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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PPGEd DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ENSINO DE CIÊNCIAS E SUSTENTABILIDADE: UMA PROPOSTA DIDÁTICA ABORDANDO O TEMA LIXO LARYSSA CÂMARA VASCONCELOS NATAL RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGEd

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ENSINO DE CIÊNCIAS E SUSTENTABILIDADE: UMA PROPOSTA DIDÁTICA

ABORDANDO O TEMA LIXO

LARYSSA CÂMARA VASCONCELOS

NATAL – RN 2018

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LARYSSA CÂMARA VASCONCELOS

ENSINO DE CIÊNCIAS E SUSTENTABILIDADE: UMA PROPOSTA DIDÁTICA

ABORDANDO O TEMA LIXO

Dissertação apresentada como exigência parcial para

obtenção do título de Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Professora Drª Josivânia Marisa Dantas

NATAL – RN

2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO - PPGEd

LARYSSA CÂMARA VASCONCELOS

ENSINO DE CIÊNCIAS E SUSTENTABILIDADE: UMA PROPOSTA DIDÁTICA

ABORDANDO O TEMA LIXO

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________

Josivânia Marisa Dantas (Orientadora)

___________________________________________

Albino Oliveira Nunes (Examinador Externo)

____________________________________________________

Lenina Lopes Soares Silva (Examinadora Externa – Suplente)

____________________________________________________ Marlécio Maknamara da Silva Cunha (Examinador Interno)

________________________________________________________

Iran Abreu Mendes (Examinador Interno – Suplente)

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AGRADECIMENTOS

A todos os que me ajudaram a dar forma a este trabalho, quero aqui expressar a minha

eterna gratidão.

Em primeiro lugar a Deus, por sua bondade em me conceder força todos os dias para

alcançar meus objetivos.

Agradeço de forma bastante carinhosa aos meus pais que me acompanharam em todos os

momentos da minha vida e que sempre estão de braços abertos quando preciso: minha fonte de

inspiração.

Ao meu irmão, namorado e todos os meus familiares pelo apoio, pelas orações e pelos

incentivos nos diversos momentos em que achava que iria fraquejar.

Aos meus amigos que sempre torceram pelo meu sucesso e foram capazes de entender

meus momentos de ausência em nossos encontros.

A minha orientadora e amiga, Josivânia Marisa Dantas, que sempre acreditou no meu

trabalho e me incentivou a ir sempre mais longe. Agradeço pela amizade, pelos conselhos, pelos

ensinamentos e pelas palavras de incentivo e ânimo. É uma amiga para além da academia.

Aos meus amigos do grupo de pesquisa Débora Cristina, Paulo Roberto, Mayara, Juliane,

Anielle e Terciano pelos diversos momentos de que passamos juntos, pelos momentos de alegria,

estresse e pelas palavras de incentivo. Saibam que vocês fizeram a diferença!

Aos professores do programa Pós-Graduação em Educação que nos proporcionam

momentos importantes de reflexão e a Professora Carla Cabral pelos inúmeros incentivos. Aos

professores Albino, Iran e Marlécio pelas contribuições para a melhoria deste trabalho.

A Escola Municipal Ferreira Itajubá e ao professor Marcos, por ter aberto suas portas

para que eu pudesse realizar esta pesquisa.

Enfim, agradeço a todos que contribuíram para a efetivação deste trabalho.

OBRIGADA!

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Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a

humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo se torna cada vez

mais independente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e

grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma

magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e

uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemo-nos juntar para gerar

uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos

humanos universais, na justiça económica e numa cultura de paz. Para chegar a este

propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos a nossa

responsabilidade, uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com

as futuras gerações.

Carta da Terra (2000)

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RESUMO

Nas últimas décadas, temáticas ambientais vêm sendo discutidas no campo educacional

considerando inúmeras preocupações com o futuro do planeta. Diferentes estudos têm

sinalizado propostas que apresentam atividades didáticas que abordam diferentes temáticas.

Nesta pesquisa, investiga-se uma experiência em sala de aula com o uso da temática sobre

lixo e o conceito de sustentabilidade a partir de um problema autêntico a ser discutido em

aulas de Ciências. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola pública Municipal da cidade

de Natal-RN, com alunos participantes do 9º ano do Ensino Fundamental II. Os objetivos

incluíam elaborar uma proposta didática para se trabalhar o tema lixo, considerando os

impactos que podem causar à comunidade escolar. O bairro das Quintas, lócus da pesquisa,

apresenta sérios problemas relacionados ao acúmulo de lixo em todo o entorno da Escola. A

pesquisa desenvolvida foi de natureza qualitativa e descritiva. Os instrumentos de pesquisa

utilizados foram questionário, uma entrevista estruturada e um diário de campo. Os resultados

dos questionários mostram que a maioria dos alunos não conhecia o termo sustentabilidade e

questões relacionadas ao lixo raramente eram discutidas. Durante a aplicação da sequência

didática foi possível perceber o entusiasmo e o compartilhamento das ideias discutidas em

sala sobre o tema em estudo. Na entrevista, muitos foram os relatos dos moradores do bairro

evidenciando a grande preocupação com problemas de saúde que são decorrência do lixo

acumulado. A entrevista, realizada pelos alunos junto a moradores do bairro, foi à atividade

que despertou nos alunos o espírito de autonomia no momento em que eles foram a campo,

sendo considerada a atividade realizada por eles com maior entusiasmo. No diário de campo,

foram registradas observações das falas e ações dos alunos e, assim, foi perceptível o quanto

os alunos reconheceram a abordagem como inovadora, discutindo uma problemática local em

aulas de Ciências. Por fim, reiteramos a necessidade de se trabalhar assuntos relacionados ao

Meio Ambiente em salas de aula, com o intuito de instigar o aluno a desenvolver uma

consciência ambiental e ter atitudes responsáveis com relação ao seu meio.

Palavras-chave: Proposta didática, Ensino de Ciências, Sustentabilidade, CTS.

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ABSTRACT

In the last decades, environmental topics are being widely discussed in the educational field,

considering the countless concerns regarding the future of our planet. Many studies

demonstrate proposals that evolve teaching pedagogical actions addressing different subjects.

This research investigates an experience in a classroom, focusing on the theme Trash and

Concepts of Sustainability, that are themesextremely important to be discussed in Science

classes. Thestudy was conductedin a public municipal school in the city of Natal – Rio

Grande do Norte– Brazil, with students of the 9th year of Elementary School II. The

objectives included developing an didactic approach to discuss trash, considering the impacts

that it can cause to the school community. Quintas neighboorhood, where the research was

conducted, havesignificant problems due to accumulation of waste in front and around the

school. This research isan qualitative and descriptive analysis. The data summarized here was

collected by questionnaires,interviews and a field diary. The results of the questionnaires

showed that the majority of the students didn’t know the meaning of sustainability and that

problems related to accumulation of trash were rarely discussed. During the teaching

pedagogical actions it was possible to perceive the enthusiasm and that the students started to

share the ideas discussed in class. In the interview, many residents of the neighborhood told

about their worries about health problems that are closely related to waste accumulation. The

interview was made by the students with local residents, and this activity showed that the

students seemed to be more motivated by the spirit of autonomy when they were out in the

streets talking to residents. In the field diary, were recorded observations of what they heard

and it was perceptible how much the students recognized this approach very innovative,

discussing an local problem in a Science class. Lastly, we emphasize the necessity of talking

about subjects related to the environment with the intention of inducing the student to

develop environmental consciousness and have responsible postures related to the place that

they are living.

Key words: Didactic approach, Sciences teaching, Sustainability, CTS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fachada da Escola Municipal Ferreira Itajubá 34

Figura 2 Caderno de atividades entregue no primeiro encontro 44

Figura 3 Alunos participando do 1º encontro da sequência de atividades 44

Figura 4 Alunos participando do 2º encontro da sequência de atividades 56

Figura 5 Aluno apresentando o livro a História das coisas 57

Figura 6 Momento em que os alunos assistiam ao vídeo: Os caminhos do lixo: 58

Da geração a prevenção.

Figura 7 Caminhada virtual pelos arredores da escola, a partir de imagens das 60

ruas do bairro.

Figura 8 Registro das observações realizadas pelos alunos do Caminho de 60

casa até a escola

Figura 9 Registro das observações realizadas pelos alunos do Caminho de 61

casa até a escola, feitos a partir de fotografias

Figura 10 Imagem da reportagem discutida em sala de aula. 61

Figura 11 Momento de orientação para elaboração dos cartazes para amostra 62

final.

Figura 12 Momento de elaboração dos cartazes para amostra final 63

Figura 13 Registro da reformulação do conceito de sustentabilidade após as 64

discussões em sala de aula.

Figura 14 Apresentação dos cartazes elaborados para a sistematização dos 65

conteúdos. Grupo: Reciclagem

Figura 15 Apresentação dos cartazes elaborados para a sistematização dos 66

conteúdos. Grupo: Lixo orgânico e inorgânico - tempo de

Figura 16 Registro da turma ao final da sequência de atividades 66

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Diferença entre as tradições CTS 20

Quadro 2 Respostas dos alunos sobre o grau de interesse por assuntos 45

relacionados ao Meio Ambiente

Quadro 3 Respostas dos alunos sobre o conceito de Meio Ambiente 46

Quadro 4 Respostas dos alunos sobre suas ações já realizadas em proteção ao 48

Meio Ambiente

Quadro 5 Respostas dos alunos sobre o problema ambiental existente no 49

ambiente em que ele vive

Quadro 6 Respostas dos alunos sobre as consequências dos problemas 50

ambientais citados na questão anterior

Quadro 7 Respostas dos alunos sobre o conceito de sustentabilidade 53

Quadro 8 Concepção dos moradores sobre o que é lixo 68

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Respostas dos alunos referente à pergunta 03 do questionário 47

Gráfico2 Respostas dos alunos referente à pergunta 07 do questionário 52

Gráfico3 Respostas dos alunos referente à pergunta 02 da entrevista 68

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LISTA DE SIGLAS

CT

CTS

CNUDN

DS

EJA

EMUSCO

IBGE

ONGs

ONU

PLACTS

PCT

UFRN

Ciência e Tecnologia

Ciência- Tecnologia e Sociedade

Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Natural

Desenvolvimento Sustentável

Educação de Jovens e Adultos

Escola de Música Severiano Cordeiro

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Organizações não Governamentais

Organização das Nações Unidas

Pensamento Latino Americano em CTS

Política da Ciência e Tecnologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1. EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE EM UMA

PERSPECTIVA CTS 18

1.1. O surgimento do campo de estudos CTS 18

1.2. Educação em CTS 22

1.3 O Desenvolvimento Sustentável e a Sustentabilidade 25

1.4 Educação para Sustentabilidade em uma perspectiva CTS 27

1.5 O enfoque CTS no contexto do Ensino de Ciências 29

2. PROBLEMÁTICA DA PESQUISA 32

2.1 Contextualizando a problemática em estudo 32

2.2 Objetivo geral 33

2.2.1 Objetivos específicos 33

2.3 Metodologia 33

2.3.1 O bairro das quintas 33

2.3.2 O lócus da pesquisa 34

2.3.3 A escola Municipal Ferreira Itajubá 34

2.4 Percurso Metodológico

35

2.5 Coleta de dados e os instrumentos de pesquisa 35

3. SEQUÊNCIA DIDÁTICA: ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO 39

3.1.Trabalhando uma problemática local durante as Aulas de Ciências 39

3.2. Intervenção Didática 40

3.2.1 Objetivo 40

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3.2.2 Aplicação 40

3.3 Resultados e Análises 43

3.3.1 Bloco 1: Análise dos questionários 43

3.3.1.1 Primeiro Encontro 43

3.3.1.2 Segundo Encontro 54

3.3.1.3 Terceiro Encontro 56

3.3.1.4 Quarto Encontro 57

3.3.1.5 Quinto Encontro 59

3.3.1.6 Sexto Encontro 62

3.3.1.7 Sétimo Encontro 63

3.3.1.8 Oitavo Encontro 64

3.3.2 Bloco 2: Análise das Entrevistas 67

CONSIDERAÇÕES FINAIS 74

REFERÊNCIAS 76

APÊNDICE A: Questionário sobre as concepções prévias dos estudantes

sobre questões ambientais, Meio Ambiente e sustentabilidade 81

APÊNDICE B: Entrevista realizada com moradores 83

APÊNDICE C: Sequência Didática 85

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APRESENTAÇÃO

Acredito que ser professor é muito mais do que ministrar aulas, aplicar e corrigir testes e

provas. É ter a oportunidade de aprender juntamente com seus alunos dia a dia renovando e

construindo juntos nossas aprendizagens. É passar horas e horas planejando e buscando a melhor

maneira para preparar poucos minutos de aula e, mesmo assim, ao entrar em sala perceber que

tudo que se havia planejado não está adequado para aquele momento.

Ser professor é ter a convicção de que o ato de ensinar não se limita apenas em transferir

conhecimentos, senão também no desenvolvimento da consciência de um ser humano inacabado

em que o ensinar se torna um compreender a educação como uma forma de intervir na realidade

da pessoa e do mundo (Freire, 1996).

Ser professor é formar o aluno no intuito de prepará-lo para viver em sociedade, cercado

de mudanças e incertezas, para ser capaz de enfrentar desafios contribuindo para formação

cidadã do sujeito. É renascer a cada dia na esperança de uma educação e um futuro melhor para

os seus alunos, é ser capaz de reencantar e despertar nas pessoas a capacidade de engajar-se na

luta pelos seus objetivos.

Sendo a educação uma forma de intervir na vida das pessoas, apresento aqui um pouco da

minha trajetória, enquanto estudante e professora. Trajetória esta que serviu como motivação

para o desenvolvimento deste trabalho.

No ano de 2007, aos 17 anos, concluí o Ensino Médio e já ingressei na Universidade

Federal do Rio Grande do Norte no curso de Licenciatura em Química, Universidade essa que

tenho um imenso apreço. Durante minha graduação, vivi experiências incríveis na academia, das

quais tenho muito orgulho em destacar minha participação no Programa Institucional de Bolsa

de Iniciação a Docência (PIBID) - Interdisciplinar. Este programa proporciona aos licenciandos

uma maior aproximação da realidade escolar, em que são desenvolvidas diversas atividades,

dentre as quais a elaboração de oficinas pedagógicas sob a orientação dos professores das

escolas públicas.

Outra grande experiência marcante para minha formação foram os semestres em que

cursei os Estágios Supervisionados. Durante os estágios pude conhecer e viver a realidade de

uma escola pública, assim como os desafios enfrentados por professores e alunos todos os dias.

Essas foram experiências que me fizeram refletir sobre a minha futura prática pedagógica.

Durante toda a graduação, senti necessidade de me aprofundar em disciplinas de natureza

didático-pedagógicas, visto que, até a conclusão da minha graduação, o curso de química ainda

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não havia passado pelas mudanças que hoje existem em seus componentes curriculares, como as

disciplinas de ensino de química, aumentando consideravelmente a sua carga horária.

Com isso, tendo como objetivo ter um maior embasamento para atuar como professor,

em 2014 ingressei no curso de Pedagogia, na Universidade Estadual Vale do Acaraú, onde tive

uma oportunidade para me aprofundar com leituras mais especificas da prática docente que

passaram a dar uma maior sustentação a minha prática, a partir das teorias pedagógicas e as

práticas educacionais. Ainda no ano de 2014, iniciei o curso de especialização e em 2016 recebi

o título de especialista em Gestão Escolar.

Em 2016, senti a necessidade de buscar novos conhecimentos para a minha prática

docente, foi então quando busquei informações sobre os cursos de Pós Graduação na UFRN e

conheci de perto o Programa de Pós Graduação em Educação. Neste mesmo ano fiz a seleção

para entrada no curso de Mestrado e fui aprovada.

Nos dois primeiros semestres cursei as disciplinas da estrutura curricular, dando início às

primeiras discussões em relação ao objeto de estudo da minha dissertação. Para isso foram

muitas idas e vindas até se chegar ao objeto de estudo dessa pesquisa.

Em 2017, já lecionando em uma escola da rede privada de Natal, tive a oportunidade de

trabalhar com turmas de Ensino Fundamental II, a disciplina de Ciências, (que discute conceitos

científicos relacionados à introdução à química e física), além da disciplina de Educação

Ambiental para os 9º anos do ensino fundamental, lecionando também a disciplina de Química

para as turmas de ensino médio e o pré-vestibular.

Durante o desenvolvimento das aulas, sempre me questionava se o que estava sendo

trabalhado em sala de aula tinha significado relevante para os meus alunos, tentando sempre

discutir questões éticas que propiciasse aos alunos compreender melhor o mundo em que vivem,

sendo capaz de desenvolver a capacidade de tomada de decisões diante dos problemas que irão

enfrentar.

Foi então diante desses questionamentos e dessas inquietações que o objeto de estudo

dessa pesquisa foi surgindo, a partir do aprofundamento de leituras e do referencial teórico

compartilhado pelo Grupo de Pesquisa em Educação Científica e Tecnológica em Contextos

Sociais (GPECTCS-UFRN), coordenado pela professora Josivânia Marisa Dantas.

Conforme mencionei, os estágios supervisionados abriram-me os olhos para a “escola

real”, onde pude vivenciar a realidade da escola e seus desafios diários. Em particular, destaco a

experiência no estágio supervisionado III, atuando em aulas de Ciências, no ensino fundamental

II. Com tantas idas e vindas e discussões durante as orientações e as reuniões do grupo de

pesquisa GPECTCS, surgiu então o objeto de pesquisa dessa dissertação. Naquele momento

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resolvi realizar o estágio em uma escola que fica próxima a minha residência. O bairro em que

estava localizada a escola apresentava sérios problemas de ordens ambientais, especificamente

referentes ao problema com o lixo.

Diante dessa realidade, passaram a surgir algumas questões, como: “Por que nas escolas

geralmente não se trabalha com questões relacionadas ao Meio Ambiente abordando

problemáticas locais?”; “Esses problemas de ordem ambiental causam consequências aos

estudantes e a comunidade escolar?”; “Como esses problemas poderiam ser trabalhados nas

aulas de Ciências? Por que não fazer reflexões sobre ciência e tecnologia a partir de questões

ambientais e suas consequências para a sociedade?”.

Questões como essas deram norte ao desenvolvimento desse trabalho. Pensando em

discutir tais questões, essa seria uma forma de problematizar as relações entre a ciência,

tecnologia e sociedade nas escolas, promovendo discussões de cunho ético e de formação de

opiniões. A partir dessa perspectiva, o objetivo geral desse trabalho foi “Elaborar uma proposta

didática dentro de uma perspectiva CTS para se trabalhar o tema lixo nas aulas de Ciências,

considerando os impactos que o lixo no entorno da escola possam causar à comunidade escolar.”

Procurou-se estruturar o trabalho de acordo com o objetivo apresentado em três capítulos

descritos a seguir:

No primeiro capítulo, é apresentado o referencial teórico, no qual essa pesquisa está

embasada. Ele apresenta, em primeira parte, o surgimento histórico do campo de estudos CTS e

a sua relação com o campo educacional. Em segunda parte, apresentamos um breve panorama da

formação do conceito de desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade. Em seguida,

abordaremos a importância de uma educação com vistas a um desenvolvendo sustentável,

finalizando com a utilização da abordagem CTS no ensino de Ciências.

