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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
MANOEL OLIVEIRA FILHO
Estudo dos Aspectos da Termografia Digital Infravermelha,
da PAAF (citológico e imunocitológico), e dos Achados
Histológicos e Imuno histoquímicos da Endometriose
Subcutânea na Mulher
FORTALEZA
2013
1
MANOEL OLIVEIRA FILHO
Estudo dos Aspectos da Termografia Digital Infravermelha,
da PAAF (citológico e imunocitológico) e dos Achados
Histológicos e Imuno histoquímicos da Endometriose
Subcutânea na Mulher
Tese apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor. Área de Concentração: Medicina.
Orientador: Prof. Dr. Vietla S. Rao Coorientador: Prof. Dr. Francisco das Chagas Medeiros
FORTALEZA
2013
2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde
O48e Oliveira Filho, Manoel. Estudo dos aspectos da termografia digital infravermelha, da PAAF (citológico e imunocitológico), e dos achados histológicos e imuno histoquímicos da endometriose subcutânea na mulher/ Manoel Oliveira Filho. – 2013.
99 f. : il.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas, Fortaleza, 2013. Área de concentração: Medicina.
Orientação: Prof. Dr. Vietla S. Rao. Coorientador: Prof. Dr. Francisco das Chagas Medeiros.
1. Endometriose. 2.Termografia. 3. Biopsia por Agulha. I. Título. CDD 618.1
3
4
AGRADECIMENTOS
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação de Ciências Médicas da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará que, com dedicação e
competência, transmitiram valiosos conhecimentos para a concretização deste
objetivo.
Ao Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao, por me haver aceito como seu
orientando, meus sinceros agradecimentos pela oportunidade concedida, sem a qual
esta Tese de Doutorado não existiria.
Ao Prof. Dr. Francisco das Chagas Medeiros, coorientador desta Tese de
Doutorado, pelo seu profundo conhecimento sobre a doença endometriose
subcutânea e mais ainda, pela maneira altiva, cavalheiresca, com a transmissão dos
seus embasados ensinamentos. Muitos dias, noites e finais de semanas foram
consumidos por nós. Tenho a segura convicção de que sem a sua laboriosa ajuda, a
realização profissional, por mim tão almejada, não teria se concretizado. Muitíssimo
obrigado.
Ao Prof. Dr. José Eleutério Junior, pelos ensinamentos no estudo da
imunocitologia e da imuno histoquimica, procedimentos esses que elevaram e muito
a qualificação deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Carvalho de Almeida, pela sua valiosa
colaboração no estudo da histopatologia e da descrição dos achados encontrados
nas lâminas.
À Prof.ª Dr.ª Geanne Matos de Andrade, Chefe do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará pela ajuda
na aquisição dos kits para as análises da imuno histoquímica.
Ao aluno de Medicina, Bruno Hálban Meneses Dias, pela documentação
fotográfica das lâminas dos endometriomas de parede abdominal e de outras
colaborações durante o desenvolvimento desta Tese.
Aos meus amigos médicos, professores e funcionários técnico-adminis-
trativos do Campus de Porangabussu o meu muito obrigado por estar
5
compartilhando a minha existência com vocês, e em especial aos que compõem a
nossa queridíssima Maternidade Escola Assis Chateaubriand e o Departamento de
Saúde Materno-Infantil da Universidade Federal do Ceará.
Às pacientes do Serviço de Ginecologia, Setor de Dor Pélvica Crônica e
de Videolaparoscopia da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, da Universidade
Federal do Ceará, que tornaram possível a realização desta pesquisa.
Aos meus pais, Nicácio e Djanira – in memoriam - por terem me dado
condições para estudar.
Aos meus sogros Portela Aguiar – in memoriam – e Irene, por terem me
acolhido como seu novo filho.
À minha esposa Francirene, companheira do curso de Medicina desde os
tempos de estudante na UFC, que sempre me incentivou a galgar degraus mais
altos na vida profissional e pessoal.
Aos meus filhos, Leonardo, Manoela e Portela Neto, por serem pessoas
de bem com a vida.
Ao meu genro Érico, minhas noras Cecília e Manoela, por saberem
conviver com os meus filhos.
Aos meus netos, Ana Carolina, Erica e Manoel Arthur, que são ainda
pequeninos, meus agradecimentos a Deus por vocês existirem.
6
RESUMO
A endometriose é definida como a presença de estroma e glândulas endometriais
em um sítio anatômico diferente da cavidade uterina e musculatura, podendo ser
pélvica ou extrapélvica, chegando a acometer, nas diversas apresentações, de 5 a
15% das mulheres em idade fértil. A endometriose extrapélvica acomete 12% das
mulheres com endometriose, sendo rara a condição de endometriose umbilical –
cerca de 0,5% de todas as pacientes com ectopia endometrial. A maioria dos casos
de endometriose subcutânea desenvolve-se com origem em cicatrizes cirúrgicas
pélvicas em mulheres jovens no período reprodutivo, que apresentam crescimento
tumoral na parede abdominal, após procedimentos intervencionistas. Faz-se
diagnóstico diferencial com hérnias incisionais, granulomas de corpo estranho,
abscesso e neoplasias. Os métodos diagnósticos são baseados na clínica, na
punção aspirativa com agulha fina (PAAF) e do seu estudo citológico, na exérese da
lesão e da análise histopatológica, na ultrassonografia, na tomografia
computadorizada, na ressonância magnética, e neste experimento, o uso
da Teletermografia. As características morfológicas permitem o diagnóstico
citopatológico com base na punção aspirativa com agulha fina (PAAF). Até o
momento, no entanto, o perfil imuno-histoquímico e as características biológicas
desse tipo incomum de endometriose estão mal entendidos, necessitando de
estudos de fenotipagem celular para a compreensão da fisiopatologia e de seus
eventuais tratamentos. Objetivo. Foi constituído um grupo de estudo (20 casos) com
suporte nos esfregaços de punção aspirativa com agulha fina (PAAF) e da sua
analise pela imunocitoquimica, pela avaliação da Teletermografia digital e do estudo
histopatológico das lesões. Em sete casos (07), foram realizados imunohistoquímica
para receptores de estrogênio, progesterona e marcador de proliferação celular (KI-
67). Os aspectos morfológicos serão confrontados com a positividade ou não dos
marcadores. Para armazenar dados, será criada planilha de Excel/Office 2000. O
banco de dados será exportado para o Soft Prism 5.0, onde será feita a consistência
lógica final das informações digitadas. A significância estatística será realizada pelo
Teste Exato, de Fisher, com intervalo de confiança de 95%. Resultados. 20
pacientes com média de idade de 30,4±1,3 anos foram avaliados. A localização
mais frequente foi em cicatriz cirúrgica decorrente de parto abdominal (n=18), na
7
região suprapúbica em nível da cicatriz umbilical (videolaparoscopia) (n=1), em
cicatriz cirúrgica decorrente de histerectomia (n=1). Treze eram primíparas, quatro
secundíparas, duas tercíparas e uma nulípara. Nesse período, foram realizados
6.818 partos por via abdominal. A incidência de endometriose na cicatriz foi de
0,26%. O intervalo de tempo da cirurgia ao surgimento dos sintomas variou de seis
a 36 meses com media de 17±1,6. A queixa mais comum foi dor na cicatriz 80%;
destas, 40% referiam dor cíclica. Nódulo na cicatriz foi encontrado em 17 pacientes
(85%), fixo e doloroso. Em dois casos apresentaram hematometra ou hematoma.
Onze pacientes (55%) descreveram aumento do nódulo durante o período pré e
menstrual. A PAAF mostrou células endometriais e estromais em 13 citologias 65%;
e a Teletermografia digital foi realizada em todas. A assimetria termográfica indica
processo inflamatório. Todos os casos foram tratados com ressecção cirúrgica. Não
foi realizado nenhum tratamento clinico pré e pós-cirúrgico. Todas as pacientes
foram acompanhadas por um período superior a dois anos e houve recidiva em 3/20
(15%). Em duas a recidiva foi aos 12 meses, a terceira foi aos 24 meses, ambas
com antecedentes de endometriose peritoneal. Os resultados imuno histoquímicos
mostraram receptores de E no epitélio e no estroma em 80%; os de P foram 100% e
o Ki-67 72%.
Palavras-chave: Endometriose.Termografia. Biopsia por Agulha.
8
ABSTRACT
Endometriosis is defined as the presence of endometrial glands and stroma in an
anatomical site other than the uterine cavity and muscles, which may be pelvic or
extra-pelvic, affecting up to 5-15% of women of childbearing age, in its various
presentations. Extra pelvic endometriosis affects 12% of women with endometriosis,
a condition that is rare umbilical endometriosis - about 0.5% of all patients with
ectopic endometrium. Most cases of subcutaneous endometriosis develop from
pelvic organs to surgery scars in young women in the reproductive age. The
complaints are tumor growth in the abdominal wall after interventional procedures
and pain. It must be differentiated from incisional hernias, granulomas, abscesses
and benign and malignant tumors. The methods are based on clinical diagnosis and
in fine needle aspiration (FNA) cytology. The excision and histopathological analysis,
the ultrasound, the computed tomography and magnetic resonance imaging and in
our research, teletermography use (not reported in the literature). The morphological
characteristics allow the cytological diagnosis from fine needle aspiration (FNA).
However, to date, the immunohistochemical profile and biological characteristics of
this unusual type of endometriosis is poorly understood, requiring cellular
phenotyping studies for understanding the pathophysiology and its possible
treatments. Objectives: We formed a study group (20 cases) from the smears of fine
needle aspiration and its analysis by immunocytochemistry, assessing the
teletermography digital and histopathological lesions. In seven cases (07) were
performed immunohistochemistry for estrogen receptors, progesterone and marker of
cell proliferation (Ki-67). The morphological aspects will be faced with the possibility
or not of the markers. To store data, will be created spreadsheet Excel/Office 2000.
The database will be exported to the Soft Prism 5.0, which will be the logical
consistency of the final typed information. Statistical significance will be performed by
Fisher's exact test with a confidence interval of 95%. Results. Twenty patients with a
mean age of 30.4±1.3 years were evaluated during the period January 2007 to
December 2010. The location was more frequent in surgical scar resulting from
cesarean section (n=18), in the suprapubic region level of the umbilicus
(laparoscopy) (n=1), resulting in surgical scar of hysterectomy (n=1). Thirteen were
primiparous, four secundiparous, two nulliparous and one tercíparous. During this
9
period, 6818 deliveries were performed by cesarean. The incidence of endometriosis
in the scar was 0.26%, the time interval between surgery and onset of symptoms
ranged from 6 to 36 months with a mean of 17±1.6. The most common complaint
was pain in the scar (80%) of these 40% reported pain cyclical. Lump in the scar was
found in 17 patients (85%), fixed and painful. In two cases presented hematometra or
hematoma. Eleven patients (55%) reported increased nodule during the pre and
menstrual. FNA showed endometrial cells and stromal cells in the cytologig smears
(65%), the digital telethermography was performed in all. The thermographic
asymmetry indicates inflammation. All cases were treated with surgical resection. No
clinical treatment was done before and after surgery. All patients were followed for a
period exceeding two years and recurrence of 3 in 20 patients (15%). In two patients,
the recurrence was after 12 months, the third was to 24 months, both with a history of
peritoneal endometriosis. The results of immunohistochemical showed epithelium
and stroma receptors in 80% and 100% and 72% Ki-67.
Keywords: Endometriosis. Thermography. Biopsy Needle.
10
LISTA DE FIGURAS
1 Distribuição de locais de endometriomas subcutâneos quanto à cicatriz abdominal 21
2 Esquema do metabolismo estrogênico na célula endometriótica 24
3 Intensidade da representação dos receptores de estrogênio, progesterona e Ki-67 para avaliação da imunocito e histoquímica. 36
4 Microfotografia de espécime de lesão endometriótica subcutânea após utilização do software Image Composite Editor para composição de várias imagens em amostra única 40
5 Equipamento utilizado para as tomadas de temperatura. 41
6 Teletermografia em cicatriz de cesariana envolvendo toda a área, ausência de assimetria térmica (normal) 41
7 Aspecto de assimetria térmica observada em um caso de endometrioma de cicatriz de ângulo direito da ferida 42
8 Aspecto de padrão típico em termografias de nódulos endometrióticos subcutâneos após o estresse térmico (gelo). 42
9 Hematometra microscópico em nódulos de endometriose em cicatriz 46
10 Extenso hematoma em reabsorção em paciente com endometrioma de cicatriz cirúrgica. 46
11 Aspecto clínico e da ressonância nuclear magnética de endometriose de parede abdominal oriunda de cicatriz de cesárea invadindo a vulva 47
12 Esfregaços citológicos da PAAF de lesões endometrioticas subcutâneas. 48
13 Cicatriz de cesariana antiga, sem sintomas superficiais na cicatriz e com diagnóstico de endometriose pélvica (peritoneal). 52
14 Apresentação de caso de endometriose de cicatriz abdominal invadindo o músculo reto abdominal esquerdo e penetrando a cavidade peritoneal com aderência a intestino delgado. 52
15 Aspectos cirúrgicos da mulher há pouco mencionada, mostrando a invasividade da endometriose. 53
16 Curva ROC. Teste diagnóstico da teletermografia 54
17 Achados histológicos de endometriose de cicatriz abdominal pós-cesárea
55
11
18 Microfotografia mostrando os vários aspectos da apresentação da endometriose de escara cirúrgica e suas relações com o tamanho do tumor
56
19 Fisiopatologia das células estromais sobre a disseminação e implantação endometriótica. 74
12
LISTA DE TABELAS
1 Casuística e achados epidemiológicos da endometriose subcutânea 45
2 Descrição dos resultados da PAAF em lesões endometrióticas subcutâ-neas 49
3 Cálculo da especificidade e sensibilidade do PAAF 50
4 Distribuição percentual dos vários tecidos encontrados em lesões endometrióticas subcutâneas (histopatológico) 59
5 Resultados imuno histoquímicos de receptores de estrogênios, de progesterona e do Ki-67 63
6 Comparação entre os escores dos vários receptores entre o epitélio e estroma endometriotico evidenciados pela imuno histoquimica 64
7 Comparação dos escores de coloração entre os diferentes marcadores 65
13
LISTA DE QUADROS
1 Metodologia da Imuno histoquímica para receptores esteroides e Ki-67 35
2 Teste diagnóstico da teletermografia 53
3 Endometriose subcutânea (de cicatriz): quadro sinóptico dos achados histológicos descritivos pelo patologista (PRA) 58
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Cox 2 Ciclooxigenase-2
CD16-NK Célula natural killer
E1 Estrona
E2 Estradiol
E Estrogênios
ESR Receptores estrogênicos clássicos
FFPE Fixada em formol e incluída em parafina
GnRH Agonistas das gonadotrofinas
GPER Proteína receptora de estrogênio
HP Histopatológico
IL-6 Interleucina
IL-8 Interleucina
IL-1β Interleucina 1β
IgG Imunoglobulina
IgA Imunoglobulina
Ki 67 Marcador de proliferação celular
LUF Luteinização do folículo
MEK/ERK Proteína ativadora da mitose
MMP-9 Metalanoproteinases
NK Célula natural killer
NF-kB Fator nuclear kappa B
PGE2 Prostaglandina E2
PAAF Punção aspirativa com agulha fina
RM Ressonância magnética
RE Receptores de estrogênio
15
RP Receptores de progesterona
RA Receptores de androgênio
Síndrome LUF Luteinização do folículo não roto
TC Tomografia computadorizada
RNAm Ácido ribonucleico mensageiro
TNF-α Fator de necrose tumoral
VEGF Fator de crescimento vascular endotelial
∆T Diferença de temperatura
17β-HSD1 17-β - hidroxi-esteroide desidrogenase 1
17β-HSD2 17-β - hidroxi-esteroide desidrogenase 2
16
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 18
1.1 Definição 18
1.2 Epidemiologia 21
1.3 Patogênese da endometriose 23
1.4 Metabolismo do estradiol na endometriose 24
1.5 Receptores esteroides 25
1.6 Proliferação do endométrio 26
1.7 Endometriose: interação da inflamação com os esteroides 27
1.8 Ultrassonografia 28
1.9 Ressonância magnética 29
1.10 Teletermografia 29
2 OBJETIVOS 31
2.1 Objetivo geral 31
2.2 Objetivos específicos 31
3 PACIENTES, MATERIAIS E MÉTODOS 32
3.1 Delineamento do estudo 32
3.2 Tamanho da amostra para estudo imuno histoquímico e histomor-fométrico
32
3.3 Critérios de inclusão 32
3.4 Critérios de exclusão 33
3.5 Metodologia do PAAF 33
3.6 Imuno citoquímica para RE e RP 33
3.7 Imuno citoquímica para Ki-67 34
3.7.1 Interpretação imunocitoquímica 34
17
3.8 Imuno histoquímica para receptores estrogênicos, de progesterona e para o Ki-67
35
3.9 Escore dos receptores de acordo com a intensidade de coloração 36
3.10 Descrição dos procedimentos para coloração pela eosina e hematoxilina
37
3.11 Processo de captura e processamento de microfotografias histopatológicas e imuno histoquímicas 39
4 RESULTADOS 44
4.1 PAAF 48
4.2 Teletermografia digital 51
4.3 Análises histológicas da endometriose de cicatriz 55
4.4 Imuno histoquímica dos receptores de E, P4 e Ki-67 60
5 DISCUSSÃO 66
6 CONCLUSÕES 75
REFERÊNCIAS 77
APÊNDICES 89
ANEXOS 98
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 Definição
Endometriose é uma doença caracterizada pela presença de endométrio
(glândulas endometriais e estroma) fora do útero, descrita pela primeira vez por von
Rokitanski (1860 apud BENAGIANO; BROSENS, 2006). O endométrio é a camada
que reveste internamente a cavidade uterina e é renovado mensalmente por meio da
descamação durante o fluxo menstrual. Em algumas situações este tecido volta
pelas trompas, alcança a cavidade pélvica e abdominal, ocasionando o implante
dessas células, que irão se comportar da mesma maneira como estavam no
endométrio, isto é, proliferam, secretam e se desprendem, obedecendo às variações
do ciclo menstrual. Podem acometer os ovários, as tubas e outros órgãos, como o
intestino, a bexiga, e, mais raramente, com localização extrapélvica (GIUDICE; KAO,
2004).
