80
Instituto Polit ´ ecnico da Guarda Apontamentos de An´ alise Matem´ atica Autor: Maria Cec´ ılia dos Santos Rosa 8 de Setembro de 2014

Apontamentos analise matematica

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apontamentos analise matematica

Instituto Politecnico da Guarda

Apontamentos de AnaliseMatematica

Autor: Maria Cecılia dos Santos Rosa

8 de Setembro de 2014

Page 2: Apontamentos analise matematica

Conteudo

Conteudo i

1 Funcoes reais de variavel real 1

1.1 Definicao, Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Funcao inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.3 Funcao composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.4 Funcao exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.5 Funcao logarıtmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.6 Funcoes trigonometricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

1.7 Funcoes trigonometricas inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.8 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.9 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

1.10 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

1.11 Teorema de Bolzano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

1.12 Teorema de Weierstrass . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2 Calculo Diferencial em R 30

2.1 Definicao, Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.2 Derivadas laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.3 Regras de derivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.4 Derivada da funcao composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.5 Derivada da funcao inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.6 Teoremas de Rolle, Lagrange e Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2.7 Derivadas de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.8 Monotonia e extremos relativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.9 Concavidades e pontos de inflexao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3 Primitivacao 45

3.1 Definicao e Generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.2 Primitivas imediatas e quase-imediatas . . . . . . . . . . . . . . . . 47

3.3 Metodo de primitivacao por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3.4 Metodo de primitivacao por substituicao . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.5 Primitivacao de funcoes racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

3.5.1 Decomposicao em fracoes simples . . . . . . . . . . . . . . . 59

i

Page 3: Apontamentos analise matematica

Contents ii

4 Calculo Integral em R 65

4.1 Integral de Riemann: definicao e propriedades . . . . . . . . . . . . 65

4.2 Integracao por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

4.3 Integracao por substituicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

4.4 Areas de regioes planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

Page 4: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1

Funcoes reais de variavel real

1.1 Definicao, Exemplos

Dados dois conjuntos A e B, uma funcao de A em B e uma correspondencia que

associa a cada elemento x ∈ A um e um so elemento y ∈ B. E usual a notacao

f : A→ B

para representar uma funcao de A em B.

• o conjunto A chama-se domınio da funcao f ;

• o conjunto B chama-se conjunto de chegada da funcao f ;

• o conjunto das imagens dos elementos de A por f , ou seja, o conjunto

f(A) = {f(x) ∈ B : x ∈ A}

chama-se contradomınio de f .

Uma funcao esta definida quando se conhece

- o seu domınio,

- o seu conjunto de chegada e

- o modo de identificar ou calcular a imagem de cada elemento do domınio.

1

Page 5: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 2

As funcoes f que vamos estudar sao as funcoes reais de variavel real, ou seja as

funcoes f cujo domınio e um subconjunto do conjunto dos numeros reais R e o

conjunto de chegada e o conjunto R.

Representaremos o domınio destas funcoes por D ou Df usando-se a seguinte

notacao:

f : D ⊆ R→ R

ou de forma mais abreviada

f : D → R.

Uma funcao f : D ⊆ R→ R, diz-se

- crescente se

∀x, y ∈ D, x < y ⇒ f(x) ≤ f(y)

- estritamente crescente se

∀x, y ∈ D, x < y ⇒ f(x) < f(y)

- decrescente se

∀x, y ∈ D, x < y ⇒ f(x) ≥ f(y)

- estritamente decrescente se

∀x, y ∈ D, x < y ⇒ f(x) > f(y)

- monotona se e crescente ou decrescente

- estritamente monotona se e estritamente crescente ou estritamente decrescente

Uma funcao f : D ⊆ R→ R, diz-se uma funcao

- par se

∀x ∈ D, f(−x) = f(x)

- ımpar se

∀x ∈ D, f(−x) = −f(x)

Page 6: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 3

x

y

(a) Funcao crescente

x

y

(b) Funcao estritamente crescente

Figura 1.1: Funcoes monotonas crescentes

x

y

(a) Funcao decrescente

x

y

(b) Funcao estritamente decrescente

Figura 1.2: Funcoes monotonas decrescentes

Uma funcao par e simetrica em relacao ao eixo das ordenadas e uma funcao ımpar

e simetrica em relacao a origem.

Uma funcao f : D ⊆ R→ R, diz-se

- limitada se

∃M ∈ R+ : ∀x ∈ D, |f(x)| ≤M,

ou seja f diz-se limitada se o seu contradomınio for um conjunto limitado.

Page 7: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 4

x

y

(a) Funcao par

x

y

(b) Funcao ımpar

Figura 1.3: Funcoes com paridade

x

y

Figura 1.4: Funcao limitada

Seja f : D ⊆ R→ R uma funcao real de variavel real.

• Dizemos que f e injetiva se

para quaisquer a, b ∈ D tais que a 6= b se tem f(a) 6= f(b), ou ainda

se para quaisquer a, b ∈ D tais que f(a) = f(b) se tem a = b.

• Dizemos que f e sobrejetiva se

para cada b ∈ R existe a ∈ D tal que f(a) = b, isto e se o seu contradomınio

for igual ao conjunto de chegada.

Assim, uma funcao real de variavel real e sobrejetiva se o seu contradomınio

for o conjunto R dos numeros reais.

Page 8: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 5

• Uma funcao real de variavel real e bijetiva se for injetiva e sobrejetiva.

Exemplo 1.1. Mostre que a funcao definida por f(x) = 3x − 1 e injetiva e

sobrejetiva. Como

f(a) = f(b) ⇔ 3a− 1 = 3b− 1

⇔ 3a = 3b

⇔ a = b

entao f e injetiva. Vamos ver se f e sobrejetiva:

y = f(x) ⇔ y = 3x− 1

⇔ 3x = y + 1

⇔ x =y + 1

3

Como D′f = R, logo f e sobrejetiva.

Exemplo 1.2. Mostre que a funcao definida por f(x) = x2 nao e injetiva nem

sobrejetiva.

De facto, por exemplo, f(−1) = f(1) = 1, logo f nao e injetiva.

Alem disso, como o seu contradomınio e [0,+∞[, entao f nao e sobrejetiva.

1.2 Funcao inversa

Seja f : D ⊆ R → R uma funcao real de variavel real. Ja vimos que o contra-

domınio de f e o conjunto

f(D) = {f(x) ∈ R : x ∈ D} .

Suponhamos que f e injetiva, entao dado y ∈ f(D), existe um e um so x ∈ Dtal que y = f(x).

Nestas condicoes podemos definir a inversa da funcao f que a cada y ∈ f(D) faz

corresponder x ∈ D tal que f(x) = y. A funcao inversa de f representa-se por

f−1 e e a funcao

Page 9: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 6

f−1 : f(D)→ R

definida por

f−1(y) = x⇔ y = f(x).

Temos para cada x ∈ D e para y ∈ f(D),

f−1(f(x)) = x e f(f−1(y)) = y.

Para determinar a funcao inversa de uma funcao f tem-se o seguinte processo:

• Determinar o contradomınio de f ;

• verificar se f e injetiva;

• se f e injetiva entao temos f−1 : f(D)→ R definida por

f−1(y) = x⇔ y = f(x).

Exemplo 1.3. Consideremos a funcao real de variavel real definida por f(x) =3x+ 1

x− 2. Ora

Df = {x ∈ R : x− 2 6= 0} = R \ {2};

resolvendo a equacao seguinte em ordem a x,

y = f(x) ⇔ y =3x+ 1

x− 2⇔ y(x− 2) = 3x+ 1 ∧ x 6= 2

⇔ x =2y + 1

y − 3∧ x 6= 2

e portanto x existe desde que y − 3 6= 0, logo

Exemplo 1.4. Consideremos a funcao real de variavel real definida por f(x) = x2.

A funcao f(x) nao e injetiva pois, por exemplo, f(1) = f(−1) = 1. Assim, a

funcao f nao tem inversa. No entanto, se considerarmos a restricao desta funcao

ao intervalo [0,+∞[, ou seja se considerarmos a funcao

g : [0,+∞[→ R

Page 10: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 7

definida por g(x) = x2, esta funcao ja e injetiva e portanto podemos determinar

a sua inversa. Como o seu contradomınio e [0,+∞[ e y = x2 ⇔ x =√y, temos

que g−1 : [0,+∞[→ R

e definida por g−1(x) =√x.

Exemplo 1.5.

D′f = {y ∈ R : y − 3 6= 0} = R \ {3};

para alem disso,

f(x) = f(x′) ⇒ 3x+ 1

x− 2=

3x′ + 1

x′ − 2

⇒ 7(x− x′)(x− 2)(x′ − 2)

= 0

⇒ x = x′

ou seja f e injetiva.

Exemplo 1.6. Portanto

f−1 : R \ {3} → R

e a funcao inversa de f definida por

f−1(y) =2y + 1

y − 3

1.3 Funcao composta

Sejam f : Df ⊆ R→ R e g : Dg ⊆ R→ R

duas funcoes reais de variavel real. A funcao composta de g com f e a funcao

g ◦ f : Dg◦f ⊆ R→ R,

definida por (g ◦ f)(x) = g(f(x)),

e cujo domınio e o conjunto

Dg◦f = {x ∈ Df : f(x) ∈ Dg}.

Exemplo 1.7. Consideremos as funcoes reais de variavel real

Page 11: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 8

f : R→ R e g : R \ {−1} → R

definidas por f(x) = 2x2 − 5 e g(x) =2

x+ 1.

Entao g ◦ f e a funcao definida pela expressao designatoria

(g ◦ f)(x) = g(f(x)) = g(2x2 − 5) =2

2x2 − 4=

1

x2 − 2

e cujo domınio e o conjunto

Dg◦f = {x ∈ Df : f(x) ∈ Dg}

= {x ∈ R : 2x2 − 5 ∈ R \ {−1}}

= R \ {−√

2,√

2}

Exemplo 1.8. Se quisermos calcular f ◦ g em vez de g ◦ f , temos

(f ◦ g)(x) = f(g(x)) = f(2

x+ 1) =

8

(x+ 1)2− 5

e cujo domınio e o conjunto

Df◦g = {x ∈ Dg : g(x) ∈ Df}

= {x ∈ R \ {−1} :2

x+ 1∈ R}

= R \ {−1}

1.4 Funcao exponencial

Dado um numero real a ∈]0,+∞[, a funcao

f : R→ R

definida por

f(x) = ax,

designa-se por funcao exponencial de base a.

Se a = 1, temos a funcao constante f(x) = 1x = 1.

Fazer grafico da exponencial

Propriedades da funcao exponencial

Page 12: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 9

Sejam x, y ∈ R e a, b ∈]0,+∞[. Entao

• a0 = 1

• ax+y = axay

• (ax)y = axy

• (ab)x = axbx

• a−x =1

ax

• f(x) = ax e uma funcao crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1

• se a ∈]0,+∞[\{1}, f(x) = ax e uma funcao injetiva

• se a ∈]0,+∞[\{1}, o contradomınio da funcao f(x) = ax e ]0,+∞[

1.5 Funcao logarıtmica

Se a ∈]0,+∞[\{1}, a funcao exponencial f(x) = ax e injetiva e portanto tem

inversa. A funcao inversa da funcao exponencial designa-se de funcao logaritmo

na base a e representa-se por loga. Como o contradomınio da funcao exponencial

e o intervalo ]0,+∞[, tem-se que

loga :]0,+∞[→ R

e definida por loga(x) = y ⇔ x = ay.