O segundo capítulo é constituído pelo objeto de estudo, os objetivos e a construção do

percurso metodológico da pesquisa.

No terceiro capítulo, são apresentadas a elaboração e a aplicação da sequência didática,

além dos registros que foram realizados pelos pós-graduandos que acompanharam todo o

desdobramento das aulas, durante a sequência didática, bem como uma análise e discussão sobre

os resultados obtidos a partir dos instrumentos de coleta de dados, questionários e entrevistas

realizadas com a comunidade escolar. Ao final do trabalho, são apresentados as considerações

finais, as referências e os apêndices.

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1. Educação para sustentabilidade em uma perspectiva CTS

“Importa, pois, trabalhar no sentido de eliminar diferenças no acesso à educação, especialmente básica e secundária (…) uma educação em ciências que valorize contextos de vida dos alunos e se oriente para que se envolvam na identificação e, se possível e viável, na resolução de problemas reais a diversos níveis: comunidades locais, nacionais e globais. Reconhece-se, deste modo, a necessidade de que todos os alunos realizem as aprendizagens holísticas necessárias para os compreender e, se possível e quando viável, os resolver.” Pedrosa e Leite (2005, p. 15)

1.1 O surgimento do campo de estudos CTS

Na década de 60 do século passado, prevalecia um consenso sobre o caráter positivo dos

avanços científicos e tecnológicos como o modelo linear de desenvolvimento1que fazia da

ciência a grande esperança da humanidade (AIKENHEAD, 2003; GARCIA; LOPEZ CEREZO;

LUJAN LOPES, 1996).

Em decorrência dos impactos causados pela Ciência e a Tecnologia (CT), na sociedade

moderna, surgiu na década de 70, no século XX, o movimento de ensino denominado Ciência,

Tecnologia e Sociedade (CTS), como resposta a sucessão de inúmeros desastres associados ao

desenvolvimento científico-tecnológico, como consequências sociais e ambientais, contribuindo

para firmar a necessidade de rever a concepção de ciência e tecnologia e de sua relação com o

social (CEREZO, 1998).

Nessa mesma época, em que se questionavam os aspectos negativos associados aos

avanços da CT, foram publicadas algumas obras que passaram a influenciar o surgimento do

movimento CTS. López (2002) afirma que um importante fator para o desencadeamento desse

movimento foi a publicação de duas obras: A estrutura das revoluções científicas, de Thomas

Kuhn, e a publicação do livro de Rachel Carson chamado Primavera Silenciosa, ambas

publicadas no ano de 1962.

Segundo Jacobi (2005), o livro Primavera Silenciosa, teve como objetivo conscientizar a

sociedade de que a natureza é vulnerável à intervenção humana. Portanto, trata-se de uma obra

com um dos principais alicerces do pensamento ambientalista, tornando-se referencia para se

debater a influencia da ação humana nos desequilíbrios ecológicos. Sendo uma das obras que

teve importante influência nas discussões críticas sobre as interações entre Ciência, Tecnologia e

Sociedade, que passaram a ser objeto de debate político.

________________________ 1

É uma concepção clássica acerca das relações entre ciência, tecnologia e sociedade, segundo a qual o bem estar

social está diretamente ligado ao desenvolvimento científico e tecnológico para gerar mais riqueza e assim

proporcionar um maior bem estar social(BAZZO; PEREIRA; VON LINSINGEN 2003).

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Diante dessas discussões e a partir dessa nova compreensão de CT, passou a se criticar o

“modelo linear de desenvolvimento’’, em que o desenvolvimento científico gera o

desenvolvimento tecnológico, que gera o desenvolvimento econômico que determina, por sua

vez, o desenvolvimento do bem estar social, pregando uma ciência neutra e sem

intencionalidade, gerando inúmeros problemas sociais, tais como levar à crença de que a ciência

e a tecnologia trariam benefícios infinitos, o consumismo desenfreado e os grandes impactos

ambientais (BAZZO; PEREIRA; VON LINSINGEN 2003). De acordo com esse modelo, o

desenvolvimento científico seria a base da promoção social (AULER, 2007).

Com a quebra desse modelo de visão linear, ou seja, que quanto maior fosse a riqueza,

maior seria o bem estar social, teve início a percepção de que a ciência não era neutra e que o seu

desenvolvimento influenciava diretamente na vida das pessoas.

Assim, de acordo com Garcia et al. (1996, p. 66):

Os estudos CTS constituem a resposta por parte da comunidade acadêmica à

crescente insatisfação com a concepção tradicional da ciência e tecnologia, aos

problemas políticos e econômicos relacionados com o desenvolvimento científico-tecnológico, e aos movimentos sociais de protesto que surgiram nos anos sessenta e

setenta.

Diante dessa grande insatisfação gerada por parte da comunidade acadêmica, os estudos

CTS surgiram no final dos anos sessenta e início dos anos setenta na Europa e nos Estados

Unidos. De acordo com Pinheiro (2005), CTS corresponde ao estudo das inter-relações

existentes entre a ciência, a tecnologia e a sociedade, constituindo um campo de estudos que se

volta tanto para a investigação acadêmica quanto para as políticas públicas. Baseia-se em novas

correntes de investigação em Filosofia e Sociologia da ciência, podendo aparecer como forma de

reivindicação da população para participação mais democrática nas decisões que envolvem o

contexto científico-tecnológico ao qual pertence.

Para tanto, o enfoque CTS busca entender os aspectos sociais do desenvolvimento

tecnocientífico, tanto nos benefícios que esse desenvolvimento possa trazer como também as

consequências sociais e ambientais que poderá causar.

Os estudos CTS refletem no âmbito acadêmico e educativo essa nova percepção da

ciência e da tecnologia e de suas relações com a sociedade. Assim,

Os estudos CTS definem hoje um campo de trabalho recente e heterogêneo, ainda

que bem consolidado, de caráter crítico a respeito da tradicional imagem

essencialista da ciência e da tecnologia, e de caráter interdisciplinar por concorrer

em disciplinas como a filosofia e a historia das ciências e da tecnologia, a sociologia

do conhecimento científico, a teoria da educação e a economia da mudança técnica.

Os estudos CTS buscam compreender a dimensão social da ciência e da tecnologia,

tanto desde um ponto de vista dos seus antecedentes sociais, como de suas

conseqüências sociais e ambientais, e mais, tanto por que diz respeito aos fatores da

natureza social, política ou econômica que modulam a mudança cientifico-

tecnológica, como pelo que concerne as repercussões técnicas ambientais ou

culturais dessa mudança (PALÁCIOS, el al., 2001 : p.125 ).

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Sendo então esse campo de estudo bastante heterogêneo, o mesmo não se restringe a

áreas especificas como a antropologia, sociologia e pedagogia. Esse apresenta também um

caráter interdisciplinar em que é possível que se trabalhe o conhecimento científico a partir de

diversas teorias educacionais. Pode-se, também, distinguir, nesse campo de estudo, com clareza,

duas tradições com interesses e pontos de partida distintos. Essas duas tradições estavam

presentes em várias partes do mundo e apresentavam-se com enfoque diferenciado, sendo

classificados em tradição Européia e a Americana. Sobre a origem Europeia, Pinheiro (2005)

destaca que:

[...] Caracteriza-se como uma tradição de investigação acadêmica, mais que

educativa ou de divulgação, tendo como principais conhecimentos formadores de

sua base as ciências sociais, dentre elas a sociologia, a antropologia e a psicologia.

Coloca ênfase na dimensão social antecedente ao desenvolvimento científico-

tecnológico, centrando-se na explicação da origem das teorias científicas e, portanto,

da ciência como processo (PINHEIRO, 2005, p. 32).

A tradição americana, por sua vez, focou nas consequências ambientais e sociais dos

produtos tecnológicos. Do ponto de vista acadêmico, seus estudos são de caráter humanístico

(filosofia, história, política etc.). Possui uma ênfase maior na tecnologia, que era vista como um

produto capaz de influenciar a estrutura e a dinâmica da sociedade.

De acordo com Bazzo et al. (2003), a origem norte-americana recorre à reflexão ética, à

análise política e, em geral, a um referencial compreensivo de caráter humanístico em que as

preocupações centram-se mais nas consequências sociais e ambientais que o desenvolvimento

científico-tecnológico pode causar (PINHEIRO, 2005), podendo ter a participação cidadã nas

políticas públicas sobre a ciência e tecnologia (BAZZO et al., 2003).

O quadro (1) aponta as principais diferenças entre as duas tradições:

Quadro 1 - Diferenças entre as tradições CTS

TRADIÇÃO EUROPÉIA TRADIÇÃO AMERICANA

Institucionalização acadêmica na Europa (nas Institucionalização administrativa e

suas origens) acadêmica nos EUA (em suas origens)

Ênfase nos fatores sociais Ênfase nas consequências sociais

Atenção primeira à ciência e, secundária, à Atenção à tecnologia e, secundária, à

tecnologia. ciência.

Caráter teórico e descritivo Caráter prático e valorativo

Quadro explicativo: ciências sociais Quadro avaliativo: ética, teoria da educação.

(sociologia, psicologia, antropologia, etc.).

Fonte: Extraído de GárciasPalacios et. al., 2001, p.128

Além das duas tradições discutidas anteriormente, vale ressaltar a existência de

discussões sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade na América Latina, denominada de

Pensamento Latino Americano em CTS – PLACTS. Segundo DAGNINO, THOMAS &

DAVIT (2003), essas discussões surgiram a partir de reflexões críticas a respeito do modelo de

desenvolvimento linear com intenção de mudanças sociais para os países latino - americanos.

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O PLACTS tinha como objetivo questionar as consequências sociais do desenvolvimento

da CT, além de criticar o modelo Político de Ciência e Tecnologia – PCT, que foram criticados

em países latino-americanos.

Segundo Strieder (2012), de acordo com os PLACTS é necessário a criação e efetivação

de um projeto de PCT que venha a estabelecer caminhos para o desenvolvimento dos países

latino–americanos na busca de uma demanda social por conhecimento, o que favoreceria o

avanço científico e tecnológico possibilitando assim o desenvolvimento econômico e social dos

países da América Latina (DAGNINO, 2003). Com isso, o PLACTS tinha como objetivo

influenciar os rumos da CT, por meio da política científica e tecnológica.

Atualmente, esse estudo vem ganhando outras vertentes. Essa discussão em torno das

tradições teve sua grande importância no início dos estudos, porém já é algo superado. De

acordo com Cerezo (1998), hoje os estudos em CTS abrangem uma diversidade de programas,

enfatizando a dimensão social da ciência e da tecnologia, compartilhando certo núcleo comum:

- O rechaço da imagem da ciência como atividade pura e neutra;

- A crítica à concepção de tecnologia como ciência aplicada e neutra;

- A promoção da participação pública na tomada de decisões.

Independente da vertente, os estudos e programas CTS vêm se desenvolvendo desde o

seu início em três grandes direções (GÁRCIA PALACIOS et al., 2003):

• No campo da pesquisa: utilizado uma alternativa à reflexão acadêmica sobre ciência e

tecnologia;

• No campo da política pública: promovendo a criação de diversos mecanismos

democráticos que facilitem à abertura de processos de tomada de decisão em questões

concernentes a política científico-tecnológica;

• No campo da educação: esse campo tem impulsionado o surgimento de programas e

materiais CTS no ensino secundário e universitário em vários países, que discutem a

ciência e a tecnologia como processos sociais.

Tendo o campo de estudos CTS se desenvolvido nessas três grandes direções, no tópico

seguinte iremos nos debruçar sobre o campo educacional, em que será apresentado o seu

surgimento, o panorama dos trabalhos desenvolvidos nessa área, além dos objetivos

desenvolvidos em uma educação com abordagem CTS.

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1.2 Educação em CTS

O movimento CTS que teve seu surgimento durante a década de 60 e 70, no século XX,

trouxe como um dos seus principais objetivos a necessidade de formar o cidadão em Ciência e

Tecnologia, visto que era algo que não vinha ocorrendo adequadamente pelo ensino tradicional

de ciências. Mesmo sabendo que esse movimento não teve sua origem relacionada diretamente

ao contexto educacional, os estudos e reflexões nessa área vêm aumentando significativamente,

por entender que a escola é um espaço propício para que as mudanças comecem a acontecer

(PINHEIRO, 2005).

Diante desse aumento significativo, no final da década de 1970 existiu um consenso entre

educadores em ciências que discutiam a necessidade de uma possível inovação da educação

científica. Porém, somente na década de 1990, essas discussões permeadas por pontos de vistas

diferentes, começaram a repercutir no cenário educacional brasileiro.

Após esse período de discussões, os trabalhos curriculares em uma perspectiva CTS

surgiram diante da necessidade de formar o cidadão em ciência e tecnologia. Currículos foram

sendo desenvolvidos para trabalhar com essa nova tendência de ensino, em países

industrializados, como por exemplo, na Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália, visto que já

existia uma necessidade quanto à educação científica e tecnológica.

A educação em CTS nasce, então, com a proposta de formar cidadãos que sejam capazes

de pensar de forma crítica, ser auto-reflexivo, além de participar de forma efetiva de processos

decisórios sobre problemas de seu contexto social.

A democracia pressupõe que os cidadãos, e não só seus representantes políticos,

tenham a capacidade de entender alternativas e, com tal base, expressar opiniões e,

em cada caso, tomar decisões bem fundamentadas. Nesse sentido, o objetivo de

educação em CTS no âmbito educativo e de formação pública é a alfabetização para

propiciar a formação de amplos segmentos sociais de acordo com a nova imagem da

ciência e da tecnologia que emerge ao ter em conta seu contexto social (BAZZO;

PEREIRA; VON LINSINGEN, 2003, p.144).

Ao relacionarmos o enfoque CTS com o âmbito educativo, tendo como objetivo a

formação, podemos classificar os trabalhos nesta área em três modalidades, de acordo com Luján

López (1994 apud SANTOS, 2011):

1-Enxerto CTS: Refere-se à introdução de CTS no currículo tradicional, sem alterar a abordagem

dos conteúdos. Nesse âmbito, podemos destacar o projeto SATIS, (Science and Technology in

Society) na Inglaterra. Este projeto consiste em pequenas unidades CTS, elaboradas por

docentes, cuja finalidade é complementar os currículos de ciência.

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2- Ciência e Tecnologia vista por meio de CTS: Estrutura-se o conteúdo das disciplinas com

orientação CTS. Um exemplo dessa modalidade é o programa holandês conhecido como PLON

(Projeto de Desenvolvimento Curricular em Física), no qual trabalha com os estudantes

problemas sociais que os tornem capazes de tomarem decisões diante da sociedade.

3- CTS puro: Nessa modalidade ensina-se CTS de forma que o conteúdo científico passe a ter

um papel subordinado. O projeto SISCON (Studies in a Social Context) da Inglaterra é o mais

conhecido. O SISCON é um projeto que trabalha com a história da ciência e da tecnologia para

mostrar como as questões sociais foram abordadas no passado, no que se refere à ciência e à

tecnologia.

Diante dessas modalidades de trabalho relacionadas ao enfoque CTS, verificamos que o

mesmo tem como objetivo despertar no aluno a curiosidade pela Ciência e Tecnologia, tornar o

aluno um ser crítico, questionador, de tal forma que ele seja capaz de solucionar problemas que

venham a fazer parte do seu cotidiano.

De acordo com Schnetzler (2003), Bazzo, von Linsingen e Pereira (2003 apud VIEIRA e

BAZZO, 2007), a educação com uma abordagem CTS tem como objetivos:

• Formar cidadãos;

• Proporcionar uma alfabetização cientifica e tecnológica;

• Promover o desenvolvimento da capacidade de tomada de decisões;

• Preparar os alunos para compreender e se posicionar diante dos problemas da vida

real;

• Compreender a natureza da ciência e da tecnologia e sua importância e papel na

sociedade.

Além dos objetivos citados anteriormente, defende-se que o enfoque CTS pode e deve ser

trabalhado em sala de aula diante de temas que possuam relevância para os educandos,

abordando assim problemáticas locais, regionais e até mesmo globais. Pode-se então “partir de

temas sociais para os conceitos científicos e destes retorna-se aos temas” (AULER, 2007, p. 2).

Conforme esse autor:

[...] torna-se fundamental transformar o contexto escolar num espaço contra-

hegemônicos. Espaço que subverta a lógica do individualismo, transformando-o

num espaço em que a interação entre os constituintes da comunidade escolar seja

mediada pelo diálogo e pelo trabalho coletivo em oposição à lógica da competição

desenfreada, hegemônica na sociedade contemporânea. (AULER, 2007, p. 17)

Diante dessa ideia a perspectiva CTS visa também o trabalho coletivo, à

interdisciplinaridade de temas, defendendo, assim, a superação fragmentária disciplinar.

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Ao falar sobre os estudos em CTS, Angotti e Auth (2001) relatam a importância do papel

da interdisciplinaridade para uma alfabetização Científica e tecnológica 2 . Porém, afirmam que

existem uma série de dificuldades para sua efetivação na prática escolar, acreditando que “é

preciso contrastar as visões oficiais presentes nos sistemas de ensino e constituir uma fonte de

visões alternativas para o ensino”.

Outro fator importante que recebe destaque no estudo em CTS refere-se a um ensino

contextualizado. De acordo com Silva (2013), a contextualização no ensino é capaz de promover

as inter-relações entre os conhecimentos escolares e as situações vivenciadas pelos alunos no seu

cotidiano, sendo capaz de gerar significado aos conteúdos vistos em sala de aula, ocasionando

assim uma aprendizagem significativa.

Sendo assim, Wartha (2013) afirma que:

(....) a contextualização é visivelmente o princípio norteador para o ensino de

ciências, o que significa um entendimento mais complexo do que a simples

exemplificação do cotidiano ou mera apresentação superficial de contextos sem uma

problematização que de fato provoque a busca de entendimentos sobre os temas de

estudo. Portanto, contextualização não deveria ser visto como recurso ou proposta

de abordagem metodológica, mas sim como princípio norteador.

Pensando assim, a contextualização em um sentido mais amplo é tida como uma

educação para vida, relacionando o conteúdo aprendido em sala de aula e o dia a dia dos alunos,

formando assim um aluno-cidadão capaz de refletir, compreender, discutir e agir sobre a

sociedade que está em sua volta.

Com isso, o enfoque CTS sinaliza para um ensino contextualizado, interdisciplinar e de

instrumento de transformação social, humana e de construção da cidadania.

Nesse trabalho, a questão de investigação é estudada a partir de um ensino

contextualizado, em que o problema do lixo surge como uma questão recorrente do cotidiano dos

alunos no bairro em que estudam, fazendo uma relação direta entre as relações CTS e a

sustentabilidade.

Portanto, diante dessas ideias até aqui discutidas, essa primeira parte do capítulo nos fez

conhecer como se desenvolveu o campo de estudos CTS e a sua relação que é de extrema

importância com o campo educacional, visto que trata da abordagem fundamental na construção

desse trabalho.

