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7/31/2019 Os instrumentos do marketing poltico e eleitoral e a persuaso como elemento comum entre eles para a forma
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Os instrumentos do marketing poltico e eleitoral e a persuaso como elementocomum entre eles para a formao da opinio pblica
Prof. Dra. Neusa Demartini Gomes PPGCOM/PUCR
Resumo:O estudo se refere ao uso dos instrumentos da comunicao poltica - pubblicidade,propaganda, relaes pblicas e jornalismo - a partir do enfoque da comunicaopersuasiva, elemento comum entre estes instrumentos que servem tanto ao merketingpoltico quanto ao eleitoral. A reflexo sobre como se faz comunicao poltica no Brasil cada vez mais fundamental, uma vez que a rpida transformao das mensagens mostra ,segundo Mouchon, a incapacidade dos homens polticos de ir mais alm de um tipo derelao baseada na palavra imposta e na negao ao uso de outros argumentos.
Palavras chave:
Comunicao persuasiva. Marketing Poltico. Marketing Eleitoral. Propaganda Poltica.Publicidade Eleitoral. Jornalismo Poltico
Marketing poltico e marketing eleitoral so aes estrategicamente planejadas para
aproximar, no primeiro caso o cidado e, no segundo, o eleitor, com os polticos, os
partidos e as instituies governamentais segundo interesses especficos que podem ser
desde simpatia para uma determinada causa ou a aprovao de uma ao a ser realizada, at
a adeso ao voto em momentos de alternncia do poder.
O marketing poltico mais abrangente, inclusive englobando as aes de
marketing eleitoral, usadas em oportunidade de sazonais. Pode ser entendido como uma
estratgia permanente de aproximao do emissor/poltico com o receptor/cidado. Deve
ser sistemtico e organizado em funo de um perodo maior do que aquele regulamentado
pelo Tribunal Superior Eleitoral e dedicado s campanhas eleitorais. Fazer marketing
poltico inclui a formao de futuros eleitores, em uma estratgia de aproximao com o
cidado, envolvendo diferentes tipos de pblicos, j que ser cidado no significa,
necessariamente, ser eleitor1.
J como marketing eleitoral entendemos os esforos estratgicos voltados para
aprimorar sua relao com o eleitor, com o objetivo de fazer o partido ou o candidato
1 Nossa legislao eleitoral estabelece que tm o dever de votar (obrigatoriedade) os indivduos que tm de 18a 70 anos, e direito (opcional) os maiores de 16 at os 18 e os com mais de 70 anos.
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vencer uma determinada eleio ou conseguir um nmero favorvel de votos para que
possa ocupar um cargo eletivo.
Tanto uma estratgia quanto a outra poderiam ser aproveitadas de forma maisotimizada no nosso pas em funo de que contribussem mais para oferecer aos cidados e
eleitores informaes a respeito de partidos, ideologias, propostas, candidatos, aes
realizadas pelos governos e no ficassem tanto na pura propaganda e publicidade usadas
somente em pocas de eleies e ainda por cima, personalizadas em figuras polticas e no
em partidos ou governos. Para tanto, deveriam ser constitudos de aes permanentes e
coordenadas, em planos perfeitamente traados com seriedade, baseados em estudos que se
nutrem de dados empiricamente obtidos, e coordenados em funo de objetivos que se queratingir.
A comunicao poltica, em todas as suas formas, a forma de comunicao de
ambos tipos de marketing. Pretendemos sistematizar algumas consideraes sobre a
comunicao poltica, iniciando com a informao divulgada como noticia ou qualquer
outro gnero jornalstico da editoria de poltica, passando por aquela que, embora
metamorfoseada de jornalstica, bem pode ser uma das maneiras expressas pela propaganda
ideolgica partidria, por outras formas manifestas de propaganda poltica e pela
publicidade eleitoral, partindo de uma perspectiva que as colocam como instrumentos a
servio tanto do marketing poltico quanto do marketing eleitoral. Para tanto, devemos
iniciar revendo alguns conceitos importantes para este estudo que se situa dentro no
territrio interdisciplinar que rene a poltica e a comunicao: comunicao poltica,
marketing poltico, marketing eleitoral e, o elemento integrador de todos eles, a persuaso.
