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~NUAL PARA A AVALIAC;lO DE TECNOLOGIA COM

AGRICUL TORES

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MANUAL PARA A AVALIA<;AO DE TECNOLOGIA COM

AGRICULTORES

Jacqueline A. Ashby

Projeto IPRA CIAT

Centro Internacional de Agricultura Tropical Apartado Aéreo 6713 Cali, Colombia

Publica,uo CrA T No. 190 ISBN 958-9183-64-6 Tir-agem: 500 exemplares Impresso em Colombia Febrero 1994

Tradu,ao do: Manual para la Evaluación de Tecnología con Productores

Ashby, J.A. 1994. Manual para a Avalía,ao de Tecnologia com Agricultores. Projeto de Pesquisa Participativa na Agricultura (IPRA), Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), Cali, Colombia. 100 p.

Página de Conteúdo

Páginas

Reconhecirnentos

Capítulo l. Introdu~¡¡o

Por que fazer avaliac;iíes corn agricultores na pesquisa agrícola

Estrutura do manual

A quem é dirigido este manual?

Capítulo II. Quando realizar avalia<;óes com agricultores na pesquisa agrícola

Avalia,iíes com agricultores em diferentes etapas da pesquisa

Avalia<;¡¡o inicial de várias alternativas

Comparar;iio de uma poucas alternativas promissoras

Avaliar;ao nas etapas iniciais da transferencia

Avalia,ao com agricultores em diferentes tipos de programas de pesquisa

Avaliar;üo com agricultores e pesquisa em sistemas de produ~¡¡o

Avaliar;oes com agricultores e pesquisa com orienta,ao por disciplinas ou por culturas

Avaliac;iíes com agricultores e pesquisa panicipativa

Avaliar;ao com agricultores cm diferentés etapas do ciclo produtivo

Avaliar;iíes da cultura no campo

Avaliac;6es pós-colheita

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Páginas

Capítulo IIJ. Dinamica social da avalia~¡¡o com agricultores em países em descnvolvimento

Capítulo IV. Como estabelecer urna rela",io cordial de trabalho com os agricultores

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19

Início ou manejo das primeira~ impressoes 19

Esclarecimento de expectativas 20

Tratar ao agricultor como um experto 23

Capítulo V. Habilidades de comunica~ao para realizar avaliac;Oes 25

Como escutar na avaliar;ao com agricultores 25

Linguagem corporal 26

De escutar a perguntar: a sondagem

Perguntas abertas

Como eslabelecer neulmlidade: perguntas balanceda~

Resumo das habilidades de comunicar;1io para a avalía~¡¡o alravés de diálogo

Capítulo VI. Selec;iío de agricultores

Considerw,iíes gemis

Critérios para a sele~¡¡o de agricultores

Métodos de sele~ao de agricultores

Pesquisas de opioiao prévias

Informantes clave

Agrupamento mediante canoe,

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Páginas Páginas

Identifica~ao de agricultores com Compara~ao por pares 63 facilidade de expressiio 37

Tipologias para análise 64 Agrupamento de participantes para as avalia~Oes 38

Capítulo IX. A valia~iies em grupo 67 Capítulo VII. Como organizar a avalia~¡¡o

com agricultores 41 Vantagens da avalia~¡¡o em grupo 67

A avalia,ao como um processo 41 Discussao em grupo 67

O passo seguinte: informar os agricultores 42 Retroinforma~¡¡o e interpreta,ao de resultados 68

Explíca,ao do ensaio 42 Aumento na representatividade dos

Sele"ao do local para o ensaio 46 agricultores 68

Distribui~iio de lratamentos para as Avalia,iio de numerosas op~Oes diferentes parcelas. com os agricultores 46 tecnológicas 68

Capítulo VIno A entrevista de avaJia¡;ao 49 Uso eficiente da equipe de pesquisadores 69

Planejamento da entrevista de avalia,llo 49 Desvantagens da avalia"ao em grupo 69

Esclarecimento de expectativas 49 Organíza<;ao de avalía .. oes em grupo 70

O que necessita saber o agrícultor 49 Defini"ao de objetivos 70

Avalia"ao aberta 51 Forma~¡¡o de grupos para propósítos de

Como estimular a expressao de preferencias avaliayiío 70 nas avalia"oes com agricultores 56

A quantídade necessária de avalia"Oes Avalía\(áo absoluta 57 em grupo 73

Ordenamento entre várias alternativas 59 Quantos agricultores devem participar na avalia"ao em grupo 74

Quantidade de elementos por ordenar 59 Destrezas dos modemdores para avalia\(oes

A melhor e a pior tecnologia 59 emgrupo 75

Ajuda ao agricultor no ordenamento 59 Manejo de participantes problema em avaliw,Oes em grupo 76

Como entender o mciocínio do 60 agricultor O falador dominante 76

Matriz de ordenamento 62 O participante passivo 77

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o pal1icipante dependen te 77

o pal1icipante hostil 77

o falame que divaga 78

Inicio e encerramento da avalia~¡¡o em grupo 78

Registro e informes das avali",;oes em grupo 78

Páginas

Avalia~oes em grupo de numerosas o~Oes tecnológicas

Capítulo X. Dez normas para realizar avalia~óes eticazes de tecnologia com agricultores

Leituras complementares

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83

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Modelos para entrevistas de avalia~¡¡o 89

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Reconhecimentos

A autora deseja expressar seu profundo reconhecimento pela valiosa ajuda de várías pessoas e institui~Oes no desenvol vimento deste manual.

Douglas H. Pachico contibuiu de modo especial no desenbo inicial e como co-autor do documento de trabalbo que servíu como base para preparar este manual.

Michael Collinson, especialmente por sua capacidade como avaliador externo do Projeto IPRA, estímulou muitas idéias com numerosas sugestoes relacionadas aos métodos e organiza~¡¡o do material.

Merecem especial reconhecimento os assistentes de pesquisa do Projeto de Pesquisa Participativa na Agriculturd (IPRA), os qua;s ensaiamm e testaram métodos para avalia~oes com agricultores em muitas situ~Oes de campo e contríbuiram com sua experiencia pnítica e suas ídéias. Agrad~o, em particular a Carlos A. Quirós, uma das pessoas com quem se iniciou a prova de métodos de avalia~iio com agricultores em ensaios agronómicos, a Pilar Guerrero. José 1. Roa, Yolanda Rivera e Carlos A. Truji1lo; também a Teresa Gracia por seu trabalho nos aspectos de capacita~ao.

Sem o apoio da Funda~¡;o Ke/logg, entre 1987 e 1990. nao seria possível escrever este manual. Também nlio seria possível acumular a experiencia a partir da qual se prepararam cursos de material de capacit~¡¡o em métodos de avalia~üo COI11

agricultores. Apreciamos profundamente o estímulo recebido dos representantes de stas organiza','oes.

Entre muitos colegas do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e do Instituto Colombiano Agropecuário (ICA) cm Colombia, que tomaram parte na pesquisa sobre os temas aquí

tratados, Joachim Voss compartiu conosco suas idéias e experiencias sobre o desenvolvimento das avalia~Oes com agricultores.

Agradecimentos especiais também para outros colegas pesquisadores: Edward Carey, Clair Hershey, Wilhemus Janssen, Julia Kornegay, Nubia Rodríguez, Yolanda Sacipa e Louise Sperling. Suas pesquisas, em particular Jorge Alonso Beltrán e Luis Alfredo Hernández contribuíram também com novas idéias pam a aplica~¡¡o destes métodos. Agradecimentos também a Roger Kirkby, Todo Edje, Wil1i Oraf e Charles Wortman, Os quais pacientemente leram e comentaram a~ minutas preliminares deste trabalho.

Por sua infinita tolerancia, bom humor e interesse ativo no desenvolvimento das avalia\iOes, tenho especial gratidiio uos pequenos agricultores de muilOs países, especialmente dos departamentos do Cauca e Nariño e da Costa Atlantica da Colombia, América do Sul.

Agradecimentos igualmente para a equipe do Programa de Capacit~üo e Comunicu\iOes do CIAT por permitir-nos incluir o ensinamento dos métodos de avalia"ao com agricultores nas suas atividades de capacita"ao; também as pessoas capacitadas, as quais ajudaram a melhorar os métodos com seus comentários e compartindo sua.~ experiencias sobre avalia"fio com agricultores.

Reconhecimentos pela valiosa contribuiyúo de WiI Ola Cerón, quem com rapidez e paciencia dalilografou numerosas minutas deste trabalbo através do~ anos.

Por ceno, qualquer omi"ao que aqui apareliu, é de responsabilidade da autora.

vii

A publica~iio da versiio portuguesa deste trabalho nao tivesse sido possível sem o upoio fínanceiro da Funtla9ao Kello.gg através do. Pro.Jeto de Pesquba Participativa - IPRA do. ClAT

Esta publica,ao. contoo também com o apoio. eco.nómico., igualmente importante, do. Programa Das Na,Ces Unidas para o Desenvolvimento PNUD através do. Projeto de Pro.te,iio Filo.sanitáría

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SUSlenlávcl da Mandio.ca no Nordesle do !lra,iJ e África executado p.e lo Cenlro Nacional de Pes<jll"" de Mandioca e Fruticultura Tropical CNPMH EMBRAPA; C1ATe o Inslitulo. IlllcmacÍo!lal de Agricultura Tropical - liTA.

Apresentamos para eles O~ nossos Illelhore~ agradec imentos e reconhecimento.

Capítulo 1

Introdu~ao

Por que fazer avalia~oes com agricultores na pesquisa agrícola.

Urna semente, urna planta, um punhado de terra, un canal de irrig~ao ou um saco com adubo formam parte dos muitos elementos da pesquisa agrícola. Cada um é observado e analisado de diferentes maneiras pelas distintas pessoas que as trabalham, para desenvolver novas tecnologias que permitam incrementar a disponibilidade de alimentos no mundo.

SEu REND/MIEI/ro 2 80/11, AlfA'; S(.IA

QOAL./PAIJS É DEF/C/GNr¡;,

SE liU CON$E(i.U1SSE WtI: SON PRG<;-O,

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Com frequSncia os agricultores nao utilizam a tecnologia recentemente desenvolvida, na maneira que os pesquisadores esperam. Sobram esperiSncias sobre recomenda<¡:Oes agronómicas ignoradas, por exemplo, relacionados a equipamentos que nao se adotam ou a novas variedades de culturas recusadas pelos agricultores.

ti PODEKEj ARMACIZIVAR ¡sro o íSMPC 5t.Jf:JC.IEN7E

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Figura 1. Os agricultores avaliam a tecnologia com diferentes critérios e objetivos em mente.

Paradox icamente, outms prátieas novas, nao recomendadas pelos pesquisadores, escaparam das es~Oes de pesquisa agrícola e passaram rapidamente de agricultor a agricultor. Frequentemente estas atividades, iniciadas pelos agricultores, nao foram previstas pelo. profissionais envolvidos no desenvolvimento e transferencia de tecnologia. Este fenómeno tem preocupado uos profissionais; muitos creem que, nos procedimentos de pesquisa que eles utilizam para o desenvolvimento de tecnologías para os pequenos agricultores, faz falta um elemento: a participa,iío ativa do agricultor.

Que é entao especial e importante sobre a perspectiva do agricultor? Os profissionais das distintas disciplinas científicas capacitam-se pura especializarem-se na compreensao de um aspecto particular de um problema agrícola. Todavia, nenhum especialista conhece tiío intimamente como o agricultor, os diferentes problemas e necessidades da pequena unidude de explora,ao familíar, e portunto, ninguem como ele está melhor equipado para visualizar como colocar em funcionamento uma tecnolgia na propriedade agrícola pam satisfazer essas necessidades. O agricultor é quem finalmente decide se urna nova tecnologia é útil ou nao (Figura 1).

A decislio para saber se urna nova tecnologia é uma alternativa aplicável para as formas habituaís de cultivo nao é pummente técnica; requer também urna cornpreensao integral da~ necessidades humanas que se buscam satisfazer mediante urna determinada atividade agrícola. O agricultor de esca~sos recursos conhece intuitivamente este processo de tomada de decisOes, porque o tem utilizado desde menino. Ele ou ela sabe que sua aplica~¡¡o implica intera,Oes comple"a~ entre muitos objetivos e necessidades diferentes, tais como os que sao apresentados na Tabela l.

Este manual oferece técnicas para conseguir que o agricultor expresse como entende ti tecnologia a luz de taís princípios de tomada de decisOes.

Uma avalia~¡¡o eficaz COIn o agricultor permite oos pestjuísadores estabelecer tais percep\=Oes COIn

dados sistemáticos, de forma que possam comunicar

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mpidamente a informa,íio respectiva aos criadores da tecnologia; estes necessitam compreender o ponto de vista dos agricultores sobre a utilidade de urna nova tecnología.

A pesquisa cm propriedades agrícolas, que envolve aos pequenos agricultores no manejo de tecnologia e~perimental, tem recebido urna enfil.~e crescente nos progmmas de pesquisa e extensao agrícola, relacionados com a inlrodu~ao do ponto de vista do pequeno agricultor na avalia~¡¡o de tecnologias.

Sao necessárias análises agronómicas e económicas para avaliar os resultados da experimentu~¡¡o e outrds pesquisas em propriedades agrícolas, de tal maneim que se possam fazer recomenda,Oes. Além disso, porque se reconhece que a análise agroeconómica resulta incompleta quando se busca uma compreensao total dos critérios que utilizaram os agricultores para decidir se adotar ou recusar as recomenda"Oes. Algumas vezes sljgere-se que se determinem a~ opiniOes e rea,Oes dos agricultores a tecnologia testada em propriedade agrícola (Tabela 1).

Quando se realizam regularmente avalia~s de tecnologia com agricultores, a ínforma~ao sobre suas opiniOes pode-se tmnsmitir de forma regular nos criadores da tecnología. A participa~o na avalia,Oes dá aos agricultores a oportunidade de selecionar e tomar decisOes sobre a viabilídade de uma inova,ao, antes de que um programa de pesquisa fa~a investimentos significativos para recomendá-la e tmnsferí-la aos agricultores. Todas as pessoas envolvidas economizam tempo e dinheiro se as inova~Oes defeituosa~, do ponto de vista dos agricultores, regressam a "mesa de desenho". Por outra parte, na avali~¡¡o algumas vezes os agricultores resgatam alternativas que os pesquisadores esperam que descartem (Tabela 2).

Envolver aos produtores como participantes ativos na avalia~~o das inova~Oes tecnológicas propostas pode ter numerosos benefícios para a gera~¡¡o de tecnologías por programas de pesquisa agrícola (Tabela 3). É posslvel institucionalizar a avaliw;ao regular do agricultor e oferecer assim urna oportunidade para que os pesquisadores e

Tabela l. Exemplos de objetivos dos pequenos agricultores, que determínam como eles avaliam as novas tecnologías.

• Dispor oportunamente e durante todo o ano de alimentos para a família, e aumentar a prodU\'ao geral

• Planejar o cultivo para incluir estratégias de seguran~u em tempos diffceis. Isto pode fazer que os agricultores pensem primeiro cm termos de seguran9u. em vez de max imizar os lucros na produ~¡¡o

• Obter o maior rendímento possível da terra ou do capital escassos, mesmo que isto signífique trabalhar com muito baixo rendimento em rela~ao com o lempo empregado

• Minimizar o tempo necessário para uma tarefa dada em urna época de máxima atividade, como a correspondenle ao come~o das chuvas e do plantío

• Organizar o tempo de cada membro da família entre muitus tarefas diferentes. de tal maneíra que se f~a todo o trabalho necessário

• Contribuir para a vida social da comunidade campesína. por exemplo, em ca.'ilImentos ou funerais, para que a família a,segure a aceita~¡¡o e o apoio da comunidade

• Compartir recursos com outros membros da comunidade campesina, para que eles a sua vez ajudem a família em momentos de necessidade

• Atender os gastos a curto prazo (diáríos ou semanaís) da famma campesina, o mesmo que seus requerimeotos de sobrevivéncia a longo prazo

• Satisfazer outrds necessidades dos membros da famma oao relacionadas díretamenle com a propriedade agrícola, lais como a cria~lio e o cuidado dos filhos, a atent;áo médica e a educa,lio

Tabela 2. Como é a avalia~¡¡o com o agricultor?

• Existe contata direto dos agricultores com as op~1ies tecnológicas, em um contexto de trabalho experimental

• Estimula-se a livre expressao de suas opini1ies, preferencias, críticas e sugest1ies sobre as tecnologías propostas pelos pesquisadores

• Requer utilizar técnicas especiais de entrevista para obter e registrar a informa,ao

• Dessa maneira, os criadores da tecnología e usuários potencia;s podem ínformar-se sobre a aceita~¡¡o das inova~5es propostas aos agricultores

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Tabela 3. As avalia~ com o agricultor proporcionam informa\;ao sobre:

• Que características de urna tecnologia os agricultores consideram importantes

• Como os agricultores classificam preferentemente as op~óes tecnológicas alternativas

• Porque os agricultores preferem um tecnologia a outm

• Se os agricultores estilo dispostos a adotar um nova tecnologia

agricultores truquem idéias sobre as inova~óes potenciais. Os pesquisadores podem participar da experí~ncia prática e do conhecimento tecnológico local que trazem os agricultores para estabelecer a utilidude de urna nova pr.llÍca agrícola. hto contribuiria para identificar e entender os critérios dos agricultores na scl~¡¡o de tecnologia.

As avaliwtoes com agricultores proporcionam aos pesquisadores compreensao direta das prioridades destes e de como escolhem entre alternativas tecnológicas concreta~, sem necessidade de uma recopila"ao pormenorizada de dados ou modelos

Estrutura do manual

O objetivo desta publica\iao é oferecer técnicas pum levar a cabo avalia'f5es de novas tecnologías com o especialista ausente em pesquisa agrícola, isto é, com o agricultor.

É um manual escrito para ajudar aos pesquisadores, em propriedades agrícolas, a envolver aos agricultores como participantes ativos na avalia"iío de novas tecnologias. A eficácia das avali~oes com o agricultor depende da aplic,¡"ao de procedimentos que coloquern uo referido agrícultor no papel de um colega no processo de teste das tecnologias.

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para simular o processo de tomada de decis5es pelos agricultores.

Quando os agricultores avaliam um conjunto de alternativas tecnológicas contmstantes pari! solucionar urn problema, com os pesquisadores, esta situa"lio pode ser o ponto de partida para construir com eles uma representa,lio de sua tecnologia 'ideal', ou um método para compreender aquilo que os agricultores enxergam como tecnologia 'melhorada'. ¡sto permite gemr novas idéias pam pesquisar. Finalmente, as avalia~oes com o agricultor siio uma forma de envolver usuários potenciais nas decisoes sobrequetecnologiare comendar.

Nos procedimentos de avalia~¡¡o que sao tratados oeste manual, o agricultor nao atua como um objeto passivo que é estudado e avaliado, mas sim como um pessoa que estuda, avalia e critica em colabom~¡¡o com outros pesqulsadores em propriedades agrícolas.

Os pesquisadores que querem canalizar a capacidade dos agricultores, pam a avuliwtíio de tecnologias, necessltam técnicas especials para envolve-Ios na aplícu9ao atí va de seus próprios critéríos de decósao no processo de avaliu91io.

Um primeiro passo pafll adquirir estas técnicas é aprender sobre os princípios e conceitos gerais da realíza~fto de avalia~óes com agricultores, sobre o qual

este manualtem o propósito de ofcrecer um tratamento sistemático.

Os dois primeiros capítulos tralam sobre os objetivos e benefícios das avalia~Oes com agricultores e como tais objeti vos relacionum-se com as diferentes etapas em um programa de pesquisa agrícola, ou com diferentes tipos de pesquisa. Também referem-se ao planejamento dos diferentes tipos de avalialioes com agricultores em rela\iiio uo calendário agrícola.

Os Capítulos I1I, IV e V tratam sobre o manejo da interaliiío social nas avalia<;oes com agricultores e sobre as habilidades que se necessitam e das quais os pesquisadores dever estar conscientes.

Os Capítulos VI e VII relacionam-se com alguns aspectos chave do planejamenlo de avalia~oes com agricultores, tais como determinar que tipo de agricultores deveriam participar e como organizar uma entrevista de avalia~¡¡o.

O Capítulo VIII cobre diferentes técnicas que se podem utilizar em forma individual ou em distintas combina~Oes em uma entrevista de avalia~¡¡o, com exemplos dos dados que se podem gerar utilizando uma tabulU\iiíO manual simples.

O Capítulo IX trata da avalia~iio de tecnologia com grupos de agricultores.

O último capitulo resume os exemplos chave para levar a cabo avaliU\Oes eficazes com agricultores, os quals foram discutidas ao longo deste manual.

Um segundo passo no dominio das técnicas para realizar avalia~Oes com agricultores é pratlcar as habilidades requeridas pard: planejar as avalia~Oes, comunicar-se eficazmente com os agricultores e manejar a informa~áo resultante.

Pretende-se que este manual seja utilizado como leitura básica para o estudo de tres unidades de instruliao sobre avalia,Oes com agricultores. Tais unidades oferecem formas de executar esta, habilidades, tanto através de treinamento formal com um ins¡rutor, como de maneira informal cm grupos, ou atravé, de auto-aprendizagem. Com as

recomenda~oes sobre leituras adicionais, oferecem­se detalhes sobre as unidades de instru\,ao.

A quem é dirigido este manual?

A compreensiio das técnicas de pesquisa e de comunica~¡¡o, que se discutem aqui, interessa a um amplo grupo de profissionais comprometidos com a pesquisa e extensao agrícolas, ainda que nem todos participem de forma ativa no contato cara a cara com os agricultores que avaliam a tecnologia.

Um primeiro grupo de pessoas que pode utilizar este manual é o constituído pelos responsáveis pela pesquisa e supervisores de pessoal de campo que trabalhem em atividades de pesquisa em propriedades agrícolas. Estes profissionais necessitam estar conscientes das implica~Oes de realizar avalia~Oes com agricultores para a designa.;ao de recursos e para o manejo do tempo do pessoaL Também, deveriam conhecer as técnicas implicadas no estabelecimento de rela~Oes de conl1an\,u mútua com os agricultores, requisito básico para avalia\,Oes eficazes com eles.

Um manejo adequado da informU\iao que se pode gerar mediante avalia\,Oes com agricultores, requer reunir as pessoas apropriadas no momento e no lugar adequados pum levar a cabo tais avaliU\iOes, e informar sobre ela, de tul maneil"d que os criadores de tecnología mantenham-se em contato com as rea~Oes dos agricultores frente as ínovU\iOes agrícolas propostas.

Um segundo grupo de possíveis usuários deste manual é o dos pesquisadores de progl"dma~ de culturas ou de disciplinas, os quais podem nao estar diretamente comprometidos na pesquisa em propriedades agrícolas, mas certamente podem beneficiar-se da informu\,ao obtida nas avalialiÚCs com o agricultor. Eles necessitam entender que a pesquisa orientada na soluli1ío dos problemas dos agricultores pode-se benefIciar utilizando as técnicas que se discutem adiante, nas distintas etapas de teste e avalia,uo de novas tecnologias.

Um tereeiro grupo, é o dos pesquisadores em propriedades agrícolas e pessoal de extensao, os

s

quais lem a responsabilídade de testar recomenda.;:oes derivadas de pesquisas realizadas nas esta~oes experimentais. Estes profissionais sao os que tem maior probabilidade de aplicar, cm forma ativa, as técnicas tmtadas neste manual, ou de capacitar e supervisar o pessoal de campo que trabal ha em ensaios em propríedades agrícolas e tem

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a responsabilidade de dialogar com os agricultores.

Neste texto, todos os profissionais denominam-se cm forma genérica 'pesquisadores', para dar en fase que a avalia~¡¡o com agricultores inclui a pesquisa sobre as preferencias destes e nao é para convence­los de que adotem tecnologías.

Capítulo 11

Quando realizar avalia~oes com agricultores na pesquisa agrícola

Avalia.;Oes com agricultores em diferentes etapas da pesquisa

As avalia~óes com agricultores nao sao um substituto da cuidadosa avalia\rao agronómica e económica da tecnologia; sao um complemento essencial, que proporcionam inform~óes sobre o peso que as considera\róes agronómicas, económicas e socioculturais tem para os agricultores, na elaboral<ÍÍo de suas pTÓprias conclusóes sobre a utilidade de uma nova tecnologia, nas condi~óes particulares de explor~ao de suas propríedades,

U m programa de pesquisa agrícola compreende várias etapas que se podem subdividir assim:

Diagnóstico:

Planejamento e desenho:

É a ídentifica<;ao de objetivos, necessidades eproblemas.

Estabelecimento de prioridades entre os problemas; defini<;áo de solu~óes potenciais; formul~ao de estratégias par.! provar solu\róes; desenho de urna tecnologia protótipo,

Experimen~¡¡o: Prova e avalia<;ao da tecnologia protótipo, para obter como resultado uma tecnologia desenvolvida,

Adaptal<lío e valida~¡¡o:

A tecnologia desenvolvida testa-se novamente e adapta-se a muitas condi,óes específicas locaís, para concretilr-se em recomendayoes pilra seu uso,

Na pesquísa agrícola aplicada para o desenvolvimento de tecnología, as etapas descritas anteriormente desenvolvem-se tanto a nivel de esta"ao experimental como de propriedades agrícolas,

A maíoria dos programas de pesquisa íncluem a avalía,uo de grande quanlidade de solu,Oes alternativas protótipo para os problemas dos agricultores. Usualmente as solu\rOes incluem novas e numerosas variedades de plantas, densidades de plantio diferentes, controle de pragas e doen~as e outros componentes. Estas solu,óes escolhem-se seletivamente, com o fim de identificar a~ OpyOes mais promissoras, A elei,ilo seletiva com~a geralmente na esla~ao experimental, com um gmnde número de o~óes que sao progressívamente descanadas até deixar urna quanlidade reduzida delas para as provas em propriedades agrícolas. Assim, no momento em que se comelia o plantío dos ensaios nas propriedades agrícolas, em geral a maioria das o~óes 'protótipo' foram descartadas e os agricultores ficam expostos somente aquelas poucas alternativas que parecem mais promissora~ segundo o ponto de vista dos pesquisadores, O risco deste enfoque é que os pesquisadores poderiam estar e~cluindo do processo de avalia<;iio de tecnologías em propriedades agrícolas, o~óes que poderiam ser promissoras segundo o ponto de vista dos agricultores.

o objetivo das avalia~Oes com agricultores, como se anal isa neste manual, é proporcionar retroalimenta9iio uos pesquisadores sobre os critérios

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do agricultor para decidir se utiliza urna inoYa~ao potencial e como fare-Io. Por esta razao, quanto mais rápido integrem-se as avalia<;oes com os agricultores ao processo de desenvolvimento tecnológico, mais provávelmente vao coincidir as idéias dos agricultores e dos pesquisadores sobre as características desejadas para a tecnologia. Mesmo no caso de que se haja feito um excelente diagnóstico dos problemas dos agricultores, aqueles que os pesquisadores acreditam que os agricultores necessitam ou pensam, esses podem nao corresponder ao que em realidade necessitam ou pensam. As avaliagoes com agricultores sao um método para obter diretamente dos agricultores suas opinioes sobre inova<;6es tecnológicas propostas, independentemente do conceito dos pesquisadores.

Portanto, vale a pena considerar o benefício, que em tennos de retroalimenta,ao a pesquisa, apresentam as avalia,6es com agricultores nas diferentes etapa~ de todo o processo de sele,ao de tecnologia. Em um sentído amplo, pode-se definir as seguínles etapas:

1) Avalía<;6es antecipada~ de várias alternativas ou 'protótipos' .

2) Compara,30 de urnas poucas alternati vas protótipo, com o fim de chegar a tecnologías desenvolvidas.

3) Avalia,ao da tecnologia desenvolvida durante a valida\iao ou transferencia inicial.

A valia~o inicial de várias alternativas

A avalia\(iio de urna tecnologia 'protótipo' com agricultores no comego do processo de selegao pode ajudar aos pesquisadores a diferenciar alternativas 'muito boas' e 'muito más' buseado no ponto de vista do agricultor. Em geral, os pesquisadores inclinam-se por selecíonar tecnologias de ampla adapta,ao, enquanto oS agricultores preocupam-se por critérios específicos para o lugar; todavia, existe evidencia de que os pequenos agricultores compartem objetivos amplamente comparáveis, os quais pennitem que coincidam na identifica~ao de características desejadas com respeito a tecnologia.

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A análise das razOes dos agricultores, para diferenciar urna tecnologia boa de urna que nao é, permite identificar objetivos importantes de serem considerados na> etapas iniciais da sele<;:ao. Tai, avaliu90es de diagnóstico dos agricultores podem-se realizar nos ensaios exploratórios em propriedades agrícolas, ou em ensaios regionais conduzidos em propriedades, ou também os agricultores podem avaliar a tecnologia protótipo na esta~ao experimental.

Compara~o de urnas poucas alternativas promissoras

Nesta etapa da pesquisa, quando já se identificaram algumas alternativas na tecnolgia atual do, agricultores, é possível realizar avalia~Oes mais detalhadas. As compara<,;oes pode m ajudar a detenninar nao somente aquilo que é mais promissor pard os agricultores, como também porque os agricultores percebe m urna alternativa como mais (ou menos) atrativa que outra. Em principio, as poucas alternativas introduzidas nos testes em propriedades agrícolas, para comparagao detalhada, deveriam ser pré-selecionadas através de avalia<;Oes com agricultores, em etapas iniciais da pesquisa.

A valia~¡¡o nas etapas iniciai.~ da transferencia

Urna vez que os agricultores come\(aram a aplicar a nova tecnologia em urna escala semicomercial, o pesquisador pode realizar avalia,Oes com eles, comparando a nova tecnologia com suas práticas tradicionais.

Este manual está enfocado principalmente para as avalia~6es de ensaios agronomicos ou de variedades nas parcelas dos agricultores. Portanto, os mesmos princípios e técnicas podem-se empregar para realizar avalia~oes com agricultores em outros lugares (ex.: na esta~¡¡o experimental) e sobre vários tipos de tecnologia. O principio importante é dar ao usuário potencial -- o agricultor -- a oportunidade de ler acesso direto a inova~¡¡o proposta e poder assim avaliá-la. Desla maneira, o mais rápido que se fa"a isto, maior será a possibilidade de que o produto final -- a tecnologia desenvolvida -- responda nos critérios de aceitu9iio dos agricultores.

Exemplo

As avalia~iies com agricultores podem ajudar aos pesquisadores a selecionar alternativas múltiplas e orientar futuras pesquisas, ao permitir·lhes conhecer as preferencias dos agricultores

Um grupo de pequenos agricultores que pesquisava com cultivos de hortalic;as solicitou ajuda para controlar a ferrugem. doen"a do feij1ío de vagem.

Mesmo quando os agricultores pulverizavam intensamente pam controlar a ferrugem. esta causava-Ihes grandes perdas porque os intermediários locais concordaram em exigencias de qualidade em reJacao a apresen~ao do feijao de vagem. Os pesquisadores estabeleceram um ensaio de variedades em propriedades com trinta linhas avancadas resistentes a ferrugem. Em cada colheila o grupo de agricultores fez avaliacóes. analisando um por um os materiais. examinando as plantas, as vagens e o rendimento. Muítas linhas de rendimento alto e resistentes a ferrugem. preferidas pelos pesquisado res. foram excluídas de entrada pelos agricultores, de vida a deficiencias na qualidade do grao: algumas vagens eram demasiadamente curta~ ou demasiadamente compridas, OUlras eram demasiadamente achatada~, de cor muito pálida ou tinham sementes demasiadamente protubemntes.

