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1 hornsup #11 www.hornsup.net q 43 resenhas de CDs q 9 entrevistas q 10 resenhas de shows nº13 - Junho/Julho 10 entrevistas: Lacuna coil Dark tranquility Cancer bats Carnifex the ocean danko jones seven stitches a wilhelm scream ao vivo: suicide silence c napalm death/suffocation c despised Icon c extreme noise terror... herois da resistencia videos! sick of it all danko jones ´ ´ ^

HORNSUP Nº13

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http://www.hornsup.net Revista de música gratuita para download com 56 páginas com entrevistas, matérias. colunas e resenhas de CDs e shows. Entrevistas: Sick Of It All, Lacuna Coil, Dark Tranquility, Cancer Bats, The Ocean, Carnifex, Danko Jones, Seven Stitches e A Wilhelm Scream. Resenhas de CDS: 43. Ao vivo: Suicide Silence, Despised Icon, Extreme Noise Terror, Mudhoney, Marduk, Manowar, Social Distortion,Kool Metal Fest 2010, More Than A Thousand e WASP. Sorteio de prêmios

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1hornsup #11

www.hornsup.net q 43 resenhas de CDs q 9 entrevistas q 10 resenhas de showsnº

13 -

Jun

ho/Jul

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entrevistas:

Lacuna coil Dark tranquility Cancer bats Carnifex the ocean danko jones seven stitchesa wilhelm scream

ao vivo: suicide silencec napalm death/suffocation c despised Icon c extreme noise terror...

herois da resistencia

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7hornsup #13

índice

26

18

Editorial 8Ganhe! 8Noticias 9PT saudacoes 9Old school 11agenda 12sangue novo 14rec 16Artwork 16top 5 17sick of it all 18lacuna coil 22dark tranquility 24cancer bats 26carnifex 28the ocean 30danko jones 32seven stitches 34a wilhelm scream 36Resenhas 38Ao vivo 48

´~

28

30

32

34

24

22

´

36

Page 8: HORNSUP Nº13

hornsup #138

Nº13 • Junho/Julho 2010

Editor-chefeMatheus Moura

Colaboradores nesta ediçãoAndré Henrique Franco, André Pires, Andréa

Ariani, Flávio Santiago, Igor Lemos, Italo

Lemos, João Antonio, João Henrique, Luigi

“Lula” Paolo, PT

FotosCarina Martins, Cindy Frey, Flávio Santiago,

Flávio Hopp, Katja Kuhl, Maurício

Santana, Miguel Duarte, Ron Boudreau,

Steve Brown

Design, Paginação, WebdesignMatheus Moura

RevisãoAndréa Ariani

Publicidade/[email protected]

Websitewww.hornsup.net

Myspacewww.myspace.com/hornsupmag

Envio de material

Portugal/EuropaHORNSUP

Att: Matheus Moura

Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC

2725 Algueirão-Mem Martins

Portugal

BrasilIgor Lins Lemos

Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603

Torre - Recife/PE - Brasil

CEP: 50710-140

HORNSUPRua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC2725 Algueirão-Mem Martins

Portugal

Editorialheaven and hell Nos últimos meses, o cenário da música

pesada perdeu diversos dos seus repre-

sentantes. Vimos uma legião de fãs chorar

a partida de um monstro sagrado (Ronnie

James Dio). Sentimos a despedida prema-

tura de um músico prodigioso e promis-

sor (The Rev). Demos adeus a uma figura

única (Peter Steele) e, recentemente, vimos

como uma banda sofre com a morte de um

amigo (Paul Gray). É triste, mas o legado

deixado por eles permanece. A ideia que

nunca mais os veremos é dura, portanto,

gosto de pensar que eles nunca se vão,

pois cada vez que ouvirmos a tua música,

eles estarão ali. A lembrança de todos

bons momentos que esses artistas nos

proporcionaram, e ainda proporcionam, é

imortal. O sentimento é imortal. Por isso,

não quero que “descansem em paz”, quero

que continuem me “perturbando” pois só

assim sinto que ainda estão aqui e nunca

vão me deixar. Condolências aos famili-

ares, amigos e aos milhões de fãs em luto.

Bem, nem tudo são más notícias. Essa

edição assinala o segundo aniversário da

revista HORNSUP. Venho reforçar minha gra-

tidão para com a equipe de colaboradores

e, acima de tudo, para com os leitores que

nos tem apoiado.

Obrigado, pessoal!

Matheus Moura

Edittooorriiaal

Ganhe!Gannhhee!!

Uma (1) t-shirt da banda Holy Week Ends

www.myspace.com/holyweekends

Vencedores das promoções HORNSUP #12 - Kamala: Christiano Callegaro (santo Angelo/RS), Cássio Bruno

Moret (Mundo Novo/MS) / Public Pervert: Thiago Duarte (Rio de Janeiro/RJ), Saulo Chaves (Campos dos

Goytacazes/RJ) / Contrive: Hezrom Lima (Campina Grande/PB)

Procura-se

Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de

nossa equipe, envie um e-mail para [email protected] mostre do que é capaz!

A HORNSUP nº 13 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:

Para concorrer às promoções visite www.hornsup.net

e saiba com se inscrever.Sorteio: 30 de Julho de 2010

Um (1) álbum “Vol.4: Make Friends and

Enemies” do More Than A Thousand

www.myspace.com/morethanathousand

Um (1) álbum “Vida Convicta” do Frontal

www.myspace.com/frontalonline

Page 9: HORNSUP Nº13

RONNIE JAMES DIOR.I.P.

Ronnie James Dio, lendário cantor de Heavy

Metal (Dio, Heaven & Hell, Black Sabbath,

Rainbow), faleceu as 7:45 da manhã do

dia 16 de Maio de 2010. Em Novembro do

ano passado, Dio foi diagnosticado com

um câncer no estômago e estava fazendo

sessões de quimioterapia. Em Abril, Dio

apareceu no Revolver Golden Gods Awards,

em Los Angeles, para receber o prêmio de

“Melhor Vocalista”. No início de Maio, o

Heaven & Hell cancelou seus planos para

uma turnê de verão na Europa devido ao

tratamento de Dio. A banda comunicou que o

vocalista não estava “bom o sufi ciente para

fazer uma turnê”. Ronnie James Dio cantou

com o Elf, Rainbow, Black Sabbath e sua

própria banda, Dio. Outros projetos musicais

incluíram o projeto benefi cente “Hear ‘n Aid”.

Ele é amplamente aclamado como um dos

mais poderosos cantores do Heavy Metal,

conhecido por sua poderosa voz e por popu-

larizar o gesto “chifres do diabo” na cultura

Metal. Recentemente esteve envolvido com o

Heaven & Hell. Dio tinha 67 anos.

PARKWAY DRIVEEm busca da verdade

O Parkway Drive já terminou as gravações de

seu terceiro álbum em Los Angeles (EUA) com

o produtor Joe Barresi (Queens Of The Stone

Age, Bad Religion). O registro se chamará

“Deep Blue” e tem planos de chegar às lojas

em 29 de Junho pela Epitaph Records. De acor-

do com o vocalista Winston McCall, o álbum

é “basicamente sobre a busca da verdade em

um mundo que parece ser desprovido disso”.

AnthraxBelladonna is back

Os rumores se confi rmaram. O vocalista Joey

Belladonna está de volta ao Anthrax. Bella-

donna faz sua estreia no primeiro show da

turnê que reúne o “Big Four” (Metallica, Slayer,

Megadeth e Anthrax) na Europa. Assim que

terminarem essa turnê, voltam aos Estados

Unidos, e começam a compor um novo álbum,

que deve sair no começo de 2011.

notíciasnottícccciiiaass

36 CRAZYFISTSNáufragos

Dia 27 de Julho será lançado nos EUA pela

Ferret Music (26 de Julho na Europa pela

Roadrunner), o novo álbum do 36 Crazyfi sts,

“Collisions And Castaways”. O álbum foi pro-

duzido pela guitarrista Steve Holt e está sendo

mixado por Andy Sneap (Megadeth, Opeth). A

banda já divulgou a tracklist que deve conter

11 faixas. O álbum terá as participações es-

peciais de Adam Jackson (vocalista do Twelve

Tribes), Raithon Clay (Plans To Make Perfect) e

Brandon Davis (Across The Sun).

AUGUST BURNS RED / BLESSTHEFALLAgosto em chamas

Duas forças emergentes do Metal moderno

norte-americano estarão juntas em solo sul-

americano durante o mês de Agosto: August

Burns Red e Blessthefall. Ambas vem com um

novo disco na bagagem, lançados em 2009:

“Constellations” e “Witness”. No Brasil, a turnê

tem duas datas confi rmadas: dia 21, em São

Paulo e dia 22, em Curitiba. Argentina, Chile,

Colômbia e Venezuela também estão na rota

da turnê. Maiores informações serão divulga-

das futuramente em www.liberationmc.com.

kornVolta às origens

O nono álbum de estúdio do Korn, que se

chamará “Korn III - Remember Who You Are”,

tem data de lançamento marcada para 13 de

Julho e será o primeiro da banda pela Road-

runner Records. O Korn já revelou o artwork

e a tracklisting desse novo trabalho, que

contará com a produção de Ross Robinson, o

homem por trás de “Korn” e “Life Is Peachy”,

os dois primeiros álbuns do grupo. Esse será

o primeiro álbum da banda com a participação

do baterista Ray Luzier como membro perma-

nente do grupo.

por André Henrique Franco

ê

hornsup #13 9

Quando o HC leva uma surraAgora que já tomei a distância necessária, vai aí a opinião de alguém que entende alguma coisa de documentários, Thrash Metal e Hardcore: “Get Thrashed” dá uma surra descomunal no “Ameri-can Hardcore”. Mas, assim, é uma SENHORA surra. Primeiro minuto do primeiro round, a la Mike Tyson circa 1987 - o que aliás quase coin-cide no tempo com o ápice do Thrash.

Antes que a intelligentsia HC comece a tirar os livros da prateleira e parta para o ataque, faz-se necessária uma ressalva: falo do fi lme e não dos gêneros. É o documentário sobre Thrash que está milhões de anos-luz à frente do documentário sobre HC americano, na minha nem-tão-modesta opinião. Qual gênero musical é melhor? Qual cena foi mais signifi cativa? Outra discussão.

“GT” é mais abrangente e menos pretensioso. “AHC” é preconceituoso, elitista, unilateral.

“GT” foi feito por apaixonados por Thrash Metal. Ponto. “AHC” foi feito por quem pretende ensinar Hardcore, ter prevalência sobre a maneira como este capítulo da música e do comportamento americanos vão entrar para a História.

Toda vez que assisto ao “American Hardcore”, leio nas entrelinhas “olha aqui, pessoal, es-queçam o que não está neste documentário; se uma banda ou uma cena apareceram pouco aqui é porque não tiveram relevância; como pensadores, líderes intelectuais da bagaça, cabe a nós pinçar o que vocês devem conhecer sobre Hardcore americano”.

“Get Thrashed”, ao contrário, dá voz aos vira-latas, aos carregadores de piano, às bandas que não faziam e ainda hoje não fazem parte do establishment. Por isso, tem mais cores, mais humor, mais realidade e muito, muito, muito mais emoção que “AHC”.

Acredito piamente num conceito básico deste tipo de fi lme: documentário não é jornalismo. Não há obrigação em ouvir todos os lados. Docu-mentário é um recorte, a opção do diretor por um olhar específi co sobre um assunto. Ainda que ele escolha fazer um retrato geral de determinado tema, isto também signifi ca ser pontual, por mais ambíguo que soe. Afi nal, havia a possibilidade de abordar uma história de vários jeitos e o realiza-dor se decidiu por um caminho específi co: falar tudo sobre aquele assunto.

“American Hardcore” peca ao vender como total uma versão apenas parcial. Exclui as bandas e as cenas que “queimam o fi lme” da academia. Usam um photoshop histórico para esvaziar, por exem-plo, o papel da cena de Nova York no Hardcore americano.

É mais ou menos como se alguém fi lmasse um documentário sobre Hardcore no Brasil, incluísse só bandas melódicas ou só bandas straight edge ou só bandas de São Paulo e colocasse no título “Hardcore Brasileiro”.

De novo: escolhas podem ser feitas livremente no universo dos documentários. “American Hard-core” fez a escolha errada.

Minha sugestão: “Get Thrashed”.

pt saudações

Page 10: HORNSUP Nº13

hornsup #1310

notíciasnottícccciiiaassSLIPKNOTMorre o baixista Paul Gray

Paul Dedrick Gray, 38 anos, baixista do

Slipknot, foi encontrado morto no dia 24 de

Maio por um funcionário do hotel TownePlace

Suites, onde estava hospedado, em Urbandale,

Iowa (EUA). Autópsia e exames toxicológicos

foram feitos para determinar os fatores da

morte de Paul. Segundo a polícia, não havia

nenhuma evidencia de crime. Em Abril desse

ano, foi anunciado que Paul havia se juntado

ao HAIL!, grupo que também conta com Tim

“Ripper” Owens (Beyond Fear, ex-Judas Priest,

Iced Earth), Paul Bostaph (Testament, Slayer,

Exodus) e Andreas Kisser (Sepultura). Ele

chegaria para substituir o membro original

David Ellefson, que não pode continuar na

banda devido aos seus compromissos com o

Megadeth. Segundo informações, os familiares

de Paul ligaram para o hotel, pois não es-

tavam conseguindo falar com ele por telefone.

O funcionário do hotel encontrou o baixista

sozinho, já morto e ligou para a polícia.

UNDEROATHAs baquetas trocam de mãos

O Underoath contratou o baterista Daniel

Davison (ex-Norma Jean) para susbtituir Aaron

Gillepsie, que deixou a banda e que agora se

dedicar exclusivamente ao seu projeto, The

Almost. A banda entrou em estúdio no dia 24

de Maio para gravar o follow up de “Lost In

The Sound Of Separation”, juntamente com os

produtores Matt Goldman e Jeremy SH Griffi th.

soilworkPânico sueco

Os suecos do Soilwork irão por nas ruas seu

mais novo trabalho, “The Panic Broadcast”, em

2 de Julho na Europa e 13 de Julho na América

do Norte via Nuclear Blast Records. O CD foi

mixado no Fascination Street, na Suécia, por

Jens Bogren (Opeth, Katatonia, Paradise Lost).

Esse será o primeiro disco com o guitarrista

Peter Wichers desde seu retorno à banda em

2008. Também será a estréia de outro guitar-

rista, Sylvain Coudret. O artwork foi uma cria-

ção de Bartosz Nalezinski. Segundo o vocalista

Björn “Speed” Strid, a arte representa a ilusão

da mente e o estado de pânico.

despised iconCapítulo fi nal

Os canadenses do Despised Icon divulgaram

através de sua página ofi cial no Myspace que

estão encerrando suas atividades. De acordo

com o update: “O tempo chegou para nós

seguirmos em frente. Alguns de nós chegaram

recentemente a um novo capítulo em suas

vidas, começando famílias, comprando casas

e buscando outras carreiras para fazer tudo

acontecer. Escrever música, fazer turnês e

sair de casa por meses está lentamente se

tornando impossível por causa disso. Nós

todos decidimos que seria melhor puxar a

tomada agora e terminar as coisas da maneira

correta”. Entretanto, a banda irá cumprir todas

as datas agendadas até o fi nal do ano.

NORMA JEANNavalha afi ada

Após lançarem 4 álbuns pela Solid State

Records, o Norma Jean se prepara para

debutar pelo selo Razor & Tie. O novo álbum

do grupo, intitulado “Meridional”, chegará às

lojas em 13 de Julho e contará com 11 faixas.

O registro teve produção de Jeremy Griffi th e

conta com o artwork de Jason Oda. O Norma

Jean está confi rmado para a edição 2010 do

Rockstar Mayhem Festival, onde tocará no

Mayhem Festival Stage.

dark tranquilityDa Suécia para a América Latina

Os suecos do Dark Tranquillity irão fazer uma

turnê latino-americana e tem duas datas

confi rmadas no Brasil: dia 12 de Junho em

São Paulo (Carioca Club) e dia 13 em Curitiba

(Hangar Bar). Os shows em território brasileiro

encerram a turnê, que passa também por

México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e

Uruguai. Essa será a primeira apresentação

da banda no Brasil. O último álbum do Dark

Tranquillity, “We Are The Void”, foi lançado em

24 de Fevereiro pela Century Media. Ingressos

podem ser comprados pelo site:

www.ticketbrasil.com.br.

Tesouros do

Headbanging é vidawww.youtube.com/watch?v=RIbxhE1TEtk

Mario Bros. em 2 guitarraswww.youtube.com/watch?v=aZpD0btOZx8

Ozzy de cerawww.youtube.com/watch?v=sY9PeJOZpeA

Tony Danza no Tony Danzawww.youtube.com/watch?v=OlQTn7gI8cw

Page 11: HORNSUP Nº13

notíciasnottícccciiiaassTYPE O NEGATIVENota de falecimento

Petrus T. Ratajczyk, mais conhecido como Peter

Steele, frontman do Type O Negative, faleceu

em 14 de Abril aos 48 anos. Peter morreu

devido a problemas cardíacos. Segundo a

banda ele, ironicamente, vinha desfrutando de

um longo período de sobriedade e melhoras

em sua saúde. Seu falecimento se deu logo

após o início da composição do novo álbum

da banda, que seria o follow up de “Dead

Again”, lançado em 2007.

HASTE THE DAYO Rei Lobo

É pela Solid State Records que sairá o novo

disco do Haste The Day, “Attack Of The Wolf

King”. O registro chega às lojas em 29 de

Junho e contou com produção de Andreas

Magnusson (The Black Dahlia Murder, Oh

Sleeper). A banda está reformulada. Permanecem

o vocalista Stephen Keech e o baixista Michael

Murphy e participam pela primeira vez de um

full length pela banda os guitarristas Dave

Krysl (ex-New Day Awakening) e Scotty Whelan

(ex-Phinehas) e o baterista Giuseppe Capolupo

(ex-Once Nothing)

HEAVEN SHALL BURNTerceiro episódio

“Invictus”, o novo álbum da banda alemã

Heaven Shall Burn, já foi lançado na Europa e

chega a América do Norte em 8 de Junho, via

Century Media Records. O registro foi gravado

no Antfarm Studio (do produtor Tue Madsen),

em Aarhus, Dinamarca, com os dois guitarris-

tas da banda, Maik Weichert e Alexander Dietz,

responsáveis pela produção do CD. “Invictus”

é a terceira parte da saga “Iconoclast” (a

primeira parte é o álbum “Iconoclast”, de

2008, e a segunda é o DVD “Bildersturm”, de

2009). A faixa “Given In Death” conta com a

participação da vocalista Sabine Weniger e do

guitarrista Sebastian Reichl, ambos da banda

Deadlock.

Funeral for a friendA saída de um amigo

O guitarrista Darran Smith deixou o Funeral For

A Friend após 9 anos junto com a banda. Com

a saída de Darran, o baixista Gavin Burrough

assume a guitarra e a banda chamou Richard

Boucher (Hondo Maclean, Ghostlines) para

ser seu novo baixista. A banda se encontra

atualmente em processo de composição de

um novo álbum.

Abre aspas...

“Eu não preciso de drogas para ter uma vida trágica”

Eddie Vedder (Pearl Jam)

hornsup #13 11

Old SchoolClaro que este deveria ser um Old School

especial. Não só pelo seu devido lugar na

história do Heavy Metal, mas também pela

homenagem ao maior representante que o

Metal já teve: o eterno Ronnie James Dio.

Não foi à toa que Dio passou por grandes

bandas no cenário, como o Rainbow e o Black

Sabbath. Seu carisma, sua interpretação e seu

amor pelo Heavy Metal, o lançaram como uma

estrela única, sem comparações e admirado

por todos – como profi ssional e como pes-

soa. Imagine sair do Black Sabbath, talvez a

mais importante banda da história, por livre e

espontânea vontade e se lançar em uma car-

reira solo? Havia funcionado para o Ozzy, mas

funcionaria novamente para um “substituto”?

E a ousadia não parou aí. Nada de chamar

produtores famosos para alavancar essa nova

carreira. O próprio Dio resolveu produzir o

álbum, escrever todas as letras e participar

de todas as composições e arranjos. E nada

de músicos famosos, um bando de moleques

desconhecidos fariam o serviço: Vinny Appice

na bateria, Vivian Campbell na guitarra e

Jimmy Bain no baixo e teclados, estes com-

partilhados com o próprio Ronnie. Logo na

capa - uma das mais famosas e polêmicas do

mundo, com um padre acorrentado em deses-

pero afogando-se sob o olhar de um demônio

fazendo o popular “chifrinho” com as mãos,

imortalizado por Dio - percebia-se que “Holy

Diver” era um clássico imediato. “Stand Up

and Shout” é uma música rápida e poderosa,

já de cara mostrando que o gigante de aproxi-

madamente 1,50 m não veio pra brincadeira.

Segue com o clássico “Holy Diver”, que mostra

o ótimo aprendizado que Dio fez em seus

anos de Black Sabbath (e especialmente pelo

disco “Heaven and Hell”). Vinny Appice – aqui

um garoto de praticamente 19 anos, mostra

uma interessante técnica de bateria com um

“atraso” que seria motivo de estudo nos

diversos anos seguintes. Seguem “Gypsy”,

“Caught in a Middle”, a fantástica “Don’t Talk

to Strangers” e “Straight through the Heart”,

que até aqui já cunharam o que seriam as

marcas registradas de Dio, fi rmando-o como

um dos maiores ícones do Heavy Metal.

“Invisible” talvez seja a única música mais

regular de todo o álbum, mas antes que você

possa pensar que a coisa vai esfriar - Look

Out – vem a também clássica “Raibow in

the Dark”, com uma melodia incrível, e um

solo de Campbell de tirar o fôlego. Pra fechar

com chave de ouro, “Shame on the Night” já

deixava o clima de ansiedade no aguardo do

dio“Holy Diver”

(1983)

próximo álbum – isto em 1983. Era inexplicável

como saia uma voz com aquele poder de um

corpo tão pequeno, com um carisma único

e uma atenção aos fãs como pouco se viu.

“Holy Diver” não é apenas um álbum de Heavy

Metal, mas uma aula de música, de vontade

e de paixão pelo que se faz, aplicada pelo

nosso eterno professor Ronnie James Dio, em

uma das melhores classes que o “Old School”

poderia aplicar. Não apenas “Holy Diver”, mas

toda sua música e sua lembrança viverão para

sempre. Muitas pessoas começaram a amar o

Heavy Metal por esse álbum, e muitas outras

ainda o farão. Obrigado por tudo, Ronnie.

Sentiremos sua falta. Luigi “Lula” Paolo

Page 12: HORNSUP Nº13

0 -

hornsup #1312

notíciasnottícccciiiaassJOB FOR A COWBOYFesta do peão

Pela primeira vez na América do Sul, o Job For

A Cowboy fará duas apresentações no Brasil:

em 17 de Julho, em São Paulo e em 18 de

Julho, em Curitiba. Em seguida, a banda per-

correrá as principais cidades de outros cinco

países do continente: Buenos Aires (Argen-

tina), Santiago (Chile), Quito (Equador), Bogotá

(Colômbia) e Caracas (Venezuela). Os caras

trarão em seu repertório toda a brutalidade de

seu novo álbum, “Ruination”, lançado no ano

passado pela Metal Blade Records. O show

de São Paulo será realizado no Carioca Club,

enquanto o de Curitiba será no John Bull Music

Hall. Para informações adicionais visite

www.liberationmc.com.

BIOHAZARDEm Julho no Brasil

O Biohazard se apresentará em São Paulo

no dia 10 de Julho juntamente com a banda

paulistana Questions. O show será no Carioca

Club. A banda também passará por Colômbia,

Chile e Argentina. No dia 11, o Biohazard deve

se apresentar no Araraquara Rock Festival, em

Araraquara, interior de São Paulo. A última

passagem do quarteto pelo Brasil aconteceu

em Maio de 2008, na primeira edição do festi-

val Maquinaria. Ingressos para o show de São

Paulo podem ser adquiridos pelo site:

www.ticketbrasil.com.br.

SHADOWS FALLDebut sul-americano

A banda americana Shadows Fall anunciou

uma turnê latino-americana que passará por

México, Chile, Argentina e terminará no Brasil

no dia 1 de Julho, no Hangar 110, em São

Paulo. Essa turnê será referente ao álbum

“Retribution”, lançado em 2009. Segue o

pronunciamento ofi cial no Myspace do grupo:

“Estamos muito felizes em anunciar que nós

estaremos fazendo a nossa primeira turnê

na América do Sul em Junho. Mantenham os

olhos abertos, pois mais uma data ainda vai

ser anunciada”.

IN THIS MOMENTEstrelas e armas

“A Star Crossed Wasteland”, o novo álbum do

In This Moment, será lançado dia 13 de Julho

pela Century Media. O disco foi gravado no

The Wolves Den Studio em Las Vegas (EUA)

e tem produção de Kevin Churko (Ozzy Os-

bourne, Five Finger Death Punch). O primeiro

single do novo CD será a música “The Gun

Show”, que irá receber um vídeo em suporte,

dirigido por David Brodsky, que já trabalhou

com a banda no clipe “Forever”.

LACUNA COILEm Julho no Brasil

Acontece no dia 16 de Junho a primeira

apresentação do Lacuna Coil pelo Bra-

sil. Liderados pela bela vocalista Cristina

Scabbia, os italianos farão uma turnê pela

América Latina, que terá início em 8 de

Junho, no México, e percorrerá Venezu-

ela, Colômbia, Equador, Chile e Argentina,

antes de fecharem a turnê em São Paulo.

A única apresentação no Brasil será no

Espaço Lux, em São Bernardo do Campo.

O Semblant foi confi rmado como banda de

apoio para a passagem do Lacuna Coil em

solo brasileiro. A banda vem divulgar seu

mais recente disco, “Shallow Life”, lançado

em Abril de 2009 pela Century Media/EMI.

Maiores informações podem ser conferidas

em www.liberationmc.com.

SOUNDGARDENNudedragons

Desde o polêmico post de Chris Cornell no

Twitter, no dia 1º de Janeiro de 2010, muitas

especulações têm surgido sobre o retorno

do Soundgarden. A espera pela volta da

banda teve fi m em 16 de Abril, quando

o grupo fez o seu primeiro show desde

1997, sob o nome de Nudedragons (um

anagrama para Soundgarden), no Showbox

At The Market, em Seattle, terra natal da

banda. Chis Cornell (vocalista), Kim Thayil

(guitarrista), Ben Shepherd (baixista) e Matt

Cameron (baterista) estavam ensaiando para

o primeiro show confi rmado de reunião do

grupo, dia 8 de Agosto, no festival Lolla-

palooza, que será realizado em Chicago.

Esse show do dia 16 de Abril foi anunciado

somente um dia antes pela banda e todos

os ingressos foram vendidos em apenas 15

minutos.

TERROR / H2ONada a provar

Após anunciarem a turnê do Terror com o

Sick Of It All, a Liberation Music Company

teve que adiar a vinda do S.O.I.A. devido a

grandes compromissos da banda relacio-

nados ao lançamento de seu novo disco,

“Based On A True Story”. Em substituição,

o H2O vem ao Brasil e cumprirá todas as

datas programadas anteriormente ao lado

do Terror. A turnê sul-americana começará

pelo Brasil, em Curitiba, dia 31 de Julho e

São Paulo, dia 1º de Agosto. Na seqüência,

passarão por Argentina, Chile, Venezuela e

Colômbia. Essa será a quinta passagem do

Terror pelo território brasileiro. Já o H2O

vem celebrar o seu 15º ano de existên-

cia nos presenteando com as músicas de

“Nothing To Prove”, seu mais recente disco.

