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Universidade dos Açores MONOGRAFIA no Âmbito da cadeira de Seminário Luís Teves Marta Silva Docentes: Professor João Tavares Professora Mª Graciete Maciel | Ciências Biológicas e da Saúde | Ponta Delgada 2015 Mudanças Climáticas e a Saúde “Alterações climáticas: causas e consequências para a saúde”

Monografia Seminario Final

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Monografia sobre as alterações climáticas

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Mudanas Climticas e a Sade

Mudanas Climticas e a Sade

Universidade dos Aores

Monografia no mbito da cadeira de Seminrio

Marta Silva

Docentes: Professor Joo TavaresProfessora M Graciete Maciel

|Cincias Biolgicas e da Sade| Ponta Delgada 2015

ndicendice de Figuras2Lista de Abreviaturas2Resumo31.Introduo42. Terminologia: Alteraes climticas versus aquecimento global53.Causas: Os humanos alteraram o clima63.1 A descoberta do problema63.2 Papel das florestas tropicais73.3 Agricultura83.4.Causas Naturais nas Alteraes Climticas94.Efeito de Estufa105Efeito na Sade115.1Efeito da Poluio Atmosfrica125.1.1Impactos do Calor e da Seca135.1.2Impacto da Precipitao145.2Doenas Infeciosas146Solues Globais156.1 Polticas -Protocolo de Quioto156.2 Solues Tecnolgicas167Solues Nacionais - Portuguesa167.1 Regio Autnoma dos Aores178Concluso18Referncias19

ndice de FigurasFigura 1 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------7Figura 2 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------8Figura 3 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------9Figura 4 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------10Figura 5 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------11Figura 6 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------13Figura 7 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------15Figura 8 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------16

Lista de AbreviaturasGEE Gases de Efeito de EstufaUV Radiaes Ultra Violeta

Resumo

Aps a Primeira Revoluo Industrial houve um grande desenvolvimento tecnolgico. Esse avano levou a que vrias substncias nocivas tenham sido lanadas para a atmosfera, acelerando as mudanas climticas e dificultando a sustentabilidade do planeta. Resultante desta situao, episdios climatricos extremos tem ocorrido mais frequentemente, trazendo diversos impactos negativos para a Humanidade, desde econmicos at a perda humana. Nota-se assim uma maior preocupao destes riscos e os seus prejuzos na populao. Neste trabalho ir se enfatizar a relao entre as mudanas climticas e os possveis efeitos na sade humana.

It is not until the well runs dry that we know the worth of water BENJAMIM FRANKLIN

1. IntroduoO clima um fenmeno responsvel pelas mais variadas alteraes no meio ambiente incluindo fauna, flora e at o ciclo hidrolgico. As alteraes climticas colocam de forma direta a sade em perigo. Estas alteraes afectam o desenvolvimento econmico, os ecossistemas, a produo de alimentos, gua e a agricultura (Menne et al., 2008).As temperaturas vo subir de modo progressivo, no entanto, as consequncias dos fenmenos climticos extremos como o aumento do nmero de tempestades, de inundaes, de secas, e de vagas de calor extremo sero sentidas de forma severa. A evoluo nesse sentido poder por em causa os pilares base da sade ao interferir com os seus elementos fundamentais como o ar, a gua, a habitao, os gneros alimentares ou a ausncia de doenas. As consequncias que dai advm para a sade, dependem da durao, da frequncia e da intensidade das exposies s situaes em causa e o custo humano destes eventos depende da vulnerabilidade das populaes expostas (Tavares A., 2009). Determinantes sociais e ambientais de sade, tais como a pobreza, os sistemas de suporte, as situaes de stress ambiental concomitantes, incluindo a poluio da gua do ar, contribuem para essa vulnerabilidade (McMichael et al., 2003). Os seres humanos encontram-se j expostos aos efeitos de doenas cujo clima tem influncia direta tais como, malnutrio, doenas diarreicas e malria. Determinados acontecimentos so reveladores acerca do nosso futuro, como por exemplo, a cancula do Vero de 2003 na Europa que causou setenta mil mortes a mais que o habitual, as grandes epidemias de febre do Vale do Rift em Africa, que estando associadas s chuvas, devero aumentar devido ao efeito das alteraes climticas. A subida das temperaturas nestes ltimos anos proporcionou tambm as condies necessrias ao desenvolvimento das populaes de mosquitos na regio dos altos planaltos da frica Oriental e como consequncia registou se o aumento da transmisso da malria. As cheias e a insalubridade da gua contribuem fortemente para as epidemias de clera no Bangladeche. Todos os acontecimentos acima mencionados podero ser mais frequentes e ocorrer de forma mais intensa devido s alteraes climticas. Assim, medida que mais alterado ficar o clima mais comprometidos iro estar os recursos consagrados sade, que em determinadas regies so j de si bastante limitados. Este trabalho tem como objectivo informar e sensibilizar para a problemtica relacionada com as alteraes climticas e os diversos efeitos que lhe esto relacionados na sade humana. apresentada uma caracterizao das alteraes climticas, referido o papel do homem como agente responsvel e so descritas vrias doenas relacionadas com as alteraes do clima, bem como so mencionadas possveis solues para o problema.

