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1 FASHION, ARTS & CULTURE MAGAZINE ISSUE NUMBER ONE ISSUE NUMBER ONE PORTUGUESE EDITION

TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

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TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

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Page 1: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

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FASHION, ARTS & CULTURE MAGAZINE

ISSUE NUMBER ONEISSUE NUMBER ONE

PORTUGUESE EDITION

Page 2: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

Model: Carlos Ferra

Agency: Mayor Paris

Photo: Laurent Humbert, Paris

Page 3: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

A TWISSST, edição portuguesa, meio editorial

independente na área da difusão das ideias e dos

conteúdos acredita e defende o pluralismo cul-

tural, filosofia que aplica sem reservas à escrita.

Pelo exposto, os textos editados ao abrigo desta

publicação não se regem pelas regras definidas

no novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa

Norberto Lopes Cabaço

Twissst Editor in Chief & Executive Director

Nota

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86 Dias passaram desde a edição

do número zero da Twissst.

Mais de 94.000 paginas visitadas em 14

países diferentes sem manobras de mar-

keting que a impulsionem, resultaram ser

um dado mais positivo que o esperado ini-

cialmente .

A ilação que deduzimos é que continua a

existir espaço para um meio editorial inde-

pendente cuja de�nição resulte na solidez

de informação e na qualidade artística di-

vulgada.

Arrancamos Dezembro e decidimos dedi-

car a edição #1 da Twissst com uma linha

editorial pouco convencional:

Tratamos não só a moda como catalisador

de tendências mas também a Industria

da Moda, analisamos os resultados mac-

ro-económicos dos grupos PPR e LVMH ,

titulares de marcas como Gucci, Yves Saint

Laurent, Louis Vuitton ou Alexander Mc-

Queen e surpreendemo-nos com a boa

saúde �nanceira e a solvência que a moda

internacional dispõe em tempos menos

favoráveis, enamoramo-nos pelo trabalho

de um fotografo francês e com a natu-

ralidade que dispomos como meio inde-

pendente optamos por dedicar a capa da

edição de Dezembro ao Homem, Laurent

Humbert assinou em Paris a fotogra�a na

qual Carlos Ferra plasma de forma soberba

o “new masculine look” requerido nas pas-

sarelas mais relevantes a nível internac-

ional.

Propomo-nos conhecer Phoebe Philo, di-

rectora criativa da casa francesa Céline e

que, em apenas alguns anos, passou de

estar a frente de uma marca adormecida

para recuperar o brilho e posicionar a

“maison” na vanguarda da industria, ainda

desde Paris nos chegam, via Wetransfer, as

imagens do trabalho de Laurent Humbert,

que não podíamos deixar se ampliar.

Viajamos a Helsínquia e constatamos o

porquê da Finlândia ter uma paisagem

para cada indivíduo, e casualmente foi

num encontro com a leitura num �nal de

tarde que descobrimos e como tal relata-

mos a extraordinária novela da também

�nlandesa So� Oksanen, “Purge”; de re-

gresso, passamos por Milão e comprova-

mos a megalómana obra de arquitectura

que a cidade acolhe de cara à Exposição

Universal em 2015 e que reúne os mais im-

portantes arquitectos da actualidade.

Regressados a Madrid, revemos a criativi-

dade indomável da Fura dels Baús e inicia-

mos a conta atrás para o fecho da edição e

o resultado são 104 paginas de informação

que culminam num ultimo desa�o, o de

aspirar a poder contar por um lado, com

a �delidade de quem esteve connosco no

numero zero da Twissst e, por outro, intro-

duzir a Twissst na lista de favoritos de mais

alguns Twissster’s algures pelo Mundo.

Pelas 94.000 mil paginas vistas da edição

zero e pelas que aspiramos conseguir com

a edição número um, temos uma última

palavra a dizer,

OBRIGADO!

Carta Director

Ilustração: Ricardo Naranjo González

Norberto Lopes Cabaço

Editor in Chief and Creative Director

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A auto-propaganda e a megalomania não foram só condutas próprias dos

grandes políticos e ditadores de princípio e meados do séc. XX, esta qualidade, se é que a podermos apelidar desta forma, é tão antiga quanto a civilização.Antes de Estaline, Hitler e Napoleão, encontramos exemplos na longínqua antiguidade, exemplo é o Egipto, onde Ramsés II inventou a propaganda, tal e como a conhecemos actualmente, para enaltecer a sua própria �gura. Não é, por isso,estranho, que qualquer um de nós conheça, ou tenha ouvido alguma vez, o nome deste Faraó. E a cultura e a Arte também não têm sido seguramente imunes a este fenómeno.O homem que melhor soube utilizar esta ferramenta no âmbito artístico foi sem dúvida Yves Klein. Sem ser um dos pou-cos elegidos para considerar-se impre-scindível na historia da arte.

O OUTRO YVESKLEINYVES

Texto: Jose Manuel DelgadoTradução: Bernardo Saavedra

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“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

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Filho de pais artistas, ambos pintores, Yves começou a sua

carreira pro�ssional como judóca. Este feito in�uenciou activamente toda a sua obra e vida pessoal. Como judóca conhece e submerge-se na �loso�a Zen e no conheci-mento oriental, intrigado e in�u-enciado claramente pela mística que o envolve. Conhece a seita dos Rosacruces, seita cristã francesa de

�nais do séc. XIX dotada de uma mística baseada na procura do vazio, da liberdade que o céu rep-resenta. O litúrgico e o místico são a base para entender a sua obra.A primeira aparição o�cial de Klein como artista visual aconte-ceu em 1955, quando apresentou o monocromático “Expressão do Universo” em cor laranja vivo no Salon des Réalités Nouvelles. O

quadro foi rejeitado devido a que “uma única cor não era su�ciente para construir uma pintura”. A peça, incluída nesta retrospectiva, apresenta-se junto a uma serie de monocromos, amarelo, branco, preto, vermelho, rosa e verde. A cor adquire uma importância absoluta que supera o desenho e a forma.

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“© Yves Klein, ADAGP, Paris”“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

Page 11: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

Começa por oferecer a essa cor o seu próprio objectivo, inde-

pendente de desenho, ou de forma. A cor como meio de materializar o imaterial, capaz de alterar e criar sen-timentos. Elimina a linha e o desen-ho, que agora carecem de signi�cado. Onde o rolo se converte no primeiro instrumento de criação, seguido do fogo e do corpo humano.

O ano de 1957 é tido como o de sua consagração, faz duas exposições simultâneas em Paris, na galeria Iris Clert e na Colette Allende, cria uma sinfonia própria destinada a acom-panhar a exposição, uma nota per-manente durante 20 min seguidos de 20 min de silêncio. Nestas propor-ções monocromáticas concentra-se só no Azul. Atribui o seu nome a um tom de azul, que desde então até ago-ra se conhece como azul Klein.

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“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

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Em 1958 na Iris Clert, galeria, e, rodeado pelos seus galeristas fet-iche, realizou uma exposição úni-ca para celebrar o seu trigésimo aniversário. Pintou de branco e a rolo todo o interior da galeria. Só a porta e as ombreiras as impregnou de azul Klein. Lançou balões de cor azul Klein por toda Paris, dias antes da inauguração. Tudo decorria de acordo ao planeado para enaltecer, uma vez mais, a sua personagem,

inclusive criou um cocktail mati-zado de azul, com base de Ginebra, com a ajuda de um barman par-isino.O cocktail seria servido a todos os convidados da exposição, enquanto Yves Klein explicava, passo a passo, a grupos pequenos, o signi�cado de sua obra, uma habitação vazia pintada de branco.As reacções do público foram dís-pares, enquanto uns se consid-

eraram enganados, outros, fasci-nados, procuraram reminiscência de traços, ou desenhos na parede, e outros, comovidos, gritaram, ou choraram, porque tinham com-preendido o objectivo da obra, o vazio. Todos �zeram parte de um culto de iniciação, onde Klein, era o messias.Foi rotulado de farsante, de profeta, de louco, mas uma coisa foi clara, não deixou ninguém indiferente.

Estudou a sua obra como um todo estruturado em duas partes. Or-

questrou a sua produção em torno ao vangloriar da sua �gura, e foi construindo as suas próprias épo-cas, como: a azul, a pneumática e a performática, entre outras.Uma das suas incríveis façanhas foi a de tentar pintar de azul o obelisco de Paris, estranhamente, a princípio conseguiu a autorização, mas à últi-ma hora o governo cancelou a obra. Até aqui chegou a sua in�uência de artista.

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“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

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Depois de o culminar desta obra começa a experimentar outras

cores, como o dourado e o rosa, am-bos com signi� cado religioso para os Rosacruces, e inclusive começa a usar o fogo. Queimava literalmente uns panos que anteriormente mer-gulhara num líquido in� amável. Este processo de “matizar o pano” foi de-senvolvido banhando nesse liquido, uma modelo despida para depois ser dirigida por Klein. Estes proces-sos criativos eram abertos ao público e inclusivamente eram � lmados, e acompanhados por uma orquestra monótona. Pode-se dizer que era, sem qualquer dúvida, a criação da “obra – culto”.

