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Universidade do Algarve Faculdade de Ciências e Tecnologias Mestrado em Arquitetura Paisagista Disciplina: Técnicas de Recuperação da Paisagem Ano Lectivo de 2011/2012 Landschaftspark Duisburg-Nord “O Paradigma da Reconciliação entre o Homem e a Natureza.” “…The Park is not a park in the common sense, not easy to survey, not clearly arranged, not recognizable as a whole. According to its situation amidst chaotic agglomerations and infrastructure lines, it appears as a torn figure with numerous different aspects…” Peter Lazt Discente: Vitor Alexandre Da Silva, Nº 37473 Docente: Prof. Doutor Thomas Panagopoulos

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Universidade do Algarve

Faculdade de Ciências e Tecnologias

Mestrado em Arquitetura Paisagista

Disciplina: Técnicas de Recuperação da Paisagem Ano Lectivo de 2011/2012

Landschaftspark Duisburg-Nord

“O Paradigma da Reconciliação entre o Homem e a Natureza.”

“…The Park is not a park in the common sense, not easy to survey, not clearly arranged, not recognizable as

a whole. According to its situation amidst chaotic agglomerations and infrastructure lines, it appears as a

torn figure with numerous different aspects…”

Peter Lazt

Discente: Vitor Alexandre Da Silva, Nº 37473

Docente: Prof. Doutor Thomas Panagopoulos

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Índice

Introdução ……………………………………………………………… p.3

Caracterização ………………………………………………………... p.4

Metodologia ……………………………………………………………. p.6

Descrição do Projeto ………………………………………………….. p.7

Resultado Final ………………………………………………………. p.13

Conclusão ……………………………………………………………… p.14

Bibliografia ……………………………………………………………… p.16

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Introdução

Ao longo do último século o espaço físico foi marcado pelo “boom” do fenómeno da

industrialização que veio após a crise deste sector deixar marcas com sérios impactes negativos

tanto no território como no campo socioeconómico, deixando um pouco por todo lado espaços

que se tornaram obsoletos após o abandono dessas atividades.

O avanço da tecnologia, das técnicas de produção, do surgimento de soluções mais sustentáveis

provocou o declínio das indústrias e consequentemente do abandono dos espaços que estas

ocupavam.

Sendo o território um suporte físico de espaço e recursos limitados, faz todo o sentido que se

requalifique todos esses vazios que se apresentam como testemunhos de um passado industrial

que possui uma leitura muito própria e que apresenta características arquitetónicas bastantes

diversificadas possibilitando assim diversas soluções, tanto para dota-los de novos usos como

resolver as questões ambientais.

Existe nos tempos de hoje uma crescente consciencialização que a reabilitação dos espaços pós-

industriais é importante e até fulcral devido aos riscos de poluição de contaminação que estes

espaços representam assim como os impactes socioeconómicos que resultaram nas

comunidades locais após o encerramento destas unidades.

Tendo em conta todas as implicações negativas inerentes aos espaços pós-industriais, elaborei

este trabalho no âmbito da disciplina de Técnicas de Recuperação da Paisagem, que irá incidir

sobre um caso de estudo de um espaço industrial no seio de uma região em que as marcas do

seu passado industrial marcam a interdisciplinaridade da paisagem que foi reabilitado de forma

impar e com reconhecido sucesso tanto por técnicos, políticos e especialmente pela população.

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Caracterização

O Landschaftspark Duisburg-Nord, situado em Duisburg, no Ocidente da Alemanha, foi

desenhado nos finais da década de 80 pela Latz & Partners, uma empresa de Arquitetura

Paisagista e construído entre 1990 e 1999.

Este parque foi implantado no local onde se situava uma antiga Metalúrgica, cuja empresa que

explorava, a Thyssen, fechou as suas operações em 1985, devido a mudanças na produção de

aço e da globalização deste mercado.

Localizado no Ruhr, numa área densamente povoada e altamente industrializada, que foi no seu

passado um dos maiores centros europeus de minas de carvão e de produção de aço.

Após o fecho destas instalações industriais, a International Building Exhibition Emscher Park,

abriu um concurso de ideias para que este antigo espaço industrializado fosse reabilitado como

um parque mas que ao mesmo tempo deixasse o testemunho do seu passado industrial.

