18
1 Curso de Pedagogia Artigo Original O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE ENSINO The paper of educator in natural method of teaching natural. Marilya Gabriely da Silva¹, Patrícia Lorena Salmento de Macedo¹, Renata Almendra². 1. Alunas do Curso de Pedagogia 2. Professora Msc. do Curso de Pedagogia Resumo Esse artigo apresenta os resultados de uma pesquisa muito relevante para a Educação Infantil e foi realizada a partir da experiência das autoras com o Método Natural de Ensino, tendo como objetivo investigar a importância e as especificidades do trabalho do educador dentro do Método. Gilda Rizzo foi citada muitas vezes ao longo do artigo, pois é a partir dos pensamentos dela que o educador pode se aprofundar nas experiências e vivências dessa metodologia no Brasil. Além de um estudo bibliográfico do tema, foi feita uma pesquisa de campo em uma escola localizada em Brasília, buscando analisar na prática os principais desafios enfrentados pelos educadores que trabalham com esse método. Palavras-Chave: Método Natural; construtivismo; educador; Gilda Rizzo. Abstract This article presents the results of a very relevant search for child education and was written by the experience of the authors with the Natural Method. The aim is to investigate the importance and how to work the specifics of the educator within the method. Gilda Rizzo was cited many times throughout the article because it is from her thoughts that educators can deepen in the experiences of this methodology in Brazil. In addition, is presented a bibliographic theme study and the results of a field research in a school located in Brasília, consider searching the practice main challenges facing educators who work with this methodology. Keywords: Natural method; constructivism; educator; Gilda Rizzo. Contato: Marilya Gabriely da Silva, Patrícia Lorena Salmento de Macedo. colocar o e-mail de vocês!!! Introdução A proposta deste artigo é apresentarmos um tema muito relevante para a educação e bastante pertinente para quem busca trabalhar na área educacional de forma original e transformadora: O papel do educador no Método Natural de Ensino. Criado por Gilda Rizzo, este método é baseado nos ensinamentos teóricos gerados pela pesquisa da professora Heloísa Marinho, do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, da qual Rizzo foi aluna e participante, levando os ensinamentos para a prática de sala de aula. Este método também segue uma linha construtivista, inspirado nas ideias do suíço Jean Piaget no qual é aboradado em sua teoria que o principal objetivo de seu método é,procurar valorizar o desenvolvimento do aluno no processo sistematizador do saber. Emília Ferreiro também contribuiu de forma significativa na construção desse método, foi uma aluna de Piaget e ampliou a teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança é capaz de se alfabetizar sozinha, desde que a mesma seja estimulada e entre em contato com letras e textos através de um ambiente transformador. Dentre os grandes pesquisadores que falam sobre o método natural, Freinet se destaca com a sua forma de pensar sobre o educador, pois para ele o educador precisa refletir sobre sua prática para que seus objetivos sejam atendidos tanto na hora de fazer o planejamento da turma até o resultado atingido através dele. Gilda Rizzo foi citada muitas vezes ao longo do artigo, pois é a partir dos pensamentos dela que o educador pode se aprofundar nas experiências e vivências da metodologia no Brasil, trazendo grandes ensinamentos sobre como o ambiente deve ser desenvolvido pelo educador para que o aluno possa ter estímulos importantes na sua trajetória de ensino. Por acreditarmos na eficácia e pertinência do método natural, escolhemos nos aprofundarmos em uma pesquisa sobre suas principais características e especificidades, sobretudo no que se refere ao trabalho do educador a partir de seus pressupostos. O interesse pelo tema surgiu a partir da experiência das autoras na atuação numa creche que adota o método natural em seu projeto político pedagógico e busca-se através desse trabalho investigar as especificidades do trabalho do [C1] Comentário: Parte de Piaget

O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

  • Upload
    ledang

  • View
    230

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

1

Curso de Pedagogia Artigo Original

O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE ENSINO

The paper of educator in natural method of teaching natural.

Marilya Gabriely da Silva¹, Patrícia Lorena Salmento de Macedo¹, Renata Almendra². 1. Alunas do Curso de Pedagogia 2. Professora Msc. do Curso de Pedagogia

Resumo Esse artigo apresenta os resultados de uma pesquisa muito relevante para a Educação Infantil e foi realizada a partir da experiência das autoras com o Método Natural de Ensino, tendo como objetivo investigar a importância e as especificidades do trabalho do educador dentro do Método. Gilda Rizzo foi citada muitas vezes ao longo do artigo, pois é a partir dos pensamentos dela que o educador pode se aprofundar nas experiências e vivências dessa metodologia no Brasil. Além de um estudo bibliográfico do tema, foi feita uma pesquisa de campo em uma escola localizada em Brasília, buscando analisar na prática os principais desafios enfrentados pelos educadores que trabalham com esse método. Palavras-Chave: Método Natural; construtivismo; educador; Gilda Rizzo. Abstract This article presents the results of a very relevant search for child education and was written by the experience of the authors with the Natural Method. The aim is to investigate the importance and how to work the specifics of the educator within the method. Gilda Rizzo was cited many times throughout the article because it is from her thoughts that educators can deepen in the experiences of t his methodology in Brazil. In addition, is presented a bibliographic theme study and the results of a field research in a school located in Brasília, consider searching the practice main challenges facing educators who work with this methodology. Keywords: Natural method; constructivism; educator; Gilda Rizzo.

Contato: Marilya Gabriely da Silva, Patrícia Lorena Salmento de Macedo. – colocar o e-mail de vocês!!!

Introdução

A proposta deste artigo é apresentarmos um tema muito relevante para a educação e bastante pertinente para quem busca trabalhar na área educacional de forma original e transformadora: O papel do educador no Método Natural de Ensino. Criado por Gilda Rizzo, este método é baseado nos ensinamentos teóricos gerados pela pesquisa da professora Heloísa Marinho, do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, da qual Rizzo foi aluna e participante, levando os ensinamentos para a prática de sala de aula. Este método também segue uma linha construtivista, inspirado nas ideias do suíço Jean Piaget no qual é aboradado em sua teoria que o principal objetivo de seu método é,procurar valorizar o desenvolvimento do aluno no processo sistematizador do saber. Emília Ferreiro também contribuiu de forma significativa na construção desse método, foi uma aluna de Piaget e ampliou a teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança é capaz de se alfabetizar sozinha, desde que a mesma seja estimulada e entre em contato com letras e textos através de um ambiente transformador.

Dentre os grandes pesquisadores que falam

sobre o método natural, Freinet se destaca com a sua forma de pensar sobre o educador, pois para ele o educador precisa refletir sobre sua prática para que seus objetivos sejam atendidos tanto na hora de fazer o planejamento da turma até o resultado atingido através dele.

Gilda Rizzo foi citada muitas vezes ao longo do artigo, pois é a partir dos pensamentos dela que o educador pode se aprofundar nas experiências e vivências da metodologia no Brasil, trazendo grandes ensinamentos sobre como o ambiente deve ser desenvolvido pelo educador para que o aluno possa ter estímulos importantes na sua trajetória de ensino. Por acreditarmos na eficácia e pertinência do método natural, escolhemos nos aprofundarmos em uma pesquisa sobre suas principais características e especificidades, sobretudo no que se refere ao trabalho do educador a partir de seus pressupostos. O interesse pelo tema surgiu a partir da experiência das autoras na atuação numa creche que adota o método natural em seu projeto político pedagógico e busca-se através desse trabalho investigar as especificidades do trabalho do

[C1] Comentário: Parte de Piaget

Page 2: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

2

educador no método natural de ensino. Acreditamos que essa metodologia chama bastante atenção pelo jeito que ela é desenvolvida com as crianças, pois é muito diferente do método tradicional que por objetivo educar as crianças buscando estímulos e experiências vividas no dia a dia. O que nos convidou a explorar esse método de ensino foi a maneira como o indivíduo é tratado, desde a recepção da criança em sala de aula, até a sua entrega aos pais no final do dia. Ao longo do período em que as crianças estão na escola, os educadores precisam explorar suas habilidades físicas, sociais, e emocionais de forma individual. A liberdade com que os educadores utilizam para ensinar os conteúdos é cativante, pois não é pronto, e sim construído junto com as crianças e isso desperta a curiosidade e a vontade de querer aprender cada dia mais. Dessa forma, a finalidade principal do artigo é explorar o trabalho desenvolvido pelo educador atuante no método natural, traçando o seu perfil inovador e o seu papel na formação de cidadãos. Serão comparadas as diferenças da atuação do professor/educador entre a metodologia natural e a tradicional, e também a identificação da organização do espaço escolar com a metodologia natural.