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“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

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Obcecou-se com o vazio, procu-rou a anti-gravidade mediante

a levitação, algo que segundo ele conseguiu em diversas ocasiões. E como cúmulo do vazio, chegou a sal-tar de um terceiro andar, donde lhe esperavam os alunos de um mestre judóca para o acolherem. Durante a performance, foi executada uma fotomontagem que foi publicada por petição de Klein.A morte surpreendeu-o aos 34 anos, em 1962, numa reunião entre com-panheiros de movimento, e a per-gunta que nos fazemos é, até onde chegaria Klein?Foi sem dúvida, por si só, a criação de um artista modelo, ainda que sem expressão de qualidades artísticas de grande nível conseguiu, não só ter o seu lugar na história da arte, como também ter sido reconhecido como um dos mais importantes de todo o séc. XX. A propaganda surtiu efeito.

“© Yves Klein, ADAGP, Paris”

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Nuno Moreira e Marco Moreira ( Central Models, Lisbon)

Photo by : Carla Pires

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All people are born equal...

then some become

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Editor in Chief & Creative DirectorNorberto Lopes Cabaço

[email protected]

Foreign Editors DirectorMauro Parisi

[email protected]

Twissst Polish Edition ResponsibleWeselina Gacińska

[email protected]

Editorial CoordinatorChloe Yakuza

Architecture & Art DirectorMauro Parisi

[email protected]

Graphic DesignersDavid Lariño Torrens

[email protected] Marie O’Donnell

[email protected]

Staff

Foto Ryan Tansey

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Twissst Magazine - Head O� ceCalle Gran Via, 57 7 F28013, Madrid, SpainTel: 34 910 072 [email protected]

Twissst English EditionAngela Velo PérezDaniela CataldoClare Hodgson

Twissst Italian EditionGiulia ChiaravallottiFrancesco Marangon

Twissst Polish EditionWeselina Gacińska

Anna Golias

Twissst Portuguese EditionElis Por# rio

Bernardo Saavedra

Twissst Spanish EditionElena Arteaga

Benedicta Moya

Contributors

Laurent Humbert, Eleonora Maggioni,Laura Parisi, Siu Cho Hang,

Jaime G. Masip, Jose Manuel Delgado, Ricardo González Naranjo,

Carlota Branco.

Editors

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Texto: Eleonora Maggioni

Tradução: Elis Por� rio

La Fura Dels BausAo encontro do impeto criativo da companhia de teatro total

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O primeiro contacto com o mundo de La Fura foi quase uma casualidade; era noite de Noite de Ano Novo de 2004, Génova era então Capital da Cultura Europeia e os La Fura apresentavam, nessa noite, sua estreia mundial de “On Naumon” (A viagem), um espectáculo/evento de luzes, sons e dança. Foi amor à primeira vista, um verda-deiro apogeu sensorial.Um barco de 60 metros de comprimento ancorava no An-tigo Porto de Génova, com 150 pessoas, incluindo equi-libristas, actores, bailarinos, técnicos e marinheiros, que chegavam acompanhados pela batida hipnótica de tam-bores japoneses.

A partir de ali, o porto inteiro se transformaria num enorme cenário, com grandes cenogra� as e coreogra� as suspensas sobre o mar num clímax ascendente de cores, sons e acrobacias que nos haveriam de acompanhar até ao Ano Novo.

A viagem de Naumon acabara de se iniciar, de ali partiria para atracar em mais vinte Portos do Mediterrâneo, para depois seguir pelos Oceanos Atlântico, Pací� co e Índico.

Degustación de Tito Andronico/Foto de Francesca Sara Cauli

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Mas foi no interior de um Teatro que La Fura me surpreendeu uns anos mais tarde, pela sua capacidade em modi� car convencionais cenários através da incorporação de vídeos e outros elementos visuais.Uma livre interpretação da “Metamorfose” de Ka� a foi representada em 2005 no Japão e em 2006 chegou ao Teatro María Guerrero de Madrid.Nesta ocasião, La Fura apostou em levar um trabalho mais próximo do Texto que da per-formance ainda que, sem renunciar a interpolação do meio digital. A cenogra� a estava em contínua evolução, um grande cubo transparente, em que vivia Gregor Samsa e em que se materializa o contraste entre a realidade exterior e o mundo interior do protagonista, uma mesa e uma projecção visual de imagens que ampli� cavam a atmosfera onírica e de sonho descrita por Ka� a na sua novela e que se viu avassaladora aos olhos do público.

Metamorfosis

Metamorfosis

Neumon en Genova 2004

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A história de este colectivo de ar-tistas começa em 1979, quando Marcel Antunez Roca, Quico Palomar, Car-les Padrisse e Pere Tantinya criaram a companhia focada no entretenimento de rua e no experimentalismo ao nível do movimento e da música.Na década de 80 iniciaram a aproxi-mação ao teatro, mas sempre a partir da abordagem experimental, cujo ob-jectivo principal passara pelo romper com a tradição do teatro clássico; foi com a música, a dança, a introdução de novos materiais e tecnologias mais recentes que responderam ao desa� o.Nos anos 90, a companhia envolve-se com a ópera e os macro-eventos, re-alizando o show de abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.

Boris Godunov

Boris Godunov

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O experimentalismo é desenvolvido também no campo dos macro-espectáculos, onde a linguagem da companhia se adapta a públicos e a espaços cé-nicos enormes (Como o show de abertura dos Jogos do Mediterrâneo em Almería, Espanha 2005) e lhes confere o reconhecimento a larga escala. Em 2008, com “Boris Gudonov”, La Fura con� r-masse pioneiro ao explorar alternativas ao teatro “es-tilo italiano”, criando um espectáculo num cenário tradicional e desenvolvendo a peça no seu estado mais puro.

A partir de uma crítica / re� exão sobre a incipiente totalitária tendência, emergente de alguns estados democráticos e sobre o medo do terrorismo que nos últimos anos invadiu as sociedades ocidentais, o di-rector artístico Alex Ollé rompeu uma vez mais com a noção de teatro purista suportando-se em aponta-mentos cinematográ� cos e audiovisuais.O público torna-se o protagonista, os reféns são os mesmos espectadores e apesar de reconhecer des-de o início que se trata de � cção, somos levados a confrontar-nos com os nossos fantasmas, forçados a compenetrar-nos dentro da história a que se está assistindo.

Degustación de Tito Andronico Degustación de Tito Andronico

Boris Godunov

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Em “Degustación de Tito Andronico” de 2010, a companhia retorna às suas origens, levando ao palco um espectáculo cem por cento La Fura, em que a interacção entre público – actores é central.Neste trabalho, uma adaptação livre da tragédia de Shakespeare, a audiência man-tém-se de pé durante todo o espectáculo, rodeado por passarelas metálicas que se erguem sobre as máquinas que transpor-tam os actores.Durante a representação, dois chefs pre-param pratos que trinta sortudos podem desfrutar junto dos actores, um casamen-to entre música, dança e perfumes que se estende ao redor da sala, numa tentativa de união com o público até ao trágico � nal

Degustación de Tito Andronico /Foto Francesca Sara Cauli

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O trabalho de La Fura continua a aprofundar as suas experiên-cias no campo cinematográ� co (Fausto 5.0) e na web, como um género que o grupo catalão de-� ne como teatro digital, soma de “artistas e bits”.

Depois de em 2011 se ter aprox-imado do mundo da ópera com “Édipo”, La Fura continua a sua pesquisa com “Babylon, un cuento de máquinas”, com es-treia agendada para Outubro na Bayerische Staatsoper, em Munique.Em paralelo, no � nal de 2012, La Fura apresenta-se em três países com diferentes macro-eventos: “Aphrodite and the Judgment of Paris” na Coreia; “� e Visit” na China e “� e Hidden City” em Bucareste, Roménia.

Surpreender e inovar está no ADN de La Fura Dels Baus. Ansiosamente, resta-nos esper-ar pela próxima oportunidade para deslumbrar os nossos sen-tidos.

Degustación de Tito Andronico /Foto Francesca Sara Cauli

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Laurent Humbert

Laurent Humbert nasceu no Sul da França

, numa pequena cidade costeira, Hyères, agraciada

com cores limpas e luminosidade abundante e for-

malmente conhecida por acolher o “International

Festival of Fashion and Photography of Hyères.

Talvez, todos estes factores condicionaram a tra-

jectória deste revelador artista, que desde muito

cedo desenvolveu uma relação de proximidade

com a fotogra�a.

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Com apenas 12 anos fotografa

a família e os amigos , desde essa idade

soube que o elo que o ligava com a foto-

gra"a era indivisível .

