Correcoes Cirurgicas Das Blefaropatias - Carolina Campos Coppieters

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    UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

    CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

    CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

    CORREÇÕES CIRURGICAS DAS BLEFAROPATIAS

    Carolina Campos Coppieters

    Campinas, set. 2007

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    CAROLINA CAMPOS COPPIETERS

    Aluna no Curso de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais

    CORREÇÕES CIRÚRGICAS DAS BLEFAROPATIAS

    Trabalho Monográfico de conclusão

    do curso de Clínica Cirúrgica de

    Pequenos Animais (TCC),

    apresentado à UCB como requisito

    Parcial para obtenção do título de

    Especialização em Clínica Cirúrgica

    de Pequenos Animais, sob orientaçãodo Prof. Ney Luis Pippi

    Campinas, set. 2007

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    CORREÇÃO CIRÚRGICA DAS BLEFAROPATIAS

    Elaborado por Carolina Campos Coppieters

    Aluna do Curso de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais da UCB

    Foi analisado e aprovado com

    grau________

    Campinas, ____ de _________ de 2007

     ___________________

    Membro

     ___________________

    Membro

     ___________________

    Prof. Ney Luis Pippi

    Campinas, set. 2007 

    ii

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    iii

    Dedico esse traballho a Deus, a minha

    mãe, meu pai, avós, tios, primos,

    amigos e professores que me deram

    apoio, incentivo e segurança durante o

    período de realização deste trabalho.

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    Agradecimento

    A minha mãe Maria Cristina e meu

    pai Percio (in memorian) que ficaram

    sempre ao meu lado, e acreditaram,

    tanto nos bons como maus momentose que com certeza estão muito

    orgulhosos de mim

    Ao Prof. Dr. Ney Luis Pippi pelos

    ensinamentos e conselhos que foram

    essenciais para a realização desse

    trabalho

    Iv

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    RESUMO

    As correções cirúrgicas das blefaropatias são procedimentos

    presentes na rotina da Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais. Esse trabalho é

    uma revisão bibliográfica sobre a anatomia, os sinais clínicos, profilaxia e o

    tratamento cirúrgico sobre entrópio, ectrópio e tumores palpebrais. Tem enfoque

    nas várias técnicas cirúrgicas que podem ser utilizadas nessas patologias.

    V

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    ABSTRACT

    The cirurgical corrections of diseases from the eyelids are

    procedures presents on routine from practice medicine surgery of little animals.

    This work is a bibliographic review about anatomy , signals practice medicine ,

    prophylaxis and surgery tecnical of entropion, ectropion and eyelids neoplasy.

    Have focus on the various tecnical surgery that can be used in those patology.

    vi

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    ÍNDICE DE FIGURAS

    PAG.

    Figura 01 – Anatomia da Pálpebra Superior 06

    Vii

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    SUMÁRIO

    PAG.

    Resumo v

    Abstract vi

    Índice de figuras vii

    1- Introdução 01

    2- Anatomia 04

    3- Blefaropatias Congênitas e Adquiridas 07

    3.1- Entrópio 07

    3.1.1- Entrópio Congênito 07

    3.1.2- Entrópio Espástico 09

    3.2- Ectrópio 10

    3.2.1- Combinação Entrópio-Ectrópio 11

    3.3- Tumores Palpebrais 12

    4- Correção Cirúrgica e Pós-operatório 14

    4.1- Entrópio 14

    4.2- Ectrópio 18

    4.2.1- Combinação Entrópio-Ectrópio 20

    4.3- Tumores Palpebrais 21

    5- Conclusão 27

    6- Bibliografia 29

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    1- INTRODUÇÃO 

    Entrópio é a eversão da margem palpebral, fazendo com que os

    cílios e pêlos entrem em contato com a conjuntiva e a córnea, causando

    sintomatologia variável entre discreto desconforto acompanhado por epífora e

    graus variáveis de lesão de conjuntiva e córnea, resultando em dor ocular

    constante (VIANA et al, 2006).