A proposta de pesquisa aqui apresentada abrange duas etapas complementares. A primeira etapa será composta por uma pesquisa bibliográfica, com o levantamento e análise de livros e textos acadêmicos. Pretendemos, com isso, buscar um embasamento teórico para a nossa pesquisa, nos apoiando em autores que já apresentam uma autoridade acadêmica no assunto proposto.

A segunda etapa da pesquisa será realizada na escola Cabo Frio, que trabalha com o método natural de ensino. A proposta é aplicar um questionário ao corpo docente que atua na escola, buscando compreender melhor suas dúvidas, dificuldades, acertos e críticas em relação ao método natural. A escolha por esta escola se deve ao fato de que as autoras já têm uma experiência de estágio nessa instituição, o que facilita a entrada e o acesso aos educadores.

1. O Método Natural de Ensino

O método natural tem como intuito estimular as transformações em sequência que ocorrem em um indivíduo quando se constrói um sistema de leitura, instigando a curiosidade, já que o aluno é levado a procurar as respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua interação com a realidade em convívio social na sala de aula. Portanto “método natural” é aquele que promove o processo natural, isso é, o processo fisiológico, oferecendo os estímulos socioambientais específicos, que visam à reprodução desse processo natural espontâneo, que se dá através

das motivações, potenciais e linguagem do aluno, que inclusive escolhe o próprio vocabulário que servirá de base para a sua aprendizagem, construindo assim sistemas operacionais de leitura. Na escola natural, a turma participa da organização do mobiliário e equipamentos da sala, e opina sobre as atividades que serão dadas e organizadas naquele momento. Não há lugares fixos e os grupos se organizam em torno de um propósito escolar, mantendo sempre um espaço livre para as rodas de conversa. Os cadernos registram e acumulam informações úteis para a construção do conhecimento e a redação é exclusivamente feita a punho pelo o próprio aluno. O objetivo é fazer com que o aluno crie seus próprios métodos e sistemas de aprendizado para estudar, descartando a memorização que ocorre na escola tradicional, onde são acumuladas matérias, copiadas de textos escritos no quadro da sala, que terão que ser lidos e decorados pelos alunos, transmitindo a ideia de que o mestre supostamente “passa” o “saber” aos alunos, como autoridade indiscutível do conhecimento. A escola natural é também um espaço social muito disciplinado, onde os alunos respeitam regras e limites estabelecidos. O professor é um líder democrático, responsável pelas funções de estimulador, orientador e executor das políticas estabelecidas no grupo, cobrando o cumprimento das regras estabelecidas. Promove também o ambiente de materiais pedagógicos e experiências educativas adequadas. Gilda Rizzo já atuou muitos anos em turmas de magistério, e percebeu que as escolas convencionais trabalham de forma em que o professor repassa o conteúdo estabelecido pelo MEC aos seus alunos, e eles retornam para suas casas sem a vontade de querer voltar para a escola para aprender mais, pois a escola é vista como uma obrigação. Os professores de escolas convencionais se apresentam como seres dotados de conhecimento, demonstrando que apenas eles sabem o que estão falando e seus alunos não sabem nada e estão ali apenas para aprender. O diálogo dentro de sala não existe. Um professor excelente é aquele que consegue o silêncio total e absoluto de seus alunos, mas isso geralmente ocorre por medo do professor e não por respeito. A concepção do Método Natural visa uma mudança em relação aos pressupostos praticados pela escola tradicional, no qual contribui apenas para a acumulação dos conhecimentos. Já nesse novo método é priorizada a formação de um espírito crítico, fundamentado pelos conhecimentos científicos.

A partir de sua experiência em escolas que adotavam o método tradicional de ensino, Gilda Rizzo decidiu juntar os seus pensamentos de liberdade de expressão e de sede de mudança com os de alguns pensadores do construtivismo,

Page 3: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

3

como a MARINHO e FREIRE, e criou um método que trabalha a criança de forma única, respeitando sua individualidade, tratando a criança como um ser dotado de pensamentos que podem influenciar a sociedade para um futuro melhor. Assim, o método natural apresenta uma postura totalmente diferente do educador:

A escola natural é consciente do poder de influência que o adulto educador tem, durante a formação da criança como modelo e agente estruturador da formação da sua personalidade, que a leva a inculcar valores, hábitos, atitudes e padrões de raciocínio. O educador da escola natural tem, portanto que cuidar para que a sua postura seja sempre exemplar, afetiva, segura e especialmente justa e honesta frente a criança, em todas as situações. (RIZZO, 1987, p.26)

Ao se basear em alguns pensadores construtivistas, RIZZO procurou inovar em uma nova metodologia de ensino para a alfabetização no Brasil, que visa desenvolver a criança em um todo, em todos os aspectos, sempre estimulando a criticidade do individuo.

O Método Natural de Alfabetização consiste na aplicação de uma série de estímulos, que visam a reprodução de sequencia natural de aprendizagem da leitura do ser humano e levam-no a adquirir a leitura como fonte de lazer e informação e a dominar a escrita como meio de expressar seu pensamento. (RIZZO, 1988, p.33.)

Desse modo, esse modelo de alfabetização foi ganhando força no Brasil, pois as escolas viram a necessidade de explorar um desenvolvimento integral de suas crianças, buscando unir os ensinamentos obrigatórios nos currículos estabelecidos pelo MEC com a integração do individuo na sociedade de forma afetiva e trabalhando suas emoções diante dela.

A Escola Natural, em oposição à escola convencional, acredita que sua finalidade reside, unicamente, em promover estímulos necessários ao desenvolvimento integral e harmonioso de cada aluno, respeitando-o como ser único, original e indivisível, com necessidades físicas, emocionais, sociais, e intelectuais, que precisam ser atendidas de acordo com as características próprias de sua vida, que é dinâmica e está em constante processo de transformação. A escola natural enseja esse desenvolvimento pleno do individuo com vistas a sua satisfação pessoal e autonomia e bem estar. (RIZZO, 1987, p.25)

O ensino natural respeita o aluno como um ser único, que possui habilidades próprias, e que

ele aprende em seu próprio tempo, diferentemente das escolas convencionais que aplicam o conteúdo de forma rápida e os alunos com mais dificuldades acabam prejudicados com relação a aprendizagem.

A Escola Natural reconhece, acredita e leva sempre em consideração o fato de que as necessidades fisiológicas, motoras, psicológicas, sociais e intelectuais de cada aluno, são integrantes do individuo e integradas, de tal forma que o comprometimento ou não atendimento a uma área pode sempre afetar, lastimavelmente, as outras. (RIZZO, 1987, p.25)

A Escola Natural visa abordar seus conteúdos de acordo com as necessidades da turma e com base em suas vivências, pois para que o conteúdo seja motivador e que desperte o interesse da criança, ele precisa já ser conhecido ou vivido por ela. Por exemplo, para se falar de animais mamíferos, primeiramente você deve levar a criança a um ambiente propício e que tenha algum contato com esses animais, sendo vivenciado primeiramente para depois ser abordado em sala. A partir daí o aluno pode trazer a sua experiência vivida e ele vai ter o interesse de saber e aprender mais sobre o conteúdo.

A escola natural encara os conteúdos programáticos como meios de promoção de hábitos, atitudes e valores, estes mais importantes de serem formados, que a simples memorização daqueles. Ao contrário do que possa parecer, não dispensa os conteúdos e os emprega como meios e estímulos do desenvolvimento da investigação, que é natural e expressa pela curiosidade da criança pelos fatos e fenômenos do mundo a seu redor, visando a uma gradativa aquisição de estruturas de pensamento, o que vai além do simples domínio do conhecimento puro. (RIZZO, 1987, p.26)

De acordo com RIZZO (1987, p.26), ”somente a vivência social livre exercita a autodisciplina e leva à descoberta pelo aluno de seus limites de ação em oposição à liberdade dos outros”. A partir das vivências que experimentamos, conseguimos construir um pensamento concreto e possuir bases sólidas para modificar o pensamento e a realidade daquilo que estamos nos deparando. A escola natural entende que cada ser possui tempos de aprendizagens diferentes. Uns aprendem mais rápido e outros um pouco mais devagar, e ela respeita o tempo de cada criança, pois todos possuem o direito de ser tratado individualmente. Visando entender as particularidades e individualidades de cada um dentro de um espaço social, Rizzo(1987) destaca em seu livro:

Page 4: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

4

Uma nação compreende um grupo de indivíduos diferentes e todo um sistema de relações entre estes, dentro de um mesmo território. È algo dinâmico, político, original e integrado: as reações de uns repercutem sobre outros. A vida de uma sociedade não é estática e o que podemos desejar é que ela seja capaz através, da ação de cada um dos seus indivíduos, voltados para e conscientes do bem comum, encontrar um equilíbrio que seja harmonioso e benéfico para todos. (RIZZO, 1987; p. 27).