2. Terminologia: Alteraes climticas versus aquecimento globalO termo alterao climtica era utilizado no incio do seculo XX quando os cientistas se referiam a acontecimentos como as glaciaes, sendo que uma expresso abrangente que continua hoje em dia a ser utilizada. A expresso pode se referente a alteraes naturais ou que resultam da aco humana, podendo ser passadas, presentes ou futuras, quer escala mundial, regional ou local. O surgimento da expresso aquecimento global acontece quando os cientistas perceberam o risco global que advinha dos gases de efeito estufa resultantes da actividade humana. sabido que o planeta encontra-se a aquecer, mas no se trata de um fenmeno uniforme, visto que, na realidade, determinadas regies do globo arrefecem mesmo que a tendncia geral seja o aumento da temperatura e por isso, grande parte dos cientistas preferem o uso do termo alterao climtica global. A expresso alteraes climticas preferencialmente usada por polticos com o propsito de desvalorizar a realidade do aquecimento global por esta ter menos impacto para os leigos.Com o objectivo de sobressair a responsabilidade dos seres humanos no fenmeno e de sensibilizar para a problemtica relacionada, alguns cientistas e principalmente ativistas propem o uso da expresso esquentamento global.

3. Causas: Os humanos alteraram o climaDesde a revoluo industrial (seculo XIX) tm sido libertadas grandes quantidades de dixido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera. Estes gases so responsveis pela absoro do calor que irradiado pela Terra, libertando somente uma pequena parte do calor para o espao o que resulta no aquecimento da atmosfera. O ser humano produz quantidades colossais de gases de efeito estufa, sendo que, somente de dixido de carbono, a quantidade total superior a trinta mil milhes de toneladas por ano. A ideia de que alguns gases resultantes da actividade humana so capazes de provocar danos irreversveis no planeta parece algo exagerada, todavia, basta recordar a erupo do KraKatoa (vulco de enorme dimenso) em 1883 para saber que acontecimentos deste gnero podem levar libertao para a atmosfera de uma quantidade suficiente de partculas que arrefecem o planeta em aproximadamente 1 grau Celsius por mais do que um ano. Assim sendo, fcil de compreender, como as fbricas e os milhes de motores que emitem gases de efeito estufa para a atmosfera todos os dias podem afetar de modo dramtico o clima do globo.3.1 A descoberta do problemaNo incio do sculo passado j era sabido que as pessoas podiam afetar o clima mas somente a nvel local, por exemplo, cultivando zonas que antes eram selvagens ou cortando rvores. Apesar de j serem investigadas as glaciaes e mudanas climticas profundas do passado, poucos as consideravam ameaas imediatas e somente um grupo muito reduzido de especialistas acreditava que a actividade humana pudesse despoletar alteraes climticas escala global. Estes especialistas pioneiros aperceberam- se do impacto que o uso dos combustveis fsseis poderia ter a uma escala global, embora as suas ideias fossem constantemente recusadas pela comunidade cientfica. No final dos anos 50, as medies dos nveis de dixido de carbono vm confirmar o aumento significativo deste gs na