Foi essa primeira imagem que obteve, a

impulsionadora de todo um processo de

formação, a curiosidade pelo revelado

daquela primeira imagem, própria da

idade, e reveladora de uma curiosidade

intrínseca à personalidade deste aclama-

do fotografo .

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Depois de terminados os estudos em Arte

e Comunicação, Laurent deixa a cidade onde cres-

ceu e sedia-se em Paris onde desenvolve o pro-

cesso de criação e aprofunda na experimentação .

Criou uma imagem de marca , as imagens que

obtém revelam claramente o ADN artístico do

homem por detrás a câmara.

Como clientes, Laurent Humbert conta já com o

voto de con�ança de marcas tão emblemáticas

como a LACOSTE, ZARA, DIM ou a LANCEL e tem

reunido criticas tão positiva como numerosas em

meios como “LE FIGARO”,”L’express”,”Luna”,”Tetu”ou

“GQ”

O facto de que Laurent Humbert tenha e siga con-

quistando o apreço e reconhecimento tanto das

marcas como das agencias sediadas em Paris, é o

resultado de anos de investigação, e a criação de

imagens com uma elevada carga emocional e que

carecem de acessórios.

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Profundo defensor de um conceito “Less is More” e de

uma estética clean, o trabalho de Laurent recorda-nos a máxima

de Monsieur Cristobal Balenciaga:

“Um couturier deve ser um arquitecto para o design, um escultor

para as formas, um pintor para as cores, um musico pela harmo-

nia e um �losofo pela temperança .”

“A couturier must be an architect for design, a sculptor for shape,

a painter for colors, a musician for harmony and a philosopher for

temperance.”

Defendemos que o principio de pode aplicar em muitas outras

áreas, claro está à fotogra�a, e sem reservas ao trabalho de Lau-

rent.

Por tudo isto , pelo que representa e por assinar a “cover” da

edição número 1 da Twissst,

Merci Monsieur Humbert!

Norberto Jose Lopes Cabaço

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Palazzo Regione Lombardia. Photo: Simone Utzeri

A nova Milão, metro a metro

A partir de 31 de Março de 2008, quando a Exposição Universal de 2015 foi adjudicada

a Milão, a reforma da cidade parece imparavel; a cidade lombarda está a mudar de cara e os

cidadãos estão praticamente habituados à presença permanente das obras.

Texto: Laura Parisi

Tradução: Elis Por%rio

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Palazzo Regione Lombardia. Photo: Simone Utzeri

Desde a zona da Porta Nuova

até à Cascina Merlata, da antiga sala

de cinema Excelsior ao Bosco Verticale,

desde a nova sede da administração

regional ao complexo City Life, das

requali%cações das estações de comboios

aos quartéis militares e às antigas áreas

industriais, Milão parece ter ultrapassado

o inesgotável típico debate italiano entre

a primazia da conservação e do estilo

“tradicional” e o impulso da modernidade

próprio das metrópoles internacionais.

A três anos da Expo e em espera para

averiguar como será efectivamente a área

da exposição, aproximamo-nos à capital

económica italiana para tentar antever

todas as transformações em curso que,

apesar de alguns atrasos e polémicas,

contribuem para a requali%cação da nova

Milão.

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Palazzo Regione Lombardia. Photo: Meravigliosopericoloso

Palazzo Regione Lombardia. Photo: Meravigliosopericoloso

Empreendemos a nossa viagem pela transformação já visível: em

2009 foi apresentada a nova sede da Região da Lombardia. Construída

sobre uma área de 30.000 m2, o projecto foi assinado pelo estúdio

PeiCobbFreed&Partners de New York e testemunha o trabalho de 700

pessoas, em turnos de 24 horas.

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Hotel NH. Photo: Roberto Arsu� (Urban�le.it)

Quatro edifícios curvilíneos de 9 andares que articulam-se em torno da torre

central de 39 andares, permitem a centralização de todos os órgão administrativos,

anteriormente dispersos por toda a cidade, embora não esteja contemplado o

abandono da sede histórica do arranha-céu Pirelli.

Também em 2009 foram inauguradas, como Hotel, as duas torres desenhadas pelo arquitecto francês Dominique Perrault, com respectivamente 72 e 65 metros de altura e ambas com uma inclinação de 5 graus; a torre mais alta está inclinada para Fieramilano, enquanto a torre mais baixa está inclinada sobre o centro da cidade; este movimento, junto com o contraste de cor entre o preto das fachadas e o alumínio dourado do elemento cilíndrico, confere uma personalidade forte ao conjunto arquitectónico.

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Detalhe da fachada Torre Garibaldi. Photo: Simone UtzeriDetalhe da fachada Torre Garibaldi. Photo: Simone Utzeri

De volta ao centro da cidade,

precisamente sobre a estação de

Porta Garibaldi, já podemos admirar o

“Centro Direzionale di Porta Garibladi”

As duas torres da antiga administração

ferroviária nacional, dos anos 80,

depois de uma operação recladding*

praticamente concluída, foram

totalmente transformadas de acordo

com as modernas técnicas da

arquitectura sustentável (de referir

apenas os painéis fotovoltaicos

nas fachadas, os painéis solares

nos telhados e os cristais isolantes

térmicos); esteticamente, as fachadas

com cristais desfasados, favorecem

milhares de re&exos difusos, sugerindo

o brilho de um diamante.

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Parco Portello. Photo: University2night.it

O projecto de requali!cação urbano segue as directrizes de arquitectura sustentável e na renovada cidade de Milão a cultura do público verde é fundamental, um exemplo é a área de Portello de 400.000 m², onde no passado se encontravam as fábricas da Alfa Romeo e da Lancia, e que a ponto está de realizar um plano de reestruturação que prevê a criação de um parque de 70.000 m²; projectado por Andreas Kipar e Jenks Charles, cuja abertura ao público está previsto para este Outono.

Page 45: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

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No centro do parque, encontram-se duas colinas construídas com os

entulhos da zona; a primeira, em forma de espiral hospeda um lago numa das suas

concavidades e a segunda, de forma cónica, que é atravessada por dois caminhos

que não se cruzam, abriga um parque de esculturas.

Page 46: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

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Torre Cesar Pelli. Photo: Roberto Arsu�

Città della Moda. Photo: City!le.it

Outra meta de 2011 foi a conclusão da sede histórica RCS, na

zona de Crescenzago, projectado pelo

estúdio Boeri e de Barreca e La Varra,

transformando-a na sede central do

grupo de multimédia.

A zona Garibaldi – Repubblica está já

em fase de ultimar os detalhes da obra

de requali!cação liderada por Cesar

Pelli. Com a sua Cidade da Moda, Pelli

concebeu uma área pedonal com um

extenso parque, uma imponente praça-

pódio de 100 metros de diâmetro e 6

metros mais alto do que a superfície da

estrada e com edifícios eco-sustentáveis

em vidro e aço, entre os quais se erguerá

uma torre de 145 m (200 m considerando

a bandeira).

Sobre a praça debruçam-se, além de espaços dedicados à moda e à criatividade, um grande Hotel,

vários espaços comerciais, edifícios residenciais e escritórios.

Page 47: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

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Diamantone. Photo: Urban"le.it

Quase na mesma área, em

Porta Nuova - Varesine, outro centro

de negócios emerge com uma

nova torre que rasga o horizonte

Milanês, o edifício “Diamond”, do

estúdio KPF de New York. Com uma

forma peculiar, destacável pela sua

fachada principal, a característica

do “Diamond” reside na poupança

energética, característica que lhe

valeu os prémios de maior prestígio

no domínio da arquitectura eco-

sustentável.

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Fondazione Feltrinelli. Photo: Designboom,com

Ao analisar os próximos projectos podemos identi"car que a intenção, por detrás desta onda de

requali"cações , é proporcionar a Milão um legado de novos conteúdos culturais e expositivos, próprios de

uma verdadeira capital cultural.

Em 2013, por exemplo, Porta Volta será totalmente redesenhada pelo arquitecto suíço Jacques Herzog;

dois edifícios gémeos irão abraçar a velha porta albergando a sede, a biblioteca e os arquivos da Fundação

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Fondazione Feltrinelli. Photo: Designboom,com

Feltrinelli; os dois edifícios vão estar abertos à cidade oferecendo uma área recuperada com uma livraria

editorial, lojas e zona de restauração.

Como referido pelo próprio arquitecto, são muitas as alusões à história da arquitectura do local, desde a re-

leitura dos edifícios gémeos enquanto gateways para lugares emblemáticos, (veja-se a Piazza Duomo ou a

Piazza Duca d’Aosta), às características de construção longitudinais da zona Lombarda, ou ainda à alusão

às formas pontiagudas da arquitectura gótica.