___________________________

2Busca compreender as interações entre Ciência-Tecnologia-Sociedade. Em outros termos, o ensino de conceitos

associado ao desvelamento de mitos vinculados à CT. Por sua vez, tal aspecto remete à discussão sobre a dinâmica de produção e apropriação do conhecimento científico-tecnológico (AULER; DELIZOICOV, 2001, p.10).

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1.3 Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade

Durante muito tempo, o planeta terra era visto como um território ilimitado. Até então,

não existia uma verdadeira preocupação com as questões referentes ao Meio Ambiente, pois se

acreditava que a humanidade passaria a viver de forma melhor em um século marcado pelo

progresso tecnológico.

Somente em 1960, quando o planeta começa a enfrentar uma situação de emergência

diante da exploração de recursos naturais que vinha ocorrendo de forma irracional, as discussões

sobre os riscos da degradação do Meio Ambiente tornaram-se mais frequentes. Nessa mesma

época, passou-se a discutir a conduta do ser humano moderno e sua relação com o Meio

Ambiente, sendo assim, um começo para o repensar da organização social.

As primeiras preocupações com a questão ambiental, na esfera global, deram-se no início

da década de 1970. Nessa mesma época, surgiu o conceito de Desenvolvimento Sustentável

(DS), que teve sua origem a partir do conceito de ecodesenvolvimento, proposto durante a

Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em

Estocolmo, na Suécia, em 1972, quando pela primeira vez a comunidade internacional se reuniu

para discutir o Meio Ambiente e suas necessidades de desenvolvimento.

Somente em 1987, o conceito de DS foi colocado definitivamente no cenário mundial, o

qual ficou definido como aquele capaz de “[...] satisfazer as necessidades das gerações presentes,

levando em consideração as necessidades das gerações futuras” (COMISSÃO, 1991, p. 46).

Segundo Barbieri (1997), o desenvolvimento sustentável refere-se a uma nova maneira

de enxergar as soluções para os problemas mundiais, que não se diminuem apenas à degradação

ambiental, mas que incorporam dimensões como a pobreza e a exclusão social.

Com isso, no ano de 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Comissão Brundtland), vinculada à ONU, deu inicio aos debates referentes ao

conceito do termo sustentabilidade, com a finalidade de discutir a problemática ambiental e a

condução ao progresso humano sustentável. Ainda nesse mesmo ano, o termo sustentabilidade

foi efetivado pelo relatório Brundtland, sob o título de “Nosso futuro comum” e começou a se

legitimar como o maior desafio do século. Esse interesse por sustentabilidade surgiu, então,

diante da conscientização de países para descobrir maneiras possíveis de se promover um avanço

no crescimento econômico, sem agredir o bem-estar das futuras gerações.

De acordo com esse interesse, ainda hoje existe um consenso entre os pesquisadores de

que o conceito de sustentabilidade deve ser analisado de forma bastante abrangente, pois se trata

de uma questão que apresenta diversas abordagens (KATO, 2008).

Em umas dessas abordagens, Nascimento (2012) afirma que: “A ideia de sustentabilidade

ganha corpo e expressão política na adjetivação do termo desenvolvimento, fruto da percepção

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de uma crise ambiental global’’. Essa crise passou a alertar os seres humanos de que problemas

ambientais estão circundando toda uma sociedade.

Em contrapartida, a definição de sustentabilidade para Sachs (2004, p.29), “constitui-se

num conceito dinâmico, que leva em conta as necessidades crescentes das populações, num

contexto internacional em constante expansão [...]”. Assim, uma sociedade torna-se sustentável

quando é capaz de satisfazer as suas próprias necessidades, não lesando as gerações futuras, não

comprometendo assim o seu ecossistema.

O conceito de sustentabilidade teve inicio no campo das ciências ambientais e

ecológicas, apresentando então duas vertentes, uma no campo da ecologia e a outra no campo da

economia (NASCIMENTO, 2012; VEIGA, 2010).

No campo da ecologia, a sustentabilidade é a “[...] à capacidade de recuperação e

reprodução dos ecossistemas (resiliência) em face de agressões antrópicas [...] ou naturais [...]”.

Já no campo da economia, o termo sustentabilidade refere-se a “[...] percepção crescente ao

longo do século XX de que o padrão de produção e consumo em expansão no mundo, sobretudo

no último quarto desse século, não tem possibilidade de perdurar” (NASCIMENTO, 2012, p.

51). Neste segundo campo o termo sustentabilidade está diretamente relacionado com a esfera

econômica, como adjetivo de desenvolvimento.

Além dos conceitos de sustentabilidade nos campos da ecologia e da economia, podemos

destacar outros dois sentidos que se encontram em circulação, apontada por Boff (2012):

[...] como um adjetivo [sustentável] é adicionado a qualquer coisa sem mudar a natureza da coisa; por exemplo, eu posso reduzir a poluição química de uma fábrica colocando filtros em suas chaminés que liberam gases, mas a forma da empresa interagir com a natureza, de onde ela retira a matéria-prima para a produção, não muda; continua a devastar. Sua preocupação não é o ambiente, mas o lucro e a competitividade que têm que ser garantidos. Assim, a sustentabilidade é acomodação e não mudança; é um adjetivo, não substantivo. Sustentabilidade como substantivo exige uma mudança na relação com a natureza, a vida e a Terra. A primeira mudança começa com outra visão da realidade. [...]. Nós não estamos fora e acima dela como um dominador, mas dentro e quem se importa em alavancar seus ativos, respeitando seus limites. [...] (BOFF, 2012, p. 1)

Sendo assim, nesse trabalho utilizamos o conceito de sustentabilidade como substantivo,

pois o mesmo vem exigir das pessoas uma mudança na relação entre ser humano e natureza,

sempre respeitando seus limites.

Sachs (2009) afirma que, para que alcancemos a sustentabilidade, é preciso ter uma visão

na sua totalidade dos problemas de uma sociedade, sem focar apenas nos problemas que

envolvem recursos naturais, é preciso valorizar pessoas, seus costumes e saberes.

Portanto, nesse trabalho o conceito de sustentabilidade é trabalhado na perspectiva de

valorização dos indivíduos, seus costumes e saberes, conforme são trabalhados na aplicação da

sequência didática. No momento em que se trabalha o problema do lixo em uma comunidade,

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passará a existir uma conscientização ambiental desses indivíduos que convivem com este

problema, buscando então o desenvolvimento de novas estratégias.

Com isso, é importante nos conscientizarmos de que estamos cada vez mais em uma

situação problemática (Vilches, 2004). Nesse caso, a educação surge para promover práticas

integradoras que venham a assegurar um futuro sustentável (UNESCO, 2005).

Na seção seguinte será realizada uma discussão da importância de uma educação

sustentável para o exercício da cidadania, buscando, assim, alcançar uma educação para o

desenvolvimento sustentável.

1.4 Educação para a sustentabilidade em uma perspectiva CTS

A sustentabilidade vem se tornando um dos conceitos principais entre as diversas

preocupações quanto ao destino do nosso planeta, tornando-se foco em todas as esferas sociais,

inclusive, a educativa (BARBIERI, 2010). Atualmente, as discussões que envolvem o Meio

Ambiente centram-se essencialmente na sustentabilidade.

O avanço do conhecimento científico e tecnológico vem produzindo uma série de

mudanças que colocam em cheque os sistemas social, histórico, econômico e cultural. As

consequências decorrentes dessas inúmeras transformações vêm provocando o surgimento de um

movimento que visa superar esses problemas que põe em risco o desenvolvimento sustentável,

colocando assim a questão ambiental em posição de destaque.

Diante da ameaça a sobrevivência das espécies no planeta, torna-se então necessário

intervir na educação dos cidadãos, especificamente no ensino de ciências. Nesse contexto, a

educação surge como um fator de extrema importância, fazendo a diferença entre um futuro

sustentável ou caótico (Sterling, 2001). É, então, nessa perspectiva que a educação para

sustentabilidade começa a ganhar espaço no cenário educacional, fazendo parte de discussões e

debates em nível local e mundial.

Segundo Gadotti (2009), uma educação para a Sustentabilidade corresponde ao campo de

possibilidades das reformas educacionais, que abrange todo o currículo. Outro fator relevante é o

comprometimento das pessoas, como algo motivador e intrínseco, que se traduz como

sensibilização e sentimentos, não se configurando como obrigação. Sendo assim:

Sustentabilidade vai além da preservação dos recursos naturais e da viabilidade de um

desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente. Ele implica um equilíbrio do ser

humano consigo mesmo e com o planeta, e, mais ainda, com o próprio universo. A

sustentabilidade que defendemos refere-se ao próprio sentido do que somos de onde

viemos e para onde vamos como seres humanos (GADOTTI, 2009, p.8).

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Assumindo esse sentido, educar para sustentabilidade tem como componente essencial a

preservação do Meio Ambiente que se torna dependente de uma consciência ecológica, além da

formação de consciência pautada na educação, pois possibilita ampliar conhecimentos, mudança

de atitudes, valores e habilidades, priorizando a integração e harmonia dos indivíduos com o

meio ambiente (GADOTTI, 2009).

Nessa perspectiva a educação para a sustentabilidade é considerada objeto principal na

formação de cidadãos, que requer um conjunto de ações educativas que visa uma mudança de

hábitos dos indivíduos para se alcançar uma sociedade sustentável (Gil e Vilches, 2006). Sendo

assim, uma educação da sustentabilidade para alunos da educação básica deve permitir despertar

uma consciência ecológica, por meio da aquisição de procedimentos sustentáveis garantindo o

desenvolvimento de competências necessárias.

Nessa trajetória da sustentabilidade, foi associado para melhor desenvolvimento desse

campo de possibilidades o desafio lançado pela Educação para o Desenvolvimento Sustentável.

O termo Educação para o Desenvolvimento Sustentável efetivou-se no lançamento da

Década da EDS, aprovada pela UNESCO no ano de 2005, que teve como objetivo “integrar os

valores inerentes ao desenvolvimento sustentável em todos os aspectos da aprendizagem com o

intuito de fomentar mudanças de comportamento que permitam criar uma sociedade sustentável

e mais justa para todos” (UNESCO, 2005, p.16). Essa proposta assenta na perspectiva de um

mundo em que todos tenham a oportunidade de aprender novos valores, estilos de vida que são

essenciais para um futuro sustentável.

Com a criação da Década da Educação para um Desenvolvimento Sustentável (2005-

2014), a EDS passa a assumir um papel que vai muito além da mera difusão de conhecimentos,

visando uma educação para mudança de hábitos e valores para jovens e adultos.

Na busca dessa mudança de hábitos e valores, vemos a educação não como a salvação

para cessar todos os problemas ambientais, mas como um caminho de divulgações e

implementações de ideias que visam contribuir para o desenvolvimento de um mundo melhor

(ARAÚJO E PEDROSA 2014). A educação é vista, portanto, como uma chave para as

transformações sociais necessárias para o século XXI.

A EDS como educação crítica, que tem como objetivo a promoção do pensamento

crítico, vem ganhando forças nas orientações para o ensino de ciências, uma prioridade associada

aos direitos humanos e a cidadania. Valoriza o aprender a tomar decisões que considerem

aspectos econômicos, ecológicos e de equidade a todas as comunidades, estimulando a

compreensão de questões e problemas atuais como um requisito para que no presente se tomem

decisões e adotem comportamentos que não comprometam o futuro (ARAÚJO; PEDROSA,

2014).

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Estes mesmos autores afirmam que “a formação geral do cidadão tem estado em pauta

com a perspectiva de que a educação científica seja promotora de igualdade, justiça social,

diversidade e sustentabilidade ambiental’’. Portanto, na perspectiva de uma EDS, a educação

científica deverá contemplar não só dimensões científicas e pedagógicas, como também

ideológicas, éticas e culturais, no que se refere à concepção de direitos humanos e deveres

individuais e coletivos, tendo em vista contribuir para que os cidadãos exerçam de forma

responsável sua cidadania.

Assim, a educação não é vista como um fim em si mesma, mas antes um instrumento

para estimular as mudanças necessárias, a promoção de desenvolvimento sustentável

(MATSUURA, 2002). Nesse sentido, é necessária uma reorientação dos sistemas educativos

quanto as suas práticas, de forma a habilitar os indivíduos a tomarem decisões e atuarem de

formas apropriadas e relevantes.

Igualmente, a EDS acaba por se construir sobre um leque variado de perspectivas e

contribuições provenientes de vários campos, incluindo os mais sérios desafios que o mundo

enfrenta, nomeadamente, direitos humanos, paz e segurança, igualdade de gênero, diversidade

cultural e compreensão intercultural, saúde, governança, recursos naturais, mudança climática,

desenvolvimento rural, agroecologia, urbanização sustentável, prevenção e mitigação de

desastres, redução da pobreza, responsabilidade corporativa e economia de mercado (UNESCO,

2005).

Dessa forma, Gadotti (2009) acredita que a EDS implica mudar o sistema, o respeito à

vida, o cuidado com o planeta e toda a comunidade, na construção de sociedades democráticas

que sejam mais justas, sustentáveis e pacíficas. Assim, o conhecimento deve contemplar as inter-

relações do meio natural com o social buscando um novo perfil de desenvolvimento, com o

enfoque na sustentabilidade socioambiental, em sintonia com os desafios para mudar as formas

de pensar e agir sobre o ambiente, numa perspectiva contemporânea. Assim, a EDS torna-se

essencial em todos os níveis de escolaridade. É nesse contexto que a abordagem em ciências em

uma perspectiva CTS passa a assumir um papel de extrema importância na construção da

aprendizagem.

Assim, ao se trabalhar em uma EDS, espera-se que sejam contemplados os objetivos do

enfoque CTS no ensino de ciências, no que diz respeito à compreensão das implicações sociais

que decorrem das construções científicas e tecnológicas.

Diante de todo o exposto, a EDS visa trabalhar em sala de aula a partir de temas próprios

do contexto social, como por exemplo: fome, moradia, violência, desigualdade social,

sustentabilidade, dentre outros, entendendo que este é um fator preponderante para propiciar

uma educação científica que habilite os cidadãos para tomada de decisão.

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Portanto, de acordo com os objetivos e as propostas discutidas até aqui sobre uma EDS,

verifica-se que é possível trabalhar nessa perspectiva tendo como suporte a abordagem CTS e

um ensino de ciências contextualizado.

1.5 O enfoque CTS no contexto do Ensino de Ciências

No mundo moderno em que vivemos, as grandes demandas indicam a necessidade de

uma crescente democratização de conhecimentos científicos e tecnológicos, para proporcionar

aos cidadãos uma melhor compreensão de mundo, de forma a atuar de modo consciente e

responsável fornecendo-lhes elementos para superação de contradições que depõe contra a

qualidade de vida (AULER; DELIZOICOV, 2001)

Diante de todas essas demandas e das necessidades de cidadãos que compreendam

melhor o mundo, existe uma grande preocupação do ensino de ciências em promover a formação

de um ensino democrático e contextualizado, além de um ensino crítico, que vise à formação de

cidadãos autônomos, capazes de agir diante da sociedade.

Nessa perspectiva, torna-se necessário que o ensino de ciências se norteie pela

abordagem CTS, pensando em uma educação que aborde questões da ciência e da tecnologia,

para uma melhor compreensão da sociedade em que vivemos e que permita enfrentar as

exigências impostas pela atual realidade. Encara-se, assim, o movimento educativo CTS como

uma proposta inovadora, dirigida a educação para a cidadania e que se destina compreender

melhor a relação existente entre a ciência a tecnologia e a sociedade, tanto no campo da

investigação como da inovação (Acevedo, 2004).

Para isso, o ensino de ciências com orientações CTS deve ser pautado em mudanças que

perpassa pelo abandono de modelos meramente transmissíveis. O professor terá como papel a

função de um “educador em ciências”, com a consciência de que essa função se relaciona com a

tecnologia e a sociedade, preparando os alunos para assumirem um papel mais dinâmico e ativo

na sociedade (Nave e Paixão, 2004).

Torna-se objetivo do ensino de ciências também fazer com que os cidadãos reflitam

acerca das concepções de ciência e dos modos de desenvolvimento do conhecimento científico,

buscando formar alunos aptos a participaram nas decisões que envolvem a inovação científica e

tecnológica (SANTOS; MORTIMER, 2002; SANTOS, 2007; SANTOS, 2008).

Para alcançar tais objetivos, o ensino de ciências deve privilegiar uma alfabetização

científica que contemple “o conjunto de conhecimentos que facilitariam aos homens e mulheres

fazer uma leitura do mundo onde vivem” (CHASSOT, 2011, p. 62). Dessa forma, poderá

favorecer os estudantes a serem os próprios agentes de transformação para um mundo melhor.

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Diante desse contexto de mudanças e exigências nas atribuições do cidadão, o ensino de

ciências vem a assumir um papel de extrema importância. Seu objetivo é contribuir para que o

sujeito compreenda melhor o mundo em que vive, quanto ao entendimento, questionamento e a

tomada de decisão, possibilitando, então, condições para que o educando exerça a sua cidadania.

Segundo Delizoicov e Angotti (1990), para que o indivíduo seja capaz de exercer de

forma plena a sua cidadania, durante sua formação devem receber uma formação mínima em

ciências para que sejam capazes de aprender e construir conceitos de forma significativas em

relação ao ambiente que os rodeiam.

Com isso, o ensino de ciências deverá ser capaz de propiciar a todos os indivíduos as

capacidades necessárias para se orientarem diante da complexa sociedade em que vivemos,

sendo capaz de intervir em sua realidade.

Os autores FRACALANZA; AMARAL & GOUVEIA (1986) afirmam que o ensino de

ciências, além dos conhecimentos, habilidades e experiências referentes aos conteúdos, deve ser

capaz de desenvolver o pensamento lógico, a prática da investigação, observação, reflexão,

criação, discriminação de valores, julgamento, comunicação, convívio, cooperação, decisão,

ação, entendidos como sendo objetivos do processo educativo, permitindo ao aluno discutir e

analisar o conhecimento que está sendo construído.

Segundo AULER (2007), a educação em ciências deve contemplar como ponto de

partida para o processo de ensino e aprendizagem, a realidade social dos alunos e que o trabalho

pedagógico se efetive não como uma espécie de preparação para o futuro, mas sim como

formação capaz de fornecer subsídios para um pensar e agir com autonomia e responsabilidade

no espaço-tempo presente, tornando assim a aprendizagem contextualizada e significativa.

Nessa perspectiva, o ensino de ciências apresenta como possibilidade a inserção do

enfoque CTS, passando a utilizá-lo como uma metodologia aliada ao processo de alfabetização

científica, oferecendo alternativas para um ensino de diferenciado, que possa contribuir com o

processo de formação crítica dos indivíduos.

Diante disso, vem se discutindo a necessidade de buscar novas abordagens para o ensino

de ciências, tendo uma forte preocupação voltada ao estudante, para que ele possa ser ativo no

processo de ensino-aprendizagem. Assim, ressaltamos a importância do enfoque CTS como

estratégia de ensino e como uma ferramenta pedagógica de extrema importância para um ensino

baseado na formação de cidadãos conscientes, críticos, reflexivos.