atmosfera e modelos informticos do clima do planeta nos anos 60, vieram sustentar a teoria dos especialistas pioneiros, em que, segundo estes, a emisso de gases de efeito estufa iria provocar o aquecimento do clima: Devido percentagem crescente de cido carbnico na atmosfera, podemos ter esperana em vir beneficiar de climas mais amenos e melhores, especialmente nas regies mais frias do planeta Terra (Arrhenius S., 1908). Na dcada de 80, as temperaturas de um modo geral revelaram um aquecimento significativo, o que contribui para chamar a ateno dos rgos de comunicao e da opinio pblica para o assunto.3.2 Papel das florestas tropicaisA destruio das florestas tropicais tem desempenhado um papel fundamental nas alteraes climticas, em que representam 20% das emisses de dixido de carbono da responsabilidade da aco humana nos ltimos tempos. nas florestas tropicais que se encontra praticamente metade do carbono fixado na vegetao mundial, o que significa que a sua destruio, para alm de provocar a libertao de carbono para a atmosfera, origina perdas considerveis na capacidade do planeta fixar o carbono atmosfrico. Para alm do dixido de carbono libertado pelos incndios, as bactrias que se encontram no solo exposto podero libertar mais do que o dobro das quantidades usuais de xido nitroso (outro gs de efeito estufa) ao longo de um perodo no mnimo de dois anos. estimado que a deflorestao da Amaznia no Brasil seja responsvel pela libertao de quatro vezes mais carbono para a atmosfera do que a queima de combustveis fsseis em todo o pas. Alm disso, as florestas tropicais contribuem para o arrefecimento a nvel local, em que as copas das rvores absorvem humidade e permitem que a evaporao se d gradualmente, criando assim um efeito de ar condicionado natural. A destruio de 20% da floresta amaznica em 2005 fez com que este ano ficasse marcado pela pior seca dos ltimos cem anos, podendo a seca ter sido provocada pela prpria desflorestao ou pela emisso de fumos resultante de incndios que inibem a precipitao.

Figura 1 Representao da destruio das florestas

3.3 AgriculturaAs prticas agrcolas modernas so responsveis, diretamente, por cerca de 14% das emisses de GEE, em particular o metano (CH4) e xido nitroso (N2O).A maior parte dessas emisses so causadas pela decomposio da matria orgnica do solo e digesto de bovinos, e so difceis de reduzir sem influenciar o volume da produo agrcola. No entanto no so as nicas, a desflorestao para terras agrcolas leva libertao de dixido de carbono no ar. A agricultura responsvel por 20% de dixido de carbono na atmosfera.Num todo a agricultura industrial, na fabricao e uso de pesticidas e fertilizantes, combustvel e leo para tratores, equipamentos, caminhes e transporte, eletricidade para iluminao, refrigerao e aquecimento, e as emisses de dixido de carbono, metano, xido nitroso e outros gases de efeito estufa, tem um impacto de 25 a 30% nas alteraes climticas.

Figura 2 Grfico de Linhas das emisses de GEE provenientes da agricultura de 1990 a 2013. As emisses desses gases comearam com cerca de 580 milhes de toneladas de equivalentes de CO2 EM 1990, e levantou-se para um pico de quase 700 milhes por volta de 2007. Em 2013 tinha cerca de 650 milhes de toneladas.