Na metodologia natural o professor não é chamado desse modo, mas sim de educador, pois assim ele tem um papel menos formal com o aluno e ele sempre é chamado pelo seu nome para ter uma relação direta com aquele que está por perto. O educador busca um ambiente adequado para que o desenvolvimento do aluno aconteça de forma integral, utilizando um ambiente seguro harmonioso e prazeroso para o aluno. Assim, ele “integra interesses e atividades espontâneas da criança em exercícios programados necessários à aprendizagem da leitura e escrita” (MARINHO, 1976, p. 83). No método natural é necessário que seja modificado o ambiente educacional como um todo, tanto a estrutura física como também o seu sistema de relações sociais. Nesse método é essencial contar com a iniciativa do aluno no ato de aprender, na ação de procurar as respostas e soluções para os seus questionamentos, se mantendo interessado e responsável pelo o seu próprio aprendizado. Com isso criou-se uma metodologia que permite ao aluno escolher livremente a forma de realizar a sua atividade, motivando-o a aprender. Assim, há um estímulo à autonomia e ao espírito democrático, pois espera-se que o aluno seja capaz de fazer escolhas e tomar decisões, rejeitando totalmente a postura tradicional de ensino e focando na atuação democrática do professor.

2. Bases Teóricas do método natural

Como já havia sido citado anteriormente nesse artigo, o Método Natural é baseado no Método Construtivista, inspirado nas ideias do suíço Jean Piaget, um dos mais importantes pensadores e pesquisadores da educação e pedagogia do século XX. Esse conhecimento não pode ser transmitido somente pelo professor, pois tanto o ato de ensinar como o processo de aprender se dão por meio da construção do conhecimento realizado pelo educando, que deixa de ser visto como um ser passivo que recebe apenas o que é ensinado e passa a ser um agente da sua própria aprendizagem. Nesse sentido, o construtivismo se baseia no princípio de que:

O conhecimento não representa um saber que “vem de fora” ou que se

capta no meio e que, portanto, não pode ser transmitido pelo professor através de exposições programadas para alunos imobilizados em suas carteiras. Ao contrário, o aluno efetivamente aprende a partir de experiências em sua interação com o ambiente e seus simbolismos e com os outros, em que se produzam ações físicas e mentais, interagindo e construindo assimilações que se compõem com os saberes que já possui, alterando-se reciprocamente. (LOTÉRIO; MÜLLER, 2009,p)

Marinho foi uma das influenciadoras da escola natural e sua teoria da psicogenese influenciou na construção das bases metodológicas do método. De acordo com ela:

Pretendemos demonstrar que a aprendizagem da leitura, entendida como questionamentoa respeito da natureza, função e valor deste objeto cultural que é aescrita, inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Que além dos métodos, dos manuais, dos recursos didáticos, existe um sujeito que busca a aquisição de conhecimento, que se propõe problemas e trata de solucioná-los, segundo sua própria metodologia... insistiremos sobre o que se segue: trata-se de um sujeito que procura adquirir conhecimento, e não simplesmente de um sujeito disposto ou mal disposto a adquirir uma técnica particular.[...](FERREIRO;TEBEROSKY, 1986, p. 11).

A criança aprende através das trocas de experiências, interagindo com o meio em que vive, construindo e assimilando os saberes já internalizados anteriormente e assim se desenvolvendo gradativamente. Para Heloísa Marinho (1967), a criança tem tendência a investigar o mundo, e os conhecimentos adquiridos por este se dá através das suas próprias experiências em convívio social, e é por meio dessas experiências que as crianças se desenvolvem. Desse modo, a autora ressalta a importância do convívio com os outros. De forma mais conservadora, o ensino tradicional baseia-se no armazenamento de informações, das mais simples até as mais complexas. Desse modo, o conhecimento possui um caráter cumulativo, e o ensino só pode ser transmitido pelo professor na Instituição Escolar. O papel do indivíduo no processo de aprendizagem é basicamente de passividade, como se pode ver a partir das palavras de Mizukami:

(...) atribui-se ao sujeito um papel irrelevante na elaboração e aquisição do conhecimento. Ao indivíduo que está adquirindo conhecimento compete memorizar definições, enunciados de leis, sínteses e resumos que lhe são oferecidos no processo de educação formal a partir de um esquema

Page 5: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

5

atomístico (MIZUKAMI apud LEÃO, 1999. p.11).

Em comparação ao método tradicional, vemos o construtivismo como um novo paradigma de ensino, uma postura a ser tomada em relação à aquisição do conhecimento, uma prática docente que deve ser feita pelo educador. Segundo Becker(1993):

Construtivismo significa isto: a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento (BECKER, 1993, p. 88).

Piaget deixou incalculáveis contribuições para a prática escolar. Para ele, a escola deve favorecer a realização de atividades desafiadoras e conflitos cognitivos, possibilitando, assim, a descoberta e a construção do conhecimento. Dessa forma, a criança se desenvolve desde a fase sensório-motora até o período operatório abstrato, possibilitando o seu desenvolvimento amplo e dinâmico. É essencial que a escola esteja ciente que nessa construção do conhecimento infantil, as concepções das crianças combinam-se às informações provenientes do meio em que elas estão inseridas.Assim Piaget destaca que:

O conhecimento não radica apenas na experiência (empirismo )nem no pensamento (racionalismo), mas na sua interação. O conhecimento é construído através da interação entre o sujeito e os objetos / situações. O sujeito tem um papel ativo na construção do seu conhecimento e no seu desenvolvimento. Não basta experiência, é necessário racionalizar os dados dessa ação. (Piaget,1986 p.2)

Assim, o conhecimento se dá através do resultado dessa interação no qual o indivíduo é um agente ativo do seu próprio saber. Este conhecimento não é concebido apenas como espontaneamente descoberto pela criança, nem como mecanicamente transmitido pelo meio ou pelo adulto. Destaca-se, portanto, que o Método Natural tem a finalidade de trabalhar a criança como um todo, buscando suprir as necessidades físicas, cognitivas e emocionais, tornando-a um ser com pensamentos críticos e reflexivos perante a sociedade. Assim como na Método Natural, o Construtivismo tem a mesma base de seguimento, que é transformar a criança para que ela seja

capaz de mudar a sua realidade através das suas próprias atitudes perante o meio e aos seus semelhantes. Henri Wallon, foi um dos principais autores interacionistas e trouxe contribuições fundamentais para a concepção do Método Natural, fundamentando- se ao tema das habilidades socioemocionais. Suas obras são aprofundadas nas interrelações entre os campos funcionais da inteligência, da motricidade e da afetividade, para melhor compreensão do processo de ensino-aprendizagem. Wallon coordenou o projeto Reforma do Ensino Francês, conhecido como Langevin-Wallon, com o intuito da escola proporcionar a formação integral dos estudantes, tanto intelectual, quanto afetiva e social, revolucionando na época a ideia de que não só o cognitivo, mas também o corpo e as emoções das crianças também devem ser consideradas em sala de aula. Inspirado nas ideias Interacionistas de Wallon, o Método Natural também acredita na concepção do desenvolvimento da criança a partir das interações com o meio, no levantamento de problemas, assim como na resolução dos mesmos, construindo o conhecimento através das experiências vivenciadas no seu cotidiano:

É em todas as suas fases, em todas as suas manifestações, que é preciso estudar a criança (...) saber observá-la. Observar é evidentemente registrar o que pode ser verificado. Mas registrar e verificar é ainda analisar, é ordenar o real em fórmulas, é fazer-lhe perguntas. É a observação que permite levantar problemas, mas são os problemas levantados que tornam possível a observação. Também eles dependem das investigações próprias de uma época, de um meio. (...) O que faz a grande dificuldade da observação é o fato de o observador estar em presença do real, de todo o real, sem outro instrumento a não ser a sagacidade de que dispõe... (WALLON, 1975, p.16).

