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Notizie Magazine Nº 2 - Português

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Número 2 de Notizie Magazine, con portada de Javier Mariscal.

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O primeiro número de NOTIZIE Magazine abria com Jorge Arévalocomo referência na ilustração nacional da década que acabava. Paraeste segundo número é Javier Mariscal quem ilustra a nossa capa comodesigner espanhol mais representativo dos últimos vinte anos.

Crescemos, por isso neste Notizie triplicamos o número de páginase a variedade dos conteúdos. Sem perder de vista nunca, claro, a nossaintenção inicial: falar de design, de comunicação e do papel comosuporte para ambas as coisas desde uma perspectiva desenfadada elúdica, com o toque de requinte e saber fazer que nos dá o nossosangue italiano.

Javier Mariscal demonstra na nossa entrevista um optimismoà prova de bala e uma fé irredutível no design espanhol. Nóstambém cremos no bom estado do sector e pensamos que lheestá reservado um futuro de êxitos. E para demonstrá-lo estáo NOTIZIE Magazine.

E se ao longo da leitura o branco do papel lhe parecer maisatractivo que as letras que rabiscámos, já sabe: este que está atocar com a mão esquerda é um X-Per Premium White de 200gramas e o da sua mão direita um Freelife Vellum White de140 gramas de Fedrigoni.

Esperamos encontrar-vos de novo brevemente, acabando aprimavera, e tendo crescido todos um par de palmos mais.

Saluti a tutti!

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Diz que a sua recém descoberta dislexia foia culpada para que tenha aprendido aconhecer a vida através dos traços dos seusdesenhos, em vez de se valer das letras. Maisuma frase do provocador ou uma reflexãoprofunda nos seus recém estreados sessenta?

Com a retrospectiva Drawing Life que estepassado Outono lhe dedicou o Museo doDesign de Londres e a publicação doaclamado livro Mariscal Sketches: 2009 foi,sem dúvida, o ano de Javier Mariscal.

Falámos com ele sobre viagens, vespas,Itália e...até um pouco de design.

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2009 Parece ter sido um excelente ano parati. Como perspectivas o due milla dieci?

Para mim, 2010 chama-se Chico & Rita,que é o título da longa-metragem deanimação que estou a fazer com FernandoTrueba e que vai estrear no final deste ano.É o meu primeiro filme e estou expectantepor ver o que se vai passar.

E uma vez terminada esta longa-metragem,falta-te ainda explorar algum desafioartístico?

Certamente que sim, artístico e não artístico.Encanta-me fazer coisas novas e creio quesempre haverá algo por descobrir, porexperimentar. Não quero pensar que já medediquei a tudo quanto poderia dedicar-menesta vida.

Pode ser que 2010 brilhe para ti, mas, comovês de saúde o design em Espanha paracomeçar esta década?

O Design vai bem, a criatividade cresce emmomentos como este - de crise, ou seja, quea esse nível creio que vamos prosperar. Outracoisa é a industria e a economia e aconjuntura e essas coisas. Mas temoscapacidade de reacção, tenho a certeza. Osnovos designers surgem com pujança, comgarra de transformar, de inovar, por isso odesign espanhol vai continuar a brilhar comoaconteceu na última década.

Faz mais de vinte anos, numa entrevistaonde exibias orribili baffi, um bigodehorrível, dizias: "o problema do design emEspanha é que os empresários são uns sem-vergonha e uns inúteis que estão sempre aolhar ao tostão e copiam do estrangeiro".Achas que o panorama melhorou?

Melhorou, claro. Tudo melhorou com ademocracia e com o passar dos anos. Souoptimista crónico nesse sentido. Tambéma mentalidade dos empresários está a mudar,já vêem no design um motor dedesenvolvimento. Sempre haverá sem-vergonhas, mas já não é tão frequente.Muitos empresários espanhóis preocupam-se agora em oferecer criatividade e qualidade,por incorporar novas tecnologias, porinvestir. Estamos ainda longe da cultura dedesign que existe em Itália, mas já nãotrabalhamos no deserto.