Conforme Pares i Maicas (1992)2 no marco da comunicao social, a comunicao
poltica vem adquirindo uma importncia fundamental pelo papel chave que a poltica
ocupa na atual sociedade e, ainda mais, pela singular ateno que os meios de comunicaolhe concedem. Este fenmeno adquire, no Brasil, uma dimenso especial mas tambm
distorcida. Os meios de comunicao brasileiros levam, ao p da letra, em pocas de
eleies, durante o perodo eleitoral estabelecido pela legislao fixada pelo TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), o principio que obriga as emissoras de rdio e televiso, que so
concesses pblicas, a dar um tratamento equnime aos candidatos. Na legislao eleitoral,
2 Pares i Maicas, Manuel Introduccin a la comunicacin social. ESRP-PPU. Barcelona. 1992. Pg. 14.
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o TSE se refere s campanhas e em especial a sua insero no HGPE3 e no, cobertura
jornalstica. Porm, os jornais e revistas fazem da lei um manual de redao, incorporando-
o prtica do jornalismo poltico, como se todos os candidatos e partidos fossem geradoresde fatos que merecessem a ateno da mdia impressa e do pblico leitor. Por suas vez, os
partidos e candidatos vo procurar gerar fatos, nem sempre interessantes como informao
para o eleitor, mas que possam, com eles, chamar a ateno da mdia e com isso serem
contemplados com espaos que a legislao no os permitiria ocupar, dada a sua posio
irrelevante no cenrio poltico nacional. Partidos e candidatos so os mais beneficiados
pelas matrias publicadas cuja virtude apenas servirem de instrumentos das estratgias do
seu marketing poltico eleitoral..Sem menosprezar a extraordinria importncia do marketing poltico no seu aspecto
mais global, ligado s tcnicas da publicidade eleitoral e da propaganda poltica, alm das
relaes pblicas, adotar esta postura constitui um enfoque reducionista da comunicao
poltica. A relao entre a comunicao social e a poltica no diz respeito somente
poltica partidria e, muito menos, em um momento to exguo que o das eleies e todos
os esforos empenhados ento, para se eleger candidatos.
Nimmo e Keith (1981)4 propem como temas de estudos da comunicao poltica
os usos e as gratificaes, a fixao da agenda, as linguagens, a retrica poltica, a
propaganda, os debates polticos, a socializao poltica, as campanhas eleitorais, a opinio
pblica, as relaes entre o poder e os meios. Significa que ela engloba outros tipos de
instrumentos de comunicao, alm do jornalismo, que so a propaganda poltica e a
publicidade eleitoral.
Se poltica, para Leftwich (1984)5 compreende todas as atividades de cooperao e
de conflito dentro e entre as sociedades, mediante a qual os cidados se organizam, durante
a produo e reproduo de sua vida social e biolgica, o uso, produo e distribuio derecursos humanos, naturais e outros, tais atividades no esto isoladas dos outros
elementos, pblicos ou privados, da vida social. Assim sendo, certo que influem e
refletem a distribuio de poder e as formas de deciso na estrutura da organizao social
3 Horrio Gratuito de Propaganda Eleitoral, que dura 45 dias no primeiro turno e cerca de 30, no segundo.4 Nimmo, Dan e Sanders, Keith Handbook of Political Communication . Ed. Sage. Londres. 1981. Pg. 11-36.5 Leftwich, Adrian- What is politics? The activity and it study. Basil Blackell. Londres. 1984. Pg. 65.
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(inclusive, mas no somente, as eleies), os sistemas de cultura e de ideologia na
sociedade ou nos seus grupos. Tambm pode influir e refletir as relaes de uma sociedade
com seu mundo circundante e outras sociedades.Existem muitas definies de comunicao poltica e esta vem atravs de Wolton6:
o espao (pblico) no qual se intercambiam os discursos
contraditrios dos trs atores que tem a legitimidade de expressar-se
publicamente sobre a poltica: os polticos, os jornalistas e a opinio
pblica. (DOMINIQUE WOLTON, 1989, PG. 30).