3.4.Causas Naturais nas Alteraes ClimticasO clima tem sofrido mudanas profundas nas ltimas centenas de anos, mas esse facto por si s, no suficiente para constituir prova de que o ser humano esteja envolvido ou seja responsvel por este fenmeno. Os mais cticos afastam a responsabilidade da actividade humana neste processo alegando que a atmosfera terrestre j passou por inmeras alteraes de temperatura ao longo dos seus milhares de milhes de anos de existncia, devendo-se estas alteraes a diversos factores tais como violentas erupes vulcnicas, variaes nas radiaes solares e mudanas cclicas da orbita da terra. Assim sendo, questes pertinentes so levantadas: Como podemos ter a certeza de que o atual aquecimento no natural? Porque no pode ser provocado por outro motivo qualquer, que no seja a utilizao de combustveis fsseis? Para responder a estas questes foram realizados diversos estudos ao longo dos ltimos anos em que num destes estudos, conduzido pelo centro nacional para a investigao atmosfrica dos EUA, examinaram-se cinco factores: vulces, poluio por aerossis de sulfatos, actividade solar, gases de efeito estufa e destruio da camada de ozono. A erupo do vulco Pinatubo deu-se em 1991 e contribui para o arrefecimento do planeta durante anos, a poluio por sulfatos atingiu o seu pico em meados do sculo XX e pode ter contribudo para o arrefecimento verificado nessa altura, bem possvel que as ligeiras oscilaes nas radiaes solares tenham desempenhado um papel no aquecimento do globo no inicio do sculo e tambm nas fases de arrefecimento de meados do sculo, contudo, o Sol no pode ser responsabilizado pelo aquecimento radical que tem atingido o planeta desde a dcada de 70.O aspecto mais importante a salientar deste estudo que o modelo s e capaz de reproduzir as recentes vagas de calor que assolam o planeta quando inclui os gases de efeito estufa.

Figura 3 Grfico da relao dos factores naturais e humanos no perodo de 1890 1919. As reas sombreadas a vermelho mostram as projees das temperaturas realizadas por 4 modelos informticos a partir das temperaturas medidas nesse perodo. O cinzento inclui apenas factores naturais como agentes das alteraes climticas; o vermelho inclui tanto factores humanos como factores naturais. O trao negro indica as temperaturas registadas no planeta, efetivamente.

4. Efeito de EstufaAlguma da radiao que sai do Planeta passa directamente para o espao atravs da atmosfera, no entanto, a maior parte absorvida por nuvens e gases de efeito de estufa que acabam por emitir as radiaes de volta para a superfcie terrestre e para o espao, mantendo-se assim o balano energtico do Planeta em equilbrio. Azoto e Oxignio so os principais componentes do ar e, devido sua estrutura linear diatmica, no so capazes de absorver a radiao terrestre enquanto os gases de efeito de estufa, compostos por trs ou mais tomos, as suas molculas ramificadas captam eficazmente a energia. Os gases de efeito de estufa possibilitam que a Terra seja habitvel mas parecem estar tambm a tornar o planeta cada vez mais quente. medida que o dixido de carbono e outros gases de efeito de estufa se acumulam dificultam a sua prpria capacidade de irradiar calor para o espao, o que provoca o sobreaquecimento da atmosfera. O efeito do excesso de gases conduz a diversos reajustamentos atmosfricos que na generalidade so retroaes positivas que intensificam o aquecimento. Exemplo de retroao positiva o caso do vapor de gua, em que, medida que as temperaturas da Terra sobem os oceanos e lagos tambm libertam mais vapor de gua, intensificando ainda mais o ciclo de aquecimento. Os principais e mais preocupantes gases de efeito de estufa produzidos por aco humana so o dixido de carbono, o metano, o ozono, o vapor de gua, o xido ntrico e os clorofluorcarbonetos.