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2. PROBLEMÁTICA DA PESQUISA

A problemática dessa pesquisa surgiu com base nas reflexões ao longo da minha

trajetória como estudante e docente, a respeito de como vem se desenvolvendo o ensino de

ciências nas escolas, diante das necessidades dos cidadãos em compreender melhor o mundo em

que vivem, a partir de questões ambientais, tendo como aporte teórico uma abordagem CTS.

Neste capítulo, são descritos o objeto de estudo desse trabalho, os objetivos e o percurso

metodológico da pesquisa que nos propusemos a investigar.

2.1 Contextualizando a problemática

Nas últimas décadas, é notório o crescimento do consumo por artefatos tecnológicos 3

,

apontando uma produção cada vez maior a cada ano. Em contrapartida, o cuidado com questões

ambientais e ações educativas nas escolas que discuta responsabilidade ambiental não apresenta,

nem de longe, um crescimento na mesma proporção.

Essa evolução vem acarretando acentuadamente crises ambientais que causam efeitos

bastante preocupantes, o que influencia a sociedade a repensar o contexto educacional e sua ação

diante do ensino. Ainda sobre o crescente aumento pelo consumo desenfreado pelos artefatos

tecnológicos, Bazzo (2011) declara que é necessário “[...] pensar na possibilidade de uma

educação tecnológica reflexiva, questionadora, responsável perante o desenvolvimento social do

ser humano”.

Nesse sentido, para uma educação reflexiva, questionadora e responsável para o

desenvolvimento do ser humano, entendemos que as orientações em CTS constituem um

importante instrumento para edificação dessa educação no campo do ensino de ciências, com

sensibilidade para questões sociais, econômicas, culturais e ambientais.

Diante da busca por uma educação reflexiva e questionadora, nesse trabalho, a

problemática abordada - o lixo - surge como um tema de debates no âmbito escolar, pois envolve

questões relacionadas ao Meio Ambiente, à saúde, à cultura, às políticas públicas e à economia e

induzirá novas formas de conduta nos indivíduos e nos grupos sociais a respeito. Com isso, surge

como uma tentativa de repensar à maneira de como esse problema deve ser trabalhado em sala

de aula de tal modo que contribua para a formação de educandos críticos, reflexivos e que sejam

capazes de enxergar o mundo em que vive de uma forma sustentável.

___________________________

3 Em educação, são recursos didáticos tecnológicos utilizados para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.

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Nesse trabalho de pesquisa aqui apresentado a problemática abordada, o lixo, surge como

um tema em potencial para discussões em sala de aula por se tratar de uma problemática local,

envolvendo todos os sujeitos da escola e o seu entorno: alunos, pais, professores, funcionários e

a comunidade circunvizinha à escola.

As discussões podem ser um excelente campo para se repensar a conduta de todos os

envolvidos com questões relacionadas ao lixo do bairro, seu armazenamento, descarte, colheita e

destino final, contribuindo para ações mais conscientes sobre cuidados com o Meio Ambiente.

Neste sentido, os objetivos desta pesquisa foram pensados e são apresentados a seguir.

2.2 Objetivo geral

• Elaborar uma proposta didática dentro de uma perspectiva CTS para se trabalhar

o tema lixo nas aulas de ciências considerando os impactos que o lixo, no entorno

da escola, possa causar à comunidade escolar.

2.2.1 Objetivos específicos

• Conhecer a concepção dos alunos sobre a problemática abordada;

• Entrevistar pessoas na comunidade a respeito do problema do acúmulo de lixo em

seu bairro;

• Elaborar e aplicar uma proposta didática para o ensino de ciências que permita

trabalhar o tema lixo e o conceito de sustentabilidade a partir do referencial

teórico CTS.

2.3 Metodologia

A seguir, são apresentados o contexto da pesquisa, o percurso metodológico e os

instrumentos utilizados para a coleta de dados.

2.3.1 O bairro das Quintas

O bairro das Quintas está localizado na Zona Oeste do município de Natal- RN, sendo

conhecido como um dos bairros mais populares. Considerado um dos bairros mais antigos de

Natal, celebrou 300 anos de fundação no mês de setembro do ano de 2017.

O bairro é um dos mais tradicionais da periferia da cidade do Natal. Apresenta 248,54

hectares de área ocupada, que faz fronteira com o Rio Potengi, além dos bairros Dix-Sept

Rosado, Bom Pastor, Alecrim e Bairro Nordeste.

Atualmente, apresenta uma população de 24.996 pessoas de acordo com o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no último censo realizado em 2010.

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2.3.2 O lócus da pesquisa

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Ferreira Itajubá (EMFI), localizada no

município de Natal-RN, no bairro das Quintas. A escolha da instituição de ensino se deu em

razão de fazer parte do cenário que apresenta fortes marcas da problemática local abordada. Ao

caminhar pelas ruas do bairro é notório perceber como é grande o problema do acúmulo de lixo

nas calçadas de residências, lojas, padarias e escolas, tornando-se um problema que a cada dia

passa a ser algo mais presente na rotina dos moradores deste bairro.

2.3.3 A Escola Municipal Ferreira Itajubá (EMFI)

A Escola foi fundada em 1961, ainda durante o governo de Djalma Maranhão, por meio

da campanha “De pé no chão também se aprende a ler”. Em 1962, a Escola Municipal Ferreira

Itajubá era apenas um acampamento educacional de palhoça e terra batida, cujo objetivo era

erradicar o analfabetismo.

Localizada na zona leste de Natal, sendo em um bairro periférico, o perfil dos alunos é

considerado de classe média baixa. Atualmente, a escola atende em média 1.400 alunos por ano,

oferecendo os ensinos Fundamental I e Fundamental II além da Educação de Jovens e Adultos –

EJA. O turno matutino contempla o ensino fundamental I, do 1º ao 5º ano; já o turno vespertino

trabalha com as turmas de 6º ao 9º ano. O turno noturno é constituído pelo 1º e 2º segmentos da

Educação de Jovens e Adultos – EJA. O público-alvo que frequenta a escola é bastante

diversificado, atendendo não só a comunidade do bairro das Quintas, como também dos bairros

vizinhos e até outros mais distantes.

Figura 1: Escola Municipal Ferreira Itajubá (EMFI)

A escola apresenta um espaço físico amplo, composta por 14 salas de aula, sala de

direção, sala de professores, biblioteca climatizada, sala de informática, sala de vídeo, refeitório,

cozinha, um enorme pátio coberto e ventilado e uma quadra de esportes. O pátio, por ser coberto,

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é propício ao desenvolvimento de diferentes práticas educativas. As salas de aula em sua maioria

são espaçosas, possuem janelas, lousa, carteiras e armários.

Quanto aos equipamentos, à escola dispõe de retroprojetor, televisão, aparelho de som,

DVD, caixa de som e projetor de mídia (data show), para serem utilizados nas salas de aula.

A equipe é constituída por 55 funcionários, sendo esses divididos em 40 professores e 15

responsáveis pela parte administrativa e de apoio.

A EMFI é uma escola extremamente reconhecida no bairro das Quintas e também é

conhecida como uma instituição acolhedora. A EMFI vem atuando em diversos projetos que

atentem aos alunos de baixa renda. Dentre eles, destacamos a parceria feita com a Escola de

Música Severiano Cordeiro, que teve início em 2004, no qual a escola sede parte de sua estrutura

para que aconteçam aulas de iniciação a música, trabalhando a autoestima, a sociabilidade e o

prazer pela cultura a todos os jovens do bairro. No ano de 2017, a EMFI comemorou o

aniversário de 300 anos do bairro das quintas, participando de apresentações culturais e contando

com a participação da Escola de Música Severiano Cordeiro e os artistas do bairro que são

alunos da escola.

2.4 Percurso metodológico

Com o intuito de contemplar os objetivos propostos nesse trabalho, foi realizada uma

pesquisa do tipo qualitativa. Segundo Minayo (2001), a pesquisa qualitativa “trabalha com o

universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a

um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos à operacionalização de variáveis’’. Preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade,

apresentando uma abordagem interpretativa do cenário natural de estudos e suas analises são

baseadas em observações dos próprios sujeitos da ação, buscando um aprofundamento não em

resultados estatísticos, mas sim no aprofundamento das questões.

Ao trabalhar com uma metodologia de pesquisa qualitativa, o ambiente natural é tido

como a principal fonte de dados para o pesquisador, tendo então uma maior preocupação com o

processo ao invés do produto final.

Além disso, a pesquisa também apresenta cunho descritivo. Segundo Gil (1999), as

pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

2.5 Coleta de dados e os instrumentos de pesquisa

A coleta de dados aconteceu entre os meses de Outubro e Novembro de 2017.

Inicialmente, foi realizado um contato direto com a escola. Nesse primeiro contato, houve uma

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conversa com a direção, coordenação e com o professor da turma para que fosse feito uma

exposição do trabalho que seria desenvolvido na escola, assim como os objetivos.

Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados questionários, entrevista

estruturada e a observação participante.

O questionário

O questionário, segundo Gil (1999), pode ser definido “como a técnica de investigação

composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às

pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses,

expectativas, situações vivenciadas etc.” O questionário permite que o pesquisador conheça a

opinião de quem está sendo interrogado.

Gil (1999) apresenta as seguintes vantagens do questionário sobre as demais técnicas de

coleta de dados:

a) Possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa

área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio;

b) Implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o

treinamento dos pesquisadores;

c) Garante o anonimato das respostas;

d) Permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais

conveniente;

e) Não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do

entrevistado.

É importante salientar que, durante o processo de elaboração do questionário, é

necessário que se verifique se há uma correspondência entre as questões abordadas e os

objetivos da pesquisa. Sendo assim, as questões devem ser claras e objetivas para que se evitem

dúvidas aos participantes, além disso, é importante também que a linguagem seja adequada ao

público alvo que será questionado.

Ainda segundo Gil (1999, p.132), as perguntas podem apresentar conteúdo sobre fatos,

atitudes, comportamentos, sentimentos, padrões de ação, comportamento presente ou passado,

entre outros.

O questionário utilizado nesta pesquisa teve como objetivo conhecer a percepção dos

alunos sobre a problemática abordada, com temas referentes ao Meio Ambiente, aos impactos

ambientais e à sustentabilidade (APÊNDICE A). Esse questionário, composto por seis questões,

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foi aplicado a 22 alunos em uma turma de 9º ano do ensino fundamental II da Escola Municipal

Ferreira Itajubá.

A entrevista estruturada

Na pesquisa qualitativa, a entrevista é caracterizada como um instrumento importante por

possibilitar a produção de conteúdos fornecidos diretamente pelos sujeitos envolvidos no

processo. O entrevistador pretende com esse instrumento elucidar as informações pertinentes ao

seu objeto (MINAYO; DESLANDES, 2002).

Haguette (1997) define entrevista como “um processo de interacção social entre duas

pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objectivo a obtenção de informações por

parte do outro, o entrevistado”. A entrevista é um dos instrumentos de coleta de dados mais

utilizados no processo do trabalho de campo.

Segundo Minayo (1996):

[...] o que torna a entrevista instrumento privilegiado de coleta de informações é a

possibilidade da fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores,

normas e símbolos (sendo ela mesma um deles) e ao mesmo tempo ter a magia de

transmitir, através de um porta-voz, as representações de grupos determinados, em

condições históricas, socioeconômicas e culturais específicas.

A entrevista estruturada é conduzida pelo entrevistador de acordo com uma ordem

predeterminada. Ela deve ser planejada com o intuito de extrair o máximo de informações dos

entrevistados e se desenvolve a partir de uma relação fixa de perguntas prontas, cuja ordem não

varia e é realizada da mesma forma com todos os entrevistados.

Observação participante

Segundo Lakatos e Marconi (2008), a observação é uma técnica de coleta de dados

utilizada para obter informações de determinados aspectos da realidade. A observação ajuda

também na coleta de dados, onde o observador terá um contato mais direto com o seu objeto

estudado na pesquisa, sendo considerado ponto inicial da investigação social (MARCONI;

LAKATOS, 2003). O pesquisador geralmente utiliza um bloco de notas para realizar seus

registros, além de imagens de uma câmera fotográfica.

A observação ajuda também na coleta de dados, em que o observador terá um contato

mais direto com o seu objeto estudado na pesquisa, sendo considerado ponto inicial da

investigação social (MARCONI; LAKATOS, 2003).

A escolha pela observação como um dos instrumentos de coleta de dados teve como

objetivo coletar, na própria sala de aula, dados importantes, além de acompanhar as ações

desenvolvidas a cada aula, sabendo que permite um contato mais pessoal do pesquisador com o

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fenômeno que se pretende investigar no seu local natural. Também possibilita acompanhar as

experiências dos envolvidos na pesquisa buscando a compreensão do significado que eles

atribuem a sua realidade e suas ações (LÜDKE e ANDRÉ, 1986).

Nessa pesquisa, quanto à participação do observador, optou-se pela observação não

participante, em que o pesquisador entra em contato com o grupo pesquisado, mas não se

envolve nas situações observadas (MARCONI; LAKATOS, 2011, p.78). Nesse caso, o

pesquisador conduziu todas as ações, porém os registros que foram feitos em ambiente real, à

medida que os fatos foram acontecendo, foi realizado por um observador membro do grupo de

Pesquisa em Educação Científica e Tecnológica em Contextos Sociais (GPECTCS-UFRN). Para

o registro das observações, foram utilizadas anotações escritas como um diário de campo e

registros através de fotografias.

A seguir será apresentado um cronograma da metodologia da pesquisa.

Após a obtenção das informações e diante dos instrumentos de coleta de dados, foi

elaborada uma sequência de atividades para ser trabalhada com a turma do 9º ano, nas aulas de

Ciências, que será descrito no capítulo seguinte.

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3 SEQUÊNCIA DIDÁTICA: ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO

Neste capitulo serão apresentadas as etapas de elaboração e as atividades que foram

desenvolvidas durante a sequência didática. Trata-se de uma proposta para ser utilizada pelo

professor como ferramenta para apoiá-lo e ajudá-lo no processo de ensino e aprendizado junto

aos alunos.

3.1 Trabalhando uma problemática local durante as aulas de ciências

O trabalho pedagógico desenvolvido de forma responsável requer do professor cada vez

mais um rompimento com o ensino tradicional, que contém atividades mecanizadas e com

conteúdos descontextualizados.

Trabalhar os conteúdos de Ciências é dar oportunidade a crianças e adolescentes

compreender o mundo que os cerca, propiciando aos indivíduos as habilidades necessárias para

que os mesmos sejam capazes de intervir em sua realidade.

Assim, com o intuito de contribuir com a atividade docente, o professor dispõe de uma

série de recursos que favorecem um avanço na apropriação do ensino, que tornem suas aulas

mais atrativas, apresentando momentos de descontração, interesse, interação e socialização para

realização de trabalhos coletivos.

Dentre esses recursos, podemos destacar a utilização de materiais didáticos

complementares. Os materiais didáticos são considerados recursos utilizados em um

procedimento de ensino, que tem como objetivo a estimulação do aluno em participar de forma

mais efetiva das aulas e a sua aproximação com o conteúdo.

Nesse sentido, em conformidade com o objetivo dessa pesquisa, foi elaborada uma

sequência didática para se trabalhar a temática do lixo para uma turma de 9º ano do ensino

fundamental II da referida escola, tendo como suporte teórico a abordagem CTS. Com isso, as

atividades dispuseram de diferentes recursos e podem ser uma ferramenta de apoio para o

trabalho do professor.

Nesse trabalho, estamos usando o conceito de sequência didática na perspectiva de

Zabala (1998), quando ele afirma que pode ser definida como um conjunto de atividades

ordenadas, estruturadas e articuladas para atingir metas educacionais, com um princípio e um

fim conhecidos pelos professores, bem como pelos alunos.

Dessa forma, a presente sequência didática pretende contribuir para despertar o senso

crítico dos alunos sobre questões ambientais, de modo que contribua para que os membros da

comunidade escolar tornem-se agentes transformadores, promovendo, assim, atitudes com mais

responsabilidade ambiental e uma melhor qualidade de vida.

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3.2 Intervenção didática na escola

A sequência didática foi desenvolvida ao longo de 08 encontros, de 50 minutos,

totalizando um período de quatro semanas. O planejamento foi estruturado através de uma

sequência de atividades sobre o problema do acúmulo do lixo, da sustentabilidade e dos cuidados

com o Meio Ambiente. A pesquisa foi conduzida com vinte e dois alunos do 9º ano do Ensino

Fundamental II, sob a observação do Professor de Ciências da turma. Durante o

desenvolvimento das atividades, pudemos contar com a presença e participação de pós-

graduandos, que compõem o Grupo de Pesquisa em Educação Científica e Tecnológica em

Contextos Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, com o objetivo de

registrar passo a passo, todo o desenvolvimento das aulas/atividades. Esse registro foi realizado

por meio de um diário de campo, em que os professores observavam e registravam as falas e

ações dos alunos participantes. Essa participação foi de extrema importância para o

desenvolvimento da pesquisa. Com o tema “o lixo do meu bairro”, as atividades foram

desenvolvidas no espaço físico da escola e em seu entorno.

3.2.1 Objetivo

Instigar discussões que promovam uma conscientização ambiental a partir dos conteúdos

estudados e investigar o que pensam os alunos em relação à problemática da pesquisa.

3.2.2 Aplicação

AULA 01: DIAGNÓSTICO INICIAL

Objetivo: Conhecer as percepções dos alunos sobre a temática do lixo e as questões ambientais.

O primeiro encontro teve início com a aplicação de um questionário, composto por

questões abertas e fechadas (APÊNDICE A). Esse primeiro encontro foi de extrema importância

para que a partir dos resultados dos questionários, pudéssemos organizar um planejamento das

ações subsequentes. Sendo assim, era composto por questões que abordavam os seguintes

tópicos: Meio Ambiente, descarte de resíduos sólidos, impactos ambientais e sustentabilidade.

AULA 02: PROBLEMÁTICA INICIAL

Objetivo: Promover uma conversa informal a cerca da questão norteadora da intervenção: “O

lixo do meu bairro”.

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O segundo encontro trouxe a apresentação do tema a ser trabalhado durante as aulas e, em

seguida, com a apresentação de slides e perguntas orais, realizou-se um levantamento das

seguintes questões problemas:

1) O que é lixo?

2) Quanto lixo você produz diariamente?

3) O que você faz com o lixo que você produz?

4) Quais os problemas causados pelo acúmulo de lixo?

Durante as discussões, os alunos fizeram os registros das questões propostas no caderno

de atividades - elaborado pela autora desse trabalho -, que foi entregue no primeiro encontro.

Nesse momento de discussão, estimulou-se a interatividade entre os alunos, para que eles

pudessem opinar sobre os questionamentos realizados.

AULA 03: DISCUSSÃO EM TORNO DA PRODUÇÃO EXAGERADA DE RESÍDUOS

PELA SOCIEDADE CAPITALISTA

Objetivo: Compreender como se dá a relação entre a produção exagerada de resíduos na

sociedade capitalista e as consequências causadas ao Meio Ambiente.