No seu ponto de vista, esta interao entre os atores essencial e a comunicao
poltica deixa de ser apenas um espao de comunicao e passa a ser um campo de
confrontos onde so debatidas as posturas contraditrias.
Pars i Maicas amplia o conceito:
se trata de toda a mensagem de comunicao - primordialmente da
comunicao social, isto , difundida pelos meios de comunicao
social que tem usualmente uma relao mais ou menos direta e
imediata com a dinmica poltica do sistema social, em funo de seu
emissor e seu receptor em ambos os casos, instituies de poder,
partidos polticos, grupos de presso ou cidados ou com conflitos
de poder ou de consenso -, que sejam suscetveis de ter uma
repercusso pblica. (PARS I MAICAS (1995,pg 445)7.
Esta uma definio completa e global, que traz o papel do poder, da ideologia, dosinteresses, dos conflitos e do consenso no desenvolvimento poltico de qualquer
comunidade e que so capitais para entender o contedo e o processo de comunicao
poltica, que o motor e tambm reflexo de tudo. Este conceito s aplicvel nas
sociedades democrticas e, por esta razo, os partidos polticos, as instituies
6 Wolton, Dominique - 1989 pg. 307 Pars I Maicas, Manuel The ethic of Political Communication , in European Journal ofCommunication,Ed. SAGE, Lonres, 1995 vol. 10 (4): 475-495
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governamentais e os grupos de interesse jogam um papel importante. A partir da podemos
diferenciar a comunicao poltica de inteno informativa, daquela usada como
instrumento do marketing poltico e eleitoral que regulamentado pelas normas do TSE,deixando a imprensa mais livre para cobrir os fatos polticos sem incorrer em ferir a
legislao.
O que se deve levar em conta que, dependendo das circunstncias, as mensagens
podem adotar a natureza e a forma de noticias, simultaneamente, talvez, com a propaganda
ou a desinformao, j que, como foi visto anteriormente, a comunicao poltica vem
expressa tambm em formas utilizadas pelas Relaes Pblicas e pela Publicidade. Diante
disto, vemos que existem dois tipos de comunicao poltica: uma, instrumento dojornalismo, portanto, mais informativa do que persuasiva, em conformidade com o papel
que cabe imprensa e outra, instrumento do marketing, com uma carga menor de
informao, porm carregada de elementos persuasivos. No significa que o jornalismo
informativo no venha a ser colocado ao servio do marketing poltico quando a empresa
de comunicao deseja beneficiar ou prejudicar candidaturas ou partidos. Tambm no
significa que, por ter um contedo absolutamente informativo, o jornalismo no cumpra o
papel persuasivo: a forma de noticia, editorial, reportagem, etc. e o meio pelo qual
veiculado (a empresa jornalstica, seja ela imprensa, tv ou rdio) legitimam e reforam o
papel persuasivo se so empresas que construram sua imagem dentro de valores da tica
profissional e do respeito pelo receptor.
o mesmo autor que argumenta que esta relao com os conceitos de poder,
ideologia, interesses, conflitos e consenso, em principio sempre tem um componente
persuasivo, quando no manipulador. No podemos ser ingnuos a ponto de acreditarmos
que o jornalismo, principalmente o poltico imparcial. Mesmo na sua pura forma
informativa, jornalstica, incorreria na parcialidade, conforme vamos ver mais adiante,quando tratarmos da informao cotidiana que os jornais e revistas nos oferecem como
referentes para a construo da nossa realidade..
Tambm necessrio que, neste estudo, se esclaream os conceitos de marketing
poltico e marketing eleitoral, que no Brasil so tratados como se fossem uma nica
estratgia. Existem diferenas fundamentais que devem ser pensadas em momentos
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especficos daquilo que os europeus chamam de politing (poltica em ao)8 tentando
escapar do estigma do marketing (mercado em ao).