Page 50: TWISSST - ISSUE NUMBER ONE - PORTUGUESE EDITION

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Fondazione Prada photo courtesy of DesignBoom Foindazioen

Prada Attilio Maranzano

Fondazione Prada photo courtesy of DesignBoom Foindazioen

Prada Attilio Maranzano

Em 2014 poderá ser admirado mais uma

obra-prima do arquitecto holandês Rem Koolhaas,

que na antiga zona industrial de Via Ripamonti

dará vida ao Centro de Arte Contemporâneo

comissariado pela Fundação Prada; uma torre

assimétrica que servirá de armazém para as suas

obras de arte, presidirá, uma área totalmente

recuperada, anteriormente uma antiga destilaria e

agora caracterizada pelo 'exível uso do espaço; um

“cubo” no centro do pátio será capaz de reinventar-

se como um espaço de cinema ao ar livre, um

auditório, um espaço para performances, ou um

centro de controlo.

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Fondazione Prada DesignBoomFondazione Prada DesignBoom

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Bosco Verticale. Photo: Bernard Peissel

Por outro lado, na zona Porta

Ticinese, o projecto “Cidade das Culturas” de

Chipper!eld na ex-fábrica Ansaldo, prevê

a criação de um vasto aglomerado cultural

com o novo Museu Arqueológico e o Centro

de Estudos de Artes Visuais, além de um

Laboratório de títeres tradicionais.

Desde o ponto de vista arquitectónico, a

recuperação de alguns dos edifícios pré-

existentes se unirá à construcção de um

novo módulo em que se alojará o “Centro das

Outro protagonista para 2014 será o histórico bairro de Isola, quando se executarem alguns

dos projectos ali localizados; destacam-se sem dúvida as duas torres residenciais de 105 e 78 metros,

do estúdio Boeri mais conhecido como “Bosque Vertical” devido às árvores e arbustos que serão

plantados em cada andar, com o objectivo de absorver a contaminação e de produção de oxigénio.

Culturas Extra-Europeias” com áreas para exposições no primeiro andar, livraria, cafetarias, restaurantes,

auditório e biblioteca.

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Citylife - Tre Torri.

Citylife - Tre Torri.

2014 Trar-nos-á também a

#nalização do muito comentado

“City Life”, o imponente complexo

residencial, comercial e de

negócios que já está emergindo

nos antigos terrenos da Feira

e que marcará sem dúvida a

imagem da cidade de Milão,

mais não seja pelo mediático

renome dos autores de três

dos arranha-céus projectados

e coloquialmente conhecidos

como o “Dritto” (Direito tem

assinatura de Arita Isozaki), o

“Storto” (Torcido, de Zaha Hadid)

e o “Curvo” (Encurvado, de Daniel

Libeskind).

O projecto complementar-se-a,

além das distintas soluções

residenciais desenhadas pelos

mesmos arquitectos, com um

Museu de Arte Contemporâneo

de Libeskind e com o Palazzo

delle Scintille, um espaço cultural

dedicado à infância e aos idosos,

será alojado no único imóvel da

antiga Feira que se manterá em

pé.

Quando todas estas

construções sejam realidade,

Milão será, sem incertezas,

uma referência da arquitectura

contemporânea na Europa,

algo que realmente estava em

falta, dado o seu inquestionável

peso no mundo do desenho e

da vanguarda criativa

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The Business

of Fashion

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Como ser um criador de moda “indie” e não perecer no intento?

Texto: Norberto Lopes Cabaço

Quando inicialmente pensámos em abordar o

tema da gestão dentro do negocio da Moda, obrigatoria-

mente encontramos necessidade de abordar a mudança

no papel do criador, para um posicionamento de criador/

gestor, fundamental para o sucesso de uma marca jovem

ou fora da protecção de uma holding.

Digerir os resumos #nanceiros dos colossos da industria

e criar um texto que permitisse dar a conhecer o outro

lado do fenómeno da moda, o que não aparece nas fo-

togra#as , nem nos backstages, mas, que os alimenta,

parece-nos fundamental.

Em resumo , apresentar contrastes e suscitar opiniões,

coniventes ou não.

Se por um lado as marcas globais crescem vertiginosa-

mente semestre a semestre, a nível local ou nacional,

criadores com uma trajectória reconhecida e com mar-

cas implementadas no mercado, passam por momentos

conturbados.

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A industria da Moda apresenta-se com

di�culdades notórias, em particular a espan-

hola, David Del�n encerrou loja no coração da

cidade de Madrid, Carmen March abandona a

actividade em nome próprio para mais tarde as-

sumir a direcção criativa de Pedro del Hierro, e

as di�culdades �nanceiras que a dupla de cria-

dores Victorio & Lucchino aparentemente sof-

rem, geram sussurros comentados um pouco

em todas partes.

Se para criadores com marcas implementadas

no mercado as di�culdades são muitas, para

novos criadores o desa�o parece impossível de

ser ultrapassado.

Capazes de desenhar durante dias seguidos e de

cumprir com os rigorosos calendários nacionais

e internacionais, a maioria dos novos criadores

assume um perfeito desconhecimento do nego-

cio do qual faz parte.

Com alguns dos criadores que falamos ao abor-

dar o tema, nenhum deles tinha tido formação

na área de plani�cação do negocio, como de-

senvolver uma marca, como internacionalizar

uma ideia ou como estabelecer uma previsão de

ingressos no espaço e no tempo.

Confessam uma insegurança no momento de

colocar preço as peças, e pelo modelo quase

“ familiar” em que desenvolvem a actividade ,

resulta-lhes complicado desenvolver colecções

em número su�ciente para ter um cash-�ow dis-

ponível para investimento.

O ensino, as escolas, as universidades e as plata-

formas de divulgação da moda normalmente

não estão vinculadas, são independentes, a

formação e a divulgação são dois processos pa-

ralelos e em nenhum dos casos há uma acção

pro�ssional, comercial e adaptada ao universo

de cada criador.

O pro�ssional de moda do século XXI, deve

abandonar a ideia da criação pela criação, para

poder ser “indie” e viver do que mais gosta de

fazer, tal como qualquer outro pro�ssional de

qualquer outro sector.

Ser “indie” e ter um negocio estabel-

ecido signi�ca não estar dependente

de patrocinadores, de colaborações

impossíveis em troca de um budget

que lhes permita seguir em frente.

Como embaixadores da vanguarda

criativa que actuam numa sociedade

global, resulta raro que apenas alguns

destes criadores dispõem de um site

em funcionamento ou de uma loja on-

line, poucos desenvolvem uma linha

de acessórios, e raros os que contam

com uma rede de distribuição ou que

promovem assiduamente acções de

marketing directo com os clientes.

A realidade diz-nos que é urgente in-

verter a tendência, a historia corrob-

ora-o, criadores como Valentino ou

Giorgio Armani, só conheceram a glo-

ria quando aceitaram que a gestão era

algo tão relevante como a maestria

do seu trabalho, e o presente diz-nos

que o número de criadores que pros-

peram individualmente a nível global

são escassos, especialmente a nível

europeu.

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ao negocio e o negocio gira em torno à Moda.

E assim o fazem os dois maiores grupos que com-

ercializam o tão afamado “Luxury Market”.

Em tempos de crise, a multinacional francesa PPR

(Pinault-Printemps-Redoute) dedicada ao comer-

cio mundial no sector do Luxo e do “sport & life-

style”, proprietária de marcas como a GUCCI, Yves

Saint Laurent, Balenciaga, Alexander McQueen,

Stella McCartney ou Bottega Veneta facilita uns

números tão vertiginosos como extraordinários.

As “Key Figures” de 2011 no sector Luxo eram por

si só,dignas de um prime-time.

4.9 Mil Milhões de Euros em Revenue (€), 13.500

empregados e 801 lojas em funcionamento, rep-

resentam o Balance da PPR em 2011.

A actualidade da Moda Global actua nas antípodas deste cenário, e as cifras falam por si.

14 Mil Milhões, sim, 14 Mil Milhões de euros anuais é o Revenue que os grupos PPR (Pinault-Printemps-

Redoute) e LVMH (LVMH, Louis Vuitton Möet Hennessy) ingressaram no ano 2011.

E 14 mil milhões de euros não se materializam com uma pequena elite de compradores, mas sim porque

a Moda gerou um negocio global , longe da “democratização da Moda” comentada por muitos , mas

por um fenómeno algo menos elegante mas consideravelmente mais veraz : a “democratização da

necessidade”de consumir Moda.

Ambos grupos coordenam, monopolizam e

repartem a maioria das mais sonantes marcas

de moda a nível mundial e estes resultados só

são possíveis através de um business case, detal-

hado ao milímetro.

E pode que esta visão, pura, crua e desvestida

de glamour, deite por terra um universo de id-

eias de preconizam que o design de moda é um

ensaio criativo convertido em realidade, ainda

assim, “it’s a story to be told”.

