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Trotskismo x Leninismo - Apêndice 1 - O testamento de Lenin

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Harpa l B rar

L E M I N I S M a

Tradução: Pedro Castro

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A p ê n d i c e 1

O Testamento de Lênin

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Apêndice 1

O Testamento de Lênin .

Como deixaram c laro as págin as precedentes , Lênin t inha u ma visão m ui-to negat iva de Trotsky e lutou co ntra o men chev ismo e kautskysmo op ortunis ta deTrotsky. É tamb ém bem conh ecido qu e Lênin t inha Sta l in em a l ta es t ima, como u mrevolucionár io lea l , de credencia is impecáv eis . Eis 'a lgumas c i tações expressand oo respeito, entus ias mo e a fe ição de Lênin por Sta l in:

Já em fevereiro de 1913, em uma carta a Máximo Gorky, Lênin escreveu:"Nós temos um maravilhoso georgiano, que se dispôs a escrever um grande

artigo para o Prosvescheniye, para o que ele coletou TODO S os materiais austríacose outros" (Collected Works, Vol. 35, p. 84).

Em dezem bro do m esmo ano, Lênin se refere a Sta l in .como o p r inc ip a l

teór ico marxis ta do Par t ido sobre a questão nac iona l :"A situação e os fundamentos do programa na cional para a social-demo-

cracia têm sido recentem ente tratados dentro da literatura teórica marxista (olugar mais proeminente sendo ocupado pelo artigo de Stalin)" (Collected W orks,Vol. 19, p. 539).

Quan do, em m arço de 1922, no 11° Congresso do Par t ido, Preob razhenskycr i t icou Sta l in por ocupar s imultaneamente os postos de Comissár io do Povo dasNacional idades e de Comissár io do Povo do Controle do Estado, Lênin defendeuSta l in nos seguintes te rmos:

"As questões do Turquistão, ca ucasiana e outras ... são questões políticas.Essas são questões que têm ocupado a atenção dos Estados Europeus durante cen-tenas de anos ... Estamos resolvendo-as; e necessitamos de um homem a quem os

representan tes de qualqu er de ssas naçõe s possam dirigir-se e discutir suas dificul-dades em todos os seus detalhes. Onde podemos encontrar tal homem? Eu nãopenso que o camarada Preobrazhensky possa sugerir qualquer candidato melhordo que o camarada Stalin.

A mesma coisa se aplica à Inspeção dos Operários e Camponeses. Esse éum assunto vasto; mas para sermos capazes de lidar com as investigações, deve-mos ter na chefia delas um homem que reúna alto prestígio, caso contrário nosenredaremos e seremos esmagados po r intrigas mesquinhas" (Collected Works,Vol. 33, p. 315).

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Trotskismo x Leninismo

E foi por proposta d e ninguém men os que o própr io Lênin que , depois do .11° Congresso d o Partido, em abril de 19 22, o Com itê Central criou o cargo partidá-rio supremo de Secretário Geral e elegeu Stalin para ele.

"E ... fantástico para alguns historiadores, oficiais e não oficiais, sugerirque Stalin NÃO foi escolha pessoal de Lênin para o posto de Secretário Geral do -Comitê Central, para o qual ele foi alçado em abril de 1922" (A. B. Ulam : Stalin: theMan and his Era, Londres, 1989, p. 205).

"O homem óbvio, e na realidade o único com conhecimento, eficiência eautoridade para esse posto-chave (de Secretário Geral) era Stalin ... Não pode ha-ver dúvida de que Lênin apoiou a nomeação, que ele provavelmente indicou" (IanGrey, Stalin: Man ofHistory).

Alguma coisa deve ter acontecido ao final de 1922 para fazer com que

Lênin mudasse radica lmente sua visão, há longo tempo mantida , sobre Sta l in eTrotsky. Em sua carta ao Congresso do Partido, Lênin expressou-se assim:

"Stalin é muito rude, e esse defeito... torna-se intolerável em um SecretárioGeral. Por isso é que sugiro que os camaradas pensem acerca da remoção de Stalindesse posto" (Collected Works, Vol. 36, p. 596).