Cabe ao educador proporcionar essas vivências, sendo além de um estimulador um observador, buscando conhecer melhor o seu aluno, compreendendo cada fase do seu desenvolvimento, no sistema complexo de relações que estabelece com o seu meio. É possível notar a grande importância de Wallon como precursor da valorização da emoção, do social e da afetividade no desenvolvimento humano e, portanto, na aprendizagem, criando através de suas ideias e concepções, novas formas de agir e de pensar, atitudes a serem tomadas pelo educador para a atribuição e assimilação do conhecimento. A Educação Libertadora também contribuiu de forma significativa na construção do Método

Page 6: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

6

Natural, tendo como inspirador e divulgador Paulo Freire, que acredita que para tornar uma sociedade verdadeiramente democrática, a educação libertadora é fundamental, pois a liberdade é uma componente essencial da própria democracia. Portanto, essa liberdade só pode ser promovida através da educação, buscando desenvolver as habilidades e a autonomia dos indivíduos para o exercício da cidadania. Segundo Freire (1970), a educação deveria ir muito além da repetição, se constituindo em um instrumento de libertação, de superação das condições sociais vigentes. Como afirmava: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1987, p. 68). É por meio de uma educação problematizadora que ocorre essa mediatização, para que se possa compreender melhor a realidade, na qual o diálogo começaria a partir da reflexão das contradições básicas. A educação dialógica garante a libertação do oprimido, enquanto a educação que Paulo Freire denominou de “bancária”, é a educação dos opressores que mantém o processo de opressão. Afirma Freire (1987):

A educação libertadora, problematizadora, já não pode ser o ato de depositar, ou de narrar, ou de transferir, ou de transmitir “conhecimentos” e valores aos educandos, meros pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato cognoscente. Como situação gnosiológica, em que o objeto cognoscível, em lugar de ser o término do ato cognoscente de um sujeito, é o mediatizador de sujeitos cognoscentes, educador, de um lado, educandos de outro, a educação problematizadora coloca, desde logo, a exigência da superação da contradição educador-educandos. Sem esta não é possível a relação dialógica, indispensável à cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscível. (FREIRE, 1987, p. 39).

No Método Natural, assim como também na Educação Libertadora, o diálogo recorrente da problematização é extremamente importante no processo de ensino aprendizagem, pois tanto o educador, quanto os educandos assimilam juntos o conhecimento transmitido através dessa troca de saberes, tendo a liberdade de se expressarem de acordo com a sua visão de mundo. Para Freire (1970), problematizar é exercer uma análise crítica sobre a realidade problema. É nessa reflexão que o diálogo permite a educação para a prática da liberdade. 2.Papel do Educador

O modo de educar vem sendo repensado e

busca-se uma maior contextualização da educação com a realidade do aluno. Leva-se em consideração o desejo do aluno em querer obter conhecimentos, em criar e recriar sua vida e suas experiências, visando uma adequação a uma sociedade critica e reflexiva. Hoje uma das principais pretensões da escola é letrar o individuo não só para ler e escrever, mas também para todos os aspectos de sua vida, formando um leitor competente, um interpretador, um cidadão crítico que consiga exercer o seu papel na sociedade em que está inserido. Mas nos perguntamos: Quem é o principal mediador de tudo isso? O professor é o mediador que o aluno precisa para desenvolver atividades que contribuam para o ensino integral, interativo, contextualizado e que traga vivências significativas para si. De acordo com FREIRE:

A educação não é a alavanca da transformação social, mas sem ela essa transformação não se dá. Nenhuma nação se afirma fora dessa louca paixão pelo conhecimento, sem que se aventure, plena de emoção, na reinvenção constante de si mesma, sem que se arrisque criadoramente. Nenhuma sociedade se afirma sem o aprimoramento de sua cultura, da ciência, da pesquisa, da tecnologia, do ensino. E tudo isso começa com uma pré-escola (FREIRE apud GADOTTI, 2007, p.37).

No método natural, o professor, além de um mediador, é também um estimulador que traz oportunidades significativas para o desenvolvimento de habilidades físicas, cognitivas, sociais e afetivas dos seus alunos. A escola tem um papel muito importante no processo de ensino, pois ela integra a família, o aluno e o professor, fazendo que a prática educacional consiga se estabelecer de maneira harmoniosa, gerando um trabalho mais completo na integração do aluno. Antigamente nossos pais e avós, traziam lembranças da sala de aula não tão boas, pois o professor era visto como o centro de tudo, ele trazia o conteúdo, escrevia textos gigantescos no quadro e todos os alunos precisavam copiar tudo, decorar para tirar dez nas provas. O aluno não podia questionar o professor, não tinha a oportunidade de falar, de trazer vivências, eram sempre os mesmos conteúdos, as mesmas provas, e tudo era esquecido no dia seguinte, pois não passava de repetições para gravar o conteúdo. Em sua obra Pedagogia do Oprimido, FREIRE(2011) contraria o modelo tradicional de educação vigente na época de nossos pais e avós e preconiza que:

Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha

Page 7: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

7

disciplina não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas de minha atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o ensino dos conteúdos, é o meu testemunho ético ao ensiná-los. É a decência com que o faço. É a preparação científica revelada sem arrogância, pelo contrário, com humildade. É o respeito jamais negado ao educando, a seu saber de „experiência feito‟ que busco superar com ele. Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é a minha coerência na classe. A coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço. (FREIRE, 2011 , p.116)

Dessa forma, depois de estudos feitos por pesquisadores como FREINET e FREIRE, surgiram novas visões acerca do papel do professor e a sua missão dentro da sala de aula. Freinet foi um educador apaixonado pelo ato de educar e fez pesquisas com seus alunos para se aprimorar nessa prática, e então acabou desenvolvendo o método natural e criou vivências que auxiliam muito o trabalho do professor. O trabalho desenvolvido por Freinet inspirou vários outros apaixonados pelo ato de educar, como Paulo Freire, que criou a Escola Nova e trouxe uma nova visão da relação entre o professor e o aluno. E também Rizzo, que desenvolveu pesquisas para difundir seu método natural no Brasil. Freinet trouxe a ideia que o professor não é dotado de todo o conhecimento do mundo, mas que o professor é um líder e que junto com seus alunos eles criarão um conhecimento próprio, concreto e real, a partir das vivências de cada um. Dialogando com as ideias de Freinet, RIZZO(1987) dispõe que:

O educador da escola natural tem que ser um líder democrático responsável pela ordem, organização e manutenção de um ambiente rico de experiências que propiciem o desenvolvimento pleno e integral de seus alunos. (RIZZO, 1987, p.48)

É indispensável ao educador o conhecimento do desenvolvimento dos seus alunos, pois só assim se torna possível respeitar o nível de desenvolvimento de cada criança. Dessa forma também é de responsabilidade do educador orientar de maneira gradual e sempre em situações práticas da vida real à formação moral das crianças. Marinho (1967) destaca que o aluno tem que adquirir a sua própria autonomia e iniciativa, não devendo o educador jamais interferir, ajudar ou modificar o trabalho de uma criança. Observa-se nas obras dessa autora a importância dada à formação moral praticada pelas ações dos próprios alunos, seguindo um sistema democrático e desenvolvendo desde seus anos iniciais um espírito de iniciativa nos

educandos. Assim, o educador dá voz para que seus alunos tragam suas vivências e experiências, enriquecendo o conteúdo trabalhado e dando a oportunidade do aluno manter um pensamento crítico em relação ao que está sendo discutido. Segundo Freinet, no ambiente que o educador fornece para os seus alunos tem que existir liberdade e confiança para que o educando se desenvolva de forma prazerosa e harmoniosa. O professor tem o papel de buscar atividades lúdicas para atingir seus objetivos dentro de sala. Quando um professor escolhe essa profissão, ele precisa ter a consciência de que a interação com o aluno é de extrema importância no seu processo de aprendizagem, pois o professor é um parceiro, e para que ele também saiba quais as habilidades que precisam ser mais desenvolvidas com seus alunos. Nesse sentido, Gadotti (2007, p. 13) afirma que “o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentimentos, um cooperador, e, sobretudo um organizador de aprendizagem...”. No método natural de ensino aprendizagem, a escola utiliza um modelo de divisão de turmas com agrupamentos, em que a atuação do educador segue propostas específicas: AV1: Significa Agrupamento Vertical, no qual as crianças de 6 meses a 2 anos de idade ficam na mesma sala, todos juntos, visando a socialização dos alunos menores com os maiores, visando a integração para que o estímulo seja dado pelo professor e os menores vivenciem isso no dia-a-dia. O professor nesse período é chamado de estimulador, pois ele cria estímulos positivos para que a criança se aproprie dos conhecimentos inerentes à sua faixa etária, por meio da rodinha, da contação de histórias com brinquedos educativos. O educador se configura como um parceiro muito importante para a criança nessa fase. Do AV2 em diante o professor é visto como um educador que vai planejar atividades que contribuam para o desenvolvimento da criança. O educador da escola natural deve ser um líder justo, um incentivador, estimulador e orientador responsável pela ordem e manutenção do ambiente harmonioso.

