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GALAICO-MINHOTO (Viana do Castelo, 27-29 de Setembro de 1985) I VOLUME

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GALAICO-MINHOTO (Viana do Castelo, 27-29 de Setembro de 1985)

I VOLUME

ntulo: rn Colóquio Gaiaico-Minhoto Editar: Câmwa Municipal de Viana do Castelo Tiragem: 1.000 exemplares Composto e Impresso na Companhia Editora do Minho S.&, Bardos Data e Local da Ediçtio: Viam do Castelo, 1994 Dep6sito Legal n." 71 225f93 ISBN 972-588-0579

O CONTRIBUTQ HIST~RICO-M~LITAR DO LINDOS0 PARA A RESTAURPL~B~O

Um Ataque Galego ao Castelo de Liadoso, 1657

m h e una aversão fmntein?çi q#e sempre hohouve de portugueses para espanhdis (0 próprio embai- xador Juan Hurtado referiu a CarIos Vque ar6 dos púlpitossealimenfevam csscssentimentos), houvc tarnbhn um comportamento casw que x mani- festava w l o abom'msnto no estmtgeiro~.

~u8mfinr h a LI&

I . As miscelâneas manuscritas, entendidas não como conjuntos heterogéneos de peças avuisas agrupadas de modo arbitrário, acidental, mas sim como volumes constituídos intencionalmente visando a divuigaeo de matbria literária, politica, histdrica, artís- tica, filosófica e outrai, constituem uma fonte preciosissima para a investigação, mau grado as dificuldades de que se reveste o seu trata- mento arquivistico. De facto, a singularidade das monografks manus- critas tem sido forte obstdculo à ma cataIoga@o sistemática, mas ela não impede de todo o recurso Bs ISBDM e ISBD(A) - moderna atensilhagem cataiográfica aplicável Bs obras impressas, tanto actuais wmo antigas - affm de se obter um esquema normativo funcional e uniformizador, que imponha a muitiplicação de catíllogos dispo- níves para a emsulta do uulizador de Arquivos, merecendo destaque especial o ideagrBtiw - fruto de umcemplexo, mas aliciantettabalbo de indexação: escolha criteriosa e uso coerente de descritores (tópicos conceptuais abrangentes de fichas/obras, ligadas assim pelo cordão u m b i i do assunto), fixados num «thesaurusn operativo.

232 ARMANDO BARREIR08 MALREiRO M SILVA

No &c. XVii e, também, no XVIII surgiu um acervo interes- sante de misceláneas do tipo acfmareferido - fenómeno a que não tem sido prestado o mínimo de at-o, embora seja campo f6rtil para refiex6es e descobertas curiosas. A História da Literatura pode recorrer-se, de imediato, num esforço de indagaçào sobre o sentido cultural desse singular género, associado a um .viçoso florescimento na Província: o paradima de çtA Corte na Aldeia)) (1619) de Fran- cisco Rodrigues Lobo, emerso em plena &oca bkoca - máe de um academismo mergulhado «no conceptismo de Quevedo e Gracfan, nos temas líricos, de Lope, &fase de Herrera ou do conde de Salinas, e sobretudo no gongorismo» (1) -, a 'xação de intelectuais, sob o peso da dominaao filipina, em meios provincianos, a tendêhcia para forjar elites numa erndiçáo e l w t e , maa j4 algo pe~scnrtadora (9, graças à vitalidade de muitas tertúiias, ajuda, entre outrw factores, a perceber a origem e a natureza do dito fen6meno.

