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1 st Joint World Congress on Groundwater 1 UMA PROPOSTA DE RISK BASED SCREENIG LEVEL (RBSL) PARA A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO UTILIZANDO O PROCEDIMENTOS RISK BASED CORRECTIVE ACTION (RBCA) - ASTM Alexandre M.S.Maximiano 1 ; Rodrigo C. A. Cunha 2 & Seiju Hassuda 1 Resumo - Nestas últimas décadas, os vazamentos de hidrocarbonetos derivados de petróleo, em postos de serviços e bases de armazenamentos de combustíveis, tem sido comumente detectados seja pelos trabalhadores destes locais ou pela população residente nas circunvizinhanças. Estes vazamentos, além de contaminar a água subterrânea, podem ainda introduzir hidrocarbonetos em edificações e utilidades públicas. Este combustível, acumulado nestes locais, coloca em risco a saúde pública, seja pela explosividade como pela toxicidade carcinogênica. Tanto nos EUA como em outros países, o processo de caracterização e remediação destas áreas era financeiramente dispendioso e, frente às centenas de milhares de áreas contaminadas existentes, somente pequena parte delas estava sendo efetivamente remediada. Como consequência deste fato, os profissionais da agência ambiental americana lançaram mão da ferramenta de Avaliação de Risco denominado Risk Assessment Guidance for Superfund (USEPA, 1989), para otimizar os investimentos, devido o grande número de áreas a serem remediadas. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo básico apresentar uma adaptação do procedimento da avaliação de risco em áreas contaminadas por hidrocarbonetos, para as condições do meio físico e fatores de exposição adequados para a Cidade de São Paulo. Especificamente, neste trabalho encontram-se apresentadas as tabelas de níveis 1 TECNOHIDRO Projetos Ambientais, Rua Botucatu, 407 C3, Vila Mariana, São Paulo, SP; CEP 04023-061, Tel/Fax: (11) 573-7174; Email: [email protected] 2 CETESB, Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345, Pinheiros, São Paulo, SP; CEP 05489-900, Tel: (11) 3030-6599; Fax: (11) 3030-6170, Email: [email protected]

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Avaliação de Risco

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  • 1st Joint World Congress on Groundwater 1

    UMA PROPOSTA DE RISK BASED SCREENIG LEVEL (RBSL) PARA A REGIO

    METROPOLITANA DE SO PAULO UTILIZANDO O PROCEDIMENTOS RISK BASED

    CORRECTIVE ACTION (RBCA) - ASTM

    Alexandre M.S.Maximiano1; Rodrigo C. A. Cunha2 & Seiju Hassuda1

    Resumo - Nestas ltimas dcadas, os vazamentos de hidrocarbonetos derivados de

    petrleo, em postos de servios e bases de armazenamentos de combustveis, tem sido

    comumente detectados seja pelos trabalhadores destes locais ou pela populao

    residente nas circunvizinhanas.

    Estes vazamentos, alm de contaminar a gua subterrnea, podem ainda introduzir

    hidrocarbonetos em edificaes e utilidades pblicas. Este combustvel, acumulado

    nestes locais, coloca em risco a sade pblica, seja pela explosividade como pela

    toxicidade carcinognica.

    Tanto nos EUA como em outros pases, o processo de caracterizao e remediao

    destas reas era financeiramente dispendioso e, frente s centenas de milhares de reas

    contaminadas existentes, somente pequena parte delas estava sendo efetivamente

    remediada. Como consequncia deste fato, os profissionais da agncia ambiental

    americana lanaram mo da ferramenta de Avaliao de Risco denominado Risk

    Assessment Guidance for Superfund (USEPA, 1989), para otimizar os investimentos,

    devido o grande nmero de reas a serem remediadas.

    Neste contexto, este trabalho tem como objetivo bsico apresentar uma adaptao

    do procedimento da avaliao de risco em reas contaminadas por hidrocarbonetos, para

    as condies do meio fsico e fatores de exposio adequados para a Cidade de So

    Paulo. Especificamente, neste trabalho encontram-se apresentadas as tabelas de nveis

    1 TECNOHIDRO Projetos Ambientais, Rua Botucatu, 407 C3, Vila Mariana, So Paulo, SP; CEP 04023-061,Tel/Fax: (11) 573-7174; Email: [email protected] CETESB, Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345, Pinheiros, So Paulo, SP; CEP 05489-900, Tel: (11)3030-6599; Fax: (11) 3030-6170, Email: [email protected]

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 2

    de concentraes aceitveis baseados nos riscos calculados especificamente para a

    Cidade de So Paulo, para o benzeno, o tolueno, o etilbenzeno e os xilenos (ismeros).

    Palavras-chave - avaliao de risco, Risk-Based Corrective Action (RBCA),

    contaminao de aquferos

    1. INTRODUO

    Os vazamentos de hidrocarbonetos derivados de petrleo a partir de tanques de

    armazenamento subterrneo de combustvel (TASC) configuram hoje um dos maiores

    problemas de contaminao ambiental urbana em muitos pases ao redor do mundo. Na

    maioria dos casos, estes tanques, alm de armazenar substncias txicas, podem

    apresentar um eventual vazamento que acarretam, a curto, mdio e longo prazo, uma

    ameaa sade humana e ao meio ambiente. Um exemplo clssico o problema gerado

    pelo vazamento em tanques de armazenamento subterrneo de combustvel de Postos

    de servio que pode, direta ou indiretamente, atingir os trabalhadores, os usurios e

    residentes nas circunvizinhanas. Estes casos de vazamentos so cada vez mais

    frequentes, principalmente nas grandes cidades.

    O gerenciamento da contaminao (caracterizao, avaliao de risco, remediao

    e monitoramento), em casos de vazamentos de hidrocarbonetos de petrleo, , em muitos

    casos, um processo que requer alto investimento financeiro e trabalhos que duram anos.

    Este fato ocorre principalmente em funo da variao frequente da geologia e

    hidrogeologia, da complexidade fsica e qumica dos contaminantes, do tipo de uso e

    ocupao do solo, dos nveis de remediao requeridos pelas legislaes e tambm da

    intensidade do risco toxicolgico que a contaminao pode gerar sobre o ser humano.

    Neste contexto, o assunto relacionado contaminao do solo e da gua

    subterrnea por hidrocarbonetos tem sido amplamente estudado por profissionais e

    instituies privadas e pblicas, envolvidos com a preservao ambiental. Entre os vrios

    temas estudados podem ser citados: a preveno e a deteco de vazamentos de

    hidrocarbonetos derivados de petrleo, o movimento do contaminante na zona no

    saturada e saturada, o risco gerado sade humana e ao meio ambiente e as formas de

    remediao da contaminao.

    Atualmente, nos Estados Unidos, no Canad e nos pases europeus, a tcnica de

    avaliao de risco tm sido amplamente utilizada com o propsito de quantificar a

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 3

    possibilidade da ocorrncia de efeitos txicos sade humana, confrontando-se

    concentraes tericas aceitveis de determinados compostos qumicos com as

    informaes toxicolgicas. A metodologia como o Risk Assessment Guidance for

    Superfund (USEPA, 1989) desenvolvida pela agncia de proteo ambiental norte-

    americana (USEPA), est disponvel para prognosticar a exposio humana s

    substncias presentes em reas contaminadas, utilizando-se de informaes

    toxicolgicas disponveis em bancos de dados gerados por organizaes ligadas sade

    humana e ao meio ambiente.

    Recentemente, nos anos 90, as metodologias de Criao de Decises Baseadas no

    Risco (Risk-Based Decision Making - RBDM) tm sido desenvolvidas para associar a

    caracterizao especfica da rea de interesse com a avaliao de risco em reas

    contaminadas, com o intuito de identificar as aes corretivas mais eficientes, no que diz

    respeito otimizao de alocao de recursos financeiros e minimizao do risco sade

    humana e ao meio ambiente. O uso de metodologias como o RBDM conduz a solues

    com melhor relao custo-eficincia e permite que as agncias ambientais, distribuidoras

    de combustveis e a sociedade concentrem o esforo tcnico e o financeiro em reas de

    maior risco potencial.