Queríamos que este Notizie fora umaviagem de scooter pela costa italiana. Esempre que pensamos em mediterrâneo,praia e vespas vens-nos logo à cabeça.Desvenda-nos a dúvida, porque segundoa fonte o número muda, 8, 10 ou 14 vespasna tua colecção? Há alguma a que tenhasespecial carinho?

Pois não sei quantas tenho, mais ou menosas que dizes. E se tenho uma favorita, mascomo é “a minha favorita” não vou dizê-lo,porque o importante é que o seja para mim.Ela sabe-o e isso já basta. Não gostaria queas restantes se sentissem menos apreciadase ciumentas.

«Até nascer a vespa, a moto era um objectomacho, aí, com o motor entre as pernas.Foi a primeira que te permitia ir sentadocomo se te empurrassem, respirando noverão o ar dos pinheiros». As vespasdeixam-nos doidos porque vemo-lassempre com belas raparigas em cima. Maismotivos para essa obsessão?

Permitem-te ir trabalhar com uma roupanormal, com um calçado normal. Não fazfalta ir vestido de madelman para conduziruma Vespa. São femininas no sentido deque não são competitivas, não nascerampara que quem as conduza se faça de machosobre a moto. São outra forma de entenderas motos. Com elas soluciona-se umanecessidade de transporte na cidade, nãocriam problemas, são tranquilas, aprazíveis,simpáticas, refrescam-te no Verão,permitem-te dizer piropos às miúdas e aosrapazes pela rua.

No Notizie somos mais de Lambretta, masparece-nos que na tua capa é uma Vespa.Tomas partido nessa rivalidade?

É uma Vespa, claro. Sempre a Vespa.

Com ou sem vespa estás sempre emexcursão. Íamos perguntar-te por umaviagem à que guardes especial carinho,embora as que mais se recordem sejam aspiores. Qual a viagem più orribile da tuavida?

A mais horrível da minha vida foi a que fiz desde Inglaterra a Espanha para fazer oserviço militar. Que espanto, que futuromais negro me esperava!

E alguma viagem por Itália que queirasrecomendar-nos?

A Costa Amalfitana. Pequena maravilha:limoeiros e limoeiros, curvas e mais curvaspara conduzir como se desenhássemos sobreo papel. Esse azul imenso, as encostasempinadas, os escarpados vertiginosos, os“spaghetti ai frutti di maré”, a grappa, otiramisú, os diversos pôr-do-sol. Superrecomendável. E também a Puglia, claro.

É que em Itália sentimos predilecção porti. Os móveis para Moroso, o design paraMemphis ou para Magis, o premio TopApplications da Fedrigoni até os teusSketches… Tu também nos adoras? Quaissão os teus ícones favoritos do estilo italiano?

Claudia Cardinale, Federico Fellini, AchilleCastiglioni, Alessandro Mendini, a Vespa,a cafeteira Bialetti, o candeeiro Tolomeo.

Para a edição de Mariscal Sketchesescolheste o Freelife Vellum e o Nettuno,ambos da Fedrigoni. Que te dizem essespapéis?

Sofisticação, tradição, inovação e calor. Umautêntico luxo.

No Notizie Magazine apaixona-nos, apartedo papel, a ilustração. Graças à tua capadevemos estar a dois cafés de converter-nosno New Yorker nacional. Confidencia-noso teu par de ilustradores favoritos?

Saul Steinberg e Hugo Pratt, sem dúvida.Há mais, mas estes parecem-me muito bons.

Infine, e já que este revista também chegaàs escolas de design: um conselho para os,seguramente, desesperançados estudantesque enfrentam o panorama actual?

A criatividade alimenta-se das dificuldades.É um momento excelente para demonstrarque se é criativo. Sem criatividade nãosairemos desta. Faz falta propostasimaginativas, que transformem tudo isto emalgo melhor. É a sua grande oportunidade.São “a esperança”. Coraggio!

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Fotografía: Xoan Marín.

