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Revista Rock Meeting #33

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Revista Rock Meeting nº33. Nesta edição: Capa - Mário Linhares (Dark Avenger/Harllequin, O que estou ouvindo?, World Metal, Doomal, Review: NervoChaos e Unearthly, Review: Metal Force Trauma 2, Edu Falaschi fora do Angra, Andralls, Torture Squad, Aerosmith, Padres plagiam Beatles, John Lennon. www.rockmeeting.net |@rockmeeting | [email protected]

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Dinheiro

EDITORIAL

Já percebeu a quantidade exorbitante de shows que vem acontecendo? Das mais

variadas naturezas. Não falo apenas de show do estilo musical seguido por nossa linha editorial, mas de um modo geral. A primeira pergunta é: será que vou ter recurso suficiente para ver o que gosto? A resposta é não. Ninguém aqui gosta de apenas uma única banda para ir apenas ao show daquela banda. Claro que cada um possui a banda preferida, porém você não se sentiu “assaltado” só de pensar em ir para aquele show? É engraçado todo este fluxo de entretenimento no Brasil. Acompanhando este movimento, e o que está por vir, alguns produtores, não se sabe a razão, fazem algum tipo de competição. Em março, Amon Amarth e Iced Earth no mesmo dia. A sorte é que os estadunidenses fizeram o show no outro dia dos suecos. Mas novembro está aí e há dois shows incríveis no mesmo dia:

Black Label Society e Arch Enemy. Antes deste questionamento, volto ao princípio: de onde vamos tirar dinheiro para poder estar presente nestes shows? É tanto trabalho para pouca recompensa. No final das contas, nem será possível ir. Apesar de que tudo isto já era previsto, os fãs do Metal, principalmente os que moram longe dos grandes polos, são os que mais sofrem por esta desigualdade e por ter que escolher entre ir e passar um tempo pagando aquelas despesas, ao invés de poder assistir aquele mesmo show mais próximo ou na sua cidade de origem. Foi tentada uma oportunidade de acontecer shows longe das regiões Sul e Sudeste, porém é melhor nem se lembrar disto. E não, o Norte nem o Nordeste serão prejudicados. Há um carinho especial pela região, o que falta é mais oportunidade e, claro, investimento para que seja possível acontecer.

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CONTENTS04 Doomal

07 World Metal

11 Review - NervoChaos e Unearthly

17 capa - Mário Linhares

31 Falaschi diz adeus ao Angra

36 Review - Metal Force Trauma 2

41 Andralls - Novo CD

49 Torture Squad - News

55 Aerosmith

59 Padres plagiam Beatles

61 O que estou ouvindo?

EXPEDIENTE

Direção GeralPei Fon

RevisãoYzza Albuquerque

CapaPei Fon

EquipeDaniel LimaJonas SutareliLucas MarquesPei FonYzza Albuquerque

ColaboradoresBreno Airan João Marcello CruzRodrigo BuenoThiago Santos (Ilustração)

CONTATOEmail: [email protected]: Revista Rock MeetingTwitter: @rockmeetingVeja os nossos outros links:www.meadiciona.com/rockmeeting

Desireé Galeotti

Mário Linhares

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Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding | [email protected])

A Holanda sempre foi conhecida por uma das cenas mais brutais do Metal, vide as bandas como Sinister,

God Dethroned, Gorefest, Hail of Bullets, Pestilence. Mas também é uma das maiores cenas voltadas ao Doom Metal e onde rola um dos melhores festivais do estilo o “Dutch Doom Metal”. As primeiras bandas do estilo foram surgindo da metade para o final da década de 80 e uma dessas foi a Beyond Belief, surgida em 1986, porém lançaram sua primeira demo somente na década seguinte (em 1991). Lançaram seu primeiro álbum em 1993, pouco tempo após ter sua nova demo lançada em 1997 a banda sucumbiu. Em 2004, eles retornaram com uma nova line-up e, ao que tudo indica, acabaram definitivamente. A Castle foi outra banda Death/Doom que surgiu em 1989. Lançaram suas demos e em 1994, debutaram com um álbum homônimo e pouco tempo após sucumbiram. Uma das bandas mais “ativas” inicialmente foi a Nechro Schizma que teve

pelo menos um ano de vida. Surgiram em 1989, lançaram três demos e acabaram por volta de 1990. Em 2001, foi lançada uma coletânea com as demos e umas faixas ao vivo. Mais adiante, em 2010, saiu uma nova compilação com uma demo não lançada e as suas outras duas demos. A partir de 1990 que a coisa começou a crescer e a despontar para o cenário, com o surgimento de Lords of the Stone, que lançaram algumas demos e um split com o já conhecido (na época) Celestial Season em 1994. Debutam em 1997 e tempos após encerraram as atividades. Spina Bifida surgiu também em 1990 fazendo um Death/Doom. Lançaram em 1992 sua demo e, no ano seguinte, seu debut e encerram as atividades nos anos que se seguiram. Em 2005, alguns membros montaram uma banda de Funeral Doom chamada Faal e lançaram uma demo em 2008 e seu debut foi lançado em pouco mais de um mês. Em 2010, a Spina Bifida retornara e até o momento não lançaram nada.

Doom Holandês

Celestial Season

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Sad Whispering foi outra surgida em 1992, inicialmente como Desecrate (1990). Haviam lançado 2 demos para depois mudarem para Sad Whispering e também tinha o som voltado ao Death/Doom. Lançaram apenas um full-lenght e algumas demos. Encerraram as atividades no final da década, reformaram a banda em 2002, mas sucumbiram após terem lançado uma nova demo agora contendo um vocal feminino. Os remanescentes da banda formaram em 2004 a The Bleeding e levavam um som que eles mesmos chamavam de “Rot ‘n Roll”, lançaram uma demo e acabaram logo em seguida. Os medalhões, se assim podemos dizer, do Doom Metal holandês surgiram também no final da década de 80 e início dos 90, com o Asphyx em 1987, e seus trabalhos variavam entre o Death Metal e o Doom. Uma banda, talvez a mais conhecida, foi a The Gathering, que teve seu início totalmente Death/Doom tendo lançado 2 discos voltados ao estilo e, após a entrada da vocalista Anekke van Giersbergen, eles foram migrando para o Atmospheric Rock de hoje. Em 1991, o mundo viu o surgimento do Celestial Season, onde mantinham os pés no Death/Doom, mas possuíam um diferencial, assim como o My Dying Bride, eles acrescentaram violinos em suas melodias. Em seu segundo play, “Solar Lovers”, a banda já dispunha de duas violinistas e, para muitos, esse é o melhor disco da banda. Após o lançamento do citado split com o Lords of the Stone, a banda viu a partida do vocalista Stefan Ruiters e sendo assim houve uma revolução

Asphyx

Beyong Belief

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no som da banda: mudaram da água para o vinho com um som voltado ao Stoner e, sinceramente, o que ouvi na época não me agradou, lançaram (lê-se insistiram) nessa sonoridade até acabarem em definitivo. No ano passado, surgiu uma notícia que a banda estaria voltando e desta vez com o vocalista do Orphanage George Oosthoek fazendo a vez, e algumas datas já estariam agendadas em festivais europeus para a execução por completa do álbum “Solar Lovers”. Resta-nos esperar que essa line-up nos brinde com um novo álbum. Uma das bandas mais ativas é a Officium Triste, surgida em 1994 e tendo o carismático vocalista Pim Blankenstein como mentor, graças a ele esse texto saiu, e em sua carreira já lançaram alguns álbuns e splits, sendo o mais recente que está para sair, cujo material será dividido com o alemão Ophis.

Pim está fazendo parte da atual line-up do projeto de Ed Warby (Hail of Bullets/ex-Gorefest) chamado The 11th Hour, onde levam Death/Doom e mesclam muito bem os vocais melódicos de Warby com os guturais de Pim. E no início desse ano, foi lançado seu segundo material, Lacrima Mortis. Seguindo essa mesma linha da The 11th Hour, tivemos uma banda que durou pouco mais de uma década até sucumbirem que foi a Whispering Gallery. Muitas bandas daquela época nem sonhavam em ter dois vocalistas (homens) que dividissem os vocais melódicos/guturais e desde os primeiros álbuns eles já faziam isso. Lembro de ter entrado em contato com eles na época do meu falecido zine “The Book of Faustus”, e por alguns meses esse disco foi escutado, e hoje o pobre do cd-r nem suspira mais. Esse foi um preview do que rolou/rola na cena holandesa, e em muito temos que nos espelhar no que ocorre por lá, tanto em organização de festivais voltado ao estilo, quanto ao respeito do público que vai aos shows, pois bandas de qualidade nós temos, e muitas.

Pim

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BLS só em 2014

Em recente entrevista, o brutamontes do Metal, o guitarrista Zakk Wylde, ex-Ozzy Osbourne e frontman do Black Label Society, afirmou que um novo álbum está bem longe de surgir. Os fãs não devem se empolgar muito, porque a pretensão é de que o play só sairá daqui a dois anos. “Acredito que só lançaremos em 2014. Obviamente, as coisas podem mudar, mas estou com agenda cheia até lá. No momento estou totalmente focado no Ozzy & Friends, estamos nos divertindo muito”, pontua o virtuose.

