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v. 2, n.3, p. 1-50, 2020 ISSN: 2675-343X www.amazonlivejournal.com
OS 7 PASSOS INTEGRATIVOS DA ABORDAGEM TRANSPESSOAL APLICADOS ATRAVÉS DAS MANDALAS NA TERAPIA DE UM ESQUIZOFRÊNICO
THE 7 INTEGRATIVE STEPS OF THE TRANSPERSONAL APPROACH APPLIED THROUGH MANDALAS IN THE THERAPY OF A SCHIZOPHRENIC
Sol Abtibol Machado 1
______________________________________________________
1Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Bacharel em Psicanalista Clínico pela Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil - Niterói-RJ. Especialista em Psicologia Transpessoal pela Associação Luso Brasileira Transpessoal - ALUBRAT-SP, email: [email protected]
RESUMO: Esta monografia relata um caso clínico que teve como referencial as mandalas através do autoconhecimento no tratamento de um esquizofrênico paranoide que se encontrava fora do contexto social em que vivemos. Assim, objetivo geral deste estudo é verificar os 7 passos integrativos da abordagem transpessoal aplicados através das mandalas na terapia de um esquizofrênico. A metodologia trata-se de uma pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Constatou-se que partindo da experiência de 150 mandalas criadas e interpretadas através das cores pelo próprio paciente e utilizando a psicologia transpessoal aplicando as 7 etapas conseguimos integra-lo novamente a família e a sociedade, com êxito, lhe dando também consciência do uso da medicação prescrita pelo psiquiatra, continuamente, para o ajuda a discernir seus pensamentos, aliado também aos exercícios para mantê-lo em paz nos momentos de irritação. Percebeu-se também que as mandalas possuem importância terapêutica, bem como a integração do paciente a sua família e a sociedade, trazendo grandes benefícios. Palavras-chave: esquizofrenia paranoide. mandalas. psicologia transpessoal. terapias
Envio: 07/08/2020 Aceite: 25 /08/2020
ABSTRACT: This monograph reports a clinical case that had mandalas as a reference through self-knowledge in the treatment of a paranoid schizophrenic who was outside the social context in which we live. Thus, the general objective of this study is to verify the 7 integrative steps of the transpersonal approach applied through mandalas in the therapy of a schizophrenic. The methodology is a bibliographic research and a case study. It was found that starting from the experience of 150 mandalas created and interpreted through the colors by the patient himself and using transpersonal psychology applying the 7 steps we were able to successfully integrate him and his family and society again, also giving him awareness of the use of medication prescribed by the psychiatrist, continuously, to help you discern your thoughts, allied to the exercises to keep you at peace in times of irritation. It was also noticed that mandalas have therapeutic importance, as well as the integration of the patient with his family and society, bringing great benefits. Keywords: paranoid schizophrenia. mandalas. transpersonal psychology. therapies.
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1. INTRODUÇÃO
A esquizofrenia, mais especificamente a esquizofrenia paranoide, caso
diagnosticado neste relato, deve ser tratada de forma cautelosa, com uma
abordagem multidisciplinar que inclui o médico psiquiatra administrando os
antipsicóticos e terapia de apoio, onde a família e o terapeuta desempenham um
papel importantíssimo na cura do doente. (JONH NELSON, 2000).
Segundo Saldanha (2004), criando-se mandalas libera-se e organiza-se
emoções e através de exercícios onírico com mandala ampliamos estados de
consciência e afloramos conteúdos e por meio das interpretações das cores
trabalhamos as etapas da técnica integrativa transpessoal. Diante disso, as
mandalas podem ser uma forma de tratamento ou não da esquizofrenia
paranoide?
Devido à esquizofrenia paranoide ser uma um transtorno que precisa de
acompanhamento psiquiátrico e terapêutico, torna-se relevante o debate sobre
esta questão, por isso o estudo é de suma importância não só para os doentes,
como também para a sociedade (família) e os profissionais que são envolvidos
nesta questão.
O presente estudo se propõe a relatar o caso de um paciente
diagnosticado como esquizofrênico paranoico, com várias passagens pelo
hospital psiquiátrico no decorrer de vinte anos, sem acompanhamento
medicamentoso e psiquiátrico. Diante do exposto o que me levou a desenvolver
este estudo foi o fato do paciente não realizar um tratamento correto para
amenizar o seu caso esquizofrênico. Assim, o caso foi tratado inicialmente com
mandalas, totalizando 150, trazidas no decorrer de mais de um ano de
tratamento, e que para este relato, foram selecionadas as mais significativas.
Deste modo, o objetivo geral é verificar os 7 passos integrativos da
abordagem transpessoal aplicados através das mandalas na terapia de um
esquizofrênico. E como específicos, apresentar uma breve contextualização
sobre Esquizofrenia Paranoide; destacar o uso de mandalas, como ferramenta,
no tratamento da esquizofrenia através de terapia; sinalizar psicologia
transpessoal; mostrar se o uso das mandalas e dos exercícios de imaginação
ativa obterão êxito no paciente esquizofrênico paranoico a partir da psicologia
transpessoal.
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Neste trabalho serão apresentadas apenas terapias através das cores e
interpretações feitas pelo paciente uma vez que para um maior aprofundamento
no assunto mandalas é necessária uma especialidade a parte.
A metodologia utilizada neste estudo foi: no primeiro momento pesquisa
bibliográfica com base em livros, artigos e revistas já publicados que retratam a
temática, no segundo momento foi realizado o estudo de caso com base nas
observações ao sujeito da pesquisa.
Para uma melhor compreensão do estudo, o trabalho está dividido da
seguinte maneira: primeiro o referencial teórico abordando a esquizofrenia
paranoide; tratamento do esquizofrênico; depois as origens das mandalas;
psicologia Transpessoal, as 7 etapas do processo evolutivo humano;
metodologia; em seguida resultados e discussão; conclusão e por fim as
referências utilizadas neste trabalho.
2. BREVE CONTEXTUALIZAÇÂO DE ESQUIZOFRENIA
Segundo Silva (2006), Bleuler entre 1857 e 1939 criou o termo
esquizofrenia que significa divisão da mente, substituindo assim o termo
demência precoce nas literaturas. Esse termo foi conceituado através da análise
entre emoção e comportamento dos pacientes acometidos pela doença. Para
comprovar sua teoria, Bleuler associou ambos e fez uma descrição dos sintomas
específicos da doença dividindo em primários: associação frouxa de ideias,
ambivalência, autismo e alterações de afeto, e secundários: delírios e
alucinações.
Declara Shirakawa (2000), a esquizofrenia é um transtorno de evolução
crônica. Costuma comprometer a vida do paciente, torná-lo frágil diante de
situações estressantes e aumentar o risco de suicídio da pessoa acometida pela
doença.
Diante disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem desenvolvido
regularmente estimativas da Carga Global da Doença (CGD) a nível regional
(conjunto de países), sub-regional e de país, de um conjunto de mais de 135
causas de doenças e lesões de acordo com a Administração Regional da Saúde
(ARN). (ARS Norte, 2011). Afirma Who (2008), que a última estimativa publicada
em 2008, foi feita utilizando dados de 2004. É neste panorama que a
Esquizofrenia surge como uma das 20 principais causas de incapacidade ou
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“perda de saúde” (referindo-se saúde, a um espectro de capacidades funcionais,
como a mobilidade, cognição, audição e visão).
De acordo com Silva (2006), os sintomas iniciais da esquizofrenia tendem
comumente a surgir no final da adolescência ao início da vida adulta, podendo
também ocorrer em outros períodos aleatórios os quais são: perda de energia,
iniciativa e interesses, humor depressivo, isolamento, comportamento
inadequado, negligência com a aparência pessoal e higiene, evoluindo para os
aspectos relacionados a doença surgindo as alucinações, delírios, transtorno de
pensamento e de fala, perturbação de emoção e afeto, déficit de cognição.
Conforme se sabe que independente do seu contexto cultural, cerca de 2
% da população mundial apresenta algum dos diferentes tipos de Estados
alterados da consciência (EAC). Nos Estados Unidos, por exemplo, 1 leito de
cada 4 hospitais está ocupado por alguém diagnosticado como esquizofrênico
ou maníaco depressivo. (JOHN NELSON, 2000).
Segundo Guarniero; Bellinghini; Gattaz (2012), ao longo da história o
vocabulário popular se apropria e distorce diagnósticos médicos, muitas vezes
usando-os para rotular e segregar alguma parcela "indesejável" da sociedade.
As expressões "débil mental", "imbecil", "idiota" e "cretino" são, em sua origem,
termos médicos que até a década de 1960 indicavam diferentes graus de
deficiência mental e a última, a condição dos que sofrem deficiência mental em
decorrência de hipotireoidismo. A política já se apropriou sucessivamente do
cancro (sífilis), da tuberculose, do câncer e, mais recentemente, da
esquizofrenia, que é a doença mais usada hoje como metáfora negativa na
mídia. (CORRIGAN PW, et al., 2005).
No início do século XXI, os noticiários sinalizavam que:
No levantamento de notícias da Folha durante o ano de 2008, as seis notícias de violência e criminalidade são casos esporádicos, remetendo a um suposto diagnóstico de esquizofrenia para suspeitos de crimes, bem como ao uso de tal diagnóstico como defesa jurídica; o "diagnóstico" é realizado com base em depoimentos de leigos ou da própria pessoa acusada do crime. Na comparação dos achados referentes à Folha, o número saltou de 6 em 2008 para 15 em 2011, uma variação de 150%. No levantamento total dos veículos em 2011, foram elencados 56 registros, sendo apenas 9 deles sobre casos esporádicos; os 47 restantes foram sobre casos notórios da imprensa nacional e internacional, a saber: caso Wellington Oliveira ("o massacre do Realengo"), com 31 ocorrências (55,35%); caso Glauco, 9 ocorrências (16,09%); caso Behring Breivik ("o atirador norueguês"), 6 ocorrências (10,71%); caso Jared Lee Loughner (o atirador de
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Tucson), 1 ocorrência (1,78%). (GUARNIERO; BELLINGHINI; GATTAZ, 2012).
Sobre este assunto, complementa Ferriman (2000), no que se refere ao
cenário internacional, a mídia parece estar pouco disposta a analisar seu papel
na perpetuação do estigma que pesa sobre a esquizofrenia. Um encontro
promovido na Grã-Bretanha para discutir o tema frustrou-se com a completa
ausência dos grandes jornais - que declinaram do convite alegando não ter nada
a acrescentar ao debate -, mas mostrou o pensamento que pauta boa parte da
imprensa, nas palavras de Steve Hewlett, diretor de programação da Carlton
Television. Depois de destacar as notícias sobre atos violentos perpetrados por
pacientes psiquiátricos despertam o medo no público, Hewlett prosseguiu: "É
muito mais fácil reforçar as opiniões dos seus telespectadores do que ir contra
elas. Editores de jornal tentam se conectar a seus leitores mostrando que os
compreendem. É fácil para eles dizer: Entendemos o seu medo, sabemos que
está cheio de doidos por aí prontos para atacar”.
