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TREINAMENTO PREVENTIVO, ESPECÍFICO E INDIVIDUALIZADO NOS ATLETAS DE BASQUETEBOL SUB-17.
PREVENTIVE, SPECIFIC AND INDIVIDUALIZED TRAINING IN SUB-17 BASKETBALL ATHLETES.
Daikiti Eduardo Tanimoto (Graduando em Educação Física no UniSalesiano de Lins)
Phamela Afonso de Oliveira (Graduando em Educação Física no UniSalesiano de Lins)
Prof.º Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - Mestre em Educação Física – [email protected]
RESUMO
O basquetebol para qualquer idade é um esporte que envolve capacidades motoras condicionantes e coordenativas aplicadas de acordo com a especificidade de jogo e organização. Essa modalidade exige mudanças bruscas de direção e grande contato físico, fatores que podem resultar em lesões traumáticas e/ou por sobrecarga. Além disso, os fatores intrínsecos ao atleta também influenciam vertiginosamente no decorrer da vida esportiva do mesmo. Sem um acompanhamento adequado (equipe multidisciplinar) o basquetebol pode prejudicar o crescimento e o desenvolvimento de acordo com sua intensidade, agregados aos fatores estressantes como competições, lesões, gasto energético, idade e estado nutricional. Tendo em vista a complexidade do corpo humano e as especificidades do esporte, as lesões acometem a maioria dos atletas, principalmente nos membros inferiores (MMII), sobretudo por entorse de tornozelo e, de fato, esses acometimentos não se associam entre si, não havendo possibilidade de comparação, por isso, considerar a individualidade biológica é de suma importância. Desse modo, essa pesquisa de caráter experimental teve o propósito de facilitar a prescrição de um treinamento preventivo, específico e individualizado em atletas de basquetebol de base ou sub-17, identificando limitações e fragilidades físicas, bem como apontar aspectos físicos a serem melhorados e o tipo de trabalho específico adotado no estudo, com detalhada anamnese e avaliações: Step Down, Landing Error Scoring System, Hop Test e Discinese Escapular. Posteriormente, proporcionando vivência de treinamento preventivo, ressaltando gestos motores específicos de maneira funcional e individualizado, em busca de melhoras em condicionantes e capacidades físicas. Para tal, foram selecionados dois grupos de 7 voluntários cada, do sexo masculino com idade entre 15 ±1,80 anos (Grupo Intervenção - GI) e 16 ±1,07 anos (Grupo Controle - GC), estatura 1,78 ±0,12 (GI) e 1,82 ±0,11 (GC), peso corporal 67 ±13,13 (GI) e 65,6 ±29,28 (GC), percentual de gordura 11,2 ±27,22 (GI) e 15,26 ±11,60 (GC), com experiência no jogo de basquetebol. Eles aleatoriamente foram submetidos aos testes para reavaliação após três meses de intervenção, com o intuito de mensurar alguma mudança significativa. No caso, apenas no teste Hop Test encontrou-se alteração positiva
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mediante avaliação (perna direita 1,98 ±0,26 e esquerda 2,11 ±0,28) e reavaliação (perna direita 2,19 ±0,21 e esquerda 2,14 ±0,27), encontrando o valor de P=0,002285 na perna direita e 0,004348 na esquerda, realizado pelo T-Student. Dessa maneira, concluiu-se haver melhora no salto em distância dos atletas do GI e não emergir nenhuma lesão durante os treinamentos propostos.