Antes da revolução industrial, a região do Rhur tinha apenas um carácter agrícola. Com o avançar

da industrialização, surgiu a necessidade de procura por matérias-primas brutas e a sua

produção, que veio a transformar a paisagem de Duisburg numa paisagem marcada pela

presença de indústria pesada.

Em 1901, um Industrial de nome August Thyssen, abriu a sua Fábrica de Aço, neste local, e ao

longo dos 84 anos em que esteve em funcionamento, esta expandiu-se até aos 220 hectares.

No final da década de 80, o Governo Alemão decidiu patrocinar um organização cujo objetivo era

o re-desenvolvimento, na qual era conhecida por International Building Exhibition, que viu no

Landschaftspark Duisburg-Nord uma excelente oportunidade para requalificar, reabilitar e dar um

novo uso a uma área que ao longo de décadas sofreu um enorme declínio económico, social e

ecológico.

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A empresa de Peter Latz foi a escolhida para reabilitar este lugar num novo parque urbano. Latz,

reconheceu que remover todas as infraestruturas industriais seria quase impraticável e teria

custos insuportáveis, decidiu que a linha de pensamento da IBA fazia todo o sentido, pois a

combinação de indústria e a natureza poderia ter resultar num lugar cheio de memórias,

sentimentos, associações ao seu passado.

Vista Parcial do Complexo Industrial antes (à esquerda) e depois (à direita) da Requalificação – Fonte: http://en.landschaftspark.de

Porém, o Landschafstpark Duisburg-Nord não pode ser compreendido sem o esforço e

reclamação da IBA Emscherpark que foi uma parceria entre o Estado do North Rhine-Westphalia,

as Autoridades Locais e Agentes privados que se inspirou numa série de ―International Building

Exhibitions‖ que tiveram parte em outras áreas geográficas da Alemanha.1

Entre 1989 e 1999 esta parceria propôs a IBA EmscherPark, cujo objetivo primordial foi revitalizar

toda região ao longo do Rio Emscher, desde de Duisburg, a Oeste até Dortmund a Este. Ao longo

destes 10 anos, o IBA, financiou e promoveu cerca de 100 projetos a diversas escalas nesta

região.2

Devido ao constante abandono e encerramento de indústrias pesadas, toda esta área foi

exponencialmente se deteriorando tanto a nível económico, social e ecológico, deixando no

território as heranças do seu passado, fábricas abandonadas, desemprego e altos níveis de

poluição.

Nesse sentido, existiu uma crescente necessidade de voltar a reabilitar antigos complexos

industriais por todo o Vale do Ruhr, tendo como objetivos estabelecidos a despoluição dessa

área, descontaminar e naturalizar toda bacia hidrográfica, dar novas funções a edificações

industriais abandonadas, estabelecer diversas rotas culturais e de recreio, criação de instalações

de vocação cultural e artística, reorganizar as áreas rurais, renovar os antigos bairros operários e

desenvolver uma rede sócio-cultural.3

1 Judith Stilgenbauer,Landschaftspark Duisburg Nord—Duisburg, Germany, 2005 EDRA/Places Awards Design, p.1

2 Judith Stilgenbauer, Landschaftspark Duisburg Nord—Duisburg, Germany, 2005 EDRA/Places Awards Design, p.1

3 Loures, Luis - Post-Industrial Land Transformation – An Approach to Sociocultural Aspects as Catalysts for Urban Redevelopment, p.234

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Fotos Antigas do Rio Emscher – Fonte: http://en.landschaftspark.de

Metodologia

Segundo Pratz, nas suas considerações conceptuais para este projecto, afirmou que “The park is not a park in the common sense, not easy to survey, not clearly arranged, not recognizable as a whole. According to its situation amidst chaotic agglomerations and infrastructure lines, it appears as a torn figure with numerous different aspects‖.4 A ideia de Prazt foi criar um espaço onde a natureza fosse incorporando-se de forma natural no espólio industrial que ficou abandonado, tornando este espaço num espaço re-naturalizado, que desse a ideia que a natureza tivesse reconquistado aquelas estruturas em aço e ferro que predominavam naquela área, ao mesmo tempo redefinia diferentes usos para cada uma das estruturas, deixando presente uma leitura do passado industrial que outrora aquele lugar tinha sido. O desenho integra, molda, desenvolve e interliga os padrões existentes deixados pelo uso industrial dando-lhe uma nova interpretação e um novo sentido, utilizando os fragmentos industriais no desenho de uma nova paisagem.