De acordo com Guarniero; Bellinghini; Gattaz (2012), o uso metafórico da
palavra "esquizofrenia" e, principalmente, "esquizofrênico(a)", nos sentidos de
"absurdo", "incoerente" e "contraditório", é recorrente nas colunas de política (o
governo, o Judiciário, as relações Brasil-Estados Unidos, a Grã-Bretanha e até
a Comunidade Europeia são tachados de esquizofrênicos por diferentes autores
e editorialistas), de economia (a política cambial, a política econômica;
esquizofrenia financeira), mas, principalmente, nas editorias de artes e
espetáculos.
Somando-se os conhecidos fatores de bom e mau prognóstico da
esquizofrenia, o melhor ou pior prognóstico conforme o conceito de esquizofrenia
que se tem e mais a noção de estabilidade, resultarão duas tendências
terapêuticas básicas: modelo de manutenção ou modelo de recuperação.
(WEIDEN, et al., 2007).
2.1 ESTADO ALTERADO DE CONSCIÊNCIA (EAC) – ESQUIZOFRÊNICO
O EAC é definido como uma alteração qualitativa no padrão global de
funcionamento mental, tornando assim, a pessoa que está neste estado, a se
sentir estar radicalmente diferente do seu modo usual de funcionamento. (TART,
1972). Tal como, este mesmo autor faz uma comparação com um computador
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pode executar 2 programas ao mesmo tempo, gerencia-los de forma diferente e
gerar saídas diferentes.
Na psicose se define como um dos múltiplos estados alterados da
consciência, temporários ou permanentes, que impedem a integração dos dados
sensoriais e extrassensoriais que culminam com uma conduta inadequada e
provocam a censura social. Esta definição engloba várias categorias
diagnosticadas modernas, entre as quais cabe destacar o transtorno maníaco-
depressivo (Transtorno Bipolar), a personalidade múltipla, a psicose reativa
rápida, os estados “borderline” diversos tipos de intoxicação química e alguns
desvios menos frequentes aceitáveis pela sociedade. (JOHN NELSON, 2000).
Assim, observar-se como um esquizofrênico reage ao mundo. Para
Cardoso (2005, p. 7), “na esquizofrenia, o que acontece é que o fator genético
[...] poderá sofrer variações secundárias, variações essas que se podem
estender a outras estruturas individuais. As perturbações ao nível da
diferenciação da personalidade”, os transtornos de personalidades, ainda afirma
o autor “ou as metamorfoses eventualmente anômalas produziriam alterações
do tipo gestáltico, desestruturando o campo vivencial do sujeito e produzindo,
desta forma, o desencontro com o mundo”, ou seja, um funcionamento mental
que faz o esquizofrênico agir fora do contexto de comportamento social em que
vive. Abaixo é possível ler o relato de uma pessoa diagnosticada a mais de 10
anos como esquizofrênico paranoide:
Quando estou emocionalmente fragilizado, ou seja, mentalmente doente, ouvindo vozes, tendo visões, enfim, doente mesmo, costumo (raramente), passar por um processo que, por falta de um termo melhor, chamo de iluminação. Este estado de consciência alterado se manifesta quando estou em surto, e consiste numa espécie de apreensão “mágica” de um argumento ou conceito. Destaco a palavra “mágica” em função de que tal processo de apreensão se dar enquanto um sentimento muito íntimo, uma luz, a plena certeza de que o que estou pensando no momento do surto é a verdade com “V” maiúsculo. Este processo de iluminação não se restringe a descobertas ou insights gloriosos, podendo se dar também com pequenas coisas usuais do dia a dia; mas o sentimento é o mesmo. É um sentimento de que tudo parece fazer sentido, como se tudo no mundo remetesse a uma única ideia monumental e gloriosa. (DE FARIA, 2012, p. 5).
Percebemos que a consciência se altera reagindo a uma determinada
ação que a pessoa pode estar passando sentimentalmente ou até mesmo em
ver determinado objeto ou desenho, passando para outro estágio de sua
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consciência. De acordo com Teixeira (2004, p. 40), "considera-se a consciência
como fonte do conhecimento humano. Entretanto, esta se manifesta em diversos
níveis de clareza e se dirige aos sentidos". Logo, está voltada a toda bagagem
de experiência de vida que a pessoa já passou, tornando a vivencia com as
novas percepções tornarem um novo conhecimento, dando-lhe então
consciência daquilo.
A percepção de consciência pode ser entendida ao ponto dela está
confinada ao corpo e ao cérebro, no entanto muitos indivíduos apresentam
experiências que afirmam se tratar de algo muito mais sutil e profundo, de algo
que transcende as leis da física e da neurologia, por mais sofisticadas que estas
sejam. (JOHN NELSON, 2000).
Sendo assim, todos os meios mentais que caracterizam um estado de
consciência no homem se relacionam também a sua alma. Teixeira (2004, p. 40),
"as lembranças, os pensamentos e a imaginação são caminhos para direcionar
o homem no árduo e sedento procurar da sua alma". Assim, tudo que caracteriza
a consciência do homem está também intimamente ligado ao espiritual do
homem.
De acordo com John Nelson (2000), sabendo que a vida se origina de
uma fusão com o Fundamento Espiritual, compreendemos mais sobre o EU e a
CONSCIÊNCIA. Podemos refletir que desde os seus primeiros anos de vida a
criança vai acumulando e condensando gradualmente a parte da consciência
que corresponde ao campo que lhe rodeia. A primeira e essencial tarefa da
criança consiste em apropriar-se de uma porção de consciência do Fundamento
Espiritual para configurar com ela um EU cuja integridade é essencial para o seu
equilíbrio mental. "A consciência humana é muito mais do que um estar no
mundo". (TEIXEIRA, 2004, p. 45),
2.2 ESQUIZOFRENIA PARANOIDE
Segundo Silva (2006), Bleuler uniu os 3 primeiros subtipos clássicos
criado por Kraepelin com a esquizofrenia simples, passando assim a fazer parte
do grupo da esquizofrenia de Bleuler os subtipos paranoide, hebefrênico e
catatônico. Complementam os autores Moreira; Mezzasalma; Juliboni (2008, p.
2), “a Esquizofrenia Paranoide é caracterizada pela presença de delírios de
perseguição ou grandeza. São pacientes tensos, desconfiados, hostis e muito
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agressivos, podendo cometer um ato de violência”. É evidente que devem ser
tratados com cuidado, paciência e sabedoria.
O tipo paranoide é caracterizado por perturbações com mais de um delírio
ou alucinações auditivas frequentes, principalmente por uma presença grande
de delírios de perseguição ou grandeza. Geralmente os pacientes
esquizofrênicos paranoides são mais velhos que os pacientes que tem a
esquizofrenia catatônica ou ainda são desorganizados quando acontece o
primeiro episódio da doença. Os pacientes que estão bem na idade de vinte ou
trinta anos de idade estabelecem uma vida social que pode ajudar durante a
doença. O recurso egóico do paciente paranoico tende, a ser maior do que o
paciente que apresenta a doença catatônica ou desorganizada. (KRÜGER,
2012).
De forma mais específica, os delírios são para os esquizofrênicos
paranoicos bem reais. Para de Ferreira (2010, p. 3), “o doente pode ouvir ruídos,
barulhos de tiros, portas sendo arrombados, sons que não são ouvidos por
outras pessoas, o que caracterizaria as alucinações auditivas não verbais”. O
autor continua afirmando que “podem ouvir palavras isoladas, frases,
enunciados e mesmo discursos complexos, [...] na grande maioria dos casos, diz
que esses sons e vozes são produzidos por pessoas que desejam matá-lo ou
arruiná-lo”. Porém o paciente esquizofrênico paranoide tem uma menor
regressão das suas faculdades mentais, em resposta emocional e do seu
comportamento, que os outros tipos de pacientes esquizofrênicos. (KRÜGER,
2012).
No primeiro momento, os pacientes se mostram inóspitos na área social
e relações interpessoais, mediadas por tendências paranoicas, rigidez na
conduta e conflitos sobre os quais mantém um rígido controle sobre si. Afirma
um destes pacientes: “ninguém me ama, nem minha mãe, nem ninguém. Além
disso, eu posso ouvir os vizinhos como eles falam mal de mim, me dizendo
coisas ruins assim eu mereço o que acontece comigo, que eu não mereço viver
em minha casa, onde moro, que sou ruim.”. (LLANES BASULTO, 2012).
São delírios sistematizados, as histórias costumam ser bem ricas e
consistentes, que mantêm ao longo do tempo seu conteúdo, o que não seria tão
comum no subtipo desorganizado e apesar de pouco prováveis, são menos
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bizarros que nos demais subtipos de esquizofrenia e, muitas vezes, são difíceis
de serem identificados. Além disso, outra diferença importante está no fato de
que a esquizofrenia paranoide apresenta melhores prognósticos quando
comparado aos demais subtipos de esquizofrenia. (DE FERREIRA, 2010).
Os pacientes esquizofrênicos paranoides, quando são detectados com
está problema, podem passar por um tratamento até conseguirem controlar as
suas vontades de forma consciente. Declara Krüger (2012, p. 20), “os pacientes
que apresentam este tipo de esquizofrenia são tensos, desconfiados, [...]
entretanto, os pacientes esquizofrênicos paranoides, às vezes, comportam-se
bastante bem, socialmente”. O autor continua dizendo que “a área da inteligência
que não foi invadida pelos sintomas do delírio permanece intacta”. Tornando
assim possível um tratamento mais eficiente, se o tratamento identificar essa
área intacta e tratar encima dela.
2.3 TRATAMENTO DO EAC ESQUIZOFRÊNICO ATRAVÉS DE TERAPIAS
O termo terapeuta é utilizado para designar aquele que serve, que cuida,
que trata, sabe orar pela saúde dos que sofrem. Nesse sentido, a terapia para
tratar o esquizofrênico deve ser observada primeiramente com muito cuidado no
que se refere em obter bons resultados através desta (LELOUP,1998).
Para estabelecer um bom relacionamento no início da terapia, a
comunicação é a porta de entrada, de maneira que, ao se concretizar essa ação,
inicia-se um mecanismo de enfrentamento e adaptação da situação real, assim
vai evitar que o paciente necessite fazer algo que os negue daquela realidade
como o uso de drogas ou o afastamento da família, bem como também a
negação da própria família. (FOSCHIERA e DURMAN, 2011).
