Psicologia, Comportamento, Processos e Interações

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Em 2008 comemoram-se os 70 anos da publicação de O Comportamento dos Organismos, primeiro livrode Burrhus Frederick Skinner e de análise do comportamento.

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    disponvel em www.scielo.br/prc

    * Endereo para correspondncia: SGAS Quadra 613/614,

    Lotes 97 e 98, Av. L-2 Sul, Campus Edson Machado,Braslia, DF, Brasil, CEP 70200-730. Tel.: (61) 3445 4500.E-mail: [email protected]

    Psicologia, Comportamento, Processos e Interaes

    Psychology, Behavior, Processes and Interactions

    Joo Cludio Todorov*, a,b & Mrcio Borges Moreirab,caUniversidade Catlica de Gois, bInstituto de Educao Superior de Braslia

    cUniversidade de Braslia

    ResumoEm 2008 comemoram-se os 70 anos da publicao de O Comportamento dos Organismos, primeiro livrode Burrhus Frederick Skinner e de anlise do comportamento. Este trabalho, inspirado em uma revisocrtica do texto publicada em 1990 por Philip N. Hineline no Journal of the Experimental Analysis ofBehavior, discute algumas caractersticas do livro e da anlise do comportamento que tornam ocomportamentalismo uma abordagem muitas vezes mal entendida por uns, assustadora para outros. Otema abordado complexo e possui diversos desdobramentos. Tanto as caractersticas da obra de Skin-ner, como as possveis razes para a falta de sua compreenso, sero apenas brevemente apresentadas ediscutidas. O aprofundamento do tema pode ser feito percorrendo-se a literatura citada.Palavras-chave: Anlise do comportamento; O comportamento dos organismos; B. F. Skinner.

    AbstractIn 2008 we celebrated the 70th anniversary of Skinners publication The Behavior of Organisms. Thepresent work is inspired by a review of the book published by Philip N. Hineline in the Journal of theExperimental Analysis of Behavior. Some characteristics of the book and of behavior analysis that makebehaviorism incomprehensible for some and menacing for others are discussed. The issue discussed iscomplex and has many derivations. The features of Skinners work, and possible reasons for its misun-derstanding, will be only briefly presented. A more complete account of the theme may be found in theliterature cited in this work.Keywords: Behavior analysis; The behavior of organisms; B. F. Skinner.

    Algumas obras fundamentais, daquelas que iniciamlongos programas de pesquisa cientfica no sentido deLakatos (1978), s vezes levam tempo para ser compre-endidas e so os prprios resultados preliminares do pro-grama que nos levam a perceber seu alcance. O primeirolivro de B. F. Skinner, The Behavior of Organisms(Skinner, 1938), um desses exemplos. Grande partedos psiclogos no percebeu esse alcance at hoje. Em1990 Philip Hineline escreveu sobre o livro no Journalof the Experimental Analysis of Behavior (Hineline,1990) chamando a ateno dos prprios analistas docomportamento para algumas das contribuies deSkinner que passaram despercebidas ou que demorarama ser claramente compreendidas. Como o artigo deHineline no parece ser muito conhecido no Brasil, valea pena recordar seus comentrios, especialmente s vs-peras dos 70 anos da publicao de O Comportamentodos Organismos.

    O primeiro aspecto a ser notado a sutileza da teoria,ou a maneira sutil empregada por Skinner para apre-sentar alguns princpios cruciais. Um exemplo claro a

    definio de reflexo, conceito pavloviano clssico(Pavlov, 1927), entendido poca como uma ligao di-reta estmulo-resposta: um estmulo do ambiente acionamecanicamente uma resposta do organismo. Skinnermudou totalmente o conceito de concreto e mecnico paraum conceito intrinsecamente abstrato, uma correlaoentre dois eventos observveis (Skinner, 1938). Escre-veu especificamente: Em geral, a noo de reflexo devese livrar de qualquer noo de empurro do estmulo.Os termos se referem aqui a eventos correlacionados, e anada mais. (Skinner, 1938, p. 21). comum lermos ououvirmos que a noo de causa em anlise do compor-tamento foi substituda pela noo de relaes funcio-nais (e.g., Chiesa, 1994/2006; Skinner, 1953/1967). Maso que isso de fato quer dizer? A citao anterior de Skinner(1938) sobre reflexos parece ser um bom exemplo do quesignifica esta substituio. Ernest Mach (cf. Chiesa,1994/2006) gerou certa discusso entre filsofos e fsi-cos ao afirmar que o conceito de fora era absolutamenteredundante para o adequado entendimento e aplicaoda mecnica clssica. A noo proposta por Mach deque no necessrio inferir ou postular uma fora deatrao para explicar porque objetos caem, a mesmanoo proposta por Skinner (1938) de que no neces-srio inferir uma fora ou mecanismo que estabelecem oelo entre um estmulo e uma resposta. Como aponta o