    É mais freqüente em cães, eqüídeos e ovinos, mas há descrição da

    alteração em várias outras espécies. Nos cães, entrópio e ectrópio são

    consideradas as mais amplamente distribuídas doenças palpebrais, com o

    envolvimento de várias raças (VIANA et al, 2006).

    Pode ser classificado como um defeito de desenvolvimento ou uma

    lesão adquirida, resultante de outras alterações oculares, podendo haver uma

    superposição entre as duas situações. Alguns autores incluem um terceiro tipo, o

    entrópio espástico, resultante de dor ocular crônica. A diferenciação entre a

    espasticidade presente nos demais tipos e a existência em um eventual entrópio

    espástico primário é motivo de controvérsia entre os pesquisadores (VIANA et al,

    2006).

    A predisposição à doença ocorre em várias raças,e a maioria dos

    casos primários apresenta os primeiros sinais clínicos antes dos seis meses de

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    idade, mas ocasionalmente um entrópio espontâneo e às vezes unilateral pode

    apresentar se após os 12 meses (VIANA et al, 2006).

    Por ser uma doença de caráter genético, a prevenção do entrópio de

    desenvolvimento é baseada na eliminação de animais portadores de programas

    de reprodução, evitando-se a transmissão da mesma (VIANA et al, 2006).

    VIANA et al, 2006, atribui uma grande importância ao papel

    desempenhado por médicos veterinários e entidades cinófilas junto aos criadores,

    no sentido de conscientizá-los da seriedade das doenças geneticamente

    transmitidas e das medidas para sua prevenção.

    O ectrópio é a eversão da pálpebra inferior, com exposição da

    superfície conjuntival, sendo comum em cães e raro em gatos e nos grandes

    animais (VIANA et al, 2006).

    Tem etiologia congênita (encontrada principalmente em cães que

    apresentam a pele da face solta), fadiga dos músculos faciais (visto

    principalmente nos cães de caça), paralítica (ocorre devido à lesão dos ramos do

    nervo facial), traumática (reação cicatricial após lesão da pálpebra inferior) ou

    iatrogênica (correção exagerada do entrópio) (VIANA et al, 2006).

    Os sinais clínicos são conjuntivite crônica e epífora; acometem

    principalmente cães das raças São Bernardo, Bloodhound, Cocker Spaniel

    americano, Bassethound, e Buldogue (SLATTER, 1998).

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    Pode ocorrer também a combinação de entrópio e ectrópio, sendo

    entrópio lateral e ectrópio central das pálpebras inferiores e superiores. Acomete

    cães das raças São Bernardo, Dobermann pinscher, Buldogue inglês e Cocker

    spaniel (FOSSUM, 2005).

    Patologias como entrópio e ectrópio não possuem profilaxia. A única

    maneira de evitar é retirando animais que apresentam essas patologias da

    reprodução (BOUW, 1991).

    As massas palpebrais podem ser inflamatórias ou neoplásicas.

    Massas neoplásicas são comuns em cães. Embora sejam menos comuns, os

    tumores palpebrais malignos incluem carcinomas de células escamosas,

    adenocarcinomas, carcinomas de células basais ou fibrossarcomas (FOSSUM,

    2005).

    Os tumores que ocorrem nas pálpebras de gatos incluem melanoma,

    neurofibroma e carcinomas de células escamosas e basais

    (BICHARD&SCHERDING, 2003).

    Massas tumorais causam desconforto, interferem na função

    palpebral e podem resultar em ceratite. Tumores palpebrais que estejam em

    crescimento ou causem sinais clínicos são removidos por excisão (FOSSUM,

    2005).

    Os problemas oculares de maneira geral, são mais comuns em cães

    e mais raros em gatos (GLAZE et al, 2005).

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    2- ANATOMIA 

    As pálpebras são pregas móveis e delgadas de pele que

    normalmente cobrem os olhos (SLATTER, 1998).