John Nelson (2000), a elaboração de um diagnóstico de esquizofrenia
deve ser bastante cautelosa de forma a excluir previamente toda possibilidade
de que se trate de uma emergência espiritual, de uma urgência espiritual ou de
um transtorno maníaco depressivo. O terapeuta deve primeiramente buscar um
clima positivo de trabalho, focando o esforço terapêutico em torno das 5 regras
características de toda cura transpessoal, que são: Cura física, emocional,
intelectual, social e espiritual.
A. Cura física
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Segundo John Nelson (2000), na maioria dos casos, uma vez
estabelecido o diagnóstico correto, a medicação antipsicótica pode contribuir
para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, especialmente quando
combinados com outras terapias. No entanto a cura física dos esquizofrênicos
vai muito além da administração de medicamentos.
Para John Nelson (2000), as instituições destinadas a receber tais
indivíduos deveriam investigar métodos para restabelecer as fronteiras do EU,
incrementando a consciência das sensações, dos sentimentos, das imagens e
dos impulsos associados ao movimento do corpo. Sinaliza o autor que, a prática
de dança terapia, por exemplo, constitui nesse sentido, poderosa ferramenta que
ajuda o paciente a recuperar a sensação do tempo na medida em que se
expressa diferentes cadencias de movimento. Para os pacientes em estágio
mais avançados, exercícios aeróbicos constitui um excelente antídoto para
contrastar o estilo de vida vegetativo característicos das instituições.
B. Cura Emocional
De acordo com John Nelson (2000), as pesquisas demonstram que os
pacientes atravessando um EAC esquizofrênico respondem negativamente as
terapias psicanalíticas, principalmente quando o terapeuta se faz indiferente e
busca somente desenterrar as cargas emocionais e interpretar seus significados.
O verdadeiro poder curativo reside em uma relação de apoio pessoal e o
terapeuta deve valorizar e estimar seus pacientes. Ainda segundo o autor, as
melhores qualidades do terapeuta apto baseiam – se na calma, otimismo e
tolerância, sabendo equilibrar a proximidade e a distância quando seus
pacientes se identificam além do previsto com eles. Deve – se compreender
também que o paciente é quem estabelece o seu próprio marco temporal de
recuperação, evitando assim assumir uma postura onipotente que acaba
provocando a regressão da condição do paciente.
C. Cura Intelectual
De Acordo com John Nelson (2000), A terapia ideal para os
esquizofrênicos deveria ajuda-los a integrar a consciência e ensina-los a integrar
a consciência e ensina-los a relacionar – se educadamente com os demais. A
melhor forma de realizar esse tipo de integração é a integração em grupos. Se
os que cuidam desses pacientes em instituições os ignoram nos momentos em
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que gritam, se urinam, batem com a cabeça, etc., e prestam atenção e tratam
com recompensa quando se comportam de maneira mais apropriada, é muito
mais provável após certo tempo que os pacientes acabem respondendo de
melhor forma.
D. Cura Social
Conforme John Nelson (2000), deveria haver uma espécie de comunidade
terapêutica rural onde os indivíduos que apresentam uma regressão profunda da
esquizofrenia possam realizar tarefas agrícolas, como hortas e jardinagem, cujo
objetivo é gerar aos internos, habilidades sociais que lhe permitam desempenhar
um trabalho digno chegando a ser independentes financeiramente.
Para John Nelson (2000), o esquizofrênico que está em um estado
avançado de recuperação, pode ser muito útil em guiar outras através dos
labirintos de seus próprios EAC, ao passo que aqueles que necessitam de
medicação para se manter em contato com a realidade consensual, não estão
indicados a servirem de guias a outros. Pesquisas apontam que as pessoas que
atravessam um EAC psicótico, tem uma sensibilidade aumentada, que lhes
capacita para ajudar a outros com problemas semelhantes.
E. Cura Espiritual
Segundo John Nelson (2000), a sociedade ocidental moderna deveria
tratar os 1% de sua população esquizofrênica com uma atitude mais compassiva
do que se vê atualmente. Devemos abrir compassivamente nosso coração a
essas almas delicadas e voláteis, cujo único erro consiste em se revoltar demais
com a chama da vida que alimenta a todos nós. Ainda segundo o autor a cura
espiritual pode ser resumida em substituir a brutalidade pela humanidade, o ódio
pelo amor, os maus tratos pela bondade e a ira pela paz, na esperança que estas
trocas sejam passos a frente no processo de recuperação.
A negação dessa dimensão espiritual no indivíduo impede a manifestação
dos valores positivos necessários e gera pessoas de mentes restritas em suas
possibilidades. a autora sinaliza ainda que, essa dimensão superior não está na
consciência de vigília, mas sim no inconsciente (SALDANHA, 2008).
Para Leloup (1996), o terapeuta como verdadeiro mestre não isenta o
cliente de sua liberdade e de sua responsabilidade. Dá a ele elemento de
reflexão. A palavra do terapeuta deve nutrir a própria palavra de seu cliente,
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assim ele se torna cada dia mais livre. Nesse sentido, proporcionando condições
melhores para seu paciente.
Existem também um amplo corpo de literatura que indicam psicoterapias
no tratamento da esquizofrenia como terapêuticas eficientes, quando associadas
à farmacoterapia, na assistência do esquizofrênico. Essas psicoterapias variam
entre comunicações interpessoais, terapias cognitivas-comportamentais (TCC),
psicoeducativas, treinamento em habilidades sociais, dentre outras, todas
seguindo a tendência atual, formuladas a partir da integração de uma equipe
multidisciplinar. (DE ARAÚJO, et al., 2007).
3. ORIGEM DAS MANDALAS
Segundo Fincher (1990), desde os tempos mais remotos da história da
humanidade os círculos já apareciam em forma de entalhes na Europa, África e
América do Norte, onde até hoje é um mistério o porquê do uso do círculo da
espiral e desenhos semelhantes.
Consideremos a princípio nossa origem, crescemos a partir de um
pequeno ovo redondo, abrigado no útero materno onde somos circundados e
firmemente apoiados num espaço esférico.
Jung introduziu a ideia de mandala através da buscar interior. Ao desistir de um cargo na universidade passou a dedicar a sua vida interior aos seus sonhos, pensamentos e desenhos, onde cada manhã ele fazia desenhos circulares seguindo simplesmente um impulso interior. Observou que seus desenhos mudavam o seu estado mental e passou a observar sua transformação psíquica dia a dia e denominou aos desenhos circulares o nome da mandala, onde acredita que a esta possibilita a integração do ser humano com sua identidade social e cósmica. É a união e da terra infinito e finito, transpessoal e pessoal ajudando a organização e o fortalecimento do pique, além de facilitar o contato com a essência ou self. (FINCHER,1990, p. 32),
No oriente a criação das mandalas atende quase sempre a motivações
religiosas fazendo parte de ritual que visa movimentar as energias das
divindades, chamadas de ‘’Yantras’’ e muitas vezes são traçadas no chão com
pós coloridos e outros elementos, como flores e incensos. a autora sinaliza ainda
que no ocidente as mandalas são criadas para uso arquitetônico e decorativo,
servem mais para enfeitar, e poucos tem noção de sua importância vibracional
muito embora alguns de seus criadores saibam muito bem o que estão fazendo.
(FIORAVANTI, 2007).
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intermináveis, aos poucos, os gestos vão naturalmente se arredondando.
Surgem espirais e caracóis que nascem de dentro para fora, de fora para dentro.
Há ensaios de toda ordem até o aparecimento do primeiro círculo.” (DERDYK,
2004, p. 88).
Assim, as formas circulares amadurecem, se desenvolvem, associam-se
entre si, relacionam-se com outros elementos gráficos, até que surgem as
mandalas, desenhos circulares de formas geométricas concêntricas. São figuras
que revelam uma grande elaboração construtiva e para civilizações orientais
possuem um significado religioso: são representações do uno, do universo. As
mandalas estão impregnadas de um significado simbólico e psíquico, mas não
necessariamente serão sempre religiosas. (DERDYK, 2004).
Declara Saldanha (2004), que Jung estudou profundamente estes
desenhos denominados mandalas e através de sua própria busca interior passou
a se dedicar e a registrar seus sonhos num diário, e a cada manhã fazia
desenhos circulares, segundo seu impulso interior. Os desenhos mudavam,
como se refletindo o seu estado mental. Certo dia ao receber uma carta que o
irritou profundamente percebeu no dia seguinte o círculo que traçou apresentava
uma ruptura em seu limite e que a alteração do humor resultara numa variação
em seu desenho; então aprendeu que através do desenho circular que fazia,
surgia a mandala, uma palavra que significa ao mesmo tempo centro e
circunferência nas tradições indianas.
As mandalas feitas revelam a dinâmica do self (eu mesmo) ao criar uma
matriz onde se revela a identidade. Dentro da mandala encontram as
expressões, os motivos do passado comum em todo os seres humanos e os
símbolos da experiência individual. Desenhar mandalas faz parte de um padrão
natural ordenado de maturação psicológica (FINCHER, 1990, p. 35).
Ainda segundo Fincher diz que:
Crescemos a partir de um pequenino ovo redondo, abrigado no útero materno. Neste somos circundados e firmemente apoiados num espaço esférico; quando viemos ao mundo somos empurrados para baixo do canal tubular por uma série de músculos circulares através de uma abertura circular. Tudo o que o Poder do Mundo faz é feito num círculo. O céu é redondo, a terra é redonda como uma bola e as estrelas também. O vento em seu maior poder, rodopia. Os pássaros fazem seus ninhos em círculos. O sol se levanta e se põe novamente em círculos. A lua faz a mesma coisa e ambos são redondos. As
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estações formam um grande círculo em suas mudanças e sempre voltam novamente para onde estavam. (FINCHER, 1990, p.15),
Segundo Saldanha (2004), mandala é uma palavra de origem sânscrita
que significa círculo. Através dele é possível o profissional que trabalha com este
método diagnosticar diversos estados psicológicos de quem a faz e o
autoterapêutico ajudando-o de quem o utiliza resolver uma serie de situações
psicológicas que lhe perturba.
4. A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Sinaliza Saldanha (1999), que a Psicologia Transpessoal é o estudo e a
aplicação dos diferentes níveis de consciência em direção à unidade
fundamental do ser humano. A Psicologia Transpessoal representa um resgate
do processo histórico da psicologia ocidental, desde os seus primórdios, quando
se separou da Filosofia adquirindo o status de ciência.