Embora a maioria das mulheres vivencie a menstruação retrógada,
poucas irão desenvolver implantes em virtude de que esse tecido endometrial
é depurado pelas células imunes, como os macrófagos, as células NK (natural killer)
e os linfócitos. Por tal motivo, a disfunção do sistema imune é um mecanismo
provável para a geração de endometriose na presença de menstruação retrógada
(SELI; BERKKANOGLU, ARICI, 2003). A menor atividade das células NK
no plasma e no fluido peritoneal de mulheres com endometriose alimenta a
especulação sobre o papel do sistema imunitário na endometriose (VINATIER
et al., 1996). Estudos sugerem aumento do risco entre as mulheres
com endometriose para cânceres, dentre eles, ovário (NESS et al., 2002),
linfoma não Hodgkin, mama (OLSON et al., 2002), aumento da prevalência
de inflamação e de alterações da fibrinólise (MAHMOOD; TEMPLETON, 1991).
Até hoje, contudo, nenhuma associação clara é encontrada entre a
prevalência da endometriose e a imunossupressão crônica, como por
exemplo, em pacientes transplantados, nem com o tabagismo, álcool, cafeína,
tampouco com qualquer variável sobre estilo de vida. O estresse pode ser
ocasionalmente relacionado à endometriose, conceito derivado da síndrome
LUF (KONINCKX, 1987), que pelo menos nos babuínos em cativeiros
foram relacionados à endometriose (D’HOOGHE et al., 1996). Classicamente,
19
acredita-se que os estrogênios produzidos nos ovários durante o ciclo
menstrual estimulam o crescimento do endométrio ectópico e, assim,
um padrão cíclico da sintomatologia se estabelece (ZEITOUN; BULUN, 1999).
Um crescente grupo de pesquisadores, no entanto, por meio de
observações clínicas e laboratoriais indica que os implantes de
endometriose podem, por si, ser lugar da síntese do estrogênio, sugerindo
um efeito autócrino e parácrino destes nos tecidos ectópicos (TRUKHACHEVA
et al., 2009). Outros fatos corroboram a dependência do estrogênio no
tecido endometrial ectópico. É que as lesões endometrióticas regridem
após a supressão estrogênica farmacológica com o danazol ou com
agonistas do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH) e fisiologicamente
com a falência ovariana; por outro lado as lesões remitem com o uso
de terapia estrogênica na menopausa (ISAAC et al., 2009).
A endometriose extrapélvica é uma patologia rara e pode ser encontrada
em qualquer área do corpo humano. São descritas na literatura lesões no
sistema nervoso central, pulmão e pleura, estômago, vesicula biliar,
intestino delgado e grosso, apêndice, rim, bexiga, pâncreas e parede
abdominal (PIKOULIS et al., 2011; POLI-NETO et al., 2009; HORTON et al.,
2008; ZHU et al., 2008; DOUGLAS; ROTIMI, 2004). As cicatrizes de
cirurgias pélvicas na parede abdominal são locais de implantes da lesão
endometriótica, apresentam uma incidência de 0,03 a 1% (GAUNT et al., 2004),
com tendência de aumento em virtude da ascensão dos partos cirúrgicos, a cada
dia mais numerosos. Durante esses procedimentos cirúrgicos, os tecidos
endometriais se implantam de maneira direta na cicatriz e podem induzir
processos de metaplasia e/ou disseminação linfática e hematogência
(BEKTAS et al., 2010; NOMINATO et al., 2010). O primeiro caso de endometriose na
cicatriz de cesárea foi descrito por Nora (1956 apud VALVERDE et al.,
2004). Atualmente são relatados casos não associados à cirurgia prévia,
tornando suas características mais enigmáticas ainda (ELM; TWEDE;
TURIANSKI, 2008; WIEGRATZ et al., 2008). A possibilidade de associação
com quadro de malignidade, em especial carcinoma de células claras,
já foi relatado (BATS et al., 2008; PROWSE, 2006). Clinicamente essas
lesões se caracterizam por nódulos localizados na parede abdominal
20
(Figura 1, p. 8), comumente subcutâneos, fixos ou não, podendo ser indolores.
É fundamental fazer-se o diagnóstico diferencial com hérnias incisionais,
granulomas de corpo estranho, abscesso, neoplasias benignas e malignas,
lipoma, hematoma, cisto sebáceo, hérnia inguinal, tumor desmoide, sarcoma,
linfoma e câncer primário metastático (HORTON et al., 2008). Os exames
clínico ginecológico e retal são recomendados, pois a presença de endometriose
pélvica concomitantemente à lesão de cicatriz pélvico-abdominal é documentada
em cerca de 25% desses pacientes. Os metódos diagnósticos para essa
patologia são baseados na imaginologia (ultrassonografia, tomografia
computadorizada e ressonância magnética), nem sempre precisas (PARK;
KIM; CHO, 2008), no estudo citológico através do PAAF (ELEUTERIO;
CAVALCANTE; MEDEIROS, 2002; SING et al., 2009; PATHAN; DINESH;
RAO, 2010) e da anatomopatologia. Histologicamente, a lesão se caracteriza
por um estroma endometrial sob a derme, contendo numerosas estruturas
glandulares revestidas por epitélio colunar e hemossiderófagos (IGAWA
et al., 1992). Uma vez feito o diagnóstico, o melhor tratamento é a
retirada cirúrgica da lesão. Em mulheres com antecedentes de cirurgias
pélvicas como na cesariana, histerectomia, gravidez ectópica, entre outros,
a incidência de endometriose na cicatriz cirúrgica é de 0.03% a 3.5% (GAUNT
et al., 2004; ZHU et al., 2008; NOMINATO et al., 2010), com tendência de
aumento constantemente crescente dos partos cirúrgicos. Em trabalho de
revisão, Teng et al. (2008) encontraram lesões endometrioticas em cicatrizes
cirúrgicas mais acentuadas no flanco direito das incisões de Pfannenstiel
(Fig. 1, p. 8 ). A melhor explicação para esta condição patogênica da endometriose
de cicatriz é a iatrogênica – teoria da implantação direta - fato sugestivo de
fuga de células do endométrio através de uma incisão feita no útero
durante o procedimento cirúrgico, se dirige para implantação no interior da ferida
abdominal (BEKTAS et al., 2010; NOMINATO et al., 2010). Outras teorias,
como a da disseminação linfática ou hematogênica, da metaplasia celômica e a
imunológica também tentam explicar a etiologia da endometriose de parede
abdominal (NISSOTAKIS et al., 2010; PARDO et al., 2010; HORTON et al.,
2008). Oliveira et al. (2007) relataram que o principal fator de risco para
endometriose de cicatriz foi a histerotomia no início da gravidez, antes de 22
semanas de gestação; um estudo retrospectivo relatou o aumento do risco
21
de endometriose em cicatriz cirúrgica em pacientes submetidas ao parto
cesárea eletivamente, ou seja, antes do trabalho de parto (WICHEREK et al.,
2007). Fluxo menstrual aumentado, ingestão de bebida alcoólica, também são
considerados fatores de risco. A multiparidade é fator de proteção. Atualmente,
são relatados casos não associados à cirurgia prévia, tornando suas características
mais enigmáticas ainda (ELM; TWEDE; TURIANSKI, 2008; WIEGRATZ et al., 2008).
A possibilidade de associação com quadro de malignidade, em especial carcinoma
de células claras, já foi relatado (BATS et al., 2008).
Figura 1. Distribuição de locais de endometriomas subcutâneos quanto à cicatriz abdominal
Fonte: Os méritos dessa figura pertencem a: Teng, et al 2008.
1.2 Epidemiologia
Endometriose representa uma afecção ginecológica comum, atingindo de 5%-15%
das mulheres no período reprodutivo, e de 3%-5% na fase pós-menopausal
(VIGONO et al., 2004). Nas mulheres inférteis, a cor negra tem menor incidência em
relação às brancas (CRAMER; MISSMER, 2002). Existem evidências de que a
história familiar é fator de risco, sendo o “fenótipo da endometriose” a menarca
precoce, ciclos menstruais curtos, dismenorreia, infertilidade e baixa estatura
(VIGONO et al., 2004). Parentes de primeiro grau têm um aumento de até sete
22
vezes, e gêmeos monozigóticos têm prevalência 15 vezes maior de endometriose
(HADFIELD et al., 1997). Estima-se que o número de mulheres com endometriose
seja de sete milhões nos EUA e de mais de 70 milhões no Mundo (VINATIER et al.,
2001). Em países industrializados, é uma das principais causas de hospitalização
ginecológica (VERCELLINI et al., 2007). Algumas pacientes portadoras de
endometriose não são sintomáticas, no entanto, a maioria apresenta sintomas, em
distintas intensidades, sendo os principais dismenorreia, dor pélvica crônica,
infertilidade, dispareunia de profundidade, sintomas intestinais e urinários cíclicos,
como dor ou sangramento ao evacuar/urinar durante o período menstrual
(VERCELLINI et al., 2012). A inespecificidade do quadro clínico, além da eventual
dificuldade a métodos diagnósticos especializados, pode explicar a demora no
diagnóstico da endometriose. Muitos estudos tentam estabelecer fatores de risco e
proteção para o desenvolvimento da endometriose, além de uma melhor
caracterização de população acometida. Como é doença sabidamente
estrogênio-dependente, imagina-se que, em condições que aumentem a exposição
a este hormônio, possa se observar maior risco de aparecimento desta enfermidade.
Assim, pode ser mais prevalente em mulheres com menarca precoce, gestações
tardias e grande diferença de tempo entre menarca e primeira gravidez; mas, em
mulheres obesas, também há maior exposição ao estrogênio, parecendo haver uma
proteção, talvez por apresentarem maiores índices de anovulação crônica e
irregularidade menstrual (McLEOD; RETZLOFF, 2010). Duas das principais
hipóteses etiopatogênicas são citadas há quase um século.
●Teoria da metaplasia celômica, onde ocorreria a transformação do
mesotélio em tecido endometrial.
●Teoria da menstruação retrógrada, que postula o implante de células
endometriais provenientes do refluxo do sangue menstrual pelas trompas para a
cavidade abdominal (SAMPSON 1927) que ocorreria pela influência de um ambiente
hormonal favorável e de fatores imunológicos que não eliminariam tais células deste
local. Além disto, nos últimos anos, muito se estuda acerca dos fatores
imunológicos na patogênese da endometriose e muitas anomalias foram
encontradas, sendo que o principal mecanismo avaliado é complementar à teoria da
menstruação retrógrada. Por algum motivo, ainda incerto, as células endometriais
que adentram a cavidade endometrial não seriam eliminadas e, deste modo,
23
permitiria que elas se implantassem e desenvolvessem a doença (SUNDQVIST et
al., 2011).
Até o momento, poucos estudos consistentes foram feitos com o intuito de
se caracterizar as pacientes portadoras de endometriose. Sabe-se que, em
pacientes assintomáticas submetidas à ligadura tubária, pode-se fazer o diagnóstico
de endometriose em 2% a 18% destas mulheres. Muito se pode aprender, no
entanto, com a caracterização de pacientes portadoras de endometriose, pois,
provavelmente, antecedentes familiares, pessoais, hábitos e estilo de vida podem
influenciar no desenvolvimento da doença (GIUDICE; KAO, 2004).