Palavras chaves: Basquetebol. Treinamento Preventivo. Lesões
ABSTRACT
Basketball for any age is a sport that involves conditioning and coordinating motor skills applied according to the specificity of play and organization. This mode requires sudden changes of direction and great physical contact, factors that can result in traumatic injuries and / or overload. In addition, the factors intrinsic to the athlete also influence vertiginously throughout the athlete's sporting life. Without adequate follow-up (multidisciplinary team) basketball can impair growth and development according to its intensity, coupled with stressors such as competitions, injuries, energy expenditure, age and nutritional status. Considering the complexity of the human body and the specificities of the sport, the injuries affect most of the athletes, especially in the lower limbs (LLL), especially for ankle sprain and, in fact, these injuries do not associate with each other, possibility of comparison, so considering biological individuality is of paramount importance. Thus, this experimental research was aimed at facilitating the prescription of specific and individualized preventive training in basic or sub-17 basketball athletes, identifying limitations and physical weaknesses, as well as pointing out physical aspects to be improved and the type of specific work adopted in the study, with detailed anamnesis and evaluations: Step Down, Landing Error Scoring System, Hop Test and Discapular Scapular. Subsequently, providing preventive training experience, emphasizing specific motor gestures in a functional and individualized way, in search of improvements in conditioning and physical capacities. To do this, two groups of 7 volunteers were selected, each male, aged 15 ± 1.80 years (Intervention Group - GI) and 16 ± 1.07 years (Control Group - GC), height 1.78 ± 0 , 12 (GI) and 1.82 ± 0.11 (GC), body weight 67 ± 13.13 (GI) and 65.6 ± 29.28 (GC), fat percentage 11.2 ± 27.22 GI) and 15.26 ± 11.60 (GC), with experience in the game of basketball. They were randomized to reassessment tests after three months of intervention, in order to measure some significant changes. In the case, only the Hop Test test found a positive alteration through evaluation (right leg 1,98 ± 0,26 and left 2,11 ± 0,28) and reevaluation (right leg 2,19 ± 0,21 and left 2 , 14 ± 0.27), finding the value of P = 0.002285 in the right leg and 0.004348 in the left, performed by T-Student. In this way, it was concluded that there was an improvement in the distance jump of the athletes of the GI and no injuries during the proposed training.
Keywords: Basketball. Preventive Training. Injuries.
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INTRODUÇÃO
O basquetebol é uma modalidade esportiva, segundo Cohen e Abdalla
(2003), que se originou nos Estados Unidos, em meados de 1891, no Instituto de
Springfield, Massachusetts. No Brasil, tal esporte se difundira apenas por volta de
1896 com o missionário americano Augusto F. Shaw. No entanto, foi somente no
ano de 1912 que o basquetebol seria praticado como esporte na Associação Cristã
de Moços do Rio de Janeiro.
Atualmente essa modalidade esportiva cresce na receptividade popular de
crianças e adolescentes, justamente por ser um esporte de fácil acesso e baixo
custo, principalmente nas escolas e clubes. Porém, com a crescente aceitação é
preciso analisar o esporte profundamente, levando em consideração os impactos
positivos e negativos no atleta. Moreira, Gentil e Oliveira (2003) destacam que o
basquetebol impõe alta exigência física, técnica e tática fazendo com que os
treinamentos se tornem mais fatigáveis e extenuantes, estabelecendo esforço
máximo do atleta em busca de resultados estabelecidos. Dessa forma, disputas
mais acirradas, altas cargas de treinamento e aumento de contato entre adversários
predispõem a alto nível de lesões.
As lesões esportivas se dão por inúmeros fatores, extrínsecos e intrínsecos,
segundo Moreira (2006), uma enorme variedade de movimentos do basquetebol
permite entender a manifestação de determinadas lesões. O condicionamento físico,
preparação técnica, sexo, caráter de confronto (jogo ou treino), posição do jogador,
superfície, tipo de tênis, uso de órteses, presença de doenças ou lesões pré-
existentes e fatores psicológicos, também são considerados importantes fatores
predisponentes lesivos. Entender estas características pode ser de grande valia na
prevenção e tratamento de tais patologias, contribuindo para o aumento do
desempenho do atleta.
Mediante a isso, é importante para um treinamento preventivo, específico e
individualizado, buscando eficiência em amenizar e prolongar a vida no basquetebol
para atletas de base, principalmente para condicionar, melhorar ação motora,
capacidades físicas (flexibilidade, força e equilíbrio) e automatizar movimentos
característicos. Essas mudanças de um simples treinamento sem perspectiva de
intervenção analítica, para um treino personalizado, de acordo com Alves e Lima
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(2008), acarretam outros inúmeros benefícios físicos: melhora no desenvolvimento
corpóreo, prevenção da obesidade, aumento da sensibilidade à insulina, aspectos
psicológicos e sociabilidade. Concomitantemente, para auxiliar nessa intervenção
preventiva, uma minuciosa anamnese e testes ao atleta de base se destaca capaz
de apontar suas fragilidades e limitações que, conforme Moreira (2006) é maior em
membros inferiores. Esse amparo deve estar composto por uma equipe
multidisciplinar, agregando maior confiabilidade no treinamento preventivo,
denotando amplo conhecimento científico.
Diante da importância de tais fatos, com intuito de facilitar a prescrição de um
treinamento preventivo, específico e individualizados em atletas de basquetebol de
base ou sub-17, o presente estudo busca, fidedignamente, responder o seguinte
problema: uma intervenção personalizada (visando prevenção esportiva no
basquetebol de base) realmente ameniza fatores predisponentes à lesão?