    Em corte transversal as pálpebras são compostas da superfície

    epidérmica externa, músculo orbitário o olho, placa tarsiana, glândulas de

    Meibômio e conjuntiva palpebral (SLATTER, 1998).

    As margens palpebrais são demarcadas a partir da pele por borda

    mucocutânea situada 2 a 3 mm da margem palpebral. As aberturas das glândulas

    tarsianas podem ser observadas na superfície das margens palpebrais

    (SLATTER, 1998). Elas revestem a superfície conjuntival da margem palpebral.

    Abrem-se sobre a margem palpebral, onde secretam um fluido oleoso que ajuda a

    evitar a evaporação do filme lacrimal pré-corneano (BICHARD&SCHERDING,

    2003).

    As pálpebras tem como funções principais a proteção do olho,

    produção de lágrimas através de glândulas especializadas e distribuição do filme

    lacrimal (FILHO, 2004).

    São fechadas pelo músculo orbicular do olho, que é inervado pelo

    ramo palpebral do nervo facial. A paralisia desse nervo resulta na incapacidade

    de fechar as pálpebras (BICHARD&SCHERDING, 2003).

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    São abertas pelos músculos levantador da pálpebra e orbital, que

    são inervados pelo nervo oculomotor e por fibras simpáticas pós-ganglionares,

    respectivamente. A paralisia de cada um desses nervos resulta em ptose ou

    queda palpebral (BICHARD&SCHERDING, 2003).

    Os cílios, em cães, se encontram na superfície externa da margem

    palpebral superior e não se apresentam na pálpebra inferior (SLATTER, 1998).

    Na base destes cílios, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas

    se abrem nas proximidades ou no próprio folículo piloso adjacente (SLATTER,

    1998).

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    Fig. 01- ANATOMIA DA PALPEBRA SUPERIOR 

    a) septo orbital g) platô tarsalb) epiderme h) conjuntiva

    c) tecido subcutâneo i) músculo de Muller

    d) músculo orbicular j) Músculo elevador palpebral superior

    e) cílios k) gordura orbital

    f) glândula Meibomian

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    3- BLEFAROPATIAS CONGENITAS E ADQUIRIDAS

    3.1- ENTRÓPIO

    Entrópio é definido como inversão da margem palpebral, em que os

    cílios atritam contra a córnea. Esse distúrbio frequentemente resulta em irritação

    superficial da conjuntiva e da córnea (SLATTER, 1998).

    O diagnostico deve ser feito por meio de um exame palpebral.

    Quando a pálpebra se enrola para dentro, os pelos faciais ficam frequentemente

    em contato direto com a córnea (BIRCHARD&SCHERDING, 2003).

    Em casos severos ou animais maduros, torna-se necessária uma

    ressecção cirúrgica de pele para corrigir o entrópio (FOSSUM, 2005).

    As etiologias comumente aceitas são: entrópio congênito e

    espásticos (SLATTER, 1998).

    3.1.1- ENTRÓPIO CONGÊNITO 

    Entrópio congênito é, usualmente, distúrbio bilateral que é em geral

    observado em cães. A parte lateral da pálpebra inferior é a mais frequentemente

    afetada, seguida pela pálpebra superior e, infreqüentemente, pela parte medial da

    pálpebra inferior (SLATTER, 1998).

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    Incidência:

    a) Cães: geralmente hereditário, mas pode ocorrer por

    blefaroespasmo pu por lesões (STAINKI, 2006). Raças pré-disponentes: Chow

    chow (COLLINS et al, 1992), Bloodhound, Labrador retriever, Buldogue inglês,

    Dobermann pinscher, Chesapeake Bay retriever, São Bernardo, Rottweiler,

    Poodle, Setter irlandês, e Shar Pei (SLATTER, 1998; STAINKI, 2006). Com o

    aumento da popularidade e a reprodução disseminada da raça Shih Tzu, essa

    raça acabou tendo também uma pré-disposição (CHRISTMAS et al, 1992);

    b) Gatos: incomum. Quando ocorre geralmente é de origem

    traumática;

    c) Ovinos: normalmente provocados por conjuntivite;

    d) Eqüinos: incomum. Pode ser encontrado em potros com

    menos de 2 semanas de idade;

    e) Bovinos: é raro (STAINKI, 2006).