    A metodologia Risk-Based Corrective Action (RBCA), desenvolvida pela American

    Society for Testing and Material (ASTM), um procedimento de Criao de Decises

    Baseadas no Risco que integra as seguintes etapas de trabalho: procedimentos de

    avaliao de risco desenvolvidos pela United States Environmental Protection Agency

    (USEPA), procedimentos tradicionais de caracterizao de reas contaminadas,

    procedimentos de modelos matemticos analticos e procedimentos de critrios para a

    seleo de tcnicas de remediao. O conjunto destes procedimentos permitem acelerar

    e otimizar o processo de gerenciamento de locais contaminados por compostos

    orgnicos, reduzindo-se assim os custos de implantao de tecnologias de remediao.

    Dessa forma, atualmente, os procedimentos de avaliao de risco so intensamente

    utilizadas para subsidiar as decises relacionadas alocao de recursos, s formas de

    aes corretivas, aos nveis de remediao aceitveis e s tcnicas de remediao a

    serem selecionadas.

    2. OBJETIVO

    O presente trabalho tem como objetivo bsico apresentar uma adaptao do

    procedimento da avaliao de risco em Postos de servio, para as condies do meio

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 4

    fsico existentes no municpio de So Paulo. Dessa forma, o objetivo especfico do

    trabalho consistiu em:

    Propor tabelas de nveis de concentraes aceitveis baseados nos riscoscalculados especificamente para a Cidade de So Paulo, para o benzeno, o

    tolueno, o etilbenzeno e os xilenos (ismeros).

    Vale ressaltar que as tabelas de nveis de concentraes utilizadas at o momento

    no municpio de So Paulo tem, como origem, as condies do meio-fsico norte-

    americano. Portanto, as avaliaes de risco praticadas at o momento apresentam uma

    distoro em relao s condies de ocorrncia do solo e da geologia no municpio de

    So Paulo.

    3. FUNDAMENTAO TERICA

    A anlise de risco uma ferramenta utilizada para estimar o perigo sade humana

    e ao meio ambiente que um determinado resduo perigoso pode causar em determinadas

    situaes, bem como para a tomada de decises, para a definio de aes e metas de

    remediao e para a avaliao de reas contaminadas (LaGrega et al., 1994).

    Segundo a USEPA (1989), o processo de anlise de risco, em linhas gerais, possui

    quatro etapas definidas: a coleta e a avaliao de dados, a anlise da exposio, a

    anlise da toxicidade e a caracterizao do risco. A Figura 1 mostra o fluxograma das

    interaes entre as diferentes etapas da anlise de risco.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 5

    FIGURA 1. Fluxograma de interaes entre as etapas da Anlise de Risco (USEPA,

    1989)

    O Risk-Based Corretive Action (RBCA) um procedimento eficiente de criao de

    decises baseadas no risco, desenvolvido pela American Society for Testing and

    Materials (ASTM) para as reas com problemas de contaminao por hidrocarbonetos

    derivados de petrleo. Alm disso, vale ressatar que o RBCA pode tambm ser utilizado

    para outros contaminantes orgnicos.

    O RBCA foi desenvolvido levando-se em conta os elementos tradicionais

    encontrados nos modelos de anlise de risco existentes (coleta e avaliao de dados,

    anlise de exposio, anlise de toxicidade e caracterizao do risco) e por este motivo,

    seus procedimentos esto de acordo com os propostos pela USEPA (1989).

    O RBCA integra as caractersticas do contaminante (mobilidade, solubilidade,

    volatilizao, etc.), do meio impactado (porosidade, gradiente hidrulico e condutividade

    hidrlica, etc.), dos caminhos (gua subterrnea, solo superficial, solo subsuperficial e ar),

    das vias de exposio (ingesto, inalao e contato drmico) e das populaes

    receptoras potenciais. Para tanto, o RBCA utiliza o modelo de anlise de risco, a anlise

    de exposio e os modelos de transporte de massa, tanto em meio saturado como o no-

    saturado.

    C o le ta e Ava lia o d e Da d o sTra ta m e nto e a n lises d ed a d o s esp e c ifc o s d a rea

    Id e ntific a o d e c o m p o stosq um ic o s d e inte resse

    An lise de Exp o si o

    An lise d e vaza m e nto d ec o n ta m inantesId e ntific a o d a s exp o si e s d ep o luentesIdent ific a o d a s exp o si e s d o sc a m inhos p o tenc ia is

    Estim a tiva d a d o se d e ing resso d ec o nta m inantes p o r c a m inho

    Estim a tiva d a c o nc e ntra o d ee xp o si e s p a ra c a d a c a m inho

    An lise d e To xic id a d e

    C o le ta q uantitat iva e q ua lita tivad e info rm a e s so b re to xic id a d e

    De te rm ina o d e va lo res d eto xic id a d e

    C a ra c teriza o d o Risc o

    C lc u lo d o s se g uinte s p o te n c ia is:-Estim a tivas d e risc o s p a ra c o m p o sto sc a rc inog n ic o s

    -Estim a tiva d o c o e fic ien te de Risc o p a rac o m p o stos n o c a rc inog n ic o s

    Ava lia o d a inc e rteza Resum o d e info rm a e s d e risc o s

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 6

    No RBCA, o processo de anlise de risco baseia-se em trs estgios de coleta,

    tratamento e interpretao dos dados, a saber: Tier 1, Tier 2 e Tier 3. Estes estgios

    tornam-se progressivamente mais especficos e complexos a medida que o estudo sobre

    a rea e o contaminante desenvolvido.

    A passagem de um estgio para o outro de maior complexidade depende da anlise

    dos resultados e recomendaes ao final de cada estgio. Em cada mudana de estgio

    so avaliadas as metas de remediao propostas, tanto em relao viabilidade de

    execuo tcnica como em relao ao custo-benefcio.

    No primeiro estgio de avaliao, Tier 1, os nveis de concentrao observados nos

    pontos de exposio so comparados com valores aceitveis de concentrao.

    Vale ressaltar que estes valores so extremamente conservativos, genricos e,

    algumas vezes, esto at fora da realidade da rea em estudo.

    Os valores para a avaliao do Tier 1, chamados RBSL (Risk-Based Screening

    Level), so obtidos por meio de equaes analticas que utilizam, para os parmetros

    analisados, valores regionais no especficos da rea. Estes valores so resumidos em

    tabelas, chamadas Look-Up tables, que relacionam as vias de ingresso, os caminhos de

    exposio e de transporte, o contaminante e as suas concentraes tericas aceitveis.

    Estas tabelas devem ser elaboradas utilizando-se os valores especficos de cada regio

    onde o RBCA ser aplicado. Na elaborao dessa tabela devem ser considerados, por

    exemplo, os tipos de sedimentos e das rochas, o nvel dgua, a porosidade efetiva, a

    condutividade hidrulica, o contedo de carbono orgnico no solo, entre outros. Dessa

    forma, certamente a tabela para valores de RBSL do Estado do Rio de Janeiro, por

    exemplo, ser diferente da tabela para o Estado de So Paulo, que por sua vez ser

    diferente da tabela para o Rio Grande do Norte.

    Neste estgio so elaborados cenrios de exposio para todos os receptores

    identificados dentro e fora da rea onde ocorreu o vazamento. Entretanto, a avaliao

    feita para todos os receptores identificados dentro dos limites fsicos do posto de servio.

    A avaliao dos receptores fora dos limites fsicos do posto de servio realizado nos

    estgios Tier 2 e Tier 3.

    4. METODOLOGIA

    Para a elaborao da tabela de RBSL para o municpio de So Paulo foram

    consideradas basicamente os relatrios, referentes a diagnstico, a avaliao de risco e a

    remediao dos postos de servios que apresentaram vazamentos, submetidos pelas

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 7

    empresas de consultoria para a CETESB, e as informaes existentes na literatura

    geolgica e agronmica. Assim, para a elaborao das tabelas de RBSL foram

    consideradas as quatro etapas descritas a seguir.