Quando a = e, temos a funcao logaritmo natural que se representa por ln.

Page 13: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 10

Propriedades da funcao logarıtmica

Sejam x, y ∈ R+ e a, b ∈]0,+∞[\{1}. Entao

• loga1 = 0

• loga(xy) = logax+ logay

• loga(x

y) = logax− logay

• loga(xy) = ylogax

• y = loga(x) e uma funcao crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1

• A funcao logarıtmica e uma funcao injetiva

• o contradomınio da funcao logarıtmica e R

1.6 Funcoes trigonometricas

• seno: senα =BC

AC=DE

AC

• coseno: cosα =AB

AC=AD

AC

As funcoes seno e coseno tem domınio R e sao tais que a cada x ∈ R fazem

corresponder

sen x e cos x

respetivamente.

Page 14: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 11

x

y

f(x) = senx

π2

3π2

π 2π0−π2−3π

2−π−2π

Figura 1.5: Grafico da funcao seno

x

y

f(x) = cosx

π2

3π2

π 2π0−π2−3π

2−π−2π

Figura 1.6: Grafico da funcao coseno

O seu contradomınio e o intervalo [−1, 1].

Page 15: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 12

A funcao tangente e definida por

tgx =senx

cosx,

e tem domınio o conjunto{x ∈ R : x 6= π

2+ kπ, k ∈ Z

}.

A funcao cotangente e definida por

cotgx =cosx

senx,

e tem domınio o conjunto{x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z}

A funcao cotangente e definida por

cotgx =cosx

senx,

e tem domınio o conjunto{x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z} .

O contradomınio destas funcoes e o conjunto dos numeros reais, R.

Page 16: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 13

A funcao secante e definida por

secx =1

cosx,

e tem domınio o conjunto{x ∈ R : x 6= π

2+ kπ, k ∈ Z

}.

A funcao cosecante e definida por

cosecx =1

senx,

e tem domınio o conjunto

{x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z}

O contradomınio destas funcoes e o conjunto dos numeros reais, ] − ∞,−1] ∪[1,+∞[.

Page 17: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 14

6

π

4

π

3

π

2

seno 01

2

√2

2

√3

21 0 -1

coseno 1

√3

2

√2

2

1

20 -1 0

tangente 0

√3

31

√3 n.d. 0 n.d.

cotangente n.d.√

3 1

√3

30 n.d. 0

Formulas trigonometricas:

sen2x+ cos2x = 1

1 + tg2x =1

cos2xe 1 + cotg2x =

1

sen2x

ou seja

1 + tg2x = sec2x e 1 + cotg2x = cosec2x

cos(2x) = 1− 2sen2x e sen(2x) = 2 senx cosx

senx− seny = 2senx− y

2cos

x+ y

2e cosx− cosy = −2sen

x+ y

2cos

x− y2

1.7 Funcoes trigonometricas inversas

A funcao seno nao e injetiva, logo nao tem inversa. Consideremos a restricao da

funcao seno ao intervalo [−π2,π

2], a qual se designa de restricao principal, isto e

consideremos a funcao f : [−π2,π

2]→ R,

definida por f(x) = senx. A funcao f e injetiva e portanto tem inversa. A inversa

de f chamamos funcao arco seno e representa-se por arc sen. Assim,

arcsen : [−1, 1]→ R,

e definida por

arcsenx = y ⇔ x = seny e y ∈ [−π2,π

2].

A funcao coseno nao e injetiva, logo nao tem inversa. Consideremos a restricao da

funcao coseno ao intervalo [0, π]. Consideremos a funcao

Page 18: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 15

g : [0, π]→ [−1, 1],

definida por g(x) = cosx. A funcao g e injetiva e portanto tem inversa. A inversa

de g chamamos funcao arco coseno e representa-se por arc cos. Assim,

arccos : [−1, 1]→ R,

e definida por arccosx = y ⇔ x = cosy e y ∈ [0, π].

A funcao tangente nao e injetiva, logo nao tem inversa. Consideremos a restricao

da funcao tangente ao intervalo ]− π

2,π

2[. Consideremos a funcao

h :]− π

2,π

2[→ R,

definida por h(x) = tgx. A funcao h e injetiva e portanto tem inversa. A inversa

de h chamamos funcao arco tangente e representa-se por arc tg. Assim,

arctg : R→ R,

e definida por

arctgx = y ⇔ x = tgy e y ∈]− π

2,π

2[.

A funcao cotangente nao e injetiva, logo nao tem inversa. Consideremos a restricao

da funcao cotangente ao intervalo ]0, π[. Consideremos a funcao

Page 19: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 16

i :]0, π[→ R,

definida por i(x) = cotgx. A funcao i e injetiva e portanto tem inversa. A inversa

de i chamamos funcao arco cotangente e representa-se por arc cotg. Assim,

arccotg : R→ R,

e definida por

arccotgx = y ⇔ x = cotgy e y ∈]0, π[.

1.8 Limites

Seja a funcao f(x) = 2x + 1. Vamos dar valores a x que se aproximem de 1,

pela sua direita (valores maiores que 1) e pela esquerda (valores menores que 1) e

calcular o valor correspondente de y:

x y = 2x+ 1

1,5 4

1,3 3,6

1,1 3,2

1,05 3,1

1,02 3,04

1,01 3,02

x y = 2x+ 1

0,5 2

0,7 2,4

0,9 2,8

0,95 2,9

0,98 2,96

0,99 2,98

Page 20: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 17

Notamos que a medida que x se aproxima de 1, y se aproxima de 3, ou seja, quando

x tende para 1 (x→ 1), y tende para 3 (y → 3), ou seja:

limx→1

f(x) = 3.

Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma funcao, a um ponto de acumulacao

de D e b ∈ R. Diz-se que b e o limite de f quando x tende para a, e escreve-se

limx→a

f(x) = b,

se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que |f(x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal

que 0 < |x− a| < δ.

Questao: Sera que, a medida que x se aproxima de um numero real a, com x 6= a,

f(x) fica cada vez mais proxima de algum numero real b?

em caso afirmativo, dizemos que o limite de f(x) , quando x tende para a e igual

a b e escreve-se

Page 21: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 18

limx→a

f(x) = b.

Sejam D um subconjunto de R, f, g : D → R funcoes, a um ponto de acumulacao

de D. Suponhamos que existem limx→a

f(x) e limx→a

g(x), entao

• existe limx→a

[f(x) + g(x)] e

limx→a

[f(x) + g(x)] = limx→a

f(x) + limx→a

g(x);

• existe limx→a

[f(x)g(x)] e

limx→a

[f(x)g(x)] = [limx→a

f(x)][limx→a

g(x)];

• se limx→a

g(x) 6= 0, existe limx→a

f(x)

g(x)e

limx→a

f(x)

g(x)=

limx→a

f(x)

limx→a

g(x);

Nos limites infinitos podemos usar a regra do limite da soma desde que adotemos

as convencoes:

Sendo a um numero real qualquer,

• (+∞) + (+∞) = +∞;

• (−∞) + (−∞) = −∞;

• (+∞) + a = +∞ = a+∞;

• (−∞) + a = −∞ = a+ (−∞);

Nos limites infinitos podemos usar a regra do limite da soma e do produto desde

que adotemos as convencoes:

• (+∞)× (+∞) = +∞ = (−∞)× (−∞);

• (+∞)× (−∞) = −∞ = (−∞)× (+∞);

Page 22: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 19

• (+∞)× a = +∞ = a× (+∞) se a > 0;

• (+∞)× a = −∞ = a× (+∞) se a < 0;

• (−∞)× a = +∞ = a× (−∞) se a < 0;

• (−∞)× a = −∞ = a× (−∞) se a > 0;

Usando a regra do limite do quociente temos as convencoes:

• a

+∞=

a

−∞= 0 se a ∈ R;

• a

0+= +∞ se a > 0;

• a

0+= −∞ se a < 0;

• a

0−= −∞ se a > 0;

• a

0−= +∞ se a < 0;

Sımbolos de indeterminacao:

• (+∞) + (−∞);

• 0× (+∞); 0× (−∞);

• +∞+∞

;+∞−∞

;−∞+∞

;−∞−∞

;0

0;

Limites notaveis:

Um dos limites notaveis mais conhecido e:

limx→0

ex − 1

x= 1

Fazendo a mudanca de variavel y = ln(x + 1), vem x = ey − 1 e quando x → 0

temos y → 0. Assim,

limx→0

ln(1 + x)

x= lim

y→0

y

ey − 1= lim

y→0

1ey−1y

= 1.

Page 23: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 20

Logo, temos o seguinte limite notavel

limx→0

ln(1 + x)

x= 1

Outro dos limites notaveis importante e:

limx→0

senx

x= 1

Atraves deste limite podemos calcular outros, por exemplo

limx→0

tgx

x= lim

x→0

senxcosx

x= lim

x→0

1

cosx

senx

x=

1

11 = 1.

Logo, temos o seguinte limite notavel

limx→0

tgx

x= 1

Exemplo 1.9. Prove que

limx→0

1− cosxx2

=1

2.

Ora,

limx→0

1− cosxx2

= limx→0

(1− cosx)(1 + cosx)

x2(1 + cosx)

= limx→0

1− cos2x

x2

1

(1 + cosx)

= limx→0

sen2x

x2

1

(1 + cosx)

= limx→0

(senx

x)2 1

(1 + cosx)

=1

2

Vamos provar agora que

limx→0

arcsenx

x= 1

Fazendo a mudanca de variavel y = arcsenx, temos

Page 24: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 21

limx→0

arcsenx

x= lim

y→0

y

seny= lim

y→0

1senyy

= 1.

Tambem

limx→0

arctgx

x= 1

Fazendo a mudanca de variavel y = arctgx, temos

limx→0

arctgx

x= lim

y→0

y

tgy= lim

y→0

1tgyy

= 1.

Vamos provar agora que

limx→+∞

(1 +1

x)x = e

Usando propriedades dos logaritmos temos que

limx→+∞

ln[

(1 + 1x)x]

= limx→+∞

xln(1 +1

x) = lim

x→+∞

ln(1 + 1x)

1x

.

Fazendo a mudanca de variavel y =1

x, vem

limx→+∞

ln[

(1 + 1x)x]

= limy→0

ln(1 + y)

y= 1.

Assim,

limx→+∞

(1 +1

x)x = lim

x→+∞eln

[(1 + 1

x)x

]= e

limx→+∞

ln[

(1 + 1x)x]

= e1 = e.

Ainda,

• limx→0

x2

ex+2 − e2;

• limx→0

ln(x+ 1)

2x;

• limx→0

ln(3x+ 1)

x;

Page 25: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 22

1.9 Limites Laterais

Se a funcao f(x) tende para b1, quando x tende para x0 por valores inferiores a

x0, diz-se que b1 e o limite a esquerda de f , e escreve-se

limx→x−0

f(x) = b1.

Se a funcao f(x) tende para b2, quando x tende para x0 por valores superiores a

x0, diz-se que b2 e o limite a direita de f , e escreve-se

limx→x+0

f(x) = b2.