«Na mesm a car ta , Lênin fa la de Trotsky como po ssuind o "destacada habili-

dade. Ele é talvez o homem mais capaz no atual C omitê Central" (Ibid., p. 595) .Com base nes te único p ronu nciam ento ac ima, a mitologia trotskis ta e bur-

guesa tem tentad o cons truir um qu adro de acord o com o qual a relação entre Trotskye o Par tido Bolchevique era baseada em crédi to e conf iança ; que as dif iculdad es deTrotsky com o Par t ido Bolchevique surgir iam som ente após a assunção d e sua dire-ção por S talin. Isso não foi ass im, já dem onstram os sem sombra de dúv ida . A ques-

tão que deve ser respondida , entre tanto, é por que Lênin a l te rou sua visão sobreStalin e Trotsky. Dois fatores par ece m ter influ enc iad o, a esse respeito : prim eiro, aquestão do nac ion al ismo georgiano e , segundo, a doença d e Lênin.

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Nacionalismo georgiano

Preocupado com o surgimento do nac ional ismo no Par t ido Comunis ta daGeórgia e no esforço de contê-lo, Lênin, em com ple to acordo co m Sta l in, pro pôsq ue "...uma federação de repúblicas transcaucasianas [ compreendendo Armênia ,Azerba i jão e Geórgia] seria absolutamente correta em princípio e deveria serimplementada sem falta" (Lênin, Mem o lo ]. V. Stalin, 28 de novembro de 1921,Collected Works, Vol. 33, p. 127).

A propo sta de L ênin foi un anim em ente ace i ta pe lo Birô Pol í t ico e conf ir -mada por t rês dec isões subseqüentes do Comitê Centra l . Conseqüentemente , foifun da da em 12 de março de 1922 a Federação Transcaucasiana , que perdu rou a té1936. A Federação T ranscaucasiana foi formad a como um"organismo da paz naci-onal" nu ma área que, sob os tzars, os mus savatistas, os das hna ks e os men chev iques,t inha-se carac ter izado po r "massacre e conflito":

"Fazia muito tempo que a Transcaucásia tinha sido uma arena de massa-cre e conflito e, sob os mencheviques e dashnaks, era uma arena de guerra ..."

Foi por isso que o Comitê Central, em três ocasiões, afirmou a necessidadede preservar a Federação Transcaucasiana como um organismo da paz nacional...

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Apêndice 1 - O Testamento de Lênin

A questão é que as fronteiras da Federação Transcaucasiana privavam a

Geórgia daquela posição algo privilegiada que ela poderia assumir em virtude desua posição geográfica ... A G eórgia tinha seu próprio porto - Ba tum - através doqual as mercadorias chegavam do Ocidente; a Geórgia tinha um cruzamento ferro-viário como o de Tiflis, que os armênios não podiam evitar, nem os azerbaijanospodiam evitar ... Se a Geórgia fosse uma república separada, se ela não fizesseparte da Federação Transcaucasiana, ela podia apresentar algo da natureza de umpequeno ultimato à Armênia, que não podia passar sem Tiflis, ou ao Azerbaijão,que não podia passar sem Batum...

Havia ainda outra razão. Tiflis era a capital da Geórgia, mas osgeorgianos eram não mais do que 30% da população, os armênios não menosde 35% e depois vinham todas as outras nacionalidades ... Se a Geórgia fosseuma república separada, a população poderia serrealocada de alguma forma ...

Não foi adotado um decreto bem conhecido na Geórgia para ... realocar a po-pulação tanto quanto para reduzir o número de armênios em Tiflis, de ano paraano, tornando-os menos do que os georgianos, convertendo assim Tiflis em umacapital georgiana real?" (Sta l in, Report on National Factors in Party and StateAffairs, 12° Congresso do RCP(B) em Works, Vol. 5, FLPH, Moscou, 1953, pp .253-259) .