Rica e valioua fonte para a investigação, as miscelânees, que passaremas a designar por eruditas, assemelham-se a cai- de surpresas, que o inves&ador abre e vasculha dominado pelo espanto, entusiasmando-se wm tudo o que encontra. Mas uma vez superado o fascínio inidal, ele 6 impelido a pegar numa peça, trabalhando-a como se se tratasse de filigrana! Isto nâo impede, porém, que as f>esqüisas ultrapassem o espaço wntenutisoco do texto escolhido, inci- dindo sobre a caracterizagío física, a autoria e a composiçiçgo interna da mUceIgnea - dai a óbviautilidade de um Apêndiee apapaz de viabi- lizar a projecção da riqueza do texto e de conteao (a). A A deste

('1 SARAIVA. Ant6nio Joné e LOPBS. Oscar - ifisidrip da Litelema por~i. BUWB. 9.' ed. Porto, Porto Editara, 1976, p. 514.

(1) Alfredo Salsano escreveu a propósito: nÉ certo que o problema da si$& mitica das ciQcias não C novo, nem o seu mudo pode scr ümllado aos reflexos que ele tom nsswoduç.óes end~lopedlws an* ou mo~emas, que em geral retomam as soiuç6esmais usuais. Assim, quando a totalidade dor wnheclmmbos aáo encon- trou a sua rdim@o sob osiguo da eompuaçho e da emüFHo, exiatiu a combina-&% diferame de urna Enst8ncia filosófica que ia bem para 18 da clas9iaca$ío dae @mias cqm uma finaiidade didSetiw que expbiea omplttamenh O tipo de slntcae mado- pMicarwuzSda, desde as artes e didpünas P pansofas - O nmodelon mdcJoja&- dico e ar mas ran'ssbes... ~(Preio. Rwista da fmprem NariodCasa da Mpedwp, Lisboa (4). Sol.-Set. 1984, D. 10.

('1 Remete-,e o leitor para: SII.VA, Armando B-iros Malheiro da - A «Censura do Tabaco» do Pe. Jcrdnimo da Mola edois Ineditos de Ribeiro Sanclims. Braga. Edições do ArquivoDisirital de Braga. Univmidade do M i o , 1986, onde 6 ilustrada de forma assaz p o m c n ~ d a a abordagem acima sumariamente descrita.

tipo de discurso exaustEvo - ideal e indispensBve1- wgem, no entaato, casos de certo modo imprecisas, que não obstante isto corro- boram o indelével potencial das referidas miscelâneas emditas. E um desses casos constitui, de facto, a razão de ser deste simples apon- tamento.

Um volutae com Capa mole e enrugada de pergaminho (9, envolto em inc6mitas: guardado não se sabe porque, nem desde quando na Sacristia (e, de uns tempos a esta parte, mdhor dizendo, h& dois meses atris, na própria Residkcia Paroquial) da Igreja de S. Joâo Bawta de Coucieiro, terra dos Abreus e Çomenda da Ordem de Cristo (51. Esteve na Dosse de Manuel José da Cogta Fel$ueiras Gaio - oY&nhecido nobuiarista d a villa de Barcellas~ - não se sabe por quanto tempo e de SimiSo Ferreira de Macedo Farba Gaio, que o recebeu oil adquiriu em 1880 e a quem uma pena an6nima deu o título de posse com duas p a h ~ a s roje pertence* no mínimo vagas. Foi seu compilador presumtvel e bem presente - Diogo Brandão - mas sem rasto, isto é, sem qudsquw dados idenfl~cadores. Acresce ainda o seguinte; inclui um brasonso (9, que infeiiiente a acidez

('1 Pox islenn8dio da Dra. Toresa Barbosa, conhwedom do gequeno, ma8 precioso recheio doeemcntal da I& dtS. loàa Baptista de Couoeiro, foi possivsl nm eontacto &e& com o Rev. Púrow. Pe. Joáo AIVSB de Olivura, a qwm o Arquivo Disfntal de baga ficou penb~rado pelo um8vel emp~btioio do referido volume e de alguns livros para estudo, lipenar e tratamuito catalo&fico.