Plano Geral Duisburg Nord Park - Fonte: http://www.latzundpartner.de/projects/detail/17

4 Peter Latz, “The Metamorphosis of the 20th Century’s Landscape,” March 1, 2004, at the University of California, Berkeley.

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Invés de apagar aquelas enormes estruturas ou camufla-las, Lazt prefere usa-los como “Landmarks” e vestígios marcas de um uso passado neste território. Temos que olhar para estes elementos e ter uma leitura mais metafórica destes elementos como por exemplo, Pratz descreve uma fornalha não é apenas uma velha fornalha, mas sim um dragão cuspindo fogo assustando os homens.5 Na sua conceção temos que considerar que o Duisburg-Nord é um conjunto de complexos parques que operam como sistemas independentes, que no seu todo constituem um enorme Parque. Estes sub-parques ou subsistemas apenas se conectam em certos pontos através de elementos específicos, visuais ou meramente elementos imaginários.

Descrição do Projecto

Cerca de 230 hectares de Parque foram desenvolvidos em diversas fases ao longo de 13 anos e consiste em elementos desenhados em camadas sobrepostas que permitem criar um sistema de parques que operam de modo independente, tornando bastante complexo de ser interpretado à escala humana.6 Devido as suas dimensões e a multiplicidade do seu programa iremos apenas descrever e abordar as principais características e inovações implementadas até a data de hoje. A paisagem foi reformulada focalizando o acesso aos rios e lagos, nos caminhos pedonais e ciclovias. Os antigos edifícios industriais foram reformulados com novas funções para que pudessem albergar programas que fomentassem o desenvolvimento económico sem esquecer o objetivo de consciencializar a importância destes enquanto monumentos históricos e culturais da identidade da região.7

Mapa do Landschaftspark Duisburg-Nord – Fonte: http://en.landschaftspark.de

5 idem

6 Judith Stilgenbauer,Landschaftspark Duisburg Nord—Duisburg, Germany, 2005 EDRA/Places Awards Design, p.3

7 Storm, A., Hope and Rust “Reinterpreting the industrial place in the late 20th century”, p.119. 2008.

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A infraestrutura e edifícios industriais ocupam cerca de 20 hectares de toda a área. Foram convertidos para usos culturais e corporativos. Os edifícios foram preservados e mantem as suas características de arquitetura industrial que os torna “diferentes” e apelativos. O Bauhütte (Ground Staff Hut), Biological Station, Main Switching House, Blower House, Old Administration Building, Casthouse, Power Plant são exemplos de edifícios que foram reaproveitados e ajustados no programa, funcionando como charneira para toda a dinâmica de actividades e eventos realizados no Parque.

Novos Usos nos Edifícios – Fonte: http://en.landschaftspark.de

O edifício onde ficava o Gasometer foi transformado num espaço para aulas de mergulho, pequenos lagos foram aplicados onde antes existia água para arrefecer as caldeiras e fornos, os Cooling Tanks. As linhas férreas foram convertidas em ciclovias com exceção de um trajeto que permite ao utilizador efetuar uma viagem nostálgica pelo Parque, num comboio a vapor. A Arquitetura Paisagista neste parque assume-se como um conceito que assenta no desenvolvimento urbano com princípios ecológicos, sociais e culturais onde a “natureza” irá conquistar o seu espaço lado a lado com a infraestrutura que é preservada.

Imagens representativas da Natureza a conquistar o seu espaço de forma natural – Fonte: http://en.landschaftspark.de

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Os jardins são vários, diferentes desde a sua conceção até à flora. Foram implantados jardins de acordo com as bases e ideias de paisagismo como por exemplo o Sinter Gardens onde predomina as Lavandulas, o Stadtrandgarten e as suas 3 secções, que consiste num jardim de herbáceas perenes, o jardim de orquídeas e o jardim de “flores selvagens” onde as espécies foram deixadas a colonizarem o jardim, e os “farmers´gardens” no Ingenhammshof, na extremidade do Parque que voltou a assumir o seu carácter agrícola que existira antes da industrialização mas agora focado no ensino das comunidades de técnicas agrícolas sustentáveis, apresenta nos seus jardins “layout” com base nos antigos modelos de jardinagem franceses onde as bordaduras emolduram as flores até aos que a natureza planta por si própria como os Storage Bunkers. As arvores desempenham um papel importante pois o Parque serve de abrigo a uma grande variedade de espécies que assim como o minério de ferro que também viajou para a fundição de diferentes pontos do mundo, estas representam a globalização, dando abrigo a mais de 60 espécies de aves. 8

