem a você com
grandes esquemas, você diz à elas que estou lidando com
isso.
— Ok, —repeti, minhas sobrancelhas ficando juntas,
pensando que talvez ele tivesse ficado um pouco louco.
— Whisky, você está bem?
— Eu sei como funcionam essas mulheres. Você quer se
vingar de Flynn, você está com raiva e elas vão convencer
você.
— Hank, eu disse que não ia...
— Não vai nem parecer assim. Elas vão fazer parecer que
é ideia sua.
— Whisky.
— Tex também.
Deus do céu.
— Hank, eu disse que tudo... Bem.
— Prometa-me!
Meu Deus!
— Hank!
— Apenas prometa, luz do sol.
Eu suspirei. Ele tinha ficado louco.
— Ok, eu prometo.
Ele olhou para mim um segundo e respirou
profundamente. Então, os dedos dele deslizaram em meu
cabelo em ambos os lados da minha cabeça, e ele me fez
tremer um pouco. Pedaços de palha saíram, não muito,
quatro ou cinco e os assisti flutuar para baixo.
— Desculpa-me. — Eu sussurrei enquanto observava a
palha parar no seu chão de azulejos.
Ele usou as mãos na minha cabeça para incliná-la para
enfrentá-lo.
— Não quero ouvir você dizer que lamenta novamente. —
Ele não disse isto de forma agradável ou doce. Disse com
raiva.
Eu engoli a seco e encarei.
Então eu disse:
— Hank?
As mãos dele foram para os lados do meu pescoço.
— Você não é a causa disso, Flynn é. Entendeu?
Assenti
— Não estou com raiva de você. Estou apenas com raiva,
— ele disse.
— Tudo bem, — eu disse, tipo, pela bilionésima vez nos
últimos cinco minutos.
Ele mudou para outro assunto e eu tinha que admitir,
fiquei aliviada.
— Como está sua mão?
— Dói-me pra caramba. — Disse-lhe.
Assisti a sua raiva deslizar fora e ele sorriu para mim. Eu
sorri de volta. Vivemos um momento de felicidade com a ideia
de eu ter me defendido sozinha, mesmo que um pouco, com
Billy. Seus braços vieram em torno de mim e puxaram-me
para ele, as mãos descendo em minhas costas, encaixando
meu corpo no dele.
Shamus recuou entre nós e foi pra sua cama de
cachorrinho na frente da TV. Ele era um cachorro inteligente;
aprendendo rapidamente a brecha entre Hank e eu.
— Como estão as coisas? — Hank perguntou, sua voz
tinha mudado, soando um pouco rouca.
Não preciso perguntar o que ele quis dizer; suas mãos e
tom estavam falando.
Eu inclinei a cabeça para trás para olhar para ele e
deslizei meus braços ao redor de sua cintura.
— Estou bem.
— Você me deve. — Ele disse.
Eu pisquei para ele e então me lembrei.
— Oh. Sim.
Ele me deu um beijo leve.
— Vamos te levar para um banho quente, um pouco de
ibuprofeno e vamos para a cama.
Assenti.
— Então você pode apagar meu dia. — Disse-me, me
virando e me aconchegando ao lado dele, o braço ao redor de
meus ombros.
Começamos a caminhar para o quarto.
— Talvez você deva apagar minha noite. — Eu disse.
— Não, eu estou pensando que você deve apagar o meu
dia.
— A minha noite foi pior do que o seu dia. — Eu disse.
— Eu tive um dia cheio de merda, você só teve uma noite
de merda. — Isso era verdade.
— Ok, eu vou apagar o seu dia. — Eu disse.
Ele apagou as luzes e nós saímos da cozinha.
Capítulo 18
Casamento tangerina e chocolate
Eu estava deitada sobre a minha barriga, meus braços ao
redor de um travesseiro, dormindo, quando senti o lençol
deslizar nas minhas costas, em baixo, mais baixo, mais
baixo, para vir descansar no topo do meu traseiro.
Torci minha cabeça ao redor sonolenta e olhei para a
sombra de Hank no escuro.
— Whisky? — Chamei, ainda grogue.
— Calma, querida. Eu quero ver uma coisa. — Então a
luz acendeu.
Eu pisquei para ele. Estava sentado na borda da cama,
vestindo um par de jeans e nada mais. Seus olhos estavam
nas minhas costas.
— Esse é novo, — ele murmurou para as minhas costas.
Olhei por cima do meu ombro. Não consegui ver muita
coisa.
— O que é? — Eu perguntei.
A mão dele apareceu e seu dedo traçou algo que corria
pela parte inferior das minhas costas. — Você estava
andando como se estivesse frágil ontem à noite. Agora eu sei
por que. A marca ainda não tinha aparecido, mas agora você
tem outro machucado.
— Oh. — Eu virei, me aconcheguei de volta no travesseiro
e expliquei: — Billy me largou quando Indy saltou sobre ele
na escada. Eu aterrissei estranho.
Fechei os olhos pensando que era isso e decidindo
descansar um pouco mais.
Hank tinha pensamentos diferentes.