Retorno clássico

Em meados deste mês de maio, a banda Viper se apresentou no programa global “Altas Horas”, do apresentador Serginho Groisman. O grupo brasileiro se reformulou e, enfim, conseguiu reunir a formação clássica, menos o guitarrista Yves Passarell, que optou por continuar tocando pop rock no Capital Inicial. Andre Matos, nos vocais, Pit Passarell, nas linhas de baixo, Felipe Machado, nas guitarras, Hugo Mariutti, também nas seis cordas, e Guilherme Martin, nas baquetas, trazem de volta o furor que outrora esta geração não presenciaria ao vivo. Agora, mais maduros, prometem um tour pelo país. Os integrantes da Viper eram considerados, quando começaram lá pelos idos de 1985, os Menudos do Metal – palavras do próprio frontman Andre Matos. Afinal, a média de idade deles era de 15 anos.

Queen nas olimpíadas

Os Jogos Olímpicos de Londres ocorrem já no final desse mês de julho e uma coisa é certa: a banda da rainha não terá o holograma do cantor Freddie Mercury. O Queen, segundo o baterista Roger Taylor, está basicamente envolvido na festa (ou ainda, cerimônia) de encerramento do evento esportivo. “Até pensamos na possibilidade [de se trazer o holograma], mas certamente não me sentiria bem aparecendo ao lado de um Freddie de mentira. Não se compararia ao real”.

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Bob 7.1

O próximo álbum de Bob Dylan deverá ter 10 faixas – uma delas com 14 minutos e outra, com 9, bem ao estilo do cantor e compositor, um dos ícones da contracultura americana. As canções já teriam sido apresentadas para gravadoras da Sony dos EUA e da Europa. Este será nada menos que o 35º registro em estúdio do artista que acabou de completar 71 anos no último dia 24 de maio.

Jimi no Guiness Jimi Hendrix é unânime. O mestre das seis cordas influenciou músicos como Yngwie Malmsteen e Freddie Mercury e continua a mostrar que seu virtuosismo ainda voga até hoje. No dia 1º de maio, um festival realizado na cidade de Wroclaw, na Polônia, foi mais uma dessas constatações. O ‘10º Thanks Jimi’ reuniu mais de 7 mil guitarristas, onde tocaram nada menos que o clássico “Hey Joe”. Houve participação do irmão do músico, o também canhoto Leon Hendrix, e do público. O feito estabeleceu um novo recorde mundial, que deve ser colocado no Guiness Book.

Jon de volta O excelso tecladista Jon Lord, do conjunto Deep Purple, voltará aos palcos, finalmente. Ele, em agosto do ano passado, foi diagnosticado com câncer e ficou longo tempo recluso, recuperando-se das seqüelas físicas e emocionais. Mas com o apoio da família e dos fãs, tudo correu bem e já no dia 6 de julho próximo, Lord garimpará com seus dedos de ouro mais uma apresentação orquestrada. O show, que deve acontecer em Durhan, na Alemanha, contará com a participação da orquestra filarmônica local.

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Metallica lucra pouco

Kirk Hammett, guitarrista do Metallica, em entrevista à revista inglesa Classic Rock, disse que na atual situação do mercado fonográfico mundial afetou até eles e não pode deixar de sair em turnê. “O ciclo de parar de excursionar por dois anos não existe mais. Nós conseguíamos fazer isso porque nossos cheques oriundos de royalties entravam consistentemente. Agora você lança um álbum e você leva talvez um ou dois tombos. Mas não é como era – é um cheque a cada três meses.” Kirk espera recuperar os valores dos investimentos feitos pela banda com o Orion Music Festival que acontecerá em julho.

Tarja anuncia DVD e novo álbum

Nas redes sociais, Tarja Turunen anunciou que um dvd, gravado na Argentina está sendo mixado, estão trabalhando na arte gráfica e nos vídeos. Em breve, os fãs terão surpresas. Sobre o sucessor do “What Lies Beneath”, Tarja afirma que tem 25 músicas prontas e que vai escolher as melhores. Ela diz, também, que os músicos já estão trabalhando nele. Agora é só esperar.

DVD e tour do Crüe Um novo DVD ao vivo do grupo de Hard Rock americano Mötley Crüe está a caminho. “Mötley Crüe – Kickstart Live 2011” foi gravado em vários lugares e shows pela América do Norte no ano passado. O DVD será lançado pela Showlight/IDS/Fontana North no dia 5 de Junho. No mesmo dia, o Crüe começa uma nova turnê pela Europa, com um show em Moscou. Depois de seis semanas na Europa, o Crüe se une ao Kiss para uma turnê pelo verão estadunidense que começa no dia 20 de julho em Um novo DVD ao vivo do grupo de Hard Rock americano Mötley Crüe está a caminho. “Mötley Crüe – Kickstart Live 2011” foi gravado em vários lugares e shows pela América do Norte no ano passado. O DVD será lançado pela Showlight/IDS/Fontana North no dia 5 de Junho. No mesmo dia, o Crüe começa uma nova turnê pela Europa, com um show em Moscou. Depois de seis semanas na Europa, o Crüe se une ao Kiss para uma turnê pelo verão estadunidense que começa no dia 20 de julho, no Canadá.

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Distraught lança cd

Os gaúchos do Distraught lançaram o “The Human Negligence is Repugnante”, seu 7º álbum. Recentemente, voltaram de uma turnê na Argentina apresentando seu novo disco. No próximo dia 21, eles farão um show de lançamento junto com o Hibria, na capital gaúcha. O cd vem com letras fortes e músicas violentas. Tem tudo para sobressair entre os lançamentos do gênero.

Assista ao show de estreia do novo cd do Slash

Na noite do dia 23 de maio, o show de estreia do álbum “Apocalyptic Love” do Slash foi transmitido ao vivo através da internet. Com o setlist recheado de covers do Guns’N’Roses e Velvet Revolver, o guitarrista fez lembrar aqueles momentos de ascensão que teve o GNR. “Sweet Child O’Mine” e “Paradise City” foram os pontos altos do show. Mas se você não viu o show, não se preocupe, clique AQUI e veja o show.

Foo Fighters na abertura do Grêmio Arena?

Ouviam-se boatos que a inauguração do novo estádio do Grêmio seria com o AC/DC, depois Madonna, agora é a vez do Foo Fighters. Jornalistas gaúchos dão como certo a banda do ex-Nirvana na abertura do substituto do Olímpico, o Grêmio Arena. No próximo ano, Dave Ghrol e companhia estará na América do Sul e fará alguns shows na Argentina e no Brasil, o que pode confirmar a ida deles para o Rio Grande do Sul. Ainda não há informações oficiais. É só aguardar!

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Unearthly e NervoChaos em Maceió

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Unearthly e NervoChaos em Maceió

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O show marcou a inauguração da mais nova loja de artigos de rock, a Mausoléu Rock Store. As bandas foram, faltou o público.

Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected]) Pei Fon (@poifang | [email protected]) Fotos: Pei Fon

Dia 11 de maio ficará marcado na memória dos bangers alagoanos. De

passagem por Maceió, as banda Unearthly (RJ) e Nervochaos (SP) fizeram um show para um seleto e entusiasmados fãs do Metal. Além das bandas citadas, Falling in Disgrace (PE) e a alagoana Morcegos completaram o lineup da noite. Um novo local foi proposto para a realização de eventos e fica a dica para ser explorado. O estacionamento, localizado na mesma rua da Praça Sinimbu, tem 13 metros de largura e 40 metros de cumprimento, nele é preciso montar uma estrutura de palco, além do som e iluminação. Outros detalhes também devem ser levados em consideração, como a estrutura de banheiro químico para o público e banda, conte também com as barracas para a venda de bebida e comida. No geral, o estacionamento, que seria até interessante colocar um nome, é um lugar a ser pensado para futuros eventos.

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SHOW Com três horas de atraso, o evento deu-se início nas primeiras horas do sábado, 12. A banda alagoana, e a mais antiga, Morcegos subiu ao palco para dar boas vindas aos presentes e fazer um resumo de seus 25 anos de existência. Logo de início, a banda teve problemas com o som, ocasionando alguns momentos de desconforto. Para a proposta da Morcegos, um som mais sujo e cru, até que foi suficiente, a princípio. Em seguida, o trio pernambucano Falling in Disgrace pisara em solo alagoano pela primeira vez e trouxe consigo seu Death/Thrash Metal. Com alguns gritinhos mais agudos, a la Slayer, a banda deixou uma boa impressão para o público. As bandas esperadas da noite vieram logo depois. Unearthly, e toda a sua indumentária visual, levou o público à insanidade. Alguns momentos de circlepit foram vistos. Mas todos estavam querendo ver o desempenho da banda. Muitos ficaram parados, assistindo e curtindo atentamente a performance do quarteto carioca que, em breve, estarão na pela Rússia, Bielorrússia, Eslováquia e outros países europeus para uma turnê do seu novo álbum “Flagellvm Dei” (2011), gravado na Polônia.