Figura 4 Efeito de Estufa

5 Efeito na SadeAs mudanas climticas condicionam, diretamente e indiretamente, a sade humana. Elas podem alterar a composio do ar e da gua, aumentam a ocorrncia de catstrofes naturais que nos destroem as nossas habitaes e o nosso alimento, e ainda auxiliam alguns hospedeiros de doenas infeciosas e parasitrias, na reproduo e prevalncia.A gravidade destes problemas dependem da durao, da frequncia e a intensidade das exposies, bem como a suscetibilidade das populaes expostas (Tavares A., 2009), que dependem de caractersticas socioeconmicas e individuais (idade, gnero, patologias existentes).

Figure 5. Efeitos potenciais na sade de mudanas e variabilidade climticas e o que est e deve de ser feito para minimizar os efeitos [1].

5.1 Efeito da Poluio AtmosfricaOs incndios, a combusto em veculos e fbricas produzem e lanam no ar uma srie de compostos qumicos (essencialmente gases nocivos). Esses compostos qumicos aumentam a incidncia de doenas respiratrias como a asma, bronquite, tosse crnica, rinites e sinusites.

Os gases nocivos que causam efeitos na nossa sade so:Cianeto de Hidrognio ou cido ciandrico (HCN) bloqueia o transporte de oxignio, bem como a sua utilizao pelas clulas, causando confuso mental, taquicardia e taquipneia; Dixido de azoto (NO2) um gs irritante para os pulmes e diminui a resistncia as infees respiratrias e induz reatividade brnquica nos doentes asmticos; Dixido de Enxofre (SO2) este gs torna-se muito irritante em contato com superfcies hmidas, como a mucosa nasal, garganta e pulmes e potencia e agrava as patologias associadas ao sistema respiratrio como a asma, bronquite e enfisema. Por vezes pode converter-se em gotculas de cido sulfrico piorando a irritao;Monxido de carbono (CO) este gs, quando entra na corrente sangunea, liga-se a hemoglobina (responsvel pelo transporte de oxignio) e dificulta a ligao do oxignio, diminuindo a oxigenao dos rgos e tecidos do corpo, causando doenas cardiovasculares como a aterosclerose;Ozono (O3) um gs altamente reativo a temperatura ambiente, que pode causar irritao nos olhos e nas vias respiratrias. Os clios das vias areas perdem a sua funcionalidade, e isso faz com que microrganismos entrem mais facilmente para o corpo proporcionando o aparecimento de doenas;Compostos Orgnicos Volteis (COV) provocam tosse, cefaleias, fadiga e agravamento das patologias respiratrias, podendo tambm ser cancergenas.Para alm, das causas pela sua inalao, estas substncias causam a chuva cida que altera as caractersticas da gua e do solo, prejudicando as plantaes e o biossistema aqutico, e tambm so responsveis pelo aquecimento global.

5.1.1 Impactos do Calor e da SecaComo j foi dito, o aumento da emisso de gases na estratosfera, contribui-o para destruio do escudo de ozono, que nos protege das radiaes solares UV, que aumenta a incidncia de cancro da pele, leses oculares e diminui a atividade do sistema imunitrio, devido aos eventos que se iniciam quando expostos aos raios UV supresso imunolgica.