O que existe em comum entre as duas estratgias o per suadere, ou seja, atentativa de fazer crer, de convencer os demais, usando os recursos necessrios, dentre eles,
os argumentos que podem ser, no exatamente, os verdadeiros.
A persuaso o segundo conceito a ser revisado. Morris (1974)9 a define como o
convencimento do intrprete na veracidade do que ele chama de designadores e pelas
preferncias sobre o designado. Para o autor, a persuaso pode chegar a ser o resultado de
um discurso convincente, construdo com argumentaes pertinentes, mesmo que sejam
falsas, mas aceitas, como verdadeiras, muitas vezes inclusive pelo persuasor. o quediferencia a persuaso da manipulao: o discurso do persuasor verossmil.
Morris sustenta que h, portanto, uma motivao preferencial que distancia a
persuaso de qualquer elemento de fora alheio comunicao, elemento este, que poderia
converter o convencimento em coao.
Para Roiz (1996)10 persuaso, de uma maneira mais geral, uma inteno de
convencer, usando suas razes, algum para que acredite ou faa algo. O mesmo autor
acrescenta que, ao coloca-la (a persuaso) em relao com os processos de comunicao,
derivam-se trs maneiras principais de apresentar as razes com as quais se procura
convencer, e que se identificam com trs gneros comunicativos:
1. A persuaso cognitiva na informao da atualidade, vinculada coleta e
transmisso da informao cotidiana: por meio das noticias em qualquer meio
(Jornalismo).
2. A persuaso ideolgica, identificada com a propaganda de todo o tipo,
especialmente na poltica, religiosa e ideolgica; e que se transmite por
numerosos modos expressivos desde o panfleto at o discurso de algum lder(Propaganda).
3. A persuaso comercial, focada na divulgao de produtos, em especial por meio
de campanhas publicitrias (Publicidade).
8 O termo foi cunhado pelo espaol Ramn Masso, quando publicou o livro Introduccin al Politing, em1976, em Barcelona, pela Editora G. Renacimiento.9 Morris, Charles La significacin y lo significativo. Ed. Alberto Corazn. Madri. 1974 pg. 113-117.10 Roiz, Miguel Tcnicas modernas de persuasin. Biblioteca Eudema. Madri. 1996 pg. 27.
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a) A persuaso cognitiva na informao da atualidade
Mais do que nunca, vivemos a era da informao, e necessitamos receber
informaes sobre os acontecimentos atuais, para que possamos formar a nossa opinio
sobre o mundo. A imprensa, como instrumento de comunicao poltica, desejada e
temida ao mesmo tempo e o meio que mais contribui para a formao da opinio pblica.
E, tambm fazendo uso da propaganda exerce aes to intensas quanto diversas e cada vez
mais controvertidas.
A difuso da informao poltica constitui atualmente um campo de interesse dentroda comunicao poltica assim como tambm a prtica habitual das campanhas de
informao e/ou de persuaso nas atuais democracias. Estas informaes e estmulos
persuasivos atuam no nosso desenvolvimento fsico, emocional, intelectual e cultural:
Costumamos recolher aquela informao que consideramos
mais objetiva e na qual podemos acreditar, baseando-nos nos
acontecimentos de determinadas caractersticas fundamentais dos
acontecimentos polticos, militares, econmicos e sociais, e tambm
acerca dos atores da vida social tais como polticos, empresrios,
intelectuais, sindicalistas... (ROIZ, 1996, pg. 28)
Roiz afirma que este tipo de informao recolhida, tem, por sua natureza, um
contedo importante de dados de referncia confiveis. Mas, como toda a informao, est
sempre mediatizada por atores sociais, como por exemplo, empresas de comunicao, e por
isso, suscetveis de manipulao. Esta manipulao eliminaria parte da objetividade e daveracidade que deveriam estar presentes nas noticias que recebemos diariamente, e que
formam nossas referncias cotidianas acerca do que est acontecendo no tempo imediato,
tais como a situao do trfego, a metereologia, ou o que acontecer (ou j aconteceu),
