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Idiot Mag nº29 JUL // AGO14

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Idiot Mag nº29 com: Atualidade: O Sangue do Norte // Roteiro + Ver, Ouvir e Ler // Cinema // Photoreports: Street Art No Axa; Pacha Ofir Openning; Idiotices No Pacha // Idiota de Rua // Artista de Capa: Eky One // Intervenção: Putrica; Art Inna Park // La Fouinographe // Provoc'arte: É Urgente Ouvir o Corpo // Guia de Um Jovem

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8 EDITORIALLet´s Live For Today

16 ATUALIDADEO Sangue Do Norte

22 PHOTOREPORTStreet Art

no Edifício Axa

34 PHOTOREPORTPacha Ofir

Openning 2014

48 INTERVENÇÃOPutrica 2014

54 LA FOUINOGRAPHEWent to Porto

64 PROVOC’ARTEÉ Urgente Ouvir

O Corpo

12 VROTEIRO +VER, OUVIRE LER

20 CINEMACrítica

32 IDIOTA DE RUA

40 ARTISTA DE CAPAEky One

52 INTERVENÇÃOArt Inna Park

60 NEWSLETTERIdiotices no Pacha

67 GUIADe Um Jovem....

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CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 3

Direcção: João Cabral // Nuno Dias

Textos: Ana Meira

Ana Catarina RamalhoBernardo AlvesBruno Manso

Carolina HardCandyMariana VazNuno Dias

Nuno Di RossoRicardo Branco

Rui de Noronha OzórioTiago Moura

TishEstagiarios:

Diogo MoreiraElinga NoreikaiteGonçalo Ribeiro

Rui CastroDesign:

João Cabral // Nuno DiasIDIOT, Gabinete de Design®

Capa: Eky One

Fotografia:Aline Fournier

Lígia ClaroVideo:

CTRL NRita Laranjeira

Todos os conteúdos são da responsabilidade de:

IDIOT, Gabinete de Design ®

Cada redactor tem a liberdade de adoptar, ou não, o novo acordo ortográfico

(*) NENHUMA ÁRVORE FOI SACRIFICADA NA IMPRESSÃO DESTA MAGAZINE!

[email protected]

www.IDIOTMAG.com

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Nuno Dias // D

ireto

rJoão Cabral // Diretor

Tiago Moura // Editor

Catarina Ramalho // RedatoraTish

// Edito

ra

Elinga Noreikaite // Estagiária

Lígia Claro // Fotó

grafa

Nuno Di Rosso // Redator

Bernardo Alves /

/ Redato

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Mariana Vaz // Redatora

Rui Castro // Estagiario

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Rui de Noronha Ozorio // Editor

Carmo Pereira // Editora

Aline Fournier //

Fotógrafa

Carolina HardCandy // Redator

Ricardo Branco // Redator

Ana Luisa Carvalho //

Redatora

Mariana Oliveira // Video

Rita Laranjeira

// Video

Ana Meira

// Redato

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Nuno Dias

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CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 9

LET’S LIVE FOR TODAY

UM DIA VAGUEAVA PELA INTERNET SEM NADA QUE FAZER E DEPAREI-ME COM ESTA FRASE. “É MELHOR SER DETESTADO PELO QUE ÉS, DO QUE SER AMADO PELO QUE NÃO ÉS”, NO BOM PORTUGUÊS. NUNCA UMA FRASE CONSEGUIU IR AO ENCONTRO A ALGO QUE EU SENTIA NO MOMENTO, ALGO QUE EU ESTAVA A PAS-SAR. À CONVERSA COM UMA AMIGA, ELA DISSE: “ESSA FRASE É MUITO FORTE E EXPLICA MUITA COISA”. TANTA COISA. NÃO SÓ O QUE EU SINTO, MAS TUDO O QUE SE PASSA. AS PESSOAS FAZEM-SE PASSAR PELO QUE NÃO SÃO, INDEPENDENTE-MENTE DOS SENTIMENTOS DOS OUTROS, MOVIDOS POR INTERESSES PRÓPRIOS. SE CALHAR SOU EU, NÓS, QUE VIVEMOS NUMA UTOPIA, NUM MUNDO QUE NÃO PASSA APENAS DO FRUTO DA NOSSA FÉRTIL IMAGINAÇÃO E DO TURBILHÃO DE EMOÇÕES POR QUE SOMOS ASSOLADOS TODOS OS DIAS. NUMA ANÁLISE MAIS PROFUNDA, APERCEBO-ME QUE ESSA UTOPIA (LATIM TARDIO UTOPIA, PALAVRA FORJADA POR THOMAS MORE PARA NOMEAR UMA ILHA IDEAL EM A UTOPIA, DO GREGO OU-, NÃO + GREGO TÓPOS, OU LUGAR) É AQUELA SOCIEDADE QUE INICIA-MOS FAZ MAIS DE UM ANO, A IDIOCRACIA, A SOCIEDADE DE IDIOTAS PARA IDIO-TAS, O CRIADOR DE IDEIAS, QUE JÁ NÃO PRODUZ APENAS IDEIAS. CRIA SONHOS, FANTASIAS, DESEJOS, E TUDO DE BOM QUE PODE CABER NO NOSSO CORAÇÃO.É ASSIM QUE LANÇAMOS MAIS UMA IDIOT, SEMPRE COM AQUELE CARINHO QUE TENTAMOS QUE NOS SEJA CARACTERÍSTICO. ESTA É A PRIMEIRA VEZ QUE LAN-ÇAMOS A IDIOT DE JULHO, MAS QUE VALE POR AGOSTO TAMBÉM! PORQUÊ? DOIS MOTIVOS: A EDIÇÃO DE AGOSTO É SEMPRE A MENOS LIDA (AS DUAS EDIÇÕES DE AGOSTO ANTERIORES TÊM APENAS UMA MÉDIA DE 2 MIL LEITURAS CADA) - E TÃO BOM CONTEÚDO NÃO SE PODE DESPERDIÇAR - E ESTAMOS NUMA AZÁFAMA: TRA-BALHAMOS PARA REALIZAR O NOSSO SONHO! ESTAMOS A REUNIR SUBSCRIÇÕES SEMESTRAIS. PARA QUÊ? IMPRIMIR A IDIOT MAG! JÁ IMAGINASTE TERES NAS TUAS MÃOS, TODOS EM MESES NO CONFORTO DA TUA CASA, UMA IDIOT MAG - LINDA - DE CAPA DURA, BRILHANTE, COM UMA ILUSTRAÇÃO QUE ENOBRECE OS OLHOS, DE TAMANHO A5, AQUELE TAMANHO QUE CONSEGUE TORNAR ESTA PUBLICAÇÃO EM ALGO MAIS QUE UMA REVISTA, QUE A TORNA NUMA FANZINE, NUM OBJECTO COLECIONAVÉL, QUE PODES LEVAR NO BOLSO, CARTEIRO OU MOCHILA PARA TODO O LADO. LÊ-LA NO AUTOCARRO, NO METRO, EM CASA ANTES DE IR DORMIR, NUMA ESPLANADA AO SOL, OU MESMO NA PRAIA, PORQUE É ISSO QUE O TEMPO SUGERE AGORA. SÃO SÓ VANTAGENS NÃO SÃO? MAS AINDA NÃO ACABARAM: CADA EDIÇÃO TEM UM VALOR SIMBÓLICO: 1 EURO + PORTES DE ENVIO. COMO É POSSIVEL? //

