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No labirinto do tempo

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No labirinto do tempo

projetoLivro AndantetítuloNo labirinto do tempoautoresprofessores de Língua Portuguesa - 3.º ciclo7.ºs A, B, C, D, E e F / 8.ºs A, B, C, D e E / 9.ºs A, B, C e Dcapaprofessor Cândido Sousa ilustraçaoprofessor Cândido Sousa e turmas 5.º D e 6.º Agrafismoprofessor Pedro Ferreirarevisãoprofessores Jorge Pimenta / Amália Teixeira / Nuno MartinspropriedadeAgrupamento de Escolas Vale d’Este - Barcelos tiragem700 exemplares execução gráficaOficinas S. José

O Livro Andante é parte integrante da edição n.º 67 d’O Despertar não podendo ser vendido separadamente.

O Livro AndanteNo labirinto do tempo

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ATO ÚNICO

CeNA I (7.ºB)(Praia da Areia Branca. De um lado, a montanha, do outro, o pinhal. Duas jovens de 15 anos, a Joana e a Francisca, diante de uma casa de madeira dos pais da primeira, onde vão passar o fim de semana. Trajam jeans e t-shirt. Duas mochilas de campista às costas. Tarde quente de abril, férias de Páscoa.)

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Joana – Nem acredito que estamos juntas aqui, em Foz Torto, Quica! Finalmente consegui convencer os meus pais a deixar-nos vir.Francisca – Nem me fales! Eu e a minha melhor amiga, uma casa só para nós, neste cenário fantástico. (Francisca abraça Joana) Que fixes os teus pais!Joana – No ano passado eles nem me quiseram ouvir…Francisca – Também só tínhamos 14 anos… mesmo assim… olha como é com a Filipa, os pais nem a deixam ir ao cinema, quanto mais vir connosco para aqui.Joana – Pois é, que pena ela

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não poder vir… é tão divertida, ela. Mas tenho a certeza de que mesmo assim vamos adorar o programa.Francisca – Ya! E de certeza há muito para fazer. Olha, trouxe música, cartas, a Bravo deste mês e o Crepúsculo, que já vi no cinema mas que ainda não acabei de ler.Joana – Para além de montes de bolachas de chocolate! (risos) Mas tenho algumas surpresas preparadas…Francisca – (num pulo e instalando um brilhozinho no olhar) Hum… Conta, vá, anda lá!Joana – Venho para aqui passar férias desde que nasci; conheço este lugar melhor do que a palma da minha mão e garanto-te que há muito para ver, apreciar, sentir e, sobretudo, descobrir.Francisca – Conta, estás a deixar-me ansiosa.Joana – Não te vou contar tudo agora, mas sempre te vou dizendo que esta casa tem mais de 100 anos e que quando fizeram as suas fundações foram encontradas algumas moedas de ouro e pedaços de madeira que terão pertencido a um galeão espanhol, o Mérida, aqui naufragado em 1614. Consta que grandes batalhas com piratas aconteceram por estas paragens, até por estarmos bem perto de Espanha.

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Francisca – Será por isso que as montanhas estão cheias de grutas, como ainda ontem dizias?Joana – Pois, não sei, mas é bem capaz. Olha, há ainda um trilho entre a casa e o farol, bem junto do pinhal, sobre as rochas e o mar, que é das coisas mais belas que possas imaginar. Havemos de o fazer, mas sobre isso falamos amanhã, que o cansaço já pesa. (Mete a chave na fechadura e abre a porta.) Vamos arrumar as tralhas.Francisca – ‘bora lá! (entraram)