Acesse www.liberationmc.com para maiores

detalhes.

agendaageennnddaa

www.lineupbrasil.com.br

Brasil:

Junho:02 - A Wilhelm Scream - Drakkar Music Hall, Porto Alegre/RS04 - A Wilhelm Scream - John Bull Music Hall, Curitiba/PR05 - A Wilhelm Scream - Clash Club, São Paulo/SP06 - A Wilhelm Scream - Rock’n’Drinks, Rio de Janeiro/RJ12 - Cro-Mags/Death Before Dishonor - Inferno Club, São Paulo/SP12 - Dark Tranquility - Carioca Club, São Paulo/SP13 - Dark Tranquility - Hangar Bar, Curitiba/PR19 - Lacuna Coil - Espaço Lux, São Bernardo do Campo/SP27 - Theater of Tragedy - Carioca Club, São Paulo/SP

Julho:01 - Shadows Fall - Hangar 110, São Paulo/SP10 - Biohazard - Carioca Club, São Paulo/SP17 - Job For a Cowboy - Carioca Club, São Paulo/SP18 - Job For a Cowboy - John Bull Music Hall, Curitiba/PR24 - Escape the Fate - Carioca Club, São Paulo/SP25 - Escape the Fate - John Bull Music Hall, Curitiba/PR31 - Terror/H2O - John Bull Music Hall, Curitiba/PR

Agosto:o1 - Terror/H2O - Inferno Club, São Paulo/SP21 - August Burns Red/ Blessthefall - São Paulo/SP22 - August Burns Red/ Blessthefall - Curitiba/PR

Portugal:

Junho:01 - God is an Austronaut - CAE São Mamede, Guimarães02 - God is an Austronaut - Santiago Alquimista, Lisboa10, 11 e 12 - Festival Metal GDL c/ Unleashed, Born From Pain, Gama Bomb... - Parque de feiras e exposições, Grândola16 - Cynic - Musicbox, Lisboa16 - 7 Seconds - Santiago Alquimista, Lisboa22 - Behemoth, Exodus, Decapitated... - Cine-Teatro, Corroios24 - Between The Buried and Me - Porto Rio, Porto

Julho:06 - Rise Against - Coliseu dos Recreios, Lisboa08, 09 e 10 - Festival Optimus Alive!10 c/ Faith No More, Deftones, Pearl Jam, Alice in Chains... - Passeio Marítimo, Algés14 - Deep Purple - Coliseu dos Recreios, Lisboa16, 17 e 18 - Festival Caos Emergente c/ Mayhem, Necrophagist, The Ocean, Dew-Scented, Sirenia... - Vila Maior, São Pedro do Sul22 - Valient Thorr - Musicboix, Lisboa23 - Valient Thorr - Plano B, Porto28, 29, 30 e 31 - Festival Paredes de Coura c/ Gallows, Enter Shikari... - Praia do Tabuão

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13hornsup #2

Page 14: HORNSUP Nº13

hornsup #1314

Sangue Novo

por Igor Lemos

Slaughter At TheEngagement PartyPrepare-se para perder seus braços em uma

Hardcore Dance. Eis que chega ao mercado

a banda Slaughter At The Engagement Party.

Misturando traços do Metalcore com o

Deathcore, estes húngaros trazem, de fato,

um material direto, brutal e com uma pega-

da bem rápida, sem tantas lapidações (o

que é mais interessante). Com pouco mais

de um ano de existência já conseguiram ar-

rumar uma turnê com nomes como Carnifex

e Veil Of Maya. Daí as coisas começaram a

andar cada vez mais, tendo lançado um EP

com cinco faixas, intitulado simplesmente

por “I Killed Everyone, Will You Marry Me?”.

Após aprender algumas palavras em hún-

garo devido as minhas partidas de Worms

Armageddon na internet, eis que trago uma

banda européia que, acredite, fi cará no seu

player por um bom tempo. Ideal para os fãs

de breaks violentos e ausência de melodias.

Szia!

www.myspace.com/fenevad

Resist The ThoughtMuitas bandas que trago para o Sangue Novo,

apesar de fazerem um som pesado, trazem

muitas características de desapego à seriedade,

priorizando a diversão. Aqui estamos diante de

uma sonoridade contrária à fi rulas e brincadei-

ras. Os australianos do Resist The Thought, com

infl uências tanto do Metal europeu (Suécia,

principalmente) e americano, mostram ao mun-

do como fazer paredes de guitarras e uma dose

altíssima de brutalidade. Em vários momentos

você irá se lembrar de vocais próximos do In

Flames ou dos alemães do Caliban ou Heaven

Shall Burn. Contudo, o que realmente importa

é que estamos diante de um conjunto que tem

uma imagem a destacar. Em uma terra em que

vivemos saturados de novos nomes de bandas

todos os dias, é naqueles que se dedicam a

fazer o seu melhor que os frutos, possivelmente,

serão colhidos no futuro. Se você quer apostar

em uma novidade do Metalcore, pegue esses

caras e ponha suas fi chas.

www.myspace.com/resistthethought

Her name in bloodApós mostrar esta banda para vários

amigos, todos amantes do Metalcore, che-

gamos a uma mesma resposta: não é todo

dia que se ouve algo tão bom vindo do

Japão. Tudo bem que o grupo Her Name In

Blood não é o que existe de mais origi-

nal, mas vale a audição por dois motivos:

curiosidade e diversão. A forma descompro-

missada que possuem em tocar Metal faz

toda a diferença. O video clipe da música

“Decadence”, onde mais parece uma festa

do que um show de som pesado. Break-

downs bem encaixados, vocais potentes

e interessantes links de guitarras farão a

alegria daqueles que já estão cansados de

ouvir a velha e conhecida cena americana

e européia. Aproveite então essa chance e

adquira o debut destes caras. Não é só de

Animes que o Japão vive, meu caro.

www.myspace.com/hnib

Page 15: HORNSUP Nº13

Amarna ReignApós trazer bandas do Japão, Hungria e Aus-

trália, voltemos ao habitual solo americano.

Como líderes mundiais nas sonoridades

que mais ouço, minha exigência fi ca cada

vez maior em trazer um nome dos Estados

Unidos para esta coluna. E Amarna Reign

fez por merecer. Variando nas melodias

vocais com a usual gritaria do Metalcore, a

junção de elementos técnicos com passagens

memoráveis faz da banda uma excelente

pedida. Apesar de não possuírem um grande

nome na cena underground, já me deixaram

satisfeito com este trabalho: um EP de sete

músicas que é superior a diversos trabalhos

de bandas gabaritadas que vêm lançando

verdadeiros fi ascos em 2010. Se você se

Haunted ShoresApós levar um chute (dizem as más línguas)

da banda Periphery, o vocalista Chris Barretto,

que fi cou neste incrível grupo de 2008 até

o início de 2010, acaba por lançar um novo

trabalho. Tendo como produtor e guitarrista

(apenas em estúdio) o criador do Periphery,

o virtuoso “Bulb” e o também guitarrista

Mark Holcomb, Haunted Shores se mostra

mais como um ensaio de um grande grupo

do que um nome consolidado. Não tenho

dúvidas de que chegarão alto no mercado,

vide à criatividade nas composições e a

grande capacidade de Barretto nos vocais.

Basta você conferir as faixas existentes no

Myspace desta dupla (ou trio?). Logica-

mente ainda estão formando as bases para

poder alçar o vôo, mas já deixo com vocês

Silencio do CaosFinalizando mais uma edição da coluna

Sangue Novo, entrego para vocês um nome

nacional. Sabemos que vivemos em um país

que sofre, constantemente, com problemas

na produção das músicas, com qualidade

bastante inferior ao que é feito por muitos

gringos. Porém, se você é um verdadeiro

amante do peso, saberá deixar este peque-

no entrave de lado e se deixará levar pelo

interessante som deste grupo de Teresópo-

lis, Rio de Janeiro. Formada em Setembro

de 2008, já conseguiram me impressionar

com a ferocidade nos vocais e os potentes

riffs de guitarra. Porém, impossível não citar

o animalesco trabalho de bateria, dando ao

grupo um outro nível. Apesar de se considera-

impressiona com nomes como Soilwork, Zao

e Haste The Day, então vá ao Myspace destes

caras e prove por você mesmo a quantas

anda a “nova” safra do Metalcore americano.

www.myspace.com/amarnareign

esse nome. Ponha em seu bloco de notas e

não pare de conferir constantemente, pois,

em breve, algo de grande virá por aí.

www.myspace.com/hauntedshores

rem uma banda de Metalcore, acredito que vão

além deste gênero, brincando com facilidade

nas vertentes do Metal, como o Thrash, por

exemplo. Se é de sangue nacional que vocês

precisam, o nome é Silêncio do Caos.

www.myspace.com/silenciodocaos

hornsup #13 15

Lançamentosjunho/julho

Korn

“Korn III: Remember Who You Are”

Soilwork

“The Panic Broadcast”

Parkway Drive“Deep Blue”

Ozzy Osbourne – “Scream”

Heaven Shall Burn – “Invictus”

Whitechapel – “A New Era Of Corruption”

Norma Jean – “Meridional”

Avenged Sevenfold – “Nightmare”

Godsmack – “The Oracle”

The Haunted – “Roadkill”

Exodus – “Exhibit B: The Human Condition”

Nevermore – “The Obsidian Conspiracy”

In This Moment – “A Star Crossed Wasteland”

Sonic Syndicate – “We Rule The Night”

^

Page 16: HORNSUP Nº13

Artwork

Como entrou para o ramo do design gráfi co?Comecei manipulando programas a três

anos atrás. Fazia umas artes no Fireworks

na época. Fiz um logo pra um amigo, sem

pretensão, que fez uma camiseta. Nisso tudo,

me caiu a fi cha do que poderia fazer. Na

época, estava em uma fase difícil da minha

vida. Me apliquei muito a aprimorar e aprender,

o que me deu força. Por acaso, meus primei-

ros trabalhos forma para um amigo o dono

de uma marca de camisetas.

O que costuma usar para desenvolver seu trabalho? No PC, uso praticamente só Illustrator e

Photoshop. Pesquiso e uso muita referência

de fotos onde insiro um sketch digital. Sou

amante de tipografi a também. Modifi co muita

fonte, customizo e estou de dedicando a criar

algumas.

Jeferson Fernandes é o nome do ilus-trador gaúcho que se esconde atrás da denominação Mutations ArtWork. Inter-rogado pela HORNSUP, ele revela alguns pormenores do seu ofício.

http://mutationsartwork.deviantart.com

hornsup #1316

Tem trabalhos feitos em diferentes áreas. Como conseguiu? Correu atrás ou os clientes acabaram por encontrá-lo?No início foi difícil (ainda estou no inicio..

haha). Sempre gostei de estilos variados

em música underground, não foi complicado

criar para vários estilos, mas tudo começou

a bombar a partir de um concurso para o

rapper Esoteric que ganhei lá fora. Me deu

certa visualização lá. Aqui no Brasil foi meio

de boca a boca e depois que me fi liei a 360

Graus Records teve um maior avanço. Muitos

dos trampos eu fui atrás também. Twitter e

Facebook me ajudam muito.

A Mutations é o seu princinpal “ganha pão” ou entra como um extra?Não apenas meu ganha pão, é minha vida.

Me dedico plenamente. Dinheiro e notorie-

dade são consequências do trabalho bem

executado.

Para uma pessoa que gostaria de começar agora no ramo de ilustração digital, quais dicas pode dar?Pra quem começa, recomendo pesquisar

referências de artistas, encontrar o estilo que

você mais se sente à vontade. Não tenho

nenhuma graduação, foi tudo no amor. Ver e

ler muitos tutoriais, praticar muito, pesquisar.

Dedicação completa, amor a arte. Matheus

Moura

Onde e com quem estão gravando?Estamos gravando no estúdio Pucci,

com Henrique (baterista do Paura).

O EP “Hereditas” foi gravado lá e fi cou muito

bom, então, nada melhor do que tentar apri-

morar um trabalho positivo, outras bandas

do underground pesado paulistano gravaram

com ele e o resultado foi acima da média.

Já tem tudo acertado, tipo nome do álbum, número de faixas, participações epeciais, covers...Temos algumas situações acertadas, o álbum

terá o nome de “Ódio Instintivo Contra Toda

Realidade”. Provavelmente serão 14 faixas

inéditas e uma regravação de uma de nossas

músicas. Participações especiais? Sincera-

mente, existe a possibilidade, mas é provável

que não aconteça no momento, assim como

covers, que é algo que não chegamos a um

consenso entre nós do que seria mais legal.

Fale um pouco sobre o álbum? O que podemos esperar?A parte lírica do álbum segue a ideia do EP,

uma crítica aos meios religiosos que funda-

mentaram conceitos éticos e morais de nossa

sociedade por várias gerações; situações

que foram determinantes para estabelecer a

divisão e fortalecimento das classes sociais,

que geram tanta crueldade e injustiça - por

isso o nome do álbum. Sobre a parte musi-

cal, posso dizer que será um álbum pesado

e extremo, com infl uências diversas do Punk,

Crossover e Death Metal. Considero este, de

fato, o nosso primeiro full lenght. Ele mostra

a verdadeira identidade do Desalmado,

coisa que no “Hereditas” ainda não estava

“Ódio Instintivo Contra Toda Realidade” foi o nome dado ao novo registro do Desalmado, que está sendo gravado no estúdio Pucci em São Paulo. O guitarrisra Estevam Romena deu a HORNSUP alguns detalhes sobre o que vem por aí.

www.myspace.com/desalmado

completa. Acho que fi zemos um grande

trabalho. Para quem gosta de música pesada

e extrema, é seguro dizer que tem algo bem

legal chegando.

Grindcore não é pra todos, portanto tem um público bem restrito. Quando planejam um lançamento qual o tamanho do feeedback que esperam?Esperamos críticas positivas, as negativas que

sejam construtivas. Quanto maior o número

de pessoas ouvindo a nossa música, maior

a possibilidade de criarmos em alguns, um

mecanismo de refl exão sobre o que ocorre a

nossa volta. Temos a noção que o público do

Grindcore é restrito. Esperamos com o novo

álbum, tornar a nossa música mais abrangente

a outros públicos do underground. O retorno

mais bacana que podemos ter é ver nosso tra-

balho sendo divulgado boca a boca de forma

positiva, é isso que sempre fi zemos.

Vão ter algum tipo de suporte pra esse lançamento?Não, sem suporte, sem ampla divulgação,

sem empresários, sem grana de terceiros ou

apoio. Nos habituamos a ser independentes,

essa é a condição que existe para nós e a

única que trabalhamos, isso permite a liber-

dade e autonomia sobre nosso trabalho, que

ele seja reconhecido pela sua competência e

fi delidade ao estilo. Se um dia houver alguma

parceria, que seja dentro do mesmo ideal,

nenhum ideal mudou o sistema, mas no

Desalmado quem faz o sistema somos nós.

Matheus Moura

Desalmado

Page 17: HORNSUP Nº13

http://attack.hornsup.net

“Scenes from a memory”Dream Theater

Esse disco representa

uma nova etapa no de-

senvolvimento do Rock

Progressivo. Além de

destacar a habilidade

musical, ele foi um tra-

balho muito bem aceito

pelo público de fora do

estilo, mostrando que mesmo num período

onde padronizações musicais eram impostas,

as regras podem e devem ser quebradas.

Sem dúvida, Mike Portnoy inspirou toda a

nova geração

“Black Album”Metallica

Esse disco expos, no

início dos anos 90, uma

mega produção, músicas

pesadas que colocaram

o Metallica no posto de

maior banda do mundo

na época. Me lembro

que eu tinha 10 anos

MEU TOP 5Rafael Pensado

Mindflow

quando o ouvi pela primeira vez e o sino de

“Wherever I May Roam” me tirava o sono. Lars

Ulrich na época foi um dos maiores bateristas

do cenário.

“Moving Pictures”Rush

Na minha opinião, a

maior banda do gênero

que já existiu. Infl u-

enciou a maioria das

bandas que infl uenciam

as bandas de hoje.

Sem dúvida, é um

disco atemporal. “Tom

Sawyer” poderia ser escrita hoje e seria uma

música atual. Neil Peart dispensa qualquer tipo

de comentário.

“Sultans of Swing”dire straits

O Dire Straits é uma ban-

da que inspira músicos

até hoje. Composições

e melodias simples, as

sensações criadas nesse

disco infl uenciam muitos

compositores de diversos

gêneros musicais. Uma

das minhas bandas favoritas.

“Blizzard of Oz”Ozzy Osbourne

Depois de sair do Black

Sabbath, poucas pes-

soas acreditariam no

que estava por vir. Ozzy

e Randy Rhoads fi zeram

juntos uma das maiores

parcerias de sucesso

da história do Rock,

sempre acompanhando de ótimos bateristas

como Tommy Aldridge, Deen Castronovo,

Randy Castillo...

Page 18: HORNSUP Nº13

18

entrevista

hornsup #13

Com todas as cores da realidade

A Física impõe limites divertidos ao Homem, mas às vezes é a Biologia que ri por último. Por isso, muita cautela com as ironias. Se a pergunta maldosa for “que banda dos anos 1980 ainda tem pique para subir ao palco com alguma nobreza?”, a resposta - de boca cheia - pode ser “Sick Of It All!”. A banda mais simpática da cena novaiorquina está com CD novo na praça. “Simpática” não é exatamente a quali-dade que alguém da turma NYHC mais deseje, mas não há como negar: os caras são muito gente fi na. Numa entrevista exclusiva à HORNSUP, o baterista Armand Majidi fala sobre “Based On A True Story”, admite que o Sick Of It All quase acabou pouco tempo atrás, relembra a infância no Irã e revela qual seu cover favorito no álbum tributo ao SOIA.

Foto

: Cin

dy F

rey

Page 19: HORNSUP Nº13

19hornsup #13

Da última vez em que conversamos, em 2006, você estava morando em Oklahoma, se não me engano, e o

Pete (Koller, guitarrista), em algum lugar da Flórida. Eu sei que o Roger Miret (Agnostic Front) hoje vive em Phoenix e outros caras da cena Hardcore de Nova York se mudaram da cidade. Você acha que essa cena consegue sobreviver com seus ícones morando fora?Na verdade, eu estava em Wisconsin. Só

fi quei por um ano e meio - ainda que a

cerveja fosse excelente por lá. Estou de volta

a Nova York. O negócio é que Nova York

é absurdamente cara comparada a outras

partes do país. Nós todos ganhamos a vida

excursionando pelo mundo, principalmente

pela Europa. Então, às vezes você olha para

as suas contas e pensa se não seria melhor

experimentar viver em outro lugar (dos EUA)

e manter o custo de vida mais baixo. Todo

nós sentimos que Nova York é a nossa casa

e é essa sensação que mantém a música no

mesmo clima (de NYHC).

Como tem sido a vida por aí com Obama no comando?Você acha que há algo de fato novo, fora a

fi gura mais agradável dele? Democratas e

Republicanos são ambos controlados pelos

mesmos interesses corporativos. O lobby que

rola em Washington é o que controla tudo -

o que, no fi m das contas, é corrupção com

outro nome. Quanto mais você se informa,

mais você se dá conta de como só Estados

Unidos são corruptos. E de como os políticos

são capazes de colocar à venda a saúde e o

bem-estar do povo.

Eu sei que você cresceu em Teerã. Como foi sua infância por lá? O que você acha do presidente Mahmoud Ahmadinejad?Crescer em Teerã foi legal, embora eu vivesse

meio protegido por lá. Eu era um moleque

meio-americano, meio-iraniano que falava in-

glês, então, eu não me misturava muito com

os iranianos mesmo como você imagina. A

revolução (de 1979, que transformou o Irã de

uma monarquia autocrática, comandada por

xás, numa república islâmica, sob o domínio

de aiatolás) teve um impacto enorme na

maneira como eu enxergo política e religião.

Não há muitas pessoas que tenham passado

por algo parecido com isso. Eu fi co impres-

sionado que os americanos não percebam

o quanto levantes e protestos podem fazer

diferença em suas vidas. Eles se sentem im-

potentes. Tendo visto um levante popular que

mudou um país completamente, eu sei que

tudo é possível. O atual clima político no Irã

é terrível, mas a razão é a natureza religiosa

do governo. Eu não acho que Ahmadinejad

seja muito diferente de outros linha-dura que

vieram antes dele. Talvez um pouco mais

falastrão contra os sionistas (judeus nacio-

nalistas) - outro exemplo brilhante de como

política e religião se misturam.

Bom, vamos ao novo CD. Vocês tiveram sucesso na missão de impedir o vazamento dos sons antes do lançamento ofi cial. Foi ideia de vocês ou da gravadora?O plano principal foi da gravadora, mas a

gente também tomou bastante cuidado. Eu

acho que a grande diferença foi a gravadora

conseguir distinguir quem são as pessoas

confi áveis na imprensa hoje em dia.

Ainda faz sentido lançar um álbum? Quer dizer, vocês mantém aquele conceito dos tempos do vinil que a era do CD absorveu: um monte de músicas lançadas a cada ano ou a cada dois anos, talvez um pouco mais. Por que não lançar uma música online logo depois de acabar de compô-la? Ou talvez três, cinco sons... Entenda, eu não estou criticando, só estou colocando a discussão na mesa e imaginando se vocês pensam em como trabalhar sua música na era digital. Acredite ou não, você é a primeira pessoa a

perguntar algo assim ou sugerir que a gente

faça algo que não sejam álbuns. Quando você

assina contrato com uma gravadora por um

número X de discos, você fi ca comprometido a

este número, e qualquer coisa fora do formato

de um álbum tem de ser aprovado por eles.

Eu suponho que eles só dispensem algo que

eles achem ruim. Então, pode parecer que

a gente coloca na net uma merda qualquer

só porque é novo. Se a gente não tivesse

contrato, seria uma história diferente. Teríamos

liberdade total para lançar o que a gente

quisesse, quando a gente quisesse.

“Based On A True Story” tem um pouco de cada disco do Sick Of It All. É o seu álbum defi nitivo?De certo modo, é sim, e eu estou contente que

você reconheça isso. Algumas músicas são puro

Hardcore old school, embora soem polidas com

a produção do Tue Madsen. O que se destaca

em relação aos nossos CDs anteriores, no en-

tanto, é o fato de os vocais fazerem mais parte

da música do que nunca. Vários sons têm um

toque de melodia quase o tempo todo, o que

só aparecia aqui e ali no passado.

Vocês dizem que “Death Or Jail” é, de alguma forma, dedicada a velhos amigos que escolheram caminhos diferentes do de vocês. Você tem ideia de quantos amigos perdeu pelo caminho? Qual foi a perda mais chocante ou mais dolorosa?Nós só perdemos uns dois amigos para o

mundo do crime. Outros, perdemos assas-

sinados, para as drogas ou suicídio, mas isso

é diferente. O mais chocante foi um amigo

tão ligado à nossa turma, que a casa dele

era o ponto de encontro para a galera toda.

Era um cara bacana, que parecia no caminho

certo, mas acabou envolvido com drogas,

descambou para violência, o que o levou a

matar alguém e assim foi. A vida dele tomou

um rumo trágico, difícil de explicar...

Vocês lançaram alguns álbuns com uma pegada bem voltada para o Punk-melódico. “Based On A True Story” tem os seus momentos “Yours Truly” aqui e ali, mas, na maior parte do tempo, segue as pegadas do “Death To Tyrants”. O que levou vocês de volta para aquela vibe dos tempos do “Scratch The Surface”?

Page 20: HORNSUP Nº13

20

entrevista

hornsup #13

Eu acho que a gente soa melhor quando toca

este tipo de música. Eu sempre preferi as

coisas mais pesadas do SOIA e nossos álbuns

sempre tiveram sons assim. Agora, se forem

feitos certinhos, os sons melódicos são muito

bons também. Eu acho que nosso desejo

de quebrar a expectativa do que se espera

de uma banda de NYHC nos tornou mais

atraentes para pessoas de outras cenas. Por

isso, nosso público hoje é tão diversifi cado.

O Sick Of It All já esteve, algum dia, perto de acabar?Alguns anos atrás, tivemos um momento

assim, mas resolvemos. Todos temos nossos

momentos, mas reconhecer o quanto a banda

é importante ajuda a chegar a um ponto em

que você consegue engolir seu orgulho.

No aniversário de 20 anos do SOIA, Lou (Koller, vocalista) costumava dizer no palco algo do tipo “olha, a gente já tá nessa há 20 anos sem um hit no rádio ou na MTV”. Algu-mas bandas seminais do Hardcore/Punk são hoje paródias delas mesmas. Outras, ainda mantêm a dignidade, como vocês, o Agnostic Front, Bad Religion etc. Por que ainda faz sentido ir em frente com o Sick Of It All?Eu sei lá se faz sentido... Eu não sei se algo

faz sentido. A gente está na banda já há um

bom tempo e enquanto a gente curtir e nos-

sos fãs curtirem, deve fazer sentido. A música

tem a habilidade de lidar com o tempo

melhor que outras coisas. E as conexões

pessoais que são feitas a partir da música

garantem sua sobrevivência.

Como é tocar sons como “My Life” ou “It’s Clobbering Time” com os fi os grisalhos tentan-do dominar a cena da cabeça e da barba?Eles obrigam a gente a comprar tinta pra

cabelo! Sério, envelhecer é estranho, mas,

às vezes, você se sente de um jeito e, de re-

pente, dá aquela espiada no espelho - “Putz!

Meu visual não condiz com meu estado de

espírito...”. Tocar Hardcore é saudável, uma

maneira de manter uma sensação jovial,

independente de quantos fi os grisalhos

pipocarem.

Neste ponto da sua carreira, é possível que vocês sejam infl uenciados por bandas que começaram depois de vocês?Claro. Toda banda é um trabalho em

andamento. Qualquer banda com quem a

gente toque e chame nossa atenção afeta

nosso jeito de tocar. Nos anos 1990, fomos

infl uenciados por bandas como o Helmet, o

Snapcase e o Pennywise. Todos começaram

depois da gente. Você pode perceber que

certos trechos de sons nossos podem ser

comparados com sons de outras bandas.

Tipo, “esta parte parece com aquela parte

do Indecision”, “esta parte parece Dropkick

(Murphys)” e por aí vai.

Eu talvez coloque você numa saia justa, mas não custa tentar: qual seu cover favorito no “Our Impact Will Be Felt”?Eu gosto muito da versão do Ignite para

“Ceasefi re” porque mudou bastante em rela-

ção à original. A melodia que eles colocaram

no vocal fez a música soar mais deles do que

nossa. Achei que fi cou fantástica. PT

www.myspace.com/sickofi tallny

Sick Of It AllBased on a True StoryCentury Media

Uns dizem que é o Agnostic Front, já outros

afi rmaram que é o Madball, mas, para mim,

os verdadeiros reis do NYHC atendem pelo

nome de Sick Of It All. Como sabem, quem

é rei, nunca perde a majestade e “Based On

A True Story” é mais uma prova da grandeza

desses “rapazes” que irão comemorar seus

25 anos de carreira no ano que vem. Se

acompanharam a reascensão da banda com

“Death To Tyrants” em 2006, saibam que

esse novo registro mantém o mesmo nível de

pegada e estilo. Posso dizer que ambos são

bem próximos, visto que a sonoridade em si

é bem semelhante, além do que, contaram

novamente com as mãos habilidosas do

produtor dinamarquês Tue Madsen. Como

de costume, o descarrego é curto e grosso:

14 “disparos” em pouco mais de 30 minutos

são mais que sufi cientes. “Death or Jail”, o

primeiro single, não abre, escancara o álbum.

“Dominated” põe a casa abaixo com um

groove fantástico (além de ensinar a separar

as sílabas). A cadência de “Lowest Commom

Denominator” é tão efi caz quanto a veloci-

dade de “Good Cop”. Mais um álbum que

pode fi gurar facilmente dentre os melhores

da grande trajetória do grupo. O mais interes-

sante no disco é notar a capacidade de in-

jetar novidades sem sairem de dentro do seu

próprio habitat natural. Ou seja, conseguem

trazer a tona um Sick Of It All interessante,

vivo, dinâmico e, ao mesmo tempo, automati-

camente reconhecível e essencial. Mais do

mesmo...só que melhor! Matheus Moura

[8]

“Death or Jail”

Page 21: HORNSUP Nº13

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22

entrevista

hornsup #13

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23hornsup #13

Vazio inteior

Uma das bandas mais aguardadas pelo público brasileiro está prestes a fazer a sua estréia no país no próximo mês de Junho. Esta visita foi a razão que levou a HORNSUP a bater um papo com Andrea Ferro, a voz masculina do Lacuna Coil.

Quais são as infl uências musicais da banda?Começamos a banda em 1996 e

ouvíamos bastante Dark Metal como Type

O Negative, Tiamat, Paradise Lost, etc.

Depois, com o decorrer dos anos, começa-

mos a ouvir outros estilos e abrimos nossa

mente referente a isso.

Sei que bandas odeiam ser rotuladas sop-bre o seu estilo de som, visual, etc, mas em que categoria você acha que o Lacuna Coil se encaixa melhor musicalmente falando? Seria uma banda gótica ou uma banda de Metal?Acho que o Lacuna Coil é um mix de Rock,

Metal e Dark atmosférico, se assim posso

defi nir o nosso som.

O que você tem ouvido ultimamente?Os novos álbuns do Deftones e Godsmack.

Qual é a sua banda favorita no momento?Eu não tenho nenhuma banda favorita há

muitos anos. Tenho ouvido muitos estilos e

bandas diferentes e é nisso que me dedico

e me apaixono a cada dia mais.

O que tem a dizer sobre “Shallow Life”, o seu mais recente álbum?“Shallow Life” é o nosso álbum mais “in

your face”, pois possui uma certa variedade

de estilos e isso veio como uma evolução

natural da banda. Claro que foi uma

pequena mudança para nós e também será

para alguns de nossos fãs.