Na MIUI do do xnmmcnto em foco iê-se: nLh*m d e h n m . Data: s&. XVII.D~&&: 23 x a m . 0 Pinho LEAL, citedo por COSTA, Am&im - iXdoria& Cno~ompsiw de

Pnrtnrral C~ntinental e Insular. wI. V. Lisboa, 1936, p. 819, <diz-nos que a egreja - -. .--- -.--- ~- ~ ~~~ -

foi dos tcmpl&rios e C sagrada: / O ordinario apreseÜtava, por wncwso synodal, o reitor, que tinha 80S00. / d povoação muito antiga. / Era antigamente da comarca dc Vianna, tumo de Pico de Rcpalados. /Passa aqui o rio Homem. / Ssgrou ma imeia o arceblioo D. Pavo Mendes. no reinado de D. Afonso Hcnriqucs. /Existe -- -.- ~ 'es t a £regue& a tom, i paço em (lue viveram as senhores dos Regalados, antes tm nWe antsassern 08 Abreus. /Tamhmn aqui e& o paço de Linharep. K & e m D. Gongaiio dc Barros, que era em 1.543. w m d a d o r do mosieim de Itendufeu.

(6) Mago Bmd60 w m aa LL folha o s e m t e , referindo-se ao gTratgdo das Armas (...)n: naste %o se msiadou de outro gue / me deu Julio Cezm em C ~ i m b ~ a no / a n o de seiscentos & quatro & c m o / nffo tiilha Amas priitadaii pode avsr / mos em quem as pintou. os Timbres sHo / os mesmos, que elle mos dtun.

Na 2.' íl. vem o utulo integrirl: KTRATADO / CWRIOSISSIMO / DAB ARMAS / DE PORTU-OAL / Diogo Brandao i E DE ALGUMAS F i D A L W / DE CASTELLA, & POR- / TIJGAL, COM muim BRAZdBS, MAIS I INSIGNES. Tirado da Guarda Roupa dEL REY / Dom f0Ã0 DE PORTUGAL.

da tinta tornou quase iiegivei e cujo autor é, tambéma um íiustre desco- nhecido; revela uma organizagito interna algo tosca, que nos inibe de con~jdere4-10 uma misodânea emdita acabada, pois são evidentes algumas características mais comuns dos chamados «Registos de Cw~iosidadesn (cadernos de notas, de f&Cr divers, etc.); o seu conteúdo, exeiuído o trabalho heráldico, é constituido por poesia, por conselhos morais e polftim e por... curiosidades. Atente-se n e m c~Descriç.ão curiosfssima do ataque das forças galegas ao Castelo de Lhdosa» (fls. 276v a 277~1, «Instrucion de Dou Juan da Silva Conde de Portalegre quando arnbio a Don Diego su hijo ala Corte» (fl. 390), «Ihstrnção da Missa>> (fl. 395v.1, <tTreslado dasprimeiras Cortes que fes dom Afonso Edqnes na cidade de Lamego e das leis que se arde- narão nela&+> (fl. 420), «Ordenasob que fes o Conde da Bolonha Governador de Portugai e depois Rei dom Joao [sic] terseiro com o conseiho de seusriquos homem e fidalgos na era de miie dosentas e oitenta e nove» (fl. 429, @Das Gortw que ei Rei dom Afonso termiro selebrou em Leina no ano 1254)) (fl. 4263 e &4fonsmos de Pitagoras)) a. 426v.I.

A primeira ninosidade enumerada serviu-nos de óptimo pretexto para qboçar mais alglins traços sobre o fascinante universo das misce tãneas eruditas. E para alem disto fica o pequeno, mas oportuno wbsfdio mono@6fico para a HistQria Militar do castelo fronteirigo de Liadoso, durante a Restaura$ão.