Finalmente. os pesquisadores solicitaram aos agricultores qualificar as poueas variedades que nilo haviam sido descartada, nas primeiras avalia~óes. Entre elas, urna das mais resistentes a ferrugem e considerada como uma das melhores variedades tinha um defeito: suas sementes mudavam de verde claro a preto a medida que amadurecia a vagem. "Se os intermediários veem estas sementes pretas ou se somente tomam conhecimento delas, recusaram a comprar toda a colheita", disserám os agricultores. Os pesquisadores estavam convencidos de que os agricultores recusariam esta linha, cm outros aspectos promissora. Todavia, por seu alto rendimento, resistencia e aparencia aceitável, a linha de semente preta continuou sendo considerada promíssora para os agricultores: HA semente de cor preta é urna desvantagem. mas pode-se colher rápido, antes que a cor preta apare"a. Mesmo quando isso reduz a possibilidade de adaptar a colheita as mudan~as de prec;o, vale a pena experimentá-Ia", comenturam os agricultores. Dois anos mai, tarde a variedade de semente preta era cultivada por 54% dos agricultores de feijao de vagem, os quais em média, haviam reduzido em 30% a quantidade de pulveriza~óes.

Como resultado da primeira avalia"ao com agricultores, eliminaram-se da pesquisas várias alternativas consideradas promissoras pelos pesquisadores, já que eram inaceitáveis pelos agricultores. O feijiio de vagem de semente preta. alternativa que os pesquisadores teriam recusado baseado na informa"ao obtida dos agricultores, recebeu destes uma segunda oportunidade. A participa"ilo dos agricultores foi crucial ao decícir experimentar no mercado, a venda desta variedade de semente preta. Os melhoristas conlínuam fazendo novos cruzamentos, retroalimentados com a informa,ao sobre as preferencias dos agricultores.

Avalia~ao com agricultores em diferentes tipos de programas de pesquisa

Quando se deseje que os pesquisadores tenham que escolher entre diferentes características no desenho

de urna inova~ao proposta que afetaria a maneira como os agricultores fazem uso dela, é conveniente saber como reagiria o usuário diante da inova~ao.

Isto significa que as avalia~óes com agricultores podem ser empregadas de modo útil nas diferentes etapas do processo de gera,ao de tecnologia, tal como discutimos anteriormente. Significa também

As avalia~ com agricultores permitem conhecer quais sao as características da tecnologia importantes para eles e porque

Urna equipe de pesquisa em propriedades agrícolas projetou um ensaio com a finalidade de validar recomend~oes para o estabelecimento de duas variedades novas de gramíneas forrageiras avaliadas previamente em ensaios de repeti~¡¡o, em pequenas propriedades da área para a qual se estava dirigindo o material. O propósito da pesquisa era melhorar terras em pousio sobrepastoreadas e erodidas, utilizadas como pastos em pequeRas propriedades.

Considerando que os pequenos agricultores díspunham de poucos recursos para adquirir fertilizantes, as nOVas recomend~oes para o estabelecimento de pastagem íncluíam somente a aplica,.ao de uma taxa de fósforo de baixo custo (como rocha fosfórica). Após vários meses, as visitas ao ensaio mostraram que alguns agricultores estavam cultivando, entre as linhas de pastos do ensaio, feijlio intercalado utilizando nestes uma elevada aduba,ao. As entrevistas de avalia,ao mostraram que os agricultores pensavam que a taxa de estabelecimento do pasto era lenta, e vários sugeriram intercalar sementes vegetativas de pasto com o feij1ío, depois de eliminar as ervas daninhas e de adubá-Io novamente pum acelerar o processo de estabelecimento.

Para esses agricultores. obter um retorno mais rápido da terra, uma vez que haviam invertido em sua prepara,lio para o plantio, era mais importante que simplesmente minimizar o custo do estabelecimento do pasto. Eles mesmos propuseram uma solu~¡¡o potencial a esta necessidade. Caso se houvesse realizado com anterioridade entrevistas de avalia,ilo com agricultores, em repetidos ensaios, os pesquisadores teriam podido incorporar os objeti vos e idéia, dos agricultores em futuros testes de recomenda90es.

que os métodos discutidos neste manual podem ser aplicados com flexibilidade em diversos contextos institucionais.

A avali~¡¡o com agricultores pode ser igualmente útil para avaHar componentes especializados dentro de um programa de pesquisa em uma cultura ou em uma disciplina, como seria a avalia~iio de ensaios de adapta<;lio em propriedades agrícolas conduzidos por um programa de pesquisa em sistema, de produ9ao.

A valla"iio com agricultores e pesquisa em sistemas de prodm;iio

As avalia~Oes com agricultores sao um procedimento importante para a pesquisa em sistemas de produ~ilo, a qual deve desenvolver tecnología localmente adaptada para grupos homogeneos de agricultores. O teste em propriedades agrícolas é Ullla atividade principal da pesquisa em sistemas de produ<;ao e as avalia~Oes com agricultores podem oferecer retroinforrna9iio útil pam a forma~¡¡o de

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recomenda~óes e para a sele~íio de componentes que se devem incluir nos ensaios futuros.

Nao é desejável restringir as avaliayOes com agricultores exclusivamente a ensaios conduzidos por eles, Q qual se podería realizar em uma etapa relativamente tardia. É posslvel gerar muita infonna<;ao útil para a pesquisa em sistemas de produ<;áo, incluindo aos agricultores na avalia,.ao de uma tecnologia sobre ti qual os pesquisadores est1ío desenvolvendo hip6teses ou idéias, e que pode existir somente em forma de protótipo em ensaios exploratórios ou em esta~oes experimentais.

A valia-;i:íes com agricultores e pesquisa com orienla¡;lío por disciplinas ou por culturas

As técnicas de avalia,uo com agricultores podem ser utilizadas pelos programas de pesquisa em disciplinas Oll em culturas.

Os exemplos de avalia~oes com agricultores que apresenta este manual foram tomados de experiencias em programas de pesquisa de culturas. Por exemplo. no processo de planejamento de uma estratégia de manejo integrado de pragas. podería ser do interesse dos entomologistas avaliar a.s rea90es dos agricultores as téenicas alternativas para O

controle de pragas. Os pesquisadores de solos podem obter informa~ao de diagnóstico muito útil sobre o manejo que fazem os agricultores da fertiljdade de solos, através do uso de técnicas discutidas neste manual, para adjantar avalia~Oes com agricultores sobre suas práticas locai" tipos de solos e adubll\'ao.

As rell\'Oes dos agricultores diante de um viveiro ou um ensaio de um melhorista. que incluie tipos de variedades com diferentes eametí,ticas que os melhoristas podem estar considerando incorporar em um programa de mel horamento genético. padería ajudar aos melhoristas a identificar aquelas características varietais que tendem a ganllar maiar (ou menor) aceita,iio entre os agricultores.

Qualquer que seja o meio institucional que fa,a possível realiz.ar avalia,oes regulares com agricultores. a informa,ao sobre as opiniOes e rea,Oes destes podem ser um elemento vital na oríenta,üo dos programas de pesquisa.

A valia"óes com agricultores e pesquisa participativa

A pesquísa participativa com agricultores é um conjunto de métodos, desenhado para permitir-Ihes contribuir ativamente nas decisOes para planejar e executar a gera~üo de tecnologia agrícola. As avalia,Oes com agricultores sao um subconjunto destes métodos participatí vos.

Os métodos de avalia,iío com agricultores podem ser empregados em diferentes momentos da sequencia esquematizada na Tabela 4: diagnóstico. planejamento e desenho, experimenta~o, adapta,ao e valida~¡¡o. Tais métodos podem ser utilizados na etapa de diagnóstico, para ajudar aos agricultores no processo de expressar os critérios nos quais baseiam

Tabela 4. Aplica~¡¡o da avalia~¡¡o com agricultores em diferentes etapas da pesquisa

Etapas da pesquisa

Diagnóstico:

Identifica9áo de objeti vos, necessidadcs e problemas

Planejamento e desenho:

Estabelecimento de prioridades entre problemas; identificll\'ao de solu90es potenciais; desenho de tecnologias 'protótipo' e estratégiu para testá-Ias

Experimenta~jjo:

Teste e avalill\'ao da tecnologia 'protótipo' transformada cm tecnologia desenvolvida

Adapta~¡¡o e valida~iio:

A tecnologia desenvolvida é testada posteriormente. convertendo-se cm recomenda,Oes para seu uso

Aplica~¡¡o

• Identifica os critérios do agricultor para escolher entre liS tecnologias disponíveis, para compreender o processo de sua tomada de decisOes

• Identifica as rea,Oes dos agricultores aos 'protótipos·. para obter critérios priorítáríos dos 'protótipos' por testar

• Identifica os critérios do agricultor para escolher entre o~ocs tecnológicas cm teste, com a finalidade de selecionar as mais promissoras desde o ponto de vista do agricultor

• Verifica as rea~Oes dos agricultores obtidas anteriormenle, comparando a nova tecnologia com as práticas vigentes, para garantir recomenda,Oes aceitáveis.

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quais baseiam suas decis1ies frente a alternati vas tecnológicas disponíveis atualmente para eles; por exemplo: escolher entre culturas, entre variedades ou entre técnicas de cultivo.

Na etapa de planejamento, os métodos de avalia.,ao com agricultores podem ser utilizados para pre-selecionartecnologias 'protótipo' com agricultores, permitindo deste modo que agricultores e pesquisadores decidam, conjuntamente, que tecnologia testar.

Urna vez que os ensaios tenham sido planejados com a participa~ao dos agricultores, a pesquisa participativa permite a pesquisadores e agricultores gerar e compartir informa~¡¡o sistemática sobre as reac;1ies dos agricultores sobre o desempenho da tecnologia nos ensaios.

Na etapa de valida~ao e adapta~ao deve-se continuar fazendo avaliac;ao com agricultores, com o fim de verificar as opini1ies e critérios de sele~iio obtidos em etapas previas da pesquisa. As avalia.,1ies com agricultores, nesta etapa final, podem ser importantes para analisar critérios decisivos e características da tecnologia que somente pode-se identificar rapidamente urna vez que a tecnologia aplica-se a urna escala semicomercial.

Avalia~ao com agricultores em diferentes etapas do ciclo produtivo

Quando se trata de estabelecer em que etapa do ciclo prodlitivo realizar avalia,oes com agricultores, o pesquisador deve considerar até que ponto os agricultores poderlio recordar a~ diferen-;:as entre as alternativas avaliadas. Urna regra chave é: quanto maior for o número de alternativas que o agricultor deve avaliar em cada entrevista de avalia~iio, menos poderá recordar suas diferen-;:as.

Na etapa inicial de um programa de pesquisa exploram-se numerosas alternativas e conhece-se pouco sobre os critérios do agricultor. Portanto, a avaliac;ao de numerosas op,oes com agricultores, que se adiante neste etapa, deve concentrar-se em

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urna ou duas características chave da tecnologia, que se manifestem em cada etapa específica, durante o ciclo produtivo. Por exemplo, na avalia,ilo de ensaios de variedades de mandioca há sido útil avaliar com os agricultores, a arquitetura da planta e a susceptibilidade a pragas e doen\,as, no momento da capina, enquanto que a qualidade da raíz e o rendimento sao o foco principal da avalia~¡¡o, no momento da colheita.

As avalia<;1ies obtidas nessa forma slio mais confiáveis que quando se solicita ao agricultor que recordc todas as características, apenas em urna entrevista. Por esta raziio, as avalia,1ies exploratórias iniciais que involucram numerosas alternativas, tendem a requerer cantatas mais frequentes com os agricultores, que as avalia\,1ies em que se comparam relativamente poucas alternativas.

A valia~iles da cultura no campo

Quando os pesquisadores querem saber sobre as rea\,1ies dos agricultores as características ta;s como arquitetura da planta, vigor e resisténcia a pragas e doen,as, rela"ao entre cultivos associados, precocidade relativa ou retraso no desenvolvimento da planta e requerimentos específicos de manejo, podem realizar avalia~oes com agricultores enquanto o cultivo permanece no campo.

As avalia,1ies das culturas no campo, em etapas específicas de seu desenvolvimento, slio particularmente úteis a pesquisa exploratória, quando se conhece poueo sobre os critérios do agricultor, porque permítem compreender a maneira como ele percebe o cultivo, por ex.: o que ve e considera importante. A informa<;ao assim obtida pode ser indispensável para posteriormente desenhar a entrevista de avalia<;1io sobre os resultados fina;s de um ensaio.

A valia~Oes pós-colheita

Para estabelecer cm que momento fazer "valia,oes de resultados finai, de um ensaio, o pesquisador deve ter cm conta a necessidade de conhecer a opiniao dos agricultores sobre características diferentes uo rendimento, tais como qualidades para a eomerciaIi7-u,¡¡0 e para o processamento pós-

colheita do produto. Para fazer uma avalia,üo completa dos resultados finai" os agricultores podem necessitar tempo pam processar e testar amostras, como também para levar amostras ao mercado, de tal maneira que possam av aliar os pre¡;os e a receptividade dos compradores. Para a avalí~ao de características comerciais ou de processamento depois da colheita, pode-se necessitar consultar diferentes pessoas da famíliu DU da comunidade rurdl, no caso de que a responsabilidade por estas atividades esteja em maos de indivíduos ou grupos diferentes ao agricultor que maneja a cultura. Por c)(emplo. com frequencia as mulheres tcm maiores responsabilidades na transforma,iio ou comercializ.a~ao de produtos cultivados pelos homen, e devem, por tanto, serem consultadas.

Quando na tecnologia haja aspectos de pós-col he ita, que pare¡;am afetar as opinioes dos agricultores quanto a sua aceita~ao, os pesquisadores podem estar ínter< ssados cm fazer avali~5es separadas para o r lcreado e o processamento pós­colheita, com quem corresponda. Em alguns momentos pode ser desejável dar suficiente lempo

ao agricultor ou agricultora para que interaja com as pe"oas responsáveis da comercializa911o ou do processamento pós-colheita, de tal maneira que possa assimilar informas;ao sobre tais aspectos da nova tecnologia, antes de fazer sua avalias;ao final. Quando tal informas;ao é importante e nao se obtem, as avalia,5es realizadas no momento da colheita do ensaio r,carao incompletas ou podem ser distorcidas.

A avalia9iio final, realizada depoi, de concluir um ensaio, apoia-se fortemente em reprodu<,;5es exatas. e portanto é menos adequada para o trabalho exploratório quando se avalía um grande número de alternativas. Aínda a,sim, a avalia<;ao realizada dois ou tres semanas depoís da colheita. de um ensaio em propriedades agrícolas, pode ser suficiente para identificar os principais critérios que usa o agricultor para diferenciar entre relativamente poueas alternativas. Neste caso, os agricultores recordarao características tais como arquitetura da planta, aspectos de manejo, rendimento e outras que formam parte de seus critérios para decidir se aceitar ou recusllf uma alternativa.

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Capítulo 111

Dinamica social da avalia~ao com agricultores em países em desenvolvimento

o axilo de qualquer programa de pesquisa na gera~ao de tecnología melborada para agricultores depende necessariamente da boa colabora~iio com eles. Porem, conseguir avalia~Oes de tecnologia com bons resultados, exige uma rel~iío de seguran~a e confian~ particularmente alta entre o pesquisador e o agricultor. Requer que seja assim porque cada um deles pode ter pontos de vista ou expectativas sobre o outro, que poderiam distorcer ou impedir a comunica~iío.

Ao contrário das plantas, as pessoas mudam de comportamento segundo sua compreensao das sítu~Oes. A maioria das pessoas, por exemplo, fala com seus amigos de forma diferente de como fala com seu chefe no trabalho ou em frente de visitantes respeitáveis.

Quando os agricultores dirigem-se aos pesquisadores ou extensionistas, com frequencia, sao muito conscientes de estar em urna situ~iío social

Figura 2. As diferenyas sociais silo evidentes para os agricultores e os coloca em posi\ilío defensiva sobre o que os pesquisadores dizem ou fazem.

especial. O pesquisador, na maioria das veres, será visto como socialmente superior em muitos aspectos; geralmente tem maior grau de escolaridade que o agricultor, e frequentemente expressa-se em forma diferente e usa termos científicos desconhecidos para o agricultor.

Com frequencia, as diferen~as sao também visíveis na forma de vestir, uma vez que o pesquisador usa um tipo de roupa, diferente da usada no campo. O pesquisador e o agricultor também podem descender de culturas ou etnia, diferentes, e inclusive falar idioma, distintos em suas famílias. Todas estas diferen~as sao evidentes para os agricultores e críam neles consciencia de esturem cm uma situa~ao social a que nao estüo acostumados e os colocam em guarda sobre o que as pessoas que chegam (pesquisadores) dizem ou fazem.

O agricultor pode ver ao pesquisador ou ao extensionista como alguém que tem acesso ao conhecimento, a técnica ou oos insumos que podem ser recursos importantes para ele. Muitos agricultores sabem que as coisas em outras partes sao diferentes, tal vez melhores, e o pesquisador ou extensionista pode ser visto como alguém que pode trazer melhof'dmento de fora. Tais expectativas podem oferecer uma motiva~ií.o saudável para o trabalho dos agricultores com os pesquisadores nas propríedades agrícolas e poderia também críar certa reserva; portanto, os agricultores nao desejariam ofender ao visitante que poderia reagir suspendendo­Ihes sua colabo~ao. Diante do temor de ofendé-Io, ou de ser simplesmente descortes, os agricultores podem ser muito cautelosos enquanto a expressar suas verdadeiras opiniOes - por exemplo. suas preocupaliOes ou dúvidas sobre a conveniencia da nova tecnologia que o pesquisador está testando.

Existe também outro ti po de reserva, bascada na desconfianlia. Esta pode ser particularmente forte quando o agricultor e o pesquisador originam de grupos étnicos, religiosos ou sociais diferentes, que hajam tido conflitos no passado. Nesta situa"áo, diffcil e frequente, longe de ver ao pesquisador como o introdutor de melhoramento, o agricultor pode suspeitar de suas verdadeiras inten\,Oes, pensando que o pesquísador tem alguns objetivos ocultos que na prática poderiarn prejudicá-Io dirclamente. Em

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tal caso, obviamente seria muito difícil alcan"ar um diálogo significativo e aberto sobre os prós e os contras de uma nova tecnologia; o pesquisador dever proceder de tal maneira que reduza a.~ dúvidas e fomente uma rela\,iío positiva de confian,a mútua, que estimule a comunica,íio sincera.

Ainda quando os agricultores nao sejam abertamente temerosos nem desc\lOfiados, com muita frequencia terao uma forte inclinar;ao a testar o que eles crcem que sao os pontos de vista do pesquisador. Por ser o pesquisador urn empregado do governo, mais educado e representativo da cultura urbana, o agricultor pode ve-lo como socialmente superior, a quem se deve um trato preferencial, e inconscientemente o pesquisador pode cornpartilhar e inclusive reforr;ar esta rela"ao diferencial. Em tais condi,ocs, os agricultores podem buscar pistas sobre o que O pesquisador está pensando e, se tem o pressentimento que este considera a nova tecnología como melhor que a que eles manejam, tenderao a submeter-se <lO pesquisador e a expressar-se de acordo com ele, ainda que em realidade nao pensem que a nova tecnologia seja melhor.

Tendo em canta que os agricultores sao muito sensíveis ao que os pesquisadores desejarn escutar, os pesquisadores em propriedades agrícolas devem ser cuidadosos de nao impor sua~ próprías opiniOes, o que impediria. de anternao, a expressao das idéias do agricultor.

Os pesquisadores que trabalham em propriedades agrícolas devem estar fortemente motivados por obter bons resultados. É de profundo interesse, tanto no plano pessoal como profissional. encontrar tecnología melhorada para ajudar os agricultores. Para alcan,ar exito, estes pesquisadores devem seguir urna linha otimista. Devem poder visuali7.ar solu\,oes, ver o que é possível e nao somente enxergar problemas, dificuldades. obstáculos e fracassos. Entretanto, para obter retroinform~ao efetiva dos agricultores sobre a nova tecnologia em teste, os pesquisadores devem evitar que seus sonhos e esperan~as influam na opiniao dos primeiros.

Quando um agricultor sabe que um pesquisador, estimado e respeitado, deseja que uma nova tecnologia tenha bons resultados. pode querer evitar-

lhe a desilusao de identificar algum defeito nela. Portanto, o pesquisador nao deve temer a recusa ou as criticas a tecnologia. Deve esclarecer ao agricultor que se trata de alternat; vas cm teste que podem ou nao ser melhores que a tecnologia que este maneja alualmente e que deseja sinceramente saber o que ele (o agricultor) pensa das novas possibilidades tecnológicas. O pesquisador deve reconhecer que a única forma de ser verdadeiramente efelivo para ~udar 30S agricultores e ganhar sua confian~a, é encontrando urna nova tecnologia que alenda verdadeiramente as necessidades que eles tem, e nao obler a aprov~ao dos agricultores somente por cortesia.

Existem algumas técnicas básicas que se podem empregar, para assegurar que os agricultores se

sintam realmente estimulados para expressar Ii vremente seu s gostos, dú vidas e críticas a novas tecnologias. Tendo em conta o uso destas técnicas, um pesquisador cm propriedades agrícolas poderá obter dos agricultores informa\,ao proveilosa e efetiva sobre o desempenho de novas tecnologias -informm;ao nao distorcida pelos desacordos, as diferen\,as socioculturais, o temor ou a cortesia. O exito de efetivas avali~Oes informativas com agricultores sobre a tecnologias em ensalo, nao é algo que possa acorrer de forma espontanea em urna visita de último minuto ao agricultor, na colheita. Requer fomentar cuidadosamente urna rel~¡¡o de confian"a e sinceridade durante todo o pracesso de ensaios em propriedades agrícola •.

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Capítulo IV

Como estabelecer urna rela~ao cordial de trabalho corn os agricultores

Uma avalia<;ao eficaz é aquela na qual os agricultores expressam, de maneira fmnca e espontanea, suas opiniOes sobre a tecnologia que testam conjuntamente pesquisadores e agricultores, e na qual estes últimos estao disposto, a discutir as raz6es que defendem essas opini6es. Os elementos essenciais de €xito sao um alto grau de confian,a e de seguran<;a entre o pesquisador e o agricultor. ¡sto é. uma rela,ao na qual cada um sinta-se seguro para entender as mOlÍv:\<;oes do outro.

Estabelecer un, entendimento mútuo. como o descrito, implica uma intera,fio soeial entre o pesquisador e o agricultor, na qual se íntercambiam muitus express6es verbai, ou nao verbai" como em qualquer comanica,ilo cara a cara entre pessoas. O conhecimento que tenha o pesquisador sobre estas manifesta<;Oes e suas habilidades pam manejá-Ias, de maneira consciente. determinarao o exilo da avalia<;ao. Esta se~lio está dedicada a revisar as técnicas que os pesquisadores necessitam realizar para alcan~ar uma comunica"ao segura com os agricultores.

Inído ou manejo das primeiras impressoes

O conceito inicio refere-se aos proeedimenlos que a equipe de pesquisadores em propriedades agrícolas emprega, pam conseguir que sua presen,a seja aceita pela comunidade de agricultores e para que estes compreendam os objetivos da equipe técnica na regiao. Entretanto, mesmo quando os agricultores estao completamente acostumados com a presen,a frequeme de pessoa, de fora, caja utivídade principal é fazer-Ihes pergulltas. as atividades iniciais do pesquisador em propriedades agrícolas geram impressocs iniciais que podem prejudícar ou favorecer o €xito das avalia,iies que se realizarao posteriormente com os agricultores.

Quando o pesquisador ou equipe de pesquisa cm propriedades agrícolas come<;a seu trabalho em uma comunidade de agricultores, suas atividades despertarao curíosidade e comentários de mane ira mais ou menos intensa. Os agricultores farao entre si perguntas como:

Que será o que real mente querem saber a oosso respeitoT'

Como poderiam beneficiar-nos ou prejudicamos?"

É importante estar consciente de que as primeirds impressoes e a maneira como os agricultores discutem e comentam entre si suas interrogantes podem iociodir positiva ou negativamente no estabelecimento das rela~Oes de seguran~a e confian~a. Portanto, é necessário estruturM cuidadosamente a apresenta~¡¡o dos objetivos dos pesquisadores desde o primeiro contato.

Tal como se discutia na se,ao anterior, o pesquisador pode encontrar várias expectativas na sua rela~¡¡o com os agricultores envolvidos na avalia~áo de tecnologia. Na Tabela 5 ilustram-se algumas das formas como o agricultor pode definir a situa"ao social na qual se solicitou sua participa~¡¡o.

Estas expectativas sao possíveis fontes de tendeciosidades, as quais levam a desestimular a expressao sincerd de oponiOes por parte do agricultor; podem. também. levar o agricultor a distorcer a informa9lio que proporciona durante as avalia~s. COI1,equentemente. o pesquisador que busca levar a cabo avalia~oes com agricultores deve ter como objetivo básico, no primeiro contato, a elimina9iio dessas expectativas; deve reformular-Ia, em um sentido similar conforme apresenta-se na Tabela 6.

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Tabela S. Expectativas frequentes na reJa"íio agricultor.pesquisador

Defini~áo dos papeis do pesquisador

o pesquisador é um especialista

o pesquisador provem de um estrato social mais elevado

o pesquisador representa a agricultura moderna

o esquisador merece trato preferencial por parte do agricultor

o pesquisador faz perguntas

Pesquisador toma decisóes

o pesquisador controla recursos estratégicos; pode prejudiear ao agricultor, por ex.: agindo de forma contdria aos seus interesses

o pesquisador deve ensinar e convencer o agricultor de que a nova tecnologia é melhor que a existente

Defini"ao dos papéis do agricultor

o agricultor é um leigo

o agricultor é de um estrato social baíxo

o agricultor representa a agricultura tradicional atrasada

o agricultor deve dar trato preferencial ao pesquisador

o agricultor responde

o agricultor executa as decisOes do pesquisador

Ao agricultor falta·lhe controle, nao tem poder para illOuenciar O pesquisador; depende das boas inten~oes deste

o agricultor deve aprender da sabedoria recebida do pesquisador

Tabela 6. Expectativas chaves para urna avalia~¡¡o exitosa corn agricultores

• Pesquisadores e agricultores sao especialistas em seu s respectivos campos de conhecimento e experiencia'

• Ambos tipos de conhccimento devem ser respeitados

• As pdticas agrícolas do agricultor. o mesmo que toda sua forma de vida, sao estimadas e respeitadas pelo pesqu ¡sador

• O agricultor necessita entender a tecnologia em teste e por isto tcm o direito de formular perguntas; tem direito a explica~Oes e a justifica~ao da pesquisa

• O pesquisador está motivado a aprender do agricultor quem, portunto, ensinará e aprenderá

• O agricultor será responsável pelas decisoes que permitam alcan\,ur ou impedir o exito do programa de pesquisa. e está portanto controlando atividades importanles. O pesquisador depende da boa vontade do agricu Itor.

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o anterior coloca em evidéncia um princípio importante para alean,ar avalia,1íes de sucesso com agricultores: é essencial nao pensar oestes como simples informantes passivos durante a avaliayao.

o agricultor que é tratado como informante passivo nao está muito disposto a tomar parte ativa na avalia~¡¡o de ensaios, nem em esfor,ar-se para emitir opinilies com rela~ilo a tecnologia. Inclina-se, assim. a dar respostas que acredita sao as que a pessoa que formu la as perguntas deseja escutar.

o sucesso da avalia,ao depende, portamo, do estabeleCÍmento de uma rela<;ao social na qual tanto o pesquisador como o agricultor sejam ativos cm pesquisar, interrogar, estudar e chegar juntos a conclus1íes. O primeiro passo para criar este tipo de compreenslio é ao iniciar os contatos preliminares, quando é indispensável explicar amplamente os objetivos da avalía~¡¡o e permitir pergunlas e discussao sobre estes objetivos e suas implica,1íes quanto a participa~lio do agricultor.

Esclarecimento de expectativas

O bom entendimento social entre agricultores e pesquisado res nao é suficiente para garantir boas avalía,1íes de tencologia. Os agricultores necessitam compreender bem o que é o que se está testanto, com anterioridade iI avalia~iío. Se os agricultores nao conhecem ou nao entendem os objetivos da pesquisa, ,ua avalia~¡¡o será superficial e mal enfocada. Para evi!ar que isto ocorra é conveniente que ao chegar por primeira vez ao lugar do ensaio, o pesquisador esteja disposto a proporcionar o seguinte tipo de informa,ao:

• Seu nome.

• Seu cargo no trabalho (simples descri,iio do trabalho).

• A institui,lio que representa (no me da entidade e sua atividade principal).

• Razlies pelas quais os pesquisadores desejum trabalhar em propriedades agrícolas.

• Raz1íes pelas quais os pesquisadores necessitam conversar com os agricultores.

• Explica.;áo do que é um experimento; que se faz e com que propósitos.

• Explicu\,uo do papel que desempenhariío os agricultores na pesquisa.

• A importancia da contribui~lio do agricultor (o exito ou fracasso da pesquisa dependerá da participa,ao do agricultor).

• Ex plica,ao do que o agricultor pode esperar obter ou nao com sua participa,lio.

• Explica~¡¡o do que os pesquisadores níio estiio capacitados a resolver (eletrifica~¡¡o rural, constru~1ío de escalas, etc.).

• Explica,lío de seus interesses especiais e conhecimentos (relacionados com cultivos específicos, doen~as, etc.) e do tipo de inforrna\,ao que buscam.

Para planejar e realizar diálogos abertos com agricuUores, sobre quaisquer temas, os fluxograms cOllstituem uma técnica útil. Eles ajudam a estruturar a comunica,ao com agricultores em fun,uo de um objelivo particular, sem impor a rigidez de um questionárío. Os pesquisadores podem utilizá-Ios em discuss1íes com agricultores ou grupos de agricultores para verificar se os temas essenciais foram abordados.

No exemplo que apresenla a Figura 3, no qual o pesquisador espera que o agricultor aceite panicipar na pesquisa. o diálogo divide-se em tres etapa~: o descongelamento, o desenvolvimento e o encerramento. Na etapa inicial o descongelamento, as expectativas chaves que se resumem na Tabela 6 sao definidas pela auto-apresenta,ao do pesquisador ou pesquisadora.

Na segunda parte do desenvolvimento da entrevista, o pesquisador trata dos temas gerais:

1) O propósito geral dos con tatos com os agricultores e;

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1 1I III ---

1 Descongelamento [ Desenvolvimento f---+ Encerrame::!

I I -~

Apresenta~¡¡o pessoall

~ -J Propósitos geraís ~

Espectativas e Benefícios e e de objetivos I responsabilidades dos r"" responsabilidades

I

i [ I pesquisadores dos agricultores I

I Manifes~¡¡o de O porque do trabalho Interesses Relevancia para os

respeito e interesse - em propriedades específicos do interesses dos pelas pr.lticas

I agrícolas pesquisador. agricultores

agrícolas locais i I Objetivos da

T i avaliu9iío I I lo porque do tmbalho I Perguntas dos

I com agricultores I Atividades 1 agricultores

propostas I

Desejo de cOllhecer I Compromissos

os interesses e \ PossÍveis resultados

mútuos

preocupa<;oes dos ,

agricultores I Acordo sobre a~6es ; I futuras

Compromissos propostos:

- Pesquisador - Agricultor

I ! Limita~6es para L I contribuir a pesquisa I

Figura 3. Fluxograma de um diálogo com agricultores para explicar o propósito das avaliayoes.