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CeNA II (7.ºC)Francisca – Que espetáculo! Nunca imaginei que a tua casa fosse assim. Quando me disseste que tinha 100 anos, imaginei que fosse uma casa menos acolhedora, mais desconfortável, mas… é muito bonita!Joana – Por ser antiga é que é tão encantadora e cheia de aventuras e mistérios para viver e descobrir!Francisca – (muito entusiasmada) Estou ansiosa, Joana, para conhecer tudo, tudo o que houver para conhecer aqui! Vão ser umas férias fantásticas, inesquecíveis.(Depois de terem arrumado as tralhas todas, foram dar uma volta pelos arredores, embrenharam-se pelo pinhal e perderam-se.)Francisca – O que fazemos agora? Daqui a pouco vai anoitecer.Joana – Não te preocupes. Havemos de encontrar uma solução.(Continuam a caminhar. Um ruído súbito agita as duas raparigas.)Francisca – O que é isto? Estou a ficar assustada…Joana – Não tenhas medo. Este lugar é pacato, nunca ouvi dizer que houvesse aqui perigo algum.(Aparece um cão e um rapaz a correr atrás dele. Surpresa no animal ao vê-las.)

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Rapaz – Que fazem aqui a estas horas?Joana – Olá, quem és tu? Estamos perdidas e não conseguimos voltar para casa. Podes ajudar-nos?

Francisca – Que alívio! Encontrámos alguém…Rapaz –Eu chamo-me Afonso. Vivo aqui perto. O meu cão resolveu fugir e agora vejo porquê. Encontrou-vos… Venham comigo!(Os três seguiram juntos.)

CeNA III (8.ºC)Francisca – Então, Joana, não conhecias este lugar melhor que a palma da tua mão? (Pergunta não sem alguma ironia.)Joana – Desculpa, Francisca, não sei como isto aconteceu, devo ter confundido o caminho, porque eu, de facto, não estou a conhecer isto…Afonso – Vá lá, meninas, não discutam que já está a ficar tarde e estamos longe da praia…Joana – Como é que tu sabes que estamos alojadas na praia?

Afonso – Bem… mas... ei, onde está o meu cão?!

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Francisca – Não sei, ele ainda há pouco estava à nossa beira… vamos procurá-lo! (Começam a correr à procura do cão.)Afonso – Jacob! Jacob, onde estás?Joana – (gritando) Não acredito que o teu cão tenha o nome do meu lobisomem preferido!Francisca – Joana, tudo bem que gostes do Crepúsculo, mas agora temos é de procurar o cão.(Continuam a correr. Afonso, desprevenido, cai num buraco.)

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Francisca – (aterrorizada) E agora o que fazemos? (A Francisca e a Joana debruçam-se sobre o buraco para onde espreitam.)Francisca – Este lugar é tão escuro! É impossível avistar o fundo… Oh, pobre Afonso…Afonso – Ajudem-me, já encontrei o meu cão! Esperem aí!! O que é isto? (Admirado. Afonso liga uma lanterna que mostra a baixa profundidade do buraco; Francisca e Joana saltam para dentro dele.)Joana – Uau! O que é isto? Isto é espetacular! É um mundo que eu desconhecia!Francisca – Isto é um buraco mágico, vamos andando para ver o que descobrimos.(Avistam uma carta.)

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Afonso – O que é isto? Uma carta?(Joana arranca-lha das mãos.)Joana – Deixa cá ver. Hum… “Bem-vindos ao mundo das emoções, aqui vão viver muitas aventuras e desvendar muitos mistérios…”. Mas, que raio quer isto dizer? (olham-se perplexos.)

CeNA IV (8.ºD)(Prosseguem caminho. Avistam um portal com uma mensagem escrita numa pedra.)“Agora que entraram não podem sair enquanto não decifrarem o enigma...”Afonso – Não fiquem nervosas, vamos continuar a ler a mensagem: “Para deste buraco sair, a porta certa têm de abrir, a cada portal novo um novo enigma têm que descobrir.”Joana – Como sabemos qual é a porta certa?Francisca – Temos de ser racionais, aí é que está a aventura.Afonso – Tenho uma ideia! Damos todos as mãos, fechamos os olhos e pensamos todos em cada uma das portas. Tenho a certeza de que quando pensarmos na porta certa ela se abrirá.Joana – Não achas que isso é um bocado estúpido? É só o que vem nos filmes, como sabes que resulta?