    4.1. LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE POSTOS DE SERVIO NA CIDADE DE

    SO PAULO

    Nesta etapa foram considerados somente os Postos de servio da Cidade de So

    Paulo que foram ou so acompanhados pela CETESB. Nestes postos de servio foram

    levantadas basicamente trs tipos de informaes:

    Elementos sobre as instalaes dos Postos de servio; Caractersticas dos residentes e dos usurios das circunvizinhanas dos Postos de

    servio;

    Caractersticas da contaminao e do meio fsico na rea de interesse.

    Estas informaes foram obtidas basicamente a partir dos relatrios que

    acompanham os processos de cada posto de servico, de posse da CETESB. De uma

    maneira geral, estes processos contm informaes sobre o acompanhamento do

    vazamento, que realizado pelos tcnicos do DDAA (Equipe de Implantao e Avaliao

    de Tecnologias DPEI / CETESB), e os relatrios de caracterizao da contaminao e

    da remoo da fase livre, que normalmente so elaborados pelas empresas de

    consultoria. Estas usualmente so contratadas pelas distribuidoras de combustvel ou

    pelos postos de servio de bandeira branca (sem vnculo com uma bandeira especfica).

    Na anlise dos processos observou-se que em alguns deles no possvel obter

    todas as informaes desejveis. Por exemplo, alguns processos apresentam apenas

    informaes burocrticas iniciais e no possuem relatrios de caracterizao. Em outros,

    mesmo a rea estando em fase de remediao, no possui relatrios de caracterizao.

    Para os postos de servio que possuam relatrios de caracterizao, foram

    analisadas e planilhadas as informaes a partir dos seguintes documentos: mapa

    topogrfico do posto, mapa geolgico local e regional, mapa potenciomtrico, mapa das

    instalaes do posto, mapa das reas prximas, perfis litolgico e construtivo dos poos

    de monitoramento, perfis das sondagens, mapa de locao das sondagens e poos,

    sees hidrogeolgicas, tabelas de dados sobre teste de bombeamento ou slug-test ,

    tabelas das medidas de nvel dgua e laudos dos testes de estanqueidade executados

    nos equipamentos do posto.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 8

    Aps a organizao das informaes obtidas nos processos, a planilhas foram

    checadas e complementadas por meio de entrevistas com os tcnicos do DDAA-CETESB

    e de visitas a cada um dos postos. As visitas realizadas objetivaram principalmente obter

    informaes sobre o uso e ocupao das reas prximas aos postos, isto porque, estas

    informaes no existiam ou eram precrias na maioria dos processos.

    4.2. IDENTIFICAO DOS CENRIOS DE EXPOSIO MAIS APROPRIADOS PARA

    A CIDADE DE SO PAULO

    Para a elaborao de cenrios de exposio foram considerados basicamente as

    fontes de contaminao, os caminhos de exposio e os receptores que esto presentes,

    tanto na rea do posto como fora dela.

    Para as fontes de contaminao foram consideradas as seguintes informaes: o

    volume e o tipo de combustvel estocado, o tipo e o local do vazamento, a estanqueidade

    dos equipamentos e o combustvel envolvido no vazamento. No tratamento estatstico dos

    dados priorizou-se principalmente a identificao dos principas combustveis vazados e

    os equipamentos que proporcionaram vazamentos mais frequentes.

    Para os caminhos de exposio procurou-se identificar os meios que transportam o

    contaminante, tendo, como origem, a fonte de contaminao e, como fim, o receptor. Os

    receptores identificados foram aqueles que esto localizados dentro dos Postos de

    Servio e que utilizam as reas das circunvizinhanas, sejam residentes ou trabalhadores.

    Vale ressaltar que, foram considerados como receptores reais somente aqueles

    indivduos que foram ou esto expostos direta ou indiretamente ao contaminante

    originado do vazamento do Auto posto, apresentando desta forma, o risco sade

    humana.

    A identificao das fontes, dos caminhos e dos receptores possibilitou o

    estabelecimento de cenrios que por sua vez representam o modelo conceitual de

    exposio especfico para a Cidade de So Paulo.

    4.3. OBTENO DE VALORES PARA OS PARMETROS ESPECFICOS PARA A

    CIDADE DE SO PAULO

    Nesta etapa foram tratadas as informaes sobre o meio fsico onde esto

    localizados os postos de servio estudados. O meio fsico foi considerado com o intuito de

    estabelecer valores especficos para a Cidade de So Paulo, e vale ressaltar que, estes

    valores representam a essncia da contribuio cientfica deste trabalho.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 9

    Os parmetros do meio fsico que foram considerados para esta etapa foram:

    condutividade hidrulica, gradiente hidrulico, profundidade do nvel dgua, frao de

    carbono orgnico no solo, porosidade total, porosidade efetiva, comprimento longitudinal

    da fase retida ou dissolvida.

    Para cada parmetro listado acima foi calculada a mediana e obteve-se tambm o

    menor e o maior valor. Para que as informaes fossem classificadas por unidade

    geolgica, os postos foram locados em um mapa geolgico. A geologia identificada no

    mapa foi checada com as descries dos perfis de sondagens e dos poos de

    monitoramento obtidos nos processos da CETESB. Desta forma, obteve-se a

    correspondncia entre o valor calculado e a unidade geolgica especfica.

    4.4. CLCULO DOS RBSL

    As informaes obtidas nas etapas anteriores possibilitaram o clculo dos nveis de

    concentrao aceitveis baseados nos riscos especficos para a Cidade de So Paulo,

    estes valores foram obtidos a partir dos cenrios mais representativos elaborados e dos

    valores especficos calculados neste trabalho.

    As tabelas 1 e 2 apresentam, respectivamente, as equaes utilizadas para o

    clculo dos RBSL para compostos carcinognicos e no carcinognicos de interesse.

    Estas equaes so propostas por ASTM (1995), ASTM (1998) e utilizadas tambm pelo

    Groundwater Services (1995). Este ltimo autor elaborou o software RBCA Tool Kit e o

    RBCA Chemical Releases, que amplamente utilizado no pas para a avaliao de risco

    em Postos de Servio.

    Vale ressaltar que, para o clculo do RBSL para inalao de vapores (primeiro item

    das tabelas 1 e 2), apesar das frmulas serem idnticas para ambientes abertos e

    fechados, foi utilizada a taxa de inalao diria especfica para cada caso.

    Para cada composto de interesse foi elaborada uma tabela de RBSL considerando-

    se todos os cenrios de exposio definidos e tambm os valores especficos para as

    unidades geolgicas de interesse: quaternrio, tercirio e alterao do embasamento.

    Para o clculo dos Fatores de Volatilizao/Lixiviao e Coeficientes de Difuso Efetiva,

    foram utilizadas a equaes propostas pela ASTM (1995).

    CENRIO DE EXPOSIO COMPOSTOS CARCINOGNICOS

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 10

    INALAO DE VAPORES EM AMBIENTES

    FECHADOS OU AMBIENTES ABERTOS EDEFIRSFmg

    ganodiasATBWTR

    armgRBSL

    ar

    c

    ar

    =

    -

    mm

    3

    3

    10365

    INGESTO DE GUA SUBTERRNEA

    EDEFIRSFanodiasATBWTR

    guaLmgRBSL

    w

    c

    w

    =

    -

    365

    INALAO DE VAPORES EM AMBIENTES

    ABERTOS A PARTIR DO SOLO

    SUBSUPERFICIALg

    mgVF

    armg

    RBSL

    solokgmg

    RBSLsamb

    ar

    aramb m

    m3

    3

    10-

    -=

    -

    INALAO DE VAPORES EM AMBIENTES

    FECHADOS A PARTIR DO SOLO

    SUBSUPERFICIAL gmg

    VFarm

    gRBSL

    solokgmg

    RBSLsesp

    ar

    aresp m

    m3

    3

    10-

    -=

    -

    INALAO, CONTATO DRMICO E INGESTO

    A PARTIR DO SOLO SUPERFICIAL ( ) ( )( )