Esta aula teve início com uma breve retomada dos conceitos discutidos na aula anterior e,

posteriormente, foi realizada a exibição do documentário “História das coisas”. Esse

documentário mostra uma cadeia produtiva de extração de matéria-prima até o descarte do

produto. Além disso, faz uma crítica sobre o consumismo exagerado e suas consequências para o

meio ambiente. Após a exibição e a partir de uma aula expositiva dialogada, foram trabalhados

os conceitos de lixo, os tipos de lixo, o consumismo e as consequências causadas.

AULA 04: OS CAMINHOS DO LIXO

Objetivo: Compreender como ocorre o destino do lixo ao sair das residências.

No quarto encontro, foi exibido um vídeo conforme título: “Os caminhos do lixo: da

geração à prevenção”. Após a exibição, os alunos fizeram seus registros no caderno de

atividades, que possuíam as seguintes questões:

• Quais são os principais temas abordados no vídeo assistido?

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• O que mais chamou a sua atenção?

• Qual o destino dado ao lixo ao sair das residências?

• Quem são os responsáveis pelos problemas socioambientais apresentados?

• Como os problemas apresentados podem ser solucionados?

Em seguida foi realizada uma discussão em torno das questões propostas na atividade.

AULA 05: CAMINHADA PELOS ARREDORES DA ESCOLA

Objetivo: Demonstrar para os alunos, na prática, o problema do acúmulo do lixo no bairro das

Quintas.

No quinto encontro, os alunos foram convidados a participar de uma caminhada pelos

arredores da escola, de forma que pudessem observar o problema do acúmulo do lixo naquele

ambiente. Durante a caminhada, eles fizeram registros sobre tudo o que foi observado, pro meio

de desenhos. Ao retornar à sala de aula, os alunos foram orientados a realizar uma atividade, tipo

entrevista (APÊNDICE B), com moradores do bairro. O intuito dessa atividade foi investigar o

que pensa a comunidade que vive no entorno da escola sobre o acúmulo de lixo nos arredores.

Os entrevistados poderiam ser pais, amigos, familiares e vizinhos.

AULA 06: LIXO ORGÂNICO E INORGÂNICO

Objetivo: Diferenciar o lixo orgânico do inorgânico e conhecer o tempo de decomposição de

alguns materiais.

Inicialmente, houve a divisão dos alunos em grupos e, em seguida, foram apresentadas

algumas embalagens e sobras de cascas de frutas e alimentos. Após o manuseio e observação

com esses materiais, os alunos construíram uma tabela que consta a diferença do tempo de

decomposição dos resíduos orgânicos e inorgânicos. Os resultados dessa atividade serão

expostos no último encontro, em que os alunos farão uma exposição de materiais (tipo cartazes

e/ou similares).

AULA 07: CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE

Objetivo: Sensibilizar o aluno a adotar um estilo de vida responsável com vistas a um modelo

de desenvolvimento sustentável.

No sétimo encontro, os alunos foram convidados a assistir o vídeo: “Sustentabilidade:

Gestão para a sustentabilidade”. Após a exibição, foi possível promover uma discussão sobre os

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conceitos de sustentabilidade e fazer comparações com as respostas dos alunos do questionário

1.

AULA 08: SISTEMATIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

Objetivo: Sistematizar todo o conteúdo estudado e realizar uma exposição para a turma.

Neste encontro, os alunos apresentaram, em grupos compostos por 6 pessoas, os

resultados dos registros realizados durante a caminhada aos arredores da escola. Além disso, eles

apresentaram, através de cartazes, os conteúdos que haviam sido trabalhados durante a

sequência: conceito de lixo, tipos de lixo, tempo de decomposição, sustentabilidade e

reciclagem.

3.3 Resultados e análise dos dados

Neste capítulo são apresentados os resultados dos instrumentos de pesquisa utilizados

nesse trabalho. Foram agrupados em dois grandes blocos. O primeiro contém registros do diário

de campo com cada encontro realizado e ainda discute os resultados do questionário inicial. Já o

segundo bloco traz os resultados das entrevistas.

3.3.1 Bloco 1: Análise dos questionários

Aqui serão apresentadas as descrições feitas por alunos de pós-graduação da UFRN que

acompanharam as atividades das aulas, construindo, assim, um diário de campo. Serão

apresentadas também imagens fotográficas referentes ao desenvolvimento de cada encontro que

fizeram parte dos registros dos pós-graduandos. Esses registros foram feitos com a intenção de

demonstrar falas e comportamentos dos alunos durante a realização das atividades.

REGISTROS DAS OBSERVAÇÕES DOS ENCONTROS

3.3.1.1 Primeiro encontro

As aulas de Ciências que foram desenvolvidas com os alunos do 9º ano do Ensino

Fundamental II, da Escola Municipal Ferreira Itajubá, tiveram início no dia 09/10/2017. As aulas

foram ministradas sob a orientação da Professora Laryssa Câmara Vasconcelos - autora desse

trabalho -, e do professor tutor da turma.

No primeiro encontro, estavam presentes 22 alunos. O professor tutor da turma iniciou a

aula anunciando que, durante 8 encontros - totalizando 8 aulas de 50 minutos -, os alunos

estudariam um bloco de conteúdos que não fazia parte do livro didático. Durante a fala do

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professor tutor, foi possível observar que os alunos já estavam bastante curiosos em saber quais

os assuntos que seriam trabalhados naquelas aulas. Em seguida, a professora pesquisadora se

apresentou e explicou o objetivo do trabalho que estaria sendo desenvolvido naquela turma,

assim como os conteúdos que seriam trabalhados nas próximas aulas.

Posteriormente, a professora deu inicio a aula com a entrega de um caderno de

atividades, para ser utilizado durante todas as aulas e foi aplicado um questionário cujo objetivo

era conhecer o que sabem os alunos a respeito do tema Lixo, Meio Ambiente e sustentabilidade.

Figura 2 – Caderno de atividades que foi entregue no primeiro encontro das atividades.

Fonte: Próprio Autor

Figura 3 – Alunos participando do primeiro momento da sequência de atividades: respondendo o

questionário.

Fonte: próprio autor.

Esse primeiro encontro foi de extrema relevância para todo o processo da sequência

didática, pois foi possível saber quais as concepções dos alunos sobre as questões relacionadas

ao Meio Ambiente, de acordo com as respostas obtidas nos questionários. A partir das falas de

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alguns alunos, no momento em que os questionários eram respondidos, percebemos que questões

relacionadas ao Meio Ambiente não apresentavam muita relevância para a maioria deles.

Análise do questionário

A primeira pergunta tinha como objetivo conhecer o grau de interesse dos alunos por

assuntos relacionados ao Meio Ambiente. De um total de 22 alunos que responderam ao

questionário, somente 23% afirmaram ser muito interessados por assuntos relacionados ao Meio

Ambiente. As respostas serão apresentadas no quadro (2) a seguir:

Quadro 2: Respostas dos alunos sobre o grau de interesse por assuntos relacionados ao Meio Ambiente

GRAU DE INTERESSE Nº DE ALUNOS %

Muito Interessado 5 23

Razoavelmente interessado 12 54

Pouco Interessado 5 23

Nenhum interesse - -

Total 22 100 Fonte: Elaborado pela autora

Diante das respostas apresentadas observamos a falta de interesse dos estudantes quanto

aos assuntos relacionados ao Meio Ambiente. Com isso, podemos considerar que é indiscutível a

necessidade da conservação em defesa do ecossistema, buscando uma conscientização ambiental

por parte dos indivíduos. Segundo Dias (2004, p 523), é necessário que essa conscientização

ambiental seja um “processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomem

consciência do meio em que vivem e adquiram novos conhecimentos, valores, habilidades,

experiências e determinação que os tornam aptos a agir e resolver problemas relacionados ao

meio ambiente e a sua conservação no presente e no futuro”.

Diante dessa necessidade, cabe ao professor estimular e aproximar seus alunos de aulas

e atividades para que haja uma articulação de ações educativas voltadas para o meio ambiente,

com o objetivo de ter uma convivência mais responsável e consciente referente ao meio.

Percebemos que, durante a aplicação do questionário, foram surgindo conversas paralelas

entre os alunos que faziam referência a algumas perguntas mais específicas. Dentre as principais

questões, é importante destacar o comentário de um aluno ao afirmar: “ninguém aqui nessa sala

se preocupa com o meio ambiente...”, “...isso nem é estudado aqui na escola...”. Isso nos fez

refletir a necessidade cada vez mais urgente de apresentar para os nossos alunos temas

ambientais, visando promover uma conscientização acerca do Meio Ambiente desde muito cedo,

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sendo a escola responsável por dar esse suporte, pensando em um desenvolvimento e uma

educação de qualidade.

A segunda questão objetivava saber qual o entendimento dos alunos sobre conceito de

Meio Ambiente. Cerca de 23% desses alunos afirmaram não saber sobre o questionamento.

Apresentamos o quadro (3) com as respostas dadas pelos alunos.

Quadro 3: Respostas dos alunos sobre o conceito de Meio Ambiente

Alunos Respostas

A1 “para mim eu sempre respeitei o meio ambiente, colocando o lixo no lixo. Tem gente que

não respeita, eu sempre respeito”

A2 “Entendo que é muito importante cuidar e respeitar o meio ambiente”

A3 “Entendi que temos que cuidar mais do nosso ambiente”

A4 “Entendo que é bom ajudar e preservar o meio ambiente”

A5 “Pra mim o meio ambiente é cuidar das coisas tipo a natureza”

A6 ‘”Que o meio ambiente é muito importante para nossa vida”

A7 “Entendo que precisamos cuida de onde nós moramos, para que não acabe com o nosso

mundo”

A8 “Bom, o que eu entendo sobre o meio ambiente é cuidar do lugar onde você mora”

A9 “Cuida do nosso planeta”

A10 “Um mundo de boas condições com melhorias”

A11 “Que é o lugar onde agente vive e que tem muitas florestas”

A12 “Tudo que se refere ao planeta, os animais e a natureza”

A13 “Árvores e lixo”

A14 “Meio ambiente é a natureza”

A15 “Natureza”

A16 “Um conjunto de vegetação e seres vivos”

A17 “O Meio ambiente é necessário para nossa sociedade, por meio do oxigênio que é

produzido pelas árvores podemos viver”

A18 “Não sei”

A19 “Não sei”

A20 “Não sei”

A21 “Não sei”

A22 ‘’Não sei’’

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com as respostas descritas no quadro 3, podemos identificar que um grupo

composto por 45% dos estudantes não definem o conceito de Meio Ambiente, porém citam a

importância da sua preservação, como podemos identificar nas definições seguintes: “Entendo

que é muito importante cuidar e respeitar o meio ambiente”; “Entendi que temos que cuidar

mais do nosso ambiente” e “Entendo que precisamos cuida de onde nós moramos, para que

não acabe com o nosso mundo"

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O conceito de Meio Ambiente foi definido na Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente celebrada em Estocolmo, em 1972, como sendo: “O conjunto de componentes

físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um

prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas.”

A partir desse conceito, esperava-se que os alunos tivessem como respostas a ideia de um

conjunto de condições de um ecossistema, em que atividades humanas interferem na vida de

seres vivos. O meio ambiente é visto como fonte de recurso para ser usufruído pela espécie

humana, cuja sobrevivência está na dependência com o meio ambiente.

Nesse sentido, percebemos que alguns alunos ainda conseguiram fazer uma relação com

o conceito anteriormente citado, tendo o Meio Ambiente como ideia de lugar. Podemos destacar

nas respostas do A11: “(...) lugar em que vivemos”; o A12: “Tudo que se refere ao planeta, os

animais e a natureza”; o A14: “Meio ambiente é a natureza’’; o A16: “Um conjunto de

vegetação e seres vivos’’ e o A17: “O Meio ambiente é necessário para nossa sociedade, por

meio do oxigênio que é produzido pelas árvores podemos viver”.

Assim, verificamos que parte dos alunos define o Meio Ambiente como sendo o meio em

que os seres humanos vivem que é formado pela natureza, animais e vegetação. Já outra parte

dos alunos refere-se ao como sinônimo de cuidado e proteção.

Com base nas respostas dos alunos, foi possível perceber que mesmo os que não sabem

ou não conseguem definir o termo Meio Ambiente, apresentam o conhecimento de que é algo

que precisa de cuidado e relatam a importância desse cuidado e algumas formas de prevenção.

A terceira questão objetivava saber do aluno se em algum momento do seu cotidiano ele

já agiu em proteção ao Meio ambiente. No gráfico (1) são apresentadas as respostas obtidas:

Gráfico 1: Respostas dos alunos referente a pergunta 03 do questionário

72,72%

27,28%

Alunos que já agiram em proteção ao Meio Ambiente

Sim Não

Fonte: Própria autora

De acordo com o gráfico, podemos perceber que mais de 25% dos alunos nunca agiram

em proteção ao Meio Ambiente, ou seja, nunca realizaram ações que contribuíssem para

proteção, fato bastante preocupante em meio à situação em que o planeta se encontra.

Através das respostas obtidas, podemos confirmar que cada vez mais é preciso trabalhar

questões ambientais nas salas de aulas. É importante que sejam implementadas práticas

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ecológicas e conscientizadoras desde muito cedo, tendo a escola responsabilidade de dar suporte

para a prática de uma educação sustentável de qualidade, colocando o Meio Ambiente como

patrimônio de toda uma sociedade, transformando, assim, os estudantes em agentes ativos desse

processo.

Em relação à quarta questão, os estudantes só deveriam responder caso a resposta da

questão anterior tivesse sido sim. A questão estava escrita da seguinte forma: “Caso sua resposta

tenha sido sim na questão anterior, quais ações você realiza para agir em proteção ao Meio

Ambiente?” O quadro abaixo apresenta as respostas dadas pelos estudantes.

Quadro 4: Respostas dos alunos sobre suas ações já realizadas em proteção ao Meio Ambiente

A1 “jogando lixo no lixo, Vidro, plástico, metal e etc...”

A2 “jogando lixo no lixo”

A3 “Não jogo lixo na rua e quando vejo alguém jogando vou lá e reclamo”

A4 “Reciclo as embalagens”

A5 “Jogo o lixo na lixera dentre varias outras coisas”

A6 “Jogo o lixo na lixeira”

A7 “Não jogo o lixo na rua, não gasto muita água”

A8 “Não gasto muita água e não jogo lixo no chão”

A9 “Não jogo lixo no chão, não gasto água nem luz e tudo”

A10 “Evito a poluição do meio ambiente”

A11 -

A12 “Eu tento reutilizar garrafa PET e cuido das plantas”

A13 “colocar lixo no lixo”

A14 -

A15 “Cuidar de árvores e não deixar elas morrerem”

A16 -

A17 “plantando mudas de árvores em proteção ao meio ambiente”

A18 “Não jogar o lixo no chão e separar os tipos de lixo”

A19 “Não jogar lixo na rua”

A20 -

A21 -

A22 -

Fonte: Própria autora

Dos 16 alunos que responderam “sim”, 81% utilizaram as expressões:

“jogando lixo no lixo”;

“não jogar lixo na rua”;

“não jogar o lixo no chão e separar os tipos de lixo”;

“Separação do lixo e reciclagem”;

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Com base nas respostas, pudemos perceber que a maioria dos alunos tem o conhecimento

de que a poluição do lixo é um grande problema e que pode ser amenizado a partir da

conscientização do próprio ser humano. Quanto ao grupo que afirmou agir em proteção ao meio

ambiente ao não jogar lixo nas ruas, os alunos A7, A8 e A9 também se preocupam com outros

recursos como, por exemplo, o racionamento da água.

Além das ações referentes à questão do lixo, podemos citar outro tipo de ação, que

totalizou 19% das respostas e refere-se à plantação e ao cuidado com as árvores. Para esses

alunos, a ideia do plantio de árvores ajuda na purificação do ar, tornando-se extremamente

importante para um ambiente mais limpo e puro.

A quinta questão tinha como objetivo que o aluno identificasse qual o maior problema

ambiental existente no bairro em que ele vive. No quadro 5, estão descritas as repostas obtidas.

Quadro 5: Respostas dos alunos sobre o problema ambiental existente no ambiente em que ele vive.

A1 “O grande problema vem da falta de respeito das pessoas”

A2 “Poluição e desmatamento com queimadas”

A3 “Muito lixo e entulho nas ruas”

A4 “Não reciclagem”

A5 “o desmatamento da queimagem do lixo”

A6 “A queima do lixo”

A7 “lixo”

A8 “Muito lixo acumulado”

A9 “poluição e desmatamento”

A10 “Muita poluição e a falta da mobilização das pessoas que moram no mesmo lugar”

A11 “o lixo espalhado nas ruas”

A12 “sujeira das ruas”

A13 “Corte de árvores”

A14 “poluição”

A15 “o lixo na beira do rio”

A16 “falta de árvores e o lixo nas ruas”

A17 “desmatamento de árvores”

A18 “lixo espalhado pelas ruas, emcima de calçadas”

A19 “A falta de coletor de lixo e de pessoas educadas”

A20 “queimadas”

A21 “Muita sujeira”

A22 “desmatamento e objetos que não se usa colocados em lugares abertos”

Fonte: Própria autora

No momento da aplicação desse questionário, foi pedido para que os alunos utilizassem

como referência o bairro em que moram para analisar esse possível problema. De acordo com o

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quadro descrito, o A1 não declarou qual o problema existe, porém afirmou que o grande

problema vem da falta de respeito das pessoas. Diante desse relato, pode-se perceber que o

determinado aluno já apresenta certo grau de conscientização em relação à falta de educação que

as pessoas têm no que diz respeito ao Meio Ambiente.

Dos alunos restantes, pode-se identificar que 54% afirmaram que o maior problema

ambiental que existe no bairro em que residem está relacionado com a questão do lixo, conforme

os relatos:

“o lixo espalhado nas ruas”;

“sujeira das ruas;

“Muita lixo e entulho nas ruas”;

Os alunos A10 e A19 foram além da identificação do problema e, em suas respostas,

identificaram que esses problemas decorrem da falta de coletores de lixo nas ruas, além da falta

da mobilização das pessoas que residem nesse lugar.

Outro grupo de alunos retrata, como problema existente, questões relacionadas ao

desmatamento e às queimadas. Destacamos que, ao citarem as queimadas, os alunos ainda

associam esse problema como oriundo do acúmulo do lixo, como nos relatos dos alunos A5 e

A22, conforme abaixo:

“o desmatamento da queimagem do lixo”;

“desmatamento e objetos que não se usa colocados em lugares abertos”;

Somente um aluno citou o corte de árvores como um problema existente em seu bairro.

Então, foi possível perceber, a partir da resposta dos alunos, que eles são capazes de identificar

problemas ambientais que existem no ambiente em que vivem, porém não basta somente

conhecer o problema. É necessário que exista uma mudança de comportamento diante disso e,

por conseguinte, o desenvolvimento de práticas de transformação de valores, hábitos e atitudes

que devem ser promovidas continuamente pelos alunos, buscando alcançar uma melhor

qualidade de vida.

A questão 6 objetivava saber quais eram as principais consequências causadas pelos

problemas citados por eles na questão anterior. No quadro 6, estão descritas as respostas

correspondentes.