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Afonso – Temos de tentar tudo para saber se resulta, e se não tentarmos nunca vamos sair daqui.(Mãos dadas, olhos fechados. Começam a pensar na primeira porta, e assim sucessivamente…)Francisca – Agora vamos lá pensar na porta número 5. Eu acho que isto não vai resultar.(De súbito, a porta abre-se misteriosamente e entram. Olham em frente e veem uma bala de canhão que explode no ar e aparece novo enigma.)Joana – Uau, estamos mesmo neste mundo?! Olhem ali (olha para o céu e lê): “No buraco mágico do tempo entraram, para o passado recuaram, no ano de 1614 pararam, a guerra continua e com o capitão têm de falar se este enigma querem decifrar.”

CeNA V (7.ºD)Afonso – Capitão, mas que capitão?! O Capitão Manuel que trabalha no talho?

Joana – (risos) Não, Afonso, mas também não vou estar agora a explicar-te. Desconfio que, quer queiras quer não, vais

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acabar por ficar a saber. Estou é curiosa para saber como…Francisca – Também eu, mas não sei se estou a gostar muito da ideia. E se fôssemos embora?...Afonso – E vamos, mas pelos vistos só quando descobrirmos o enigma, certo?Joana – Então não estavas à procura de aventura? Penso que vão ser umas férias inesquecíveis, só espero que pelo lado positivo. (engole em seco)Francisca – Mas tu estás a ouvir bem o que dizes? Falar com o capitão?! Como? Vamos alugar equipamento de mergulho e procurar o Mérida? (Mal a Francisca pronunciou o nome do galeão espanhol, o chão abriu-se e, de forma abrupta, caíram no espaço vazio, viajando, mais uma vez, através do portal do tempo, até atingirem, em cheio, o Mérida.)Capitão – O que é isto? Deuses no meu barco?! Ou será maldição? Quem são vocês?Joana – Ai a minha cabeça!!! Onde é que estamos?Francisca – Não sei, será na Eurodisney?Afonso (assustado) – Quem me dera, mas penso que não. Parece-me que estamos no… no…Capitão – No MÉRIDA!!! Sou o capitão Joaquin Gonzalez, o mais temível e destemido de todos os capitães.

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Francisca (com ar de gozo) – Sim, sim, e eu sou o Pai Natal, mas não diga nada a ninguém.Capitão – Pai Natal??? Quem é esse? É capitão? Se é, digam-me que vamos já em direção a eles…Joana – (para a Francisca) Cala-te, Quica! Não nos arranjes problemas! Deixa-me falar! (vira-se para o capitão)Excelentíssimo e digníssimo capitão, eu chamo-me Joana, a minha amiga aqui ao lado é a Francisca e o rapaz é o Afonso. Estávamos nós no ano de 2012, quando caímos num buraco, uma espécie de portal do tempo que nos trouxe até aqui. Para conseguirmos voltar para casa, pelos vistos, precisamos de desvendar um enigma que inclui o capitão.(Dirigem-se todos para os aposentos do capitão para se debruçarem sobre o assunto.)

CeNA VI (7.ºF)(Os amigos entram nos aposentos do capitão e observam, com espanto, o quarto.)Francisca (para Joana, em surdina) – Que horror! Não há nenhuma empregada doméstica aqui!!! E será que neste maldito lugar não há nenhum decorador, também?! (Joana dirige-se ao capitão)Joana – Vamos diretos ao assunto, por favor! Ajude-nos a decifrar o enigma que vimos escrito no céu: “No buraco mágico do tempo entraram, para o passado recuaram, no ano de 1614 pararam, a guerra continua e com o capitão têm de falar se este enigma querem decifrar.”Capitão – Agora que falais nisso, ontem um pássaro de duas cabeças entregou-me um manuscrito com uma mensagem que na altura não entendi… esperem, onde guardei isso? (Procurou numa caveira a mensagem e retirou uma folha em papiro que leu em voz alta) “A vencer os piratas o Capitão ajudarão, são três adolescentes e vencedores serão.”Afonso – Ficámos a saber o mesmo, não compreendemos nada! Como nos poderemos ajudar mutuamente?Capitão – Não sei, mas se a mensagem que recebi dizia que devia ajudar-vos é isso mesmo que vou fazer. Não quero que recaia sobre mim nenhum feitiço