    Comumente, o clínico chega facilmente ao diagnóstico desta

    afecção. Na maioria dos casos a correção cirúrgica é satisfatória. Sempre que

    possível, é aconselhável que a correção do entrópio seja adiada até que o cão

    tenha atingido 4 a 6 meses de idade, e depois que suas características faciais

    tenham maturado. A aplicação da pomada antibiótica tópica 3 a 4 vezes ao dia

    recobre os cílios e pelos que atritam a córnea; essa pomada será utilizada até a

    realização da cirurgia. Cãezinhos Shar Pei de até somente 3 semanas de idade

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    frequentemente necessitam da intervenção cirúrgica, para que seja evitada

    afecção corneal grave (SLATTER, 1998).

    3.1.2- ENTRÓPIO ESPÁSTICO

    O entrópio espástico é comumente unilateral, e pode ocorrer em

    qualquer idade. A causa da inversão palpebral é o espasmo do músculo orbitário

    do olho, secundariamente à irritação ocular (SLATTER, 1998), que pode ser:

    blefaroespasmo, triquíase, distriquíase, distiquíase, corpos estranhos, lesão

    corneal ou conjuntivite (SLATTER, 1998; STAINKI, 2006).

    Deve ser realizado um exame minucioso, para que seja determinada

    a causa subjacente. O tratamento inicial é direcionado para a correção do

    problema original. Muitos casos de entrópio espástico são resolvidos após a

    remoção do agente irritante desencadeante (FOSSUM, 2005). Um método

    diagnóstico auxiliar na diferenciação entre o entrópio espástico e os entrópios

    congênitos ou adquiridos consiste na aplicação de várias gotas de anestésico

    tópico no olho. Se o entrópio desaparece espontaneamente, sua característica

    era, principalmente, de natureza espástica (SLATTER, 1998).

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    3.2- ECTRÓPIO

    Ectrópio é uma eversão da pálpebra inferior (FOSSUM, 2005;

    STAINKI, 2006), que pode ser uma afecção congênita (SLATTER, 1998) ou

    adquirida secundariamente a uma formação de tecido cicatricial ou fadiga do

    músculo orbicular ocular (FOSSUM, 2005; STAINKI, 2006), ou seja, o ectrópio

    pode se resultar iatrogenicamente de uma correção de entrópio exagerada

    (BICHARD&SCHERDING, 2003; STAINKI, 2006). Pode ocorrer também por

    paralisia do nervo facial ou ter causa traumática (STAINKI, 2006).

    Os sinais clínicos incluem conjuntivite crônica e epífora (STAINKI,

    2006).

    É particularmente comum no São Bernardo, Bloodhound, Cocker

    Spaniel americano, Bassethound, e Buldogue (SLATTER, 1998; STAINKI, 2006).

    Os sinais de ectrópio incluem exposição conjuntival, epífora,

    conjuntivite ou ceratite (FOSSUM, 2005).

    Em sua maioria, os cães com ectrópio congênito não necessitam de

    correção cirúrgica. Apenas os animais que sofrem de ceratite ou conjuntivite

    crônica que não responde ao tratamento clínico serão considerados como

    candidatos cirúrgicos (SLATTER, 1998).

    Dentre todas as afecções que cursam com alteração da pálpebra, o

    ectrópio é o mais comum. O portador dessa afecção possui todas as condições

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    para desenvolver também alterações da margem palpebral (SCHELLINI, et al,

    2005).

    3.2.1- COMBINAÇÃO ENTRÓPIO-ECTRÓPIO 

    Animais de certas raças, como por exemplo, São Bernardo,

    Dobermann pinscher, Buldogue inglês e Cocker Spaniel, podem exibir

    deformidade palpebral que envolve tanto a inversão quanto a eversão de uma ou

    ambas as pálpebras. Tipicamente, estes cães apresentam-se com entrópio lateral

    e ectrópio central das pálpebras superior e inferior. Comumente estes distúrbios

    fazem-se acompanhar por profundo corrimento mucopurulento e

    ceratoconjuntivite grave (SLATTER, 1998).