Nuno Dias

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De 11 a 13 de julho as Comédias do Mi-nho ocupam os três palcos portuenses (TNSJ, TECA e MSBV), apresentando cin-co espetáculos em estreia absoluta, de forma a comemorar o seu aniversário. De 16 a 18 de julho, no Mosteiro São Ben-to da Vitória, os alu-nos finalistas da ESAP apresentarão a peça O Jogo do Amor e do Acaso, de Marivaux, com a encenação de Roberto Merino.

L’imaginaire d’après nature, de Henri Car-tier-Bresson estará patente de 27 de ju-nho a 31 de agosto no Edifício AXA. Tra-ta-se de um ciclo de fotografia que nos traz reflexões sobre a fotografia contem-porânea.

Ana Catarina Ramalho

O Cultura dos Sabores abriu as portas na rua de Ceuta. É um restau-rante vegetariano, ideal para se poder degustar de uma qualquer refei-ção, em qualquer parte do dia. Neste local é de notar a particularidade de nos podermos sentar num baloiço, enquanto comemos. É uma quase viagem de volta à infân-cia enquanto provamos o nosso prato, cujo che-fe promete reinventar, também, alguns dos mais conhecidos pratos da gastronomia portu-guesa.

De 17 a 19 de julho é a vez do MEO Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia, que traz nomes sonantes à cidade. Já confirmados estão The Prodigy, Skrillex, James, Portishead, Joss Stone, entre outros.

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https://www.facebook.com/IdiocracyDesign

https://www.facebook.com/OAKvintagecustom

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DESIGN GRÁFICO: IDIOT DESIGN

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7 S E V E N T H I R T Y. T H E

PROBLEM é o fresco álbum produzido por Gensu Dean pelas mãos da Mello Music, a sair este mês. Diz ele que que por exemplo a faixa “Stacks & Body Bags” é para abanar as coisas entre o flow do 7seven e a produção nasty do Gensu. Confirma-se. Tudo a abanar para estes lados.

FILME: Minha alma por ti Liberta. Frédi cura os outros através das mãos, “herança dom” de sua mãe. A tarefa altruísta fá-lo viver num dilema entre a sua obrigação e aquilo que realmente queria para si. Até que descobre a sua própria cura. Drama de François Dupeyron, protagoniza-do por Grégory Gadebois (nomeado para o César de Melhor Actor).

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A MORTE SEM MESTRE. O mais recente livro de poesia de Herberto Hel-der, escrito em 2013 e integralmente inédito, inclui CD com cinco po-emas lidos pelo próprio. “Tudo quanto neste livro possa parecer acidental é de facto intencional (…), peço por isso que um qualquer erro de orto-grafia ou sentido / seja um grão de sal aberto na boca do bom leitor impu-ro.» diz o autor. // Tish

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Ana Meira

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É deste sangue que sur-ge a “Spot - Interface Criativo”, uma associação sem fins lucrativos com o objetivo de criar uma simbiose entre várias pessoas com uma baga-

gem intelectual e ideológica que ar-quiteta um todo em prol do individual. Entre várias atividades este mês, pelo segundo ano consecutivo, surge o fes-tival de promoção de Bateria e Percus-são, “Viana Stroke Roll”. Festival que faz jus à tradição musical da cidade e pretende reunir diversos talentos da percussão durante dois dias, para que possam dar ao público um pouco dos seus sentimentos, das suas emoções, do seu talento e da sua afirmação como criadores de uma arte em ebulição. Tendo o ritmo como cadência, este é um evento inovador no Alto Minho, que conta com arruadas, workshops, audições de escolas de música, concer-tos, performances de rua, concursos e ainda atividades de turismo e lazer realizadas em locais emblemáticos do Centro Histórico de Viana do Castelo.