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ou maldição… O pirata Vilão desobedeceu aos pedidos escritos numa mensagem entregue por um pássaro de duas cabeças e ficou reduzido a pó… Não posso deixar que me aconteça o mesmo.(Nesse momento, ouve-se um grande estrondo e Francisca, assustada, dá um grito e salta para o colo do Capitão.)Capitão – Que bebezinho, assustas-te logo com um pequeno barulhinho!(Dirigem-se todos para a janela.)Joana – O que é aquilo ali ao fundo? Parece um barco…Capitão – Escondei-vos, rápido! São uns piratas, nossos inimigos de morte há muitos anos e vão atacar-nos!Francisca – Não podem esperar dez minutos? É que está a começar os Morangos com Açúcar e o capitão tem um plasma fenomenal!!!Afonso – É verdade, mas não sabia que no século XVII já havia televisões destas…Joana – Pelo amor de Deus, como podem pensar em televisões numa altura destas?!(Afonso dirige-se ao capitão.)Afonso – Capitão, como é que sabe que estamos a ser atacados?Capitão – Meninos, quando um navio de piratas ataca outro com canhões é sinal inequívoco de guerra, sabiam? (aparte) Ai, estes meninos de cidade! (de novo dirigindo-se-lhes) Esperem aí, eu já lhes dou os canhões!!!

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(A batalha começa.)

CeNA VII (7.ºA)(O capitão dirige-se para os marujos e ordena

que se prepararem para a batalha.)Capitão – Dirijam-se aos vossos

postos que a guerra vai começar!Joana – Ai, ai, ai! Estou a ficar assustada! Tenho meeeeeedo! Mamã, onde estás? Ajuda-me!

Francisca – Telefona-lhe, ó totó! (agarrando a amiga pelos braços)

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Acorda, temos de nos esconder senão morremos. Nunca estive numa guerra ao vivo, só em filmes. Quero ir para casa.Capitão – (Com um tom de voz grave) Não tenham medo, eu protejo-vos. Façam tudo o que eu disser.Afonso – E o meu cão? Eu não consigo viver sem ele, tenho que o encontrar.Francisca – Com este cenário estás preocupado com o cão? Que idiota, Afonso!Joana – (Preocupada) E o enigma? Temos de o decifrar para sair daqui.(Depois de tiros, gritos e sangue, faz-se silêncio. Novo estrondo de canhão que solta mais um enigma.)Capitão – “Para o capitão ajudar o barco de piratas devem derrotar”. Que raio vem a ser isto?Afonso – Socorro! Socorro! Ai, estou-me a afogar!Francisca – Cuidado! Cuidado! Vê se consegues dar-me a mão.(Enquanto isto, um grupo de piratas faz um cerco e apanha Afonso e Francisca; os jovens são levados como reféns.)

CeNA VIII (7.ºe)(Numa ilha desconhecida que não constava de nenhum mapa.)