O regime democrático exige um líder, do contrário o grupo se organiza pelo poder da força. A violência intimida, vence o mais forte. É a lei da vida. No serviço democrático da sala de aula o poder tem que estar no grupo na reunião de suas forças coordenadas pelo líder. Este é indispensável à própria sobrevivência do grupo como unidade de força de vontade. (RIZZO, 1987, p.48)

De acordo com Rizzo(1987), o líder é quem levará o grupo à vitoria ou à ruína, e o educador é o líder que precisa seguir na frente para que a

Page 8: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

8

turma consiga crescer gradativamente no decorrer do ano e atingir as metas educacionais que precisam ser desenvolvidas com os alunos. O educador precisa trabalhar de forma individual as especificidades de cada aluno, olhar mais para o coletivo para que a evolução ocorra no total. O atendimento individualizado também é um grande diferencial da escola natural, pois o educador, no momento das atividades diversificadas, que é quando os alunos estão executando várias atividades, tem a oportunidade de andar pela sala e observar quem está com dificuldade e auxiliá-lo. O educador prepara o ambiente com atividades diversificadas para que a turma fique ocupada e evite a ociosidade do grupo, com atividades do seu interesse. Assim o professor pode atender cada um de forma atenciosa e exclusiva. Nas obras de Marinho sua preferência por atividades de livre escolha e atividades livres. Para a autora, priorizar o desenvolvimento dessas atividades possibilita que a criança expresse de maneira espontânea seus sentimentos e ideias, por isso o educador tem o dever de possibilitar essas situações desde o Jardim de Infância, favorecendo a formação de bons hábitos. Portanto, destaca-se que o educador deve sempre planejar seu trabalho com o intuito de promover o enriquecimento de técnicas para desenvolver atividades criativas, além de “estimular a variedade de experiências, a expressão criadora e o direito da criança de escolher a atividade desejada” (MARINHO, 1967, p. 57) A escola natural é muitas vezes vista como uma escola sem regras, onde tem muita indisciplina dos alunos, mas de acordo com Gilda Rizzo (1987):

Na escola natural, o aluno deve poder fazer tudo, desde que não incomode os demais ou ponha em risco sua própria vida. Essas restrições limitam tudo, mas descobrir o que fica dentro do espaço do “posso fazer” é fruto do continuo trabalho de exploração, descoberta e conquista dos seus direitos num espaço onde seja permitido experimentar, onde seja permitido errar, sem medo de humilhações e punições injustas. (RIZZO, 1987,p.43)

Segundo a autora, o educador faz rodinhas de conversas para formular as opiniões e faz as regras junto com a turma, definindo o que se pode ou não fazer dentro da sala de aula. Quando a criança faz algo errado o educador tem o dever de chamar a criança e mostrar o porquê ele fez algo errado e fazer com que a criança se coloque no lugar do outro, para saber se ele gostaria que alguém fizesse o mesmo com ele. A conversa tem que ser franca, olhando nos olhos do aluno, e que o conflito seja resolvido brandamente. Ainda na fala de Rizzo (1987) destaca-se que:

É importante que como educador, a sua maneira de encarar os erros seja sempre positiva e bem humorada, de quem os aceita e procura superá-los de forma a conseguir para seus alunos que não faz mal errar, o importante é enfrentar com honestidades o erro e procurar vencê-lo. (RIZZP, 1987p.49)

O ambiente preparado pelo educador para o seu aluno é calmo, sendo que os alunos podem conversar, trocar de mesa no momento que desejar, levantar e andar pela sala. Sempre são oferecidas duas ou mais atividades para que a criança faça aquela que é do seu interesse, na ordem que quiser. O educador deve respeitar o tempo de cada aluno para executar as atividades. Essa forma utilizada pelo educador dentro de sala de aula desenvolve muito a autonomia dos alunos, o poder da escolha, e também gera mais interesse do aluno em estudar. Com esse respeito ao limite do aluno, a aprendizagem se torna mais confortável e prazerosa. O momento do parque é a hora em que o educador vai brincar junto com o seu aluno, sendo um momento muito prazeroso para os dois, e permitindo o desenvolvimento do afeto entre ambos. O educador deve estar presente para o cuidado e para observar sua criança nesse momento livre. Muitas pessoas pensam que a escola natural não possui planejamento, acham que o educador aplica o que quiser dentro da sala, apenas para preencher o tempo do aluno, mas isso não é verdade, pois o educador deve seguir o currículo instituído pelo MEC, e deve fazer um planejamento semanal de forma flexível e que possua atividades para trabalhar todas as habilidades que precisam ser desenvolvidas no individuo na sua trajetória educacional. As atividades elaboradas pelo educador precisam estimular a parte física, afetiva, social, cognitiva e podem ser feitas individualmente e também em grupos. O afeto que o educador precisa ter com o seu aluno é também uma das bases para o bom trabalho na escola natural, pois o aluno precisa ter prazer em estudar, em conhecer algo novo para levar isso para o resto de sua vida. Segundo Cunha (apud RIZZO, 1987, p. 51):

Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que, muitas vezes, estão fechadas as possibilidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais e até comportamentos agressivos na escola hoje em dia, seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxilio do professor mais eficaz.(.CUNHA apud RIZZO, 1987, p. 51):

Podemos perceber que na escola natural o

Page 9: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

9

afeto é imprescindível para que o professor cultive uma turma harmoniosa. Com afeto, ele consegue tranqüilizar seus alunos, consegue que seus alunos participem e consegue estabelecer uma relação entre todos. O afeto do professor e dos alunos promove tanto o bem estar dos alunos quanto a satisfação no desenvolvimento da turma. Assim, RIZZO (1987, p. 34) reitera que:

[...]a afetividade deve estar presente na práxis do educador os educadores, apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas e sim por seres humanos.( RIZZO ,1987, p. 34)

Assim pode-se notar que o professor é fundamental na relação que ele terá com o seu aluno, para a aquisição da afetividade dentro de sala, gerando segurança, tanto da parte do aluno, quanto da família, gerando um clima agradável para todos. 3. Experiência vivida em uma escola natural

A escola Fundação Visconde de Cabo Frio está localizada na SGAN 608, Conjunto A, L2 Norte. Foi inaugurada em 1984 e atendia apenas aos filhos dos funcionários do MRE (Ministério das Relações Exteriores). Devido as constantes remoções dos pais para trabalhar em países no exterior, o número de crianças foi diminuindo, o que estava acarretando um custo financeiro muito alto para a mantenedora que administrava a creche naquele período.

Essa mantenedora estava passando por momentos financeiros críticos, e a creche foi obrigada a fechar suas portas, mas o MRE ofereceu o mesmo prédio sem cobrar custos de aluguel para a instituição, para que ela continuasse atendendo a clientela do MRE. Criou-se então o Centro Integrado de Desenvolvimento Infantil LTDA (CINDI), em janeiro de 1998, aproveitando a mesma equipe técnica e os mesmos funcionários que estavam ali. Com o término do acordo entre o MRE e o CINDI a Fundação Visconde de Cabo Frio, assumiu novamente ao comando da creche, em janeiro de 2001.

A Fundação Visconde de Cabo Frio atendia inicialmente a modalidade creche, onde recebiam crianças de 0 a 4 anos de idade. Em janeiro de 2001, a escola iniciou o atendimento de Jardim de Infância, começando com uma turma de 1º período.

Hoje em dia a creche possui treze salas de

aula, sendo distribuídas da seguinte forma: Cinco salas de agrupamento vertical 1, para as crianças que possuem de zero a um ano e oito meses de idade; quatro salas de agrupamento vertical 2, para as crianças de um ano e oito meses aos três anos de idade; quatro salas de agrupamento vertical 3 para as crianças de três anos aos quatro anos de idade. Cada sala atende de doze a dezoito alunos por período (matutino e vespertino), sendo ofertado também o período integral. , No Jardim de Infância, existem seis salas de aula, sendo duas salas destinadas aos primeiros períodos, para atender as crianças de quatro e cinco anos; e duas salas para atender as crianças de cinco a seis anos de idade. Possui também duas salas especificas para oferecer oficinas no período contrário à escolarização para as crianças que permanecem em período integral na escola.