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    prprio Skinner (1953/1967), a cincia tem substitudoo termo causa pelo termo relao funcional, pois o pri-meiro remete a foras e mecanismos que ligam doiseventos, j o segundo, apenas estabelece regularidadeentre dois (ou mais) eventos.

    A partir desta inovao no uso do conceito de reflexo,da prpria mudana em sua definio, a teoria geral docomportamento que vem sendo desenvolvida ao longodestes 70 anos definitivamente nada tem a ver com posi-es mecanicistas de outras abordagens anteriores. Coma distino entre respondentes e operantes (Skinner, 1935,1938; Todorov, 2002), e com a substituio de tentativasdiscretas pelo operante livre, Skinner introduz na psico-logia o tempo como varivel no sentido de que o que estudado no so eventos estticos, pontuais, mas pro-cessos de interao que ocorrem no tempo (Todorov,1985), processos de interao entre comportamento, noorganismo, e ambiente. Contudo, vrios dos livros-textode introduo ou de histria da psicologia e renomadospensadores (e.g., Capra, 1983; Chomsky, 1959; Eysenck,1984; Schultz & Schultz, 1969/1992) insistem em ca-racterizar a contribuio de Skinner como mecanicista,S-R, estmulo-resposta, exatamente as posies s quaisSkinner estava se contrapondo. Ignorncia ou m f?

    Chiesa (1994/2006) fornece uma reviso extensa, po-rm no exaustiva sobre esse assunto, mas no precisoir muito longe, no tempo, para encontrar parte da res-posta. J em O Comportamento dos Organismos, logonas primeiras pginas, Skinner (1938) sinaliza que acontingncia S-R (estmulo-resposta) diz respeito ape-nas parte do comportamento do organismo, notada-mente o comportamento reflexo, e introduz a noo decomportamento operante, distinguindo, inicialmente,reflexos eliciados de comportamentos emitidos. Tal am-pliao e os princpios comportamentais dela derivados,ainda que incipientes em 1938, parecem no terem sidopercebidas ou compreendidas por alguns crticos deSkinner. Alis, compreenso talvez no seja um termoadequado, dada a clareza de algumas afirmaes encon-tradas no livro, por exemplo: Uma emoo um pro-cesso dinmico, em vez de uma relao esttica entre umestmulo e uma resposta. (1938, p. 409).

    Moore (1984) tambm fornece alguns exemplos inte-ressantes de referncias equivocadas obra de Skinner,comentando algumas possveis origens desses equvo-cos. Moore argumenta que tais equvocos podem sercategorizados, genericamente, em cinco tipos principaise mais recorrentes:

    . . . algumas concepes equivocados sobre o behavio-rismo radical tm sido prevalentes nos livros-textode psicologia, como documentado por Todd e Morris(1983). Em resumo, essas concepes equivocadasenvolvem o seguinte: (a) que est preocupada pri-mariamente com o comportamento de animais no-humanos, (b) que totalmente ambientalista, (c) queexpe uma abordagem do organismo vazio ou dacaixa preta, (d) que expe uma teoria simples e ing-

    nua sobre a linguagem e aquisio da linguagem, e(e) que limitada e sem utilidade. (Moore, 1984, p.392-393).

