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Journal of Aerospace Technology and Management ISSN: 1948-9648 [email protected] Instituto de Aeronáutica e Espaço Brasil Vilela Salgado, Maria Cristina; Belderrain, Mischel Carmen N.; da Silva, Amanda Cecília S. Avaliação do vôo tecnológico XVT02 do Veículo Lançador de Satélites VLS-1 por meio de decisão em grupo Journal of Aerospace Technology and Management, vol. 1, núm. 1, enero-junio, 2009, pp. 79-90 Instituto de Aeronáutica e Espaço São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=309428885011 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Journal of Aerospace Technology and

Management

ISSN: 1948-9648

[email protected]

Instituto de Aeronáutica e Espaço

Brasil

Vilela Salgado, Maria Cristina; Belderrain, Mischel Carmen N.; da Silva, Amanda Cecília S.

Avaliação do vôo tecnológico XVT02 do Veículo Lançador de Satélites VLS-1 por meio de decisão em

grupo

Journal of Aerospace Technology and Management, vol. 1, núm. 1, enero-junio, 2009, pp. 79-90

Instituto de Aeronáutica e Espaço

São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=309428885011

Como citar este artigo

Número completo

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Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Maria Cristina Vilela Salgado'Instituto de Aeronáutica e Espaco

Sao José dos Campos - [email protected] .br

Mischel Carmen N. BelderrainInstituto Tecnolóqico de Aeronáutica

Sao José dos Campos - [email protected]

Amanda Cecilia S. da SilvaInstituto Tecnolóqico de Aeronáutica

Sao José dos Campos - [email protected]

"autor para correspondéncia

INTRODU<;:ÁO

Avallacáo do vóo tecnológicoXVT02 do Veículo Lancador deSatélites VLS-1 por meio dedeclsáo em grupo

Resumo: No lancamento dos prímeíros prototipos do Veículo Lancador deSatélites (VLS-l), diferentes [alhas impediram o cumprimento da missiio. Em2005Joi decidido realizar novas ensaios em vóo, denominados tecnológicos, compropósito de testar os sistemas do veiculo. O objetivo do trabalho é avaliar adecisiio sobre a necessidade de realizaciio do segundo vóo tecnológico, XVT02,para a continuidade e sucesso do projeto VLS-l, com base na utilízaciio de ummétodo multicritério de apoio adecisiio. Foi aplicado um processo decisorio emgrupo, com especialistas de diversas áreas do projeto. A agregaciio dejulgamentos permitíu. sintetizar a decisiio do grupo, cujo resultado comprovou adecisiio que já havia sido tomada, ou seja, realizar os ensaios em vóotecnológicos.Palavras-chave: Modelos de decisiio, VLS (Brasil), Teoría multicritério dedecisiio, Decísiio emgrupo.

Evaluation of the technological flightXVT02 of the Satellite Vehicle LauncherVLS-1 by means of group decisionAbstract: With the launch 01 the first prototypes 01 the Satellite Launch VehicleVLS-l, dífferent foilures prevented accomplíshíng the mission. Then, in 2005, itwas decided to cany out test flights with the purpose oftesting all the systems inthe vehicle. The proposal 01the work is to assess the decision 01conducting thesecond testflightXí/Tíilfor thecontinuity and success ofproject VLS-l based on adecision support multicriteria method. A group decision process was applied, withspecíalísts from different areas 01 the project. The aggregating judgmentsapproach led to integrate the group decision and the ensuingfindings confirmedthe decision taken previously, 01 carrying out the tests flight.Key words: Decísion models, VLS (Brazil), Multicriteria decision theory;Decísion groups.

As atividades espaciais de um país orgamzam-seusualmente em programas, compostos de subprogramas,projetos e atividades de caráter continuado. Ao conjuntodesses programas costurna-se referir como o ProgramaEspacial do País. De forma análoga, no Brasil, o ProgramaNacional de Atividades Espaciais (PNAE) representa oconjunto das iniciativas proposto pela Agéncia EspacialBrasileira (AEB) e aprovado pelo Presidente da República.As atividades espaciais requerem elevados investimentosem projetos de longa duracáo, mas de alto retorno esperado(pNAE, 2005). O Programa de Veículos Lancadores doBrasil tem o objetivo de capacitar o país no projeto,desenvolvimento e construcáo de veículos lancadores decargas úteis, utilizando-se de foguetes de sondagem e deveículos lancadores de satélite.

Recebido: 05105109Aceito: 26105109

O projeto do Veículo Lancador de Satélites (VLS-l) estáinserido neste Programa.

Em 2005, foi decidido realizar ensaios em vóo,denominados vóos tecnológicos VLS-l XVTOl e VLS-lXVT02. A finalidade do XVTO1 será a de testar: a acáosimultánea dos quatro propulsores do primeiro estágio; aseparacáo do primeiro estágio; a queima do segundoestágio; e, executar urna grande quantidade de medicóes deparámetros do primeiro e segundo estágios principalmente.O XVT02 testará todos os sistemas do veículo até atingir aórbita desejada, incluindo medicóes adicionais.

O objetivo do artigo é apresentar urn procedimento paraestruturar a decisáo, que possibilite urna avaliacáo, sobre anecessidade de realizacáo do segundo vóo tecnológicoXVT02, baseado em urn método de apoio multicritério adecisáo denominado Processo de Análise Hierárquica

Journal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan. - Jun. 2009 79

(Analytic Hierarchy Process - AHP) considerando aabordagem BOCR - Benefícios, Oportunidades, Custos eRiscos. Adicionalmente, foi aplicado um processodecisório em grupo, no qual os especialistas de diversasáreas do projeto utilizaram o consenso para estabelecer oscritérios para a avaliacáo. Para a avaliacáo final, osdecisores efetuaram ojulgamento com as suas preferencias.

o enfoque Agregacáo Individual de Julgamentos (AIJ)permitiu sintetizar a decisáo em grupo.

Para se alcancar o objetivo, os seguintes objetivosespecíficos foram estabelecidos: (a) implementacáo de umprocesso de tomada de decisáo em grupo com aparticipacáo de 20 especialistas e pesquisadores de áreasdiversas e com grande conhecimento do projeto; b)definicáo dos critérios para cada mérito: Beneficios,Oportunidades, Custos e Riscos junto ao grupo dedecisores; e) utilizacáo do método AHP para avaliar asalternativas.

A pesquisa possui uma abordagem quanti-qualitativa equanto aos objetivos, segundo Gil (1991), pode serconsiderada uma pesquisa exploratória cujo procedimentotécnico se constitui um estudo de caso. (Silva & Menezes,2005)

Após a presente introducáo é apresentado um brevehistórico do setor espacial brasileiro e uma descricáo doproj eto do veículo lancador de satélites (VLS- 1),necessários para a comprcensáo da sua complexidade e,conseqüentemente, das decisóes no ámbito deste projeto. Aseguir é apresentado o método AHP que constitue um dosmétodos AMD. Segue-se a apresentacáo da abordagem"Beneficios, Oportunidades, Custos e Riscos" (BOCR),conceitos de Decisáo em Grupo e finalmente é apresentadoo estudo de caso do XVT02.