Hipótese: melhora significativa em um dos testes (hop test) e sem nenhuma
lesão durante os treinamentos.
D esse modo, a presente pesquisa tem por objetivo analisar, explanar e
buscar respostas ao problema citado acima por meio de uma pesquisa experimental,
auxiliando e instigando novos trabalhos para esta temática pouco abordada
cientificamente, facilitando a metodologia na intervenção preventiva em atletas de
basquetebol de base, bem como apontar aspectos físicos a serem melhorados e o
tipo de trabalho específico adotado no estudo.
Foram avaliados 14 atletas, sendo 7 para grupo controle e 7 com intervenção
de treinamento personalizado, ambos do sexo masculino com idade entre 12 e 17
anos, com experiência na modalidade do basquetebol e que não realizassem algum
tipo de treinamento preventivo. Os testes utilizados para análise foram: Step Down,
Landing Error Scoring System, Hop Test e Discinese Escapular.
Após leitura da carta de informação ao participante, a assinatura do Termo de
Consentimento e Assentimento Livres e Esclarecidos, os participantes da pesquisa
realizaram os testes supracitados e, no grupo de intervenção, o treinamento se
baseou em microciclos de: incorporação e ordinário/choque, destacando a
especificidade da modalidade e a individualidade biológica de cada sujeito,
respeitando o calendário de competições da equipe.
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MATERIAS E METODOS
Todos os participantes receberam e assinaram os termos de assentimento e
consentimento livre e esclarecido, de consentimento para uso de fotografias, vídeos
e gravações e a carta de informação aos participantes contendo detalhadamente
todo o processo da pesquisa experimental e suas variantes para o grupo com
intervenção e o grupo controle.
Essas aquiescências serviram para respaldar o projeto e esclarecer o intuito
do mesmo. Durante o percurso dos treinamentos e, principalmente, de jogos, os
atletas de base podiam estar sujeitos a traumas e lesões, sendo ocasiões inevitáveis
à vida esportiva. Os testes e treinamentos não ofereceram riscos proporcionais por
serem cautelosamente estudados, demonstrados e aplicados aos avaliados. Ao
término deste trabalho os atletas com intervenção vivenciaram uma nova
experiência de treinamento preventivo e personalizado. Desse modo, foi possível
apresentar tal vertente de treinamento, com profissionais adequados e capacitados
para promoção da saúde e bem-estar dos mesmos, além da melhoria em um
possível deficit existente.
Foi importante salientar extrema atenção com todos os indivíduos envolvidos
no projeto, a fim de que fosse evitado problemas e situações fora do planejamento
prévio. Atentar para a execução correta dos testes e fatores extrínsecos (estado do
piso/solo, calçado, saltos e aterrissagens, obtendo assim maior êxito no resultado e
evitando micro traumas). Cada teste/treinamento foi acompanhado de um
Profissional de Educação Física e Fisioterapeuta. Além disso, correções posturais
foram constantemente aplicadas aos avaliados.
Ambas as ações acontecera após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética,
através do parecer: 2.072.029.
Condições Ambientais
Os treinamentos preventivos e as avaliações funcionais foram
realizados no Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, no Setor de
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Ortopedia do Centro de Reabilitação Física Dom Bosco - Curso de Fisioterapia e
Curso de Educação Física; localizados à Rua Nove de Julho, nº 1010, na cidade de
Lins, Estado de São Paulo. Para os treinamentos utilizou-se a Quadra Poliesportiva:
área com boa infraestrutura, coberta e adepta para práticas esportivas. Para as
avaliações funcionais utilizou-se o Laboratório de Educação Física: ambiente
apropriado, reservado, refrigerado e com materiais necessários aos procedimentos
de – pesagem e medidas corpóreas. As avaliações para o grupo controle ocorrera
na cidade de Promissão, no Departamento de Esportes, Cultura, Artes e Recreação,
que fica situado na Rua Érico de Abreu Sodré, nº 477, também com boa
infraestrutura, coberta e adepta para práticas esportivas no período de 22 de Maio
de 2017 a 22 de Agosto de 2017 no horário fixo de atendimento, das 16 horas às 18
horas, de segunda, quarta e sexta-feira.
Amostra
A amostra é composta por 14 adolescentes (sexo masculino – entre 12 e 17
anos) que pratiquem/joguem basquetebol e não realizem treinamento preventivo ou
semelhante a um treinamento personalizado. Foram excluídos do experimento
atletas que praticassem qualquer forma de treinamento preventivo ou personalizado.