Ele pegou-me pela cintura, moveu-me suavemente e
então me deslizou sobre a cama, puxando-me na posição
vertical. Eu estava sentada, de frente para ele, o lado do meu
quadril contra o dele.
Eu trouxe o lençol comigo e puxei para cima para cobrir
meus seios.
— O quê? — Eu perguntei quando o olhei.
— Não se acostume com essa merda. Esta não é a sua
vida. Quando isto acabar você voltará ao normal. — Ele
respondeu.
Eu o encarei e senti meu estômago revirar. Era hora de
começar a mostrar o que ele não estaria perdendo quando eu
fosse embora.
— Hank, —disse calmamente. — Não tenho um 'normal'.
Eu estive com Billy por sete anos.
Eu pensei que ele iria olhar para mim com aversão,
horror ou no mínimo, choque. Em vez disso, envolveu minha
nuca em sua mão, inclinou para baixo e beijou minha testa.
Então, me largou e olhou-me nos olhos.
— Sendo assim, vou te mostrar o normal.
Eu parei de respirar.
Hank não notou.
Ele se levantou e foi até sua cômoda.
— Odeio dizer isso Luz do Sol, mas não posso te deixar
em casa, então você terá que passear comigo e com o
Shamus. Se vista, temos que fazer isto. Um dos casos em que
estou trabalhando está esquentando e preciso ir até a
delegacia. — Então, ele caminhou até o banheiro, como se
não tivesse acabado de balançar o meu mundo.
Desviei o olhar dele.
Eu ainda não estava respirando.
— Você pode decidir hoje. — Hank bradou do banheiro.
— Fortnum’s ou o escritório do Lee. Ambos são seguros, mas
você não pode partir de qualquer um deles.
Então eu ouvi um barbeador elétrico.
Soltei a minha respiração. Shamus caminhou, sentou-se
ao lado da cama e me encarou com a língua para fora
parecendo como se estivesse sorrindo.
Agarrei sua cabeça, beijei o topo dela e a esfreguei. Ele se
inclinou e lambeu minha bochecha.
Hank saiu do banheiro, ainda fazendo a barba, e olhou
para mim e Shamus.
— Luz do Sol. — Ele disse, sua voz baixa com aviso, me
dizendo para ir.
— Tudo bem, tudo bem! Eu vou me vestir. — soei
arrogante.
Eu iria pensar mais tarde em sua completa falta de
reação a minha horrenda admissão. Eu tinha uma decisão a
tomar. A loucura da Fortnum’s e o que poderia acontecer lá
enquanto os rapazes do Lee assistiam ou os escritórios do
Lee, implicando em Dawn Vigarista, o quarto aborrecido e
Diablo, o que seria como oito horas da minha vida sugadas
para sempre.
Eu puxei o lençol comigo quando me levantei e o envolvi
em torno de mim em uma toga volumosa. Então eu pisei, com
um pouco de atitude (só para fazer um ponto, mesmo que
não houvesse um ponto real a ser feito), fora do quarto para o
outro banheiro.
Shamus me seguiu.
O que eu não sabia era que os olhos de Hank também me
seguiram.
E outra coisa que eu não sabia, ele estava sorrindo.
* * * * *
Eu escolhi a Fortnum’s e me arrependi no minuto em que
passei pela porta.
— Venha aqui! — Tex trovejou para mim.
— Merda. —murmurei.
A mão de Hank deslizou sob a minha cintura e seus
dedos me apertaram de forma tranquilizadora.
— O quê? — Eu vociferei para o Tio Tex.
— Você sabe o que. As pessoas estão atirando em você.
Uma semana atrás, você foi raptada! O que está acontecendo
na merda da sua cabeça? — Tex gritou.
Havia mais de uma dúzia de pessoas na fila esperando
para tomar um café ou sentadas nos sofás e cadeiras. Duke
estava atrás do balcão de café expresso, assim como Jet.
Jane estava no balcão de livro.
Todos eles começaram a encarar.
— Não foi minha culpa! — retruquei.
— Não foi sua... Não a sua maldita... — Tex resmungou.
— Você não tem nada que ver com uma maldita casa mal
assombrada, quando há lunáticos perseguindo você. Vou
ligar para a sua mãe!
Meu corpo ficou paralisado. Todos os olhos se viraram
para mim.
— Não se atreva a ligar para a minha mãe! — Eu gritei.
Todos os olhos se voltaram para Tex.
— Eu ligarei para Trish. Não! — A voz de Tex explodiu
através do aposento quando abri minha boca para falar. —
Feche a matraca. Não quero ouvi-la.
Houve um suspiro coletivo e todos os olhares se voltaram
para mim.
Meus olhos se estreitaram e me inclinei para frente.
Agora os dedos de Hank estavam apertando a minha cintura,
não para me dar firmeza, mas para me impedir de avançar no
tio Tex.
— Você não acabou de pedir para eu calar a boca! —
gritei.
Os olhos giraram para Tex.
— Você me ouviu bem, garota. — Tex trovejou.
Eu me virei para Hank.