• Se os limites a esquerda e a direita da funcao f(x) existem e sao iguais, isto e,

se b1 = b2 = b, entao b e o limite de f(x), quando x tende para x0. Inversamente,

se f(x) tem limite b em x0, entao os limites a esquerda e a direita da funcao sao

iguais a b.

como os limites a esquerda e a direita da funcao f(x) existem mas nao sao iguais,

isto e,

limx→x+0

f(x) 6= limx→x−0

f(x),

entao nao existe

limx→x0

f(x).

Page 26: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 23

1.10 Continuidade

Uma funcao real de variavel real f e contınua em a ∈ Df , com a ponto de acu-

mulacao de Df , se e so se

limx→a

f(x) = f(a).

Exemplo 1.10. Consideremos a funcao real de variavel real definida por f(x) =√x+ 1

x. Esta funcao e contınua em x = 1, de facto

limx→1

f(x) = limx→1

√x+ 1

x=

√2

2= f(1).

Se uma funcao f nao e contınua em a diz-se descontınua em ou seja a e um ponto

de descontinuidade de f .

A funcao representada no grafico anterior e descontınua no conjunto dos numeros

inteiros.

Sendo a um ponto de acumulacao do domınio de f e pertencendo a esse domınio.

• A funcao f e contınua a direita de a ∈ Df se e so se

limx→a+

f(x) = f(a).

• A funcao f e contınua a esquerda de a ∈ Df se e so se

limx→a−

f(x) = f(a).

Page 27: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 24

• Se uma funcao f e contınua em x = a, ela e contınua a esquerda e a direita

de a.

• Se uma funcao f e contınua a esquerda e a direita de a, ela e contınua em

x = a.

Exemplo 1.11. Para a funcao definida por

f(x) =

{x+ 1 se x ≥ 2,

x se x < 2.

cujo grafico e

Exemplo 1.12. temos

limx→2+

f(x) = 3 e limx→2+

f(x) = 2

logo nao existe

limx→2

f(x)

uma vez que os limites laterais sao diferentes, logo f nao e contınua em x = 2.

Das propriedades dos limites resulta que

• Sejam f, g : D ⊆ R→ R duas funcoes contınuas em a ∈ D. Entao

f + g, f − g e f.g

sao contınuas em a e se g(a) 6= 0 entao

f

g

Page 28: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 25

e contınua em a.

• Sejam f : Df ⊆ R→ R e g : Dg ⊆ R→ R duas funcoes. Se f e contınua em

a ∈ Df e g contınua em f(a) ∈ Dg, entao g ◦ f e contınua em a.

Exemplo 1.13. • As funcoes constante sao contınuas em R;

• As funcoes polinomiais sao funcoes contınuas em R;

• Uma funcao racional e contınua em todos os pontos do seu domınio;

• A funcao exponencial e contınua em R;

• A funcao logaritmo e contınua em todos os pontos do seu domınio;

• As funcoes trigonometricas sao contınuas no seu domınio;

• As funcoes inversas das funcoes trigonometricas sao contınuas no seu domınio;

• A funcao f diz-se contınua num intervalo ]a, b[ (subconjunto de Df ) se e so

se for contınua em todos os pontos desse intervalo.

• A funcao f diz-se contınua num intervalo fechado [a, b] se e so se e contınua

no intervalo ]a, b[ e tambem e contınua a direita de a e a esquerda de b.

A funcao definida por

f(x) =

{x2 se x ≥ 0,

x+ 1 se x < 0.

cujo grafico e

e contınua no intervalo [−1, 0], mas nao e contınua no intervalo [−0.4, 0.4], uma

vez que nao e contınua a esquerda de 0.

Page 29: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 26

1.11 Teorema de Bolzano

sejam a e b numeros reais tais que a < b e

f : [a, b]→ R

uma funcao contınua tal que

f(a) 6= f(b).

Entao para qualquer valor k entre f(a) e f(b), existe um ponto c ∈]a, b[ tal que

f(c) = k.

• Toda a funcao contınua num intervalo fechado nao pode ir de um valor a outro

sem passar por todos os valores intermedios.

Exemplo 1.14. consideremos a funcao real de variavel real definida por f(x) =

x2 − 2x. Vamos provar que

∃c ∈]0, 6[: f(c) = 15.

A funcao e contınua em R e portanto contınua em qualquer intervalo fechado.

Assim, e contınua em [0, 6]. Como f(0) = 0 e f(6) = 24, o teorema de bolzano

garante a veracidade da proposicao

∃c ∈]0, 6[: f(c) = 15.

De facto: f(c) = c2 − 2c, ou seja c2 − 2c = 15⇔ c = 5 ∨ c = −3.

Como 0 < 5 < 6 , e verdadeira a proposicao.

Page 30: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 27

Corolario de Teorema de Bolzano:

sejam a e b numeros reais tais que a < b e

f : [a, b]→ R

uma funcao contınua tal que

f(a).f(b) < 0.

Entao existe um ponto

c ∈]a, b[

tal que

f(c) = 0.

Exemplo 1.15. Vamos provar que a funcao f : [0, 1]→ R, definida por

f(x) = cos( πx

2

)− x2

tem (pelo menos) um zero em [0, 1].

Esta funcao e contınua pois e a composicao de funcoes contınuas. Como

f(0).f(1) = (cos(0)− 02).(cos(

π

2)− 12

)= 1.(−1) = −1

pelo (Corolario do) Teorema de Bolzano, f tem de ter pelo menos um zero no

intervalo ]0, 1[.

1.12 Teorema de Weierstrass

Seja f : D ⊆ R→ R uma funcao definida num subconjunto nao vazio D.

Page 31: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 28

Dizemos que f tem um maximo (absoluto) no ponto a ∈ D ou que f(a) e um

maximo (absoluto) de f se

f(x) ≤ f(a)

para todo o x ∈ D.

Quando

f(x) ≥ f(a)

para todo o x ∈ D, dizemos que f tem um mınimo (absoluto) no ponto a ∈ D ou

que f(a)e um mınimo (absoluto) de f .

Os maximos e mınimos (absolutos) de f dizem-se extremos absolutos de f .

Teorema de Weierstrass: Sejam D ⊆ R um conjunto nao vazio, fechado e

limitado e

f : D → R

uma funcao contınua. Entao f tem maximo e mınimo absolutos.

Corolario: Sejam a e b numeros reais tais que a < b e

f : [a, b]→ R

uma funcao contınua. Entao f tem maximo e mınimo absolutos.

Exemplo 1.16. Seja f : [1, 5]→ R a funcao definida por

f(x) =

x− 1 se x ∈ [1, 3],

e2x−6 − 1

x− 3se x ∈]3, 5].

Como

limx→3+

f(x) = 3− 1 = 2

e

limx→3−

f(x) =e2x−6 − 1

2(x− 3).2 = 2,

Page 32: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Funcoes reais de variavel real 29

temos limx→3

f(x) = 2 = f(3). Assim, f e contınua no ponto x = 3. Alem disso,

em [1, 5] \ 3 a funcao e contınua pois e a composicao de funcoes contınuas. Pelo

Teorema de Weierstrass, f tem maximo e mınimo absolutos em [1, 5].

Page 33: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 2

Calculo Diferencial em R

2.1 Definicao, Exemplos

Sejam D um subconjunto nao vazio de R, f : D ⊆ R → R e a ∈ D um ponto de

acumulacao de D. Diz-se que f e derivavel ou diferenciavel em a se existe (e e

finito) o limite:

limx→a

f(x)− f(a)

x− aTal limite (quando existe) diz-se a derivada de f no ponto a e representa-se por

f ′(a), Df(a) ou ainda pordf

dx(a).

Fazendo a mudanca de variavel x = a+ h, temos

f ′(a) = limh→0

f(a+ h)− f(a)

h.

Diz-se que a funcao f : D → R e derivavel ou diferenciavel em D se for derivavel

em todo o ponto de D e a nova funcao f ′ : D ⊆ R→ R, que a cada ponto x ∈ Dfaz corresponder f ′(x), chama-se derivada de f e representa-se tambem por Df

oudf

dx.

O quociente f(a+ h)− f(a)

h

representa o declive da recta que passa pelos pontos (a, f(a)) e (a + h, f(a + h)).

Fazendo h tender para zero, a recta que passa nos pontos (a, f(a)) e (a+h, f(a+h)),

vai tender para a recta tangente ao grafico de f e que passa nos pontos (a, f(a)).

Assim, geometricamente, a derivada de uma funcao num ponto do domınio e o

30

Page 34: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 31

declive da recta tangente ao grafico da funcao no ponto considerado. Portanto, a

recta tangente ao grafico de uma funcao f no ponto (a, f(a)) e a recta de equacao

y = f(a) + f ′(a)(x− a).

x

y

f(x)

a a+ h

f(a)

f(a+ h)y = f(a) + f ′(a)(x− a)

Exemplo 2.1. Seja f : R→ R, a funcao definida por

f(x) = k,

onde k e um numero real. Entao

f ′(x) = limh→0

f(x+ h)− f(x)

h= lim

h→0

k − kh

= limh→0

0

h= 0

para cada x ∈ R. Assim, f ′ e a funcao identicamente nula.

Exemplo 2.2. Seja f : R→ R, a funcao definida por

f(x) = x,

Entao,

f ′(x) = limh→0

f(x+ h)− f(x)

h= lim

h→0

x+ h− xh

= limh→0

h

h= 1

Page 35: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 32

para cada x ∈ R. Portanto f ′ : R→ R e a funcao definida por

f ′(x) = 1.

Exemplo 2.3. Seja f : R→ R, a funcao definida por f(x) = ex. Entao,

f ′(x) = limh→0

f(x+ h)− f(x)

h

= limh→0

ex+h − ex

h

= limh→0

exeh − ex

h

= limh→0

ex(eh − 1)

h

= ex limh→0

eh − 1

h= ex

Exemplo 2.4. Seja f :]0,+∞[→ R, a funcao definida por f(x) = lnx. Entao,

f ′(x) = limh→0

f(x+ h)− f(x)

h

= limh→0

ln(x+ h)− lnxh

= limh→0

ln(x+hx

)

h

= limh→0

ln(1 + hx)

hx

.1

x

=1

x

Exemplo 2.5. Seja f : R→ R, a funcao definida por f(x) = senx. Entao,

f ′(x) = limh→0

f(x+ h)− f(x)

h

= limh→0

sen(x+ h)− senxh

= limh→0

2senx+ h− x

2cos

x+ h+ x

2h

= limh→0

sen(h/2)

h/2cos

2x+ h

2= cosx

Page 36: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 33

Exemplo 2.6. Seja f : R→ R, a funcao definida por f(x) = cosx. Entao,

f ′(x) = limh→0

f(x+ h)− f(x)

h

= limh→0

cos(x+ h)− cosxh

= limh→0

−2senx+ h+ x

2sen

x+ h− x2

h

= limh→0−sen2x+ h

2

sen(h/2)

h/2= −senx

2.2 Derivadas laterais

Consideremos a funcao real de variavel real definida por

f(x) =

{x2 se x ≤ 2,

−x+ 6 se x > 2.

representada geometricamente por

−3 −2 −1 1 2 3 4 5 6

−1

1

2

3

4

5

6

0

y = −x+ 2

y = x2

Vamos ver se f e derivavel no ponto de abcissa 2. Para isso vamos verificar se

existe limh→0

f(x+ h)− f(x)

h. A condicao necessaria e suficiente para que este limite

Page 37: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 34

exista e que existam e sejam iguais os limites laterais. Como

limh→0−

f(2 + h)− f(2)

h= lim

h→0−

(2 + h)2 − 4

h

= limh→0−

4 + 4h+ h2 − 4

h= lim

h→0−(4 + h)

= 4

limh→0+

f(2 + h)− f(2)

h= lim

h→0+

−2− h+ 6− 4

h

= limh→0+

−hh

= −1

entao os limites laterais sao diferentes e portanto nao existe limh→0

f(x+ h)− f(x)

h.