AS CIDADES CONCEBEM-SE DE MUITAS TRAMAS. O ESPAÇO AGUENTA-SE PELA VIDA QUE EXISTE DEN-TRO DELE, O NOME DEPENDE DA REPUTAÇÃO, MAS A “CIDADE”, A “CIDADE” É FEITA PELAS PESSOAS E PELAS SUAS IDEIAS. DE PLANOS E ESTRATÉGIAS SE FAZEM AS GUERRAS, AS VITÓRIAS E AS DERROTAS, OS HERÓIS E AS MEMÓRIAS, OS PROJETOS E OS MO-MENTOS. DE COISA POUCA SE FAZ A BEM-AVENTU-RANÇA. DAS BOLAS DO NATÁRIO À MONTANHA QUE ALBERGA A CITÂNIA SE FAZ UM NOME. DE PESSOAS CRIATIVAS E COM FORÇA NO “FAZER” SE FAZ UMA CIDADE. VIANA DO CASTELO ABRAÇA SERES ORI-GINAIS E PITORESCOS, PESSOAS IMPULSIONADAS PELO RESULTADO, PELO RESULTADO DO SABER FA-ZER E DO SABER FAZER BEM. MOVEM IDEIAS, RO-DOPIAM EM VOLTA DA MÚSICA, PINTAM AO SOM DO VENTO, FOTOGRAFAM COM A LEALDADE DO MAR, ESCREVEM COM A GARRA DE NIETZSCHE. CRIAM COM VONTADE DE CRIAR E DE TORNAR UMA CIDA-DE EM MAIS DO QUE UM LUGAR, UM SER VIVO.

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Derrubem-se as armas e ergam-se as baquetas, as armas efémeras de ideias, as baquetas duras de perseverança. O Norte veio para ficar. Tal como as suas pessoas. Os jovens e os velhos, os de-leitados e os ilusionistas, fazem do mal e do bem uma arte. Fazem do crescer e do viver o “criar”. Esperançosos e fervi-lhantes, a execução é tão importante como a executada, por isso façam-se coisas, façam-se dias e horas. Iremos guerrilhar para encontrar mais, explorar mais, criar mais, ser mais, pensar mais, viver mais, informar mais, embelezar mais, dar mais. Queremos ser “mais” tudo, incondicionalmente. Homens e mulheres de garras de ferro com flores na ponta. A sensibilidade equilibra-se com o grito de uma salvaguarda. So-mos Idiotas acima de tudo. Vamos lá. A música é a banda sonora de um sonho material e onírico. //

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Crítica por:Ricardo Branco

TOM NA QUINTA de Xavier Dolan (2013)

Diz-se que o a folha do milho corta melhor na época do Outono: a face manchada de sangue, o olhar assus-tado enquanto o corpo se deixa en-cantar, a mente afunila – entramos numa espiral de insanidade.Xavier Dolan desconstrui-se como re-alizador, saiu da sua zona de conforto e amadureceu: talvez estejamos pe-rante um Dolan que atingiu o ponto de rebuçado e começa a demonstrar de que matéria é feita o seu imaginá-rio. Nunca causando duvidas sobre o seu talento, no seu novo filme Dolan estava menos preocupado com moda e mais com estética, criando um uni-verso de suspense e thriller que nos contamina com belos planos e um tra-balho de som fabuloso.O tempo é húmido e cinzento, um la-maçal e um campo de milho demasiado intrigante – a desconstrução de Dolan é também física e como actor – valeu a pena deixar as cores e o pastiche

habitual para se lançar nesta adapta-ção de uma peça do seu conterrâneo Michel Marc Bouchard. Dolan escreve, realiza e protagoniza mais uma vez em Tom na Quinta que é provavel-mente um dos melhores filmes que surgiu este ano: uma surpreendente evolução no cinema do canadiano de 25 anos que recentemente conquis-tou o prémio de júri em Cannes com o seu próximo filme que estreará por volta do final deste ano (prémio esse que partilhou com Jean-Luc Godard).Tom na Quinta lida com a sexualidade (tema recorrente na obra de Dolan) de uma forma refrescante e desprovida de clichés: é novo, bem conseguido e ainda assustador; destaca-se Pierres--Yves Cardinal pelo seu bonito de-sempenho neste seu primeiro papel. Xavier Dolan prova assim que não é mais um adolescente, mas sim um jo-vem adulto com um olhar de artista pouco comum.