Quadro 06: Respostas dos alunos sobre as consequências dos problemas ambientais citados na questão anterior

A1 “Sujeira nas ruas do meu bairro, doenças”

A2 “Ar poluído que prejudica a respiração”

A3 “ruas alagadas quando chove, doenças, mosquitos e moscas”

A4 “poluição”

A5 “poluição do ar quando queima lixo e móveis”

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A6 “problemas aos animais de ruas”

A7 “falta de coleta de lixo causa sujeira”

A8 “pessoas que não ligam mais para sujeira”

A9 “morte de animais”

A10 “estado deplorável das ruas e do meio ambiente”

A11 “esgotos entupidos, enchentes por causa do lixo nas ruas”

A12 “falta de espaços saudáveis, ruas sujas, doenças como a leptospirose, dengue”

A13 “Não sei”

A14 “esgotos entupidos nos dias de chuva”

A15 “poluição da água e doenças pela água poluída”

A16 “para falta de árvores: ar poluído e para o lixo: morte de animais que se alimenta do lixo da rua”

A17 “poluição do ar e problemas de respiração”

A18 “enchentes, bueros, que já causou morte”

A19 “problema de coleta de lixo”

A20 “desmatamento”

A21 “doenças”

A22 “mais poluição quando desmata”

Fonte: Própria autora

De acordo com as respostas dos alunos, foi elencada uma série de problemas, por

categoria, de acordo com um maior número de respostas. Podemos destacar, então:

Doenças: Problemas respiratórios, leptospirose, dengue, dentre outros.

“poluição do ar quando queima lixo e móveis”;

“Ar poluído que prejudica a respiração”;

“poluição da água e doenças pela água poluída”;

Ruas alagadas;

“ruas alagadas quando chove, doenças, mosquitos e

moscas”;

“enchentes, bueros, que já causou morte”;

“esgotos entupidos nos dias de chuva”;

Presença de mosquitos e moscas;

“ruas alagadas quando chove, doenças, mosquitos e moscas”;

“ falta de coleta de lixo causa sujeira”;

“estado deplorável das ruas e do meio ambiente”;

Problemas causados aos animais.

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“morte de animais”;

“para falta de árvores: ar poluído e para o lixo: morte de animais que se alimenta do lixo da rua”;

Quanto às doenças respiratórias, os alunos afirmaram que seriam decorrentes da queima

de lixo acumulados nas ruas, ocasionando muita fumaça, prejudicando, assim, pessoas com

problemas respiratórios, como a asma, problemas de rinite e sinusite. Além dos problemas

respiratórios, foi citado um caso de morte de um morador do bairro por leptospirose, doença

causada pela contaminação da urina do rato. Dentre outros relatos, o A18 revela que já existiu

um caso de morte de uma pessoa por alagamento em decorrência de um bueiro entupido. Outros

sérios problemas declarados pelos alunos são as mortes de animais que se alimentam de resto de

lixo. Diante disso, somente um aluno afirmou não saber consequências do problema citado, que

no caso era o corte de árvores.

A questão 7 buscava saber de quem dependia a solução dos problemas ambientais. A

partir do gráfico (2), podemos observar as respostas dadas:

Gráfico 2: Respostas dos alunos referente a pergunta 07 do questionário

A solução dos problemas ambientais depende das:

4%

Pequenas ações humanas

32% realizadas no cotidiano

Ações da prefeitura do

63% Município

Empresas responsáveis pela

coleta de lixo

Fonte: Própria autora

Diante do gráfico, podemos perceber que a maioria dos alunos acredita que pequenas

ações no seu próprio cotidiano podem fazer a diferença. Um total de 32% afirmou que esses

problemas são resolvidos apenas por ações da Prefeitura de seu município e ainda 4% acreditam

que as empresas responsáveis pela coleta de lixo no seu bairro são os responsáveis pela solução

dos problemas ambientais.

Com isso, pode-se perceber que mesmo a maioria dos alunos sabendo que a mudança em

suas próprias ações no cotidiano já são capazes de ajudar a preservar o Meio Ambiente, poucos

colocam em prática o que afirmam, reforçando mais uma vez a ideia da necessidade de se inserir

nas aulas de Ciências propostas que visem trabalhar em sala de aula temas próprios do contexto

social, implementando ideias que anseiem à construção de um mundo melhor.

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A questão 8 tinha como objetivo saber se o aluno tinha conhecimento do termo

Sustentabilidade. As respostas, portanto, estão descritas no quadro 7.

Quadro 07: Respostas dos alunos sobre o conceito de sustentabilidade

A1 “Não sei”

A2 “Em mundo mais sustentável”

A3 “Não sei”

A4 “Não sei”

A5 “Não sei”

A6 “Um mundo mais sustentável”

A7 “Coisas que são sustentáveis para reutilizar”

A8 “Não sei”

A9 “ajuda o meio ambiente”

A10 “Uma vida de condições melhores”

A11 “Não sei”

A12 “São condições que ajudam ao meio ambiente”

A13 “Não sei”

A14 “Um mundo mais sustentável”

A15 “Não sei”

A16 “Não sei”

A17 “reutilizar água, plantar mudas e viver sem acabar com o meio ambiente”

A18 “Não sei”

A19 “aquilo que pode ser reutilizado”

A20 “reutilização”

A21 “Nada”

A22 “reutilização”

Fonte: Elaborado pela autora

Diante das respostas obtidas, pode-se observar que 50% dos alunos não souberam definir

o termo sustentabilidade. Os alunos A2, A6 e A14 apresentaram a mesma resposta para o

conceito de sustentabilidade que é “um mundo mais sustentável”, porém continuam sem

conhecer o significado dos termos sustentabilidade e sustentável.

Outro grupo de alunos acredita que sustentabilidade refere-se à reutilização de algo que

já foi utilizado, como observamos nesses relatos: “Coisas que são sustentáveis para reutilizar’’;

‘’ reutilizar água, plantar mudas e viver sem acabar com o meio ambiente”. Somente o aluno

A10 apresentou uma resposta mais próxima da que se esperava: “Uma vida de condições

melhores”, relacionando sustentabilidade a melhores condições de vida.

O último questionamento filtrava dos alunos com que frequência os assuntos ligados ao

Meio Ambiente e a Sustentabilidade eram trabalhados em sala de aula.

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Segundo as respostas dos alunos, 94% afirmaram que raramente ou nunca os assuntos

relacionados ao Meio Ambiente são trabalhados em sala de aula, fato bastante preocupante, pois

sabemos que falar sobre questões ambientais e sustentabilidade são assuntos que a escola não

pode deixar de inserir em seu currículo. Mais do que isso: é preciso fazer com que nossos alunos

percebam que, a partir das nossas próprias atitudes, estaremos contribuindo para um futuro cada

vez mais sustentável.

Após a análise desse questionário, pudemos identificar o que os alunos já sabiam a

respeito da temática, nos dando subsídios para iniciar o desenvolvimento das atividades que

foram propostas.

A partir dos resultados obtidos com relação às concepções dos estudantes sobre temas

relacionados ao Meio Ambiente e aos impactos ambientais, verificou-se que os alunos não

apresentam ideias formadas sobre o conceito, tratando-se de uma temática que dificilmente é

tratada em sala de aula.

Sendo assim, com base nessa análise, percebemos que a inserção da temática

sustentabilidade a partir de uma abordagem CTS, numa discussão em um contexto escolar, pode

ser uma interessante estratégia de ensino que possibilita ao aluno pensar criticamente as

situações cotidianas.

3.3.1.2 Segundo encontro

Após a aplicação do questionário 1, aconteceu o segundo encontro. Nesse, a pesquisadora

sugeriu a leitura intitulada: INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE LIXO. No primeiro momento

da aula, um aluno leu em voz alta o texto que estava no caderno de atividades, cujo título era: “O

que é lixo?”. Após a leitura do texto, a professora fez os seguintes questionamentos:

O que você entende por lixo? ;

O que é lixo doméstico?

O que você faz com o lixo que você produz?

Você tem noção da quantidade de lixo que você produz por dia?

Você conhece algum tipo de problema que pode ter sido causado pelo lixo ou

pelo acúmulo dele?

Durante a aula, as questões foram sendo projetadas em slides, com ilustrações e

conceitos que respondem algumas dessas perguntas. Alguns alunos mostraram-se muito

motivados e participaram bastante. Alguns alunos acabavam respondendo em voz alta os

questionamentos que foram feitos, dentre eles destacamos algumas falas:

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O que você entende por lixo?

“Tudo que já usamos e não serve mais...”;

“É aquilo que é sujo...”;

“É o que não presta e precisamos jogar fora...”;

“São residuos que não servem mais para nada...”;

Quanto ao questionamento: “Você tem noção da quantidade de lixo que você produz por

dia?’’, um dos alunos acabou respondendo em voz alta que não produzia lixo. A partir dessa

resposta, os alunos ficaram bastante agitados e respondendo todos ao mesmo tempo. Já diante

dessa afirmação, a professora fez o seguinte questionamento ao aluno que respondeu que não

produzia lixo: “O que você faz com a embalagem do biscoito quando termina de lanchar no

intervalo da escola?”. Nesse momento, todos ficaram em silêncio pensando na pergunta que

havia sido proposta. Com base nesse questionamento e do esclarecimento do conceito de lixo,

foi possível observar que toda a turma, não somente o aluno que respondeu alto, passou a

compreender que todo ser humano produz uma certa quantidade de lixo, uns em maior

quantidade e outros em menor. Outro questionamento que também gerou uma boa discussão foi:

Quais os principais problemas causados pelo acúmulo do lixo?

“Muita sujera nas calçadas...”;

“Criação de ratos que causa uma doença que se chama Letospirose...”;

“A queima do lixo faz com que as pessoas fiquem cansadas...”;

“As moscas que ficam sobre o lixo gera muitas doenças”;

Após o debate das questões propostas no início da aula, a professora orientou que os

alunos realizassem, no caderno de atividades, os registros dos conceitos discutidos no decorrer

da aula. Neste momento, um aluno perguntou se tinha que responder com suas próprias palavras

ou se era para utilizar a internet e a professora respondeu que era preciso responder com suas

próprias palavras. A maioria dos alunos fizeram seus registros em silêncio, porém ainda tiveram

aqueles que falavam: “Não sei escrever sobre isso”; “Esse assunto é muito difícil”; e, nesse

momento, a professora pediu para que eles pensassem nos conceitos que foram debatidos em

sala.

Dessa forma, o segundo encontro foi conduzido com a finalidade de fazer os alunos

pensarem sobre o tema proposto e de aflorar a curiosidade que sempre surge no seu dia a dia,

além de promover uma conversa informal acerca da questão norteadora da intervenção: “O lixo

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no meu bairro”, destacando conceitos importantes para o desenvolvimento das aulas

subsequentes.

Dessa forma, com a ampliação de alguns conceitos a partir dos conhecimentos prévios

que os alunos já traziam, houve a finalização do segundo encontro.

Figura 4 – Alunos participando do segundo momento da sequência de atividades: esse foi o momento em que

os alunos realizavam os registros referente aos questionamentos feitos quanto ao conceito de lixo.

Fonte: próprio autor

3.3.1.3 Terceiro encontro

Neste terceiro encontro, a professora iniciou a aula fazendo uma retomada do conceito de

lixo que havia sido discutido na aula anterior, a partir da projeção de algumas imagens. Em

seguida, a professora pediu para que um aluno fizesse a leitura do texto da aula 03:

“SOCIEDADE, CONSUMO E MEIO AMBIENTE”, também presente no caderno de atividades.

Após a leitura, a turma foi levada para biblioteca, onde foi realizada a exibição do

documentário “História das coisas”. Esse documentário teve a duração de aproximadamente 22

minutos. Ao chegarem à biblioteca, os alunos estavam bastante agitados e aos poucos foram se

organizando. Durante a exibição, muitos alunos prestaram atenção e faziam suas anotações. Ao

final do documentário, a professora iniciou uma discussão a respeito do tema que havia sido

exibido, fazendo uma relação entre o consumismo desenfreado e o problema do lixo.

Durante a discussão, um aluno comentou que já havia lido o livro História das coisas:

“Da natureza ao lixo: o que acontece com tudo que consumimos”, que inclusive havia

encontrado na própria biblioteca da escola. O aluno relatou que teve interesse em ler o livro por

indicação de um amigo que havia lido em uma aula de Ciências em outra escola.

O aluno fez o seguinte relato: “quando li o nome do livro achei que era para falar de como

as coisas eram feitas, só que quando comecei a ler percebi que o livro falava dos estágios que

um produto passa para chegar as nossas mãos, a gente pensa que é muito simples a produção

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de um produto, mas não imagina por exemplo de onde vem o algodão que utilizado nas nossas

fardas...”.

Figura 05: Momento em que o aluno apresenta para turma o conteúdo do livro: ‘’ A história das coisas’’ e

incentiva aos demais a realizarem a leitura.

Fonte: próprio autor

Com o relato do aluno e ao finalizar a discussão sobre a relação existente entre o

consumismo exagerado e o prejuízo que isso vem causando ao Meio Ambiente, a professora

pediu para que os alunos fizessem seus registros no caderno de atividades.

Nesta aula pode-se trabalhar, além do conceito de lixo, a ideia de consumismo, fazendo

uma relação direta com o capitalismo. Nesse sentido, os alunos afirmaram que a indústria de

bens de consumo acaba sendo uma grande responsável pelo problema do lixo.

Acredita-se que a utilização do vídeo “história das coisas” como recurso didático para o

desenvolvimento dessa aula gerou nos alunos motivação para novas situações, como um

espectador crítico. A utilização do vídeo gera uma forma diferenciada de aprendizagem,

estimulando a quem assiste, principalmente devido ao dinamismo. Assim, possibilita a recriação

de formas inusitadas e gera uma mudança nas diversas atividades pessoais, afetando valores,

identidades, nossa forma de trabalho e de expressão (SALINAS, 1988).

3.3.1.4 Quarto encontro

Nesta aula, a professora deu início fazendo uma retomada do que havia sido discutido na

aula anterior. Em seguida, pediu para que os alunos abrissem o caderno de atividades no tópico:

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“Os caminhos do lixo: da geração a prevenção” e, inicialmente, foram realizados alguns

questionamentos que estão descritos a seguir:

Como se dá o descarte de lixo em sua residência?

Você costuma separar o lixo para que ele possa ser reaproveitado?

O que é reciclagem?

Quais os tipos de materiais que podem ser reciclados?

No momento em que a professora projetou esses questionamentos no quadro, a turma

ficou bastante agitada e todos os alunos falavam ao mesmo tempo. Pode-se observar que esse foi

um dos encontros em que os alunos mais interagiram e tiveram mais dúvidas e curiosidades.

Durante o momento de discussão, um aluno relatou que próximo a sua casa, localizada no

mesmo bairro da escola, existia uma fábrica de reciclagem de papelão e afirmou que ao passar

todos os dias por essa fábrica ficava se perguntando de onde vinha tanto material para que

pudesse ser reciclado. Nesse momento, ficou nítido o estímulo dos alunos por tratar de

determinados assuntos que envolvem o seu cotidiano, porque, também, muitos deles relataram

fatos que já haviam presenciado, causando um momento de intensa troca de experiências.

Após essa conversa houve a exibição do vídeo: “Os caminhos do lixo: da geração a

prevenção”, que relata os principais problemas ocasionados pelo acúmulo do lixo, além de

identificar possíveis soluções para esse problema. Durante a exibição do filme, os alunos ficaram

em silêncio e após esse momento responderam a atividade referente ao filme no caderno de

atividades.

Figura 06: Momento em que os alunos assistiam ao vídeo: Os caminhos do lixo: da geração a prevenção.

Fonte: Própria autora

Diante dos registros dos alunos, podemos identificar que algumas questões chamaram

bastante atenção deles durante a exibição do vídeo. Dentre elas, podemos destacar a quantidade

de lixo que é produzido todos os dias no Brasil.

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Alguns alunos relataram que, até o momento que assistiram ao vídeo, não sabiam que

existiam cores diferentes para tipos de lixos nas lixeiras da coleta seletiva. Outros ficaram

surpresos com o tamanho das usinas de reciclagem que existem no nosso país.

Durante esse momento, um aluno fez o seguinte relato: “Eu achei que só tinha

reciclagem nessas latinhas de cores que tem nas pracinhas, não sabia que tinha usinas enormes

para esse processo”. Diante desse relato, a professora mostrou algumas imagens de usinas de

reciclagem que existem no nosso país.

Com base no desenvolvimento dessa aula, verificamos que é importante e necessário que

se explore cada vez mais situações conhecidas pelos alunos, em prol da realização de atividades

que envolvam o interesse dos mesmos, facilitando, assim, o entendimento de conceitos.

Portanto, nessa aula os alunos fizeram diversas comparações em relação à forma de como

poderia ser feito a separação do lixo de suas residências e o que era feito com esse material ao

chegarem ao caminhão de lixo.

Para finalizar esse encontro, a professora deu orientações acerca de uma caminhada pelos

arredores da escola que será realizada na aula seguinte.

3.3.1.5 Quinto encontro

Neste encontro, os alunos chegaram à sala bastante agitados e curiosos, pois iriam fazer

uma atividade diferente das quais costumavam fazer. Porém, ao chegar à sala dos professores

para comunicar à coordenação que seria naquele dia que a turma iria realizar a caminhada pelos

arredores da escola, a coordenação pediu para que a atividade não fosse realizada, pois a aula era

no primeiro horário que iniciava às 13:00 horas e, dessa forma, ainda estava muito quente para

uma caminhada com os alunos.

Nesse instante, a professora retomou para sala de aula e esclareceu para os alunos que

não ia ser possível realizar a atividade e explicou os motivos. Os alunos ficaram bastante

chateados e afirmaram que nunca era possível fazer aulas diferentes.

No mesmo momento, a professora sugeriu aos alunos que fizéssemos uma caminhada

virtual pelas ruas do bairro. Os alunos conheceriam algumas ruas do bairro a partir de fotos que

seriam projetadas em slides.

Nessa aula também foi apresentado um fato que teve bastante repercussão nos jornais

locais da nossa cidade. Foi apresentada uma reportagem de um corpo que havia sido encontrado

em meio a entulhos enrolado em um saco de lixo, nas proximidades da escola.

Para surpresa da professora, muitos alunos tinham conhecimento do fato e até conheciam

a rua em que tudo havia acontecido. Em meio às discussões, um aluno relatou que próximo a sua

residência recentemente teria encontrado um crânio em meio ao lixo, porém esse fato não teve

repercussão na imprensa local.

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Durante essa aula, os alunos mostraram-se bastante motivados em compartilhar o que

sabiam. Após os debates e questionamentos, a professora solicitou que os alunos observassem no

caminho da escola para casa o ambiente pelo qual eles passavam e ao chegarem em casa

realizassem um registro a partir de desenhos no caderno de atividades.

Com a participação de quase 100% dos alunos, essa foi uma aula bastante agitada, em

que os alunos puderam expor problemas comuns do bairro.

Diante desse momento de participação ativa de todos, reconhecemos que, quando o aluno

sai da plateia e passa a ser protagonista no processo de construção de saberes, os avanços são

significativos e é perceptível o quanto se sentem importantes nas aulas. Curiosos para saber

como seria a aula seguinte, os alunos foram separados em grupo e foi possível perceber posturas

relacionadas à liderança de alguns alunos que organizaram todo o grupo atribuindo-lhes funções.