— Leve-me ao escritório do Lee. — Eu exigi.
— Não faça isso, Nightingale. Quero-a aqui para que eu
possa ficar de olho nela. — Rugiu Tex.
Hank estava sorrindo.
— Estou pensando que não tenho que me preocupar com
Tex lhe dando alguma ideia louca. — Hank observou.
Fiz uma careta para ele.
Ele deu um beijo suave na minha boca ainda com a
careta e começou a se retirar.
— Não espere que eu apague seu dia hoje à noite! —
Gritei para suas costas.
Ele se virou na porta e piscou para mim.
Então ele se foi.
Virei para a mulher mais próxima de mim e disse, a
exasperação escorrendo da minha voz.
— Homens!
Ela estava me encarando.
— As pessoas estão realmente atirando em você?
Olhei para ela.
— Bem... Sim. — Eu admiti.
— Querida, — foi tudo o que ela disse com um menear de
cabeça, aquela única palavra guardando um grande
significado, e então ela voltou para a fila.
* * * * *
Annette, Jason e Daisy apareceram duas horas mais
tarde.
Eu estava sentada num sofá, cuidando do meu segundo
copo de café.
Tio Tex estava experimentando comigo. O primeiro foi um
mocha de amêndoa com canela polvilhada sobre a borra de
café antes de chegar ao ponto de fermentar. Este aqui tinha
sabor de cookies com uma pitada de baunilha. Ambos
estavam divinos.
— Aquele espaço do outro lado da rua é muito bom. —
Anunciou Annette, atirando-se no sofá perto de mim. — Nós
fizemos um requerimento. Estou, tipo, animada.
Ela virou-se para Tex e gritou, — Americano, grande
homem!
— Entendi! — Tex rugiu de volta, fez uma cara feia para
mim, aparentemente não havia acabado ainda, e então
começou a bater na máquina de expresso.
Daisy sentou-se de frente para nós, enquanto Jason foi
para o balcão de café.
— Há um espaço para alugar no final da rua. Estou
pensando em abrir um salão de beleza, como em Steel
Magnolias, só que não em uma garagem. Tenho que
encontrar algo para fazer com o meu tempo. Pensei em fazer
trabalho de caridade, mas estou organizando esta festa de
angariação de fundos e as mulheres na minha comissão são
insuportáveis. Elas não saberiam o que é diversão nem se
alguém lhes batesse na cabeça com isso, e acredite, já pensei
em fazer isso.
Eu acreditei nela. Também acreditei que ela poderia ser
movida a fazê-lo.
Jet veio e se sentou com a gente.
— Isso é legal. — Annette disse para Daisy depois de
sorrir para Jet. — Eu deixaria você fazer o meu cabelo.
Jet olhou para mim com grandes olhos assustados e deu
um firme sacudir de cabeça, que dizia claramente, - não, não,
não.
Não tive tempo de reagir antes que Daisy começasse a
falar.
— Oh querida, você não é um doce? — Então ela deu
uma risada tilintante.
O sino da porta tocou e nossos olhos se viraram para ver
quem chegava.
Luke estava ali. Ele havia mudado algumas nuances em
sua aparência geral. Continuava tudo preto, sua camiseta
apertada, só que desta vez com mangas compridas. Ao invés
de simples botas pretas, ele usava botas pretas de
motociclista e ao invés de calças cargo ele usava jeans. Como
uma boa fashionista, apreciei a sutileza de que ainda
conseguia causar uma boa impressão. Como mulher, eu
apenas o apreciei.
— Meu Deus, acho que acabei de molhar minha calça. —
Annette sussurrou, olhando para Luke.
Os olhos de Luke focalizaram em mim. Ele levantou a
mão e sinalizou com o dedo.
— Eu estava errada sobre antes. Agora, eu
definitivamente molhei minha calça. — Annette respirou.
Levantei e caminhei até Luke.
Ele colocou a mão na parte inferior das minhas costas e
me conduziu para diante dos livros.
Nós viramos à direita, na sessão de biografia, e paramos.
— Tem planos para esta noite? — Ele perguntou.
Eu pisquei para ele.
— Vou para um clube de strip. — Respondi.
Seus olhos brilharam, momentaneamente mostrando sua
surpresa.
Então ele me deu um dos seus meio-sorrisos sensuais.
Meu coração parou de bater por um segundo.
— Por quê? — Eu perguntei.
— Eu sou o seu encontro. — Ele respondeu.
Meu coração parou de bater por cinco segundos.
Então eu respirei. — Como é?
— Você não está na câmera, você está comigo, — ele
disse.
— Como é? — Eu repeti.
— Hank ligou. O caso dele está explodindo. Ele está
ocupado. Fui designado para você.
Pisquei os olhos, duas vezes.
— Como é? — Eu disse mais uma vez.
O sorriso largo apareceu inteiramente e ele se aproximou
de mim.
— Sou seu guarda-costas.
Caramba.
— Você não sai da Fortnum’s a menos que esteja comigo.
— Ele disse.
Caramba, caramba, caramba!