A sabedoria das observações de Sta l in podia pron tame nte ser aprec iada àluz das disputas nac ional is tas do presente e da guerra f ra t r ic ida que engolfavaessas á reas , desde a queda da URSS. Mas a formação e a cont inu ação d a FederaçãoTranscaucas iana t eve a opos ição de um grupo p reeminente de nac iona l i s t a sgeorgianos , chef iados por Budu Mdivani e Fi l ipp Makharadze (conhecidos comoos 'desviados georgianos') , no interior do Partido Comunista da Geórgia. Muitos

desses desviados georgianos juntaram-se à oposição t rotskis ta ant i -Par t ido.A razão do desvio georgiano nã o era o chau vinism o russo, ma s o dese jo da

par te dos nac ion al is tas georgianos de não perderem as vantagens geográf icas queuma Geórgia independente ganhar ia - c r iando ass im "uma posição privilegiadapara os georgianos na T ranscaucásia. Nisso estaria o maior perigo...

Os desviados georgianos... estavam nos pressionando para que lhes conce-dêssemos certos privilégios ã custa das Repúblicas da Armênia e do Azerbaijão.Mas esse era um caminho que não poderíamos tomar, se isso significaria a mortepara ... o poder soviético no C áucaso" (Stalin, Works, Vol. 5, p. 258-261).

Os desviados Georgianos , embora const i tuindo uma maior ia no ComitêCentra l do Par t ido Comunis ta da Geórgia , representavam apenas uma, pequena

minoria no Par t ido na Geórgia . Tirando vantagem de sua posição dominante noComitê Centra l , os desviados georgianos f izeram tudo ao seu a lcance para b lo-quea r a imp lem entaçã o da Fede ração e ev i t a r a in tegração eco nôm ica das t r ê srepúbl icas - chegando ao ponto de ins ta la r guardas mil i ta res nas f ronte iras daRepública Georgiana.

Como estavam em progresso as preparações para formar a URSS, de acor-do com a política de manter a Federação, o Comitê Central do Partido ComunistaRusso dec idiu, a 6 de outubro de 1922, inc luir a Transcaucásia na União, comouma unidade . O protes to dos desviados georgianos a esse respei to foi unanime-me nte re je i tado pe lo Comitê Centra l .

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Trotskismo x Leninismo

Não tendo encontrado guar ida no Comitê Centra l do Par t ido Comunis ta

Russo, um grupo de desviados georgianos te legrafou um protes to dire to a Lênin,no processo fazend o de Ordz honik idze u m a lvo especia l . Em sua resposta te legrá--fica, Lênin repreendeu os desviados e defendeu Ordzh onikidze, no s seguintes termo s:

"Estou surpreso com o tom indecente da mensagem telegráfica direta en-viada por Tsinsadze e outros... Eu estava seguro de que todas as diferenças tinhamsido superadas pelas resoluções do Plenodo Comitê Central, com minha participa-ção indireta e 'com a participação direta de Mdivani. Por isso é que eu condeno comveemência as acusações contra Ordzhonikidze e insisto em que seus conflitos deve-riam ser remetidos, em tom decente e leal, para resolução pelo Secretariado do CCdo RCP" (Collected Works, Vol. 45, Progress Publishers, Moscou, 1970, p. 582).

Em seguida à recr iminação de Lênin, os desviados georgianos , represen-tand o 9 dos 11 mem bros do C omitê Centra l do Par t ido Co mun is ta da Geórgia , re -

nunciaram em protes to, a 22 de outubro de 1922, ao que Ordzhonikidze indicouum novo Comitê Centra l .

O Pol i tburo resolveu a 25 de novembro d e 1922 enviar um a comissão, che-f iada por Felix Dzerzhinsky, à Geórgia , para encam inha r m edid as para res tabelecera t ranqüi l idade no Par t ido Comunis ta Georgiano. A '12 de dezembro de 1922,Dzerzhinsky re la tou os resul tados de sua comissão a Lênin, inc lus ive a dec isão d acomissão "de convocar a Moscou os dirigentes do antigo Comitê Central Georgiano,que tinham sido os responsáveis por tudo" (M. Lewin, Lenin's Last Struggle, Lon-dres, 1969, p. 68).