Ingenhammshof – fonte: http://en.landschaftspark.de/the-park/parklands/ingenhammshof

A Piazza Metallica, situada no coração da Infraestrutura Industrial, o antigo espaço foi transformada numa praça que alberga festivais, concertos e outros eventos ao ar livre. Este espaço para Lazt, representa o símbolo deste Parque, pois é nela que se observa a metamorfose da inerte estrutura metálica industrial transformada num Parque Público. Nesta praça, as enormes placas de ferro que antes serviam de moldes agora jazem no centro servindo de palco para os espetáculos ao ar livre, entregando-se aos processos físicos de erosão e enferrujamento como de outro espetáculo se tratasse.9

8 Fonte: http://en.landschaftspark.de/architecture-nature/landscape-architecture/gardens

9 Latz, Peter – Project Description – http://www.latzundpartner.de/projects/detail/18

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A “perfomance2 de um espectáculo ao ar livre na Piazza Metallica – Fonte: http://entirety-lovegivesall.blogspot.pt/2010/10/landscape-

and-sitetime-and-memory.html

O Sintering Park é um espaço de 12 hectares entre o Blast Furnace (o forno) e os vestígios da antiga passadeira por onde subia o minério para o forno e onde se situava o antigo Sinter Plant (sector de sinterização) que se encontrava muito contaminado e teve que ser demolido. Onde antes era guardados os minérios, o carvão, as limalhas, agora são jardins enclausurados, áreas infantis onde podem ser contemplados vistos pelo caminho pedonal sobre elevado que surge da antiga passadeira que levava os minérios. A implantação de enorme moinho de vento, que durante a noite fica iluminado de azul combinado um misto de cores com a nova iluminação das chaminés e outras estruturas que se revelam como um espetáculo de rara beleza, não é apenas um símbolo ecológico que reforça a conceito do ciclo da água mas também se apresenta como um símbolo de renovação de uma área devastada.

Sinter Park – Fonte: http://en.landschaftspark.de/the-park/aussengelaende/sinter-plant

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O WaterPark, a conceção deste espaço teve uma importância fulcral pois o conceito ecológico da água representa um papel importante no conceito geral. O Arquiteto desenhou este espaço a partir do Rio Emscher e subdividiu-o em 5 secções: O Klarwasserkanal (Canal de Água Limpa), o Emeschergraben, o Emscherrinne (Canal), O Emscherschlucht e o Emscherbach (a Corrente). O desenho engenhoso destas secções, que é no fundo um sistema de recolha de água pluviais e através de um jogo de barragens que tem como objetivo evitar as “cheias” e ao mesmo tempo possa permitir que mesmo em períodos de seca que água possa ser fornecida ao Rio para restaurar os níveis de Oxigénio na água.10

Vista para os Canais que ligam ao Rio Emscher e para os Railways que possibilita os utilizadores terem diferentes perspectivas. Fonte:

http://en.landschaftspark.de/

O Railway Park é o projecto no qual Lazt articula todos os fragmentos dos 230 hectares do Parque. Aproveitando as antigas linhas, que se extendem por todo Parque, chegando a penetrar nos quarteirões da cidade, para implantar a diferentes níveis caminhos pedonais que convidam a diferentes perspectivas de experiências visuais enquanto se percorre esses espaços. Nestes espaços constituído por inúmeras pontes e caminhos a diferentes cotas assentes nos antigos pilares, que se viaja no tempo, pois estas linhas foram construídas e expandindo-se em diferentes períodos durante o seu uso industrial. Os Play Points, segundo Platz, o parque para além de ser um enorme espaço de aventura também deveria contemplar o que ele refere como ―Play Points‖ que possibilita ao utilizador intervalos criativos enquanto o explora. A sua localização é caracterizada pelo espaço e sua substância, distribuído pelos diferentes “sub-parques” vão dando a antigas estruturas novas adaptações e interpretações possibilitando uma enorme fantasia e utiliza-los sempre de forma diversa ao mesmo tempo que poderão ter um carácter educacional.11

10

Fonte: http://en.landschaftspark.de/architecture-nature/water-concept 11

Latz, Peter – Project Description – http://www.latzundpartner.de/projects/detail/22