como os espetculos de cinema, teatro, atos esportivos, manifestaes, etc., que constituem
aquilo que chamamos atualidade. O autor diz que algo mais, j que um conjunto de
significados e simbolizaes que nutrem nosso conhecimento dirio da realidade e so
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necessrios porque nos afetam diretamente para a vida prtica (conduzir, sair de compras, ir
ao teatro) ou indiretamente por intermdio institucional (mudanas de governo, cotaes da
bolsa, atos polticos ou religiosos).Dentre estas informaes objetivas, as que tm mais possibilidade de tomar a forma
de comunicao persuasiva so aquelas que se referem aos temas polticos, econmicos,
sociais e ideolgicos, dependendo do interesse dos emissores institucionais de
comunicao, isto devido postura ideolgica que assumem. Segundo Roiz, os meios
podem usar da manipulao porque so movidos pela dinmica da luta pelo poder
comunicativo, mas ele mesmo que afirma que ainda que se encontrem elementos tcnicos
de persuaso como podem ser a seleo de opostos, a simplificao ou o apelo emotividade, seu grau de busca da eficcia persuasiva sempre menor do que a que se
encontra na propaganda ou na publicidade. Morin (1980)11 quem informa que as anlises
realizadas em jornais franceses refletem o poder persuasivo que a seleo de referentes tem
sobre o acontecer, bem como a forma de apresent-los.
b) A persuaso ideolgica, ou propaganda
A propaganda uma outra forma de comunicao que utiliza a persuaso para
modificar ou reforar comportamentos. Muito se tem discutido sobre ela, naturalmente pelo
grande poder e influncia que exerce na sociedade moderna devido ao seu desenvolvimento
estar associado ao das tcnicas de difuso social vinculadas aos modernos meios de
comunicao. De todas as formas de comunicao social a mais antiga, pois vem sendo
usada em todas as civilizaes de maneira individual ou coletiva. Na poltica se aprimorou
com os gregos e foi o instrumento, atravs do uso retrica, dos discursos dos candidatos emandatrios da que foi a primeira democracia que se tem conhecimento. Segundo Turner 12
Pricles, em seu governo, instalou um Ministrio da Propaganda, a cargo, primeiro de
Carino e, depois de Pirilampes13 , que planejaram e executaram todo o tipo de monumentos,
ornamentos e smbolos para as ruas de Atenas. Outros governantes gregos, dentre eles
11 Morin, Violette Tratamiento periodstico de la informacin. Ed. Mitre. Barcelona. 1980.12 Turner, Ralph- Las grandes culturas de la humanidad. Fondo de Cultura Econmica. Mxico 196313 Pirilampes, segundo alguns historiadores seria o padrasto de Plato.
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Polcrates14 e Psistrato15 tambm usaram os recursos da propaganda, no s na arte de
fundar monumentos pblicos, mas dos discursos com apelos populares, tais como confisco
de bens de inimigos para repartir entre os gregos, ofertas de emprego e donativos emdinheiro, inclusive rifas de bens. Nasce, assim, a demagogia contemporaneamente
propaganda poltica grega, que vai ter, entre os sofistas seus mais intensos cultivadores.
A propaganda, inventada pelo homem poltico para seduzir e governar, o
acompanha desde os tempos mais remotos exercendo sua enorme variedade de influncias e
estilos. Com sua proposta poltica e seus fins ideolgicos, uma ao contnua de
comunicao persuasiva que visa manter ou conquistar militantes, simpatizantes ou adeptos
para determinado partido poltico ou para uma causa ideolgica. Na poltica partidriabrasileira a propaganda, equivocadamente, preterida pela publicidade eleitoral, o que se
constata pelo uso exagerado das tcnicas publicitrias nas interminveis campanhas
eleitorais. Se a propaganda fosse utilizada sistematicamente, dentro de tcnicas permitidas e
para que servisse de instrumento de convencimento e adeso s grandes causas sociais,
contribuiria para importantes transformaes sociais, como o desenvolvimento de uma
cultura cvica de participao, que at hoje no temos.