    ++

    =

    - - PEFVFIRSFRAFMSARAFIRmgkg

    SFEDEF

    anodias

    ATBWTR

    solokgg

    RBSL

    ssaridsolo

    c

    S

    06

    0 10

    365m

    INGESTO DE GUA SUBTERRNEA A

    PARTIR DA LIXIVIAO DO SOLO

    SUBSUPERFICIALLDF

    KOHL

    mgRBSL

    solokgmg

    RBSLsw

    w

    ws

    -=

    -2

    INALAO DE VAPORES A PARTIR DA GUA

    SUBTERRNEA EM AMBIENTES ABERTOSg

    mgVF

    armgRBSL

    guaLmgRBSL

    wamb

    ar

    wamb m

    m3

    3

    10 -

    -=

    -

    INALAO DE VAPORES A PARTIR DA GUA

    SUBTERRNEA EM AMBIENTES FECHADOSg

    mgVF

    armg

    RBSL

    guaLmg

    RBSLwesp

    ar

    wesp m

    m3

    3

    10-

    -=

    -

    TABELA 1. Equaes para o clculo de RBSL para compostos carcinognicos

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 11

    CENRIO DE EXPOSIO COMPOSTOS NO CARCINOGNICOS

    INALAO DE VAPORES EM AMBIENTES

    FECHADOS OU AMBIENTES ABERTOS RBSLg

    m ar

    THQ RfD BW ATdiasano

    gmg

    IR EF EDari n

    ar

    mm

    3

    3365 10

    -

    =

    INGESTO DE GUA SUBTERRNEA

    EDEFIRanodias

    ATBWRfDTHQ

    guaLmg

    RBSLw

    n

    w

    =

    -

    3650

    INALAO DE VAPORES EM AMBIENTES

    ABERTOS A PARTIR DO SOLO

    SUBSUPERFICIAL gmg

    VFarm

    gRBSL

    solokgmg

    RBSLsamb

    ar

    aramb m

    m3

    3

    10-

    -=

    -

    INALAO DE VAPORES EM AMBIENTES

    FECHADOS A PARTIR DO SOLO

    SUBSUPERFICIAL gmg

    VFarm

    gRBSL

    solokgmg

    RBSLsesp

    ar

    aresp m

    m3

    3

    10-

    -=

    -

    INALAO, CONTATO DRMICO E INGESTO

    A PARTIR DO SOLO SUPERFICIAL ( ) ( )( )i

    ssardsolo

    n

    s

    RfDPEFVFIR

    RfD

    RAFMSARAFIRmgkg

    EDEF

    anodias

    ATBWTHQ

    solokgg

    RBSL

    ++

    +

    =

    - -

    0

    0610

    365m

    INGESTO DE GUA SUBTERRNEA A

    PARTIR DA LIXIVIAO DO SOLO

    SUBSUPERFICIALLDF

    KOHL

    mgRBSL

    solokgmg

    RBSLsw

    w

    ws

    -=

    -2

    INALAO DE VAPORES A PARTIR DA GUA

    SUBTERRNEA EM AMBIENTES ABERTOSg

    mgVF

    armgRBSL

    guaLmgRBSL

    wamb

    ar

    wamb m

    m3

    3

    10 -

    -=

    -

    INALAO DE VAPORES A PARTIR DA GUA

    SUBTERRNEA EM AMBIENTES FECHADOSg

    mgVF

    armg

    RBSL

    guaLmg

    RBSLwesp

    ar

    wesp m

    m3

    3

    10-

    -=

    -

    ONDE: ED - Durao da exposio; ATc - Tempo mdio para efeitos carcinognicos; ATn - Tempo mdio

    para efeitos no carcinognicos; BW Massa corprea; ET Tempo de Exposio; EF - Freqncia da

    exposio; IRS - Taxa de ingesto de solo; IRaesp - Taxa de inalao diria em ambientes fechados; IRaamb -

    Taxa de inalao diria em ambientes abertos; IRW - Taxa de ingesto diria de gua; AF - Fator de

    aderncia do solo na pele; SA - rea superficial da pele; THQ - Quociente de Periculosidade aceitvel; TR -

    Menor Risco carcinognico aceitvel; RfDo Dose de Referncia via Oral; RfDi Dose de Referncia via

    Inalao;RfDd Dose de Referncia via contato dermal; SF Fator de carcinogenicidade; PEF Fator de

    Emisso de Partculas do Solo; VFsamb Fator de Volatilizao entre Solo Contaminado e Espaos Abertos;

    VFsesp - Fator de Volatilizao entre Solo Contaminado e Espaos Fechados; VFss Fator de Volatilizao

    do Solo Superficial Contaminado; Ksw - Fator de Partio Fase Retida-gua Intersticial do Solo; VFwesp -

    Fator de Volatilizao entre a gua Subterrnea Contaminada e Espaos Fechados; VFwamb - Fator de

    Volatilizao entre a gua Subterrnea Contaminada e Espaos Abertos.

    TABELA 2. Equaes para o clculo de RBSL para compostos no carcinognicos

    5. RESULTADOS

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 12

    Para o desenvolvimento deste trabalho, entre o perodo de julho de 1997 a

    setembro de 1998, foram estudados 82 processos da CETESB. Estes processos,

    conforme descrito anteriormente, continham basicamente informaes tcnicas sobre a

    ocorrncia de vazamentos de combustveis em Postos de Servio na Cidade de So

    Paulo. Alm da anlise de cada processo houve tambm visitas em cada um dos postos

    para obter informaes complementares.

    As informaes obtidas pela anlise dos processos, complementadas com as

    campanhas de campo, foram agrupadas da seguinte forma: grupo de dados sobre as

    instalaes dos Postos de servio, grupo de dados sobre as regies circunvizinhas aos

    Postos de servio e grupo de dados sobre o meio fsico e a ocorrncia do vazamento do

    combustvel.

    5.1. DADOS SOBRE AS INSTALAES DOS POSTOS DE SERVIO

    Para este estudo foram considerados como equipamentos de armazenamento e

    distribuio de combustveis, os tanques de armazenamento subterrneo de combustvel

    (TASC), as linhas de distribuio e as bombas de abastecimento.

    No total foram identificados 437 TASCs nos Postos de servio que estavam

    instalados at o evento dos vazamentos. Destes, um total de 376 unidades tinha

    capacidade de armazenamento de 15.000 litros, 50 de 10.000 litros, 3 de 12.000 litros, 2

    de 5.000 litros e 3 de 20.000 litros, totalizando uma capacidade de 6.246.000 litros. Dos

    437 TASCs identificados, 83 apresentaram vazamentos devido a furos e/ou fendas.

    Nestes, 69 tanques tinham uma capacidade de 15.000 litros, 12 de 10.000 litros e 1 de

    20.000 litros. Os combustveis armazenados nestes tanques eram basicamente a

    gasolina, o diesel e o lcool.

    Nos postos estudados, na poca dos vazamentos, a gasolina era estocada em 230

    tanques, que representam 52,63 % do total. Destes, um total de 52 (22,60%) tanques

    apresentaram vazamentos. O diesel era estocado em um total de 50 tanques (11,44 % do

    total), sendo que 8 (16,00%) apresentaram vazamentos. O lcool representa 157 tanques

    (35,93 % do total) e deste total, 23 (14,65%) apresentaram vazamentos.

    Outro tipo de problema identificado foram os vazamentos nos respiros dos tanques,

    que somaram um total de 40 ocorrncias. Vale ressaltar que uma parte dos vazamentos

    em respiros ocorreu simultaneamente com os vazamentos nos TASC, em funo da

    presena de furos ou fendas (20 ocorrncias). O restante foram ocorrncias isoladas nos

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 13

    respiros, somando um total de 20 casos. Destes, 12 casos ocorreram em respiros de

    TASC de gasolina, 6 de lcool e 2 de diesel.

    Alm disso, foram identificados tambm 24 vazamentos em bombas de gasolina, 6

    em bombas de diesel, 6 em bombas de lcool e 4 vazamentos em linhas de distribuio

    de gasolina.

    Neste contexto, como sntese da ocorrncia dos vazamentos pode-se afirmar que a

    gasolina o produto que apresenta maior nmero de vazamentos, atravs dos furos e

    fendas.

    Alm disso, atravs da visita aos postos foi identificado o estado de conservao

    dos pavimentos. Na Tabela 3 encontra-se apresentada a classificao do pavimento em

    funo de seu estado de conservao.