O processo de composição de “Shallow Life” foi diferente em relação aos trabalhos anteriores?Sim, nós trabalhamos mais juntos nesse ál-

bum. As idéias partiam de todos, o que foi

bem válido. Às vezes criávamos as músicas

apenas pelas linhas de vocais e sem termos

o instrumental gravado, ou seja, tivemos

bastante trabalho no estúdio, mas o resul-

tado fi nal agradou a todos.

No que foi inspirado o título do álbum “Shallow Life”?Na vida como um todo, na maneira em que

vivemos hoje em dia, os tais tempos modernos.

O título pode ser visto como uma versão

positiva e negativa. Algumas vezes você

precisa ser breve e fazer algo para si

próprio, e outras vezes você precisa reagir,

levantar e lutar e não ser apenas superfi -

cial. Eu penso no fato que estamos mais

velhos e experientes e que essa refl exão foi

que nos inspirou em relação ao nome do

álbum.

As melodias do novo álbum estão muito atrativas, era nisso que a banda estava focada quando compôs o álbum?Sim, nós quisemos ter os vocais um pouco

mais proeminentes em algumas das can-

ções e ter uma estrutura fl uente em cada

acorde.

Quais as melhores e piores coisas em estar em uma banda? A melhor com certeza é o fato de podermos

viver disso, de podermos tocar e fazer as

coisas com paixão, conhecer o mundo viajando

e divulgando nossa música, é algo que

gostamos muito. A pior é o fato de fi carmos

longe de nossas famílias, amigos e de

sacrifi carmos grande tempo de nossa vida

privada.

Qual o seu hobby favorito, além da música?Futebol, videogames, ler livros e gibis,

cozinhar e visitar restaurantes para comer

com os amigos

Qual a opinião da banda sobre download ilegal e sobre redes sociais, acha que isso ajuda ou atrapalha em relação a divulgação da banda? Eu aprovo o uso de Internet para baixar

músicas, desde que seja feito com critérios

e que os fãs a utilizem apenas para terem

uma prévia de como está o trabalho

das bandas; pois, em minha opinião, a

qualidade de um MP3 é bem inferior se

comparado ao ouvirmos um CD original.

Por isso, acredito que um verdadeiro fã

vá optar por ter um material de qualidade

consigo. Já em relação a redes sociais, acho

que pode ser um meio de divulgação, mas

não acho que as pessoas devam colocar

tudo de suas vidas nesse tipo de coisa.

Tudo é válido desde que seja usado com

moderação e cautela.

Quais os 3 álbuns levaria para uma ilha deserta?Type O Negative - “October Rust”

AC/DC - “Back In Black”

Alice In Chains - “Dirt”

O que os brasileiros podem esperar dos shows do Lacuna Coil, terá alguma surpresa ou novidades nesse show? Por ser nossa primeira vez no país, o

público pode esperar uma mistura de músi-

cas novas com material antigo da banda.

Tentaremos agradar a todos os gostos, es-

taremos com toda nossa energia para esse

show e esperamos que os brasileiros, assim

como nós, se divirtam muito.

Mande um recado para os fãs brasileiros. Brasil, estamos chegando, não se esqueçam

do show e tenho certeza que teremos uma

grande noite. Nos vemos lá. Flávio Santiago

www.myspace.com/lacunacoil

Page 24: HORNSUP Nº13

entrevista

hornsup #1324

Foto

: Katja K

uhl

Page 25: HORNSUP Nº13

Depois de vinte e um anos de banda, o Dark Tranquillity não quer viver das glórias do passado, e continua a todo vapor com o novo material de “We Are The Void”, o mais recente álbum da banda. O guitarrista e um dos fundadores do Dark Tranquillity, Niklas Sundin, conversou com a HORNSUP para contar de onde vem toda essa força.

Tranquilidade só no nome

Um novo DVD no fi nal de 2009 e um novo álbum no começo deste ano. Depois de mais de vinte anos de

banda, com uma história respeitada dentro da cena Heavy Metal, qual a motivação da banda atualmente? Acredito que a motivação é a mesma de

sempre: o desejo de criar boas músicas e

fazer algo que nos tenhamos orgulho por

muito tempo. Se você tem isso em mente,

não importa se você está tocando por

dois meses ou trinta anos, mas é sempre

lisonjeiro saber que outras pessoas são

inspiradas por isso. Eu realmente penso que

existe mais energia e vontade na banda hoje

do que há dez anos.

A saída de Michael Niklasson (baixista de 1998 até 2008) – depois de todos esses anos com a banda – afetou o novo álbum? Talvez não musicalmente, mas acredito que interpessoalmente sua decisão teve algum impacto para a banda. Na verdade não. Talvez soe meio “áspero”,

mas a mudança na formação foi uma alte-

ração necessária, e apenas afetou a banda

para melhor. Claro que sempre é um pouco

triste quando rompemos com um membro

da banda que passou dez anos conosco,

mas se tornou óbvio, a relativamente um

bom tempo, que o Michael não estava tão

interessado com a parte de turnês quanto

o resto de nós, e essas coisas não estavam

funcionando mais.

O novo álbum soa mais “nervoso” e “triste” que os demais. É uma nova direção para a banda? É defi nitivamente mais obscuro e depressivo.

Eu não tenho ideia do que acontecerá com

nossa música no futuro – provavelmente le-

vará ainda um longo tempo antes de sequer

começar a pensar sobre o próximo álbum;

mas eu, pessoalmente, espero que “We Are

The Void” seja um trampolim para algo mais

extremo e diferente. No entanto, nós nunca

decidimos essas coisas de antemão.

Qual o plano para a turnê do álbum? Mais músicas novas, mais músicas antigas... Acredito que seja difícil decidir um setlist com tantos anos de banda e tanto material “clássico” para os fãs. Será uma turnê extensa; a maior parte de

2010 já está marcada, mesmo que algumas

coisas ainda não sejam 100% ofi ciais. As

decisões sobre o setlist podem ser bem

difíceis, mas nós sentimos pela situação.

Quando fazemos nossos próprios shows e

somos os “headliners”, tocamos por noventa

minutos, então podemos incluir o que

quisermos. Quando estamos como banda

de suporte, como a turnê que estamos no

momento, nos podemos tocar por trinta

minutos, o que torna a escolha mais difícil.

Qual o processo de composição da banda para esse álbum? A turnê “moderada” do ano passado foi para escrever o novo álbum? Exatamente. Nos não podemos realmente es-

crever enquanto estamos na estrada, então

nós decidimos não fazer muitos shows em

2009 para podermos nos focar no processo

de composição e gravação do novo álbum.

O processo foi o mesmo de sempre – todos

os membros surgem com diferentes “riffs” e

ideias feitas em casa, e então nós tentamos

tudo e montamos as partes boas em músi-

cas reais no estúdio de ensaio.

O novo álbum está completo para audição no Myspace. Esta é uma ideia da banda ou da gravadora? Você acredita que este é o novo comportamento para os dias de hoje, “experimentar o álbum” antes de comprá-lo? Qual seu sentimento em relação ao down-load ilegal de músicas? Foi uma ideia da gravadora. Eu quero pensar

o menos possível sobre a parte comercial

das coisas, então realmente não tenho ideia

se este modelo é algo para o futuro, ou

como as coisas vão se desenvolver. Todo o

assunto sobre o download e o declínio do

CD físico pode facilmente encher um livro

inteiro. São tempos excitantes, como tenho

certeza que essas coisas vão parecer radical-

mente diferentes em apenas quatro ou cinco

anos, e ninguém tem certeza absoluta do

que irá acontecer.

A banda parece bem ativa nas mídias soci-ais, como o Myspace e o Facebook. É uma maneira de estar próximo aos fãs ou apenas merchandising? Vocês realmente leem os comentários dos fãs (claro, não todos os comentários) e refl etem sobre algum comen-tário bom ou ruim?Eu creio que realmente lemos a maioria

dos comentários que recebemos, mas

nós nunca deixamos as reações dos fãs

interferirem no processo criativo. Toda

essa coisa do networking social é obvia-

mente boa para a promoção, mas todos

nós somos pessoas “da velha escola” que

essencialmente considera que é um pouco

esquisito que pessoas sejam tão exibi-

cionistas online.

Como está indo a cena Heavy Metal na Suécia, e como a banda sente a responsabi-lidade de ser uma “referência” em seu país? Afi nal, vocês são os pioneiros do chamado “Death Metal Melódico” sueco. Eu realmente não penso desta maneira, e

não considero que eu ou o Dark Tranquillity

façamos parte de uma cena em especial. Nós

fazemos nosso negócio, e claro que fi camos

agradecidos com qualquer interesse que

recebamos, mas simplesmente não estou

muito interessado no que o resto do mundo

está fazendo ou como está a cena Heavy

Metal sueca em relação a isso, ou a outros

países. Existe uma tonelada de pessoas que

tem uma opinião forte sobre isso, mas eu

não sou uma delas! (risos)

Sei que a banda compõe bastante, e sempre tem muito materiais disponíveis para os ál-buns, e assim, muitas músicas são “deixadas de lado”. Vocês reutilizam em outros álbuns? “We Are The Void” tem alguma música de outra fase da banda, ou são apenas canções novas? Ficou alguma música “de lado” nesse álbum? Sim, nós jogamos fora pelo menos 95% de

todas as músicas que trabalhamos. Parece

bastante, mas considere que todos os seis

membros da banda compõem músicas em

algum nível, então nós facilmente acabamos

com 500 ou 600 “riffs” para escolher quando

estamos compondo um álbum. Algumas das

coisas que descartamos podem ser bem

legais por si só, mas difícil de colocar em um

arranjo de uma música do Dark Tranquillity

naquele momento. Nós então talvez guar-

demos isto para utilizar depois, para ver se

conseguimos fazer algo real com aquilo em

uma próxima vez. Um bom exemplo disso

é “Iridium”, do álbum novo. Eu escrevi a

maioria dela já em 1998, e nós tentamos

trabalhar nela em todos os álbuns desde

então, mas sempre algo estava faltando.

Desta vez, nós arranjamos para fazer soar

completa e, portanto poderia ser incluída em

“We Are The Void”.

Algum plano para uma turnê na America do Sul? Alguma mensagem para seus fãs aqui no Brasil? Nós estamos defi nitivamente indo para a

América do Sul este ano, e torcemos para

que possamos colocar o Brasil na agenda.

Nunca cabe a nós decidir onde vamos tocar

exatamente, mas obviamente nós adoraría-

mos ir para o seu país pela primeira vez. Va-

mos esperar pelo melhor! Luigi “Lula” Paolo

25hornsup #13

www.myspace.com/dtoffi cial

Page 26: HORNSUP Nº13

26

entrevista

Morcegos canadenses

Super simpático e descontraído, Liam Cormier, vocalista da banda canadense Cancer Bats, conversou com a HORNSUP a respeito do novo álbum, “Bears, Mayors, Scraps and Bones”, também sobre a cena do seu país e como se diverte fazendo vídeo clipes.

Acho que esse álbum tem uma abordagem mais séria e direta com que o álbum anterior, “Hail Destroyer”. Estou certo?

Sim, concordo plenamente. Acho que con-

seguimos descobrir extamente o que iríamos

fazer com esse álbum e todos nós queríamos

dar um passo a frente em relação ao que já

haviamos feito antes. As guitarras estão mais

pesadas, o som da bateria está mais “cheio”

e eu quis realmente evoluir nos vocais e nas

letras. Ficamos surpresos com o resultado e

acho que é o melhor álbum que já fi zemos.

Como vê “Bears, Mayors, Scraps And Bones” em relação ao álbum aterior?“Hail Destroyer” (o álbum anterior) foi o

ponto de partida para esse novo álbum. Nós

usamos o mesmo estúdio, portanto já sabía-

mos com o que íamos lidar e o que iríamos

fazer. Fomos só testando novos pedais e

equipamentos. No caso da bateria, optamos

por um estúdio maior para conseguir um som

mais potente. A grande diferença é que dessa

vez queríamos captar o nosso peso e energia

ao vivo, pois acho que é o que faltava nos

outros álbuns. Por isso, ensaimos o máximo

possível para que pudéssemos tocar junto

com as gravações da bateria.

Quando pensaram em fazer o vídeo de “Sabo-tage” não passou pela sua cabeça chamar os Beastie Boys para participar?É engraçado você falar nisso, pois foi daí que

surgiu a ideia para o vídeo clipe. Estáva-

mos falando como seria divertido ir a Nova

Iorque, tentar encontrar com os Beastie Boys

e pertguntar se poderíamos fazer um cover

da música deles. Depois pensamos melhor

e vimos que seria muito difícil e caro fazer

as coisas assim, por isso, adaptamos a ideia

e fi zemos com atores de uma maneira mais

engraçada e acho que fi cou melhor.

“Bears, Mayors, Scraps And Bones” já tem dois vídeos. Pretendem lançar mais um?Nós adoramos fazer os vídeo clipes e pre-

tendemos fazer muitos mais para esse disco.

Possivelmente estaremos gravando em breve

um vídeo para a música “Scared To Death”.

Se dependesse de mim, faria vídeos de todas

as músicas, mas isso depende de dinheiro.

Acho super divertido fazer os vídeos. Espero

que nosso álbum seja como “Thriller” (Mi-

chael Jackson) e tenha 7 singles!

hornsup #13

Page 27: HORNSUP Nº13

27hornsup #13

Cancer BatsBears, Mayors, Scraps and BonesRoadrunner

Selvagem e totalmente “in-your-face”. Assim

é o terceiro álbum dos canadenses do Cancer

Bats, “Bears, Mayors, Scraps and Bones”.

Incansável na sua mistura de Punk, Metal e

Rock, a banda continua ganhando terreno

à base de berros e riffs e parecem cada vez

melhores nisso. A sensação de descontração

e divetimento de “Hail Destroyer”, o álbum

anterior, perde espaço para uma atitude mais

séria, com músicas complexas e que exigem

um pouco mais do ouvinte. Os gritos de Liam

Cormier e as 6 cordas de Scott Middleton con-

tinuam a ser a atração principal, porém agora

de uma forma mais explícita e agressiva. O

álbum já abre com a arrastadona “Sleep This

Away” que tem um “cheirinho” de Sludge à

lá Converge. Em “Trust No One” prevalece

a velocidade e o feeling Punk duro e reto,

que também pode ser ouvido em “Snake

Mountain”. “Dead Wrong” e “Black Metal

Bicicle” trazem o groove matador característico.

Uma mistura turbinada de Hardcore com

Southern Rock que só o Cancer Bats tem o

poder de debitar. O álbum todo é repleto

de músicas legais como a explosiva “We Are

The Undead” ou a semi-dançante “Scared to

Death”, porém, ainda deixam alguma lenha

pra queimar no fi nal. No encerramento temos

“Raised Rights”, uma parede intransponível

de Stoner Metal que é seguida do cover

super descolado e bem humorado de “Sabo-

tage” dos Beastie Boys. Acredito que seja do

melhor que já fi zeram até hoje. Trilha sonora

para uma briga de bar. Matheus Moura

[8]Boa parte dos teus vídeos tem algum tipo de piada. Todo esse divertimento refl ete a maneira que são como banda?Gostamos de nos divertir e não nos levar

muito à sério. Gostamos de misturar os

vídeos engraçados com os sérios. O vídeo de

“Hail Destroyer” era sério, por isso, brin-

camos um pouco com o vídeo de “Lucifer’s

Rocking Chair” e “Sabotage”. Nos divertimos

muito, então decidirmos fazer um vídeo sério

novamente com “Dead Wrong”.

Há muitas bandas canadenses crescendo e conquistando o mundo nese momento. É o NWOCHM (New Wave of Canadian Heavy Metal)?(risos) Gostei dessa. Sim, acho que a cena

no Canadá está incrível e estamos fi cando

conhecidos pelas nossas banda de Metal e

Stoner como Cursed, Barn Burner, Bison BC e

3 Inches of Blood. Também temos excelentes

bandas canadenses de Hardcore como Come-

Back Kid, Fucked Up, Career Suicide, Vicious

Cycle entre outras. Acho muito legal que

tantas bandas estejam fazendo turnês pelo

mundo e mostrando a cena do Canadá.

Acha que a popularidade do Cancer Bats acaba ajudando outras bandas canadenses e vice-versa?Posso dizer com certeza que fomos ajudados

por nossos amigos do Alexisonfi re, Comeback

Kid e Billy Talent. Essas três bandas já nos le-

varam em turnês, aparecem em fotos usando

nossas camisetas e falam da gente em

entrevistas. Se não fosse por essas bandas

serem tão legais, não estaríamos aqui hoje.

Nós fazemos a mesma coisa sempre que pos-

sível e chamamos bandas amigas pras turnês.

Na verdade, é recompesar pelo que fi zeram

pela gente.

Tocaram aqui em Portugal ano passado. Como foi?A última vez que tocamos em Portugal foi o

melhor show de toda turnê. O show estava

“sold out” e tinha muita gente cantando e

curtindo com a gente. Todas outras bandas

que tocaram nessa noite eram incríveis, como

o We Are The Damned. Foi uma noite muito

boa. Me senti mal por fi car tanto tempo sem

tocar aí, mas já decidimos que vamos passar

aí com esse novo álbum. Portugal é muito

radical para deixarmos passar batido.

Como banda, como se vêem daqui a 5 anos?Espero que daqui à 5 anos ainda esteja-

mos gravando discos, fazendo turnês e nos

divertindo. Acredito que enquanto as pessoas

quiserem ouvir a música que adoramos tocar,

nós estaremos trabalhando duro e fazendo

muitas turnês.

Hoje em dia há uma enxurrada de bandas descartáveis que apenas copiam ou seguem modas. Que bandas originais tem ouvido recentemente?Uma banda que me surpreendeu ultimamente

é o Shinebuilder. São basicamente uma super

banda de Stoner Metal com membros do The

Melvins, Sleep, St. Vitus e Neurosis, portanto,

não tem com ser ruim. Escutamos esse disco

provavelmente todos os dias na van. Numa

vertente totalmente diferente, adoramos

o novo álbum do Dead to Me, “African

Elephant”. Fazem um Beat Up Punk super

divertido. Boas vibrações quando você quer

relaxar após um dia de Metal barulhento.

Matheus Moura

www.myspace.com/cancerbats

Page 28: HORNSUP Nº13

28

entrevista

Os escolhidos do inferno

David Koresh foi o líder do Ramo Davidiano, uma seita protestante que teve início dentro da Igreja Adventista. Em 1993, agentes federais incendiaram o prédio aonde se reuniam, nas proximidades da cidade de Waco, no Texas, matando a maioria dos seguidores e o próprio Koresh. É daí que surge o as-sombroso nome do terceiro full-length do Carnifex, o brutal “Hell Chose Me”. Em entrevista a HORNSUP, o vocalista Scott Lewis fala sobre o processo de escrita e gravação do novo registro e também sobre as incansáveis turnês e suas maiores inspirações.

hornsup #13

Page 29: HORNSUP Nº13

29hornsup #13

foi o conceito do vídeo e a qual foi a parte mais difícil em relação as gravações?Não havia muito conceito, a não ser tentar

fazer um vídeo interessante com a limitada

quantia de dinheiro que tínhamos. Nosso ob-

jetivo era fazê-lo emocionante e divertido, mas

também dark e pesado como a música.

Após lançarem seu debut álbum, “Dead In My Arms”, pela This City Is Burning Records, assinaram um contrato com a Victory Records, por onde lançaram seus dois últimos discos, “The Diseased And The Poisoned” (2007) e “Hell Chose Me” (2010). Como aconteceu essa parceria com a Victory? Estão satisfeitos com o selo?Na época que assinamos com a Victory,

estávamos em turnê em tempo integral em

suporte ao disco “Dead In My Arms”. A Victory

percebeu o nosso trabalho duro e veio até nós

com uma oferta. Eles foram o primeiro selo a

nos procurar.

A banda também é conhecida por estar sempre envolvida em turnês e pelas suas apresentações matadoras ao vivo. Suas próximas paradas incluem a “Hell Chose Me European Tour 2010” ao lado de Veil Of Maya e Suffokate e o “The Summer Slaughter Tour 2010” nos meses de Julho e Agosto. Quais são as expectativas para esses shows?Nós defi nitivamente passamos muito tempo

na estrada, não há dúvida quanto a isso.

Nossa próxima turnê européia será muito

excitante para nós, porque é o nosso primeiro

giro europeu completo como headliners. Nós

fi zemos uma breve turnê no verão passado

com o suporte do The Faceless e os shows

foram ótimos. Esse pacote irá verdadeiramente

intensifi car-se e os nossos fãs europeus são

uns dos melhores que existem. Quanto ao

Summer Slaughter, nos Estados Unidos, essa é

uma outra turnê que estamos muito animados

em fazer parte. Muitos amigos e grandes ban-

das nessa turnê. Nós estaremos tocando um

de nossos sets mais brutais para essa turnê.

O Carnifex já enfrentou diversos problemas como qualquer outra banda que está na ativa. Desde turnês canceladas e vans quebradas até constantes trocas de membros. O quanto isso afeta a banda? A coisa mais importante que você pode fazer

quando enfrenta uma situação adversa é

aprender a enfrentá-la. Nós apenas tentamos

permanecer focados em nossos objetivos

e tentamos não nos concentrar em coisas

negativas. Sempre haverá coisas de que

você pode se queixar, mas há muitas outras

maneiras melhores de gastar seu tempo e

energia. Nós lembramos dos bons momentos

e aprendemos com os maus momentos.

Quais bandas o Carnifex tem como inspiração?Essa questão seria respondida de maneira

diferente dependendo de qual membro fosse

respondê-la. Então irei tentar escolher algumas

de nossas maiores inspirações como um todo.

Suffocation, Bleeding Through, Unearth, The

Black Dahlia Murder, Carcass, Nine Inch Nails,

Zao, Iron Maiden, Immortal, Cradle Of Filth, Be-

hemoth, Dying Fetus. A lista poderia continuar

para sempre, mas essas são algumas das nos-

sas favoritas. André Henrique Franco

www.myspace.com/carnifexmetal

Nos conte um pouco sobre o início do Carnifex. Como se conheceram, da onde surgiu a idéia de formarem uma banda,

quais foram as maiores difi culdades, etc... ?O Carnifex começou no verão de 2005. Na

época, eram apenas 4 amigos se reunindo

para tocar Metal e se divertir. Todos nós

nos encontramos em outras bandas naquela

altura e vivíamos na mesma cidade. Acho que

uma das chaves para se ter uma banda que

continue crescendo é a mentalidade dos seus

membros. Você tem que estar disposto a olhar

para a banda pelo que ela pode proporcionar

e não ter algum tipo de meta inatingível ou

expectativa. Mantenha-se realista e focado em

escrever músicas que você gosta e se divertir

com os amigos, e o resto virá.

Qual a origem do nome Carnifex?É um nome do século 14 para uma área ou

pessoa que lida com execuções. Vimos a pa-

lavra em um romance de vampiros e fi camos

vidrados nisso.

O terceiro full length da banda, “Hell Chose Me”, saiu em 16 de Fevereiro. Quais as principais diferenças entre este disco e os anteriores? Acham que este é o melhor álbum do Carnifex até agora?A maior diferença em “Hell Chose Me” foi o

processo de escrita da banda. Eu já expliquei

isso em algumas entrevistas, mas, basica-

mente, a maneira mais fácil de se resumir isso

é escrever, re-escrever e escrever novamente.

Estivemos quase 6 meses fora de turnês

para escrever e gravar “Hell Chose Me” e não

poderíamos estar mais felizes com o resultado.

Eu sei, com certeza, que este é o nosso

melhor álbum.

Como foi o processo de gravação de “Hell Chose Me”? Onde gravaram, quem foram os responsáveis pela produção e mixagem? Enfi m, uma visão geral de todo o processo no qual trabalharam neste novo disco.As gravações de “Hell Chose Me” foram as

mais diretas que já fi zemos. Quando chega-

mos ao estúdio, já tínhamos gravado o álbum

inteiro por nós mesmos em um processo de

pré-produção. Parece que todas as bandas por

aí estão usando esse termo hoje em dia, então

eu irei explicar o que é isso. Pré-produção

é uma versão bem básica do esqueleto das

faixas que você pretende gravar em estúdio.

Nós a usamos como uma ferramenta para

organizar as músicas, padrões vocais e para

ajudar-nos e guiar-nos na direção geral do

registro. É uma ferramenta incrível quando

usada corretamente. O álbum foi gravado e

mixado por Zack Ohren, no Sharkbite Studios,

em Oakland, Califórnia. Nós fi camos pouco

menos de um mês em seu estúdio.

O nome da faixa-título do novo álbum é bem forte. Qual o conceito por trás da letra de “Hell Chose Me”? Em relação ao álbum como um todo, existe algum tema recorrente? Quem é o responsável pelas letras?O conceito da faixa-título é uma mistura da

verdadeira história de David Koresh e minha

ideia fi ctícia da música sendo escrita de sua

perspectiva em primeira pessoa. Isso também

diz respeito ao tema ou a ideia geral do

álbum. Eu diria que é uma dor externa se

manifestando em sua auto-depressão e a

separação do conforto ou da esperança. E um

sentimento geral de auto-depreciação.

O vídeo da faixa título do novo álbum já pode ser visto on line. É um clipe bem brutal. Qual

Page 30: HORNSUP Nº13

30

entrevista

O centro de todas as coisas

Prepara-se para mais uma viagem proporcionada pelos alemães do The Ocean. Uma viagem ao centro do universo, ao centro da religião e ao centro da razão. Nossos guias são os guitarristas Jona Nido e Robin Staps, que vão descascando para HORNSUP as diversas camadas do seu novo álbum, “Heliocentric”.

O novo vocalista é incrível. Onde o encontaram?Jona: Quando o Mike Piant (antigo

vocalista) deixou a banda, Julien Fehlmann,

nosso técnico de som, falou sobre um cara

de uma banda que ele havia gravado uns

tempos atrás. Começamos a fazer as audições

e tivemos mais de 100 candidatos do mundo

inteiro, mas esse cara, Loïc (Rossetti), fez

a audição com a música “Firmament” e sua

linha vocal foi exatamente igual a que pode

ouvir agora no disco. Depois disso, leva-

mos 5 minutos para decidir que ele era o

escolhido.

Já tinham todas as músicas escritas antes de escolhê-lo? Pergunto porque ele encaixa perfeitamente na suavidade e paixão exposta nesse álbum. Soa como se as músicas fos-sem feitas para ele.Jona: Na verdade, já tínhamos todas músicas

escritas antes dele se juntar a nós. Portanto,

se sua voz encaixa tão bem é porque ele

sabia exatamente que tipo do voz nós

queríamos quando escrevemos as músicas.

Tivemos sorte em encontrá-lo. Ele é uma

cantor incrível e um cara muito trabalhador.

Ele nunca está satifeito consigo próprio e

isso faz com que seja fácil trabalhar com

ele, pois não tem aquela postura “essa é

a minha linha vocal, gostem ou não”. Ele

nunca desiste e sempre dá o seu melhor. O

Robin (Staps, guitarrista) gravou as vozes

com ele em Berlim e me lembro dele dizer

que nunca havia trabalhado com um vocalista

assim. Loïc tem um condicionamento físico

inacreditável. É capaz de fazer 50 takes

de uma vez e, algumas vezes, esteve 6, 7

horas gravando direto e ainda terminou o

dia com os vocais berrados. Sua capacidade

de cobrir um vasto espectro vocal abriu

novas portas para nós. Ele também é muito

criativo e deu diversas ideias no decorrer

das gravações.

Que tipo de pesquisa fez para elaborar as músicas? Tem ajuda de algum tipo de espe-cialista ou coisa parecida?

Robin: Não. Isso seria meio bobo, não acha? Os

conceitos e ideias abordados no álbum podem

parecer “distantes” para algumas pessoas,

mas tudo isso tem a ver com coisas que já

venho pensando há muito tempo. A primeira

vez que fui exposto ao radicalismo cristão eu

tinha 16 anos e vivia nos Estados Unidos numa

“host family” (famílias que acolhem jovens de

intercâmbio) conservadora de religião batista.

Nessa época tinha discussões diárias com a

minha “irmã”, que tentava me convencer que os

dinossauros nunca existiram e que a Terra teria

apenas 5.000 anos de idade; e que todo mundo

que pensava diferente, incluindo eu, estava

enganado. Eu fi quei chocado e ao mesmo tempo

espantado, pois como uma pessoa tão jovem

já tinha passado por essa “lavagem cerebral”.