Estigmatizada como uma tcnica de manipulao negativa, a propaganda tem seu
lado bom, no podendo ser considerada a bad girl da comunicao. No decorrer da histria
das civilizaes, constata-se que, sem ela, alguns movimentos polticos e sociais no teriam
xito e, talvez no teramos avanado para uma democracia tal qual a vivemos. Da
independncia dos Estados Unidos revoluo francesa o jornalismo e a propaganda foram
instrumentos que contriburam para a formao da opinio pblica. Ambos a servio da
comunicao poltica, divulgando fatos e convencendo a adeses. A histria da Frana e a
histria da propaganda tm uma chave em comum: Napoleo, que teve seus erros
perdoados e suas contribuies exaltadas em campanhas que usaram todos os recursosdisponveis da arte do convencimento: monumentos, arcos triunfais, esttuas, palcios e
uma imensidade de smbolos e referncias incluindo endossos testemunhais. Ao seu
esprito de propagandista se deve a frase: Conheo somente uma regra de retrica: a
repetio.
14 Construiu, em Samos, o Heraion, para superar o Artemision, de feso.15 Construiu o Olimpium, para superar o Heraium. Atuou como uma espcie de gnio da propaganda, tantopela sua eloqncia quanto por suas atitudes populares. A ele atribuda a criao do inimigo pblico.
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J na Alemanha Nazista o totalitarismo converteu a informao em pura propaganda
e esta ficou subordinada tirania dos fins. Segundo Ferrer Rodrigues16:
Quando o poder importa mais que a verdade, a linguagem
do exagero confunde o significado das palavras e a propaganda
aquilo que o poltico espanhol Manuel Azaa denunciava: o outro
nervo da guerra, uma arma equivalente aos gases txicos.
(FfERRER RODRIGUEZ, 1992. Pg. 94)
O mesmo autor comenta que a definio de propaganda de Lasswell, que odomnio de atitudes coletivas mediante a manipulao de smbolos significativos, diante
disso, se torna antiquada, j que manipular, um reconhecimento frontal da propaganda,
muda para um termo muito mais perigoso: alienar, onde o engano e a falcia tiram do ser
humano o seu signo mais vital: a sua vontade.
A propaganda no deve ser vista como instrumento que serve somente aos tiranos.
H muitas aes que podem vir em benefcio da sociedade que, se divulgadas atravs da
propaganda, teriam efeitos positivos e contribuiriam para o desenvolvimento da cultura
poltica do Brasil. Os partidos, os polticos, os que ocupam cargos pblicos em ministrios,
secretarias, prefeituras, empresas paraestatais, organizaes no governamentais etc. que
levam a poltica como a arte de realizar aes em prol da sociedade se beneficiariam se, ao
contrrio de usarem a publicidade eleitoral como um constante instrumento de aproximao
com o povo, usassem a propaganda para divulgar seus feitos e convencer a populao de
seus benefcios. O marketing societal tem, nesta forma de comunicao, um dos seus mais
importantes instrumentos de adeso e convencimento.
Aron17
fala que na poltica, ser conhecido a lei e que um indivduo s poltico seo seu nome est sendo citado ou visto com freqncia. Em um sistema eleitoral como o
brasileiro, onde a cada eleio so lanados centenas de nomes de novos candidatos aos
cargos legislativos de qualquer nvel, fica praticamente impossvel dar visibilidade a todos.
O resultado prtico deste af de aparecer lastimvel: desconhecendo as regras e tcnicas
16 Ferrer Rodriguez, E. De la lucha de clases a la lucha de frases . Ed. El Pas SA/Aguilar. Madri. 199217 Aron, Raymond Memorias. Ed. Alianza Editorial. Madri. 1985
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para ter um bom recal18, em pocas de eleies os candidatos invadem as cidades com
peas publicitrias, principalmente os volantes19, os banners e os cavaletes que, pela
saturao, acabam anulando uns aos outros. Falta criatividade e tcnica aos assessores decomunicao de polticos para criarem e usarem novas formas de comunicao que sejam
mais eficazes. J est mais do que comprovado que no levam a resultados satisfatrios em
termos de adeso de votos. Podem at servir de lembrana para alguns, dado o tempo de
exposio a que foram submetidos porm, um nome no diz nada quando no vem
acrescido de algum dado revelador de suas obras, sua ideologia ou sua conduta social. Esta
maneira de aparecer, quase que exclusivamente durante o perodo de eleies e, ainda de
forma no pesquisada cientificamente
20
, deve ser mudado para que o candidato colhamelhores resultados de sua comunicao e o pblico a que se destina possa ter melhores
elementos para poder comparar as propostas, formar sua opinio e, em base nela, fazer a
sua escolha.