2) As expectativas do pesquisador quanto a sua relU9ao com o agricultor e as responsabilidades de ambas partes nas avalia<;Oes propostas.

Finalmente. no encerramento O pesquisador busca verificar se hou ve comunica,uo efetiva. especialmente nos seguintes aspectos:

1) Com rela9iio aquilo que O agricultor pode esperar

de sua participU9iio nas avaliay6es. Com este propósito estimula a formula<;ao de perguntas. para esclarecer as percepyoes dos agricultores. e

2) Acordo sobre compromissos mútuos e a,ao futura.

No capítulo seguinte trataremos em detalhe várias t~cnicas. baseadas em habilidades de comunica,ao

cara a cara, para utilizar este estilo aberto de comunica~iío com agricultores. Também será discutido alguns princípios básicos de conduta que estruturam as impressoes iniciais. e que influem na efetividade das avalia~Oes com agricultores.

Tratar ao agricultor como um experto

Um objetivo básico das avaHa,5es com agricultores é ativar a capacidade que eles tem para avaHar tecnologias. Enquanto nao se aceita que todos os agricultores possuem o mesmo nível de capacidade nas práticas agrícolas locais, o pesquisador deve tratar a cada agricultor como um experto. Este é um princípio importante para assentar as bases de urna boa rela~ao de trabalho com os agricultores. Por esta razlio é multo importante que. em seus primeiros con tatos, os pesquísadores em propriedades agrícolas comuniquem sua inlen,ao de aprender dos agricultores.

A exp1íca~¡¡o verbal de porque os pesquisadores desejam aprender dos agricultores é importante, mas nao é sempre convincente para um agricultor, acostumado a sentir-se respeituoso ou desconfiado com visitantes oficiais. Consequentemente. o pesquisador deve comunicar de maneira nao verbal o reconhecimento que Ihe merecem a experiencia e os conhecimentos do agricultor, solicitando que lhe ensine ou explique alguma prática ou prátícas locais relacionadas com o ensaio proposto (Figura 4).

o ensinamento pode ser dado por agricultores individuais ou em grupos. e pode-se enfocar o uso de ferramentas tradicionais. cm sistemas de plantío. ou em práticas de manejo (por ex.: a capina). ou cm técnicas de colheíta. dependento da etapa em que se encontre o cultivo no momento em que se está iniciando os contatos com os agricultores.

Figura 4. O ensinamento dos agricultores aos pesquisadores comunica que estes valorizam a experiencias daqueles.

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Por exemplo. profissionais que nao ten hum praticado nunca a agricultura da maneira como fazem os pequenos agricultores. podem solicitar-Ihes instru~Oes para o manejo de determinada fermmenta de trabal ha. Ao receber a instru~¡¡o. provavelmente ficará surpreendido do difícil que é manejar com habilidade as ferramentas locais. O feito de mostrar incompetencia em situa~Oes como esta, em que o agricultor é experto, é benéfico, antes que prejudicial para a rela\,80 de trabulho necessária nas avalíayOes com agricultores. Efetivamente. com iSlo reforya a mensagem verbal do pesquisador quando disse que os agricultores contribuem com urna experiencia única lis avalia<;iies de tecnologia. Ao sujar as maos. nesta silu~iío particular. o pesquisador envia a mensagem nao verbal de que as práticas agrícolas locais merecem respeito; isto é. particularmente importante em culturas onde o trabulho manual é associado com estratos muis pobres.

Tmtar o agricultor como experto implica. também. mostmr respeito por seu tempo de trabalho. pela hospitalidade local e os costumes. Nao será possível conseguir uma avaliu~¡¡o efetiva se o agricultor está com pouco tempo porque necessita atender outras tare fas urgentes. enquanto o pesquisador em propriedades agrícolas insiste em explicar-Ihe um enguio ou em realizar urna entrevista de avalia~¡¡o com ele. Portanto. em quulquer momento de contato com agricultores. discutidos neste manual, é essencíal consultar ao agricultor sua disponibilidade de lempo para a atividade proposta. A resposta adequada a qualquer manifesta,lío de vacilo, por parte do agricultor, é melhor solicitar-Ihe que sugira outro momento muis conveniente.

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Igualmente. o lempo que se utiliza para aceitar a hospitalidade e conversar sobre temas nao relacionados com as avalia,iies é tempo bem empregudo. porque a,sim se expressa. de maneira nao verbal. respeito e interesse no agricultor como pessoa, o qual é indispensável em uma boa rela~ao de trabalho.

Embora esses princípios de trabalho silo bem conhecidos e aceitas pelo pessoal de campo. é essencial para os pesquisadores que fazem um número grande de avalia,iies, ter em mente estas considera~Oes ao planejar e designar as responsabilidades. especialmente nas etapas preliminares do contato com os agricultores. O beneficio de fazer isto é indiscutível.

Colocar o agricultor no papel de ensinar é urna técnica muito poderosa para reestrutumr as expectativas convencionais da rela~ao pesquisador­agricultor. esquematizadas na Tabela 5. e para trabalhar posteriormente até o alcance daquelas expectativas essenciais para obter boas avalia,iies com agricultores. Islo é também especialmente útil para o desenho das entrevistas de avalia,ao, uma vez que familiariza o pesquisador com a terminologia agrícola local. o qual é indispensável para compreender os coneeitos do agricultor. Além disto. comunica ao pesquisador em propríedades agrícolas respeito pelos conhecimentos do agricultor e disposi,ao para aprender dele. Adicionalmente, dá aos pesquisadores a oportunidade de entender a lógica dos diferentes agricultores quando estes explicam como e porque se seguem certa práticas locais. Este é um critério importante para a sel~iío de agricultores participantes nas avalia,iies.

Capítulo V

Destrezas de comunica~iío para realizar avalia~oes

Nada parece maís natural e sincero no caso de um pesquisador agrícola ou um extensionista que conversar com um agricultor, especialmente porque o tema da conversa pode ser de profundo interesse para ambos. Todavia, por razao da dinámica social para as avali~5es cm países em desenvolvimento, discutida antes, as destrezas necessárías para alcanli'ar uma comunicw;ao efetiva com agricultores sao bem diferentes daquelas que surgem naturalmente em uma conversa,ao díária. Por este motivo, uma entrc"isla de avalia,iío é muito diferente de uma s,mples conversa com os agricultores.

A entrevista de avalia,iío aberta é também urna fonna de comunica~¡¡o diferente da enlrevista para urna pesquisa de opiniao. O formulário da pesquisa pode buscar opini5es predizíveis pelo pesquisador; em contraste, a enlrevista de avalía~üo aberta explora o que o agricultor pensa com respeito a tecnologia em teste. As resposlas sao espontiineas e nao facilmente predizíveis. A informa-;ao que obter1ío os pesquisadores mediante a avalia~¡¡o com agricultores nao se pode conhecer até quando nao se tcnha feito um certo número de entrevistas. Esta é precisamente a finalidade da entrevista de avalia~¡¡o: trazer a luz critérios do agricultor que de oulra maneira permaneceriam desconhecidos.

Parte da informa<;ao mais valiosa das avalia~i:'ies com agricultores pode-se alcam;ar, de mane ira ótima, através do uso apropriado de perguntas abertas, uma técnica maito diferente das pergantas fechadas próprias dos queslionários. Por esta raziío é muilo importante conhecer o manejo das destrezas da comunicu\iao cara a cam para realizar entrevbtas de avalia«1io.

As deslrezas da comunica,iío cara a cara necessárias para a avalia~ao com agricultores

podem-se dividir em dois tipos de técnicas: as técnicas para escutar e as técnicas para perguntar.

O modo como escutamos o que diz o agricultor é tao importan le como aquilo que perguntamos. Em urna avalia,ilo bem realizada o pesquisador deve escutar mais que falar. ¡sto nao significa em nenhum sentido, que o pesquisador seja passivo; ao contrário, as pessoas que fazem avalia,oes devem estar permanentemente alenta.~ ¡¡ necessidade e oportunidade de canalizar os comentários do agricultor, de lal maneira que permitam esclarecer seu ponto de vista e obter uma informa,,¡¡o que seja compreensível para o pesquisador e que possa ser transmitida a seus colegas pesquisadores, em uma forma clara. As destre7.a.~ de comunica"ao que se discutem aqui referem-se a métodos que naO entravem o desenvolvimento das entrevistas de avalia"iío, mas sim que facilitem obler avalia,1ies eficazes.

Como escutar na avalia~ao com agricuJtores

Se voce pudesse tomar dez ou quinze minutos para escutar uma conversa,üo entre um pesquisador ou extensionista (P) e um agricultor (A), nas condi,5es em que planeju realizar avalia,5es com agricultores, poderia ver e ouvir algo assim:

• P está de acordo com A e o interrompe para dar­Ihe um exemplo de algo que refor~a seu ponto de vista.

• P move repentinamente a cabeya, enquanto A fala,

• P contradiz A.

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• P moSlra desaprovu~ao através de sua expressao facial ou retirando-se de A.

• P fíea aborrecido, olha fíxamente a distáncia. joga com algum objeto. limpa as unhas.

• P mostra a A como fazer algo e P sugere-Ihe como faze-Io de outra maneira.

• P perde o interesse no que o A está dizendo, e introduz um novo tema, nao relacionado com a convers~iio.

• P estende-se em um tema com A e bloqueia os intentos de interven9ao que este faz.

Em uma discussao sobre agricultura entre um pesquisador ou extensionista e um agricultor este tipo de eventos podem suceder facilmente, porque os pesquisadores e extensionistas foram formados para aconselhar aos agricultores sobre como melhomr o que normalmente fazem. Nao obstante, qualquer destes comportamentos nonnais em uma conversa,ao é ínadimissível e contraproducente pam urna boa avalía,ao.

Contra.~tante a uma conversa, a avaliar;ao com agricultores requer que o pesquisador ou o extensionista seja receptivo ao que diz o agricultor, embora pare,a contrárío a formar;¡¡() academica que lais profissionais receberam. É necessário que eles usem habilidades para escutar, com a finalidade de ajudar ao agricultor a expressar as raroes que explicariam seu ponto de vista.

As habilidades básicas pam escutar aos agricultores facilitarao ao pesquisador comunicar­lhes de maneira verbal e nao verbal seu reconhecírnento e seu vivo interesse nos comentários que eles fazem a tecnología que estao testando conjuntamente. Um exercício útil oeste sentido consiste cm anotar em um papel as express5es cultural mente apropriadas que voce poderia empregar em uma conversa,iío cara a cara, par" manifestar interesse no que diz a pessoa que fala. Tai, expressócs poderiam ser do seguinte tipo:

• Mover a cabe~a.

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• Empregar sons que expressem ínteresse (sim, ah).

• Introduzir um Hentendd' ou Hmuíto interessante".

• Inclinar-se para frente.

• Olhar nos olhos.

• Sorrir.

• Ter uma posic;ao relaxada.

Escular efetivamente tem, por conseguinte, importantes 'nao fa~a' como:

• Impacientar-se ou interromper ao agricultor.

• Contradize-Io.

• Mostrar desacordo com o que ele diz, rnesmo que se sinta assim.

• Expressar juízos sobre a corre,ao ou incorre~¡¡o do que diz o agricultor.

• Aconselhar uo agricultor durante a avalia"ilO, mesmo que no caso de que lhe corresponda fare­lo em cumprimento de outra, utividades profíssionais.

• Dar a impressao, em forma verbal ou nao verbal, de que está aborrecido com o que diz o agricultor, embora seus comentários afa,tem-se dos temas que Ihe interessam.

Linguagem corporal

Ao fazer urna lista de expressoes cultural mente apropriadas para um interlocutor interessado, deve ficar claro que muitas delas Icm que ver com a linguagem corporal. O manejo da proxímidade ou distáncia física durante uma avali~iío é uma técnica importante para inspirar respeito, intenc;ao séria de aprender e especial reconhecimento pela., opini5es do agricultor. Com a prática, estas técnicas tornam­se naturaís para o entrevistador.

Por exemplo, devido a seus antecedentes cu hural e social. é bastante frequente que o pesquisador sobressaia fisicamente sobre o agricultor. Isto. entretanto, pode significar certa superioridade do pesquisador. É necessário enlao o comportamenlo aposta. Por exempo, quando se faz uma entrevista na propriedade do agricultor ande se examina um cultivo com ele, é conveniente que o pesquisador agache-se ou pon ha-se de cócoras enquanto que o agricultor permanece de pé, para que dunlllte a discussao o pesquisador olhe o agricultor de baixo para cima e nao ao contrário. Entretanto, se a entrevista transcorre em um lugar onde seja possível sentar-se. leve ao agricultor a urna situa~¡¡o em que ambos ou todos os participantes possam sentar. Com frequencia, quando os agricultores estuo em suas casas convidam aos visitantes a que se sentem enquanto eles permanecem de pé. Uma vez muis. é importante transmitir a mensagem de que ao pesquisador Ihe interessa que o agricultor se sinta confortável na entrevista. a,'Segurando-se de que ambos possam sentar-se.

Frequentemente, no trabalho de campo pesquisadores e agricultores permanecem de pé durante a entrevista, suando debaixo de um sol ardente. Pode-se mostrar considera,,¡¡o com o agricultor transferindo a entrevista para um lugar il sombra, quando isto seja possível. Desta forma, transmite-se a mensagem de que o pesquisador deseja o bem-estar do agricultor,

Outro aspecto da linguagem corporal que pode afetar a comunica~¡¡o do pesquisador durante a entrevista é a distancia ffsica, Algumas pesquisas mostram que as pessoas colocam-se fisicamente em diferentes rela~oes, segundo sua intera~¡¡o social, e o sentido comum diz que é assim. Aceitam-se diferentes graus de proximidade física entre amigos íntimos, entre conhecidos ou entre sócios nos negócios. A distancia física é uma forma nao verbal de comunicar quando confiamos em alguém e o grau de igualdade entre todos. A prOl(Ímidade a que estamos colocados em rela,uo a oulra pessoa afeta nosso tom de voz. nossa capacidade para perceber e interpretar expressoes faciais, e muilos outros aspectos qualitativos da comunica~ao humana.

Em entrevistas com agricultores é muito frequente que estes coloquem-se a uma distilncia do pesquisador, culturalmente considerado por eles como formal, como uma expressao de respeito diante dele. Em uma entrevista de avalia~áo, parte do processo de estabelecer rela~Oes de confian~a mútua inclui comunicar ao agricultor a inteor;oo do pesquisador de reduzir esta distancia. Para este próposito existe uma técnica que forma parte do processo de avalia~¡¡o do agricultor: solicitar a este que Ihe mostre algo, por exemplo, uma ferramenta de trabalho, urna folha doente, um inseto, um punhado de termo ou qualquer coisa apropriada no contexto da discussao em curso, e diminuir assim a distancia ñsica entre os dois enquanto examinam juntos o que o agricultor Ihe está mostrando. Por outro lado, o pesquisador pode tomar a iniciativa, tomando algum objeto de interesse e, enquanto o segura, convida ao agricultor a aproximar-se para que olhem juntos e comentem algum aspecto. Este simples ato redefine o espayo físico e social aceitável entre o agricultor e o pesquisador e modifica qualítativamente a comunicayao que se pode dar.

Tomar notas pode ser uma parte importante do rcpertório de condutas, nao verbais do pesquisador. que refor"a seu interesse sincero no que diz o agricultor.

A aceita~uo do agricultor pela forma de lomar notas por parte do pesquisador varia em cada cultura e pode ser entendida como inibidord. Ainda assim, se forem seguidas as técnicas de avalia\,ao com agricultores discutidas neste manual. os agricultores olharam os registros de informayoo, durante as avalia~Oes, como uma evidencia da importlincía que o pesquisador dá as idéias e comentários expressados por eles coro rela"ao a tecnologia que est1ío testanto juntos. A a~¡¡o física de tomar nota por parte do pesquisador chega a ser, portanto, um sinal para o agricultor de que o que está dizendo é importante. Anola~ao continua pode enfatizar diante do agricultor, sem aborrece-lo, no que se trata de um tema de particular interesse, o pesquisador pode faze-Io deliberadamente. para estimular ao agricultor a que amplie um tema. ou para canalizar as idéias desle enquanto o pesquisador escuta (Figura 5).

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·a

b

e

Figura 5. a) Coloca~ao dos agricutores a uma distancia formal. que mostr.! diferen,a; b) encurtar a distancia física redefine o espa,o social; e) melhora a qualidade da comunica,ao .

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A linguagem corporal varia de urna cultura a outra. As habilidades importantes quanto a linguagem corporal na comunic<!\,ao cara a cara com agricultores incluiem identificar e pralicar uma linguagem corporal de valor neutro, a qual nao apoie seletivamente os valores pessoais do entrevistador, mas que estimule a livre expressao do agricultor.

De escutar a perguntar: a sondagem

A sondagem é uma técnica na qual se combinam saber escutar com fazer perguntas que canalizem os comentários espontaneos do agricultor. A sondagem permite que o pesquisador fa~a isso sem intrometer­se, repetindo de outra forma a maneira de perguntar algo de interesse especial que o agricultor disse. Esta técnica pode-se usar de várias maneiras:

Repetindo o que o agricultor acaba de dizer (técnica do espelho): "Entao, é resistente a seca ... ".

Repetindo em forma de pergunta algum comentário que acaba de fazer o agricultor. Agindo desta forma é um convite para que o agricultor amplie um tema em particular: "É resistente a seca?"

Vollar sobre algum comentário feito , anteriormente e repetí-lo. lsto pode ajudar a guiar os comentários do agricultor em um sentido que o entrevistador considere importante.

Solicitar ao agricultor que esclare<;a: "Poderia contar-me um pouco maí, sobre isto?"

Resumir, com suas próprias palavras, o que enlendeu e perguntar ao produtor: "Compreendi bem?"

Estar disposto a admitir suas dúvidas, através da frase, "Nao eslou cerIO de ter entendido corretamente; o senhor parece estar dizendo que ..... e repetir a frase do agricultor.

Guardar silencio (urna pausa de cinco segundos) olhando nos olhos. Isto estimula ao agricultor a seguir falando.

A palavra chave para sondar é uma técnica útil para veri ficar sua compreensao sobre o ponto de vista do agricultor. Consiste cm repetir alguma palavra chave do que foi dilO pelo agricultor e pergunlar para esclarecer: "Em que sentido é resislente?" (Tabela 7).

Tabela 7. Exemplos de sondagem pela palavra chave, para verificar a interpreta~¡¡o do expressado pelo agricultor.

Comentários do agricultor

É difícil capinar

A planta rasteira é uma vantagem

Tem sabor amargo

Esta é mais fácil para cultivar

Esta variedade é muito alta

Palavra chavc para sondagem

Em que sentido é difícil?

No que consiste a vantagem?

Como é o sabor?

Como pode saber que é mais fácil?

Que significa 'muito alta' -- qual seria um bom tamanho?"

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Sondar é também importante se existe suspeita de que o agricultor está desviando ou nao está dizendo a verdade por qualquer razao. Serve também para verificar a consistencia dos comentários do agricultor.

Perguntas abertas

Existe tres tipos principai, de perguntas que O

pesquisador pode formular uo agricultor: perguntas induzidas, perguntas diretas e perguntas abertas.

As perguntas induzidas sao muito frequentes na conversa~ao diária Levam implícita a resposta esperada; a pessoa que aS formula pode estar tratando, de maneira consciente ou inconsciente, que a outra pessoa esteja de acordo e apole seu ponto de vista. Se bem que este tipo de perguntas é comum em conversac;5es ordinárias, nao tem lugar na

avaliac;iío com agricultores.

As perguntas diretas estao geralmente orientadas a obter aspectos específicos de informa9ao; por exemplo: "com que frequencia é necessário capinar este tipo de cultivo associado?". A entrevista de avaliac;ao nao é o momento apropriado para obtcr este tipo de informa<;ao (que se pode recolher melhor através de uma pesquisa), salvo quando se necessita alguma informa<;Uo específica para esclarecer um

juízo ou opiniao do agricultor. Por exemplo: Agricultor: "Nao gosto de traballlar com este tipo de espiga"; Entrevistador: "Que tipo de espiga trabalha normalmente? E qual é a diferen9a?" As perguntas sobre aspectos específicos de informa,Uo iniciam·se frequentemente COIll as seguintes palavras: como, que, quando, quanto, com que frequencia, qua!.

Ainda assim, formular as perguntas abertas é LIma técnica chave na avalia<;ilo com agricultores. Estas pcrmitem a livre expressao do agricultor. sem dirigir explicitamente suas respostas. Portanlo, o pesquisador deve reprimir e controlar, de maneir" consciente, sua inclina<;ao naturul para formular perguntas induzidas buseadas nas su as opini6es pessoais. Por Qutro lado, deve controlar cuidadosamente a maneira de formular suas perguntas, para que os agricultorc,; possilm expressar

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suas proprius opinioes.

Consideremos o segulnte diálogo entre um pesquisador (P) e um agricultor (A) diante de um ensaio de variedades de feijao plantado na propriedade do agricultor:

P: Isto se ve muito bem; algumas destas variedades parecem estar bastante bem, nao acredita?

A: Sim, bem, todas estas sao boas variedades.

P: Como Ihe parece esta? Nüo acredita que está resbtindo uo mildio?

A: Como Ihe parece as outras? Nao Ihe parece que silo menos resisten((:s?

P: 8im, esta em especial tem problemas, nao Ihe parece?

A: Esta planta está muito cheia de folhas; está muito doente.

P: Nao Ihe parece que algumas destas variedades tlorescem tardiamente?

A: Algumas, como esta aquí, ainda nao formaram vagens; é definitivamenle muíto tardia.

P: Esta nao Ihe parece raquítica? Talvez esta variedade necessita mais adubo ... ? O senhor o que acha?

A: Bem, por aqui temas bastante problemas com os adubos; sao muilo caros.

o diálogo anterior está cheio de perguntas induzidas, formuladas pelo pesquisador, como aquelas enunciadas com a frase "Nao Ihe parece ... " as quai, incluem as opiniiles do pesquisador e recebe m respostas que as confirmam. O problema ~om este estilo de comunicac,:iío é que nlio tende a produzir infofllla,ao válida sobre as verdadeiras opini5es do agricultor. Neste diálogo, o pesquisador nao deu ao agricultor a oportunidacle de tomar a iniciativa para identificar o que ele observa como crilérios importantes para avaliar o ensaio.

Na avalia9ao com agricultores, mesmo perguntas como: "Qual dos tratamemos deste ensaío o senhor gasta maís?" incluí a suposi~¡¡o de que o agricultor gasta de algo no ensaio. A pergunta abet1a adequada seria: "Qual a sua opiniiío sobre os tratamentos deste eosaíoT'

As pergunta~ abertas mais úteis nas avaliu90es com agricultores sao aquelas que o estimula a expressar e explicar idéias e opínioes. Tais perguntas usam enunciados tais como: Que pensa?; que observa?; por que acredita?

Quando a avalias:ao com agricultores encontr'd-se em urna etapa inicial da pesquisa, o uso de perguntas abertas como aquejas apreseotadas na tabela 8. as quais estimulam o agricultor a expressar e explicar opini5es, é especialmente importante. Por isso. é eficiente que os pesquisadores que realizam avali!l95es com agricultores tenbam um repertório de perguntas do seguinte tipo:

• Que opiniao tem do ensaio?

• Algum dos tralamentos Ihe parece especialmente interessante? Por que?

• Por que acredita que se apresentou essa diferen,a (entre os tratamentos)?

• Como Ihe parece estas plantas?

• Como Ihe parece este trata mento comparado com aqueje?

• Observa alguma diferen<,:a nos requerimentos de manejo (pulverizulj;ao, capina. irriga,lio, etc.)?

• Por que acredita que isto (referindo-se a uma observaylio do agricultor) é importante?

• Que tipo de rendimento pensa que vamos ter?

• Pensa que existe aqui alguns problemas que devemos ver?

• O senhor observa alguma vantagem ou desvantagem nisto? (referíndo-se a urna observa,ao do agricultor).

• Como Ihe parece isto em compara,ao com o que o senbor está acostumado a fazer?

• Que pensa do momento cm que se fez a capina? (ou qualquer outfa oper!l9iio).

• Se plantarmos este ensaio novamente, gostaria de fa7..er-lbe algumas modifica,5es? Quais?

Tabela 8. Perguntas abertas para estimular as idéias do agricultor.

• Poderia dizer-me muís sobre isto?

• Qual seria um exemplo disto?

• O que faz vé-Ia assim?

• Quais seriam algumas explica,5es para isto?

• Poderia ajudar-me a entender melhor isto?

• Tem alguma nutra idéia sobre isto?

• Como se sente em rela~¡¡o a isto?

• Como pensa que outros agricultore, se sentiríalll em ";'Ia,ao a isto?

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• Em sínte!<ie. a técnica de diálogo com perguntils abertas baseía-se em pergulUa ... enunciadas assim:

• Por que?

• Que?

• Como?

• Quando?

• O senhor acredita.,,?

• O seohor observa ... ?

• Qual a sua opiniao.,,?

• As perguotus assim formuladas, '''0 abenas porque:

• O pesquisador nao inelue nelas sua opiniao.

• O pesquisador nao presume que exíste uma resposta 'correta' a pergunta.

Como estabelecer neutralidadc: pcrguntas balanceadas

Um dos proposims das pergumas abertas é mostrar a neutralidade do pesquisador sobre as preferencias que poderia ter o agricultor. quanta aos distintos tratamentos que se solicitou avaliar. É muito importante estabeleeer esta neutmlidade desde O

camelia da avalia<;ao, de talmaneira que o agricultor, longe de crer que deve dizer o que uo pesquisador Ihe interessaria escutar, síma-se seguro de que qualquer juíw positivo oUl1egalÍvo que fa~a é igualmente importante pum ele (o pesquisador).

Frequentemente, ao início da avalia~iío os agricultores podem nao se sentir compromelidos e tendem a ser corteses sobre a tecnologia do pesquisador, preocupando-se pelo que este possa estar esperando escutar. Como resultado, pergunlas abertas como: "Qual a sua opíoiao'! podem ao início estimular neles respostas de cortesía Ol!

generalidades vagas, enquuMo tomam lempo esperando algo que Ihes indiquem que opiniiio desejaria escutar o pesquisador. Nesle caso, o

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pesquisador pooe cllegar a ullla pergunta balanceda que cOlllenlla pontos de vista apostas, sem indicar COI11 qual deles se idenlifica, por exemplo:

Pesquisador: Tive várías conversa~Oes interesantes com diferentes prooutores da regiiío, com rela~¡¡o a este sistema de plantio. Alguns pensam que as plantas estao muito separadas entre sí; outros que se devem plantar mai, perta; O seobor que opiniiío le m?

Oll

Pesquisador: Escutei v¡jrias opiniOes interessantes dos agricultores daqui, sobre esla variedade. Alguns dizem que gostam das plantas cheia de folhas. Outros opinam que as plantas che;a de folhas sao uro problema. Gostaria de entender islo um pouco me/hor, qual seria sua opiniao?

Apesar de que nesle exemplo faz-se uo agricultor perguntas que incluem opiniOes. estas podem ser úteis como ponto de partida para a avalia~ao, enguanto Ihes comunica que: a) seus comentários críticos sao válidos e imeressantes para o pesquisador e b) nao existe uma resposta 'carreta' it pergunta do pesquisador.

Vejamos outros exemplos de perguntas balanceadas que se poderium empregar:

• "O senhor acredita que isto pode requerer mais ou menos tempo/dínheiro/fertilizante/irrig~ao, etc. comparado com O que atualmente faz, ou necessíta u mesma quantidade?"

• "Como venderia isto? ou destinaria os produtos para o consumo familiar?"

• "Recomendaría que sigamos testando isto ou melhor buscamos uma alternativa diferente""

A désvantagem das perguntas balanceadas consiste cm que é o pesquisador que introduz os

. aspectos de discu"iío na avalia~¡¡o. Talvez para o agricultor nao sería importante a distáncia de plantio

ou a arquitetuTa da planta, como aparece nos dois primeiros exemplos. Por esta Tallio, as perguntas que conté m opiniOes alternativas empregam-se principalmente para abrir a discussfio, ao reafirmar assim ao agricultor que o que se está buscando é seu ponto de vista, seja este positivo ou negativo. Urna vez que o agricultor ,inta-se o suficientemente seguro para tomar a iniciativa na avaliac;iío, as técnicas apropriadas consistem cm combinar as habilidades para escutar com perguntas abertas e de sondagem.

Resumo das destrezas de comunica~¡¡o para a avalia~¡¡o através de diálogo

o tipo de comunica~¡¡o cara a cara que se requer para uma boa avalia~ao com agricultores é muito diferente de uma conversa"ao comum ou de uma palestra com agricultores. Ao contrário da conversa¡;¡¡o ou de uma averigua~¡¡o formal, a entrevista de avalia¡;áo envolve o pesquisador em um intercambio de idéias que requer:

• Comunicar respeito e grande interesse pelas ¡déias do agricultor.

• Criar as condi~Oes para que o agricuhor expresse suas próprias opiniOes.

• Estimular e entender as razoes de tais opinioes.

Para alcanyar a informar;ao válida sobre as opiniOes do agricultor, o pesquisador necessita utilizar, de maneira consciente, destrezas de comunic~áo como:

• Destrezas para escutar

- Comunicar receptividade e respeito.

- Escutar com mentalidade aberta O que diz o agricultor.

• Linguagem corporal

- Comunicar respeito, confian"a e uma rel~lío de cordialidade e camaradagem.

- Melhorar qualitativamente a comunicar;áo, redefinindo o espa'i0 físico estabelecido pelas

normas culturais, quando o pesquisador é socialmente superior ao agricultor.

• Sondagem

- Combinar o escutar com receptividade com perguntas que canalizem, sem interferir, os comentários do agricultor.

- Verificar a compreensao do ponto de ví~ta do agricultor e a consistencia de suas observayoes.

Perguntas abertas

- Estimular a expressao livre das opiniOes do agricultor.

- Evitar dar indfcios das opinioes do pesquisador que possam tendencíar as respostas do agricultor.

• Perguntas balanceadas

- Estabelecer a neutralidade do pesquisador com respeito aos comentários positivos ou negativos.

Iniciar e estimular a discussao, ao reafirmar no agricultor que se buscam diferentes pontos de vista e que nao existe respostas corretas.

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Capítulo VI

Sele~ao de agricultores

Consideraf;Oes gerais

A sele<;ao adequada de agricultores para participar em avali~Oes eficazes de ensaios é definitiva. Como urna regra chave, o número de agricultores de um tipo específico que participem da avaliac,:ao de urna determinada tecnologia nao deverá ser inferior a dez, enquanto que um grupo de 15-20 participantes seria o ideal para proporcionar suficientes observ~Oes para a análise.

Os agricultores convidados a participarem em ensaios em propriedades agrícolas sao selecionados geralmente com base no seu interesse, sua boa vontade para colocar ¡¡ disposi~¡¡o urna parcela para um ensaio e a sua representatividade em termos de recursos, ¡dade, sexo, grupo étnico, etc. Adicionalmente a estes critérios, que sao determinados pelos objetivos do programa de teste, existe outras consider~Oes especialmente importantes para atíngir avalia~Oes eficazes.

Critérios para a sele,.ao de agricultores

Um dos aspectos que se devem ter em conta é a experiencia do agricultor. Se a cultura incluída nos ensaios é cultivada normalmente na regiiío, deve-se ter especial cuidado em selecíonar, como avaliadores. a agricultores que a comunidade reconhece como especialistas oeste cultivo; um exemplo destes seria os expertos locais. Para obter inform~ao de alta qualidade sobre a aceita~ao da tecnología em teste, é indispensável o nível de observa~¡¡o detalhada que um agricultor experimentado pode alcan~r dumnte a aval ímiao.