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Francisca – Quem são vocês? O que é que pretendem de nós?!Pirata – (Num tom de voz agressivo) Cala-te, pega nessa esfregona e começa a limpar o convés.Afonso – (Num tom de voz quase inaudível para a Francisca) E agora, o que iremos fazer para conseguir escapar? E o que será feito dos outros?Pirata (Ouvindo a conversa) – Por enquanto não sei o que vou fazer com vocês, apenas tenho a certeza de que não sairão daqui tão cedo. Aliás, ainda me vão ser muito úteis (fala, cofiando a sua barba avermelhada.)Francisca – Afinal, o que pretende?Pirata – (Num tom ríspido) Vocês não passam de uma reles moeda de troca! O que pretendo é o mapa do tesouro que neste momento está na posse do vosso capitãozinho de meia tigela!Afonso – Se não consegurimos contactar os nossos amigos, como quer ter o mapa?! (aparte) Mais um idiota! (Cruza e descruza os braços bem diante do rosto do pirata,

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em sinal de gozo.)Pirata – Não é que o puto tem razão? Ora bem, como vamos fazer isso? (Fica pensativo.) Hum… Já sei! (em voz alta) Vou enviar a minha Amália com uma mensagem escrita de resgate, de forma a trocar estas criaturas pelo meu querido, amado e tão desejado mapa do tesouuuuro! (riso maléfico) Ah! Ah! Ah!Francisca – Amália?! Quem é essa? A fadista? Como veio parar aqui? Pirata – Qual fadista, qual carapuça? Vocês usam telemóveis e essas modernices, mas eu tenho algo melhor: a minha incomparável e fiel amiga Caveira Voadora, de seu nome Amália. Esta minha joia envia mensagens instantâneas e também me lava os pés.(O pirata envia a mensagem através da caveira. Enquanto apronta o gadget tecnológico, lê em voz alta.)“Se os vossos amigos querem ter, o mapa do tesouro terão que trazer, para os adolescentes rever. Se não o fizerem, nosso alimento vão ser!”

Cena IX (8.ºe)(Após terem recebido a mensagem, Joana e o Capitão ficam agitados)Capitão – (Nervoso) Há muito tempo que ando à procura desse tesouro e não o vou ceder por causa de dois putos. E, já agora, alguém tem saldo no telemóvel?Joana – Eu tenho, mas aqui não há rede.

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Capitão – (Trocista) Modernices! Joana – E agora, com quem é que eu vou ver o Lua Nova?Capitão – Ahhhh… O que é isso? Joana – É a continuação do Crepúsculo.Capitão – Porra, pá, que canalha, só pensa em filmes.Joana – (muito enervada) Vamos mas é ajudar os nossos amigos! Afinal isto…(De repente ouviram um barulho sinistro. Jacob entra em cena com uma cadela.)Capitão – Ahhh! A minha Tituxa!Jacob – Onde é que está o Afonso? Tenho fome!Joana – Ahhh?! É normal o cão falar?Jacob – Olha, o cão tem nome, sim.Capitão – Ok, eu acho que não estou muito bem… vou buscar o mapa e tomar um Xanax para ver se me acalmo. Jacob, dá o mapa aos putos…Jacob – Aaaah… o mapa… pois… o Afonso é que o tem!

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CeNA X (9.ºB)(O capitão, após ter tomado Xanax, regressa mais calmo.)Capitão – Estou pronto para tomar uma decisão.Jacob – E qual é a decisão a tomar?Capitão – Decidi chamar os meus dois melhores marujos, David e Vasco, para vos ajudar a salvar os vossos amigos.(Após algum tempo vem um dos marujos dar uma notícia)David – Meu Capitão, meu Capitão, venho trazer uma má notícia. O Pirata está a torturar os putos na ilha da Nuvem Negra.Joana – E agora, o que fazemos?Capitão – Estou farto. Vamos atacar! Já o conheço há muito e sei alguns dos seus pontos fracos.(Reuniram-se à volta de uma mesa a planear o ataque.)Vasco – Capitão, vamos atacar pelo sul, pois eles não contam connosco desse lado.Capitão – It´s a good idea! Vê-se logo que andas comigo desde pequeno.Joana – Espero que resulte…David – Claro que vai resultar. Anda, Vasco, temos de levantar âncora e içar as velas.Capitão – Força, rapazes! E vocês os três não fazem nada? Fábio, já preparar os canhões.