    Existem diversas teorias concernentes à causa desta afecção. Foi

    proposto que o músculo retrator ausente ou deficientemente funcionante pode ser

    o responsável pela causa da tensão lateral sobre a pálpebra. Este músculo pode

    desempenhar a função do ligamento cantal lateral em seres humanos. Também

    deve ser levada em consideração a possibilidade de que a causa subjacente é

    simplesmente a quantidade excessiva de pele facial em cães de raças como a

    São Bernardo (SLATTER, 1998).

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      O distúrbio requer procedimento cirúrgico que não somente corrija o

    entrópio, mas também proporcione tração lateral sobre o canto, para a correção

    do ectrópio (SLATTER, 1998).

    3.3- TUMORES PALPEBRAIS

    Massas palpebrais podem ser inflamatórias ou neoplásicas. Massas

    neoplásicas são comuns em cães: a maior parte delas é benigna e se associa

    com as glândulas meibomianas. Embora sejam menos comuns, os tumores

    palpebrais malignos incluem carcinomas de células escamosas,

    adenocarcinomas, carcinomas de células basais ou fibrossarcomas (FOSSUM,

    2005). Os adenocarcinomas das glândulas tarsianas são os tumores palpebrais

    mais frequentemente diagnosticados em cães. Menos comumente detectados,

    são os adenocarcinomas, melanomas e papilomas. O adenoma das glândulas

    tarsais (como ocorre com a maioria dos tumores da pálpebra do cão) é

    clinicamente benigno, e comumente a excisão cirúrgica é curativa. Também pode

    ser utilizada a criocirurgia, com nitrogênio líquido a -4°F (-20°C), no tratamento

    destes tumores (SLATTER, 1998).

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    Os tumores que ocorrem nas pálpebras de gatos incluem melanoma,

    neurofibroma e carcinomas de células escamosas e basais

    (BICHARD&SCHERDING, 2003).

    Os carcinomas de células escamosas são observados geralmente

    em gatos brancos e se parecem com lesões ulcerativas não cicatrizantes. São

    localmente agressivos e apresentam uma taxa de recorrência alta. Os melanomas

    palpebrais em gatos metastatizam com maior facilidade, como a maioria dos

    tumores palpebrais nessa espécie, que são tumores malignos e acarretam

    prognóstico reservado (BICHERD&SCHERDING, 2003).

    Massas tumorais causam desconforto, interferem na função

    palpebral e podem resultar em ceratite. Tumores palpebrais que estejam em

    crescimento ou causem sinais clínicos são removidos por excisão (FOSSUM,

    2005).

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    4- CORREÇÃO CIRURGICA E PÓS-OPERATÓRIO

    4.1- ENTRÓPIO

    Muitas técnicas foram sugeridas para a correção dos casos de

    entrópio simples. A técnica que proporciona o resultado mais consistente é o

    procedimento de Holtz-Celsus (SLATTER, 1998; STAINKI, 2006; READ et al,

    2007; CALLUM et al, 2004), que constitui o procedimento mais frequentemente

    realizado para proporcionar correção cirúrgica definitiva para entrópio crônico ou

    recorrente (FOSSUM, 2005).