Figura 6 Extremos de calor (ltimos 20 anos) combinados com a crescente populao idosa mais de 65 at ao ano 2050 (OMS e OMM, 2012) Esta depleo tambm eleva a temperatura atmosfrica, que amplia a incidncia das crises alrgicas, devido a alterao da fase polnica das flores. Leva tambm escassez de gua, comprometendo as colheitas agrcolas, que diminui o stock alimentar desencadeando o aparecimento de casos de malnutrio e doenas infeciosas, pois o sistema imunitrio est mais fraco. Verifica-se, com maior incidncia, o aparecimento destas condies em crianas.A falta de gua pode provocar a utilizao de gua contaminada, tanto na higiene, como no prprio consumo, e com isso o aparecimento de quadros de doenas gastrointestinais, exemplo Salmonella e a Clera, causadas por bactrias que se desenvolvem em guas quentes. Sem estrutura sanitria adequada e se as temperaturas a aumentarem, as taxas de mortalidade tambm aumentaro.Por fim, o aumento da temperatura leva ao degelo, que transfere qumicos para a cadeia alimentar e ainda provoca inundaes e tempestades, causando mortos e feridos.5.1.2 Impacto da Precipitao Uma das alteraes climticas existentes o aquecimento dos oceanos e o excesso de precipitao, que leva a um maior desenvolvimento de furaes e por consequente, cheias e inundaes. Estas, por sua vez, para alm dos feridos e mortes atribudos diretamente, ainda provocam a contaminao da gua e o aparecimento de guas paradas, criando condies para maior proliferao de insetos e outros vetores transmissores de doenas. Com o aumento do nvel do mar, algumas cidades do litoral apresentam tendncia para desaparecer e ainda alguns pases podem enfrentar perodos de seca e diminuio da humidade no ar, o que pode levar a um aumento de doenas respiratrias.5.2 Doenas Infeciosas O ciclo de transmisso das doenas infeciosas envolve o agente patognico (parasita) e o hospedeiro (vetor).A alterao de alguns elementos climticos est diretamente relacionado com o aumento do desenvolvimento e da distribuio de alguns desses vetores. Por isso, h uma maior difuso das doenas por eles transmitidas. Exemplos: - Malria, que provocada por quatro espcies de protozorio Plamodium, transmitida para os humanos atravs do mosquito Anopheles. O aumento da temperatura aumente a atividade e reproduo dos mosquitos;- Vrus do Dengue, transmitido tambm por mosquitos Aedes, que tem beneficiado com as guas paradas, superfcies hmidas e recipientes de gua;- Doena de Lyme, causada pela bactria Borrelia burgdorferi, espiroqueta e transmitida por carrapatos, que com as alteraes climticas viram o seu raio de ao alastrar-se;- Peste bubnica, ou Peste Negra, bactria Yersinia pestis, transmitida por roedores e por pulgas, o clima no s influencia as migraes dos seus vetores como a reproduo da prpria bactria.

Figura 7 Algumas doenas infeciosas e a sua relao com elementos climatricos6 Solues Globais6.1 Polticas -Protocolo de QuiotoO ponto fulcral do Protocolo de Quioto a exigncia feita aos pases desenvolvidos para que reduzam as suas emisses de seis gases de efeito de estufa, mais concretamente, dixido de carbono, xidos de azoto, metano, hexafluoreto de enxofre, hidrofluorcarbonetos e perfluorcarbonetos. Cada pas apresenta uma diferente meta de redues e os pases em desenvolvimento encontram-se isentos. Os EUA, topo da lista de pases que apresenta maior percentagem de emisso de CO2,no ratificou o tratado sendo por isso as suas metas de reduo simplesmente hipotticas. O objectivo final estabilizar o clima num nvel que evite uma interferncia antropognica perigosa com o sistema climtico e num perodo de tempo suficiente para permitir que os ecossistemas se adaptem s alteraes climticas, de modo a salvaguardar a produo alimentar e possibilitar que o desenvolvimento econmico continue de uma forma sustentvel.