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OBEDIÊNCIA Vítor Gonçalves (2013)

Um homem preso numa vida que pro-cura o seu sentido, vagueando por espaços pouco iluminados e vagos – estamos na sua mente e ele procura um amor antigo enquanto o seu che-fe e mentor se prolonga muito após a sua morte. Vítor Gonçalves regressa à realização após cerca de trinta anos: o seu último e único testemunho foi Uma Rapariga no Verão de 1986 e A Vida Invisível aparece-nos assim como um filme mítico que esteve a “cozer” durante quase três décadas e que de-manda uma contextualização impo-nente e resolutória.O guião denuncia um pouco a condição da obra – soa a algo esquecido numa ga-veta durante os anos 80 e que sofreu as suas adaptações e adequações: a técnica e os espaços também parecem ter estancado nessa década da vida do cineasta (estamos no constante limbo e reminiscência entre o presente e o passado). A intenção foi compreendi-

da, as entrevistas foram lidas e a lição estudada: mas e se não fosse? Até que ponto é este um filme que se explica a si mesmo ou que se sustenta nos seus próprios pilares? Estamos perante um filme tão pessoal e tão íntimo que se torna por vezes cerrado em si mesmo e se alimenta da especulação e da metá-fora que estabelece diretamente com a vida do realizador.O trabalho de actores não foi de todo o mais cuidado e Maria João Pinho revela as suas falhas como actriz ao longo de todo o filme – tal como Vítor Gonçalves revela algumas lacunas no trabalho que desenvolve com a câmara – talvez por ser exilado tanto tempo da sua condição de realizador; tal como o pro-tagonista que não consegue esquecer o seu mentor e um amor mais jovem que lhe fugiu; as imagens em super 8 continuam a deambular e a surgir na tela como um pensamento, desta vida que é tão invisível como o seu filme. //

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Third, DNT

fotografia: Idiot Mag

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STREET ART NO EDIFÍCIO:

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Mais Menos

Hazul

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Transa

Doc Costa

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Okuba

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Alma do Coletivo RUA

God Mess + SEM

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Draw do Coletivo RUA

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ReportagemIDIOT + CTRL Nbrevemente....

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Mr. Dheo

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Encontrámos a Eva Pe-reira na Avenida dos Aliados. Tem 22 anos e passa maior parte do seu tempo enfiada no quarto a fazer música.Começou a gostar de fa-zer música quando tinha 17/18 anos. Decidiu criar um alter ego, chamado Rarareruri e juntar algu-mas das suas criações musicais num EP intitu-lado de Weak Ankles.A nossa idiota deixou-nos o seu Soundcloud e o seu contacto. // Bruno Manso

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05 - 07 - 2014

Olavo Bilac

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https://www.facebook.com/ligia.claro.photographyfotografia: Lígia Claro

Pista principal cheia do inicio ao fim da noite

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Carla Nery e Bárbara Taborda

Kika Vieira e os Idiotas

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Até o Olavo e a sua banda já só queriam idiotices

Lewis Fautzi no Club 3

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Área Latina

Club 3

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Demo na àrea Groupie

Até a nossa fotografajá tira selfies!

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O GRAFFITI DO “SPRAY ANTIGO”

Mariana Vaz

DO BOM E VELHO VAN-DALISMO À COSMO-POLITA ARTE DE RUA, O GRAFFITI COMO O CONHECÍAMOS ESTÁ A FICAR DIFERENTE. ESTÁ MAIS ABERTO E ACES-SÍVEL MAS NEM ASSIM MELHOR COMPREEN-DIDO. CONTINUA A TER O DOM DA CONTROVÉR-SIA, COLOCANDO-SE EM PRAÇA PÚBLICA ENTRE O HERÓI E O VILÃO.PARA EKY A QUESTÃO É SIMPLES. FIEL AO “OLD-SCHOOL”, VEM DESEN-VOLVENDO O SEU ESTI-LO PESSOAL DESDE 98, SEM POR ISSO DEIXAR DE USUFRUIR DO MEL-HOR QUE A TÉCNICA MODERNA TEM PARA OFERECER.DE LISBOA PARA O POR-TO, AS VIAGENS DE EKY NÃO FICAM SÓ PELA QUILOMETRAGEM.

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Um percurso longo e acidentado trá-lo até nós através das diversas variantes do “graf”. Writer, graffiteiro, pintor, ar-tista… as designações variam conforme o tipo, estilo, suporte e ocasião do tra-balho. “Trabalho”? Sim, trabalho. Por-que fazer o que se gosta é bom, mas ser bom no que se faz dá trabalho. Ainda em Lisboa, Eky inicia-se pelo “bomb”, desenhos rápidos e simples com letras garrafais e poucas cores . Aos poucos, a experiência puxa pela complexidade e assim, de rolo e esca-dote em punho, inicia-se nas grandes paredes legais do “hall of fame”.“Comecei a pintar em 98 em Lisboa. Na altura, eu e o Nark fundámos a CPKrew. Começámos pelo “street bomb” na rua, nas linhas do combóio, em paredes e estradas...” Mas este não é trabalho para lobos solitários. Não se faz graffiti sozinho. Mais do que uma peça na parede, o graffiti são as pessoas e os momentos que permeiam a sua cultura. Assim, e apesar da proximidade que