Breve histórico do setor espacial brasileiro

o Programa Espacial Brasileiro iniciou-se na década de 60,em Sao José dos Campos.junto ao atual Comando-Geral deTecnologia de Aeroespacial (CTA), órgáo vinculado aoMinistério da Defesa (MD). As primeiras iniciativas foramde desenvolvimento de pequenos foguetes de sondagensmeteorológicas para a Forca.Aérea.

Em outubro de 1965, foi criado o Centro de Lancamento daBarreira do Inferno (CLBI). Em 1967 era lancado oprimeiro protótipo do foguete brasileiro Sonda 1, com afinalidade de substituir os foguetes norte-americanos desondagens meteorológicas.

Em 17 de outubro de 1969, foi criado o atual Instituto deAeronáutica e Espaco (IAE), vinculado ao CTA,responsável pela conducáo de projetos de pesquisa edesenvolvimento de foguetes de sondagem.

Em 1989, foi criado o Centro de Lancamento de Alcántara(CLA) no Maranháo, local escolhido, entre outros fatores,devido aposicáo geográfica estratégica de 2°18' ao sul dalinha do equador. Esta posicáo possibilita, nos lancamentos

Salgado, M.C.v., Belderrain, M.C.N., Silva, A.C.S.

em órbita geoestacionária, como demanda a grande maioriados satélites de comunicacáo, um ganho de massasatelizada (carga útil) devido á maior velocidade superficialda Terrano equador. (AEB, 2007)

No início de 1980, a Presidencia da República aprovou arealizacáo da Missáo Espacial Completa Brasileira(MECB). A proposta estabeleceu um programa nacionalintegrado, visando projeto, desenvolvimento, construcáo eoperacáo dos trés elementos da missáo de insercáo desatélites em órbita: - o campo de lancamento; - o lancador desatélites; e - o satélite.

Dentro desse programa, as responsabilidades foramdivididas por quatro instituicóes: (1) ao IAE coube odesenvolvimento do VLS-1, para o transporte do satélite atéa órbita especificada na missáo; (2) ao Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (INPE), o desenvolvimento dossatélites e das estacóes de solo correspondentes paracaptacáo etratamento dos dados transmitidos pelos satélitesem órbita, visando o monitoramento do território brasileirosob diversos aspectos; (3) ao CLA, o encargo de realizar asatividades referentes aoperacáo de lancamento do VLS-1;e, (4) ao CLBI, operar como estacáo no acompanhamentodo lancamento, com seus radares e meios de telemetria(AEB,2007).

A Agencia Espacial Brasileira (AEB) foi criada em 1994.Hoje, pertence ao Ministério de Ciéncia e Tecnologia(MCT) e tem o objetivo de promover o desenvolvimentodas atividades espaciais brasileiras e prover recursosfinanceiros para projetos espaciais. A AEB tem aresponsabilidade de formular e implementar PNAE, cujasatividades sao executadas por outras instituicóesgovernamentais que compóem o sistema como órgáos deexecucáo, como por exemplo o CTA e o INPE e comoórgáos e entidades participantes, o setor industrial euniversidades brasileiras que desenvolvem pesquisas eprojetos na área espacial.

o Programa de Veículos Lancadores, além da capacitacáode recursos humanos no país, visa estimular a insercáo daindústria nacional na producáo de veículos lancadores eoutros bens aeroespaciais, contribuindo para a maiorqualificacáo do parque industrial brasileiro e suaparticipacáo no competitivo mercado internacional deatividades espaciais.

o Programa é composto de trés subprogramas: (1) Foguetesde Sondagem; (2) Lancadores para Micro e PequenosSatélites; e, (3) Lancadores de Satélites de Médio Porte. OVLS-1 se insere no Subprograma Lancadores para Micro ePequenos Satélites.

O Projeto VLS-l

Teve início em 1984, após o primeiro lancamento dofoguete de sondagem Sonda IV (SIV) quando foramconsolidados, entre outros, conhecimentos na producáo dopropulsor a propelente sólido de 1m de diámetro,desenvolvimento de material (ayo) de alta resistencia

Journal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan. - Jun. 2009 80

Avaliacño do vóo tecnológico XVT02 do Veículo Lancador de Satélites VLS- l por meio de decisáo em grupo

estrutural e lancamento vertical a partir de plataforma. OVLS-1 é urn veículo descartável e com quatro estágiospropulsores na decolagem. A propulsáo é garantida pormotores a propelente sólido com capacidade de colocar emórbita circular equatorial, satélites de 115 kg a urna altitudede75ükm.

A Figura 1 mostra o prirneiro protótipo, VLS-1 VOl,montado sobre a mesa de lancamento do CLA emnovembrode 1997.

O VLS-1 é constituído de sete subsistemas principaisdenominados de primeiro estágio, segundo estágio, terceiroestágio, quarto estágio, coifaejetável, redes elétricas e redespirotécnicas.

Caracteristicas do VLS-l:

Comprimento total: 19mDiámetro dos estágios: 1 mN° de estágios: 4 MassaTotal: 50 t MassaCarga Útil: 115 kgAltitude 750 km, em órbitacircular equatoriaL

Figura 1: VLS-l VOl(AEB,2007).

O primeiro estágio é formado por quatro propulsoresfixados sirnetricamente ao propulsor central do segundoestágio, corno mostra a Fig. 2. Os quatro propulsores saoacionados sirnultaneamente para provocar a decolagem doveículo. Cerca de cinco segundos após a queima dospropulsores, cargas pirotécnicas cortam simultaneamentetoda a ligacáo física dos quatro motores ao segundo estágio.

Figura2: VLS-l (AEB,2007).

O segundo estágio possui o propulsor e os subsistemasidénticos ao do primeiro estágio, a menos de sua tubeiramóvel, mais longa, adaptada ao vóo em altitudes maiselevadas.

O terceiro estágio possui o propulsor também equipado

com tubeira móvel. Outros subsistemas que estáo noterceiro estágio sao a baia de controle de rolamento (BC) e abaia de equipamentos (BE). ABe possui micropropulsoresa propelente líquido que impóem urna acáo de controle noeixo do veículo durante o vóo do segundo e terceiroestágios. A BE aloja o sistema inercial , computador debordo, equipamentos relacionados ao controle e guiagem,telemetría, seqüenciamento de eventos durante o vóo equatro micropropulsores a propelente sólido montados dolado de fora daBE para dar urna estabilidade giroscópica aoquarto estágio antes da ignicáo,

O quarto estágio tem seu envelope motor construído dematerial composto, possui tubeira fixa e urn cone deacoplamento para flxacáo do satélite. Muitos dosequipamentos para telemetría, localizacáo e funcóes determinacáo de vóo estáo localizados no cone deacoplamento.

Acoifa ejetável é a estrutura que fomece ao veículo a formaaerodinámica adequada e protege o satélite desde a fase depreparacño do lancamento até o final da travessia daatmosfera. A scparacáo da coifa ocorre no início do vóo doterceiro estágio.

As redes elétricas do veículo estáo compostas de quatrosubredes, que sao: rede elétrica de servico, rede elétrica detelemedidas, rede elétrica de controle e a rede elétrica deseguranca,

As redes pirotécnicas do veículo estilo compostas de tressubredes, que sao: rede pirotécnica de ignicáo, redepirotécnica de separacño erede pirotécnica de destruicáo.

