Marketing Para o Contador - Tcc

5/10/2018 Marketing Para o Contador - Tcc - slidepdf.com

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A lnfluencia do marketing no perfil

do profissional contabil

E rita tia ne S ilv a P ere ira '

G eraldo A lem andro Leite F ilho '

RESUMO

op re se nte tra ba lh o te m p or o bje tiv o d ern on stra r 0e lo e xis te nte e ntr e 0Marketing

e a C ontabilidade. A traves de tecnicas espedficas de m arketing procurou-se perceber

q uais as irfluen das e as co nsequ end as do m arketing no perfil d o p ro fission al con tab il.

A im portance deste trabalho e conscientizar 0 p ro fi ss ional e 0 u su ario d a in fe r-

m a~ ao co ntab il d a necessid ade de L ltiliza< ;aode ferrarnen tas de m ark eting p ara aprirn o-

rar a qualidade de seus services, desempenhar seu papel com eflcienda e adequar seu

p erfil, p os tu ra e a titu des a sociedade na qual esta inserido.

Palavras chaves: M arketing; M arketing pessoal, Contadores; Contadores -

Et1ca profissional

1 INTRODU<;Ao

Corn a globalizacao e 0 desenvolvimento tecnologico, °proflssto-

nal contabil esta dlante de urn ambiente marcado pe1acompetitividade,

pela velocidac1e, por novos modelos e tecnologta de informacao que esua principal mercadoria,

Sabe-se que 0profissional contabil exerce papel importante neste

contexto, pols e 0 elemento resporisavel pela gestao econorntca. finan-

ceira e patrimonial das organtzacces e que, por nao se atualtzar, au nao

saber vender seu produto, tern dado espaco para programas gerenciais,

de autornacao contabil au mesmo para proflsstonais de outras areas.

I Academlca do Curse de Ctenclas Contabels da Unirnontes - MG.

2 Adrninistrador, professor de Admtnlstracao Flnancelra e Orcamentarla cia Curso deAdmlnlstracao e Clencias Contabels cia Unimontes - MG.

Con tab. Vista & Rev" Belo Horizonte, v 14, n. 1, p. 75-89, abr. 2003 75



Nos ulttmos anos, as organtzacces sofreram processos de evolu-

cao nos Recursos Humanos. requerendo dos profissionais alern de co-

nhecimentos especificos da sua area de atuacao, 0 conhecimento de

outras culturas e de urna serie de qualtdades como auto-esttma, boa

comunicacao, boa aparencia, born humor. capacidade de llderanca.deritre outras, para que se tenha urn profissionai intelectualtzado, apto

e capaz de desempenhar com excelencia suas atividades.

Aprincipto utiltzou-se pesquisa btbltograflca, que consiste em usar

tecnicas de levantarnento e selecao do material. utilizando-se dos me-

todos monograflco e ttpologico, crtou-se urn modela ideal do perfil do

profisstonal contabtl,

Realtzou-se tambern uma pesquisa empirica, atraves da tee-

niea de questtonartos, onde se colheu amostra nao probabilisttca por

acessibilidade. sendo que 0 elemento pesquisado fol auto selectonadopor estar disponivel no local. Foram coletadas tnforrnacoes de contabl-

listas. incluindo tecntcos e contadores: e tarnbern dos usuartos da in-

formacao contabtl, incluindo empresartos, advogados, econorntstas,

admintstradores e graduandos em ciencias contabeis.

2 CONCEITO DE CONTABILIDADE

Nao se sabe quem inventou a contabilidade. a nome contabilida-

de vern de eonta + habilidade. ou seja, a habilidade de trabalhar com as

contas. A contabilidade e tao remota quanta a hornern, surgtu cia ne-

cessidade que os capitalistas tinham de organtzar seus bens.

Existem regtstros de transacoes financeiras de quatro mil anos

atras, mas foi apenas na Italla no seculo XIVque foi encontrado 0 pri-

meiro registro de urn sistema completo de escrituracao par partidas

dobradas, encontrado nos arquivos municipais da cidade de Genova. 0

codificador da contabilidade foi urn frei franciscano chamado Luca

Paciolli, que descreveu a sistema de escrituracao por partidas dobra-

das em seu primeiro materialpublicado em 1494. apresentando 0 ract-

ocinio em que se baseava os lancamentos contabeis, que sao tao rele-

vantes e atuais quanta ha mats de 500 anos. as autores de livros textos

ainda explicam como as debitos ficam it esquerda e as creditos a direi-

tao e ensinam aos alunos a tecntca de subtracao por oposicao.