Assim, nao existe derivada de f no ponto x = 2.

Sejam f : D → R e a a ∈ D tal que a e ponto de acumulacao de

{x ∈ D : x < a} = D∩]−∞, a[

Diz-se que f e derivavel (ou diferenciavel) a esquerda em a se existe e e finito o

limite

limx→a−

f(x)− f(a)

x− a= lim

h→0−

f(x+ h)− f(x)

h= f ′e(a).

Sejam f : D → R e a a ∈ D tal que a e ponto de acumulacao de

{x ∈ D : x > a} = D∩]a,+∞[

Diz-se que f e derivavel (ou diferenciavel) a direita em a se existe e e finito o limite

limx→a+

f(x)− f(a)

x− a= lim

h→0+

f(x+ h)− f(x)

h= f ′d(a).

Tendo em conta as propriedades dos limites, resulta imediatamente, para pontos

a ∈ D que f e derivavel em a se e so se f e derivavel a esquerda e a direita em a e

f ′e(a) = f ′d(a)

Page 38: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 35

Exemplo 2.7. Consideremos a funcao real de variavel real definida por

f(x) = |x− 2|.

Temos

f ′d(2) = limx→2+

f(x)− f(2)

x− 2= lim

x→2+

|x− 2|x− 2

= 1

e

f ′e(2) = limx→2−

f(x)− f(2)

x− 2= lim

x→2−

|x− 2|x− 2

= limx→2−

−x+ 2

x− 2= −1,

logo f nao e derivavel no ponto 2.

2.3 Regras de derivacao

Sejam f, g funcoes reais de variavel real. Entao

(f + g)′(x) = f ′(x) + g′(x)

(k × f)′(x) = k × f ′(x)

(f × g)′(x) = f ′(x)× g(x) + g′(x)× f(x)(f

g

)′(x) =

f ′(x)× g(x)− g′(x)× f(x)

g2(x)

Exemplo 2.8. (tgx)′ =( senx

cosx

)′=

(senx)′cosx− (cosx)′senx

cos2x

=cosxcosx+ senxsenx

cos2x

=cos2x+ sen2x

cos2x

=1

cos2x

= sec2x

Page 39: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 36

Exemplo 2.9. (cotgx)′ =( cosx

senx

)′=

(cosx)′senx− (senx)′cosx

sen2x

=−senxsenx− cosxcosx

sen2x

=−sen2x− cos2x

sen2x

=−1

sen2x

= −cosec2x

Exemplo 2.10.

(1

ex + 1

)′=

(1)′(ex + 1)− (ex + 1)′1

(ex + 1)2

=−ex

(ex + 1)2

2.4 Derivada da funcao composta

Sejam Df e Dg dois subconjuntos nao vazios de R e f : Df → R e g : Dg → Rfuncoes tais que f(Df ) ⊆ Dg. Suponhamos que a ∈ Df e um ponto de acumulacao

de Df e b = f(a) e um ponto de acumulacao de Dg. Se f e derivavel em a e g e

derivavel em b, entao g ◦ f e derivavel em a e

(g ◦ f)′(a) = g′(f(a))× f ′(a).

Exemplo 2.11. Consideremos a funcao real de variavel real definida por f(x) =

(3x2 − 4)50. Sejam g(x) = 3x2 − 4 e h(x) = x50, entao

(h ◦ g)(x) = f(x).

Logo

f ′(x) = (h ◦ g)′(x)

= h′(g(x))× g′(x)

= 50(3x2 − 4)49 × (3x2 − 4)′

= 50(3x2 − 4)49 × 6x

Exemplo 2.12. Se f e uma funcao real de variavel real diferenciavel, entao

Page 40: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 37

• [ef(x)

]′= f ′(x)ef(x);

• [sen(f(x))

]′= f ′(x)cos(f(x));

• [cos(f(x))

]′= −f ′(x)sen(f(x));

2.5 Derivada da funcao inversa

Sejam f uma funcao diferenciavel e injetiva definida num intervalo I ⊆ R e a ∈ I.

Se f ′(a) 6= 0, entao f−1 e diferenciavel em b = f(a) e

(f−1)′(b) =1

f ′(f−1(b))=

1

f ′(a).

Exemplo 2.13. A funcao g :]0,+∞[→ R definida por

g(x) = ln(x)

e a funcao inversa da funcao f :]0,+∞[→ R

f(y) = ey.

Como f ′(y) = ey 6= 0 para qualquer y ∈ R e y = lnx temos

g′(x) = (f−1)′(x) =1

f ′(y)=

1

ey=

1

x.

Exemplo 2.14. A funcao g : [−1, 1]→ [−π2,π

2] definida por g(x) = arcsenx e a

funcao inversa da funcao f : [−π2,π

2]→ [−1, 1] definida por f(y) = seny.

Como f ′(y) = cosy 6= 0 para qualquer y ∈] − π

2,π

2[ e y = arcsenx, ou seja

x = seny, entao

g′(x) = (f−1)′(x) =1

f ′(y)=

1

cosy.

Usando a formula fundamental da trigonometria, isto e sen2y + cos2y = 1, com

y ∈]− π

2,π

2[, temos cosy =

√1− sen2y, ou seja cosy =

√1− x2. Assim,

Page 41: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 38

(arcsenx)′ =1√

1− x2,

para x ∈]− π

2,π

2[.

Regras de derivacao:

Sejam a e n constantes e u e v funcoes de x,

(1)′ = 0

(xn)′ = n xn−1

(ln x)′ =1

x

(ex)′ = ex

(ax)′ = ln a ax

(logax)′ =1

x ln a

(sen x)′ = cos x

(cos x)′ = −sen x

(tg x)′ = sec2 x

(cotg x)′ = −cosec2 x

(sec x)′ = sec x tg x

(cosec x)′ = −cosec x cotg x

(arctg x)′ =1

1 + x2

(arccotg x)′ =−1

1 + x2

(arcsen x)′ =1√

1− x2

(arccos x)′ =−1√

1− x2

(a)′ = 0

(un)′ = n un−1 u′

(ln u)′ =u′

u

(eu)′ = u′ eu

(au)′ = ln a u′ au

(loga u)′ =u′

u ln a

(u.v)′ = u′v + v′u( u

v

)′=u′v − v′u

v2

(sen u)′ = u′ cos u

(cos u)′ = −u′ sen u

(tg u)′ = u′ sec2 u

(cotg u)′ = −u′ cosec2 u

(sec u)′ = u′ sec u tg u

(cosec x)′ = −u′ cosec u cotg u

(arctg u)′ =u′

1 + u2

(arccotg u)′ =−1

1 + u2

(arcsen u)′ =u′√

1− u2

(arccos u)′ =−u′√1− u2

Page 42: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 39

2.6 Teoremas de Rolle, Lagrange e Cauchy

Teorema de Rolle: Sejam a e b numeros reais tais que a < b e seja

f : [a, b]→ R

uma funcao contınua em [a, b] e diferenciavel em ]a, b[. Se

f(a) = f(b),

entao existe c ∈]a, b[ tal que f ′(c) = 0.

A interpretacao geometrica de f ′(c) = 0 corresponde a que a recta tangente ao

grafico de f no ponto (c, f(c)) e horizontal.

x

y

a bc

f(a) = f(b)

Corolarios:

Sejam I um intervalo e f : I → R uma funcao diferenciavel em I. Entao

• entre dois zeros de f existe pelo menos um zero da derivada;

• entre dois zeros consecutivos da derivada de f existe, quando muito, um zero da

funcao.

Page 43: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 40

x

y

a b c d e

f(a) = f(c) = f(e) = 0

f ′(b) = f ′(d) = 0

Teorema de Lagrange: Sejam a e b numeros reais tais que a < b e

f : [a, b]→ R

uma funcao contınua em [a, b] e diferenciavel em ]a, b[. Entao existe c ∈]a, b[ tal

que

f ′(c) =f(b)− f(a)

b− a.

x

y

a bc

f(a)

f(b)

Geometricamente, o quocientef(b)− f(a)

b− a, e o declive da recta que passa nos

pontos (a, f(a)) e (b, f(b)). O que o Teorema de Lagrange nos diz e que existe

uma recta tangente ao grafico de f paralela a recta que passa nos pontos (a, f(a))

e (b, f(b)).

Page 44: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 41

Corolarios do Teorema de Lagrange:

Sejam I um intervalo de R f, g : I → R funcoes diferenciaveis em I.

- Se f ′(x) = 0 para qualquer x ∈ I, entao f e constante.

- Se f ′(x) > 0 para qualquer x ∈ I, entao f e estritamente crescente em I, ou seja,

para quaisquer x, y ∈ I, se x > y, entao f(x) > f(y).

- Se f ′(x) < 0 para qualquer x ∈ I, entao f e estritamente decrescente em I, ou

seja, para quaisquer x, y ∈ I, se x > y, entao f(x) < f(y).

Teorema de Cauchy: Sejam a e b numeros reais tais que a < b e

f, g : [a, b]→ R

funcoes contınuas em [a, b] e diferenciaveis em ]a, b[. Se g′(x) 6= 0 para qualquer

x ∈]a, b[, entao existe c ∈]a, b[ tal que

f(b)− f(a)

g(b)− g(a)=f ′(c)

g′(c).

Regra de Cauchy: Sejam a e b numeros reais tais que a < b e

f, g :]a, b[→ R

funcoes diferenciaveis em ]a, b[, tais que g′(x) 6= 0 para cada x ∈]a, b[ (a ∈ R,

a = +∞ ou a = −∞). Suponhamos que

limx→a+

f(x) = limx→a+

g(x) = 0(∞)

ou limx→a+

|f(x)| = limx→a+

|g(x)| = +∞.

Se limx→a+

f ′(x)

g′(x)= L, entao

limx→a+

f(x)

g(x)= L.

2.7 Derivadas de ordem superior

Sejam D um subconjunto nao vazio de R e f : D → R uma funcao diferenciavel em

D. Se f ′ e diferenciavel em a ∈ D, entao diz-se que f e duas vezes diferenciavel em

Page 45: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 42

a e a derivada de f ′ em a designa-se por segunda derivada de f em a e representa-se

por

f ′′(a) oud2f

dx2

e e dada por

f ′′(a) = f ′(f ′(a)) = limx→a

f ′(x)− f ′(a)

x− a= lim

h→0

f ′(a+ h)− f ′(a)

h.

Mais geralmente, se existirem as derivadas de f ate a ordem n− 1 e as represen-

tarmos por

f ′, f ′′, . . . , f (n−1)

e f (n−1) e derivavel em a entao diz-se que f tem derivada de ordem n em a e

f (n)(a) = limx→a

f (n−1)(x)− f (n−1)(a)

x− a= lim

h→0

f (n−1)(a+ h)− f (n−1)(a)

h.