As atividades principais durante a fase pré-lancamentoocorridas no CLAenvolvem a integracáo e testes do veículona plataforma de lancamento, montagem do satélite,alinhamento do veiculo, carregamento e pressurizacáo dostanques e garrafas de gás, testes e ativacáo de todos ossubsistemas e armacáo dos componentes pirotécnicos devóo.

Nos lancamentos de qualificacáo, o VLS-1 foi programadopara curnprir a trajetória conhecida corno perfil da missáo,corno mostraaFig. 3.

No instante inicial do lancamento, os quatro propulsores doprirneiro estágio sao acionados sirnultaneamente. Antes dofim da queima do primeiro estágio, ocorre a ignicáo dosegundo estágio e segundos depois, a separacáo do primeiroestágio. O terceiro estágio é acionado 1 segundo após o fimda queirna do segundo estágio e da scparacáo deste.

No início da queima do terceiro estágio, ocorrem a aberturae a separacáo da coifa ejetável de protecño do satélite. Apóso firn da queima, o motor vazio do terceiro estágio e a BCsao separados do veículo. O computador de bordo comeca arealizar os cálculos para determinar a orientacáo e o instantede ignicáo do quarto estágio. Segue-se urna manobra quevisa posicionar o conjunto quarto estágio/satélite na atitudedesejada. Aestamanobra dá-se o nome de basculamento.

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Após a orientacáo do veículo, este é colocado em rotacáo de2 a 3 rps (rotacóes por segundo) pelo sistema impulsor derolamento, composto de quatro micropropulsores apropelente sólido denominados Propulsor Impulsor deRolamento (PIR). Após a estabilizacáo é feita a scparacáodaBE.

1'........"'··" I_..-Figura 3: Perfil damissáo do VLS-l (AEB, 2007).

acorre entáo a ignicáo do quarto estágio, visando dar oincremento de velocidade necessário para o satélitealcancar a órbita desejada. Ao fim de sua queima, dá-se aseparacáo do satélite do quarto estágio e a conseqüenteinjecáo do satélite em órbita.

a tempo de duracáo de todos estes eventos, desde adecolagem do veículo da plataforma de lancamento até ainjecáo do satélite em órbita, é estimado em funcáo daórbita desejada. Nos lancamentos do VLS-I VOl e V02,este tempo foi estimado em aproximadamente noveminutos. O momento da decolagem do VLS-I V02 estáilustradonaFig.4.

Após o lancamento, ocorrem as atividades de recebimentode dados de telemetría para avaliacáo do vóo e as atividadesda operacáo de retomo de equiparnentos e equipes para oIAE. As atividades de avaliacáo do lancamento continuamno IAE, efetuando-se o tratamento dos dados obtidos natelemetria desde a decolagem do veículo até a injecáo dosatélite em órbita.

a VLS-I encontra-se na fase de qualificacáo em vóo, Norelatório de avaliacáo das falhas ocorridas, intitulado"Relatório da Investigacáo do acidente ocorrido com oVLS-I V03, em 22 de agosto de 2003, em Alcántara,Maranháo", foram elaboradas recomendacóes visando acontinuidade do projeto. Estas recomendacóes motivaram arevisáo do projeto e, conseqüentemente, alteraram osensaios que estavam previstos. Novos rumos foramtracados para o projeto e alteracóes no Plano de

Desenvolvimento afetaram enormemente os prazos e ocusto inicialmenteplanejados.

Salgado, M.C.v. , Belderrain, M.C.N. , Silva, A.C.S.

Figura 4: Inicio da decolagem do VLS-l V02 (AEB, 2007).

Para implementar estas alteracóes foram tomadas muitasdecisóes complexas quemotivaram o estudo deste artigo,

Os métodos de apoio multicritério adecísáo (AMD)

Consiste em urn conjunto de métodos e técnicas paraauxiliar ou apoiar pessoas e organizacóes a tomar decisóes,dada a multiplicidade de critérios. Adistincáo entre oAMDe as metodologías tradicionais de decisáo é o grau deincorporacáo dos valores do decisor nos modelos deavaliacáo. (Gomes et al., 2004)

a AMD aceita que a subjetividade esteja sempre presentenos processos de decisáo, Urna estrutura de valores dosdecisores associada aos critérios existentes permite que asalternativas sejam examinadas, avaliadas e priorizadas(Gomes et al., 2002, 2004).

a uso de métodos AMD é eficaz para se chegar amelhordecisáo nos vários campos da experiéncia humana, cienciassociais, ciencias da saúde, tecnología e outras, bem comoem nossa vida pessoal. Tais métodos possuem o papel deapoio adecisáo e permitem subsidiar a atividade decisóriatanto por parte do decisor principal quanto dos demaisstakeholders envolvidos,

Segundo CIernen (1996), um processo para apoiar a decisáoé útil na análise de problemas os quais, para se obter urnasolucáo, é necessário conciliar fatores conflitantes e muitasvezes nao tao bem definidos, satisfazer vários stakeholderse lidar com restricóes intrínsecas ao processo. Para auxiliareste processo é preciso enfrentar os problemas comooportunidades de exercer a criatividade, de adquiriramadurecimento, desenvolvimento, aprendizado eevolucáo, como profissionais e como pessoas.

A abordagem da oportunidade de decisáo nao visa aapresentar urna única verdade representada pela alternativaselecionada. Com o passar do tempo e a mudanca docontexto decisório, nem sempre a melhor decisáo tomadano passado é aquela que trará o melhor resultado. Assim,utilizar urn método de apoio ao processo decisório naoassegura o sucesso do decisor, mas ajuda a avaliar osproblemas de urna forma mais estruturada e sistemática, e adecidir mais racionalmente e menos intuitivamente,

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Avaliacá o do v óo tecnológico XVT02 do Veícu lo Lancado r de Satélites VLS -1 por meio de dec isáo em grupo

levando a melhores resultados, diminuindo surpresas porresultados imprevistos (Gomes et al., 2006).

Os métodos de apoio multicritério a decisáo nao buscamurna solucáo ótima para determinado problema, mas urnasoluc áo de compromisso, em que deve prevalecer oconsenso entre as partes envolvidas (Gomes et al., 2006).

Dentre os vários métodos deAMD, pode-se citaroAHP queserá detalhado a seguir.

o Método de Análise Hierárquica (Analy tic HierarchyProcess AHP)

Consiste em um dos primeiros métodos desenvolvidos parao ambiente das Decisóes Multicritérios Discretas (conjuntode alternativas de decisáo finito). Tem sido aplicado a urnaampla escala de situacóes de problemas: selecionando entrealternativas competitivas em um ambiente multi-objetivo;na alocacáo de recursos escassos; e, em dar prognósticos(Forman&Gass, 2001).

O AHP é um processo sistemático de estruturar o problemapara melhorar sua compreensáo e avaliacáo, e é urnamaneira eficaz de verificar a consisténcia dos julgamentosemitidos.

O método, desenvolvido por Thomas Saaty na década de1970, inicia-se com a representacáo do problema em urnaestrutura hierárquica, identificando o objetivo principal, oscritérios e as alternativas disponíveis . A func áo desta fase éauxiliar a compreensáo e análise do problema. Com oproblema estruturado, faz -se a emissáo de julgamentos devalor, em que o decisor compara, par a par, os elementos dosdiversos níveis hierárquicos, para que , com cálculos quesintetizam os resultados das comparac ñes, obtenha-se urnapriorizacáo das alternativas disponíveis em relacáo ao focoprincipal (Silva, 2006).