O objetivo da psicologia transpessoal, segundo John Nelson (2000), um
dos médicos pioneiros na psiquiatria transpessoal, consiste em oferecer uma
apresentação completamente atualizada e fundamentada na investigação
cientifica moderna, uma visão que reconheça e integre os achados da psiquiatria
ortodoxa, o condutismo e a psicologia evolutiva e adicionada, onde for
necessário, as instituições e as experiências adicionais derivadas das
dimensões existenciais do ser humano.
Conforme Simão (2010), podemos conceituar Psicologia Transpessoal
como “o estudo e aplicação dos diferentes níveis de consciência em direção à
unidade fundamental do ser” ainda segundo o autor, e seu objeto de estudo são
os estados de consciência que transcendem a pessoa além do conceito de Ego.
A Psicologia transpessoal é uma abordagem da Psicologia considerada
por Abraham Maslow (1908-1970) como a "Quarta Força da Psicologia", sendo
a primeira força a Psicanálise, seguida da Psicologia comportamental, e a
terceira a Psicologia humanista. É uma forma de sincretismo teórico, que abarca
conteúdos de muitas escolas psicológicas, como as teorias de Carl G. Jung,
Abraham Maslow, Viktor Frankl, Ken Wilber e Stanislav Grof (WIKI, 2012).
Para Weil (1982), Pierre Weil, realizando uma síntese da definição inicial
de Sutich, sinaliza que possa ser um ramo da Psicologia especializada no estudo
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dos estados de consciência, lida mais especificadamente com a
“experiência Cósmica” ou estados ditos “Superiores” ou “ampliados” da
consciência.
Segundo Simão (2010), a experiência transpessoal é aquela em que o
senso de identidade ou do EU ultrapassa o individual e o pessoal, e abarca
aspectos da 23 humanidade, da psique e do cosmo, reconhecendo o potencial
da consciência em estender-se para além dos limites usuais do ego e da
personalidade.
Afirma Saldanha (2008), que foi necessário um tempo de amadurecimento
da própria Psicologia, através do behaviorismo, psicanálise, humanismo com
contribuição de muitos precursores para que a Psicologia Transpessoal pudesse
se manifestar trazendo uma dimensão espiritual como parte inerente ao ser
humano.
Para Maslow (2000), distingue como o contexto da psicologia profunda de
práticas religiosas, dogmas ou crenças pessoais. Maslow, desde o início de sua
proposta, destaca enfaticamente que a “experiência” transcendental ou espiritual
antecede à dogmas ou crenças religiosas.
4.1 OS 7 PASSOS DO PROCESSO EVOLUTIVO HUMANO
Para Saldanha (2008), as etapas do processo de desenvolvimento
humano em Psicologia Transpessoal são: Reconhecimento; Identificação;
Desidentificação; Transmutação; Transformação; Elaboração e Integração.
Cada um deles revelam etapas do desenvolvimento psíquico que ocorrem
quando aplicamos uma técnica interativa de orientação Transpessoal. Estas
etapas também podem se manifestar ao longo de um processo terapêutico de
orientação transpessoal, pois representam também etapas do próprio
desenvolvimento humano como um todo.
Tanto os aspectos do supraconsciente como os do inconsciente inferior
são necessários à transmutação e transformação dos aspectos psíquicos. À
medida que a mente se esvazia de tudo que é disfuncional, torna-se receptiva à
elaboração e integração de novos conteúdos, permitindo que o homem se
adeque e seja resiliente a qualquer meio disposto, na medida em que ele
reconhece e identifica a adversidade, no entanto não se deixa sucumbir pelo
desafio, desidentificando-se e possibilitando a transmutação, transformação,
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elaboração e integração de respostas novas e adequadas a soluções. (SIMÃO;
SALDANHA, 2012).
De acordo com Watson (2005), a filosofia do cuidado transpessoal em
enfermagem em que quando se reconhece os limites do potencial humano como
pontos ainda não exploradas, desperta na enfermagem e no paciente um
procedimento de cuidado, se reconhecendo como meio de ampliação das
próprias capacidades de reestruturação. Quanto mais a pessoa se conhece, mas
ela se respeita, se autocura e reconhece que deve ter o autocuidado.
Para Simão e Saldanha (2012), na abordagem Integrativa, os conteúdos
do inconsciente emergem com a realização de exercícios de rabiscar imagens
opostas, desenhos, figuras simbólicas, na qual o indivíduo entra na imagem,
gerando insight, interagindo com diferentes elementos, criando metáforas,
explicitando a sua apreensão pela percepção dos diferentes sentidos e trazendo
outras possibilidades de conhecimento, disponíveis em nossa mente criativa,
para trabalhar os conceitos a serem adquiridos.
Segundo Saldanha (2008), todo esse processo evolutivo humano aplica
os 7 passos em 4 etapas. A primeira é o momento do reconhecimento e da
interação com a adaptação dos elementos da RAZÃO, EMOÇÃO, INTUIÇÃO e
SENSAÇÃO; tarefas do primeiro estágio o qual possibilita a identificação
experiencial do momento que o indivíduo está vivenciando. A seguir ocorre a de
identificação ampliando a percepção da realidade, diferenciando o “estar” do ser
e manifestando o eixo experiencial configurando um segundo estágio. Este eixo
traz si uma dimensão mais ampla ainda, com conteúdo do supra consciente
gerando novas informações, transmutando e despontando a dinâmica do terceiro
estágio. Essa dinâmica evidencia a transformação e a elaboração da resposta
inovadora para questões antigas ou situações novas e que eram obscuras. A
partir deste momento psíquico, o próximo passo se dá no quarto estágio que é a
integração no nível pessoal e no âmbito do coletivo. É um processo
extremamente dinâmico onde as etapas poderão ocorrer algumas vezes
simultaneamente e os estágios se interpenetrarem, contudo é possível imaginá-
las, visualizando-as didaticamente.
5. MATERIAIS E MÉTODOS
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No primeiro momento, foi realizado uma pesquisa bibliográfica,
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos. Não se recomenda trabalhos oriundos da internet.
(GIL, 2008).
Quanto a população envolvida na referida pesquisa, foi 1 paciente
acometido de esquizofrenia paranoide, do sexo masculino, com 45 anos de
idade, pertencente ao consultório de psicanálise localizado na rua 2, sala 11, no
bairro Adrianópolis na cidade Manaus-AM, cujo o nome será substituído por
“Peri” durante toda a apresentação dos dados obtidos através das mandalas.
A intervenção aconteceu com a autorização da família, sob a forma de
mandalas, com 72 terapias totalizando 150 unidades, desenvolvidas durante o
período de um ano e meio através de encontros/oficinas de 30 a 60 minutos cada
um, tendo como proposta a construção de mandalas como arte terapêuticas, por
meio das linguagens da arte, utilizando a psicologia transpessoal. Conforme
Ormezzano, (2001, p. 82-85), “a oficina é um espaço em que se trabalha sem
distinção entre intelectual e manual. Também implica a maneira de produção
apropriada. A oficina é um espaço de troca que evolui pela capacidade de seus
membros e do sistema em sua inteireza”, o autor ainda afirma que “favorece
diferentes maneiras de pensar, sentir, perceber, emocionar-se e expressar a
produção de um saber, do que somos e, de quem nós somos”.
Na segunda etapa deste trabalho foi realizado estudo de caso que
segundo Gil (2008), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.
A pesquisa do estudo de caso seguiu as seguintes etapas: o primeiro
encontro casual com o paciente aconteceu através de sua mãe. No primeiro dia
o paciente estava em estado de surto, porém orientei que o mesmo deveria
procurar um profissional (Psiquiatra). Através de uma suplica de sua mãe, resolvi
atende-lo neste momento, muito agitado e com olhos vermelhos. Sem saber o
que fazer esperei alguns minutos para dialogar com ele, então perguntei: você
gostaria de sentar? logo após ele sentou. Neste momento, ele relatou o que
estava sentido e então apresentei a as cores para que ele pudesse relaxar, bem
como música com barulho de água, e respiração. Escolheu a cor vermelha,
quase acabando o lápis (ao terminar perguntei-lhe como você está? e ele com o
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movimento circular na cabeça com a mão falou como se minha mente estivesse
se equilibrando. A partir deste encontro realizamos mais 72 encontros
terapêuticos, com a construção de 150 mandalas com base na psicologia
transpessoal.
A coleta de dados foi feita através de narrativas verbais, visuais,
entrevistas, exercícios de imaginação ativa, bem como através das mandalas.
Desde modo, os dados coletados foram descritos nas mandalas do estudo de
caso após cada vivência terapêutica, os quais passaram pelo processo de
análise e interpretação, para, então, compor este estudo. “A análise e a
interpretação dos dados estão contidas no mesmo movimento, ou seja, o de
olhar atentamente para os dados da pesquisa” (MINAYO, 2010, p. 68). Neste
caso, o olhar atento para os resultados evidenciados por meio das atividades
arte terapêuticas desenvolvida pelo participante.
Para interpretação dos dados utilizamos a leitura transtextual singular das
imagens proposta por Ormezzano (2001), a fim de compreender a significação,
signos e símbolos desvelados por meio dos textos visuais (desenhos, pinturas,
gravuras, esculturas, objetos, fotografias e outros), textos verbais (escritos,
músicas e outros).
Para a realização da criação das mandalas foram utilizados os seguintes
materiais: folha A3 para desenhos e A4 para a criação das reflexões
terapêuticas; lápis de cores diversas(giz pastel), para a cobertura dos desenhos
que resultaram nos elementos formais das mandalas que surgiram, bem como
as cores, texturas, formas e características das experiências estéticas.
5.1 RELATO DE CASO
5.1.1 PRIMEIRO CONTATO
“Peri” (nome fictício), 45 anos, técnico em eletrônica, chegou até a mim
através de sua mãe, uma senhora de 75 anos, que ficou paraplégica após uma
cirurgia. A mãe de “Peri” também veio até mim para fazer terapia, por sua filha,
pois para que pudesse suportar, de forma mais amena, a situação que se
encontrava, de cadeirante. Certo dia, ao chegar ao consultório, pediu-me para
que ao invés de atendê-la, pudesse ouvir um pouco a seu filho, pois o mesmo
se encontrava muito agitado e revoltado. Ela explicou que a revolta era contra o
pai, por entender que seu genitor era o responsável por tudo que ela (sua mãe)
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estava passando. Relatou-me também que seu filho foi diagnosticado como
esquizofrênico paranoide, com passagens pelo hospital psiquiátrico nos últimos
20 anos, se recusando a fazer qualquer tipo de tratamento. Escutei atentamente
e tentei mostrar a esta senhora que seu filho precisava de um médico
especialista (psiquiatra) para prescrever uma medicação adequada e
posteriormente eu o receberia para conversarmos.