• Uma funcao f : D → R, diz-se de classe Cn se f e n vezes diferenciavel em

D e a derivada de ordem n, f (n) e contınua em D.

• Se f admite derivadas de todas as ordens em D, entao dizemos que f e

indefinidamente diferenciavel ou de classe C∞.

Sejam I um intervalo, f : I → R, uma funcao de classe Cn , n+1 vezes diferenciavel

em no interior de I e a um ponto de I. Para cada x ∈ I \{a} existe c estritamente

entre a e x tal que

f(x) = f(a)+f ′(a)(x−a)+f ′′(a)

2!(x−a)2+. . .+

f (n)(a)

n!(x−a)n+

f (n+1)(a)

(n+ 1)!(x−a)n+1.

A f(x) = f(a) + f ′(a)(x− a) +f ′′(a)

2!(x− a)2 + . . .+

f (n)(a)

n!(x− a)n

chamamos polinomio de Taylor de grau n da funcao f em torno de x = a e a

Rn(x) =f (n+1)(a)

(n+ 1)!(x− a)n+1

resto Lagrange de ordem n da funcao f em torno de x = a.

Se a = 0 a formula de Taylor designa-se por formula de Mac-Laurine e o polinomio

de Taylor designa-se por polinomio de Mac-Laurin.

Page 46: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 43

Ao polinomio de Taylor de grau um de uma funcao f em torno de a chamamos

linearizacao ou aproximacao linear de f em torno de x = a, ou seja, a funcao dada

por L(x) = f(a) + f ′(a)(x− a)

e a linearizacao de f em torno em torno de x = a. Nestas condicoes escrevemosf(x) ≈ f(a) + f ′(a)(x− a).

Ao polinomio de Taylor de grau dois de uma funcao f em torno de x = a, isto e,

a funcao dada por

Q(x) = f(a) + f ′(a)(x− a) +f ′′(a)

2!(x− a)2

chamamos aproximacao quadratica de f em torno de x = a e escrevemos

f(x) ≈ f(a) + f ′(a)(x− a) +f ′′(a)

2!(x− a)2.

Exemplo 2.15. Seja f a funcao exponencial. Atendendo a que f (n)(x) = ex, para

cada n ∈ N e, portanto, f (n)(0) = e0 = 1 o polinomio de Mac-Laurin de grau n e

dado por pn(x) = f(0) + f ′(0)x+f ′′(0)

2!x2 + . . .+

f (n)(0)

n!xn

ou seja pn(x) = 1 + x+1

2x2 + . . .+

1

n!xn

e, por conseguinte, temos a seguinte aproximacao linear

ex ≈ 1 + x

e a seguinte aproximacao quadratica

ex ≈ 1 + x+1

2x2.

2.8 Monotonia e extremos relativos

Ja vimos que para estudar a monotonia de uma funcao basta estudar o sinal da

primeira derivada. Isso e consequencia de corolarios do Teorema de Lagrange:

- Se f ′(x) > 0 para qualquer x ∈ I, entao f e estritamente crescente em I, ou seja,

para quaisquer x, y ∈ I, se x > y, entao f(x) > f(y).

- Se f ′(x) < 0 para qualquer x ∈ I, entao f e estritamente decrescente em I, ou

seja, para quaisquer x, y ∈ I, se x > y, entao f(x) < f(y).

Sejam D um subconjunto nao vazio de , f : D → R uma funcao e a ∈ D. Diz-se

que a funcao f tem um maximo local ou relativo no ponto a ou que f(a) e um

Page 47: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Diferencial em R 44

maximo local ou relativo da funcao f se existir um ε > 0 tal quef(x) ≤ f(a), qualquer que seja x ∈]a− ε, a+ ε[∩ D

Do mesmo modo a funcao f tem um mınimo local ou relativo no ponto a ou que

f(a) e um mınimo local ou relativo da funcao f se existir um ε > 0 tal quef(x) ≥ f(a), qualquer que seja x ∈]a− ε, a+ ε[∩ D

Diz-se que f tem um extremo local ou relativo no ponto a ou que f(a) e um

extremo local ou relativo da funcao f se f tiver um maximo ou um mınimo local

no ponto a.

Seja

f : D ⊆ R→ R,

uma funcao diferenciavel num ponto a interior a D. Se f(a) e um extremo local

de f , entao

f ′(a) = 0.

2.9 Concavidades e pontos de inflexao

Page 48: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 3

Primitivacao

3.1 Definicao e Generalidades

Seja I um intervalo e f : I → R uma funcao. Chama-se primitiva de f em I a

toda a funcao

F : I → R,

tal que

F ′(x) = f(x),

para todo o x ∈ I.

Diz-se que f(x) e primitivavel em I quando f(x) possui pelo menos uma primitiva.

Exemplo 3.1. F (x) = 2x e uma primitiva, em R, da funcao f(x) = 2 e , pois

F ′(x) = 2.

Exemplo 3.2. F (x) = ln(−x) e uma primitiva da funcao f(x) =1

xno intervalo

]−∞, 0[, pois F ′(x) =1

x.

Exemplo 3.3. F (x) = ln|x|+ 1

3e uma primitiva da funcao f(x) =

1

xem qualquer

dos intervalos ]−∞, 0[ e ]0,+∞[, pois F ′(x) =1

x.

Seja F (x) uma primitiva de f(x) em I, atendendo ao facto de que (F (x) + c)′ =

(F (x))′, para toda a constante c, podemos afirmar que qualquer funcao da forma

G(x) = F (x) + c e tambem uma primitiva de f(x).

45

Page 49: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 46

Exemplo 3.4. Dda a funcao f(x) =1

xpodemos dizer que qualquer funcao da

forma ln|x|+ c e primitiva de f(x) num dos intervalos ]−∞, 0[ ou ]0,+∞[.

A notacao ∫f(x) dx

sera usada para representar o conjunto das primitivas da funcao f : I → R. Assim,∫f(x) dx = {F (x) + c : c ∈ R}.

Por uma questao de simplicidade de escrita escrevemos apenas∫f(x) dx = F (x) + c.

Exemplo 3.5. 1.

∫1 dx = x+ c

2.

∫x dx =

x2

2+ c.

3.

∫x2 dx =

x3

3+ c.

De um modo geral, sendo α um numero real fixo

∫xα dx =

xα+1

α + 1+ c se α 6= −1

ln|x|+ c se α = −1

Exemplo 3.6. 1.

∫x−2 dx =

x−1

−1= −1

x+ c

2.

∫1

x3dx =

∫x−3 dx =

x−2

−2= − 1

2x2+ c

3.

∫3√x2 dx =

∫x

23 dx =

x53

53

=3x

53

5+ c

Exercıcio 3.1. Determine a funcao F (x) tal que F ′(x) =1

x+ 2e F (−1) = 5.

Ora, F (x) =

∫1

x+ 2= ln|x+ 2|+ c.

Page 50: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 47

Como F (−1) = 5, entao ln| − 1 + 2|+ c = 5, ou seja c = 5. Assim,

F (x) = ln|x+ 2|+ 5.

Se f e g sao duas funcoes primitivaveis num intervalo I e k ∈ R, entao∫f(x) + g(x) dx =

∫f(x) dx+

∫g(x) dx

∫kf(x) dx = k

∫f(x) dx

Exemplo 3.7. 1.

∫(1 + x− x3) dx =

∫1 dx+

∫x dx−

∫x3 dx

= x+x2

2− x4

4+ c

2.

∫(5 3√x− 1√

x) dx = 5

∫x

13 dx−

∫x−

12 dx

= 5x

43

43

− x12

12

=15

4x 3√x− 2

√x+ c

3.2 Primitivas imediatas e quase-imediatas

Vamos indicar regras de primitivacao imediata, apresentando para cada uma al-

guns exemplos de aplicacao.

Seja f(x) uma funcao e α 6= −1 pertencente a R.

∫f ′(x)[f(x)]α dx =

[f(x)]α+1

α + 1+ c, α 6= −1

Exemplo 3.8. 1.

∫(x− 2)5 dx =

(x− 2)6

6+ c

2.

∫3x2(1 + x3)2 dx =

(1 + x3)3

3+ c

3.

∫x2(1 + x3)2 dx =

1

3

(1 + x3)3

3=

(1 + x3)3

9+ c

Exercıcio 3.2. Determine as seguintes primitivas:

Page 51: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 48

1.

∫(2x− 2)4 dx

2.

∫x3(1− x4)2 dx

3.

∫5x2

3√x3 + 5

dx

4.

∫(arctg x)4

3 + 3x2dx

5.

∫x cos2(x2)sen(x2) dx

6.

∫tg5x sec2x dx

7.

∫x log3(x2 + 1)

x2 + 1dx

∫f ′(x)

f(x)dx = ln|f(x)|+ c

Exemplo 3.9. 1.

∫10

x+ 5dx = 10

∫1

x+ 5dx = 10ln|x+ 5|+ c

2.

∫2x

x2 + 1dx = = ln|x2 + 1|+ c

3.

∫x2 + 1

x3 + 3xdx =

1

3ln|x3 + 3x|+ c

Exercıcio 3.3. Determine as seguintes primitivas:

1.

∫ex

ex + 1dx

2.

∫tg x dx

3.

∫cotg x dx

4.

∫1

x ln xdx

∫f ′(x)ef(x) dx = ef(x) + c

∫f ′(x)af(x) dx =

af(x)

lna+ c, a ∈ R+

Exemplo 3.10. 1.

∫xex

2

dx =1

2

∫2xex

2

dx =1

2ex

2

+ c

2.

∫sen x ecosx dx = −

∫−sen x ecosx dx = −ecosx + c

3.

∫3x dx =

1

ln3

∫3xln3 dx =

1

ln33x + c

Exercıcio 3.4. Determine as seguintes primitivas:

Page 52: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 49

1.

∫earcsen x

√1− x2

dx 2.

∫3cos

2xsen(2x) dx

∫f ′(x)cos(f(x)) dx = sen(f(x)) + c

∫f ′(x)sen(f(x)) dx = −cos(f(x)) + c

Exemplo 3.11. 1.

∫sen(6x) dx =

1

6

∫6sen(6x) dx = −1

6cos(6x) + c

2.

∫excos(ex) dx = sen(ex) + c

3.

∫sen(lnx)

x=

∫1

xsen(lnx) dx = −cos(lnx) + c

∫f ′(x)sec2(f(x)) dx = tg(f(x)) + c

∫f ′(x)cosec2(f(x)) dx = −cotg(f(x)) + c

Exemplo 3.12. 1.

∫sec2(lnx)

3xdx =

1

3

∫sec2(lnx)

1

xdx =

1

3tg(lnx) + c

2.

∫excosec2(ex) dx = −cotg(ex) + c

∫f ′(x)sec(f(x))tg(f(x)) dx = sec(f(x)) + c

∫f ′(x)cosec(f(x))cotg(f(x)) dx = −cosec(f(x)) + c

Exemplo 3.13. 1.

∫excosec(ex + 2)cotg(ex + 2) dx = −cosec(ex + 2) + c

Page 53: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 50

2.

∫sen(2x)sec3(x) dx =

∫2sen x cos x

cos3xdx

= 2

∫sen x

cos x.

1

cos x= 2

∫sec x tg x dx

= 2sec x+ c

∫f ′(x)

1 + f(x)2dx = arctg(f(x)) + c ou

∫f ′(x)

1 + f(x)2dx = −arccotg(f(x)) + c

Exemplo 3.14. 1.