É importante, também, identificar aqueles agricultores conhecidos na sua comunidade como experimentadores ou ¡novudores. com os quais será avaliada uma cultura comum na regí1io ou uma inova~¡¡o proposta para um sistema local de

produ~ao. Os experimentadores locais tem a disposi~ao para ser pensadores criativos, em termos de perceber oportunidades potenciais dentro das limita~oes de seus próprios sistemas. Estes agricultores estao habituados a observar criticamente as práticas opcionais de cultivo. Eles sao os que ti pica mente introduzem novas variedades, ou que, com frequencia, testam novos métodos por iniciativa pessoal e sem nenhum eontato formal com os sistemas de pesquisa ou de extenslio.

O diálogo com tais agricultores nas etapa, inieiais de um programa de pesquisa, por exemplo, quando se está elaborando o plano de entrevistas de avaliac,:ao, pode ser especialmente proveitoso porque pode dar idéias sobre como recebem os agricultores as possibilidades de mudan~a nas práticas locais.

Ao selecionar os agricultores deve-se ter o cuidado de nao confundir sua experiencia ou seu desejo de experimentar, com o feito de que hajarn adotado técnicas de cultivo av~adas em raz30 de seu contato permanente com servi~os de crédito ou extensao. Estas cantcterísticas dos agricultores nao sao necessariamente sinónimas. Os agricultores experimentados e experimentadores devem ser selecionados font da elite de agricultores --em geml um minoda utípica-- que adotaram recomenda~Oes técnicas que a maioria dos agricultores nao usa.

Oulro ""pecto importante na sele<;ao de agricultores é sua facilidade para comunicar-se com os pesquisadores. Alguns agricultores simplesmente podem-se expressar melhor que outros. Aqueles que podem comunicar-se com maior facilidade nao sao necessuríal1leme maís inteligentes, nem melhores que seus vizinhos menos expressivos; mas sim possuem maior capacidade e disposi~¡¡o para verbal izar seus pensumentos. O pesquisador deve

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identificar primeiro os agricultores nece"ários para assegurar a representatividade e logo. dentro desle grupo. selecionar urna sub-amostra que tenha maíor facilidade de expressao; assim pode aumentar as possibilidades de obter avalia,6es informativas de agricultores. enquanto mantém a representatívídade.

Métodos de seJe~ao de agricultores

Frequentemente a sele<;ao de agrieu llores e de locais para os programas de testes em propríedades agrícolas sao feitos imediatamente antes do come<;o da época de plantío. Em consequencía. dita sele\Oao pode con verter-se em uma corrida contra o tempo para identificar o número requerido de participantes e localidades. Realmente. a disposi~¡¡o do agricultor para ceder uma parcela desejada para O ensaio. pode chegar a ser o critério mais importante para determinar que agricultores participum.

Pesquisas de opiniao prévias

A sele<;ao de agricultores para fins de uvalia,ilo pode-se planejar com antecipa,üo. preparando listas de participantes potenciais que satisfa~am os critérios de experiencia local. interes,e na pesquisa local e facilidade de comunicao. Tai, listas podem ser elaboradas durante a pesquisa de diagnóstico (início), incJuindo perguntas como as apresentadas no Quadro 9. através de entrevistas de sondagem formal ou informal e tabulando os nomes que resultem.

Informantes chave

Outro enfoque consiste em identificar um 00 dois informantes chave cm cada comunidade ou regiao agroecológica onde será realizada as avalill,oes. A cada informante chave é solicitado nomes de agricultores. dentro de uma área específica. que eles conhe,am e considerem como expertos locais.

o entrevistador necessita solicitar UOs

informantes chave que Ihe expliqucm primeiro os limites da área ou cOlllunidade que constilueseu marco de referencia. como é o mUllicípio ou o

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povoado. Lago. é essencial que Ihes explique que tipo de agricultor está intere,sado em identificar, através de perguntas sobre a experiencia do agricultor como as apresentadas na Tabela 9. Uma vez que o pesquisador e o informante chave tenham identificado claramente um conjunto de termos para definir as características dos agricultores eom experiencia. p<XIem elaborar junIOS a lista correspondente.

Agrupamento mediante cartiies

Quando seja possível dispor de urna lista completa de habitantes ou chefes de família de urna comunidade. seus nomes podem ser escritos separadamente cm cart6es que informantes chave eolocam em ordem alfabética e classificam para identificar os expertos locais. Logo. pode-se solicitar aos informantes chave identificar os experimentadores locais. Estas listas podem ser elaboradas usualmente em uma ou duas horas. dependendo do tamanho da comunidade que o informante chuve deve agrupar nos cartoos.

Os agricultores reconhecidos como experimentadores locaís. mediantes esta técnica, podem ou nao coincidir com os identificados como expertos locaí, e. para o processo de sele<;ao. pode ser importante entender esta diferen~a. Assim poderiam-se identificar. por exemplo. tres grupos de informantes:

• Informantes loca;s que praticam a tecnologia tradicional.

• Expertos locais que experimentum com novas pníticas.

• Experimentadores (que usum tecnologia nao tradicional).

Das ti stas de oomes ou de grupos de indivíduos identificados desta maneira poderia-se ter uma amostra; estes indivíduos podem-se incluir nas visitas ou entrevistas preliminares na área de pesquisa. com a finalídade de obter uma idéia de sua capacidade para comunicar-se com os pesquisadores.

Tabela 9, Perguntas úteis aos pesquisadores de campo, para selecionar agricultores participantes nas avalia~Oes,

Experiencia e conhecimento do agricultor

Experimental;íio do agricultor

HabiJidade para comunicar-se

Identifica~iío de agricultores com facllidade de expressiío

• Duranle quanlo lempo o agricultor tem trabalhado a cultura (ou pecuária) em teste?

• O agricutor cultiva regularmente a variedade em teste (ex.: em todas a.~ épocas) ou ocasionalmente?

• O agricultor modifica regularmente as práticas típicas locais (variáveis nao ex.perimentais nos ensaios propostos) ?

• Quem sao os reconhecidos por oulros agricultores como expertos nesta cultura (pecuária ou prálica) em tesle de interesse para a pesquisa?

• O agriculor tem testado alguma forma diferente de cultivo da variedade (ou de manejo do gado) em teste? Que e por que?

• Está o agricultor testando nova.~ idéias por iniciativa própria ou seguindo recomenda~Oes de um extensionista?

• Quais sao os agricultores reconhecidos por seus colegas locais como 'experimentadores'; os quais sio reconhecidos como fonte de inov~¡¡o local?

• O agricultor pode explicar (ensinar) alguma prática local?

• O agricultor pode explicar claramente (vantagens e desvanlagens) a diferen~a entre dois ou rnais práticas alternativas locai,!

para verbalizar seus pensamentos podem assim ser facilmente identificados.

Urna técnica útil pam identificar a capacidade dos agricultores para comunicar-se com os pesquisadores consiste em organizar. durante as visitas preliminares, sessi'ies de ensinamento por parle dos agricultores para que eles expliquem a .seu, colegas locais os objetivos da pesquisa. Frequcntcmenle, os agricultores coro maior disposi~¡¡o ou capacidade

A habilidade dos agricultores para comunicar-se com os pcsquisadores também pode ser conhecida solicitando ao agricultor ou grupo de agricultores para tomar parte em urna simples compara9ao por pares, de tres ou quatro componentes da tecnologia local (ex.: quutro variedades locais, ou diferenles métodos de preparo da terra).

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A compara~iío por pares discute-se cm detalhe maís adiante, ao trdtar sobre as técnicas para conhecer as preferencias do agricultor. Esta técnica pode proporcionar informa~ao útil sobre prJticas locais de ínteresse para ° planejamento de ensaios em propriedades agrícolas e, uo mesmo tempo, ajudar aos pesquisadores a identificar agricultores que tenham a possibilidade de expressar-se com maior facilidade na avalia~ao.

Agrupamento de participantes para as avalia~oes

A sele~ao de agricultores pode-se apelfei,oar posteriormente para tomar em canta outras

características dos agricultores que possam ser relevantes para as avalia,5es propostas. Isto pode ser feito solicitando uos informantes cnave agrupar aos expertos que eles tenham identificado, segundo uma característica determinada; a Tabela 10 apresenta uma lista de características que poderiam ser considemdas. A sele~lio é obtida revisando a lista de expertos locai, e solicitando ao informante ehave que decida em que categoría estaria cada pessoa. ou que agrupe OS cart5es respectivos. Os expertos locais podem ser agrupados, por exemplo, naque les que possuem cabe~a de gado (um indicador de riqueza) e aqueles que nao as tem: ou aqueles que trabalham por jornadas (indicador de relativa pobreza) e os que nao fazem. De cada conjunto de nomes agrupados assim. pode-se tomar uma

Tabela 10. Lista de características para selecionar participantes nas avalia~oes com agricultores, através de informanteS chave.

• Experiencia na tecnologia local

• Experiencia com novas idéias

• Recursos sócio-economicos: Ex.: Tamanho da propriedade agrícola ou riqueza

Posse de gado Tipo de posse da terra Trabalho por jornadas Tamanho da família Parentesco Lideran~a política

• Objetivos do agricultor:

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Ex.: Comerciais vs subsistencia Especializado em culturas ys pecuária Especializado em culturas vs culturas

• Grupo étnico ou linguístico

• Sexo

• Localiza,iio Ex: Distancia do Ill~fcado

Zona agroecológica (palie alta, baixa. etc.)

amostra, com o fim de assegurar-se de que os participantes nas avalia~óes futuras sejam representativos de características que possam afetar a maneira como os agricultores avaliam uma tecnologia.

o sucesso desta técnica depende de que se identifique categorias claramente diferenciáveis que os informantes chave possam utilizar facilmeme. Por exemplo, caso se deseje solicitar a um informante chave que agrupe os expertos loca;, que tem cla~síficado como grandes, médios e pequenos agricultores, é importante conhecer os critérios que o informante acredita distínguem a um agricultor grande de um médío, e a este de um pequeno.

Nas regiócs onde os agricultores locais nao pode m quantificar facilmente os tamanho das propricdades agrícolas, a posse de um certo tipo de terreno, ou de uma certa quantídade de cabe9a de gado, ou a contrata<;lío ou pagamento de trabalhadores em dinheiro, podem distinguir ao agricultor rico. É possível solicitar ao informante chave que agrupe os expertos locais de acordo com um destes critérios localmente utilizados, de tal maneira que drntinga os grandes agricultores do restante. Por exemplo, agricultores que possuem

. engenho para moer cana em sua propriedade também poderiam ser considerados como grandes agricultores. Logo pode-se fazer o agrupamento dos restantes com base em outro critério que o informante chuve identifique para distinguir médios e pequenos agricultores. No mesmo exemplo, os agricultores que sao muito pequenos, para cultivar cana de acu<;ar, poderíam ser facilmente agrupados pelo informante chave na categoria de pessoas com menos recursos na comunidade.

Outro enfoque que também pode ser empregado facilmente com informantes chave para agrupar agricultores. com fins de selevao, consiste em elaborar uma lista de agrícultores da comunidade. de acordo com tipos ou categorias que se distingam localmente e que, portanto, scjam bem cOllhecidas para o informante cnave. Estas categorías podem ser considerada, como 'grupos de ínteressc' e geralmente podem ser identii1cadas da seguinte maneira:

• Primeíro, perguntando uo informante chave quais sao os diferentes tipos de agricultores que existem na comunidade (ou na área); assim obtem-se as diferentes categorías locais de agricultores.

• Logo. solicita-se uo informante chave que mencione nomes de agricultores cm cada categoria.

• Finalmente, pode-se pedir que identifique os expenos e/ou os experimentadores dentro de cada categoria.

Por exemplo, os agricultores poderiam ser agrupados por pessoas da mesma comunidade, assim: aqueles que se dedicam principalmente ao gado; os que se dedicam especialmente a comercializa~¡¡o de um cultivo principal, como a mandioca; e aqueles que tem cultivos diversos, principalmente para fins de subsisténcia, e que também trabalham por jornadas. Cada categoría teria seus expertos locais segundo seu tipo de agricultum.

Os 'grupos de interesse' ou tipos de agricultores, assim definidos por informantes locais, sao particularmente úleís para selecionar participantes nas avalia~ócs, quando a tecnologia para avaliar necessila ser destinada a um grupo específico. Quanlo mais homogéneo sejam os participantes nas avalia~óes com agricultores, maí, consistente e confiável deverá ser a informa~ao obtida das entrevistas de avalia~¡¡o.

Por outro lado, um programa de pesquísa pode estar interessado cm avaliar urna inoYa~¡¡o proposta estratificando os diferentes tipos de agricultores ou grupos de interesse. Selecionar agricultores para as avalia~i5es com base cm grupos definidos em termos de uma identidade comum, a qual é percebida pelos agricultores locais, ajuda uos pesquisadores a interpretar as diferen~as nos critérios que usam os agricultores para avaliar a tecnologia. Isto acorre porque os critérios de avalia~ao que o agricultor aplica para decidir que tecnología Ihe é útil, variam de acordo com os interesses que ele atinge quando avalia.

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A sele~¡¡o cuidadosa do agricultor é definitiva para o sucesso de um programa de a valia~¡¡o. ISIO é particularmente válido quando se faz avalia~oes cm um etapa explorat6ria preliminar de teste de tecnologia, quando a quantidade de ensaios e de agricultores participantes é relativamente baixa, e

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quando se daria um peso considerável a qualquer opioiao do agricultor nos resultados da avalia~¡¡o, Por esta razao, os pesquisadores devem tomar o tempo suficiente para selecionar adequadamente os participantes nas avalia,oes, antes de preparar os ensaios.

t

Capítulo VII

Como organizar a avalia-;ao com agricultores

A obten<;ao de dados confláveís sobre as rea,oes dos agricultores, com rela,iío a tecnologia que ajudam a testar, implica críar e alimentar rela,oes de conflan,a e entendimento mútuo entre o pesquisador e os agricultores quando se encontram cm ensaios em propriedades agrícolas e nas entrevístas de avalia,iio, Portanto, nao se empreende avalia,iies eficazes com agrícultores quando os ensaíos já estlio prontos para serem colhidos, O agricultor deve entender, com certa antecedencia a avalíul'iío, que é O que se está testando e que interrogantes esperam ser respondidas através do ensaio, Sem um conhecimento profundo do propósito que este tem e de como foí desenhado para testar o con.portamento da tecnología, o agricultor será incapaz de fazer julgumentos bem fundamentados; como resultado, a avalia9ao tenderá a obter dele informayiio superficial e inclusive o pinioes nao relacionadas com a avalía~1io.

A avalia~io como um processo

Quando o pesquisador em propriedades agrícolas chega a casa ou a parcela do agricultor pard re¡¡lizar a entrevista de avalia~¡¡o, já este deverá haver participado, com a equipe de pesquisa ou de extensüo, em algumas ou se possível em todas as seguintes atividades:

• Explica9ao dos objetivos gemis da avalia<;iio (início),

• Ensínamento por parte dos agricultores,

• Planejamemo do eusaio,

• Explícayao do desenho do ensaio,

• Sele,üo do local do ensaío,

• Localiza<;:ao de trulamentos dentro do ensaío e elabora,ao de um plano do mesmo,

• Desenvolvimento da entrevista de avalía,ao.

Completar o processo de avalia<;ao inclue realizar uma ou mai, entrevistas. dependendo das etapas de desenvolvimento da cultura que os pesquisadores desejam que os agricultores avaliem. Urna vez que as entrevistas foram analisadas. é desejável informar aos agricultores sobre as conclusOes gerais as quais se tenham chegado por mcío de sua participa~iio nas a valia~oes. Isto pode proporcionar urna oportunidade para planejar com eles atividades futuras,

Com efeíto, as avalia~Oes com agricultores devem ser integradas com outras atividades típicamente necessárias para a montagem de um programa de ensaios em propriedades agrícolas, de tal maneira que a equipe humana seja eficientemente aproveitada,

O número tOlal de contatos entre a equipe de pesquisadores e os agricultores, requerido para efeito das avalíaS'Oes, nao é necessariamente muito maior que o requerido pela equipe de pesquisadores para controlar os ensaios convencionais conduzidos por agricultores, nos quaís as opiniúcs destes nao se buscam de forma sistemática, Entretanto, nas visitas uos ensaios o contato com os agricultores é indispensável. Em tais visitas, devem ser programadas regularmente oportunidades e lempo para conversar com os agricultores,

As entrevistas de avalia,ilo da cullura no campo e a avulia9iío agrqnómíca dos ensaios nao devem ser feitas pela mesma pessoa e nem ao mesmo tempo, uma vez que a entrevista de avaliu\;ao está centrada nas opinioes do agricultor, enquanto que a avalia9ao agronómica eslá buseada nos critérios do pesquisador. Todavia, se ambas atividades ¡¡iio feitas simullaneamente. a avalia9iio do agrícultor tenderá a confundir-se com u do pesquisador. Quando nao

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existe duas pessoas que possam ocupar-se de forma independente da entrevista de avalia~no e do estado lIgronomico, seria melhor realizar a entrevista primeiro e depois adiantar as observa~6es agronómicas.

Em síntese e como aparece esquematizado na Tabela 11. as atividades discutidas oeste manual deveriam formar parte da pesquisa cm propriedades agrícolas, mas tendo presente que a consulla sistemática com agricultores deve ser uma característica permanente.

o passo seguinte: informar aos agricultores

Urna vez que os agricultores tenham sido selecionados para participar em avalia~6es de ensaios em propriedades agrícolas, O pesquisador pode usar uma série de enfoques úteis para assegurar a compreensao clara do ensaio por parte do agricultor, de tal maneira que e,teja em boa posi~¡¡o para julgar a tecnologia em teste. Estes enfoques incluem:

• Planejamento de ensaios em propriedades agrícolas com a partícipa~ao do agricultor.

• Manejo ativo dos ensaios por parte dos agricultores.

• Orienta~iio aos agricultores sobre o desenho e os objetivos do ensaio.

Primeiramente. é desejável envolver uos agricultores desde o início da etapa de planejamento da pesquisa em propriedades agrícolas, de tal forma que possam influenciar nas decis6es sobre os componentes tecnológicos que se devem ter em conta e sobre a mane ira como estes devem 'er testados. O planejamento participativp de eusaios evita solicitar aos agricultores que avaliem uma tecnologia em condi~6es que ele, vejam como irrelevantes ou inapropriadas para o uso atual da tecnología.

Quando os agricultores nao tenham participado na etapa de planejamento, é possível melhorar sua

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compreensüo do ensaio envolvendo-os ativamente na etapa de manejo. Neste caso, geralmente, um dos objetivos do ensaio é avaliar o comportamento da tecnologia quando os agricultores fazem as opera~6es de manejo. Os agricultores podem contribuir com informa9ao valiosa somente se participam nas decis6es reais a respeito de quando e como fazer estas opera90es. e nlio com Stia simples presen~a física, no papel de trabalhadores de campo, que seguem um plano de trabalho definido pelos pesquisadores.

Quando os objetivos do ensaio envolvem aos pesquísadores maís que aos agricultores no manejo do mesmo, podem ser feitas avalia~Oes com estes últimos, isto é. se os pesquisadores destinam tempo suficiente para explicar-Ihes cuidadosamente os objetivos e desenno do ensaio. Isto deve ser feito em termos compreensíveis para O agricultor. Quando se usum desennos de ensaios complexos, geralmente recomenda-se selecionar uma amostra de tratamentos que tende a estimular mais os comentários dos agricultores que estao f¡¡zendo a avalia~¡¡o.

Com quaIquer destes enfoques pode-se seguir algun, pa~sos básicos para assegurar que os agrícultores tenham um conhecimento claro do ensaio e assim alcan~ar bans resultados na comunica,ao.

Explica~ao do ensaio

Neste manual referimo-nos a ensaios de pesquisa, nao a demonstra~Oes. O objetí vo das avalia~oes com agricultores nüo é convencer ou persuadir o agricultor sobre os méritos ou vantagens de um ¡ratamento em particular. Os pesquisadores em propriedades agrícolas devem estar conscientes de que muitos agricultores, que tenham tido ou nao contato previo com parcelas demonstrativas dos servi~os de extensao, terao latente a expectativa de que o pesquisador espera de alguma maneira convencer ou persuadir aos agricultores de que a tecnologia do pesquisador é melhor. É frequente que um agricultor receba o ensaío como uma competi~¡¡o enlre suas práticas usuais (parcela testemunha) e as novas práticas do pesquisador, o qual pode levar aos

Tabelall. Integra~o da avalia\;iio com agricultores nos testes em propriedades agrícolas

Etapa da pesquisa Atividade de avalla~iio

1 Diagnóstico • Explicac;iío dos objetivos das avaliac;Oes (início)

Reconhecimento da área e entrevistas de sondagem • Ensinamento pelos agricultores

n Planejamento de experimentos • Planejamento de ensaios pelos agricultores

nI Experimenta~ao: Selec;iio do agricultor e do local para os ensaíos

Estabelecimento do ensaio

Avalia~¡¡o agronomica da cultura no campo

Colheita com agricultores

IV Análise e avalia~¡¡o dos resultados do ensaio

V Prepara~¡¡o de recomenda~Oes

agricultores a conduzir sua parcela testemunha de maneira diferente, para demonstrar os melhores resultados que podem alcan~ar se sao colocados em teste. Isto é claramente contraproducente para obter resultados válidos.

A participa~o aliva de agricultores na avalia~ao depende da disposi~¡¡o que eles tenham para observar e perguntar. Por tal raziio, a explicac;ao de um ensaio que será avaliado pelo agricultor nao deve deixar dúvidas neste de que os resultados eslavam determinados previamente. É essencial comunicar­lhes que o ensaio é urna forma de indagar, que tanto o pesquisador como o agricultor estarno juntos perguntando-se sobre o comportamento da nova tecnologia, e que se desconhecem as respostas as perguntas. Comunicar a importancia do questionamento ativo por parte do agricultor implica

Sele~¡¡o de agricultores participantes; expJíca~lio do desenho do ensaio; sele~¡¡o do

local com os agricultores

Determinac;ao de tratamentos; plano do ensaio com os agricultores

Entrevista de avalia~¡¡o da cultu!"a no campo

Entrevista de avaliac;ao p6s-colheita

• Análise das entrevistas de avalia~lio

• Retroinforma~o ao agricultor sobre os resultados; planejamenlo de futuras avaliac;Oes

com agricultores

que o pesquisador em propriedades agrfcolas explique-lhe detalhadamente a pergunta que se busca responder no ensaio, com terminología compreensível para o agricultor.

Muitos agricultores testam novas prálicas agrícolas por iniciativa pr6pria, estabelecendo comparac;Oes entre prálicas antigas e novas. Os pesquisadores podem dar urna explícac;íio simples de um ensaio. a rnaneira de um reconto passo a passo das compara~Oes que serao estabelecidas na parcela do agricultor e das interrogantes a que se dirige o ensaio.

Urna explica~ao verbal tende a ser abstrata; entiio pode-se ilustrar as compara~Oes concreta e graficamente no solo ou em urna mesa com amostras dos diferentes componentes que serao incluídos no

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ensaio. Por exemplo: em caso de serem testadas quantidades de semente ou de fertilizantes, pode-se usar sacos de sementes e de fertilizantes para representar os diferentes tratamentos. Este enfoque de manejo visual permite aos agricultores manipular amostras e entender as diferen¡;as nos níveis de tratamento ao ver as quantidades contrastantes incluídas.

Explicar um ensaio ao agricultor, antes de plaotá­lo, é eotao uma oportunidade para estabelecer a neutralidade e a objetividade do pesquisador em rela~¡¡o com as compara¡¡:óes estabelecidas no ensaio. Comunicar tal objetividade no agricultor é indispensável; uma mane ira de alcan~á-Ia consiste em introduzir compa~óes entre tratamentos no ensaio utilizando perguntas balanceadas. Por exemplo:

"Gostaríamos de saber se é mais conveniente para o senhor aplicar esta quanlidade de fertilizante ou esta outra."

"Seria para o senhor maís trabalhoso plantar desta forma que desta outra?"

"Serao estas variedades maís resistentes a doen\ias ou terao mais rendimento que aquelas? Ainda nao sabemos ... "

É conveniente também que os pesquisadores expliquem que o ensaio que vao plantar com um certo agricultor será repetido com outros agricultores. tal como se faz usualmente na pesquisa em propriedades agrícolas, e que os resultados ,erao reunidos para se ter uma imagem do que serve para essa comunidade. O propósito aqui é comunicar que a contribui~¡¡o do agricultor representa um servi~o 11 comunidade de agricultores, e nao simplesmente um favor 30 pesquisador.

Ao final da explica~¡¡o do ensaio é importante que o pesquisador verifique que tao bem o agricultor entendeu os objetivos, sem preocupar-se pela compreensao detalhada dos diferentes tratamentos. Para isto pode-se usar uma pergunta aberta como: "Que acredita o senhor que se pode averiguar com este experimento?". respaldada por perguntas de sondagem, de tal forma que o agricultor possa

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manifestar sua opiniao e as interpreta~óes equivocadas que possa ter. Assim, o pesquisador conseguirá estar seguro de que o agricultor nao tem expectativas falsas, que olha o ensaio nao como um jogo misterioso dos pesquisadores. mas sim como um exercício útil que gera informa~¡¡o valiosa para o agricultor, independentemente de que se identifique urna tecnologia com boos resultados.

Finalmente. é importante discutir com o agricultor quais poderiam ser os momentos apropriados para visitar o ensaio. possivelmente com a perspectiva de fazer entrevistas de avali~ao em etapas específicas do desenvolvimento do cultivo.

• Em resumo, na explíc~¡¡o do ensaio deve-se:

• Comunicar ao agricultor a idéia de que está tomando parte em uma pesquisa para saber o que ocorre, nao em uma demonstra~¡¡o para convencí!­lo ou persuadi-Io.

• Estabelecer a neutralidade do pesquisadorcom rela~ao aos resultados finais, usando perguntas balanceadas.

• Dar a conhecer formas específicas em que o agricultor e a comunidade podem ser beneficiados pelos resultados gerados pelo en,aio.

• Usar métodos visuais simples para delinear compara~Oes entre amostras dos elementos que serao inclufdos no ensaio.

• Verificar a compreensao do agricultor e eliminar qualquer mal entendido ou falsas expectativas.

• Esclarecer as responsabilidades e a9óes mútuas dos agricultores e dos pesquisadores na reali~¡¡o do ensuio, incluindo visitas futuras.

É conveniente planejar com tempo estes pontos, representundo-os em um fluxograma no qual pode referir-se o pesquisador durante a explica~o do ensaio proposto ao agricultor, para assegurar-se de que os aspectos relevantes sejam tratados. Na Figura 6 apresenta-se como exemplo um fluxograma que pode servir de guia aos pesquisadores para explicar

aos agricultores um ensaio cuja avalia,ao espera-se que eles participem.

Sele~ao do local para o ensaio

Seja que o agricultor tenha a oportunidade de eleger o local do ensaio, ou que o fa,a o pesquisador, é essencial que este último explique ao agricultor quais sao as características desejadas para o local, em reJa\iao aos objeti vos do ensaio. Com frequencia os pesquisadores em propriedades agrícolas encontram agricultores que aceitam colocar a sua disposi~¡¡o terrenos para ensaios, e logo destinam para eles locais que nao sao ideais, atípicos em rela\i110 aqueles em que a cultura em teste é usualmente plantada pelos agricultores locais. Esta seria urna evidencia de que os agricultores nao entenderam os propósitos do ensaío e de que nao tem nenhum interesse em seus resultados. Para obter bons resultados em qualquer tipo de avalia~¡¡o com agricultores, o pesquisador deve comunicar ao agricultor de que maneira os resultados esperados proporcionariío informa~iío da qual poderia beneficiar-se o agricultor e como estes benefícios dependerao da sele~¡¡o adequada do local do ensaio.

Muitos testes em propriedades agrícolas, nas que se planejam avalia,oes com agricultores, serao beneficiadas selecionando um local dentro do lote onde o agricultor realmente planeja plantar a cultura em teste por sua própria canta (testemunha). O processo de avalia~iio deve incluir urna discussao com o agricultor sobre porque ele considera que determinada parcela é adequada para o lipo de ensaio que está sendo proposto.

Distribui~ao de tratamentos nas direrentes parcelas com os agricultores

Urna vez que o local do ensaio tenha sido selecionado, o pesquísador e o agricultor podem, conjuntamente, colocar estacas para marcar as parcelas individuais. Incluir uo agricultor no procedimento para distribuir os tralamentos é importante porque com ele orienta-se a localiza~¡¡o

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de cada tmtamento desde o princípio. Isto é essencial, porque o agricultor deve poder avaliar as diferen~as entre tratamentos independentemente dos pesquisadores, enquanto observa o desenvolvimento do ensaio. O agricultor pode tomar parte na distribui~ao dos tratamentos ao acaso, utilizado pedacinnos de papel numerados para cada tratamento e colocando-os em um recipiente. No caso de agricultores analfabetos pode-se usar símbolos pitoresco, ou objetos diferentes, no lugar de números, para representar os tratamentos (Figura 7).

A explicayao (Figura 7) ao agricultor sobre a distribui\=ao ao acaso, poderia ser feita assim:

Pesquisador:

Agora, o senhor pode ver seu lote onde vamos plantar o experimento; em cada urna destas parcelas pequena~ demarcadas com corda, vamos a plantar urna variedade diferente (ou fertilizantel combinR\'ao de insumos, etc.). O senhor acredita que o solo na área do experimento seja todo igual?

... Nao podemos afirmar e nao podemos designar, a propósito, um local melhor a urna variedade que a outrns; entao vamos fazer um sorteio ...

Observe os sacos de semente e de fertilizante colocados aqui em fila. Cada um tem um número diferente (Ol! um símbolo). Agora, cada um destes mesmos números estao escritos em um peda~o de papel os quai, colocamos no seu chapéu. Bom, come\=emos por esta parcela. O senhor tirá um número do chapéu, e qualquer que seja, será o número do saco de semente que plantaremos aqui.

... Tirou o número 9, vejamos. Este saco de sementes e este de fertilizante também tem o número 9. Assim que plantaren¡os nesta parcela.

Agora, vamos a seguinte parcela e o sennor sorteia oUlro número.

... Continuemos fazendo o mesmo, até que cada um dos sacos tenha sido colocado na parcela onde será plantado a respectiva semente. Desta

Figura 7. Tomar parte na distribui~¡¡o dos tratamentos ajuda o agricultor a localizá-los e a avaliá-Ios independentemente do pesquisador.

forma, cada variedade e cada fertilizante terao a mesma o~¡¡o de ficar cm uma parte do solo boa ou má, sem que estejamos dando deliberadamente melhor oportunidade a uma variedade sobre as outras ...

Com agricultores anafalbetos pode-se desenhar um croqui que mostre os limites do terreno e a locali~ao dos trata mentas no ensaío. Pode-se deíxar ao agricultor uma cópia destes planos.

Em todo caso devem-se colocar marcas (tais como estacas marcadas) nos lugares apropriados do

ensaio, para que o agricultor possa localizar os diferentes tratamentos.

Um teste útil para saber que tao bom observador tem sido o agricultor, consiste em ver se durante uma visita com o pesquisador ao cultivo no campo, o agricultor guia o pesquisador pelo ensaío. Se o agricultor pode aponlar onde estao os tratamentos, sem a orienta<;ao do pesquisador, isto dernonstra que tem sido um bom observador e pode-se esperar dele urna avalia<;áo eficaz. Quanto menos oriente-se o agricultor dentro do ensaio, menos confiáveis ¡enderao a ser os resultados da avalía<;ao.