O AHP permite a adoc áo de urna escala pré-definida paraatribuicáo de valores de importáncia aos critérios e valoresde desempenho as alternativas envolvidas, o que conferemaior clareza ao processo decisório e menor subjetividadeao resultado fina l, como esclarecido a seguir. O métodoconverte preferencias individuais em números, cujotratamento permite a avaliacáo das alternativas associadas.Os pesos resultantes sao usados para classificar asalternativas e auxiliar o tomador de decis óes na escolha dealternativas ou em prever um resultado.

Como a maioria dos métodos de apoio a decisáo, o AHPrequer avaliacóes numéricas. Dessa forma, critériosqualitativos seráo também transformados em escalasnuméricas.

Em síntese, urna vez identificadas alternativas eestabelecida a avaliacáo segundo cada critério/subcritério,o processo de síntese das informacñes pode ser iniciado.

O processo do método AHP consiste de sete etapas: (1)Estruturacáo do problema; (2) Co leta dos julgamentos par a

par dos especialistas; (3) Construcáo das matrizes dedecis áo; (4) Obtencáo dos autovalores e autovetores dasmatrizes de decisáo ; (5) Determinacáo da Razáo deconsisténcia (RC) da matriz de decisáo; (6) Verificacáo daconsisténcia dos julgamentos; e, (7) Sintetizacáo dosvetores de prioridades, como mostra a Fig. 5.

Etapa 1: Estruturacáo do problema (Entendimento eHierarquizacáo): o sistema é estudado em detalhes com afmalidade de identificar o objetivo do processo decisório,os critérios e subcritérios baseados nos valores , crencas econviccóes do decisor, e as alternativas para a solucáo doproblema. Em seguida é construída a estrutura hierárquicado problema.

Etapa I

Etapa 2

Etapa 3

Etapa 4

Etapa 5

I Etapa 6 I

I.2~v_ I I Etapa 7 I..-Figura 5: Etapas do Processo de Decisáo pelo Método AHP

(adaptado de Oliveira e Belderrain, 2008)

O número de níveis da hierarquia é tao maior quanto maior acomplexidade do problema analisado. Entretanto, deve-seconsiderar na estruturacáo do problema que a hi erarquiadeve ser complexa e grande o suficiente para representar asituacáo real, mas simp les e pequena o suficiente para serprática e utilizável.

A Figura 6 representa urna estrutura hierárquica divididaem quatro níveis, com a finalidade de facilitar acornpreensáo e avaliacáo do problema.

Figura 6: Estrutura Hierárquica de Problemas Complexos(Saaty e Peniwati , (2008)

Joumal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan . - Jun . 2009 83

Salgado, M.C.v., Belderrain, M.C.N., Silva, A.C.S.

o objetivo, primeiro nível dahierarquia, é o foco principal aser considerado na tomada de decisáo, A definicáo doobjetivo deve ser clara e específica de modo a evitar oestabelecimento de critérios (decomposicáo desse objetivo)e alternativas que nao contribuem para a solucáo do realproblema. Nao definir corretamente o objetivo podecomprometer todo o processo de tomada de decisáo,

Os critérios, níveis intermediários da hierarquia,representam um detalhamento ou desmembramento doobjetivo principal, que seráo usados para avaliar asalternativas de solucáo do problema. Segue-se definindosubcritérios até que se obtenha a representacáo mais fielpossível do problema.

analisado, conectado a um único elemento de nívelsuperior, criando uma matriz de julgamento para cada nívele cadaramo dahierarquia.

~"aIZ"""

~a" ... '" a,,,,

0., .......Figura 7: Matriz de decisáo

Os elementos 3.¡j da matriz representam a importancia

relativa do elemento A, em relacáo ao elemento A,

As alternativas constituem o último nivel da hierarquia erepresentam as possíveis solucóes para o problema. Asalternativas cstáo ligadas a todos os elementos do últimonível que as precede, sejam eles critérios ou subcritérios.

Etapa 4: Obtencáo dos autovalores e autovetores dasmatrizes de decisáo: No método AHP, o vetor de prioridadesgerado pela comparacáo par a par dos elementos é obtidopelo cálculo do autovetor direito associado ao autovalormáximo da matriz de decisáo,

Etapa 2: Coleta dos julgamentos par a par dos especialistas:Para que se obtenha a priorizacáo final das alternativas saoatribuídos valores de importancia de uma escala pré­definida aos elementos da hierarquia (critérios/subcritériose alternativas) através de comparacóes par a par. Acomparacáo par a par fundamenta-se na habilidade do serhumano de perceber o relacionamento entre elementosquantitativos e qualitativos, tangíveis e intangíveis aluz deum determinado critério. Julgar a preferencia, ouimportancia entre dois elementos de cada vez, facilita apriorizacáo.

Etapa 5: Determinacáo da Razáo de Consisténcia (RC) damatriz de decisáo: A consistencia é um indicador dacoeréncia nos julgamentos e a sua medicáo na matriz decomparacóes é um elemento importante. Este indica o quáocuidadosamente foram dadas as respostas (julgamentos) amatriz. Se RC for menor que os valores da Tab. 2, osjulgamentos da matriz de decisáo sao consideradosconsistentes.

Tabela 2: Valores de Re para limite aceitável de inconsistencia

Tabela 1: Questionário para comparar elementos par a par.

~'I '1'1 '1'1 ' l ' I ' 17¡ ' I'

" .;,

; ~ .. ;

~ " ¡; . , ,1 " .

1i , 1 E ~ '3e ," ~ • , e

As comparacóes sao efetuadas entre elementos do mesmonível hierárquico. A cada elemento associa-se um valor depreferencia sobre os outros elementos. Estes pesos saodeterminados por uma escala de julgamentos sugerida porSaaty variando de 1, quando os critérios sao de mesmaimportancia (igual), a 9, para importancia absoluta de umcritério sobre outro (extremo), conforme ilustrado na Tab.l. Esta escala tem sido validada em muitas aplicacóes,apesar de sofrer também críticas sobre os valores que acompóem.

>4

<0,1

4

<0,09

3

<0,05

2

0,00

n

Re

Conforme Saaty (1996), alguma inconsistencia pode sertolerada, visto que os seres humanos nao sao totalmenteconsistentes em seus pontos de vista.

Etapa 6: Venficacáo da consistencia dos julgamentos e dosníveis: Ao construir amatriz de decisáo, estaé avaliada paraverificacáo da consistencia dos julgamentos e caso umainconsisténcia se apresente, o analista retoma ao decisorpara que este reavalie seu julgamento. SÓ depois deresolvidas as inconsistencias, que ainda podem permanecercaso o decisor nao queira alterar seu julgamento, a próximaetapa será iniciada.

Por exemplo, no caso de matrizes de ordem n superior aquatro, a razáo de consistencia RC deverá ser menor que(10%).

\" HbnXX Hbn\"

Etapa 3: Construcáo das matrizes de decisáo: Cadajulgamento da etapa anterior deve ser organizado em umamatriz denominada matriz de decisáo, de ordem igual aonúmero de elementos comparados, como mostra aFig. 7.