    CONSERVAO QUANTIDADEDE POSTOS CRITRIO

    BOA 28 Ausncia de rachaduras e buracos

    REGULAR 36 Presena de rachaduras e buracos sem a exposio do solo

    RUIM 18 Presena de rachaduras e buracos com a exposio do solo

    TABELA 3. Classificao do pavimento em funo do estado de conservao

    Outra informao importante que foi avaliada a rea mdia dos Postos de servio.

    Neste estudo foi considerada como rea total de um Posto de Servio, a soma das reas

    do ptio de abastecimento, dos escritrios, da loja de convenincia, do local de manobras,

    dos boxes de lavagem e troca de leo, e dos estacionamentos e/ou garagens. Dos 82

    postos estudados, um nmero total de 59 possua informao sobre a rea total. Destes,

    47 postos (79,66%) possuem rea entre 100 e 1.000 m2, 7 (11,86%) entre 1.000 e 2.000

    m2, 3 (5,08%) entre 2.000 e 3.000 m2 e 2 (3,38%) entre 3.000 e 4.000 m2. A menor rea

    total obtida foi de 105 m2 e a maior de 4.000 m2. A mediana dos valores da rea total de

    600 m2.

    5.2 DADOS SOBRE O ENTORNO DOS POSTOS DE SERVIO

    Para o levantamento do uso e ocupao do entorno dos 82 postos foi adotado um

    raio de estudo de 150 metros a partir do posto de interesse. As informaes consideradas

    relevantes foram: tipo de ocupao, densidade da ocupao, distncia da edificao mais

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 14

    prxima ao posto, zona de localizao e quantidade de edificaes. Tambm foi feito um

    cadastro das interferncias prximas aos postos.

    Para que fosse possvel identificar a distribuio dos postos estudados na cidade de

    So Paulo foi utilizado o mesmo zoneamento utilizado pela Prefeitura de So Paulo: zona

    central, zona centro expandido e zona perifrica. A zona central compreende todos os

    bairros que esto dentro do Mini-Anel Virio, a zona centro expandido engloba os bairros

    entre o Mini-Anel Virio e o Anel Virio Metropolitano, e a zona perifrica toda regio

    fora do permetro do Anel Virio Metropolitano. A avaliao dos 82 poos estudados

    permitiu a seguinte classificao: 37 postos encontram-se na zona central, 9 esto na

    zona centro expandido e 36 na zona perifrica. Alm disso, observou-se que 90,24% (74

    postos) dos postos esto situados em regies de alta ocupao. Destes, um total de

    47,56% (39 postos) encontra-se em locais com um nmero de edificaes superior a 200

    prdios. Vale ressaltar ainda que, em 78 dos 82 casos estudados, as edificaes

    encontram-se construdas como um vizinho imediato do posto.

    Na Tabela 4 encontra-se apresentada a classificao dos postos em funo do tipo

    de uso do solo.

    TIPO DE USO DO SOLO QUANTIDADE DE POSTOS

    RESIDENCIAL 11

    COMERCIAL 14

    RESIDENCIAL/COMERCIAL 57

    TABELA 4. Quantidade de postos por tipo de uso do solo

    5.3. DADOS SOBRE O MEIO FSICO

    A rea de estudo encontra-se inserida na Regio Metropolitana de So Paulo

    (RMSP), a qual encontra-se assentada sobre os terrenos sedimentares de idade

    Cenozica, compreendendo os depsitos Tercirios da Bacia de So Paulo e as

    coberturas aluviais mais recentes, de idade quaternria. Sob estes sedimentos ocorrem

    as rochas cristalinas do embasamento, sendo que estas rochas gneas e metamrficas

    afloram na pores marginais da Bacia Sedimentar(SABESP-CEPAS/IG-USP, 1994).

    O quadro litoestratigrfico dos depsitos sedimentares da Bacia de So Paulo

    compreende, basicamente, uma seqncia basal com as Formaes Resende,

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 15

    Trememb e So Paulo, reunidas no Grupo Taubat, recobertas, de forma discordante,

    pela Formao Itaquaquecetuba (Riccomini, 1989).

    A Bacia de So Paulo hoje entendida como uma das unidades integrantes do Rift

    Continental do Sudeste do Brasil-RCSB (Riccomini, 1989). O segmento do RCSB que

    compreende as Bacias de So Paulo, Taubat, Resende e Volta Redonda foi objeto de

    estudo de Riccomini (1989), que tentou estabelecer as relaes entre a tectnica e a

    sedimentao nessas bacias. Trabalhos como os desenvolvidos por Riccomini (1989),

    Riccomini & Coimbra (1992) e Riccomini et al., (1992), evidenciam a relao tectono-

    sedimentar existente entre as bacias de So Paulo e Taubat. Essa relao

    particularmente importante para o presente estudo porque esta correlao estabelecida

    pelos autores acima citados foi extrapolada para o interesse deste trabalho. Na prtica,

    em funo da similaridade entre as duas bacias, algumas informaes existentes da

    Bacia de Taubat foram transferidas para a Bacia de So Paulo. Um exemplo desta

    situao o trabalho sobre classificao dos solos desenvolvido pelo Instituto

    Agronmico do Estado de So Paulo (Russo et al., 1961), na Bacia de Taubat. Deste

    trabalho foram extrados os valores estatsticos de densidade, porosidade total, umidade e

    frao de carbono orgnico do solo.

    A base geolgica adotada para o presente estudo foi o mapa geolgico da RMSP,

    denominado Diagnstico Hidrogeolgico da Regio Metropolitana de So Paulo,

    compilado na escala 1:50.000 (SABESP-CEPAS/IG-USP, 1994).

    Para certificar a classificao da unidade geolgica correta por Postos de servio,

    foram utilizadas como documento de apoio, as descries das sondagens a trado

    encontradas nos processos estudados na CETESB. Assim, observa-se que, 46,34% dos

    postos estudados esto localizados em sedimentos tercirios, 39,02% no quaternrio e

    14,63% localizados no embasamento cristalino.

    Nos 82 postos estudados encontram-se instalados 566 poos. Estes possuem a

    funo bsica de realizar o monitoramento da contaminao, o bombeamento da fase

    livre e a reinjeo da gua tratada. Nestes poos foram efetuadas medies de nvel

    dgua e executados Slug-tests para a determinao da condutividade hidrulica do local,

    pelas empresas de consultorias. Como resultado, obteve-se valores de nvel dgua (N.A.)

    para 477 poos e condutividade hidrulica (K) para 169. A Tabela 5 sintetiza as

    informaes sobre o nvel dgua e a condutividade hidrulica obtidas nos trabalhos de

    caracterizao dos Postos de servio.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 16

    IDADE

    GEOLGICAFORMAO

    POOS COMMEDIDA DE

    N.A.

    POOS COMMEDIDA DE K

    N.A. PORFORMAO

    (m)

    K PORFORMAO

    (cm/s)

    N.A PORIDADE

    GEO.(m)

    K PORIDADE

    GEO.(cm/s)

    QUATERNRIO Qa 206 84 2,44 1,77E-5 2,44 1,77E-5

    Osp 52 11 2,38 1,50E-5

    Orl 149 52 2,78 4,64E-5TERCIRIO

    Orf 15 3 1,13 1,20E-42,10 6,05E-5

    Pef 0 0 - -

    Peq 0 0 - -

    Pex 0 4 - 1,12E-3

    Peg 5 2 1,63 5,24E-5

    Pego 39 13 3,03 6,72E-7

    Pegn 0 0 - -

    Pea 0 0 - -

    PROTEROZICO

    Pec 11 0 5,12 -

    3,26 3,91E-4

    OBS.: foi utilizada a mediana para o clculo dos valores por formao e idade geolgica

    TABELA 5.Nvel dgua e Condutividade Hidrulica por Formao Geolgica

    Alm disso, para o gradiente hidrulico foram obtidos valores para 36 postos, dos 82

    postos acompanhados pela CETESB. Atravs desta informao no foi possvel

    estabelecer uma correlao entre a declividade do nvel dgua observada no campo com

    a formao geolgica identificada nos postos. Este fato deve ser consequncia do

    pequeno universo de dados que, por sua vez, no permite uma avaliao estatstica

    adequada. Desta forma, foi assumido para o clculo das tabelas de risco, o maior valor

    obtido de gradiente, ou seja, o valor conservativo de 0,18.