Eky mantém com o Porto, era Lis-boa que na época se oferecia como maior centro nevrálgico desta nova actividade. O tamanho e densidade da capital levou a que o fenómeno lá deflagrasse muito mais cedo e com maior voracidade do que em qual-quer outro ponto do país. “A diferença entre Lisboa e Porto é so-bretudo a dimensão. Em Lisboa é tudo mais agressivo. É maior e há muito mais gente a praticar qualquer uma das vertentes do graffiti.Dantes vinha ao Porto e não ouvia fa-lar muito de “graf”, era mais música e dança. Isto já é muito diferente do que se está a passar agora.”Hoje, sediado na Invicta e acolhido como membro da crew Gatos do Beko, Eky vai fazendo “um pouco de tudo” dentro do graffiti muito embora a maior parte do seu tempo seja dedicada a eventos e trabalhos sob a alçada da lei. Com diversas participações em even-tos nacionais e internacionais, Eky vai dando cada vez mais nas vistas; no

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entanto, é do reconhecimento do co-lectivo da “crew” que retira a melhor parte da missão.“Pintar com a CPKrew é o meu forte. Sempre trabalhamos juntos. O traba-lho é sempre em crew…sempre... gosto mais de fazer trabalho em grupo que individual. Mesmo com os Gatos do Beko é a mesma coisa, funciono muito em função deles, eles fazem a música e trabalham as coisas à maneira deles… eu faço o resto… “O Step in arena em Eindhoven e Mee-ting of Styles em Lisboa são dois mo-mentos marcantes para Eky e a CPKrew “Na Holanda conseguimos criar uma imagem muito forte e no Seixal, no Meeting of Styles, fizemos o mesmo mas com uma mensagem crítica Neste caso foi ao uso de peles de animais...A crítica resultou muito bem, as pes-soas gostaram e apoiaram e a peça ficou naquela parede ainda alguns anos depois disso.Procuro aproveitar sempre estas oportu-nidades ao máximo e explorar o melhor possível, quer ao nível da técnica, do es-tilo, quer ao da mensagem. Em tudo...”Puxando por vezes aqui e ali para a crítica política e social, Eky desfaz as ilusões de quem vê o graffiti como revolucionário muito à sombra do

mural de Abril.“Sempre se passou a mensagem de que o graffiti é de intervenção social, e de certa forma é verdade, mas ele tam-bém gira muito em função de “nós”, sou “eu”, “eu” e “eu” por isso é que escreve-mos o nome em todo o lado”Muita gente ainda não consegue dis-tinguir se é vandalismo ou é arte, e realmente nunca se viu uma resposta concreta.. O vandalismo foi por onde começou,” tags” e “bombing”; a parte artística era sempre no Hall of fame. Esta era a única coisa que nos dividia mas, no fundo, eram as mesmas pes-soas que faziam uma e outra parte.”Usando sempre o Spray e a caneta, Eky poderia ser considerado um puris-ta… Apaixonado pelo lettering e numa relação inquebrável com o aerossol utiliza os meios mais “clássicos” nos seus trabalhos. “Sou um pouco “pro-graff”, o spray an-tigo! O que eu gosto mesmo de fazer é Hall of fame. Não sou muito dado ao realismo, letras é o que gosto acima de tudo, considero que isso é que é mes-mo “o graffiti.”A entropia aumenta com o recente boom da “street art”. Agora, separar o trigo do joio, aos olhos de um leigo, tor-na-se cada vez mais uma tarefa obscu-

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ra a ser desvendada apenas por quem pertence ao meio.“Antigamente os conceitos estavam divididos. Havia duas vertentes : o graffiti e a street art que era o stencil, os stickers, os cartazes... Agora estão a querer meter no mesmo saco tudo o que é da rua. Supostamente, éramos uma cultura, embora hoje já muita gen-te misture estilos no que faz. “Eventos como o mural da Lionesa, em Leça do Balio, e a exposição de Street Art no edifício da Axa, em pleno coração do Porto, trouxeram à cidade uma nova apreciação por este tipo de arte erudita, deixando o graffiti uma vez mais numa posição desconfortável, à margem de uma área moralmente cinzenta.Se por um lado a promoção da arte ur-bana face ao grande público está a pro-porcionar um ambiente mais aberto e criativo, a factura acaba por ser paga através da absorção e estandardização do próprio movimento.“Eles não estão a libertar espaços, estão sim a criar zonas fechadas para meter as pessoas lá dentro e assim acabam por saber quem é quem...Pri-meiro criminalizaram, e depois, em 2 ou 3 meses ,comercializam logo tudo. A diferença é que agora sabem que pode haver muito dinheiro envolvido

nestes trabalhos.Abrem concursos de rua em que se queres concorrer com um projecto, pa-gas; se queres pintar numa parede, pa-gas; para te aprovarem, pagas.. Estão sim é a controlar-nos.No evento da Axa, por exemplo, podia ter-se posto mais gente lá a pintar, mas não quiseram... Assim,acabam por ser sempre as mesmas pessoas. Havia muitas salas e espaço suficiente para dar abertura a iniciantes.”O graffiti está em tudo ligado à liber-dade. Contornar a lei desta forma é um requisito necessário que, de uma maneira suave, nos previne de esque-cermos que as regras são abstractas e os limites apenas imposições. Esta é também a nossa última esperança numa comunicação crua e não filtra-da pelos média. Desta forma taxar a liberdade é então o mesmo que negar o próprio conceito.Confiante de que o graffiti puro irá sempre existir, Eki segue o seu es-tilo pessoal sempre tendo em men-te que fazer graffiti não se trata de arte mas sim de uma forma de vida complexa em que elementos como a adrenalina, a liberdade, audácia e o respeito são tão essenciais como a tinta e a parede. //