Capítulo VIII

A entrevista de avalia~ao

A entrevista de avalia~íio que se discute nesta se~¡¡o pode ser utilizada para estabelecer, com agricultores. o potencial de qualquer quantidade de tecnologias diferentes. O contexto amplo é aquele 00 qual o agricultor avalía um eosaio em propriedades agrícolas ou um leste de tecnologia na esta~¡¡o experimental, e as entrevistas podem ser realizadas durante o desenvolvimento do cultivo no campo, ou depois da col he ita.

Alternativamente, o agricultor pode ser entrevistado sobre a prática ou o uso de uma p~a de maquinário que, por exemplo, aplique-se no momento da prepara~¡¡o do terreno, do plantio ou da capina. Qualquer que seja a situ~¡¡o específica, no momento que se fa~ a avalia~¡¡o, o agricultor já deve ter algum grau de farniliaridade com o manejo da inov~¡¡o proposta e compreensao dos objetivos do pesquisador na busca das opinióes dos agricultores.

Planejamento da entrevista de avalia~áo

Esclarecimento de expectativas

É essencial planejar a entrevista de avalial,'ao de tal mane ira que se e.~tabele~ um claro entendimento mutuo sobre as responsabilidades e expectativas. A inform~¡¡o sobre as prefer8ncías do agricultor está particularmente sujeita a tendencias ou a distor~Oes, introduzidas por inumeras inibi\,óes sociais a comunica~¡¡o sincera que se discutiram previamente. O agricultor pode sentir receio em criticar ou recusar alternativas diame do pesquísador porque acredita que, como resultado, o pesquisador deixará de fazer ensaios em sua propriedade. Todavia, no caso de que os benefícios materiais que obtenha por sua particip~¡¡o cm ensaios em propriedades agrícolas sejam poucos, pode temer a perda de status frente a

outros colegas se OS pesquisadores suspendem a colabora~¡¡o. Por esta razíio, é particularmente importante esclarecer as expectativas com o agricultor antes de solicitar e consignar suas opinióes na entrevista. O agricutor oecessita entender como se utilizará a infonn~iio sobre suas opinióes e como ela pode afetar futuras pesquisas com sua colabora~¡¡o.

Um primeiro passo, essencial para desenvolver o modelo de entrevista de avali~¡¡o, é fazer um esb~ sobre:

• Como será resumido, com o agricultor, o propósito da avalia~¡¡o.

• Urna explica~1io simples de como será usada a informa~iio.

• Que atividades futuras com agricultores locros podem ter lugar (no caso de ser necessário).

o que necessita saber o agricultor

O segundo passo no planejamento de entrevistas de avalia~¡¡o é considerar o que o agricultor necessita saber a respeilo da nova tecnologia para pode-la avaliar (Figura 8). ISlo ajudará a estabelecer o número de entrevistas necessárias com um determinado agricultor ou com um grupo de agricultores, e o momento da(s) entrevísta(s) com respeito as diferentes etapas do ensaio ou teste de tecnologia. Por exemplo, se as mudan~as nas práticas de manejo sao uma característica importante da nova tecnologia, pode ser importante fazer urna entrevista de avalía~¡¡o no momento em que o agricultor esteja melhor disposto a observar seus efeitos sobre os requerimentos de trabalho. Se a qualidade para o armazenarnento e o consumo de novas variedades tendem a inOuir nas opinioes do

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Figura 8. Os agricultores necessitam alguma famíliaridade com o manejo da inova<,;í'io proposta.

agricultor para aceitar as tecnologias, entao as entrevistas devem ser planejadas prevendo que esta avalia<,¡iies sejam feitas. Em uma avalia<,;iio no momento da colheita o pesquisador deve ter em conta se a informa\iao sobre as diferen\iRs de pre\(os nos insumos ou no produto é importante, e buscar robrir esta informa\iÍÍo na entrevista de avalialiao, em termos compreensíveis para o agricultor.

É essencial o uso de termos, conceitos e medidas agrícolas locais. Os pesquisadores devem por exemplo, estar preparados para medir e discutir o rendimento em unidades de medida regularmente empregadas pelos agricultores. Se o agricultor avalía o rendimento em termos de retorno a semente utilizada (quantidade colhida por unidade de semente utilizada), entlio a entrevista de avalia<,;ao deverá incorporar este conceito. Igualmente, os requerimentos de fertilizante podem-se interpretar em {un\iao da quantidade de semente utilizada e nao em propor\(iio il área plantada. Em qualquer caso, a Iinguagem técnica inibe a comunica<,;iio com os

so

agricultores, e o pesquisador necessita formar um glossário de termos agrícolas locais e u&á-Ios quando fa\iR avalia<,;óes com agricultores.

Uma razao importante para farer avalia\ióes eom agricultores é descobrir se os critérios que eles aplicam diferem significativamente daquele utilizados pelos pesquisadores. Através desses critérios os agricultores devem poder expor coneeitos n¡¡o previstos pelo pesquisador e dar explica~óes sobre eles. Estes conceitos e suas análises constituem a contribui"iio mais importante que urna avaliayao com agricutores pode dar a um programa de pesquisa.

Com o propósito de registrar rea<,;iies espont!!neas e nao previstas dos agricultores dianle da nova tecnología, e com isto lograr avalia¡¡iies eficazes, os pesquisadores necessitam uma forma flexível de entrevista. Esta pode ser preparada de maneíra rápida, ern tomo a urna sequ8ncia de técnicas:

\

• o uso inicial da avalia"Uo aberta pura captar os comentários espontáneos

• A prepara,uo de urna lista ou glossário de critérios do agricultor, buscando-se nos resultados da avalia,ao aberta

• O uso de técnicas para obter as preferencias

• O emprego de perguntas diretas, para explorar aspectos de interesse específico para os pesquisadores.

A valia"iio aberta

A avalía"iío aberta é um método para captar e registrar as reUl;5es espontáneas dos agricultores a tecnologia, sem usar perguntas diretas.

A avalia"ao aberta é um primeiro passo em dirCl;lío ao desenvolvimento de uma forma de entrevista de avalia,ao mais estruturada. Por isto, primeiro se faz algumas entrevistas de avalia,uo, para permitir aos pesquisadores 'testar as águas' ou fazer uma avalia,ao inicial dos critérios que os agricultores tendem a usar quando avaliam tecnologia. As entrevistas posteriores baseium-se nos resultados das avalía"oes abertas iniciais, e incorporam outros critérios do agricultor identificados com ela.,. Ainda assim, a avulia~¡¡o aberta é uma técnica que também pode ser utilizada para estabelecer um clima de confian,a que anteceda 11 entrevista estruturada. Uma regnt útil é a seguinte: quanto mais se depende da memória (ou lembran,u) do agricultor, tanto muis importante é o uso da avalia~¡¡o aberta e a técnica de perguntas abertas discutidas anteriormente, para estimular ao agricultor a formular e expressar idéias e explica,ocs sobre sun avalia,ao.

A avalia,üo aberta reune resposLUs do agricultor a pergunta: "Que opina deste tratamento, por exemplo: distáncia de plantio, associa,ao de cultivos, variedades, etc ... " O objetivo da avalia,üo aberta é captar os comentários espontaneos do agricultor e analizá-Ios como indicadores do que ele ve como características. mais importantes da tecnología (Tabda 12).

Geralmente, o agricultor que tenha seguido e observado atentamente um ensaio de teste de vária~ alternativas distinguirá dois ou tres tralamentos, enguanto difícilmente faz comentáríos sobre os trutamentos restantes, ou os omite completamente. Toda a informa~lio do agricultor é importante, e o valor da avalia9lio aberta consiste em permítír que QCorra todo tipo de discrimina90es e questíonumentos, e que eles sejam registrados pelos pesquisadores.

Antes de come~ar as avalia<;5es com agricultores, o pesquisador, buscado em seu conheeimento prévio, deve fazer uma lisIa do que ele pensa e o que seria importante para os agricultores. Esta lista pode incluir, por exemplo:

• Tmbalho para o plantio • Manejo da capina • Data da colheita • Comercializa~ao de uma nova variedade

Os pesquisadores devem estar familiarizados com esta informa~¡¡o, e a lista pode ajudá-los a discriminar, escutar e consignar os comentáríos previstos ou nlio. Os critérios esperados podem ir na folha de avalia,ao aberta e podem ser usados posteriormente para a codífica<;ao, como se ilustra no exemplo de modelo de entrevista para a avalia\,íío aberta da página 55.

Embora o pesquisador deseje fazer perguntas específicas ao agricultor sobre eertos aspectos da tecnología, é melhor fazer isto depois de ter dado ao agricultor a oportunidade de comentar livremente sobre qualquer coisa que seja de interesse, sem que seja influenciado por nenhuma idéia ou coneeito do pesquisador.

Se a equipe de campo está disponível, é conveniente que haja dois entrevistadores nas avalia~oes abertas iniciais, para que um deles possa concentrar-se na formula,ao de perguntas ubertas e de sondagem para as explica,oes. interagindo com o agricultor. cnquanto o outro entrevistador concentra­se no registro dos comentários do agricultor. Um gravador pequeno, que nao interfira, é uma alternativa útil quando issp nao é possível.

51

Tabela 12. Técnicas do entrevistador para estimular as idéias do agricultor nas avalia~Oes abertas

1, Pergunte Que pensa o senhor de ... (este tralamcnto, sish:ma de plantio, varieuadc. CH.',).

Logo avcriguc com:

"Podcria explicar-me is:,o']" '<Contc~me mais a rcspcito dbto'!" "Poderia dar~me um excmplor' "[sto é urna vantagc:m ou uma dcsvantagcm para o scnhor'!"

2. Pergun!e sobre o significado

Agricultor: Entrevistador:

"Esta varicdauc dificulta a capina," "O que 4ucr dizcr L:om 'dil1culta'?H

3. P~rgunte sobre valores e scntimcntos

Agricultor: Entrevistador:

"Estu mancira dc plantar ;,crá mais demorada." "Como se scntc a este rcspcilo'!"

4. Pergunte por scmelhan~as e difcrcn~as

Entrevistador: "'Podcrhl agrupar algumas destas? Como podcríam ser dassifkadas? "Por que coloca estas cm UIH grupo e cssa!-. cm nutro'!'"

5. Pergun!. pelo significado das difcrel1~as

Agricultor: Entrevistador:

"Gosto dcstu planta purque está hcm cheia e 1em hastante folhas." "Jsto o que qucr dilcr? Por que O ve imporlanlc? Poderla nao se-lo? "Quaml0 e por que'!"

6. Questlone as contradi~¡;es

Entrevistador: "0 senhur mcnl'iollou que css.a planta lhe parcda cheia de folhas e que isto era uma vólnlagcm -- mas agora díz sonrc esta (.utra plantu. que é demasiado alta porque {cm muitas folhas: poderia explicar-me ¡sto?"

7. Use o enfoque 'ingenuo'

Enlrevistador:

8. Descnhe ou redeseile

Entrevistador:

51

"Nunca haviu tmbalhado aqui; por que haveria cu de querer plantar ll...¡,sim? Por que naü? Que () scnhor diria se cstivcsse ensinando es la tccnologia:~

"lmugine que () scnhor puuessc fazcr (ou descnhar) sua rr6pría e mais dcscjada (planta. fertilizante, arado, clC.)~ nüo se preocupe se ¡sto "nO é po!>osível ... s(}mentc

use sua imagina,'uo e diga-me comu seria'!"

"Se (] scnhor podc~sc modifit.·ar ¡sto cm 4ua1quer forma que quizcssc, o que modificaria? . , . O que dejaria ¡gua}'!

,

É recomendável que as duas ou tres primeiras avalia~Oes abenas. que se utilizarao para desenhar entrevistas futuras. sejam feitas com agricultores que tenham maíor facilidade de expressao entre os que participem nas avalia'iiOes. e que tenham menos reservas para expressar opiniOes sinceras e interrogar a equipe de trabalho sobre o ensaio.

Na avaliaS'iio aberta é muito importante registrar os comentários do agricultor o mais exato possível e em suas proprias palavras. As interpreta~Oes ou notas explicativas do entrevistador podem ser registradas em paréntesis. Na página 55 apresenta-se um exemplo do modelo com notas explicativas que se tomaram na avalia9iio direta de um ensaio de variedade de mandioca. real izado com pequcnos agricultores na Colombia, América do Su!'

Na parte inferior do modelo de entrevista na página 55 aparece m os critérios originalmente listados pelos pcsquisadores. Os espa<;os em branco sao para acrescentar, no momento de codificar a entrevista, critérios nao previstos que se obtenham do agricultor. Assim. no exemplo da página 55. o agricultor mencionou o conteúdo de amido (ex.: comentou que era bom), a altunl de planta (o porte baixo é uma característica positiva segundo ele) e a altura das ramifica<;óes (a ramifica~ao baixu parece­Ihe uma característica negativa); estes critérios haviam sido previstos pelos pesquisadores na sua lista. Entretanto. o agricultor observou também que a cor cremosa da casca e da pulpa da mandioca poderiam ocasionar pre<;o baixo no mercado e que a disposir;:¡¡o das raízes em rela<;ao com o talo poderíam fazer que elas se quebrassem e se deteriorassem rapidamente depois da colheita. em comparar;:¡¡o com variedades com uma rela,uo diferente entre o talo e a raíz. Ambas características foram julgadas como negativas pelo agricultor. Os critérios nao previstos pelo pesquisador foram adicionados a listagem durante a codifiea,iio da entrevista.

Desta forma. depoi, de que as du", ou tres avalia~óes inieiai, sejam completadas e codificadas,

tem-se como resultado uma listagem dos critérios que poderiam ser mene ionados com maior frequéncia. A lista pode ser anexada as folhas de avalia,ao aberta, enquanto os critérios, nao previstos pelos pesquisadores, poderiío ser anotandos nos espa,os em braneo.

Pode-se realizar uma análise do conleúdo das avaliar;:óes abertas tabulando o número de vezes que cada critério é mencionado espontaneamente pelos agricultores. Um exemplo dos resultados que podem ser obtidos com a análise do conteúdo é o que se apresenta no Quadro l. A tabula,iío de frequencias nas avalia,oes de variedades de mandioca pelos agricultores no exemplo anterior dá um peso a cada um dos critérios. mostrando a importancia relativa de cada um deles para os agricultores que avalíam a tecnologia. Alguns critérios do pesquisador. mostrados no exemplo da página 55. demonstraram nao ter importilncia nas resposlas do agricultor, enquanto que outros eritérios adquiridos dele demonstraram ser muito importantes.

A avalia"ao aberta é mais útil como ferramenta exploratória. quando nao se conheeem bem os crÍlérios do agricultor. Ela permite verificar os critérios de avaliu9ao recopilados pelo pesquisador e e.,tabelece que estes possam ser colocados em termos familiares para os agricultores, ao usar o vocabulário agrícola local. A análise do conteúdo proporciona uma espécie de fotografia das característica da tecnologia que escolhem os agricultores nos seus comentários e de outras características que sao relativamente menos significativas para eles.

Este enfoque é particularmente útil quando os pesquisadores desejam explorar um número consíderável de alternativas com agricultores. sem obrigá-Ios ti escolher entre clas; isso ocorre geralmente porque a avaIia~ao é feita na etapa preliminar da pesquisa.

53

Exemplo: uso do modelo de entrevista para a avalia\iio aberta.

AVALIAC;:ÁO ABERTA DE VARIEDADES DE MANDIOCA

ldentifica~¡¡o

da Variedade, ~.

Agricultor

ComentlÍrios do agricultor

Códigos para comentlÍrios:

Critérios Aspectos positivos Aspectos negativos -~ .. -.-_ .. _.~-_._._.--~-1-(a) Rendimento i (b) Altura da planta J (e) Altura da ramifica9uo

(d) Resistencia (pragas, e doen~as) i

(e) Período(,) de colheita I i (f) A,pecto da raíz ,

i (g) Podridiio da raíz i ~

I I

: (h) Conteúdo de amído i I , I (1) I i

: (j) ,

I

¡(k) i

I (1) i

54

Exemplo: uso do modelo de entrevista para a avalia,ao aberta.

A V ALIA<;AO AnERTA DE VARIEDADES DE MANDIOCA

Identifica"Uo <:;-1186 da Variedad e Agricultor Lu',;; 15 E.'ANCOURT

Comcntários do agricultor

"TEM 0A$íANíE AMIDO\ "NA-O ~-:'íA AG:.LJA)A'·, "ti,=>1"t:;.SE..c.A",'¿ fARltiH~NTA"/A.CI\'!>CA ~e¡;(I\NC4'~

"PVL?A """MOSA", ~ UN\~ 1>¡;SVA¡.J1'"AGEM PORQuE A cAscA, ROSA)'" CQtI",,,.;;ú¡: M'UJO" P<?"'<yD No

"'''ilcA]>O.

",,,,rA f'LAN-rA -rEM r.LT¡)RA "NI":PIA".

"GasTO l>s SíA POf<'Q vE.. A'$ '?LAMTA~ Mvrro Al. TA'5 SAO lll+= {ca: 1-:;' PE COJ..HER, MAs RA IlAll=ICA M\JlíO

e"'l)(o. I'?ro D'FICULTA "CAP'NA ". "'TE:l<A qUE PLANTAR "'Al':> :;SEPARADO, P"'1ó!A ""A CIL''-'"'' A cAP/NA.

ASS/M A l'i?ODv,AO ';"I1A 11.\"1'5 i>AlxA. ¡;,.sTA re"" UM BOM NÚMERO H: ¡;>A,'ZI<S -O ~¡;:N1>I .. H;N'O SlEJ<~ Sen"", É D\:¡::',ClL 1'ARA COLI!E:l( \I"5A "'S k'AíZE<5 Q\l"'Bl?A.1>AS

0-":. ___ "heO c;.Q .. -ro: (c""",,,, Pr;~"'? /'lo ARMAZóN""''' )('-0 }>I;\/'»O A Q¡JIi A RAíz

APollR.,= Q0A.vvo " FIiCR'llA 1'10 C-OLtlE'R)

"N'AO 1'lI\NíAl?EI 1<",,-1\ '1I1R, "]> I",&: 1'6: NOVO, 1"0pqvl;: O R&,¡'¡DI "'!!;NTO

I s¡;:t<A Y,I\IXO '" ¡'¡~VSRÁ 1"=/\ S NA cOLt+.IT!\"

Códigos para comentários:

Critérios Aspedos positivos Aspectos nego!vos _~ (a) Rendimento

I (b) Altura da planta No ¡;-PI",

(e) Altura da ramific~¡¡o ¡;;, 1"/0, - P r¡::,cUl"f¡>' A c .... ~'NA

(d) Resistencia (pragas. e doen~as)

(e) Período(s) de colheita

I (1) Aspecto da raíz

I (g) Podridao da raíz I

I (h) Conteúdo de amido "'!>E'cI\, ~"'12,r.,)""NTA

I (i) Cor da epiderme "e>l?"f'lcA

I (j) Cor da pulpa CI<¡;MosA i

(k) Posi\,ao da raíz no talo SIi'''"I P¡;P0Ncvtó - 1".",>,1>1\ lIo T"Lo

I I (1) Quantidade de raízes A"jOcJA1¡A COMAlTO I<f'NYIM'N'O

I I Evulía.,ao geral NAO G.o,,~o, !:>AI"A 1i?I\M'fICI\~í\d (1:?¡;NC>\NENTo) !

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Quadro l. Análise do conteúdo das avalia¡¡oes abertas com agricultores de variedades de mandioca. Dez avalía"oes por quinze agricultores.

Critérios do agricultor

Conteúdo de amido (qualiáaáe para o processamento) Rendimento (qualidade de raízes) Qualidade para o mercado fresco' Tempo de colheita (precocidade)' Qualidade da semente' Arquitetura da planta (folhagem)' Altura da planta Facilidade para arrancar a I"díz Características da inse~¡¡o das mires' Ramifi~o' Resistencias As praga.~

Pocentagem baseada em 150 (10 Ilgnculturc:-. x 15 variedades).

Frequencia mencionada'

N

150 135 130 100 87 74 74 59 52 40 15

%

100 90 86 66 58 49 49 39 34 26 10

Raíus de tamanho médio. casCá escura, ep1üermc fOl"ada. pulpa br.mea. pulpa preferida seca (nao aqlIDsa).

J, Tamanho das raízes. presen~ de folhas jovcns, que indica imaturidade. .. O material de boa qualídade tem entrenós curtos, estacas cum medula braoca, nao negrd, A qualidadc deficiente está indicada por

poucos entreoos bastante cs¡w;ados e taln."i cngros.~dos. s A folhagem abundante nuo é dcscjadil.

Prerere-se rnfzes ,"'Om pedúnculos curtos. R<lízcs!-;Cm pt.xlúnculns relacionam-sc ~ .. om pcrdas no armazcnamcnto. Pedúnculos longos relacionam-se com baíxn rcndimento.

1 Tipo de rarnHic~ao baixa nao é aprcdado (dificuha a c<lpina); ramifica'iun alta dificulta a culhdta.

Como estimular a expressiío de preferencias nas avali~iíes com agricultores

Como resultado de urna boa avalia;¡:1io corn agricultores, deseja-se obter urna imagem clara das preferencias que eles tem por urna tratamento ou tecnologia frente a oulra, e das razóes ou critérios que usarn para concilíar tuis preferencias.

Quando se identificam critérios do agricultor para fins de avaliayao, é necessário distinguir entre os descrítores e os critérios de decisiío.

Os descritores sao fmses como: esta variedad e é cheia de folhas, aberta, ou alta; este adubo cria torróes ou é poeirento; esta distftncia

56

de plantio dificulta o movimento no ensaio. Com frequenciu, muitas das observa;¡:óes feitas pelos agricultores nos ensaios sao descritores,

Os critérios relevantes para a pesquisa sao aqueles que os agricultores lomam em conta quando estabelecern suas preferencias entre os tratamentos de um ensaio; é o caso daqueles critérios definitivos para decidir se urna certa tecnologia será aceita ou recusada. Por exemplo, urna determinada variedade de milho é alta e sombreia o cultivo associado, e por isso nao é aceita; a altura neste caso é um critério decisório. Conseguír que o agricultor expresse suas preferencias ajuda a identificar seu s critérios de decisao.

Existem tres enfoques blÍsicos pam estabelecer preferencias na avalia\,ao com agricultores:

• Avalia,ao absoluta: cada alternativa é julgada segundo seus méritos; a cada urna se atribue uma preferencia (aceita<;ao ou recusa) ou urna pontua,ao.

• Ordenamento entre várias alternativas, desde a que mais agrada a que menos agmda.

• Compara~ao por pares: cada op.,ao tecnológica é considerada melhor ou piar ao compará-Ia com um tratamento básico, tal como a própría tecnología do agricultor, ou ao compará-Ia com todas as demais em conjunto.

Estes enfoques podem ser combinados em urna entrevista de avalia<;ao. A conveniencia de qualquer enfoque individual para obter resultados válidos quanto as preferencias dos agricultores, é variável.

Avalia~ao absoluta

Um aspecto que se deve ter em conta para decidir que enfoque utilizar é o número de alternativas para avaHar com o agricultor. Em urna etapa inícial do programa de pesquisa em propriedades agrícolas, devem ser feitas as avalia~Oes com agricultores para um espectro amplo de alternativas, de tal maneira que os critérios de aceita<;lío do agricultor sejam bem integntdos dentro do processo de sele~ao das op~Oes desejadas. Em alguns ensaios em propriedades agrícolas, tais como os de variedades ou de fertilizantes, pode·se comparar um número relativamente grande de alternativas. Em tais casos, a avaliul'ao absoluta, ou seja, aquela na qual o agricultor manifesta sua posi~¡¡o de agmdo ou desagrado sobre cada tratamento, segundo seus próprios méritos, é com frequencia o mdhor enfoque. devido a duas mzOes:

Prime ira: a aval¡a~¡¡o de ensaios cam numerosas alternativas lende a ser exploratória, objetivo que os agricultores podem apreciar, já que frequentemente, nas etapas iniciáiS de seu con talo com uma nova

tecnologia, eles nao estum díspostos a escolher 'a melhor op.,1ío'. Isto ocorre, em parte, porque os agricultores, igual aos pesquisadores, nao querem comprometer-se sobre a base de um experimento; eles desejam estar seguros de que os resultados observdos em um ensaio possam ser repetidos em diferentes circunstáncias. Desta forma, com frequencia, querem selecionar várias op.,Oes promissonls para futuros testes. Isto é exatamente o que a avalia~ao absoluta permite razer.

Segunda: a propriedade agrícola. como pequena empresa, tem vários objetivos diferentes que o agricultor necessita manter em mente. Por tal motivo, os agricultores estao, em geral, buscando diferentes oNOes em rela"üo a seus objeti vos. Eles pode m encontrar duas ou tres alternativas atrativas porque satisfazem determinadas necessidades ou porque apresentam certas vantagens. Em realidade, com a avalia"iio absoluta, os agricultores podem escolher as op.,Oes que eles considerem que melhor se adaptem com os diferentes objetivos de sua propriedade.

Ponanto, a avalia"ao absoluta é mais apropriada para o tmbalho explomtório, quando o pesquisador e o agricu Ilor enfrentam a um número considerável de alternalivas, alguma, das quais devem ser descartadas para simplificar a quantidade de tratamentos que vao incluir em futuros ensaios em propriedades agrícolas. Ao início, é importante esclarecer este objetivo ao agricultor. pois ele pode estar indeciso em expressar. em forma categórica, seu gosto ou dasagrado por um determinado trutamento. A avalia~ilo absoluta pode ser come"ada com uma introdu~1ío por parte do entrevistador, como a que se apresenta no exemplo da página 58.

No trabalho exploratório, a avalja~ao absoluta é frequentemente urna avalia~iio 'negativa', na qual o pesquisador tende a estar mais interessado em identificar os critérios para a recusa de alternativas por parte do agricultor. Por esta razao, é muito importante esclarecer com o agricultor a neutralidade do pesquisador e sua receptividade frente a crítica honesta.

Depois de que o agricultor tenha feíto seus comentários sobre um determinado tratamento e de

57

Exemplo

Introdu~iío de urna avalia¡;ao absoluta

Plantamos aqui doze variedades diferentes, para ver que tao bem ou tao mal comportam-se nas propriedades agrícolas dos agricultores nesta regiao. Cada urna pode ter algumas característica que Ihes agradam e outros que nao Ihes agradem, e neccssitaremos que nos digam para poder escolher a mais promissora e testá-Ias novamente, no próximo cultivo_

Teremos que descartar algamas, tul vez a maioria dclas, porque é muito complicado trabalhar com tantas variedades diferentes. Desejamos que os sennores nOs ajudem a decidir de quais variedades devemos reservar sementes para plantá-Ias novamente. Isto é muito importante porque, desta forma, podemos assegurar-nos de que as variedades que vollemos a testar com os agricultores nesta regiao sejam as que os senhores gostarao e encontrarao muis úteis.

Por suposto, pode acorrer que nenhuma destas novas variedades seja melhor que as variedades locais, e seria importante emendermos por que; dessa maneira, em uma próxima oeasiilo poderemos ter uma melhor idéia do que seria conveniente para agricultores como Os seo llores, Entilo, vejamos uma por urna, e gostaríamos

que estes comentários sejam discutidos, utravés do uso de perguntas abertas e de sondagem, e ¡amhém registrados. o entrevistador pode pedir-Ihe para que fa~a um resumo, mediante perguntas como:

Acredita que vale a pena plantar de novo esta variedade, no próximo ciclo produtivo?

Continuamos testando-a?

Retiramos esta do prÓximo eosaio?

Pode-se tabular o número de vezes que os agricultores expressam em forma individual, o que Ihes 'agrada' ou o que 'nao Ihes agrada' eom rela,fio a.~ perguntas anteriores. Se, como é frequeme no caso de tecnologias que eles observam por primeira vez, os agricultores preferem "esperar para ver" cm lugar de qualificar categoricamellte cada nova 0Nao, pode-se, em troca. utilizar uma escala. Cada op,fío pode-se julgar segundo seus próprios méritos como

58

boa, indiferente ou má, por exemplo. Também pode-se atribuir de a I a 5 eslrelas ou outro símbolo culturalmente apropriado para o ca.so. Podem ser atribuídos pomos (ex.: 3 = bom, 2 = indiferente; I = pobre), para propósitos de tabulrut1íes simples ou de allálises estatísticas nao pammétrica.

Em qualquer enfoque que se utilize, uma avalia~¡¡o aberta e",plomtória antes da qualifica,áo com o agricultor, é sempre útil para ajudar ao pesquisador a entender como e porque o agricultor qualitica uma determinada tecnologia.

A informa,ao que permite maior compreensao em uma avalia,uo absoluta nao se alean,a anotando os 'gostos' ou 'recusas' dos agricultores, mas sim conseguindo que eles falem de suas percep,,1íes sobre a tecnologia e manifestem seus critérios de aceila<riio, os quais podem ser aprovcitados para orientar pesquisas fuluras.

Ordenamento entre várias alternativas

Ordenar implica solicitar ao agricultor que coloque várias alternativas em uma ordem segundo suas preferencias, por ex.; primei"", segunda, terceira, etc. Esta técnica pode ser usada para obtcr tima ordem de preferencia global, depois da qual se solicita ao agricultor que explique os critérios nos quais se baseou sua orden~1io. A maioria das pessoas encontra esta técnica divertida, porque parece uma brincadeira. Com frequencia, exige muita concentra,ao de ambos 'jogadores' porque envolve ordenar e coordenar de cabe~a idéias que pode m parecer óbvias oa de intui,iío para o agricultor, e sobre as quais é interessante reflexionar e comentar. Para colocar em uma ordem de preferencia com bons resultados pam ambos 'jogadores'. o pesquisador necessita planejar com antecipw;iío: 1) a quantidade de elementos; 2) como ajudar ao agricultor a ordenar os elementos de uma forma concreta ou manipulável (ex.; colocando-os fisicamente em ordem).

Quantidade de elementos por ordenar

o ordenamento é feito com facilidade somente quando o número de alternativas que deve ordenar o agricultor é pequeno (ex.: nao mai, de seis). Todavía. a técnica nao requer necessariamente que o número total de alternativas possíveis de avalíar tenha que ser restrito. Por exemplo, uma entrevista de avalia~¡¡o de um ensaio que inclua 10 trutamentos diferentes, pode com~ar com uma avalia,iio absoluta para selecionar um subgrupo com os tres ou quatro (r¡¡tamentos mai, promissores do ponto de vista do agricullor, e continuar depoi, com a c1assifica,úo que t"noa este de tais alternativas em sua ordem de prefer~l1cia.

É igualmente importante em urna avalia~¡¡o entender porque certos tr¡¡lamemos sao recusados pelo agricullor. Este pode sdecion"r urn subgrupo de tres ou quatro trutamentos mellos promissores. e logo ordená-Ios de pior a melhor. Finalmeme. pode­se discutir O grupo intermediúrio (que nao gosta e nem desgosta). Os agricultores podem ordenar as

alternativas neste subgrupo, embora frequentemente é difícil para eles faze-Io. se as alternativas sao similares.

A melhor e a pior tecnología

Algumas vezes o ordenamento de diferentes tecnologias que avalia o agricultor, nao incluie um exemplo de 'o melhor' ou 'o pior'. Mesmo que o agricullor sinta-se indiferente sobre todas as alternativas pode ordená-Ias e isto pode dar a impressiío equivocada que o primeiro ordenamento é também 'o melhor'.