Coma globaltzacao, os programadores procuram refletir facilmente

essas Ideias medtevais nas telas dos computadores. Segundo Hendriksen

(1999. p.49) no futuro, a eontabilidade ainda tirara proveito clas novas

Invencoes que prometem revolucionar a dtvulgacao ftnancelra.

76 Confab. Vista & Rev. Belo Horizonte, v. 14, n. 1, p. 75-87, abr. 2003



E entao, 0 contador exttngutra? Nao, It clare que naot Acontabi-

lidade deve fornecer 0 maximo de inforrnacoes utets para tomada de

dectsoes dentro e fora das organtzacoes: au seja, a contabtlidade e o

instrumento que coleta daclos financeiros e economicos, transforrnan-

do-os em tnforrnacoes que possam ser utilizadas para orientar e auxlli-ar 0 processo de tomada de decisoes.

o objetivo principal da contabiltdade e satisfazer a necessidade

do usuario da tnforrnacao contabil. Para tanto, e Indtsperisavel que se

conheca qual e 0 tipo de usuarto, qual 0 seu objetivo com as tnforrna-

coes para estabelecer que tipo de demonstracao contabil lhe sera utll e

prattcavel, atendendo os objetivos esperados.

3 CONCEITO DE MARKETING

o que e marketing? Para vartas pessoas 0 concerto de marketing

e propaganda e vencla de urn determinado produto ou servico. E ; certo

que a propaganda e a venda estao inseridas no marketing, mas nao e

este a seu conceito. 0 marketing esta em todo lugar, e a todo 0 momeri-

to, partictpando dtreta e tndiretarnente na vida das pessoas.

Entretanto, 0marketing nao se resume apenas a propaganda c

vendas. It muito mais do que uma funcao do negocio: Iida com os ellen-

tes. Criar e saber lidar com a satisfacao das necessidades do cliente C 0

principal papel e objettvo do marketing.

Portanto, a venda e a propaganda nada mats sao que partes de

urn grande composto de marketing, urn conjunto de instrumentos e

ferramentas que trabalhamjuntas para atingtr 0 mercado consumiclor.

KOTLER(1998, p.3) define marketing "como 0 processo social e

gerencial atraves do qual individuos e grupos obtern aquilo que neces-

sitam, crtando e trocando produtos e valores uns com os outros." Ou

ainda, "trabalhar com mercados para realizar trocas potenciais com a

proposito de satlsfazer necessidacles e c1esejoshumanos."

Pode-se definir a necessldade hurnana como urn estado de caren-

cia. 0 homem tern muitas necessidades: comer, se vestir, que sao ne-

cesstdades bastcas fisicas; as necessidades sociais: de ter urn ernprego,

fazer parte de grupos: e as necessidades individuais: de auto-realiza-

cao, conhecimento e relacionamento. It sabido que 0 ser humano, nun-

ca esta sattsfetto com 0 que tern, esta sempre buscanclo mats alguma

coisa que torne sua satisfacao completa. A partir dai, 0 marketing en-

tra em acao, procuranclo descobrir quais as necessic1ades dos seus eli-

entes para que possa satlsfaze-Ias.

Contab. Vista & Rev. Be/o Horizon/e, v . 14, n. 1. p. 75-89, abr. 200.3 77



Entretanto, cada tndtviduo tern suas caracteristicas pessoats, sua

cultura, crencas e racas, que devern ser percebidas. Os desejos sao des-

critos como objetos que satisfacam as necessidades. Na medida que 0

homem evolui, mudarn-se as desejos que cada vez mais se tornam ilimi-

tados, mas, os recurs os que as satisfazem sao limitados. 0 horncm e

purarnente capttallsta, e quando seus desejos podern ser cornprados,

tornam-se demandas. POl' isso, ele deve escolher produtos que lhe ofere-

earn maior valor e que proporcionern a satisfacao das suas necessidades.