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A BRINCAR DIZEM-SE AS VERDADEStexto: Tiago Mourafotografia: Putrica ®

O MAPA GEOCULTURAL EMERGENTE ESBATE A DICOTOMIA PERIFERIA VS CENTRO. A ATIVIDADE CULTURAL E ARTÍSTICA É HOJE UMA AÇÃO, EM OPOSIÇÃO À MASSIFICAÇÃO. GERMINA EM QUALQUER PARTE DO GLOBO E RESULTA NUM UNIVERSO FLUIDO QUE ULTRAPASSA NOÇÕES CONVENCIONAIS DE FRONTEIRA, NACIONALIDADE, ETNIA, DISCIPLINA, SUPORTE OU EXPRESSÃO. [Retirado Da Página Do Walk & Talk]

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Pela segunda vez, e como parte das Festas Sebastianas, Frederico Draw, arquiteto de 25 anos, traz a Frea-munde o festival de arte urbana Pu-trica - Propostas Urbanas Temporá-rias de Reabilitação e de Intervenção Cultural e Artística. Baseada num conceito de ocupa-ção artística de edifícios da zona de Freamunde, através da sua reabili-tação imagética, i certame pretende a sensibilização para a integração da arte pública no espaço urbano. O seu manifesto afirma, também, o desejo de transformar a rua numa galeria aberta. A organização do certame explica que um dos objeti-vos do festival é despertar o inte-resse da comunidade pela arte con-temporânea, mais precisamente, na

arte urbana e, igualmente importan-te, criar um roteiro de arte urbana, um objetivo ambicioso, mas que vai de acordo com as ramificações do projeto inicial.Esta vontade de democratizar a arte urbana parece transversal a diferen-tes iniciativas do género: se tal fosse o caso para fazer a comparação esta seria a segunda vaga do Feminino. A arte urbana reclama o seu espaço e a sua diferença natural e exalta-a como argumento a favor da sua valorização e significado. A problematização do termo público, relacionado com a Arte, parece ainda mais evidenciado neste projeto, onde a sua organização de-pendeu e depende da participação do seu público e a quem é ocasionalmen-te solicitado auxílio.

MrDheo e Kissmywalls

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Mais Menos

Coletivo Rua

PUTRICA SIGNIFICA UMA CAM-BALHOTA, UMA BRINCADEIRA QUE, TAL COMO A CURIOSIDADE, CAIU EM DESUSO, MAS A ORGA-NIZAÇÃO DO EVENTO, QUE TRAZ PROJECTOS DE DRAW, GOD MESS E HAZUL, PRETENDER SER MAIS QUE SIMPLES UMA ATIVIDADE LÚDICA. MAIS QUE UM EVEN-TO DESPROVIDO DE QUALQUER SIGNIFICADO E SIMPLESMENTE SUPERFICIAL, O PUTRICA PRE-TENDE IMBUIR A PAISAGEM UR-BANA DEVOLUTA DE NOVOS CONCEITOS E IDEIAS. //

Da Covilhã com as intervenções do projeto Wool, a Ponta Delgada com as parcerias enormes do Walk & Talk e até no Porto, onde os diferentes eventos da Idiot têm juntado um maior número de estadores, a comunidade cada vez se abre mais a esta corrente artístisca, mas segundo Draw, as comunidades mais pequenas são mais receptivas e disponíveis em colaborar com as orga-nizações deste género de iniciativas, afirmando que as autarquias se mos-tram mais cooperativas em ceder es-paços e fornecer autorizações. Estas facilidades marcam o pesado contras-te com a situação pintada nas maiores cidades do país, onde os entraves são cada vez maiores.

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Moradavaga

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https://www.facebook.com/MartaCunhaFotografiafotografia:Marta Cunha(edição 2013)

Youth One

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A Rua de Camões vai ser palco de mais uma edição do Art inna Park. Pelo se-gundo ano consecutivo, e desta vez com a colaboração aqui dos Idiotas, a Invicta acolhe esta Jam urbana onde se mistura a música com o graffiti, com a presença de alguns dos melhores wri-ters portugueses, que irão pintar ao som dos concertos ao vivo.Artistas como Dirty Cop, Ekyone e os Colectivo Rua, Draw, Oker, Fedor e Alma, e muitos outros, vão praticar live painting ao som de vários live acts e dj’s sets de músicos como B--Ragga, Celebration Sound e Jah Fu-mega, e muitos mais.No meio de tanta animação ainda vai haver espaço para um workshop dado pelo Youth One com um custo de 20

euros, e uma área para crianças para os pais curtirem à vontade. Trata-se de um projecto sem fins lu-crativos e a entrada custa 2 euros, que reverterá para pagar o material usado (tintas, latas) e assegurar as condições necessárias para uma grande festa. Pela noite dentro, o after party. A partir das 23.30, a festa passa para o Armazém do Chá, que abre portas a esta grande fusão artística para uma noite com muita música, bom ambien-te e muita pintura. Com o hip-hop, o drum and bass e o reagge a marcar presença, a noite promete dar conti-nuidade a um dia espectacular. No dia 19 de Julho a arte vem para as ruas do Porto. E tu? Apareces? // Diogo Moreira, Gonçalo Ribeiro