    Essa técnica consiste em envolver a excisão de retalho de pele em

    forma de meia lua, situado 2 a 3 mm da margem palpebral. A excisão cutânea é

    de 3 a 4 mm mais larga que a área afetada da pálpebra. A área de pele a ser

    removida é comprimida com pinça de Halsted ou Crile, mediante a preensão da

    prega cutânea com a ponta do instrumento. Depois que a pinça for inicialmente

    aplicada à prega cutânea, podem ser efetuados os ajustes finos nas dimensões

    da prega, mediante a liberação da pele, ou da tração de mais pele nos ramos da

    pinça, antes do esmagamento. As pinças hemostáticas são firmemente travadas e

    mantidas no lugar por cerca de 30 segundos, antes de serem removidas. A prega

    cutânea é removida com a ajuda de tesoura romba. Alguns cirurgiões preferem

    fazer incisão “à mão livre” com um bisturi, para que fique reduzida a formação de

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    cicatriz cirúrgica. Este método tem a vantagem de causar traumatismo

    ligeiramente menor aos tecidos, mas ocorre hemorragia mais abundante. Em

    casos graves de entrópio, pode ser removida pequena tira de músculo orbitário,

    num esforço de criar maior cicatriz interna, e de reduzir a intensidade do

    estiramento cutâneo pós-operatório. Este objetivo é alcançado mediante o

    pinçamento do músculo exposto com pequena pinça de Bishop-Harmon, e incisão

    de tira de músculo com tesoura de tenotomia. Deve-se tomar cuidado de não

    seccionar a conjuntiva palpebral. A pele é suturada com fio de seda 5-0 ou 6-0

    aplicados com 2 mm de afastamento, e sutura simples interrompida. Não há

    necessidade de aplicação de suturas subcutâneas (SLATTER, 1998).

    Imediatamente após a cirurgia as pálpebras devem se encontrar na

    posição normal. Durante os primeiros dias de recuperação, as pálpebras parecem

    estar ligeiramente hipercorrigidas, mas à medida que vai desaparecendo a

    inflamação, elas retornam ao normal. Quando há duvida é melhor promover a

    subcorreção do que a hipercorreção, induzindo a formação de ectrópio

    (SLATTER, 1998).

    Quando uma inversão de canto lateral constituir o componente

    predominante do entrópio, deve-se realizar uma modificação em seta no

    procedimento de Holtz-Celsus. Esse procedimento deve ser realizado usando-se

    uma ressecção em forma de “V” ou seta no canto lateral em vez de uma incisão

    elíptica. Além disso, deve-se colocar uma sutura de tensão subcutânea no canto

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    lateral para ancorar e estabilizar este em uma posição mais lateral. Essa sutura

    deve ser colocada no interior da fáscia cantal lateral e do músculo orbicular,

    profundamente até a incisão cutânea e a fáscia sobrejacente ao ligamento

    orbitário em um padrão de arrimo horizontal. Em outros casos, pode-se realizar

    uma tenectomia cantal lateral para avaliar a tensão no canto lateral (FOSSUM,

    2005).

    Uma alternativa para a técnica de excisão cutânea elíptica consiste

    em usar uma correção de “Y” para “V”. Recomenda-se essa técnica para um

    entrópio cicatricial. Coloca-se uma placa palpebral ou um abaixador de língua

    estéril no interior do fórnice conjuntival inferior para sustentação. Faz-se uma

    incisão em forma de “Y” com os ramos do “Y” se estendendo bem além do

    segmento afetado da pálpebra. Determina-se a extensão do cabo da incisão em

    “Y” por meio da aplicação de tração no flape cutâneo até a margem palpebral ficar

    em posição normal. Divulsiona-se o flape cutâneo, resseccionando-se qualquer

    tecido cicatricial presente, e depois sutura-se a ponta do flape até a face mais

    distal da incisão. Aproxima-se o restante da pele com suturas de aproximação

    (FOSSUM, 2005).

    O procedimento de pedículo tarsal deve ser usado em animais que

    precisam de eversão palpebral adicional por causa da severidade da afecção ou

    da sua recorrência (FOSSUM, 2005).

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      Pode-se combinar uma tarsorrafia lateral permanente com outros

    procedimentos para corrigir o entrópio associado com aumento de tamanho das

    fissuras palpebrais. Também foi descrito que os procedimentos de excisão de

    dobra cutânea facial, cantoplastia lateral e cantoplastia medial auxiliam na

    correção de entrópio (FOSSUM, 2005).