    Outra contribuio do livro (Skinner, 1938) costumaser deturpada, ainda que sobejamente expandida e es-clarecida pelos livros que se seguiram: Cincia e Com-portamento Humano (Skinner, 1953/1967), Comporta-mento Verbal (Skinner, 1957/1978), Contingncias deReforamento (Skinner, 1969/1984), Sobre o Behavio-rismo (Skinner, 1974/1982), e, entre outros, o que teve ottulo errada e horrivelmente traduzido para O Mito daLiberdade (Skinner, 1971/1983). Trata-se da crtica sexplicaes mentalistas, que costumam ser tomadas comonegao da mente. Para Skinner, ento, segundo seuscrticos, o organismo seria uma caixa vazia, recebendo oempurro de estmulos e reagindo com respostas auto-mticas. Essa deturpao seria cmica se no fosse tr-gica, ao revelar a completa falta de compreenso da pro-posta de Skinner por vrios autores muitos deles seuscrticos. A ttulo de ilustrao, examinemos as seguintespalavras de William Baum:

    O termo mentalismo foi adotado por B. F. Skinnerpara se referir a um tipo de explicao que na ver-dade no explica nada. Suponha que voc perguntea um amigo por que ele comprou um par de sapatose a resposta seja Comprei porque quis, ou Com-prei por impulso. Embora essas afirmaes soemcomo explicaes, voc na verdade no avanounada em relao a sua pergunta. Essas noexplicaes so exemplos de mentalismo. (Baum,1994/1999, p. 47).

    Como fica claro no trecho citado acima (Baum, 1994/1999), dizer que uma explicao mentalista no equivalente a falar de um organismo vazio, mas a meraespecificao de um erro lgico na atribuio de causa-lidade a fenmenos comportamentais: o comportamentoobservado , na explicao mentalista, a nica evidnciado processo mental que o causou, gerando um racio-cnio tautolgico que se estende ad infinitum. H umadiferena dramtica entre dizer que uma emoo no causa de um outro comportamento e dizer que o indiv-duo no tem emoes (ou pensamentos, ou lembranas,etc.). No entanto, via de regra, quando o analista do com-portamento destitui de certos processos comportamentais(ou psquicos) o status de causa da ao, o no-analistado comportamento insiste em acreditar que se destitui oorganismo tais faculdades mentais.

    Um claro exemplo dessa confuso entre status de cau-sa versus ignorar um fenmeno pode ser encontrada emAronson, Wilson e Akert (1999/2002), um importantelivro introdutrio de psicologia social. Alm da confu-so em relao ao status de causa (e talvez em funodela), os autores parecem ignorar tambm a vasta con-tribuio da anlise do comportamento para a compre-enso de fenmenos sociais, relatada, entre outras fon-tes, em um peridico especfico chamado Behavior andSocial Issues:

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    Os behavioristas escolheram no tratar de assuntoscomo cognio, pensamento e sentimento, porqueconsideravam conceitos vagos e mentalistas demais eno-ancorados o suficiente no comportamento obser-vvel. Elegante em sua simplicidade, a abordagembehaviorista pode explicar uma grande faixa de com-portamentos. Mas, como no inclui cognio, pensa-mentos e sentimentos fenmenos esses vitais expe-rincia social humana , essa abordagem revelou-seinadequada para a plena compreenso do mundo so-cial. (Aronson, Wilson, & Akert, 1999/2002, p. 9).

    O problema aqui parece ser de dificuldade de mudar amaneira de pensar caracterstica da chamada sociedadeocidental, a civilizao como desenvolvida a partir dosgregos e de seus filsofos. Atribuir a eventos mentais,internos, ou a presumveis processos fisiolgicos do orga-nismo a causa do comportamento que se observa pareceto natural que assim que domina o senso comum. Umaexcelente constatao do quanto este modo de pensar caracterstico da sociedade ocidental dada por Bennette Hacker (2003). Os autores fazem uma reviso do usode conceitos psicolgicos utilizados por neurocientistas,apontando a recorrncia daquilo que chamam de falciamereolgica, que consiste basicamente na atribuio depredicados ao crebro ou parte dele que, de acordo com algica do uso dos conceitos psicolgicos, s podem seratribudos ao todo, ao organismo. Bennett e Hacker (2003)mostram como o dualismo mente-corpo transformou-seno dualismo crebro/neurnio-corpo.

    Uma teoria que no contraria o senso comum tem muitomais chances de adquirir adeptos que uma que nos fazrepensar o mundo. A anlise do comportamento umadas poucas abordagens na psicologia que escapa da clas-sificao tradicional de estudo de interaes organismo-comportamento. Alguns exemplos de teorias que enfa-tizam eventos no organismo como causas de comporta-mentos observveis so a sociobiologia, a psicologiacognitiva, a psicologia evolutiva, a psicobiologia, a psi-canlise e a psicologia humanista. Entre as abordagensque enfatizam as relaes ambiente-comportamento es-to a anlise do comportamento, a teoria dos sistemas, ea abordagem scio-histrica (Todorov, 1989).