Eu debati por um segundo e então decidi não lutar
contra isso.
Eu não ganharia de qualquer maneira.
Primeiro de tudo, Deus sabia que eu precisava de um
guarda-costas. Segundo, Hank obviamente armou isto. Por
último, de jeito nenhum, no inferno, eu ia bater de frente com
Luke.
Então, eu disse:
— Está bem.
— Fora desta loja você não faz nada a menos que possa
me ver.
— Está bem.
— Você não irá a qualquer lugar a menos que eu esteja
perto suficiente para tocar você.
Eu engoli diante qualquer pensamento de tocá-lo.
— Tudo bem, —disse, mas soei meio estrangulada.
— Estamos entendidos? — Ele perguntou.
Eu concordei com a cabeça.
— Roxie, me escute.
Olhei para ele. Se eu escutasse melhor meus ouvidos
começariam a sangrar.
— Eu sei que você é a mulher do Hank e não dou à
mínima. Também sei das histórias das duas que vieram antes
de você, Indy e Jet. Você brinca, faz algo estúpido, coloca o
meu na reta, e terá que responder a mim. Entendeu?
Concordei novamente. Eu definitivamente havia
entendido.
— Você não quer responder a mim. — Ele avisou.
Eu suspeitei que ele estivesse certo, mas tive que
perguntar, por curiosidade.
— O que... — Limpei minha garganta. — Responder a
você implicaria... Exatamente?
— Você não quer saber. — Ele respondeu.
Eu assenti com a cabeça e decidi que não.
Ele se aproximou e seus olhos índigo ficaram estranhos.
— Eu nunca levantaria a mão para uma mulher. — Ele
me assegurou.
Eu assenti com a cabeça novamente e soltei a respiração
que estava segurando.
— Portanto, teria que ser criativo. — Finalizou.
Deus do céu.
— Eu prometo ser adequada, — eu disse rapidamente.
— Mais uma coisa.
Merda.
— Sim? —perguntei, apesar de realmente não querer
saber.
— Para que conste, eu gosto do Hank. — Ele disse.
— Hum... —murmurei, sem saber onde ele estava
querendo chegar com isso e ainda assim sem querer saber. —
Fico feliz em ouvir isso.
— Se as coisas não funcionarem com você e Hank... —
Eu esperei enquanto ele fez uma pausa, meus olhos
arregalados, meus lábios separados, meu coração batendo.
— Você pode apagar o meu dia.
Ah... Meu... Deus.
Ele sorriu para mim de uma forma que eu não sabia se
ele estava falando sério ou brincando comigo. Então, saiu de
perto de mim, mas levantou a mão e tocou a ponta do meu
nariz com o dedo. Eu pisquei novamente, chocada por suas
palavras, chocada com seu toque, chocada em como era
suave e doce. Não combinava com sua atitude de fodão.
Então ele se foi.
Eu tropecei para fora das estantes como um moribundo
em um deserto tropeçaria em um oásis.
— Você está bem? — Annette perguntou do outro lado da
sala.
— Não. — Eu disse.
— Molhou suas calças? — Ela perguntou.
Os olhos de dois clientes no balcão de café expresso,
ambos do sexo masculino, fitaram-me com ávida curiosidade.
— Acho que não. — Respondi.
— Oh, você saberia, — respondeu Annette.
Caminhei de forma desajeitada e desabei no sofá.
— O que eu te disse sobre esse lugar? — Um cliente
havia virado para o outro, obviamente eram amigos. Ambos
olhavam para Annette, Daisy, Jet e eu sentadas nos sofás.
— Eu nem gosto de café e decidi que sou um cliente, —
disse o outro.
— Eu não faço chá! — Tex trovejou ameaçador para ele e
ele se sobressaltou.
Eu fechei meus olhos tentando pensar positivamente.
Pelo menos o dia de Monty não ia ser chato. Ao invés de me
sentir mortificada, pensei nisto como uma recompensa aos
homens de Lee por todas as dores de cabeça que tenho dado
a eles.
— Espero que estejam se divertindo! — Gritei para o
aposento.
Na minha cabeça, os ouvi rindo.
O que eu não sabia, era que em um conjunto de
escritórios na baixa Downtown Denver, eles estavam rindo.
* * * * *
Daisy saiu e comprou a todos nós sanduíches de bagel
para o almoço. Daisy, Annette e Jason decidiram passar o dia
comigo na Fortnum’s para que eu não ficasse entediada.
Nós passamos o começo da tarde ajudando Jane com
caixas e mais caixas de livros. Passamos o final da tarde no
balcão de expresso, enquanto Tio Tex nos ensinou como
preparar bebidas de café. Não era nenhuma ciência
complicada, mas Tio Tex era um sargento e Daisy continuou
a tagarelar sobre tudo que é assunto e acabamos com
excesso de espuma no leite.
Depois de aprendermos como preparar café, Lee e Indy
chegaram.
Indy sorriu para mim, mas eu podia dizer que havia algo
errado.
Meu primeiro pensamento foi Hank.
Meu coração apertou e meus olhos voaram para Lee.