    O entrópio medial é reparado pela mesma técnica utilizada nos

    cantos de entrópio congênito. Deve-se tomar a precaução de não seccionar nem

    suturar os pontos lacrimais. A remoção ou redução das pregas nasais fica

    indicada quando os pelos existentes nestas pregas atritam a córnea. Este objetivo

    pode ser atingido mediante a compressão do tecido a ser removido com a pinça,

    e pela sua excisão com tesoura romba. É obtido melhor resultado cosmético, se a

    incisão é efetuada na porção posterior das pregas. Comumente, as pregas nasais

    devem ser reduzidas pelo menos à metade de sua altura original. Suturas são

    aplicadas em um padrão interrompido com seda 5-0 ou 6-0, sendo removidas 10

    a 14 dias após a cirurgia. Não há necessidade da prática de ceratectomia

    superficial concomitante, porque a correção do entrópio medial ou das pregas

    nasais interrompe a irritação física, mecânica, da córnea. A pigmentação diminui

    com o passar do tempo, e com o uso criterioso de corticosteróides (SLATTER,

    1998).

    WILLIS et al, 1999, relata que a sutura for feita no subcutâneo com

    fio de poliéster pode causar fibrose, alterando assim o resultado do procedimento.

  • 8/18/2019 Correcoes Cirurgicas Das Blefaropatias - Carolina Campos Coppieters

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      O tratamento pós-operatório consiste na aplicação de pomada

    antibiótica no olho e sobre a ferida duas vezes ao dia. O animal receberá colar

    elizabetano, para que não ocorram autolesões. As suturas serão removidas 10 a

    14 dias após a cirurgia (SLATTER, 1998).

    As duas principais razões para o fracasso na obtenção de bom

    resultado estético são: (1) a não elaboração da incisão com a proximidade

    suficiente da margem palpebral, e (2) a aplicação das suturas com demasiada

    distância entre os pontos (SLATTER, 1998).

    4.2- ECTRÓPIO

    Dentre as numerosas técnicas disponíveis para a correção do

    ectrópio congênito e adquirido, a blefaroplastia de Wharton-Jones (técnica V-Y) é

    a mais simples e mais comumente utilizada. Nesse procedimento, é efetuada

    incisão em forma de “V” através da pele, ventralmente à área evertida, e

    ligeiramente mais larga que esta área. O retalho é divulsionado até a região

    dentro de 2 a 3 mm da margem palpebral. A incisão é ocluída desde a base até a

    margem. O grau de oclusão pode ser medido mediante a movimentação superior

    do retalho, até que a eversão seja corrigida. Neste procedimento, não está

    indicada e nem é necessária à aplicação de suturas subcutâneas. A incisão é

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    ocluída com fio de seda 5-0 ou 6-0, em um padrão interrompido (SLATTER, 1998;

    STAINKI, D.R, 2006).

    Em casos graves, nos quais a técnica em V-Y não irá corrigir o

    ectrópio, pode ser utilizada uma modificação da técnica Kuhnt-Szymanowski

    (SLATTER, 1998). Esse procedimento reduz o risco de formação de cicatriz na

    margem palpebral e danificação de cílios e glândulas meibomianas em animais

    com ectrópio atônico (FOSSUM, 2005). Envolve a remoção de uma cunha da

    margem palpebral com a largura apropriada, para que a margem seja encurtada

    adequadamente. A técnica de “compressão/incisão” pode ser utilizada no

    delineamento da área a ser excisada. Assim que o tecido tenha sido removido, a

    conjuntiva e os tecidos tarsianos são suturados em um padrão contínuo, para que

    fique assegurada a aposição precisa. A pele é suturada com seda 5-0 ou 6-0,

    num padrão interrompido (SLATTER, 1998).