    A discusso sobre se a anlise do comportamento ouno antimentalista se perde quando no se percebe essadiferena fundamental em relao maioria das outrasabordagens focadas na interao organismo-comporta-mento. A anlise do comportamento v o que est atrsdos olhos como eventos a serem explicados para entoser parte da explicao. Estuda-se a relao ambiente-comportamento sabendo que parte da ao est ocorren-do atrs dos olhos, embaixo dos cabelos e entre as duasorelhas; s vezes, tambm s acima do cu da boca. Masconsidera tambm que outra parte da explicao est noambiente imediato e em vrias outras interaes anterio-res ambiente-comportamento que ocorreram no passadoprximo ou remoto.

    Ainda que se pudesse pensar na associao desses doistipos de teoria em um tipo mais geral, na prtica e nahistria o que ocorre bem diferente: elas geram experi-mentos diferentes, do mais fora explicativa a causasdiferentes. Discordam quanto ao status do comportamentoobservvel. As teorias baseadas no organismo olham parao comportamento como indcio ou sintoma de processosque ocorrem dentro do organismo, sejam eles presumveisprocessos fisiolgicos ou processos mentais metafricos(a mente processando informaes como um compu-tador, por exemplo). J em uma teoria baseada no am-biente o comportamento o foco principal e a teoria sefundamenta em relaes ambiente-comportamento.Veja-se, por exemplo, o tratamento dado subjetividadena abordagem scio-histrica, totalmente compatvelcom a abordagem skinneriana da questo, e incompat-vel com abordagens centradas no organismo (Hayes,Hayes, & Reese, 1988; Hineline, 1990; Morris, 1988;Todorov, 1989). Por outro lado, Maria Malott demonstraa compatibilidade da anlise do comportamento com ateoria dos sistemas ao trabalhar terica e praticamentecom organizaes complexas (Glenn & Malott, 2004;Malott, 2003; Martone & Todorov, 2005; Todorov, Mar-tone, & Moreira, 2006) e Steven Hayes (2004) amplia oalcance da teoria ao enfatizar o contextualismo (Todorov,1989) e o estabelecimento de relaes bidirecionais est-mulo-estmulo, gerando novos procedimentos educacio-nais e teraputicos, entre outros.

    A nfase na interao ambiente-comportamento, e noem processos hipotticos dos quais o comportamento se-ria apenas um subproduto, ou um mero sintoma, permi-tiu que a anlise do comportamento se tornasse uma daspoucas abordagens em Psicologia qui a nica que,a partir de um mesmo referencial terico-metodolgico,consegue lidar com qualquer fenmeno comportamental/psicolgico. Analistas do comportamento tm atuado comsucesso na clnica (com todos os transtornos psicolgi-cos), nas organizaes, nas escolas, nos esportes, noshospitais, com bebs, crianas, jovens, adultos, idosos,com pessoas ditas normais ou com algum atraso no de-senvolvimento. Duas obras recentes, publicadas emportugus, podem ser um bom comeo para o leitor in-teressado em conhecer as contribuies da anlise docomportamento: Anlise do Comportamento para aEducao: Contribuies Recentes (Hbner & Marinott,2004) e Anlise do Comportamento: Pesquisa, Teoria eAplicao (Abreu-Rodrigues & Ribeiro, 2005).

    A dificuldade de compreenso da obra de Skinner, ede seus sucessores, mesmo 70 anos depois da publicaode O Comportamento dos Organismos (Skinner, 1938), tamanha que se inicia j no entendimento de dois con-ceitos bsicos: comportamento e ambiente. Quando nosreferimos a fenmenos comportamentais, ou comporta-mentos, parece ainda necessrio esclarecer que estamosno referindo a pensamentos (e.g., Donahoe & Palmer,1994; Skinner, 1953/1967, 1974/1982), emoes (e.g.,

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    Todorov, J. C. & Moreira, M. B. (2009). Psicologia, Comportamento, Processos e Interaes.