A partir daí, me dediquei a estudar fi losofi a, in-

clusive me formei nisso e tenho pensado nessas

questões religiosas nos últimos anos. Portanto,

não é um assunto que saiu do nada ou que eu

precisasse de alguma ajuda para entender. São

coisas que dedico meus pensamentos todos os

dias e acho que são realmente importantes!

hornsup #13

Page 31: HORNSUP Nº13

31hornsup #13

Heliocentrismo é a teoria que diz que a Terra e os planetas giram em torno do Sol, que o mesmo está parado e é o centro do universo. Acredita que os fenômenos astronômicos pos-sam mudar o mundo? Robin: Não sou astrônomo, mas tento acredi-

tar nos fatos sempre que possível, espe-

cialmente quando são sobre temas que não

sou especialista, portanto, não tenho muito

a dizer. Nós estamos discutindo religião em

contraponto com o heliocentrismo. Ok, há

astronomia envolvida no debate, pois foi

isso que marcou o declínio do cristianismo.

Entretanto, abordamos muito mais a temática

religiosa do que a astrológica.

O heliocentrismo representa a vitória da ciên-cia sobre a religião. A epifania da revolução científi ca, mas a música “Epiphany” é sobre a epifania cristã. Por quê?Robin: “Epiphany” é uma música polêmica

sobre o conceito da santíssima trindade e as

contradições envolvidas. Todos sabem que o

1º mandamento manifesta que o cristianismo

é um religião monoteísta. Ao mesmo tempo,

a mitologia católica cria o incrível número de

5.000 santos, que devem ser considerados,

no mínimo, como semi-deuses, já que são

capazes que fazer coisas que os serem huma-

nos normais não são, como curar doenças,

etc. Depois temos a virgem Maria, que vem

em segundo plano e também é considerada

uma deusa. E o conceito da santíssima

trindade: o Pai, O Filho e o espírito Santo.

Todas as tentativas, que eu li, do clero em

explicar ou relacionar esse conceito com o

paradigma monoteísta são simplesmente

ridículas, nebulosas e acabam criando ainda

mais mistérios e contradições do que expli-

cando alguma coisa. É aterrador ver quantas

pessoas ainda levam ao pé da letra os

textos bíblicos, em culturas onde em outros

aspectos é utilizado o pensamento racional,

com nas culturas islâmicas, por exemplo. Eles

não sofreram transformações no processo de

“iluminação” das culturas cristãs ociden-

tais. Nossas sociedades testemunharam o

crescimento e o impacto da ciência natural

moderna. O conjunto de valores e ideolo-

gias trazidos pelo processo de “iluminação”

dominou nossa forma de pensar no dia-a-dia

e são os fundamentos da nossa sociedade;

por outro lado, ainda temos muitos supersti-

ciosos que não estão conformados com as

descobertas da ciência moderna. Em razão da

infl uência histórica e poder da igreja, nossa

cultura tem que coexistir com um conjunto de

valores limitadores. É hora de quebrar o ciclo

da incoerência, e “Heliocentric” é a nossa

contribuição: um lembrete sobre o legado de

Charles Darwin. O que nos leva a próxima

faixa... (no álbum, a faixa seguinte chama-se

“The Origin of Species”, nome da teoria de

Charles Darwin).

O conceito do próximo álbum, “Antropocentric” será mais religioso do que científi co, acredito eu. Pode dizer qual será a abordagem?Robin: Sinceramente, não quero adiantar

muito sobre isso. Musicalmente será pro-

vavelmente mais técnico e pesado, apesar de

achar “Heliocentric” bastante pesado, tirando

as três faixas com piano. Liricamente, con-

tinuará na temática religiosa, agora de um ân-

gulo mais pessoal. Terminamos “Heliocentric”

com o argumento de Richard Dawkins que se

baseia na futilidade da premissa da existência

de um criador e na tautologia das explicações

religiosas para essa premissa. Esse é o ponto

de partida de “Antropocentric”.

Vê a si próprio como um homem de fé ou da ciência?Robin: Acho que já sabe a minha posição,

certo? Sou completamente a favor da

evolução de pensamento e isso envolve

acabar com o cristianismo de uma vez por

todas, para assim livrar a humanidade dos

seus velhos fantasmas afi m que complete o

seu processo histórico.

Como um coletivo, o The Ocean já teve dúzias de membros. Atualmente vocês cinco parecem bem unidos. Essa formação é pra durar?Jona: Robin levou 10 anos para construir

essa banda e acredito que agora fi nalmente

ele está trabalhando com pessoas confi áveis

e que sacrifi cariam tudo pela banda. Além

disso, andamos em turnês pelo mundo afora

pelos últimos 2 anos, o que nos tornou

grandes amigos. Nunca se sabe o que irá

acontecer no futuro, mas acredito que esse

será o The Ocean por algum tempo e faremos

de tudo para manter as coisas assim.

Todos os teus lançamentos são bem pensa-dos. Aposto que tem mais 2 ou 3 álbuns na sua cabeça nesse momento. Estou errado?Robin: Sim, está errado (risos). Eu trabalho

um projeto de cada vez. Isso me possibilita

concentrar toda minha paixão e energia em

um foco. Mas, tenho algumas ideias vagas

sobre os próximos álbuns...

O “Antropocentric” já está terminado? Se sim, por que não lançar um álbum duplo com fi zeram com o “Precambrian”?Jona: Ainda estamos gravando as vozes do ál-

bum, além de partes de bateria. Obviamente

ainda falta mixar e masterizar, mas já temos

todas músicas compostas.

Robin: Decidimos lançar separadamente para

não sobrecarregar as pessoas. “Precambriam”

era um monstro de 85 minutos de músicas

complicadas. Achamos que era muito material

para as pessoas entenderem e processarem

de uma vez só. Fico grato que muita gente

tenha se dado ao trabalho de entendê-lo.

Umas semanas atrás, conheci uma garota na

Irlanda que realmente absorveu o álbum. Ela

disse que era um dos seus discos favoritos

de todos os tempos e ela sabia todas as

letras e riffs... foi emocionante ver aquilo,

mas nem todo mundo vai tão fundo. O perigo

é que você acaba perdendo a atenção do

ouvinte quando ataca com uma quantidade

muito grande de informação. Quando terminei

de escrever as músicas de “Heliocentric”, eu

sabia imediatamente que tinha alí um álbum

pronto, sem tirar nem por. Está tudo bem

compacto e encaixado na perfeição, mesmo

antes de eu colocar o conceito lírico nas

músicas. Ao mesmo tempo, o Jona escreveu

outras músicas que não fi cavam bem com

o que tinha feito. A partir daí resolvemos

escrever 2 álbuns de raiz.

Vocês nunca pensaram em lançar um álbum simples? Apenas com guitarra, baixo, bateria e voz e sem nenhuma temática?Robin: Claro. Estou esperando o momento

certo para começar uma banda DIY D-Beat.

Não tenho mesmo tempo. Com o The Ocean

pode vir a acontecer também. Não posso pre-

ver o futuro. Sabe, tentamos sempre oferecer

algo com as letras e conceitos. Todos estão

convidados a experimentar e buscar alguma

inspiração. Porém, não é preciso que se

importe com religião, com heliocentrismo ou

com as letras em geral, desde que balancem

as cabeças nos show e curtam o som. Pra

mim, isto já está bom. Pessoalmente, quando

eu gosto de uma banda, fi co curioso para

saber do que estão falando e quem são es-

ses caras. Aí, acababo investigando e leio al-

gumas letras. Isto é uma faca de dois gumes:

se as letras forem estúpidas, posso acabar

por perder o interesse, por outro lado, se

forem boas, abre novas portas para eu ter um

relacionamento mais profundo e signifi cativo

com essa banda. Matheus Moura

The OceanOption Paralysis Season of Mist

The Ocean. Andei pensando e conclui o nome

condiz exatamente com a identidade da ban-

da no que diz respeito a sua grandiosidade e

imprevisibilidade. Esse ex-coletivo, que agora

se vê reduzido a 5 indivíduos, é incapaz de

simplesmente gravar músicas e fazer álbuns.

Tudo o que tocam tem signifi cado, tem razão

de ser e profundidade, tanto a nível musical

quanto intelectual. “Heliocentric” é o primeiro

dos dois álbuns que irão lançar esse ano. A

temática é centrada do heliocentrismo, como

o próprio nome indica. Heliocentrismo é a

teoria que afi rma que o Sol está no centro

do universo sendo que os planetas giram em

torno dele. É o contrário do geocentrismo

defendido por Pitolomeu na antiguidade,

aonde julgada que o planeta Terra era o

centro de tudo. Apesar de ser tratarem

de assuntos astronômicos, “Heliocentric”

não se prende a isso e sim a idéia que o

heliocentrismo foi uma vitória da ciência e

do pensamento racional sobre a religião e a

crendice. Baseado nisso, se desenrolam dez

faixas que abordam determinadas nuances e

acontecimentos relacionados a temática. Em

termos musicais, encontramos um The Ocean

menos violento, principalmente quando

deparamos com faixas como “Epiphany” e

“Ptolemy Was Wrong” que são acústicas e

acompanhadas por piano. Por outros lado,

apresentam uma elemento-chave, que tornou

possível o sucesso desse novo registro: o vo-

calista Loïc Rossetti. Sorte ou destino, chame

como quiser, mas o fato de terem esbarrado

com esse frontman abriu novos horizontes ao

grupo. A prestação de Loïc é irrepreensível.

Nos vocais limpos imprime uma sensibilidade

incrível e quando é preciso agressividade,

seus berros mantém essa característica. Com

certeza, sem ele, “Heliocentric” não teria o

mesmo brilho. O trabalho apresentado aqui

respeita o processo de constante evolução

do The Ocean e ainda vai um pouco além.

Inteligente, envolvente e inebriante, assim é

“Heliocentric”. Matheus Moura

[9]

www.myspace.com/theoceancollective

Page 32: HORNSUP Nº13

32

entrevista

Direto e reto

hornsup #13

“Full Of Regret”

Foto

: Ron B

oudre

au

Page 33: HORNSUP Nº13

33hornsup #13

O Danko Jones volta mais pesado do que nunca em “Below the Belt”, novo álbum que a própria banda diz ser o melhor de sua carreira até o momento. Conversamos com o guitarrista e vocalista deste Pow-er trio, o próprio Danko Jones, que diz que acima de rótulos e tendências, o que eles querem é fazer boa música – para os fãs e para a banda.

Você defi niu “Below the Belt” como seu melhor álbum até agora. O que mudou no som da banda para chegar a este

resultado? O que os fãs podem esperar desse álbum? Acho que nossa composição melhorou. Nós

fi zemos um esforço consciente para fi carmos

mais pesados e rápidos neste álbum. O que as

pessoas podem esperar? Apenas mais músicas

do caralho!

Como é trabalhar com Matt De Matteo (produ-tor de álbuns anteriores da banda, como “Sleep is the Enemy”) novamente? Porque trazê-lo de volta? Como é o relacionamento - musicalmente - dele com a banda? O som parece mais pesado com De Matteo...O Matt é parceiro. É fácil trabalhar com ele,

e, além disso, ele mora perto, então também

foi uma escolha de conveniência. Matt é um

grande produtor, mas nós nunca mudamos a

maneira como fazemos música para se ajustar

a um determinado produtor que estivermos

trabalhando. Nós apenas escrevemos um

monte de novas canções.

A banda se sentiu pressionada para fazer um grande álbum devido às críticas ao album anterior “Never Too Loud”? Aliás, quais seus pensamentos a respeito de “Never Too Loud”? Pressionada? Nós amamos “Never Too Loud”,

senão nunca o teríamos lançado. “Never Too

Loud” foi nossa homenagem ao Rock clássico,

e nós descobrimos rapidamente que a maioria

das pessoas, apesar de demonstrar um amor

pelo Rock, realmente não gosta dele mais

lento. Queríamos fazer este álbum rápido e

pesado, não porque estavam demandando

isto, mas sim porque estávamos sentindo

falta de escrever e tocar este tipo de música

por nós mesmos. As demos para “Never Too

Loud” foram pesadas e brutais do seu jeito.

Eu vou admitir e dizer que “Never Too Loud”

foi um pouco produzido demais, mas não

menos “Rock”. Músicas como “Still in the

High School”, “Code of the Road”, “Forest for

the Trees” e “Let’s get Undressed” agitam pra

caralho!

Quem teve a ideia para os vídeos no Youtube sobre cada música do novo álbum? Sei que você iniciou um vídeo blog há alguns anos, mas parou de atualizar. Vocês leem as reações dos fãs nos comentários dos vídeos?

A Bad Taste (n.e.: gravadora da banda)

queria que nós fi zéssemos, e achei que era

uma ótima ideia. Você não apenas tem uma

amostra de cada música, você chega à música

onde nós estamos, e vê o quão louco viajar

por aí pode ser. Um dia nós estamos em casa

e no dia seguinte estamos em Denver, e na

outra semana estamos em algum outro lugar

do centro-oeste.

Em 2009 vocês tocaram no “Maquinaria Festival” aqui no Brasil, com outras bandas como Evanescence, Panic at the Disco e Duff McKagan, e muitas pessoas disseram que foi o melhor show do festival. Porém, muitas pessoas no Brasil ainda não conhecem a

banda. Por que você acha que isso acontece? Distribuição, interesses comerciais, estratégia da gravadora, algo assim? É um simples caso de dinheiro para o marketing.

Todas as bandas que você citou têm ou tiveram

milhões de dólares despejados em suas bandas

para marketing e promoção. Nós estamos em

uma gravadora de Punk Rock pequena da Sué-

cia, e não temos esse tipo de fundos.

A banda tem feito diversas turnês com diferen-tes bandas de diferentes estilos musicais – do Punk ao Metal, por exemplo – e seu som pa-rece encaixar em qualquer categoria do Rock. O que você acha sobre esses rótulos, como “Danko é uma banda de Punk” ou “Danko é uma banda de Stoner”? Vocês se consideram de algum desses gêneros, ou “é apenas rock e vocês gostam”? Nós somos uma banda de Hard Rock. E é isso.

Vocês já tiveram algum tipo de problema com alguma outra banda durante uma turnê? Re-centemente vocês tocaram com o Guns n’ Ros-es no Canadá, banda famosa por problemas (como atrasos e problemas interpessoais).O Guns n’ Roses foi incrível conosco. Trataram-

nos muito bem. Toda a banda e a equipe

técnica foram muito legais com a gente. O Axl

também foi muito receptivo. Cantei “Nightrain”

com Axl e Sebastian Bach, e cantei “Patience”

com Axl e Tommy Stinson (n.e.: atual baixista

do GnR). Nossa experiência com o GnR foi

fantástica. Eu faria tudo novamente em um

segundo!

Vocês estão testando as músicas novas nos últimos shows. Como está sendo a reação dos fãs? As músicas estão funcionando ao vivo? Sim, estamos testando as músicas, e é mais

pela gente, para acertarmos as músicas do

que para alguém realmente gostar delas.

Acredito que uma vez que eles estejam famil-

iarizados com as músicas no álbum, fi caram

mais por dentro delas, e nós estaremos mais

ensaiados e polidos para tocá-las por aí.

Você pode nos contar um pouco sobre o vídeo de “Full of Regret”? É quase um pequeno fi lme, com estrelas como Elijah Wood (de “Senhor dos Anéis”) e Selma Blair (de “Hell-boy”), além de algumas lendas do Rock como Lemmy Kilmister (Motörhead) e Mike Watt (ex-Minutemen). Toda a ideia do vídeo veio dos Diamond Brothers (produtora de vídeo responsável pelo clip de “Full of Regret”)? Sim, é um tipo de pequeno fi lme! Os Diamond

Brothers dirigiram e vieram com as ideias para

o vídeo. Já somos amigos há alguns anos, e

eles são amigos do Elijah Wood, e ele con-

cordou em participar do vídeo. Então, Selma

Blair entrou porque ela é amiga do produtor.

Então nós decidimos participar e chamamos o

Lemmy, e mandei um e-mail para o Mike Watt.

Os dois aceitaram o que não só foi emocio-

nante, como realmente deixou o vídeo acima

da média. Todas estas quatro pessoas, esses

medalhões, foram incríveis dentro e fora das

câmeras. Eles detonam, e eu acho que o vídeo

vai fi car fodidamente incrível.

Algum plano para um novo DVD ao vivo? Sei que os fãs estão esperando...Existem planos para um DVD ao vivo há

anos... anos. Nós não tivemos tempo para

realmente trabalhar nele. Mas enquanto isso,

nós estamos compilando material, o que é

algo bastante demorado.

Na turnê deste novo álbum, podemos esperar alguma nova visita ao Brasil? Alguma mensa-gem para seus fãs por aqui? Se o Brasil nos quiser de volta, nós estaremos

aí em um minuto! Nós amamos o Brasil e

ainda há lugares onde não tocamos e agora

devemos ir. Luigi “Lula” Paolon

Danko JonesBelow The Belt Bad Taste

Se alguém hoje em dia consegue fazer Hard

Rock empolgante, enérgico e relevante,

esse alguém chama-se Danko Jones. O trio

canadense, que leva o nome do guitar-

rista/vocalista, conta ainda como John ‘JC’

Calabrese no baixo e Dan Cornelius na

bateria. O novo álbum, “Below The Belt”,

envolve várias tendêcias do Rock, ensopa

tudo em gasolina e ateia fogo. Enquanto

muitos “rockers” andam mais preocupados

com sua aparência ou em dar “pitis”, é

reconfortante saber que Danko tem colhôes

e atitude, num pacote só e sem drama.

A aparente simplicidade em trazer à tona

músicas tão marcantes, esconde uma vasta

gama de estilos que se cruzam formando

a identidade do álbum. Tanto pode ouvir a

raiz mais Punk Rock em “(I Can’t Handle)

Moderation” como o puro Hard Rock em

“Like Dynamite”. Todas faixas tem carisma

sufi ciente pra entrarem na sua memória e

fazerem com que “bata o pézinho” sem dar

conta disso. No fi ller, only killer! “Below

The Belt” mostra o sucesso alçando por

Danko em absorver o que de melhor fi zeram

AC/DC, Kiss ou Thin Lizzy, e espremer dessa

“matéria-prima” a sua essência, adicionando,

claro, o seu toque pessoal, além de alguma

modernidade. A atitude de rocker mulheren-

go e briguento expressa nas letras é acom-

panhada por riffs inesquecíveis gerando

momentos de pura diversão com em “Active

Volcanos” (a arte de saber usar o cow bell),

“Full of Regret” (o single e a faixa mais

completa do álbum) e “I Wanna Break Up

With You”. Um disco que deve fi gurar entre

os melhores disco de Rock do ano e levar

o nome Danko Jones a um patamar mais

elevado. Matheus Moura

[8]

www.myspace.com/dankojones

Page 34: HORNSUP Nº13

34

entrevista

Caçadores

Em razão do lançamento de “When The Hunter Becomes The Hunted”, álbum de estreia do Seven Stitches, a HORNSUP saiu à caça de Pica e Bixo, respectivamente, vocalista e guitarrista da banda. Feliz-mente conseguimos capturá-los, sem nenhuma resistência, para uma conversa.

Finalmente colocaram na rua o vosso primeiro álbum. Como se sentem?Pica: Eu diria que além de felizes e com

uma enorme vontade de mostrar a força e

energia destas músicas ao vivo, nós estamos

também aliviados (risos). Foi um longo caminho

que percorremos até o lançamento do nosso

álbum. Muita coisa se perdeu pelo caminho e

muita coisa se conquistou. Houveram alturas

em que a música fi cou para segundo plano

pois a nossa amizade e sanidade eram mais

importantes, mas conseguimos e ele está cá

fora. Apesar do lançamento estar a acontecer à

“conta-gotas”, acredito que assim que o com-

boio arrancar de uma vez tudo vai correr bem.

Estamos apenas presos por pequenos detalhes

a nível de promoção e da chegada do álbum as

lojas que eu acredito que será muito em breve

mesmo.

Bixo: O sentimento é mesmo de realização,

pois foi mesmo um longo caminho até aqui

chegarmos. Desde que iniciamos a banda, o

nosso objetivo sempre foi o de fazer álbuns e

chegar a uma sonoridade dentro da que temos

neste momento. Mas sabíamos desde início

que para isso era preciso muitos ensaios e

dedicação aos nossos instrumentos de forma a

que cada um melhorasse o sufi ciente para que,

numa fase de composição, as nossas opções e

caminhos fossem o mais alargados possíveis.

E assim conseguirmos construir um conjunto

de músicas que gostamos e sentimos que são

coesas, mas sem serem sempre idênticas! É que

não gostamos de soar sempre iguais e andar

sempre em andamentos idênticos, gostamos

de ouvir música assim! Mas não gostamos de

a fazer! (risos) Daí que estamos contentes e

realizados com o que conseguimos fazer.

Agora só falta mesmo é meter o álbum a

chegar aos ouvidos do pessoal e dar concertos

para metermos em “prática” o que criámos,

pois os concertos para nós vão ser um culminar

de um logo trabalho e uma oportunidade única

de fazer a nossa “caçada”! E esperamos fazer

muitas!

Qual a ideia por trás do nome “When The Hunter Becomes the Hunted”?Pica: A ideia surgiu depois de uma refl exão

sobre o estado de tudo o que nos rodeia,

da imensa luta que a natureza trava contra o

estúpido Humano; e como a força desta pode

ser devastadora para nós e para toda a nossa

ganância e egocentrismo. Depois essa ideia

foi crescendo em mim e no que ia escrevendo

e partilhando com o Bixo, e fui-me aperce-

bendo que este título ia muito além desta

luta: Humanos vs Natureza; era também uma

luta constante de todos nós conosco próprios,

com os erros que cometemos e como eles nos

consomem, como os atos mais insignifi cantes

podem mover todo um mundo, lá esta é o

chamado efeito borboleta. No fundo, foi um ex-

plorar do mundo, dos nossos atos, dos nossos

erros, dos nossos medos, e da nossa força.

Bixo: Tá dito! Basicamente, eu acho que o

“Homem” anda realmente a foder isto tudo!

Mas desde sempre, não é só de agora, e a

Natureza anda a manifestar-se de uma maneira

bastante mais regular, basta ter passado uns

minutos em frente à TV na hora do noticiário

neste último ano, por exemplo. Assistiu-se a

catástrofes que mataram muita gente, muitos

“inocentes”. Mas, parece que tem de ser! Para

se juntar forças e criar uma união à nível mun-

dial, só através e em prol de uma desgraça! E

que dizem de existir essa união e força sem

haver mortos e uma desgraça? Se calhar o

mundo e a nossa curta vida seriam bem mais

interessantes, não? São estas questões que

gostávamos que nem existissem! Mas existem,

e pelo andar da carruagem não vai ser nesta

vida que vão desaparecer.

O artwork é forte e agressivo. Tem algum signifi cado no que diz respeito a temática do álbum?Pica: Tinha mesmo que ser (risos). O artwork

é um grande trabalho do João, que foi uma

batalha gigante pois nunca nos conhecemos

pessoalmente, então foi chamada atrás de

chamada, email atrás de email, mas ele é muito

bom e absorveu a nossa ideia. Espelha bem a

ideia do álbum e a energia e peso das músicas.

Bixo: Como o Pica disse e bem, o João fez

um excelente trabalho e estamos bastante

satisfeitos com o resultado. Foi para nós

uma experiência nova pois até agora nunca

tínhamos trabalhado desta maneira! Por

telemóvel, mas correu bem e isso era o mais

importante. Obrigado João pela dedicação,

empenho e paciência. O artwork consegue de

hornsup #13

Page 35: HORNSUP Nº13

35hornsup #13

uma maneira não muito óbvia representar sem

dúvida a temática do álbum, desde a solidão,

egocentrismo, etc. No fundo, a auto-destruição

que o Homem exerce sobre si mesmo, num

cenário de uma Natureza prestes a “rebentar”,

e era isso mesmo que pretendíamos, o artwork

passar a “visão” do que se vai passar quando

meterem o CD a rodar.

A banda sofreu algumas modifi cações na forma-ção. Fale sobre os novos componentes e o que eles trouxeram para esse álbum.Pica: São chatos (risos). Não, sem desprimor

para o Gingado e para o Pedro que eram parte

da banda e que nos deixaram, o André Tavares

e o André Pereira trouxeram para a banda o que

nos faltava, ou seja, além de bons executantes

são malta com ideias e importantes no caminho

que as músicas acabaram por levar. Digamos

que já tínhamos tudo praticamente fi nalizado, e

que eles vieram dar um toque que importante,

além disso são bêbados muito competentes o

que era um requisito essencial (risos).

Bixo: Competentes?! Têm dias! (risos) Acima

de tudo são boa gente! Que sabem e gostam

de tocar, e era mesmo isso que precisávamos.

Após a saída do Gingado e depois o Zé Black,

estivemos um tempo sem ninguém, tivemos o

César de Cryptor Morbious Family para fazer uns

concertos conosco, mas, no entanto não fazia

parte da banda, apenas nos “desenrascou” ao

vivo, e era eu que ia inventando os riffs e na

sala de ensaios com Nelson e o Pica dávamos

forma às músicas, e como deves saber vais

começando a ouvir os outros instrumentos

naturalmente, mas não havia ninguém para os

tocar! E era preciso alguém! Foi brutal para mim

e também para a banda, claro; a entrada deles

pois além de eu não ter de gravar tudo como

já tinha feito no Split CD com os Switchtense,

foram eles que pegaram nas músicas e cada

um fez a sua parte, e da forma como o fi zeram!

Eu provavelmente não iria fazer da mesma

forma pois não ouvia as coisas assim! Mas uma

banda é isto mesmo, é cada um poder empregar

e criar consoante os seus gostos e capacidades as

suas partes, e assim, quando vamos para palco

cada um pode desfrutar do que inventou e sentir

que tudo junto soa a Seven Stitches, daí que a

entrada deles foi fundamental e juntos consegui-

mos dar este passo importante, agora, siga malta!

Venha o próximo!

Nota-se uma grande evolução com esse álbum, tanto a nível instrumental como de composição. Quais os fatores que acredita que determinem essa evolução?Pica: Na minha opinião, foi uma evolução muito

grande como músicos o que se passou durante

o longo processo de composição deste álbum.

Destaco o grande trabalho do Bixo em todo o

processo de composição; é muito bom ouvir es-

tas músicas e perceber o que ele fez por elas; e

o quanto isso nos ajudou a mim e ao Nelson a

evoluirmos e a juntos fazermos as nossas músi-

cas, aquelas que nos dão um enorme prazer

tocar, e isso nota-se bastante ao ouvir este

álbum, as músicas são mais coesas, têm solos,

na minha opinião, muito peculiares e intensos.

Têm blastbeats e ritmos que não usávamos no

passado, em resumo é um ÁLBUM.

A produção toda fi cou “em casa”, já que tiveram o André Tavares a cuidar disso. Que infl uência isso teve no resultado fi nal?Pica: O André é teimoso, muito teimoso (risos),

mas ao mesmo tempo, muito talentoso, o que

despertou em nós algumas lutas (saudáveis),

umas ganhas por ele, outras por nós. Eu gosto

muito de gravar as minhas vozes com ele, pois

ele tem bons pontos de vista, percebe-me, mas

por vezes é demasiado “by the rules”; e eu sou

mais de fazer coisas com instinto, desde que

me soe bem pode marcar a diferença e ser uma

mais-valia para a música, então tivemos que

encontrar um ponto de equilíbrio entre nós e

acho que o conseguimos muito bem.

Bixo: Teve muita! Ele veio ajudar, sem dúvida,

a sermos mais “profi ssionais” e a ajudar-me

a incutir nestes gajos esse espírito, pois até

então era eu a dizer, principalmente ao Nelson

que temos de tocar com metrônomo, temos de

fazer as divisões de compassos, etc e perceber

o que estamos a fazer na sua totalidade, que

isso é essencial principalmente para o feeling

que a música vai ter depois de terminada, mas

como os “santos da casa não fazem milagres”,

foi preciso vir um gajo de fora para meter esta

merda na ordem! (risos) E deixarmos de ser

preguiçosos, incluindo eu, pois também andava

um bocado encostado! Resumindo, foi bom

trabalhar com ele quer como guitarrista quer

como produtor ou técnico, e temos de lhe agra-

decer o fato de ser um excelente profi ssional

e devido a isso poderemos utilizar os estúdios

onde trabalha, que têm mesmo excelentes

condições, e que nos deu a possibilidade de ter

um trabalho muito profi ssional, sem o sermos.

Qual foi a maior difi culdade que encontram como banda até lançarem esse álbum?Pica: Para mim foi, sem dúvida, mantermo-nos

(eu, o Bixo e o Nelson) juntos como grandes

amigos que somos há muitos anos, pois foi um

longo processo onde todos mudamos muito em

que tivemos que lutar muito uns pelos outros.

As saídas e entradas são uma realidade que

acontece e que tens que superar, mas a perda

de amigos essa é dura e felizmente se for pre-

ciso ir ao fundo do poço buscar algum de nós,

hoje tenho a certeza que os outros vão lá.