Hank era seu irmão e eles eram próximos. Se algo houvesse
acontecido com Hank, no cumprimento de seu dever ou por
minha causa, eu seria capaz de saber ao olhar para Lee.
Pelo menos eu pensava assim, mas a expressão de Lee
estava fechada firmemente.
Senti como se alguém houvesse colocado a mão na minha
garganta e apertado.
Eles chegaram até o balcão de café expresso e Lee olhou
pra mim.
— Posso falar com você, por favor? — Ele perguntou.
Eu engoli, assenti com a cabeça e caminhei para fora do
balcão de café expresso. Ele se sentou no sofá e colocou a
sola da bota na borda da mesa. Sentei-me com as pernas
cruzadas, lateralmente no sofá, de frente para ele.
Observei sua postura. Ele estava sentado exatamente da
mesma maneira que Hank quando coloquei os olhos nele pela
primeira vez.
Antes de poder me conter, eu disse.
— Você é exatamente como o seu irmão.
— Desculpe? — Ele perguntou.
— Nada.
Lee me observou de perto e eu poderia jurar que ele
estava lendo minha mente. Finalmente, murmurou.
— Inferno do caralho. — Seu olhar ainda estava sobre
mim.
— O quê? —perguntei.
Seus olhos enrugaram.
— Eu gosto disso, — disse Lee, mais para si mesmo,
obviamente satisfeito com alguma coisa, satisfeito e divertido.
— Hank está bem? — Ignorei o que ele disse e perguntei
o que considerava ser o assunto em questão.
Os olhos de Lee focaram em mim novamente.
— Sim. Por quê?
— Você parecia sério quando entrou. Eu estava, hum,
preocupada.
Os cantos dos lábios de Lee se curvaram ligeiramente.
— Ele está bem, ocupado. Ele queria que eu viesse falar
com você.
Eu balancei a cabeça.
— O que é que você gosta? — Eu perguntei, voltando
para o que ele disse anteriormente.
— Desculpe? — Ele repetiu.
— Você disse, 'Eu gosto disso'. O que é que você gosta?
Ele não hesitou, mas disse, diretamente.
— Você está apaixonada por Hank.
Meus olhos saltaram da minha cabeça.
— O quê? — Minha voz era alta e não parecia ser a
minha.
Ele se inclinou para mim. — Isso é bom, Roxie.
Eu não tinha certeza, mas pensei ter começado a ofegar.
Lee continuou.
— Hank namorou uma garota, no colegial, ela era doce,
mas chata como o inferno. As mulheres de Hank sempre
foram entediantes. Você... — Ele fez uma pausa. — Não é
entediante.
Deus do céu.
Primeiro, eu não tinha certeza de querer pensar sobre as
mulheres de Hank. Segundo, bem, o segundo era evidente.
— Por favor, não vamos falar sobre isso. —implorei.
Lee me observou um pouco mais e concordou, mas ele
enrugou os olhos outra vez.
Em seguida, seu rosto ficou sério.
— Nós temos informações. — Merda.
Talvez eu quisesse falar um pouco mais sobre estar
apaixonada por Hank e não ser entediante, o que quer que
isso significasse.
— O quê? — Eu perguntei, apesar disso.
— Você conhece um homem chamado Desmond Harper?
— Ele perguntou.
Eu balancei minha cabeça negativamente.
— Peixe grande em Chicago. Principalmente drogas.
Flynn era apenas uma engrenagem em seu esquema. Flynn
roubou dele, coisa grande. Harper não está feliz.
— Merda. — Eu sussurrei.
— Ele quer seu dinheiro de volta.
— Quanto?
— Meio milhão.
— Porra! — Eu gritei e todos no balcão expresso olharam
para nós. — Metade de um milhão de dólares?
Lee deixou cair seus pés e se virou para mim.
— Roxie, fique calma.
— Metade de um milhão de dólares e ele me comprou
folhados de queijo e me levou naquela porcaria de motel? Eu
vou matar aquele filho da puta! — Eu gritei.
— Roxie...
Bati meus punhos em meus joelhos.
— O mínimo que ele poderia ter feito era ter amarrado
meus pulsos com corda de veludo. Ele certamente poderia ter
pagado por isso. Idiota estúpido.
— Roxie...
— Você sabe...? — Interrompi em certo tom de conversa,
bem, mais como um tom de conversa maluco, mas ainda
assim. — Ele nunca pagou um aluguel. Nunca comprou
comida. Que idiota!
— Roxie-
— O que? Ele estava vendendo drogas? — Eu perguntei.
— Eu não sei, — respondeu Lee. — Ouça-me, Roxie-
Eu divagava.
— Provavelmente. Provavelmente para crianças. Como eu
pude ser tão cega?
— Por favor, me ouça.
— Eu sou uma idiota. Eu sou uma idiota dez vezes.
Deus, eu poderia morrer. — Então eu capitulei porque o
último comentário estava perigosamente perto da verdade
naqueles dias. — Não morrer-morrer, como em morrer e
parar de respirar, mas morrer no sentido figurado, se você
entende o que quero dizer.