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Morcegos (acima) e Falling in Disgrace (abaixo) completaram o lineup da noite

Unearthly tocou músicas que variaram entre seus álbuns anteriores, principalmente entre os discos “Age Of Chaos” (2009) e o mais recente “Flagellvm Dei”. O show iniciou com a faixa “Seven, Six, Two”, em seguida “Baptzed In Blood” para seguir a pancadaria. O público respondia cantando e retribuindo a energia que o Unearthly transmitia para eles. Para encerrar à noite, vindos de São Paulo para se apresentar pela primeira vez na capital alagoana, o NervoChaos fez os headbangers sentirem toda porradaria que o Heavy Metal proporciona. Os caras se dedicaram ao máximo no palco e o circlepit girava. Entre as músicas executadas estavam “Pazuzu Is Here”, “Infernal Words” e “Pure Hemp”. Satisfação garantida no fim da apresentação do NervoChaos. O show também marcou a passagem da turnê do novo álbum, “To the Death”, iniciado

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Morcegos (acima) e Falling in Disgrace (abaixo) completaram o lineup da noite

este ano. “Para o NervoChaos estes shows em Maceió, Recife e Petrolina vão ficar marcados. É sempre um enorme prazer e honra para nós tocar pelo Nordeste do país, mas esta vez superou todas as anteriores. Não que as anteriores tenham sido ruins ou fracas, mas esta foi brutal em todos os sentidos. Dividimos o palco com grandes bandas, trabalhamos junto com produtores de responsa, tivemos o apoio em peso do público e da imprensa especializada e ainda visitamos pela primeira vez Maceió. Esperamos muito poder retornar em breve para mais e desde já agradecemos pelo apoio dado a banda. To the death!”, agradece Edu Lane, baterista. Com a predominância do Metal extremo, as bandas mostraram o seu som. E o público saiu satisfeito com o gostinho de quero mais.

Você pode ver as fotos deste show na nossa página no Facebook.

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“uma vergonha!”Mário Linhares(Dark Avenger | Harllequin

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“uma vergonha!”

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Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Desireé Galeotti – Flickr

Após um mês do maior fiasco do Heavy Metal no Brasil, Mário Linhares, vocalista do Dark Avenger/Harllequin, conta como foi

aquele sábado que ocasionou o cancelamento do Metal Open Air. Acompanhe esta entrevista exclusiva e emocionada para a

Rock Meeting. Mesmo que você, caro leitor, não tenha ido até a capital maranhense, você consegue se enxergar na situação

descrita por Mário. Não deixe de ler até o fim!

Mario é uma satisfação enorme poder entrevistá-lo. Não meça as palavras, responda à vontade! Neste primeiro contato, apresente-se para os nossos leitores. Olá, eu sou o Mário Linhares vocalista das bandas brasiliense Dark Avenger e Harllequin. É uma satisfação imensa conversar com vocês e falar um pouco do que vem acontecendo.

Você está à frente da banda brasiliense Dark Avenger desde a fundação da banda. Como foi no início para vocês? E, no presente, o que mudou? O Dark Avenger foi formado em 1993 e desde então passou por inúmeras transformações. A proposta inicial de fazer um Heavy Metal mais americano acabou dando lugar ao Heavy Metal clássico, europeu. O bom de se perceber isso é que podemos sempre tomar medidas para as novas composições sejam sempre o mais abrangente possível dentro do estilo.

Já são dois álbuns completos lançados, alguns EP’s e um full-lenght saindo. O que pode nos adiantar sobre “Tales of Avalon: The Lament”? Minha opinião é que o álbum que foi gravado é um álbum um pouco diferente do que os fãs do Dark Avenger estão acostumados a ouvir da banda. Diferente dos anteriores nas composições e atmosfera. As contribuições dos produtores executivos e musical modificaram muito a proposta original o que tornou o álbum.. humm.. diferente. Mas é um bom álbum com músicas intensas e “modernas”. Algumas soam bem Dark Avenger.

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Michael Wagener, um dos fundadores do Accept, está mixando e masterizando este novo álbum. Como foi a aproximação do Dark Avenger e o alemão? Essa foi uma façanha conhecida pelo produtor executivo. Não sei bem como ele conseguiu.. só sei que conseguiu.

E, claro, quando poderemos ouvir este novo projeto? Já tem data definida? No momento enfrentamos um problema de ordem legal. O disco está pronto desde dezembro do ano passado. No entanto o produtor executivo afirma que só poderá lançá-lo com um documento formal da antiga gravadora “liberando” o disco do contrato anterior, que venceu em 2009. Explicando melhor, em 1999 nós assinamos um contrato com a Zen Records para gravar a obra “Tales of Avalon”, obra essa dividida em duas partes: “The Terror” e “The Lament”. A primeira parte foi lançada em 2001 e a segunda parte nunca chegou a ser gravada, até agora. Como o contrato era de dez anos, em 2009 ele se extinguiu. Em suma, o produtor executivo atual diz que só lança o trabalho com um documento de liberação formal do contrato feito pela antiga gravadora. A antiga gravadora diz que o contrato venceu em 2009, três anos atrás, logo não é necessário documento algum.

Saindo um pouco da musicalidade do DA e entrando no assunto mais recorrente de abril: Metal Open Air. Você esteve lá, a banda estava lá. O público compareceu. O que faltou, na sua opinião? Gostou de São Luís? Eu adorei São Luis. Uma cidade acolhedora e de povo maravilhoso. Quanto ao MOA é a minha opinião que o festival tinha tudo para funcionar. O que houve foi muita

inexperiência por parte dos produtores e má vontade da parte de algumas bandas que já estavam no local do evento, da mídia que só explorava o lado negativo do festival e de setores do público que foram para as redes sociais para falar mal de tudo e de todos, mesmo estando a milhares de quilômetros do festival. Eu estive lá e vi o festival acontecendo. Vi muito amadorismo, mas vi também muita força de vontade em concertar os erros. O festival estava andando. Assisti aos shows do primeiro dia: Symphony X, Exciter, Destruction, Exodus, Anvil, entre outros, e vi que, apesar de vários problemas de infraestrutura, Todas as bandas que estava lá se empenharam em tocar, pois o público, que compareceu em massa, e se comportou de forma exemplar, ansiavam pelos shows. E os shows foram muito bons. O Symphony X emocionou a todos, o Destruction e o Exodus destruíram tudo. Foi algo hipnotizante. Todos saímos do primeiro dia tendo a certeza que os problemas haviam sido dirimidos e que o segundo dia seria algo bem melhor. Mas então começou uma onda de boatos e cancelamentos que acabaram por minar a confiança de todos os envolvidos: fornecedores, bandas, mídia, público. No segundo dia ninguém entendeu o porquê de tudo dar errado. Eu presenciei o desespero de parte da produção em tentar garantir um dos palcos para o festival ter prosseguimento, em tentar fazer as bandas estrangeiras subirem ao palco mesmo depois de elas terem recebido seus cachês... Muitas delas alegaram falta de segurança e de infraestrutura. Bem... O palco estava lá, o equipamento estava lá, o público estava lá e, quanto à

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segurança, em dois dias ninguém invadiu o palco. Foi uma pena o terceiro dia ter sido cancelado. O público, embora tenha sofrido bastante com a falta de infraestrutura e com o não cumprimento de muita coisa prometida, estava lá. O povo queria os shows...

Em nossa conversa amistosa no aeroporto, você comentou que foram momentos difíceis no backstage naquele sábado fatídico. Relate um pouco para nós sobre o que aconteceu com vocês e o pessoal do Legion of the Damned, que estavam por lá também. Tudo começou no primeiro dia de show. O combinado era que seríamos a segunda banda do primeiro dia e o nosso horário era às 11h15. Acordamos às 7 da manhã e fomos tomar café no hotel. No café da manhã fui interpelado por um rapaz que se apresentou como sendo da Negri Produções e que disse que provavelmente seria ele que nos transportaria até o evento e que era para estarmos pronto logo. Bem... Às 9 horas já estávamos na recepção do hotel, prontos e com os instrumentos, esperando pela condução que nos levaria ao local do show. O que veio a seguir foi de estranhar, pois esperamos por mais de uma hora até sermos informados que o show tinha atrasado por causa da passagem de som das bandas principais (Megadeth e Symphony X) e que a nossa apresentação atrasaria. Fomos orientados a permanecer no hotel e aguardar pela van. Ficamos na recepção por mais quatro horas até que começou a chegar várias vans para levar o Shaman, Drowned e Almah.

Eu sempre perguntava: “olha, não me leve a mal, mas se nós somos a segunda banda, por que o Almah está indo na nossa frente?”A resposta era que iríamos na van seguinte... Bem, demorou mais uma hora para sairmos até que chegamos às 17h30 no local do show. O Almah estava se apresentando (por sinal foi um belo show) e fomos informados por pessoas da produção que não tocaríamos mais no festival porque não chegamos no local no horário combinado. Fui falar com o Felipe Negri, que me atendeu muito educadamente. Expliquei e provei, por meio de testemunhas, que estávamos prontos desde as 9 da manhã e que, se não havíamos chegado antes não era por nossa culpa. O Felipe vendo o erro da produção me propôs que o Dark Avenger tocasse no dia