4 M ARKETING PESSOA l

o Marketing Pessoal e destinado a cultivar a atencac, a interesse

e a preferencia de urn publico-alvo par uma pessoa. Por exernplo, earn-

panhas para urn candidato politico ou prornocoes para eelebridades.

Segundo Kotler (I998, p.27),

a marketing de pessoas consiste em atividades

realizadas para criar, manter au modificar atitu-

des ou comportamentos existentes em reiacao a

determinadas pessoas. (... J 0 objetivo do

marketing de pessoas e criar uma celebridade -

pessoafamosa, cuja nome desperte atenl(;a.o,in-

teresse e al(;do.

o Marketing de pessoas e. Indtretamente, com fins Iucrattvos,

pots, a medida que a pessoa se torna famosa, conquista a confianca

dos clientes induzindo-os a comprarern seus produtos au services.

Segundo Nogueira (200 I) a Marketing Pessoal "e a capacidade de

criar vantagens competitivas, e de dar visibilidade adequada as propri-

as competencias, visando a reconhecimento", ou seja, a eapacidade que

a profissional tern de acreditar no proprio sucesso.

It necessaria que extsta urna comuntcacao entre profrsstonal ecltentes, 0 ser humano c essencialmente cornuntcattvo. Devedesenvol-

ver a capacidade de convencer, de vender suas tdetas, de seduzir. Deve

se fazer entendido. Tambern e Importante perceber a que as pessoas

dizem corn expressoes corporats, saber ler as pessoas.

Com 0 resultado do conhecimento adquirido, do relacionarnento

conquistadc, do estilo de profissional que representa eda cornuntcacao

que passa, tem-se a trnagern do que e: urn ser verdadeiro, capaz de se

fazer lernbrar e mostrar para as pessoas aquilo que realmente e1as per-

cebern que e, eapaz de mudar e se adequar ao rnercado.

78 Conlab. Visla & Rev. Bela Horizonle, v. 14, n. 1, p. 75-87, abr. 2003

!



Para atingtr 0 sucesso, e necessarto que 0 proftsstonal faca sell

Marketing Pessoal, que e composto pela auto-realtzacao que vern de

dentro e pelo reconhecimento que vern de fora.

5 EXIGENCIAS DO MERCADO E DOS USUARIOS DA

INFORMA<;Ao

Hoje, no mundo globalizado, e tndispensavel que 0 profissional

invista em Marketing Pessoal, para saber Iidar com pressoes, frustra-

cocs, ser integrado e, principalmente, saber crtar empatia nas pessoas.

Em pesquisa ernpirtca realtzada entre os usuaries da inforrnacao

corrtabtl, tnclutndo ernpresartos. advogados, economistas e adminis-

tradores, 97% responderam que 0Marketing Pessoal e urn fator crucialpara 0 sucesso do profisstonal Contabtlista. Evidenciou-se que, com a

globaltzacao, a tendencia e que as pessoas dependam cada vez rnais

umas das outras, tornando-se necessarto a relacao interpessoal. 0 sis-

tema emocional abalado prejudicara as atitudes importantes clentro e

fora da organtzacao, portanto, 0profissional clevepossutr uma estabill-

dade emocional, para se clesenvolver e estar it frente da concorrencta, A

cativacao clo cltente nessas relacoes e essencial para satisfazer suas

extgencias. Entretanto, apenas 3% dos pesquisaclos nao corrcordaram

com essa visao de mercado, alegando que0

profissional coritabil lidacom numeros e nao com pessoas.

Atraves cia pesquisa, pode-se observar que mais de 60% clos

pesquisados avaliaram a necessidade que 0 profisstonal contabil tern

de saber [alar em publico, ja que e uma pessoa "publica"; ter atitudes

adequadas diante dos seus clientes e cia sociedade: ter postura e ter

um estilo proprio.