Então, subi tamente , ao f ina l de dezembro de 1922, Lênin, que t inha tãoveementemente reprovado os desviados georgianos e igua lmente veementementedefen dido Ordzh onikid ze contra o a taque de les , rever teu sua posição. Em um do-

cum ento, qu e ve io a ser conhec ido com o o Testamento de Lênin, dita do a sua secre-tária Maria Volodicheva, Lênin faz uma clara implicação de que a acusação de'nac ional ismo georgiano' contra os desviados georgianos era um prod uto ' imaginá-r io ' do chauvinismo russo da par te de Dzerzhinsky, colocando a pr inc ipa l culpasobre Stalin:

"O camarada Dzerzhinsky, que foi ao Cáucaso para investigar o 'crime'daque les 'nacionalistas-socialistas', distinguiu-se ali por seu tempera mento verda-deiramente russo (é de conhecimento comum que as pessoas de outras nacionali-dades que se tornam russificadas exageram nesse temperamento russo)..."

Lênin cont inu ou diz endo q ue era necessár io "...defender osnão-russo s dosataques violentos daquele homem realmente russo, o grande russo chauvinista,que na substância é um patife e um tirano ...Eu penso que o rancor ...de Stalin

contra o 'socialismo-nacionalista' desempenhou um papel fatal aqui. Em política,o rancor geralmente desempenha o papel mais desprezível..."

E Stalin é descrito co mo "...o georgiano que... casualmente dispara acusa-ções de 'socialismo-nacion alista', enqua nto ele próprio é um 'socialista-nacionalis-ta' e mesmo um valentão vulgar da Grande Rússia... A responsabilidade políticapor toda essa campanha verdadeiramente nacionalista da Grande Rússia, certa-mente, cabe a Stalin e Dzerzhinsky" (Lênin, A Questão das Nacionalidades ou

'Autonomização', Collected Works, Vol. 36).

Em março de 1923, Lênin di tou uma car ta para Trotsky, pedindo-lhe quedefendesse a causa georgiana no Comitê Central - tarefa que Trotsky declinou sob

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Apêndice 1 - O Testamento de Lênin

a alegação de doença. Um dia após escrever a Trotsky, Lênin também escreveu aos'desviados georgianos' expressando seu apoio à causa de les . A despei to da mu dan -ça de posição de Lênin, entre tanto, o Pol i tburo do Par tido recusou, a 26 de marçode 192 3, por 6 votos a 1, m ud ar sua posição sobre a Federação ou sobre o cará terpol í t ico dos desviados georgianos , ao ser convid ado a fazê- lo por um a m oção apre-sentada por Trotsky.

A doença de L ênin

Perto do f im de 1921, Lênin ca iu ser iamente doen te e foi forçado a descan-sar por várias sema nas. A 23 de abril de 1922, ele sofre u um a cirurgia pa ra o trata-men to de um d os t iros que levara em uma tenta t iva de assass ina to pe la revolucio-nária socialista Fanya Kaplan, a 3 de agosto de 1918. Em maio de 1922, suas mão e

perna dire i tas f icaram para l isadas e sua fa la f icou comprom etida . A 16 de dezem -bro de 1922, Lênin so freu dois derram es per igosos , com outro a taq ue a 23 de de-zembro . A 1 0 d e março de 1923, um novo de r rame pa ra l i sou me tade do seu corpo ,pr ivando-o da capacidade de fa la r e colocando um f im em sua a t ividade pol í t ica .Em 21 de janeiro de 1924, este notável gigante faleceu.

O documento conhec ido como O Testamento de Lênin foi di tado por e leentre 23 e 31 de dezembro d e 1922, com um suplem ento a mais , de 4 de janeiro de1923 - is to é , após sofrer qua tro severos derram es qu e não só afe ta ram ad versa-mente sua saúde como deixaram-no tota lmente isolado do mundo exter ior .