Bixo: Sim basicamente é isso mesmo. Nós além

de uma banda somos mesmo grandes amigos

e eu sempre meti a amizade em primeiro lugar,

se um anda como costumamos dizer com os

“cornos no ar” ou anda fodido com a vida,

sabe que pode sempre contar com a ajuda,

e por vezes sem se aperceber que anda a

tomar decisões erradas e a querer caminhos

menos felizes para a sua vida, há sempre um

que se joga para a frente e abre os olhos ao

outro, eu tenho muito o lema de que “amigo

é aquele que ajuda quando um gajo precisa e

não quando dá jeito ajudar” e daí que a maior

difi culdade foi mesmo encontrar uma altura em

que todos estão de bem com a vida, unidos

e a querer a mesma coisa, estaremos juntos a

tocar e a fazer aquilo que mais gostamos, mas

fi nalmente conseguimos aqui chegar e agora

parece que estamos estáveis a todos os níveis,

tirando o fi nanceiro, esse é que estamos na

merda, mas que se foda (risos)!

Como correu a turnê de divulgação?Pica: Ainda não correu. Como te disse estamos

um pouco atrasados no processo de divulga-

ção, temos 2 festivais (Filth Fury Fest e Metal

GDL) em Maio e Junho e assim que o álbum

chegar á imprensa e ás lojas vamos tentar fazer

umas datas de divulgação pelo país e tentar

algo lá fora, acredito que de uma forma natural

as coisas vão aparecendo.

O álbum saiu em Portugal via Raging Planet. Já receberam algum feedback tanto do público quanto da crítica?

Seven StitchesWhen The Hunter Becomes The HuntedRagingplanet

Acredito que o que “salta aos ouvidos” logo

a primeira audição deste álbum de estreia

dos rapazes de Grândola, Portugal, seja o

gigantesco passo no processo evolutivo.

Não diria que era inesperado, mas “When

The Hunter Becomes The Hunted” deve

surpreender muita gente de forma positiva. O

Seven Stitches já havia dados provas do seu

poderio em doses reduzidas (EPs, Split), mas

agora podemos saborear o produto completo.

Os dois novos membros, André Tavares e An-

dré Santos, respectivamente, guitarra e baixo,

deram um novo impulso a sonoridade da

banda, principalmente o primeiro André, que

também trabalhou como produtor do álbum.

Esse é um dos pontos fortes do registo: a

produção. Até agora não tinham conseguido

transmitir com clareza toda técnica e brutali-

dade que depositam nas músicas. A produção

é boa o sufi ciente para colocá-los lado a lado

com nomes estrangeiros que gozam de maior

popularidade nesse segmento. Aliado a isso,

temos boas composições, ricas em variedade

e recheiadas por uma infi nidade de riffs. As

música não se baseiam em refrões, tão pouco

em melodias (pelo menos no que toca a voz),

focam-se num bombardeio metálico maciço.

“When The Hunter Becomes The Hunter” tem

muito a ver com uma frase que a banda usa

com frequencia: “Viva o Metal!”. O álbum é

sobretudo uma celebração do Metal portu-

guês de qualidade. Matheus Moura

[8]

Pica: Ainda é cedo, já recebemos alguns

feedback de malta que tem o álbum e de

alguma imprensa, bem positivas por sinal,

mas estamos a aguardar que a partir deste

mês comecem a sair as reviews em sites e

revistas, mas até agora tem sido bom ainda

por cima porque cada pessoa que nos fala do

álbum tem tido uma opinião muito própria e

tenho me apercebido que têm falado de várias

músicas diferentes o que me deixa satisfeito,

pois sei que não fi zemos um álbum com uma

ou duas músicas mas sim com nove, e pelas

opiniões sinto que quem o tem ouvido tem se

apercebido disso.

Bixo: O álbum ainda não se encontra nas lojas,

apenas tem o CD quem foi ao concerto de

apresentação ou comprou através da banda,

e desse pessoal temos recebido boas críticas,

aliás para mim todas as criticas são boas, seja

a dizer que gostam ou que não gostam, desde

que sejam sinceras, excelente. É um sinal que

se preocupam e nos ouviram e dedicaram

o seu tempo a ouvir a nossa música, e isso

respeitamos e agradecemos, sempre! Mas

acima de tudo, temos recebido muitas opiniões

do género “epá, não estava à espera de uma

coisa assim!” o que por algumas vezes fi camos

sem perceber se isso é bom ou mau. (risos) O

tempo o dirá! Matheus Moura

www.myspace.com/sevenstitchespt

Page 36: HORNSUP Nº13

36

entrevista

Com as malas prontas

Prestes a desembarcar no Brasil para a sua primeira turnê pelo país, conversamos com Nuno Pereira, vocalista da banda A Wilhelm Scream. Nuno falou com a HORNSUP sobre cinema, turnês, álbuns fa-voritos e downloads na Internet.

hornsup #13

Page 37: HORNSUP Nº13

37hornsup #13

Quais bandas tem ouvido ultimamente ou que simplesmente infl uenciaram o A Wilhelm Scream?

Às vezes gostamos de ouvir Thin Lizzy, outras

vezes ouvimos Propagandhi, depende da

situação, o fato é que curtimos músicas rápi-

das e em clima de festa.

Vocês se consideram uma banda Punk ou Hardcore? Como avaliam o cenário musical atualmente?Nós tentamos não nos rotular, nesse ou

naquele estilo, apenas fazemos nosso som e

as pessoas defi nem como quiserem. Referente

a cena musical, atualmente acho que continua

a mesma de sempre. Claro que há algumas

coisas que não gostamos, mas praticamente

tem sido a mesma merda de antes. (risos)

A banda anteriormente era conhecida pelo nome Smackin’ Isaiah, porque a mudança para A Wilhelm Scream?Gostamos de nomes únicos e ímpares. Acho

que todos procuram uma forma de serem

únicos e autênticos, não acha? Tentamos mu-

dar nosso nome para Bon Jovi, mas creio que

esse nome já existe, não é? (risos)

Quais os prós e os contras em se ter uma banda e sair por ai em turnês excursionando?Os prós evidentemente são as turnês e a pos-

sibilidade de conhecer lugares novos, pessoas

diferentes e suas culturas e poder mostrar

nossa música a todos que se interessarem

por ela, pois adoramos fazer isso e conquistar

novos fãs. Os contras são o fato de fi carmos

longe de nossos amigos, familiares e fi carmos

mais suscetíveis a gripes e doenças devido ao

clima diferente que cada país possui.

A banda conhece alguma banda brasileira ou algo sobre nossa cena musical?A única coisa que vi referente ao Brasil foi

o show do Iron Maiden no Rock in Rio, daí

podemos ver como os fãs brasileiros são lou-

cos e esperamos que essa loucura seja vista

em nossos shows.

Fiquei sabendo que são grandes fãs de cinema e fi lmes em geral, qual é o fi lme favorito de vocês? Bem gostamos de “The Big Lebowski”,

“Snatch”, “O Poderoso Chefão” e a lista

não para por aí, são muitos os nossos fi lmes

favoritos.

A banda é grande fã dos fi lmes do Michael Moore?Eu vi a maioria de seus fi lmes e li dois de

seus livros. É engraçado e informativo, mas,

você tem que tentar absorvê-lo pouco a pouco

e refl etir sobre os problemas citados no fi lme

e nos livros.

Qual foi a banda favorita ou a que mais gosta-ram de estar excursionando?

Bem, não temos banda ou bandas favoritas,

pois quando estamos em turnê, compartil-

hamos dos momentos bons e ruins de uma

excursão, isso já faz com que as bandas que

nos acompanham sejam nossas favoritas por

nos aguentar e vice-versa. (risos)

Atualmente qual ou quais tem sido os àlbuns prediletos para se ouvir durante a turnê atual?Para mim atualmente tenho ouvido Mariachi El

Bronx e o novo álbum do Flatliners.

Qual a opinião da banda sobre downloads ilegais na internet e as redes sociais para divulgação do trabalho da banda?Acho válido, se tiverem que fazer ou divulgar,

que o façam, saiam propagando nossa música,

mas não se esqueçam de comprar uma

camiseta da banda.

Mande uma mensagem para os fãs da banda no Brasil e na América do Sul.Estamos muito felizes e empolgados de estar

no Brasil e podermos mostrar nosso trabalho.

E se vocês realmente forem a nossos shows,

preparem-se para suar muito e certifi quem-se

de trazer uma cueca a mais para esse show,

pois a que estarão usando fi cará toda enchar-

cada. (risos) Flávio Santiago

www.myspace.com/awilhelmscream

Page 38: HORNSUP Nº13

hornsup #1338

resenhas

As I Lay DyingThe Powerless RiseMetal Blade

[9]

No ano de 2003, chega a minha coleção o segundo

trabalho de estúdio da banda de Metalcore, As I Lay

Dying. Com músicas como “94 Hours” e “Forever”

difi cilmente eu pensaria que se tratava de mais um

número no mundo da música. A confi rmação do bom

trabalho veio com o terceiro full-lenght, intitulado

“Shadows Are Security”. Faixas como “Confi ned” e

“Through Struggle” me fi zeram mexer bastante a

cabeça e aprendê-las na guitarra com grande anima-

ção. Concretizado no mundo do Metalcore até então,

chega ao mercado o quarto material dos caras, o “An

Ocean Between Us”. Maturidade, profi ssionalismo e

o título de umas melhores bandas de Metalcore do

mundo foram apenas alguns pontos da excelente fase

que apresentaram no ano de 2007. Pouco menos

de três anos depois, nos deparamos com o quinto e

mais recente trabalho de estúdio, o conceituado “The

Powerless Rise”. Com a produção do guitarrista Adam

Dutkiewicz (guitarrista da Killswitch Engage) e Daniel

Castelman, a gravadora Metal Blade tem muito do

que se orgulhar. O álbum começa com a violenta “Be-

yond Our Suffering”, que não dá tempo ao ouvinte

de saber em que local se encontra, tamanha a raiva

disparada nos vocais de Tim e a precisão do baterista

Jordan Mancino. Porém, o que mais me chamou

atenção foi o quanto estão aprimorando os trabalhos

de guitarra, partindo para solos cada vez mais bem

elaborados e no tempo necessário que cada música

exige. Começaram bem. “Anodyne Sea” vem na

mesma pegada, mostrando que As I Lay Dying já não

é mais aquela banda que possui breakdowns soltos

- tudo faz sentido agora. As melodias vocais de

Josh Gilbert podem ser consideradas um dos pontos

altos aqui, além de mais passagens brilhantes nas

guitarras. “Without Conclusion” traz mais elementos

melódicos nas seis cordas, porém, é em “Parallels”

que mostram a razão de terem chegado tão longe no

circuito do Metal. Irretocável. Melodia e brutalidade

na medida certa. Você começa a notar, facilmente,

que o som deles está mais encorpado, com um nível

altíssimo de maturidade no que é feito. “The Plague”

(com um belo solo), “Anger and Apathy” (com suas

passagens mais cadenciadas) e “Condemned” (agres-

sividade máxima), realizam uma ótima sequência de

três faixas. Claro que ainda há mais elementos im-

portantes no álbum, mas quem se importa? Se és um

fã de Metalcore, eis o único lançamento de 2010 que

não pode fi car de fora da sua lista. Chegaram ao mo-

mento mais alto da carreira, com o melhor trabalho

de estúdio. Onde será que irão chegar desta forma?

A nota para este álbum vai como uma medalha pelo

que foi proporcionado a toda à comunidade Metalcore

e, ao mesmo tempo, serve como aula de como se

fazer um material longe de clichês. Igor Lemos

destaquedessttaaqqqqqquue

Foto

: Cin

dy F

rey

Page 39: HORNSUP Nº13

hornsup #13 39

War of AgesEternalFacedown

Conhecido pela junção de elementos do Power

Metal com o Metalcore, os cristãos do War

Of Ages chegam de vez com o quarto álbum

de estúdio, ao qual resolveram dar o nome

de “Eternal”. Como já venho resenhando e

ouvindo Metalcore há muito tempo, cada vez

fi ca mais inatingível a nota máxima, ou seja,

a perfeição. Esse é mais um caso em que não

há nada de novo sendo ouvido, porém, ainda

assim há pontos positivos. O primeiro deles

é a inserção de vocais melódicos, vide a

brilhante faixa de abertura “Collapse” e “Failure”.

O instrumental é um show, um banho de

virtuosismo. Diversas faixas trazem solos e

passagens bem construídas, como exemplo

“Desire”, que conta com a participação de

Tim Lambesis, o conhecido frontman do As I

Lay Dying. E não fi ca por aí. Na faixa título há

a presença de Sonny, o vocalista do P.O.D.!

E, devo pontuar, fi cou bem interessante essa

mistura. A última participação especial é do

baixista/vocal limpo do As I Lay Dying, Josh

Gilbert, na música “Lack Of Clarity”. Esse é

o melhor álbum da War Of Ages, de longe.

Porém, ainda estão presos a estruturas

lineares em várias composições. Os refrões

melódicos são bons, porém, me lembraram

algo vinculado à Shadows Fall. É o que eu

disse anteriormente, é muito difícil atingir a

perfeição. Considero até uma cobrança desne-

cessária em relação às bandas de Metalcore,

porém, assim o faço. Em resumo, um álbum

coeso, com belos trabalhos de guitarra,

composições memoráveis, no melhor que o

Metalcore tem a apresentar. Fiquei satisfeito,

mas está muito “arrumadinho” pro meu

gosto. Contudo, não perca esse full-lenght de

vista. Igor Lemos

Dream EvilIn The NightCentury Media

Em seu quinto trabalho os suecos do Dream

Evil vem com o álbum “In The Night”. Um dos

grandes atrativos da banda era a presença no

line-up do guitarrista grego Gus G., líder do

Firewind e o mais recente substituto de Zakk

Wylde na banda de Ozzy Osbourne, o que

talvez pode ajudar a popularidade do Dream

Evil. Agora, além do guitarrista Fredrik Nordström

temos Mark Black à frente da guitarra princi-

pal. A banda traz um álbum que ainda marca

um período de transição entre os estilos dos

guitarristas, tais diferenças podem ser notadas

logo nas primeiras faixas do álbum, como

“Immortal” que apesar de bons arranjos se

torna um pouco repetitiva, mas a banda com-

pensa com as excelentes “Bang your Head”

e “In The Night”. No decorrer do álbum há

momentos de deslizes como em “In The Fires

Of The Sun” com melodias previsíveis e que

em pouco acrescentam e também em acertos

como em “Kill, Burn, Be Evil”, “Good Night-

mare” e “The Return”, o que faz este álbum

ser apenas mediano, em relação aos trabalhos

anteriores da banda, mas quem for realmente

fã desta banda sueca, com certeza irá adquirir

esse trabalho, independente do que for dito.

Flávio Santiago

TaprootPlead the FifthVictory

Não faço ideia da época em que vocês

conheceram Taproot, porém, posso falar por

mim. Há 10 anos atrás, exatamente em Junho

de 2000, eis que cai no mercado o terceiro

álbum da Taproot, intitulado simplesmente

de “Gift” - e que presente! Com composições

sólidas, como “Smile” e “Mirror’s Refl ection”,

conseguiram chegar a Billboard e abrir

um caminho de sucesso para o mais bem

sucedido full-lenght da carreira, o excelente

“Welcome”, que nem preciso dizer, é o meu

preferido, vide as composições como “Mine”,

“Poem”, “Art”, “Myself”, “When” e outras.

Após esses dois trabalhos, conseguiram fazer

algo incrível: lançar “Blue-Sky Research” e

“Our Long Road Home”, dois álbuns lastimáveis,

com poucos momentos de destaque e que

nem de longe soavam pesados como os

dois anteriormente. E aí? Desistir de Taproot?

Negativo. “Plead The Fifht” chega como um

belo pedido de desculpas. Não é o melhor

trabalho do conjunto, porém, traz aquela

agressividade e guitarras semelhantes ao

início da carreira. “Now Rise” inicia muito

bem, com gritos que há muito tempo não

eram ouvidos. “Game Over” vem com aquelas

habituais guitarras Nu Metal que eu estava

morrendo de saudades. Claro, saudades,

Taproot era uma das minhas bandas de

cabeceira. “Fractured (Everything I Said

Was True)”, primeiro single, é uma das

melhores músicas que ouvi dos caras. Um

refrão pegajoso e um ritmo pula-pula que

só traz boas recordações. “Release Me”,

“Trophy Wifi ” e “No View Is True” também

merecem destaque. Lógico que há faixas

chatas, em que o ouvinte irá se lembrar dos

dois últimos álbuns. Portanto, ainda não

estão completamente recuperados. Mas,

como eu disse, o pedido de desculpas que

fi zeram está aceito. Vamos ver como será o

caminho daqui para frente. Fiquei bastante

esperançoso. Igor Lemos

Public PervertQuestioning BeliefsIndependente

Extremamente progressivo e quase psicodé-

lico é “Questioning Beliefs”, segundo EP da

banda portuguesa Public Pervert. O trabalho

conta com as participações de Dinho (New

Mecanica), Nuno Fadigas (Dr. Zilch) e Rute

Fevereiro (Enchantya e Black Widows). As

quatro faixas trazem consigo uma carga

emocional e consegue, sem muito esforço,

arrebatar o ouvinte para um universo para-

lelo e cheio de paradigmas e nos convida

a mergulhar de cabeça nessa grandiosa

essência musical proposta pelos músicos. A

bela e caótica “Recycle Jesus” é um turbilhão

muitas coisas e ao mesmo tempo é simples

como olhar pro céu num dia de sol. A doce

“Mr. Blue” faz seu pensamento ir longe sem

que você perceba que os pouco mais de

cinco minutos da música passaram (talvez

os cinco minutos mais rápidos que já ouvi).

“Perfect Enemy” tráz batidas sincopadas

e mais cadenciadas que desembocam e

um interlúdio suave que precede a virada

que culmina no ponto alto da faixa. E pra

fi nalizar “Sinsual” talvez a faixa mais direta

e menos complexa da todas sem muita

fi rula, mas o jeito intimista e sorrateiro está

lá. Indicadíssimo para quem quer beber de

outras fontes ou curte som mais progressivo.

Odilon Herculano

[8]

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[7]

[7]

The Dillinger Escape PlanOption ParalysisSeason of Mist

“Option Paralysis” é o quarto full-lengh dos

norte-americanos do The Dillinger Espace

Plan e um dos mais sinceros produzidos

pela banda. Essa sinceridade que men-

ciono está relacionada com a essência do

álbum, pois o mesmo enquadra-se em uma

abordagem conceitual. O conceitualismo

em questão difi cilmente poderia ser mais

pessimista, já o quinteto quer mostrar que

“as mais variadas opções (option) musicais

contemporâneas deixam você paralisado

(paralysis), visto que é bastante raro

encontrar algo que valha a pena receber

atenção”. E a crítica não resume-se apenas

a esse aspecto artístico-musical, mas se es-

tende a uma concepção do próprio homem,

pois é notával que toda essa globalização

e inter-comunicação tem mantido o homem

uniforme em relação a outras culturas. A fi m

de preservar a singularidade da banda, o

“Option Paralysis” abarca todos os fatores

presentes da realidade não-ortodoxa do The

Dillinger Escape Plan com pleno sucesso,

a exemplo da faixa de abertura “Fare-

well, Mona Lisa”; este single mistura uma

tremenda pancadaria que gira em torno de

uma crise existencial que tenta impor uma

transcendência relacionada à primitividade

da alma dos seres. “Gold Teeth on a Bum”,

“Widower” e “Parasitic Twins “ retratam a

síntese do “Option Paralysis”: mudanças

bruscas de ritmo regadas à brutalidade e

formas únicas de experimentalismo; como

sempre, entre o Jazz, o Fusion Rock, e o

Death Metal (como muitos chamam, Math-

core). Pode-se dizer sem medo que esse

quarto CD de estúdio é não apenas um dos

melhores desse primeiro semestre de 2010,

mas um dos mais primorosos da carreira

da já consagrado The Dillinger Escape Plan.

Então, para os que desejam romper com

a linearidade da música contemporânea, o

álbum em questão é uma excelente pedida

para esse momento pois é repleto de

emoção, técnica e maturidade. Italo Lemos

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Page 40: HORNSUP Nº13

40

resenhas

Jesse MalinLove it to LifeSide One Dummy

No principio você acha que é The Clash,

depois você acaba achando que é Rolling

Stones ou Bob Dylan. Essas são as im-

pressões que fi cam nas primeiras audições

do novo disco de Jesse Malin - cantor

americano, que nada mais faz do que um

Rock Pop modernoso com cara de setentista.

Talvez dai as referências. E fazem até jus

às suas infl uências musicais e cinematográ-

fi cas que vão desde Bad Brains, Ramones,

Tina Turner e Tom Waits, quanto de Woody

Allen, Scorsese e Humphrey Bogart. Jesse

Malin é jovem, estiloso, gosta da câmera, de

boas imagens, faz pose de Rocker e usa de

todos esses recursos no seu mais recente

lançamento. Ele já passou pelo Hardcore da

banda Heart Attack e pelo glam punk do D

Generation e desde 2000 faz seu trabalho

solo. Seis álbuns e dois EPs depois, ”Love

it to Life” é o sétimo dessa fase da carreira,

gravado junto com um coletivo de amigos,

na autodenominada banda The St. Marks

Social. Com uma visão muito particular

sobre as ruas, o pessimismo das pessoas e

tudo isso, somado ao estilo rocker de ser,

pode se transformar em canção, Jesse diz

que compor as músicas de “Love it..” foi

como ver o mundo através dos olhos de

J.D. Salinger, o recentemente falecido autor

de “O Apanhador nos Campos de Centeio”.

Sobre o conceito, precisa explicar mais?

Trabalho elogiado por publicações como

Mojo, Q e Alternative Press, “Love It To Life”

foi lançado em Abril e disponibilizado para

download. Mas sua versão física também

está sendo vendida nos EUA e Europa. Das

onze músicas, destaques para o primeiro

single e primeiro video clipe: “Burning the

Bowery”. Ótima produção com rockinho pra

cima, musica fácil com cara de hit. “Disco

Ghetto”, igualmente boa, tem riffs mais ex-

perimentais e não-linerais e som suingado.

Outra bem bacana é “All the Way From Mos-

cow” (olha a referência das ruas ai). “Lonely

heart”, baladona triste, fecha o disco e

nessa você tem certeza que é o Mick Jagger

que esta cantando. E isso não soa exata-

mente como uma má crítica. Andréa Ariani

ValkyrjaContaminationMetal Blade

Da enxurrada de defi nições estilísticas

que norteiam o Black Metal fi ca difícil, nos

tempos de hoje, defi nir ao qual estilo uma

banda pertence. Mas isso não gera dúvida

quando se fala de Valkyrja. É Black Metal.

Mesmo que os radicais de plantão e suas

miríades de estilos e sub-estilos torçam o

nariz. “Contamination” traz músicas elaboradas

com o pior que há no ser humano. Nota-se

uma esquizóide relação com a natureza e

o processo de devastação que a metástase

humana provoca. A capa de compleição mini-

malista demonstra a prepotência negativa

do poder do bicho homem. E nessa senda

de destruição é que surge um álbum pra

ser ouvido com atenção. Camadas sonoras

remetem ao estado misantrópico. O vocal

nem screamer e nem gutural revela-se uma

singela surpresa. Guitarras passeiam unísso-

nas. O baixo incessante junto com a bateria

completa a harmonia destruidora. A banda

aponta pra uma evolução sem esquecer

as lições do passado. Em alguns trechos

percebe-se uma sonoridade grave. Coisa rara

dentro do estilo. Gravação excelente. Tim-

bres limpos. Equalização de alto nível. Curio-

samente as últimas faixas são as melhores.

“The Womb of Disease” amacia o ser com

uma introdução soturna, depois explode em

um torvelinho de louvor ao caos generalizado.

Nem o solo límpido e melodioso do fi nal

deslegitima o torpor musical. “Welcoming

Worms” é um verdadeiro libelo pró-putrefa-

ção. Agonia, sensação iminente de morte,

desespero. Veloz, crua, devastadora. “A

Cursed Seed in the World” traz em caval-

gadas o profeta disseminando a excelência

destrutiva da humanidade sobre o planeta.

Um verdadeiro épico para se ouvir ao

entardecer. “The adversarial Incentive within

all” fi naliza o disco entre a contemplação da

dor e ruína da fúria. Excelente escolha para

fi nalizar um obra. Maturidade sonora é essa

impressão que Valrkyrja passa. E que venha

2012! João Antonio

Bleeding ThroughBleeding ThroughRise

“Bleeding Through” é o nome do novo fi lho-

monstro deste sexteto de Orange County,

mostrando um grande momento da banda.

Este é o sexto álbum de estúdio, sendo o

primeiro pela Rise Records e marca a estréia

de Dave Nassie, guitarrista que tem em seu

currículo grandes bandas como Suicidal

Tendencies/Infectious Grooves e No Use For

A Name. Toda a fúria e a brutalidade que o

Bleeding Through carrega desde o começo da

carreira parecem estar ainda mais “envenenadas”

neste novo trabalho. “A Ressurection” abre

o tracklist com um instrumental sinfônico

que prepara a faixa seguinte “Anti-Hero”

para destruir tudo e todos com momentos

rápidos à lá Black Metal com o bom e velho

Thrash Metal com Hardcore no qual fazem

muito bem. “Your Abandonment” começa com

uma bela atmosfera sinfônica de Black Metal

executada pela tecladista Marta que por

sinal, fez passagens muito interessantes no

decorrer de todo o álbum, dando um clima

especial e específi co a cada faixa executada.

“Salvation Never Found” tem o seu lado

melódico no refrão, com vocais limpos de

Brandan Schieppati que soam um pouco

diferentes, porém não menos interessante,

que a época “The Truth”. Solos de guitarras

trazem um sabor diferente em “Divide The

Armies”. Aqui vale destacar também as melo-

dias vocais no refrão que são bem legais. No

geral, os riffs matadores e a bateria rápida/

esmagadora são muito bem executados em

todo o disco, sendo obviamente, um dos

ingredientes mais importantes pra toda essa

raiva sonora contida em cada uma das faixas

apresentadas. A primeira impressão deste

novo lançamento do Bleeding Through pode

até parecer como um “mais do mesmo”

porém, em uma audição mais atenciosa, é

fácil perceber mais um grande trabalho que

mistura competência e agressividade na dose

certa. João Henrique

DestinityXI Reasons To SeeLifeforce

O Destinity é da França. Antes um cenário

totalmente relegado ao underground do

Metal, a cena francesa vem tendo boa ex-

posição graças a uma nova safra de bandas,

encabeçada pelo excelente Gojira. Porém,

este veterano quinteto de Lyon tem uma

história própria, originada em 1996. O Destinity

abandonou sua raíz Black Metal melódico/

sinfônico, e hoje faz um som Death/Thrash

muito na linha do que fazem também outro

veterano, os suecos do Impious. Eu disse

suecos? Pois é, a Suécia é fonte de inspiração

primordial para a banda neste momento.

Tanto é que vem sendo comum a banda

excursionar com bandas suecas. “XI Reasons

To See” soa como se a Destinity pegasse

alguns bons momentos de In Flames, Amon

Amarth, Hypocrisy, The Haunted, Soilwork, At

The Gates e, com seu próprio estilo de com-

posição, criasse algo que, apesar de parecer

como um apanhado de clichês, funciona.

Funciona porque agrada logo na primeira

audição. É assim com “A Dead Silence”, que

oferece um refrão matador, impossível não

curtir. E os bons momentos vão se suce-

dendo no álbum. Inusitados vocais limpos

em “When They Stand Still” fi caram muito

bem encaixados. “To Touch The Ground” é

uma faixa lenta e melódica, mas com força

para convencer. Hypocrisy vem na cabeça

na hora. “Your Demonic Defense” tem uma

combinação de riff esperto com refrão que

cola logo de cara. O curioso é que o backing

vocals do grupo fi cam a cargo do baterista

e membro fundador Morteüs. E sua partici-

pação é constante, deve ser curioso vê-lo ao

vivo cuidando de alguns vocais enquanto se

encarrega de todo o trampo com as peles.