1.3 Patogênese da endometriose
A maioria dos autores admite duas grandes variedades de endometriose:
a endometriose interna, relacionada à parede uterina e tubas, e a endometriose
externa, fora da parede uterina, subdividindo-se ainda em endometriose
intraperitoneal e extraperitoneal (extrapélvica). Hoje não são incomuns as descrições
de que a endometriose é uma doença enigmática, apesar dos inúmeros estudos e
de tão numerosas teorias. A patogenia da endometriose interna parece estar bem
estabelecida como a invasão do miométrio pela mucosa uterina; entretanto a
externa, constitui um confuso e controverso capítulo da patogenia ginecológica.
Teorias que vão desde a da implantação ou do enxerto peritoneal de mucosa uterina
advinda das tubas uterinas (SAMPSON, 1927), da propagação linfática ou vascular,
da metaplasia celômica, iatrogênica, imunológica, entre outras, se somam para
minimamente explicá-la. Este estudo, em particular, trata da endometriose
extrapélvica, de localização na parede abdominal após partos por via cirúrgica.
24
1.4 Metabolismo do estradiol na endometriose
Androstenediona de origem adrenal e ovariana é o substrato primário
para a atividade da aromatase na endometriose. O principal produto da atividade da
aromatase na endometriose é a estrona, um estrogênio de fraca atividade e que
deve ser convertido em um estrogênio mais potente, no caso, o estradiol, por meio
da enzima 17β-HSD-1. Em contraste, a enzima 17β-HSD-2 inativa estradiol,
catalisando a sua conversão em estrona no endométrio normal; a P4 induz a
atividade dessa enzima nas células glandulares endometriais, e a inativação do
E2 em E1 é uma das propriedades antiestrogênicas da P4 (KITAWAKI et al., 2003).
A expressão aberrante de aromatase, a presença de 17β-HSD-1 e a ausência de
17β-HSD-2 dão origem a elevados níveis de estradiol no endometrio ectópico, em
comparação com o endométrio tópico (Figura 2). Além disso, a deficiência da
enzima 17β-HSD-2 pode também ser vista como uma ação defeituosa da P4, a qual
falha na indução desta enzima nos tecidos ectópicos.
Figura 2. Esquema do metabolismo estrogênico na célula endometriótica
A interconversão de E2 em E1 que ocorre no endométrio ectópico se deve predominantemente através de uma reação oxidativa que inativa a conversão de E2 para E1 pela 17β-HSD-2. Além disso, durante a fase secretora, há uma abundância do ácido ribonucleico mensageiro (RNAm) e a atividade do 17β-HSD-2 está aumentada de quatro a seis vezes no endométrio ectópico.
Fonte: J. Kitawaki et al. / Journal of Steroid Biochemistry & Molecular Biology 83 (2003) 149–155
25
1.5 Receptores esteroides
A endometriose, assim como o câncer de mama, câncer de endométrio,
adenomiose e os leiomiomas, é doença que prolifera de forma dependente do
estrogênio. Estes tumores comumente expressam receptores esteroides de
estrogênio (RE), de progesterona (RP) e de androgênio (RA). O padrão de
expressão dos receptores esteroides é comparado entre o tecido endometrial e
endométrio tópico (KITAWAKI et al., 2003). A análise da microscopia eletrônica
mostrou que 1/3 dos implantes endometrióticos estão em desacordo no que
concerne às fases do ciclo menstrual (SCHWEPPE; WYNN, 1981). A microscopia
óptica mostrou que somente 13% dos implantes endometrióticos eram síncronos
com o endométrio eutópico correspondente (METZGER; OLIVE; HANEY,1988).
Outros estudos (JANE et al., 1981; LYNDRUP et al., 1987; BERGQVIST; FERNӦ,
1993, PRENTICE et al., 1992; BERGQVIST; LJUNGBERG; SKOOG, 1993)
mostraram redução consistente na expressão de RE e RP nos implantes
endometrióticos, enquanto Jones, Bulmer e Searle (1995) referem um aumento da
expressão de RE nos implantes endometrióticos.
Este desencontro de resultados é justificado como se os receptores
esteroides nos implantes endometrióticos variassem durante o ciclo menstrual
(HOWELL; DOWSETT; EDMONDS, 1994) por heterogeneidade na expressão de
receptores esteroides entre as lesões de variados locais no mesmo paciente. Nisolle
et al. (1994) mostraram que a expressão de RE foi significativa nas lesões
vermelhas da endometriose peritoneal (endometriose ativa) e reduzida nas lesões
negras (endometriose em reabsorção).
Os maiores efeitos dos estrogênios são mediados pelos receptores
nucleares clássicos (ESR) tipo α e β respectivamente. Ambos os ERs atuam como
fatores de transcrição e acredita-se desempenharem importantes papéis no
endométrio tópico e ectópico, e na regulação da diferenciação e do crescimento de
uma série de outras funções biológicas. Quantidades elevadas de E2 produzidas
por meio da atividade da aromatase e de altos níveis de ERβ nas células estromais
do tecido endometrial ectópico podem alterar a regulação da expressão
ERα (XUE et al., 2007), que, no endométrio tópico, estimula a produção de P4; se
ERβ atua como um supressor de ERα no tecido endometrial ectópico, então os
26
níveis de ERα diminuem e levam à diminuição dos níveis de P4, o que contribui
para um estado de resistência da progesterona, observada na endometriose
(TRUKHACHEVA et al., 2009).
No endométrio tópico, os receptores ESR α e β são expressos apesar de
o α predominar sobre o β. A proliferação do endométrio mediada pelo estrogênio é
promovida principalmente pela ativação do ESR α (SHANG, 2006). Vários estudos,
entretanto, demonstrou uma sub-regulação do ESR α nos distintos tipos de lesões
endometriais ectópicas (XUE et al., 2007); em contraste, a expressão de ESR β
está aumentada na endometriose ovariana (SMUC et al., 2007; XUE et al., 2007). É
observada uma diminuição na relação ESR α/ESR β na endometriose ovariana,
comparada ao endométrio tópico (SMUC et al., 2007; XUE et al., 2007). Os
estrogênios também expressam uma ação anti-inflamatória, reprimindo a expressão
de vários genes inflamatórios por meio do NF-k β incluindo IL-6, IL-8 ou TNF-α
(CVORO et al., 2008). Estes eventos podem ser mediados por ambos os
receptores, α e β, mas existem dados que indicam o maior papel do receptor do tipo
β na mediação anti-inflamatória do estrogênio (CVORO et al., 2008). Os receptores
de estrogênio ligados a proteína G (GPER) são implicados no efeito estrogênico
rápido não genômico. Demonstrou-se sua expressão predominantemente nas
células epiteliais glandulares e luminais no endométrio tópico (KOLKOVA et al.,
2010). As células endometrióticas humanas possuem alta expressão do RNAm do
GPER, quando comparado com o endométrio tópico. Existe também grande
expressão de GPER nos cânceres endometriais que, além de induzirem proliferação
celular, promovem a invasão. Estes resultados sugerem que a ativação do GPER
nas linhagens de células endometrióticas (LIN et al., 2009), assim como nas células
dos cânceres endometriais (HE et al., 2009), estimulam a fosfatidilinositol 3-kinase
(PI3K) e MEK/ERK, proteínas ativadoras da mitose.
1.6 Proliferação do endométrio
Logo após a menstruação, a regeneração do endométrio é mediada pelo
estrogênio; a angiogênese é fator crucial para o crescimento e proliferação
endometrial (ANNE; HILARY, 2010). A angiogênese ocorre durante todo o ciclo
27
menstrual. Estudos em primatas indicam que há um pico da angiogênese na fase
proliferativa, que, pelo menos na macaca Rhesus, é estrogênio-dependente
(NAYAK; BRENNER, 2002). Estudos em mulheres são menos conclusivos e muitos
falham em detectar qualquer alteração destes níveis de angiogênese no decorrer do
ciclo menstrual (GOODGER; ROGERS, 1994). As células endoteliais endometriais
expressam ER β, sugerindo que o estrogênio pode ter um efeito direto sobre os
vasos uterinos (HENDERSON et al., 2003; BECKER; D`AMATO, 2007). Os
estrogênios também podem influenciar a angiogênese endometrial, indiretamente,
por intermédio das ações de outros mediadores, como a angiopoietina 1 (Ang-1) e o
fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) (BABISGHKIN et al., 2009). As
células naturais Killer estão presentes no endométrio e aumentam depois da
ovulação. Suas funções não estão bem esclarecidas, mas podem estar relacionadas
à regulação da invasão trofoblástica e placentação e/ou angiogênese (MOFFETT-
KING, 2002). Na maioria dos estudos que examinam células NK isoladas, estas se
apresentam aumentadas na fase secretora do ciclo menstrual, sugerindo que a
proliferação das células NK e/ou sua migração restam regulada pela progesterona; a
falta da expressão de RP nas células NK indica que a influência da progesterona
deve ser indireta (HENDERSON et al., 2003). Um dos mecanismos pelos quais a P4
pode influenciar a função da célula NK é pela modulação de citocina e/ou expressão
de quimiocinas e por outros tipos de células do endométrio (HENDERSON et al.,
2003; WANG et al., 1998). Estudos in vivo mostraram que a IL-15 é regulada
positivamente pelas progestinas nas células estromais endometriais (ROBERTS;
LUO; CHEGINI, 2005) e que elas recrutam seletivamente CD16-NK do sangue
periférico e mostrando também um aumento da proliferação das células NK teciduais
(KITAYA; YAMAGUCHI; HONJO, 2005). A expressão de vários genes inflamatórios
é super-regulada, incluindo a IL-15, IL-15Rα e moléculas de adesão; como
implicação, as células NK modulam o ambiente local para promover a migração e
proliferação do endométrio (GERMEYER et al., 2009).
1.7 Endometriose: interaçao da inflamação com os esteróides
A função imunológica está alterada nas mulheres com endometriose e,
estranhamente, podem favorecer seu crescimento e progressão, incrementando a
28
produção local de estrogênio, que é o maior provedor de desenvolvimento da
endometriose. Lesões endometrióticas são circundadas por células inflamatórias
(GAZVANI; TEMPLETON, 2002), mas, em vez de agirem contra o endométrio
ectópico, células como as NK expressam citotoxidade reduzida (OOSTERLYNCK et
al., 1991). A ressecção do foco endometriótico aumenta a percentagem de células
NK moderadamente diferenciadas, sugerindo que a endometriose altera a
diferenciação das células NK (KIKUCHI et al., 1993). As células T dos sítios
peritoneais e periféricas, assim como os macrófagos, estão aumentadas e ativadas
nas mulheres afetadas com a doença (HANEY; MUSCATO; WEINBERG, 1981).
Ainda assim, elas não atingem as células endometrióticas, presumivelmente, porque
produzem citocinas e fatores de crescimento aberrantes (BRAUN et al., 1994). Um
exemplo é que altos níveis de TGF-β tipicamente encontrados no líquido peritoneal
circundante aos implantes inibem a atividade das células NK (OOSTERLYNCH et
al., 1994). Os macrófagos também produzem os fatores MMP-9 e VEGF, levando a
aumento na permeabilidade vascular e angiogênese, que incluem o suporte vascular
para o endométrio ectópico (MCLAREN et al., 1996). Uma atividade central pela qual
o estradiol aumenta os focos endometrióticos parece ser por meio da expressão do
MMP (HUANG et al., 1998). Além disso, o estrogênio induz o aumento da COX-2
que, por sua vez, eleva a concentração de PGE2 (BULUN; MAHENDROO;
SIMPSON, 1993); esta estimula a aromatase, que converte a androstenediona para
E1 e E2. A interface de PGE2 e aromatase cria uma alça de feed-back positiva
dentro do endométrio ectópico, resultando em elevações locais de prostaglandinas
pró-inflamatórias e de estrogênio. Assim a endometriose é alvo de uma ação dupla,
processo inflamatório e hormonal (ZEITOUN; BULUN, 1999).
1.8 Ultrassonografia
A aparência ultrassonográfica do endometrioma de parede abdominal é
heterogênea, variando de imagens císticas, mistas ou sólidas (HENSEN; VAN
BREDA VRIESMAN; PUYLAERT, 2006). Os achados ultrassonográficos na
endometriose extrapélvica (subcutânea) descritos na literatura são bastante
diferentes dos observados na maioria dos casos de endometriose pélvica
(FRANCICA; SCARANO, 2009). Os clássicos endometriomas anexiais são massas
29
arredondadas, císticas, com margens regulares, paredes grossas, homogêneas e
com baixo nível de ecos internos (ASCH; LEVINE, 2007). Em contraste, a
endometriose subcutânea apresenta-se como massas sólidas, não homogêneas,
hipoecoicas, com alterações fibróticas refletidas por minúsculos pontos hiperecoicos
ou grossos cordões hiperecóicos. Suas margens são irregulares, espiculadas e com
um único pedículo vascular (FRANCICA; SCARANO, 2009). Segundo Teh et al.
2007, usando ultrassonografia de alta frequência com sonda de 12MHZ (ATL HDI
5000 Philips, Bothwell, EUA) em fases diferentes do ciclo menstrual, inicialmente na
menstruação e após três semanas, a ultrasonografia pode evidenciar uma
diminuição significativa da vascularização tumoral. Os autores sugerem que, se uma
mudança na vascularização é demonstrada dentro de uma massa subcutânea na
parede abdominal durante o ciclo menstrual, é altamente provável e sugestivo tratar-
se de endometriose subcutânea.
1.9 Ressonância magnética
Ainda segundo os mesmos autores (TEH et al., 2007), as características
da imagem na endometriose subcutânea pela RM refletem os variados graus de
fibrose, hemorragia e inflamação. A visualização de hemorragias nas lesões
subcutaneas e a presença de hemossiderina nessas lesões reforçam o diagnóstico
de endometriose extrapélvica pela RM.
1.10 Teletermografia
A teletermografia digital é um método não invasivo de gravação e
interpretação da distribuição da temperatura da superfície corpórea, tendo aplicação
em vários diagnósticos clínicos, como na neuropatia diabética, na detecção do
câncer de mama, nas doenças reumáticas, na Odontologia, na Dermatologia, e na
Ginecologia-Obstetrícia (LAHIRI et al., 2012), A temperatura da pele é determinada
pela taxa do fluxo sanguíneo, pela estrutura do tecido subcutâneo e pela atividade
do sistema nervoso autônomo e do sistema neuro-humoral, que controlam a
distribuição do fluxo sanguíneo subcutâneo e a temperatura da pele (FUJIMASA;
30
CHINZEI; SAITO, 2000). A teletermografia realiza a medição da temperatura e da
emissão de calor da superfície da pele de maneira qualitativa em ambos os lados do
corpo, de maneira uniforme e simultânea, o que resulta em uma simetria de padrões
térmicos. Mudanças quantitativas e qualitativas nos padrões térmicos, como a
distribuição anormal da temperatura em um lado do corpo quando comparada à
região contralateral – assimetria térmica - são relatadas como um indicador de
alterações no metabolismo, na hemodinâmica ou nos processos de termorregulação
neuronal (UEMATSU, 1985; WASNER; SCHATTSCHNEIDER; BARON, 2002;
YAHARA et al., 2003). A Medicina atual tem atração pelas imagens térmicas por
dois fatores: a termografia é um procedimento não invasivo e provê um meio de
investigação dos efeitos fisiológicos/fisiopatológicos. Ela ainda complementa
investigação anatômica padrão baseada em raios x e técnicas de scanning
tridimensionais (3D), como a tomografia computadorizada e a ressonância
magnética. A temperatura corporal constante é vital para preservar a homeostase,
que é uma necessidade constante do meio ambiente na função e composição
dos líquidos corporais e tecidos. Allen, Lee e Chan (2004) descreveram um estudo
caso-controle, envolvendo 20 pacientes sem apendicite e uma queixa principal de
dor abdominal em dois pacientes com apendicite aguda, comprovadas
cirurgicamente; registraram a existência de diferença de temperatura do lado direito
em relação ao lado esquerdo do corpo nos pacientes com apendicite. Outro estudo
envolvendo pacientes com artralgia na articulação temporomandibular unilateral
concluiu que a termografia poderia funcionar como uma ferramenta de diagnóstico
para a seleção de sujeitos saudáveis e doentes (FIKACKOVA; EKBERG, 2004).