Etapa 7: Sintetizacáo dos vetores de prioridade: Visadeterminar os vetores de prioridade que iráo definir amelhor alternativa, ou a prioridade entre elas, para a solucáodo problema de decisáo,

Os julgamentos emitidos para os elementos de um nívelhierárquico, a luz do critério imediatamente superior, saocompilados na forma de matriz quadrada de dimensáo n,onde n é o número de elementos do nível hierárquico

O resultado do vetor prioridade da decisáo pode ser obtidopela sintetizacáo dos julgamentos de cada matriz de decisáoresultante das comparacóes par a par de alternativas sob oponto de vista de critérios ou subcritérios, de subcritérios

Journal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan. - Jun . 2009 84

Avaliacáo do vóo tecnológico XVT02 do Veículo Lancador de Satélites VLS-1 por meio de decisño em grupo

Outra fórmula utilizada para sintetizar os resultados em urnúnico resultado é a fórmula do resultado total, ou subtrativaou aditivanegativa:

com critérios de nível imediatamente superior e entre oscritérios em funcáo do objetivo fundamental,

Segundo Saaty (2000), urna forma de estimar o vetorprioridade é multiplicar os elementos de cada linha damatriz de julgamento e extrair a raiz n-ésima deste produto,sendo n a ordem damatriz. Assim:

b x B + o xO - c xC - r x RI I I I

(4)

w; = "~\ )"1

(1)

Onde b, o, c, r, representam os pesos dos méritosBenefícios, Oportunidades, Custos e Riscos,respectivamente, também denominados critérios decontrole.

ovetor resultante deve ser normalizado para que se obtenhaovetorprioridade.

Nestetrabalho seráo utilizadas ambas as fórmulas.

Abordagem "Benefícios, Oportunidades, Custos eRi scos" (ROeR)

ww . = - -' -, n

I w¡i=1

(2)Decísáo em Grupo

Para tomar urna decisáo, urn indivíduo levará emconsideracáo apenas o seu próprio ponto de vista, valores,critérios e alternativas. A decisáo em grupo vem ajudar noprocesso demelhoriana comunicacáo e colaboracáo.

Urna decisáo, dependendo da área de atuacáo e dacomplexidade, como no caso de urn desenvolvimentotecnológico, nao deve ser tomada apenas por seusbenefícios e custos. As oportunidades e os riscos tambémdevem ser considerados e, se isso ocorrer, passa-se a terquatro hierarquias com as mesmas alternativas no seu nívelmaisbaixo.A aplicacáo do BOCR, introduz o conceito de prioridadenegativa associado aos riscos e custos e, também, algunsnovos procedimentos devem ser adotados a fim de que osresultados referentes a cada urn dos méritos possam sercombinados de forma a fornecerurn único resultado final.

Na abordagem BOCR é construída urna estruturahierárquica para cada mérito, como mostra a Fig. 8, e cadaurna delas contém os critérios e subcritérios associados acada mérito e as alternativas.

A fim de sintetizar os resultados, aplica-se em geral afórmula da razáo ou multiplicativa que nao considera aligacáo dos méritos com o objetivo fundamental, ou seja,nao se insere pesos diferentes paraos méritos BOCR.

••• 1 -:'~JlI • •• •••'~/ '~" =,•• 8 -8 • •'" m '" '"'

A discussáo do grupo para a busca da comprcensáo com urnobjetivo em comurn e pelo bem coletivo, ou da empresa, ououtra finalidade, cria urna sinergia e comprometimentoentre os membros queparticipam da decisáo,

Segundo Saaty e Peniwati (2008), a qualidade das decis6esdo grupo depende da liabilidade de seus decisores paratrabalhar coletivamente, o que nao significa concordar, massim, discutir o assunto sem restricóes. Melhores decisóespodem ser tomadas quando opinióes diferentes aparecem,podendo ser debatidas. Isto pode levar, inclusive, aredefinicóes de critérios.

É importante destacar que é comurn em decisóes em grupoque todos os decisores tenham a mesma importánciarelativa (pesos iguais). Mas, em alguns casos seráconsiderado urn peso maior para o decisor de maior nívelhierárquico ou ao gerente do projeto, que sao os maioresresponsáveis; enquanto que os demais poderáo ter pesosiguais. Garante-se com isso atencáo especial ao ponto devista dos maiores interessados, que podem ser incorporadosclientes e usuários quando o projeto estiver na fase deproducáo,

A criacáo destas assimetrias deve ser considerada comcuidado. Se o item for, no entanto, específico, a assimetriapode ser positiva. Por exemplo, no caso de urn peso maiorpara urn critério que envolva especialidade, por exemplopropulsáo, em que o especialista nesta área esteja entre osdecisores.

EXPERIMENTALFigura 8: EstruturahierárquicaBOCREsta razáo representa o desempenho de cada alternativa i e édadapor:

B x O-'- -'C¡ x R¡

(3)

Estudo de caso do XVT02

o processo de análise liierárquica (AHP) consiste de 7etapas, que seráo abordadas no estudo de caso, segundo aFig.5.

Journal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan. - Jun. 2009 85

Etapa 1: Estruturacáo do Problema.

o objetivo fundamental definido para o estudo de caso é:Aumentar a probabilidade de sucesso no VLS-I V04. Osucesso da missáo do lancador é atingido com a insercáo dosatélite na órbita especificada.

Para definir as alternativas de solucáo do problema, estáodescritos os ensaios que foram inseridos no projeto:

(1) ensaio de lancamento XVTO1 tem a finalidade de testara ignicáo simultánea dos quatro propulsores do primeiroestágio; a separacáo do primeiro estágio, a queima dosegundo estágio e também executar urna grande quantidadede medicóes de parámetros do primeiro e segundo estágiosprincipalmente.

(2) ensaio de lancamento XVT02 terá todos os estágiosativos para testar os sistemas do veículo e os eventos de vóo,até chegar aórbita especificada.

Baseando-se neste contexto, decidiu-se que as alternativaspara este problema de decisáo sao duas:

(1) Realizar o XVT02 e

(2) Nilo realizar o XVT02.

Os decisores, ao fazer a escolha entre as duas alternativaspara cada critério, nao devem perder de vista que aalternativa escolhida visa atingir o objetivo fundaroental deaumentar a probabilidade de sucesso no VLS-I V04.

A Figura 9, ilustra a estrutura hierárquica e, no nívelimediatamente inferior, os méritos BOCR utilizados naavaliacáo do estudo de caso.

, ~

UM€,NTAR A PROBABILIDAD€. D€. SUCESSO 00 VlS_1 V04 i,j~ M¡;Ri~os -"""

I Pr,JI.s.g,º?J II !1n(J l ·t u n i ll ll il(~ 1 ttJ~lJu,

Figura 9: Estruturahierárquicado estudo de caso

Cada mérito é uma sub-rede formada com critériosescolhidos pelos decisores, mostrados nas Fig, 1Ü a 13.

Mérito BENEFicIOS

• AUMENTAA A PROBABILlOAOE DESUCESSODOVLS-1 V0411 1

-Re.altz¡" o XVf021' Nilo 'B~li2a' o XVf02RI

Figura 10: Estruturahierárquica do mérito BENEFÍCIOS

Salgado, M.C.v. , Belderrain, M.C.N. , Silva, A.C.S.