∫5

1 + x2dx = 5

∫1

1 + x2dx = 5arctg x+ c

2.

∫1

1 + 4x2dx =

∫1

1 + (2x)2dx =

1

2arctg(2x) + c

3.

∫ex

1 + e2xdx =

∫ex

1 + (ex)2dx = arctg(ex) + c

Exercıcio 3.5. Determine as seguintes primitivas:

1.

∫x

5 + 7x4dx 2.

∫5

4 + 16x2dx

∫f ′(x)√

1− f(x)2dx = arcsen(f(x)) + c ou

∫f ′(x)√

1− f(x)2dx = −arccos(f(x)) + c

Exemplo 3.15. 1.

∫3√

1− x2dx = 3

∫1√

1− x2dx = 3arcsen x+ c

2.

∫x2

√1− x6

dx =

∫x2√

1− (x3)2dx

=1

3

∫3x2√

1− (x3)2dx =

1

3arcsen(x)3 + c

3.

∫3√

4− x2dx = 3

∫1√

4− x2dx

= 3

∫ 12√

1− (x2)2

dx = 3arcsen(x

2) + c

Exercıcio 3.6. Determine as seguintes primitivas:

Page 54: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 51

1.

∫1√

25− 9x2dx 2.

∫ex√

4e−2x − e−2xdx

∫f ′(x)

f(x)√f(x)2 − 1

dx = arcsec(f(x)) + c

ou ∫f ′(x)

f(x)√f(x)2 − 1

dx = −arccosec(f(x)) + c

Exemplo 3.16. 1.

∫1

x√

9x2 − 1dx =

∫1

x√

(3x)2 − 1dx

=

∫3

3x√

(3x)2 − 1dx = arcsec(3x) + c

3.3 Metodo de primitivacao por partes

A primitivacao por partes aplica-se muitas vezes quando se pretende primitivar

um produto de funcoes.

Sejam f(x) e g(x) funcoes diferenciaveis num intervalo I. Como

[f(x).g(x)]′ = f ′(x).g(x) + f(x).g′(x),

entao,

f ′(x).g(x) = [f(x).g(x)]′ − f(x).g′(x).

Assim, f ′g e primitivavel se e so se fg′ tambem o e e tem-se∫f ′(x).g(x) dx =

∫[f(x).g(x)]′ dx−

∫f(x).g′(x) dx,

ou seja, ∫f ′(x).g(x) dx = f(x).g(x)−

∫f(x).g′(x) dx ,

formula que exprime o metodo de primitivacao por partes.

Nota 3.1. Na aplicacao do metodo de primitivacao por partes a funcao denomi-

nada f ′(x) tem de ter primitiva conhecida.

Page 55: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 52

Nota 3.2. Atendendo a que no metodo de primitivacao por partes temos de cal-

cular

∫f(x).g′(x) dx , convem que esta primitiva seja mais simples que a inicial,

para isso escolhe-se para g(x), a funcao que mais se simplifica por derivacao.

Nota 3.3. O metodo de primitivacao por partes pode ser aplicado quando se

pretende primitivar uma funcao, desde que se introduza o fator 1, cosiderando

f ′(x) = 1.

Exemplo 3.17. 1.

∫ln x dx =

∫1.ln x dx

= x ln x−∫x(ln x)′ dx

= x ln x−∫x

1

xdx

= x ln x−∫

1 dx

= x ln x− x+ c

2.

∫x ln x dx =

x2

2ln x−

∫x2

2(ln x)′ dx

=x2

2ln x−

∫x2

2

1

xdx

=x2

2ln x− 1

2

∫x dx

=x2

2ln x− x2

4+ c

3.

∫x cos x dx = x sen x−

∫sen x.(x)′ dx

= x sen x−∫sen x dx

= x sen x− (−cos x)

= x sen x+ cos x+ c

4.

∫arctg x dx =

∫1.arctg x dx

= x arctg x−∫x.(arctg x)′ dx

= x arctg x−∫x.

1

1 + x2dx

= x arctg x−∫

x

1 + x2dx

= x arctg x− 1

2

∫2x

1 + x2dx

= x arctg x− 1

2ln(1 + x2) + c

Page 56: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 53

5.

∫arcsen x dx =

∫1.arcsen x dx

= x arcsen x−∫x.(arcsen x)′ dx

= x arcsen x−∫x.

1√1− x2

dx

= x arcsen x−∫

x√1− x2

dx

= x arcsen x+1

2

∫−2x(1− x2)−

12 dx

= x arcsen x+1

2

(1− x2)12

12

= x arcsen x+√

1− x2 + c

6.

∫cos2x dx =

∫cos x.cos x dx

= sen x cos x−∫sen x.(cos x)′ dx

= sen x cos x−∫sen x.(−sen x)′ dx dx

= sen x cos x+

∫sen2x dx

= sen x cos x+

∫(1− cos2x) dx

= sen x cos x+

∫1 dx−

∫cos2x dx

⇔ 2

∫cos2x dx = sen x cos x+ x

⇔∫cos2x dx =

sen x cos x+ x

2+ c

Por vezes e necessario aplicar mais que uma vez o metodo de primitivacao por

partes como vamos ver no exemplo a sequir:

Exemplo 3.18.

∫x2ex dx

= x2ex −∫ex.(x2)′ dx

= x2ex − 2

∫ex.x dx

= x2ex − 2[xex −

∫ex dx

]= x2ex − 2xex + 2ex + c

Exercıcio 3.7. Determine as seguintes primitivas:

Page 57: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 54

1.

∫x sen(2x) dx

2.

∫x−2ln2x dx

3.

∫exsen x dx

4.

∫(2x+ 1)e−3x dx

5.

∫3xcos x dx

3.4 Metodo de primitivacao por substituicao

Seja f : I → R uma funcao primitivavel e g : J → R bijectiva e diferenciavel, tal

que g′(t) 6= 0, para cada t ∈ J . Seja F (x) uma primitiva de f(x), entao como

(F ◦ g)′(t) = (F (g(t)))′ = F ′(g(t))g′(t) = f(g(t)).g′(t)

entao F ◦ g e uma primitiva de (f ◦ g)g′. Assim,

∫f(x) dx =

∫f(g(t)g′(t) dt com t = g−1(x)

Para primitivarmos por substituicao usamos a notacao dx = g′(t) dt.

Exemplo 3.19. Para calcularmos

∫1

1 +√xdx, fazemos a substituicao t =

√x,

ou sja x = t2. Assim

dx = 2t dt,

donde vem

∫1

1 +√xdx =

∫1

1 + t× 2t dt

= 2(

∫1− 1

1 + t) dt

= 2(t− ln|t+ 1|)

= 2(√x− ln|

√x+ 1|) + c

Exemplo 3.20. Para calcularmos

∫ √1− x2 dx, fazemos a substituicao x =

sent. Assim

dx = cost dt,

Page 58: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 55

donde vem

∫ √1− x2 dx =

∫ √1− sen2t× cost dt

=

∫cos2t dt

=

∫1 + cos(2t)

2dt

=

∫1

2dt+

1

2

∫cos(2t) dt

=1

2t+

1

4sen(2t) dt

=1

2t+

1

2sent cost dt

Como x = sent, vem t = arcsenx. Para alem disso, pela formula fundamental da

trigonometria resulta que

cost =√

1− sen2t =√

1− x2.

Logo,

∫ √1− x2 dx =

1

2arcsen x+

x

2

√1− x2 + c

Exercıcio 3.8. Determine

∫1

x2√

1− x2dx

Exemplo 3.21. Para calcularmos

∫1

(1 + x2)√

1 + x2dx, fazemos a substituicao

x = tgt. Assim

dx = sec2t dt,

donde vem

∫1

(1 + x2)√

1 + x2dx =

∫1

(1 + tg2t)√

1 + tg2tsec2t dt

=

∫sec2t

(sec2t)√sec2t

dt

=

∫1

sec tdt

=

∫cos t dt

= sen t dt

Como x = tg t, vem t = arctg x. Para alem disso, tem-se que

1 + tg2t = sec2t.

ou seja

1 + tg2t =1

cos2t.

Page 59: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 56

donde tiramos1

1 + x2= cos2t.

logo pela formula fundamental da trigonometria

sen t =√

1− cos2t.

ou seja

sen t =

√1− 1

1 + x2.

ou ainda

sen t =x√

1 + x2.

Logo,

∫1

(1 + x2)√

1 + x2dx =

x√1 + x2

+ c

Exercıcio 3.9. Determine

∫1

x2√x2 + 4

dx

Exemplo 3.22. Para calcularmos

∫1

x2√x2 − 1

dx, fazemos a substituicao x =

sect. Assim

dx = sec t× tg t dt,

donde vem

∫1

x2√x2 − 1

dx =

∫1

sec2t√sec2t− 1

× secttgt dt

=

∫sec t× tg t

sec2t√tg2t

dt

=

∫1

sec tdt

=

∫cos t dt

= sen t dt

Para alem disso,

tem-se que

sec t =1

cos t,

ou seja

cos t =1

sec t.

donde tiramos

cos t =1

x.

logo pela formula fundamental da trigonometria

sen t =√

1− cos2t.

Page 60: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 57

ou seja

sen t =

√1− 1

x2.

ou ainda

sen t =

√x2 − 1

x.

Logo,

∫1

x2√x2 − 1

dx =

√x2 − 1

x+ c

Exercıcio 3.10. Determine

∫ √2x2 − 7

x2dx

Exemplo 3.23. Para calcularmos

∫1

1 + exdx, fazemos a substituicao ex = t.

Assim x = lnt e portanto

dx =1

tdt,

donde vem

∫1

1 + exdx =

∫1

1 + t× 1

tdt

=

∫1

t(1 + t)dt

=

∫ (1

t− 1

1 + tdt

)=

∫1

t−∫

1

1 + tdt

= ln|t| − ln|1 + t|

= ln|ex| − ln|1 + ex|

= x− ln|1 + ex|+ c

Exemplo 3.24. Para calcularmos

∫1 + ln3x

x(1 + ln x)dx, fazemos a substituicao ln x =

t. Assim x = et e portanto

dx = et dt,

donde vem

∫1 + ln3x

x(1 + ln x)dx =

∫(1 + t3)et

et(1 + t)dt

=

∫1 + t3

1 + tdt

=

∫(1 + t)(t2 − t+ 1)

1 + tdt

=

∫t2 − t+ 1 dt

=t3

3− t2

2+ t

=(ln x)3

3− (ln x)2

2+ ln x+ c

Page 61: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 58

3.5 Primitivacao de funcoes racionais

Uma funcao racional e uma funcao f : D → R definida por

f(x) =P1(x)

P2(x),

onde P1 e P2 sao polinomios e D = {x ∈ R : P2(x) 6= 0}. Assumimos que P1 e P2

nao tem zeros (reais ou complexos) comuns. Se o grau de P1 e maior ou igual do

que o grau de P2, entao fazendo a divisao de P1 por P2 temos

P1(x) = Q(x)P2(x) +R(x),

logo,P1(x)

P2(x)= Q(x) +

R(x)

P2(x),

onde Q e R sao polinomios e o grau de R e menor do que o grau de P2. Assim, para

primitivarmos as funcoes racionais basta sabermos primitivar as funcoes racionais

onde o grau do numerador e menor do que o grau do denominador.