A Moda rege-se por Budgets e por timelines,

cash �ows e forecasts, como qualquer outro

negócio que tenha em vista a rentabilidade e a

perenidade.

Conhecem-se os indicadores de venda por peça,

por estação, por cidade e por pais, os tons mais

vendidos, os materiais preferidos pelo consumi-

dor , conhece-se a �loso�a da marca e o target

do mercado em detalhe, a Moda gira em torno

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Responsáveis por 85% destes ingressos estão 3 marcas:

GUCCI

Com um Revenue de 3.143 Milhões de Euros e 376 Lojas Directas é, per si, responsável por um 63.9% da revenue anual.A marca assinada na actualidade por Frida Gi-annini pulveriza qualquer outra marca.E se 2011 foi um ano positivo, 2012 teve um resultado , até ao momento excepcional.No 1º Semestre 2012 a Gucci facturou 1.727 Milhões de Euros, mais 17.6% face ao mesmo período do ano 2011 , sendo responsável por um 59% do revenue total semestral em 2012.

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BOTTEGA VENETA

Tomas Meier assumiu a direcção criativa em Junho

de 2001, aquando da compra da marca fundada em Vice-

nza, Italia ( 1966) pelo grupo PPRDesde então uma rigoroso trabalho e uma visão prática do luxo elevaram a marca a nível global.O ano 2011 encerrou com um total de 683 Milhões de Eu-ros facturados e 170 Lojas Directas abertas ao publico.No 1º Semestre 2012 a facturação ascendeu a 429.5 Mil-

hões de Euros ( + 44.3% face a 2011 o que supõe um 14.7% do revenue semestral )

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YVES SAINT LAURENT

354 Milhões de Euros de fac-turação no ano 2011 através de 83 Lo-jas Directas e traduzem-se num 7.2% da revenue anual do grupo.O primeiro semestre de 2012 resultou de igual forma num vertiginoso incre-mento de 46.4% face ao primeiro se-mestre 2011, o que por si só corrobora a boa saúde, tanto criativa como (nan-

ceira da marca criada em na década de 60 pelo incondicional Monsieur Yves Saint Laurent, ate há pouco tempo assi-nada por Stefano Pilati e recentemente mutilada pelo senhor Slimane.223.5 Milhões de Euros correspondem a facturação da Maison Yves Saint Lau-rent, que ocupa a terceira posição no ranking PPR.

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A LVMH (Louis Vuitton Möet Hennessy)

grupo multinacional detentor de mais de 60

marcas e presidido por Bernard Arnault não

apresentou resultados por marcas mas por

sectores e negocio.

Dentro do sector “Fashion and Leather

Goods” os números são igualmente impres-

sionantes.

8.712 milhões foi o resultado referente a

2011.

Também o primeiro semestre de 2012 com

um revenue de 4.656 milhões representa

uma melhora de sensivelmente 17% frente ao mesmo período do ano anterior.

O grupo detentor das marcas LOUIS VUIT-TON , MARC JACOBS, FENDI, CÉLINE, GIVENCHY, LOEWE, DONNA KARAN OU KEN-ZO mantêm também durante os primeiros

meses do ano a hegemonia dos rendimen-

tos no continente asiático (excluído Japão) já que representa um 33% do valor global.

Os EUA representam um 19%, a Europa (ex-cluída a França)um 18%, o Japão um 14% , a França um 8% e os demais mercados o 8% restanteNo ultimo ano (Junho 2011 a Junho 2012) 43 novas lojas foram abertas por todos o mundo, ou simpli�cando , 3,58 lojas por mês!

Balenciaga, Alexander McQueen, Stella McCartney, Brioni, ou Boucheron, somam os 15% restantes e por estranho que resulte algumas das mais afamadas marcas pelos “fashionistas” são irmãs pequenas dentro da própria indústria que as aclama.

O papel é distinto mas , sob o volume, a responsabilidade é semelhante.

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LOUIS VUITTON

De acordo à comunicação realizada pelo grupo, a marca LOUIS VUITTON, principal

motor económico do grupo, voltou a atingir, em cada uma as linhas de negocio, um bene�-

cio de dois dígitos (sem maiores especi�cações).

O indicador de vendas a clientes na China e nos Estados Unidos foi crucial, na Europa, são

os turistas e as visitas às respectivas Maison VUITTON, os que condicionam o resultado posi-

tivo.

Não resulta estranho os esforços do grupo na abertura de novos espaços de referencia,

como foi o caso da loja ROMA ETOILE, a primeira loja VUITTON em Itália e a abertura de uma

boutique em Amman, a qual celebra a chegada da LOUIS VUITTON à Jordânia .

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FENDI

A marca FENDI, casa fundada em 1925 em Roma por Edoardo y Adele Fendi, actual-

mente assinada criativamente pelo incontornável Karl Lagerfeld, goza também de boa saúde.

A linha de roupa masculina para homem obteve um incremento importante a nível de vendas

e a icónica Baguette Handbag, que actualmente celebra o 15’ aniversario, reforçou a tendência positiva.O grupo reforça também a presença da Fendi internacionalmente, com a abertura de novas lojas no México e na China.

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CÉLINE

CÉLINE, marca criada em França no ano 45 , inicialmente dedicou-se a sapa-

taria especializada para crianças. Depois de crescer na década de 60 com a abertura de uma linha de vestiário para adultos com um caracter parisino, desportivo e chic, Celine Vipiana, manteve um plano de expansão e internacionalização da marca até ao ano 97, momento em que MICHAEL KORS assume a direcção criativa da marca.Depois da sua saída no ano 2004, a marca sofreu uma recessão importante, entradas e saídas de directores criativos sucederam-se até à chegada da extraordinária PHOE-BE PHILO no ano 2008 , e que com apenas algumas colecções , colocou a CÉLINE na primeira linha de vanguard da moda francesa.E parece que o publico continua �el.O grupo usou textualmente as palavras “performed remarkably well across all it’s mar-kets” e corroborou o objectivo de expansão com a abertura de uma nova loja CÉLINE em plena Madison Avenue, Nova Iorque.

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Também DONNA KARAN, obteve um crescimento sustentado, derivado em parte pelos resultados positivos da linha de acessórios e pela linha DKNY jeans.Marcas como LOEWE, MARC JACOBS, GIVENCHY, PUCCI ou KENZO também obtiveram uma”green �ag”, os resultados estiveram de acordo ao esperado , com especial aten-ção à marca Kenzo que volta a ganhar impulso devido à boa recepção das colecções assinadas pela dupla composta por Carol Lim e Humberto Leon que aportaram uma lufada de ar fresco e juventude à marca criada por Kenzo Takada.

Se falamos de uma Moda Glob-al, temos que colocar a Moda em situ-ação de igualdade.Claro esta que não faz sentido compa-rar ambas realidades, mas o que sim faz sentido é aplicar as mesmas regras e metodologia aplicadas a dimensão de cada negocio.Trata-se de um trabalho de fundo, mas a consagração de um projecto sempre o é.É o ensino, são as escolas, as universi-dades, as plataformas de divulgação, os gabinetes de imprensa e a imprensa em geral, os criadores e o valor humano que os rodeia, os que devem de fomentar a nova realidade e repartir os benefícios que dela advém.

“Fashion is not something that exists in dresses only. Fashion is in the sky, in the street, fashion has to do with ideas, the way we live, what is happening”Coco Chanel

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Os segredos ocultos no silêncio

Aliide focused her mind on

stockings all the way home - not Ingel, not

Linda, not anything that has happened.

She recited di�erent kinds of stockings

out loud: silk stockings, cotton stockings,

dark brown stockings, black stockings,

pink stockings, gray stockings, wool

stackings, sausage stockings. The shed

loomed in front of her, dawn broke –

children’s stockings - she had circled

around the pasture to the back of the

house – embroidered stockings, factory

stockings, stockings worth two kilos of

butter, stocking worth three jars of honey,

two days’ pay...

Texto: Mauro Parisi;

Tradução Carlota Branco

Fotogra#a: Dimitri Korobtsov

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As vicissitudes de duas mulheres, completamente

distintas na idade e nas experiências vividas, que se

cruzam numa húmida manhã de �nal de verão.

Zara, é uma jovem russa que fugindo aos tra�cantes

de mulheres, acaba exausta e desorientada no jardim

de Aliide, uma anciã estónia que vive, sozinha, numa

casa afastada de uma aldeia do país báltico. Ambas

descon�am; são mulheres, cada uma carrega em suas

costas uma vida difícil, onde o perigo está sempre em

espreita.

Essa descon�ança abrirá caminho a outros tipos de

sensações quando as ocorrências revelarem que o

casual encontro, a�nal não resultou tão casual, há algo

mais que o medo, que as une.

Muito frequentemente

me deixo levar pelo aspecto

exterior de um livro; as vezes

que não vou directo a um

livro seleccionado pelas

críticas que li, deixo que as

imagens impressas nas capas

me levem a ler as histórias

que escondem.