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Á esquerda um parque infantil em Ingenhammschoff e à direita, outra área para brincadeiras no WaterPark. Fonte:

http://en.landschaftspark.de/

O Ore Bunker Gallery, este projeto assume-se como uma galeria em forma de labirinto pois foi desenhado com a cooperação de artistas e o Lehmbruck Museum, em Duisburg. Através da criação de entradas, caminhos e pontes pedonais através das paredes de betão com 3 metros de espessura, diferentes jardins artificiais com diferentes microclimas, embelezados com criações artísticas, efeitos sonoros interligam-se perspectivando-se como uma galeria de arte ao ar livre.12

À esquerda, visitantes escalando as paredes do “Bunker” e à direita os percursos pedonais atravessando as grossas paredes do Bunker.

Fontes: http://en.landschaftspark.de/ e http://urbangreentm.blogspot.pt/2009/04/duisburg-nord-landscape-park-germany.html

Através das suas paredes foram criadas diferentes rotas para alpinismo, tanto para o público como para a Secção Local da Associação de Montanhismo Alemão que tem o seu próprio jardim para escalada.13

12

Latz, Peter – Project Description – http://www.latzundpartner.de/projects/detail/23 13

Storm, A., Hope and Rust “Reinterpreting the industrial place in the late 20th century”,p.129. 2008.

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Resultado Final

Desde a sua abertura em 1994, o Landschaftspark Duisburg-Nord, “afirmou-se” mais que um

simples projeto de requalificação de uma área degradada, transformando-se num ícone para a

Cidade de Duisburg e para sua população.

Tornou-se num espaço multifuncional onde existe uma combinação de usos que faz deste

espaço, único na Europa, albergando na sua complexidade uma série de eventos, programas

culturais e educacionais, atividades de recreio, desporto e lazer, percursos pedonais e ciclovias

ao mesmo tempo que integra no seu interior inúmeras instituições e empresas, inclusive a Lazt &

Partners, ao mesmo tempo preservando a sua herança industrial e preenchendo as necessidades

ambientais e ecológicas dos tempos atuais.

Poderei afirmar que é um Parque multidisciplinar, sustentável, ecológico onde a arte, a cultura, o

desporto e o recreio se misturam conciliando as marcas do seu passado industrial devastador

com a natureza, fazendo deste espaço um projeto interminável; um museu que evolui em tempo

real, redefinindo-se a si próprio com o avançar dos tempos.

Vista aérea do Complexo Industrial – fonte: www.google.com/images/duisburg-nord

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Conclusão

Quando pensamos na palavra “indústria”, termos como poluição, destruição do ambiente,

exploração de recursos naturais são imediatamente associados, devido essencialmente a

décadas de industrialização que marcaram sobretudo o século XX.

Vistas parcias Noturna (à esquerda) e Diúrna (à direita) do Landschaftspark – fontes: http://en.landschaftspark.de e www.jessicagwolff.com

Com o surgimento de novas tecnologias e metodologias na produção que facilmente se

impuseram nos sectores industriais, fez com que ficassem obsoletos inúmeros espaços

industriais e consequentemente fossem abandonados deixando marcas profundas a diversos

níveis, sejam eles paisagísticos, ambientais, económicos e sociais.

Ao analisarmos os espaços pós-industriais é importante compreender a sua importância e

contextualizarmos esses espaços como uma herança de um passado industrial e como parte de

uma identidade coletiva, assim poderemos classifica-la como uma paisagem que resulta da ação

de atividades humanas, e segundo esta abordagem podemos “entende-la” e atribuir novos

significados sem apagar os seus vestígios.14

Que relação pode criar-se entre a indústria e a natureza? Reconciliação parece ser o caminho

correto.

O desenho nestes espaços deverá que reconhecer e interpretar o significado histórico e cultural

desse lugar e conjugar a ecologia da paisagem, criando assim alternativas que possam se

apresentar como programas inventivos do que apenas medidas de restauração. Seguindo esse

14

Loures, L., In (Re)-Developing Post-Industrial Landscapes: Applying Inverted Translational Research Coupled With The Case Study Research Method, p.5,200?