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As formigas são um insecto social da família dos himenópteros que se identificafacilmente pelas suas antenas em ângulo, sua estrutura em três secções e suas seisnervosas patas. Estima-se que haja dez mil biliões de formigas vivendo sobre a Terra,mas aquela de que nos ocupamos agora é um exemplar concreto que ciranda porMadrid. Não cremos que esta pequena formiga viaje de scooter ou fale italiano, maso que realmente faz com as suas laboriosas patitas (aparte de levantar até 50 vezes oseu peso) é rabiscar com tinta papéis e brincar com as tesouras para fazer as deliciosasILUSTRAÇÕES que podeis desfrutar em www.elenahormiga.es.

O gosto e o estilo podem até ser aprendidos, mas há pessoas nas quais isso é inato.BEATRIZ FERNÁNDEZ e seus sócios demonstram-no através da sua agência deestilismo Beteo Fashionmedia, cujo trabalho pode ver-se em séries como Herederos(no canal 1, em Espanha) ou vestindo Bud Spencer para que reparta sopapos paraum banco ou a Iker Casillas sentindo-se seguro.Na página web do seu showroom em Chueca, FASHIONISTAS (onde dispõe demarcas como TERESA HELBIG, HERMES ou COMPTOIR DESCOTONIERS) revoluteiam mariposas: www.fashionistasestudio.com

Veio a Madrid para ficar, faz já muitos anos, desde Alghero, norte de Sardenha, etrouxe na bagagem uma pronúncia de filme e os sabores da sua terra. Agora chefiaem conjunto com o seu sócio a TAVERNETTA SICILIANA, em Madrid, onde

nos contou todos os segredos da cozinha sarda sem medo de romper a omertá.Viaja constantemente até à sua ilha em expedições de aprovisionamento porque dizque os tomates secos da quinta do seu pai sabem muito melhor que os daqui. E nós

não vamos discuti-lo.◊

Diz que se sente um pouco STEVE MCQUEEN EM FUGINDO DO INFERNOquando conduz a sua Suzuki Marauder, e que não há nada comparável a esse primeiro

dia do ano em que podes sair com a tua moto em manga curta.Em JORGE CUETO nota-se que esteve em frente à câmara antes de passar para o

outro lado porque agora, como fotógrafo especializado em moda, tem tanta empatiacom as modelos com quem trabalha que consegue sempre delas as melhores poses.

Se necessitar, quem sabe pode contratá-lo. Procure em www.jorgecueto.com.

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PATRICIA PICCININI faz umas esculturas perturbadoras. Produzem umamescla entre ternura e repulsa difícil de assimilar; veja no google se nãoacredita. Ela diz que o que pretende com as suas obras é pôr em evidênciaa biotecnologia, a modificação genética e essas coisas tão complicadas.

Para a sua última serie de esculturas (Nest, The Stags, Thicker than Water)antropomorfizou (melhor dizendo: caracolizou) umas scooters e conseguiuo que procurava: tornar entranháveis esses pedaços de metal cromados,provocar-nos vontade de os acariciar porque são bonitos e brilhantes, masfazê-lo com cuidado, não vão morder-nos.

Ah, e enganou-nos: apesar do apelido, é australiana.

Digamos que queres exibir oencanto de uma Lambretta masés alérgico à velocidade ou o somdo motor provoca-te umaenxaqueca . Podes es tart ranqu i l o : as b i c i c l e tasMONTANTE, fabricadas emMILÃO, reúnem a classe, o estiloe o encanto que necessitas. Acolecção 2010, inspiradas nosseus modelos dos anos 30, sãouma autêntica jóia de linhasclássicas e elegantes mas de umamodernidade absoluta. Bicicletas

No Verão de 1959 PASOLINI percorre, num FiatMillecento, a costa italiana a cargo da revista Sucesso.Incumbiram-no de escrever um artigo sobre o Verão italiano. Dasua experiência nasce "La Lunga Strada di Sabbia", o diárioda sua viagem pela longa auto-estrada de areia das praias italianas.