Exemplo 3.25. Para calcularmos

∫x3 + 1

x2 − 1dx, Efetuamos a divisao dos po-

linomios e obtemos

(x3 + 1

):(x2 − 1

)= x+

x+ 1

x2 − 1− x3 + x

x

entao,∫x3 + 1

x2 − 1dx =

∫x dx+

∫x+ 1

x2 − 1dx

=x2

2+

∫x+ 1

(x− 1)(x+ 1)dx

=x2

2+

∫1

x− 1dx

=x2

2+ ln|x− 1|+ c

Page 62: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 59

3.5.1 Decomposicao em fracoes simples

Sejam P1 e P2dois polinomios com o grau de P1 menor do que o grau de P2 e sem

raizes (reais ou complexas) em comum. Entao

P2(x) = (x−a1)m1(x−a2)m2 . . . (x−ak)mk[

(x− p1)2 + q21

]n1

. . .[

(x− pr)2 + q2r

]nronde as raızes reais de P2 sao

- a1, a2, . . . , ak com multiplicidades m1,m2, . . . ,mk respectivamente

e as raızes complexas de P2 sao

- p1± q1i, p2± q2i, . . . , pr± qri com multiplicidades n1, n2, . . . , nr respectivamente.

P1(x)

P2(x)=

A1,1

x− a1

+ . . .+A1,m1

(x− a1)m1

+ . . .+Ak,1x− ak

+ . . .+Ak,m1

(x− ak)mk

+ . . .+B1,1x+ C1,1

(x− p1)2 + q21

+ . . .+B1,n1x+ C1,n1

[(x− p1)2 + q21]n1

+ . . .+Br,1x+ Cr,1

(x− pr)2 + q2r

+ . . .+Br,n1x+ Cr,n1

[(x− pr)2 + q2r ]nr

1o Caso: O polinomio do denominador admite raızes reais simples a1, a2, . . . , an.

Efetua-se a decomposicao da fracao na soma de n fracoes simples cujos numerado-

res sao constantes a determinar e cujos denominadores sao x−a1, x−a2, . . . , x−anrespetivamente.

Exemplo 3.26. Pretendemos calcular

∫x2

x2 − 1dx. Efetuamos a divisao dos

polinomios (x2)

:(x2 − 1

)= 1 +

1

x2 − 1− x2 + 1

1

e obtemosx2

x2 − 1= 1 +

1

x2 − 1.

Page 63: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 60

Agora precisamos de fatorizar o denominador. Para isso basta ter em conta que

as raızes do denominador sao 1 e −1. Assim,

1

(x− 1)(x+ 1)=

A

x− 1+

B

x+ 1,

ou seja1

(x− 1)(x+ 1)=A(x+ 1) +B(x− 1)

(x− 1)(x+ 1),

pelo que

1 = A(x+ 1) +B(x− 1).

Fazendo x = −1, vem B = −12

e fazendo x = 1 vem A = 12. Entao

1

(x− 1)(x+ 1)=

12

x− 1−

12

x+ 1.

Logo,

∫x2

x2 − 1dx =

∫1 +

1

x2 − 1dx

=

∫1 dx+

∫ 12

x− 1dx−

∫ 12

x+ 1dx

= x+1

2

∫1

x− 1dx− 1

2

∫1

x+ 1dx

= x+1

2ln|x− 1| − 1

2ln|x+ 1|+ c

Exercıcio 3.11. Determine

∫2x+ 3

x3 + x2 − 2xdx

2o caso: O polinomio do denominador admite raızes reais simples ou multiplas.

Neste caso a cada raiz real simples a corresponde uma fracao da formaA

x− a, e a

cada raiz real a de multiplicidade m corresponde a soma das fracoes simples:

A1

x− a+

A2

(x− a)2+ . . .+

Am(x− a)m

,

com A,A1, . . . , Am constantes a determinar.

Exemplo 3.27. Pretendemos calcular

∫x+ 1

x3(x+ 2)dx.

As raızes do denominador sao −2, raiz real simples, e 0, raiz real de multiplicidade

3. Assim,

x+ 1

x3(x+ 2)=A

x3+B

x2+C

x+

D

x+ 2,

Page 64: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 61

ou sejax+ 1

x3(x+ 2)=A(x+ 2) +Bx(x+ 2) + Cx2(x+ 2) +Dx3

x3(x+ 2),

pelo que

x+ 1 = A(x+ 2) +Bx(x+ 2) + Cx2(x+ 2) +Dx3. (3.1)

Fazendo x = 0, vem A = 12, fazendo x = −2 vem D = 1

8. So falta calcular as

constantes B e C.

Para isso escrevemos a equacao (3.1) na forma

x+ 1 = Ax+ 2A+Bx2 + 2Bx+ Cx3 + 2Cx2 +Dx3,

ou seja

x+ 1 = (C +D)x3 + (B + 2C)x2 + (A+ 2B)x+ 2A.

Pela igualdade de polinomios temos que{C +D = 0

B + 2C = 0

donde vem C = −D = −18

e B = −2C = 14. Entao

x+ 1

x3(x+ 2)=

12

x3+

14

x2+−1

8

x+

18

x+ 2.

Logo,

∫x+ 1

x3(x+ 2)dx =

∫ 12

x3+

14

x2+−1

8

x+

18

x+ 2dx

=1

2

∫x−3 dx+

1

4

∫x−2 dx− 1

8

∫1

xdx+

1

8

∫1

x+ 2dx

=1

2

x−2

−2+

1

4

x−1

−1− 1

8ln|x|+ 1

8ln|x+ 2|

= − 1

4x2− 1

4x− 1

8ln|x|+ 1

8ln|x+ 2|+ c

3o caso: O denominador tem apenas duas raizes complexas que tem de ser

conjugadas dado que os coeficientes sao reais.

para primitivar funcoes do tipo

Bx+ C

(x− p)2 + q2

Page 65: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 62

faz-se uma mudanca de variavel x = p+ qt e tem-se dx = q dt, logo∫Bx+ C

(x− p)2 + q2dx =

∫ 12

x3+

14

x2+−1

8

x+

18

x+ 2dx

Exemplo 3.28. Queremos calcular a primitiva∫x+ 3

(x+ 1)2 + 3dx

faz-se uma mudanca de variavel x = −1 +√

3t e tem-se dx =√

3 dt, logo∫x+ 3

(x+ 1)2 + 3dx =

∫ √3(2 +

√3t)

3t2 + 3dt

=

√3

3

∫2 +√

3t

t2 + 1dt

=

√3

3

( ∫2

t2 + 1dt+

∫ √3t

t2 + 1dt

)=

2√

3

3

∫1

t2 + 1dt+

∫t

t2 + 1dt

=2√

3

3arctg|t|+ 1

2

∫2t

t2 + 1dt

=2√

3

3arctg|t|+ ln|t2 + 1|

=2√

3

3arctg|x+ 1√

3|+ ln|(x+ 1)2

3+ 1|+ c

4o caso: O denominador admite uma raiz complexa multipla.

Este caso exige o calculo da seguinte primitiva:

Ik =

∫1

(t2 + a)kdt

Usando o metodo de primitivacao por partes temos

Page 66: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 63

Ik =

∫1

(t2 + a)kdt =

1

a[

∫t2 + a− t2

(t2 + a)kdt]

=1

a

∫1

(t2 + a)k−1dt− 1

a

∫t2

(t2 + a)kdt

=1

aIk−1 −

1

a

∫t2(t2 + a)−k dt

=1

aIk−1 −

1

2a

∫2t(t2 + a)−k t dt

=1

aIk−1 −

1

2a

[(t2 + a)−k+1

−k + 1t−∫

(t2 + a)−k+1

−k + 1(t′) dt

]=

1

aIk−1 −

1

2a

[1

1− kt

(t2 + a)k−1− 1

1− k

∫1

(t2 + a)k−1dt

]=

1

aIk−1 +

1

(2k − 2)a

t

(t2 + a)k−1+

1

(2− 2k)aIk−1 dt

=3− 2k

(2− 2k)aIk−1 +

1

(2k − 2)a

t

(t2 + a)k−1dt

formula de recorrencia.

Exemplo 3.29.

∫1

(t2 + 1)3dt =

3− 6

2− 6

∫1

(t2 + 1)2dt+

1

6− 2

t

(t2 + 1)2dt

=3

4

∫1

(t2 + 1)2dt+

1

4

t

(t2 + 1)2

=3

8

[ ∫1

(t2 + 1)dt+

t

(t2 + 1)dt

]+

t

4(t2 + 1)2

=3

8arctg t+

3t

8(t2 + 1)+

t

4(t2 + 1)2+ c

Caso Geral: O denominador admite raızes reais simples ou complexas, simples

ou multiplas.

Exemplo 3.30. Pretendemos calcular

∫5x

(x2 + 1)(x+ 2)dx.

Fazemos a seguinte decomposicao da fracao:

5x

(x2 + 1)(x+ 2)dx =

A

x+ 2+Bx+ C

x2 + 1,

ou seja5x

(x2 + 1)(x+ 2)dx =

A(x2 + 1) + (Bx+ C)(x+ 2)

(x2 + 1)(x+ 2),

pelo que

5x = A(x2 + 1) + (Bx+ C)(x+ 2). (3.2)

Fazendo x = −2, vem A = −2. So falta calcular as constantes B e C.

Page 67: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Primitivacao 64

Para isso escrevemos a equacao (3.2) na forma

5x = Ax2 + A+Bx2 + 2Bx+ Cx+ 2C,

ou seja

5x = (A+B)x2 + (2B + C)x+ (A+ 2C).

Pela igualdade de polinomios temos que{A+B = 0

A+ 2C = 0

donde vem B = −A = 2 e C = −A2

= 1. Entao

5x

(x2 + 1)(x+ 2)dx =

−2

x+ 2+

2x+ 1

x2 + 1,

Logo,

∫5x

(x2 + 1)(x+ 2)dx =

∫−2

x+ 2+

2x+ 1

x2 + 1dx

= −2ln|x+ 2|+∫

2x

x2 + 1dx+

∫1

x2 + 1dx

= −2ln|x+ 2|+ ln|x2 + 1|+ arctg x+ c

Page 68: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 4

Calculo Integral em R

4.1 Integral de Riemann: definicao e proprieda-

des

Suponhamos que uma funcao f e contınua e nao negativa num intervalo [a, b].

Queremos saber como se calcula a area da regiao R limitada pela curva y = f(x),

pelo eixo dos xx, e, pelas retas x = a e x = b, como vemos na figura seguinte.

Uma particao P do intervalo [a, b] e um conjunto finito

P = {x0, x1, x2, . . . , xn},

onde

a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn = b.

65

Page 69: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 66

Uma particao P do intervalo [a, b] divide [a, b] em n intervalos

[x0, x1], [x2, x3], . . . , [xn−1,xn].

A amplitude do intervalo de cada intervalo [xi−1, xi] e indicada por

∆xi = xi − xi−1.

As amplitudes dos intervalos nao sao necessariamente iguais;

Este processo divide a regiao R em n faixas como podemos ver na figura seguinte:

Em seguida, vamos aproximar cada faixa de um rectangulo com a altura igual a

altura da curva y = f(x) em algum ponto do sub-intervalo. Isto e, para o primeiro

sub-intervalo [x0, x1] escolhemos um x∗1 contido no sub-intervalo e usamos f(x∗1)

para altura do primeiro rectangulo. A area deste retangulo e entao f(x∗1)∆x1.