A 18 de dezembro de 1922, um pleno d o Comitê Centra l a t r ibuiu a Sta l inresponsabi l idade pessoa l pe lo cumprimento do regime prescr i to pe los médicos .De acordo com Robert McNeal: "...embora virtualmente o guardião legal de Lênin,

Stalin nunca fosse visto nessa tarefa em pessoa..." após 13 de dezembro de 1922,que foi "...a última vez quejitalin viu Lênin vivo" (R. H. M cNeal, Stalin: Man andRuler, Basingstoke, 1988, p. 73).

De acordo com as regras es t ri tas que foram es tabelec idas , nen hu ma vis i taera perm itida . Exceto os dou tores e sua família imed iata, a Lênin era permi tido verapenas suas secre tár ias . Nessas c i rcunstâncias , um papel c ruc ia l foi jogado pe laesposa de Lênin, Nadezhd a Krupskay a , cuja "antiga antipatia por Stalin" é comen-tada por Robert McNeal, seu biografo.

Após a morte de Lênin, Krupskaya foi mem bro a t ivo e aber to da oposiçãotrotskista:

"O próprio 14° Congresso do Partido (em Dezembro d e 1925) foi o £pic e dacarreira de Krupskaya na oposição . . . Coube-lhe começar a crítica da oposição.

Krupskaya permaneceu na oposição... até outubro de 1926... Ela assinou oimportante manifesto político que a oposição de Trotsky-Zinoviev produziu nesseperíodo, a Declaração dos Treze... além de outro protesto contra a política soviéticana Greve Geral Inglesa de 1926" (R. H. M cNeal, Bride ofthe Revolution: Krupskayaand Lênin, Londres, 1973, pp. 250-256).

Embora Stalin tivesse dado a entender, no 15° Congresso do PCUS, emnovembro de 1926, que Krupskaya havia de ixado a oposição, não foi senão se ismeses mais ta rde que Krupskaya con f irmou isso.

"Não é um fato que a camarada Krupskaya, por exemplo, está deixando obloco da oposição? (aplausos calorosos)" (Stalin, Works, Vol. 8, p. 371).

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Trotskismo x Leninismo

"Em 20 de maio de 1922, o Pravda publicou uma nota curta de Krupskaya

para o editor. Nela, ela dava ao Partido e ao público em geral a primeira confirma-ção de que tinha deixado a oposição... Não havia uma palavra sobre outro assuntoespecifico" (McNeal, Bride ofthe Revolution, pp. 261-262).

O b iógrafo de Lênin, Robert Payne , embora violentam ente ho st i l a Sta l in,contu do, faz essa observação a respei to do com portam ento de Krupskaya du rant ea doença de Lênin:

"Krupskaya ... não mostrou a ma is leve intenç ão de cumprir as ordens dosmédicos e do Politburo; e assim, pequenos fragmentos de informação foram trans-mitidos,a Lênin ... enquanto ele permanecia doente, ela era seus ouvidos e olhos,seu único e poderoso contato com o 'mundo exterior' (R. Payn e, The Life and Deathof Lênin, Londres , 1964, pp . 555-556) .

E esses "fragmentos de informação" eram inquest ionavelmente host is aStalin, favoráveis a Trotsky e aos desviado s georgianos. Seu bióg rafo concord a queSta l in t inha razão ao suspei ta r de que e la t inha inf luenciado a a t i tude de Lêninpara com e le du rante o per íodo de sua d oença:

"Ela pode ter influenciado a atitude de Lênin para com Stalin, intencional-men te ou por outra razão... Stalin tinha razão em suspeitar q ue ela fez isso, c omomais adiante ele deu a entender" (McNeal, ibid. p. 223).

Robert Payne é mais incisivo:

"Krupskaya fez o que tinha que fazer: ela declarou guerra a Stalin" (Payne,op. cit., p. 563).

A 22 de dezembro de 1922, Sta l in repreendeu Krupskaya pe lo te lefone ,por a l imen tar Lênin com fragm entos de informa ção, e ameaço u levar o assun to à

Comissão de Controle Centra l do PCUS. Essa chamada te lefônica serviu de basepara Krupskaya escrever uma queixa a Kamenev acerca da 'rudeza ' de Stalin:

"Stalin sujeitou-me a uma chuva de injúrias das mais grosseiras, ontem,acerca de uma breve nota que Lênin me ditou ... Eu sei melhor do que todos osmédicos o que pode e o que não pode ser dito a Ilich, pois eu sei o que o perturba eo que não o perturba. E nesse caso eu sei melhor do que Stalin...