“In Sorrow” é outro destaque positivo do

álbum. Nem tudo é perfeito, há momentos

que essa inspiração de bandas suecas atinge

ao exagero. Ao ouvir “Rule Of The Rope”,

dá-se a impressão que uma música do

Amon Amarth entrou erroneamente no seu

player. Fora o refrão cantando por Morteüs,

que remete ao material do Destinity, todo o

resto é Amon Amarth puro. Por sorte, “Silent

Warfare” muda isso; agora o que ouvimos é

The Haunted! “Negative Eyes Control” e “Self

Lies Addiction” voltam a deixar de lado as

“homenagens”, trazendo ótimos trabalhos de

guitarras, vocais potentes, backing vocals,

como já dito, inusitados e interessantes, e

um belo trabalho de bateria. Impossível não

gostar se você curte o Metal de Gotemburgo

e seus derivados. Garanto que “XI Reasons

To See” possui muito mais pontos positivos

do que gastas repetições de clichês. André

Pires

hornsup #13

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Page 41: HORNSUP Nº13

41hornsup #13

Misery IndexHeirs To ThieveryRelapse

O Misery Index vem a público mais uma

vez com ”Heirs To Thievery”, seu quarto

álbum, e que pode ser carinhosamente

chamado de “os 38 minutos mais frené-

ticos e insanos dos últimos tempos”.

Posso dizer que as onze novas faixas que

compõem o registro são verdadeiramente

devastadoras e impressionantemente

vigorosas sejam nos arranjos ou no urros

do baixista/vocalista Jason Netherton. Você

começa a audição de “Heirs to Thievery”

e literalmente tem a nítida impressão que

a coisa é somente ladeira a baixo, esses

caras de Baltimore mantém seu ritmo de

explosão, e o plano é juntamente esmagar

seus tímpanos faixa após faixa. Realmente

uma metralhadora sonora que paira com

maestria na linha tênue da fronteira entre

o Death Metal e o Grindcore. Embora possa

não ser um trabalho inovador, a dose de

brutalidade é bastante impressionante.

Destaque para as faixas “The Carrion Call”

e “You Lose” que foram as que mais dei

repeat, mas o trabalho completo é um pe-

tardo e vale a pena “ganhar” algum tempo

para ouví-lo de cabo a rabo. Recomen-

dadíssimo. Odilon Herculano

I Am Abomination To Our ForefathersGood Fight

Se você lê a coluna “Sangue Novo”, que

venho fazendo desde a #1, irá se lembrar

que a banda I Am Abomination entrou na

edição de número 3. Na época, escrevi o

seguinte: “I Am Abomination consegue ser

uma das grandes promessas para entrar

em uma gravadora de grande porte e ter

o seu trabalho divulgado pelo mundo”.

Atualmente, estão no selo Good Fight Music

(Madball, Cancer Bats). É aquela velha

sorte que venho dando às bandas que

aparecem nesta abençoada coluna, diga-se

de passagem. Se você quer se aventurar

em um mundo sonoro da junção do Metal

Progressivo com o Post-Hardcore, estás no

lugar certo. Com suas letras políticas na

faixa “Since 1776”, o grupo abre o álbum

de forma impactante, com belos lances de

guitarras. E é realmente isso que impres-

siona: os incríveis trabalhos nas seis

cordas aliados aos vocais melódicos de Phil

Druyor. Em alguns momentos você irá, com

certeza, relacionar este conjunto com o Pro-

test The Hero. “Cataclysm” é um exemplo.

“The Deceiver”, outra composição mar-

cante, apresentará links sensacionais e um

refrão pra lá de pegajoso. Mas é em “Rock

N’ No Soul” que mostram todo o talento.

A postura do grupo, nesta faixa, é de se

colocarem como realmente são, sem pagar

pau para modinhas, formas de se vestir

ou tocar, ou seja, querem ser autênticos.

“Invisible Titans” perde um pouco a força

do full-lenght, sendo uma música mais do

mesmo. Porém, “Greetings From Easter

Island” retoma passagens inteligentes. No

fi nal das contas, curti bastante o trabalho

deles, mas ainda faltou algo para terem

uma nota maior. Cada detalhe foi muito

bem pensado, entretanto, em excesso,

usado como único recurso, começa a torrar

o saco, como uma banda de Deathcore que

usa breakdown da primeira a última faixa.

Essa é uma importante observação para

conseguirem um destaque ainda maior no

cenário - congestionado - do “Metal” ou

seja lá como eles quiserem se rotular. Vale

a audição. Igor Lemos

Cast a FireThese Troubled WatersReal Gana

Quando li que a banda portuguesa Cast

a Fire nasceu de um projeto solo de seu

vocalista Bruno Mira, confesso que fui

ouvir meio descrente, achando se tratar

de uma “banda de um homem só”. Logo

de cara, o trabalho de produção gráfico

da banda causou boa impressão, o que foi

ajudando a quebrar a resistência inicial.

E que boa surpresa! Mesmo Bruno sendo

o responsável pelas músicas, o trabalho

soa realmente como de uma banda coesa

e pesada, fazendo um Heavy Metal de

primeira linha. A produção musical não

chega a impressionar, pois senti que as

guitarras e os vocais de Bruno poderiam

ter convivido de uma forma mais harmo-

niosa (em alguns momentos, a voz parece

estar mais alta do que deveria). A bateria

e o baixo poderiam ter soado mais pesa-

dos – mas aí já é um gosto pessoal. Mas,

nada disso compromete as ótimas com-

posições do álbum, que começa com um

ritmo bem acelerado, que, infelizmente, vai

perdendo força até o meio do álbum (de

um total de 10 músicas). “I Never Forget”

é uma música pesada, que abre o disco

já mostrando toda a versatilidade vocal

de Bruno, que consegue criar os climas

certos para cada diferente situação. Em

seguida, vem a melhor música do álbum

disparada, a excelente “Whisper (Calling

You)”, que, para mim, é um hit instantâneo.

O álbum mantém o peso até a bela “True

Lovers Die”, seguida do interlúdio musical

“Prelude to Infinity” que anuncia a última

e interessante música pesada do álbum,

“Ash, Dust and Memories”, que mostra

divisões musicais interessantes em suas

diversas partes, chegando a parecer até

progressiva. O álbum termina com três

belas baladas: “Still Mystery”, a faixa

título “These Troubled Waters” e “Vasto

Infinito Negro”, a única cantada na língua

pátria. Das três, a música título é a mais

interessante, mas todas são belíssimas

baladas. Porém, foi no final do álbum que

eu senti mais o “projeto solo” de Bruno,

diferente do início mais “rock”. Bruno

Mira é um artista completo: sabe compor,

cantar e tocar de maneira competente e

sabe qual rumo a seguir. Heavy Metal de

primeira que não deixa nada a dever a

outras grandes bandas do gênero. Por ser

um debut album, acredito que muita coisa

boa do Cast a Fire ainda vem por aí. Luigi

“Lula” Paolo

Soulfl yOmenRoadrunner

“Bleed”? “Jumpdafuckup”? De quem são

essas músicas mesmo? Enfim, as coi-

sas mudam, épocas mudam, mas o que

sempre permanece é o que já está no

sangue da pessoa, e isso é bem notável

ao vermos a carreira do velho Max Caval-

era. A proposta do Soulfly, pelo menos a

princípio, era de experimentar elementos

novos, fazer coisas mais alternativas, sem

esquecer do peso. Conforme o tempo foi

passando Max e companhia foram voltan-

do para a sujeira, no bom sentido é claro,

de ser ainda mais “roots” mandando

novamente aquele bom e velho Thrash/

Death Metal do mais cru possível com

bastantes influências de Punk/Hardcore à

lá Discharge. “Omen” é o sétimo disco da

carreira do Soulfly apresentando defini-

tivamente essa tal de “volta às raízes”.

Após “Prophecy” de 2004, “Dark Ages” e

“Conquer” foram os álbuns responsáveis

por essa nova fase da banda. A entrada

do grande guitarrista Marc Rizzo em 2004

[7] [8]

[7]

parece ter dado um empurrão e tanto nas

novas composições da banda trazendo

toda sua técnica, velocidade e agres-

sividade para somar ainda mais na bru-

talidade do som do Soulfly. De fato, em

nenhum dos álbuns, o Soulfly deixou de

introduzir elementos diferentes em suas

músicas. A banda sempre dá um jeito de

criar aquelas atmosferas interessantes

meio que abrasileiradas com violões e

percussões seja para encaixar no meio de

músicas ou para servir de introduções.

Porém, em “Omen” esses elementos não

estão mais tão presentes assim. Este é

definitivamente um dos trabalhos mais

“direto e reto” possível, quase que

pegando a mesma alma do outro projeto

de Max, o Cavalera Conspiracy. Da primei-

ra a décima música é uma porrada só,

sem frescuras (já que a décima primeira

faixa é a Soulfly VII, última música do

disco que fecha com um instrumental

mais tranquilo). Riffs matadores, acom-

panhados da bateria rápida e cadenciada

dão o peso ideal proposto pelo álbum,

assim como o vocal de Max Cavalera que

tem aquele poder de sempre: bruto, sujo

e agressivo. O disco ainda tem a par-

ticipação de Tommy Victor do Prong na

faixa “Lethal Injection” e de Greg Puciato

do The Dillinger Escape Plan na música

“Rise Of The Fallen”. A edição limitada do

álbum, vem bem mais recheada contendo

3 faixas a mais como bônus track e um

DVD com 17 músicas gravadas do festival

With Full Force. João Henrique

[7]

Page 42: HORNSUP Nº13

42

resenhas

Miss LavaBlues for the Dangerous MilesRaging Planet

“Chegou enfi ando o pé na porta”. É isso que

senti escutando o primeiro álbum do Miss

Lava, banda de Rock portuguesa, que chegou

com muita vontade de mostrar o seu trabalho.

O primeiro álbum apresenta composições

sólidas, pois teve um bom tempo para serem

trabalhadas antes do registro fi nal, e o Miss

Lava mostra que o fi zeram bem, pois as

músicas são diretas, pesadas e certeiras. O

baixo distorcido que abre o álbum com “Don’t

Tell a Soul” dá o tom do que será o álbum,

que tem um ar “vintage”, talvez pelo baixo

distorcido e as levadas de bateria mais clás-

sicas. Gostei bastante da levada arrastada

de “Ain’t Got the Time”, uma das melhores

do álbum, além de “Blind Dog” e “Scorpion”

que também merecem destaque, esta última

a maior música com mais de oito minutos de

duração – em geral as músicas são curtas,

raramente ultrapassando os cinco minutos.

Em geral, as faixas são bem divertidas, Rock

and Roll em seu estado puro, porém achei

que, em determinados momentos, algumas

melodias são bem parecidas, o que pode dar

o que eu chamo de “efeito AC/DC”, onde tudo

parece uma música só. Mas assim como o

AC/DC, o resultado fi nal é música boa. Rock

and Roll dos bons e longa vida ao Miss Lava.

Vale ressaltar a interessante e provocativa

arte do álbum, que junto às músicas dão

o clima de Rock psicodélico muito bom de

ouvir. Luigi “Lula” Paolo

FrontalVida ConvictaOne Voice

Mesmo em tempos tão difíceis em que tudo

se dilui e é relegado ao esquecimento, soa

reconfortante ver que alguns poucos ainda

persistem incansáveis em seu trajeto de

transformação do real. Contrariando o destino

irrefutável de um dia sermos meras máqui-

nas de consumo desenfreado. O Frontal traz

neste álbum um verdadeiro massacre de ódio

revolucionário. “Vida Convicta” agrada desde

o artwork à masterização. Tudo extremamente

profi ssional e de bom gosto. “Terrorismo” com

introdução do áudio do ataque de Osama ao

WTC prepara o ouvinte pro redemoinho que

se segue. Riffs incessantes dão início ao um

crossover aniquilador, breakdown com vocal

declamado no melhor estilo panfl etário. Com

som de pratos cristalinos inicia-se “Sobre Ser

Libertário”, grita por liberdade, ódio e ação.

“Nova Terra” destrona qualquer desesperança.

Traz a veia anarquista num incêndio de poesia

revolucionária. Induz à uma transformação

interior antes de tudo. A faixa que intitula o

álbum é pura cadência headbanger, break-

downs poderosos, guitarras uníssonas num

trabalho belíssimo, vocal berrando até o ester-

tor mas entende-se tudo, backing vocals no

melhor estilo Hardcore novaiorquino. “Elo de

Amor” é sucinta em sua mensagem, louva uma

estrutura de família isenta de sectarismos, pre-

conceitos e delimitações. Faixa rápida, quase

minimalista. Um tapa no ouvido. “Foto-simu-

lação” a faixa mais longa do álbum também

é a mais trabalhada, puro discurso ativista,

convida o povo às ruas. Finaliza o álbum com

classe e dando o recado com clareza. “Se

desordem é liberdade seremos subversores da

ordem” – Karne Krua. João Antonio

AlkonostPut’ NeprojdennyjVic

Com 15 anos de estrada, a banda russa

Alkonost fi nalmente começa a ser conhecida

fora de seu país natal. Em parceria com a Vic

Records, o grupo relança mundialmente este

“Put’ Neproydenny”, de 2006, para enfi m ter o

alcance merecido. O leste e norte europeu já

começam a conhecer melhor o Alkonost, que

iniciou com um Doom/Pagan Black Metal e, após

a inclusão de um vocal feminino, faz uma inte-

ressante fusão entre Folk, Symphonic e Gothic

Metal. Por não ter perdido suas raízes Doom (a

melancolia continua intacta), a princípio parece

um encontro de My Dying Bride com Nigthwish

antigo, mas seria uma defi nição muito rasa

para a banda. Cantando tradições do folclore

russo e, o melhor, em sua língua pátria, o que

traz uma excentricidade muito bem vinda ao

som. A ótima vocalista Alena Pelevina solta a

voz operística e dá conta do recado. O baixista

Alexey “Alex Nightbird” Solovyov, único vocalista

nos primeiros trabalhos do grupo, agora toma

conta dos backing vocals, um gutural rasgado

que acrescenta um tom visceral nas músicas

em que participa. E sua participação já é logo

abrindo o álbum, em “Golos Lesov”. A faixa-títu-

lo possui um riff viciante, ótima orquestração e,

claro, a bela voz de Alena. Durante todo o disco,

é ela quem imprime o lado mais melancólico,

sacro, enquanto guitarras, bateria, baixo e

teclado trazem o sopro da melodia pagã. “Noch’

Pered Bitvoj” é talvez a que mais se assemelha

com os trabalhos antigos do Nightwish, mas o

toque Folk russo a faz diferenciada. É interes-

sante notar a ocupação das duas guitarras,

que não invadem o som, mas também não se

escondem, deixando espaço sufi ciente para

os vocais e os ótimos arranjos de teclado de

Almira Fathullina. Andrey “Elk” Losev e Dmitriy

Sokolov, com seus intrumentos, conduzem toda

a melodia e contribuem para o som do Alkonost

ser tão equilibrado e agradável. “More-Son” é

hipnótica, melancólica, arrastada. Alena continua

nos maravilhando em “Dumy Moi-Zamicy Dal

Nie...” sétima e última faixa do álbum. Apesar

de apenas sete músicas, “Put’ Neproydenny”

conta com quase 55 minutos de ótimo Gothic

Folk Metal. A Rússia é pouco para o Alkonost!

André Pires

Woe of TyrantsThrenodyMetal Blade

Um álbum totalmente orientado para guitarras

é a melhor forma de descrever “Threnody”,

o novo trabalho da banda americana Woe of

Tyrants. Uma trama cheia de meandros e fi rulas

que vai sendo tecida da forma mais intricada e

devastadora possível seguindo pelas dez faixas

do registro que seguem massacrando por mais

ou menos quarenta minutos os ouvidos. Bum-

bos vertiginosamente rápidos pulsando como

uma metralhadora giratória, não se importando

com que está a sua volta e servindo de susten-

tação para as guitarras ultra-hiper-mega traba-

lhadas e simetricamente se completando. Com

canções marcantes como “Venom Eye”, com

um vocal extraordinário e instrumental idem, é

disparada a melhor faixa do álbum. O registro

ainda conta com outros destaques como “The

Venus Orbit”, “Singing Surrender” e “Creatures

of the Mire”; você simplesmente se delicia com

o show de técnica encontrado nessas faixas.

“Threnody” é tema perfeito para aquele dia

estressante no trampo, onde sua vontade no

fi nal do dia é chutar bundas e quebrar crânios.

Seja como for, se você curte um Metal bem

conduzido não pode fi car ai parado. Ouvidos à

obra! Odilon Herculano

Veil of Maya[id]Sumerian

Desde 2004 este grupo americano vem fazen-

do barulho no meio underground. Cultuado

pelos seus intermináveis breakdowns secos,

aliados às dissonâncias de guitarras, Veil Of

Maya chega para destruir tudo o que ver pela

frente com seu mais novo trabalho, terceiro

LP na carreira, intitulado simplesmente por

“[id]”. De fato, venho acompanhando todas

as bandas da gravadora Sumerian Records.

Por conhecer o time que este selo possui, já

dá pra notar uma coisa bem interessante logo

de cara: as afi nações baixas unidas aos já

comentados breaks secos. Contudo, não veja

isso como um ponto negativo. Fato é que as

músicas da Veil Of Maya estão arquitetadas

a fazer o ouvinte sair pulando que nem um

louco, porém, o conjunto não é só isso. Essa

sombra do Meshuggah nem assusta a origi-

nalidade dos caras. Começando pela faixa

título, “[id]” apresenta uma postura futurística

dos samplers, junto aos breakdowns, que já

dão a cara da agressividade do grupo. Daí

em diante “Unbreakable”, “Dark Passenger”

e “The Higler” são vários murros no ouvido.

Faixas monstruosas, técnicas e de bom gosto.

A precisão de Sam Applebaum na bateria é

assustadora. Em uma análise mais breve, o

full-lenght tem pontos altos, com instrumen-

tais variando de forma bela, porém, senti

falta de passagens mais lentas ou tirando

um pouco os breaks das músicas. É, de certa

forma, uma fórmula da Veil Of Maya. “Mowgli”

me deu alguns momentos sem tantas para-

das na música, mas, de repente, lá estão os

breakdowns – e é uma faixa interessante.

Gostaria apenas que Veil Of Maya ousasse

um pouco mais. Em suma, um álbum foda,

ainda cabendo um destaque para a música

“Namaste”. Indicado aos que gostam de um

barulho “comportadinho”. Igor Lemos

hornsup #13

[7]

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[7]

Page 43: HORNSUP Nº13

43hornsup #12

PeripheryPeripherySumerian

A revelação de 2010! Aliás, será que estamos

realmente falando de uma banda recente?

Nem tanto. Formada em 2005, Periphery

acabou por se tornar uma espécie de hit no

Myspace. Após passar séculos sem nenhum

vocalista, apenas lançando músicas instru-

mentais, acabam vindo com a promessa de

se tornarem um conjunto, com um frontman,

a entrada de uma voz, tão necessária para

fi nalizar esta obra de arte. Porém, as coisas

não foram tão fáceis assim. Em pouco tempo,

diversos vocalistas passaram pela banda,

sempre cedendo lugar a um próximo. Ainda

neste ano de 2010, acabam por efetuar como

titular Spencer Sotelo. Decisão melhor que

essa não poderia ter. Bom, muito foi falado,

mas para os que não conhecem, o que raios é

Periphery? Não é tão fácil responder. Imagine

uma mistura de um Meshuggah modernizado,

com passagens melódicas nos vocais e um

banho de criatividade que difi cilmente você

verá novamente tão cedo. Isso é Periphery:

Metal Progressivo com elementos do Mathcore

e Experimental. Tanto virtuosismo acabou

por gerar atenção de vários selos e caíram

em uma casa muito bem vinda, a Sumerian

Records. Se você espera por violência, apenas

dê o play. “Insomnia” já começa com as três

(sim, três) guitarras (de sete cordas) realizando

breakdowns. Logicamente não param por aí,

inserindo links e elementos progressivos. Não

demora muito para que os gritos se trans-

formem em vocais melódicos, que acabam por

corroborar em um refrão pegajoso, trocando a

atmosfera rápida para passagens mais caden-

ciadas. Lentidão momentânea. Você não irá se

deparar na brutal “The Walk”. “Letter Experi-

ment” começa com um ritmo pula-pula con-

tagiante. Caro ouvinte, prenda-se ao mundo

que a Periphery monta nesta faixa, umas das

composições mais marcantes que ouvi ulti-

mamente. “Jetpacks Was Yes!” é o oposto da

segunda faixa, deixando de lado a pancadaria,

para a entrada total de melodias. Daí chega a

música que mais aguardei: “Light”. Finalmente

pronta em um full-lenght. Como tive o prazer

de aguardar o que cada segundo do álbum

teria a me oferecer, deixarei a resenha neste

ponto, destacando mais algumas faixas:

“Buttersnips”, “Icarus Lives!” (primeira a ter

clipe) e a longa “Racecar” (15 minutos). A es-

pera que mais valeu a pena nos últimos anos.

Há muito tempo não dava uma nota máxima e

essa banda tem todos, simplesmente todos os

requisitos necessários: originalidade, presença,

produção, instrumental e o fenomenal alcance

em apenas um debut. Como diz a crítica

americana: se tornarão grandes - em breve.

Igor Lemos

[10]Living Sacrifi ceThe Infi nite OrderSolid State

Sete para alguns é considerado como um núme-

ro azarado ou que representa algo não muito

verdadeiro (na minha terra tem um dito popular

que afi rma que sete é numero de mentiroso).

Mas deixemos as esquisitices e regionalidades

de lado e falemos de “The Infi nite Order”, o

sétimo álbum da banda americana Living Sacri-

fi ce. Que é uma óbvia continuação do trabalho

antecessor da banda, “Conceived In Fire”, de

2002 (não tomem isso como um demérito, a

intenção é o oposto). Com levadas que tem um

tempero todo especial que mescla as passagens

entre a velocidade e o groove, com melodias

que fecham na perfeição. Somando elementos

que são a base para formar um som peculiar e

que tanto se aproxima do Heavy Metal extremo

- com berros ensandecidos, mas que dá deixas

para esporádicas linhas vocais mais limpas.

Como toda banda cristã que se preze todo esse

barulho, tem a sagrada incumbência de procla-

mar a furiosa e onipotente existência de Deus e

contestar os não-cristãos e infi éis. Merecem uma

atenção especial “Overkill Exposure”,”Nietzsche’s

Madness” e “Apostasy”. Essa última possui uma

introdução acústica à base de violinos que vão

crescendo para explodir em distorção galopante;

mostra a vontade da banda em fazer algo

diferente. Posso dizer que esse é um puta álbum

e que se você não ouvir o azar é só seu. Odilon

Herculano

EndayGreen SmokeIndependente

Por mais que a biografi a diga o contrário, o

Enday nasceu, sim, com grandes ambições. O

que se confi rma pelo belíssimo trabalho visual

de seu site e Myspace. Jovens cantando os

problemas da juventude (amores e amizades,

entre eles), fazendo o dito novo Rock, que

alguns rotulam de Emo. São de Portugal,

mas ao contrário de bandas brasileiras, por

exemplo, preferem cantar em inglês (estra-

tégico para os objetivos, sacam?). Se quiser

comparar vai encontrar um quinquilhão de

similares, mas esse não é exatamente o

caso. A banda foi formada em 2005 e vinha

fazendo shows de divulgação com apenas

o EP “Drowning in Pictures” lançado. Com

o ótimo retorno dos shows, conseguiram

contrato com a gravadora americana Cal

Rock. E eis que no último dia 12 de Maio,

“Green Smoke”, o debut álbum, foi lançado

numa festa em Lisboa, com uma série de

convidados em que houve também a exibição

do videoclipe do single “Bitter Sweet Twist”.

Com a produção de Miguel Marques e

Rodrigo Fortes, a masterização fi cou a cargo

de Alan Douches, produtor de The Chemical

Brothers, Sepultura, Mastodon, Fallout Boy

e Fat Boy Slim. As 10 músicas do disco já

estavam sendo disponibilizadas no Myspace

da banda e antes do álbum ser lançado, os

fãs e curiosos já sabiam o que iam encontrar.

O Rock é despretensioso, para fazer mais

curtir e dançar do que exatamente fazer gerar

grandes refl exões. Bons destaques são a

videoclipada “Bitter Sweet Twist”, a balada

“Blank Pages”, “Stars Serenade” que é uma

das melhores, “Highpressure” que é extrema-

mente pop e tem tudo pra emplacar e “Tell

me a Secret” que fecha a sequência. Essa

última, inclusive, já tem clipe gravado e terá

estréia assim que a turnê de “Green Smoke”

começar. Mais do que perpetuar o amor e um

futuro de paz e esperança, o Enday só tem a

ambição de viajar o mundo com a sua música

e tocar o seu coração. Andréa Ariani

BurzumBelus Byelobog

É impossível dissociar o Black Metal e

Burzum. Afi nal, a banda, que na verdade re-

sponde por apenas um homem Varg Vikernes, é

um ícone e precussora, junto com Mayhem e

Darkthrone, da cena Black Metal norueguesa, a

mais representativa do mundo. A banda sem-

pre foi rodeada por um manto de trevas. Das

igrejas queimadas, até a morte de Eurony-

mous, Vikernes sempre atraiu o tipo errado

de atenção. Depois que ele foi condenado

por assassinato e incêndio criminoso, foi para

a cadeia, onde trabalhou em projetos solo.

“Belus” é o primeiro álbum do Burzum desde

que Varg Vikernes foi solto da prisão ano

passado, e o primeiro gravado poe eles em

17 anos. De cara nota-se que a produção do

álbum, apesar de ainda típica de álbuns de

Black Metal, é melhor que dos seus antigos

trabalhos. Toda a desconfi ança que cercava

uma volta do Burzum à suas raízes pode

ser enterrada. A expectativa se confi rmou,

“Belus” é sim um genuíno álbum do Burzum.

Mas por que então uma nota não tão boa? O

problema são os momentos entediantes. Os

mais de onze minutos de “Glemselens Elv”

e mais de oito de “Morgenroede”, além dos

nove minutos da faixa de conclusão “Belus’

Tilbakekomst” fazem o ouvinte esperar

ansiosamente se algo interessante irá ocorrer.

Somadas as três faixas, é quase meia hora de

Black Metal atmosférico, instrumental, repeti-

tivo e sem sentido. As músicas podem até te

agradar, mas foram alongadas de tal forma

que o negócio fi ca realmente chato. Quando

você ouve as músicas mais curtas, e, princi-

palmente, as com vocais, “Belus” mostra sua

força, pois Vikenens é um dos mais profanos

vocalistas do gênero. Além disso, elas trazem

algumas novas experimentações, como um

vocal limpo, falado, presente por exemplo

numa das boas faixas do álbum, “Belus’

Doed”, e um senso melódico antes não visto

em seus álbuns anteriores. Para um cara

como Varg Vikenens, que sempre criou riffs

crus, um certo grau de melodia é com certeza

uma tendência inovadora. O multi-instrumen-

tista continua mestre em criar atmosferas

desoladoras, que nos deixa perplexos, em

transe. “Glemselens Elv” é soberba, tensa,

fria, maligna, excelente. Em “Kaimadalthas’

Nedstigning” o cara continua testando suas

novas idéias, e sua parte mais crua, assim

como a rápida “Sverddans” assemelha-se

[8]

[8]

muito com o material encontrado no hoje

clássico “Hvis Lyset Tar Oss”. Ou seja, Varg

conseguiu manter a essência da banda, incluir

novas sonoridades e produzir fi nalmente um

material que agradará seus fãs. André Pires

[6]

Page 44: HORNSUP Nº13

44

resenhas

The Breathing Process Odyssey: (Un)DeadCandlelight

Após assistir a um clipe dessa banda, há al-

guns meses atrás, pensei que poderiam vingar

quando lançassem um novo álbum. E, de fato,

acertei. Com maestria realizam uma junção

do Death Metal com o Black Metal sinfônico.

Nada de tempos quebrados do Deathcore ou

brincadeiras aqui e ali. É pura brutalidade,

com batidas velozes em uma atmosfera

envolvente. Se você é fã dos gêneros, então

comece a se preparar, pois a faixa de abertura,

“Hours”, é uma verdadeira pancada. “Leveler”

traz melodias belas no teclado enquanto o

baterista dispara o seu pedal duplo. Sim, não

é nada de inovador, mas também não entram

no time de grupos clichês. Em “Vultures”

encontramos novos dinamismos, seja através

de melodias vocais ou passagens mais cati-

vantes nas guitarras, em um ritmo mais lento,

porém, sempre pesado. Uma das melhores do

full-lenght. Ao fi nal da música, os vocais da

guitarrista Sara Loerlein aparecem ainda mais

evidentes, deixando o que era bom, melhor.

“Pantheon Unraveling” acaba com a calmaria,

e já atravessa uma estaca nos tímpanos do

mortal que adquirir este material. Se você

simpatiza com as linhas da Winds Of Plague

(mas sem tantos breakdowns), vai curtir essa

faixa. A faixa título, “Odyssey (Un)dead” traz

um dueto nos vocais melódicos. Ficou interes-

sante, mas não sei se cabia no contexto do

álbum. “Hordes” me chamou bastante atenção

pelas mudanças atmosféricas, indo para dedilha-

dos belíssimos até a agressividade extrema.