Protocolos
Para a realização desse estudo foi utilizado os seguintes protocolos:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Discussão
O objetivo deste estudo foi identificar limitações e fragilidades físicas em atletas de
basquetebol sub-17, que possuem primordialmente alterações negativas nos
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membros inferiores, mediante excesso de treino sem preocupação preventiva,
apenas visando vitórias e super-resultados. Tal amparado científico para melhorar
estas condições pode-se iniciar através de anamnese e testes funcionais
aconselhados por uma equipe multidisciplinar (fisioterapeuta e profissional de
educação física).
Tassiano et al. (2007) correlaciona a prática adequada de atividade física na
infância e adolescência com benfeitorias a saúde física, psicológica, esquelética
(teor mineral e densidade óssea), contribuindo também para a prevenção da
obesidade, dos fatores de risco de doenças cardiovasculares, desenvolvimento da
socialização e da capacidade de trabalho em equipe. Desse modo, entende-se que
na fase da iniciação esportiva deva existir maior cuidado com o atleta, salientando
treinamento específico para que as etapas do crescimento sejam respeitadas.
Sabendo disso, é essencial prescrever um treinamento de prevenção e de
potencialização das capacidades físicas. De acordo com Amadio e Serrão (2011) o
alcance de resultados máximos depende da preparação de um bom treinamento
capaz de potencializar as capacidades e habilidades envolvidas na atuação da
modalidade esportiva. No entanto, é preciso sempre respeitar os limites do corpo de
cada indivíduo. As cargas utilizadas para um melhor desempenho – através de um
microciclo de incorporação para entender o atleta com a escala de borg, assim como
os impactos sofridos durante treinos e competições, sendo essas condições sem
adequada interferência as causas mais prováveis de lesões.
Hernandez (2006) ressalta que as lesões não estão apenas associadas ao
treinamento inadequado, mas também à falta de amparo científico e estrutura
apropriada, com profissionais dotados de conhecimento na área. Além disso, é de
suma valia que o atleta ao sofrer uma lesão, não retorne às atividades competitivas
antes da sua recuperação completa (fisioterapia), o que poderá sofrer interferência
visível no seu desempenho nas etapas iniciais do retorno ao esporte, como também
pode estar relacionado ao estresse psicológico.
Aleixo (2015) traz um importante estudo, em que relata que o Comitê
Olímpico do Brasil (COB) decidira enfatizar uma preparação específica que previne
lesões. Trata-se de um programa existente desde 2012 e, de acordo com a
entidade, na última edição dos Jogos Olímpicos, em Londres, 37% dos atletas
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brasileiros tinham algum tipo de lesão. Um número ainda alto, porém bastante
inferior aos registrados em Pequim 2008 (60%) e Atenas 2004 (53%).
Segundo o autor, o treinamento consiste basicamente de exercícios e
atividades antes dos treinos técnicos e táticos que supram as necessidades de cada
atleta de acordo com as suas modalidades e reforcem não apenas a musculatura e
articulações, como também gerem ganho de força e ajudem no equilíbrio postural.
Tudo para evitar sobrecargas que possam levar a lesões nos mais diversos lugares,
como tornozelo, joelho, ombro, coxa, entre outros.
Chaskel, Preis, e Bertassoni (2013) indica que o sistema proprioceptivo do
corpo humano pode condicionar-se através de exercícios específicos para responder
com maior eficácia de forma a melhorar a força, a coordenação motora, o equilíbrio,
tempo de reação a determinadas situações e compensar a perda de sensações
ocasionadas por uma lesão articular para evitar o risco de que esta volte a se
reproduzir. Essa condicionante, portanto, tende a ser eficaz no trabalho de
prevenção. O treinamento proprioceptivo específico é condição obrigatória para a
recuperação cinética funcional de lesões, prevenção de reincidências e também
pode ser utilizado como treinamento básico para evitar futuras lesões.
CONCLUSÃO
Conclui-se com este estudo que a intervenção teve um valor estatístico pouco
significativo para afirmar, irrefutavelmente, que um treinamento preventivo, individual
e específico realmente seja uma vertente eficaz na prevenção de lesões no
basquetebol de base. Porém, no teste aplicado – “hop test” houve melhora nos
dados coletados no grupo de intervenção. Além disso, não houve nenhum caso de
lesão durante os treinamentos. Desse modo, esses fatores abrem ramificações para
outros estudos, aprofundando a correlação de um treinamento personalizado com
outras variantes e os fatores lesivos no basquetebol de base.
REFERÊNCIAS
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