2. A terra de Lindoso é hoje evocada pelas suas poteneialidades turfsticas e pela famosa *Barragem do rio L h a e Central da U&O Elécirfca Portuguesa, que fornece energia a muitas tmas do Norte de Portugal» PJ, minimizando-se inevitavelmente o simbolismo épico do seu castelo. No princfpio deste século, Estevq Pereira e Guilherme Rodngues no seu « P a g s l , DiçeionarioEi&miw, Coro- graphiw, Bfographico, &iblograpMco, Heraidico, Nun~kmafico e Artisticos fvol. IV. Lbboa, Jogo Romano Torres & C:, 1909, p. 21Q, mpeitando a funçáo mítica da fMca@o, in%iairam na resenha histórica, presente noutrss Corografias (anteriores e posteriores):

1 Escrito por Paulo irseenso de Sequeira / Philmpho Bt Poeta. Ano de 16328. Sáo caca de duzenta~ e Setenta fls. de fexto. 0 LELW UNmEIhFAr. - Dicioddo Bociclap&dtoo Luso-Brasileiro em 1

volumes, VOZ. S.'. Porto, Leno Bc Imiao, 19%1, p. 71.

$Tem um eastJLo aminadn, construido por el-rei B. Diniz em 1 W . c h a t a qnepor ser d'umaprimorm architehm e m i t o elegante, lhe dera o rei onomc deLladw. que passou A villa. D. Dinizgo&ava muita d'nte FasSdo, eali ia repetidas vez=. &rei D. Mand deu-ihe fora, em LEBboa, a 5 de outubro de 1514, com d t o 6 e grandes prM- leplos. O primeiw aloaide do &eHo de Lindoso e de Castro Labo- reiro, nomeado por el-ni R. Diniz, foi Paio Rodrigues de Aranjo, Oendiva. Mos e Tomo; alcaidw.m& dos m~tellos de Santa Quz, Sande e Minda , apresentava muitos offieior, e benefioios tm Portugal e na O W 1 e era @or do8 coutos da VaUe de Poldras, Soutao e Rio Caldow.

O controlo miUiar e x e d o pelo primeiro aleaide, de um Lado e de outro da fronteira, reflecte bem a preeatidade e artificialidade da raia face it interpenetração étnica, cuitural e de intzresses geo- -poUticos, inevitkvd nessa ampla e densa zona galaico-portuguesa. A lógica de um Estado portugu8s independente, por um lado, e a de uma Espanha abeecada par uma homogenidade politica de forte pendm centralista, por outro, &olaram muita da dinãmica fntrfn- seça ?i referida zona. E a ~ e S t a ~ r a ~ ã 0 inscreve-se, aseu modo, nesta tensão.

3. Vitorino Magalh%es Godinho, no seu excdente artigo @Mau- ração», publicado no QidonMo deh%tbfia dePort&>>. afum0u que cdú40 reenda-nos desde logo a 1580. rem a j a compreem30 na% a poderemm wmpnender. Simplemente, 1580 é muito mais um poeto de chegada do que um ponfo de partida: não será mixwi~o dizer-se que cansagra àinwtiicarnete a v h g m de estruurâ demados do &loa (e), e a enwrrá-10 escreveu:

dioeicdade nobiUtrquico4dgi4sti~a de economia mercantibada, a ideologia dominante reage contra esta base de m a a n ~ a que todana aquelas dasses n8o p o d a dispensar. Da1 esvaobas simb'ics na $uma, w d a s lutes na paz, e as classes sempre divididas e com posiç6es poli- ti= ambl-, 80 não contrndit6rins. Do fundo, a desconfunça das massas populares pelos clrculos dirigentes. uma unanimidade tmaz em quaes a indcpndtneia nus em rejeitar também a perna sempre que parece escusada ou a prolongar-se demais, surdos anseio6 manifestando- -se ora que logo em «altnaçdes» e moum mas raro atingindo expressào

236 ARMANDO B4iG38WW MWIEU10 GA SWVd

politi~a duradoura e que não tenha de passar pelo eanal das classes dkigwites que evitam. sernpre as intWen@es populares. Tal L o mundo da RestaurKFo e do Portu$al mul i tdo~ e].