Figura 07: Caminhada virtual pelos arredores da escola, a partir de imagens de ruas do bairro. Fonte: Própria autora

Figura 08: Registro das observações realizadas pelos alunos do Caminho de casa até a escola. Fonte: Própria autora

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Figura 09: Registro das observações realizadas pelos alunos do Caminho de casa até a escola.

Fonte: Própria autora

Figura 10: Reportagem discutida em sala de aula.

Fonte: G1 - Reportagem

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3.3.1.6 Sexto Encontro

Este encontro aconteceu na quadra de esportes da escola. A professora e os alunos se

acomodaram sentados no chão. No primeiro momento da aula, a professora pediu para que um

aluno fizesse a leitura do texto “TIPOS DE LIXO: ORGÂNICO X INORGÂNICO”, que estava

no caderno de atividades. Após a leitura, a professora perguntou aos alunos se eles sabiam

diferenciar o lixo orgânico do inorgânico, mas nenhum dos alunos soube fazer essa distinção.

Assim, antes de realizar a explicação, a professora apresentou diversas embalagens de materiais,

como, por exemplo:

Lata de refrigerante;

Caixa de leite;

Garrafa PET;

Barbante;

Garrafa de vidro;

Copo descartável;

Papelão;

Resto de casca de alimentos.

A partir desses materiais, a professora fez a distinção entre lixo orgânico e inorgânico

baseado na origem biológica. Em seguida, fez o seguinte questionamento: “Você imagina quanto

tempo uma folha de papel demora para se decompor?” e “E uma casca de banana?”.

Após esse momento, os alunos foram orientados a se organizar em grupos para realizar

uma atividade com elaboração de cartazes diferenciando os tipos de lixo, além da elaboração de

uma tabela com diferentes tipos de materiais com o tempo de decomposição de cada um. Então,

foi informado que este material seria exibido no último encontro com os alunos.

Figura 11: Momento de orientação para elaboração dos cartazes para amostra final.

Fonte: Própria autora

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Figura 12: Momento de elaboração dos cartazes para amostra final. Fonte: Própria autora

Nessa aula, os alunos tiveram a oportunidade de construir materiais para a exposição no

último encontro. A partir da elaboração desses materiais, pode-se perceber que a maioria deles

mostrava-se mais confiantes em participar da exposição que seria feito para as demais turmas da

escola.

3.3.1.7 Sétimo encontro

Nesta aula, a professora deu início com uma conversa informal sobre o tema

sustentabilidade. O conceito de sustentabilidade foi uma das perguntas contidas no questionário

aplicado no início das atividades da sequência, em que a maioria dos alunos afirmou que não

sabia o significado da palavra sustentabilidade.

Quando a professora deu início à conversa, os alunos continuaram sem saber o que

significa esse conceito. Para um melhor esclarecimento, a professora exibiu o vídeo:

“Sustentabilidade. Gestão para a sustentabilidade” e, após a exibição do vídeo, o conceito foi

discutido entre todos a partir da utilização de slides. Nesse encontro, os alunos ficaram bastante

tímidos e não interagiram.

Após assistirem ao vídeo e participarem de uma discussão em torno do conceito de

sustentabilidade, os alunos foram orientados a elaborar um conceito diferente daquele que eles

tinham registrado no questionário 1.

Ao comparar o novo conceito do termo sustentabilidade com o que haviam citado

anteriormente, no questionário, muitos alunos ficaram surpresos por terem revistos suas

respostas, principalmente aqueles alunos que afirmaram não conhecer o termo. Esse momento

foi extremamente importante para que eles percebessem que o conhecimento se constrói com

estudos e pesquisa e que pode ser modificados a depender da maneira como se estuda.

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Figura 13: Reformulação do conceito de sustentabilidade após as discussões em sala de aula.

Fonte: Própria autora

Ao finalizar o momento da reformulação do conceito do termo sustentabilidade, os

alunos foram agrupados novamente para organizarem a atividade de apresentação e fechamento

de atividades. Seguem, abaixo, os grupos que surgiram após a organização:

Grupo 01: O que é lixo? Tipos de lixo

Grupo 02: Decomposição de diferentes tipos de materiais;

Grupo 03: Processo de reciclagem;

Grupo 04: Sustentabilidade / Maneiras para viver de forma sustentável

3.3.1.8 Oitavo Encontro

Neste último encontro, foi proposta uma exposição das descobertas e dos trabalhos

realizados para as demais turmas da escola. Para isso, a sala foi organizada com os cinco grupos,

ficando os cartazes distribuídos por todo o espaço da sala.

Três grupos participaram da exposição em forma de cartazes (os grupos com temáticas:

decomposição, reciclagem e sustentabilidade) e os demais (referentes às temáticas: o que é lixo e

tipos de lixo) não apresentaram. Poucos alunos não se sentiram à vontade para a apresentação,

alegando a timidez.

Durante a atividade, as falas dos alunos marcam a assimilação dos conteúdos e a reflexão

sobre o tema: “o lixo inorgânico demora muito a se decompor”, “assim como o pneu, as

garrafas também demoram muito a se decompor”, “o que jogamos no esgoto pode estar indo

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para os rios”, “tem pessoas que vivem da reciclagem, no nosso bairro tem um grupo assim”.

Em todo momento, os alunos estabeleciam relações com a vida no bairro das Quintas e a

temática do lixo.

Esse último encontro, portanto, foi vivenciado com muito entusiasmo pelos alunos, em

que eles assumiram o papel de protagonista.

Durante esse encontro, pudemos destacar a importância do trabalho coletivo e a

autonomia desses alunos ao terem que organizar uma apresentação para os colegas de outras

séries. O trabalho em grupo favoreceu o desenvolvimento de características, como: cooperação,

responsabilidade e interação com os demais colegas. Além disso, favoreceu, também, uma

melhor compreensão do conteúdo, principalmente para aqueles alunos que tiveram uma

determinada dificuldade em assimilar o conteúdo. Para alguns grupos, também pudemos

observar a superação da timidez ao falar em público.

Esse momento de socialização foi extremamente enriquecedor na etapa final da

sequência de atividades. Os alunos viram-se na responsabilidade de “ensinar” o que aprenderam

e fazer com que os colegas entendessem o que eles estavam apresentando.

A seguir, serão apresentadas algumas imagens referentes às apresentações dos trabalhos

na sistematização das atividades que foram desenvolvidas ao longo da sequência.

Figura 14: Apresentação dos cartazes elaborados para a sistematização dos conteúdos. Grupo: Reciclagem

Fonte: Própria autora

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Figura 15: Apresentação dos cartazes elaborados para a sistematização dos conteúdos.

Grupo: Lixo orgânico e inorgânico -tempo de decomposição de diferentes materiais.

Fonte: Própria autora

Figura 16: Registro da turma ao final da sequência de atividades

Fonte: Própria autora

A sequência didática desenvolvida nessa escola pode ser considerada como mais uma

ferramenta na construção de saberes, em que foi possível comprovar na prática o envolvimento

dos estudantes e o entusiasmo em desenvolver as atividades a cada encontro. Enquanto

professora em constante formação, me questiono a respeito do desenvolvimento das aulas de

Ciências que esses alunos já vinham tendo, penso também o porquê de não se trabalhar desde as

séries iniciais as temáticas que envolvam o Meio Ambiente e até mesmo que essas aulas possam

ser trabalhadas em um contexto real/local.

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Quando trabalhamos com questões do tipo “Qual a quantidade de lixo que você produz

por dia”, estamos instigando esses jovens a problematizar e buscar respostas e possíveis

alternativas como soluções para essas questões.

Diante das respostas e os relatos obtidos durante o desenvolvimento das atividades, foi

fácil notar o quanto os alunos reconheceram a abordagem como inovadora, no sentido de

aproximar um conteúdo que antes era estudado com tanto distanciamento e que na maioria dos

casos nem era trabalhado. Durante as aulas, foi possível perceber como os alunos destacaram

pontos relevantes do seu cotidiano e atribuíram para a temática que estava sendo discutida. Ao

final dos encontros, foi questionado à turma sobre as contribuições ou não da sequência didática.

A maioria dos alunos afirmou que não conheciam o conceito de sustentabilidade e que as aulas

foram proveitosas para eles entenderem a importância da preservação ambiental e do cuidado

com o lixo. Um dos alunos afirmou que, após essas aulas, percebeu que por trás de sua casa

existia uma tubulação subterrânea que despejava esgoto no mangue e afirmou: “antes eu não

ligava”. Nota-se, consequentemente, a tomada de consciência por parte dos estudantes sobre a

temática e a necessidade de promover, no ensino básico, a educação ambiental dos estudantes.

Diante disso, percebemos que a proposta que foi desenvolvida a partir da sequência

didática foi muito significativa para àqueles alunos, naquele cenário, possibilitando trabalhar

questões ambientais perante um ensino de ciências contextualizado, tendo como suporte a

abordagem CTS.

3.3.2 Bloco 2: Análise da Entrevista

A seguir, discutem-se os resultados obtidos a partir da análise da entrevista aplicada

pelos alunos aos moradores do bairro em que foi desenvolvida a pesquisa. Essa entrevista fez

parte de uma das atividades desenvolvidas durante a sequência didática. Sendo assim, a

entrevista tinha como objetivo investigar os impactos que o lixo dos arredores da referida escola

causam à comunidade escolar. A aplicação ocorreu com 24 entrevistados e 100% dos

entrevistados responderam as 10 questões. Nesse contexto, a primeira questão tinha o intuito de

saber quanto tempo os moradores residiam no bairro das Quintas e mais de 50% dos

entrevistados residiam nesse bairro por mais de 40 anos.

Na segunda questão, os entrevistados foram perguntados quanto à aparência do bairro em

que residem. As respostas estão apresentadas no gráfico (3), a seguir:

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Gráfico 03: Respostas dos alunos referente a pergunta 02 da entrevista

Aparência do bairro

16% Boa 27%

Regular

57%

Ruim

É possível observar que, de acordo com a maioria dos moradores, o bairro apresenta uma

aparência entre regular e ruim. Nenhum dos entrevistados afirmou que o bairro apresentava uma

ótima aparência e somente 16% afirmaram ter uma boa aparência.

A terceira questão - “O que você entende por lixo?” - indagava aos moradores sobre o

entendimento que possuem do conceito de lixo. A seguir, no quadro 8, apresentamos as

respostas:

Quadro 08: Concepções dos moradores sobre o que é lixo

Entrevistados Respostas

E1 “Uma sujeira, uma poluição só”

E2 “Uma porcaria”

E3 “São coisas que não usamos mais ou que estão velhas”

E4 “Éh uma coisa que não presta mais para nada”

E5 “Tudo aquilo que não presta, e não pode ser utilisado novamente”

E6 “É o que pode ser reutilizado e reciclado. Reutilizar o lixo orgânico

como adubo para as plantas”

E7 “Tudo que não presta: papel velho”

E8 “É tudo aquilo que não pode ser reaproveitado”

E9 “Lixo são dejetos que podem ser reciclados de forma correta”

E10 “Lixo é todo e qualquer resíduo proviniente de atividade humana”

E11 “Sujeira e coisas velhas”

E12 “Tudo aquilo que não é consumível”

E13 “Coisas que não prestam”

E14 “Para mim é tudo aquilo que não vamos precisar mais nem pra mim

nem pra ninguém”

E15 “Tudo aquilo que não serve mais”

E16 “Resto de comida, resido, coisas que ninguém quer mais”

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E17 “Lixo é o que se bota no lixo, resto de comida que descartamos”

E18 “Lixo é coisa que não presta e que não é pra ser usado”

E19 “Eu entendo por coisas descartáveis”

E20 “Coisas que são usadas e depois jogadas fora”

E21 “Coisas que já usamos e não serve mais”

E22 “O que agente joga fora”

E23 “Não entendo nada”

E24 “O lixo trás benefícios e malefícios. O beneficio é que muita gente”

sobrevive do lixo e o mal que faz são as doenças” Fonte: Elaborado pela autora

Diante disso, lixo é um conceito que apresenta diversos significados. De acordo com

Yoshitake (2004), “lixo é todo e qualquer material descartado pela atividade humana, doméstica,

social e industrial, que é jogado fora, pois para o seu proprietário não tem mais valor.” Já para

Amorim (2010), “lixo é tudo o que é descartado e que não é percebido e que não possui utilidade

imediata.”.

No dicionário Aurélio, encontramos as seguintes definições:

1) Qualquer matéria ou coisa que repugna por estar suja ou que se joga fora por não ter

utilidade

2) Resíduo resultante de atividades domésticas, comerciais, industriais, etc.

3) Local ou recipiente onde se acumulam esses resíduos ou matérias.

Para 79% dos entrevistados, o conceito de lixo está associado à sujeira e a coisas que já

foram utilizadas e que não apresentam mais nenhuma utilidade, ou seja, são jogados fora ou por

estarem em um estado velho ou por não apresentarem mais funcionalidade, conforme os relatos

abaixo:

“São coisas que não usamos mais ou que estão velhas”

“Lixo é coisa que não presta e que não é pra ser usado”

“Para mim é tudo aquilo que não vamos precisar mais nem pra mim nem pra ninguém”

O E10 ressaltou que “lixo é proveniente da atividade humana, sendo gerados pelos

próprios seres humanos”; o E8 afirma que “lixo é tudo que não pode ser reaproveitado” e o E9

diz que “lixo são dejetos que podem ser reciclados de forma correta”. Analisando as respostas

dos entrevistados, podemos perceber que a maioria tem a ideia de lixo como sendo algo que não

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tem mais serventia, não tendo, portanto, utilidade para o reaproveitamento. Somente um

morador vê o lixo como forma de reaproveitamento.

Ainda tivemos um morador que não conceituou o termo lixo, mas trouxe exemplos de

benefícios e malefícios causados por ele: “O lixo trás benefícios e malefícios. O beneficio é que

muita gente sobrevive do lixo e o mal que faz são as doenças”

Ao analisar essas respostas, podemos inferir que o lixo para essa comunidade é visto

somente como algo inútil, velho e sem valor.

Na quarta questão, os entrevistados foram perguntados em que local era depositado o lixo

de sua residência. Nesse sentido, somente 20% afirmou colocar no quintal de sua residência e

aguardar o dia da coleta para que coloquem em suas calçadas. Isso mostra uma preocupação dos

moradores em não deixar o lixo exposto nas calçadas por vários dias até o dia da coleta, que

pode reunir insetos e mosquitos nas residências. Outro grupo de moradores, correspondente a

50%, responderam que depositam o lixo produzido em sacos plásticos em suas calçadas, o que

demonstra que não existe preocupação em relação à exposição deste lixo nas calçadas. Somente

um morador ressalta que armazena em sacolas plásticas bem fechadas, pois não existem lixeiras

na rua em que mora. Cerca de 30% dos entrevistados afirmou depositar nas laterais das

residências, em esquinas e em postes próximo a suas casas, como podemos observar nos

seguintes relatos: “costumo colocar por trás da minha casa, é um local que as pessoas colocam

o lixo” e “aqui perto da minha casa existe um terreno baldio em que muitas pessoas colocam

seus lixos lá”.

Diante desses relatos, podemos perceber que a maior parte dos moradores entrevistados

não apresentam preocupações em armazenar o lixo de qualquer forma em suas calçadas ou

depositá-lo em terrenos baldios próximos as suas residências, visto que esse é um hábito

recorrente dos moradores do bairro.

Na questão de número 5, foi perguntado aos moradores se eles acham que temos

produzido muito lixo. Sim, a resposta foi unânime.

A questão de número 6 perguntava como ocorria a coleta de lixo no bairro em que

residiam. De acordo com 100% dos moradores o lixo é recolhido pelo caminhão da urbana. A

seguir, portanto, temos alguns dos relatos:

“O lixo é recolhido pelo caminhão da urbana mais ele não passa nos dias certos”

“O caminhão do lixo as vezes só passa de madrugada, os catadores abrem os

sacos e espalham o lixo e esse lixo que fica espalhado não é recolhido”

“Em algumas ruas mais escondidas o caminhão não entra. Para que agente não

sofrar com mal cheiro os moradores usam carros de mão para levar o lixo para as

ruas que o caminhão passa”

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“As vezes os garis passam com muita pressa e não pegam todos os lixos das

calçadas”

De acordo com esses relatos, podemos perceber que, apesar de existir a coleta de lixo

pelos caminhões da urbana como afirmam os moradores, existem situações à parte, nas quais

gerarão problemas posteriores, como já foram relatados.

A pergunta de número 7 buscava saber dos moradores quantas vezes por semana o lixo é

recolhido para ser levado ao seu destino final. A partir das respostas, identificamos que com um

determinado grupo de moradores a coleta acontece 2 vezes por semana, já com outro grupo

muito maior acontece 3 dias por semana.

A questão de número 8 buscava saber a opinião dos moradores sobre o que acontecia

quando a coleta de lixo não passava nos dias corretos. Nessa, 100% dos moradores relataram que

o maior problema era o acúmulo do lixo nas calçadas, que desencadeava uma série de

consequências que são apresentadas nos relatos, a seguir:

“O lixo fica acumulado em nossas calçadas e pelas ruas”

“Causa muitos problemas aos moradores, nossa casa fica com um mau cheiro quando

tem lixo na porta”

“O lixo fica amontanhados em locais como perto de uma padaria e em uma parada de

ônibus em que as pessoas esperam o ônibus sentindo um forte cheiro e com

mosquitos ali”

“Quando o caminhão não passa o lixo fica pra outra semana”

“Os catadores rasgam os sacos e levam o que querem do lixo e o resto fica jogado

nas ruas com muitos insetos”

“Um cheiro muito forte e um líquido podre na frente das nossas casas que as vezes

não da nem pra sentar na frente dela”

Diante dos comentários, podemos entender que esse acúmulo de lixo vem causando uma

série de problemas à comunidade. Um amontoado de lixo fica próximo a uma padaria e uma

parada de ônibus, causando odor e presença de insetos, podendo, consequentemente, gerar

problemas à saúde.

A questão de número 9 tentava filtrar dos moradores quais os principais problemas

causados pelo acúmulo de lixo e de que forma isso afeta a população. As respostas estão

descritas, a seguir:

1) Cerca de 90% dos moradores afirmaram que o principal problema do acúmulo é a

proliferação de doenças:

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Doenças respiratórias causadas pela queima do lixo: Quando esse não é

recolhido, para que não fique por muito tempo pelas ruas do bairro, os próprios

moradores fazem a queima do lixo, gerando muita fumaça, provocando, desse

modo, doenças respiratórias.

Um caso de morte por leptospirose foi relatado no bairro como consequência

desse problema. Assim, os moradores afirmaram que o acúmulo de lixo faz

com que atraiam ratos para suas residências, principalmente àquelas que são

próximas a terrenos que apresentam muito lixo;

Nos dias em que chove, a água se acumula sobre os sacos plásticos de lixo,

sendo um ambiente propício à proliferação do mosquito da dengue.

Os insetos pousam no lixo, atraem as bactérias e, ao entrar nas residências,

pousam em comidas causando doenças.