31
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Identificar as características clínicas, diagnóstica e histomorfométricas dos
nódulos de endometriose extrapélvica em cicatriz cirúrgica nas mulheres.
2.2 Objetivos específicos
1 Descrever os achados termográficos encontrados na endometriose
extrapélvica em cicatriz cirúrgica nas mulheres.
2 Identificar características citológicas no esfregaço de punção aspirativa
de agulha fina (PAAF) de nódulos endometrióticos extrapélvicas nas mulheres.
3 Avaliar a histomorfometria dos achados histopatológicos da
endometriose extrapélvica nas mulheres.
4 Identificar a expressão de receptores esteroides (E2 e P4) e da
proliferação (Ki-67) em nódulos endometrióticos extrapélvicos nas mulheres (imuno
citoquímica).
5 Identificar a expressão de receptores esteroides (E2 e P4) e da
proliferação (Ki-67) nas lesões histológicas de nódulos endometrióticos extrapélvicos
nas mulheres (imuno histoquímica).
32
3 PACIENTES, MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Delineamento do estudo
O estudo foi de corte transversal, não intervencional, para análise de
células endometriais de esfregaços de punção aspirativa com agulha fina, oriundas
de nódulos de endometriose de parede abdominal (subcutâneos) e de biopsias
excisionais. Este estudo utilizará dados dos prontuários das pacientes que se
submeteram a punção aspirativa com agulha fina e biopsia excisional em razão da
suspeita clinica de endometriose subcutânea, avaliadas também pela teletermografia
digital. São 20 casos estudados no Serviço de Ginecologia da Maternidade-Escola
Assis Chateaubriand, da Universidade Federal do Ceará. Este projeto de pesquisa
foi submetido à análise da Comissão de Ética em Pesquisa da Maternidade-Escola
Assis Chateaubriand, da Universidade Federal do Ceará, e recebeu aprovação.
Oficio CEP/MEAC n° 131/11 em 12 de agosto de 2011 (apêndice).
3.2 Tamanho da amostra para estudo imuno histoquimico e histomor-
fométrico
Considerando-se a baixa prevalência das lesões extrapélvicas,
subcutâneas, a falta de estudos anteriores envolvendo o uso de material
histopatológico para histomorfometria e fenotipagem imuno-histoquímica para RE,
RP e KI-67, foi realizada a análise em sete casos.
3.3 Critérios de inclusão
Foram incluídos no estudo todos os casos de endometriose extrapélvica,
localizadas na parede abdominal e atendidos no Ambulatório de Dor Pélvica Crônica
e Endometriose do Serviço de Ginecologia da Maternidade-Escola Assis
Chateaubriand, em mulheres submetidas a termografia, punção aspirativa e biopsia
excisional do nódulo de parede abdominal.
33
3.4 Critérios de exclusão
Foram excluídas 13 pacientes em razão de:
menos de três esfregaços por caso;
baixa celularidade do esfregaço;
esfregaços com artefatos impossíveis de corrigir;
casos nos quais não foi realizada biopsia excisional.
3.5 Metodologia do PAAF
Os nódulos aspirados foram guiados por ultrassonografia, com agulha
40x12, acoplada em seringa de 20 ml. Foi feito a vácuo aspiração com cerca de 15
ml em dois locais e foram confeccionados os esfregaços em 4 a 5 lâminas. O
esfregaço foi corado pelo método do Papanicolau e lido por um só pesquisador
(JEJ).
3.6 Imuno citoquímica para RE e RP
Os esfregaços fixados em álcool a 95% foram submetidos a recuperação
antigênica em micro-ondas (15 min, 650 W em tampão citrato), em seguida
incubados com anticorpo monoclonal para receptor de estrógeno (clone ER ID5,
Dako) e receptor de progesterona (clone PgR636, Dako) por 14 horas em câmara
úmida. A revelação foi feita com complexo peroxidase-antiperoxidase (PAP),
conforme já realizado em estudo de células de lavado peritoneal de pacientes com
endometriose pélvica (ELEUTERIO et al., 2002).
34
3.7 Imuno citoquímica para Ki-67
Os esfregaços fixados em álcool a 95% foram submetidos a recuperação
antigênica em micro-ondas (15 min, 650W em tampão citrato), em seguida,
incubados com anticorpo monoclonal MIB-1 (clone MIB1, Dakocytomation, Ontario,
Canada) por 14 horas em câmara úmida. A revelação foi feita com complexo
peroxidase-antiperoxidase (PAP) (ELEUTÉRIO et al., 2002).
Dos blocos de tecido, foram feitos cortes citológicos, de quatro
micrômetros de espessura para realização da reação de imunocitoquimica a fim de
identificar Ki-67 (clone MIB1, Dakocytomation, Ontário, Canadá). Primeiramente,
procedeu-se à recuperação antigênica em banho-maria, em seguida bloqueio da
peroxidase endógena, reação de visualização, substrato de tampão e cromógeno,
contra coloração e montagem.
3.7.1 Interpretação Imuno citoquímica
Nos esfregaços, foram observados os percentuais de núcleos marcados
(RE e RP), portanto, corados em marrom, em células com características
citomorfológicas de origem endometrial. A análise foi feita em microscópio, utilizando
vídeo-microscópio com câmera de marca Samsung acoplada a microscópio Nikon
triocular, com placa de captura de imagem e vídeo, em computador com placa Intel
Pentium 4. Todas as análises foram observadas utilizando-se aumentos de 400 e
1000 vezes. A expressão de Ki-67 foi avaliada para coloração nuclear em cada das
três camadas epiteliais. O número de células positivas por 100 por camada foi
contado até um máximo de 300 células e o índice de KI-67 foi estabelecido pela
soma das taxas nas três camadas epiteliais.
35
3.8 Imuno histoquímica para receptores estrogênicos, de progesterona e para
o Ki-67
Dos blocos de tecido, foram retirados cortes histológicos com quatro
micrômetros de espessura e que montados em lâminas previamente recobertas
com Poli-L-lisina a 10% (Sigma, USA), foi permitida a identificação dos
anticorpos primários para receptor de estrógeno (RE), receptor de progesterona
(RP) e antígeno de proliferação celular Ki-67 (Platelet Endothelial cell Adhesion
Molecule-1). Veja quadro 1.
Quadro 1. Metodologia da imuno histoquimica para receptores esteroides
Ki-67
Anticorpo primário Clone/fabricante Diluição Recuperação antigênica
Receptor de
Estrógeno (coelho) SP1/ Thermo Scientific 1:500 Panela de pressão, 9,0 min
Receptor de
Progesterona
(camundongo) PgR636/ Thermo Scientific 1:1000 Panela de pressão, 9,0 min
Antígeno de
proliferação
celular Ki-67 MIB1/ DAKO 1:600 Panela de pressão, 8,0 min
* Panela de pressão tampão citrato (pH 6); ** Banho–maria: Solução de proteinase K.
Resumidamente, de acordo com o protocolo do fabricante, procede-se à
recuperação antigênica de acordo com tabela acima. Em seguida, fez-se o bloqueio
da peroxidase endógena por 10 min, procedendo-se, também a incubação com
anticorpo primário na diluição apropriada para cada anticorpo (Tabela 1) e no tempo
máximo de 60 minutos, a temperatura ambiente. Segue-se incubação com anticorpo
secundário conjugado a polímero (Envision™, mouse ou rabbit, DAKO, USA) por 45
min; seguida, de revelação pelo substrato de cromógeno 3,3’-diaminobenzidina
36
(DAB), leve contra coloração com hematoxilina de Harris (1 min) e montagem com
bálsamo sintético.
3.9 Escore dos receptores de acordo com a intensidade de coloração
Os resultados foram dados na dependência de um escore de zero a três.
Multiplica-se pela percentagem de células cujo nível de coloração e a soma do
produto matemático são expressos como um escore de 0 a 300 (KHAN; DODSON,
1999). A figura 3 demonstra a intensidade da representação dos receptores.
Figura 3. Intensidade da representação dos receptores de estrogênio,
progesterona e KI-67 para a avaliação da imunocito e histoquímica
A. Intensidade 1 (RE)
B. Intensidade 2 (RP)
C. Intensidade 3 (RP)
37
3.10 Descrição dos procedimentos para coloração pela eosina e hematoxilina
a) Desparafinização
1 Colocar as lâminas no suporte adequado (disponível no Hotte).
2 Colocar o suporte com as lâminas no recipiente identificado com o
reagente desejado, durante o tempo indicado.
a) Xilol de desparafinização 1, 10min.
b) Xilol de desparafinização 2, 10min.
c) Álcool 100% 5min.
d) Álcool 95% 5min.
e) Álcool 70% 5min.
f) Água destilada, 5min.
3 Continuar para recuperação antigênica no caso da técnica de IHQ, ou
para o primeiro corante nas colorações.
b) Contraste com hematoxilina
1 Colocar as lâminas no suporte adequado (disponível no Hotte).
2 Colocar o suporte com as lâminas no recipiente identificado com o
reagente desejado, durante o tempo indicado.
a) Água destilada, 5 a 10min.
b) Hematoxilina, 10 seg.
c) Água corrente, 5min.
d) Álcool 70% 30seg.
e) Álcool 95% 30seg.
f) Álcool 100% 30seg.
g) Xilol de montagem, > 10min.
h) Montagem de lâminas(ver procedimento D).
38
c) Coloração de H&E para amostras FFPE
1 Colocar as lâminas no suporte adequado (disponível no Hotte).
2 Colocar o suporte com as lâminas no recipiente identificado com o
reagente desejado, durante o tempo indicado.
a) Xilol de desparafinização, 15min.
b) Álcool 100%, 5min.
c) Álcool 95%, 5min.
d) Álcool 70%, 5min.
e) Água destilada, 5min.
f) Hematoxilina de Harris, 10min.
g) Água destilada, 1 imersão.
h) Álcool clorídrico 1%, 3 imersões.
i) Água corrente, 5min.
j) Álcool 70%, 30seg.
k) Álcool 95%, 30seg.
l) Álcool 100% 30seg.
m) Xilol de montagem, > 10min.
n) Montagem.
d) Montagem das lâminas.
1 Colocar duas toalhinhas de papel sobre a superfície do Hotte.
2 Colocar a lâmina já corada com a secção virada para cima sobre a
superfície de trabalho (nunca deixar a lâmina secar).
3 Com o auxilio de uma pipeta de Pasteur descartável, colocar uma gota
de meio de montagem sobre a lâmina.
4 Umedecer a lamela em xilol, e colocá-la sobre a gota, cobrindo a
lâmina.
39
5 Fazer pressão em alguns pontos da lamela, contra a lâmina, de modo
a retirar a maior parte das bolhas de ar, evitando fazer grande pressão sobre as
secções de tecido.
6 Limpar a lâmina (como o meio de montagem se dissolve no xilol, as
lâminas podem ser limpas com este solvente, imergindo de 2 a 3 vezes no
recipiente, sempre com precaução).
7 Deixar secar bem, dentro da Hotte, sem colocar imediatamente num
suporte de qualquer natureza.
3.11 Processo de captura e processamento de microfotografias histopatoló-
gicas e imuno histoquímicas
As lâminas histológicas e citológicas foram fotografadas com câmera
digital Sony Cyber-shot DSC-TX5®, com resolução de 10.2MP, por meio de
posicionamento direto sobre ocular de microscópio óptico Olympus BX41®. Foram
utilizados os aumentos de 10x (ocular) e de 4x, 10x e 40x (objetivas), perfazendo
aumentos de 40, 100 e 400x (Figura 4). O número de fotos realizadas foi
proporcional ao tamanho do corte histológico, tendo sido realizadas 68 fotos da
lâmina 1, 66 fotos da lâmina 2, 69 fotos da lâmina 3, 50 fotos da lâmina 4, 28 fotos
da lâmina 5, 51 fotos da lâmina 6 e 48 fotos da lâmina 7.
Após o processo de fotografia, utilizou-se o software Microsoft Image
Composite Editor®, Versão 1.4.4.0 de 25 de maio de 2011, tendo sido acessado no
site http://research.microsoft.com/en-us/um/redmond/groups/ivm/ice/ em janeiro de
2012 para realizar a composição das imagens, cujo objetivo foi refazer o padrão
observado na lâmina. Utilizou-se a edição que “calcula os melhores pontos de
sobreposição entre as imagens, incluindo distorção de perspectiva, além de
translação, rotação, escala e distorção. Esta opção é particularmente útil para a
montagem de imagens de uma grande superfície plana”, conforme editor do
programa. Depois de realizada a montagem das imagens, comparou-se o resultado
final com o corte observado à microscopia e julgou-se, com o concurso de
patologista experiente, satisfatória a qualidade final.
40
A análise das fotos foi procedida concomitantemente ao exame da
microscopia. A marcação das imagens foi pelo patologista que utilizou o software
Image J®, versão 1.44p, tendo sido realizado o download do site
http://imagej.nih.gov/ij, o qual permite a marcação de áreas variadas, bem como sua
identificação por meio de cores e números distintos, análise das medidas da
marcação, tais como distância mínima e distância máxima entre os pontos da
marcação, além do cálculo da área selecionada. Após a análise, realizou-se a
tabulação dos dados no software Microsoft Office Excel® 2007. Foram efetuados o
agrupamento e o cálculo das porcentagens ocupadas pelas áreas referentes a
glândulas endometriais isoladas, glândulas endometriais e estroma endometrial,
estroma endometrial isolado, inflamação, fibrose e tecido adiposo, além de outros
achados descritos pelo patologista.
Figura 4. Microfotografia de espécime de lesão endometriótica subcutânea,
após utilização do software Image Composite Editor para
composição de várias imagens em amostra única.
A média de 50 microfotografias (campos) era retirada de cada peça e estas eram formatadas para uma peça única contínua como se pode ver acima. A peça inteira era utilizada para a mensuração da percentagem de área para cada estrutura específica: fibrose, glândulas isoladas, estroma isolado e glândulas e estromas.
