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Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração (Lc 12,34) Reflexões a partir da Regra de Vida dos Dehonianos Ir. Afonso Murad

Anthropologia cordis

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Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu

coração (Lc 12,34)

Reflexões a partir da Regra de Vida dos Dehonianos

Ir. Afonso Murad

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Destaques na Regra de Vida dos Dehonianos

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Destaques da Regra de Vida dos Dehonianos

(1) Amor de Jesus, fonte do carisma: Do coração de Cristo, aberto na cruz, nasce o homem de coração novo animado pelo E.S. e unido aos irmãos (C.3). Seu caminho é o nosso caminho (C.12). Cristo é princípio e o centro de nossa vida (C.17), o coração da humanidade e do mundo (C.19).

(2) Oblação: como adesão, entrega de si, em generosidade, à Jesus e ao seu Reino(C.40). Ecos bíblicos de “Eis-me aqui Senhor” e “Eis aqui a Serva do Senhor”(C.7,14). Um carisma profético (C.27,39).

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Destaques da Regra de Vida

(3) Reparação: superação de visão devocional (consolar a Jesus) para uma perspectiva histórico-salvífico (C.23).• Relação com o projeto criador.• Acolhida ao Espírito Santo.• Colaboração para que o Reino se efetive na

história (libertação/evolução)• Em vista da consumação (recapitulação,

plenificação).

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Destaques da Regra de Vida

(4) Sensibilidade aos apelos atuais, como núcleo do próprio carisma(C.35). O amor exige lucidez e compreensão da realidade humana, em sua complexidade. O “mundo” é o lugar onde somos e atuamos (C 22,27.28). Contribuimos para instalar o Reino de Justiça e caridade no mundo (C.32) (5) Processo de crescimento: e não um “estado de perfeição”. Os consagrados estão no caminho de Jesus, como seguidores e colaboradores na sua missão.

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Envolvidos no pecado, mas participantes da graça redentoraqueremos unir-nos a Cristo presente na vida do mundo, e junto com toda a humanidade e a criação, oferecer-nos ao Pai, como oblação (C.22)

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Cooperar na Reparação

Oblação (entrega de

si)

Engajamento na Igreja e no mundo

Crescimento humano

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Antropologia unitária

Consagração e missão

Pessoa, comunidade e sociedade

Mística do coração + empenho social.

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Perspectivas de uma anthropologia cordis na Vida Religiosa

Diálogo com G. Colzani

Procuramos os sinais da presença de Jesus na vida dos homens, onde atua o seu amor (C.28)

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Nossa contribuição para uma

antropologia contemporânea

Na casa

Com rosto

No coração

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O coração na casa, a casa no coração

• Sentido ecológico• Sentido comunitário-relacional• Sentido de identidade (tradição e renovação)

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Nós na “casa comum”Consciência planetária: descobrimos de que o mundo se torna um todo, o ser humano é filho da Terra e assume a responsabilidade pelo futuro do planeta habitável.No meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a esse propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida e com as futuras gerações (Preâmbulo da Carta da Terra)

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Revisão e ampliação do antropocentrismo

• O ser humano está no centro, mas em relação de interdependência com os seres:

- abióticos (solo, ar, água, energia) - bióticos (microorganismos, plantas e os outros

animais).- Como o ecossistema, como um todo, da qual

faz parte. Somos a Terra que pensa de forma reflexa, o nível mais elevado da consciência da matéria.

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Fundamento bíblico-teológico- A unidade do projeto criador e redentor. Deus

cria para salvar.- Todos os seres, em diferente intensidade,

participam deste plano divino. A antropologia se conecta com a cosmologia.

- O lugar do ser humano na criação, cf. Gn 1 e Gn 2: dominar, administrar, cuidar, respeitar.

- O mistério da encarnação.

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Jesus ama profundamente

o mundo em que Ele viveu.

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Deus é Espírito ardente, Fogo fundamental e pessoal (...) “Aconteceu. O Fogo, mais uma vez, penetrou a Terra. Não caiu ruidosamente sobre as montanhas, como um raio. O Senhor forçaria as portas para entrar em sua própria casa? Sem tremor, sem trovão, a chama iluminou tudo por dentro. Desde o coração de menor átomo até a energia das leis mais universais. Naturalmente invadiu, individualmente e em seu conjunto, cada elemento, cada força, cada ligação do nosso Cosmo. E este, espontaneamente, se inflamou (..) Toda a matéria doravante está encarnada, meu Deus, pela vossa Encarnação” (Teilhard de Chardin, Hino do Universo).

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Consequências de uma anthropologia cordis ecológica

• Desenvolver atitudes individuais, coletivas e institucionais em vista da sustentabilidade e do “bem viver”:

- nível de consumo -> simplicidade voluntária. - Uso equilibrado da água e da energia.- Destinação dos resíduos sólidos.- Ecodesign nas construções e reformas.- Inclusão da perspectiva ecológica na Evangelização

e no Ensino da Teologia.- Exercitar o contato sensorial com o meio ambiente -

> encantamento e sintonia.