    Com o intuito de obter valores representativos para a densidade, a porosidade total,

    a umidade e a frao de carbono orgnico para os solos encontrados na Cidade de So

    Paulo, foi realizada uma compilao dos dados encontrados no estudo desenvolvido pelo

    Instituto Agronmico do Estado de So Paulo (Russo et al., 1961) para solos da Bacia de

    Taubat. Neste estudo, o solo classificado em funo das suas caractersticas fsicas e

    qumicas. Nele encontram-se apresentadas anlises de 296 amostras de solo do

    quaternrio, 339 do tercirio e 70 da alterao do embasamento. A Tabela 6 sintetiza o

    valores estatsticos dos solos da Bacia de Taubat.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 17

    IDADE GEOLGICAPARMETRO

    QUATERNRIO TERCIRIO PROTEROZICO

    MEDIANA 1,22 1,28 1,26

    MDIA 1,09 1,28 1,29

    MXIMO 2,63 2,61 1,57DENSIDADE

    MNIMO 0,02 0,27 1,00

    MEDIANA 0,4580 0,4585 0,4560

    MDIA 0,4655 0,4596 0,4509

    MXIMO 0,8270 0,6440 0,6270

    POROSIDADETOTAL

    (%)MNIMO 0,3060 0,2870 0,3840

    MEDIANA 0,3300 0,2200 0,2550

    MDIA 0,3141 0,2302 0,2630

    MXIMO 0,7300 0,5800 0,5600UMIDADE

    (%)MNIMO 0,0300 0,0300 0,1800

    MEDIANA 0,0077 0,0085 0,0092

    MDIA 0,0644 0,0108 0,0112

    MXIMO 0,7111 0,0475 0,0496

    FRAO DECARBONOORGANICO

    MNIMO 0,0008 0,0010 0,0018

    TABELA 6. Densidade, Porosidade Total, Umidade e Frao de Carbono Orgnico por

    Idade Geolgica (baseado em Russo et al., 1961)

    5.4. ELABORAO DAS TABELAS DE NVEIS DE CONCENTRAES ACEITVEIS

    BASEADOS NO RISCO (RBSL)

    Uma tabela de nveis aceitveis baseados no risco (RBSL) deve relacionar as

    concentraes calculadas que ofeream um risco aceitvel para cada um dos cenrios de

    exposio possveis de uma determinada regio (ASTM, 1998). Desta forma, para a

    elaborao desta tabela para a Cidade de So Paulo, considerou-se os seguintes itens:

    os cenrios de exposio possveis de serem encontrados na Cidade de So Paulo, todos

    os compostos qumicos de interesse para os vazamentos na Cidade de So Paulo, os

    parmetros do meio fsico especficos para a Cidade de So Paulo e os fatores de

    exposio adequados para a Cidade de So Paulo.

    5.4.1. CENRIOS DE EXPOSIO PARA A CIDADE DE SO PAULO

    As informaes sobre os vazamentos indicaram que os postos estudados

    apresentaram vazamentos nos seguintes itens: TASC, respiros, linhas de distribuio e

    bombas. Estas quatro formas de vazamentos caracterizam-se como fontes primrias de

    contaminao e podem ser agrupadas em funo da regio da subsuperfcie que foi

    afetada. Os vazamentos em TASC atingem principalmente o solo subsuperficial e,

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 18

    frequentemente, a gua subterrnea, enquanto que vazamentos nos respiros, linhas e

    bombas atingem constantemente o solo superficial e, secundariamente, o solo

    subsuperficial e a gua subterrnea.

    Alm disso, neste estudo est sendo considerada como fonte secundria, a

    existncia de um contaminante em um meio, que posteriormente pode ser transferido

    para um outro meio, ou ainda, quando ele sofre a mudana de um estado fsico para

    outro. Por exemplo, a transferncia de uma fase retida no solo, do composto de interesse,

    para uma outra fase vapor em uma determinada regio do subsolo, pode representar a

    presena de uma fonte secundria. Por conseguinte, a trajetria onde ocorre a

    transferncia do composto de interesse da fonte secundria at o receptor denominado

    de caminhos de exposio. Alm disso, para os tipos de cenrios foram estabelecidas

    basicamente duas categorias: o residencial e o comercial. Esta informao foi constatada

    na etapa de visita de campo e a sua sntese encontra-se apresentada na Tabela 4. Na

    Tabela 7 encontram-se apresentados os cenrios de exposio especficos para a cidade

    de So Paulo. Nesta tabela, a seleo dos receptores potenciais foi estabelecida

    considerando-se o grupo de indivduos que podem, de alguma forma, estar expostos,

    direta ou indiretamente, a um ou mais eventos de vazamento. Por exemplo, pode ser

    citado um grupo de frentistas que pode inalar vapores que foram gerados a partir da fase

    retida no solo subsuperficial e migrado at a zona de respirao do posto.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 19

    FONTEPRIMRIA

    FONTESECUNDRIA

    CAMINHO DEEXPOSIO

    TIPO DECENRIO RECEPTOR

    VIA DEINGRESSO

    COMERCIAL

    -FRENTISTA DOPOSTO

    -CLIENTE DOPOSTO

    SOLOSUBSUPERFICIAL

    PARA O AR DEAMBIENTEABERTO

    RESIDENCIAL -INALAO

    COMERCIAL -FUNCIONRIO DOPOSTO

    VAPORES DAFASE RETIDA NO

    SOLOSUBSUPERFICIAL SOLO

    SUBSUPERFICIALPARA O AR DE

    AMBIENTEFECHADO

    RESIDENCIAL - INALAO

    COMERCIAL-POO DO POSTO

    -POO PBLICOLIXIVIAO DA

    FASE RETIDA NOSOLO

    SUBSUPERFICIAL

    SOLOSUBSUPERFICIAL

    PARA GUASUBTERRNEA RESIDENCIAL -POOPARTICULAR

    INGESTO

    COMERCIAL

    -FRENTISTA DOPOSTO

    -CLIENTE DOPOSTO

    -FUNCIONRIO DOPOSTO

    GUASUBTERRNEAPARA O AR DE

    AMBIENTEABERTO

    RESIDENCIAL-MORADOR DE

    CASA COMQUINTAL

    INALAO

    COMERCIAL-INTERIOR DE

    COMRCIOPRXIMO

    VAZAMENTOEM TASC

    VAPORES DAFASE DISSOLVIDA

    NA GUASUBTERRNEA

    GUASUBTERRNEAPARA O AR DE

    AMBIENTEFECHADO RESIDENCIAL

    -INTERIOR DERESIDNCIA

    PRXIMA

    INALAO

    COMERCIAL

    -FRENTISTA DOPOSTO

    -CLIENTE DOPOSTO

    -FUNCIONRIO DOPOSTO

    VAZAMENTOEM RESPIRO,

    LINHA OUBOMBA

    VAPORES EPARTCULAS DAFASE RETIDA NO

    SOLOSUPERFICIAL

    SOLOSUPERFICIALPARA O AR DE

    AMBIENTEABERTO

    RESIDENCIAL -

    INALAO

    INGESTO

    CONTATODRMICO

    TABELA 7 Componentes dos cenrios de exposio para a Cidade de So Paulo

    5.4.2. PARMETROS DO MEIO FSICO ESPECFICOS PARA A CIDADE DE SO

    PAULO

    Os parmetros do meio fsico, dada as grandes variaes e particularidades que

    ocorrem de uma regio para outra, so seguramente uma das informaes mais

    importantes e necessrias para a elaborao de uma tabela de RBSL.

    Para o clculo dos RBSL, utilizando a metodologia RBCA, so necessrios os

    seguintes parmetros do meio fsico: profundidade mxima do solo superficial, frao de

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 20

    carbono orgnico no solo, espessura da franja capilar, espessura da zona vadosa, taxa de

    infiltrao de gua no solo, nvel dgua, condutividade hidrulica, gradiente hidrulico,

    comprimento longitudinal da fase retida ou dissolvida, porosidade total, contedo

    volumtrico de gua no solo (franja capilar e zona vadosa) e densidade do solo.