E certo que se fala a todo tempo em satisfazer 0cliente, mas satlstazer

suas necesstdades utilizanclo-se services contabets legals, nao utiltzar-se

clerna fe para atuar como clespachantes ou ate mesmo sonegar impostos.Aponta-se para uma visao futurista, onde a contabllldade esta dire-

tamente ligada it solucao dos problemas dos consumidores. Para isso, enecessario ouvir 0 cliente, tdenttflcar suas necessidades e exigenctas e

procurar desenvolver as estrategtas e planos de acao para satisfaze-las.

o usuarlo e 0 grande cliente, 0 grande comprador do produto da

contabiliclade que e a tnforrnacao contabtl, por isso a ele deve dtrtgir-se

toda atencao cloContabilista, pais precisa ter suas necessidades aten-

dldas, pots, s6 assim podera dar importancia e a devida rernuneracao

ao trabalho do contabilista.

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6 A MARCA DO PROFISSIONAL

As organtzacoes estao constantemente diante de tnumeros desa-

fios, diante clesse quadro ha necessidacle de protlssionais com rnuita

competencta, habiltdade, Marketing Pessoal e criattvtdade para aten-

der as expectativas dos c1ientes.

Para melhorar 0 Marketing Pessoal dever -se-ia pensar em ser

executivo-chefe de si mesmo. Pessoasfisicas, tambern sao "ernpresas"

e necessttarn de uma "rnarca": au melhor sao "produtos" que precisam

de marca para serem "vendidos". A marca deve encantar 0 cliente, ft-

cando claro qual beneficio the trara,

Em urn arttgo, Rodrigues, 1999, deixa claro "como vender bern 0

seu peixe", e da dtcas sobre"0

que fazer e a que nao fazer para se darbern vendendo de tudo - e ate voce mesmo" . onde rnostra a necessidade

que a profissional tern de conquistar seus clientes para se dar bern no

rnercado de trabalho.

Quando 0 empresario (ou cliente), "cornpra" 0 proflasional, 0 que

ele representa ou seus services. compra tambern a mane ira como exe-

cuta os trabalhos, sua disponibilidade para aceitar desaflos, 0jeito como

se relaciona com colegas, 0modo como se veste, e ate mesmo como se

senta e age. Tudo colabora para a tmagern que fazem do profisstonal.

o profissional e urn produtol Mas, se qutser fazer sucesso nomercado de trabalho, precisa acreditar nisso de verdade, e agtr! Sem se

enxergar como urn produto, a proflssional contabtl, diftcilmente conse-

guira conquistar seus clientes.

Cada proeluto apresenta pontos fortes e fracas, e 0 profissional

deve ser 0 prime ira a reconhece-los. para saber onele procurar seus

colaboradores, considerando suas necessidac1es e as reacoes mais co-

muns nos momentos de decisao.

De acordo com Tom Peters citaelo na revista Voce SI A (rnarcoZ

1999), "Hoje em dta, 0 mais tmportante, para quem quer trabalhar efazer negoctos, e ser diretor de marketing da marca chamada Voce".

o proftssional deve cuidar do produto voce sempre, e riao apenas

quando esta se saindo mal com clientes, ou quando estlver precisando

de urna rnator clientela. As estrategtas utilizadas em qualquer procluto

podem ter a mesma efictencia na hora ern que se tratar de cutdar cia

carreira profissional.

Cabe ao proflsstonal explorar suas caracteristicas da melhor for-

ma, usando 0Marketing Pessoal. Como? Deve conhecer rnuito bern qual

eo publico-alva, saber quais sao suas necessidades. S6 asstrn vai saber

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como satisfaze-las da melhor forma. Gada urn tern seus pontos fortes, 0

proflssional deve saber satisfazer as necessidades de seus clientes, ou

da empresa onde trabalha.

As organtzacoes, ho]e, precisarn de profisslonais preparados para

resolver os seus problemas reals. Somente quando 0 profissional seconheee muito bern, sabera qual 0 tipo de problema esta apto para

resolver. E necessario que se tenha claro em mente quais sao suas

habilidades profissionais e quais sttuacoes permitem alcaricar melho-

res resultados'. E primordial que se faca uma auto-analise, tenha urn

plano de desenvolvimento, curriculo e uma ampla rede de relacoes.

A partir do plano de desenvolvimento, ap6s ter mapeaclo

detalhadamente as babiliclades, estilo e 0local (au as clientes) que quer

trabalhar, deve-se detectar as necessidades de desenvolvimento proftsst-

onal, para que se torrie urn produto ainda mais competttivo no mercado.Partlctpar de palestras e seminaries. tretnamentos, ler jornais, revistas,

e uma infinidade de livros que ajudern na carreira proflssional.