Não tenho dúvida quanto ã decisão unânime da Comissão de Controle deque Stalin valeu-se para ameaçar-me, mas não tenho tempo nem energia paraperder com tal pantomima estúpida" (N. K. Krupsk aya, Letter to Lev Kamenev, 23/12/22, citada em M. Lewin, op. cit.).

Saber o que per turbava ou não per turba va Lênin aparentem ente não imp e-

diu q ue Krupskaya re la tasse a e le a conversação que t inh a t ido com Sta l in, e a 5 demarço, ele escreveu a Stalin o que se segue:

"Você foi rude a ponto de chamar minha esposa ao telefone e usar lingua-gem ba ixa ... O que foi feito contra minha esposa eu considero que foi feito contramim também. Peço-lhe, portanto, para pensar se você está preparado para... pedirdesculpas, ou se prefere que as relações entre nós sejam rompidas" (Lenin, Letter to

• }. V. Stalin, 5.3.23, Collected Works Vol. 45).

Uma no ta no mesmo Volume das Collected Works, de Lênin, p. 758, diz q ueMaria Ulyanova , i rmã de Lênin, escreveu ao Pleno Co njunto do Pres idium de 1926do Comitê Central do CCC, dizen do qu e Sta l in de fa to t inha p edido desculpas .

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Apêndice 1 - O Testamento de Lênin

Os trotskis tas e outros c í rculos burgueses e pequeno-burgueses levanta-

ram a acusaçã o de que S ta l in escondeu o tes tamen to de Lênin. Os fa tos , entre tan-to, são exa tamente o oposto. A 1 8 d e maio de 1924, Krupskaya en viou o ' tes tamen -to' a Kamenev, que o encaminhou ao Secretário Geral, Stalin. Este, a 19 de maio,repassou ao Comitê de Coordenação do 13° Congresso, que dever ia começar a 23de maio de 1924. Deixemos Sta l in con tar a his tór ia :

"Agora , sobre o 'testamento' de Lênin. Os oposicionistas gritaram aqui -vocês os ouviram — que o Comitê Cen tral do Partido 'ocultou' o 'testamento' deLênin. Discutimos essa questão várias vezes no pleno do Comitê C entral e na C o-missão de Controle Central, vocês sabem disso. (Uma voz: 'Dúzias de vezes'). Foiprovado e comprovado que ninguém ocultou coisa alguma, qu e o 'testamento' deLênin foi dirigido ao 13° Congresso do Partido, que esse 'testamento' foi lido noCongresso (vozes: Claro!), que o congresso UNANIM EME NTE decidiu não publicá-

lo porque, entre outras coisas, o próprio Lênin não queria que fosse publicado enão pediu que ele fosse publicado. A oposição sabe tudo isso muito bem, tantoquanto nós. No entanto, tem a audácia de declarar que o Comitê Central está 'ocul-tando' o 'testamento'.

A questão do 'testamento' de Lênin foi levantada, se não estou enganado, jáem 1924. Há um certo Eastman, um antigo comunista americano, que mais tardefoi expulso do Partido. Este senhor, que se misturou com os trotskistas em Moscou,elegeu alguns rumores emexericos sobre o 'testamento' de Lênin, foi para o exteriore publicou um livro intitulado 'Após a Morte de Lênin', no qual ele fez o que podepara manchar o Partido, o Comitê Central e o regime soviético cuja essência eraque o Comitê Central de nosso Partido havia 'ocultado' o 'testamento' de Lênin. Emvista do fato de que esse Eastman esteve certa vez relacionado com Trotsky, nós, os

membros do Birô Político, conclamamos Trotsky a dissociar-se de Eastman que,aferrando-se a Trotsky e referindo-se à oposição, tinha tornado Trotsky responsávelpelas declarações caluniosas contra nosso Partido sobre o 'testamento'. Como aquestão era tão óbvia, Trotsky, de fato, publicamente dissociou-se de Eastman emuma declaração feita na imprensa. Ela foi publicada em setembro de 1925 no'Bolchevique', n°. 16.