50 anos depois o fotógrafo PHILIPPE SÉCLIER repete a viagemcom a sua câmara, procurando os mesmos cenários. O resultadoé "Larga Carretera de Arena", com os textos originais efotografias de Séclier, um livro editado por La Fábrica ondedescobrimos que PASOLINI já indiciava genialidade e loucura nasua juventude e, é graças às fotos, que o Verão italiano continua ater um toque retro.

Tudo termina na praia de Lazzareto, em Trieste: "Aqui se acabaItália, aqui se acaba o Verão"

de passeio, de carreiras, tandens(bicicletas de 2 lugares), todascom um design excepcional.

Isso sim, vê poupança. O modeloFashion Milano 2009 custa 4.500euros, e sua edição limitadaLuxury ronda os 30.000, comselim e guiador de pele de cobrae 11.000 cristais Swarovski aadorná-la.

11.000 cristaizinhos. Deve pesardemasiado para ganhar a Voltacom ela.

Concordo: as velhas scooters são uma delícia. Têm umdesign e um encanto incríveis . Mas os seus motoresmono-cilíndricos de dois tempos contaminam demasiado. Quem sabe por isso no estúdio de design catalãoBEL&BEL quiseram dar-lhes mais uma vida para alémdo transporte. E com essa intenção criaram uma linhade mobiliário construída com restos de Vespas.

E têm uns assentos em que todos sonhamos sentar-nos, com uma gama tão variada de modelos como aspróprias Vespas.

BUENAFUENTE confia o bem estar do seu traseiroa um desses assentos no seu lateshow. E deve saber oque faz? Não? Caso contrário não havia triunfado.

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Sardenha. Vinte e quatro mil quilómetrosquadrados no meio do Mediterrâneo. Milhãoe meio de habitantes. Oito milhões deovelhas.

E nesse troço de terra com forma de sandáliae tanto bovino, uma gastronomiaexcepcional, atípica para uma ilha, onde onormal é não sair de quatro formas depreparar o peixe. Com a riqueza de saboresque deixaram os povos que passaram porali: fenícios, cartagineses, romanos, vândalos,árabes, genoveses e inclusive catalães. Ascivi l izações passam, os rebanhospermanecem.

E tanta ovelha deve ter algo de bom. Paracomeçar, que com o seu leite se fabrica opecorino, o queijo mais antigo de Itália. Umqueijo curado de sabor mais forte que opadano, e tão bom que dizem que o autênticopesto genovês só se prepara com pecorinosardo.

Segundo: tanta ovelha necessita pastores.Por isso na Barbagia, a planície no interiorda ilha (às ovelhas: a praia não as convence)os pastores têm a sua própria gastronomiacom a que preencher esses longos dias sardosrepletos de balidos.

E para além de ovelhas e pastores tambémhá mirto. A planta nacional. O cheiro queenvolve a Sardenha não é o de ovelha, porincrível que pareça, senão o do aromáticomirto. Por isso os pastores bebem licor demirto e preparam o porceddu, um leitãoassado feito muito lentamente no espetosobre brasas, ao ar livre, e que se rega commirto e a sua própria gordura. Tambémcomem ovelha cozida. É lógico.

Ilustração: Elena Hormiga

Salteamos salsa fresca e alho picados em abundante azeite./ Retiramos do fogo e adicionamos,

na sertã quente, a carne de ouriço. / Cozemos os linguine. / Só nos falta escorrê-los e

misturá-los com o molho de ouriço-do-mar para poder desfrutar de um prato que será como

ter, por um momento, um pequeno mar mediterrâneo no paladar.

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“É mais perigoso que um macaco com umanavalha”, Diz-se.

E nós acrescentamos: o perigo é dar a SeanMackaoui umas tesouras.

Porque com elas e uma pilha de revistasvelhas é capaz de fazer coisas deliciosas. Obelo é perigoso, já sabem.

As suas colagens são mínimas, delicadas,de encanto clássico e com um pontointimista. E contam micro-contos, anedotas,pequenos pedaços de vida. São poesia visualcomposta por uma mescla de acaso, jogo ehumor que sai das suas caixas de recortesclassificados. Escapam-se dessa corrente docorta e cola punk pós-moderno tão em todasas partes estes dias, já demodé, paraentroncar com a arte de Joan Brossa, deDaniel Gil ou do seu amigo Chema Madoz.