E isso foi exactamente o

que se passou com a edição

em castelhano de Purga de

So� Oksanen; a capa de tão

“básica” resultou apelativa, o

nome da autora, de evidente

ascendência nórdica, ainda

mais, e o resumo da história

acabou por absorver-me por

completo.

Os segredos ocultos no silêncio

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Purga aproxima-nos à triste e crua realidade do trá�co

de mulheres nos países da ex-União Soviética e do passado

de uma Estónia �agelada, primeiramente pela ocupação

nazi, e posteriormente pela ocupação Soviética, com todas

as consequências que de aí resultam no carácter de uma

sociedade.

O estilo, rápido, com capítulos curtos; cru, sem intenção de

maquilhar a realidade descrita, submerge-nos na história em

que as vidas não valem pelo que são, senão pelo capricho

dos mais poderosos; os abusos e o medo, os segredos que

se guardam para sobreviver e o sacrifício que isso comporta,

são os sentimentos presentes nesta história. E que nos

acompanham, permanecendo na memória do leitor, muito

para além da última página.

A técnica narrativa, com contínuos

�asbacks ao passado das personagens,

oferece-nos um romance que, a cada

página lida, se vai aproximando a um

thriller, num crescendo de intensidade

que nos aprisiona à leitura.

Igualmente surpreendente é o

ambiente escolhido pela autora, para

o desenvolvimento de toda a história;

uma serena casa de campo, de uma

idosa campesina, que através dos

aromas domésticos e diferenças de

ritmos aplicados na preparação de

compotas e refogados, nos oferece

um remanso de “tranquilidade”

frente à dureza de um passado que

as duas mulheres vão revelando

gradualmente.

Porque são nos detalhes, por vezes

crus, que se baseia o êxito de Purga;

como a mesma Oksanen sugere ao

reconhecer que o objectivo é que

o leitor entre na história através da

informação visual, sensorial; de como

se sentem as coisas desde o ponto de

vista material”.

Cada objecto tem um signi�cado e um

exacto lugar no romance; a abundância

de potes ou frascos na casa de Aliide e

sua constância em preparar conservas,

por exemplo, é um claro sinal dos

anos de desmoronamento da União

Soviética e da redimida independência,

quando se esgotou a existência desses

recipientes em toda a Estónia uma

vez que toda a gente começou a fazer

conservas em casa para se proteger da

falta de abastecimento de comida.

ilustração: Ricardo González Naranjo

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Purga é o terceiro romance

desta autora �nlandesa de mãe

estónia que, depois de estudar

Literatura, e cansada de analisar o

que os demais escrevem, decidiu

explorar uma forma de expressar

as suas próprias inquietudes ao

entrar na Academia de Teatro

da Finlândia, onde estudou

Dramaturgia e Criação Teatral.

Já na sua primeira obra, “Stalin’s

cows”, obteve uma recepção

positiva, tanto por parte do

público como da crítica nórdica,

mas foi com este romance

que ultrapassou barreiras ao

conquistar o Prémio Femina de

literatura estrangeira em França

e o Prémio Europeu ao melhor

romance do ano 2010.

Assim, através desta agradável

surpresa, conseguimos posicionar

a literatura �nlandesa no mapa

contemporâneo da literatura; pela

peculiaridade dos temas tratados

e pela nitidez do estilo usado, de

futuro, seguramente, não vamos

deixar escapar a oportunidade

de entrar no mundo que So�

Oksanen nos irá apresentando.

Fotogra�a: Anneli Alekand

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Phoebe Philo

t h e w o m e n b e h i n d . . .

Texto : Norberto Lopes Cabaço

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“One of the reasons why I try to use

fabrics and cuts that don’t go out of fashion

is because I like the idea of women buying

the clothes and then...I don’t know what the

word is...cherish sounds over-emotional for a

relationship with a piece of clothing...but for

a woman to feel proud, satis�ed, comfortable

and powerful in them, to wear them and get

on with their lives.”

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Raras são as vezes que

com tão pouco se poder dizer

tanto sobre a visão de um criador.

Assim é, Phoebe Philo, descura o acessório e evidencia o necessário e esta é sua “keyword” para o sucesso.Phoebe Philo, criou um elo indivisível entre a mulher actual e

a moda contemporânea, a mulher

actual necessita de respostas

praticas a uma vida urbana, rápida e multifacetada e Philo aportou a resposta.

Philo nasceu em Paris, naturalizada britânica, graduou-se em 1996 na

Central Saint Martins College of

Arts and Design em Londres, e

em 1997 acedeu a trabalhar como

assistente de Stella McCartney

para a marca Chloé.A relação entre ambas resultou

altamente produtiva, Philo

aportou o “e�ortless chic” look à Chloé e uma legião de seguidoras

ávidas de uma linha de roupa utilitária, que resultasse possível

7 dias na semana resultaram

na melhor publicidade que um

criador pode obter- Uma linha na

rua, e que catalisa toda a indústria,

que, de alguma forma, baseando-

se numa ideia vencedora, a

rede�ne para a tornar sua.

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Tão produtiva foi a

relação entre Philo y McCartney

que Philo sucedeu a McCartney

como Directora Criativa em 2001

, no momento em que o grupo

Gucci apoiou McCartney para

que esta criasse e desenvolvesse

uma linha de roupa que em

nome próprio.Durante este período, Philo assinou peças tão “iconic” como

a “Paddington ou a Edith Bag” ou

os jeans de cintura alta, os “Chloé

high waisted jeans” que Kate

Moss, Kylie Minogue ou Geri

Halliwell entre muitas outras

personalidades rapidamente

adoptaram como “must have”

no armário.

Philo continuou com o objectivo

de consolidar a Chloé como

marca global até ao mês de

Janeiro 2006, momento que

comunicou que abandonava o

cargo de Directora Criativa.

Philo colocava desta forma um

ponto �nal, fechava uma porta

com a Chloé e tomava um

tempo sabático para organizar

prioridades, e em Setembro

de 2008, Philo sucede a Ivana

Omazić e assume a Direcção

Criativa de uma adormecida

Céline.

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Surgia assim a oportunidade

que qualquer criador aspira a poder

aceder.

Desenvolver uma marca com um

recorrido histórico ao abrigo de um

grupo de luxo e com carta branca para

aportar uma nova visão estética.

Quando Bernard Arnault, presidente

do grupo LVMH (Louis Vuitton Moet

Henessy),comunicou o esperado relevo

na Céline, Phoebe Philo atestava “This is

a really exciting step for me to be taking,

with what could be seen as one of the

most promising brands of the industry.

I can’t wait to step back into the studio

and begin creating designs which will

reinvigorate the brand, get customers

excited about the product and work

with a team that are incredibly serious

and passionate about their work”.

Phoebe Philo sabia que os olhos da

crítica estavam sentados em primeira

�la e para a primogénita colecção que

surgiu em Junho de 2009, extremou

em todos os detalhes, para que o

resultado �nal estivesse alinhado com

as expectativas.

Seleccionou criteriosamente as fábricas

onde desenvolver a produção, apostou

por fabricas italianas em vez de

francesas, queria que o processo fosse

mais clinico que “couture”, desenvolveu

uma generosa colecção de acessórios e

apresentou uma linha utilitária, forte e

com uma clara aposta pelas formas, e

pela arquitectura, algo que vai ser um

�o condutor em toda a trajectória.

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A colecção Resort que

apresentou, recolheu as melhores críticas

a nível internacional, e o futuro da Céline

parecia então mais prometedor.

Desde então Phoebe Philo tem

trabalhado para que a Céline seja uma

marca global, tanto criativa como

�nanceiramente a marca tem escalado

posições e tem hoje assegurado um

reconhecimento merecido.

Phoebe Philo é uma mulher de visão

global, é uma criadora de Moda, uma

“tastemaker” e reinventou um look

quando poucos apostavam por ele.

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Aportou uma “street sensibility”genuína,

um toque”manish” que caracteriza o “look”

Céline e a marca adopta desde ha já varias

edições resulta ser über feminino, forte e

equilibrado, dos acessórios ao prêt-a-porter

não há �ssuras, resulta perfeitamente

identi�cável e se considerarmos que

esta constância e homogeneidade foram

conseguidas em menos de 4 anos, o

resultado é ainda mais surpreendente.

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A Céline é hoje uma

marca renovada, global e

consolidada,as suas colecções

são, a dia de hoje, peças de

culto e toda uma declaração de

intenções, Phebe Philo segue

por detrás de uma marca que

nunca antes esteve tanto na

vanguarda do design.

Será então verdade a máxima

de que “Less is More”?

Pois, parece que sim...

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La entrada al puerto de Helsinki; seguramente es la vista más emblemática de la ciudad, donde destaca la iglesia de Tuomiokirkko y su presencia vigilante por encima de Palacio Presidencial.