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Fábio – (Medroso) Sim, Sim, claro, é já a seguir.Capitão – (Para outros piratas) Diogo, Coelho, vão já ajudá-los.Diogo e Coelho – Sim, Senhor!(Dirigem-se para a ilha.) CeNA XI (9.ºC)(Ataque do capitão e os seus homens de surpresa. O inimigo é rapidamente desbaratado.)Coelho e Diogo – Chegámos! Vimos! Destruímos! David – Ah ah ah! Anda lá, pirata. Só tens isso para nós? Fraquinho! Capitão – A minha tripulação não perdoa!(Enquanto o Jacob e a Tituxa estavam felizes juntos, o Diogo foi resgatar o Afonso e a Francisca, mas alguns piratas sobreviventes

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fugiram numa canoa a motor, levando os reféns.) Capitão – Os putos? Desapareceram? Diogo – Levaram-nos numa canoa. Escaparam-se.Vasco – Foram para norte. Icem as velas! Capitão – Go! Go! Go!Coelho – Norte? Para que lado é isso? Capitão – Meu idiota, olha para a bússola, GPS, sei lá, desenrasca-te!Coelho – GPS? O que é isso? Capitão – Que ignorante! Vai lavar o convés que eu trato disto. Que incompetência !

CeNA XII (9.ºA)Capitão – Reunião de emergência! Putos, venham cá.Joana – Capitão, esta reunião vai ser a dois, porque os meus amigos foram levados…Capitão – Nem mais! Tu e eu, não quero nenhum dos meus homens. Mas quem precisa desta cambada de idiotas que só pensa em rum, ouro e mulheres? (pausa) Estou farto de vocês e vocês certamente de mim. Mas para nos vermos livres uns dos outros temos de cumprir o que nos foi exigido. Vocês ajudam-me a derrotar os piratas.Joana – (interrompendo) Está quase, meu capitão, depois que tomámos a ilha já só

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meia dúzia escapou e o pior de tudo é que levaram consigo a Quica e o Afonso.Capitão – Isso, mas falta esse pequeno detalhe para cumprirdes a vossa parte. Assim que esteja concluída, ajudar-vos-ei a regressar a 2012 (aparte), sei lá bem como, (de novo para a Joana), até porque não quero apanhar a maldição. Mas lembra-te de que eles têm a chefiá-los o imprevisível capitão Barba Rala… Joana – … e que o mapa está no bolso do Afonso, provavelmente a menos de um metro desse capitãozinho de perna de silicone.Capitão – (Desolado) Pois sim, mas como? A esta hora já devem estar para lá das Berlengas.Joana – (Sublime, pousando condescendente a mão no seu ombro, enquanto arremessa o canivete suíço sobre a barrica que servia de mesa) Don Joaquin, senhor, já ouviu falar dos dotes inigualáveis de uma mulher?Jacob – Imagine-se então os meus!!!Tituxa – E então os meus?...Capitão – De que é que estás a falar, rapariga?Joana – Os homens fazem a guerra, mas as mulheres pensam-na. Enquanto andavam entretidos aos socos uns aos outros, eu, a meio do meu chá, decidi o que os homens sempre adiam: a solução das coisas.