Lee estava sorrindo.
— O quê? — Eu perguntei como se não tivesse acabado
de fazer um longo discurso sem pausa.
— Definitivamente não é entediante.
Eu fiz um ruído que soava como “harrumph”.
Lee aproveitou a oportunidade.
— Eu tenho boas notícias.
Concordei com a cabeça. Eu queria muito ouvir boas
notícias.
— Marcus marcou um encontro com Harper. Ele voou até
Chicago ontem à noite e falou com ele esta manhã. Harper
agora sabe que você não está envolvida. Não só isso, Marcus
o alertou. Ele está lhe dando proteção, não importa se você
ou Hank a quer, agora você a tem.
Eu inspirei profundamente e então soltei o ar. Talvez
Marcus fosse cinza também.
— Agora eu tenho uma má notícia. — Disse Lee.
Eu fiquei tensa. Eu realmente não queria ouvir más
notícias.
— Vance e Mace tem ido ao vento.
— Como é? — Eu perguntei.
— Após a perseguição de carro Vance disse que iria a
campo na esperança de descobrir o que diabos estava
acontecendo com você. Eu escalei Mace para acompanhá-lo.
Eles estiveram rastreando e ouvindo. Preliminarmente, a
missão era descobrir o máximo de informações possíveis e
desentocar Flynn ou qualquer outra pessoa que veio à cidade
procurando por você. Eles descobriram sobre Desmond
Harper quase ao mesmo tempo em que a polícia.
Eu assenti.
— Flynn tem deixado Harper insatisfeito já há algum
tempo. Agora Harper não está infeliz, ele está com raiva.
Quando seus rapazes foram presos, outra coisa do qual ele
não ficou satisfeito, ele atribuiu mais dois para ir atrás de
Flynn.
Eu assenti outra vez.
— E Flynn está atrás de você.
Eu pisquei e em seguida perguntei.
— E?
— Eles acham que pegarão Flynn quando ele vier atrás
de você novamente. Não importa o aviso de Marcus, Harper
não irá retroceder. Você pode ser apanhada no fogo cruzado.
— Não, — eu sussurrei.
— Não se preocupe. Você está protegida. Luke foi
atribuído a você. Vance ainda está lá tentando encontrar
Flynn. Ele é bom, Roxie, muito bom. Por causa disso, eu
escalei Mace.
Eu comecei a entrar em pânico. — Lee, eu preciso ir. Eu
preciso sair daqui, não posso pedir para você-
— Se você for, irei atrás de você pessoalmente.
Minha respiração parou diante seu tom. Não havia
nenhuma dúvida de que falava a verdade.
— Mas isto é muita coisa, você está fazendo muito, —
argumentei.
— É um assunto de família.
Olhei para ele. — Eu não sou família.
Ele me deu uma olhada.
Então seus olhos, marrom escuro, aqueceram-se como
chocolate derretido. Eu o observei, hipnotizada, e ele
estendeu a mão e divertidamente puxou uma mecha do meu
cabelo. Ele se levantou, caminhou até Indy, colocou um braço
ao redor dela e beijou seus lábios virados para cima. Ele falou
suavemente com ela por um segundo, e então se foi.
— Acho que encerramos a conversa. — Eu disse a Indy
quando ela se sentou do meu lado.
Ela pôs a mão na minha perna.
— Bem-vinda à família, — ela disse com uma voz
provocante.
Meu Deus.
Não havia nada que perturbasse esses caras, nenhum
deles.
— Você está bem depois da noite passada? — Eu
perguntei.
— Sim. Você?
— Sim. Acho que o Lee não está com raiva de mim por
colocá-la em perigo. — Eu disse.
— Você não me colocou em perigo de forma alguma, Lee
gosta de você. Ele disse que Vance contou que você foi uma
rocha quando a encontrou. Outras mulheres teriam... — Ela
parou. — Vamos apenas dizer que você os impressionou.
Eu olhei para ela, perplexa.
— Quer um café? — Ela perguntou.
— Quero uma bebida. — Eu respondi.
— Whisky? — Ela provocou.
Eu bati em seu braço de brincadeira. Ela levantou para
pegar um café e eu fiquei sentada olhando a ir, sem
realmente conseguir acalmar a agradável sensação que me
assaltava.
* * * * *
Estava quase na hora de fechar quando minha bolsa
tocou.
Eu estava sentada atrás do balcão de livro com Duke.
Peguei meu telefone, o abri e coloquei no ouvido.
— Alô?
— Hey, Luz do Sol.
Meu coração vibrou.
— Hey, Whisky. — Eu disse suavemente.
— Como foi o seu dia? — Ele perguntou.
— Loucura pura e completa. Mas agora eu sei como fazer
bebidas expresso. E o seu?
— Estamos perto de algo. Passei o dia montando uma
operação, esta noite iremos agir. Seria bom se você não fosse
baleada ou atacada enquanto isso.
Eu sorri para o telefone.
— Irei fazer o meu melhor.