Critério 1: Qualificacáo de novos sistemas em vóo: existemsubsistemas que deveráo ser substituídos após o vóo doXVTOl. O fato de esses sistemas voarem no XVT02 trará aconfirmacáo do funcionamento como parte integrante dosistema veículo, submetidos aos rigores do ambiente devóo, antes deaplicá-los ao Vü4.

Critério 2: Conhecimento Adquirido: o conhecimentoadquirido com a experiencia de uma campanha delancamento e com os resultados levantados no v60 de umveículo do porte do VLS-I é um beneficio fundaroental paraa continuidade do Programa Espacial Brasileiro,

Critério 3: Levantamento de dados de vóo: o levantamentodos dados de vóo permitirá obter informacóes sobre oambiente de vóo e validar modelos teóricos de simulacóesde vóo.

Critério 4: Constatacáo do funcionamento do veículo:inúmeros ensaios sao realizados em solo para simular ofuncionamento dos equipamentos/sistemas do veículoisoladamente, Durante o vóo os mesmos estaráo integradosno sistema e submetidos ao ambiente de vóo .

Critério 5: Operacionalidade das equipes: a operacáo doVLS-l é a mais complexa dentre a dos veículos nacionais epromove a utilizacáo de todos os recursos disponíveis. Asfases preparatórias de lancamento e pós lancamentocontribuem para a manutencáo da aptidáo dos meios e dosrecursos humanos envolvidos.

Critério 6: Insercáo do satélite na órbita prevista: os vóostecnológicos aumentam as chances de sucesso do vóooperacional, pois neles sao sanadas deficiencias do veículoe de seus meios de solo.

Mérito OPORTUNIDADES

Critério 1: Estabelecimento da credibilidade do prograroaespacial: refere-se aos efeitos do sucesso do ensaio em vóode um VLS-I na credibilidade do prograroa espacial comrespeito ao veículo lancador, O aumento da credibilidade énecessário para a continuidade dos investimentos emrecursos humanos e financeiros para projetos destanatureza.

Figura 11: Estruturahierárquica do mérito OPORTUNIDADES

Journal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan. - Jun. 2009 86

Avaliacáo do vóo tecnológico XVT02 do Veículo Lancador de Satélites VLS-1 por meio de decisño em grupo

Critério 2: Potencializacáo do desenvolvimento de novosprojetos: refere-se a novos projetos que promoveráo odesenvolvimento tecnológico do país e que possamcompetir no mercado internacional de veículos lancadores.

Critério 3: Projecáo internacional positiva: pode se revelarimportantíssima devido a necessidade de troca deexperiencias com centros de pesquisas intemacionais e aosganhos para o país. Este critério possui como subcritérios aparceria com centros de pesquisas e negócios lucrativos.

Subcritério 1: Negócios lucrativos: na missáo do rAE comouma instituicáo de ciencia e tecnologia, o ganho é relativoao desenvolvimento do país, com desdobramentos denatureza económica, como se tem verificado em paísescomo os EVA e a Franca, fomentando a indústriaaeroespacial e a capacitacáo de recursos humanos. Visatambém disseminar o conhecimento adquirido nasociedade e no mercado nacional, os spin-offs gerados pelosprojetos de alta complexidade tecnológica, e contribuir parao desenvolvimento tecnológico do país.

Subcritério 2: Parceria com centros de pesquisas: estaparceria, principalmente com os centros de pesquisas derenome internacional nas atividades espaciais, é de vitalimportáncia para o programa espacial brasileiro,traduzindo-se em beneficios através da troca deconhecimento ena parceriacom projetos de interesse.

Como exemplo, pode-se citar a parceria com o DLR(Agéncia Espacial Alemá) no desenvolvimento do VSB-3ü,que gerou uma excelente oportunidade de aquisicáo deconhecimento e de treinamento de equipes. Nesta parceria,o DLR adquire anualmente, no mínimo dois foguetes desondagem do Brasil para atender as necessidades delancamento de cargas úteis, em que ocorre participacáo detécnicos e engenheiros do IAE.

Os resultados do projeto permitem sua transferencia para aindústria nacional, gerando riqueza e desenvolvimento deinovacáo tecnológica para o país.Mérito CUSTOS

OBJETIVO

AUMENTAR A PR08A81L1DAOE DE SUCESSO DO VLS-1V041

Critérios do mérito: CUSTOS ~

IElevacáo do investimento financeiro!

l IAdiamento d:,:::mento do VLS-1 V041

Alternativas ..Jll.-'l

IRealizar o XVT021 Nao realizar o XVT021 1

Figura 12: Estruturahierárquica do mérito CUSTOS.

Critério 1: Elevacáo do investimento financeiro: este é umpreco a ser pago pelos cofres públicos, elevando-se a cadaensaio, principalmente em vóo, que vai gerar um custo sem

a insercáo em órbita de satélites, com proveito pelasociedade.

Critério 2: Adiamento do lancamento do VLS-l VÜ4:comoeste é o veículo que portará o satélite cliente, quanto maistestes forem feítos, mais tardio será o lancamento do V04,ou outro desenvolvimento de um novo veículo, pois asequipes de projeto e de lancamento sao muito reduzidas enao há.condicóes de preparar veículos em paralelo.

Mérito RISCOS

OBJETNO

1l'AUMENTAR APROBABILlDADE DE SUCESSODOVLS-l V04J ~

. cnttiriosdomiJrilo~RISCOS -IMudarlCil de Estralégia l Perdade Rli qUal ilicaOOl1Obsolescénciatecnológica[

I Ilnsucesso novóol IPen:la de f<)lTlecedoreSI

"• Subctittirios ~_______

-"",de""at. <lo1AE1 _ _ de_o!..........1 • ~ AJlemallvas~

MLIlIonI¡o de ealro1~<lo 51"""""'1 (JReallZ.ar o M 02l

__ <lo~IO<lo\llS-l V04 1 0eam0l....~1 I fNAofllalizarOXVT021

"""'defomecedorainlernoo Penia-;~--:-=I .

Figura 13: Estruturahierárquica do mérito RISCOS

Critério 1: Mudanca de Estratégia: refere-se ao risco de quecom o passar do tempo o projeto fique sujeito a mudancasestratégicas que possam comprometer sua continuidade,Este critério possui como subcritérios a Mudanca deestrategia do IAE, a Mudanca de estratégia externa e aMudanca de estratégia do governo.

Subcritério 1: Mudanca de estrategia do IAE: refere-se asmudancas de estratégia nas prioridades do lAE que podemafetar o Projeto VLS-l.

Subcritério 2: Mudanca de estrategia externa: neste casorefere-se ao CTA, ao Ministério da Defesa e até mesmo aoutros países que fornecem sistemas complexos e restamservicos ao Projeto VLS-l.Subcritério 3: Mudanca de estrategia do governo: refere-seao órgáo financiador que cada vez mais exige resultados equestiona eventuais atrasos no projeto,

Critério 2: Perda de RH qualificado: Esta é urna situacáoque cada vez se agrava, pois os recursos humanosqualificados cstáo deixando a Instituicáo, ora poraposentadoria ou por migrar para a iniciativaprivada.