41
Sensor de Infravermelho, Flir Systems – T-360, sensor tipo Focal Plane Array (FPA), não refrigerada, faixa espectral de 7-14μ, precisão de 0,06ºC, resolução de 320 x 240 pixels.
a) Teletermografia na endometriose extrapélvica subcutânea
Para realização da Termografia, utilizou-se uma câmera termográfica.
Figura 5. Equipamento utilizado para as tomadas de temperatura
Após período de estabilização (equalização) térmica de dez minutos, em
ambiente refrigerado com temperatura média de 25±2°C para pacientes
semi-vestidas e 29ºC para pacientes completamente despidas, em pé, e a uma
distancia focal de 40cm, as pacientes foram submetidas a teletermografia, tendo
sido realizados as medições e o mapeamento térmico para determinar se há
assimetria térmica e o padrão de distribuição do calor.
Figura 6. Teletermografia em cicatriz de cesariana envolvendo toda a área,
ausência de assimetria térmica (normal)
Figura 7. Aspecto de assimetria térmica observada em um caso de endometrioma de cicatriz de ângulo direito da ferida
Visão em infravermelho da região pubiana. Seta: Pontos quentes (inflamatórios?) Semicirculo: Região fria abaixo da cicatriz de cesariana, coincidindo com área de dor
Achados: cicatriz de cesariana hiperradiante com ponto hiporradiante na metade vulvar esquerda. Conclusão: não havia lesões ao exame físico (nódulos ou endurecimentos ou outros) e o exame ultrassonográfico nada mostrou. O diagnóstico clinico ficou como dor em cicatriz sem significado clínico e que evoluiu sem queixas após uso de anti-inflamatórios não esteroidais por uma semana.
42
Figura 7. Aspecto de assimetria térmica observada em um caso de
endometrioma de cicatriz de ângulo direito da ferida
Figura 8. Aspecto de padrão típico em termografias de nódulos
endometrióticos subcutâneos após o estresse térmico (gelo)
Assimetria hiperradiante ao longo do ligamento inguinal direito.
Assimetria hiporradiante nos dermátomos D9 a D11 à direita. Faixa hiperradiante ao longo do ligamento inguinal direito. As áreas brancas são as mais quentes, onde se localizavam os tumores palpáveis
A. Termograma infravermelho antes do teste de estresse pelo frio, descreve uma assimetria da esquerda para a direita sobre o ligamento inguinal. Maior temperatura em AR1=36,6ºC e AR2=35,4ºC.
B. Termografia infravermelha após o teste de estresse pelo frio descreve uma assi-metria da esquerda para a direita sobre o ligamento inguinal. Maior temperatura em AR1=37,2ºC e AR2=35,7ºC.
43
A assimetria termográfica da esquerda para a direita foi usada para
indicar a presença de processos inflamatórios, da mesma forma que no caso da
figura 7. As diferenças de valores entre a maior temperatura nas áreas AR1 e AR2
foi de 1,2ºC. O número de valores isotérmicos entre 36,7°C e 37,2°C é pequeno.
Após a realização do teste de estresse pelo frio, foi observado um aumento de 0,6°C
na temperatura mais alta do lado direito e maior número de pontos isotérmicos de
36,7°C a 37,2°C (pontos negros em meio à área quente branca).
A temperatura absoluta, geralmente não é considerada um critério para
diagnóstico, porém as diferenças de temperatura ( T) entre a direita e a esquerda
do corpo são acreditadas, e presume-se ser o melhor método na investigação direta
da circulação cutânea, ou de condições patológicas que afetem o fluxo sanguíneo
periférico.
44
4 RESULTADOS
Foram avaliados os prontuários de 20 pacientes com diagnóstico de
endometriose extrapélvica. A idade das participantes, no momento do diagnóstico,
variou de 22 a 40 anos, com média de 30,4±1,13 anos. A localização da
endometriose extrapélvica mais frequente (90%) foi na cicatriz cirúrgica decorrente
de parto abdominal. Em um caso, foi encontrado na região suprapúbica no plano da
cicatriz umbilical (videolaparoscopia) e no outro em cicatriz cirúrgica decorrente de
histerectomia. Quanto à paridade 13 eram primíparas, quatro eram secundíparas,
duas eram tercíparas e uma era nulípara (Tabela 2). Durante esse período, foram
realizados 3.409 partos por via abdominal na Maternidade-Escola Assis
Chateaubriand, da Universidade Federal do Ceará.
Esses dados permitem inferir que a incidência da endometriose na cicatriz
cirúrgica nesse serviço foi de 0,55%. O intervalo de tempo da cirúrgia ao surgimento
dos sintomas variou de 6 a 36 meses, com média de 16,9±1,6. A queixa mais
comum foi dor na cicatriz, frequente em (80%), das quais 40% referiam dor cíclica.
Nódulo na cicatriz cirúrgica foi encontrado em 17 pacientes (85%). As lesões na
cicatriz cirúrgica da parede abdominal se caracterizavam por nódulos fixos e
dolorosos. Algumas vezes, a pele era de coloração azulada, arroxeada, e em dois
casos apresentaram hematometra ou hematoma subcutâneo (Figuras 9 e 10).
Outras vezes, o endometrioma subcutâneo transpassa a fáscia de scarpa e invade a
vulva, como mostrado na Figura 1. Observou-se, ainda, que 11 pacientes (55%)
descreveram aumento do nódulo durante o período menstrual. Anatomicamente, se
mostra como nódulo fibroso (ao corte, com microcistos hemorrágicos) de tamenho
variável, incluído na espessura da parede abdominal, ao nível da cicatriz operatória.
Não raro, o nódulo adere à pele e expressa microcistos hemorrágicos capazes de
fistulizarem-se. Hemorragia subcutânea com hematoma/hematometra aconteceu em
dois dos casos estudados (Figuras 9 e 10). Na quase totalidade dos casos do
experimento (95%) a incisão foi transversa infraumbilical, incisão de Pfannenstiel.
45
Tabela 1. Casuística e achados epidemiológicos da endometriose subcutânea
Caso nº
idade G P A Tempo da Cirurgia
Infertilidade/ subfertilidade
Segui-mento
Antecedentes de endometriose
peritoneal recidiva
1 26 1 1 0 12 0 12
2 28 1 1 0 12 0 12
3 32 1 1 0 18 0 12
4 37 2 2 0 24 0 12
5 29 1 1 0 6 0 12
6 40 1 1 0 12 0 12 sim
7 34 3 2 1 36 0 12 sim
8 37 2 2 0 24 0 12
9 22 1 1 0 12 0 18
10 27 1 1 0 14 0 18
11 35 1 1 0 18 0 18
12 34 1 1 0 24 0 18
13 36 2 1 1 18 0 24
14 32 1 1 0 12 0 20
15 31 1 1 0 18 0 18
16 29 0 0 0 8 1 24 sim
17 25 1 1 0 16 0 24
18 25 2 2 0 12 0 24
19 26 3 3 0 30 0 30
20 24 1 1 0 12 0 48
0
média 30,45 1,35 1,25 0,1 16,9 0,05 0,05 0,05 0,1
dp 5.093 0.745 0.6386 0.307 7.496 0,2236 8.7659
46
Figura 9. Hematometra microscópico em nódulos de endometriose de
cicatriz
Sufusões hemorrágicas de tempos diferentes durante o período menstrual (aspecto de hematoma) sobre área de nódulo endurecido de cerca de 3,0 cm, que teve o diagnóstico de endometriose pelo HP. Os “hematometras” se repetiam mensalmente.
Figura 10. Extenso hematoma em reabsorção em paciente com
endometrioma de cicatriz cirúrgica
Outro aspecto. Sufusões hemorrágicas de subcutâneo e vulva durante períodos menstruais.
47
Figura 11. Aspecto clínico e da ressonância nuclear magnética de
endometriose de parede abdominal oriunda de cicatriz de cesárea
invadindo a vulva
Aspecto de lesões endometrioticas subcutâneas pós-cesarianas invadindo fáscia de Scarpa e monte pubiano (A). Aspecto da ressonância magnética (B)
48
4.1 PAAF
A PAAF (análise citológicas) mostrou células endometriais epiteliais e
células estromais em 13 citologias (Figura 12), as quais foram comprovadas
histologicamente a posteriori. Sete punções foram negativas.
Figura 12. Esfregaços citologicos do PAAF de lesoes endometrióticas
subcutâneas
Caso de endometriose subcutânea, em parede abdominal. Observa-se lençol de células com características glandulares endometriais (Pap 1000x).
Considerou-se PAAF positivo achado compatível com células epiteliais do
endométrio, células estromais e/ou macrófagos ricos em hemossiderina,
semelhantes às endometriais glandulares ou estromais ou glandulares e estromais.
O exame citológico oriundo da PAAF é um método sensível, rápido e barato, no
diagnóstico da endometriose de cicatriz. Infelizmente, não houve lesões para
controle, pois não se poderia puncionar subcutâneos sem lesões palpáveis ou
visibilizadas a ultrassonografia. Ver as descrições das PAAFs na tabela 3 e o cálculo
da especificidade e sensibilidade na tabela 4.
49
Tabela 2. Descrição dos resultados da PAAF em lesões endometrióticas
subcutâneas
LOCALIZAÇÃO RESULTADO CITOLOGICO A PAAF
1. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, células estromais
decidualizadas, hemossiderófagos e hemácias
2. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, hemossiderófagos, células estromais, leucócitos e hemácias
3. Parede abdominal (pós-cesárea) lâmina dessecada (leucócitos, histiócitos e hemácias)
4. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, decidualizadas, hemossiderófagos, células estromais, leucócitos e hemácias
5. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, hemossiderófagos, células estromais, leucócitos e hemácias
6. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, hemossiderófagos, células estromais, leucócitos e hemácias
7. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, decidualizadas, hemossiderófagos, células estromais, leucócitos e hemácias
8. PUBIS (pós-cesárea) Hemácias lesadas
9. PUBIS (pós-cesárea) Hemossiderófagos e leucócitos
10. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, hemossiderófagos, células estromais, leucócitos e hemácias
11. Parede abdominal (pós-cesárea) Leucócitos e hemácias
12. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, decidualizadas, hemossiderófagos, células estromais, leucócitos e hemácias
13. Parede abdominal (pós-cesárea) Hemossiderófagos e leucócitos
14. Parede abdominal (pós-cesárea) Hemácias e leucócitos
15. Parede abdominal (pós-cesárea) Hemácias e leucócitos
16. Parede abdominal (pós-histerectomia) Histiócitos tipo corpo estranho, leucócitos e hemácias
17. Parede abdominal (pós-cesárea) Células endometriais like, células estromais e hemácias
18. Parede abdominal (pós-cesárea) Ausência de células
19. Parede abdominal (pós-cesárea) Hemossiderófagos e leucócitos
20. Parede abdominal (pós-laparoscopia) Hemossiderófagos e leucócitos
50
Tabela 3. Cálculo da especificidade e sensibilidade do PAAF
Endometriose
histológica
Ausência de en-
dometriose
PAAF + 13 0
PAAF - 5 2
Sensibilidade (S): é a probabilidade de um teste dar positivo na presença da
doença, isto é, avalia a capacidade do teste detectar a doença quando ela está
presente.
S = a / (a + c)
Especificidade (E): é probabilidade de um teste dar negativo na ausência da
doença, isto é, avalia a capacidade de o teste afastar a doença quando ela é
ausente.
E = d / (b + d)
S = 13 / (13 + 5) = 0,72
E = 02 / (00 + 2) = 1,0
Valor preditivo positivo (VPP): é a proporção de verdadeiros positivos entre todos
os indivíduos com teste positivo. Expressa a probabilidade de um paciente com o
teste positivo ter a doença
VPP = a / (a + b)
Valor preditivo negativo (VPN): é a proporção de verdadeiros negativos entre
todos os indivíduos com teste negativo. Expressa a probabilidade de um paciente
com o teste negativo não ter a doença.
VPN = d / ( c + d )
VPP = 13 /( 13 + 0 ) = 1
VPN = 02 /( 02 + 5 ) = 0,28
51
4.2 Teletermografia digital
A teletermografia digital foi realizada em todos os casos e a visualização
termografica na endometriose de cicatriz na parede abdomenopelvica foi
padronizada pela assimetria térmica - temperaturas diferentes em áreas homólogas
do abdomen (direita/esquerda) associadas ao teste de exposição ao frio com
resposta de amplificação térmica. Alguns resultados teletermográficos encontrados
na endometriose de cicatriz cirúrgica neste ensaio estão registrados nas Figuras 7, 8
13 e 14. Até onde se pôde pesquisar em site de buscas, principalmente o pubMed e
Scielo, com as palavras-chave termografia, teletermografia, termografia infraver-
melha, thermography, telethermography, infrared thermography versus endome-
triose, endometriose subcutânea, endometriose de cicatriz, endometriosis,
subcutaneous endometriosis e scar endometriosis, não se logrou encontrar sequer
uma referência, o que torna esta pesquisa inédita quando se descrevem os achados
típicos da endometriose em cicatriz sob a luz da teletermografia digital infraver-
melha na pele.
Todos os casos foram tratados com a ressecção completa do
endometrioma e tiveram o diagnóstico confirmado histologicamente (Quadro 2, p. 42
e Tabela 5, p. 52). Não foi realizado nenhum tratamento pré ou pós-operatório.
Todas as pacientes foram acompanhadas por um período superior a dois anos e
houve recidiva em 15% (3/20). Em duas mulheres, houve recidiva aos 12 meses, a
terceira aos 24 meses - esta paciente tinha antecedentes de endometriose
peritoneal. Elas foram submetidas novamente a tratamento cirúrgico e estão sendo
acompanhadas no ambulatório de dor pélvica.
A análise diagnóstica foi feita considerando-se como base os achados
obtidos no momento da interrogação clínica e do exame físico. A confirmação
diagnóstica foi feita após a realização da teletermografia digital, da análise
imunocitoquímica e imuno histoquímica e da anatomopatologia, após a comparação
dos dados obtidos entre os variados métodos diagnósticos há pouco descritos.
52
Figura 13. Cicatriz de cesariana antiga, sem sintomas superficiais na cicatriz
e com diagnóstico de endometriose pélvica (peritoneal)
Mulher de 35 anos, G1P1, cesariana, com dismenorreia progressiva. Diagnóstico videolaparoscópico de endometriose peritoneal. Ausência de assimetria térmica e de áreas hipertermicas, sugestivas de normalidade da parede abdominal. Figura 14. Apresentação de caso de endometriose de cicatriz abdominal
invadindo o músculo reto abdominal esquerdo e penetrando a
cavidade peritoneal com aderência a intestino delgado
Aspecto de invasão da aponeurose e do reto abdominal esquerdo nas áreas marcadas em azul no abdome de mulher de 27 anos de idade. Mesma paciente com imagem de assimetria termográfica, mostrando áreas espraiadas ascendentes até nível da cicatriz umbilical.