    Banaco, 1993; Friman, Hayes & Wilson, 1998; Skinner,1953/1967, 1974/1982), linguagem (e.g., Catania, 1998/1999; Sidman, 1994; Skinner, 1957/1978), religiosida-de (e.g., Banaco, 2001; Rachlin, 2007; Schoenfeld, 1982;Skinner, 1953/1967), subjetividade (e.g., Costa, 2002;Skinner, 1953/1967, 1974/1982), livre-arbtrio (e.g.,Chiesa, 1994/2006; Skinner, 1971/1983), cognio (e.g.,Catania, 1998/1999; Donahoe & Palmer, 1994; Palmer,2003; Sidman, 1994; Simonassi, 1999), memria (e.g.,Catania, 1998/1999; Donahoe & Palmer, 1994; Olivei-ra-Castro, 1992), sentimentos (e.g., Friman et al., 1998;Skinner, 1989/1991), auto-conhecimento (e.g., Skinner,1953/1967, 1974/1982; Tourinho, 1994), autocontrole(e.g., Hanna & Todorov, 2002; Rachlin, 1974; Skinner,1953/1967), personalidade (e.g., Moreira, 2007; Skinner,1974/1982), criatividade (e.g., Barbosa, 2003; Skinner,1968), motivao (e.g., Michael, 1982; Skinner, 1953/1967; Todorov & Moreira, 2005), cultura (e.g., Glenn,2003; Guerin, 1994; Lamal, 1991, 1997; Malott & Glenn,2006; Sidman, 1989/1995; Skinner, 1953/1967; Todorov,Martone & Moreira, 2005), poltica e leis (e.g., Goldstein& Pennypacker, 1998; Skinner, 1953/1967; Todorov,2005; Todorov, Moreira, Prudncio, & Pereira, 2004),problemas sociais (e.g., Biglan, 1995; Mattaini & Thyer,1996; Skinner, 1953/1967; Todorov & Moreira, 2004),entre outros. Da mesma forma, o conceito de ambienteestende-se muito alm do espao fsico. Uma noo ade-quada de ambiente, sob a tica da anlise do comporta-mento, pode ser encontrada em Todorov (1989).

    Um raro, porm dramtico reconhecimento do impac-to da anlise do comportamento feito por um no-analis-ta do comportamento foi dado pelo psiclogo cognitivistaRoediger (2004/2005), ento presidente da AmericanPsychological Society (APS):

    . . . (est tudo bem com os debates sobre a Teoria daMente no autismo, mas no se o que voc deseja terapia e tratamento; neste caso, procure o behavio-rismo) . . . Num sentido muito real, todos os psiclogoscontemporneos pelo menos aqueles que conduzempesquisas empricas so behavioristas. Mesmo osexperimentalistas de mxima orientao cognitivaesto estudando algum tipo de comportamento. Elespodem estar estudando os efeitos de variveis rela-cionadas com o apertar de teclas de computadores,de preencher checklists, de completar avaliaes deconfiabilidade, de padres de fluxo sanguneo ou delembrar palavras escrevendo-as em folhas de papel,mas eles esto estudando, na maioria absoluta dasvezes, comportamentos objetivamente verificveis.(At mesmo experincias subjetivas, tais como ava-liaes de confiabilidade, podem ser replicadas entrediferentes pessoas e em diferentes condies). Estepasso, o de passar a estudar comportamentos objeti-vamente verificveis, representa uma enorme mu-dana em relao ao trabalho que muitos psiclogosconduziam em 1904. (p. 4-5).

    Roediger (2004/2005) acrescenta ainda que onde querque previso e controle do comportamento sejam im-portantes, l estaro analistas do comportamento tra-balhando.

    Outra diferena fundamental que a anlise do com-portamento deve ao seu livro-me est na linguagem determos tcnicos empregada por Skinner (1938), aindaque se possa lamentar que tenha tomado de emprstimovrios termos pavlovianos e com isso ter gerado muitaconfuso para quem comea a aprender a teoria. A mai-oria das abordagens da psicologia usa a linguagem docotidiano, do dia a dia, aquilo que as pessoas usam quandofalam com as outras, ou quando escrevem para as outras.Alm disso, tm explicaes semelhantes s do sensocomum quanto temporalidade, quanto proximidadeno tempo entre uma causa e um efeito (algo que a esp-cie humana parece compartilhar com outras espciesanimais). Com freqncia se esquivam de questes comolivre-arbtrio e com isso no ferem a susceptibilidade domundo ocidental. Mas esse um problema antigo. EmGuerra e Paz Tolsti j comentava:

    Como na astronomia a dificuldade de reconhecer amoo da Terra reside no abandono da sensaoimediata da estabilidade da terra e a percepo domovimento dos planetas, na histria a dificuldadede reconhecer a sujeio da personalidade s leis doespao, tempo e causa reside na renncia do sen-timento direto da independncia da personalidadede cada pessoa. Mas na astronomia a nova visodisse: verdade que no sentimos o movimento daTerra, mas ao admitir sua imobilidade chegamosao absurdo, enquanto que ao admitir sua moo (aqual no sentimos) chegamos s leis, assim na his-tria a nova viso diz: verdade que no somosconscientes de nossa dependncia, mas ao admitirnosso livre arbtrio chegamos ao absurdo, enquan-to que ao admitir nossa dependncia do mundoexterno, quanto a tempo e a causa, chegamos a leis.(Tolstoi, 1865/1952. Trecho transcrito em Catania& Hineline, 1996, p. 592).

    contra esse pano de fundo conservador, que pareceignorar as revolues provocadas por Darwin e por Freud,que a anlise do comportamento estuda todo e qualquercomportamento, inclusive os chamados de livre escolhadas pessoas, luz de interaes ambiente-comportamen-to, e com linguagem tcnica caracterstica da cincia (e.g.,Neuringer, Jensen, & Piff, 2007). A vantagem do uso determos tcnicos est no sentido nico que carregam, suadefinio e nada mais. Uma palavra como atribuio,um termo usado na Teoria da Atri-buio (Heider, 1958;Ross, 1977), tem vrios outros sentidos na linguagemcotidiana, o que sempre levanta a possibilidade de con-fuso na comunicao. Boa parte do treino do analistado comportamento consiste em aprender a usar de formabastante especfica termos como resposta, comportamen-to, ambiente, reforo, etc.

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    Quem ainda no percebeu que Freud acabou com omito do homem racional (muitos economistas ainda noperceberam), e ainda mais, aqueles outros que ainda noperceberam que Darwin nos mostrou como somos maisum dos animais, realmente no esto com suas mentesgreco-romanas preparadas para enfrentar o desafio dosculo 21: usar os mtodos da cincia para aprender comoplanejar a sustentabilidade deste imenso condomnio(Biglan, 1995; Rakos, 1992), desafio este j abordadopor Skinner (1953/1967) quase seis dcadas atrs.

    Recentemente um aluno do primeiro autor apresentouuma monografia requerida por um concurso de seleode candidatos a um emprego. Skinner era vastamentecitado em seu trabalho. Uma das entrevistadoras da ban-ca de seleo estranhou as citaes e perguntou: Porque voc l tanto Skinner? Skinner perigoso!. Hinelinej tinha percebido esse efeito que s vezes causamos:

    Tanto os psiclogos sociais quanto as pessoas leigasesto propensos a reagir s interpretaes do analistado comportamento como insensveis a uma dimensomuito importante na textura do discurso social. Emseus termos tcnicos prprios, as interpretaes dosanalistas do comportamento so vistas como falhasde controle de estmulos. Assim como uma pessoareage com legtima apreenso salada de palavrasque caracteriza a fala esquizofrnica sem ser capazde discriminar o que estranho ou ameaador naquelafala, essa pessoa tambm pode agir como se estivessesendo ameaada pela interpretao skinneriana.(Hineline, 1990, p. 312)1.

    Para Hineline, ainda que o primeiro livro de Skinnertenha desenvolvido os princpios e os conceitos que vi-eram a se desenvolver no que hoje a anlise do com-portamento (e.g., Andery & Srio, 1999; Glenn, 1988,1991, 2004; Glenn, Ellis, & Greenspoon, 1992; Guerin,1992; Lamal, 1997; Malott & Glenn, 2006; Mattaini &Thyer, 1996; Pierce, 1991; Rakos, 1992, 1993; Todorov,1982, 1985, 1987, 1991, 2001, 2004), aquela contribui-o poderia ter sido relegada no fosse o trabalho deformao e divulgao feito por Fred S. Keller eWilliam N. Schoenfeld na Universidade de Columbia,Nova Iorque, com a introduo do curso de laboratriode psicologia experimental e com seu livro Princpiosde Psicologia (Keller & Schoenfeld, 1950/1966), umlivro extremamente didtico e bem mais user friendlyque o de Skinner (1938)2.