O próprio MacKaoui está feito de recortes:nascido na Suiça, de nacionalidade anglolibanesa e madrileno de adopção por maisde uma década, agora mudou-se para oBrasil com as suas tesouras.

E apanha peças de todas as partes. Diz quea viagem para ele é uma necessidade, porqueo mundo esta repleto de tantas realidades,experiências por viver, gente incrível porconhecer, sabores e cheiros, que há que sairem busca deles. Embora quanto muito essanecessidade de movimentar-se venha doseu sangue libanês.

Quando lhe perguntamos pelo papel comomaterial no seu trabalho, retira uma citaçãode George Bernard Shaw que deve ternalguma das suas caixas: “somente atravésdo papel o ser humano alcança a glória, abeleza, a verdade, o conhecimento e a virtude”.

A sua obra foi exposta no Círculo de BelasArtes ou no Cervantes de Beirute. As suascolagens podem ver-se a ilustrar a Revistado El Mundo ou nos posters do CentroDramático Nacional.

Mas imaginem-no em São Paulo. Com assuas tesouras. Com as caixas de recortes.Feliz

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Procurando numa dassuas caixas selecciona-nos

as peças queacompanham esteartigo, e que elege

porque vê nelas umcerto ar italiano.

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MASTROIANI foi sempreo seu actor fetiche, masFEDERICO FELLINI nuncaencontrou a sua musa.

Com a ajuda do guião deOCHO Y MEDIO(impresso, claro, em FreelifeVellum White da Fedrigoni) evestida de TERESAHELBIG, descobrimos com estecasting uma nova estrelafelliniana que enche o ecrã depaixão e sensualidade

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Tom Ford é elegância. Foi-o como director criativo de Gucci, quando salvou a empresa do poço. Continuou a sê-lo

quando se estabeleceu com a sua própria marca. É-o em cada photocall, em cada festa, apesar do seu ar distante

de porteiro de discoteca. E claro, não pode deixar de sê-lo se agora decide que quer dedicar-se ao cinema.

Por isso é-nos indiferente se em A Single Man (o seu primeiro filme, que se estreou hà dias) manteve o espírito

da novela de John Iserherwood, considerada como um dos primeiros livros do movimento de liberação gay. O que

importa é que toda a classe e o estilo que até agora impregnaram as suas colecções, o seu design e as suas

campanhas publicitárias estejam presentes no filme.

para a mulher ou para a amante. Uma

ideia oposta ao casual imperante e que

está a pegar especialmente entre as

gerações mais jovens, que nunca viveram

nada parecido.

Em Mad Men eles ostentam fatos de dois

botões (o segundo desabotoado),

casacos de dois (no máximo três) bolsos,

com o detalhe do lenço assomando na

horizontal e lapelas e gravatas estreitas,

quase mínimas. O cabelo, sempre

engomadinho. Os chapéus, obrigatórios.

As mulheres, constantemente de carmim,

e uns penteados divinos conseguidos á

base de dormir com rolos. A cintura

muito marcada para determinar a

silhueta, as saias por cima dos joelhos

ou de tubo, jerseys de cashmere, colares

e brincos de pérolas e, sempre, sapatos

de salão com salto.

A responsável desses estilismos é Janie

Bryant, a designer do vestuário da série.

Diz que adora captar a essência de uma

época através do vestuário e já está a

escrever um livro sobre o seu trabalho

na série.

E na verdade cada personagem está

minuciosamente pensado para

representar um ícone da moda dos

anos sessenta: Betty Draper, a sofrida

esposa, veste clássica e inocente como

Grace Nelly; Joan, a voluptuosa

secretária que interpreta Christina

Hendricks, é uma mistura entre Marilyn

Monroe e Sophia Loren; Roger Sterling

representa o sartorialismo com os seus

trajes de colete e o próprio Drapper

tem o estilo de um Cary Grant passado

para o lado escuro.