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seguinte em um horário melhor. Eu aceitei desde que eu pudesse ir ao palco avisar ao público, o que realmente aconteceu logo após o show do Almah. Aparentemente o incidente havia se revertido em algo positivo para o Dark Avenger. Como cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça, no dia seguinte acordamos cedo e às 9 horas estávamos novamente na recepção. A van chegou e nos levou para o local da apresentação. Dentro da van o sentimento era de alegria e de que tudo estava indo às mil maravilhas... Até chegarmos no local do show, por volta das 11h30, onde o clima era de total tensão, tanto por parte do público quanto do produtor e equipe de produção. O palco da direita estava sendo desmontado e o público vendo aquilo começava a se manifestar com palavras mais incisivas de

cobrança. Foi nos pedido que ficássemos em um local recuado onde, no dia anterior, estavam os camarins. Os camarins já havia sidos desmontados e tivemos que deixar nossos instrumentos no chão. A todo o momento passava alguém da produção com a cabeça baixa e o olhar desolado. Já passava do meio-dia e nada indicava que os shows continuariam. Eu comecei a me preocupar e a desconfiar que o festival não aconteceria mais. Perguntei a mais de uma pessoa da produção, que passavam incessantemente, se havia show, a resposta era um não sinalizado com a cabeça abanando e lábios apertados. A equipe da produção da Negri o tempo todo nos pedia e alertava para ficarmos refugiados naquele local, pois temia que o público, desconfiado do cancelamento do festival, invadisse o backstage. O que aconteceu em seguida foi algo que

eu nunca esquecerei: na parte de trás do palco da esquerda (no refúgio onde estávamos e que citei anteriormente) foi montado um buffet onde parte da equipe de produção (montagem de palco, press, etc.) almoçava. Era um local coberto que protegia o grupo da forte chuva que caía. Eu tinha acabado de fazer meu prato e me preparava para sentar quando a Stage Manager passou ao meu lado e, com os olhos muito arregalados, fazendo gestos de abrir e fechar os dedos da mão falou: “pega o teu pessoal e vaza daqui!!! Vaza!!! Vaza daqui!!!” Mal deu tempo de eu entender o que ela quis dizer, pois, logo depois, o público inconformado com o desmonte do palco da direita e já desconfiado do cancelamento do festival, invadiu o refúgio onde nos encontrávamos.

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A cena das moças que serviam o buffet correndo com os tachos de comida nunca mais vai sair da minha cabeça, assim como a cena da cavalaria vindo do outro lado para conter o público. Estávamos com os instrumentos na chuva e tentávamos fugir da confusão. Eu pedi ao pessoal do Legion of the Damned que nos dessem carona para fora do local na van deles; eles se recusaram alegando que éramos muitas pessoas (a banda era de cinco pessoas). Uma segunda van (com apenas duas pessoas) também fechou a porta na nossa cara... Então minha esposa me agarrou pelo braço e eu tive que seguir a banda que fugia na chuva. A última coisa que lembro de ouvir ainda no local da confusão foi: “não mexe com eles não, eles são músicos...”. Foram 40 minutos caminhando por uma estrada estreita e lamacenta debaixo de uma chuva descomunal. Nossos instrumentos ficaram totalmente molhados. Até que encontramos um posto de gasolina e nos abrigamos da chuva. Algumas pessoas que se dirigiam para o local do show e que porventura tinham parado no posto de gasolina nos reconheceram, seja por já me conhecerem ou ao Ian previamente, seja porque viram nossos instrumentos e a nossa agonia e nos fizeram perguntas sobre o que estava acontecendo. Nós estávamos muito nervosos e explicamos que apenas queríamos voltar para o hotel. Alguns fãs pediram três táxis e, em um gesto sublime de solidariedade, nos levaram para o hotel

e até pagaram o meu taxi (R$ 70,00). De volta ao hotel, molhados e humilhados, eu e parte da banda fomos para o restaurante do hotel, que aquela hora estava bem vazio. Pedimos duas porções de batata frita com queijo e refrigerantes. Olhávamos um para o outro e nos perguntávamos como aquilo tudo tinha acontecido. Os músicos estavam assustados e frustrados. Embora felizes por estarem bem e em segurança. A tristeza estampada na face deles era por não ter tocado no festival. Dentro de mim o sentimento era outro. Eu olhava para os meus músicos (todos eles músicos do Harllequin que me ajudavam a tocar no festival) e sentia vergonha de olhar para eles. Sentia vergonha de ter prometido tocar em um grande festival e acabar daquele jeito: molhados, expulsos do local no meio de uma grande confusão e ainda por cima sem tocar. Quem olhasse para mim veria a cara da desolação. Ficamos algum tempo no restaurante, comentando o ocorrido, até que repentinamente começou a aparecer mensagens no meu Tablet da Juliana Negri avisando que o festival não tinha sido cancelado, que algumas bandas estavam voltando para tocar no festival, inclusive o Legion of the Damned, Korzus, Acido etc., e ela queria muito que tocássemos também. Consultei a banda e todos concordaram em tocar, desde que todos os itens acordados com a banda fossem cumpridos antes de subir ao palco. A Juliana deu a palavra dela e em

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poucos minutos já havia uma van na frente do hotel nos aguardando para nos levar de volta ao fatídico local onde há pouco havíamos sido expulsos. Ao chegar no local ninguém nos recebeu, não houve o camarim que havíamos exigido, nem comida, nem bebida, nem o pagamento. O Show do Ácido já ia adiantado quando resolvemos procurar alguém para tomar satisfação. Em um canto afastado e escondido no lado esquerdo do palco direito que já se encontrava em estado adiantado de desmonte, avistamos o Marcelo e o Natanael da Lamparina Produções. Fomos conversar com eles e informamos que fomos contatados pela Juliana Negri que nos pediu para voltar e tocar com garantia do cumprimento dos itens acordados anteriormente. O Marcelo agradeceu por voltarmos, mas disse que não tinha dinheiro para nos pagar no momento e nos pediu um prazo para pagar o nosso cachê. Nós decidimos então fazer um contrato para garantir o pagamento. No exato momento que uma pessoa da nossa equipe estava anotando os dados pessoais do Marcelo para fazer um contrato, o Natanael nos chamou em um canto próximo, meteu a mão em vários bolsos e pagou o nosso cachê, em dinheiro. O Natanael também providenciou as bebidas para o palco. Logo em seguida o Ácido terminou o show deles e era a nossa vez de subir para tocar. O show foi ótimo e o público respondeu à altura. Acredito que fizemos o nosso papel. Procuramos ser profissionais o tempo todo.

Fomos pontuais e cumprimos tudo que nos foi pedido. Somos uma banda de músicos e procuramos sempre fazer valer o dinheiro e o esforço do público. Sei que existe um limite de qualidade para qualquer banda poder se apresentar. Não acredito que tenhamos extrapolado esse limite, pois ainda haviam condições satisfatórias para garantir a apresentação e um público gigante e lindo ali na nossa frente. Não condeno, ao contrário, apoio todas as bandas que se recusaram a tocar por falta de contrato, passagens e condições básicas para apresentação. Nós faríamos o mesmo. Só que nós já estávamos lá. Nos foram pagas as hospedagens, alimentação, transporte local e aéreo e o cachê foi pago alguns minutos antes do show. Sei que fomos afortunados (apesar dos pesares) diante de tanta coisa ruim que aconteceu às outras bandas, haja vista o que aconteceu ao Drowned que estava lá e não conseguiu tocar. O nosso compromisso é com a nossa música e com o nosso público. Foi com esse pensamento que resolvemos encarar todas as dificuldades e nos apresentar naquele dia.

Você nos contou também sobre suas emoções naqueles cinco dias em São Luís vendo muitos bangers ao relento, só esperando a hora do voo chegar e ir embora. Deprimente, não foi mesmo? Olha, eu sou pai de um garoto de 17 anos e ver aqueles outros garotos ali jogados ao chão, privados das condições de dignidade básicas humanas, seja de higiene, de alimentação, de abrigo e acima de tudo, privados de respeito, foi de partir o coração. Eu me coloquei no papel de pai e como pai eu me senti ultrajado.

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Afinal, qual era a situação para vocês músicos lá em São Luís? Foi tudo cumprindo com o acordado entre banda e produtora? Olha, como eu disse anteriormente, para com o Dark Avenger, todas as condições foram cumpridas, mesmo que a ferro e fogo. O que realmente pecou foram a falta de comunicação, de organização e os problemas para tocar no festival, já relatados. No restante fomos afortunados em termos conseguido ir até o fim. Mas eu sei de casos de bandas que não tiveram o hotel pago, não tiveram sua alimentação paga, e pessoas presas no hotel, pois tiveram suas passagens de volta canceladas. Verdadeiramente uma vergonha.

Na apresentação no MOA, você tocou com parte de seu outro projeto, Harllequin, o que houve com a banda? Quando o “The Lament” começou a ser produzido, foi apresentado a mim e ao Leonel a possibilidade de conseguirmos dar continuidade à banda e manter um ritmo de banda com shows, turnês e etc. Para tanto, tivemos que montar uma equipe de alto nível para retomarmos a carreira. Escolhemos o Kayo John, que é um baterista fenomenal, o Ian Lucena que é um guitarrista fora do

comum e o Fábio Honório que é um baixista espetacular.Com esse time estávamos prontos para cair na estrada e retomar a carreira. Mas o disco começou a demorar a sair e os problemas começaram a surgir. Os ensaios eram raros e quando aconteciam eram tensos. A falta de perspectiva começou a se tornar uma realidade e cá entre nós, é quase impossível manter um time desse em uma banda que não produz. Com o tempo cada um começou a retornar para os seus projetos pessoais que realmente lhes davam um retorno financeiro; nada mais justo. O Leonel retornou ao Metal Nobre e às suas produções musicais, mas sempre me

O palco da direita estava sendo desmontado e o público vendo aquilo começava a se manifestar com palavras

mais incisivas de cobrança. (...) A todo o momento

passava alguém da produção com a cabeça baixa e o olhar desolado. Já passava do

meio-dia e nada indicava que os shows continuariam.