Coloque-a como uma das grandes pedidas do

álbum. “Wind Ritual” quebra mais uma vez o

clima sombrio, trazendo os belos vocais de

Sara novamente. Não tem como o ouvinte fi car

sem viajar nessa composição. Irretocável. Ainda

não é o masterpiece da banda, mas, com

certeza, souberam sair do ninho do Deathcore

do trabalho anterior e entram em uma nova

posição no cenário do Metal extremo. Simples-

mente empolgante. Igor Lemos

SevendustCold Day Memory7 Bros./Asylum

”Cold Day Memory” é o oitavo disco de es-

túdio da carreira do Sevendust que é mar-

cado principalmente pelo retorno de Clint

Lowery ao posto de guitarrista da banda na

qual tinha abandonado no fi nal do ano de

2004 para formar ao lado de seu irmão, Co-

rey Lowery, o Dark New Day. Assim como nos

demais álbuns, o Sevendust sempre presen-

teou os seus fãs, ou até mesmo os apenas

“apreciadores de sua música”, com grandes

composições em todos os seus álbuns,

grandes hits, músicas marcantes e toda sua

potencialidade na parte instrumental que

também nunca deixa por menos. A voz de

Lajon Witherspoon parece parar no tempo.

É a mesma de sempre, na melhor qualidade

possível. Com uma personalidade única,

a sua voz forte, suave e raivosa é um dos

fatores mais importantes para o destaque

do Sevendust na mídia durante toda a sua

carreira. Devo dizer que seu desempenho

é sempre o principal destaque de cada

álbum lançado. “Cold Day Memory” é mais

um trabalho recheado de boas músicas.

A sonoridade é praticamente a mesma

de sempre, guitarras pesadíssimas com

a cozinha baixo-bateria dando o suporte

ideal com muito peso e bastante groove. A

faixa de abertura “Splinter” talvez seja uma

das músicas mais poderosas da carreira

da banda. Possui ótimos breakdowns que

são realmente empolgantes, mesclando

agressividade e melodia na dosagem certa.

“Forever” vem logo em seguida sem deixar

esfriar. Mostra mais uma vez o peso com

muita energia destacando novamente o

grande baterista Morgan Rose que usa e

abusa mais uma vez de seu double-bass,

dando um sabor ainda mais agressivo

do que o de costume. A terceira faixa,

“Unraveling”, é o primeiro single para a

divulgação deste novo trabalho. A música é

uma daquelas baladas poderosas tradicio-

nal do Sevendust. Com certeza, “Cold Day

Memory” é mais um grande disco a entrar

na bagagem dos caras, contendo 12 músi-

cas pra nenhum fã botar defeito. Além das

faixas mencionadas, destaco ainda “Ride In-

sane”, “Confessions (Without Faith)” e “The

End Is Coming”. João Henrique

Scream of the Soul Pathfi nder Independente

O Scream of the Soul é uma banda de

Portugal, que lança seu EP de estreia “Path-

fi nder”, mostrando um Rock mais clássico

com infl uências variadas, principalmente de

bandas como Deep Purple (mais perceptível

pelo uso dos teclados) em seu início. Uma

proposta interessante por ser um Rock

simples e direto, apesar de ainda não apre-

sentar uma direção clara – o que talvez não

dê pra sentir apenas com as quatro músicas

no EP. Apesar de bem executado, sente-se

a falta de experiência da banda, que pode

ter um futuro promissor pela interessante

proposta (se for bem produzido no futuro). A

música “Verbal Weapon” é de longe a melhor

música, com os interessantes vocais de

Ana Silva e refrão cativante, com a duração

certa que um “hit” deve ter. Bem produzida,

fi caria uma música ainda mais interessante.

O EP segue com “I’m not”, que mostra

ótimas idéias harmônicas que, infelizmente,

se repetem em demasia, tornando a música

desnecessariamente longa. A boa ideia de

linha de voz em “The Curse” fi ca um pouco

cansativa e repetitiva com o passar de

seus 04:25 minutos, enquanto “The End”

mostra novamente o bom trabalho vocal de

Ana Silva, mas peca no solo de guitarra,

que poderia ter sido trabalhado de forma

diferente e também podendo ser menor.

Enfim, uma banda com um futuro promis-

sor, mas que precisa encontrar direcio-

namento e produção rapidamente. Luigi

“Lula” Paolo

Old Man’s ChildSlaves of the World Century Media

“Slaves of the World” foi originalmente

lançado em 2009 mas só agora tem sua

edição brasileira via Century Media, e embora,

seja um dos nomes mais atuantes no Black

Metal moderno, se é que podemos usar essa

expressão. O multi-instrumentista Galder fi cou

conhecido mesmo na cena após se tornar

um integrante do Dimmu Borgir. Felizmente,

ele nunca deixou de lado o Old Man’s Child

e agora coloca na praça o mais novo álbum

do grupo. É natural que as faixas acabem

pegando um pouco do jeito do Dimmu Borgir,

especialmente dos álbuns mais recentes. Algu-

mas linhas de voz e riffs de guitarra são bem

parecidos, mas sem aquele exagero sinfônico

que Shagrath gosta tanto. Galder, aliás, faz

questão de esconder os teclados atrás de

uma parede generosa de guitarras distorcidas.

A produção é cristalina e caprichada e foi

assinada novamente por Fredrik Nordström,

que já cuidou dos trabalhos mais recentes do

Old Man’s Child, e de bandas como In Flames,

Arch Enemy e, é claro, o Dimmu Borgir. Além

de Galder, a formação conta apenas com o

baterista Peter Wildoer (Darkane, Pestilence),

que cumpre seu papel sem grandes inovações

nem desafi os. “Slaves of the World”, aliás,

é mais ou menos isso. Um Black Metal mais

puxado para o Thrash, algumas passagens

dispensáveis, alguns destaques positivos, mas

razoável em sua maior parte. Flávio Santiago

Haven DeniedSymbiosysIndependente

“Symbiosys” é segundo trabalho da banda

portuguesa Haven Denied, o mesmo vem dois

anos após o lançamento do seu homônimo

debut album. Confesso que comecei a ouvir o

registro sem saber muito o que esperar, mas

depois da primeira rodada no meu mp3 player,

tive a convicção de que o trabalho da banda

lusitana é tudo, menos óbvio. O quinteto tem

uma postura mutante durante todo o registro,

onde hora imprime mais velocidade as canções,

como em ”I’ve Never Been Proud Of Me”, e em

outras passagem a agressividade, é colocada

em maior evidência, como na faixa “Ruined

Inside” (a melhor na minha opinião). Existem

os momentos em que a banda puxa todo o foco

para si e nos transporta para cenários mais inti-

mistas e minimalistas, é o exemplo de “Eremita”

e “Murmures de La Foret”. “Symbiosys” é como

um bom vinho, tem que ser apreciado devagar

para que o sabor seja acentuado. Com um

trabalho de guitarra muito bem feito, e solos

bem executados e proporcionais às músicas, a

banda consegue dar nome e sobrenome ao seu

som. E como nem tudo são fl ores, as músicas

fi cam devendo o um pouco mais de pegada.

Ideal para aqueles dias em que você tá de saco

cheio de ouvir o mesmo de sempre. Odilon

Herculano

hornsup #13

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[7]

Page 45: HORNSUP Nº13

45hornsup #13

Bullet for My Valentine FeverJive/Sony

Bullet For My Valentine é uma banda que,

logicamente, não precisa de apresentação.

Então, irei pular essa parte, pois há muito

que falar deste 3º trabalho de carreira,

intitulado simplesmente de “Fever”. Meu

conhecimento acerca do BFMV é de mais

ou menos 2004, pouco antes de lançarem

o EP “Hand Of Blood”. Daí, dispararam

no mercado o excelente “The Poison”, o

único álbum que recebeu disco de ouro

da gravadora Trustkill. 500.000 cópias não

é pouca coisa. Como sabemos, realizam

uma mistura de Hard Rock com Metalcore,

sempre com predomínio do Metal. Porém,

com “Scream Aim Fire” a mesa começou

a virar, sendo um full-lenght que não me

agradou muito. Então, chegamos à bifurca-

ção no 3º material. Qual caminho seguir?

A agressividade do 1º material ou o lado

mais pop do 2º? Qual será o escolhido?

Infelizmente, caíram na mediocridade de

criarem composições radio friendly, chatas,

e pra lá de enjoativas (ao menos para os

fãs do “The Poison”). Ao dar o play, logo

me empolguei com os breakdowns de “Your

Betrayal”, de fato, uma faixa empolgante,

com momentos memoráveis. Minha espe-

rança foi aumentando, já que me deram

um gostinho de que viria algo bom por

aí, ainda que estivesse me lembrando um

Trivium mais pop. “Fever”, segunda faixa,

eu prefi ro nem comentar, de tão entediado

que fi quei. Daí chega “The Last Fight”, a

música que mais ouvi até então. E daí pra

frente? Quase nada me agradou. Passando

pela balada “A Place Where You Belong”, a

letra pseudo-adolescente de “Pleasure and

Pain” (faça o favor de não ouvir) e outros

fi ascos. “Fever” acabou por entrar na minha

lista de decepções de 2010. Logicamente

não perderam o virtuosismo que sempre co-

locaram em cada faixa, mas está longe de

ser um grande álbum. Apesar dos números

dizerem o contrário: chegaram ao 3º lugar

da Billboard com 71.000 cópias na primeira

semana e em 1º da Billboard em Rock e

Alternativo. Não aconselho irem de cara a

este trabalho. Apenas indicado aos fãs da

fase mais Pop do grupo. Igor Lemos

MistweaverTales From The GraveCasket

Vindo de uma país europeu com pouca

tradição metálica, a Espanha, o Mistweaver

difi cilmente conseguirá mudar a visão que

temos da cena espanhola. Isso porque, neste

quinto álbum, a banda ainda não consegue

convencer. Mesmo contando com músicos

competentes, produção OK, bons arranjos

que procuram se diferenciar uma das outras,

“Tales from the Grave” não desce. A banda

se auto-intulada como “uma mistura de

Death e Doom”. Ora, de Doom Metal não

há absolutamente nada aqui. O que temos

é um MeloDeath com forte infl uência em

Heavy/Power Metal medieval. Então espere

introdução com nome de “Fairytale”, alusões

ao folclore fantástico, sensação de “luta de

espadas” em meio à batidas mais rápidas de

bateria (por que fazem isso?), e um teclado

bem chatinho, que, muitas vezes invade

o espaço em que deveriam permanecer

com as guitarras. O estilo, ao menos, tem

tudo para “colar” um som ou outro no seu

subconsciente após algumas ouvidas. Aqui,

nada acontece. Toda nova audição que faço

do álbum é praticamente como se fosse a

primeira, e quase nunca empolga. Há vários

bons momentos, mas, em sua maioria, soam

como grandes clichês; dá aquela sensação

de não estar ouvindo nada original, como em

“Voices From The Grave”. “Smell Of Death” é

outra: começa com um dedilhado bacana, até

entrar um riff Power Metal do tipo “já ouvi

isso antes”. Então, o vocal assume o con-

trole e a mesmice volta a tomar conta. Não

encontrei uma única música que me deu von-

tade de ouví-la outra vez. Várias teriam esse

potencial, como “May God Deliver Death” e

“Through the Gate of Timeless Departure”,

mas algo as impede de serem grandiosas. Ah,

quando chegar em “Another Endless Night”,

faça o favor de pular de faixa. Parece mesmo

que o destino do Mistweaver é o mesmo da

cena de seu país: continuar no anonimato do

Metal. André Pires

Trash TalkEyes & Nines Hassle

Teleportado para minhas mãos através

da cosmogonia tecnológica: Trash Talk

estabelece uma certa confusão em minha

mente calejada. “Eyes Nines” soa confuso,

doentio e quase sem rumo; e isso é o melhor

de tudo. Momentos fortuitos que beiram o

Crustcore, em outros instantes uma atmosfera

pós-Punk toma conta. Ouvi uma, duas três,

depois perdi a conta. E quando dei por mim,

estava meneando a cabeça ao som quase

sem querer. É um álbum repleto de energia.

Riffs básicos. Hormônios explodindo em

intelecto e revolta. “Vultures” talvez seja um

desafi o do tempo, pois não parece ter só 56

segundos, vinheta que parece música, é algo

realmente diferente. “Flesh Blood” meio ar-

rastada com vocal esgoelado, passagens que

remetem ao industrial, depois mais porrada

Hardcore. “Explode” soa tal qual um hino

de revolta, refrão pegajoso, passagem meio

indie rock, fi naliza ecoando no miolo. “Hash

Wednesday” é sombria, timbres crus, traz

á tona o lado melancólico da banda; faixa

longa colocada estrategicamente na metade

do álbum, supostamente com a intenção

óbvia de equilíbrio. Dito e feito. “Envy”

volta destronando, mais uma vinheta com

cara de música, tempo curto, variedade bem

aplicada. E sem corte, uma faixa emenda na

outra. “Rabbit Holes” é ânsia pura, do jeito

que começa termina, sem avisar pegando o

ouvinte de surpresa. “I Do” começa com um

clima down, e quando menos se espera já

acabou. “Trudge” é reta, com vocais acelera-

dos. Nesta faixa percebe-se um destaque

melhor da bateria e do baixo. “On A Fix” é

verdadeiro inferno, faixa perfeita para uma

roda apocalíptica de gente trucidando-se em

prazer tribal. “Eyes Nines” fi naliza o disco

com estilo; traz um fi nal mais cadenciado,

com ênfase tribal nos tambores. O som

desaparece num fade-out, deixando apenas

a microfonia como lembrança. João Antonio

Annotations Of An AutopsyThe Reign Of DarknessNuclear Blast

Formado em 2006, o grupo inglês Annota-

tions of an Autopsy iniciou sua carreira com

um Death Metal que fl erta fortemente para o

famigerado Deathcore. E como muitas ban-

das do estilo (Job For A Cowboy é o maior

exemplo), o direcionamento para o Brutal

Death Metal mais tradicional parece ser inevi-

tável. E é exatamente o que este quinteto

faz neste segundo álbum, “The Reign of

Darkness”. Logo após uma desnecessária in-

tro, o Death Metal tradicional, foco atual do

grupo hoje, já é percebido em “In Snakes I

Bathe”, faixa que tem uma segunda metade

interessante, mas que, ao todo, não foge

do usual. “Into the Black Slumber” é outra

que bebe diretamente do Death Metal do

início dos 90. Pórem o Annotations Of An

Autopsy agrada mais quando se lembra de

seu passado recente, e manda uns break-

downs nervosíssimos, como em “Emptness”

(uma das que eu realmente gostei, que riff

foda!) e em “Born Dead”. Breakdowns que,

vale dizer, aparecem em pouca quantidade e

hoje são mais bem feitos e encaixados, pois

a o material antigo da banda é de qualidade

risível. “Catastrophic Hybridization” talvez

seja o som mais maduro do álbum todo, por

mesclar bem o Death Metal mais moderno,

tão em voga atualmente, com o Death

tradicional, que sempre abre nossos sorrisos

quando é bem executado. Ótimo trampo

de bateria, a propósito. “Bone Crown” tem

participação nos vocais de Erik Rutan (Hate

Eternal, ex-Morbid Angel). E, sinceramente,

se não houvesse essa informação disponível,

difi cilmente perceberia que o som tem um

vocal convidado, tamanha a semelhança com

o que é encontrado no resto do álbum. Por

falar em vocal, chegamos no ponto chave

da banda. Infelizmente, se o vocalista fosse

outro e não Steve Regan, este “The Reign

[4] [5]

of Darkness” seria bem mais interessante.

O cara faz alguma variação em “Portrait of

Souls”, mas nada que chame a atenção, uns

pig squeals aqui e ali, e só. De resto, é o

mesmo gutural retão, cavernoso, que fi ca

quase ao fundo dos instrumentos, não fosse

tamanha produção em cima para dar-lhe

algum destaque. Tivéssemos aqui um sujeito

que alternasse os guturais com um vocal

mais Thrash in your face, daria a certas

músicas, como a já citada “Emptness”, e a

destruidora “Cryogenica”, um outro patamar.

Enfi m, é uma defi ciência que a banda terá

que aprender a conviver. Vale a audição pra

quem está antenado com novidades na por-

radaria extrema. André Pires

[6]

[7]

Page 46: HORNSUP Nº13

hornsup #1346

CivicThe Awakening Independente

Eu, particularmente, não conhecia o Civic,

banda portuguesa de Rock/Metal que ganhou

o concurso de bandas promovido pelo Rock

in Rio em 2004 (escolhida entre aproximada-

mente 500 bandas), e que lança agora, seu

segundo trabalho de estúdio, “The Awakening”;

um álbum conceitual que conta a história de

um personagem em coma, que durante este

estado, recebe novas percepções da vida para

um novo “acordar”. Isto justifi ca as 20 faixas

do álbum, pois, algumas são apenas passagens

para dar a sensação de continuidade necessária

para a história. Proposta bem interessante,

com uma produção impecável que garante a

boa viagem durante a audição. As músicas são

curtas e diretas o ajuda a ouvir o álbum como

um todo e tornar imperceptível a quase uma

hora de tempo total. Quando comentei que o

Civic é uma banda de Rock/Metal foi justamente

pela banda mesclar bem os gêneros, como

exemplifi ca bem a ótima música “Gift”, com um

refrão leve (apesar das letras no geral serem

mais pesadas) que poderia ser facilmente clas-

sifi cado como o Rock Moderno, mas que possui

gritos e guitarras pesadas típicas do Metal. O

mesmo acontece na excelente “Nightmares By

the Moonlight’. E assim o álbum fl ui, com óti-

mos momentos como “We are Fire”, “Entwine”

(com uma bela passagem em português),

“Come Swinging” (uma das minhas preferidas),

“Running with Scissors” e “The Unwritten Law”.

Uma excelente surpresa, sei que escutarei esse

álbum por uns bons meses. Além da ótima

produção, vale destacar os ótimos músicos

Francisco Marques (Guitarra), Pedro “Sheriff”

Martinho (Baixo) e André Spranger (Bateria),

e a especial versatilidade do ótimo vocalista

Sérgio Francisco. Luigi “Lula” Paolo

Beneath The SkyIn Loving Memory Victory

Eis que os americanos da Beneath The Sky rea-

parecem após um hiato de menos de um ano ,

com seu terceiro álbum de estúdio, o sucessor

do ótimo “The Day the Music Died”. “In Loving

Memory” é um banho de breakdowns secos,

vocais rasgados e melodias que, cá entre nós,

não são as mais criativas do mundo, mas, sen-

do essa banda, não faz tanta diferença, já que

são ótimos no que fazem. Não é para todos

que dou esse desconto, diga-se de passagem.

“Sorry, I’m Lost” e “Tears, Bones, and Desire”

apresentam-se agressivas, perpassando pelos

elementos já citados. Contudo é em “Terror

Starts at Home” que as coisas começam a fi car

doentias. A abertura da faixa já é brutal, com

ótimos pedais duplos e os enfurecidos gritos

de Joey Nelson. “A Tale from the Northside” é

uma música perfeita para quem quiser quebrar

seu pescoço. Dá para sentir, claramente, que

não estão aqui para brincadeira. Será que é de

graça que adquiriram um número grande de fãs

em solo americano? Prove por si mesmo ao se

deparar com a faixa título “In Loving Memory”

(belíssimas passagens melódicas nos vocais,

sendo uma excelente quebra no ritmo violento

do full-lenght) e “Static” (alguém anotou a

placa do trator que passou?). Devo dizer que es-

tava com saudades deste grupo e fi co contente

com o trabalho que desenvolveram. Lógico,

ainda podem me surpreender muito mais,

entretanto já fi co satisfeito por terem mostrado

que não jogaram fora o sonho de enlouquecer

o fi el público do Metalcore. Se prepare para um

álbum demoníaco que fará você pirar por um

longo, longo tempo. Igor Lemos

Lockfi st 669Dead in a SecondIndependente

Se você ainda é daqueles que se surpreendem

com coisas produzidas no Brasil, taí mais uma

boa para te deixar boquiaberto. Poderia até pa-

recer o mais novo de uma extensa discografi a,

mas “Dead in a Second” é apenas o segundo

disco do Lockfi st 669. Digo isso porque tem

o frescor da novidade, mas com a maturi-

dade de quem já tem uma longa estrada. O

quarteto paulista é da cidade de São José dos

Campos, uma das que, junto com Campinas

e Pindamonhangaba, é bem conhecida por

revelar boas bandas de Rock. Formada em

2005, no próximo mês a banda completa cinco

anos. Com mudanças de formação, disco bem

comentado em sites e revistas especializados,

shows com Krisiun e Napalm Death, somaram

experiências e com essa bagagem começaram

a gravar “Dead in a Second”. Muito bem pro-

duzido, o disco foi lançado no início deste ano

e está disponibilizado para download gratuito

no site ofi cial da banda. O som une a energia

do melhor do Thrash aliado ao poder do bom

Hardcore novaiorquino. Hatebreed e Slayer são

referencias imediatas. Com oito faixas, quatro

delas também disponíveis no Myspace, o disco

abre com a pedreira “The Flaw”. Com uma

média de 4 a 5 minutos por música, é tão bom

que você nem nota a duração. Outro destaque

é “Cross Child” - cover da também banda

brasileira The Mist, gravada originalmente no

clássico “Ashes to Ashes, Dust to dust” de

1993. Talvez, se só ouvisse mais “End of a Era”

seria sufi ciente para entender mas, daí vem

“FUD” e qualquer incerteza (fazendo trocadilho

com signifi cado do titulo “Fear, Uncertainty

and Doubt”) de que você vai pirar no som, se

desfaz. Depois desse arregaço, o disco curiosa-

mente fecha com a música titulo. Não bastasse

tudo isso ainda há a participação de Antonio

Costa do Ophiolatry nos backing vocals em “Just

Words”, e de Fernandão (ex-Pavilhão e Rodox,

atual Endrah) ignorante na bateria de “Shallow

Graves”. Tá curioso amigo? Boa surpresa é

pouco. Andréa Ariani

Hell in HeavenSunset DuelIndependente

O Hell in Heaven é uma banda portuguesa

de Southern Metal formada em Lisboa que

já está na ativa desde 2005. Os caras fazem

um som que vai do Progressivo ao Metal

misturando Rock´n Roll com gritos esgoe-

lados. “Sunset Duel” é um EP contendo 5

faixas bem diversifi cadas, com riffs bem

interessantes e bem marcantes de guitarras

que variam entre o peso com belas harmo-

nias além de ter um instrumental criativo

no melhor estilo Sludge/Southern Metalcore.

Além dos vocais gritados, um vocal melódico

também se faz presente em algumas pas-

sagens como na faixa “Doom Theory” e na

música “Bleeding Hearts for Mass Destruc-

tion”, que não chega a ser tão cantado e

sim apenas menos gritado.“Sunset Duel” é

um bom EP, é bem gravado e bem produ-

zido. Vale lembrar que as músicas foram

gravadas com o antigo vocalista da banda.

O quinteto já dividiu palco com bandas

como Cancer Bats, Decades of Despair e

Eternal Tango, o que não é nada mal. João

Henrique

Upon a Burning Body This World is OursSumerian

Estamos diante da nova aquisição da

gravadora Sumerian Records. Se você curte

Born of Osiris, After the Burial, The Faceless,

Enfold Darkness ou Periphery, sabe que

estamos diante de nomes que primam pelo

peso e a técnica. De fato, os estreantes

Upon a Burning Body, vindos do Estado

norte-americano do Texas, tem muito a

mostrar ao mundo. Com um álbum consis-

tente, demonstraram não apenas o que é

fazer breakdowns a la Deathcore, mas como

fazer bem feito. Através da faixa de abertura,

não poderiam ter dado um título melhor:

“Showtime”. “Welcome to the family” é a

única frase gritada nesta introdução, em

meio a paredes de guitarras, não deixando

o ouvinte se enganar: a banda chegou para

cativar. E, para isso, usam como homena-

gem fi lmes em que o Al Pacino estrelou:

“Carlito’s Way” e “Donnie Brasco”, faixas 2

e 3, são uma das várias honrarias feitas ao

ator. E que músicas! Porrada no ouvido sem

dó, com uma batida precisa, com grande

domínio dos pedais e viradas. Diga-se

de passagem, as guitarras farão o show

no moshpit. “Righteous Kill” e “Scarface”

(memorável, hein) continuam a sequência

de violência, com destaque ao vocalista

Danny, um monstro nos guturais. “Intermis-

sion” acaba por se tornar uma das melhores

faixas com os gritos em grupo, um símbolo

do Hardcore. Ainda cabe destacar “Heat” e

“Devil’s Advocate”. Porém, uma pergunta

fi ca no ar: qual a razão de parabenizar um

grupo que se prende ao “usual” Deathcore?

Amor pelo que fazem e na dose certa, sem

excesso, sem frescura, com bom uso de

técnica, criatividade e a promessa de que,

em breve, estaremos na família UABB, como

bem retratam no início do debut. Dê uma

chance aos caras e verás que é inegável a

qualidade do quinteto. Como a nota deve

ser a mais neutra possível, será 8, mas se

fosse pelo gosto pessoal e a quantidade

de vezes que já ouvi esse álbum, seria 10.

Igor Lemos

[8]resenhas

[8]

[8]

[5]

[8]

Page 47: HORNSUP Nº13

47hornsup #9

Page 48: HORNSUP Nº13

hornsup #1348

Suicide silenceInferno Club03/04/10São Paulo/SP (Bra)

Previstos inicialmente para se apresentarem

no Brasil somente no domingo de Páscoa,

dia 04 de Abril, os californianos do Suicide Silence, devido à boa venda de ingressos

para essa primeira passagem da banda pelo

Brasil, tiveram que agendar uma apresen-

tação extra na capital paulista. Assim como

no show principal, o palco da devastação

seria o Inferno Club. Uma chuva torrencial

caiu em São Paulo pouco antes do show

começar e uma fi na garoa ainda incomo-

dava os presentes na fi la, que começava a

se formar do lado de fora do Inferno. Sem

enrolações, a banda convidada para a aber-

tura do evento já se encontrava no palco,

prontos para aquecer o público. O Chainsaw Disaster veio com tudo. Mostraram-se muito

seguros e puderam executar seu som brutal,

bem no estilo Deathcore; cheio de break-

downs e vocais guturais. Tocaram músicas

como “Death Sentence”, “Disaster”, “Mosh

Or Die”, “Death Kiss”, “The Bastard Son”

e “Iraq”. A galera empolgou bastante e o

mosh já pegava fogo, com socos e pontapés

sendo desferidos. Uma boa escolha para a

abertura da casa. Mas esse foi só o aperitivo.

Todos aguardavam ansiosamente os caras

do Suicide Silence, que vinham divulgar seu

mais recente lançamento, o álbum “No Time

To Bleed”, que saiu pela Century Media no

ano passado. E não poderiam iniciar o setlist

de outra maneira, a não ser com “Wake Up”,

primeiro single e música que abre o novo

CD. Logo na sequência emendaram “Lifted”

e “Smoke”, seguindo a ordem do disco. A

banda mandou muito bem ao vivo e não

poupou energia. O vocalista Mitch, todo

tatuado e com o cabelo escorrendo sobre

seu rosto, já se tornou uma fi gura clássica, e

desferia gritos sem dó sobre os fãs, além de

fazer a sua característica “Pterodactyl dance”

de cima das caixas de retorno. Sua voz alter-

nava entre os berros estridentes e guturais

de maneira natural e bem fl uída. De volta

ao setlist, “Unanswered” veio quebrando

tudo. Essa música faz parte do primeiro CD

do grupo,”The Cleansing”, de 2007. Com um

breakdown matador, trouxe muita brutalidade

ao pit. A destruição seguiu com “Bludgeoned

To Death”, “Wasted” e “Price Of Beauty”,

de uma tacada só. A dupla de guitarristas

Chris Garza e Mark Heylmun, assim como

o baixista Dan Kenny, se mostraram bem

entrosados e entusiasmados com o público

brasileiro, sempre interagindo com os fãs.