53
Figura 15. Aspectos cirúrgicos da mulher há pouco mencionada, mostrando
a invasividade da endometriose
Aspectos cirúrgicos de um endometrioma subcutâneo com invasão do reto abdominal esquerdo e penetrando o peritônio.
Quadro 2. Teste diagnóstico da teletermografia
Endometrioma de parede
histologicamente comprovado Ausência de
endometriose
Termografia com assincronia térmica e teste do estresse com gelo positivo 16 1
Termografia sem assincronia térmica e teste do estresse com gelo negativo 4 9
Total 20 10
SENSIBILIDADE =0,8; ESPECIFICIDADE =0,9
54
Figura 16. Curva ROC. Teste diagnóstico da teletermografia
Vale salientar que, nesse caso foram estudados dez pacientes como controle para o cálculo da sensibilidade e especificidade da termografia.
55
4.3 Análises histológicas da endometriose de cicatriz
As análises histológicas, deste experimento, além de demonstrarem os
achados de glândulas, estroma endometrial e a associação dos dois, também
encontraram hemorragias teciduais e macrófagos hemossiderófagos, clássicos
descritores histológicos para o diagnóstico definitivo da endometriose.
Figura 17. Achados histológicos de endometriose de cicatriz abdominal
pós-cesárea
Glândulas endometriais dilatadas, em meio a tecido conjuntivo denso (100x); B) detalhe de A (400x); C) Glândulas e estroma endometrial circundados por tecido conjuntivo denso (100x), D. Detalhe de C. Observar algumas hemácias no interstício (400x).
56
Figura 18. Microfotografia mostrando os vários aspectos da apresentação da
endometriose de escara cirúrgica e suas relações com o tamanho
do tumor
Estroma e glândulas endometriais
Focos hemorrágicos
Focos hemorrágicos Área de neovascularização
Área de neovascularização Tecido endometrial ectópico entre adiposo
e muscular
57
Em busca de se encontrar relações outras que são críticas para este
entendimento da fisiopatologia do endometrioma de cicatriz cirúrgica e
consequentemente, subsídios para um tratamento efetivo, demonstram-se
percentagens dos vários tipos de apresentação dentro de uma amostra da lesão,
cujos valores variaram de 58 a 90% de fibrose nestas lesões. Além disso, foram
encontradas apenas 3,2±2% de glândulas endometriais isoladas (sem estroma),
6,18±5% de estroma endometrial isoladamente e 9,45±6% de glândulas e estroma
associados (Tabela 4).
Verificou-se que apenas 17,21±20,9% do perímetro que recobre a lesão
apresenta tecido adiposo, o que conferiria margens livres após a retirada do
tumor, portanto, cerca de 85% dos tumores estão descobertos desta segurança,
provavelmente sítios de invasão da lesão endometriótica na aponeurose do reto
abdominal, previamente agredida pelo procedimento cirúrgico que antecedeu o
endometrioma e pela permanência de corpos estranhos, como os fios de sutura e os
tecidos endometrióticos cronicamente inflamados.
A descrição de cada lâmina isoladamente está no Anexo B, p. 99).
58
Quadro 3. Endometriose subcutânea (de cicatriz): quadro sinóptico dos achados histológicos descritivos pelo
patologista (PRA)
Casos
Nº de focos endometrióticos
Componentes histológicos dos focos Focos hemorrágicos Tecidos de granulação
Fibrose antiga*
GL
EST
GL+EST Presentes
Ausentes Presentes
celularidade Ausente
Número focos Extensão
P M G GL>EST GL=EST GL<EST P M G P M G + - D M A
1 X X X X X X X
2 X X X X X X
3 X X X X X X
4 X X X X X X
5 X X X X X
6 X X X X X X X X
7 X X X X X X
Total 2 2 3 2 1 2 4 1 5 0 1 4 0 2 1 5 4 2 1 0
Legenda da tabela: P= Pequeno (a); M= Médio(a); G= Grande; GL= Glândula; EST= Estroma; D= Discreta; M= Moderada; A= Acentuada *= fibrose com predomínio de fibrócitos sobre fibroblastos e bastante colágeno, sem tecido de granulação.
59
Tabela 4. Distribuição percentual dos vários tecidos encontrados em lesões
endometrioticas subcutâneas (histopatológico)
Glândulas endome-
triais
Estroma endometrial
Glândulas e Estroma
Tecido adiposo
Perímetro recoberto por
tecido adiposo
Fibrose Total
Caso 01 2,82% 1,98% 4,80% 31,97% 44,07% 58,37% 100,0%
Caso 02 6,77% 2,27% 9,04% 1,05% 11,86% 79,35% 100,0%
Caso 03 1,07% 3,70% 4,78% 0% 0% 90,45% 100,0%
Caso 04 4,57% 15,26% 19,84% 0% 0% 60,33% 100,0%
Caso 05 1,85% 3,87% 5,72% 22,33% 48,81% 66,23% 100,0%
Caso 06 3,86% 4,68% 8,53% 3,77% 15,70% 79,17% 100,0%
Caso 07 1,92% 11,49% 13,41% 0% 0% 73,18% 100,0%
Porcentagem acumulada 22,88% 43,28% 66,18% 58,48% 120,44% 507,60% 700%
Média±Desvio-Padrão 3,27±2% 6,18±5% 9,45±6% 8,35±13% 17,21±20,9% 72,51±12% 100,0%
Descrição histológica encontrada em cada lâmina
Sete casos estudados na sua totalidade histológica mostraram em cada
lâmina os seguintes resultados: Lâmina 1. Foi notado predomínio das glândulas
endometriais sobre o estroma, presença de tecido adiposo (31,97%) e fibrose
(58,3%). Lâmina 2. Foi notado predomínio das glândulas endometriais sobre o
estroma, presença de pequena quantidade de tecido adiposo (1,05%) e fibrose
acentuada (79,3%). Lâmina 3. Foi notado predomínio do estroma endometrial sobre
as glândulas, ausência de tecido adiposo e com intensa presença de fibrose
(90,4%). Lâmina 4. Foi notado predomínio do estroma endometrial sobre as
glândulas, ausência de tecido adiposo e com acentuada presença de fibrose
(60,3%). Lâmina 5. Foi notado predomínio do estroma endometrial sobre as
glândulas, presença de tecido adiposo (22,3%) e com acentuada presença de
fibrose (60,3%). Lâmina 6. Foi notado predomínio do estroma endometrial sobre as
glândulas, presença de pequena quantidade de tecido adiposo (3,7%) e com
acentuada presença de fibrose (79,1%). Lâmina 7. Foi notado predomínio do
estroma endometrial sobre as glândulas, ausência de tecido adiposo e com
acentuada presença de fibrose (73,1%).
60
4.4 Imuno histoquímica dos receptores de E, P4 e Ki-67
Descrição dos resultados imuno histoquímicos dos receptores
estrogênicos, de progesterona e do Ki-67
Lâmina 1. Receptores de estrogênio no epitélio foram 25% da área total
da lâmina, um nível de intensidade 2 (forte), com um escore final de 50. Receptores
de estrogênio no estroma foram 12% da área total da lâmina, um nível de
intensidade 2 (forte), com um escore final de 24. Receptores de progesterona no
epitélio foram 40% da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com
um escore final 120. Receptores de progesterona no estroma foram de 20% da área
total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com um escore final 60.
Receptores de KI-67 no epitélio foram menores do que 1 da área total da lâmina, um
nível de intensidade 2 (forte), com um escore final 2. Receptores de KI-67 no
estroma foram 5% da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com
escore final 15.
Lâmina 2. Receptores de estrogênio no epitélio foram 15% da área total
da lâmina, um nível de intensidade 1 (fraco), com um escore final de 15. Receptores
de estrogênio no estroma foram menores do que 1 da área total da lâmina, um nível
de intensidade 1 (fraco), com um escore final de 1. Receptores de progesterona no
epitélio foram 80% da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com um
escore final 240. Receptores de progesterona no estroma foram de 12% da área
total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com um escore final 36.
Receptores de KI-67 no epitélio foram menores do que 1 da área total da lâmina, um
nível de intensidade 2 (forte), com um escore final 2. Receptores de KI-67 no
estroma foram menores do que 1 da área total da lâmina, um nível de intensidade
2 (forte), com escore final 2.
Lâmina 3. Receptores de estrogênio no epitélio foram 21% da área total
da lâmina, um nível de intensidade 1 (fraco), com um escore final de 21. Receptores
de estrogênio no estroma foram menores do que 1 da área total da lâmina, um nível
de intensidade 1 (fraco), com um escore final de 1. Receptores de progesterona no
epitélio foram 70% da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com um
escore final 210. Receptores de progesterona no estroma foram de 30% da área
61
total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com um escore final 90.
Receptores de KI-67 no epitélio foram zero da área total da lâmina, um nível de
intensidade zero, com um escore final zero. Receptores de KI-67 no estroma foram
zero da área total da lâmina, um nível de intensidade zero, com escore final zero.
Lâmina 4. Receptores de estrogênio no epitélio foram 8% da área total da
lâmina, um nível de intensidade 1 (fraco), com um escore final de 8. Receptores de
estrogênio no estroma foram 4% da área total da lâmina, um nível de intensidade 1
(fraco), com um escore final de 4. Receptores de progesterona no epitélio foram
60% da área total da lâmina, um nível de intensidade 2 (forte), com um escore final
120. Receptores de progesterona no estroma foram de 10% da área total da lâmina,
um nível de intensidade 3 (forte), com um escore final 30. Receptores de KI-67 no
epitélio foram zero da área total da lâmina, um nível de intensidade zero, com um
escore final zero. Receptores de KI-67 no estroma foram zero da área total da
lâmina, um nível de intensidade zero, com escore final zero.
Lâmina 5. Receptores de estrogênio no epitélio foram 50% da área total
da lâmina, um nível de intensidade 1 (fraco), com um escore final de 50. Receptores
de estrogênio no estroma foram 30% da área total da lâmina, um nível de
intensidade 1 (fraco), com um escore final de 30. Receptores de progesterona no
epitélio foram 90% da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com um
escore final 270. Receptores de progesterona no estroma foram de 90% da área
total da lâmina, um nível de intensidade 2 (forte), com um escore final 180.
Receptores de KI-67 no epitélio foram de 15% da área total da lâmina, um nível de
intensidade 3 (forte), com um escore final 45. Receptores de KI-67 no estroma foram
4% da área total da lâmina, um nível de intensidade 2 (forte), com escore final 8.
Lâmina 6. Receptores de estrogênio no epitélio foram zero da área total
da lâmina, um nível de intensidade zero, com um escore final de zero. Receptores
de estrogênio no estroma foram zero da área total da lâmina, um nível de
intensidade zero, com um escore final de zero. Receptores de progesterona no
epitélio foram zero da área total da lâmina, um nível de intensidade zero, com um
escore final zero. Receptores de progesterona no estroma foram de 10% da área
total da lâmina, um nível de intensidade 2 (forte), com um escore final 20.
Receptores de KI-67 no epitélio foram de zero da área total da lâmina, um nível de
62
intensidade zero, com um escore final zero. Receptores de KI-67 no estroma foram
15% da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com escore final 45.
Lâmina 7. Receptores de estrogênio no epitélio foram 45 da área total da
lâmina, um nível de intensidade 2 (forte), com um escore final de 90. Receptores de
estrogênio no estroma foram 30% da área total da lâmina, um nível de intensidade
2 (forte), com um escore final de 60. Receptores de progesterona no epitélio foram
90% da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com um escore final
270. Receptores de progesterona no estroma foram de 30% da área total da lâmina,
um nível de intensidade 3 (forte), com um escore final 90. Receptores de KI-67 no
epitélio foram de 30 da área total da lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com
um escore final 90. Receptores de KI-67 no estroma foram 5% da área total da
lâmina, um nível de intensidade 3 (forte), com escore final 15.
63
Tabela 5. Resultados imuno histoquímicos de receptores estrogênicos, progesterona e Ki-67
Caso 1 2 3 4 5 6 7
RE epitélio 25% 15% 21% 8% 50% 0% 45%
Intensidade 2 1 1 1 1 0 2
Escore 0,5 0,15 0,21 0,08 0,5 0 0,9
RE estroma 12% <1% <1% 4% 30% 0% 30%
Intensidade 2 1 1 1 1 0 2
Escore 0,24 0,01 0,01 0,04 0,3 0 0,6
RP epitélio 40% 80 70% 60% 90% 0% 90%
Intensidade 3 3 3 2 3 0 3
Escore 1,2 2,4 2,1 1,8 2,7 0 2,7
RP estroma 20% 12% 30% 10% 90% 10% 30%
Intensidade 3 3 3 3 2 2 3
Escore 0,6 0,36 0,9 0,3 1,8 0,2 0,9
Ki-67 epitélio <1% <1% 0% 0% 15% 0% 30%
Intensidade 2 2 0 0 3 0 3
Escore 0,02 0,02 0 0 0,45 0 0,9
Ki-67 estroma 5% <1% 0% 0% 4% 15% 5%
Intensidade 3 2 0 0 2 3 3
Escore 0,15 0,02 0 0 0,08 0,45 0,15
Legenda: % = Percentual de células coradas.
64
Comparação entre os escores dos receptores evidenciados à imuno
histoquímica
Na tabela 6, demonstram-se as diferenças entre as medianas dos
receptores de estrogênio, de progesterona e do Ki-67 nos epitélios e no estroma das
lesões endometrióticas subcutâneas (de cicatriz). Após a realização do teste U de
Mann-Whitney, observou-se que a expressão de receptor de estrogênio se faz
igualmente no epitélio (0,21) e no estroma endometrial (0,04). Da mesma forma se
expressa o Ki-67, (0,02) no epitélio e (0,08) no estroma. Por outro lado, a expressão
dos receptores de progesterona foi significativamente maior no epitélio (2,10) do que
no estroma (0,60).
Tabela 6. Comparação entre os escores dos vários receptores entre o
epitélio e estroma endometriótico evidenciados pela imuno
histoquímica
Mediana dos
escores-epitélio Mediana dos
escores-estroma U de
Mann-Whitney Valor de
“p”
RE 0,21 0,04 17,50 0,4052
RP 2,10 0,60* 8,50 0,0472
Ki 67 0,02 0,08 21,50 0,7425
*Grau de significância se p<0,05
65
Tabela 7. Comparação dos escores de coloração entre os diferentes
marcadores
Grau de significância se p˂ 0,05. Na=não se aplica
RE Epitélio (0,21)
RP epitélio
(2,1)
Ki 67 Epitélio (0,02)
RE Estroma
(0,04)
RP Estroma
(0,60)
Ki 67 Estroma
(0,08)
RE Epitélio (0,21)
NA *P=0,0250 P=0,1953 P=0,4052 P=0,1231 P=0,1373
RP Epitélio (2,1)
*P=0,0250 NA *P=0,0167 *P=0,0250 *P=0.0472 *P=0,0207
Ki 67 Epitélio (0,02)
P=0,1953 *P=0,0167 NA P=0,6508 *P=0,0400 P=0,7425
RE Estroma (0,04)
P=0,4052 *P=0,0250 P=0,6508 NA *P=0,0210 P=0,7972
RP Estroma (0,60)
P=0,1231 *P=0,0472 *P=0,0400 *P=0,0210 NA *P=0,0072
Ki 67 Estroma (0,08)
P=0,1373 *P=0,0207 P=0,7425 P=0,7972 *P=0,0072 NA
66
5 DISCUSSÃO
A endometriose extrapélvica é rara, são implantes endometriais em locais
não convencionais como: trato urinário, gastrointestinal, pulmões e pleura, sistema
musculoesquelético, sistema nervoso central, aparelho genital extraperitoneal, como
vagina, colo uterino e vulva, bem como parede abdominal (AYDIN, 2007).