    Por fim, gostaramos de ressaltar dois importantes as-pectos relativos ao estudo comportamento que parecem,

    tambm, dificultar de alguma maneira a compreensodas proposies bsicas feitas por Skinner em 1938. Comodissemos anteriormente, segundo a proposta de Skinner,a Psicologia deveria estudar interaes. Entretanto, ocarter processual da mudana de comportamento, bemcomo a intermitncia e sutileza dos aspectos ambientaisque influenciam o comportamento podem, de certo for-ma, facilitar a crena de que o comportamento dos orga-nismos est mais sob o controle de variveis internas aoprprio organismo do que de uma histria de interaescom seu ambiente. Para ilustrar esses pontos, apresenta-mos a seguir a traduo de um trecho do livro de IsadoreTversky, A Maimonides Reader, que ilustra razoavelmen-te bem estes dois pontos.

    . . . Imagine uma criana pequena que foi levada aseu professor para aprender o Torah, para seu bemporque a levar ao caminho da perfeio. Contudo,porque ela apenas uma criana e porque seu tiroc-nio deficiente, ela no percebe o verdadeiro valordaquele bem, nem entende a perfeio que pode seratingida por meio do Torah. necessrio, portanto,que o professor, que adquiriu perfeio maior que ada criana, a suborne para que estude por meio decoisa que a criana ama de uma maneira infantil.Assim, o professor pode dizer, Leia e eu lhe dareialgumas nozes e uns figos; vou te dar um pouco demel. Com essa estimulao a criana tenta ler. Elano trabalha com afinco por causa da leitura em si,pois no entende o seu valor. Ela l para obter acomida . . . medida que a criana cresce e suamente se aperfeioa, o que antigamente era impor-tante para ela perde sua importncia, enquanto outrascoisa tornam-se preciosas. A partir da o professorvai estimular o interesse da criana seja pelo quefor. O professor pode dizer, Leia e te darei sapatosbonitos e lindas roupas. Assim a criana vai se de-dicar leitura para ganhar roupas e no pelo estudoa em si . . . medida que sua inteligncia melhoraainda mais e essas coisas, tambm, tornam-se desim-portantes para a criana, seu interesse volta-se paracoisas de maior valor. Ento o professor pode dizerpara ele, Leia esta passagem do captulo que eu tedou um dinar ou dois. Outra vez ela tentar ler parareceber o dinheiro, pois dinheiro mais importantepara ela do que o estudo. O que ela quer conseguircom seu estudo o dinheiro que lhe foi prometido.Quando seu juzo j tiver se desenvolvido maisplenamente de forma que mesmo o dinheiro j nolhe parea atraente, ela vai desejar algo mais hon-roso. Seu professor pode lhe dizer, ento, Estudepara que voc possa se tornar o presidente de um tri-bunal, um juiz, e assim as pessoas vo respeit-lo,levantar-se ante sua presena, como fazem comFulano de Tal. O aluno vai ento se esforar maisainda para alcanar esse objetivo. Vai trabalhar parachegar s honras, exaltao e ao elogio que os outrospodem lhe dar. Bem, tudo isso deplorvel. Contudo,

    1 O medo do novo (neofobia) e do diferente tambm parece

    ser algo que partilhamos com vrias outras espcies ani-mais (Cavigelli & McClintock, 2003; Greenberg, 1983).2 A contribuio de Fred S. Keller para o desenvolvimento

    da anlise do comportamento no Brasil pode ser vista, en-tre outras fontes, em Bori (1996), Gorayeb (1996),Guilhardi e Madi (1996), Keller (1968, 1972, 1974, 1975,1982, 1987a, 1987b, 1996a, 1996b, 1996c) e Todorov(1990, 1996, 2003, 2006).