c) Da persuaso comercial, ou publicidade publicidade eleitoral
Publicidade, atualmente como a conhecemos, um fenmeno moderno, posterior
revoluo industrial e ligada diretamente sociedade de consumo. Compem-se de um
conjunto de regras e tcnicas empregadas para divulgar produtos e servios e,
recentemente, o termo passou a ser usado referindo-se s campanhas eleitorais. No vamos
tratar da publicidade no seu sentido comercial, mas de como suas tcnicas foram
apropriadas pela poltica, resultando naquilo que chamamos de publicidade eleitoral,
O termo prprio, pois qualifica os esforos planejados de divulgar a informao
acrescida de elementos persuasivos, para arrecadar votos, usando, para isso, as tcnicas queproporcionam ao indivduo assimilar e reconhecer alguns cdigos e um tipo de linguagem e
18 Em publicidade, recall o nvel de reteno da mensagem na mente do receptor.19 Popularmente conhecidos como santinhos ou mosquitinhos.20 A publicidade comercial brasileira est entre as melhores do mundo e tem excelentes resultados porque realizada com tcnicas que resultaram de pesquisas cientficas. Infelizmente no se pode dizer o mesmo dapublicidade eleitoral feita no Brasil, cujos emissores (partidos, polticos e candidatos) no se importam muitocom os efeitos negativos que podem causar nos receptores. Significa que, sem essa preocupao, e maispreocupados com a satisfao de seus egos, o emissor da publicidade eleitoral brasileira no tem o mesmonvel de exigncia das empresas anunciantes que est voltada para satisfazer as necessidades do pblico-alvo.
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comunicao muito bem diferenciados do resto do contedo dos meios. Isto porque, a
publicidade, no sentido comercial, perfeitamente diferenciada de qualquer outra matria
inserida nos meios: ela vem acompanhada da marca21, o que a identifica de imediato comopublicidade. Tambm os formatos das mensagens publicitrias eleitorais (geralmente os
spots, outdoors, banners etc.) so perfeitamente reconhecidos pelos receptores, j que as
grandes inverses publicitrias do tipo comercial dos ltimos anos colaboraram para que
isso acontecesse.
Podemos afirmar que a publicidade aprendeu da propaganda o que se refere s
tcnicas primrias da persuaso ou da induo, e a propaganda herdou da publicidade os
mecanismos apelativos, as frases feitas e a influncia da adjetivao exacerbada.O mercado eleitoral o que aproxima mais a semelhana entre partidos e empresas,
apesar de existirem muitas diferenas22, j que apresenta, como o mercado comercial,
grande concorrncia entre as ofertas, no caso, os candidatos. Este fenmeno faz com que se
possa dizer que se faz publicidade para difundir um candidato entre eleitores num regime
de mercado altamente competitivo e, portanto, a diferena entre os dois mercados, nas
circunstncias em que estamos analisando, se d apenas na substituio da palavra lucro por
voto.
Procurando uma definio, podemos dizer que a publicidade eleitoral a difuso
das campanhas eleitorais entre o eleitorado, num intento de persuadir a que mudem ou
reforcem suas atitudes com respeito ao voto a um determinado partido ou candidato,
durante o tempo determinado pela legislao eleitoral vigente.
O tratamento dado pelos profissionais de marketing como se produto comercial e
candidato fossem a mesma coisa tem causado alguma preocupao. O que diferencia um do
outro, que a publicidade eleitoral deve ter, como principal objetivo, a divulgao, ainda
que sinttica, dos pontos programticos e, tambm, provocar a adeso do eleitorado aosmesmos alm de, num segundo lugar, mas no menos importante, potencializar a sua
imagem de lder oferecendo dados biogrficos sempre atrelados ao programa e ideologia
que o inspira.