Mais uma vez ela insistiu dizendo que tinha certeza que se o escutasse
ele ficaria bem e que eu não me preocupasse, pois ela e sua irmã estariam por
perto me garantindo que nada me aconteceria. A mãe de “Peri” também relatou
que algumas vezes seu filho insinuou que gostaria de conhecer-me, pois ao final
das sessões os dois sempre comentavam a respeito das sessões e “Peri”
observava que sua mãe retornava alegre e calma.
Acredito que nessa vida nada acontece por acaso, resolvi enfrentar este
desafio, mesmo sabendo dos riscos que eu estava correndo. Solicitei que “Peri”
entrasse, cumprimentando-o gentilmente, procurando passar a ele toda a
serenidade possível, permitindo com isso que ocorresse a empatia entre nós.
Seu nervosismo era visível, suava muito, mantinha os olhos arregalados o tempo
todo e estava bastante excitado. Ofereci um copo d'água e pedi que sentasse
onde se sentisse melhor e mais confortável. Olhou atentamente o ambiente e
dirigiu-se a uma pequena mesa no canto da sala, acomodando-se.
Sentei a sua frente, fiquei em silêncio por um tempo e então lhe perguntei
se gostaria de conversar, ele olhou e sorriu, foi então, neste momento, sinto que
poderia fazer alguma coisa por “Peri”.
Não sabia exatamente o que faria, mas coloquei o amor e a escuta a sua
disposição seguindo os ensinamentos da Dra. Vera Saldanha, deixando-o falar
tudo que lhe incomodava naquele instante, interferindo em alguns momentos
com monossílabos para que percebesse que estava entendendo o que ele
sentia.
Relatou-me inicialmente suas mágoas e ressentimentos onde o foco
maior era seu pai. Percebi que ele já se sentia mais calmo e perguntei-lhe como
era o ambiente em sua casa, com quem morava; ele me respondeu: "com meus
pais que já são bastante idosos e pouco sociáveis, vivendo cada um para seu
lado ou constantemente em desarmonia, não costumamos dialogar e desde
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1992 vivo um mundo só meu, no meu quarto... mas não quero falar sobre isso
agora". Respeitei o silêncio dele, mas o questionei se ele gostaria de vir uma vez
por semana no consultório para conversarmos e recebi uma resposta dele
positiva em seguida.
Após escutá-lo, minha intuição me levou a desenhar um círculo com um
prato e perguntar se ele gostaria de expressar, no círculo, tudo que ele estava
sentindo através de uma ou várias cores, conforme sua vontade, sem
preocupações com certo e errado, deixando apenas que seus sentimentos
pudessem fluir de forma natural. Ele escolheu a cor vermelha e começou a riscar
sem parar no círculo desenhado. Ao perceber que tinha terminado sua pintura,
perguntei-lhe como ele estava se sentindo; fazendo movimentos com as mãos
em volta da cabeça ele responde: "é como minha mente tivesse se equilibrado".
A partir dessa fala entendi que nossa caminhada seria através das
mandalas como autoconhecimento, como autocura, onde ele mesmo faria suas
interpretações. Entretanto era imprescindível ganhar sua confiança e escutá-lo,
para trabalhar a aceitação de uma terapia medicamentosa com um psiquiatra
paralelamente a nossa terapia.
5.1.2 OS TRÊS PRIMEIROS MESES
Fizemos um trabalho em cima de passagens bíblicas, onde ele mesmo as
trazia de acordo com sua preferência, procurando sutilmente transformá-las em
ensinamentos para sua evolução, tendo em vista que se tratava de uma pessoa
carente afetivamente e revoltado contra tudo e todos, e com o agravante de não
fazer nenhum tratamento psiquiátrico.
Certo dia, ao perceber que já tinha adquirido mais de sua confiança, pedi
a “Peri” que fosse ao psiquiatra e ele me responde em seguida: "a medicação
me fez perder os melhores anos de minha vida, pois passava o tempo todo
dormindo, dopado".
Mesmo assim, procurei insistir para que ele procurasse o psiquiatra, pois
seria fundamental para que ele pudesse ter uma vida feliz e não precisaria ficar
dopado, a medicação era somente para aliviar seus pensamentos ruins que
passavam na sua cabeça, pois não eram seus e sim a doença esquizofrênica
que o induzia a estes pensamentos, e assim ele afirmou que prometia pensar
sobre isso.
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Nesses 3 primeiros meses minha meta principal era de ganhar a sua
confiança para lhe dar conscientização que paralelo ao nosso trabalho, ele
aceitasse fazer acompanhamento psiquiátrico.
Assim caminhamos os 3 primeiros meses, “Peri” trazendo as passagens
bíblicas e eu desenvolvendo-as em forma de recursos para seu aprendizado,
para sua evolução e liberdade da mágoa e dos ressentimentos que inundavam
todo o seu ser.
No decorrer das sessões era notória a mudança de comportamento de
meu paciente e compartilhando a ideia de Simão (2004), todo trabalho trazido
pelo paciente deve ser acolhido sem preconceitos, sem interpretações rígidas ou
demais padronizações. Assim foi nossa caminhada. Solicitei que todos os dias
em que estivesse angustiado ou nervoso fizesse uma prece ou exercícios de
respiração e deixasse seus sentimentos vim à tona, sem julgamentos, no círculo
através das cores.
Por se tratar de uma pessoa inteligente e curiosa, comentei com ele sobre
as mandalas de Karl Gustavo Jung, explicando que se tratavam de desenhos e
pinturas circulares muito usadas no oriente como forma de exteriorizar os
sentimentos e alcanças o equilíbrio.
5.1.3 O QUARTO MÊS
Esperava ansiosamente que entendesse a necessidade de ajuda do
psiquiatra, até que um dia, em uma sessão ele me falou: "doutora, trouxe uma
surpresa para a senhora" e me entregou um papel que ao abrir, percebi que era
um receituário médico onde o psiquiatra prescrevia a medicação.
5.1.4 QUINTO MÊS EM DIANTE
Importante ressaltar que através dos seus desenhos e das cores, meu
cliente se autocurava, confirmando os achados da literatura que as mandalas
possuem um poder estimulante e terapêutico. Nesse período do tratamento
observei o início dos insights através das mandalas. Todas as mandalas eram
intituladas por ele e serão destacadas aqui neste trabalho as mais importantes,
como exemplo: a "Mandala do ódio" e "Mandala da mágoa".
No momento em que trouxe ao consultório a mandala do ódio, pediu-me
que o escutasse falar da "Fábrica do Tormento", nome que se referia a um local
em que esteve empregado por um período e que acreditava que sua vida mudou
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para pior a partir daí. Nesta fábrica trabalhou como técnico em eletrônica há vinte
anos, local em que se apaixonou por uma jovem dez anos mais nova que ele e
passou a viver esse amor de forma doentia. Incomodava-se quando via a jovem
conversando com outra pessoa, chegando ao ponto de agredir fisicamente um
rapaz, apenas por entender que se tratava do namorado da jovem. A partir desse
episódio, começou a ter taquicardia, ouvia vozes e sentia-se perseguido, o que
resultou em sua primeira internação no hospital psiquiátrico.
Ao relatar os fatos ocorridos durante o tratamento recebido pelos médicos
e cuidadores do hospital, ele contava com riquezas de detalhes, como se fosse
um filme. Relatou-me das pessoas que estavam hospitalizadas e todo o
sofrimento vivido por eles. Ao sair do hospital, pediu demissão do seu emprego
e se confinou num mundo só seu, neste caso, o seu quarto e sua casa. Segundo
ele: "morreu para o mundo".
Negava-se a qualquer tratamento psiquiátrico e a tomar remédio, pois
entendia que tinha a única finalidade de mantê-lo dormindo. Quando em crises,
Peri era levado ao hospital, e assim os anos foram se passando, totalizando 20
anos, entre entradas e altas do hospital. Atualmente, com sua disciplina e
perseverança, admite que seja esquizofrênico e sabe discernir seus
pensamentos, bem como transformá-los quando negativos. Relatou-me que
consegue criar um telão mental, dizendo que antigamente imaginavam pistola
de 9 mm matando todos aqueles que odiava, e atualmente, dentro desse telão
ele escreve um “NÃO” e na mesma hora muda seus pensamentos.
Quando sente que está prestes a ter uma crise de irritação, já consegue
detectar, pois começa a ficar agitado com pensamentos ruins e mãos trêmulas,
e para que não chegue a machucar ninguém, ele simplesmente se retira, quando
pode, para seu quarto e começa a fazer mandalas, orações, exercícios de
respiração, bem como o exercício da fonte. Para este último exercício, “Peri”
transforma mentalmente seu chuveiro em uma fonte onde permanece abaixo
desta, até que se acalme.
Uma das passagens bíblicas trazidas pelo paciente foi de grande valia no
tratamento. Tratava-se de um provérbio intitulado "dos tesouros da impiedade
nada se aprovam, mas a justiça que vem do alto é correta", com esse provérbio
ele entendeu que deveria perdoar e se libertar, passando a ir de casa em casa
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com vizinhos e familiares pedindo perdão de quem havia magoado insultado,
agredido, etc.
Ensinei ao paciente um exercício para trabalhar o perdão e a culpa
interior, onde se diz repetidamente "eu me perdoou e eu me liberto, eu os
perdoou e os liberto", pedindo que mandasse esse pensamento todos os dias as
pessoas que ele imaginava que tinham mágoa dele. Orientei-o que se sentisse
a necessidade de falar com cada um, que assim o fizesse.
Hoje ele sabe que tudo o que houve foi em decorrência da esquizofrenia
e de seus maus pensamentos. Disse-me que não tem sido fácil vencer suas
dificuldades, mas que está tentando. Falou-me certa vez sobre impiedade, e que
a seu ver, são pessoas que não tem misericórdia nem com elas mesmas e falou-
me da descoberta de uma sombra sua, a sombra de "não perdoar", e disse-me
a seguinte frase: "se na época eu não tivesse ficado tão revoltado e apático, eu
não teria sofrido tanto, hoje meu coração já consegue perdoar".