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Capitão – Como assim?Joana – Dei uso ao meu canivete suíço. Anda sempre comigo. Durante o combate não deixei uma única máquina a funcionar, cortei o tubo de alimentação à barcarola, à máquina da roupa, ao aspirador, à cafeteira… resumindo, a tudo o que mexe.Capitão – (Abre os olhos, acende os raios de sangue, dá dois passos em direção à Joana, segura-lhe na cabeça e beija-a repenicadamente na testa) Podias ser a filha que eu nunca tive!Joana – (Removendo as côdeas da testa) Sempre preferi o chá ao rum!(Afonso e Francisca regressam algo abalados. A seu lado, dois piratas seguram o Barba Rala.)Capitão – Houlá, finalmente consegui apanhar esta escumalha e muito graças a vocês. A vossa parte está cumprida!Joana – Capitãozinho, agora falta a tua parte… Capitão – Posso beber muito, posso ter mau hálito, posso ser mau, mas sou homem de palavra. Voltemos à aldeia; há um buraco mágico que vos espera.Todos – Iupi!!!Jacob – (Dando um toque no ombro do Afonso, enquanto segurava a pata da Tituxa) Afonso, sempre foste o meu companheiro inseparável, mas, sabes, eu cresci, o mundo transformou-se e a Tituxa mudou-me para sempre. Apaixonei-me e quero ficar com ela! Vais ser tio…

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Afonso – (Emocionado, dá-lhe um abraço sem esconder uma lágrima.) Sê feliz. Ah! Tituxa, trata bem do meu menino.Todos – Hasta la vista capitan! Capitão – Gracias, niños. Me ha encantado. Gracias por lo caniveto suíço. (Pulam para o buraco e regressam a 2012.)Capitão – Raios, o puto levou o mapa com ele…

Cena XIII (8.ºB)(Ao sair do buraco ainda se ouvia a voz do capitão.)Capitão – (gritando) O mapa!....apa…apa…apa….

(Regressam os três ao mesmo local, no meio do pinhal. Já a anoitecer.)Joana – Fogo, que dor de cabeça!Francisca – Isto de passar por túneis deixa-me atordoada.Afonso – Uh, uh, que adrenalina!

Francisca – Joana, o teu cabelo passou de ultraespetacular para espetacular…Joana – O teu não ficou muito melhor!

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Afonso – Meninas, não se preocupem que isso vai ao sítio, caso contrário levo-vos ao meu barbeiro que vos mete o pente zero.Francisca – Deixa-te de piadas e vê se nos ajudas! Tens algum lenço de papel?(Afonso remexe os bolsos das calças e encontra o lenço de papel.)

Cena XIV (9.ºD)Afonso – (espantado) Hum, mas isto é… o mapa!!! Francisca – O quê? Não pode ser! Vamos voltar ao passado? Joana – Que passado, qual quê? Estás a sonhar, não podemos passar por tudo isto outra vez… E era, não?Afonso – (irritado) O mapa pertence ao passado! Agora temos é de pensar e viver o presente.

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Cena XV (8.ºA)Francisca – Olha, deixa cá ver isso.Afonso – Claro! (Os três debruçam-se atentamente sobre o mapa.)Joana – Estão a ver o mesmo que eu? Um X no meio do mapa? Deve ter algum significado… (Afonso coloca as coordenadas no GPS.) Afonso – Vamos seguir esta pista. Logo veremos o local indicado.(Ouvem as indicações e seguem-nas atentamente. Com grande espanto, ao fim do dia, encontram-se junto à casa de Joana.)Mãe de Joana – Oh, meu amor, onde andaste? Já ia chamar a polícia. O que andaste a fazer? O que te aconteceu? Está tudo bem? Com quem estiveste? Onde estiveste?Joana – (interrompendo a mãe) Mãe, está tudo bem. Sabes o que é isto? (mostra- -lhe o mapa)Mãe de Joana – (entusiasmada) Ohhhhhhhh! Esse mapa já faz parte da nossa família há muitas gerações. Eu mesma já parti à aventura, exatamente quando tinha a tua idade e também com um amigo e uma amiga, mas nada encontrei. Acredito que o tesouro seja esta magnífica casa que tem proporcionado belos momentos em família e com os nossos amigos próximos ao longo dos anos.Afonso – Por isso é que esta casa é tão especial. Tenho dito.(Todos riram e continuaram umas magníficas férias.)

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Agrupamento de escolas Vale d’esteeB23 de Viatodos - Barcelos

Junho / 2012