Permitam-me 1er a passagem do artigo de Trotsky no qual ele trata da ques-tão de se o Partido e o seu Comitê Central estava ocultando ou não o 'testamento' deLênin. Eu cito o artigo de Trotsky:

'Em várias partes desse livro Eastman diz que o Comitê Central 'ocultou' doPartido uma série de documentos excepcionalmente importantes escritos por Lêninnp último período de sua vida (há um conjunto de cartas sobre a questão nacional,o chamado 'testamento' e outros); NÃO PO DE HAVER OUTRO NOM E PARA ESSACALÚNIA CONTRA O COMITÊ CENTRAL DE NOSSO PARTIDO. Do que Eastmandiz, pode ser inferido que Vladimir Ilich queria que aquelas cartas, que tinham ocaráter de conselho sobre a organização interna, fossem enviadas à imprensa. Narealidade, isto é absolutamente inverídico. Durante sua doença, Vladimir Ilich muitasvezes env iou propostas, cartas e assim por diante às instituições dirigentes d o Par-tido e a seus congressos. Não é preciso dizer que todas a quelas cartas e propostas,que eram sempre liberadas para aq ueles a quem ele as endereçava, foram levadasao conhecimento dos delegados do 12° e 13° Congressos e, sempre, certamente,exerceram a devida influência sobre as decisões do Partido; e se nem todas aquelas

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Trotskismo x Leninismo

cartas foram publicadas, foi porque o autor não qu eria que chegassem à imprensa.Vladimir Ilich não deixou qualquer 'testamento', e o próprio caráter de sua atitudepara com o Partido, assim como o caráter do próprio Partido, excluía á possibilida-de de tal 'testamento'. O que geralmente se chama de 'testamento' na imprensaburguesa emenchevique emigrada e estrangeira (demaneira além disso deturpadaa ponto de ficar irreconhecível) é uma das cartas de Vladimir Ilich contendo conse-lhos sobre assuntos organizacionais.. O 13° Congresso do Partido prestou a maiscompleta çitenção a essa carta, como a todas as outras, e retirou delas as conclu-sõe»apropriadas para as condições e circunstâncias da época. TUDO QUE SE FALASOBRE OCULTAÇÃO OU VIOLAÇÃO DE UM 'TESTAMENTO' É UMA INVENÇÃOMALICIOSA E ESTÁ INTEIRAMENTE DIRIGIDA CONTRA O TESTAMENTO REALDE VLADIMIR ILICH e contra os interesses do Partido que ele criou' (Ver o artigo deTrotsky 'Concerning Eastman's Book - After Lenin's Death', Bolchevique, N° 16,

setembro, I , 1925, p. 68).Está claro, se pensaria. Isso não foi escrito por nenhu m outro senão Trotsky. .

Em que terreno, então, estão Trotsky, Zinoviev e Kamenev agora desfiando um no -velo acerca do Partido e do Comitê Central 'ocultando' o 'testamento' de Lênin? E'permissível' que se contem lorotas, mas deve-se saber onde parar.

Diz-se que naquele 'testamento' o camarada Lênin sugeriu ao Congressoque, em vista da 'rudeza' de Stalin, dever-se-ia considerar a questão de colocaroutro camarada no lugar de Stalin com o Secretário Geral. Isso é muito verdadeiro.Sim, camaradas, eu sou rude com aqueles que grosseira e perfidamente atacam eatingem o Partido. Não ocultei isso e não o ocultarei agora. Talvez alguma levezaseja necessária no tratamento dos diversionistas, mas eu não tenh o jeito para isso.No próprio primeiro encontro do pleno do Comitê Central, após o 13° Congresso, eu

pedi ao pleno do Comitê Central que me dispensasse de meus deveres como Secre-tário Geral. O próprio Congresso discutiu essa questão. Foi discutido por cada dele-gação separadamente e todas as delegações, unanimemente, inclusive Trotsky,Kamenev e Zinoviev, OB RIGARAM Stalin a permanecer nesse posto.