Alem de cursos e letturas, e importante deflntr outras formas de

desenvolvimento e com quem possa dlscuttr sobre suas necesstdades

proflsstonats. Observar a reacao das pessoas em relacao as suas acoes

e atitudes ou ainda ten tar fazer eoisas novas e avaliar os resultados.

Eseolher quem possa dar algum tipo de retorno: 0 dlretor da empresa,

os clientes do escrit6rio, urn amigo, etc.. Para eada problema a ser dis-

eutido deve-se escolher 0 interlocutor mais adequado.o termo networking sigrnftca rede de re1acionamentos, e 0 sell

principle basico e: quanta mais se conhecem pessoas, mais se circula,

e maiores as chances das oportunidades aparecerem. Isso nao quer

dizer que s6 se deve fazer contato na hera em que esta precisando de

urn novo cllerite, ou novo emprego. Muitas pessoas cometem esse erro.

Mats do que conhecer as pessoas, deve-se cultivar relacionamentos.

Todos as contatos de uma maneira au de outra, podem ser fontes de

tnforrnacao e importantes vinculadores de Ideias,

Ainda na pesquisa ernpirica, dentre membros da sociedade, in-c1uindo empresarios, administradores, advogados, economtstas, den-

tre outros, pode-se perceber que 84% dos entrevistados acreditam que

o profissional de eontabilidade nao utiliza as tecnicas de marketing

para vender seu produto (informacao contabil) aos seus clientes (usua-

rios da tnforrnacao). Alegararn que os profisstonais nao possuem for-

macao rnercadologtca, faltando conhecimento e vtsao: que 0 contador

nao conhece os beneficios proporcionados pelas ferramentas de

Marketing; e que e necessarto rnator drvulgacao e conscienttzacao para

as pessoas da importancta da Inforrnacao contabtl para a tomada de

Confab. Vista & Rev. Bela Horizonte, v . 14, n. 1, p, 75-89, abr. 2003 81



dectsao empresartal. Houve ainda quem dissesse que a "contabilidade

e urn service altamente tecntco e nao urn produto."

Entretanto, 16% dos entrevistados concordam que 0 contador

utiliza as tecntcas de marketing para "vender" seu produto, segundo

eles todo produto necessita de tecntcas para ser vendtdo, e e prectsoIdentificar as necessidades dos clientes.

Portanto, chega-se a conclusao que a maioria dos profissionais

contabeis nao utilizam eficazmente 0marketing para serern vistas como

peca tndispensavel nas organizacoes.

Ainda nessa pesquisa, mais de 80010 da sociedade e 100% dos

profissionais da area contabil, acreditam que investindo em Marketing

Pessoal, 0 contabilista sera bern visto na sociedade e nas organizacces,

criando uma melhor imagem a seu respeito e tendo a oportunidade de

mostrar a trnportancia dos seus servtcos para a soctedade moderna.

7 ETICA PRO FISSIONAL

Agtr corretamente, hoje, nao e apenas uma questao de conscten-

cia, mas urn dos quesitos fundamentals para ter uma carreira longa.

respeitada e s6lida. Atuar ettcamente, e multo rnais que nao fraudar. A

etlca nos neg6cios implica desde a respeito aos cltentes ate a estilo de

gestae mediante a sociedade como urn todo.

Airnportancta da etlca nas organizacoes cresceu a partir da deca-

da de 80, com a reducao das hterarquias e a consequente autonomia

dada as pessoas. Os lideres ate entao, n E L O tinharn tanto poder para

controlar as atltudes de todos os empregados, dizendo 0 que era certo

ou errado. A disputa por cargos cresceu e. com ela, 0 dese]o de conse-

gutr sobressair a qualquer custo, mesmo que para isso fosse preciso

prejudlcar alguern.

Assim, nos ultlmos anos. os escrttortos contabeis viraram campo

ferttl para a desonestidade. a omissao. a rna conduta e a mentira. Atual-

mente, a maioria dos profissionais age com honestidade devido as can-

sequencias, que podem resultar em atos ilegais au contrarios it etica.