— Ótimo. Lee e Indy têm uma chave da minha casa. Peça
a ela para entregar a você. Não há muita comida na casa, tem
menus de entrega em uma das gavetas da cozinha.
— Obrigada, mas eu e o Luke vamos ao Smithie’s hoje à
noite. Estreia da irmã da Jet. Talvez a turma saia para jantar
antes.
Silêncio.
E então.
— Desculpe, pensei ter ouvido você dizer que vai ao
Smithie’s esta noite.
— Você ouviu.
— Roxanne, — sua voz era baixa e desanimadora.
— Hank, — eu tentei imitar seu tom de voz e falhei.
Mais silêncio enquanto eu suspeitava que Hank estivesse
lutando por controle.
— Nada do que o Tex disse esta manhã penetrou a porra
do seu teimoso cérebro?
Hank, obviamente, perdeu a luta pelo controle.
— Eu prometi a Jet que iria.
— Tenho certeza de que ela irá entender.
— Hank.
— Você não vai.
Eu apertei meus dentes.
Então eu disse: — Eu irei, Hank. Billy Flynn não irá
controlar mais um segundo da porra da minha vida.
Outro momento de silêncio, em seguida:
— Merda, você é teimosa.
Acho que consegui convencê-lo.
— De acordo, — eu respondi.
Então ele disse:
— Eu passei o dia tentando me concentrar no trabalho, e
quando eu não estava me concentrando no trabalho, eu
estava tentando me concentrar em lidar com a sua merda.
Em vez disso, passei a maior parte do dia me concentrando
em todas as formas em que quero foder com você até
ficarmos sem fôlego.
Eu fiquei sem fôlego com suas palavras e quase deixei
cair o telefone.
— Você tem a maldita sorte por me fazer ficar duro
apenas por lembrar, do seu gosto ou eu pensaria que você é
uma tremenda dor de cabeça.
Caramba.
— Whisky.
Ele deliberou comigo enquanto desistia.
— Tente não colocar fogo no Smithie’s. Smithy é um cara
bom, ele não merece qualquer desordem que tenha em seu
estabelecimento esta noite.
Não pude me conter e sorri para o telefone.
— Eu prometi a Luke que me comportaria.
— Você é comportada, sim.
Eu não tinha certeza sobre o que ele quis dizer com isso,
mas me senti incômoda e meus mamilos endureceram.
Então, ele continuou.
— Chegue em casa antes de mim, não use nada para ir
para a cama. Eu não estarei no clima para obstáculos.
Eu tinha certeza do que ele quis dizer com isso e senti
um espasmo entre as minhas pernas.
Finalmente ele disse: — Fique segura.
— Você também. — Eu disse, minha voz suave, ainda
que tivéssemos tido um argumento. Eu não sabia sobre o que
era sua – operação- mas não queria desligar o telefone com
palavras raivosas.
Mais silêncio. Tanto que eu fiquei confusa.
— Hank? — Chamei, me perguntando se ele havia ido e
não tinha desligado ou se era alguma coisa errada com meu
telefone.
— Estou aqui. — Ele disse, sua voz havia mudado, estava
rouca.
— Hank, — eu disse novamente e mesmo que eu não
quisesse mostrar, muito poderia ser ouvido quando eu disse
seu nome.
— Até logo, querida.
Então ele desligou.
Eu fechei o telefone e notei Duke me olhando.
— Você vale a pena. — Duke me disse com um aceno de
aprovação.
— Eu valho? — Eu perguntei.
Ele se virou para mim, inclinou o quadril no balcão e
cruzou os braços sobre seu colete de couro preto.
— Você vale. Estes meninos precisam de mulheres que
aguentam o tranco sem derreterem como manteiga, e às vezes
esse tranco é violento. Eles precisam de mulheres que
possam ministrar suas merdas para que eles não se sintam
dominados e fiquem aborrecidos em suas malditas cabeças. E
eles precisam de mulheres que consigam ser tranquilas
quando a situação exige porque eles regularmente recebem
duras pancadas, às vezes literalmente, e ir para casa a espera
de algo tranquilo é a única forma de enfrentar.
Caramba.
— Você acha que eu sou uma mulher como essa? —
Perguntei-lhe.
— Eu acho que existem poucas mulheres como essas na
porra do mundo todo. E você é uma delas.
Hum... Uau.
— Eu não sou, você sabe, —sussurrei.
Ele olhou para mim.
— Você cometeu um erro com seu antigo namorado. Não
cometa outro.
— Duke...
— Você disse a Hank que Flynn não controlaria sua vida
e ainda assim você o está deixando controlar.
Eu senti o ar escapar de mim como eu tivesse levado um
soco no estômago.
Ele se inclinou para mim.
— Seja esperta, garota. Se não for, terá somente você
para culpar.
Antes que eu pudesse replicar, o sino da porta soou e Tod
e Stevie entraram.
Tod estava carregando um livro de recortes que parecia
pertencer a uma pessoa perturbada. Estava transbordando e
havia pedaços de papel e outras coisas saindo por todos os
lugares. Ele caminhou até o balcão e bateu com o livro na
superfície.