“ ”

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Após a apresentação no MOA - Harllequin e Mário Linhares

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auxilia quando eu preciso. O Fábio Honório agradeceu ao convite e ao tempo de permanência no projeto, mas afastou-se para poder se dedicar aos seus projetos pessoais também. Foi o Fábio que nos comunicou que o Kayo também havia deixado a banda. Somente o Ian Lucena ficou do meu lado e acreditou que o Dark Avenger é mais que um disco, é também os seus fans e a sua história.Como eu havia dado a minha palavra que iria tocar no M.O.A. tive que chamar os músicos do Harllequin para me ajudar nessa empreitada. É a eles, Ian, Victor, Guilherme, Jeff, à nossa equipe incansável Desireé e Raissa e ao nosso público maravilhoso que eu quero dizer: Muito Obrigado!

Saindo deste momento ímpar. Vamos tencionar um pouco mais. Top 5 das banda que você está escutando

ultimamente. Fale um pouco sobre elas e destaque o álbum. Bem.. vamos lá...1 - Memento Mori - Álbum: Life, Death and Other Morbid Tales - Música: Heathendom. Eu amo Doom Metal e essa é a minha banda e minha música de cabeceira. Forte, totalmente psycho e cheia de momentos. Messiah Marcolin destrói tudo e o Snowy Shaw estava inspirado nesse disco.2 - Banda: Forbidden - Álbum: Distortion - Música: Feed The Hand . Eu sou vidrado em Thrash Metal com climas... Riffs matadores e solos com densidade... Essa música sintetiza tudo que gosto no estilo.3 - Banda: Vader - Álbum: The Art of War - Música: This Is The War. Porradaria e velocidade do começo ao fim. Como você pode perceber eu gosto de velocidade, mas tem que ter clima. O Vader é, junto com o Immortal, as duas bandas de extremo que eu mais gosto.4 - Banda: Kamelot - Álbum: Black Halo -

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Música: Memento Mori. Esse disco foi um divisor de águas para mim. Eu tive um sério problema de saúde em 2003/2004 e achei que não seria capaz de cantar como antes. Até que em 2005 eu ouvi o Roy Khan cantando neste álbum completamente diferente dos discos anteriores e de forma linda. Foi aí que eu percebi que precisava me aprimorar como cantor.5 - Banda: Circus Maximus - Álbum: Isolate - Música: Zero. Essa banda me surpreendeu pela qualidade musical e pela complexidade e limpeza das músicas. A forma como a banda interpreta a “Zero” mostra como uma música deve ser: verdadeira e nunca gratuita.

Para finalizar, quais os seus planos para 2012? O que podemos esperar do Dark Avenger? Sucesso, muito obrigado!!! Esse ano eu pretendo lançar um

disco ao vivo duplo que foi gravado em 2003 em São Paulo juntamente com uma orquestra sinfônica. Estou em contato com os músicos que gravaram o “X Dark Years” e esse ao vivo e existe uma grande possibilidade de a banda voltar à ativa com aquela formação... Talvez com algumas boas surpresas. Isso seria interessante, pois daríamos continuidade aos trabalhos interrompidos em 2005 e lançaríamos um disco novo de inéditas.Pretendemos voltar à ativa e fazer vários shows pelo Brasil e mundo afora... Acho que vai dar certo. Quero agradecer a vocês pela oportunidade e a todos os nossos amigos que sempre nos apoiam e que nunca perderam a fé no nosso trabalho. Um forte abraço a todos. Nos veremos em breve. Mário

Dark Avenger: setembro de 2011, gravações de “The Lament”

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O fim de um legado de ouro

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O Angra na última década quebrou a barreira do Metal Nacional, mobilizando fãs do estilo aqui e fora do país, mas Edu Falaschi

resolveu abandonar o barco antes que este encalhasse

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])Fotos: Divulgação

Com a saída do vocalista Andre Matos, o Angra se viu diante de um dilema que, por vezes, surge nas

melhores bandas: afinal, quem poderia substituí-lo? A resposta veio em agosto de 2000 com Edu Falaschi, já emplacando o ótimo play “Rebirth”, que, em pouco mais de um mês, ganhou para o grupo brasileiro o seu 1º disco de ouro. Falaschi havia começado na banda Mitrium nos anos 1990 e depois passando pela Symbols, antes de embarcar pelo mundo a cantar “Carry On” e outros clássicos marcados na voz de Andre Matos. A priori, a aceitação dos fãs foi interessante. Em 2004, com “Temple of Shadows”, o vocalista ganhou enfim o apreço do público e da crítica, sobretudo, do Japão, que chegou a considerá-lo o 2º melhor do mundo no ano seguinte. Esse CD foi um marco, um divisor de águas, um novo jeito de se fazer metal melódico, com participações especiais, a exemplo da de Kai Hansen (ex-Helloween, GammaRay, Unisonic) e de Hansi Kürsch (Blind Guardian).Longas turnês se deram em redor do mundo e a fama do grupo só cresceu; o nome, consolidado como uma das mais respeitados ao lado do saudoso Sepultura. Depois vieram os álbuns “Aurora Consurgens”, em 2006, e “Aqua”, em 2010, mas o ‘gás’, a pegada não estava mais lá. Os lançamentos medianos e os trabalhos e projetos paralelos fizeram a banda mudar o foco, tendo como o maior prejuízo a perda da qualidade nos trabalhos. A voz de Edu também sofreu com o tempo – hoje com 40 anos de idade – e, em comum acordo, resolveu sair do Angra, continuando com seu projeto no Almah.

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Mix

Ele postou em seu Twitter que estava triste com a sua saída da banda, no mesmo dia em que fez o anúncio.Em carta aberta, Falaschi comentou que a fase era um mix de alívio e tristeza. No microblog, o vocalista disse: “Amigos! Essa decisão dói em todos nós! Mas é o melhor caminho pra todos nós da banda nesse momento! Muito triste sim! Mas não dava mais!”. A última apresentação do Angra foi no dia 25 de setembro do ano passado, no Rock in Rio IV, com presença ilustre da cantora finlandesa Tarja Turunen (ex-Nightwish). O show foi bastante criticado pro conta da performance fraca de Falaschi. Afora isso, nos últimos anos, a trupe formada por Edu, Kiko Loureiro, Rafael Bittencourt, Felipe Andreoli, Aquiles Priester/Ricardo Confessori fizeram valer a expressão “Metal Nacional”. Segue abaixo a carta aberta do artista, na íntegra (isto é, com possíveis erros de português), com exclusividade para a mídia especializada brasileira:

“Caros amigos, fãs e parceiros,

Há alguns momentos na vida de um homem que é necessário tomar algumas decisões radicais para seguir em frente. Vivo um momento muito feliz, onde hoje, aos 40 anos de idade, me sinto pleno e altamente satisfeito por ter conseguido realizar praticamente todos os meus sonhos pessoais e profissionais. Tenho uma família linda, muitos amigos e fãs maravilhosos que me acompanham nesses mais de 20 anos de carreira, com mais de 15 álbuns gravados, diversas turnês mundiais e milhares de cópias vendidas no mundo todo. Sou uma pessoa afortunada por ter conseguido chegar tão longe fazendo Heavy Metal no Brasil e desbravando o planeta fazendo a música que mais amo. Venho pensando, já algum tempo, sobre os caminhos que

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devo seguir e finalmente cheguei a conclusão que é chegada a hora de tomar, o que talvez seja, a decisão mais difícil da minha vida. É com um misto de alívio, paz e tristeza que venho declarar que a partir de hoje não sou mais a voz do Angra. Estou saindo da banda, já com muitas saudades de tudo o que construímos juntos, principalmente dos tempos alegres de ‘Rebirth’ e ‘Temple of Shadows’. Jamais esquecerei tudo o que vivemos, desde os bons até os maus momentos, afinal, sempre devemos ver o lado bom das coisas, sobretudo nas dificuldades. Todos nós sabemos que nada é eterno e que as separações, uma hora ou outra, acontecem. Vivemos juntos por uma década, e isso é uma vida. Tivemos nosso momento, fizemos história, uma fase linda e inesquecível da qual serei eternamente grato por esses 10 anos de muitas vitórias e por todas as oportunidades que me foram dadas! Desejo-lhes sorte nos caminhos que decidirem trilhar. Tenho e sempre terei muito orgulho da nossa história! Enfim, minha vida é a música e a música é meu alimento do espírito. Tenho muitos planos e projetos

para o futuro, e em breve todos saberão! Alguns deles já estão bem consolidados, crescendo a cada dia, fortes e gerando ótimos frutos que demandam e merecem a minha inteira dedicação. Sendo assim, precisarão da dedicação de outros envolvidos e, por razões óbvias de logística, ocorrerão algumas mudanças naturais nos meus trabalhos fora do ANGRA, como a saída do Felipe Andreoli do Almah, que se dedicará somente ao Angra e seus outros projetos. Quanto ao Felipe, todos nós do Almah sentiremos muitas saudades e seremos eternamente gratos por sua essencial contribuição com nossa história, que continua firme e em frente. Com essas grandes mudanças de ciclo e de renovação de energias, eu sigo para construir um futuro de paz e harmonia, com os meus ideais e minha carreira como cantor, compositor e produtor ao lado dos meus fãs e amigos. Sempre primando pela amizade, humildade, união e igualdade! Muito obrigado a todos! Para um coração limpo nada é impossível!Com carinho...”