Aore & Mars

Alma e Fedor

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Aline Fournierwww.lafouinographe.com

Kyle Cassel

WENT TO OPORTO

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https://www.facebook.com/zombieuterus?fref=tsVon Khaos

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Catarina Albano, Ligia Claro e Ana Luisa Alves

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http://www.monikaarijaodobasic.com/ https://www.facebook.com/ari.odobasic?fref=ts

Ari

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http://www.monikaarijaodobasic.com/ https://www.facebook.com/ari.odobasic?fref=ts

Ari

Von Khaos

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Este ano a Idiot Mag foi convidada para ser responsável pela comunicação do Pacha Ofir. Aceitamos com todo o carinho. Vejam algumas idiotices que já estavam presentes na primei-ra noite, pela objectiva, mais uma vez, da Lígia Claro

Cereja “constelação.

Apresentação da equipa “ Famiglia Pacha”

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#selfiepacha

Convidamos o artista FEDOR a interpretar as cerejas do Pacha na zona vip

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“ Famiglia Pacha”

Fotomaton entrada Vip

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IDIOTS @ PACHA:-Conceito verão 2014 “Pacha Superstars”- Conceito e sessão fotográ-fica de apresentação da equipa “La Famiglia Pacha”- Flyers, Mupis, outdoors, acess cards, cardápios- Decoração em vinil, esque-mas cromáticos das áreas- Logótipos das áreas- Acções de marketing- Agenciamento de artistas urbanos- Gestão de Redes Sociais

Sinalética WC’s

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A cultura judaico-cristã incutiu, desde os seus primórdios, desde os 10 mandamentos que Moisés alcançou na fuga do Egipto, uma série de regras de conduta que, basicamente, se re-sumiam a um Não elevado a uma dezena de li-berdades (ou permissividades, como queiram chamar). A isto, a esta prisão, chamaram os doutos cleros: Moral! E a moral vinha escrita numa tábua de madeira, supostamente criada por mão divina com o desígnio, também ele divino, de controlar a conduta, de criar medos, ou de indicar a morada da perfeição. O poder, supostamente também divino, alastrou-se de tal forma que todo o ociden-te cristão, religioso ou laico, tomou as con-dicionantes da liberdade como um bem, uma bem-aventurança a seguir. Tudo um engano! Deus, penso que preocupado com o andar da carruagem e das tábuas, até enviou à terra o seu filho Jesus para que se percebesse a ideia de amor e liberdade, de amoralidade. Ao invés disso, o poder contratualista decidiu manter o Não e com isso, fazer crescer a moralidade e, claro está, a imoralidade. Já se sabe que quan-do se proíbe, um oposto acontece por reacção e sem qualquer tipo de equilíbrio. Assim, o intuito do controlo gera, naturalmente, o des-

controlo, o caos e o Estado a que isto chegou!E Jesus tentou, de facto, mostrar que não de-veríamos condenar ninguém. Que atire a pri-meira pedra quem nunca pecou, disse ele. E a realidade, é que o pecado foi dito por Cristo, não porque o fosse, mas para que as gentes pudessem entender. Na verdade, o que ele quis mostrar foi que ninguém deveria descri-minar quem quer que fosse, que ninguém é perfeito e que deveríamos respeitar as dife-renças, mesmo que a tradição as condenasse por puro controlo de conduta, despido de ver-dade e de bondade! O homem, sempre apoiado nas tábuas de ou-tro seu semelhante, decidiu borrifar-se nos ensinamentos de Jesus e continuou a ceifar a liberdade e a promover o Mal (mesmo que achando que era o bem – pura ignorância em alguns casos, verdadeira maldade noutros tantos). Hoje, somos o resultado de uma soma de séculos intermináveis de ditadura da alma. A educação define-se mais como domesti-cação ou adestração, do que propriamente como elevação ou evolução. Desde que nas-cemos, neste ocidente amestrado, ouvimos coisas como: “não jogues à bola que partes

Por Rui de Noronha OzorioÉ URGENTE OUVIR O CORPO!

O CORPO É UM INSTRUMENTO DA ALMA, BEM ARTICULADO, PERFEITAMENTE CAPAZ DE SER LIVRE E DESINIBIDO. NO ENTANTO, O CORPO É SISTEMATICAMENTE VIOLADO POR REGRAS DE CONDUTA, POR VERGONHAS, POR CORRENTES QUE, PRIMEIRAMENTE SUFOCAM A ALMA, E QUE SEGUIDAMENTE SE REVELAM NO MOVIMENTO.

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alguma coisa, não andes assim que pareces desleixado, costas direitas, peito para fora, barriga para dentro” e lá vai o sargento, des-de pequenino a enrijecer o pepino. Quando crescemos, somos garfos hirtos e comple-xados, preocupados com as aparências e com o julgamento alheio. Depois, reparamos que nem todos somos assim. Que basta atravessar o oceano para as áfricas, como fez Vasco da Gama (já com o propósito de mandar e tentar impingir as regras), e ficamos admirados com a liberda-de com que os negros mexem o corpo, com o ritmo ao som da música, ao som da fé, com aquelas vozes intermináveis que se apresen-tam sem limites, sem freios e sem maldade.