Desde o agrupamento vertical, as crianças podem ser matriculadas nas atividades extra curriculares, como judô, balé, natação, capoeira e nos cursos de línguas como o inglês, francês e espanhol. Todas essas atividades ocorrem dentro da escola no período que o responsável do aluno preferir. A escola atende cerca de 420 crianças, somando os dois turnos. O horário de funcionamento é da 07:30 às 12:30 para o turno matutino, e das 13:30 as 19:00 para o turno vespertino.

A escola conta com um espaço físico enorme, que suporta todos os alunos com conforto e harmonia. Esse espaço conta com sala de aula, sala dos professores, uma ampla sala de leitura com livros para atender todas as faixas etárias, uma sala de informática contendo computadores e tablets, pátio interno com piscina de bolinha, castelinho de plástico, um pátio externo com areia para as crianças maiores , parque de madeira com brinquedos construídos em madeira como ponte, tirolesa, casinha da arvore, um parque preparado com o nome de linha de movimento contando com um labirinto, cama elástica, uma rampa de escalada e escorregadores em formato de tobogã, possui também uma piscina para as aulas de natação. Há, uma tenda chamada de circo para as aulas de capoeira e judô e ali também são realizadas as apresentações das crianças nas festas comemorativas ao longo do ano. Possui uma sala de estimulação utilizada pela professora de balé e pelo professor de educação física, nela tem bicicletas e vários outros brinquedos para serem utilizados nesse momento de exploração do ambiente.

Sua estrutura também conta com consultório dentário, pois todas as crianças tem atendimento exclusivo uma vez ao mês com a odontologista. Possui uma sala de pediatria para o atendimento quando necessário.

A escola conta com um corpo docente de 79 professores. A grande maioria é formada em Pedagogia, mas também há graduados em letras, psicopedagogos, educadores físicos, professores

Page 10: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

10

licenciados em música e artes, bem como monitores estudantes de cursos de Pedagogia. A escola também conta com um grupo de apoio médico e psicológico, com pediatra, dentista, nutricionistas, técnicos de enfermagem, de nutrição e psicólogos.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico da escola, a metodologia da instituição baseia-se no processo natural de desenvolvimento e de aprendizagem. Portanto, tudo aquilo que acontece com a criança desde o “bom dia” ao “até amanhã” da saída são experiências envolvidas com a sua formação e que contribuirão para o seu desenvolvimento pleno e sua integração social.

A composição dos grupos em função do número de crianças é o que determina a qualidade do atendimento prestado pela instituição. Os grupos variam de 15 a 18 alunos por sala, a proporção varia de acordo com a idade e o desenvolvimento das crianças, que são amparadas por uma assistência pedagógica, psicológica, nutricional e médica.

Um dos eixos que norteiam o trabalho da instituição é que a questão que interessa mais profundamente aos educadores é a formação e qualidade de tal forma que a criança seja feliz e integralmente desenvolvida. Não se antecipar, acelerar ou formar gênios, mas crianças felizes, cidadãos equilibrados inseridos na sociedade e ser pessoas mais desenvolvidas.

Em seu PPP, a escola aponta alguns objetivos a serem alcançados em relação ao seu público, quais sejam: propiciar o cuidado das crianças na faixa etária de 4 meses a 5 anos de idade; propiciar condições favoráveis ao seu desenvolvimento integral e harmônico levando em consideração suas características e necessidades físicas, emocionais, intelectuais e sociais; oferecer a assistência psicopedagógica, nutricional e de saúde, adequada às necessidades das crianças.

É importante ressaltar também que, segundo previsto no PPP, o planejamento de atividades se baseia nos seguintes eixos norteadores: Oferecimento diário de atividades diversificadas e livremente escolhidas; proposição de atividades com caráter essencialmente lúdico; estímulo à criatividade e à fantasia infantil; convívio com a natureza; utilização do material concreto; alternância entre os tipos de atividades: calmas, semi-movimentadas e movimentadas; aceitação do conhecimento e vivências da criança dentro e fora de escola; rodízio entre os diversos ambientes de estímulo da escola (sala de estimulação, parque de areia, parque de madeira, pátio interno, circo e outros).

O Projeto Político Pedagógico analisado não detalha os conteúdos a serem desenvolvidos no decorrer do ano, apenas se afirma que a instituição obedece ao currículo instituído pelo MEC.

3.2 Amostra de resultados da pesquisa de campo

Na pesquisa de campo, foram entregues questionários aos docentes que atuam na Escola Fundação Visconde de Cabo Frio. Este instrumento de pesquisa (anexo 1) é composto de 10 questões, sendo 9 objetivas e 1 subjetiva. A proposta era fazer um levantamento com os professores da instituição sobre seus conhecimentos sobre a eficácia do método natural de ensino na prática docente diária. Responderam ao questionário 11 educadores, que tiveram a sua identidade preservada para os fins dessa pesquisa. Os 11 professores que compõem a amostra dessa pesquisa são formados em Pedagogia e já conhecem bem o método natural, pois já trabalham com essa metodologia há alguns anos. Os resultados são apresentados a seguir:

O gráfico 1 corresponde à primeira pergunta

do questionário, que indagava se o professor já havia ouvido falar em método natural antes de trabalhar na escola. Conforme podemos observar, três pessoas responderam que sim, que ouviram falar por alto ou então pesquisaram sobre o método antes de fazer a entrevista para entrar na escola e ter um pouco de domínio sobre o que a escola oferecia para seus alunos. Oito pessoas responderam que não. Diante de tantas respostas negativas, buscamos entender porque tantas pessoas formadas em pedagogia não conheciam o método, sendo que na graduação vimos os nossos professores abordarem tantas metodologias de ensino. Entretanto, infelizmente muitos professores dos cursos de pedagogia não conhecem o método natural ou então consideram-no pouco eficaz, o que faz que este seja desprezado em detrimento de metodologia mais conhecidas.

Page 11: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

11

3

8

Sim Não

Gráfico 1- Voce já ouviu falar em

escola Natural antes de trabalhar em uma?

O gráfico 2 aponta essa lacuna que há nos cursos de Pedagogia, pois 7 professores afirmaram que informações sobre o método natural não lhes foram fornecidas ao longo da graduação.

Ao realizarmos essa pesquisa de campo nos veio o questionamento: Por que uma metodologia que trabalha a criança em todas as partes de seu cognitivo, afetivo e físico não é explorada nos cursos de graduação em Pedagogia? Trata-se de um método baseado em Paulo Freire, em Emilia Ferrero e em Heloisa Marinho, que são pensadores da educação muito difundidos no meio acadêmico. Por outro lado, poucos ouviram falar em Gilda Rizzo, que foi a responsável por difundir este método pelo Brasil, já sendo adotado em muitas escolas.

Infelizmente há muito pouco conhecimento sobre o método natural, o que gera um preconceito de docentes que atuam em outras linhas metodológicas. Há a crença de que as crianças educadas pelo método natural só brincam e não tem disciplina para fazer outras atividades.

4

7

Sim Não

Gráfico 2- Na sua graduação em pedagogia, seus professores

abordaram conteúdos sobre a Escola Natural?

A terceira pergunta do questionário teve uma resposta quase unânime. Ao serem perguntados sobre qual metodologia de ensino julgava mais apropriada para a sua prática profissional, oito professores apontaram o método natural (Gráfico 3). Certamente esperávamos que a maioria dos professores respondesse dessa forma, afinal, estão atuando em uma escola que adota este método. No entanto, deixamos claro para os docentes que esta era uma pesquisa para um TCC e que as respostas dadas não influenciariam no seu trabalho na escola.

Diante disso, duas pessoas responderam que escolheriam outra metodologia. Uma disse que escolheria o Colégio Militar, pois considera a escola muito livre e não consegue ter o domínio de turma. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, tudo dentro de sala é previamente combinado com a criança. Se a criança não cumprir alguma regra da sala, ela pode perder um tempinho do parque para ficar conversando sobre o que fez com a professora, ou perde o direito de brincar na casinha. Tudo isso são formas de “punir” a criança por ter descumprido algo, mas quando conversado a criança não entende aquilo como castigo, pois ela pode escolher se ela quer ou não perder algo.

A outra pessoa que marcou outra opção disse que escolheria a junção de todas as metodologias, porque para ela cada método tem algo de bom a acrescentar para a educação de nossas crianças. Isso é uma boa forma de pensar, mas vimos em nossa graduação que isso não da muito certo, pois uma hora ou outra nos

Page 12: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

12

perderemos em alguma metodologia específica. Uma pessoa não respondeu porque não

considerava a escola natural como a melhor, mas também não queria se colocar por medo de alguma pessoa da coordenação da escola ver.

8

0 0 0 02 1

Gráfico 3-Na sua opinião, qual a melhor metodologia de ensino para atuar profissionalmente?