Eram sincronizados até nos headbangs! O

baterista Alex Lopez completava o quinteto

com uma precisão e violência necessárias ao

som do Suicide Silence. Antes do começo da

próxima faixa, “Disengage”, o vocalista Mitch

pediu ao público para que se dividissem em

dois, formando um grande corredor em frente

ao palco. Era a hora da famosa Wall Of Death,

uma verdadeira batalha que explodiu com o

início da música. Para fechar a primeira apre-

sentação do Suicide Silence em solo brasileiro,

tocaram “No Time To Bleed” e pra fechar “No

Pity For A Coward”, que estremeceu as estrutu-

ras do Inferno. Mas a galera pedia ‘one more

song’ e os caras atenderam de imediato. Após

uma breve pausa, voltaram para uma última

faixa. Porém, a última música tocada não foi de

autoria do Suicide Silence e sim um cover de

“Engine No. 9” do Deftones, uma banda muito

admirada pelos caras. O público foi a loucura e

a empolgação foi generalizada. Um cover bem

brutal, que a banda já havia gravado e lançado

em seu segundo EP, chamado “Green Monster”,

de 2008. Apesar do curto setlist (algo comum

em apresentações do Suicide Silence), a energia

e o peso da banda se fi zeram presentes no

Inferno Club. Após o show os integrantes

ainda cumprimentaram pacientemente os fãs

e distribuiram inúmeras garrafas de água e

palhetas. Com certeza no fi nal do dia, todos

sairam felizes. André Henrique Franco

Foto: Maurício Santana

ao vivo

Suicide Silence

Page 49: HORNSUP Nº13

Despised IconMusicbox14/04/10Lisboa (Por)

Foi um olá e um adeus. É verdade. A estréia

do Despised Icon em Portugal foi também

a despedida, já que a banda canadense irá

encerrar suas atividades após o término de

todas turnês que já tem agendadas. Com

isso em mente, o pessoal que apareceu no

Musicbox queria era aproveitar o momento.

As bandas portuguesas Forgodly Sorrow e

Utopium, e a francesa As They Burn, foram

responsáveis pelo início do combate. A pouca

idade e inexperiência do Forgodly Sorrow,

acabou chamando mais a atenção do público

do que a sonoridade em si. Não que tenham

sido péssimos, só que os presentes estavam

mais preocupados em criticar as roupas e

os movimento à lá Crabcore, do que ouvir o

que foi tocado. Foi uma prestação mediana

de uma banda iniciante, altamente infl uen-

ciada por essas novas tendências do Metal.

Nem mais, nem menos. Ainda tem que comer

muito feijão. Já o Utopium apresentou algo

49hornsup #13

extreme noise terrorInferno Club26/03/10São Paulo/SP (Bra)

Antes mesmo do início do show, os dias 26 e

27 de Março de 2010, já estavam destinados a

entrar na história do underground paulistano,

afi nal era a primeira passagem da lendária

banda inglesa Extreme Noise Terror pelo Brasil.

Foram 25 anos de espera e os fãs dos mais

diversos estilos compareceram ao Inferno Club.

O show ainda contou com a participação mais

que especial de outra lendária banda brasileira,

os Ratos de Porão e também da banda Social Chaos (no dia 26 de Março), que fez um show

poderoso, barulhento e agradou bastante

ao público que ainda chegava. Logo após,

foi a vez dos veteranos Ratos de Porão que,

independente do set que fosse tocado, já teria

a noite ganha e elogiada pelos fãs, tamanha a

diversidade e variedade de suas músicas. Com

clássicos como: “FMI”, “Igreja Universal”, “Aids,

Pop, Repressão”, “Beber Até Morrer”, “Croco-

dila” e “Agressão Repressão”. João Gordo e

seus companheiros literalmente fi zeram a casa

de shows se transformar num inferno, eram fãs

gritando, dando stage dives e fazendo mosh-

pits por todo o lugar, realizando assim uma

apresentação digna para a noite que só estava

começando. Com um certo atraso, a banda

inglesa enfi m sobe ao palco e é ovacionada

pelos fãs, que comemoravam o fi m do longo

jejum. Dean Jones (vocal), Adam Catchpole

(vocal), Woodie Jones (guitarra), Ollie Jones

(guitarra), Staff (baixo) e Zac O’Neil (bateria)

Extreme Noise Terror

fi zeram um show intenso e mostraram músicas

das diversas fases da banda como: “Deceived”,

“Work For Never” e “We The Helpless”. A banda

retribuia a empolgação dos fãs com um set list

enérgico e insano. Dá-lhe mais cacetadas como:

“Religion Is Fear”, “Show Us You Care”, “Raping

The Earth”, “Believe What I Say”, “False Profi t”

e “Third World Genocide”. Com esse set a

banda parecia estar se desculpando de alguma

maneira pela longa ausência em tocar pelas ter-

ras tupiniquins com seus petardos e agradando

até os fãs mais exigentes. Show primoroso,

insano e brutal, como tem que ser a um

show do Extreme Noise Terror. Texto e foto:

Flávio Santiago

mais encorpado e estimulante. Trouxeram um

Grindcore com algumas alegorias bem interes-

santes. No meio da desgraceira Grind intro-

duzem algum balaço arrastado (Sludge) que

dá algum dinamismo. A presença de palco

também foi muito boa. O Utopium tem mais

lenha para queimar e acredito que dá próxi-

ma vez que os ver, estão ainda melhores. Fui

totalmente sem expectativas sobre o As The Burn, pois não os conhecia. Logo na primeira

música fi quei paralizado. O som do Musicbox

estava muito bom e os caras no palco debi-

tam uma pressão incrível. Deathcore do tipo

“breakdown-atrás-de-breakdown”. Porém, lá

pela terceira música, minha impressão já era

outra. O som permancia excelente igual e isso

se tornou um problema. Depois de uma ar-

rancada fantástica, se meteram dentro de um

loop infi nito de breakdowns, sendo que tudo

soava igual e morno. De qualquer forma, foi

o sufi ciente para esquentarem as turbinas

para o Despised Icon. Mesmo com um set

relativamente curto, os canadenses não

deixaram pedra sobre pedra. Bombas como

“Day of Mourning”, “Furtive Monologue” e

“MVP” explodiram atirando estilhaços por

todo Musicbox. A violência do som se refl etia

no moshpit, onde bracos e pernas (e pos-

sivelmente dentes) voaram pelo ar como se

estivessem combatendo ninjas invisíveis. A

brutalidade era equiparada a técnica, já que

a banda teve uma prestação profi ssional de

precisão cirúrgica (props para os monstro das

baquetas, Alexandre Pelletier). O Despised Icon

não deixou dúvidas sobre o seu poder de

destruição. Vai deixar é saudades. Matheus

Moura

Foto: Carina Martins

Despised icon

Page 50: HORNSUP Nº13

50 hornsup #13

MudhoneyClash Club21/05/10São Paulo/SP (Bra)

O Mudhoney já é uma banda bem conhe-

cida pelo público brasileiro. Nesses últimos

anos esteve sempre passando pelo país com

shows avassaladores, mas, talvez, esse tenha

sido o melhor de todos. A banda parecia

inspirada em palco e foi muito feliz na es-

colha das músicas, muitas delas não tocadas

há algum tempo em shows por aqui. Nem

a apresentação em dois shows gratuitos,

dentro do Projeto Virada Cultural, diminuiram

ou refl etiram em relação ao público que fez

questão de presenciar a banda e lotou o

Clash Club. A banda subiu ao palco por volta

das 22 hs e começaram com as músicas

do seu último trabalho, “The Lucky Ones”,

como “I’m Now” e “Inside Out Over You”.

O que já foi um bom aperitivo aos fãs que

disputavam palmo a palmo um espaço na

frente ao palco. Com uma carreira repleta de

álbuns, alguns hits já puderam ser ouvidos

logo ao início do show como: “You Got It”

e “Suck You Dry”, este último é o marco

de uma geração. Aliás, geração essa que

parecia cantar em peso cada refrão. O clima

de festa estava no ar, algumas músicas que

não eram tocadas há muito tempo por aqui,

foram executadas com primor, dentre elas

“Blinding Sun”, “Judgement, Rage, Retribu-

tion” e “Let it Slide”, o que causou comoção

de muitos fãs que pareciam não acreditar no

que estavam ouvindo. Os sucessos absolu-

tos não fi caram de fora, dentre eles “Good

Enough”, “Touch me I´m sick” e “‘N’Out of

Grace”, aliás música essa que marcou um

dos pontos altos do show, com direito a ruí-

dos estridentes arrancados pela guitarra de

Steve Turner; um dos melhores desse gênero

e a alma do Mudhoney. A interação entre a

banda e o público era perfeita. As pessoas

pareciam hipnotizadas pelos sons emitidos

pela guitarra de Turner, e pelo resto da

banda, até que a música recomeça com uma

quase pirueta de Mark Arm que retorna ao

palco. É incrível como uma banda que pos-

sui mais de 20 anos de estrada continua a

nos proporcionar shows com o mesmo vigor

de outrora. Para fi nalizar a primeira parte

do show visceral, “Hate The Police” cantada

aos berros por Mark Arm, e por toda o Clash

Club, logo após a banda ainda retorna para

mais 2 músicas e o público sai do show com

total saitisfação e a banda com o seu dever

realizado. Que volte o Mudhoney por muito

mais vezes ao Brasil, para o bem da boa

música. Texto e Foto: Flávio Santiago

ao vivo

Mudhoney

mardukHangar 11016/04/10São Paulo/SP (Bra)

Os suecos do Marduk estão pela quarta

vez no nosso país, sendo que agora vieram

acompanhados pelos franceses do Ad

Hominem que debutava em solo brasileiro.

A noite ainda contou com a abertura das

bandas Incinerad, Querion e Unearthly. De-

staque para o show da banda Unearthly que

mesmo com um set reduzido, devido a apre-

sentação das bandas principais, conseguiu

passar seu recado aos fãs. As demais ban-

das de abertura sofreram com o curto tempo

e má regulagem do som, o que nos faz

questionar a real necessidade de se colocar

tantas bandas na abertura de eventos como

esse. Afi nal, é ruim para as bandas, que

tem pouco tempo e condições inferiores de

poder mostrar seus trabalhos, e pior para os

fãs que se desgastam com muitas atrações,

e esse caso específi co perderam boa parte

da apresentação da banda principal, por

conta da circulaçao de transporte público na

cidade, que se extende somente até a meia-

noite. Após as apresentações das bandas de

abertura é chegada a hora da primeira atração

internacional, os franceses do Ad Hominem. Tocando um Black Metal calcado nos anos

90, o quarteto impôs um ritmo próprio aos

presentes. Com uma ótima presença de

palco e visual agressivo, executaram músicas

do seu último CD, “Dictator - A Monument of

Glory”, entre outras, fazendo um apanhado

geral da carreira em quase uma hora de

show, que agradou bastante aos fãs que já

conheciam banda. Saldo mais que positivo

para a banda, que encerrarou o show sob

aplausos. Hora de esperar pelo Marduk,

enquanto os suecos se preparavam, um som

fúnebre era tocado nos PA’s, dando uma

ideia do que viria a seguir. E quase meia

hora depois, Morgan Steinmeyer Håkansson,

Magnus “Devo” Andersson, Lars Broddesson

e o vocalista Daniel “Mortuus” Rosten, aden-

traram o palco do Hangar 110 e começam

o massacre sonoro com a poderosa “With

Satan And Victorious Weapons”, do álbum

“World Funeral”. De todas as vezes que

a banda veio ao país, essa parecia ser a

melhor delas no que diz respeito a quali-

dade do som, dando o toque que faltava

nas apresentações anteriores da banda.

Em turnê do álbum “Wormwood”, a banda

tocou três músicas, foram elas: “Into Utter

Madness”, “Phosphorous Redeemer” e “To

Redirect Perdition”, que agradou bastante

aos fãs. O show também foi marcado pelo

desfile de clássicos de toda a carreira

da banda como: “On Darkened Wings”,

“Blooddawn”, “Still Fucking Dead”, “Be-

yond The Grace Of God” e “Materialized in

Stone”. Com fãs agitando e insandecidos,

a banda não ficou atrás e correspondeu

com uma energética presença de palco,

com destaque para Morgan e Mortuus.

Para finalizar o massacre, as clássicas

“Baptism By Fire” e “Wolves” que quase

levou o Hangar 110 abaixo, finalizando as-

sim a melhor apresentação dos suecos no

Brasil. Texto e Fotos: Flávio Santiago

Marduk

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51hornsup #13

manowarCredicard Hall08/05/10São Paulo/SP (Bra)

Após 12 longos anos desde sua última apre-

sentação no extinto festival Monsters of Rock,

o Manowar retorna ao país para 3 shows. O

público respondeu a altura e compareceu em

bom número ao Credicard Hall em São Paulo.

A banda encarregada da abertura dos 3 shows

no Brasil foi o Kings of Still, que foi bem

recebida pelos fãs. Com um set que abrangia

musícas próprias e covers de Accept e Dio,

foram aplaudidos e cumpriram o seu papel

na noite, que já tinham os seus protagoni-

stas. E com um atraso de 30 minutos que

pareciam intermináveis, eis que surgem no

palco após a intro clássica “Ladies and gentle-

men, from United States all hail ... Manowar”.

Os primeiros acordes de “Hands of Doom”

foram ouvidos para delírio dos fãs, seguida

de “Call to Arms”, ambas do álbum “Warriors

of the World”. Havia uma preocupação inicial

por conta das músicas contidas nos últimos

set lists em shows ao redor do mundo, que

abrangiam apenas músicas mais recentes,

excluindo os clássicos que fi zeram história da

banda. Para tristeza de muitos, isso foi con-

fi rmado. Ainda esperançosos, os súditos fi éis

do Metal agitavam, empunhavam bandeiras,

camisetas e faziam o símbolo característico

da banda (punhos cerrados para cima), mas

com o decorrer do show foram ouvidas apenas

músicas como “Die with Honor” e “Swords

in the Wind”. Não que as composições fos-

sem ruins, mas sempre fi ca a expectativa de

clássicos para shows como esse, ainda mais

pelo fato da banda ter se ausentado do país

por 12 longos anos. Com isso, o show vai

caminhando entre solos de guitarra de Karl

Logan e solos de baixo de Joey Demayo, que

aliás, protagonizou um dos pontos altos do

show. Conversando em inglês inicialmente,

mas depois em português, Joey prometeu não

abandonar seus súditos por mais 12 anos

e ainda chamou ao palco um fã para tomar

cerveja ao “estilo Manowar”, e depois tocar

guitarra com a banda. Tudo com a inspiração

de 3 garotas seminuas, aonde a tríade máxima

do Metal podia ser vista (sexo, drogas e rock

n` roll). Isso começou a ser o divisor de águas

no show. Embora a maioria aplaudisse a

performance das garotas, algumas pessoas já

mostravam sinais de insatisfação, devido ao

excesso de “bla, blá, blá” e poucas músicas.

Logo após tocam “Die for Metal”, também do

álbum “Gods of War”. Daí o que se pode ver

até o fi nal da apresentação foram músicas

como “Sleipnir”, “Let’s the Gods Decide”, “Loki

Gods of Fire”, “Thunder in The Sky” e “Sons of

Odin”, que aliás teve sua letra cantada errada

por Eric Adams que demonstrava ligeiro estado

de embriaguez. O saldo fi nal para os fãs foi

uma mescla de alegria por rever a banda após

um longo período e poder cantar algumas

músicas que podem ser futuros clássicos e in-

satisfação pelo aparente desleixo da banda em

palco e não tocando músicas que marcaram

gerações e que foram responsáveis pela venda

de mais de 9 milhões de discos no mundo.

Com isso até coro de pessoas gritando Iron

Maiden, pode ser ouvido ao fi nal do show

e até queima de camiseta promovida por

um fã mais exaltado. Texto e Foto: Flávio

Santiago

Manowar

social distortionVia Funchal17/04/10São Paulo/SP (Bra)

Enfi m, o dia mais esperado havia chegado

para os mais de 5.000 fãs que lotaram ao Via

Funchal e aguardaram mais de duas décadas

para poder conferir a esse show. A noite tinha

clima de festa com todas as fi guras carimba-

das do underground paulistano e excursões de

outras cidades. Tudo isso para poder conferir

a primeira passagem do Social Distortion pelo

Brasil. Para tal festa foi convidada a banda

argentina All the Hats, que fez um show

competente e conseguiu prender a atenção do

púbico que ainda adentrava ao Via Funchal. A

banda além de tocar canções próprias ainda

fez uma cover de Rancid, que serviu para

incendiar mais o clima de expectativa para o

show principal. Tarefa encerrada pelo All the

Hats e uma rápida troca de palco para que

enfi m os legítimos donos da festa pro-

movessem o show mais que aguardado por

todos. Para isso teriam que tentar resumir

mais de duas décadas em apenas horas de

show, mas Mike Ness e cia., pareciam não

estar preocupados com isso e trataram de

fazer o que melhor sabem, boa música. Para

isso iniciam o show com a instrumental

“Road Zombie”, emendando com “Under

my Thumb”, logo após veio “Bye Bye Baby”

seguida de um dos primeiros hits da banda,

“Bad Lucky”. O público se rende em defi ni-

tivo aos acordes de guitarra de Mike Ness.

Quando os fãs pareciam se recuperar do

primeiro petardo da noite, eis que uma se-

quência com “Don´t Drag me Down” e “The

Creeps”, recoloca o público novamente em

órbita. Era visível a emoção dos fãs demon-

strada de diferentes maneiras. Uns canta-

vam, outros choravam, outros pulavam sem

parar, era um show único. Era a chance de

extravazar toda a alegria e satisfação daquele

momento. Mike Ness pediu desculpas pela

demora em tocar no país e prometeu outro

show no ano que vem. Levou ao palco um

fã de 11 anos e disse que ele representava

a “nova escola” do Rock. Discursos à parte,

o show prosseguia como uma festa digna,

para os poucos privilegiados que compa-

receram. Com “Sick Boy”, “Reach for the

Sky” e “Ball and Chain”, arrancava mais

suspiros e emoções distintas dos fãs. O

show basicamente eram de hits e canções

que marcaram a carreira da banda, mas

ainda houve espaço para uma nova canção,

“Still Alive”, que foi bem recebida pelo pú-

blico. Com o show caminhando para o fi m,

alguns sucessos ainda foram tocados, dentre

eles “Nickel and Dimes” e “Prison Bound”,

essa sem dúvida cantada em uníssono por

todos e um dos pontos altos do show. Para

encerrar a festa com chave de ouro, tivemos

a cover de “Ring of Fire” de Johnny Cash.

Fim de show, saldo pra lá de positivo e a

sensação de alma lavada pelo longo jejum.

Texto e Foto: Flávio Santiago

Social Distortion

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52 hornsup #13

Kool metal Fest 2010Espaço Victory15/05/10São Paulo/SP (Bra)

SuffocationPela primeira vez no país, os americanos

do Suffocation, tocaram dentro da edição

do festival Kool Metal Fest em São Paulo,

ao lado das bandas Napalm Death, Violator, D.E.R e Western Day. Havia uma grande

expectativa por conta dos fãs para essa

apresentação e Frank Mullen e cia. não

decepcionaram. Com um som preciso e

técnico, os americanos deram uma aula de

Death Metal. O som da casa, estupidamente

alto, ajudou na proposta da banda e com

músicas como “Catatonia”, “Infecting The

Crypts” e “Liege of Inveracity” fi zeram o

Espaço Victory quase vir abaixo. A banda

constantemente, através de Frank Mullen,

tentava manter contato com o público, seja

para agradecer a boa recepção ou para pas-

sar mensagens, ora políticas, ora religiosas.

Set reduzido devido ao fato de estarem em

um festival, diminui a apresentação da ban-

da, mas antes do fi m, mais alguns petardos

ainda foram soltados como: “Blood Oath”,

“Entrails of You”, “Breeding The Spawn”,

“Pierced from Within” e “Thrones of Blood”.

Sem dúvidas, um show primoroso e aplau-

dido por todos, além de servir como um

ótimo cartão de visita ao público brasileiro.

Agora é torcer para que a banda retorne ao

país, desta vez como headliners e puderem

assim mostrar mais de seu trabalho.

Napalm DeathEm seu retorno ao país os ingleses do

Napalm Death foram encarregados de

encerrar a edição do Kool Metal Fest, após

a poderosa apresentação do Suffocation.

A pressão de fazer um bom show pare-

ceu não abalar a banda que já é bem

conhecida do público brasileiro, e após

uma pausa que parecia interminável para

ajustes no som, eis que adentram ao palco

Mark “Barney” Greenway, Shane Embury,

Mitch Harris e Danny Herrera. Após uma

breve intro, o massacre sonoro começa

com “Strong Arm” do álbum “Time Waits

for no Slave”, último trabalho lançado

pela banda. Logo após veio “Unchallenged

Hate” e “Suffer the Children” para delírio

geral do público que formava circle pits

e faziam stage dives para desespero dos

seguranças à frente do palco. O vocalista

Barney Greenway, com sua performance

insana, não parava um minuto em palco

Só parava para anunciar a próxima música

ou para fazer algum discursso político, o

que servia para um breve descanso. Logo

o caos era retomado e com “Silence is

Deafening” do excelente álbum “The Code

is Red”. Mais pancadaria e brutalidade

era oferecida ao público, e mesmo após

a morte do guitarrista Jesse Pintado, a

banda provou que ao vivo não perdeu

em nada seu poder ofensivo, e que Mitch

Harris dá conta do recado. Como o show

era de divulgação de seu último trabalho,

“Time Waits for No Slave”, mais músicas

eram mostradas aos fãs como “Life and

Limb” e “Diktat” que receberam o aval

positivo do público. Mas como o show do

Napalm Death também é sinal de grandes

clássicos. Eis que eles aparecem, dentre

eles: “From Enslavement to Obliteration”,

“Scum”, “You Suffer” e a cover clássica de

“Nazi Punks Fuck Off ” (Dead Kennedys).

Para encerrar a mais uma apresentação

devastadora, a brutal “Siege of Power” dá

o ponto final ao show e a esse festival

que provou que música extrema também

tem o seu espaço e pode ser rentável,

pois mesmo em dia de Virada Cultural

(evento musical gratuito oferecido pela

Prefeitura de São Paulo) levou um bom

público ao local. Parabéns a organização

do Kool Metal Fest por acreditar na força

do Metal e suas vertentes. Texto e Foto:

Flávio Santiago

ao vivo

Napalm Death

Suffocation

Page 53: HORNSUP Nº13

53hornsup #13

more than a thousandMusicbox01/05/10Lisboa (Por)

Aconteceu no Musicbox, em Lisboa, o

encerramento da turnê nacional de divulga-

ção de “Vol. 4: Make Friend and Enemies”,

o novo álbum do More Than A Thousand.

Perante a uma casa cheia, os setubalenses

mostraram ao público as suas músicas

novas. Para acompanhá-los trouxeram o

Hills Have Eyes e Men Eater. Os também

setubalenses do Hills Have Eyes tem na

bagagem um novo álbum, “Black Book”, e

é sobretudo nele que baseiam o seu set. A

boa disposição do Metalcore meio Rocker

era contagiante. “Hey Hater!” foi o ponto

alto da apresentação dessa banda nunca

decepciona nas suas atuações ao vivo. O

More Than A Thousand fez uma boa escolha

nos seus parceiros para esse show, já que

a seguir ao Hills Have Eyes, entrou o Men

Eater, outra banda que dispensa comen-

tários, seja a respeito de sua música ou

em relação aos seus concertos. Já vi o Men

Eater diversas vezes, sendo que é sempre

um pouco diferente, porém, mantendo o

alto nível. Dessa vez, o som do Musicbox

não colaborou muito, mas mesmo assim,

o Stoner Metal poderoso se fez sentir em

músicas como “First Season” (que abriu o

show), “Heartbeating Locomotiva”, “Man

Hates Space” e “Lisboa”. O fato do novo

álbum do More Than A Thousand ainda

não ter sido lançado até última data dessa

turnê, não impediu que baseasem a maior

parte do setlist nele. Abriram com toda

força com a faixa-título, “Make Friend and

Enemies”. As músicas novas: “First Bite”,

“It’s Alive (How I Made a Monster” e “Black

Hearts” já estavam disponíveis online para

audição (as duas primeiras no Mysapce e

a última na edição nº 12 da HORNSUP) e

foram logo reconhecidas e cantadas pelos

presentes. Era visível o entusiasmo tanto

da banda quanto do público, afi nal esse

encontro em Lisboa já não acontecia a

algum tempo. Os momentos de maior força,

obviamente, residiram nas músicas mais

conhecidas como “It’s the Blood, There’s

Something in the Blood” e “Walking On The

Devil’s Trail”. Depois desse show, a banda

embarcou numa turnê, sendo que depois

retornam a Portugal para se apresentar em

alguns festivais, incluindo o Rock in Rio-

Lisboa. Matheus Moura

Fotos: Miguel Duarte

More Than A Thousand

Page 54: HORNSUP Nº13

hornsup #1354

ao vivo

WASP

waspSantana Hall10/04/10São Paulo/SP (Bra)

Para você que nasceu muito depois de 1984,

quando a banda objeto desta resenha estava

no auge do seu sucesso e não acompanha

tanto assim o Metal, deve ser perguntar: quem

afi nal é Wasp? Dizer que eles são contem-

porâneos de, por exemplo, Iron Maiden,

Ozzy, Twisted Sister, Judas Priest e que não

conseguiram manter na mesma proporção, ao

longo dos anos, exatamente o mesmo sucesso

mundial desses, ajuda a explicar muitas

coisas. Uma delas foi o tumulto que quase se

formou na porta do Santana Hall. A casa não

é mesmo uma unanimidade de lugares legais

para ver shows em São Paulo e qualquer

evento de Rock lá sempre rende alguma

história de desorganização. Essa desconfi -

ança triplicou quando um show que estava

marcado para começar pontualmente às 18h30

(como impresso no ingresso), já estava com

um pouco mais de uma hora de atraso. Das

datas anunciadas da turnê brasileira, Curitiba,

(a cidade da noite anterior a SP) teve o show

cancelado, como sempre em circunstâncias

muito esquisitas e não explicadas até então.

Cercadas de expeculações, empurra-empurra

na entrada, bate-boca em uma das comu-

nidades da banda no Orkut, e do suposto

estrelismo do vocal Blackie Lawless, esse

foi o clima do show do considerado primo

pobre das grandes estrelas do Metal ainda em

atividade. Entende agora porque é compreen-

sível (mas não aceitável) o clima de tumulto?

Fosse algum dos outros citados, difi cilmente

algo assim aconteceria. Lawless é, sim, estrela

mas não só no sentido glamouroso da coisa,

mas no de ter o culhão de honrar um nome

e manter uma banda como essa tanto tempo

na estrada, e não no sentido negativo como

alguns gostam de pintar. Exigir um mínimo de

qualidade para mostrar o que sabe fazer, está

longe de ser estrelismo, seja para qual catego-

ria de artista for. Agora, para você que acom-

panhava a banda desde o início, foi a grande

oportunidade de vê-los por aqui, depois de

quase 30 anos. Sendo Lawless o único mem-

bro da formação original, a banda é composta

atualmente por Doug Blair (guitarra e backing

vocals), Mike Duda (baixo) e Mike Dupke

(bateria). O show, como não poderia deixar

de ser, resgasta todo aquele circo dos shows

de Metal. Não chega a ser um mega show

como do Iron (porque o lugar não permite)

nem a megalomania do Manowar (que aliás

deixaria muito a desejar meses depois como

aconteceu recentemente). Mas cercado dos

hoje ditos clichês que cercearam os primórdios

do estilo. E como isso continua sendo legal e

uma pena ter se perdido com o tempo. Com

a intro de “Mephisto Waltz”, abriram o show

com muitas luzes, gritaria num Santana Hall

a essa hora abarrotado por um público que

dos clássicos aos novos sons sabia todos de

cor. Camisa preta de manga comprida e uma

serra cortada acoplada em cada uma delas,

Lawless fazia inclusive gracinhas, as vezes,

arrumar os ainda longos cabelos nas serras,

usadas como espelho. Ele tem total domínio

de palco e impressiona o sincronismo do

vocal ao vivo com os clipes reproduzidos no

telão. Espantosa também a qualidade de som

ao vivo. Dezenove discos lançados, incluindo

compilações, o Wasp, parafraseando o título

de sua coletânea tocou o “The best of the

best” de seu extenso repertório. Destaques

para “L.O.V.E. Machine” (do classico auto-intit-

ulado primeiro álbum), seguida da dobradinha

do mais recente disco (“Babylon”, de 2009)

“Crazy” e “Babylon’s Burning”. Rolou ainda

“Hellion”, “I don’t Need No Doctor” além de

“Heaven’s Hung in Black” e “Blind In Texas” no

bis. Os sons novos continuam com a mesma

energia dos discos antigos. Quem sabe sabe e

mesmo sem a popularidade, quem se importa?

Antes mesmo do show começar e de saber

sobre o que aconteceria com o Dio, escutei

um diálogo assim: - Wasp, Manowar, Metallica

vindo por Brasil. Quando esses caras vem a

gente tem que ir. - Pois é.. O que vai acontecer

com a gente? De quem a gente vai gostar

quando esses caras acabarem? Se alguém tiver

uma resposta convincente, me avise. Enquanto

tiver tempo, corra pra ver. Andréa Ariani

Foto: Flávio Hopp

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55hornsup #11

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