Edu Falaschi

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O Heavy Metal invade

o Orákulo Chopperia

Metal Force Trauma

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Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])Fotos: Pei Fon (@poifang | [email protected])

A segunda edição do Metal Force Trauma ocorreu na noite do dia 19 de maio, no Orákulo Chopperia que fica localizado no bairro do Jaraguá. Desta vez, o

festival aconteceu com a participação das bandas alagoanas Black Verses e Autopse, além dos pernambucanos do Desalma e dos paraibanos do Warcursed. O público chegou no horário, mas o evento não acompanhou, devido aos problemas da casa. O evento estava marcado para começar às nove da noite e só deu início pouco depois da meia noite. Independente deste fato, as bandas fizeram apresentações que fez valer toda espera. O público não compareceu em um número razoável, mas que poderia ser bem maior.

Apresentações

A banda que deu as boas vindas para o público foi a alagoana Black Verses (Death/Doom Metal), que voltaram após alguns anos parados. Trouxeram um repertório bastante agradável, variando entre músicas próprias como “My Eternity is Lost” e covers de bandas influentes no Doom Metal como “She is The Dark” do My Dying Bride. O público ainda era pequeno quando a banda iniciou o show, com o decorrer da apresentação, eles foram se amontoando na frente do palco. O antigo guitarrista da banda, Luan Felipe Martins, tocou algumas músicas com a Black Verses e Welton Cavalcante (guitarrista) assumiu o teclado, deixando a guitarra um pouco para esta grande participação. E, com essa formação, a Black Verses encerrou a sua apresentação no Metal Force Trauma ed. 2.

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Em seguida, veio Autopse com muito Thrash Metal para acelerar o som. Começaram com músicas autorais do álbum “Descontrole Mental” e foram variando entre os covers do Cavalera Conspirancy, Sepultura e uma grande surpresa que agradou ao público que foi “Walk” do Pantera. Esta fez o público bater cabeça. Durante o show, a Autopse também contou com uma participação especial, a cantora Any Dayse (DarkTale). Ela cantou junto com Daniela Serafim apenas uma canção e deixou aquele gostinho de quero mais. Elas foram bastante aplaudidas pela bela execução da música e, neste momento, o público já era maior. A banda Autopse encerrou sua apresentação deixando os headbangers bastante satisfeitos com o que presenciaram. A terceira banda da noite foi a pernambucana Desalma. Eles desembarcaram pela segunda vez na capital alagoana para fazerem um show insano. Os caras fizeram o público ficar ensandecidos e o circlepit ficou mais violento do que já estava. A apresentação dos caras foi curta, porém tocaram apenas músicas próprias como a música que leva o nome da banda “Desalma”, que está no single do quarteto. Para encerrar, tocaram “Desgraça”, a última música não foi uma referência ao nome, e o público correspondeu. Para encerrar, Warcursed veio da Paraíba para mostrar que no Nordeste brasileiro tem

Desalma

Warcursed

Autopse

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banda de qualidade. Eles também fizeram um show autoral e tocaram músicas do primeiro álbum da banda chamado “Escape From Nightmare”. Todas as faixas do álbum foram executadas e iniciaram o show com “Deadline”, prosseguindo com as outras faixas do disco. Apesar de ser pouco depois das três horas da manhã, o público ainda estava acordado e reduzido. No entanto, todos que estavam presentes mostravam-se satisfeitos com a técnica apurada do Warcursed. Para encerrar, eles tocaram “Spectral Whisper” a última faixa do álbum dos caras. Uma verdadeira porrada na orelha e assim eles encerraram a apresentação. Apesar dos problemas enfrentados pela organização do evento, tudo ocorreu como previsto com a apresentação de todas as bandas que estavam programadas. Autopse e Warcursed levaram CD’s e camisas das bandas para vender o que foi mais um atrativo para quem foi presenciar o Metal Force Trauma. Cada vez mais shows estão acontecendo em Alagoas, principalmente em Maceió. O que falta ainda é o público comparecer e em maior quantidade. Isso não quer dizer que se terá uma qualidade melhor do público, o que se quer é fortalecer e quanto mais gente melhor. Porém, as bandas de fora ficam surpresas com tamanha paixão que recebem do público alagoano. Quer provar se sua banda tem um som legal, toque em Maceió e sentirá a energia vinda de frente do palco.

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Entrevista

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Daniel Tossato

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Acompanhe esta entrevista exclusiva para a Rock Meeting, dias antes de sua partida para a Europa e iniciar o Breakneck Tour 2012.

Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Facebook Oficial Andralls (Divulgação)

Olá Eddie, satisfação imensa em iniciar esta conversa. Neste primeiro momento, apresente-se para os nossos leitores. Olá Pei e leitores da Rock Meeting, o prazer é meu em estar aqui respondendo e interagindo com os bangers. Sou Eddie, baixista e compositor do Andralls

Já são 14 anos de Andralls. Do que você lembra no passado que já não faz atualmente? Saudades? Olha, sinceramente faço hoje o que fazia há 14 anos, toco thrash com amigos e pretendo continuar. Saudades tenho sim, dos grandes momentos, como, por exemplo, tocar com bandas como Judas e Exodus, tocar também com bandas de camaradas como Executer, Claustrofobia e inúmeras outras ótimas bandas é muito bom e divertido.

Foram três anos de espera para um novo trabalho da banda. Neste período entre divulgação e turnê, o que mais vocês estavam fazendo? Bom, nesse período tivemos uma troca de formação na qual houve a saída de Alex Coelho e a entrada de Cleber Orsioli nos vocais e guitarra. Fizemos duas turnês Brasileiras e duas Européias, durante ambas fazíamos planos para o futuro, composições novas e etc. Temos todos os trabalhos paralelos, mas com foco na banda.

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6 CD’s lançados sendo um deles ao vivo. “Breakneck” saindo do forno. O que podemos esperar deste novo álbum e quais são as expectativas da banda? Posso dizer que o álbum fala por si só. Evoluímos no nosso próprio estilo do “Fasthrash” e como resultado temos um disco maduro, coeso e cheio de raiva. Trazemos muitas das nossas influências, mas sempre sendo nós mesmos. Ouçam e verão.

Inspirações. Onde o Andralls buscou para criar “Breakneck”? A inspiração do Breakneck inicialmente foi criar algo novo, sem perder a nossa identidade. Considerando que mudamos de formação. Eu como o único que estou desde o começo da banda, procurei sempre direcionar as composições no sentido de não perdermos esse foco, o Cleber por sua vez teve liberdade para criar juntamente com o Xandão e colocar sua marca musical. Temos várias influências diferentes, mas também muitas iguais.

Acompanhando a evolução sonora e, de certa forma, ser “fast” se tornou uma identidade do Andralls, estão mais rápidos ou desaceleraram um pouco? Realmente o termo “fast” é a nossa cara, assim como a grande maioria das nossas composições, mas também temos músicas um pouco mais cadenciadas como o “Lost in Heaven, found in Hell” nesse disco novo.

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As composições de “Breakneck” foram realizadas ainda em turnê ou vocês decidiram, sentaram e resolveram criar? Conte-nos um pouco sobre este novo álbum. Tínhamos algumas idéias, mas realmente criamos o disco praticamente de uma vez. Em poucos meses fomos das reuniões de composição para a gravação. Usamos sim a experiência das turnês para colocarmos o que funciona nos sons e o que queremos passar com idéia. Trabalhamos também um clipe que estará disponível no cd. O resultado nos agradou muito. É com certeza nosso melhor disco em cada detalhe.

O termo “Fasthrash” é bem apropriado para o som que o Andralls faz. É uma expressão bem justa, não é? Como surgiu? Sim, realmente o termo é perfeito para a gente, surgiu como se fosse uma brincadeira. Como somos amigos desde a infância (na antiga formação), sempre inventamos coisas para sacanear um ao outro e foi aí que surgiu.

Na tour do “Andralls”, vocês puderam tocar em muitos lugares dentro e fora do país. Dividindo palco com Kreator, Immolation, Dying Fetus e outras bandas conhecidas. O que ficou de experiência deste período? Ficou a satisfação de ser um fã que conseguiu, sempre com muito esforço, chegar a um patamar de dividir o palco com grandes bandas e pessoas admiráveis como as que você mencionou. O que importa é continuar sempre no rock e na estrada, essa é a missão.

Costumeiramente perguntamos aos nossos entrevistados sobre a relação banda e público. Há diferença entre o público brasileiro e o estrangeiro? Ou o Metal rompe as barreiras culturais? Há algumas diferenças sim, mas o que todo público tem em comum é o fato de curtir, agitar e reconhecer um bom metal. Alguns públicos são mais frios, mas aí depende da banda conquistar a galera e fazer as cabeças balançarem. Headbanger é Headbanger.

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TOP 5. Quais as 5 bandas que representam bem o gosto musical do trio “fasthrash”. Cite um álbum de cada banda e explique em poucas palavras. Sepultura - Arise. Álbum clássico da banda que já foi uma das maiores do Brasil e do mundo.Slayer - Reign in Blood. Melhor álbum de uma das maiores bandas de thrash metal de todos os tempos.Megadeth – Rust in Peace. Um clássico absoluto do thrash e meu favoritoMetallica – Master of Puppets. Indiscutivelmente ótimoBlack Sabbath. Por causa deles o Metal é o que é!