21 A exceo o teaser, que no identifica o anunciante, justamente porque empregado para criar um climade expectativa para a campanha que o suceder.22 Ver Gomes, Neusa Demartini Formas persuasivas de comunicao poltica: propaganda poltica epublicidade eleitoral. EDIPUCRS. Porto Alegre. 2000. Pgs. 53 a 57.
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O que os partidos e candidatos deveriam fazer trabalhar com este instrumento
apenas durante o perodo de campanhas eleitorais autorizado pelo TSE e, fora deste
momento especfico de possibilidade de alternncia no poder, utilizar-se de outras formas,tais como a propaganda poltica e o jornalismo, em uma tentativa de tornarem-se mais
conhecidos pelos seus atos, suas ideologias e suas contribuies para a sociedade. Assim,
em pocas de eleies, se poderia, com muito menos tempo e dinheiro, convencer os
eleitores ao voto.
Concluses
importante saber que o Brasil est entre os pases que mais dispe de verba para
gastos de eleies e, quanto ao tempo disponvel para fazer campanhas eleitorais, tem o
maior do mundo democrtico23. Portanto no por falta de dinheiro ou de tempo que no
avanamos na nossa cultura poltica. Ao lado de uma reforma poltica que no chega com a
pressa que deveria, por interesses da prpria classe poltica, as mudanas na nossa maneira
de fazer as campanhas eleitorais, sobretudo no que diz respeito ao marketing poltico,
parece que no interessa muito aos que so contratados para assessorar partidos e polticos.
O horrio eleitoral obrigatrio (HGPE) da maneira como usado, no deixa o
cidado brasileiro sentir a sua falta quando acaba. No significa que no seja uma
alternativa importante para assegurar oportunidades mais equnimes aos candidatos, mas
tem sido pouco usado para aprofundar o debate que mais merece a ateno dos eleitores: os
problemas do Estado e as propostas para resolve-los. Se explorados no seu potencial
mximo de espao para informao, reflexes e convencimento, os instrumentos de
comunicao ao servio do marketing contribuiriam de forma mais eficaz para a formao
poltica do povo, oportunizando mais qualidade poltica brasileira, j que o receptor teriacondies de comparar as propostas, cotejando-as e selecionando aquelas que mais o
seduzisse, no motivado pelo critrio individual, mas pelo que representaria em termos de
ganho da coletividade.
23 O tempo mdio dedicado s campanhas eleitorais em pases desenvolvidos de duas a trs semana, comomximo.
7/31/2019 Os instrumentos do marketing poltico e eleitoral e a persuaso como elemento comum entre eles para a forma
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Marketing eleitoral e marketing poltico so estratgias que devero continuar a ser
utilizados em poltica pelo que significam de sintonia com o mundo em que vivemos
atualmente. A comunicao persuasiva um dos discursos sociais que mais intensamentedefinem uma sociedade democrtica. Procuramos, neste texto, contemplar dois conjuntos
de aes estratgicas utilizados pelos polticos para, a partir da notoriedade conseguida
atravs de sua biografia poltica, convencerem o eleitor a entregar-lhes sua representao
ou mant-los no poder. Estas estratgias so as de marketing, que utilizam, por sua vez, a
comunicao poltica, em todas as suas formas persuasivas, como instrumentos para a
formao da opinio pblica: jornalismo, publicidade e propaganda. No devemos, porm,
esquecer que uma campanha eleitoral faz parte de uma campanha poltica (que no inicia etermina com o HGPE) e, portanto, se ganha fazendo poltica, mais do que publicidade
eleitoral e que, se no tivermos uma comunicao suficiente, adequada, que informe antes
de convencer, permitindo o eleitor refletir sobre suas preferncias eleitorais, no podemos
esperar um voto consciente. A funo do comunicador colaborar para o crescimento e
no, para a alienao.
Bibliografa
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