O gráfico 4 aponta que todas as onze pessoas responderam que consideram a escola natural eficaz para a aprendizagem das crianças. As professoras têm plena consciência de que a escola natural desenvolve um papel muito importante na educação das crianças, pois eles se desenvolvem de uma maneira incrível, conseguindo refletir sobre seus atos, e ter opinião própria. A escola natural apoia-se bastante no pensamento de Paulo Freire, pois para ele, a criança atinge o conhecimento a partir do momento em que ela consegue refletir sobre sua realidade e atuar nela para melhorá-la. Acredita-se que com o diálogo realizado todos os dias com as crianças, é possível atingir esse objetivo na escola natural

11

0

Sim não

Gráfico 4- Voce considera a Escola

Natural eficaz para a educação das nossas crianças?

Ao serem indagadas sobre o planejamento de aula, as onze professoras responderam em totalidade que a Escola Natural possui um planejamento que é seguido por elas. Trata-se de um planejamento flexível, que atende aos conteúdos estabelecidos pelo MEC e é supervisionado pelos coordenadores pedagógicos. Diariamente, os pais têm livre acesso para saber quais atividades serão realizadas no decorrer da semana.

Muitas pessoas tem preconceito com a Escola Natural, pois acham que ela é uma escola que aplica o que quiser para o aluno, que não tem um planejamento e que a criança faz o que quiser e na hora que quiser. Entendemos que isso é um senso comum de quem não conhece a metodologia e não sabe os objetivos que ela pretende alcançar em seus alunos. A escola natural preza por deixar a criança livre para realizar suas atividades na ordem que quiser. Com a proposta das mesinhas diversificadas, a criança tem a possibilidade de escolher qual atividade quer realizar primeiro em qual ordem realizá-las. São cinco mesas distribuídas pela sala, com atividades distintas, como por exemplo: lego, quebra cabeça, atividade de pintura, massinha e exploração do projeto. As professoras ficam na mesa do projeto pra realizar a atividade do mural, e a outra professora ajuda nas outras mesas, brincando junto com as crianças. A criança sabe que precisa passar em todas as mesas, mas faz isso no seu próprio tempo. Isso gera uma harmonia dentro da sala e as crianças ficam ocupadas enquanto a professora dá um atendimento individualizado a cada criança respeitando seu tempo e dificuldade na execução da tarefa.

Page 13: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

13

11

0

Sim Não

Gráfico 5 - Para ministrar suas

aulas, você segue algum tipo de planejamento?

A 6ª questão do questionário apresenta

mais de uma opção de resposta para a pergunta: Como você procura resolver os conflitos dentro de sala e no ambiente escolar? O gráfico 6 mostra que o diálogo foi unânime entre as respostas dadas. As 11 professoras responderam que o dialogo é importante na resolução dos conflitos dentro de sala de aula. Podemos então perceber que quando acontece algo dentro de sala, o professor busca a criança para entender o que está acontecendo e a melhor forma de resolver tal coisa. Consideramos isso um ponto forte na Escola Natural, pois a criança tem a oportunidade de dar a sua opinião, de dizer se está gostando ou não de determinada coisa e principalmente de ser critico perante a sua realidade. Com o diálogo os conflitos são resolvidos e a criança percebe que através dele consegue manifestar as suas vontades e desejos.

Três pessoas responderam que para resolver os conflitos dentro de sala, encaminha a criança para a equipe de psicologia. Percebe-se que em alguns caso apenas o diálogo não resolve todo o problema gerado em sala e é necessário um acompanhamento junto a essa equipe para que eles procurem alguma estratégia para aplicar aquela determinada criança ou alguma atividade para ser trabalhada com toda a turma. Por exemplo, quando a turma está tendo muitas brigas por causa de crianças que batem muito nos colegas, a equipe de psicologia traz alguma atividade sobre os sentimentos pra que seja realizada por todas as crianças. Assim a criança que está brigando vai entender que isso não é legal e está afetando toda a turma.

Quatro pessoas pontuaram a reunião com os pais como um modo de resolver os conflitos dentro de sala. A Escola Natural tem uma parceria

muito grande com a família, pois tudo que acontece de relevante na sala é comunicado aos pais por recado na agenda ou pessoalmente, e isso traz um retorno muito positivo, pois os professores conversam dentro de sala com a criança e os pais reforçam essa conversa em casa.

11

4 30 0 0

Gráfico 6 -Como você procura

resolver os conflitos dentro de sala e no ambiente escolar?

A 7ª pergunta do questionário visa perceber se realmente a Metodologia é seguida na escola da maneira que ela pede para ser, e também permite mais de uma resposta, conforme apontado no gráfico 7. A partir dos resultados, constatamos que o professor entende que ele é um mediador, pois todas as onze professoras marcaram o aluno como o grande condutor do processo de ensino aprendizagem. Segundo uma das professoras: “ tudo é criado pelo aluno, não é oferecido nada pronto”. Na prática isso realmente é seguido, pois o planejamento é feito de forma flexível, as crianças na rodinha são estimuladas para escolherem o tema a ser trabalhado, a professora dá opções e as crianças podem escolher o que querem fazer naquele momento.

Nove responderam também que o professor conduz o processo de ensino junto com seus alunos, pois o professor cria as estratégias de estimulação e exploração do espaço para que a criança realize as atividades dentro de seu próprio tempo e interesse. O professor é um mediador que levará as estratégias para que, a partir das experiências e vivências das crianças, o conteúdo seja lançado, de forma que a criança já saiba um pouco sobre determinado assunto e tenha embasamento para também falar sobre ele.

Três docentes responderam que os pais também conduzem o processo de ensino dos alunos. Ao nosso ver os pais influenciam sim nesse processo, pois é a partir das vivências adquiridas em casa, dos filmes e desenhos assistidos, das conversas , viagens e passeios realizados que a criança adquire uma educação

Page 14: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

14

informal e a partir dela terá experiências para levar e mostrar para seus amigos e professoras.

Quatro pessoas pontuaram a equipe de coordenação como a condutora do processo de ensino e aprendizagem. Ficou claro que algumas professoras, principalmente as mais novas na escola, são influenciadas pela coordenação e equipe de psicologia para trabalhar dentro de sala, pois não se sentem seguras para explorar determinados temas com seus alunos.

Uma pessoa marcou o livro didático como condutor do processo de ensino na Escola Natural. Nós colocamos esta opção no questionário porque sabemos que no segundo período da pré escola, as crianças utilizam um livro que é construído por eles no decorrer do ano. No entanto, discordamos dessa professora, pois na nossa opinião o livro didático não conduz o ensino, afinal ele não tem nada escrito e é construído ao decorrer das explorações feitas em sala.

911

3 41

Gráfico 7 - Na Escola Natural,

quem você julga que conduz todo o processo de ensino

aprendizagem?

O objetivo da 8ª questão era descobrir se as

experiências que o aluno traz da sua vivência fora da escola influenciam no seu processo de aprendizagem. Dez professoras responderam que sim, que essa vivência faz com que a criança tenha um embasamento para discutir sobre determinado tema dentro de sala de aula, assim podem ter uma conversa bem rica e trazer aquilo que sabe para a sala e compartilhar com os colegas. Uma pessoa não respondeu essa pergunta, mas não soube explicar o porque deixou em branco.

10

01

Sim Não Não responderam

Gráfico 8 - O compartilhamento de vivências dos alunos ajuda na

explicação do conteúdo dentro de sala de aula?

O gráfico 9 apresenta que, conforme

esperado, houve unanimidade nas respostas à pergunta: Você considera a relação professor aluno importante para uma boa prática pedagógica? Todas as 11 professoras ensino essa relação é de extrema importância para que o processo de aprendizagem ocorra de forma eficaz e harmoniosa.

11

0

Sim Não

Gráfico 9- Você considera a relação professor aluno

importante para uma boa prática pedagógica?

A última questão era aberta para que cada

pessoa pudesse escrever algo que achasse relevante para acrescentar ao nosso projeto e percebemos que muitos dele colocaram muito fatos interessantes sobre a Escola Natural. Relatamos abaixo as respostas mais pertinentes a nossa pesquisa.

Page 15: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

15

Uma professora falou o seguinte: “Na escola Natural os professores têm a oportunidade de avaliação e acompanhamento mais específico com cada criança. O diálogo é muito marcante neste método e o acompanhamento multidisciplinar faz diferença na percepção do desenvolvimento global da criança”. Esta docente focou em uma parte muito importante da escola natural, pois nela os conteúdos não são lançados com matérias específicas, distinguindo matemática do português, mas os conteúdos são explorados de forma multidisciplinar, abrangendo todas as matérias ao mesmo tempo.