Michael Kors, Christian Dior, Carolina

Herrera, Loewe, Dolce & Gabanna ou

Prada já incluíram referências dos anos

sessenta nas suas colecções para

Primavera-Verão de 2010. AMC e

Banana Republic criaram uma linha de

roupa inspirada directamente na série,

que se apresentou coincidindo com o

início da terceira temporada.

Inclusive chegou a ser dito que o

pequeno aumento no consumo de tabaco

entre os jovens norte-americanos se

deve a que em Mad Men fumam um

cigarro atrás do outro.

Não se pode negar: Mad Men está em

moda, na moda.

A acção decorre na Califórnia dos anos sessenta, narra o último dia na vida de George, um professor universitário inglês,

homossexual e maturo, incapaz de ultrapassar a recente perda do seu companheiro, que acaba de morrer.

E a crítica coincide: pode ser que não se faça justiça ao livro ou que a narrativa seja demasiado clássica, mas o aspecto visual

roça a perfeição. Os estilismos, os vestuários, as localizações, os adereços, os extras, tudo acompanhado de uma fotografia,

uns movimentos de câmara e uma iluminação medidas ao milímetro, escolhidas para recriar o espírito de uma época através

da sua estética. Todo esse requintado cuidado visual por vezes alcança o poético e noutras ocasiões é demasiado artificial.

Mas justamente aí reside o encanto dessa elegância: em que se sabia forçada e imposta na sua própria época.

As coscuvilhices do mundo da (e na)

moda proclamavam que, desde o fim de

Sexo em Nova York faz já cinco anos, o

glamour tinha abandonado a televisão.

Mas Mad Men, a premiada série sobre

publicitários na Madison Avenue dos

anos sessenta, conseguiu arrecadar a

essência do chic para se converter na

nova referência de estilo.

E a direcção artística da série (e o seu

vestuário em concreto) reivindica essa

elegante década, quando aperaltar-se

era uma questão de orgulho pessoal.

Devia-se estar sempre impecável e

perfeito, fora em casa ou no trabalho,

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Houve uma época em que a ilustração

era a única forma de comunicar a moda.

Onde os posters publicitários, os

figurinos e as capas desenhadas das

revistas marcavam a tendência. Mas

para a década de cinquenta a fotografia

conseguiu impor-se, t irando o

protagonismo à ilustração até fazer com

que quase desaparecesse.

A esta mudança sobreviveu Rene Gruau.

O ilustrador francês, que começou a sua

carreira no período de entre-guerras,

converteu-se, através dos seus traços

requintados, no principal embaixador

mundial da elegância atemporal, acima

de designers, modelos ou marcas. Era

indiferente se com o seu estilo retomava

o modernismo, homenageava Toulouse

Lautrec ou criava composições de um

minimalismo absoluto, muito à frente da

sua época.

Inclusive nos anos oitenta, nos finais da

sua carreira artística, Gruau conseguiu

dotar dessa elegância clássica o design

de estét ica mais se lvagem e

transgressora da década.

Para comemorar os 100 anos do seu

nascimento a editorial francesa Thalia

publicou “Le Premier Siècle du René

Gruau”, um livro com mais de 400

ilustrações do genial desenhador,

prologado por John Galliano, e que faz

uma selecção dos seus trabalhos,

durante 70 anos, para as casas mais

importantes (Dior, Balenciaga,

Guivenchy…) ou para as principais

publicações (Vogue, Harper’s Bazaar,

Marie Claire...) Basta uma vista de olhos

aos anúncios para as colónias

masculinas do seu amigo Dior que

aparecem neste livro para se dar conta

de quanto deve a este ilustrador o

revivalismo que protagonizam, hoje,

MAD MEN ou A Single Man

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Espanha, depois de arrasar em Itália eFrança, já estão a rodar uma segundatemporada.

A produção tem um carácter muito maishollywoodesco que europeu (e nãodigamos que italiano, porque não apareceAlvaro Vitali a fazer de Jaimito) tanto anível técnico como narrativo. Osgu ion i s t a s apos ta ram por umahumanização dos maus, muito ao estilode The Wire, o que faz com que se acabea adorar esses patifes que tão depressarebentam a tiros como se emocionamcomendo a massa da sua mamã.