Critério 3: Obsolescencia tecnológica: o risco daobsolescencia do veículo lancador face as necessidades domercado mundial de compra de lancadores, que cresce eevolui rapidamente,

Critério 4: Insucesso no vóo: se o XVT02 nao cumprir amissáo prevista, será necessário decidir entre efetuar novovóo tecnológico, com o conseqüente atraso do V04 oumanter o vóo operacional na seqüéncia, O fator decisivoserá o tipo de falha ocorrida. Se for considerada mitigável, o

Journal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan. - Jun. 2009 87

e-__.mm loto_ ... _

... . . . . . . . . , JI••1.1.1• •:.1·... ..._ =--..

V04 será o próximo vóo, Este critério possui comosubcritérios o Adiamento do lancamento do VLS-I V04 e aDesmotivacáo.

Subcritério 1:Adiamento do lancamento do VLS-I V04: nocaso de urn insucesso do XVT02 e de ser decidido fazer urnoutro vóo tecnológico, o lancamento do V04 será mais urnavez adiado, comprometendo a qualificacáo e a continuidadedoprojeto.

Subcritério 2: Desmotivacáo: urn possível insucesso noXVT02, a menos que sej a muito bem tratadopsicologicamente, pode ser urn fator determinante namotivacáo da equipe e causar danos na credibilidade doprojeto.

Critério 5: Perda de Fornecedores: refere-se a perda defornecedores de sistemas complexos adquiridos nomercado internacional e demais sistemas e servicos nomercado nacional. Dos produtos adquiridos para o VLS-I,muitos cstáo fora de linha de producáo das empresasfornecedoras devido a evolucáo dos produtos, naocompensando a continuidade do fomecimento, devido apequena demanda de aquisicáo, Para qualificar novosfornecedores é preciso investir tempo e recursosfinanceiros. Este critério possui como subcritérios a Perdade fornecedores internos e a Perda de fornecedoresexternos.

Subcritério 1:Perda de Fornecedores Internos: refere-se aosfornecedores no mercado nacional.

Subcritério 2: Perda de Fornecedores Externos: refere-seaos fornecedores no mercado internacional.

Etapa 2: Coleta dos julgamentos par a par dos decisores.Nesta etapa, foram realizadas as comparacóes par a par doscritérios de urn determinado nível, com os critérios do nívelimediatamente superior. Para efetuar o julgamento, osdecisores receberam urn questionário com as matrizes dedecisáo de comparacáo. A Escala Fundamental de Saaty foiutilizada para representar nurnericamente as preferencias,tanto quantitativas como qualitativas, e realizar osjulgamentos par a par.

Etapa 3: Construcáo das matrizes de decisáo, Nesta etapa,constroem-se as matrizes de decisáo, elaboradas com osvalores dos julgamentos do grupo decisor e a matriz depesos dos méritos BOCR, denominados b,o,c,r, mostradosnaFig.14.

a~i1 1'1OJo:W~ 1O~_ "fWlrl~ IharI CusIol

1 -. 1"16j.!+I-I+ +1 1+1·I+HIH- ,IMo- ! ~-2_. '''16 11 111'1-1-14-; 211+ I+ H'III.I''' ' I, - lo.--., _ . •..-III'I+ t+ H-; 121 +1 + 1,111,1 ...+<_ 1R......

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Figura 14: Matriz de decisáo

Salgado, M.C.v. , Belderrain, M.C.N. , Silva, A.C.S.

Estes pesos identificam a diferenca de importancia entre osméritos do problema, no julgamento do grupo de decisoresconformemostradonaFig. 15. A figura mostra urn exemplode matriz de julgamentos das alternativas de "Fazer oXVT02" a esquerda e "Nao fazer o XVT02" a direita dalinha de pesos, sob o critério Qualificacáo de novossistemas em vóo, O peso (julgamento) foi 9 aesquerda, quesignifica que para este decisor, "Fazer o XVT02" éextremamente mais importante do que "Nao fazer oXVT02" sob o ponto de vista do critério citado acima.

~Ml"I]~de._·ro;Ie¡"~"cUlI$'

FazlIIollVT02ia M!~rrDlI~&'1l lil!fl N~ 1mI ollVT02

11. flHl'ollV112

Figura 15: Matriz de julgamentos das alternativas sob o critérioQualificacáo de novos sistemas em vóo.

A Figura 16 mostra o resultado da agregacáo individual dejulgamentos (AIJ) entre os critérios do mérito Beneficios.Ou seja, na linba destacada da Fig. 16, pensando-se nosbeneficios, a pergunta é:

o critério "Constatacáo do funcionamento de sistemas" équanto mais importante do que o "Levantamento deDados"?

·~_.."'. · I·I .I·I.'.I ·I .I,r ,I,I ·I·I ·I·I·!·I ·..·I _ I .=- "1~_...... · ].I ,I"'r; .].1 ,11,[,1 .1 .1.1.1.1 .[ ....1 _ 1,....= ....-•~_.."'. ·..·I·I,I·I.'.I·I.I,r 11·1·1·1·1·1.1·1·..·1 _ 1':::-.•~_......~ · ].I,I",r; .J.bll:! ,I ·I ·I.I·I·[·I ·..·! - 1c::..ooo:-1~_.."' 111,1 " .1 '1 11 .1 ,r :111.1.1.1,l.!.1·...1"'_1 =:-..=- '''' 1·1.1",1'1·1.1.1!:I,¡.r; +1o! ·1 ·..·I - I....:-=:._.==- · I.! .I+IoI'¡'l:r :1·1·1·1·1,1·1·1·..·1 - 1':--..=- · I.I .I+r; .¡,I .II:! ,I .I .¡.I,I .!.I ·...I - I c::..-:---1• ...==- 1· 1l' ••• J: 1 :1 , 1 . 1 ,l ll d . I , I ~ ,I ..._ 1':...-.." ....=-:._ I l' ••• '2 ,lll.I,III.I.I"I-III.._ 1=-" -=:*- ~'¡'I· I· I '¡' ¡'¡ o[. l ¡.¡,¡.r; +1 -1++- 1::=--., l:::-. ...,I,I.I'I.r;+1 :11 :1 ,1 ·1 .1_1+1+ 1.._ 1c=..,-:-~_. ... '¡'I+ I+H,[:f ,1,1·1·1·1·1· 111 ·1.._ 1=-...=- ·...I.I.I,I+H,f,II:I+r; · I· I· II I~· I ..- I =:-.

Figura 16: Matriz de julgamentos pelaAIJ, de critérios do méritoBENEFiCIOS.

A escala de pesos é visualizada na tela do Software SuperDecísions. Este software foi escolhido para dar o apoio decálculo deste trabalho pela sua acessibilidade na rede,simplicidade de utilizacáo e por ser o método maisapropriado para o estudo de caso do projeto, auxiliando osanalistas e decisores na construcáo dos julgamentos,

Etapa 4: Obtencáo dos autovalores e autovetores dasmatrizes de decisáo, Nesta etapa, realiza-se a agregacáoindividual de julgamentos (AlJ) e os resultados

Journal ofAerospace Technology and Management V. 1, n. 1, Jan. - Jun. 2009 88

Avaliacáo do v óo tecnológico XVT 02 do Veículo Lancador de Satélites VLS- I por meio de decisáo em grupo

sintetizados. Para os méritos do problema, a Tab. 3 mostraos vetares de prioridades de cada mérito, calculados pelaagreg acáo dos julgamentos dos deci sores.