O fenómeno ratauraciodsta implica, necessariamente, a anme daquilo a que os contemporaneos chamaram a @Guerra da Acla- m a @ ~ (1610-1668), an&e sustentada por uma documentação vasta, que, por exemplo, D. L@ Mehmes. 3 . O Conde da Rriseba - . -- -e--- ufidalgo, estadista, escritor e soldado; -, consuItou para escrever

a sua indíspensfivel uHisróri8 de h r t u g d Restauradoa. Numa abordagem sintética e clara da problemática da Guerra,

Gastão deMeUo de Mattos aprasou-se a revelar uma das pedras basi- lares do seu raciocfnio:

aA muolu@o de 1640 foi, apar &uma naççHo naeiwaijsta, orna afifmaFáo de principim poUtium, mas foi aquda, e não esta, a origem da ~Uerra; atamos eonn?nda de que, Se o m m o de Madrid não tlvesseabandonado a po1loca aiiciante w e w i r a ate8 uubida ae trono de Filipe IV, incünandoue para a idefa CenWsta, que em a eondus8o I@&a das doutrinas nawidas com a Renassença, a reQolu@q não sa tBi2i dado, ou pelo menos, teria sido muito mais tardia* (19.

Passando ao exame téchieo das aeçõa a t a r e s , o mesmo autor disthgue duas fases da Ouerra - a qne se prolonga at6 a alguns anos após a mate do Rei Restaurador (1656) e a que se =tia com a assu- mida intervenção de D. João de Amtria no c o d t o -, pincelando a primeira deste modo:

. -.--"" &mgeit@s, mus sobretudoapmveihdo a portugueses puo se tinham. formado nos a r&~fos do Rei de Wela . na Flsndrrs e na Ambira -- . -- a Espanha só emprega contra n* tropas de *~ali&& inferior, tu$ tias da Bstremadura, & Castdn e da O a l b . suieitas a Wcas e d-ga-

* 7 - - t a d o coustamement4 e a6 eripuadsadas, jB &de. por algum bons c c q m profirnionair; com @nelas tropas sZo feitas as campanha8 dos pripidiros dn t eaa s da m a . O notável esplrito militar da nobreza espanhela estava minto ou, pelo m w , muito ~ ~ o r t e d d o e (11).

(9 Id.. fbid.. o. 627.

O ataque galego diri@do contra o castelo de Lindoso. em 1657, parece contrariar, um pouco, as palavras transcritas, a jul&ar pela breve, mas aiesmo assim colorida, «descdçZo» dele feita - praunie -se - por Diogo Brandão. Evidenciando um pomigu&s FLWUJ e orali- zado, semeado de g a b a s artogr6ficas, o texto P: um misto curioso de relato «quente» do evento, de apologia tosca do brio e valor dos portugueses e de ocioso bosquejo de factos e de sensações. Quanto h saa veracidade são posslveh algamas reservas, exigidas pela prudência, que, no entanto, ná;o a compometem. O aconte'mento apmeee referido com nitidez na obra do Conde da Ericeira, atr* citada e foi, provavelmente. inspirados nesta fonte que o Marqub deportia dtOrban e Ivfíelle se lhe referiram de passagem:

uLe vicQmte de Vfflenewc, n6 p e d u et ennemi d u m m e s a Ia conduite de Castehnelhor, et résolnt de pousgw vimweusement ia gume daas son depmteumm; maip sas &tm n+ rcpoudaient polnt 4 í'ardeur martlale qui l'animait. il assernbla néanmoins deux d e h01~1114 dJiafant& etfieux~ens diwauz, et tomba B l 'hpfovis~ sur BandCgia, temfioire panvle et niiné, qu'il aeheva desa~cwr. LmGali- dms s'np&bl~t a v ~ pmmtiwdegour I'en ohiiaser, ei de & ila allbrent af ta~mu Lindoso m'ils eroyaieat sans defcnse. La r6sist8112e quils Y trou&ent lui obligea de i'& rctoumcr au secours dc Imr proprc pays, oh de vlcomre ~ottait le ravage et I'Cpouvantc. Anime par ce premie1 m&, i1 se p&parait % de oauveües inyasio~o, lorsqu'if ~ u t ordre du doi de se teuir simpiem& sur Ia dbPansi9e. Le Yicomte obeit, em m m m t de cet ordtc, & d&@t tom les w d s prqjets W'il amit C Q ~ pour resdre son n a b o r i d sur %Me frontxh~es ("1.