Mas a que e ser urn profissional etico? Ser etico e agir direito,

proceder bern, scm tnfringtr a lei ou prejudicar os outros. Ser ettco e

agtr de acordo com os valores marais de uma determinada sociedade.

de acordo com a cultura de uma comunidade. Essa cultura varia de

geracao para geracao, de aeordo com 0 tempo e com a regiao. A regra

etica e uma questao de atitude, de escolha.

82 Contab. Vista & Rev. Belo Horizonte, v. 14, n. 1, p. 75-87, abr. 2003



Adecisao etica, alern de ser individual, tern por tras urn conjunto

de valores fundarnentats. Muitas dessas vtrtudes nasceram no rnurido

antigo e contmuam ate hoje. Citam-se algumas das prtncipais:

a) ser honesto em qualquer sttuacao:

b) ter coragern para assumir as declsoes tomadas;

c) ser tolerante e flexivel:

d) ser integra; e

e) ser humilde.

Nao quer dizer que a ambtcao do pro fissional saira de cena, mas,

o fato e que as organtzacoes estao se convencendo de que , para a seu

negocto sobrevlver, terao de agtr com muito mais atencao em relacao aettca - de verdade, sem demagogias.

As orgamzacoes sao formadas por pessoas e so existem par cau-

sa delas. Por tras de qualquer decisao, de qualquer erro au irnpruden-

cia estao seres humanos. Urn ditado diz: "Errar e hurnano", e pode-se

complementar, "mas prevenlr e 0 melhor remedio". A prevencao e a

palavra de ordem em qualquer organtzacao que valorlza a etica: e fun-

damental desviar de certas sttuacoes para nao chegar a ponto de tamar

declsoes mcoerentes, evitando a defamacao da marca e da imagem da

organtzacao (au do proftsstonal).

Portanto, a etlca gera questoes extrernarnente delicadas e, namaioria das vezes, de foro intimo. Nao existe uma "receita" universal,

pronta e cornpletarnente eficaz para resolve-las. Adecisao sempre varia

de pessoa para pessoa, de consctencta para consclencia, cada urn tern

seus limites, tmpostos por suas crencas e pelas leis, e deve segui-Ios.

Cltam-se algumas dicas que poderao ajudar a proflsstonal a agtr

com urn pouco mais de seguranca:

a) saber exatamente quais sao seus limites ettcos (nao fazer nada

que nao possa assurnlr em publico);

b) avaliar detalhadarnente as valores da organizacao e seus va-

lares pessoats:

c) trabalhar sempre com base em fatos:

d) avaliar os riscos de cada dectsao que tomar; e

e) saber que, mesmo se optar pelas solucoes mais eticas, pode-

ra se envolver em sltuacoes delieadas.

Ser etlco rnuttas vezes stgniflca perder status, dinheiro e benefici-

as. De acordo com dados da pesquisa empirlca, dentre as prcfisstonats

Confab. Vista & Rev. Belo Horizonte, II. 14, n. 1, p. 75-89, ebr. 2003 83



ccntabets, fot eonstatado que a profissional. na maloria das vezes, tern

medo de dtzer que nao e etico. E nao tenta mudar: 58% dos pesqutsados

aflrrnam que a profissional e etico por estar com as pes fineados no

eonservadorismo e objettvldade, mas que, como ern toda proflssao, tern

aqueles que desrespeltam as normas. Ora, entao ele riao e eticol SCI'ettco e nao desrespeitar as normas. Sabe-se que nao e factl, existe urna

grande concorrencta desleal, e que em muitas das vezes a proprio em-

presario nao e ettco, e a profissional aeaba ficando sem opcao de esco-

Iha.

o irnportante e que toda e qualquer dectsao que se tome, possa

ser assumi-Ia depois. Agir eticamente dentro au fora da organtzacao,

sempre foi e sera uma dectsao pessoal. Uma vez que tenha despertado

para a assunto, mats e mats ele tende a ser considerado nas dectsoes.

num proeesso permanente, sem fim. It obvio que nem sempre se sujet-ta a deslizes e equivocos. Mas e trnportante lernbrar que esse pode ser

urn caminho sem volta.