O que eu poderia fazer? Desertar do meu posto? Isto não é da minha natu-reza; eu nunca desertei de nenhum posto e não tenho o direito de fazê-lo, pois seriadeserção. Como eu já disse antes, não sou um agente livre e, quando o Partido meimpõe uma obrigação, eu devo obedecer.

Um ano mais tarde, outra vez fiz um pedido ao pleno para dispensar-me,mas outra vez fui obrigado a permanecer em meu posto.

O que, então, eu poderia fazer?

A respeito da publicação do 'testamento', o Congresso decidiu não publicá-lo, desde que foi dirigido ao Congresso e não havia intenção de publicação.

Nós temos a decisão de um pleno do Comitê Central e da Comissão deControle Central de 1926para pedir ao 15° Congresso permissão para publicar essedocumento. Temos a decisão do mesmo pleno do Comitê Central e da Comissão deControle Central para publicar outras cartas de Lênin, nas qua is ele assinalava oserros de Kamenev e Zinoviev logo antes da insurreição de outubro e propunha iuaexpulsão do Partido.

Obviamente, falar acerca do Partido ocultar esses documentos é calúniainfame. Entre esses documentos estão as cartas de Lênin clamando pela necessida-de de expulsar Zinoviev e Kamenev do Partido. O Partido Bolchevique, o C omitê

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Apêndice 1 - O Testamento de Lênin

Central do Partido Bolchevique, não têm medo da verdade. A força do Partido

Bolchevique repousa precisamente no fato de que ele não teme a verdade e encaraa verdade inteiramente de frente.

A oposição está tentando usar o 'testamento' de Lênin como um trunfo; masbasta ler esse 'testamento'para se ver que não h á trunfo algum para ela. Ao contrá-rio, o 'testamento' de Lênin é fatal para os dirigentes atu ais d a oposição .

Na verdade, ê um fato que nesse seu 'testamento', Lênin acusa Trotsky deser culpado por seu 'não-bolchevismo' e, a respeito do erro de Kamenev e Zinovievdurante a revolução de Outubro, ele diz que esse erro não foi 'acidental'. O que issosignifica ? Significa que Trotsky, que sofre de 'não-bolchevismo' e Kamenev e Zinoviev,cujos erros não foram 'acidentais' e podem e certamente serão repetidos, não mere-cem confiança POLITICAMENTE.

É característico que não há uma palavra, nem uma alusão no 'testamento'acerca de Stalin ter cometido erros. Ele se refere apenas à rudeza de Stalin. Mas arudeza não é nem pode ser considerada um defeito da linha o u posição PO LÍTICAde Stalin.

Eis a passage m relevante no 'testamento':

'Eu não caracterizarei as qualidades pessoais dos outros membros do Co-mitê Central. Simplesmente lembrarei a vocês que o episódio de outubro com Zinovieve Kamenev não foi, certamente, acidental, mas sim que eles podem ser culpadospor ele pessoalmente, tanto quanto Trotsky pode ser culpado por seu não-bolchevismo.

Está claro, seria de se pensar" (The Trotskyst Opposition Before and Now,Discurso profer ido em um E ncontro do Pleno Co njugado do Comitê Centra l e Co-

missão de Controle Central do PCUS(B)), 23 de outubro, 1927) (Ênfase de Stalin).•

Conclusão

Concluo esta seção com as seguintes palavras de Bill Bland:

"O fato de que, a despeito da reputação de Lênin com o principal marxistamundial, seu pedido, em seu 'Testamento', para a remoção de Stalin do posto deSecretário Geral foi rejeitado pelo 13° Congresso do PCUS diz muito acerca dascircunstâncias em que o documento veio a ser emitido. MA S DIZ AINDA M AIS ACER-CA DA ALTA ESTIMA EM QUE STALIN ERA TIDO NO PARTIDO" (Bill Bland , Lenin'sTestament-ma excelente documento apresentado na Sociedade Sta l in) .

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