A heróica rresistBncia de soldados e gentnte dq Lindoso, oaorrida em 1657, inserese, pois, desmstante ~~ de Z anos mmcado pol batalhgs e escaramuças, por avanços e remos, por inflamada cbama nacionalist.6 e por um cansaço do cheiro ame da pólvora e do muito sangue jorrado ... Hla remete-nos para a narraeo minuciosa das operaçFtes militares - de todas, entenda-se -, porque não se pode estudii-la foni do encadeamento f a W e m que emerge. Temos, por isso, que ter presente a ~PVBSXO da Gaba por tropas portllg-as, no ano de 1641 (1x1. as novas invasów em 1642 ('h), os inevit&veis

P&, 1829, &J. 362368. (9 uVnwo de Azevedo C o u t i h e Manuel de Som de Abreu, we

entmm (como reIerimos) na mewa se@nnda-fkira, aqu&Le pela Portela-de-Homm,

contra-ataqua galegos, a hom0rica redtência da praça de Monção tomada, enfim, peb v b h o inimigo (campanha de 1658-1659), a reconquista do Lindoso pelo Conde do Prado em 1663, cfpraça que OS inimigos haviam ganhado na campanha antece&fe» tis), que logo melhorou as efortiflcaçéas, rodeando o castelo w m cinco baluartes>> (16). . .

Apoiados numa vistio geral, podemos dirigh a atençso para o ataque galego de 37. O Conde da En&a dã-nbs uma ajuda:

<a40 passo q u ~ cresda esla obra, se dùninuia o nosso pequeno ah- cito; porque os auxitiams e ordenanças, se tt30 t8m emprego breve na campanha, difidlmente persistem nela, obdgados do amor &as fami- tias e das fazandas. Em poucos dias acabanm os galegos o forte, a que deram nome S. Lu48 O o w a , e ammpmdo a guarniao, qu6 lhe introdvziram, as ddtias de to& aquele diatrta do Sarda], que eram os mais Vizíd~os, para que x sujeitmm a ser avindos. Os pahuos, desprezando as vidas por conservar a liberdade, e ensinando-lhes o perigo o camhhcaminha de defenWa. conluamtoda a CBmpanha com tantos e tão mbaraçados fossos, que se sustentaram, todo o tanpo que dnran a guerra, seni expbentar o pesado jugo com que os galqos da@- minavam suieit4-los, pdajando vátias trema e ordinWamente cem fdIZ68 wcessos. D. Vicente Gonzaga, querendo melhorar por todos os cami- nhos o 8eu partido, mandou integender Lindoso, que gotrernava Manuel de Oliveira Pimentel. Porem, sendo sentidos, os que deram o d t o tiveram &%o mau s u m ~ o , que perderam duzentos homens e entre efes oficiais de impodh&a e pemw de qualidade. Voltaram pela serra Amarela com seiscuUos infantes e alguns eavaios* e fizeram uma grande presa naquele diatrIto. Aandiu a gente de Liidoso a tio bom teinpo, que derrotou a infanfaria e tirou a presa. António de Almeida Cmalhaiâ, que govmava Salvatem, teve melhor sucesao, porqne, em "aa entrada que fez, queimou d e i lugares, sem receber dano» (i?).

êste por Jindoso, queimaram: Vasco de Aeevedo, a Vüa de Labios e outros lugares; Manuel de §ousa, a vila de Composteia. que os galegos sem utilidade defenderam, fazendo o meamo a outras ddeias; e todos se retiraram com tantos dwpojos que ficou descontado o trabaiho dajorda*. (Cfr. ERICBIRA, a n d e da - Histdóa de Poytugol Restaurado. n0va edicão anotrida e prefaciada por Antópio &varo Dthia, v01. I. Parto, Liwaria Civilizaçáo, S. d., p. 275).