2) Os outros 10% dos moradores relataram os principais problemas, conforme:

“O acúmulo de lixo ao chover gera o entupimento dos esgotos, ficando assim,

as ruas alagadas”;

“lixo em quantidade atraem baratas, ratos, escorpião e até mesmo urubus”;

“Afetam as pessoas que tem que andar pelas ruas por que as calçadas estão

tomadas de lixo”.

Diante do exposto, fica claro que muitos são os problemas causados pelo acúmulo de lixo

a essa comunidade, afetando seriamente a vida dessas pessoas.

A última pergunta sugeriria que eles citassem uma possível solução para esse incômodo

em seu bairro. Algumas das respostas obtidas foram:

“Ter um local certo para deixar o lixo no final da tarde e o caminhão passar

para recolher não ficando acumulado”

“O caminhão do lixo era pra passar todos os dias e a população fazer a sua

parte’’

“Os moradores só colocar o lixo nas ruas no dia certo, para não ficar livre

para ratos, baratas e insetos”

“Aumentar os dias do caminhão para não juntar muito lixo”

“Privatizar a coleta pois assim vai funcionar de verdade”

“As pessoas tem que produzir menos lixo e reciclar”

“Primeiro a prefeitura deve limpar os terrenos baldios que são cheios de lixo,

depois colocar lixeiras nas ruas do bairro e depois fazer uma campanha no

bairro”.

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Baseado na análise das entrevistas foi possível comprovar que o acúmulo de lixo

realmente é um problema que traz uma série de consequências a população, dentre eles,

podemos destacar: Proliferação de doenças, entupimento de esgotos e bueiros em conseqüência

das chuvas, além de atrair animais como ratos, baratas e mosquitos.

Nesse contexto, parte dos entrevistados deixou claro que não armazena o lixo de forma

correta, na maioria dos casos abandonando-o em terrenos baldios próximos as suas residências;

Outra parte deixava em sua calçada sem ao menos fazer o acondicionamento correto.

Quanto às possíveis soluções deixadas pelos moradores para o problema de lixo do seu

bairro, somente um entrevistado afirmou que precisava realizar uma campanha de

conscientização. Isso mostra que essa comunidade não apresenta uma ideia formada sobre a

importância de ter uma conscientização ambiental voltada à preservação do Meio Ambiente e

que seria necessário que percebessem que algumas ações realizadas por eles mesmos já

ajudariam no combate do transtorno naquela comunidade.

Fazendo uma relação entre as idéias dos moradores do bairro e dos estudantes durante a

aplicação dos questionários, podemos perceber que apresentam idéias muito próximas. Os dois

grupos identificaram o mesmo problema ambiental existente no bairro em que residem, além de

não terem hábitos de conscientização ambiental que acaba implicando no Meio Ambiente em

que vivem.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com Vasconcelos e Freitas (2012), atualmente o ensino de Ciências tem se

ocupado com múltiplos desafios que vem sendo postos para sociedade. As relações da sociedade

com o Meio Ambiente estão diretamente ligadas à cultura a qual uma sociedade está inserida.

Com isso, entendemos que questões relacionadas devem estar presentes nas discussões

realizadas em sala de aula.

Espera-se que, além de conceitos, o aluno possa aprender procedimentos e atitudes que

contribuam para uma melhor qualidade de vida tanto para ele como para sua comunidade (Brasil,

1998; São Paulo, 1988). Nessa perspectiva, o processo de ensino não ocorre de forma isolada,

mas acontece dentro de um contexto social determinante. Nesse trabalho, pois, percebemos a

possível articulação entre o tema sustentabilidade e o enfoque CTS no âmbito do ensino de

ciências, a partir de uma problemática local abordada.

Diante da elaboração e aplicação da sequência didática, buscou-se favorecer a

aprendizagem de conceitos com base em uma abordagem CTS.

No instrumento de pesquisa 1 - o questionário inicial -, os alunos afirmaram que

raramente nas aulas eram tratadas questões sobre Meio Ambiente e nenhum deles conhecia o

termo sustentabilidade.

Na entrevista, foram apontados pelos moradores os principais problemas causados pelo

acúmulo de lixo, nos quais podemos destacar: doenças respiratórias, proliferação do mosquito da

dengue, proliferação de insetos e até mesmo em um caso em particular, a morte de um morador

por leptospirose. Os moradores relataram, também, como transtornos: entupimento de esgotos e

bueiros, além do odor sentido nas calçadas das residências.

Diante desse contexto, a entrevista foi a atividade que despertou nos alunos o espírito de

autonomia no momento em que eles foram a campo desenvolver a pesquisa, sendo considerada a

atividade que obteve maior entusiasmo.

Durante a aplicação da sequência de atividades, pode-se perceber que a maioria dos

alunos participou ativamente, destacando apenas alguns que não apresentaram seus trabalhos

durante a sistematização alegando timidez. Com exceção da apresentação dos seminários, todos

os alunos participaram das aulas e mostraram-se motivados durante as atividades.

Avaliando a sequência de atividades, foi perceptível o quanto os alunos reconheceram a

abordagem como inovadora, discutindo uma problemática local em aulas de Ciências e fazendo

relações com o cotidiano de moradores do bairro.

Tivemos, então, alguns conceitos discutidos a partir da problemática de pesquisa, dentre

eles destacamos: O conceito de lixo, lixo orgânico e inorgânico, sustentabilidade, consumismo

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desenfreado e reciclagem, contribuíram sobremaneira para instigar os alunos nas discussões

realizadas em sala de aula durante a aplicação da seqüência de atividades.

Em relação à proposta desenvolvida, acreditamos que experiências como essas são de

grande importância para um ensino de ciências efetivo. No entanto, são atividades que não

devem acontecer de forma isolada e, por isso, é necessário que esse processo seja contínuo e que

seja desenvolvido também com outras turmas do Ensino Fundamental.

Por fim, reiteramos a necessidade de se trabalhar assuntos relacionados ao Meio

Ambiente em salas de aula, com o objetivo de tentar criar no aluno uma nova mentalidade para

que ele usufrua dos recursos oferecidos pela natureza, não causando um desequilíbrio ao

ecossistema.

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APÊNDICES

APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

Caro aluno,

O presente questionário é parte de uma pesquisa de dissertação mestrado e visa obter sua

opinião sobre alguns aspectos relativos ao meio ambiente, à temática lixo e a sustentabilidade.

Agradecemos a sua colaboração.

IDENTIFICAÇÃO

Escola:________________________________________________________

Série: _____________ Turma: _____________ Turno: _________________

Sexo: M ( ) F ( ) Idade:______

QUESTÕES:

01-Classifique seu interesse pelos assuntos relacionados com o Meio Ambiente em:

a) muito interessado.

b) razoavelmente interessado.

c) Pouco interessado.

d) nenhum interesse.

02 – O que você entende por Meio Ambiente?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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03- No seu cotidiano você já agiu em proteção ao Meio Ambiente ?

( ) Sim ( ) Não

04 – Caso sua resposta tenha sido sim na questão anterior, quais ações você realiza para agir

em proteção ao Meio Ambiente?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

05 - Observando o ambiente em que você vive, qual o maior problema ambiental atualmente?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

06 - Quais as principais consequências desse problema?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

07 - Você acredita que a solução dos problemas ambientais depende de:

a) pequenas ações humanas realizadas no próprio cotidiano.

b) ações da Prefeitura do seu município.

c) empresas responsáveis pela coleta de lixo no seu bairro

d) Não sei

08 - O que você entende por sustentabilidade?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

09 - Em sala de aula, com que frequência são tratados os assuntos ligados ao Meio Ambiente e a Sustentabilidade?

a) sempre

b) quase sempre

c) raramente

d) nunca.

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APÊNDICE B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGED

Essa entrevista é parte de uma pesquisa de mestrado e visa obter sua opinião sobre a

problemática do lixo diagnosticado em seu bairro.

Agradecemos a sua colaboração.

01 - Há quanto tempo você mora neste bairro ?

___________________________________________________________________________

02 - O que você acha da aparência do bairro?

( )Boa ( ) Ótima ( ) Regular ( ) Ruim

03 - O que você entende por lixo?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

04 – Onde é depositado o lixo produzido em sua residência?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

05 - Você acha que temos produzido muito lixo?

( ) Sim ( ) Não

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06 – Como ocorre a coleta de lixo no seu bairro?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

07 – Quantas vezes por semana esse lixo é recolhido para ser levado ao seu destino final?

___________________________________________________________________________

08 – O que acontece quando não existe a coleta de lixo nos dias corretos? Quais

as consequências disso?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

09 - Quais os principais impactos causados pelo acúmulo do lixo em seu bairro? De

que forma esses impactos afetam a comunidade?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10-Cite uma possível solução para o problema do lixo do seu bairro.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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APÊNDICE C

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO - PPGED

LARYSSA CÂMARA VASCONCELOS

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

NATAL/RN

2017

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A sequência didática descrita a seguir apresenta uma proposta de atividades para trabalhar o

tema lixo em aulas de Ciências. As atividades foram divididas da seguinte maneira:

• ATIVIDADE 1: ATIVIDADE DE SONDAGEM

• ATIVIDADE 2: INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE LIXO

• ATIVIDADE 3: PRODUÇÃO DE RESÍDUOS GERADA PELA SOCIEDADE CAPITALISTA

• ATIVIDADE 4: OS CAMINHOS DO LIXO: DA GERAÇÃO A PREVENÇÃO

• ATIVIDADE 5: CAMINHANDO PELO ENTORNO DA MINHA ESCOLA

• ATIVIDADE 6: LIXO ORGÂNICO E INORGÂNICO

• ATIVIDADE 7: DISCUTINDO O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE

• ATIVIDADE 8: SISTEMATIZANDO OS CONTEÚDOS TRABALHADOS NA

SEQUÊNCIA DE AULAS.

ATIVIDADE 1: ATIVIDADE DE SONDAGEM

DURAÇÃO: 1 aula (50 minutos).

OBJETIVO: Levantar conhecimentos dos alunos a cerca da temática lixo e sobre o meio

ambiente

RECURSOS UTILIZADOS: Questionário escrito

METODOLOGIA

Nesta aula, será feita a entrega dos questionários aos alunos para que possam

responder individualmente. Em seguida, os alunos recebem um diário para fazer registros que

considerem pertinentes nas atividades posteriores. Ao término desse encontro, será exposto o

cronograma das atividades dos próximos encontros. Ao final de cada aula, então, os alunos

devem registrar no diário de bordo o que aprenderam.

AVALIAÇÃO

A avaliação será realizada através da leitura dos questionários.

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ATIVIDADE 02: INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE LIXO

DURAÇÃO: 1 aula (50 minutos).

OBJETIVOS

• Compreender o conceito de lixo e conhecer um pouco sobre a história do lixo;

• Conscientizar os alunos de que qualquer ser humano é produtor de lixo;

• Fazer com que os alunos percebam a quantidade de lixo que ele pode produzir.

CONTEÚDOS: Lixo e as suas consequências ao Meio Ambiente

METODOLOGIA

Neste encontro, a sala de aula será organizada em grande círculo para promover

o debate das seguintes questões:

a) O que é o lixo?

b) Você conhece como ocorreu o crescimento exagerado do lixo?

c) Você tem noção da quantidade de lixo que você produz diariamente? Tente escrever

baseado em números.

d) O que você faz com o lixo que você produz?

e) Você conhece algum tipo de problema que pode ter sido causado pelo lixo ou o

acúmulo dele?

Essas questões serão apresentadas em slides, juntamente com a exposição de algumas

imagens. Durante a aula, o professor deve fazer esta mediação com o intuito de promover

interação entre os alunos.

Durante a discussão, os alunos deverão realizar seus registros no diário que foi

entregue no primeiro encontro.

RECURSOS

• Quadro branco;

• Pincel;

• Caderno de registros;

• Projetor de mídia.

AVALIAÇÃO: A avaliação será realizada mediante à analise dos registros no diário de bordo,

além da participação dos alunos nas discussões.

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ATIVIDADE 03: PRODUÇÃO DE RESÍDUOS GERADA PELA SOCIEDADE

CAPITALISTA

DURAÇÃO: 1 aula (50 minutos).

OBJETIVOS: Compreender como se dá a relação entre a produção exagerada de

resíduos na sociedade capitalista e as consequências causadas ao meio ambiente.

CONTEÚDOS

• Meio Ambiente

METODOLOGIA

Esta aula será dividida em 2 momentos. O primeiro momento terá inicio com a

exibição do documentário “história das coisas”. Esse documentário tem uma duração de

22 minutos, que aborda o consumo exagerado de bens materiais e o impacto agressivo

que esse consumo desregrado acaba exercendo sobre o meio ambiente. Ao término, o

professor fará uma discussão entre as relações existentes e os eixos sociedade, consumo e

meio ambiente.

RECURSOS

• Projetor de mídia; • Caixa de som; • Quadro branco; • Pincel atômico; • Atividade proposta no caderno de registros

AVALIAÇÃO: Será realizada através da participação dos alunos na discussão

sobre o documentário e da análise da atividade proposta.

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ATIVIDADE 04: OS CAMINHOS DO LIXO: DA GERAÇÃO A PREVENÇÃO

DURAÇÃO: 01 aula (50 minutos).

OBJETIVOS

• Reconhecer a importância da reciclagem do lixo para o meio ambiente;

• Identificar hábitos e atitudes das famílias referentes à coleta seletiva do lixo; • Aprender a segregar o lixo a partir de atitudes simples no cotidiano; • Compreender a importância do destino correto do lixo;

• Conscientizar os alunos sobre o desperdício do lixo hoje para que haja uma prevenção

à geração futura.

METODOLOGIA

Iniciaremos a aula expositiva dialogada com os seguintes questionamentos.

a) Como se dá o descarte do lixo em sua residência?

b) Você costuma separar o lixo para que ele possa ser reaproveitado?

c) O que é reciclagem?

d) Você sabe quais são os materiais que podem ser reciclados?

e) Reciclagem: você sabe o que é? Tente definir.

No momento seguinte, haverá a exibição do curta metragem: “Os caminhos do lixo: da

geração a prevenção”, que relata os problemas ocasionados pelo acúmulo do lixo, além de

identificar possíveis soluções para esse incômodo. Após o vídeo, os alunos deverão responder

a atividade referente ao vídeo.

RECURSOS

• Projetor de mídia;

• Caixa de som;

• Quadro branco;

• Pincel atômico;

• Atividade do vídeo no caderno de registros.

AVALIAÇÃO: A avaliação será realizada mediante as discussões em sala de aula e a partir

da atividade proposta.

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ATIVIDADE 05: CAMINHANDO PELO ENTORNO DA MINHA ESCOLA

DURAÇÃO: 1 aula (50 minutos).

OBJETIVOS: Levar os alunos para observação do acúmulo de lixo no entorno da escola e,

de forma geral, no bairro das Quintas.

METODOLOGIA

Realização de uma breve caminhada pelos arredores da escola. Durante a caminhada,

informalmente, o professor fez pontuações a cerca de questões que já foram discutidas em

sala de aula. Os alunos deverão fazer suas observações e registros no diário de bordo.

Ao retornar a sala de aula, os alunos serão orientados quanto à realização de uma

entrevista com seus pais, familiares e/ou amigos que moram no bairro, com o intuito de

investigar o que pensa a comunidade a respeito do acúmulo de lixo em seu bairro e os

impactos ambientais causados por esse problema. A entrevista será entregue aos alunos no

próximo encontro.

RECURSOS

• Caderno de atividades;

• Entrevista impressa.

AVALIAÇÃO: A avaliação será realizada mediante a participação dos alunos durante a

caminhada, além da análise dos registros da aula no diário de bordo.

ATIVIDADE 06: LIXO ORGÂNICO E INORGÂNICO

DURAÇÃO: 1 aula (50 minutos).

OBJETIVO: Diferenciar o lixo orgânico do inorgânico e conhecer o tempo de decomposição

de alguns materiais.

CONTEÚDO: Lixo Orgânico e Inorgânico

METODOLOGIA

Este encontro acontece em dois momentos. No primeiro, a partir de uma aula

expositiva dialogada serão trabalhados os conceitos de lixo orgânico e inorgânico e o tempo

necessário para a decomposição de alguns tipos de materiais. Serão exibidos, então, alguns

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tipos de lixos que são encontrados em nossa residência, tais como: casca de alimentos e

embalagens de alguns produtos.

Após essa discussão, em um segundo momento, a turma será dividida em grupos e os

alunos serão orientados quanto à construção de em cartazes diferenciando os resíduos

orgânicos dos inorgânicos, além de uma tabela com o tempo de decomposição de alguns tipos

de resíduos. Esse material será exposto no último encontro como parte da sistematização das

atividades desenvolvidas.

RECURSOS

• Projetor de mídia;

• Quadro branco;

• Pincel;

• Cartolina;

• Imagens impressas;

• Coleção;

• Cola;

• Embalagens de produtos;

• Cascas de alimentos.

AVALIAÇÃO: A avaliação será realizada através da participação dos alunos na atividade

e análise dos materiais confeccionados para exposição.

ATIVIDADE 07: DISCUTINDO O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE

DURAÇÃO: 1 aula (50 minutos).

OBJETIVO

• Compreender o conceito de Sustentabilidade e a importância dela na vida das pessoas;

• Sensibilizar o aluno a adotar um estilo de vida responsável com vistas a um modelo de

desenvolvimento sustentável.

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METODOLOGIA

Iniciaremos a aula questionando aos alunos sobre o conceito do termo

Sustentabilidade. Durante esse momento, serão projetadas em slides as repostas que os alunos

deram no primeiro encontro, quando responderam a seguinte pergunta: O que você entende

por sustentabilidade?

Em seguida será exibido o vídeo: “Sustentabilidade: Gestão para sustentabilidade”, em

que serão abordadas atitudes que são capazes de impactar de forma positiva ou negativa, na

sociedade ou no planeta do ponto de vista social, econômico ou ambiental. Após a exibição do

vídeo, os alunos são instigados sobre a possibilidade rever o conceito de sustentabilidade após

a exibição do filme.

AVALIAÇÃO: A avaliação será realizada mediante as discussões em sala de aula e após a

atividade proposta.

ATIVIDADE 08: SISTEMATIZANDO OS CONTEÚDOS TRABALHADOS NA

SEQUÊNCIA DE AULAS.

DURAÇÃO : 1 aula (50 minutos).

OBJETIVO: Sistematizar os conteúdos e as atividades trabalhadas durante os encontros.

METODOLOGIA

Para esta aula, foi proposto um momento de sistematização dos dados obtidos até

então. Nesse encontro, pois, os alunos são organizados em grupos e orientados a representar,

em forma de cartazes, com imagens, todas as impressões da caminhada realizada no entorno

da escola, mencionando, também, aspectos relacionados aos tipos de lixos que foram

estudados e o tempo de decomposição.

Será organizada uma AMOSTRA DE ATIVIDADES para toda a escola, em que serão

exibidos os materiais produzidos nos encontros.

AVALIAÇÃO: A avaliação será realizada mediante as discussões em sala de aula realizadas

durante todos os encontros e, também, dos resultados da amostra de atividades.

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