De forma semelhante para cada sub intervalo restante [xk−1, xk], 2 ≤ k ≤ n, esco-

lhemos um x∗k e calculamos a area do correspondente retangulo, ou seja f(x∗k)∆xk.A

area aproximada da regiao R e entao a soma destas areas retangulares e denota-se

por

S∗(P ) =n∑k=1

f(x∗k)∆xk.

Dependendo dos pontos x∗k que selecionamos a nossa estimativa pode ser muito

grande ou muito pequena. Por exemplo, se escolhermos cada x∗i como sendo o

ponto no sub intervalo com altura maxima, superestimamos a area de R, chamada

Soma Superior (ver figura seguinte).

Page 70: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 67

Por outro lado, se escolhermos cada x∗i como sendo o ponto no sub- intervalo com

altura minima, subestimamos a area de R, chamada Soma Inferior (ver figura

seguinte)

Se a soman∑k=1

f(x∗k)∆xk se aproxima de um limite quando a amplitude dos inter-

valos [xk−1, xk] tende para zero, definimos entao a area da regiao R como sendo

precisamente o valor deste limite.

O limite

L = limmax∆xk→0

n∑k=1

f(x∗k)∆xk

denomina-se integral de f em [a, b] e indica-se por∫ b

a

f(x)dx.

Nota 4.1. a e b chamam-se limites de integracao e f a funcao integranda.

Propriedades:

Page 71: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 68

1 -

∫ b

a

c dx = c(b− a)

2 -

∫ b

a

cf(x) dx = c

∫ b

a

f(x) dx

3 -

∫ b

a

(f(x) + g(x)) dx =

∫ b

a

f(x) dx+

∫ b

a

g(x) dx

4 - Sendo a < c < b entao

∫ b

a

f(x) dx =

∫ c

a

f(x) dx+

∫ b

c

f(x) dx

5 -

∫ b

a

f(x) dx = −∫ a

b

f(x) dx

Teorema Fundamental do calculo Integral:

Se a e b sao numeros reais tais que a < b e f : [a, b]→ R e uma funcao contınua,

entao existe uma funcao real de variavel real definida e diferenciavel em [a, b] e

cuja derivada e a funcao f . Alem disso, se F : [a, b] → R e tal que F ′(x) = f(x)

para qualquer x ∈ [a, b], entao∫ b

a

f(x) dx = F (b)− F (a).

A formula anterior costuma chamar-se formula de Barrow e e costume usar a

seguinte notacao [F (x)

]ba

= F (b)− F (a).

Entao,

∫ b

a

f(x) dx =[F (x)

]ba

= F (b)− F (a)

Exemplo 4.1.

∫ 1

0

x2 dx =

[x3

3

]1

0

=1

3.

Este integral da-nos a area da regiao limitada pelo arco de parabola y = x2, pelo

eixo dos xx e pela reta x = 1:

Page 72: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 69

−1 1 2 3

−1

1

2

3

0

y = x2

x = 1

Exemplo 4.2.

∫ π2

0

cos x dx =[sen x

]π2

0= sen

π

2− sen 0 = 1.

Este integral da-nos a area da regiao limitada pelo arco de parabola y = cosx,

pelo eixo dos xx e pela reta x = π2:

1

0

y = cosx

π2

Exemplo 4.3.

∫ 2

1

1

xdx =

[ln|x|

]2

1= ln2− ln1 = ln2.

Este integral da-nos a area da regiao limitada pela func so y =1

x, pelo eixo dos

xx e pelas retas x = 1 e x = 2:

Page 73: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 70

1 2 3 4

1

2

3

4

0

y = 1x

4.2 Integracao por partes

Sejam a e b numeros reais tais a < b e f, g : [a, b]→ R funcoes diferenciaveis com

derivadas integraveis. Entao

∫ b

a

f ′(x).g(x) dx =[f(x).g(x)

]ba−∫ b

a

f(x).g′(x) dx .

Exemplo 4.4. 1.

∫ 1

0

arcsen x dx =[x arcsen x

]1

0−∫ 1

0

x√1− x2

dx

2−∫ 1

0

x(1− x2)−12 dx

2+

1

2

∫ 1

0

−2x(1− x2)−12 dx

2+

1

2

[(1− x2)

12

12

]1

0

dx

2+[ √

1− x2

]1

0dx

2+ 1

2.

∫ π

0

x cos x dx =[x sen x

]π0−∫ π

0

sen x dx

= [senπ − sen0]−[cos x

]π0dx

= cosπ − cos0

= −1− 1

= −2

Page 74: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 71

3.

∫ 2

0

x2 ex dx =[x2 ex

]2

0−∫ 2

0

2x ex dx

= 4e2 − 2

∫ 2

0

x ex dx

= 4e2 − 2

( [x ex

]2

0−∫ 2

0

ex dx

)= 4e2 − 2(2e2 − 0e0) + 2

[ex]2

0

= 4e2 − 4e2 + 2(e2 − e0)

= 2e2 − 2

4.

∫ π

0

sen x ex dx =[sen x ex

]π0−∫ π

0

cos x ex dx

= (eπsenπ − e0sen0)−∫ π

0

cos x ex dx

= −( [

cos x ex]π

0+

∫ π

0

sen x ex dx

)= −(eπcosπ − e0cos0)−

∫ π

0

sen x ex dx

= eπ + 1−∫ π

0

sen x ex dx

⇔∫ π

0

sen x ex dx+

∫ π

0

sen x ex dx = eπ + 1

⇔ 2

∫ π

0

sen x ex dx = eπ + 1

⇔∫ π

0

sen x ex dx =eπ + 1

2

4.3 Integracao por substituicao

Sejam a, b, c e d numeros reais tais que a < b e c < d,f : [a, b] → R uma funcao

contınua e g : [c, d] → R uma funcao diferenciavel com derivada integravel e tal

que g([c, d]) ⊆ [a, b]. Entao

∫ b

a

f(x) dx =

∫ d

c

f(g(t))g′(t) dt .

Exemplo 4.5. Para calcularmos

∫ 4

0

1

1 +√xdx, fazemos a substituicao t =

√x,

ou sja x = t2. Assim

dx = 2t dt.

Page 75: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 72

Alem disso, se x = 0, vem t = 0 e se x = 4, vem t = 2, logo∫ 4

0

1

1 +√xdx =

∫ 2

0

1

1 + t× 2t dt

= 2

( ∫ 2

0

1− 1

1 + tdt

)= 2

[t− ln|t+ 1|

]2

0

= 2((2− ln3)− (0− ln1))

= 4− 2ln3

Exemplo 4.6. Para calcularmos

∫ 6

1

x√x+ 3

dx, fazemos a substituicao t =√x+ 3,

ou sja x = t2 − 3. Assim

dx = 2t dt.

Alem disso, se x = 1, vem t = 2 e se x = 6, vem t = 3, logo∫ 6

1

x√x+ 3

dx =

∫ 3

2

t2 − 3

t× 2t dt

= 2

∫ 3

2

t2 − 3 dt

= 2

[t3

3− 3t

]3

2

= 2((9− 9)− (8

3− 6))

=20

3

4.4 Areas de regioes planas

Seja f : [a, b]→ R uma funcao integravel tal que f(x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b].

Page 76: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 73

x

y

f(x)

a b

A =

∫ b

a

f(x)dx

Seja f : [a, b]→ R uma funcao integravel tal que f(x) ≤ 0, para todo o x ∈ [a, b].

x

y

f(x)

a b

A = −∫ b

a

f(x)dx

Seja f : [a, b]→ R uma funcao integravel tal que existe c ∈]a, b[ e tal que f(x) ≤ 0,

para todo o x ∈ [c, b] e f(x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, c].

Page 77: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 74

x

y

f(x)

a c b

A =

∫ c

a

f(x)dx−∫ b

c

f(x)dx

Seja f : [a, b] → R uma funcao integravel tal que f(x) ≥ g(x), para todo o

x ∈ [a, b].

x

y

g(x)

a b

f(x)

A =

∫ b

a

[f(x)− g(x)]dx

Page 78: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 75

Exemplo 4.7. Calcule a area da regiao limitada pela parabola de equacao y = x2

e pela reta de equacao y = x + 2. Representemos geometricamente a regiao do

plano de que queremos calcular a area.

−4 −3 −2 −1 1 2 3 4

−2

−1

1

2

3

4

5

6

0

y = x2 y = x+ 2

Vamos calcular os pontos de intersecao das duas curvas:{y = x2

y = x+ 2⇔

{−

x2 = x+ 2⇔

{−

x2 − x− 2 = 0⇔

{−

x = −1 ∨ x = 2

Logo os pontos de intersecao das duas curvas sao (−1, 1) e (2, 4). Entao

A =

∫ 2

−1

x+ 2− x2 dx =

[x2

2+ 2x− x3

3

]2

−1

= (2 + 4− 8

3)− (

1

2− 2 +

1

3)

= 6− 8

3− 1

2+ 2− 1

3

=9

2

Exemplo 4.8. Calcule a area da regiao limitada pelas retas de equacao y = x,

y = −x + 2 e x = 0. Representemos geometricamente a regiao do plano de que

queremos calcular a area.

Page 79: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 76

−1 1 2 3 4

−1

1

2

3

0

y = x

y = −x+ 2

Vamos calcular os pontos de intersecao das duas curvas:{y = x

y = −x+ 2⇔

{−

x = −x+ 2⇔

{−

2x = 2⇔

{−

x = 1

Logo o ponto de intersecao das duas curvas e (1, 1).

Entao

A =

∫ 1

0

2− x− x dx =[

2x− x2]1

0

= (2− 1)

= 1

Exemplo 4.9. Calcule a area da regiao limitada pelas retas de equacao y = x,

y = −x + 2 e x = 0. Representemos geometricamente a regiao do plano de que

queremos calcular a area.

−1 1 2 3 4

−1

1

2

3

4

0

y = 2x

y =x

2

y = −x+ 3

Page 80: Apontamentos analise matematica

Capıtulo 1. Calculo Integral em R 77

Vamos calcular os pontos de intersecao das duas curvas: y = 2x

y =x

2

x

2= 2x

−⇔

{x = 4x

−⇔

{x = 0

y = 0

Logo o ponto de intersecao das duas curvas y = 2x e y =x

2e (0, 0).

{y = 2x

y = −x+ 3⇔

{−x+ 3 = 2x

−⇔

{−3x = −3

−⇔

{x = 1

y = 2

Logo o ponto de intersecao das duas curvas y = 2x e y = −x+ 3 e (1, 2). y =x

2y = −x+ 3

−x+ 3 =x

2−

{−2x+ 6 = x

−⇔

{x = 2

y = 1

Logo o ponto de intersecao das duas curvas y =x

2e y = −x+ 3 e (2, 1).

Entao

A =

∫ 1

0

2x− x

2dx+

∫ 2

1

−x+ 3− x

2dx =

∫ 1

0

3x

2dx+

∫ 2

1

3− 3x

2dx

=

[3x2

4

]1

0

+

[3x− 3x2

4

]2

1

= [3

4+ (6− 3)− (3− 3

4)]

=3

2+ 3− 3

=3

2