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    Todorov, J. C. & Moreira, M. B. (2009). Psicologia, Comportamento, Processos e Interaes.

    inevitvel pela viso limitada do homem, que fazcom que ele tome como objetivo da sabedoria outrascoisas que no a prpria sabedoria e supe que opropsito de estudar obter honrarias, o que faz daverdade um objeto de zombaria. Nossos sbios cha-maram isso de aprendizagem espria . . . As massas. . . no perdem nada quando obedecem aos dezmandamentos por medo de punio e pela esperanade recompensa, pois no so perfeitos. bom paraeles na medida em que os refora e habitua naquiloque o Torah requer. Por esse esforo eles podem serdespertos para o conhecimento da verdade e vir a ser-vir a Deus por amor. isso que os sbios queriamdizer quando disseram, Um homem deve sempretrabalhar no Torah, mesmo que no seja apenas peloTorah! Fazendo isso ele pode vir a fazer isso apenaspelo Torah. (Tversky, 1972, p. 404-407).

    A anlise do comportamento, como toda e qualquercincia natural, no se prope a inventar novos prin-cpios. Sua tarefa descrever regularidades existentesno mundo (e que provavelmente existem desde que omundo mundo), especificamente nas interaes com-portamento-ambiente, formulando leis cientficas quenos ajudem a entender melhor o mundo, prever certoseventos e alterar a probabilidade de ocorrncia de al-guns deles.

    A citao anterior (Tversky, 1972) ilustra alguns pon-tos importantes sobre os princpios comportamentaisdescritos por Skinner j em 1938 e sobre a m compre-enso ou rejeio de tais princpios. O primeiro delesrefere-se ao fato de que mudana de comportamento ou dito de maneira mais ampla, mudana de atitude ,na maioria das vezes, um processo, e no algo pontual(Catania, 1998/1999). difcil at mesmo para o maisconvicto dos analistas do comportamento identificarmudanas no comportamento de um indivduo obser-vando poucas interaes desse indivduo com seu am-biente natural. Tal dificuldade ainda mais marcantequando o observador em questo no tem uma longahistria de observao do comportamento em situaescontroladas o laboratrio.

    Outro aspecto importante retratado na citao deTversky (1972) refere-se ao uso de reforadores arbitr-rios e/ou condicionados no controle do comportamento(Keller & Schoenfeld, 1950/1966). Recentemente umprograma televisivo apresentou uma reportagem queilustra bem a dificuldade da maioria das pessoas de en-tender o uso de tais reforadores e, consequentemente,a efetividade e aplicabilidade de alguns dos princpioscomportamentais descritos por Skinner (1938, 1953/1967). Discutia-se na reportagem se pais devem ou nopagar salrios a seus filhos por cumprirem suas tare-fas de filhos (estudar, ajudar em tarefas domsticas, etc.).Alguns pais diziam na reportagem que no se pode com-prar os filhos, eles devem compreender que estudar,por exemplo, importante para eles e eles deveriam es-tudar por esse motivo, e no para serem remunerados.

    Como apontado na citao de Tversky (1972), no desejvel que uma criana estude apenas para recebercerta quantia de dinheiro ou brinquedos, mas sim que secomportamento de estudar seja mantidos pelos refor-adores naturais, condicionados ou no, que este com-portamento pode produzir (Keller & Schoenfeld, 1950/1966). Entretanto, como a mudana de comportamento um processo (Catania, 1998/1999), muitas vezes lon-go; como o comportamento no precisa ser reforadotodas as vezes que ocorre para continuar ocorrendo(Ferster & Skinner, 1957); como nem sempre fcil iden-tificar a ocorrncia de reforadores naturais; como mui-tas vezes se esquece o poder reforo social (Skinner, 1953/1967), como uma simples vocalizao, um umhum, porexemplo (Greenspoon, 1955); como muitas vezes no seprograma contingncias adequadas para que o compor-tamento deixe de ficar, gradualmente, sob o controle doreforador arbitrrio, e passe a ficar sob o controle dereforadores naturais; e como o efeito do reforo condicio-nado subjetivo, dependente de variveis particularesda vida de cada indivduo, no devemos realmente espe-rar que algum compreenda facilmente a proposta deSkinner.

    No entanto, como descrito anteriormente, mesmo quede forma sucinta, a ampla aplicabilidade e eficcia douso dos princpios comportamentais encontrados na obrade Skinner, e daqueles que o sucederam, valem o esforode tentar entend-la, valem o esforo de deixar, pelomenos temporariamente, possveis preconceitos de ladoe tentar analis-la com outros olhos.

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    Recebido: 12/02/20081 reviso: 28/04/20082 reviso: 11/08/20083 reviso: 04/11/2008

    Aceite final: 11/11/2008