De acordo com outra professora, “Na escola Natural o professor é parte do grupo, há uma troca entre o aluno e professor através do diálogo, que é fundamental para as crianças.” É uma fala muito bonita e uma fala que todas as professoras da escola tem, pois é justamente isso que a Escola Natural adota e quer que todos saibam: que o professor faz parte daquele grupo e está ali para trocar experiências, brincar junto, fazer as mesmas atividades que as crianças. Ele é um mediador e a criança segue o seu exemplo. Assim, o professor é uma peça chave no processo de aprendizagem dessas crianças.

Finalizamos com uma afirmação de Gilda Rizzo (1987, p. 49) que reitera que “o educador da escola natural procura educar pelo exemplo.” E isso realmente é muito significativo, pois a criança tem o adulto como a fonte de pesquisa, eles nos imitam e querem se tornar grandes como nós e assim percebemos que a criança é o reflexo do adulto que ela vê. Considerações Finais

O presente trabalho teve como objetivo investigar a importância e as especificidades do trabalho do educador no Método Natural de Ensino, que baseia-se no Método Construtivista de Marinho, na teoria interacionista de Wallon, a escola libertaria de Freire e na teoria cognitiva de Piaget, assim como também investigar as contribuições e propostas desse método defendidas por Rizzo,. O Método Natural foi criado originalmente por Gilda Rizzo com o objetivo de promover o processo natural, isso é: o processo fisiológico, de construção de sistemas operacionais de leitura, visando as etapas naturais de transformações que ocorrem num indivíduo no processo de alfabetização. Portanto “método natural” é aquele que promove o processo natural. Este Método é bastante criativo e se dá através de motivações, potencial, linguagem do aluno e experiências mútuas, onde o conteúdo é construído a partir do conhecimento existente no grupo e é trocado entre eles por meio de leituras e pesquisas. Além disso, o Método Natural oferece estímulos socioambientais específicos, que

desenvolvem a reprodução do processo natural e espontâneo de cada aluno, e visa modificar o ambiente escolar em todas as suas áreas, desde a sua estrutura física até o seu sistema ou regime de relações sociais e educativas. O aluno tem papel fundamental para a atribuição desse Método, pois é ele mesmo quem escolhe livremente o vocabulário que servirá de base para a sua aprendizagem e também a forma de realizar a sua atividade para manter-se sempre motivado, na ação de procurar a solução, interessar-se voluntariamente e responsabilizar-se por ela. Por essas razões, o tema foi bastante pertinente para as autoras que realizaram a sua pesquisa na Creche Cabo Frio, que adota o Método Natural em seu Projeto Político Pedagógico e trabalha fielmente com essa metodologia. Por acreditarem na eficácia e pertinência do método natural, foi aprofundada uma pesquisa sobre suas principais características e especificidades, sobretudo no que se refere ao trabalho do educador a partir de seus pressupostos. Foi possível notar as contribuições desse Método na Educação Infantil e no desenvolvimento cultural das crianças. Percebemos que ele atribui sentido ao conhecimento e experiências vivenciadas no cotidiano escolar, proporcionando a promoção e a formação do sujeito crítico e reflexivo. A criança se desenvolve, portanto, como cidadã de direitos e responsabilidades, tendo iniciativa própria na expressão de suas vontades em tomadas de decisões. Notou-se nesse trabalho a importância do professor, chamado de "Educador" no Método Natural, que assume o papel de um líder estimulador, mediador, democrático e rejeita a postura tradicional, como ocorre na escola tradicional, que reflete nitidamente a valorização da memória do mestre que acredita que sabe tudo e precisa “passar” esse conhecimento ao aluno como autoridade indiscutível do conhecimento. Por essa razão o objetivo do Educador desse Método não é trabalhar com a memorização, e sim com o desenvolvimento gradual do aluno na busca de métodos e sistemas próprios de aprender e de estudar. O Educador também é responsável por coordenar as motivações e atividades, e exerce as funções de orientador e executor das políticas estabelecidas no grupo. Concluímos então que o Método Natural é uma escolha eficaz para os pais que buscam uma Escola aberta e flexível, com Educadores que visam trabalhar com a liberdade de expressão, o respeito mútuo, a subjetividade, a coletividade, a cooperatividade e a confiança para o desenvolvimento da autonomia e das potencialidades do aluno, para que assim ele se sinta seguro da apropriação do conhecimento, para saber usá-lo no seu cotidiano e sendo capaz de modificar a sua realidade social através da aprendizagem construída por ele mesmo.

Page 16: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECKER, F. O que é construtivismo. Idéias. São Paulo: FDE, n.20, p.88, 1993. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Tradução de Diana Myriam Lichtenstein et al.Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.Disponível em: http://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40138/1/01d16t03.pdf GADOTTI, Moacir. A escola e o professor: Paulo Freire e a paixão de ensinar. São Paulo: Publisher Brasil, 2007. Disponível em http://acervo.paulofreire.org:8080/jspui/bitstream/7891/2773/1/FPF_PTPF_12_026.pdf em 24/05/2015 em 22/05/2015. LEÃO, Denise Maria Maciel. Paradigmas Contemporâneos de Educação: Escola Tradicional e Escola Construtivista. FACED, Universidade Federal do Ceará, 1999. LOTÉRIO, Adalut Maria; MÜLLER, Ana Paula P. As teorias que fundamentam a prática da educação infantil. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, 2009. MARINHO, Heloisa. A linguagem na idade pré-escolar. 2. ed. Rio de Janeiro: Inep - Ministério da Educação e Cultura, 1955. _______________. Vida e educação no jardim de infância. 3. ed. Rio de Janeiro: Conquista, 1967. _______________. Vida, educação, leitura: método natural de alfabetização. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976. Projeto Político Pedagógico da Escola Fundação Visconde de Cabo Frio. RIZZO, Gilda. Escola natural uma escola para a democracia. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. ___________ . Alfabetização natural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1986. Disponível em http://espacoeducar-liza.blogspot.com.br/2011/06/o-que-e-metodo-de-alfabetizacao-natural.html em 24/05/2015. WALLON, Henri. Psicologia e Educação da infância. Lisboa: Estampa, 1975.

Page 17: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

17

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Caro(a) professor(a),

Contamos com a sua atenção e compreensão em responder este breve questionário, que faz parte de

uma pesquisa para Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia da Faculdade Icesp Promove de

Brasília.

O questionário tem como objetivo recolher dados sobre a Escola Natural e sua metodologia, que é

um tema pouco abordado na faculdade e pouco conhecido pela maioria dos professores.

Destacamos que não é necessário colocar seu nome no questionário e será preservado o sigilo

quanto a identidade dos respondentes.

Agradecemos a sua participação!

1- Você já tinha ouvido falar em Escola Natural antes de trabalhar em uma?

( ) Sim ( ) Não 2- Na sua graduação, seus professores abordaram conteúdos sobre a Escola Natural?

( ) Sim ( ) Não 3- Na sua opinião, qual a melhor metodologia de ensino para atuar profissionalmente:

( ) Escola Natural ( ) Escola Tradicional

l ( ) Escola Nova ( ) Escola Construtivista ( ) Escola Montessoriana ( ) Outra. Qual?

4- Você considera a Escola Natural eficaz para a educação das nossas crianças?

( )Sim ( ) Não 5- Para ministrar suas aulas você segue algum tipo de planejamento?

( ) Sim ( ) Não

6- Como você procura resolver os conflitos dentro de sala e no ambiente escolar?

( ) Diálogo com as crianças; ( ) Reunião com os pais; ( )Encaminhamento à equipe de psicologia;

Page 18: O PAPEL DO EDUCADOR NO MÉTODO NATURAL DE …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · o papel do educador no mÉtodo natural de ensino The paper of educator

18

( ) Encaminhamento das crianças à coordenação/orientação educacional; ( ) Castigo; ( ) Outra forma. Qual? 7- Na Escola Natural, quem você julga que conduz todo o processo de ensino e aprendizagem?

( ) O professor; ( ) Os alunos; ( ) Os pais; ( ) A coordenação da escola; ( ) O livro didático; 8- O compartilhamento de vivências dos alunos ajuda na explicação do conteúdo dentro de sala

de aula?

( ) Sim ( ) Não 9- Você considera a relação professor aluno importante para uma boa prática pedagógica?

( ) Sim ( )Não Escreva aqui outras observações que você considera importantes sobre a Escola Natural. _________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigada por colaborar com o nosso projeto!