Para finalizar, já têm datas fechadas para este novo trabalho? Sucesso neste novo projeto. Iniciaremos a nossa turnê fora na Espanha, passaremos dois meses fora. Então, vamos rodar a Europa estando na Alemanha, Portugal, Bélgica, Rússia dentre outras. Depois voltamos e continuaremos a tour pelo Brasil. Saudações a todos e no vemos em breve.

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Entrevista

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Leandro Pena

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Novo álbum. Metal Open Air. Vitor Rodrigues. Acompanhe a entrevista realizada com Castor,

baixista do Torture Squad.

Olá Castor. É com prazer que iniciamos esta conversa. Vamos falar de alguns pontos que os nossos leitores estão querendo saber. Prazer é todo meu. É sempre ótimo deixar o público ciente dos assuntos da banda vindo por meios como este! :)

É inevitável não falar da saída de Vitor Rodrigues. Por um acaso, a banda já esperava que acontecesse este desligamento? Não, de forma alguma. Ele tomou essa decisão de repente. Ele disse que queria tomar outro rumo na vida dele e não estava mais com a mesma vontade de estar fazendo parte da banda.

O anúncio veio depois de um show em Brasília, e o mais engraçado, é que foi um dia antes da sexta-feira, 13. Foi uma notícia um tanto quanto triste. Sim, nessa semana do show de Brasília que tudo veio à tona. Ficamos tristes também, mas não abalados com a situação. Vamos seguir em frente como sempre, compondo, fazendo shows e dando o nosso melhor sempre!!!

Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Divulgação

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A notícia veio logo num momento importante, show com o Anthrax, show em São Luís (que não acabou acontecendo, como todos sabem)... Qual era o clima do trio para continuar as atividades? Assim que o Vitor decidiu sair, o André Evaristo foi a primeira opção e sentimos que com ele a coisa podia fluir bem e é o que vem acontecendo. Já temos músicas prontas para o nosso próximo álbum de estúdio que, provavelmente, iremos gravá-lo no fim desse ano e, como disse , estamos com a mesma garra de sempre pensando em compor, gravar e tocar nos quatro cantos do planeta!

Em falar na capital maranhense.

Vocês estavam lá, chegaram estar lá ou tiveram, também, os mesmos problemas com cachê, passagens aéreas e hospedagens?

Aquilo foi uma grande falta de respeito não só com as bandas, mas sim com o público que pagou caro para poder prestigiar um evento que acabou virando um pesadelo e uma brincadeira de mal gosto! No nosso caso, a produção, se é que existiu nesse evento, pagou uma parte do cachê, nossas passagens ida e volta e estadia para banda e equipe. Estava previsto pra gente tocar no domingo dia 22 de abril, mas infelizmente esse dia acabou sendo cancelado.

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Ainda sobre o Metal Open Air, como você avalia após este primeiro mês do fracasso do festival? Acho que em termos de grandes festivais, infelizmente, o Brasil vai demorar para poder ter credibilidade para que aconteça novamente. Eu digo, por exemplo, mesmo se um produtor de bom caráter for querer fazer um evento grandioso para nossa cena, como seria esse MOA... Vai ser difícil, pois o público e as bandas não vão mais botar uma fé. Ninguém sabe se isso vai ser um replay desta palhaçada que foi o MOA, ou não! Vai levar um bom tempo para cicatrizar, na minha opinião. O que aconteceu lá em São Luís foi a situação mais triste que já presenciei em todos esses anos de banda. Ver o público lesado, tristes, frustrados, jogados sem ter pra onde ir por conta de pessoas que pensam que Metal é brincadeira ou bagunça! Acho que vai levar um bom tempo para a galera esquecer este episódio triste.

Conte-nos, o que você tem ouvido ultimamente? Fale um pouco.

Nossa! Estou ouvindo direto o “Metal Heart” do Accept novamente. Esse foi um dos primeiros álbuns que tive quando comecei a curtir Metal! Estou tendo uma etapa nostálgica agora, rsrsrs.

A missão agora é encontrar outro vocalista. Vocês querem outro vocalista? Já têm nomes? Não, não temos ideia de por um outro vocalista. Vamos ser um power trio mesmo com o André Evaristo assumindo os vocais e eu dando mais apoio nas músicas, além dos usuais backing vocals que já fazia anteriormente. Esse será o Torture daqui por diante!

Por fim, o que podemos esperar do TS? Um novo álbum está na pauta? Boa sorte nesta nova etapa. Sucesso sempre. Estamos muito empolgados com os sons novos, posso dizer que as músicas estão muito agressivas , técnicas e com o feeling verdadeiro do Torture de sempre! Muito obrigado pela entrevista!!!! The Torture Never Stops!

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Aerosmith volta com tudo no American Idol

Banda divulgou seu novo single no programa e anunciou data de lançamento do novo play de inéditas

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])Fotos: Divulgação

No ano passado, causou-se um mal-estar na cúpula da banda de Hard Rock estadunidense Aerosmith. O frontman

Steven Tyler decidiu deixar a turnê de lado e se dedicar a outra coisa: julgar performances de outrem no programa American Idol, que revela talentos da música e toda aquela coisa forjada pela grande mídia. O detalhe é que foi também pelo tal programa que o grupo resolveu voltar com tudo, já anunciando a data do novo álbum de inéditas, o “Music From Another Dimension”: dia 28 de agosto deste ano. “Legendary Child”, o novo single deles, foi divulgado durante apresentação no American Idol. A canção será integrada na trilha sonora do filme “G.I. Joe: Retaliação”, dirigido por Jon M. Chu. O longa-metragem estava previsto para ser lançado ainda este ano, mas a distribuidora Paramount Pictures resolveu ‘entrar na onda’ dos registros em 3D e este vai ser convertido para o formato. Desta feita, a continuação do “G.I. Joe: A Origem da Cobra” só terá estreia no final de março de 2013, com ilustre participação do ator Bruce Willis.

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Já a canção “Legendary Child” esperou quase vinte anos para vir à tona. Ela é um achado dos tempos de gravação do excelente álbum “Get A Grip”, de 1993, e poderia ter feito história ao lado de “Crazy”, “Eat The Rich”, “Amazing” e “Living On The Edge”.

Produção

E quem o produziu o novo registro da banda foi nada menos que Jack Douglas, à frente dos clássicos “Get Your Wings”, de 1974, “Toys In The Attic”, de ‘75, “Rocks”, de ‘76, “Draw The Line”, de ‘77, e “Rock And a Hard Place”, de ‘82. A parceria entre Tyler, nos vocais, Joe Perry, nas guitarras, Joey Kramer, nas baquetas, Tom Hamilton, no baixo, e Brad Whitford, nas guitarras, sempre rendeu bons frutos e discos de ouro e platina. Inclusive, o esperado álbum é o primeiro CD de inéditas do Aerosmith desde “Just Push Play”, de 2001. Só basta aos fãs esperar para saber se este novo trabalho será, com efeito, lendário. As músicas do álbum serão estas:01. What Could Have Been Love02. Beautiful03. Street Jesus04. Legendary Child05. Oh Yeah06. We All Fall Down07. Another Last Goodbye08. Out Go the Lights09. Love Three Times a Day (Hello Goodbye)10. Closer11. Shakey Ground12. Lover a Lot13. Freedom Fighter14. Up on the Mountain?

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Padres cantores plagiam capa dos Bealtes

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])

Depois do período de fartura da Semana Santa, não só os ovos de Páscoa e barras de chocolate entraram em promoção. Muitos artigos religiosos também ainda estão em liquidação e vários deles são postos à venda justamente nesses períodos ditos sacros. Pois bem. Em uma das inúmeras Lojas Americanas pelo país – esta em questão em Maceió, capital de Alagoas –, a Rock Meeting pôde flagrar um plágio escancarado, a um preço promocional. Uma coletânea com músicas de cunho religioso, intitulada “Erguei as Mãos”, um dos sucessos do padre Marcelo Rossi, mostra a mesma perspectiva usada para a capa de “Lei It Be”, último play dos Beatles. Há canções como a faixa-título, “O Senhor Tem Muitos Filhos”, “Mil Vezes Santo”, “Tudo É do Pai”, “Deus de Promessas”, “Autor da Fé (Noites Traiçoeiras)”, “Cura Senhor” e até um bônus track, a “Ave Maria”, de Gounod, interpretada por Agnaldo Rayol.

Coletânea de músicas religiosas teve capa inspirada – até demais – no mosaico do último álbum dos Fab Four

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Padres cantores plagiam capa dos Bealtes

‘Semelhança’

O décimo terceiro disco dos Fab Four tem John Lennon de lado, logo à esquerda, e do outro lado, Paul McCartney quase que de frente. Embaixo, Ringo Starr e George Harrison estão com os olhares para o mesmo caminho. Na capa de “Erguei as Mãos”, o 1º volume das várias compilações promovidas pela LGK Music, pode-se notar que o padre Marcelo Rossi e o padre Fábio de Melo, revelação da música católica, estão nos mesmos limiares de John e Paul. Bem como o padre Juarez de Castro e padre Antônio Maria estão para Ringo e George. No mosaico de rostos, como pano de fundo, a cor preta, também usada em “Lei It Be”, de 1970. A mesma fonte do título do CD do quarteto de Liverpool foi ‘aproveitada’ em “Erguei as Mãos”. Mas, e aí? Deixa estar?!