8 PERfiL DO PRO FISSIONAL E fUTURO DA CONTABILIDADE

Diante do quadro mundial flexivel que se vive hoje, e cornum ou-

vir dizer que a contabilidade esta em exttncao. Nunea a profissao contabtl

fOimats exuberante do que e ho]e: no campo dos custos, audttoria,

gestao empresarlal, pericia, orcarnentos, publico, rural, dentrc outras.

Como uma proflssao tao importante pode estar em extincao? Nao

se pode cornpara-la com as simples regtstros de computador. So mes-

rna a tncompetencia ou a rna fe pode sustentar tamanha aflrrnattva e

dtfusoes dessa natureza.

No que rege a nova tendencia do "flm'' da contabilidade, 0 profissi-

anal contabil e levado a administrar sua propria carreira. Requer de fato

estar atento para as oportunidades de mercado, descobrir os niches exis-

tentes e investir em Marketing Pessoal. Asstrn, cada profissional se trans-forma em uma empresa e passa a administrar sua propria proftssao

como urn produto que precisa ser vendido no mercado de trabalho.

Chega-se a era do marketing da conqutsta do cliente indivtdual.

Exigem-se proftssionats com vtsao de futuro, com capacidade de ouvir,

entender e se cornuntcar, que tenha formacao multicultural. e que pen-

se com 0 cliente, Entretanto, ouvir a cliente e atender as suas necesst-

dades e urn processo delicado que exige dedicacao por parte do profls-

stonal. 0 custo de conseguir urn cliente novo e de cinco a sete vezes

maior do que 0 custo investido em mante-lo. 0 cliente pode insptrar 0

84 Contab. Vista & Rev. Bela Horizonte, v. 14, n. 1, p. 75-87, ebr. 2003



profissional, informar e ensinar rrruitas cotsas, dar ideias e oferecer

sugestoes capazes de influenciar na carreira profissional.

Sabe-se que 0 objetivo principal da Contabilidade e sattsfazer a

neeessidade do usuario da inforrnacao contabtl, e que a Marketing tra-

balha as tecnicas que satisfacam as necessidades e desejos do consu-midor. Acoplando esses dais eoneeitos, percebe-se que 0 objetivo flm,

tanto do marketing quanta da Contabilidade, e a satisfacao do c1iente,

do usuarlo dos seus produtos ou services.

Utilizando-se ferramentas do Marketing Pessoal, que e a capaci-

dade de crtar vantagens competitivas (tnvestimento pessoal] e dar visi-

btltdade adequada a propria competencta, a profissional contabil esta-

ra apto para rnelhor desenvolver 0 trabalho proposto, adquirindo maior

valorizacao.

9 CONClUS)i.O

Conclui-se que as perspectivas da proflssao contabil sao realmente

extraordtnartas, mas nada vai acontecer sem urn plariejamerito ade-

quado. Atualmente, as organtzacoes sao vistas como c1ientes potenct-

ais e as profisstonats como fornecedores de servtcos, extgindo-se par

parte destes, diversas caracteristicas como compe tencta.

proftsstonaltsmo, Inteltgencla emocional, etica e Marketing Pessoal.a profissional contabil tern que ser vista como 0proftsstorial que

agrega valor a organizacao. Ter uma cultura acima da media, estar

atualizado e consciente de sua responsabtlldade, ter urn comporta-

menta etico-proflsstonal tnquesttonavel, saber manter sigilo, ter con-

duta pessoal, dignidade e honra, cornpetencta e serenidade para que

proporeione ao usuarlo uma Informacao com toda seguranca e

conflabtltdade que ele rnerece. sao fatores condicionantes do seu su-

cesso.

Diante da necessidade de competitividade, reestruturacao e peloimpacto da tecnologia, a sociedade necessita cada vez mats de proflssio-

nais contabets que se apresentem com os prtnciptos de Marketing Pesso-

al. para valortzar e aprimorar eada vez mats a sua proftssao. Par outro

lado, cabe aos demais proflssionals, investirem no seu talento, criando

uma "boa rnarca'' j e com a consclencla de que ntnguern e insubstituivel

no mundo dos negoctos, sobressaindo aqueles que melhor se vendem.

Portanto, a futuro do profissional contabil esta em suas pro-

prias maos.

Contab. Vista & Rev. Belo Hotizonie, v . 14, n. 1, p. 75-89, ebr. 2003 85



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