    A Tabela 8 apresenta os valores dos parmetros do meio fsico especficos para a

    Cidade de So Paulo. Os valores da Tabela 8 foram utilizados tanto para o clculo dos

    RBSL como para a elaborao dos cenrios comerciais e residenciais.

    VALORPARMETRO UNIDADE

    QUATERNRIO TERCIRIO ALTERAO DOEMBASAMENTO

    k Condutividade Hidrulica* cm/s 1,77E-5 6,05E-5 3,91E-4

    H - Gradiente Hidrulico* - 0,18 0,18 0,18

    UGW Velocidade de Darcy cm/s 3,19E-6 1,09E-5 7,04E-5

    LGW - Profundidade do Nvel dgua* m 2,44 2,10 3,26

    foc - Frao de Carbono Orgnico no Solo** - 0,0077 0,0085 0,0092

    W - Comprimento Longitudinal da Fase Retidaou Dissolvida* cm 20 20 20

    Ls - Profundidade do solo subsuperficial*** cm 100 100 100

    hcap - Espessura da Franja Capilar*** cm 5 5 5

    hv - Espessura da Zona No Saturada* cm 2,39 2,05 3,21

    I - Taxa de Infiltrao no Solo** cm/ano 66,1 66,1 66,1

    T T Porosidade Total** - 0,4580 0,4585 0,4560

    T acap - Contedo Volumtrico de Ar na FranjaCapilar** 0,0458 0,0459 0,0456

    T wcap - Contedo Volumtrico de gua naFranja Capilar** - 0,4122 0,4127 0,4104

    T ws - Contedo Volumtrico de gua na ZonaNo Saturada** - 0,33 0,22 0,25

    T as - Contedo Volumtrico de Ar na Zona NoSaturada** 0,1280 0,2385 0,2060

    ?s - Densidade do Solo** - 1,22 1,28 1,26

    (*) Valores obtidos no estudo dos postos de servio

    (**) Valores obtidos na literatura disponvel

    (***) Valores recomendados por ASTM (1998)

    TABELA 8. Parmetros do meio fsico especficos para a Cidade de So Paulo

    Os parmetros adicionais utilizados para o clculo dos RBSL esto apresentados na

    Tabela 9. Neste caso os valores no so especficos da Cidade de So Paulo. Estes

    parmetros foram obtidos a partir do Emergency Standard Guide for Risk-Based Corretive

    Action Applied at Petroleum Released Sites (ASTM, 1995).

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 21

    VALORPARMETRO UNIDADE

    RESIDENCIAL COMERCIAL

    Razo de troca de ar em espaos fechados s-1 0,00014 0,00023

    Razo volume/ rea de infiltrao para ambiente fechado cm 200 300

    Espessura das fundaes/paredes de construes cm 15 15

    Taxa de emisso de partculas - 6,90E-14 6,90E-14

    Velocidade do vento na zona de respirao cm/s 225 225

    Altura da zona de respirao cm 200 200

    Espessura da pluma dissolvida na gua subterrnea cm 200 200

    Frao da rea de rachaduras/fendas nas fundaes/paredes cm2 0,01 0,01

    Contedo volumtrico de ar nas fundaes/paredes cm3 0,26 0,26

    Contedo volumtrico de gua nas fundaes/paredes cm3 0,12 0,12

    Tempo mdio do fluxo de vapor s-1 9,46E+8 9,46E+8

    TABELA 9. Parmetros adicionais do meio fsico para o clculo dos RBSL (ASTM, 1995)

    5.4.3 - COMPOSTOS QUMICOS DE INTERESSE PARA OS VAZAMENTOS NA

    CIDADE DE SO PAULO

    Os compostos de interesse so aqueles utilizados como indicadores toxicolgicos

    para um determinado contaminante. As tabelas de nveis de concentraes aceitveis

    baseados no risco que so apresentadas neste estudo foram elaboradas utilizando-se os

    principais compostos de interesse que esto presentes na gasolina e no diesel. Os

    compostos so benzeno, tolueno, etil-benzeno e xilenos.

    5.4.4 FATORES DE EXPOSIO ADEQUADOS PARA A CIDADE DE SO PAULO

    Considerando-se os receptores e as respectivas vias de ingresso apresentadas na

    Tabela 7, foram obtidos os valores para os fatores de exposio que esto apresentados

    na Tabela 10.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 22

    PARMETRO UNIDADE RESIDENCIAL COMERCIAL

    Durao da exposio Anos 35 35

    Tempo mdio para efeitos carcinognicos Anos 68 68

    Tempo mdio para efeitos no carcinognicos Anos 35 35

    Massa corprea para adultos kg 68 68

    Freqncia da exposio Dias/ano 350 270

    Taxa de ingesto de solo mg/dia 100 50

    Taxa de inalao diria em ambientes fechados m3/dia 15 20

    Taxa de inalao diria em ambientes abertos m3/dia 20 20

    Taxa de ingesto diria de gua l/dia 2 1

    Fator de aderncia do solo na pele - 0,5 0,5

    Fator de absoro dermal relativa - 0,5 0,5

    Fator de absoro oral relativa - 1 1

    rea superficial da pele cm2 3180 3180

    Quociente de risco aceitvel - 1 1

    Menor Risco carcinognico aceitvel - 1,00E-04 1,00E-04

    Maior Risco carcinognico aceitvel - 1,00E-06 1,00E-06

    TABELA 10. Valores dos parmetros de exposio para a Cidade de So Paulo

    A durao da exposio foi considerada como sendo o tempo mdio de vida de um

    receptor aposentado, tanto para reas comerciais como para residenciais.

    Como tempo mdio para os efeitos carcinognicos adotou-se a expectativa de vida

    mdia da populao brasileira considerando-se ambos os sexos, conforme o IBGE

    (IBGE/DPE/DEPI, 1996). Para as substncias no carcinognicas considerou-se o tempo

    total da durao da exposio.

    A massa corprea foi considerada como sendo o peso mdio da populao

    brasileira, conforme o IBGE (IBGE/DPE/DEPI, 1996). Neste caso tambm considerou-se

    ambos os sexos.

    A frequncia da exposio corresponde ao nmero de dias em um perodo de 1 ano

    que o receptor estaria no ponto de exposio. Neste caso, adotou-se uma postura

    conservadora e assumiu-se o cenrio de exposio mais crtico (comercial e residencial).

    O quociente de risco aceitvel corresponde ao potencial de ocorrncia de efeitos

    txicos adversos para os compostos no carcinognicos. Quando este parmetro

    apresenta valor maior que 1 indicativo de que o composto de interesse oferece risco

    sade humana e quando o valor menor que 1 no indica risco.

    Para o menor e maior risco carcinognico (mnimo e mximo) aceitvel foram

    assumidos os valores sugeridos em Risk Assessment Guidance for Superfund Volume 1

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 23

    Human Health Evaluation Manual (USEPA, 1989). O nmero 1,00E-4 significa a

    ocorrncia de 1 caso de cncer em cada 10.000 indivduos e 1,00E-6 a ocorrncia de 1

    em 1.000.000.

    Vale ressaltar que os valores utilizados para os demais fatores de exposio

    apresentados na Tabela 10, teve como origem o Risk Assessment Guidance for

    Superfund Volume 1 Human Health Evaluation Manual (USEPA, 1989).

    6. CONSIDERAES FINAIS

    Assim, tendo como base os dados geolgicos, hidrogeolgicos e os cenrios de

    exposio gerados para a cidade de So Paulo a partir do estudo dos processos de

    vazamentos de combustveis e da literatura disponvel, calculou-se as tabelas de

    concentraes aceitveis baseadas no risco (RBSL) para os compostos: Benzeno,

    Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos.

    Nas tabelas de risco apresentadas abaixo, os valores de RBSL para os compostos

    carcinognicos foram obtidos para os valores de Risco variando entre 10-6 e 10-4. Para os

    compostos no carcinognicos o Quociente de Risco utilizado foi 1.