Etapa 5: Determinacáo da Razáo de Consist enc ia (Re) damatriz de decisáo. No softw are SuperDecisions, calcula-sea razáo de cons istencia de cada julgamento, tanto dasalternativas em funcáo dos crit érios quanto dos subcritériosem funcáo dos critérios e dos critérios em funcáo dosméritos.

Tabela 3: Vetor dePrioridade dos méritosBOCR.

CUSTOS

MÉRITOS Name Grap/llcBENU'ÍCIOS F "';)MQ2

N.. ' )MQ2 _

RnclJtluIOI S1ntetlzadol

Observa- se pela Tabela 5 que a sintetizacáo revela amesmaprioridade na alternativa global para as duas fórmulasutilizadas.

RISCOS

Riscos

0,113735 0,1779580,2254570,482850Pesos

MÉRITOS Beneficios Oportunidades Custos

0,4828 0,22546 0,1137 0,177 9 b"B+o"O -c"C-r"R (B*O)/(C*R)

Esse resultado reflete o pensamento do grupo de decisoresem torno da realizac áo do ensaio, pela sua importáncia paraa continuidade do projeto, contribuindo para realmenteaumentar as probabilidades de sucesso no lancamento doVLS-I V04.

Tabela 5: Resultado do proces so de agregacáo.Al.l

Realizar 0,42146 0,33723 0,31935 0,23722

KM.

0,137860

0,8621399

F.S.

0,93 1585

0,06841492

ReoB

Nao 0,07854 0,11420 0,18965 0,15320Realizar

FM. Fórmula Multipli cativa

FS. FónnulaS ubtrat iva

~","""'~T>/l.__ OII lo1.QSIO OO ,"·'~_~~.IO(AClOi·_

~e-...__ ."'!"'4': .. _ .. -..... •

• .....-- -- ,,- ,_. '.'lI' .- .-..._.._- -- ,- ,- ''' 'lI' .- ...--- -- ,- ,- ,..,,,, .- .....- --- .- .- ,..,m .- lJ l "-- - ,~

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Etapa 6: Verificacáo da consi stencia dos julgamento . Nosresultados apresentados na decis áo do grupo, osjulgamentos inseridos nas matrizes de decis áo dos critério sem funcáo dos méritos ficaram dentro do limite detoleráncia conforme pode-se observar na Fig. 17 para omérito "BENEFÍCIOS", quanto á matriz de decisáo da Fig,16.

Figura 17: Relatório de Análise da Consistencia da matriz dedecisño para o mérito BENEFÍCrOS.

CONCLUSOES

Etapa 7: Sintetiza cáo dos vetores de prioridade, O vetor deprioridade, resultantes da comparacáo entre os méritos, saoutilizados para determinacáo da alternativa global para ocálculo atrav és da fórmula subtrativa (4) da abordagemBOCR. A fórmula multiplicativa (3) nao considera apriorizac áo dos méritos. No caso dos custos e riscos, quantomaior os valores, na fórmula multiplicativa, o denominadorvai aumentar, reduzindo o resultado final. No caso dafórmula subtrativa, os custos e riscos sao subtraídos noresul tado final.

RESULTADOS E DISCUSSÓES

O objetivo de ava liar a decis áo estabel ecida em 2005 noprojeto VLS-l de realizar um ensaio em vóo denom inadoXVT02, visando testar os sistemas do veículo lancador atéchegar aórbita prevista, porém, sem transportar o satélitecliente foi atingido, Os resultados obtidos do estudo de casomostram que a decisáo do grupo se manteve, passadosaproximadamente tres anos da decisáo tomada, pelarealizac áo do ensaio XVT02, visando a atingir com maiorseguranca o sucesso no projeto VLS- l.

Recomenda-se avaliar as deci sóes tomadas, pois com odesenvolvimento do projeto e o passar do tempo , o cenári opode se modificar e aquela decisáo nao ser amais adequada.

Mesmo com os valores dos custo s e rISCOS agindonegativamente, os valores e pesos dos benefícios eoportunidades os superaram, o que significa que deve serrealizado o ensaio do XVT02, conforme mostrado na Tab. 4

Tabela4: Resultados dos vetores de prioridades na comparacñode alternativas sob cada méri to

A descricáo do contexto do projeto VLS-I foi necessáriapara a compreensáo da complexidade do mesmo e,conseqüentemente , das decisñes no ámbito deste projeto.

Para alcancar o objetivo foi utilizado o processo de anális ede decis áo multicritério, em que a etapa de estruturacáo doproblema auxilia a analis e dos critérios de aval iacáo para

Joumal of Aerospace Technology and Management V 1, n. 1, Jan . - Jun . 2009 89

escolha ou priorizacáo entre as alternativas estabelecidaspara solucáo do problema.

Dentre os métodos de apoio multicritério á decisáo (AMD),foi escolhido, para aplicacáo no estudo de caso, o métodoARP (Analytic Hierarchy Process), que se mostrouadequado devido amelhor adaptacáo das condicóes: (1)flexibilidade; (2) simplicidade; (3) facilidade de acesso aosoftware e bibliografia; (4) adequacáo as decis6es emgrupo; e, (S) adequacáo da abordagem BOCR comaplicacáo das fórmulas multiplicativa e subtrativa paracalcular a avaliacáo global de cada alternativa, devido anatureza do estudo de caso.

Após analise dos resultados, observou-se que o pensamentodo grupo foi direcionado unicamente para o sucesso doprojeto, independente do custo ou tempo dedesenvolvimento.

A etapa de estrururacáo do problema pode gerar urnaoportunidade de discussáo entre os especialistas, sendo estauma atitude positiva e necessária para que as metas edecisóes estejam sempre alinhadas com a missáo daorganizacáo.

Finalmente, para melhorar a eficiéncia nos processos detomada de decisáo de problemas complexos, esta deve serrealizada em grupo e é recomendável que se faca umaanálise estruturada do problema, definindo em grupo oscritérios de avaliacáo, as alternativas, os julgamentos e asintetizacáo dos resultados.

Como sugestáo para trabalhos futuros, propóe-sc umaanálise de cenários para avaliacáo do programa espacialbrasileiro, utilizando o processo de análise de decisáomulticritério. Os cenários considerados podem ser:

1. Cenários otimistas: recursos humanos qualificadosem quantidade suficiente; recursos financeiros emquantidade suficientes e apoio administrativo eficiente; e,

2. Cenários pessimistas: falta de recursos humanosqualificados (fuga de cérebros); escassez de recursosfinanceiros; insucesso no voo do XVTO1; mudanca deestratégia daAEB; e, perda de fornecedores externos.

O estudo poderá apoiar as decisóes institucionais egovernamentais sobre os caminhos a seguir, sobre aalocacáo de recursos, enfim, gerando uma análise profundasob diversos aspectos, diante dos problemas atuais dainstituicáo e do país, levando-setambém em consideracáo ocusto e o tempo de desenvolvimento para continuidade doPrograma Espacial Brasileiro.

AGRADECIMENTOS

Aos professores, colegas e funcionários das instituicóesparticipantes, que colaboraram com boa vontade ecompeténciapara o desenvolvimento desse trabalho.

Salgado, M.C.v., Belderrain, M.C.N., Silva, A.C.S.

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