Lá podemos jogar à bola com a imensidão da natureza, podemos dançar com todas as ar-ticulações que a anatomia pôs à disposição. E ficamos roídos de inveja, mas nunca perce-bemos porque a liberdade corre tão livremen-te naquelas veias queimadas ao sol. Nesses confins de civilização respira-se ar puro e contemplam-se as estrelas. Neste lado civi-lizado respiram-se horários e contemplam-se as contas bancárias. Do outro lado podemos ser quem quisermos, deste podemos ser quem os outros querem que sejamos. Quando pensarmos em felicidade, lembre-mo-nos sempre duma coisa: quando o corpo pede, é melhor ouvi-lo, porque ele é um ins-trumento da alma… e essa Nasceu livre! //

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PUBL

ICID

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HOW TO FLY THE NEST: Assinei contrato esta semana. É oficial, vou ficar a trabalhar aqui - pelo menos por agora. Quando os primeiros rascunhos desta ideia foram rabiscados (noutra plataforma online), um dos passos que tinha definido para poder considerar-me um adulto de sucesso era conseguir um emprego abrir aspas seguro fechar aspas e, doze meses depois, o meu nome no fim de uma folha certifica que estou um passo mais perto de atingir esse objetivo. Um ano atrás, estava a começar um estágio, es-perançoso que conseguiria agarrar a oportunida-de e transformá-la numa alavanca para outra fase da minha vida (na altura, estava a dividir-me em três empregos e, apesar de estar feliz, não estava mais perto ou mais longe de dar os passos neces-sários para crescer). AVISO: De nenhum modo deve o leitor interpretar as minhas afirmações anteriores ou as que se se-guem como indicação que eu defino sucesso, na idade adulta, como um emprego das 9h às 18h, um apartamento pequeno e uma rotina quebrada por um hobbie menor qualquer, que existe pelo único propósito de evitar a realização que caímos na rotina.

Até muito recentemente, eu vivia com um medo que estava atrasado em relação ao resto das pes-soas da minha idade e cada dia, mês e ano que passava só afirmava essa derrota. Foi preciso um heart 2 heart com a minha Mãe para enten-der que estava a colocar demasiada importância no que não tinha e não estava a conseguir ver o que já tinha realizado. Foi preciso essa chapada verbal para entender que, na verdade, eu não es-tava nada atrasado - estava bem. Convém ressal-var que parte da atitude da minha Mãe vinha com água no bico, uma vez que ela não tem qualquer interesse em que eu saia de casa já e todo em que eu saia de casa já com companhia, mas a probabi-lidade de tal acontecer é muito limitada (tal como o meu interesse nessa opção).E agora, mais que nunca, eu sinto com todas as fibras do meu ser que esta é a altura. Esta vai ser a minha Época Dourada, o meu Verão de 69!

DUAS SEMANAS DEPOIS

I’m coming down. É como descreveria o meu esta-do de espírito, atualmente. Depois daqueles dias após assinar contrato, em que sentia o mundo na minha mão e cada dedo era uma possibilidade de o conquistar, a rotina voltou a cair e o meu corpo está a ajustar-se às diferentes realidades que, até uma assinatura atrás, tinham um prazo de expira-ção e agora têm uma duração indeterminada. Sim, sinto uma maior confiança nas minhas ca-pacidades dentro do meu local de trabalho e até reconheço o espaço que me estão a oferecer para crescer e isso até turva um pouco aquela visão de que os meus dias serão extremamente repetiti-vos de agora em diante. É uma constatação estranha, porque se por um lado não me sinto a ceder às pressões estruturais do nosso mundo de ter um emprego regular e um salário fixo e tudo o resto que vem com trabalhar num escritório, por outro temo que todas aquelas histórias que tenho para contar nunca vão ver a luz do dia. Quando penso nisso, a minha barriga dói. Todas aquelas parolices que as grandes perso-nalidades e mentes afirmam em entrevistas como testes para a nossa verdadeira vocação, o meu re-sultado é sempre o mesmo: escrever. Eu acordo a querer escrever e deito-me a querer escrever. O problema é que durantes esses dois momentos eu raramente tenho tempo para escrever. Eu existo em dois planos: o do Real e o Fabricado. Cada vez reconheço que raros são os momentos em que eu estou presente que não esteja, simultaneamente, a analisar o cenário, as falas, as perspetivas das personagens. Não sei se isso me torna falso, por estar extremamente consciente dos meus atos, gestos e falas, mas a simples verdade que isto é tão natural para mim como respirar deve querer sublinhar algo sobre a minha vocação.E é isso que eu tenho medo. Muito medo se vos sou demasiado honesto. Há uma fala no texto Closer, do Patrick Marber, em que uma das personagens afirma que todos somos constituídos de milhares de histórias. E se eu nunca tiver tempo para as contar? Se eu nunca conseguir concretizar em papel um princípio, um meio e um fim que já existe na minha mente? É irónico que eu esteja a admitir que o meu maior receio é não conseguir agarrar uma oportunidade, numa altura da minha vida em que me devia sen-tir afortunado pelas que me estão a chover.

Mas se não fosse complicado eu não gostava des-ta história. //

UM GUIA DE UM JOVEM FRACASSO PARA SE TORNAR NUM ADULTO EXCELENTECrónica: Tiago Moura

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