Endometriose na cicatriz da parede abdominal é observada após cirurgias sobre o
útero (cesárea, miomectomia) e deve sempre ser considerada quando um nódulo
aparece nessa região ou em outros locais de procedimentos operatórios gine-
cológicos. Endometriose pélvica concomitante é encontrada em 24% das mulheres
que apresentam endometriose na cicatriz cirúrgica.
O endometrioma de cicatriz está se tornando mais frequente no
pós-cesárea (síndrome de Pfannenstiel), como demonstrado em recentes revisões
publicadas na literatura (HORTON et al., 2008; JAMABO; OGU, 2008; TENG et al.,
2008). Os endometriomas em cicatriz cirúrgica ocorrem de 0,03 a 3,5% dos casos
(DWIVEDI; AGRAWAI; SILVA, 2002), reforçando os achados da casuística desta
pesquisa, que encontrou uma frequência de 0,55% (3.409 cesarianas), em 19
cesarianas do serviço. Encontraram-se ainda, no estudo, um caso de endometrioma
de cicatriz oriunda de cirurgia videolaparoscópica e outro em cicatriz laparotômica de
histerectomia total, a qual está em acordo com relatos da literatura (SIZER et al.,
2002). Nesta investigação, a idade média foi de 30,4±1,13 anos, como observado
por outros relatos (DWIVEDI et al., 2002; HORTON et al., 2008; JAMABO; OGU,
2008; VALVERDE et al., 2004). Um aumento nas dimensões do tumor,
acompanhado por intensificação da dor durante o período menstrual, nos conduz a
se suspeitar de endometriose (Figuras 9 e 10, p. 34). O intervalo de tempo da
cirurgia até o surgimento dos sintomas do endometrioma variou de seis a 36 meses
(média 21). Outros autores mostraram a média de 42 meses (HORTON et al., 2008).
É importante fazer o diagnóstico diferencial com tumores da parede abdominal,
como lipoma, sarcoma, hematoma, abscesso, cicatriz queloide e hipertrófica
(JAMABO; OGU, 2008). A avaliação clínico-diagnóstica pode ser feito por meio da
citologia oriunda do PAAF, em que a presença de células epiteliais endometriais, de
células estromais e/ou macrófagos ricos em hemossiderina são essenciais para o
diagnóstico (GUPTA, 2008; PATHAN et al., 2005; AYDIN, 2007; ELEUTÉRIO;
CAVALCANTE; MEDEIROS, 2000; ORELL, 2003;). Apesar da pequena frequência
67
de casos de endometrioma de cicatriz, a importância da realização desta pesquisa
está em identificar a prevalência dessa doença por métodos ainda pouco
expressados na literatura médica brasileira e mundial, como a avaliação pelo PAAF,
pela teletermografia digital, pela análise imunocitoquímica e imuno histoquímica,
além da complementação diagnóstica da histopatologia, no que diz respeito às
diversas formas de apresentação dos achados, como a frequência e intensidade de
fibrose/inflamação, aspecto glandular, estromas ou glandulo-estromal. Ademais, o
melhor conhecimento da doença permitirá uma prevenção adequada, além de
contribuir para as teorias relativas à gênese do endometrioma. A análise citológica
oriunda da PAAF (punção aspirativa com agulha fina) mostrou células endometriais
epiteliais e células endometriais estromais e/ou macrófagos ricos em hemossiderina
em 65% das amostras colhidas. Mostrou-se, pois, ser um método sensível, rápido e
barato no diagnóstico do endometrioma de cicatriz (Tabela 3, p. 38), estando de
acordo com a literatura (IGAWA et al., 1992; PATHAN et al., 2005; GUPTA, 2008).
Em sete das 20 lâminas, tomadas aleatoriamente, a análise
histopatológica mostrou em percentagens da área das peças histológicas utilizadas
com a presença de glândulas endometriais em 3,27%±2%, estroma endometrial em
6,18±5%, glândulas e estroma em 9,45±6%, tecido adiposo em 8,35±13%, perímetro
recoberto por tecido adiposo em 17,21±20,9%, fibrose em 72,5±12% (Tabela 4,
p. 47). Isto significa um papel expressivo da fibrose sobre todo o padrão clássico
histopatológico da endometriose, de uma maneira geral, que propõe o diagnóstico
de endometriose simplesmente pela presença de estroma e/ou glândulas, aceitando
ainda a visualização de macrófagos hemossiderófagos (MURPHY, 2002). Acima,
ainda se mostra que as lesões clássicas apresentam 9,5±6 do conjunto de glândulas
e estoma e 6,18±5 de estoma isoladamente, levando a cerca de 14% da área com
representação estromal. Seriam as células estromais (14% do total da lesão)
responsáveis pela manutenção da proliferação do endometrioma? Em situação
inferior, estão as células glandulares que representam isoladamente 3,27±2% da
área. Restam os processos inflamatório e fibrótico que rodeiam as lesões clássicas
(BUKULMEZ et al., 2008; BULUN et al., 2006).
Histopatologicamente, a endometriose de cicatriz é caracterizada pela
semelhança com o endométrio humano adulto, portanto, pela presença de glândulas
e estromas endometriais responsivos aos hormônios esteroides – proliferação,
68
secreção e descamação menstrual (hemorragias intersticiais). Se o cisto
endometriótico hemorrágico estiver localizado superficialmente, pode fistulizar-se em
direção à cavidade peritoneal ou para o exterior, dando lugar a uma fístula menstrual
no umbigo ou cicatriz operatória (Figuras 9 e 10, p. 34). Essa fistulização ocasiona
um quadro clinico doloroso no pré e transmênstruo do nódulo endometriótico
subcutâneo.
Apesar de Daye et al.; 1993, escreverem que a ferida operatória tem
pouca importância para o desenvolvimento da endometriose, pensa-se o contrário,
pois a incisão há pouco referida é muito mais traumática e sangra mais do que uma
incisão mediana, além do acesso à pelve ser mais dificultoso. Os ângulos da ferida
são os sítios em que mais se encontra a lesão. Outro item que precisa ser pensado
é no processo inflamatório que pode ser mais intenso pela força de agressão nessa
ferida e, provavelmente, em decorrência do fio de sutura utilizado (DAYE et al.,
1993).
Existem divergências na literatura sobre o papel do estroma ou das
glândulas endometriais no desenvolvimento do endometrioma, e, no caso especifico,
do endometrioma em cicatriz cirúrgica na parede abdominal. Se se pensar
o endometrioma em cicatriz cirúrgica na parede abdominal como uma doença
exclusivamente dependente de estrogênio, não caberia o tratamento com
antiestrogênico, progestagênios, análogos de GnRH, entre outros, desde que a
grande extensão histopatológica da lesão envolve processo inflamatório crônico e
reposição de fibrose, mantendo as queixas de nódulos e dores pelas pacientes.
Caso se refletisse o contrário, que seria uma lesão inflamatória, mais que
estrogênio-dependente? Daí continuar-se tratando o endometrioma de cicatriz como
uma doença que necessita de intervenção cirúrgica (Tabela 5, p. 51).
Apesar dos resultados deste estudo reforçarem a teoria iatrogênica da
implantação endometriótica, não se exclui a teoria da metaplasia, em que o
processo inflamatório crônico contribuiria para a hipótese da implantação e
metaplasia (PARIVAR et al., 1995; KONINCKX et al., 1991; VERCELLINI et al.,
2000).
69
A análise imuno histoquímica, reforçando os achados histológicos na
fisiopatologia do desenvolvimento e manutenção dos endometriomas, mostrou
diferentes padrões de intensidade de coloração (Figura 3, p. 25 e Tabela 7, p. 53).
Surpreendentemente, não se encontrou significante elevação da expressão da
proteína Ki-67 nas lesões endometrióticas que ora se estudou, e reputa-se este
achado às baixas taxas de apresentação de tecidos glandular e estromal nas lesões
que foram evidentemente substituídas por intensa e extensa fibrose (Tabela 5,
p. 52). Essa baixa taxa de proliferação nesses tecidos detectados por meio do
anticorpo contra a Ki-67 sugerem baixa taxa de divisão celular e consequentemente,
má resposta com o uso de drogas antiestrogênicas (KHAN; DODSON; HEATLEY,
1999). Apesar de evidências circunstanciais e laboratoriais apontarem para o fato
do grande papel do estradiol, principalmente oriundo das próprias células
endometrióticas na regulação dos seus próprios receptores, vários investigadores se
reportam a elevações significativas dos níveis de receptores estrogênicos, β e uma
diminuição dos receptores estrogênicos α nas células estromais do tecido
endometriótico, quando comparados ao endométrio eutópico (XUE et al., 2007;
FAZLEABAS et al., 2003). Na verdade, os níveis de receptores estrogênicos β no
tecido endometriótico e nas células estromais são de cerca de 36 vezes maiores do
que os encontrados nas células estromais do endométrio tópico (XUE et al., 2007;
SERDAR et al., 2010). Esses receptores também são responsabilizados pela
regulação do processo inflamatório em doenças autoimunes e, muito provavelmente,
na endometriose. Isso explica, de certa forma, a diminuição da dor nas pacientes
endometrióticas, quando em uso de agentes progestacionais. Justifica-se também,
ainda, a expressão de receptores estrogênicos nesta série no epitélio e no estroma
endometriótico, deste ensaio, embora em bem maior quantidade e intensidade no
epitélio. Surpreendentemente, os achados do estudo sob relatório mostram um
número dez vezes maior de receptores progestagênicos no epitélio e 15 vezes
maiores no estroma. Esses achados podem apresentar uma aplicação clinica: no
endométrio eutópico o receptor de estrogênio estimula a produção de receptor de
progestagênio, portanto o receptor de estrogênio β, agindo como supressor do
receptor de estrogênio α, pode contribuir para uma diminuição dos níveis de receptor
de progesterona e a resistência à progesterona, que é observada as células
endometrióticas. Não se pode concluir os resultados, antes de classificar os
receptores em α e β (TRUKHACHEVA et al., 2009).
70
A teletermografia avalia a temperatura da pele, esta é determinada pela
taxa do fluxo sanguíneo, pela estrutura do tecido subcutâneo e pela atividade do
sistema nervoso autônomo e do sistema neuro-humoral, que controlam a
distribuição do fluxo sanguíneo subcutâneo e a temperatura da pele. Esses fatores
permitem que se detectem não invasivamente imagens térmicas da superfície da
pele (FUJIMASA; CHINZEI; SAITO, 2000). Conforme demonstrado pela Figura 8,
p. 30, após a realização do teste de estresse pelo frio, foi observada uma assimetria
teletermográfica da esquerda para a direita do corpo, mostrando um aumento
de +0,6°C na temperatura mais alta do lado direito e um maior número de pontos
isotérmicos de 36,7°C a 37,2°C, sugerindo indicar a presença de processos
inflamatórios, os quais foram confirmados pela análise histopatológica,
imunocitoquímica e imuno histoquímica da lesão. Ate onde se pode pesquisar em
site de buscas, principalmente o pubMed e Scielo, com as palavras-chave
termografia, teletermografia, termografia infravermelha, thermography,
telethermography, infrared thermography versus endometriose, endometriose
subcutânea, endometriose de cicatriz, endometriosis, subcutaneous endometriosis e
scar endometriosis, não se conseguiu encontrar sequer uma referência, o que torna
esta pesquisa inédita.
A androstenediona e a testosterona, de origem adrenal e ovariana, são os
principais substratos primários para a atividade da aromatase na endometriose. O
principal produto da atividade da aromatase na endometriose é a estrona, um
estrogênio de fraca atividade e que deve ser convertido em um estrogênio mais
potente, no caso, o 17β-estradiol, por meio da enzima 17β-HSD-1 (ZEITOUN et al.,
1988). Em contraste, a enzima 17β-HSD-2 inativa estradiol, catalisando a sua
conversão em estrona no endométrio normal; a progesterona induz a atividade
dessa enzima nas células glandulares endometriais, o que faz da inativação do
estradiol em estrona, uma das propriedades antiestrogênicas da progesterona
(SATYASWAROOP et al., 1982). A expressão aberrante de aromatase, a presença
de 17β-HSD-1 e a ausência de 17β-HSD-2 dão origem a elevados níveis de
17β-estradiol no endometrio ectópico em comparação com o endométrio tópico.
Além disso, ha deficiência da enzima 17β-HSD-2, que pode também ser vista como
uma ação defeituosa da progesterona, a qual falha na indução desta enzima nos
tecidos ectópicos (BULUN et al., 2002). A atividade da aromatase P450 é
71
incrementada e/ou ativada por mediadores inflamatórios tipo IL-1, IL-6, TNFα, entre
outros (CUTOLO; SULLI; STRAUB, 2012).
O nódulo endometriótico produzindo proliferação celular às custas da
16α-hidroxi-estrona que, associada ao 17β-estradiol, são os produtos finais do
metabolismo estrogênico que interfere com a proliferação de monócitos e síntese de
TNF. Essa preponderância de estrogenios 16α-hidroxilados é um sinal desfavoravel
que pode levar, no mínimo, à hiperplasia, proliferação das células endometrioticas, a
exemplo do que ja foi demonstrado da proliferação sinovial, que acontece nas
doenças reumáticas (CAPELLINO et al., 2008). Baseado em avaliações
epidemiológicas e imunológicas, o estrogenio em condiçoes normais incrementa a
resposta imunehumoral das células B em humanos e, ao mesmo tempo, parece ter
papel importante na fisiopatologia das doenças reumáticas autoimunes (STRAUB,
2007). Levando em consideração o fato de que a endometriose supostamente
poderia ser considerada uma doença autoimune (SELI; ARICI, 2003), existem
evidências clinicas demonstrando que as flutuações do ciclo menstrual, a gravidez e
o estado de falencia ovariana pos-menopausal, que juntas representam flutuações
dos niveis estrogenicos endógenos, alteram significativamente o curso da
endometriose e tambem o curso de outras doenças autoimunes. Então, se deveria
reconhecer o papel da estrogenicidade sobre o sistema imune (CUTOLO et al.,
2008).