('4) «Cantbuaram a marcha, e, caminhando oito l+as por Oatiza dentro, desuniram e queimaram muitos lugares graridea e -ida& de aldeias. W m a m - -=a Lindwo, e, haverido o inimigo quebrado uma ponte por onde haviam de passar. buscaram o POSO do M, que acabam defendido; mas f8dhmte fieeram desa- lojar os gaicaos, e se retiraram sem dano aiguma. (CFr. Id., ióid., p. 373).

('3 Id., ibid., vol. IV, p. 172. (I6) Id., ibid., p. 172.

Id, fbfu., val. 111, p. 77.

Os pormenores deste ataque vai o leitor encontrá-los na (tdescrição~ transcrita no Aphdice Documentd. E duas evidências seùnp6em: o acontecimento foi itttensamente dvido (de forma indi- recta? directa?) peio seu «cronista» e a enumeração tem o sabor de relatbrio oficial dos actos cometidos.

O epis6dio não decidiu nada, é um ponto minúsculo no quadro amplo da Guerra, perde-se no fundo daasca da Hist6ria de uma terra, como a t a s outras, ignorada ...

23 de Julha áe 1657: de manhã até as 2 horas da tarde houve peleja rija, golpes, fogo, preBos, feridos, mortos. Curiosidade hist6 rica? Facto banal e obscuro? Aresposta, que nos canvh, deu-a Paul Veyne, em ((Coment on krit l'histoire suive de Faucault rkvolu- tione lahistoireur:

eLa Bvktiements n'existent donc p aveo ia eonsiatance d'une pitare ou d'une noupiee. li faub alors ajouter que, qnoi qu'on dise, 3s n ' d m t pa.s non plus ?i Ia &e d'un c~ghrnbl>&; on afme A afflrmer qu'its &teu en em-mhes ti la &e d'un cubc ou d'une ppramide: nws ntvoyo~~jamais un cube sou8 touiw ses faces em même temps, naus n'avons jamais de lui qu'un point de vue pmiel: en mamhen~ospowons multiptier cespoints de vue. ilenserait de même des MnemmW lnir inacmsibls vérite intégerait 16s innombraM@s points de vue que nolis prendrions sm eu% e1 qui auraient tons lmt véit.3 patielle. nn'en est rien; I'a&oüation d'un hkement un gémn&z& est Frampeuoe et plus dangereuse que commodea ('8).

Braga, Set,i85

u D 6 F B o d a s i a i m a do ataque daa forças gaiegas ao Castelo de Lindmw *

(Fi. 276v) no dia que tive wta relasão W u h m &do meu com sua moIlier de Lindoso que me recolhiâo a renda disettio que os saiegos trezião aita- sentos homes de pe e mais de sento a cavalo W o tres mangas (i) húa da parte do norte do castelo outra do sul que hera ho maior poder outra menos trazia que hera menor uazia oitosentas cabesas de gado de Vilei- rinho e Tornos da E d d a e de Lindoso comesar&o a queima ho lugar de Lindoso que foráo simquenta t duas casas fora hos curais e aileiros . - -. - . . a esia guerra acudirão de Soaio dosenfos homem de hum 1- de Paraiusa que andando os nosos brigando com hos galegos da pa-rie do norte matarão muitos e flzeráo fugir acudirão os nosos e hos soldados e de outro lugar que se ajumtou do Soajo e derao na manga do sui de maneba que os fizcráo fugir c na ritirada matar60 mais de d o m m e se os não forào despindo não ouvera de ficar nenhum galego que elles não matasem e de bum monte alto botavão penedos que fasião mau pezar da cavaiaria as molheres tão bem brigarão em hurn lugar que wa junto a Lindoso de Ria1 ho defenderão com pedradar que ho uso qwi- maram os soldados que heráo sinmenta com mais oito da Ponte da Barca e com os moradores do Lindoso e os que acudirão de Soajo f&&o mamilhas e depd acuüirk ho gado que ho tomar% toda e ho Capimo Manoel de Oulivefra dizem que 4áo queria deixar sbir os s~ldados do castelo ate que os Lsoldadlos se Queri* botar pelo muro abrio Ihes a