Algumas críticas destacam que o melhorda série é a sua recriação estética dosconvulsos anos setenta italianos. A nós,às vezes, parece-nos tão falsa como essesbigodaços de chulo que exibem os BeastieBoys no vídeo de Sabotagem. Já paranão falar nos títulos de crédito: por ummomento pensas que vais fazer um jogo

Apenas os seus métodos diligentes e asua ambição de poder explicam que essegrupo de mortos de fome acabassemmetidos em todas as tramas possíveis:foram relacionados com a Camorra e aNDraghetta, o terrorismo de extremadireita, os serviços secretos italianos, oassassinato de Aldo Moro, o Massacrede Bolonha e até com os responsáveisfinanceiros do Vaticano. Chegaram a tera coisa tão bem montada que o seuarmazém de armas estava nos sótãos doMinistério da Saúde.

E a vida destes delinquentes, desde assuas miseráveis origens até ao seumiserável final, é o que nos contam emRoma Criminal (Romanzo Criminale),uma série baseada no best seller escritopor Giancarlo De Cataldo, o juiz queinstruiu o caso contra a banda daMagliana.

O Canal + emitiu-a este Inverno em

no Gran Theft Auto Edition SpaghettiBoloñesa.

Mas é verdade que aqueles anos foramum momento estético peculiar, quemisturava o design mais moderno coma cultura popular, e que tudo isso estáreflectido na série. Ao fundo dos bairroscolmeia operários vemos passar modelosde carros míticos dos grandes designersitalianos, desde um AlfaMontreal deBertone até outros mais populares comoo Volkswagen Golf de Giugiaro.

Ou a moda de rua, que olhava ao outrolado do Atlântico para copiar o estilodos primos italo-americanos. A estéticadisco que respira Roma Criminal chegouao resto da Europa através de Itália,onde a reinterpretaram com um toquepessoal roubando dos designers dopronto a vestir milanês (GianfrancoFerré, Emilio Pucci, Ken Scott…)texturas, cores e tecidos.

Roma Criminal pode parecer um cocktail muito semelhante ao de outras sériesde êxito (violência, crime, prostituição,drogas…), mas é esse ambiente o quelhe dá um sabor especial.

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Esses dois tipos à direita são Paul Herediae Alfonso Merry, o coração de MerryStudio. Pertencem a essa geração de jovensdes igners espanhóis que a lguémdenominou de Low Cost Design, e quese caracteriza por criar objectos práticose económicos mas que são exclusivos pelass u a s f o r m a s , c r i a t i v i d a d e emultifuncionalidade. O seu design temes sa s imp l i c idade que o to rnauniversalmente elegante e atractivo e fazempor recorrer à reutilização e ao recicladopara torná-lo compatível com o conceitode sustentabilidade.

Merry Studio nasceu em Madrid no ano2005 para se especializar em designindustrial, de interiores e conceptual. Éformado por uma jovem equipamultidisciplinar, o que lhes permiteresolver todas as necessidades que surgemnos seus projectos sem sair do estúdio ouperder a frescura.

Dizem que a força do seu trabalho resideem quererem fazer de cada projecto umaexperiência única, o que os leva aexperimentar com ideias, formas emateriais em busca de uma soluçãoperfeita, esteticamente bonita mas tambémemocional.

Os resultados? Criações como a mesaPanrico, que converte os recipientes parabolos em mesas que se ampliam segundoa necessidade, ou o candeeiro Ziplamp,que graças à sua cremalheira permiteregular a intensidade e a posição da fontede luz. O Leggs, umas pernas ajustáveisa qualquer objecto para variar altura. Oua colecção de pratos I’m Hungry, que paraalém da originalidade das suas formas ouda analogia cómica tem um pontoconsciencioso.

Como surgem as ideias na Merry Studio?

