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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO FUTURO
ANÁLISE TÉORICA SOBREO PERFIL DO PROFESSOR DO FUTURO E SUA
FORMAÇÃO
Ms. Andréa Kochhann e GEFOPIGrupo de Estudos em Formação de Professores e
Interdisciplinaridade
Esses slides embasam os debates que o GEFOPI realiza para discutir a questão da formação do
professor do futuro e qual seu perfil de atuação, tendo sua base na pesquisa.
Geralmente realizamos a palestra após o público assistir ao filme “O óleo de Lorenzo”.
O GEFOPI atua com base em projetos de pesquisa e de extensão, da Universidade Estadual
de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos.
Para introduzir a discussão..........
* O que é ser professor?
* Como é ser um professor do futuro?
* O que é futuro para ser um professor?
* O que é reconstrução do conhecimento?
* O que fazer para ser um professor do futuro pela reconstrução do conhecimento?
* A intenção deste texto é discutir a importância do professor nesta sociedade intensa de conhecimento,
considerando-o figura estratégica. […] Mais que outras profissões, esta precisa de reconstrução
completa, dentro da máxima: ser profissional hoje é, em primeiro lugar, saber renovar, reconstruir, refazer a
profissão. […] É essencial saber reconstruir conhecimento com mão própria. (p. 11)
* A definição de professor inclina-se para o desafio de cuidar da aprendizagem, não de dar aula. Professor é quem, estando mais adiantado no
processo de aprendizagem e dispondo de conhecimentos e práticas sempre renovados sobre aprendizagem, é capaz de cuidar da aprendizagem
na sociedade, garantindo o direito de aprender. Professor é o eterno aprendiz [...] (p. 11)
E COMO CUIDAR DA APRENDIZAGEM?
* Professor não é quem dá aula. “Dar aula” tornou-se expressão vulgar para mera reprodução de conhecimento,
reduzindo-se a procedimento transmissivo de caráter instrucionista. (p.13).
* Por isso, é fundamental redefinir o professor como quem cuida da aprendizagem dos alunos, tomando o termo “cuidar” em seu sentido forte, como propõe Boff (1999). Saber cuidar significa dedicação envolvente e contagiante, compromisso ético e técnico, habilidade sensível e sempre renovada de suporte do aluno, incluindo-se aí a toda de construção da
autonomia.(p. 13)
* Trata-se do cuidado que não abafa, afoga, tutela, mas liberta, colocando o professor não como dono ou capataz do processo, mas como mentor socrático ou
maiêutico. (p.13)
* “Dar aula” não implica necessariamente cuidar da aprendizagem. Os professores, como regra, apenas
“dão aula”, repassam conteúdos curriculares e aplicam provas, importando-se pouco ou nada com a
aprendizagem dos alunos. (p.14)
* É preciso ter em mente o que é “aprender”, algo muito diferente do que ocorre nas escolas em geral.
Segundo as melhores teorias hoje disponíveis, aprendizagem é processo reconstrutivo, tipicamente de dentro para fora, como se sugere me argumentações de fundo biológico. Maturana (2001) emprega o conceito de “autopoiese”, para designar a propriedade de todo
ser vivo de autoformação e auto-organização, no sentido de captar a realidade externa de maneira
interpretativa própria. (p.15).
* Perante este pano de fundo, a aprendizagem exige
condições específicas, todas de dentro para fora:a) Pesquisa […] b) Elaboração própria […] c)
Envolvimento […] d) Avaliação […] e) Orientação […] f) Relação pedagógica. (p.21)
* Em nossas escolas e universidades, a lide comum está muito distante desses desafios, já que os alunos
não pesquisam, não elaboram, não se envolvem profundamente, não encontram professores que
sabem avaliar e orientar. (p. 21)
* Nada é mais útil para o aluno do que o professor maiêutico, que, em vez de lhe roubar o tempo com transmissões apelativas e decadentes, o motiva a estudar e a reconstruir conhecimento com mão
própria, investindo nisso todo cuidado possível e imaginável. (p. 21)
CONHECIMENTO DISRUPTIVO
* “Entende-se por conhecimento 'disruptivo' aquele rompedor, rebelde, capaz de se confrontar,
questionar, desconstruir.” (p. 23)
* “É próprio do conhecimento mais profundo questionar – seu primeiro ímpeto é desconstrutivo, porque parte para duvidar do que vê ou ouve [...]”
(p. 23)
* “Conhecimento científico […] precisa voltar-se
para a posição socrática e autopoiética de fomentar no aluno a habilidade de saber pensar, cujo carro-
chefe poderia ser a autoridade do argumento.” (p.30)
* O argumento se apresenta no plano formal pela capacidade teórica e metodológica e no plano político na construção da autonomia crítica e
autocrítica.