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princípio, Loures e Panagopoulos descrevem que o desenho deverá integrar 5 princípios

fundamentais.15

Estes princípios são:

Adaptar-se e ser adequado as novas funções para o qual este redesenhado;

Ser durável e adaptável a novos usos;

Ajustar-se as suas envolventes e valorizar o seu contexto;

Ser visualmente coerente e ser agradável aos seus visitantes;

Ser sustentável, ou seja, não-poluente, possuir eficiência energética, possuir boas

condições de mobilidade e ter o mínimo impacte ambiental possível.

Apesar de entendermos que cada Paisagem pós-industrial é diferente e possui diferentes

contextos e interpretações, o que exige diferentes programas para a sua reabilitação, o

Landschaftspark Duisburg-Nord, apresenta-se como um excelente exemplo, caso de estudo, para

servir de “inspiração” a muitos outros locais que foram devastados pela industrialização de que a

reconciliação entre a “natureza”, o “ambiente” e o “Homem” é possível.

Este projeto é muito mais que a obra de um criador, é a representação do “genius loci” e prova

que zonas industriais abandonadas podem e devem ser reabilitadas dando um novo espirito e

uso ao mesmo tempo valorizando-se por deixar presente as marcas do seu passado.16

Neste lugar, o arquiteto reinterpreta os elementos existentes enaltecendo as propriedades

estéticas aliando-as a um novo desenho que nasce por camadas da paisagem existente para

novas camadas que se integram delineando um modelo conceptual de tornar o tempo visível

integrando novas funções e usos aos espaços e edifícios existentes interligando-as as

necessidades ecológicas dos tempos presentes.17

No Duisburg-Nord, o desenho, os conceitos espaciais e ecológicos aliaram-se ao programa

exigido, suplantando-se, pois este parque tem vindo sempre a desenvolver-se, com a

implementação de novas programas e funções, apresentando-se como mais que um simples

parque urbano, é um museu, um centro cultural onde o lazer, o recreio, o desporto, a natureza, a

ecologia interligam-se de forma harmoniosa, não só a sua envolvente e comunidade como a toda

a região do Ruhr, afirmando-se como um sinal de esperança e prosperidade para as gerações

vindouras.

15

Loures,L. & Panagopoulos, In Sustainable reclamation of industrial areas in urban landscapes. Wit Transactions on Ecology and the Enviroment, Vol. 102, 3(10)

p.793, 2007 16

Loures,L. & Panagopoulos, In Sustainable reclamation of industrial areas in urban landscapes. Wit Transactions on Ecology and the Enviroment, Vol. 102, 5(10)

p.795, 2007 17 Gill, J., “The Evolution of the Post-Industrial Landscape” - Thesis submitted in partial fulfilment of the requirements for the degree of Bachelor of Landscape

Architecture in the University of New South Wales. P.22, 2005.

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Bibliografia

Gill, J., “The Evolution of the Post-Industrial Landscape” - Thesis submitted in partial fulfilment of the requirements for the degree of Bachelor of Landscape Architecture in the University of New South Wales. 2005

Langenbach, H. Et al, In Water Sensitive Urban Design – results and principles, 3rd SWITCH Scientific Meeting. 2008

Latz, Peter, In “The Metamorphosis of the 20th Century’s Landscape,” March 1, 2004, at

the University of California, Berkeley.2004.

Loures L. et Panagopoulos T.,In Sustainable reclamation of industrial areas in urban landscapes. Wit Transactions on Ecology and the Enviroment, Vol. 102, 2007.

Loures, L., In (Re)-Developing Post-Industrial Landscapes: Applying Inverted Translational

Research Coupled With The Case Study Research Method,200?

Loures, Luis et Burley J. – In Post-Industrial Land Transformation – An Approach to

Sociocultural Aspects as Catalysts for Urban Redevelopment, Advances in Spatial

Planning. 2012.

Stilgenbauer, Judith, in Landschaftspark Duisburg Nord—Duisburg, Germany,

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Storm, A., Hope and Rust “Reinterpreting the industrial place in the late 20th century”, 2008.

Websites Consultados

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http://hebig.org/blog/ (acedido 01/06/2012)

http://courses.umass.edu/latour/Germany/tnickerson (acedido a 25/05/2012)

http://urbangreentm.blogspot.pt/2009/04/duisburg-nord-landscape-park-germany.html

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www.jessicagwolff.com (acedido a 03/05/2012)

http://entirety-lovegivesall.blogspot.pt/2010/10/landscape-and-sitetime-and-memory.html

(acedido a 03/05/2012)