Uma Helsínquia para todosTexto: Weselina Gacińska

Tradução: Elis Por$ rioFotos: Jaime G. Masip

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Independentemente do objectivo da viagem, ou da estação do ano, a capital Finlandesa com a

sua tranquilidade e arquitectura classicista, onde se misturam in� uências russas e suecas, é encan-tadora.

De certa forma, o modelo de Helsínquia está ba-seado em San Petersburgo. Enquanto pertenceu ao Império Russo, entre 1809 e 1918, albergou o estilo vigente da época, o que lhe dá um excep-cional carácter, impossível de encontrar noutras capitais escandinavas.

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O símbolo de Helsínquia – a branca catedral protestante

Tuomiokirkko que domina a ci-dade, constitui o elemento mais característico da paisagem urbana. A majestosa construção contrasta com o modesto e ténue interior, iluminado apenas por algumas lanternas. No entanto, a 30 de Abril a catedral converte-se num local de encontro de estudantes de todas as Universidades de Helsín-quia; começam as celebrações de Vappu.

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Al comienzo de Vappu las escaleras de Tuomiokirkko se convierten en lugar de encuentro y celebración.

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Nesse dia, às 6 horas da tarde, as festas começam quando um grupo de elegidos coloca um chapéu

branco a Havis Amanda, o símbolo modernista da ci-dade. Centenas de pessoas se reúnem, em torno da es-tátua de uma jovem nua, trajando fatos coloridos e cha-péus brancos. Segundo a tradição, todos os que tiverem obtido o título de Bacharel tem direito a colocar o cha-péu branco durante a festa Vappu.

Os festejos duram até 1 de Maio, concertos e festas or-ganizadas nas cidades universitárias e no centro da ci-dade, convertem o parque Kaivopuito num local de pas-sagem obrigatório.

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Ni los tres herreros, símbolos del trabajo y la cooperación humana, se libran de vestir la gorra blanca de Vappu durante la festividad.

O centro histórico de Helsínquia é relativamente pequeno, todos os lugares de interesse mais relevantes se encontram a pouca

distância. A alguns passos de Tuomiokirkko, frente ao porto, situa-se a catedral Uspensky, a maior igreja ortodoxa da Europa, fora do território Russo. Merece ser visitada, porque além de um interior exuberante, oferece uma vista para o Porto Sul e para o centro da cidade.

Em direcção ao porto, passamos ao lado do Palácio Presidencial e o do edifício da Câmara antes de chegar a Esplanadi.

Frente ao Palácio, um pequeno mercado convida à degustação das especialidades locais, bem como nos permite conhecer o artesana-to ' nlandês de couro e lã.

Por outro lado,o mercado modernista kauppahali de interiores elaborados de madeira, mantêm vivo o estilo art nouveau e a rica oferta culinária ' nlandesa ganha relevância– desde os pratos de peixe típicos da Finlândia, até à carne de rena, ou o caviar russo!

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Com partida desde o Puerto Sur, são constantes a saída de barcos até à fortaleza sueca Suomenlinna.

Construída em 1748 em cinco ilhas, tinha como objectivo proteger as entradas da cidade desde o mar. Ainda hoje se conservam a maioria dos muros e aterros de defesa, juntamente com a artilharia, enquanto alguns edifícios militares se converteram em museus e galerias.

O Museu do Brinquedo é uma curiosidade da ilha.

Neste pequeno e familiar museu reunem-se mais de mil bonecas, ur-sos de peluche e jogos de toda a Europa. O brinquedo mais antigo da colecção é uma boneca fabricada em 1830.

A excursão a Suomenlinna ganha intensidade se for realizada numa tarde de sol, as múltiplas rutas criadas junto à costa, os museus e as várias cafetarias asseguram uma estada agradável e verdadeiramente escandinava.

Mas Helsínquia não signi� ca só modernismo, ou classicismo escan-dinavo. A forte presença do design no espaço urbano fez que se ou-torgara a Helsínquia o título de World Capital Design 201. Aqui, ou na vizinha Espoo, encontram-se a maioria dos ateliês, e realizam-se a maior parte das conferências e exposições.

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La cultura marítima se muestra en numerosos rincones de Helsinki recordando los orígenes comerciantes del pueblo �nlandés

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Muelles y embarcaderos recreativos rodean la ciudad.Al fondo la Catedral Uspensky y otros edi�cios decimonónicos.

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Impulsionada pelo reconhecimento que o prémio outorga, Helsín-quia assume a execução de novos projectos arquitectónicos, a “Igreja

do Silêncio”, na praça Narinkka, oferece um espaço silencioso para um momento de descanso e tranquilidade no coração da cidade.

Tambem Porvoo, uma das cidades mais antigas da costa Sul da Finlândia,é um destino marcado como “must see”

Pode-se visitar de carro ou autocarro, mas a maneira mais pitoresca é optar por um dos trajectos pelo mar. A viagem de barco é a melhor opção para admirar a costa, os bosques e as diversas pequenas ilhas. Em Porvoo, espera-nos um passeio obrigatório pelas estreitas ruas cal-cetadas. A visita a Vanha Porvoo, o centro histórico, começa pela igreja medieval do séc. XV, Tuomiokirkko. Durante séculos o edifício sofreu varios incendios e remodelações.

Actualmente, perfeitamente restaurado, atrai turista face ao reconheci-mento da importância histórica. Ali mesmo, em 1809 o czar “Alexan-dre I da Rússia” proclamou o Grão-Ducado da Finlândia e convocou o primeiro parlamento � nlandês. A história da cidade, com as complica-das relações com o império russo, assim como os objectos quotidianos importados no séc. XIX da Russia, estão expostos no museu da cidade, na praça de Porvoo.

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En Porvoo el viajero puede encontrar la tranquilidad de la provincia �nlandesa

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O centro histórico é imperdível, já que todas as vielas se dirigem até à praça principal, ou ao

rio. As baixas casas de madeira, pintadas de cores pastel, criam a sensação de estar na tranquila província � nlandesa e não numa grande área in-dustrial do sul do país.

Em Porvoo a sensação que o tempo parou,é notória.– no centro nevrálgico não existem sou-venirs típicos, nem atracções turísticas.

A recordação grava-se nos sentidos, as cafetari-as, os pastéis e doces tradicionais, as frutas do bosque � nlandesas,são o mais � el souvenir que podemos trazer de terras � nlandesas, em resumo, a harmonia entre o entorno e as suas gentes.

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No Sul da Finlândia, encontram-se vários contrastes: a natureza selvagem, as cidades

industriais, inúmeras ilhas com pequenas al-deias, ou impressionantes cidades como Helsin-quia e Porvoo.

Há uma Finlândia para todos que aguarda por ser descoberta, e que deita por terra o estereótipo do Norte inacessível e permite-nos conhecer o porquê de que,reiteradamente.,é apontada como um dos países com melhor qualidade de vida no mundo.

Las calles del centro histórico de Helsinki presentan una fusión de estilos arquitectónicos nórdico y ruso que caracteriza especialmente a la ciudad.

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Culture CalendarTexto: Jose Manuel Delgado, Giulia Chiaravallotti

Tradução: Carlota Branco

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JEAN PAUL GAULTIER, “Universo de la

moda: De la calle a las estrellas”

(Até 6 de Janeiro de 2013, Fundación Mapfre, Madrid, Espanha)

Pretende ser uma exposição cronológica so-bre a carreira artística do mais acarinhado “enfant terrible” da moda parisina, através da evolução do seu estilo e do seu conceito de Moda. Produzida pelo Musée des Beaux-Arts, de Montreal, e com a colaboração activa da marca, constitui a primeira exposição inter-nacional dedicada ao designer francês fora do seu país.

A exposição conta com 110 peças de alta-costura e prêt-à-porter, além de 50 esboços acompanhados de fragmentos de des& les da marca e de entrevistas com o estilista.A retrospectiva tem início com “La Odisea” e claro está, com os inconfundíveis marinheir-os e sereias, um verdadeiro símbolo na identi-dade do imaginário JPG.

Segue posteriormente numa sala onde se pode descobrir tudo o que circundou o artista des-de a sua infância, passando pelas in+ uências que marcaram seu primeiro emprego, e não só; os espartilhos e as as cintas-liga, liberadas do caracter restringido que a intimidade lhes conferia, são características deste período que continua ao longo de sua produção artística.

A nota de humor, sem dúvida obrigatória, é uma retrospectiva dedicada a Jean Paul Gault-ier, assegurada pela presença de 30 manequins que, através de projecções, adquirem rostos, traços e vozes de amigos do designer francês e de personalidades conhecidas do “celebrity internacional”; um “jogo de disfarces”, onde o próprio Gaultier participa.