COMBATER O INSTRUCIONISMO
* “Uma das expressões mais próximas do instrucionismo é a aula. […] Aula pode não ter nada a ver com a aprendizagem. […] a aula é
expediente expositivo, que facilmente decai para reprodutivo […] (p. 34)
* “Existe aula apropriada [...]. i) aula que aprende,
ii) que faz aprender, iii) elaborada, estudada, reconstruída, iv) de orientação e avaliação, v) curta,
leve e envolvente, vi)que respeite os limites da atenção do aluno, vii) que lança dúvidas e leva à pesquisa. Dizemos com isso que a finalidade da aula é conduzir à pesquisa e elaboração própria,
nunca as evitar.” (p. 35)
* É preciso afastar alguns estigmas da sala de aula como: aula divertida, abusar de meios eletrônicos, entupir aluno sem digestão teórica, abusar da estética e da didática da
aula, aula rotineira e muito disciplinar.
* Muitas vezes o professor não percebe que suas aulas não são proveitosas na questão da digestão teórica e
elaboração própria.
* É melhor ler com o aluno, pesquisar com o aluno, elaborar com o aluno, fazer conhecimento próprio, aprender a aprender para não aprovar o analfabeto
diplomado.
* “Cada aluno precisa montar projeto de pesquisa e
realizar pesquisa sistematicamente, semestre a semestre, tomando pesquisa como ambiente de
aprendizagem. Com isso chega-se à habilidade de 'fazer conhecimento', que é o que importa para a
vida, inclusive mercado.” (p.50)
REFAZER A PEDAGOGIA
* “Para iniciar, pedagogia é hoje alma mater da universidade, no sentido de ser ocurso mais importante
e estratégico, por tratar do direito de aprender da sociedade, em particular das novas gerações.[...]. Todo professor deveria ser 'pedagogo', não como é o pedagogo
profissional, mas no compromisso de cuidar da aprendizagem do aluno.” (p. 51)
* A pedagogia não pode ser vista como curso subalterno, feito de pedaços. Pode ter teorias
próprias e ser um curso interdisciplinar. Questiona o conhecimento de forma crítica e autocrítica. Tem
método de trabalho.
* Para reinventar a pedagogia é preciso desenhar o espaço desse profissional no estudo da
aprendizagem, do conhecimento, da educação, da inovação tecnológica, das didáticas e metodologias
e, da demanda na sociedade.
* “Trata-se de rever o profissional por completo, não como alguém predestinado a dar aula, mas
como alguém definido como eterno aprendiz e que, como tal, cuida que outros aprendem.” (p. 58)
* Para isso é preciso rever alguns equívocos quanto a avaliação educacional, repasse de conteúdos,
definição de professor, qualidade política e outras.
PERFIL DO PROFESSOR DO FUTURO
* O perfil do professor do futuro: pesquisador, formulador de proposta própria, sabe fazer a prática, atualiza-se
permanentemente, visa a instrumentalização eletrônica, torna-se interdisciplinar, o professor universitário investe em mestrado acadêmico, o professor básico precisa saber
pensar.
* “Persiste, porém, a didática instrucionista na universi-dade, em particular, nos cursos noturnos e nos professores ditos 'horistas'. Entretanto, há que se levar em conta que, também se não houver estudo e produção sistemática de
conhecimento, não há aula para dar.” (p. 87)
PARA FAZER CONHECIMENTO
* “A participação ativa do aluno é a razão de ser, desde o início até o fim. Cabe ao professor orientar e avaliar. Cabe ao aluno pesquisar e elaborar.” (p. 91).
* “Pesquisa não pode ser feita aos solavancos, ou aos pedaços, mas sistematicamente. […] É preciso evitar
facilitações, atalhos e encurtamentos, que obstaculizam ou evitam o esforço reconstrutivo, em
particular o esforço de argumentar.” (p. 93).
* “Quem cuida de verdade exige e suporta. O aluno precisa perceber que pode contar com o professor não para extrair alguma tutela, mas orientação e
avaliação. Orientar não é tomar o aluno no colo, e fazer por ele o que ele deveria fazer. Nem é repelir
o aluno, para que se vire sozinho.” (p.94)
* “O professor precisa arquitetar o ambiente de tal maneira que o aluno aprenda, aos pouco, que
reconstruir conhecimento implica, de modo geral, duplo esforço conjugado: metodológico […] e,
teórico [...].” (p. 94)
* “O professor precisa saber convencer o aluno de que deve estudar, pesquisar, elaborar. O aluno que aprende a estudar não depende de aula. Tem nisto enorme apoio para sua autonomia. Pobre do aluno que só funciona com aula, porque não vai além de
copiar e reproduzir!” (p. 99).
* “Quem estuda com quem não estuda jamais aprenderá a estudar. Muitos alunos noturnos querem
apenas o diploma. É verdade.[...]” (p.100).