5.1.5 O CAMINHAR NAS 7 ETAPAS DA ABORDAGEM INTEGRATIVA
TRANSPESSOAL
As mandalas aqui selecionadas tem como finalidade mostrar a caminhada
de Peri através dos 7 passos da abordagem integrativa transpessoal. Em um
universo de 150 mandalas criadas por ele, foram selecionadas as mais
significativas, devido a importância de cada uma em sua evolução, dentro de
cada etapa da abordagem. Assim, foi registrado algumas falas para uma melhor
compreensão como também, a ilustração das mesmas.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O caso do esquizofrênico paranoide “Peri”, pertencente ao sexo
masculino, com 45 anos de idade, brasileiro e natural de Manaus- Amazonas,
será relatado através de mandalas e falas construída por ele através das
terapias, bem como as escritas. Os dados coletados serão apresentados através
de figuras que mostram as mandalas e falas do pesquisado.
Através de um breve relaxamento de respiração e encontros no período
de 1 ano e meio e de 72 terapias foi possível obter os seguintes resultados da
psicologia transpessoal utilizando o método das mandalas, contudo algumas
atividades foram realizadas através das minhas iniciativas e criatividades.
MANDALA DO ÓDIO
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Etapa realizada com esta mandala – Reconhecimento e Identificação.
Fala do Paciente “Peri”:
“Tudo começou na Fábrica do Tormento. Nesta fábrica, apaixonei-me por
uma jovem dez anos mais nova que eu, sem que ela tivesse conhecimento disso.
Certo dia ao vê-la com uma pessoa me descontrolei ao ponto de agredir
fisicamente seu namorado. A partir desse episódio passe a ter taquicardia, ouvir
vozes, me sentir perseguido, resultado na minha primeira internação em hospital
psiquiátrico”.
COMENTÁRIO:
Ao relatar esses fatos, “Peri” demonstrava sentir muito ódio. Acreditava
ter sido abandonado pela família ao ser internado e revoltava-se com o
tratamento recebido no hospital através dos “cuidadores”, bem como o
sofrimento de todos que ali estavam, pois pareciam “animais”. Ao sair do hospital
pediu demissão do trabalho e criou um mundo só seu, resumido a seu quarto,
morrendo para o mundo. Não aceitou mais desde esse episódio nenhum tipo de
tratamento e nem remédio, pois segundo ele, o faziam dormir o tempo todo.
A mandala do ódio foi desenhada pelo “Peri” na data 6/9/2011, às 4:25,
como podemos ver abaixo na Figura 1.
Figura 1: Mandala do ódio Fonte: Autora (2012)
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MANDALA LARANJA – MÁGOA
Etapa realizada com esta mandala – Reconhecimento e Identificação.
Fala do Paciente “Peri”:
“Todo mundo me persegue, família, vizinhos e amigos. Não confio mais
em ninguém, pois todos só sabem me perseguir com calúnias e mentiras”.
COMENTÁRIO:
Como nesta mandala “Peri” se encontrava num processo de crise e visto
que um dos sintomas do seu diagnóstico são os pensamentos paranoicos, para
ele a perseguição era uma realidade.
A mandala laranja foi desenhada pelo “Peri” na data 7/9/2011, como
podemos ver abaixo na Figura 2.
Figura 2: Mandala laranja – mágoa Fonte: Autora (2012)
MANDALA DA RELIGIÃO
Etapa realizada com esta mandala – Reconhecimento e Identificação.
Fala do Paciente “Peri”:
“No lugar de me ajudarem, me condenavam. Só viam os meus defeitos”.
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COMENTÁRIO:
Os representantes maiores das religiões só faziam me condenar, com
penitências e exposições ao ridículo, como por exemplo: tirar o “diabo” (o espírito
mau) do seu corpo.
A partir daí, se afastou totalmente das religiões.
A mandala da religião foi desenhada por ele na data 10/09/2011, como
podemos ver abaixo na Figura 3.
Figura 3: Mandala da religião Fonte: Autora (2012)
MANDALA DO LABIRINTO DE UM SONHO
Etapa realizada com esta mandala – Desidentificação.
Reflexão feita por “Peri” nesta sessão (entrevista) realizado na data de
09/11/2011.
Para que serve o labirinto?
Para sair de determinada situação dos problemas do dia a dia.
Quais foram os problemas?
Na família, discussão, desavença, odiar, rancor, raiva.
Como é visto cada forma geométrica?
Quadrado – A maneira de ver as coisas antiquada, minha vida de criança,
aventuras.
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Círculo – Circulo da vida as coisas, tudo se renova e a gente esquece, o
que é passado.
Triangulo – Tentar resolver o nosso problema, o diálogo, a sinceridade
como é bolada a situação o amor.
Aspiral – Parece que as coisas não tem que mais se olhar direto para ele,
você ver a luz no fim do túnel.
A mandala labirinto de um sonho foi desenhada pelo “Peri” na data
09/11/2011, iniciando às 7:30 até 8:05, como podemos ver abaixo na Figura 4.
Figura 4: Mandala labirinto de um sonho Fonte: Autora (2012)
MANDALA DO NÃO
Etapa realizada com esta mandala – Desidentificação.
Fala do Paciente “Peri”:
“Quando passa em minha mente a imagem de uma pistola de 9 mm para
matar os que me fizeram mal, troco por uma tela bem grande, onde está escrito
a palavra NÃO. E mudo meus pensamentos”.
COMENTÁRIO:
A partir desta mandala, ele aprendeu a buscar recursos para mudar seus
pensamentos, bem como quando se encontrava irritado, procurava fazer o
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relaxamento da fonte, onde transformava no seu imaginário o chuveiro em uma
cachoeira.
Este exercício foi baseado no livro Relaxamento para Todos (LIPP, 2008,
p.85), para pessoas em ânsia de pânico. Ensinei a ele que quando estivesse
irritado e com pensamentos ruins, fizesse o exercício de respiração, puxando o
ar para dentro dele, transformando em pensamentos positivos e/ou agradáveis
e ao soltar o ar, imaginasse que toda a irritação estivesse indo para bem longe.
Em seguida, imaginasse a palavra “NÃO” escrita em uma tela grande, se
conscientizando que não deveria fazer isso. Ele fazia sempre dentro dos ônibus
e em lugares públicos. Todo este exercício foi planejado do início ao fim.
A mandala do não foi desenhada pelo “Peri” na data 21/11/2011, iniciando
às 13:00 até 13:15, como podemos ver abaixo na Figura 5.
Figura 5: Mandala do não Fonte: Autora (2012)
MANDALA DA TERAPIA DO PERDÃO
Etapa realizada com esta mandala – Integração.
Fala do Paciente “Peri”:
“Descobri que a perseguição estava nos meus pensamentos negativos.
Pedi perdão aos meus vizinhos e familiares. Hoje o mundo está mais feliz, mais
alegre.
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Acredito que não é o mundo ou as pessoas que têm de mudar, mas o
nosso olhar perante este mundo e as pessoas”.A mandala terapia do perdão foi
desenhada pelo “Peri” na data 25/11/2011, iniciando às 18:00 até 19:05, como
podemos ver abaixo na Figura 6.
Figura 6: Mandala da terapia do perdão Fonte: Autora (2012)
MANDALA LARANJA – LIBERTAÇÃO
Etapa realizada com esta mandala – Integração.
Fala do Paciente “Peri”: “Perdi 20 anos da minha vida sendo escravo da
esquizofrenia e dos pensamentos ruins. Mas não vou me condenar. Vou me
corrigir sempre”. “Estou começando a pegar equipamentos para consertar, para
sair da dependência financeira da família”.
COMENTÁRIO:
Foi o momento transformador e revelador de sua vida. Um novo olhar se
fez. A mandala laranja – libertação foi desenhada pelo “Peri” na data 17/12/2011,
como podemos ver abaixo na Figura 7.
Figura 7: Mandala laranja – libertação Fonte: Autora (2012)
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MANDALA LARANJA – SABER VIVER
Etapas realizadas com esta mandala – Transformação.
Fala do Paciente “Peri”:
“Vou me tratar, cuidar de mim, descobrir minhas sombras e iluminá-las.
Hoje estou me equilibrando no espiritual. Rezo da minha maneira. Não preciso
de muitas palavras para o nosso superior me entender”.
Entrevista com o “Peri”:
P: Esta mandala recebeu o nome de “Saber Viver”. E veio na minha
cabeça que as coisas da minha vida estavam desequilibradas e eu não tinha um
apoio certo.
T: Apoio de quem?
P: Do plano espiritual! Eu estava perdendo este apoio me afastando de
Deus. O desequilíbrio, eu não tinha mais o encontro com o nosso superior maior.
T: E hoje?
P: Está equilibrado. Eu estou com meu plano espiritual se equilibrando.
T: O que você está fazendo para ter esse equilíbrio?
P: Rezando, mas da minha forma. Como nosso superior entende, não
preciso de muitas palavras para ele me entender, é o meu guia espiritual.
T: E quem é seu guia espiritual?
P: João Paulo II. Tenho ele como meu guia e tudo que passei sempre
pensei nele para me dar forças e dialogar.
T: Você falou “Mandala do Saber Viver” por que?
P: Sim. Aquela fase que eu vivi, morreu. Estou começando a aprender
viver novamente. P: Sabe como estou aprendendo? Lembro de minha mãe que
dizia para eu cuidar de mim e ser feliz.
T: Como é que você está cuidando de você?
P: Deixando que cada um viva sua vida e eu vou me tratar, cuidar de mim,
para mudar dentro de mim, descobrir minhas sombras. Só que quando não gosto
delas, deixo-as de lado.
T: É importante trazer nossas sombras e iluminá-las.
P: É mesmo?
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T: É.
COMENTÁRIO:
É integração do conhecimento na vida pessoal, profissional e cotidiana, já
inserido no todo do ser.
A mandala laranja do saber viver foi desenhada pelo “Peri” na data
20/1/2012, iniciando às 8:00 até 8:40, como podemos ver abaixo na Figura 8.
Figura 8: Mandala laranja – saber viver Fonte: Autora (2012)
MANDALA LARANJA – TOQUE DE ENERGIA
Etapa realizada com esta mandala – Reconhecimento, Identificação,
Desidentificação e Transmutação.
Fala do Paciente “Peri”:
“Aprendi a me acalmar. Faço a mandala, olho bem para ela até me
acalmar e reflito sobre sua mensagem. Lembro-me do que a senhora falou:
transformar uma pedra preciosa bruta em uma joia preciosa. Um dia chego lá”.
Entrevista com o “Peri”:
P: Essa mandala foi muito forte. Me irritei devido a um conflito interno...
Fiquei muito acelerado.
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T: O que você fez para se acalmar?
P: Olhar bem para ela e me acalmar. Ela me fez refletir sobre duas
sombras minhas. Sabe quais são? Gosto de fazer as coisas muito rápido, mas
não é assim, tem que esperar um pouco, me tranquilizar; e a outra é quando não
consigo fazer algo. Estou tentando trazer elas para a luz, mas está difícil. Lembro
que a senhora falou que sou uma pedra preciosa bruta e um dia vou me
transformar em uma linda joia. Um dia chego lá.