A inspiração em qualquer campo criativosurge da associação. E esta costuma viracompanhada do azar. Em alguns casos

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as ideias brotam numa viagem, passeandopor Madrid, teclando na internet ouperante uma palavra do cliente, masgeralmente aparecem no atelier.

Ao trabalhar em equipa é fácil compartiras ideias e fazê-las crescer. Podes ter umaideia e acreditas que sabes como expressá-la, mas ao contá-la o outro reacciona deuma maneira inesperada e enriquece-a. Otrabalho em equipa é um dos princípiosfundamentais do nosso atelier.

É mais importante o design do conceitoque o próprio desenvolvimento formal?

Para nós é igualmente importante o designconceptual e o formal. O último projectoque desenvolvemos, Kits (uma colecçãode mobiliário infantil), serviu-nos paracriar um método onde se equilibra oconceptual com o formal. Uma vez criadoo conceito (ideia, valores, texturas,nome…) tivemos que criar um designformal que encaixasse, mas que ao mesmotempo mantivesse a unidade na colecção.

Mas também é certo que em alguns dosnossos projectos prima o lado conceptual:a nossa necessidade de expressar uma ideiaatravés de um objecto leva-nos a fechar oprocesso de design a 100%, mostrando aideia através do primeiro protótipo edeixando para um desenvolvimentoposterior o design formal.

Quando o trabalho não é por encomenda,como promovem a vossa criatividade?

P r o m o v e m o s o n o s s o t r a b a l h oprincipalmente fora de Espanha. Vamosa feiras internacionais de mobiliário eobjectos, como as de Milão, Nova York,Londres e Paris. Estocolmo foi a últimaque estivemos.

Umas vezes expomos peças nessas feiras,mas noutras ocasiões vamos apenas paracontactar com editores, galerias de designe com outros designers. As ajudas do

ICEX, DDI, CAM, UNEX ou da Câmarade Comèrcio também são imprescindíveispara empreender a comercialização forada península.

É difícil ser designer industrial emEspanha?

Em Espanha a industria está a começar avalorizar o design e a entender que osprodutos são o somatório de muitosaspectos e que todos aportam valor. Asmarcas já não vendem se os seus produtosnão têm a criatividade como um valordiferencial, e esta deve vir de mãosprofissionais. Os fabricantes não podemcompetir num mercado global apenas emfunção do preço, e assim a criatividadepassa a ser a solução perante uma situaçãoeconómica como a que vivemos hoje.

O consumidor pede inovação, mas parachegar a desenvolver produtos de êxito sãonecessários métodos e técnicas que apenasnós, os profissionais do design, podemosaportar. Acreditamos que Espanha é ummercado potencial a nível mundial a nívelde design, mas necessitamos tempo paraque os editores e os fabricantes espanhóisapostem no design. Esperemos que sejamcapazes de adiantar-se ao consumidor eincorporar a criatividade como umaferramenta fundamental aos seus produtos.

Copos de cartão que formam pernasextensíveis. Que importância tem o papelcomo material para as vossas criações?

Mais do que trabalhar com materiaisconcretos como o cartão ou o papel,gostamos de trabalhar com objectos quejá existem. Em muitas das nossas peçasrecorremos ao que denominamos “areutilização”: elementos que são própriosdo mundo industrial e que introduzimosno meio doméstico. Por exemplo essescones de cartão (não são copos!) daindustria têxtil aplicados como pernasreguladoras de altura, ou caixas erecipientes da panificadora Panrico que

transformamos em mesas. Afinaltrabalhas com o que tens perto, o queencontras na rua ou o que tens noescritòrio.

Próximos projectos?

Neste momento estamos envolvidos nodesenvolvimento de mobiliário urbanopara o design de landscape de um parqueempresarial em Madrid, e a começartambém com o design de packaging parauma empresa de restauração especializadaem refeições no local de trabalho. Issosem deixar de lado as peças que saem doatelier sem um briefing por trás: umcabide e um tapete serão as nossaspróximas propostas.

O nosso objectivo fundamental para 2010é fechar com os editores e fabricantes acomercialização dos nossos produtos, eparece que este momento está muitopróximo. Cruzemos os dedos.

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