Coletânea de músicas religiosas teve capa inspirada – até demais – no mosaico do último álbum dos Fab Four

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Claustrofobia

Olá caros leitores da Rock Meeting. Mais uma vez venho falar um pouco sobre o que vem tocando no meu som ultimamente. Posso dizer que o Brasil têm muitas bandas de Heavy Metal que não deixam nada a desejar em relação as bandas gringas. Um bom exemplo é o Claustrofobia que surgiu em 1994 em São Paulo. O álbum deste mês é o mais recente ,“Peste”, lançado em 2011. Antes desse vieram quatro álbuns “Claustrofobia”(2000), “Trasher” (2003), “Fulminant” (2005) e “I See Red” em 2009.

A faixa título do álbum é vem logo de primeira. “Peste” é um cartão de visita de primeira qualidade para quem adora Thrash Metal e como diz a letra da música: “É pior que febre, Claustrofobia é PESTE”. Em seguida vem “Metal Maloka”, uma música com bastantes variações rítmicas, mas nada que saia da linha que a banda vem tocando e não atrapalha o segmento do álbum. A transição feita entre “Metal Maloka” e “Bastardos do Brasil” tem um cara cantando “Brasil, meu Brasil brasileiro...” e nota-se que é uma forma de protesto já que a letra que vem a

seguir é um protesto. “Nota 6,66” é uma faixa instrumental bem brasileira e com escola de samba. As guitarras não ficaram de fora e, na minha opinião, é uma maneira muito madura de se apresentar o Brasil, mostrando que o Metal pode estar ligado com a cultura do país. “Pino da Granada” é a quinta faixa e, em seguida, vem “Alegoria do Sangue”, “Bicho Humano”. “Vida de Mentira” é uma faixa que merece bastante atenção e é uma das que mais gosto, assim como “Caosfera”, a faixa que vem logo depois. “Viva” é a ultima faixa do disco e a mais curta, mas não deixa nada a desejar com relação as anteriores.

Estou viciado nesse álbum e não consigo parar de ouvir, é apertar o play e deixar tocar até o fim. As bandas brasileiras vêm se aprimorando e fazendo discos com mais qualidade tanto musical quanto sonora. Mostram todo o potencial que temos por aqui e este álbum é um bom exemplo de como se fazer Heavy Metal – independente de estilo – no Brasil e esse álbum intitulado “Peste” do Claustrofobia, eu recomendo!

Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])

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João Marcelo Cruz (@jota_m | [email protected])

The HellacoptersUltimamente tenho escutado muito uns rock’n’roll mais

garageiro. Do Hardrock ao Stoner. Umas paradas nessa linha. Daí, eu resolvi baixar uns discos aleatórios dos suecos do Hellacopters. Caíram então em minhas mãos o “Rock & Roll Is Dead (2005)” e “Supershitty to the Max! (1996)”.

Lembro muito dessa banda pela MTV, sempre gostei dos clipes, mas nunca tinha ido muito além disso. O som dos caras é bem nessa linha que falei entre Garage e Hardrock. De cara, me lembrou muito o Forgotten Boys.

O Hella infelizmente encerrou suas atividades em 2008. Porém acho que deixaram sua contribuição para o rock. Foram sete discos e inúmeros splits, eps e compilações ao longo de 14 anos de banda. Pra mim, essa banda resgata aquele famoso jargão do “bom e velho rock’n’roll”. E acho interessante que dentro da proposta de som, eles conseguem fazer um apanhando geral dentro do rock’n’roll, quero dizer, vão de uma pegada bem suja ao pop.

De refrões pegajosos a solos alucinantes, de um Punkrock barulhento aos riffs clássicos dos anos 70. Apesar de conhecer pouca coisa, achei uma banda bem completa. Coisa de quem sabe o que está fazendo. Acho que é o tipo de som que dá pra colar tranquilamente em uma festinha, agrada a gregos e troianos. É isso, keep tuned.

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Adrenaline Mob

“Adrenaline Mob é uma máfia musical do mais alto calibre”. Num primeiro momento eu diria que seria exagero. Máfia musical? Soa até engraçado. Mas se você já parou e ouviu “Omertá”, o álbum de lançamento desta banda, vai saber que não é nada exagerado falar isso. O grupo reúne os mais célebres músicos como Russell Allen (Symphony X), Mike Portnoy (ex Dream Theater) e Mike Orlando (Sonic Stomp). Sentiu o clima? O trio ainda conta com a participação do baixista John Moyer (Disturbed). O primeiro show do AMob aconteceu em junho do ano passado. Um vídeo foi gravado para promover o grupo com um cover do Black Sabbath, “The Mob Rules”. Particularmente, já estava empolgada somente com este vídeo. E em março deste ano que o full-lenght saiu e todos puderam ouvir o que Adrenaline tinha para mostrar. Não datando exatamente o período que escutei, apenas sei que gostei logo de cara. Mas só com o passar de algumas semanas é que pude desfrutar dele com mais

precisão. Desde, então, não sai da minha playlist. As letras de “Omertá” foi o que me chamou mais atenção. Não é aquele besteirol, diria que são emocionadas, em vários aspectos. Ok, são bastante agressivas! Só há duas faixas no estilo baladinha e elas são envolventes, cativantes e carregadas de emoção. O que devo salientar, e foi uma verdadeira surpresa, é a interpretação ímpar de Allen. Quem o conhece do Symphony X sabe o quanto ele é surpreendente. Mas no Adrenaline Mob ele dá um show de versatilidade. Confesso que não esperava. Russell Allen, até pelo que vi em São Luís, já havia ganhado meu respeito. Ele é realmente um vocalista de infinitas qualidades. Ele me faz sentir as canções de “Omertá”. As faixas que destaco são as cinco primeiras “Undauted”, “Psychosane”, “Indifferent”, “All on the Line” e “Hit the Wall”, além de “Down to the Floor” e “Angel Sky”. A que mais amo é “All on the Line”. É linda!!!

Pei Fon (@poifang | [email protected])

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e tanto para este que é um dos lançamentos mais comentados Brasil afora, tanto por críticos de música como por artistas.

Resenhas sobre o álbum já apareceram em edições recentes das revistas Playboy, Rolling Stone, Sexy e em listas da MTV e do comentarista do Estúdio I, da Globo News, João Paulo Cuenca, além de figurar também no site Miojo Indie, apontando-o – o álbum – como uma das melhores capas do ano de 2011.

A bem da verdade, a arte da capa – um feto desenhado em preto e branco –, idealizada pelo próprio Wado e Pedro Ivo Euzébio, talvez mostre o início de uma nova perspectiva nesse âmbito ‘internético’, já que o cantor e compositor estava meio desgostoso com o feedback da Música, seu meio de vida.

Como ele mesmo diz na música que abre o disco, em parceria com Zeca Baleiro, “há um sol suficientemente grande para todas as estrelas que aí estão e já não se faz questão, oh! Você só pode vencer a si próprio”.

Há dez faixas, onde passeia pelas nuances criadas ao lado de artistas como Marcelo Camelo, Mallu Magalhães, Curumin, Chico César, Fernando Antinelli, Fábio Goés, Alvinho Lancellotii, André Abujamra, Sonic Jr. e Aldo Jones.

“Esqueleto”, “Surdos de Escola de Samba”, “Com a Ponta dos Dedos”, “Não Para” e “Vai Ver” são os destaques do full-length, que junge afoxé, guitarras distorcidas com toque roqueiro e por vezes funkeado, pop, samba e impressões. E uma coisa é certa: esse sucessor do “Atlântico Negro”, de 2009, é uma das maiores comprovações da força da música alagoana lá fora, da poesia escondida e cândida de Wado e da chance de se ter contato com algo fora da tríade axé-forró-pagode.

Antes de mais nada – de dizer que o mais novo álbum do alagoano-catarinense Wado está entre os notáveis lançamentos do ano de 2011 –, é recomendável a você, leitor, que faça o download do CD “Samba 808”, clicando aqui.

Dessa forma, ao final do texto, o arquivo vai estar, dependendo da velocidade da internet, pelo menos na metade.

São 48,6 megabytes, com 30 minutos e 35 segundos zipados num projeto que não é tão novo assim. Vários artistas já lançaram seus compactos neste formato para download na web.

O fato é que o artista só teve apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e de seus ‘comparsas’ Dinho Zampier, nos teclados; Bruno Rodrigues, nas linhas de baixo; Vitor Peixoto, nas seis cordas; Rodrigo Peixe, nas baquetas; e Pedro Ivo Euzébio, nas programações e na bateria eletrônica TR-808, que dá, em parte, nome ao play.

Sem que nenhuma gravadora se interessasse, em se tratando de reciprocidade de ganhos, Oswaldo Schlickmann, o Wado, de 34 anos, dez deles desde seu primeiro álbum, o “Manifesto da Arte Periférica”, decidiu quebrar o paradigma do CD físico e pôs seu novo trabalho, de graça, na rede.

Em um pequeno ensaio, ele diz que “as músicas estarão editadas de forma tradicional para rádio, TV e demais mídias e irão gerar o direito autoral de praxe”.

“Desta forma, poupamos um pouco de plástico e papel, deixando o disco apenas como uma obra intelectual sem suporte fixo para se ouvir [...], uma afirmação confirmada de que fazemos isso mais por necessidade de expressão e realização pessoal que por questões de mercado”, pontua o artista.

E continua: “Baixa, deleita ou deleta, fofoca pros amigos que é bom ou ruim e convida os outros a clicarem neste borro de gêneros”. Um chamariz

WadoBreno Airan (@brenoairan | [email protected])

Márcia Cardeal

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