T: Lembrei da meditação ou uma oração para começar.
P: Fui para minha oratória até entender.
T: Ao término dela se sentiu bem?
P: Claro! Apesar de minha mão ter ficado pesada, foi aliviando quando
pedi orientação na minha oratória.
P: Tomara que as coisas se resolvam logo, relacionado a minha vida.
P: Doutora, tenho que colocar mais suavidade nela, não é?
T: Se não gosta da mandala, rasgue e no mesmo instante faça outra.
P: Foi o que fiz e surgiu a Mandala da Orientação.
COMENTÁRIO:
E foi essa mandala que descobriu a sombra da irritação, neste caso, por
não saber esperar. Nesta mandala ele aprendeu a detectar suas sombras,
aceitando-as a fim de transformá-las.
Durante as sessões foram feitos exercícios de relaxamento através da
respiração, neste caso o exercício da rosa, que foi fonte de inspiração para Peri
criar o exercício Cachoeira.
A cachoeira funcionava assim: todas as vezes que ele se agitava, ele ia
ao banheiro e ficava de baixo do chuveiro imaginando uma linda cachoeira,
ficando lá até se acalmar.
Nesta etapa também foi lido passagens bíblicas.
Tudo era somado a criação das mandalas, onde ele fazia diariamente,
interpretava e trazia para discutirmos sobre o assunto. A grande parte por foi
relatada de forma escrita e desenhada.
Esta entrevista foi realizada em 21/1/2012, identificando uma
transformação sobre uma desidentificação. A mandala laranja – toque de energia
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foi feita neste dia também às 5:50 até 6:30, como podemos ver na Figura 9.
Figura 9: Mandala laranja – toque de energia Fonte: Autora (2012)
MANDALA LARANJA – ORIENTAÇÃO
Etapa realizada com esta mandala – Desidentificação.
P: Essa foi a orientação da outra (Mandala do toque da energia).
P: Tem que clarear para mim, tem que colocar uma energia que me
equilibre.
P: A senhora pode ver que estava borrando tudo.
P: Sabe por quê?
T: Me diga, porque?
P: Era o dia do retorno ao médico para pegar a medicação.
T: Qual foi a orientação que esta mandala lhe deu?
P: Colocar a cabeça no lugar e não abandonar o tratamento.
Esta entrevista foi realizada em 22/1/2010, identificando uma
desidentificação.
A mandala laranja – orientação foi feita neste dia também às 5:50 até
6:00, como podemos ver na Figura 10.
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Figura 10: Mandala laranja – orientação Fonte: Autora (2012)
MANDALA LARANJA – FLUTUANDO
Etapa realizada com esta mandala – Elaboração.
Fluíram espontaneamente os insights através do primeiro contato com o
mundo depois de 20 anos. Em acreditar que era capaz que sonha ter seu canto.
Foi ensinado a Peri a se olhar no espelho e ficar dizendo: sou capaz, sou
inteligente, me amo; o qual ele fazia diariamente para melhorar sua autoestima.
Etapa flutuando – Entrevista com o “Peri”:
T: O que foi que ela te trouxe?
P: Não quero sair sem fazer minha mandala.
P: Lembrei das mandalas fortes e nossa! Fiquei flutuando e a irritação
passou.
P: Esse flutuando me deixou como não me deixar me atingir pelos
problemas, houve equilíbrio.
T: Falou com o médico?
P: Sim.
T: E ele?
P: Só anotou.
P: Doutora, será que não é o melhor eu ter meu canto? Fale?
T: Calma! Tudo tem sua hora, saiba respeitar.
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P: OK.
P: Ao desenhar essa mandala me senti leve como se estivesse voando,
sabe? Aquela flutuação que as vezes está ajudando naquele momento, me da
alegria. Mas as vezes essa alegria me dá medo.
T: Porque dá medo?
P: Não é bom, eu fico cismado, mas estou me esforçando para entender.
É muito difícil este contato novamente com o mundo e as pessoas.
T: Lembre-se, foram 20 anos longe deste mundo, mas não tenha pressa...
é só um recomeço.
P: Tenho feito o exercício do espelho que a senhora me ensinou. E para
continuar?
T: O que você tem tido para você?
P: Sou inteligente, me amo, sou capaz.
P: Acho graça as vezes, pois me pego falando alto, mas se a senhora
mandou, eu faço.
Esta entrevista foi realizada em 23/1/2012, identificando uma elaboração.
A mandala laranja – flutuando foi feita neste dia também às 4:45 até 5:05, como
podemos ver na Figura 11.
Figura 11: Mandala laranja – flutuando Fonte: Autora (2012)
MANDALA LARANJA – REFLEXÃO
Etapa realizada com esta mandala – Elaboração.
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Fala do Paciente “Peri”:
“Descobri onde estava meu problema, no ambiente externo, interno, com
início na fábrica do tormento. Hoje estou com 45 anos na época estava com 25.
Perdi 20 anos da minha vida”.
Entrevista com o “Peri”:
T: O que você reflete?
P: A situação que vivo, colocar a cabeça no lugar.
P: Pensando na minha mãe, os conselhos que ela me deu.
P: Querendo entender onde estava meu problema.
T: Onde estava o seu problema
P: No ambiente externo e interno, aí começou a briga na Fábrica dos
Tormentos. Hoje estou com 45 anos e na época estava com 25 anos. Perdi 20
anos da minha vida.
P: A senhora está de parabéns pelo seu profissionalismo em como está
trabalhando com minha pessoa.
COMENTÁRIO:
Este foi o momento do seu reencontro. Segundo Saldanha (2008) o
estado mental é do outro, a situação é outra. Há uma apreensão do verdadeiro
conhecimento e do sentido desse saber na vida do indivíduo.
A mandala laranja – reflexão foi desenhada pelo “Peri”, conforme abaixo
na Figura 12, foi feita no dia 26/1/2012 às 6:30 até 7:15.
Figura 12: Mandala laranja – reflexão Fonte: Autora (2012)
MANDALA LARANJA – CUIDADO PRÓPRIO
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Etapa realizada com esta mandala – Elaboração.
Entrevista com o “Peri”:
P: Quero saber do meu problema e não dos outros. Sentir
posicionamento.
Senti posicionamento:
P: Me posicionar do momento que estou vivendo.
T: E como você está vivendo hoje?
P: É os enganos de nossa vida.
P: Sem se condenar não é verdade doutora?
T: Se corrigir sempre se condenar nunca.
P: Ontem fui à casinha marcar consulta para ver minha saúde, cuidar de
mim.
T: Você está de parabéns.
T: Como foi sua semana?
P: Bem, mas está aí nas mandalas, a senhora vai ver.
P: Pensei o que poderia fazer por mim e me cadastrei no Centro Social
Urbano.
P: A assistente social falou sobre minhas dificuldades.
T: Onde fica este Centro Social?
P: Próximo a ponte do São Raimundo.
P: Fui à biblioteca ler um pouco.
T: O importante é ocupar a mente com coisas boas. Voltar ao convívio
social.
P: Nunca pensei que a doença me causasse tanto problema.
P: Os desenhos livres do curso que estou fazendo é para mim um lazer.
A senhora quer ver?
T: Sim, quando você quiser?
T: Não se preocupe com regras, siga seus sentimentos.
P: Não carreguei o laranja, fiz bem claro. Percebi que o laranja forte me
irritava.
P: Às vezes não tenho decisão.
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P: A senhora não sabe o que é profissionalismo para mim.
T: O que é profissionalismo para você?
P: É a responsabilidade de fazer o correto no plano profissional.
P: Fico preocupado com minha profissão, está desgastada.
T: Vá devagar.
T: Quando você fala no lado espiritual, o que você quer me dizer?
P: É que eu era fraco. Não é ser melhor que ninguém, mas acreditar na
gente.
P: Lembrei de Adão e Eva que pecaram e fugiram para se esconder e não
conseguiram.
P: Assim sou eu, errei, mas vou me erguer, me encontrando com Deus
através do exemplo de João Paulo II.
P: A senhora falou várias vezes que devemos nos amar, nos perdoar e
saber perdoar os outros.
P: Na fase crítica busco o equilíbrio na Bíblia na minha fé.
P: Eu já tinha perdido esta fé.
P: Tem uma água benta em casa deixada pela minha mãe, passava em
mim e me acalmava. Vez por outra faço isso.
Esta entrevista foi realizada em 27/1/2010, identificando uma integração.
A mandala laranja – cuidado próprio foi feita neste dia também às 6:45 até 7:10,
como podemos ver na Figura 13.
Figura 13: Mandala laranja – cuidado próprio Fonte: Autora (2012)
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MANDALA CABEÇADA
Etapa realizada com esta mandala – Elaboração.
T: Quais foram os sentimentos que fluíram nesta mandala?
P: O da teimosia, da irritabilidade, das minhas sombras, não perdoar.
P: Sentir crescer. Esse crescer, vou lhe falar e mais uma vez, cabeçada.
P: Pega a bíblia e abre pedindo licença.
P: Sabedoria, capítulo 4, versículo 25 até 27.
P: Tudo está em numa confusão completa deslealdade, perseguição,
suicídio.
P: Esse crescer é a cabeçada aparecendo novamente.
P: No meu bairro vejo exemplo e reflito vendo as cabeçadas. E vejo o que
se passou comigo e procurei me entender qual era a situação que estou vivendo.
Aprendi as coisas sozinho porque as pessoas que era para ter me ensinado, me
ensinaram errado.
Outro diálogo:
T: Bom dia!
P: Bom dia!
P: Trouxe minhas mandalas ao desenhar neste papel, parece
impressionismo.
T: O que é impressionismo?
P: Trabalhar com sombras.
T: O que é isso?
P: É a luz e a sombra do desenho.
P: Aqui está a mandala laranja.
T: O que você sentiu ao pintá-la?
P: Ânimo, que é o sentido normal, boa percepção de acordo com minha
realidade.
T:Como é sua realidade?
P: No sentido das coisas corretas.
T: Dê um exemplo.
P: Pode ser qualquer sentido. No meu trabalho me propor a ganhar
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mesmo um salário mínimo.
P: Na dificuldade que estou passando, aceitando a situação para poder
vencer estas dificuldades.
P: Nas piores circunstâncias ser a mesma pessoa.
T: Meus parabéns! Você está evoluindo.
P: Não são todos que veem assim.
T: O principal é você acreditar e está bem com você mesmo.
P: Fiz outra mandala laranja.
P: Esta, veja, não carreguei tanto laranja, fiz bem claro.
P: Percebi que o laranja forte me irritava.