Por essa razao, é conveniente concluir o ordenamenlO por preferencias perguntando ao agricultor: "Como seria a variedade ideal (sistema de cultivo, densidade de plantio, etc.)'!" "Como seria por exemplo a variedade menos desejada?" "Como está o que viu aquí comparado com iss01" "Que ocorreria se voce pude"e (ou náo) irrigar neste momento')" Examinar os contrários (tipos de tecnologia, práticas culturais ou agricultura versus percuária, por exemplo) ajuda a obler os critérios chave do agricultor para definir 'o meloor' e 'o pior'.

Ajuda ao agricultor no ordenamento

Com frequencia, para classilicar seis alternativas diferentes, os agricultores neeessitam dispor visualmente de diferentes elementos; assim, no momel1lo da colheita pode m ser ordenados sacos do produto colhido; em avalia~oes de consumo podem­se ordenar pratos com produto para degusta~¡¡o. Podem ser atribuidos símbolos, cores ou nomes as diferentes alternativas para ajudar o agricultor a recordá-Ias ou diferenciá-Ias; isto é especialmente necessário quando as alternativas nao podem ser ordenadas fisicamente, como ocorre quando se faz a avalia~ao de trmamemos de uma cultura no campo. Em um ensaio pode-se colocar, com o agricultor. bundeira, de cores ou etiquetas cm cada trata mento durante a avalia~úo aberta prévia. Logo, ordenam-se as cores que represelllal11 os tralamentos (Figura 9). Ao contrárío de manipu lar físicamente as alternat¡va:.. ou os sírnbolo~ que as representao. Os

59

Figura 9. O uso de símbolos apropriados que representem os tratamentos em um ensaio, ajuda aos agricultores a orden á-los.

agricultores podem colocar pedrinhas ou valores a cada alternativa, para indicar a importancia ou o peso que dilo a cada urna. Em todo caso, é importante dar ao agricultor a oportunidade de c1assificar, ordenar e reordenar.

Como entender o raciocínio do agricultor

Urna técnica útil para entender o raciocínio do agricultor consiste em solicitar-lhe que "pense em voz alta enquanto ordena". Isso dá ao pesquisador idéias sobre o raciocfnio do agricultor e pistas para formular perguntas abertas para identificar os eritérios do agricultor para um ordenamento específico de preferencias.

A técnica de ordenamento entre alternativas necessita que se pratique com cuidado. É demasiado fácil apoiar-se muilo em um simples ato de atribuir um primeiro, segundo, terceiro lugar, etc., em um

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conjunto de coisas. com o risco de que o entrevistador possa estar for,ando o agricultor a um ordenamento simplificado dos tratamentos, que nao reflete seu complexo conjunto de critérios de decisao. Assim, por exemplo, um agricultor poderia selecionar urna alternativa como preferlvel para um conjunto de condi<;6es em um sistema de produs:iio, e simultaneamente que outra alternativa é igualmente desejável para um conjunto diferente de condi,6es. Em Qutras palavl"'d.~ quando um agricultor avalia urna nova tecnología, é bastante provável que (cnha em conta vários objetivos diferentes.

Por esta I"''¡zao, é muito importante pedir ao agricultor que explique as raziles do ordenamento que fez. Islo se faz combinando o ordenamento com perguntas abertas que permitam saber "Por que esta é melhor que aquela que colocou em posí .. ao inferior?" e "Por que a inferior nao é tao boa como aquela que colocou anlesT'

,

Em efeilo. o ordena mento como t~cnícu para

obter avalia<;5es com agricultores é tí!il. am"s de tudo como ferramema para conhecer "S explica,5es do agricultor sobre suas preferencias. Alguma.s caracterí:...ticax de uma varit!dade. oe: urna tééníciI dé manejo ou OUlm tecnología. podcm p¡¡recer tao óbvías para o agricultor que niío as menciona. O oroenamento das preferencias é um estímulo para que o agricultor pense profundamente e expressc

suas mnsidera,5es. o que pode ser importante de se mnl1ecer para o pesquisador.

Os crit¿rios do agricultor, obtidos de avalia,Oes abertas. pode m ser pré-codilícudas como .azOes para a preferéncia ou o descarte de alternativas, como é Ilustrado 110 exemplo abaixo. Neste exemplo, o pesquisador a,sinala a ordem de preferencia dada pe lo agrieu Itor e logo Ihe atribue números pré-

Exemplo

Modelo de entrevista para ordcnar tratamcntos na a\'alia~ao com um agricultor

A V ALlA<;:ÁO DO AGRICULTOR: ASSOCIA<;ÓES DE MIUIO!FEIJAO

Poderia dizer-mc se existe algum dos sistemas de plantío do c"saio que gostaria de testar novamente? Poderla dizer~1l1e qual gostou l11aj~, e quai vt,;m em seguida, e assim sucessivamente?

Tratamento Nome/Símbolo Ordem Raz5es (ver códígo)

Mílho-feijao arbustivoll rota~iio com batata

Mílho-feijiío Irepador! !relevo com cultivo de cebola

... _---

Milho-feijiío trepadorll terrenos cm pousio

Código:

(1) É possível colher ao n1eS1110 lempo o l11ílho e o feijao arbustivo e ussim plantar em seguida a balata em rola~iio.

(2) O milho é tardio e i"o dificlllla a capina do cultívo de cevada intercalado.

(3) O feijao trepador pode ser colhido cm diferentes época, para aproveí!ar os diferentes pre~os.

(4) O pousiollreslo do milho sUo necess,irios para o gado.

(5) O milho Mío é slliicíentemente fone para sustentar o kijüo trepador.

(6) Outros: especificar.

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codificados as diferentes razoes para o ordenamento. Isto simplifica grandemente o registro da avaliu<,ao.

Matriz de ordenamento

o pesquisador pode obter compreensiío adicional, em rela~ao ao critérios do agricu Itor, solicitando-Ihe que ordene vários tratamentos em reJa9ao a cl'itérios específicos previamente identificados. Esta técnica chamada matriz de ordenamento ou rede de preferencias aparece ilustrada no Quadro 2. Nesta ilustra;;:lio, o entrevistador solicitou ao agricultor que ordenasse as quatro variedades que mais gostou quanto a rendimento, hábito de cresci mento, resistencia a docn«as, comerciaJiza9ao (cor e tamanilo do grao) e qualidades para o consumo. O pesquisador come;;:a com a pergunta:

Qual das quatro variedades que escolheu é a melhor com rela,uo ao rendimento? Qual colocaria em segundo. terceiro e quarto lugar?"

o ordenamento repete-se com cada critério de interesse.

No exemplo no Quadro 2, a variedade que o agricultor colocou como primeira entre todas foi a classificada como muis alta em rela~üo no

rendimento, resistencia as doen<;as e qualidade para o consumo. A variedade colocada cm segundo lugar foi a c1assíficada como de rendimento maís bailto, todavia, como a mais alta em reJa<;ao a comercializa<;iio. A explica,lio do agricultor foi a seguinte "esta variedade (Perrito), é muito boa para o consumo; é muito dura (resistente as doe"9as) e rende bem. 'Radical', por outro lado, é mais fácil de vender, mas é muito complicada; tem que ter muito cuidado com o problema das doen<;as e seu rendimento é baixo". Nesle caso, o agricultor deu prioridade aos objetivos de consumo ao classíficar as variedades em ordem de preferencia e a matriz de ordenamento ajuda a esclarecer isto.

o Quadro 3 mostra um exemplo de matriz de ordenamento de variedades de arroz realizado separadamente com pesquisadores e com pequenos agricultores na India. Os resultados mostram a diferen«a entre a ordem de preferencia dos pesquisado res e agricultores quanto a variedade 'Rasi'. A utilidade da matriz de ordenamento depende do número de ítems e critérios de interesse para o pesquisador. Com urna matriz grande, o processo torna-se cansali vo e as respostas do agricultor podem lomar-se mecilnícas. O ordenamento por matriz é maís indicado quando os pesquisadores desejam obter informa~lío ex.ala sobre as rela~oes entre vários critérios diferentes e desejam ordenar somente urnas poucas alternativas.

Quadro 2. Exemplo de matriz de ordenamento de diferentes variedades em Urna avalia~¡¡() com um agricultor.

Variedades Critérios de feijao

Ordenamento Potenc ¡al de Hábito de Resistencia Mercado Qualídades para geral rendimelllo erescimento a.s doen,as Cor Tamanho de grao o consumo

Perrito 3 3 4

Radical 2 4 4 3 2

A-36 3 3 2 2 2 2 4

AND-336 4 2 4 4 3 3

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Quadro 3. Critérios e ordenamento para variedades de arroz com casca por 14 agricultores (4-10 'bigbas') na povoado de Nemaipur, Distrito de Bankura, 29 de abril de 1988.

Critérios

Rasi

Agricultor

l. Resistencia a pragas 2. Resistencia a seca I 3. Comprimento da palha para fazer telhados 4 4. Pre~o no mercado 4 5. Adapta,lio a solos leves 6. Qualidade para a alimenta~¡¡o 4 7. Adequada para o segundo semestre l 8. Recupera,ao depoís do tmnsplante 4

Pesquisadores

l. Tolerancia a águas profundas 5 2. Altura da planta 4 3. Porcentagem de recupera,ao no engenho 2 4. Disponibidade local de sementes 4 5. Rendimento por 'bighor' 4 6. Comprimento da panícula 4 7. Apropriado para altas doses de fertilizantes 3

No ordcnamenlO, I representa <l melhor varicd<ldc e 6 a pi(lr.

Ponle: eh.m"",. 1988.

Compara~ao por pares

Através da compara~iio por pares pode-se julgar cada alternativa como melhor ou pior que outra, ao mesmo tempo em que se assinalam as razOes para esse julgamento. Esta técnica pode tornar-se facilmente cansativll quando é comparado mais de seis ítens; portanto, é melhor asá-Ia depois de identificar um número reduzido de alternativas. Em um conjunto de alternativas múltiplas pode-se selecionar um número reduzido deJas, atrav¿s da avalia~ao absoluta feita previamente sobre lodo o conjunto. As alternativas podem ser aquelas identificadas pelo agricultor, ou os !ratamemos de particular interesse para o pesquisador.

Ordcnamellto de variedades segundo critérios'

IR-50 IR-36 Hiramoti Masuri Nagrasal

6 5 4 3 2 3 4 2 5 6 5 5 3 2 3 3 4 I 2 2 I 2 2 2 3 5

1 4 4 3 2

4 3 6 2 6 5 3 2 5 5 4 3 3 2 4 4 1 3 I 6 2 5 3 2 I I 3 S 2 5

A compara<¡ao por pares é feita com Ires ou qUiltro alternativas, da seguinte mane ira: todas as alternalivas comparam-se com cada urna das outras: A com B, A com C, A com D, B com C, B com D, e C com D. Esta técnica requer que os ílens que serio comparados sejam claramente diferenciáveis. Aos lratamentos de um ensaio pode-se atribuir, por exemplo, nomes simples ou pode-se empregar símbolos para cada lratamento e logo mostrá-Ios ao agricultor por pares.

A compara,ao parcial por pares toma alternadamente um trdlllmento, por exemplo, a tecnología empregada pelo agricultor. como base de compara,ao, e todos os demais tratamento, serao tliscutidm em rela,iío ti esta base.

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A desvantagem desta técnica é que, quando a base de compara~¡¡o é a tecnologia corren te do agricultor, o pesquisador introduz implicitamente na avalia,ao um aspecto de competi~ao entre as prática~ regulares do agricultor e as novas alternativas. Isto poderia tendenciar as respostas dos agricultores, tanto porque recusariam ter que criticar suas próprias prátícas, como porque neste caso sao demasiado cortczes ou respeitosos para criticar as alternativas do pesquisador. O exito da cornpara~¡¡o direta entre a nova tecnologia e a tecnologia do agricultor como técnica de avalia,ao depende, portanto, cm forma definitiva, de que os pesquisadores conven,am aos agricultores que sao neutros, tcm inten,ao rería de aprender e apreciam sinceramente as prátícas do agricullor. Uma forma mais conveniente de come,ar este tipo de compara,ao por pares é, portanto, usando coloca~&" como a' seguintes:

V ários agricultores, como o senhor, explicaram que seu sistema de plantío usual para mandioca, com as estacas inclinadas com um angulo em o declíve, tcm várias vantagens. Nesta parcela estamos testando um método diferente, plantamos as cstaca~ em pé; gostaria de aprender mais sobre as vantagens ou desvantagens deste dois métodos. O que O senhor pensa de plantar as estacas em pé cm compara~¡¡o com plantá-Ias inclinadas?"

Outro momento para usar a técnica de companl~ao por pares é quando um agricultor identifica mpidamente a melhor (ou a pior) alternativa entre os tralamentos de um ensaio. Neste caso, o pesquisador pode usar o tratamento identificado como base de compara~¡¡o com outros trutamentos de interesse.

Da mesma maneira que a ordem de preferencia, a compara,lío por pares pode tendenciar a informa'ilío sobre as preferéncias do agricultor, for,ando-o a expressar alguma preferencia. As diferentes alternativas podem ser igualmente atrativas e nenhuma melhor que outra. Oeste modo, na compara,ao por pares é essencial explorar as mzOes do agricultor e seus critérios de sele,lío de uma alternativa sobre outra. Niío é conveniente for~ar sele,Oes por pane do agricultor scm compreender, mediante o uso de perguntas abertas, qualquer dúvida ou dificuldade que ele possa ter ao julgar entre duas alternativas.

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A compara,ao por pares pode-se empregar para solicitar ao agricultor que ordene critérios. Esta técnica pode ser útil urna vez que se tenha identificado um conjunto relevante de critéríos de avaliu,ao e que o pesquisador esteja interessado em estabelecer o peso dos diferentes crítérios. O resultado é similar ao da tabula~¡¡o de frequencias derivadas da análise do conteúdo da avalia~1io aberta.

Tipologías para análise

As avalia,oes com agricultores pode m levar a resultados contradit6rios ou confusos quando se reune a informa,ao de várias entrevistas, porque diferentes agricultores tiveram distintos objetivos em mente quando fizeram o ordenamento. O Quadro 4 mostra um exemplo no qual se usam os resultados de nove avalia~Oes com agricultores as quais mostram que a variedade local foi preferida sobre todas as demais no conjunto. As variedades 'Pemto' e 'Radical' obtiveram pontu~ao total similares; todavia, fomm selecionadas pelos agricultores por razOes muito diferentes. Os agricultores que preferiram 'Perrito' ao invés de 'Radical' argumentaram que era boa para o consumo e requeria pouco trabalho; oS agricultores que deram a 'Perrito' uma pontua\(ao baixa disseram que em muito difícil pal"d a comercializa.ao.

Aa di vidír os agricultores em dois grupos, segundo as razOes dadas para o ordenamento de 'Perrito', observou-se um padrao muito diferente: o Grupo 1 disse que "Perrito é muito difícil de comercializar'; o Grupo 2 disse que "Perrito é boa para o consumo". Os agricultores orientados ao mercado (Grupo I no Quadro 5) classificaram a 'Radical' acima de 'Perrito' e da testemunha local. Os agricultores que deram prioridades aos objetivos de consumo (Grupo 2 no Quadro 5) classificaram a 'Perrito' como a melhor. Dividir os grupos de agricultores segundo as mzOes que dilo pard os diferentes ordenamenlos, pode portanto, ajudar a identifica,Uo de padrOes nao explicítos de preferencia.

Quadro 4. Ordenamento de cinco variedades de feijao, obtido de nove avalia\:ocs com agricultores.

Variedade Ordenamento individual por agricultor' Ponlua,ao IOlal Ordenamenlo global'

a b c d e f g h

Perrito 5 4 2 1 2 5 4 S 29 3

Radical 1 5 2 5 5 5 2 2 4 31 4 A-36 2 2 4 1 4 1 4 1 20 l

ZAA79 4 3 3 3 3 1 4 3 25 2 Testemunha local 3 4 5 4 2 4 3 5 2 32 5

• Ordenamento: .5 = melhor; 1 = pior.

Quadro S. Ordenamento desagregados de nove avalia~Oes com agricultores de variedades de feijao,

Grupo 1. Perrito é difícil de comercializar

Variedades Ordenamento individual por agricultor' Pontua~ao total Ordenamento global'

b d e f

Perrito 2 1 2 6 1 Radical 5 5 5 5 20 5 A-36 2 1 4 8 2 ZAA79 3 3 3 3 12 3 Testemunha local 4 4 2 4 14 4

Grupo 2. Perrito é bom para propósitos de consumo

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Capítulo IX

Avalia~oes em grupo

Vantagens da avalia~ao em grupo

A avalia~áo da tecnología com grupos de agricultores é apropriada quando os pesquísadores desejam 'testar as águas' e formar urna idéia rápida sobre as rea~iies dos agricultores díante de uma nova tecnologia,

Este tipo de avaHa"ao é, como norma, maís produtiva nas etapas exploratória da pesquisa. quando o investigador nao conhece bem os crítérios de aceit~ao dos agricultores. Também pode-se empregar pam avaHar um grande número de alternativas com agricultores. especialmente quando isso representa urna tarefa exaustíva e cansativa para urna única pessoa. Finalmente, as avalia~iies em grupo silo úleís para dar retroinforma~iio aos agricultores sobre os resultados de ensaios ou avalí~iies anteriores com a finalidade de obter sua interpre~¡¡o de tais resultados (Tabela 13),

Discussao em grupo

As avalia~iies em grupo podem ter várias fun~iies. Permitem aos pesquisadores a aprender sobre o intercambio de idéias entre agricultores e podem ajudar uos agricultores a superar suas inibi~iies para expressar idéias e críticas diante dos

Tabela 13. Quando utilizar a avalia~¡¡o em grupo

pesquisadores. Podem também estimular aos agricultores que expressem suas diferenl:as em opiniao. A discussilo em grupo é especialmente útil que se neee,sita especificar os conceilos e processos de tomada de decisiies dos agricultores com rela~¡¡o as diferentes características da tecnologia com o propósito de planejar avalia,iies futuras: quando, onde e com quem realizá-Ias.

A avalia~áo em grupo pode-se utilizar também como substituto de duas ou tres avalia,iies abertas individuais. quando os pesquisadores estiío com~ando a desenvolver o modelo de entrevista de avalia,iío, como foi mencionado anteriormente. Discutir e discordar dentro de um grupo pode ser particularmente proveitoso para ajudar aos pesquisadores a compreender quai, critérios de avalia,ao süo compartilhados pelos agricultores e quais crítérios podem refletir diferentes objeti vos ou recursos de produtores individuais (Tabela 14).

o pesquisador pode pedir ao grupo que explique porque as opiniiies sobre a utiidade de uma nova técnica ou insumo, diferem entre os membros do grupo. As explica"iies podem também surgir de maneira espontanea, por exemplo: quando um agricultor faz a outro comentários como: "Isso nilo é

1, Na pesquisa exploratória, quando as preferencias dos agricultores sao relativamente desconhecidas,

2, Para conhecer as rea<;iies dos agricultores diante de um número relativamente grande de alternativas, demasiado numerosas para ser avaliadas por urna única pessoa,

3, Como seguimento e na interpreta<;ao de resultados obtidos nas avalia<;iies individuas.

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Tabela14. Uso de avalía~Oes cm grupo para a pesquísa exploralÓria sobre preferencias dos agrícultores.

Os pesquisadores podem aprender sobre os coneeitos e proces"" de tomada de decisOes dos agricultores, observando sua interven~ao e escutando seu vocabulário e discussao. enquanto eles avaliam a nova tecnologia

Os pesquisadores podem desenvolver idéia,. com os agricultores. para planejarentrevistas de avalia~¡¡o: quando, ande e com quem realizar avalia90es fulums

Os pesquisadores podem alean,ar, cm curto prazo, as reac;5es dos agricultores a diferentes características da tecnologia. como ajuda para desenllar O modelo de entrevista de avaliao,ao

problema para o senhor, porque tem sua própria junta de bois para arar"; ou "O senllor sempre tem suficiente água para irrigac;ao ao principio do dia, mas eu algumas vezeS nao tenho sequer um pouco"; ou "O senhor pode estar interessado em capinar depois de que comecem as chuvas, mas eu quero eolher meu café nesse momento; entao, nao Ilaveria lempo".

Retroinforma~ao e interpretal;ao de resultados

Outra fun9lio importante das avaliaqOes de tecnologia cm grupo é dar a oportunidade para que os pesquisadores informem aos agricultores resultados tais como intervalo e médias de rendimentos, ganho, eusto e preferencias, obtidos dos ensaios conduzidos em uma regifío ou comunidade. Os agricultores individuais nao podem conhecer ou apreciar estes resultados a partir de um único ensaio em que tenham participado. As discussOes entre agricultores pode m ajudar a interpretar as varia90es nas preferencias obtidas anteriormente das avalia~Oes individuais.

Aumento na representatívidade dos agricultores

As avalia90es em grupo podem-se utilizar, também, para ampliar a base social ou

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representatividade dos agricultores dos quais se deseja obtcr avalía~Oes. Na pesquisa em propriedades agrícolas é frequente o caso de localizar os ensaios preferentemente com os agricultores de maiares recursos e que dispOem. partanlO, de terreno para dedicar a ensaios, ou cam aqueles que estao dispasto.s a assumir os riscos da experimenta,ao. O ensaio com um agricultor de escassos recursos (ou qualqucr tipo de agricultor nao suficientemente representado entre os participantes no ensaio) pode-se utilizar como centro para avalia~oes cm grupo com vários agricultores simi lares, que nao pudenlm participar cm ensaios. Isto permite aos pesquisadores conseguir opinioes de um número de agricultores maior que aqueles que pode m oferecer terrenos para os ensaios.

A valia.;iío de numerosas alternativas tecnol6gicas

As rea~oes dos agricultores a conjuntos de tecnologia relativamente numerosos ou complexos podem ser exploradas com agricultores em um tempo relativamente curto, empregaodo algumas das técnicas que se discutem a seguir, para avalia~¡¡o em grupo. Com frequencia estes resultados nlio se podem obter mediante avalia~5es individuais, porque um agricultor geralmente se sentirá sobrecarregado com a tarefa de a va liar, por exempo, vinte ou trinta variedades, e perderá interesse em fazS-lo. Essa

mesma larefa, todavia, pode-se dividir entre grupos e pode-se obler assim rea<;1íes de grupo. As interd,1íes do grupo também ajudam a motivar e manter o interesse dos agricultores, para fuzer avalia<;oes de um número considerável de alternativas.

Uso eficiente da equipe de pesquisa

Urna das gr,mdes vantagens das avalia<;oes em grupo. nas etapas iniciais do desenvolvimento da tecnologia a ser avaliada com agricultores, é o uso eficiente da equipe de pesquisa. A média de tempo da equipe para contactar agricultores, pode-se melhorar significativamente trabal hundo com grupos.

As avalia,1íes em grupo requerem que nao somente os agricultores trabalhem em grupo, mas também os pesquisadores, urna vez que eles devem manejar a dinámica de grupo e anotar a informa<;íio. IsIO faz que os pesquisadores reunam-se para falar com os agricultores e para obter seus resultados. Além de interdtuar e obter retroinforma¡;ao de dez a viote agricultores, em duas ou tres homs, pode ser mais atrativo para um pesquisador de um centro experimental que se encontmr com tres ou seis agricultores em entrevistas individuais, durante um extenso dia de visitas de campo. Portanto, a avalia<;lio em grupo pode ser um mecanismo valioso para um diálogo com agricultores conveniente para os pesquisadores das esta¡;oes experimentais, cujo contato com agricultores seria de outra forma limitado.

Desvantagens da avalia~ao em grupo

Apesar de lodas as vantagens que apresenta a avalia<;lio em grupo, esta técnica tem algumas desvantagens que devem ser levadas em considera,ao. Por exemplo, a utilidade das avalia¡;oes em grupo para fins exploratórios depende da facilidade dos participantes para ¡nterutunr em grupo. Se as características da tecnología incluem algum tema sensível como seriam a forma em que os agricultores individualmente negociam pre,os com

os intermediários ou a qualidade da dieta familiar (pergunta sobre status social), as opini1íes relevantes podem nao ser expressadas em uma díscussao de grupo. Algums produtorcs podem sentírem-se inibidos em uma situa~¡¡o de grupo. enquanto um ou doís participantes tendem a dominar a interdlilío. Em Iais casos aparece um consenso falso que condul. a conclusoes poueo válidas ou erroneas sobre as opini1íes dos agricultores a respeito da tecnología em avalia\,iío. Existem várias técnicas para ajudar ao pesquisador que realiza avalial<1íes em grupo a superar ou minimizar os riscos de um consenso falso que haja sido imposto, mas isto exige certa capacita\,ao e prática no manejo da dinamica de grupos. As habilidades necessárias para ele nem sempre estüo disponíveis em urna equipe de pesquisa agrícola. Em geral, as avalia.¡:1íes em grupo nao sao apropriadas para obter cootagens individuais ou análises quantitativos de preferencias dos agricultores, pela tendencia dos grupos a impor consenso em seus membros.

Nas avalia~Oes em grupo, o conceito eficiencia no uso do tempo deve-se manejar com flexibilidade. Isso depende muito do tempo necessário para motivar aos agricultores para que participem nas avalia<;1íes e informá-Ios sobre a hora e o lugar do evento, e da logística para reunir O grupo em um local. Os pesquisadores somente poder;io utilizar seu tempo com eficiencia no caso de poder delegar, com confian~a, esse trabalho preliminar a assistentes de campo, de tal maneira que eles nao tenham que fazer numerosas visitas individuais aos agricultores.

Todavia antes que ° pesquisador ocupe-se da logística de suas aval ia<;oes em grupo deve escolher o grupo para tmbalhar. A maneira como se conformam os grupos de agricultores ou se contatem os grupos já existentes necessita ser considerada seriamente. Antes de organizar urna avalia~ao em grupo, geralmente é necessário estabelecer que tao aceitável é cultural mente a modalidade de grupo, e sobre que bases sociais, cultunlÍs, étnicas ou outro tipo podem-se formar os grupos que existem atualmcllte.

Grupos existentes ou que sao cultural mente apropriados nao necessariumente servem pam propósitos de pesquisa. Por exemplo, os grupos de

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vizinhos sao logisticamente os mais fáceis para trabal har, em áreas onde os agricultores vivem em propriedades agrícolas dispersas e nao em povoados ou assentamentos concentrados. Contudo, esses grupos de vizinhos podem incluir produtores de estratos sociais heterogeneos, o qual inibiria a interayao de grupo e poderia invalidar os resultados da avalia\,lIo em grupo.

Os grupos de 'agricultores expertos' e/ou participantes em ensaios sao com frequéncia maís desejáveis para propósitos de pesquisa exploratória, mas pode ser necessário reuni-Ios de áreas relativamente gl'dndes, e apresentam-se dificuldades no transporte e na motiva9iío. Se a participa~1ío do agricultor em uma aval ia~¡¡o em grupo apoia-se na auto-sele"lío, tais grupos podem incluir agricultores que disponhem de tempo e de outros meios para comparecer a reuniao de avalia9ao, e excluir aqueles que nllo disponhem destes recursos; deste modo potencialmente tendenciam os resultados.

Existe grupos de agricultores que trabalham juntos. por exemplo, em grupos de trabalho compartilhado. Estes grupos podem-se convocar facilmente, mas tendem a representar urna c1asse social particular, uma casta, ou um conjunto de limita~Oes de recursos; suas preferencias podem. portanto, representar somente uma minoría de usuários potenciais da tecnologia. Por isto, espem­se que as avali~Oes cm grupo produzam bons resultados e a sel~¡¡o do grupo participante deve ser feita com muito cuidado.

As vantagens e desvanlagens das avalia~oes em grupo que se apresentam resumidas na tabela 15, sornen te podem ser estabelecidas apropriadamente se os objetivos da avalia~¡¡o e o tipo de informa~¡¡o que os pesquisadores esperam obter estao claros desde o princípio. Na se~áo a continua~ao, discutem-se vários procedimentos para organizar avalía<,:Oes em grupo.

Organiza~ao de avalia~oes em grupo

Ao organizar avaliayoes em grupo os pesquisadores

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devem tomar várias decisoes a respeito da maneim de desenhar e realizar a avali~¡¡o. Tais decisOes inc1uem determinar os objetivos da avalia~ao, a forma<,ao de grupos para propósitos da avalia~ao, a quantidade e o tamanho dos grupos requeridos, a quantidade de alternativas tecnológicas que se vao avalíar, o mesmo que a logística do momento e do lugar.

Definilríio de objetivos

Os objetivos da avalia~ao em grupo depende m, em grande parte, de se a avalia"ao da pesquisa está cm um etapa exploratória ou em urna etapa quando se pode fazer a interpreta~ao de resultados com um grupo de agricultores. No trabalho exploratório, os pesquisadores podem realizar uma avali~ao em grupo como primeiro passo até uma série de entrevistas de avalia~¡¡o individual. Ou entao, a avalia\,íio em grupo pode ser por si mesma. o método princi pal de recopila~íio de informagao preliminar, especialmente quando os pesquisadores desejam conhecer as realiOes dos agricultores a um grande número de alternativas tecnológicas.

A avalia"ao em grupo pode ter um objetivo muito específico. Por cxemplo. conhecer a aceital.'ao, entre as mulheres, de algumas variedades de milho para a prepara"ao de farinha caseira. Ou entilo, o objetivo pode ser bastante geml, por exemplo: estabelecer como reagiriam os agricultores a diferentes combina,oes de gramíneas, leguminosas e árvores forrageiras e oulros cultivos para propósitos de controle da erosao, combustível e alimento animal na propriedade agrícola. A composi9ao do grupo e a quantidade de grupos requerida variará dependendo do objetivo da avalia~ao.

Forrnalríio de grupos para propósitos de avalia~íio

A composi,ao do grupo de agricultores determinará em várias maneiras importantes a informa,áo que pode alcan"ar-se em urna avalia,ao de grupo. Os participantes selecionados determinarao, primeiro que lodo, a qualidade do diálogo entre os agricultores e o pesquisador; e

Tabela 15. Vantagens e desvantagens da avalia~ao em grupo.

Vantagens

• A intera~¡¡o em grupo estimula a discussao de critérios de avali~¡¡o. especialmente quando se apresentam opiniOes opostas

• As intera~oes em grupo ajudam a motivar aos agricultores e a manter interesse na avaliu\iao

• A intera~¡¡o em grupo é especialmente útil em trabalhos explorat6rios

• Os grupos podem dividir as alternativas complexas ou numerosas para avaliá-Ias e obter opiniOes

• Os grupos podem contribuir com uma visao geml de resultados variáveis, e também pode m ser aproveitados para retroalimentar aos agricultores com resultados

• O uso do lempo empregado pela equipe para contactar agricultores pode ser mais eficiente

• A avalia~¡¡o em grupo pode proporcionar retroinformac;iio imediata aos pesquisadores

• Os grupos podem ser utilizados para incrementar as avalia,Oes com lipos de agricultores com baixa representatividade

segundo. a efetividade dos intercambios entre os mesmos participantes. Existem dois fatores chave que afetam a intera9ao dentro do grupo e que necessitam uma especial considera,ao:

• A importancia que para os objetivos da pesquisa tem o feilo de que existam interesses compartílhados ou comans entre os participantes no grupo.