6.2 Solues TecnolgicasA ameaa de novas centrais eltricas a carvo debitando de forma frentica carbono para a atmosfera veio reforar a urgncia da tarefa de determinar mtodos para que o carvo possa ser queimado de forma mais limpa, estendendo-se o desafio para a reduo das emisses das centrais eltricas que queimam petrleo, gs ou biomassa. Uma abordagem a gaseificao, onde em vez de o carvo ser queimado directamente, uma central de gaseificao aquece o combustvel e os gases resultantes so refinados para se obter synfuels (verses sintticas de combustveis base de petrleo, como gasolina ou gasleo).A principal vantagem da gaseificao em termos dos gases de efeito de estufa que o CO2 pode ser facilmente separado da mistura de gases aps a combusto. O interesse de isolar o CO2 consiste na possibilidade de capturar o gs antes de este escapar para a atmosfera, processo conhecido como captura e armazenamento de carbono ou sequestrao. A ideia armazenar o carbono capturado em locais subterrneos, em que uma possibilidade a injeo de CO2 no mar onde acabaria por se dissolver, todavia esta soluo no vivel em termos ambientais pois o CO2 torna os oceanos mais cidos. Armazenar o carbono no subsolo bombeado a grandes profundidades parece ser a melhor das solues pois este, devido presso, assume uma forma fluida reduzindo assim a possibilidade de voltar superfcie. As melhores solues sero sempre o recurso a formas de energia alternativas aos combustveis fsseis, que so as energias renovveis e nuclear. As energias renovveis compreendem a energia solar, a energia elica, a energia geotrmica, a energia hidroeltrica.7 Solues Nacionais - PortuguesaEm Portugal como efeito das alteraes climticas, tem havido uma maior incidncia e intensidade de catstrofes naturais, incluindo incndios, desabamentos de terras, inundaes, secas e ondas de calor, portanto, fundamental prevenir, alertar e responder rapidamente e eficazmente a estas ameaas (CCE, 2007). Vrias polticas foram desenvolvidas, como a proposta de ENA Portuguesa - Estratgia Nacional de Adaptao s Alteraes Climticas (ENAAC), foi submetida a consulta pblica entre 17 de Julho e 4 de Setembro de 2009. Os sectores estratgicos identificados na ENACC foram 9, entre eles, ordenamento do territrio e cidades; segurana de pessoas e bens; sade humana; recursos hdricos. Foram traados quatro objetivos, que pretendem traduzir a metodologia geral, dispostos no quadro seguinte.

Figura 8 Quadro resumo dos objectivos da ENACC

7.1 Regio Autnoma dos AoresA nvel regional, Governo Regional dos Aores tambm desenvolver aquela que ser a primeira Estratgia Regional Portuguesa (ERAC). Foi com base num relatrio de referncia, que indica que a energia o sector que mais contribui para a emisso de GEE, nos Aores, com cerca de 73% das emisses, e onde a agricultura era responsvel de 25% das emisses, em 15% associam-se a digesto de animais, nomeadamente os ruminantes, que o Governo Regional fundamenta a consciencializao da temtica.

8 ConclusoOs modelos de estudo sugerem que os cenrios climticos vo se agravar no futuro, se medidas no forem postas em prtica para um desenvolvimento mais sustentvel. essencial que haja uma reduo significativa da emisso de gases com efeitos de estufa. Dos efeitos ambientais intensificados pelo homem, os atmosfricos tem sido os mais graves, isto porque o aumento da poluio atmosfrica desencadeia perturbaes trmicas em todo o planeta. Secas, ondas de calor, ondas de frio, inundaes, tempestades, entre outros, eventos climticos extremos, tm causado diversas consequncias, como o aumento do risco de epidemias contagiosas e parasitrias, aumento no risco de mortes decorrentes de eventos como deslizamentos e enchentes.Estas novas condies levaram a necessidade de adaptao dos comportamentos humanos. A migrao de populaes, pela falta de alimento e gua, e tambm pela difuso de doenas, ditas at hoje tropicais, para zonas temperadas. Um facto importante que a adoo de polticas de interveno para reduo da vulnerabilidade da comunidade atravs de medidas de preveno, mitigao, adaptao e de proteo, no s da populao em si, mas tambm do prprio globo. consensual que os entraves polticos precisam de ser ultrapassados, de modo que seja realizado o devido investimento nas energias alternativas utilizao de combustveis fsseis, sendo que estes ltimos, conjuntamente com outras atividades humanas, so responsveis pelas grandes mudanas climticas que se verificam hoje em dia e que comprometem seriamente o futuro do planeta.

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