Segundo Cutolo et al. (2008), distintas concentrações in vivo ou in vitro de
estrogênios em condiçoes imunoinflamatorias e diferentes células envolvidas no
sistema imune agem diferentemente. A eficiência funcional do receptor estrogênico α
ou β encontradas em macrófagos e linfócitos devem ser muito diferentes sob
condições inflamatórias dependendo do meio ambiente (inflamatório) e do tipo da
doença (STRAUB, 2007). Geralmente, os estrogênios incrementam a proliferação de
células e reduzem a apoptose. O papel do metabolismo periférico de estrogênio é
crucial na progressão das doenças. Esta perspectiva surgiu da observação de que a
produção de andrógenos periféricos mediados pelo complexo enzimático da
aromatase levam à expressão aberrante, a qual tem papel critico no
desenvolvimento de neoplasias em vários tecidos, entre eles, a próstata. A
estimulação dos receptores estrogênicos α levam a proliferação, inflamação e
doenças pré-malignas (ELLEM et al., 2009). Conclui-se, portanto, que a expressão
72
estrogênica dependente do sistema de aromatase na endometriose como processo
inflamatório e autoimune é difícil de explicar. Por um lado o aparato da aromatase,
levando a uma concentração alta nos sitios de endometriose, podem levar à
proliferação e ao desenvolvimento dessas células (endometrióticas). De outra parte,
considerando endometriose como uma doença inflamatória na produção estrogênica
pode levar ainda à perpetuação do processo inflamatório e ao desenvolvimento de
neoplasias, inclusive malignas. O terceiro ponto deve ser ainda discutido. Se a
endometriose é fisiopatologicamente relacionadas a células β, os estrogênios podem
ser danosos e levar a uma progressão/piora da doença, enquanto que se a doença
endometriótica estiver relacionada aos macrofagos e às células T, muitas
referências demonstram esses fatos (relações endo/autoimunidade); então, a
endometriose deve ser inibida pelos estrogênios (CUTOLO et al., 2012).
No endometrio normal, os fatores estromais regulam o crescimento das
celulas epiteliais; às células epiteliais endometrióticas demonstram um aumento da
proliferação e a apoptose diminuída. Na endometriose, o endométrio ectópico exibe
várias anormalidades moleculares que envolvem a apoptose e a sobrevivência da
celula, que podem promover a disseminação e implantação das células
endometrióticas em sítios ectópicos. Vários caminhos da apoptose e da
sobrevivência celular estao anormalmente expressados na endometriose, incluindo
Bax/Bcl-2, RAS/RAF/mitogeno ativado por proteína Kinase (MAPK) entre outros.
Recentes estudos mostram que a survivina, um inibidor da apoptose de mamíferos,
está sobrerreguladas nas lesões endometrióticas (ZHANG et al., 2009). A expressão
de survivina foi descrita originalmente em tecido fetal e embrionário em
desenvolvimento e em cânceres (AMBROSINE et al., 1997). Em estudos mais
recentes, identificou-se a survivina em tecidos normais, e sua expressão em
endométrio tópico mostra alterações cíclicas dependentes do ciclo menstrual,
sugerindo que esta substância é regulada por hormônios esteroides. Além disso, a
expressão aberrante da survivina foi identificada na hiperplasia endometrial,
carcinomas e na endometriose (PALLARES et al., 2005). Estudos in vitro mostram
que, no endométrio tópico, as células estromais regulam o crecimento e a
diferenciação das celulas epiteliais. No endométrio ectópico, as células estromais
perdem esta função de regular a apoptose e a sinalização da sobrevivencia das
73
celulas epiteliais, levando, consequentemente, ao desenvolvimento do foco ectópico
(ZHANG et al., 2009).
Além do mais, no endométrio tópico, os receptores de P4 do estroma
que medeiam os fatores parácrinos, promovem a codificação genética da enzima
17-βHSD 2, responsável pela conversão do estradiol biologicamente ativo em E1 no
epitélio. O contrário acontece no endométrio ectópico. Cheng et al. (2007),
prétratando com progestagenos células estromais endometriais, aumentaram
significativamente os niveis de proteina SP1 e a expressão de RNAm de 17-βHSD 2.
O mesmo acontece com as células estromais endometrióticas. Concluíram que o
uso do progestagênio sobre as células estromais endometriais ectópicas falha na
produção parácrina que induz a 17-βHSD 2 e a proteína SP1, ocasionando um
mecanismo defeituoso no metabolismo do estradiol para estrona no epitélio e,
consequentemente, maior produção local dos produtos hidroxilados, com
perpetuação da proliferação e manutenção da endometriose ectópica (CHENG et al.,
2007). A casuística deste estudo demonstra uma quantidade proporcionalmente
pequena de células epiteliais (7,68%) do total de tecido endometriotico e menor
ainda de células estromais (3,39%). Logo, a maioria da lesão é composta de tecido
fibroso como reparo da lesão. Como a célula estromal é reguladora do crescimento
e invasão das células epiteliais, pode-se inferir, pelo demostrado há pouco, que: a)
há menor quantidade de tecido estromal para proliferação glandular; b) há
provavelmente, menor vascularização para alimentar estas células em meio à fibrose
e, por fim; c) uma quantidade significativamente maior de receptores de
progesterona que podem, além de outros efeitos, interagir com a progesterona e
fazer um feedback negativo com a survivina e, portanto, regular a apoptose,
diminuindo a proliferação e sobrevivencia destas células. A progesterona ainda vai,
ao atingir os seus receptores, induzir a 17-βHSD 2 e a proteina SP1, levando a
maior produção da relação estrona/estradiol (Figura 19).
74
Figura 19. Fisiopatologia das células estromais sobre a disseminação e
implantação endometrióticas
Efeito da progesterona, survivina, estradiol, estrona e fatores de crescimento BAX/BCL2, RAS, RAF e MAPK sobre as células estromais endometrióticas.
75
6 CONCLUSÕES
1 Em razão de sua baixa incidência, o endometrioma pode deixar de ser
diagnosticado quando aparece em cicatriz de cesárea. O surgimento de dor no local
do tumor, coincidente com o período menstrual da paciente, é altamente sugestivo
para o diagnóstico de endometrioma.
2 A análise citológica oriunda da PAAF (punção aspirativa com agulha
fina) mostrou células endometriais epiteliais e células endometriais estromais e/ou
macrófagos ricos em hemossiderina em 65% das amostras colhidas; mostrou-se,
com efeito, ser um método sensível, rápido e barato no diagnóstico do
endometrioma de cicatriz.
3 Em sete das 20 lâminas, tomadas aleatoriamente, a análise
histopatológica mostrou em percentagens da área das peças histológicas utilizadas
com a presença de glândulas endometriais em 3,27%±2%, estroma endometrial em
6,18±5%, glândulas e estroma em 9,45±6%, tecido adiposo em 8,35±13%, perímetro
recoberto por tecido adiposo em 17,21±20,9%, e fibrose em 72,5±12% (Tabela 4,
p. 47). Significa isto um papel expressivo da fibrose sobre todo o padrão clássico
histopatológico da endometriose de uma maneira geral, que propõe o diagnóstico de
endometriose, simplesmente pela presença de estroma e/ou glândulas, aceitando
ainda a visualização de macrófagos hemossiderófagos (MURPHY, 2002).
4 A análise imuno histoquímica, reforçando os achados histológicos na
fisiopatologia do desenvolvimento e manutenção dos endometriomas, mostrou
diferentes padrões de intensidade de coloração (Figura 3, p. 25 e Tabela 7, p. 53).
Surpreendentemente, não foi encontrada significante elevação da expressão da
proteína Ki-67 nas lesões endometrióticas que ora se estudam e reputa-se este
achado às baixas taxas de apresentação de tecidos glandular e estromal nas lesões
que foram evidentemente substituídas por intensa e extensa fibrose (Tabela 5,
página 51).
5 A teletermografia digital, conforme demonstrado pela Figura 8, p. 30,
indicou que, após a realização do teste de estresse pelo frio, foi observada uma
assimetria teletermográfica da esquerda para a direita do corpo, mostrando um
aumento de +0,6°C na temperatura mais alta do lado direito e maior número de
76
pontos isotérmicos de 36,7°C a 37,2°C, sugerindo indicar a presença de processos
inflamatórios, os quais foram confirmados por meio da análise histopatológica,
imunocitoquímica e imunohistoquímica da lesão.
77
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88
APÊNDICES
89
APÊNDICE A
Aprovação pelo Comitê de Ética
90
APÊNDICE B
Folha de rosto
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Conselho Nacional de Saúde
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP
FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS
FR - 430040
Projeto de Pesquisa PUNÇÃO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA E IMUNOHISTOQUIMICA PARA RECEPTORES ESTROGENICO E PROGESTERONA E EXPRESSÃO DE MARCADOR DE PROLIFERAÇÃO CELULAR KI-67, NO DIAGNOSTICO DA ENDOMETRIOSE EXTRAPELVICA
Área de Conhecimento 4.00 - Ciências da Saúde - 4.01 - Medicina - Preve.
Grupo Grupo III
Nível Prevenção
Área(s) Temática(s) Especial(s)
Fase Não se Aplica
Unitermos punçao, agulha fina, endometriose
Sujeitos na Pesquisa
Nº de Sujeitos no Centro
60
Total Brasil 60
Nº de Sujeitos Total
60
Grupos Especiais
Placebo NAO
Medicamentos HIV / AIDS
NÃO
Wash-out NÃO
Sem Tratamento Específico NÃO
Banco de Materiais Biológicos
NÃO
Pesquisador Responsável
Pesquisador Responsável MANOEL OLIVEIRA FILHO
CPF 058.956.423-49
Identidade 343650 SSP-Ce
Área de Especialização GINECOLOGIA OBSTETRICIA
Maior Titulação MESTRE
Nacionalidade BRASILEIRA
Endereço RUA JUAZEIRO DO NORTE 220
Bairro MEIRELES
Cidade FORTALEZA - CE
Código Postal
Telefone 085 30237110 085 30237110 / 085 99816136 085 99816136
Fax
Email [email protected]
91
Termo de Compromisso
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares.
Comprometo-me a utilizar os materiais e dados coletados exclusivamente para os fins previstos no
protocolo e publicar os resultados sejam eles favoráveis ou não.
Aceito as responsabilidades pela condução científica do projeto acima.
_________________________________________
Data: _______/_______/______________ Assinatura
Instituição Proponente
Nome
Maternidade Escola Assis Chateaubriand - MEAC / UFC
CNPJ
07.206.048/0001-08
Nacional/Internacional
Nacional
Unidade/Órgão
FACULDADE DE MEDICNA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DOC EARA
Participação
Estrangeira
NÃO
Projeto Multicêntrico
NÃO
Endereço
Rua Coronel Nunes de melo S/N
Bairro
Fortaleza
Cidade
Ceará - CE
Código Postal
60430-270
Telefone
(85) 4009-8500
(85) 4009-8500
Fax
(85) 4009-8521
Termo de Compromisso
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares e como
esta instituição tem condições para o desenvolvimento deste projeto, autorizo sua execução.
Nome: __________________________________________________ ________________
Data: ______/______/_____ Assinatura
O Projeto deverá ser entregue no CEP em até 30 dias a partir de 19/05/2011. Não
ocorrendo a entrega nesse prazo esta Folha de Rosto será INVALIDADA.
92
APÊNDICE C
Trabalho Premiado, Menção Honrosa
93
APÊNDICE D
Trabalho Publicado
94
95
96
97
ANEXOS
98
ANEXO A
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde
A Sra. foi selecionada e está sendo convidada para participar da pesquisa intitulada:
PUNÇÃO ASPIRATIVA DE AGULHA FINA (PAAF), que tem como objetivos: IDENTIFICAR
CARACTERÍSTICAS CITOLÓGICAS DE NÓDULOS ENDOMETRIÓTICOS
SUBCUTÂNEOS (LESÃO DE CICATRIZ).
Seus dados serão tratados de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento
será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar
determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será
omitido. Os dados coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados
divulgados em eventos e/ou revistas científicas.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder
qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará
nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu os
seus dados, como também na que trabalha.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder a perguntas a serem realizadas
sob a forma de questionário e realizar os procedimentos de diagnóstico/tratamento. A Sra.
não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. O benefício relacionado à
sua participação será de aumentar o conhecimento científico para a área da ginecologia
assim como diagnosticar/tratar sua patologia. A Sra. receberá uma cópia deste termo onde
consta o contato do pesquisador, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas
dúvidas sobre a pesquisa e sua participação. Desde já agradecemos!
Fortaleza, ____ de _______________ de 20___.
Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo
em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento,
sem sofrer qualquer punição ou constrangimento.
Sujeito da Pesquisa: _______________________________________________.
(assinatura)
99
ANEXO B
Descrição de cada lamina isoladamente para melhor entendimento
CASO 1 (LÂMINA 1) – Pequeno número de focos de endometriose, a maioria com glândulas
sem estroma ou com pouco estroma. Foco único de estroma sem glândulas. Hemorragias
focais discretas. Não encontramos tecido de granulação. Colágeno denso e pouco celuloso.
Gordura presente.
CASO 2 – Frequentes focos de endometriose, a maioria com glândulas + estroma em
moderada quantidade. Focos hemorrágicos escassos. Presença de tecido de granulação
entre focos endometrióticos. Fibrose presente, localizada entre a gordura e a musculatura
esquelética.
CASO 3 – Frequentes e diminutos focos endometrióticos, com predomínio acentuado de
glândulas sobre o estroma, que é bastante escasso. Três focos hemorrágicos, um deles de
grande extensão. Não encontramos tecido de granulação. Fibrose com moderada
celularidade, predominando fibrócitos.
CASO 4 – Focos endometrióticos frequentes, com glândulas e estroma em quantidades
proporcionais. Focos hemorrágicos frequentes, alguns intraglandulares, extensos no
conjunto. Tecido de granulação presente, próximo a glândulas endometriais. Fibrose, com
celularidade moderada a acentuada, predominando fibrócitos sobre fibroblastos.
CASO 5 – Poucos focos de endometriose, a maioria com glândulas circundadas por
estroma moderado ou escasso. Não evidenciamos sinais de hemorragia recente. Tecido de
granulação presente. Fibrose, com muito colágeno e pouca celularidade, principalmente de
fibrócitos. Gordura presente
CASO 6 – Focos de endometriose em número moderado, com grande variabilidade na
proporção glândulas/estroma, ora somente glândulas, ora glândulas + estroma evidente , e
raramente só estroma. Focos hemorrágicos frequentes e extensos. Tecido de granulação
presente, focalmente. Conjuntivo com predomínio de colágeno sobre células, que são
fibrócitos na maioria.
CASO 7 – Focos endometrióticos frequentes e extensos, em geral constituídos por
glândulas + estroma, este predominando sobre aquelas. Focos hemorrágicos pouco
frequentes e discretos. Tecido de granulação, focalmente. Fibrose, com pouca celularidade.