— Fico feliz que esteja bem, mocinha, — ele disse,
lançando-me um beijo de trás do balcão. Então, obviamente
em uma missão, ele gritou, — Indy, venha cá!
Stevie veio ao redor do balcão e me deu um genuíno beijo
de bochecha.
Eu estava me sentindo estranha com a minha conversa
com Duke.
Onde todos os outros haviam falhado, de alguma forma o
que Duke disse mexeu comigo. Ninguém jamais gosta quando
alguém pensa mal sobre si, e de todas as pessoas que
conheci na semana passada, tirando Jane, Duke era o que eu
menos conhecia. Ainda assim me deparei com esta
necessidade de não desapontá-lo e eu senti que havia.
Indy, Daisy, Jet e Annette caminharam até o balcão.
Jason havia desaparecido há muito tempo nas entranhas
das estantes de livros e não havia retornado.
Tod abriu o livro. Onde ele abriu, uma página estava
cheia de amostras de tecido grampeadas, a outra tinha
apenas duas, uma laranja e uma marrom.
— Ally disse que você escolheu rosa e marfim como as
cores do casamento, — Tod disse para Indy de forma
acusadora.
— Sim, — disse Indy. — E?
Tod apontou para as amostras laranja e marrom.
— Eu pensei que tínhamos decidido tangerina e
chocolate.
Fiz um barulho engasgado com a mera ideia de um
casamento tangerina e chocolate.
Stevie me deu um olhar que dizia ao mesmo tempo, - Eu
concordo- e - Não agora.
Eu senti um toque em meu ombro e vi uma mão lá. Eu
segui o braço ligado à mão e vi que Duke estava ao meu lado,
ele me deu um aperto no ombro e foi embora.
Senti um alívio invadir-me, Duke não estava bravo
comigo. Fechei meus olhos e me inclinei sobre o balcão.
— Estou convocando uma Reunião Emergencial de
Casamento. Amanhã à noite, — Tod anunciou, em seguida,
seus olhos mudaram para Annette.
— Quem é você?
— Sou amiga da Roxie, Annette.
Ele a encarou de cima a baixo.
— Você vai à reunião da Daisy?
Ela assentiu.
— Tem alguma coisa para vestir? É formal, — Tod
continuou.
Ela balançou a cabeça.
Tod balançou seus olhos para mim.
— Você já tem algo para vestir? Ou encontrou tempo para
ir às compras enquanto era baleada e corria por sua vida?
Eu balancei minha cabeça também. Perguntei-me como
Luke encararia ir às compras amanhã. Eu estava bastante
certa de que Luke não ficaria muito feliz com isso. Além
disso, de acordo com as regras de Luke, eu não poderia ir a
nenhum lugar onde não pudesse vê-lo ou não estar perto o
suficiente para tocá-lo. Isso significava que Luke teria que
sentar no provador comigo.
Merda, merda, merda.
Eu empurrei o pensamento à parte, decidindo me
preocupar com isso mais tarde e olhei para Annette.
— Nós vamos fazer compras amanhã.
— Foda-se isso, — Tod cortou. — Você irá fazer compras
na Casa de Burgundy. Amanhã à noite. — Tod olhou para
Indy. — Elas vão à Reunião Emergencial de Casamento,
depois disso colocaremos todas, a par sobre trajes de festa.
Nem pense em discutir, temos que ter um encontro de
mentes sobre esse negócio de marfim e rosa.
— É o meu casamento, Tod, — Indy apontou.
— Garota, você acha que venho abastecendo você com
champanhe, sapatos e acessórios, por só Deus sabe quantos
anos, por causa da minha saúde? — Tod surtou. — É hora da
vingança.
— Oh, querida, — Jet disse.
Annette riu.
Daisy emitiu uma risadinha.
Enviei a Indy um olhar de compaixão. Ela não viu meu
olhar. Estava olhando para Tod.
Achei que Luke provavelmente gostaria ainda menos de
uma Reunião Emergencial de Casamento e de procurar pela
melhor roupa no armário de uma Drag Queen, do que fazer
compras.
Pela primeira vez naquele dia, eu sorri.
O sino da porta tocou e todos nós olhamos para ver quem
era.
Luke estava ali.
— Oh, nossa, — Tod sussurrou. — Eu acho que acabei
de molhar as minhas calças.
— Nem me fale, — Annette concordou.
— Jantar, — Luke declarou em seu tom de Luke.
— Tenho que ir, — eu disse, pegando minha bolsa.
— Iremos nos encontrar no Smithie’s às nove, — Jet
clamou atrás de mim.
Eu assenti com a cabeça, acenei para todos e parei na
frente de Luke.
— Estou pronta, — disse a ele.
Ele fez uma varredura completa em meu corpo.
Então, deu seu meio sorriso sexy.
Então, ouvi alguns sons que soaram como gemidos atrás
de mim.
Então, Luke envolveu seus dedos em volta do meu
cotovelo e me empurrou para a porta.
— Vista algo brilhante! — Daisy gritou enquanto a porta
fechava.
Merda, mas eu estava em apuros.