A não perder!Cortesia fundación mapfre

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Fernando Botero: A Celebration

(Até 20 de Janeiro de 2013, Sala BBK, Museu de Be-las Artes, Bilbao, Espanha)

Para os amantes de uma sensualidade vital e exu-berante, pelas mãos do reconhecido artista colom-biano, trata-se de uma exposição a não perder. Uma verdadeira antologia da sua carreira artística, que inclui 79 pinturas e uma escultura – Cavalo com freios, de 2009 – exposta em plena rua, na Calle Gran Via, em Bilbao, frente à sede do banco pa-trocinador da exposição.

Bilbao homenageia os 80 anos de Botero e os 60 anos da sua trajectória artística, através de algumas das obras expostas, que abordam as distintas áreas como a pintura, a escultura e desenho. Um plus da exposição reside no catálogo que sin-tetiza a mostra, realizado pessoalmente pela �lha do artista e com textos de duas grandes �guras lit-erárias latino-americanas, Carlos Fuentes e Mário Vergas Llosa, ambos Prémios Nobel da Literatura.

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Wassily Kandinsky, Dalla Russia all’Europa

(Até 3 de Fevereiro de 2013, Palazzo Blu, Piza, Itália)

Através de 50 obras do expoente máximo do Abstrac-cionismo, proveniente de entre diversos museus Rus-sos, o museu de San Petersburgo, possibilita uma aproximação aos primeiros anos de actividade do pin-tor russo; a exposição abrange o período entre 1901, imediatamente após ter abandonado os estudos et-nográ�cos que o levariam às mais remotas aldeias do império russo, até 1922, quando decidiu abandonar a União Soviética a convite de Walter Gropius para lec-cionar aulas na Bauhaus.

A exposição abre com uma inédita secção dedicada às criações e à in"uência que o folclore russo, deixou nas suas primeiras obras, para depois passar a uma atmos-fera simbolista da pintura do período conhecido como “Murnau”, até chegar às suas obras mais mediáticas, onde ergue um ponto de conexão entre a vanguarda ocidental e a russa de Larionov, ou Goncharova.

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Pre-Raphaelites: Victorian Avant-Garde, Tate

Britain, Londres.

(Até 13 de Janeiro de 2013)

A exposição que não será uma novidade em ter-ras britânicas, reúne mais de 150 obras – entre pintura, escultura, fotogra�a e artes aplicadas, re-alizadas pelos Pre-Raphaelites, o primeiro grande movimento de arte moderna na Grã-Bretanha que nasceu fruto da crise económica de 1846.

Liderado por Dante Gabriel Rossetti, William Hol-man Hunt e John Everett Millais, os Pre-Raphael-ites revoltaram-se contra a arte estabelecida na se-gunda metade do séc. XIX.Inspirados na pintura do Renascimento, rapida-mente executaram obras de uma qualidade pictóri-ca satisfatória, na maioria aperfeiçoadas pelo uso de uma palete de cores frias, que realçam o misti-cismo de cada obra. Procuraram na abordagem ao Renascimento um guia para uma vida pessoal mais virtuosa e cristã, já que na sua época predominava a corrupção, representado pela inóspita e atroz so-ciedade industrial.Entre as obras que se podem apreciar destacamos a primeira pintura feita ao “plein air” Ferdinand Lured by Ariel (1849-50) de Millais, um dos 7 cria-dores da fraternidade.

Museum of Bags and Purses, Amsterdam,

(Até 10 de Março de 2013)

O museu de malas e carteiras encontra-se situado numa casa construída em 1664, no canal Heren-gracht no centro de Amesterdão. Com uma colecção de 4000 malas, carteiras, bolsas, sacos e acessórios que datam de �nais da Idade Média até hoje, o mu-seu de malas e carteiras é o maior do seu género no mundo.

Estuda a mala e a sua história em toda a sua varie-dade de formas, funções e materiais, com ênfase no passado de cada peça e o que representa sobre o es-tilo e a moda em cada época.

As malas, com formas inusitadas, começaram a aparecer no séc. XIX e a criatividade dos designers seguiu o ritmo das novas tecnologias.Com formas de ventilador, tubarão, casas, ou de veículos,o Museu assegura que o design e a criativi-dade são valores perenes na construção de uma so-ciedade

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Małopolska Garden of Arts

(Desde 19 de Outubro, Cracóvia, Polónia)

Cracóvia, talvez a mais internacional das cidades polacas, adquire um novo espaço para a cultura e para o entretenimento com a inauguração de Małopolski Ogród Sztuk (Małopolska Garden of Arts) em pleno centro histórico e que aspira a con-verter-se no “Centre Pompidou” da cidade.

Fruto da iniciativa, nascida a principio da passada década, de não permitir espaços abandonados no centro a cidade, já se pode admirar a transformação do antigo edifício; originariamente alocado a uma escola de equitação e a um armazém teatral; numa espectacular estrutura, onde prima o vidro e as transparências que lembram um palácio de cristal.

A fachada de cristais, que denuncia a antiga es-trutura em ladrilho, vislumbra uma área cuidadosa-mente recuperada para um luxuriante jardim inte-rior e uma metáfora de riqueza e de diversidade da oferta cultural que a nova estrutura vai promover na cidade polaca.

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As Idades do Mar

(Até 27 de Janeiro de 2013, Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal)

Não poderia senão ter lugar em Lisboa, uma exposição dedicada exclusivamente ao mar e ao signi!cado que este elemento foi adquirindo através da história e da história da arte.

Com a valiosa colaboração do Musée d’Orsay, a es-trutura da exposição reúne as obras de 89 artistas, di-vididos por seis secções distintas: “A Idade dos Mitos”, “A Idade do Poder”, “A Idade do Trabalho”, “A Idade das Tormentas”, “A Idade Efémera” e “A Idade In!nita”.

Manet, Constable,Monet, Van Goyen, De Chirico, Friedrich, Hopper, Fattori, Sorolla, Klee, Turner, são alguns dos artistas cujas obras poderão ser admira-das no Museo Gulbenkian até ao mês de Janeiro; de igual estarão presentes obras de artistas portugueses, tais como, Pousão, Souza-Cardoso, Vaz, Vieira da Silva e Menez – através dos quais nos interpela à interpre-tação sobre o particular signi!cado que o mar tem no imaginário português.

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A ROOM FOR LONDON (Até 31 de Dezembro de 2012, Queen Elisabeth Hall, Londres, Reino Unido) Para responder à pergunta, “Quem quer acordar num quarto no topo do teatro londinense de Southbank com vistas sobre o Tamisa?”, surgiu uma edição espe-cial de Room for London, iniciativa que torna reali-dade os caprichos de alguns afortunados.

A Room for London teve origem num concurso de design.A ideia era criar uma instalação temporária no topo de um edifício mítico de Londres, em que duas pes-soas poderiam passar a noite.

Para esta edição foi escolhido o topo do Queen Elisa-beth Hall, uma das mais emblemáticas e das maiores salas de concertos em Londres, com o propósito de acolher os interessados neste singular espaço na ci-dade, onde ninguém esteve anteriormente “hospe-dado”.

O concurso atraiu mais de 500 projectos, mas foram os arquitectos David Kohn e Fiona Banner que venceram com o projecto “Boat” (barco).

Para “Boat”, Kohn desenhou e dotou o edifício de to-dos os elementos próprios de um navio de alto mar, e para aumentar a sensação de estar num barco, que a qualquer momento poderia ser usado para navegar, chegou a criar uma plataforma superior e inferior. Só que em vez da imensidão de um oceano e da costa de uma ilha remota, encontraremos o rio Tamisa, o Big Ben e a Catedral de St. Paul.

Quando o barco estiver ocupado, uma bandeira espe-cial será içada e nos recordará que não há “camarotes” disponíveis para essa noite. O quarto inclui um diário de bordo, um género de livro de registos onde o hós-pede é convidado a anotar as suas diversas e interes-santes vivencias e observações a bordo deste navio.

A experiência de David Kohn e da sua equipa era já reconhecida; criaram um restaurante temporal na Royal Academy of Arts e numa galeria de arte con-temporânea em West End.Fiona Banner, por seu lado, expos recentemente a “Harrier and Jaguar”, um espaço baseado nas avion-etas de combate, no átrio central da Tate Britain.

A Room for London vai acolher artistas, escritores e comentaristas culturais que desejem participar e partilhar suas experiências durante �m-de-semana memorável.Este convidados especiais poderão usar esta experiên-cia como fonte de inspiração para novas obras, ou publicações. Trata-se de um espaço projectado para a criatividade.

A Room for London, parte do festival de Londres 2012 e no �nal da Olimpíada Cultural, e foi impulsionada pela Living Architecture em associação com a Artan-gel e com o Southbank Center.

Evidentemente a entrada e reserva é para todos os públicos, mas não para todos os bolsos; se está inter-essado consulte www.Livinglondon.uk.com.

!Boa Sorte Marinheiro!

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