Desvantagens

• Os grupos podem ser dominados ou inibidos para produzir falsos consensos e desviar as avalia,oes por pressao do grupo

• Os membros com frequencia n¡¡o expressam opiníoes sobre temas sensíveis que nao esmo dispostos a abordar em grupo

• A atividade de grupo deve ser culturalmente aceita

• Os agricultores podem ficar cansadosde reunii.ies

• Os grupos sao menos confiáveis para quantificar as preferencias dos agricultores. porque os membros influem entre si

• Identificar ou formar grupos que representem popula,oes de usuários ou que sirvam aos propósitos da pesquisa pode ser logistícamente difícil ou tomar muito lempo quando os participantes estüo geograficamente dispersos

• O efeito que sobre a dinamica do grupo podem ter as diferen,as de estrato social entre os participantes.

Em geral. quanto maís específicos sejam os objetivos da avalia"üo mais importante será para os pesquisadores formar grupos com agricultores que tellham interesses comuns claramente definidos, elou conhecimelltos e experiencia. Por exemplo.

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geralmente é frustame pam agricultores com experiencia ter que gastar tempo escutando aos que nlio temo Assim. os participantes em grupos de avalia\,lio de variedades de milho para o moinho deveriam ser mulheres para as quais a prepara,uo da farinna de milho é uma ativídade significativa; de outra forma, os critéríos de avalia,ao nao serao válidos.

Em um grupo de avalia,ao de tecnologias de propósito múltiplo para controle da erosao, combust(vel e alimento animal, uma avalia,ao explorat6ria em grupo pode reunir deliberadamente um grupo heterogeneo. Este grupo pode incluir, por exempl0, agricultores homens que criam gado, suas mulheres que recolhem lenha e alimentam porcos ou cabras. o mesmo que outras pessoas dedicadas especialmente aos cultivos. Q propósito de reunir um grupo heterogéneo é aprender da discussao entre pontos de vista potencialmente em conflito. Os resultados podem ajudar aos pesquisadores a definir os diferentes grupos homogeneos com os quais adiantar posterionnente avalia90es em grupos separados, para ohter urna compreensao detalhada de seus diferentes pontos de visla sobre a aceila~áo da tecnologia. Qulro caso no que pode her importante misturar participantes de diferentes estratos é quando

se deseja que se tomem decisoes conjuntas, por exemplo, entre um agricultor e sua esposa sobre o uso de uma tecnología.

Uma desvantagem da homogeneidade no grupo é que se pode complicar a log(stica para reuní-lo. Se os membros do grupo de ínleresse nao vivem cerca entre si mas que estao dispersos em uma área, ou se os pesquisadores planejam trabalhar com o mesmo grupo em diferentes ocasíóes (um painel) para avalia~oes com agricultores, entao se necessitaria que o grupo pudesse ser facílmente convocado. De outra parte, uma vantagem clara é que a homogeneidade teria um efeito positivo na dinámica do grupo: os agricultores com interesses comuns tendem a comunicar-se com maior eficiencia entre si.

Contudo, a heterogeneidade de um grupo pode dificultar a comunica,ao efetiva entre seus membros, especialmente se os interesses divergentes estao correlacionados com diferenyas en estratos sociais. Tais diferen,as, ilustradas na Tabela 16. podem conduzír ao domínío da intera~¡¡o do grupo pelos integrantes do estrato mais alto, por exemplo: os ricos, os velhos, os agricultores de sexo masculino sobre os membros de estratos mais baixos como sao

Tabela 16. Exemplos de diferen~as de estrato social entre agricultores, que podem arelar na dinamica do grupo.

Maior estrato (dominante) Menor estrato (condescendente)

Rico vs Pobre Anejao vs Jovem Proprietários de terra vs Trabalho por jornadas Homem vs Mulher Agricultores comerciais vs Agricultores de subsistencia Elite técnica vs Tradicionalistas Líderes políticos vs Seguidores Maioria étnica vs Minoria étnica Pai/esposo YS Esposa, filho, filha Classe alta vs Classe baixa Expertos vs Inexpertos

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os mais pobres, os muis jovens ou as mulheres agricultoras.

Urna tarefa importante na forrna~ao de grupos para avalia~¡¡o com agricultores té, porlamo, identifícar os critérios para a sele~ao dos participantes, tendo em conta aquelas características que podem ir em detrimento ou a favor do livre interciimbio de pontos de vista dentro do grupo. Um método rápido para estabelecer estes critériosl características consiste em elaborar urna lista de agricultores que possam reunir-se socialmente com informantes chave conhecedores da política comunitária, das rivalidades entre famílias e das diferen~as de estmto que sejam importantes para a intera~ao do grupo na área de pesquisa,

Em geral, as avalia~oes cm grupo serao mais efetivas se existe grupos de interesse relativamente homogéneos cada um dos quais faz suas próprias avalia~iíes, que se se juntam todos os participantes indiscrirnidamer,te, para formar um grupo. Entretanto, os pesquisadores nao sempre poderao trabalhar com grupos estritamente hoOlogeneos. No trabalho exploratório, por exemplo, quando o objetivo inicial da avalía,lío com agricultores é identificar uma gama ele critérios e conceitos que expressarao os agricultores para tomar sua deci,ao a respeito da aceita,ao de urna ;nov~¡¡o técnica, sería desejável tr<lbalhar com grupos heterogeneos. EOl tal caso podem-se utilizar técnicas para o manejo da dinílmica de grupo, de tal maneira que se evite o domínio de uns participantes sobre oulros durante a discussao.

A quantidade necessária de avalia¡;oes em grupo

o número das avalia,iíes em grupo necessárias dependerá de:

• A diversidade da popula¡;iío usuúria

• Se se trata de uma avalia¡;ao em grupo do tipo exploratório. seguida de perta de avalia,oes individuaís, ou

• Se a avalia,ao em grupo é o método principal para a recopila,ao de elados.

Se a popu la~:ío usu¡iría é muito heterogenea com respeita a local iza~iío geográfíca ou as diferen¡;as de estrato, ilustradas na tabela 16, e se a avalia~¡¡o em grupo é o método principal para recopila¡;íio de dados (por exemplo, nao haverá entrevistas individuais de avalia~¡¡o), entao os pesquisadores necessitam fazer Ilumerosas avaliu\,oes em grupo. Se necessitariam pelo menos duas sessiíes de avalía,ito para cada tipo de agricultores ou grupos de interesses dos quais se espera obter pontos de vista diferentes sobre a utilidade de urna tecnologia, Tais tipos ou grupos sao, por exemplo:

• Homens maís velhos; mulheres; adolescentes e jovens.

• Agricultores com bois; agricultores que alugam bois; agricultores que nao usum bois.

• Agricultores que pulverizam com agroquímicos e agricultores que nao o fazem.

• Agricultores que produzem para o mercado e agricultores orienlados especialmente ao consurno,

• Agricultores que vivem no vale e agricultores que vívem na montanha.

Fazer pelo menos duas reuniiíes de avalia«ao permite, aos pesquisadores, verificar se os critérios obtidos de urn grupo sao amplamente comparáveis com os obtidos de outro grupo com participantes similares,

Se dais grupos similares produzem avalia~iíes sígnilicativamenle diferentes, será necessário continuar avaliando com grupos adiciona;s para encontmr as causas da divergéncia nas idéias. Uma regm chave é continuar fazendo avalia~iíes em grupo, até que a inforrna,ao obtida ten ha-se repetido sem que revele novas idéias, critérios ou preferencias. Esta repetir;ao de descobrimentos indica no pesquísador que os resultados das avaliw,iíes em grupo sao confíáveis.

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Quantos agricultores devern participar na avalia¡;iio ern grupo

Os pesquisadores podem tomar a decisao de quantos agricultores incluir em uma avalia,ao em grupo, baseado em:

• A quantidade de moderadores qualificados disponíveis simultaneamente

• A disponibilidade de um lugar apropriado

• A facilidade de reunir um número determinado de agricultores.

Nas avalia,Oes em grupo uma pessoa nao deve moderar um grupo de mai, de dez participantes. Em geral, a avalia,iío será mais produtiva e satisfatória para todos se o grupo nao passa de cinco ou seis agricultores (Tabela 17).

Podem-se realizar avalia,Oes em grupo com vários subgrupos pequenos, de cinco ou seis agricultores. que trabalhem independentemente, sempre e quando cada um deles tenha um moderador; desta maneirn, o número total de participantes pode ser de 30 ou 40 agricultores, se assim se deseja. Trabalhar com diferentes grupos pode ser uma maneira de repelir em uma única sessáo a informa"ao obtida. Também pode-se solicitar aos agricultores juntar-se em grupos de

inleresses. e de cada grupo obtem-se assim uma perspectiva diferente.

Em uma ava1ia~¡¡o em grupo constítuída por vários subgrupos pequen os, cada um deles pode upresentar suas conclusoes aos grupos restantes, mas ajuda ao grupo como um todo, especialmente se este tem vida própria por razOes diferentes as das avaliuvoes. para ter uma scnsa,iío de aproxima,lío ou de alcance em rela,ao com a atividade. Compartilhar resultados é tumbém importante para permitir a uma comunidade definir sua posi,ao ou série de posi,Oes, em rela,llo com inova,Oes tecnológicas propostas.

Seja que um grupo ou vários grupos de cinco ou seis agricultores participem em urna avalia,llo em grupo, é importante para cada um deles dispar de um espu'i0 ande possam:.

• Estar confortúvel (ex.: nao exposto ao sol)

• Nilo ser interrompido por pessoas alheias ao grupo (curiosos, vizinhos. transeuntes, etc.)

• Escutar facilmente aos demais e que o moderador veja e escute a todos os participantes.

A avalia~¡¡o cm grupo com frequencia funciona melhor em um lugar como a casa ou a propriedade agrícola, debaixo de uma sombra de árvore no lote

Tabela 17. Vantagens de grupos pequenos (nao mais de seis agricultores) para avalia,.Oes.

• Cada pessoa díspoe de mai, lempo para íntervir, que em um grupo maior

• Pode haver menos frusta~ao porque é maís fácil ter oportunidadc para falar

• Existe menos raziío para que alguém intente monopolizar a aten,ao quando todos tem ígual possibilidade de falar

• Existe menos tendencia a que indivíduos frustados iniciem conversas individuais

• A discussao entre participantes facilita-se e o pesquisador pode colocar-se ao lado permitindo que esta transcorra

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OU outro lugar onde os participantes sintam-se confortáveis. Além disso, o grupo é útil para superar inibi90es em condi~oes poueo familiares que poderiam congelar urna entrevista de avalia~ao individual. Por exemplo: os grupos sao bons para dar confian,a aos agricultores nas avalia,oes realizadas nos centros de pesquisa.

Destrezas dos moderadores para avalia~oes em grupo

Trabalhar com grupos de agricultores com o propósito de avaliar tecnologias requer de algumas destrezas especiais pam manejar a comunica~iío e a intera<;ao em grupo. Mas a maioría das destrezas para o moderador de grupo sao simílares aquelas da comuníca<;ao cam a cam apresentadas anteriormente neste manual, e podem desenvolver-se primeiro praticando-as em avaliU90es individua;, e depois em grupos.

o componente mais importante em urna avalia,1ío em grupo com bons resultados é um moderador capaz de escutar aos agricultores, e estimular autenticas discussOes entre eles. O bom moderador estimula aos agricultores para que discutam a tecnologia entre eles, e naO trata de for~ar um consenso. A avalia\,áo de tecnología em grupo nao é oportunidade para ensinar aos agricultores e nunca deve ser combinada com reuniOes de extensao para este fimo

Na Tabela 18 resumem-se algumas características essenciais que se devem ter em conta ao selecionar moderadores para avaliU90es em grupo com agricultores. Entre elas, a capacidade para retroalimentar uos participantes problema~ é urna destreza especialmente útil pra melhorar a confiabilidade da avalia<;;ao e para dar ao moderador seguran~a cm sua capacidade para facilitar a discussao em grupo. Moderadores ineltperienles podem ser mais eficientes quando trabalham em pares: um orienta a discussao e o outro faz anotu90es

Tabela 18, Destrezas do moderador para a avalia~¡¡o em grupo.

• Boas habilidades para e.~cutar e sondar

• Sente-se confortável com grupos de agricultores

• Familiaridade com a tecnologia em avalia<;ao

• Familiaridade com os costumes e o vocabulário agrícola local

• Possibilidade de memorizar e manler a discussao dentro do plano de perguntas do fluxograma

• Pode usar perguntas abertas

• Pode dar retroalimenta9ao aos participantes-problema

• Pode tomar notas scm interferir

• Estimula uos agricultores a discutír entre si

• Pode sintetizar os critérios e opiniOes discutidos pelo grupo (por escrito ou verbalmente)

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e observa os participantes. O trabalho de equipe é útil para capacitar grupos de moderadores. porque é possível a retroalimenta9ao mútua sobre como se fez a avalía~¡¡o e sobre os resultados obtidos.

Manejo de participantes problemas em avali~s em grupo

o Calador dominante. Este tipo de participante é frequentemente um líder da comunidade. urna figura política, um intermediário ou latífundiário rico, com cuja opinioes os outros condescendem. Ou bem, um falador dominante pode ser simplesmente um agricultor que necessita impor sua autoridade e conhecimentos frente aos oulros. Esta pessoa trata de chamar toda ateu,<iio do moderador. introduzir temas na discussao, inf! uír em outros agricultores no grupo e, geralmente, insiste cm ter a última palavra.

As estratégias para minimizar a capacidade que um indiv(duo loquaz obstinado tenha cm dominar a avalia~lío em grupo ineluem:

Exemplo

• O moderador resume o que há dito até o momento e diz ao falador dominante que é o momento de permitir a outros participantes expressarem suas opinioes.

• O modemdor agradece ao participante dominante por seus comentários e lan"a um novo tema para discussao convindando outros agricultores a participar.

• O moderador utiliza a linguagem corporal: evita o contato visual, desloca-se até o outro lado onde se encontra o participante dominante (ver el'emplo).

Todavia, com frequéncia a capacidade de uro ou dois indivíduos para dominar a avalia,<iio em grupo surge de diferen~as de estrato social ou de valores culturai, que ¡ncidem no consenso, e isso inibe o intercámbio livre de opinioes em urna situaltao de grupo, apesar dos melhores esfor~os do moderador.

Designar um moderador e um anotador, a cada grupo pequeno, ajuda bastante no manejo de

Estratégia para separar participantes dominantes e participantes passivos em urna avalia~iío em grupo

Vinte pequeno, agricultores, expertos em mandioca, reuniram-se para avaHar um ensaio regional de variedades em propriedades agrícolas. Formaram-se grupos pequenos, cada um com um moderador e um anotador. Cada grupo comC9ou avaliando um tralamento diferente e foi recorrendo todo o ensaio até avaliá­lo todo. Em um grupo o anotador observou, durante a discussao do primeiro tmtamento, que dois agricultores dominavam toda a discussao. Eles estavam avaliando a variedad e exclusivamente em termos de suas qualidades para o mercado, enquanto faziam a um lado a importancia de aspectos de manejo ralacionados com distancias de plantio e requerimenlos de capina. O anotador come,<ou, portanto, a falar com outros membros mais passivos do grupo, sem interferir, enquanto os dois membros dominantes interatuavam com o moderador. O anotador soube, pelos outros agricultores, que um dos membros dominantes do grupo era um agricultor de maiores recursos, amplamente reconhecido na comunidade como experto em mandioca por sua ¡dade e experiencia, e que contratava trabalho através de seus filhos; ele mesmo já nao estava ativamente dedicado ao cultivo da mandioca. O outro participante dominante era um Hder comunitário e intermediário da mandioca. O anotador pode obter opinioes dos agricultores mais pa.~sivos, sobre as distancias de plantio e a quantidade de trabalho necessário para a capina, com rela,<iío a arquitetura da planta. Estas opinioes foram incluidas nas notas na avalia9üo. As anotu90es do moderador, sobre a avalia~íio dos agricultores dominantes, nao incluíam tals critérios.

tendencias dominantes na díscussao por parte de pessoas de maior status. O anotador deve observar a íntera,ao e, se nota que algons agricultores sao muito pa.~sivos ou condescendentes com os maís expressivos, deve tomar um papel atívo ínterrompendo com apartes a taís agricultores para escular suas opinioes, criando basicamente outro subgrupo. Alternativamente, o anotador pode interromper com apartes (cm outro lugar) aos participantes dominantes e explicar-lhes que já que eles tem maís conhecímentos sobre o tema, que haverá urna reuniiio especial para eles.

o participante passivo. Os agricultores que falam pouco podem ser tímidos ou condescendentes com membros de maior status, mas com frequencia tem a capacidade de ser avalíadores profundos e críticos. As técnicas para estimular participantes passivos íncluem:

• Separar estes agricultores pum uma conversu,ao informal, en',uunto o grupo continua reunido, e dar enfase na importancia e no interesse de suas opiniOes para o grupo.

• Usar contato visual e corporal para incentivú-Ios a falar.

• Estar atento para ver quando este tipo de agricultor tenIa falar e convidá-Io a fazer.

• Solicitar comentáríos ou dirigir perguntas claras ao participante passivo; ser positivo e agradecer suas contribui~oes a discussao.

o participante dependente. É o tipo de agricultor condescendente que quer expressar o agradecido que se sente pela reuniao (o ensaio, a visitas as propriedades agrícolas. etc.) que deseja agradar ao pesquisador moderador e que tcm dificuldade para expressar críticas sinceras. Quando se Ihe solícita que comente sobre problemas ou que critique, este tipo de agricultor com frequencia dirige-se ao moderador para pedir-Ihe recomenda~Oes e muis ajuda ou assitencia técnica. Este participante pode também pedir repetidamente ao moderador que emita suu opiniao ou recomendu91ío.

• Entre as técnicas para superar a condescendencia carente de crítica es¡¡¡o:

• Ter cuidado com este tipo de agricultores ao seledonar participantes.

• Reafirmar neutralidade - "algumas pessoas com as que tenho falado, estao de acordo com o senhor, mas outras dizem.o contrário; por que será?U

• Enfatizar a importancia de encontrar falhas e problemas na tecnologia antes de farer recomenda\óOes: o custo que tem para os agricultores, as recomenda~Oes erradas.

• Tratar de dizer: "por certo, eu tenho minha opinillo. mas o propósito desta reuníao é conhecer su as idéias e opiniOes ... "

o participante hostil. Este tipo de agricultor utiliza com frequencía as reuniOes do grupo para manifestar sua frusta~ao com os funcionários públicos representados por qualquer pessoa de fora. A hostilidade pode ou nao ter rela"ao diretu com a pesquisa. Este participante poderia criticar pessoalmenle ao moderador ou as idéias de outros participantes. Neste caso:

• Tmte de estabelecer críticas objetivas e a maneira como estas se relacionam com a tecnologia ou a forma como se avan"am os ensaios.

• Reconlle~a os sentimentos do agricultor ("Posso ver que o senllor está muito contrariado e goslaria de entender melhor ... ")

• Enfmizar novamente os objetivos da avali~¡¡o; o que os pesquisadores podem ou nao podem fazer e o que os agricultores podem ou nao podem esperar da sua colabora~¡¡o.

• O silencio por parte do moderador pode estimular a outros membros do grupo a debilitar uo participante hoslil

• O moderador pode solicitar a outros participantes comentar sobre o que se escutou

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da pessoa hostil: "É algo que nao havia escutado antes. Que pensam o senhor e outros membros do grupo?"

o raJador que divaga. Este tipo de agricultor com frequencia tem opíniOes relevantes, mas é incapaz de concretar-se com rapidez. Pode emitir opini3es usando iluslr~Oes, exemplos e inclusive histórias em lugar de sintetizá-Ias.

• O moderador deve ser consciente de que este pode ser o ritmo de comunic~íio normal no meio cultural do agricultor e deve respeitá-Io.

• Tenha em conta a linguagem corporal dos outros agricultores e sua resposta a quem está divagando. Estao relaxados e atentos? Estao cansados olhando para os lados, conversando entre si?

• Se o grupo está inconfortável, o contato visual do moderador com o falador que divaga deve ser interrompido; qualquer pausa deve ser aproveitada para sondar ou farer uma pergunta; finalmente o moderador pode expressar:

"Obrigado, é muito interessante, agora, escutemos pontos de vistas de outras pessoas" (diriga-se a outro membro do grupo).

Inído e encerramento da avaJia~íio em grupo

Igual que qualquer entrevista de avalia~ao individual, a evalua~ao em grupo passa pelas etapas de rompimento do gelo ou descongelamellto, desenvolvimento e encerrumento. Em um avalia,iío em grupo o rompimento do gelo come<;a com unl conversa informal curta entre os agricultores, na qual devem lomar parte os moderadores, enquanto os participantes se reunem. Esta é u ma boa oportunidade para que o moderador converse com os agricultores de forma pessoal sobre o propósito da reuniiio, sem aprofundar nas suas opiníOes quanto a tecnología. Se nao conhecem aos participantes, os

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moderadores podem memorizar seus nomes e caras e observar os tipos dominantes e passivos. Assim mesmo que nas avalia~Oes individuais, uma avalia<;iío efetiva em grupo depende de que os objetivos sejam claramente compreendidos pelos participantes do grupo e dos pesquisadores (Figura lO).

Apresenta"ao informal enquanlo o grupo se reune

O moderador e os participantes apresentam-se formalmente se

for necessário

Objetivos gerais explic~iío e discussao

Estabelecimento da neutralidade do moderador

Enfases na ímportlncia das diferentes opiniOes

Uso da informa<;iio; compromissos futuros

~ Agrupamento dos participantes

Figura 10. Fluxograma da etapa de "rompimento do gelo" ou início na avalia~¡¡o em grupo.

Exemplo

A importancia de esclarecer os objetivos em uma avalia~¡¡o em grupo

Dez variedades de feijao foram submetidas a uma aval ¡a,ao, no momento da colheita, por um grupo de trabalho de uma grande familia cujos integrantes encontmm-se semanalmente para intercambiar trabalho (colaborac;áo mútua pam os trabalhos), em suas propriedades agrícolas. Todos haviam tomado parte, por primeira vez, em ensaio em propriedades agrícolas. Enquanto se colocavam os sacos de feijao seco colhido de cada tratamento, o moderador explicou que nem todas as variedades poderiam seguir sendo testadas. Era importante para lodos selecionar as variedades que realmente parecessem promissoras e descartar aquela, que nlio paredam, de acordo com seu próprio ponto de vista.

o líder do grupo, um dos homens de mais idade, havia-se antecipado a pedir aos oulros que selecionassem cada um variedades diferentes e nao todos selecionaram as mesmas. Nesta forma podiam conseguir que os pesquisadores dejassem semente de UI11 maior número de variedades, e o grupo as poderiam avaliar por sua conta em outra época de cultivo.

o modemdor havia sido sigilosamente informado sobre isto. Entao, antes de que os agricultores comen~assem a dar suas opinioes, o moderador esclareceu que u semente de todas as variedades ficariam pam o grupo que a plantou, pura que seguissem avaliando csse material; logo, enfatizou que uma maior compreensao dos pesquisadores, a respeito do porque os agricultores no grupo gostavam mais de urnas variedades que de oulras, garantiriam que, no futuro, as novas variedades fossem atrati vas pam estes.

o grupo de agricultores entiio cominuou a avaliar e selecionur tres variedades preferidas.

Algumas vezes os pesquisadores podem decidir realizar a avalia~áo com um grupo de agricultores nao familiarizados com a tecnologia, ncm com os ensaios em propriedades agrícolas. Poderia ser o caso de um grupo formado para a avalia~iio de um ensaio na esta9iio experimental, por exemplo. Neste caso, é especialmente importante comec;ar a avali~ao em grupo com uma interven"ao curta, que resuma os objetivos da avalia~¡¡o. De outra maneira, alguns ou nenhum dos participantes saberá o que se espera deles, e isto poderia afetar a dinamica do grupo, o mesmo que a informa~ao obtida da avalia~¡¡o.

Com frequencia, a discussiío em grupo entre agricultores está sujeita a introdu<;ao de temas tais como problemas para a obten~¡¡o de crédito ou pre<;os oferecidos por intermediários, os quais podem ser muito relevantes na avalia~¡¡o de tecnologia. Ainda assim, é essencial para o

moderador do grupo esclarecer desde o princípio, como no processo de entmda para iniciar a avali~ao em pesquisa em propriedades agrícolas, aquilo que os agricultores podem esperar de sua particip~ao na avaliar;ao em grupo. Se no grupo nao existem expectativas claras a respeito do que se espera da avali~ao, podem surgir situa,oos nas quais os agricultores esperam servi~os que a equipe de pesquisa nao está capacita a proporcionar. Assim mesmo que em avali~OOs individuais, as falsas expectativas ou os mal-entendidos dístorcerao e conduzirdo a frusta,ao e a insatisfa~¡¡o de todos cnm o processo de avalia<;ao.

No encerramento da avalia<;iio em grupo o moderador resume, sem julgar, os principais critérios e opinióes identificados pelo grupo para avaliar a tecnologia, Podem-se retomar as diferen~as de opiniao entre os agricultores, para esclarecé-Ia" "Que tiio importante é esta diferen~a? O que

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significa para os senhores esta diferen~a?" Se o grupo elaborou urna ordem de preferencia, o encerramento é a oportunidade para que o moderador volte sobre as razoe~ pelas qua;, um tratamento foi classificado aeima ou abaixo de outro, por exemplo. No mesmo que na entrevista de avalia~¡¡o individual, deve-se fazer Urna recapitula~ao dos compromissos (se existem) para comatos futuros entre os agricultores e pesquisadores e do uso que se dará il informa~¡¡o. Quando vários grupos pequenos fizeram avali~Oes na mesma reuniilo, cada U111 pode apresentar seu ordenamento ou opiniOes aos grupos restantes, em uma sessao plenária.

Registro e informes das avalia~oes em grupo

As opiniOes dos agricultores e seus eritérios na avalia~¡¡o em grupo pOde m ser registrados C01l1 notas escritas, utilizando um instrumento de registro como o que se apresentou anteriormente para o registro de avalia,Oes individuais. Ainda assim, aqui se busca a opiniílo do grupo e nao a de cada agricultor individualmente; os comentários dos agricultores individuais sobre um tratamento ou tecnologia registra m-se conjuntamente e nao em modelos diferentes.

Da mesma maneira que em avalia~Oes individuas, o registro de notas implica escrever nas próprias palavras do agricultor, tanto corno seja possível. As interpretu\(Oes do entrevistador sao anotadas entre parentesis. Um gravador que nao interfira é um apoio útil, mas dado que a avali~¡¡o com frequencia toma lugar no campo, e que o grupo descola-se bastante, as vezes é dificil fazer grava,oes. Em geral, na avalia,ao em grupo o moderador so mente pode anotar comentários breves dos participantes; portanto, é útil a ajuda de um anotador.

E.~sencial para fazer anota~Oes é a ,intese que faz o moderador depois da avalia,üo cm grupo, sobre os <seguintes aspectos:

a) Principais opinioes expressadas.

b) Diferen.,;as de opiniiío.

e) Os principais critérios expressos e um glossário dos termos do agricultor para os dados critérios.

Na análise das avali~oes em grupo é um erro contar o número de agricultores no grupo que expre",ou um critério ou opiniao, por exemplo: "tfinta por cento dos agricultores no grupo disse que plantariam de novo a variedade". A razao disto é que a dinámica do grupo afeta o quem disse que e a frequencia com que o faz.

Se se repetem as avalia"oes com grupos representati vos dos usuários potenciais da tecnologia, cntao cada grupo poderá ser tratado como u ma observa,iío, para informar sobre opiniOes e ordenamentos. Por exemplo, poderia-se dizer: "oito de dez grupos de agricultores comentaram que a variedade de milho é muito alta e que invade o cultivo intercalado". Ainda assim, faltando consenso em um grupo, este resultado deve-se registrar separadamente: "Em cinco dos dez grupos, os agricultores estiveram de acordo em que o método de tri lha tomava muito tempo. Entretanto. os outros cinco grupos de agricultores nao puderam colocar-se de acordo sobre o tempo extra requerido para a trilha seria compensado por uma maior quantidade de grao intciro."

Da mesma forma pode-se informar sobre a ordem de preferencia em grupos, por exemplo: "De tres dos quatro grupos os agricultores estiveram de acordo em que 'Pokareli' era a melhor variedade, pelo seu sabor; no grupo restante, vários agricultores sentiram fortemente que 'Tachine' deveria ser cla.~sificada em primeiro lugar por seu alto rendimento, embora outros d issemm: apesar de que o rendimento de 'Pokareti' é baixo, esta variedade continua sendo a melhor, porque é muito apreciada pelo seu sabor".

Similarmente, é possível fazer urna anáJise de conteúdo da frequencia com que se mencionam um determinado critério em diferentes grupos, por exemplo: "De nove dos quinze grupos, os agricultores eslÍveram de acordo em que a precocidade era mais importante que o rendimento para escolher a variedade que mais gostavam".

o problema de contar quantas vezes urn critérío corno o rendimento, é mencionado dentro de um grupo é, por exemplo, que depois de comentar sobre os prímeiros tratamentos em um ensaio, o grupo ponha-se de acordo cm que o rendimento é obviamente importante, e dedique mais comenlários a outros critérios embora sejam de menor importancia geral para sua avalia9ao.

Para recapitular os critérios o moderador faz verifica90es, como por exemplo: "enquanto passamos a seguinte Irilhadora manual, querem dizer novamente que é o que o senhor considera importante ver aqui?". Contudo, isto torna-se aborrecido em situa90es de grupo. A conlagem da frequencía dos critérios empregados em um grupo usam-se melhor para confirmar ou verificar que a s¡nlese qualitativa do moderador seja ampla.

Finalmente. é conveniente comparar grupos e estabelecer o que nao se disse. As vezes, isto revela tanto sobre as prioridades dos agricultores como o que foi dilO. A falta de comentários sobre urna característica do grupo, por exemplo: a qualidade culinária pode nao ser mencionada em um grupo misto porque as mulheres nao mencionam crítéríos que nao sejam importantes para os homens.

Avalia~oes em grupo de numerosas op~oes tecnológicas

Corno um princípio geral, as avalia~Oes em grupo nao sao um método confiável pum obter contagens

individuais, como resposta a perguntas tais como: "quanto agricultores pensam que o plantío sedo é preferível que o plantio tardio?" Ainda a,sim, as avalia<;6es em grupo sao altamente úteis para dar aos pesquisadores um 'sentimento' qualitativo sobre as rea,Ocs dos agricultores, dian!e das inova90es propostas. Por esla razao, os grupos sao especialmente apropriados para avalía~Oes exploratórias na etapa inicial de um programa de pesquisa, quando as preferencias dos agricultores podem ser relativamente desconhecidas e quando os pesquisadore, estao propondo várias solu~Ocs tecnológicas alternativas a um problema.

Um exemplo seria um ensaio de melhoramento de plantas com sessenta materiais promissores que representam diferentes tipos de plantas e de graos, dos quais se devem selecionar um número menor para seu leste em propriedades agr¡colas. Outro exemplo seriam diferentes lipos de maquinária para debulhar milho para semente e que se pode usar em diferentes combina~oes; cada combina~¡¡o opcional de maquináría tem um requerimento diferente de trabalho e de estrutura de custos. Em outro exemplo, os pesquisadores podem desejar estabelecer ensaíos de conserva~¡¡o de solos em propríedades agrfcolas, combinando componentes tecnológicos distintos de diferentes maneiras: os protótipos ou componentes estao na esta~ao experimental e as avalía~oes agronomicas e economicas indicam que estes saos os tratamentos muis promissores; mas o custo dos ensaios é substancial e os pesquisadores desejam explorar as rea~oes dos agricultores antes de levar tal tecnologia as propriedades agrícolas.

Figura 11. Pequenos grupos de agricultores avaliam tratamenlOs diferentes e logo se reunem para sua~ conclusOes.