P: Às vezes não tenho decisão.
P: A senhora não sabe o que é profissionalismo para mim.
T: O que é profissionalismo para você?
P: É a responsabilidade de fazer o correto no plano profissional.
P: Fico preocupado com minha profissão, está desgastada.
T: Vá devagar.
T: Quando você fala no lado espiritual, o que você quer me dizer?
P: É que eu era fraco. Não é ser melhor que ninguém, mas acreditar na
gente.
P: Lembrei de Adão e Eva que pecaram e fugiram para se esconder e não
conseguiram.
P: Assim sou eu, errei, mas vou me erguer, me encontrando com Deus
através do exemplo de João Paulo II
P: A senhora falou várias vezes que devemos nos amar, nos perdoar e
saber perdoar os outros.
P: Na fase crítica busco o equilíbrio na Bíblia na minha fé.
P: Eu já tinha perdido esta fé.
P: Tem uma água benta em casa deixada pela minha mãe, passava da
em mim e me acalmava. Vez por outra faço isso.
P: A senhora não sabe como fico concentrado, olho suas orientações para
fazer direito.
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P: Achei muito difícil. A primeira eu não consegui desenhar.
T: Porque?
P: Queria perfeição.
“Peri” desenhou a mandala cabeçada mostrada abaixo na Figura 14 no
dia 29/1/2012 às 5:30 até 6:35.
Figura 14: Mandala cabeçada Fonte: Autora (2012)
MANDALA DO SENTIR LUCIDEZ – DESTINO
Etapa realizada com esta mandala – Integração.
Entrevista com o “Peri”:
P: Doutora, esta mandala não é minha, é de Yang, mas o nome e os
sentimentos são meus, então dei o nome para ela de Mandala do Destino.
P: A senhora está vendo a sombra fora do círculo? Representa a morte,
sempre o pano de fundo é a sombra da morte.
T: Em que esta sombra te incomoda?
P: Não me incomoda e sim a dor que ela causa.
T: Mas a dor de que?
P: De ficar numa cama sofrendo a perda de minha mãe, o medo de morrer.
P: Lembrei o que a senhora me disse quando a mandala me incomodar,
fazer outra até me sentir bem e rasgar, se desejar. Fiz isso, rasguei e comecei a
pintar outra e veio essas cores o amarelo, eu tenho uma camisa amarela e me
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traz... chiii! Bloqueio total.
Esta mandala do destino da Figura 15, desenhada por ele, foi feita no dia
4/2/2012 às 5.05 até 6.55.
Figura 15: Mandala do sentir lucidez – destino Fonte: Autora (2012)
Entrevista com o “Peri”, segunda parte:
T: O que você sentiu com essa cor?
P: Coisa ruim, que saber mesmo?
T: Quero.
P: Certeza?
T: Sim.
P: Uma pistola de 9 mm.
T: O que significa esta pistola.
P: Meus pensamentos me pedindo para fazer algo que não quero fazer,
me suicidar, aí, não aceitei e mudei meus pensamentos ruins de suicídios,
começo a pensar em coisas boas, sabe o que fiz? Imaginei aquela tela que a
senhora fala e coloquei bem grande a palavra não.
T: Deixa-me lhe parabenizar, você está sendo maior que seus
sentimentos.
MANDALA DO SENTIR ABRAÇO – EXERCITANDO
Etapa realizada com esta mandala – Transmutação.
Entrevista com o “Peri”:
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P: Ao faze-la, descobri o que deve fazer quando me aborrecer, me tranco
no quarto por algumas horas, vou para o chuveiro e imagino que estou numa
cachoeira até me acalmar. Criei também a disciplina de fazer minhas mandalas,
ler a Bíblia e me pergunto até que ponto estou lúcido, não me culpo e não me
condeno mais, fico me lembrando o que a senhora me fala transformar as coisas
negativas em coisas boas. Estou aprendendo o ABC.
T: Porque o ABC?
P: Porque é o início, é a base de tudo, não precisa saber tudo, mas
mostrar o caminho para aprender a se controlar, por exemplo a esquizofrenia.
Hoje sei que os pensamentos ruins que passaram em minha eram causados por
ela.
T: É! Mas hoje você está se tratando, tomando sua medicação, tendo
controle de seus pensamentos, isso que importa.
A mandala do sentir abraço exercitando foi desenhada por ele no dia
6/2/2012 às 6:00 até 6:45, como visto na Figura 16.
Figura 16: Mandala do sentir abraço – exercitando Fonte: Autora (2012)
MANDALA DA IMPACIÊNCIA
Etapa realizada com esta mandala – Transmutação.
Entrevista com o “Peri”:
T: Porque mandala da impaciência?
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P: Porque tem momentos que fico irritado quando não consigo consertar
alguma coisa, aí me recolho para meu quarto, penso no meu lugar imaginário,
lembro de suas orientações e faço o exercício da fonte.
P: Há, deixa eu lhe contar, eu transformei o meu chuveiro na fonte.
Quando dá, tomo banho de chuveiro imaginando que é uma cachoeira e fico lá
até me acalmar, a senhora está vendo como eu tenho controle das coisas agora.
T: Sim, estou orgulhosa de você, parabéns.
A mandala laranja da impaciência foi desenhada por ele no dia 8/2/2012
às 6:15 até 7:20, como visto na Figura 17.
Figura 17: Mandala da impaciência Fonte: Autora (2012)
MANDALA DO SENTIR O OUTRO
Etapa realizada com esta mandala – Transmutação.
Fala do Paciente “Peri”:
“Estou renascendo! Não deixar que o animal feroz que está dentro de mim
seja maior que eu”.
COMENTÁRIO:
Nessa etapa “Peri” aceitou suas dificuldades em especial a sua
agressividade sabendo controla-la.
A mandala do sentir o outro foi desenhada por ele na data 10/2/2012,
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iniciando às 7:00 até 7:30.
Como podemos ver abaixo na Figura 18.
Figura 18: Mandala do sentir o outro Fonte: Autora (2012)
Essas foram as principais mandalas, 18 no total, que serviram para
integrar no tratamento do “Peri”, junto com os diálogos, trazendo à elevação de
suas interpretações e de suas próprias artes criadas. Toda a criação e
interpretação escrita e não escrita fizeram parte das 7 etapas do processo
integrativo transpessoal, fundamentado na psicologia transpessoal.
7 CONCLUSÂO
A esquizofrenia é um transtorno de evolução crônica. Costuma
comprometer a vida do paciente, torná-lo frágil diante de situações estressantes
e aumentar o risco de suicídio da pessoa acometida pela doença, pois esta afeta
diretamente a mente do paciente mudando a percepção de sua própria
consciência.
Entendendo que a consciência se altera reagindo a uma determinada
ação que a pessoa pode estar passando sentimentalmente ou até mesmo em
ver determinado objeto ou desenho, e passa para outro estágio de sua
consciência tendo então um EAC, passando a ser um perigo quando inserido no
meio social principalmente quando o paciente é um esquizofrênico paranoide.
Assim, era o “Peri”.
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A terapia foi fundamentada na psicologia transpessoal representando um
resgate do processo histórico da psicologia ocidental, utilizando as mandalas
criadas na forma de arte para revelar dinamicamente quem é realmente a pessoa
que a desenha, por suas próprias interpretações.
O contato com as mandalas e o ambiente do consultório proporcionaram
e desafiaram ao mesmo tempo as vivências arteterapêuticas por meio de
diferentes cores e criações do pesquisado.
Assim, através da terapia, “Peri” despertou para a arte, desenhando lindos
desenhos, onde se destacaram nas 7 etapas do processo evolutivo humano
deste estudo. As mandalas oportunizou o “Peri” a um novo aprendizado sobre si
mesmo, aumentando-lhe a esperança, a autoestima, o alívio emocional e a fé. A
experiência de retratar narrativas verbais e não verbais das histórias de vida e a
superação de sentimentos de angústia, aprisionamento, dor, medo e entre
outros.
Durante a terapia, pôde-se observar que a cada relato e interpretações
das mandalas trazidas pelo paciente, simbolizava o caminhar por uma ou mais
das 7 etapas do processo integrativo transpessoal.
Todo o processo terapêutico gerou a experiência de 150 mandalas
criadas e interpretadas através das cores pelo “Peri”, e com sucesso,
conseguimos integra-lo novamente à sociedade através da conscientização do
uso da medicação prescrita pelo psiquiatra, ajudando-o a discernir seus
pensamentos e ensinando técnicas para ajuda-lo nos momentos de irritação,
como o exercício da fonte e a oração pessoal, obtendo assim, sua integração no
meio social.
Atualmente, a relação do “Peri” com sua família e o mundo social mudou
muito depois de toda a terapia. Antes o próprio “Peri” falou que os pais viviam
isolados, não havia diálogo em casa e assim ele também permanecia fechado
em seu mundo. Porém depois do período de tratamento, a melhora de saúde do
“Peri” se deu como consequência uma harmonia em sua família. É relatado por
sua irmã que agora Peri vive em paz consigo mesmo e isso lhe trouxe mais
qualidade para sua vida, bem como para toda a família.
Antes, “Peri” tinha sérios problemas com seu pai, relacionando a ele todo
sofrimento que sua mãe estava passando, como se ele fosse o culpado. Nos
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relatos de seu pai, ele conta que tentava uma aproximação, mas “Peri” não dava
oportunidade e gerava até medo aos demais familiares e vizinhos, onde
aconteceu uma agressão física por parte de “Peri”. Durante o período
terapêutico, “Peri” se viu na necessidade de pedir perdão de todos que outrora
ele tinha magoado e assim o fez, e um deles foi o seu pai que tanto desprezou.
Seu pai ainda relata que seu filho mudou muito, para melhor, e agradeceu de
coração todo o cuidado que ele tivera nesse tratamento.
Percebeu-se que as mandalas tem sua importância terapêuticas bem
como a integração paciente e família, trazendo grandes benefícios. Assim, este
estudo é apenas um esboço que poderá contribuir para futuras pesquisas
voltadas para a questão das mandalas e a psicologia transpessoal no tratamento
do esquizofrênico paranoico.
Eu não esperava, mas aconteceu e mesmo com medo no início, abracei
a oportunidade, até porque costumo dizer, nada é por acaso. Assim, não se
pretende com este trabalho, em nenhum momento, servir como um modelo ou
guia de atendimento psicoterápico e sim, registrar esta experiência como um
momento feliz em minha vida pessoal e profissional, quando consegui entre
dúvidas e incertezas ajudar o paciente a se autoconhecer, bem como sua
integração no convívio social, familiar e com ele mesmo.
REFERÊNCIAS
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