(FI. 27% porta e ficou so &e guardando o @meio com hum Bsoriváo durau a peieia da &a at4 2 aras ate ps 2 oras depois do meo dia Diwo Grandão

Relaaad dos homes que perdeo ho inimigo em Lindoso em vime e tre8 de Jdho de 1657

* ~ ~ ~ 6 c $ ~ ~ d o ~ u E i ~ ~ d t ~ e B s r b B c 8 F & o d c ~ ~ ~ e ~ d x l 0 ~ J-fdilkvairaMudemrisr (2.' ed. Brase. fBIIZ.>. da Pa, Ardlho J- da t%m Pomimm+& omwe no Sg"m&e:

6) a mlllmm de hnhi se& o tmai r> o u kan.rrevun.m por K. -do tnn o valor dzsfa lani

e) PrONIw-Y Padhtar 8 inlcmtefa@o imediata dc ur<as wagms do talo. mcdianta notas de mlapC mm m WfiCPdos dsda(arrpr~muJmuilcpoucoconhs!dw c uma ou outra lndissdo ma@nok

(1) a& mh XM davwc o nome de m 8 a s sor luloa MUW 6 geaniieo d c m bualhao; d'aqui o dm,sc; mugs da mao d h r i f ~ maops d8 mso cyluerdp*. (CR. V m . R. Domingos - &mde ~ 0 i w P P o ~ . 7üwmda L@ Mwueza, vol. N. Pmo. Bmt- E m M Chudron c Butho- imini H. do Mmm, 1873. p. 97).

o < x ~ ~ ~ . B W O ~~~~ILIco.MIJJTAR DE> LiWW%O PARA A RBS~AURACAO 241

dom Pedw de Cwdedes Governador de Selanova dom Iasinto Cardmes ho Corejador Alhaai 40 Biscomde de Ourense Oorveitador das W a s da sicidade e termo dom Manoel de Suniga dom João de Awiosri h0 apitão de Cavalos Carusco hum Temnente de OU@ tropa hum sobrinho do B i 6 de Ourmcia h0 QwWnIlad~r da8 Mil* de !.hSl

don Aqionio Salgado

perzioneiroa

dom JaBo de Araggo him Alferes da Mantar ia outro A l f w da Ordenwa dow Sargentos e trinta e simco soldados

os mortos que se tem emtarados até agoa passe $6 dozentos do8 semto e vinte cavalm que ho inimigo trouse se a c b em Galiza tcinta e &US

fl. 27%) eos mais caw& se tom- e morentão no rio a gente com que pikigei não chiigaes a s a honies emtre soldados e da terra na ritirada do imnt mi~e me ehegar8.o de seeom dawentos que for& &-de utilidade ~ o r lhe tornar ao irNiimigoa presa que pasava de outosemtas 6abesas de gado das coiis pão Iivou nenhum antes deixão a maior parte das m a s deve se este bom soseo ao Capitao da terra e h0 meu Sarg~ntO e Cadro deEspadara 121 ho podet do enimigo erão @emto @vinte cavalos e dons

e g u a t r ~ o 8 h m e s e a o que \iinhao para saquiar &sem os prisíuneiros que ho tmtento b a marchar por aqui para hir saquiar a6 vilas da Barca e Arcos e recolher se per Çarto Lobor$ra (1) vinha por guia hum Alferes da Pdrhha que andava em Oaliza e foi morta e aa Cabo de tudo ho Sargento Mor dom DLogo Dinis qpe fndo minha (3) eavalo da nosa parte mM:erHo Bous homes de Lindo80 e iri irão trm cavas (4) moiheres