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Em cada um deste exemplos, os pesquisadores podem definir subconjuntos entre as diferentes alternativas e avaliar cada subconjunto de ojJ\ioes (ex.: materiai. varietais, urna combina,ao de maquínárío ou um conjunto de componentes de conserval;¡¡o de solos) com um grupo de agricultores, Supondo que os grupos sao símilares em sua composi~ao, as avalia,i'ies em grupo dos diferentes subconjuntos de tecnlogías pode m juntar-se para obter como urna imagem qualitativa geral das rea90es dos agricultores ao conjunto total de alternativas,

Por exemplo, um grupo de trinta agricultores cuidadosamente seledonados, representativos dos usuários potenciais, é convidado a esta"ao experimental para avaliar um viveiro de melhoramento de 60 materiais, Os agricultores dividem-se ao acaso em cinco grupos de seis membros cada um e acompanhados de um moderador, O viveiro ou ensaio divide-se em dez partes ou blocos cada um com seis materiais, A cada grupo sao assignados ao acaso dois blocas de seis materiais cada um, nos quais os agricultores fazem a avalia9ao aberta de cada material genético, Cada grupo pode realizar uma avalia,ao absoluta, e cada material pode ser classificado como 'aceitável' ou 'inaceitável', por exemplo.

Na prática, os agricultores desfrutam ser consultados e com frequencia desejam seguir avaliando mai, do que se Ihes designa como tarefa, Nesta forma, é também possível para os grupos e para os moderadores intercambiar blocos de tratamentos e repetir avalia~i'ies em grupo, até que os agricultores simam-se cansados,

No exemplo do ensaio de melhoramento de plantas, ainda que os sessenta materiai, varietais nao silo avaliados em sua totalidade por todos os agricultores, cada material é avaliado por um grupo deles, Alternativamente, com cinco subconjuntos de materiais em lugar de dez, e cinco grupos de

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agricultores, cada subconjunto poderia ser avaliado duas vezes, Pode m-se usar várías combína~i'ies de subconjuntos de tecnologia e grupos de agricultores para fazer este tipo de avaliac;ilo em grupo.

Os comentários dos agricultores sobre cada material sao registrados pelos moderadores e posteriormente as avalía<;t'íes em grupo sao reunidas e sintetizadas pan! responder com elas perguntas como:

• "Que comentaram com maís frequencia os agricultoresT

"O que gostaram? Quais foram as reac;oes positivas que critérios foram utilizados?"

"O que Ihes desagradou? Que critéríos negativos fa ram utilizados?"

• "O que nao foi mencionado ou recebeu poueos comentáriosT'

Os comentários dos agricultores sobre cada material podem ser analisados para identificar os critérios significativos para a sele~¡¡o de variedades, desde o ponto de vista do agricultor, Esta inform~¡¡o sintetiza-se como um ponto de vista qualitativo das rea<;i'ies dos agricultores a todas as novas variedades. Podem-se obtcr resultados finais das avalia,oes absolutas, especialmente se mais de um grupo avaJia um subconjunto, Estes resultados podem ser interpretados com os comentários dos agricultores, pam c1assificar os tratamentos em ordem de preferencia,

Destu forma, obtem-se um grande volume de comentários e opinioes, relativamente em curto tempo, Este método permite aos pesquisadores testar, de maneira exploratória, as rea"i'ies dos agricultores a um gntnde número de tecnologias opcionais, sem requerer que um único agricultor tenha que avaliar uma quantidade excessiva de ítems.

Capítulo X

Dez normas para realizar avalia~ijes eficazes de tecnología com agricultores

Exístem diferentes maneiras de realizar avalia.,6es com agricutores e nenhum enfoque ou método em particular é necessariamente o melhor. Uma vez que um programa de pesquisa que trabalha com urna cultura decide fazer avalia"oes iniciais com agricultores na estu"ao experimental, ou que urna equipe de pesquisa em propríedades agrícolas utilize as avalia~Oes para validar tecnololgia já testada agronomicamente em propriedades agrfcolas. ou que os pesquisadores decidem trabalhar com grupos ou com agricultores individuais e que se utilizem urna ou outra(s) técnica(s) para apontar e analisar as opíniOes dos agricultores. estas decisoes devem ser tomadas buseadas nos objetivos e nos recursos tanto dos pesquisadores como dos agricultores que tomaram parte nas entrevistas.

Mas, independentemente do enfoque. existem algumas regras ou princípios básicos para faz.er avali~oes eficazes com agricultores. O presente capítulo resume a informul.'ao compreendida neste manual sobre os príncfpios básicos das uvalia~6es com agricultores, que os pesquisadores necessitam colocar em prática:

l. Lembre-se que a avalia"ao técnica de urna ¡nova~ao proposta é muito diferente de sua avalla~ao com um agricultor.

Uma das justificativas mais importante, para fazer avalia96es com agricultores, é que estes tendem a avaliar a tecnologia com critérios e objetivos diferentes aqueles usados pelos pesquisadores. engenheiros ou extensionistas. Urna contribui~¡¡o valiosa das avalíw,oes com agricultores é assegurar que O desenho dos pesquisadores teste e recomende novas tecnologias a luz da informu9ao sobre os critérios dos agricultores quanto a utilidade da inova~ao.

Portanto. é essencial nao combinar a avalia9ilo técnica com a avalía9ao com agricultores na mesma atividade. Por exemplo. a avalia\i¡¡o agron6mica que fazem os técnicos em um ensaio de campo deve ser realizada independentemente da entrevista de avalia<;ao do mesmo ensaio com um agricultor. A expl ica~¡¡o destes é que a capacidade dos agricultores para expressar um jufzo crítico sobre a utilidade da tecnologia no ensaio tende a ser inibida ou tendenciosa quando um técnico faz ao mesmo tempo sua avalia~¡¡o.

2. Assegure-se de que na avalia~íio esteja explícitamente estabelecido, e seja entendido por todos os participantes (pesquisadores, extensionistas e agricultores), suas obrlga~iies e o que podem esperar de sua participa~íio.

Além da importancia ética de justificar o uso do tempo e dos recursos dos agricultores para avalia<¡:oes de tecnologia, este princípio é importante para assegul"dr a obten<,;ao de informa\iao válida e confiável dos agricultores. Para fazer críticas sinceras, os agricultores necessitam conhecer porque foram iocluídos nas avalia\;Oes. As expectativas falsas podem conduzir a avalia<,;Oes distorcidas.

3. Estabelecer com os agricultores (nao urna única vez mas repetidamente) a neutralldade e a objetividade da equipe de pesquisa com rela~ao aos resultados da tecnologla,

Se os pesquisadores e sua equipe de campo, que realizam avalia<,;oes com agricultores, identificam-se com o exito de uma tecnologia em particular, as opini6es expressadas pelos agricultores poderilo tornar-se tendenciosas. Uma opiniao real do agricultor sobre a tecnología de hito, pode ser bastante diferente da opiníao do pesquisador, mas este provavelmente nunca chegue a conhece-Ia. É prejudicial para a eficácía das avalíayOes que os profissionaís tentem vender uma tecnologia uo agricultor. Também o é estar na defensiva frente as críticas dos agricultores, apesar de errilneas que estas pare~am. pode tendenciar o que o agricultor disse.

Por tal motivo. as avaliw;Oes com agricultores nunca devcm realizar-se simultaneamente com demonstra~6es convencionaís ou dias de campo,

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onde o objetívo é ensinar novas prática~ aos agricultores e persuadí-los para que as adotem. A entrevista de avaliu9!l0 n!lo é a oca,í1io apropriada para dar recomenda~6es uos agricultores,

4. Trate ao agricultor como experto.

Os extensionístas e pesqui,adores agrícolas tem bastante inclina~¡¡o a fazer crrtica~ válidas sobre as práticas dos agricultores e duvidar sobre sua competi!ncia. Para compreender como estes avuliam a tecnología é necessário que estes profissionais suspendam tais dúvidas e críticas, com O fim de estabelecer. com os agricultores, uma comunica,uo sincera sobre a tecnologia.

Os agricultores de escassos recursos necessitam adquirír a confian,a de que suas opinioes interessarn e que seus cornentários positivos ou negativos sao igualmente importantes para os pesquisadores. Um dos componentes principais na avalia9iio eficaz com agricultores é o desejo sincero dos pesquisadores por entender a maneíra como O agricultor recebe urna mudan"a proposta. O manejo apropriado das habilidades de comunica,ao cara a cara nao é substituto de urna motivU\(iio autentica para aprender a respeito do ponto de vista dos agricultores. A maíoria destas habilidades pode-se adquirir quando o líder do programa inspira em sua equipe de campo o respeito pelos agricultores e a motiva9ao por aprender com eles.

5. Pergunte: "Para quem é a tccnologia que está sendo avaliada".

Quando se planejam e realizam avaliu9Cíes é fundamental para os pesquisadores perguntarem-se e perguntar aos agricultores: "Que m poderia utilizr esta tecnologia (exemplo: sisterra de plantio; trilhadora manual; fertilizante; rotu"ao, etc.)?" Os critérios para selecionar aos agricultores participantes nas avalia90es podem ser identificados explícitamente perguntando-se para quem será avaliada a tecnologia? O pesquisador que faz avaliayOes com agricultores que nao estilo interessados na tecnologia. ncm tcm cxpcríéncia relevante com a qual formar uma opiniilo, inclina-se a obter informu9ao tendenciosa e nao conli¡\vcl.

84

6. Demonstre cortesia e respeito com os agricultores.

Com muita frequencia os agricultores que avaliam tecnologia com as técnicas recomendadas neste manual silo de escassos recursos e!ou semi­analfabetos. Por razCíes de sua religiao, origem étnica. idioma, sexo. tanto como por suas condi,Cíes socioeconómicas. serao de um estrato social mais baixo que quase qualquer pesquisador de campo. A distancia social existente entre agricultores e pe"luisadores tem que ser reduzida urna vez que se espera que as uval ia,Cíes produzam informa"ao válida sobre opiniCíes sinceras dos agricultores sobre a tecnologia.

Uma vez que se aceita que costumes estubelecidos por muito tempo nao podem ser fundamentalmente modificados por um programa de a valia,ao com agricultores, os pesquisadores de campo necessitam ser conscientes de que as conc1usCíes confiáveis sobre a aceita,.ao de tecnologia por parte do agricultor depende da muneira de como é tratudo, como a pessoa que lhe interessa a pesquisa. e cujas opinioes tem importancia. A cortesia simples da boa prátíca de trabalho de campo. discutida neste manual, é um passo básico pam avalia~Cíes eficazes com agricultores.

7. Escute aos agricultores.

Muitos pesquisadores agrkolas tem dificuldade para escutar aos agricu ltores. Nao obstante, escutar bem é provavelmente a destreza de cornunica~íi.o mais importante para a1can,ar avalia~Oes eficazes com agricultores e a que merece especial i!nfa<;e na capacita"ao ou a vínculu\iao de pessoa ao tmbalho de campo. As boas destrezas para escutar sao básicas para estabelecer uma rela,iío de respeito múluo entre agricultores e pesquisadores que exige a avalia,.lío com agricultores. Ainda que sem urna entrevista formal de avaliu\i¡¡o, um bom ouvinte pode obter infonna91ío valiosa para um programa de pesquisa atuando como um 'receptor'. alerta ti perce~Cíes dos usuúl'ios sobre a tecnologia nao evidente para os pesquisadores. Assegurar que os pesquisadores scmprt: es\:ulem ao~ agrícuitores é a fum;ao mais

importante que as avalia~Oes com agricultores apresenta em um programa de pesquisa agrícola.

8. Assegure-se de compreender bem as razocs dos agricultores na avalia~¡¡o.

A menos que se tenha o cuidado de averiguar as razOes do agricultor na avalia~¡¡o, o resultado tenderá a ser uma descri~¡¡o da tecnologia do ponto de vista dos agricultores. No fundo de sta descri~¡¡o estarao os critérios de aceita~¡¡o que realmente contam na tomada de decisOes destes, mas estes critérios chave serao diffceis de discriminar se nao se averigua; portanto, isto poderia conduzir a conclusoes erróneas a respeilO das opiniOes dos agricultores.

Os pesquisadores pode m sentir-se tentados a fazer ava\ia~Oes de tecnologia com agricultores, principalmente para detenninar a quantidade des tes

que recusam uma inova~¡¡o proposta ou que 'gostam' dela e presumidamente podem adotá-Ia. Contudo, somente a compreensao das razOes pelas quai, os agricultores nao gostam de uma tecnologia em particular pode ajudar aos pesquisadores a redesenhá-Ia ou adaptá-Ia, para responder aos critérios de aeeita~¡¡o do agricultor.

Igualmente, os pesquisadores necessitam ter presente que quando um agricultor faz urna avalia~ao positiva de urna tecnologia experimental, está indicando que 'esta valeda a pena testá-Ia um pouco mai,'. Do mesmo modo que os pesquisadores, os agricultores dcsejarao fazer testes posteriores antes de que uma preferéncia converta-se em ad~¡¡o, em cOlldi,Oes reaí, em sua propriedade agrícola.

É portanto importante utilizar avalia~Oes abertas para compreender as razOes dos agricultores. Isso é

Comportamentos que se devem evitar em avalia~¡¡es com agricultores

NAO fa"u avulia\,Oes técnicas enquanto o agricultor esteja fazendo sua avalia~¡¡o

NAO comeee a avalia~ao ,em explicar os objetivos e esclarecer suas expectativas mútuas

NAO seja um vendedor de tecnologia; nao ensine nem fa~a recomenda~Oes durante a avalia~¡¡o

NAO avalie tecnologia com agricultores que nlio pare~am usuários potenciales ou que nao tenham experiéncia relevante

NAO imponha seu critério pessoal de avalia~¡¡o sobre os agricultores; nlio critique seus critérios; nao discuta nem contmdiga ao agricultor

NAO seja descortes recusando a hospitalidade ou abusando do tempo do agricultor. Nao obrigue aos agricultores a avaliar quando se enconlrem ocupados com outros afazeres

NAo interrompa nem apresse ao agricultor dumnte a avalia~¡¡o. Nao tome mais tempo em perguntar do que em escutar

NAO termine a ¡¡valia,uo COIll uma descri"ao da tecnologia por U111 agricultor, em lugar de suas raroes pard preferir características específicas ou urna alternativa sobre outras

NAO interprete as opinioes e preferencias dos agricultores sem verificar sua própria interpretu¡;lio

NAo reprima a iniciativa e a criatívidade dos agricultores controlando rigidamente que tecnologia avaHar ou quando. onde e como fazer as uvaliacrOes

'----

85

particularmente válido quando se conhece pouco sobre suas preferencias. Somente assim, as avali~Oes com agricultores ajudariio uos pesquisadores a entender o porque das existencia de urna estrutura particular de preferencias e o que isto implica para o desenho da tecnologia,

9, Verique rnais de uma vez a interpreta~ao das preferincias dos agricultores

As técnicas para fazer avalia,Oes de tecnologia, discutidas neste manual, sao ferramentas para conseguir a contribuiyiio dircta dos conhecimentos dos agricultores para o desenho e teste de tecnologia agrícola. Ainda que estas técnicas incluem o registro cuidadoso daquilo que os agricultores usualmente dizem quando reacionam a uma inova,iío proposta, existe o risco de distorcer su as idéias e opini6es, a menos que a equipe que realiza as avalia¡;óes esteja bem capacitada na~ destrezas necessárias,

Além de prover o treinamento adequado para assegurar que as destrezas de sondagem e verificayao sejam corretamente manejadas pela equipe na interayao com os agricultores, é conveniente verificar as interpretayOes das preferencias dos agricultores, fazendo vários tipos de avaliU90es complementares, Por exemplo, podem-se usar urnas poucas avaJiay6es individua;s para validar urna avalia~¡¡o em grupo ou vice-versa. Também podem­se fazer algumas avaliU90es aberta., em diferentes momento ou em diferentes locais, pam verificar os resultados obtidos quanto a ordem de preferencia,

IO,Assegure-se de que existe ambiente para que os agricultores tornern a iniciativa de organizar e realizar avalia¡;iíes de tecnologia

Se podem realizar avalia~5es com agricultores com propósitos de valida~¡¡o mais ou menos como se fazem os testes de mercado de um novo produto

86

antes de seu lanyamento comercial. Neste enfoque, um grupo representativo de consumidores potenciais (ou de agricultores) expOe ao teste de amostras do produto (ou tecnologia) e estabelece-se sua aceitu\,ao,

Um enfoque diferente consiste em usar as avaliuliOes com agricultores como urna oportunidade para envolver usuários potenciais nas etapas inicias do desenho de tecnologías prot6tipo e na adapta\iao de tais tecnologias as condi90es específicas da cultum, É frequente na indústria obter inovayOes de exitos, como consequencia de dar aos usuários potenciais a oportunidade de fazer ajustes ao desenho dos protótipos, Os pesquisadores podem desejar conduzir algumas avaliu\,6es de urna maneira comrolada, em primeiro lugar para propósitos de valida\Oao, e para fazer que os agricultores tome m a iniciativa e a responsabilidade em outras avalia90es. Nas avalia\i6es do agricultor esta iniciativa pode dar­se a maneira de sugestOes su as pam tratamentos experimentais, ou para incluir tecnologias diferentes as oferecidas pelos pesquisadores, Os agricultores podem desejar ver o intervalo de opy6es potencialmente disponíveis para eles, mediante visitas a estaliao experimental antes de optar por um conjunto de alternativas que valeria a pena testar em propriedades agrícolas, de seu ponto de vista, Os agricultores poderiam tamoom sugerir algumas alternativa~ quanto a maquinária ou práticas culturais, porque algumas vantagens sao visíveis para eles, mesmo antes de comeyar os ensaios formais,

A experiencia indica que quanto mais oportunidade tenha os agricultores para tomar a iniciativa em avalia~Oes de tecnologia, o benefício pum a pesquisa tenderá u ser maior em termos do desenho das tecnologias que os agricultores estarao mais dispostos a adotar.

Leituras Complementares

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Modelos para entrevistas de avalia~ao

\. A vali~ao aberta.

2. Ordem de preferencia.

3. Compara~ao por pares.

4. Matriz de ordenamento.

89

Vereda: ._~. __ ~

Estado:

MODELOS PARA ENTREVISTAS DE A VALIAC;;ÁO N" l. Avalia.;;ao aberla

Data:

INSTRUC;OES PARA O ENTREVISTADOR:

l. Ulilize urna folha de avalia,ao para cada ítem ou tralamento a avaHar.

2. ~¡¡o 1: Comentários espontaneos: O propósito da avalia,ao abertu é registrar os comentários espontáneos dos agricultores sobre cada variedade. O espa,o cm bnmco é parJ anotar os comentários do agricultor utilizando, dentro do possível, suas próprias palavras. As notas de esclarecimento do entrevistador devem-se escretas entre parentesis. E essencial nao perguntar ao agricultor sobre características que ele nao menciona espontaneamente.

3. As perguntas diretas podem ser feitas somente uo final da avalhu;iío do último tralamento e as respostas anolam-se na Se~ao 3 deste modelo: Perguntas Diretas.

4. A codifica,ao dos comentários espontaneos é feita depois da entrevista.

5. Urna vez terminada as avaJiacoes abenas e as perguntas diretas. a Se~¡¡o 4: Observacoes do entrevi.~tador é usada para anotar comentários adicionais do entrevistador.

90

AVALlA<;ÁOABERTA

IDENTIFICA<;ÁO DA AVALlA<;ÁO----~.-

ITEM. ___ _

IDENTIFICA<;:ÁO'--~ AGRICULTOR------~---

1. COMENTARIOS ESPONTÁNEOS

2. CÓDIGO PARA COMENTÁRIOS ESPONTÁNEOS

CRITÉRIO (+) Positivo (-) Negativo CRITÉRIO (+) Positivo (-) Negativo -._~------

.. _-._. 101 I 11

02 1

-1 ¡ ,

.. _.~---~-_ .. _--031

I 13

1

04' ' I 14 I

í

105 í 1 I I

06 161

~! 17:

1081

.~.~ ~._ .. _-_.

18 : i .. ~_._~~-._---_._-_._. I ,

19 : 109 i -._--_.~-----_. __ ._.~. I

I I ,

10

91

AVALIAf;XO ABERTA

IDENTIFICACÁO DA AVALIACÁO -_._~~

lTEM ~-__

IDENTIFICACÁO ._ .. ~ .. _._-~._-._---- AGRICULTOR -~_._._----

3. PERGUNTAS DIRETAS

4. OBSERVACÓES DO ENTREVISTADOR

92

IDENTIFlCAf;AO

MODELOS PARA ENTREVISTAS DE AVALIA<;ÁO No. 2 Ordem de Preferencia

DA AVALIA<;AO ------- AGRICULTOR -------

ORDEM DE PREFERENCIA

~xp¡¡que as razoes do ordenamento para cada ítem, ,-.. ----.---.---.--. ,.-----~~E .-.... -.. -.---NOMEDOlTEM ID I GRUPO(l) ORDENAMENTO RAZOES

,..-' ._-_ .... _- _._.-------------~ .. _ .. -

c--... -------------~r---~.t=~ .. -.. ~--.. ~-r_----------+_---------~-.-'---' --.--f---.--.----,~--~----.---..

r----.--.--.-- -.-.- ---.--~----.~----

-+-----_.~ .. _.-+---_._. __ ._......¡-_. __ ._._._._._~

-.-~~~--.~--.~-f__.--..¡----.--... -.---+---.. --.-..... ------.t--.... -.-.... ------.---.---

~--------- r-.-.--+----.. -.~----.. -----~----------.. -

(I) Trabalha-se com mais de seis ítems. que devem ser agrupados primeiramente em "bom" vs "pobre" ou "bom", "médio" e "pobre". Logo, ordene os ítems dentro dos grupos.

SugeslOeS: ___ . ______ .. ~ ____ . __ .. ~._.~_~ _______ ._._. _____ ._ .. _. __ ._ ...

93

MODELOS PARA ENTREVISTAS DE AVALlA«;ÁO No. 3 Compara~ao por pares

Instru~Oes

A.A entrevista

1. Para fazer ordenamento mediante compara~¡¡o por pares, primeiro fa~a que o agricultor escolha nomes até seis ítems e complete com ele a coluna "NOME DO ITEM". Exemplos de ítems podem ser: nomes de

variedades, culturas. árvores. etc., segundo seja escolhido pelo agricultor.

2. Caso scja necessário. complete a coluna "CÓDIGO" com sua própria identifica~iío de cada ítem escolhido pelo agricultor. Por exemplo. a variedade chamada "Libenad" pelo agricultor sería a "CG 14-472" no código dos pesquisadores.

3. Com~e a compara,ao de cada par: I vs 2; 1 Vs 3; I vs 4, etc., escolnendo cada ítem segundo reconnece o agricultor e perguntando-Ihe "Qual prefere'!" A resposta é anotada como segue: Se o ítem 1 é preferido coloca-se urna cruz (+) no espa~o 1:2 do modelo. Se o ítem 1 é NAO preferido (por exemplo: quando o agricultor diz que o ítem 2 é melhor), emao coloca-se um sinal menos (-) no espu90 1 :2.

4. Pergunte ao agricultor por que prefere o ítem e escreva a ramo. no espa~o intitulado "RAZOES" contra o par 1~ .

5. Continue assim até que todos os pares sejam avaliados.

B. Pontua~¡¡o

l. Depois de terminar a entrevista. a matriz de compara~1ío por pares pode resultar assim:

NOME DO ITEM 2 3 4 5 6 CÓDIGO

1 Café 1 Caturra

2 Alface, vagem, lomates

3 IRA-S

4 Milno 4

5 5

6 6

-----~ ~

RAZOES PONTUAC;Ao I , -~

I 2 3 ,

4 5 6 i

~~ --~ ------~-~------

1:2 É de menor risco que as hortali~as. +- +-

1 :3 O café é mais rentável que o arroz, +- +-

1:4 O milho é mais difícil de comercializar; o pr~o +- +-é muilo baixo; é bom somenle para consumo doméstico.

2:3 As hortalil;us sao de maior risco que o arroz mas +- +-maís renlável quando os pre<;os estiio bons, se bem que pode-se deitar a perder,

2:4 O milho é somente para consumo, +- +-

3:4 O arroz nlio é muito rentável mas é necessllrio +- +-plantá-Io para consumo diário, e o resta para venda; o milho nao vale a pena vende-lo, ,amente come-se ocasionalmente, nao diariamente como o arroz,

¡----~- --¡----

PONTUAC;AO TOTAL E ORDEM POSITIVO (+) 3 2 I O

DE PREFERENCIA --,-f---

NEGATIVO (-) O -1 -2 -3

2, Os re.~ultados positivos (+) ou negativos (-) entram na matriz de resultados assim: items I vs 2: recebem como resultado um ,inal (+) que aparece encerrado em um círculo na matriz de resultados, Portanto,2 recebe como resultado um sinal menos (-), que aparece tumbém encerrado em um círculo na matriz de resultados para esta compara,ao,

O ítem 1 vs 3: 1 recebe um sinal (+) que se encerra em um círculo; portanto, 3 tem como resultado um Binal negativo (-) lambém encerrado em um CÍrculo na matriz de resultados. Quando se completam os resultados, soma-se a quanlidade de sinais posili vos (+) em cada ítem na matriz de resultados. Isto lambém mostra a ordem de preferencia dos ítems.

95

Produtor_~ ______ ~. _____ . ___ ~ .. __ _ Entrevistador ______ .

Data---Lugar ~_. _____ _

IPRA-CIAT COMPARA!;:AO POR PARES

NOMEDO ITEM 2 3 4 5 6 CODlGO

2 2

3 3

4 4

5 5

6 6 --_.- --------

RAZÓES PONTUA¡;AO

I 2 3 4 5 6

1:2 +- + 1:3 +- +-1:4 +- + 1:5 +. +-1:6 +- +-2:3 +. +-2:4 +. +.

2:5 +- +.

2:6 +- +-3:4 +- +.

3:5 +- +-3:6 +- +.

4:5 +- +-4:6 +- +-5:6 , +- +-

-i

PONTUA¡;i\O TOTAL E ORDEM POSITIVO(+)

DE PREFERENCIA NEGATIVO (-) i

"1

96

MODELOS PARA ENTREVISTAS DE AVALIA~ÁO No. 4. Matriz de Ordenamento

1. Os critérios para a matriz dc ordenamento devem ser identificados a partir de discussOes prévias com agricultores, de tal forma que sejam feitas em termos do vocabulário locais. 1SIO pode ser alcan9ado realizando primeiro urna uvalia9uo aberla com o agricultor e logo, recapitulando com ele os critérios relevantes da avaliu9ao. Assim permite-se ao agricultor urna contribui9ao díreta na elabora9ao do modelo. Cada critério é um encube9umento de coluna, por exemplo: rendimento, tipo de planta, eusto da semente.

2. Nomeie ou identífique os ítems que serao ordenados com o agricultor, usando a terminología que ele usa. Esereva esta identíficaliuo ao eneabe9ar cada col una. Use uma col una para cada ítem por ordenar.

3. Cada ítem é ordenado com respeito a um crítérío, por exemplo: E quanto ao rendimento, qual destes tres considera o scnhor que é o melhor?" Podem surgir díficuldades se o agricultor pensa que nao existe nada para escolher ent.re as alternativas, em relaliao com um critério ou dimensao particular.

4. A avalialiao global, que busca um ordena mento geral, é útil na maneira de verificaliao. Nela nos perguntarnos se os ordenamentos sobre cada critério sao consistentes com a eleiliao final (que também pode dificultar-se).

No exemplo que é mostrado na matriz de ordenamento da página seguinte, o agricultor recebe 150 e 250 kglha como similares enquanto a quase todos os critérios, exceto no custo dá semente e na necessidade de maior prote~¡¡o para a dosagem de 150 kglha. A matriz mostra que o agricultor prefere reduzir o incremento no dano de ¡nsetos e que necessita controlá-Io, ao invés de economizar 100 kglha de semente.

5. As sugestoes do agricultor sao urna verifica~ao que impede que o pesquisador assuma que "a melhor" de um conjunto de alternatívas (tres propor90es de semente no exemplo) é na verdade o que o agricultor está buscando. Neste exemplo, a sugestao do agricultor nos diz que a alta proporc,;ao de semente que ele usa é sua solu9ao ao problema de ¡nsetos. De fato, neste ensaio nao se esta va lendo em conta a causa das altas taxas de semente que pareciam um desperdício para o agronómo que o desenhou. As taxas de semente dos agricultores, cerca de 250 kglha, (inham como explicac,;ao o dano que sufriam as plantulas por causa da infestac,;iío de insetos. Poderia-se desenhado apropriadamente um novo ensaio para testar diferentes nÍveis ou tipos de controle de insetos em combinado com distintas quantidades de semente.

97

MATRIZ DE ORDENAMENTO

CRlTÉRIOS No. ou nome do tratamento Agricultor

01 ! Entrevistador

02 Data

03 Local

04 I Identíficacao da avalíacao

05 CODIGO:

06 1.

07 2.

08 3.

09

10

11 Avalíacao geral

Qual o senhor gosta maís?

l. Para as mais preferidas ____________________________ _

2. Para a seguínte mais preferida ___________________________ _

3. Para a descartada _______________________________ _

SugestOe!i

Tem alguma coisa aquí que o senhor gostaría de modificar ou fazer de modo diferente? O que e por que?

98

MATRIZ DE ORDENA MENTO

CRITÉRIOS No, ou nome do tralamento Agricultor CARLoS MVNO,z

80K6/I/Á 15() "ro / !lA ~50 k'G/¡iA

01 I:-ENj)IMliNro 1 -1 1 Entrevistador !lENí<1 í( 11\1 ,;¿JlJ

r--ZZ!3!BQ 02

, 1 Z Data '.lIlaO" 1>< PLAIVTuLA5 2

03 PANO Pe: 1'V'é,ETOS .3 Z 1 Local !!5Pt;i?l",.rzlt Ó<"P .1>DMIMcA"'¡\)

04 C",,:/To!JA son"rr -1 2 3 Idemificacao da avalíacao P.511iRl7oz 91

05 ¡.Jo PtANT~S (Po!?) 2 1 1 CODIGO:

06 CoMPErt~¡;;o HER'I6 ']wl¡¡J Z 1 1 1. SO k"'lilA Sél'/E.nt: CERT/FICAPA

07 CU5Tos P.,STICl1>AS 2, 1 1 2. 1~o Kr../li1, SfiMI'i",n; cli1<.T¡F"¡cAJ>,'¡

08 3. Z?o tr../IlI, SfiU(;»7li C¡;:IZr,<"cA)¡Á

09

10

11 A valiacao geral 3 ... 1.,. Zo.

Qualo senhor gosta mais?

RaziIes

2. Para a seguinte mai, preferida "NAo f' A ~,,¡¡- eu COs,.-..,,,,o PLÑ'<)TAT< MM, E:~"'¡' No\/A $<;;M"A.ln;

Sugestocs

Tem alguma coisa aquí que o -,cohor gostaria de modificar ou fazer de modo diferente? O que e por que? "Te".,-rAR oUTRo "" .... O»D pI; C'f)NTROU: !H' I'¡;¡A""'~. Yo:DE""?FR !jlúf: I,?,?O ¡.ID"", f'€:i?¡..¡,r-A usAR ,.,f;rVO'é>

.<;eMENTE", "TAL vl?2 100 ¡¿"HA. e$re-o"-I4€N1f 5E o cJY;T1?oLE ]lE Y'RA6t!? ':::o9S/? ;MI'" !Ml?ATC> .. o ¡:tia ¿¡¡g/A uM~

Gl'~M1)E f'C.OMD MIli

99