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 24

    QUATERNRIO TERCIRIO ALTERAO DO EMBASAMENTOCAMINHO DE EXPOSIO RISCO

    RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL

    1,00E-06 3,17E-01 3,08E-01 3,17E-01 3,08E-01 3,17E-01 3,08E-01

    1,00E-04 3,17E+01 3,08E+01 3,17E+01 3,08E+01 3,17E+01 3,08E+01INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS (g/m3)1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 2,38E-01 3,08E-01 2,38E-01 3,08E-01 2,38E-01 3,08E-01

    1,00E-04 2,38E+01 3,08E+01 2,38E+01 3,08E+01 2,38E+01 3,08E+01INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS (g/m3)1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 2,98E+00 3,87E+00 3,48E-01 4,51E-01 6,11E-01 7,92E-01

    1,00E-04 2,98E+02 3,87E+02 3,48E+01 4,51E+01 6,11E+01 7,92E+01

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS A PARTIR DO

    SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/kg) 1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 1,20E-02 2,89E-02 7,08E-03 1,70E-02 8,02E-03 1,92E-02

    1,00E-04 1,20E+00 2,89E+00 7,08E-01 1,70E+00 8,02E-01 1,92E+00

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS A PARTIR

    DO SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/Kg) 1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 7,18E+00 1,01E+01 2,92E+00 3,91E+00 3,76E+00 5,08E+00

    1,00E-04 7,18E+02 1,01E+03 2,92E+02 3,91E+02 3,76E+02 5,08E+02

    INALAO, CONTATO DRMICO E

    INGESTO A PARTIR DO SOLO

    SUPERFICIAL (mg/kg) 1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 1,60E-03 4,16E-03 1,93E-03 5,02E-03 6,05E-03 1,57E-02

    1,00E-04 1,60E-01 4,16E-01 1,93E-01 5,02E-01 6,05E-01 1,57E+00

    INGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA A PARTIR DA

    LIXIVIAO DO SOLO

    SUBSUPERFICIAL (mg/kg)1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 1,65E+01 2,14E+01 5,69E+00 7,37E+00 7,74E+00 1,00E+01

    1,00E-04 1,65E+03 2,14E+03 5,69E+02 7,37E+02 7,74E+02 1,00E+03

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES ABERTOS (mg/L) 1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 2,38E-03 6,16E-03 2,38E-03 6,16E-03 2,38E-03 6,16E-03

    1,00E-04 2,38E-01 6,16E-01 2,38E-01 6,16E-01 2,38E-01 6,16E-01INGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA (mg/L)1 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-06 9,71E-02 2,21E-01 7,91E-02 1,78E-01 8,24E-02 1,85E-01

    1,00E-04 9,71E+00 2,21E+01 7,91E+00 1,78E+01 8,24E+00 1,85E+01

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES FECHADOS (mg/L) 1 NA NA NA NA NA NA

    TABELA 11. Tabela de RBSL para o Benzeno

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 25

    QUATERNRIO TERCIRIO ALTERAO DO EMBASAMENTOCAMINHO DE EXPOSIO RISCO

    RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS (g/m3)1 5,20E+02 5,06E+02 5,20E+02 5,06E+02 5,20E+02 5,06E+02

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS (g/m3)1 3,90E+02 5,06E+02 3,90E+02 5,06E+02 3,90E+02 5,06E+02

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS A PARTIR DO

    SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/kg) 1 1,04E+04 1,34E+04 1,35E+03 1,75E+03 2,36E+03 3,05E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS A PARTIR

    DO SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/Kg) 1 4,18E+01 1,00E+02 2,74E+01 6,57E+01 3,09E+01 7,41E+01

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO, CONTATO DRMICO E

    INGESTO A PARTIR DO SOLO

    SUPERFICIAL (mg/kg) 1 7,90E+04 1,42E+05 7,90E+04 1,42E+05 7,90E+04 1,42E+05

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA A PARTIR DA

    LIXIVIAO DO SOLO

    SUBSUPERFICIAL (mg/kg) 1 1,09E+01 2,83E+01 1,47E+01 3,82E+01 4,58E+01 1,19E+02

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES ABERTOS (mg/L) 1 2,58E+04 3,35E+04 9,32E+03 1,21E+04 1,25E+04 1,61E+04

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA (mg/L)1 7,09E+00 1,84E+01 7,09E+00 1,84E+01 7,09E+00 1,84E+01

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES FECHADOS (mg/L) 1 1,41E+02 3,22E+02 1,14E+02 2,56E+02 1,19E+02 2,68E+02

    TABELA 12. Tabela de RBSL para o Tolueno

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 26

    QUATERNRIO TERCIRIO ALTERAO DO EMBASAMENTOCAMINHO DE EXPOSIO RISCO

    RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS (g/m3)1 1,37E+03 1,33E+03 1,37E+03 1,33E+03 1,37E+03 1,33E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS (g/m3)1 1,03E+03 1,33E+03 1,03E+03 1,33E+03 1,03E+03 1,33E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS A PARTIR DO

    SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/kg) 1 1,93E+04 2,51E+04 2,47E+03 3,20E+03 4,30E+03 5,58E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS A PARTIR

    DO SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/Kg) 1 7,79E+01 1,87E+02 5,02E+01 1,20E+02 5,65E+01 1,35E+02

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO, CONTATO DRMICO E

    INGESTO A PARTIR DO SOLO

    SUPERFICIAL (mg/kg) 1 3,95E+04 7,10E+04 3,95E+04 7,10E+04 3,95E+04 7,10E+04

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA A PARTIR DA

    LIXIVIAO DO SOLO

    SUBSUPERFICIAL (mg/kg)1 4,25E+00 1,10E+01 5,62E+00 1,46E+01 1,74E+01 4,52E+01

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES ABERTOS (mg/L) 1 6,33E+04 8,20E+04 2,36E+04 3,07E+04 3,12E+04 4,04E+04

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA (mg/L)1 3,55E+00 9,19E+00 3,55E+00 9,19E+00 3,55E+00 9,19E+00

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES FECHADOS (mg/L) 1 3,20E+02 7,32E+02 2,55E+02 5,75E+02 2,67E+02 6,03E+02

    TABELA 13. Tabela de RBSL para o Etilbenzeno

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 27

    QUATERNRIO TERCIRIO ALTERAO DO EMBASAMENTOCAMINHO DE EXPOSIO RISCO

    RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL RESIDENCIAL COMERCIAL

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS (g/m3)1 9,46E+03 9,19E+03 9,46E+03 9,19E+03 9,46E+03 9,19E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS (g/m3)1 7,09E+03 9,19E+03 7,09E+03 9,19E+03 7,09E+03 9,19E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES ABERTOS A PARTIR DO

    SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/kg) 1 3,20E+05 4,15E+05 4,30E+04 5,58E+04 7,50E+04 9,73E+04

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES EM

    AMBIENTES FECHADOS A PARTIR

    DO SOLO SUBSUPERFICIAL (mg/Kg) 1 1,29E+03 3,10E+03 8,75E+02 2,10E+03 9,85E+02 2,36E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO, CONTATO DRMICO E

    INGESTO A PARTIR DO SOLO

    SUPERFICIAL (mg/kg) 1 7,90E+05 1,42E+06 7,90E+05 1,42E+06 7,90E+05 1,42E+06

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA A PARTIR DA

    LIXIVIAO DO SOLO

    SUBSUPERFICIAL (mg/kg)1 1,75E+02 4,55E+02 2,44E+02 6,33E+02 7,58E+02 1,97E+03

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES ABERTOS (mg/L) 1 5,00E+05 6,48E+05 1,82E+05 2,36E+05 2,42E+05 3,14E+05

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NAINGESTO DE GUA

    SUBTERRNEA (mg/L)1 7,09E+01 1,84E+02 7,09E+01 1,84E+02 7,09E+01 1,84E+02

    1,00E-06 NA NA NA NA NA NA

    1,00E-04 NA NA NA NA NA NA

    INALAO DE VAPORES A PARTIR

    DA GUA SUBTERRNEA EM

    AMBIENTES FECHADOS (mg/L) 1 2,49E+03 5,69E+03 1,96E+03 4,43E+03 2,06E+03 4,66E+03

    TABELA 14. Tabela de RBSL para o Xilenos

  • 1st Joint World Congress on Groundwater 28

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