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A casa como relacionalidade• Mais do que espaço físico, a casa simboliza o

espaço onde se constroem relações humanas próximas e calorosas.

• No evangelho de Marcos, a “casa” não é somente um lugar físico. Onde está Jesus e seus seguidores, constituindo uma nova família, ali se constitui a casa (Mc 3,20.31-35).

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Consequências para a Vida comunitária e a missão

• Melhorar a qualidade das relações humanas em nossas comunidades religiosas.

• Fazer de algumas comunidades um espaço de acolhida e oração para jovens e adultos (lideranças).

• Estimular processos pastorais em que se formam comunidades, grupos efetivos que estabelecem relações.

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A casa “sempre em reforma”• À luz da morte e ressurreição de Jesus, vemos que

estamos aqui de passagem, até que entremos na morada permanente. Somos peregrinos e forasteiros (1 Pe 2,11) -> Tensão escatológica -> Vida Religiosa como itinerância.

• A Vida Religiosa encarnou o carisma fundacional em obras, que com o tempo perderam a significação original. Somos “prisioneiros na própria casa”. É necessário repensar o carisma em novas formas de encarnação -> Fechar, reduzir, abrir.

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2. Antropologia com o rosto humano do outro e dos outros

• Redescoberta da alteridade como forma de superação do narcisismo individual e do corporativismo institucional.

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Quebrar os espelhos do narciso

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Reconhecer o rosto...

• Opção preferencial pelos pobres e excluídos• Considerar a diversidade em suas múltiplas

formas.

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O rosto desfiguradoSegundo Dehon, faz parte também de nossa missão o ministério junto aos pequenos e humildes, operários e pobres (C.31)• É ponto de partida metodológico (e não teologal):

escutar o apelo de Deus na realidade dos pobres, dos que mais sofrem, dos excluídos.

• Supera-se a visão assistencialista ou colonialista. Os pobres não são meros destinatários, mas também interlocutores e protagonistas. Há uma relação de bidirecional.

- O evangelizador aprende e ensina. Da “educação bancária” para a “educação libertadora” (Paulo Freire)

- Somos discípulos e missionários (Doc. de Aparecida).

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Sem idealização...• A sabedoria de Deus se manifesta nos pequenos

(Lc 10,21).• O pecado e a fragilidade humana também estão

entre os pobres e excluídos.• Linha tênue entre pecaminosidade e surpresa da

Graça nas situações-limite (drogados, população de rua).

• As diversas formas de pobreza e exclusão social são compreendidas em chave estrutural (além dos indivíduos isolados) -> uso das ciências humanas e sociais -> Ações sociais.

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As diversidades

• Étnica• De gênero• De identidades sexuais• Generacionais• Culturais• Religiosas• De confissões cristãs• Teológicas e pastorais (na Igreja)

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O seres humanos são ao mesmo tempo: uno e diversos

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Fundamento bíblico-teológico

• A prática de Jesus: libertar, curar, reanimar a esperança (Lc 4,18-20)

• A cruz de Jesus nos crucificados hoje.

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Sieger Koder

Fundamento Biblico-teológico

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• No clamor dos pobres, de todos os que sofrem desumanização, em tragédias ou no cotidiano, está o rosto do Cristo desfigurado.

• Aqui nasce o apelo à missão.

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O martírio como radicalidade da oblação

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Consequências para a Vida Religiosa

• O lugar social condiciona o lugar hermenêutico: Criar ocasiões para ouvir o clamor efetivo dos pobres e dos que sofrem.

• Promover iniciativas de voluntariado envolvendo compromisso social e ambiental -> na educação e na pastoral.

• Abrir iniciativas sociais novas, junto com os leigos(as).

• Participar, como instituição, na definição e acompanhamento de políticas públicas, a nível nacional e internacional.

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No coração....• Sistematizar e difundir a polissemia de

“coração”, na bíblia, no Instituto Dehoniano e nas nossas culturas:

- Centro das decisões e do discernimento- Vida que pulsa- Símbolo dos sentimentos- Imagem da sensibilidade ética- ...(Será uma contribuição para outros Institutos, a Igreja e as sociedades).

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Compreender a realidade humana atual de forma cordial: Dos fragmentos para

mosaicos ainda em construção

Autor: Romero Brito

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Maria e a anthropologia cordis• Maria, a primeira discípula (ouve, medita,

frutifica a Palavra)• “Maria guarda no coração” (Lc 2,11.51). Ela nos

inspira a:- Fazer memória- Elaborar continuamente o sentido das

experiências e aprender com elas.- Dilatar a “paixão por Jesus” e a “paixão pelo

mundo”.• Maria é a pedagoga da fé, que aponta e nos leva

a Jesus.

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Um coração renovado para uma nova sociedade

Deus infinito, teu santo Espírito renova o mundosem jamais cessar (..).Dá que sejamos teu Povo Santoque fará do mundoteu trono e teu altar.Santo (3x),Todo poderosoÉ o nosso Deus.(Padre Zezinho, SCJ)