    Pode-se realizar uma ressecção conjuntival sozinhas ou em

    combinação com outros procedimentos de ectrópio para melhorar os resultados

    cosméticos. Pega-se a conjuntiva palpebral no fórnix ventral com a pinça, levanta-

    se e depois pinça-se paralelamente à margem palpebral com pinças hemostáticas

    por 30 segundos. Remove-se as pinças hemostáticas e excisa-se a área definida

    da conjuntiva. Aproxima-se as bordas com um padrão contínuo simples de sutura

    de material absorvível (4-0 a 6-0). Quando a ressecção de uma cunha pequena

    de tecido é insuficiente, é comumente usada uma correção em V-Y de ectrópio

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    cicatricial a partir de ferimentos, excisão tumoral ou supercorreção de entrópio.

    Isso é especialmente útil no caso de lesões com cicatriz em contração larga.

    Pode-se precisar de uma tarsorrafia temporária para ajudar a evitar contratura ao

    longo das linhas de sutura durante a cicatrização. Casos severos de ectrópio

    cicatricial podem obter mais liberação usando uma Z-plastia, com o ramo central

    do “Z” coincidindo com a linha de tração da cicatriz (FOSSUM, 2005).

    O tratamento pós-operatório é feito da mesma maneira que é feito

    em casos de entrópio. Consiste na aplicação de pomada antibiótica no olho e

    sobre a ferida duas vezes ao dia (SLATTER, 1998). O animal receberá colar

    elizabetano, para que não ocorram autolesões. As suturas serão removidas 10 a

    14 dias após a cirurgia (SLATTER, 1998; STAINKI, 2006).

    4.2.1- COMBINAÇÃO ENTRÓPIO-ECTRÓPIO

    Pode-se realizar uma blefaroplastia lateral. Esse procedimento

    combina a técnica de Holtz-Celsus para entrópio com a criação de um ligamento

    lateral à partir do músculo orbicular comum (FOSSUM, 2005).

    Wyman originalmente delineou procedimento de cantoplastia lateral

    para esta anormalidade palpebral. Atualmente, pode ser efetuada uma técnica

    mais simples. O procedimento envolve a realização de incisão do tipo

    “compressão/incisão” que se estende por metade do comprimento das pálpebras

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    superior e inferior. A incisão tem continuidade em torno do canto lateral. A incisão

    deve estar situada a cerca de 3 mm das margens palpebrais e do canto lateral.

    Uma segunda incisão é efetuada desde a área do canto lateral até o ligamento

    orbitário. Sutura com fio ácido poliglicólico 3-0 é passada através da margem do

    canto lateral e em seguida pelo ligamento orbitário. Quando esta sutura é

    tencionada, as margens palpebrais são retificadas, corrigindo o ectrópio. A pele é

    ocluída com seda 5-0, que corrigirá o entrópio (SLATTER, 1998).

    Em sua maioria, os casos exibem inflamação pós-operatória do que

    o observado nas correções comuns de entrópios. É recomendável a aplicação de

    compressas quentes duas vezes por dia durante 2 a 3 dias, enquanto o animal

    está ainda hospitalizado. Será colocado colar elizabetano no animal, e as suturas

    serão removidas após 14 dias (SLATTER, 1998).

    4.3- TUMORES PALPEBRAIS

    A ressecção de toda a espessura da pálpebra é o procedimento

    mais simples para a remoção dos adenomas das glândulas tarsianas em cães.

    Este procedimento pode ser utilizado em lesões que envolvam até um terço da

    margem palpebral (na pálpebra inferior ou superior). A imobilização da lesão com

    pinça de Desmarres para calázio, ou o uso de pinças hemostáticas para a

    compressão dos tecidos ao longo das incisões propostas, irá diminuir o

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    sangramento. É efetuada incisão em “V” com tesoura romba, incluindo uma tira de

    2 a 3 mm de tecido normal a cada lado do tumor. Se está sendo utilizada pinça de

    calázio, as bordas do tecido podem ser mobilizadas em maior aproximação, e em

    seguida a pinça será reapertada, antes da sutura. A ferida é ocluída mediante a

    sutura apenas da conjuntiva e pele, o que permitirá que a pálpebra sofra

    estiramento e retorne a aspecto praticamente normal, após a cirurgia. A

    conjuntiva é suturada com catgut cromado 5-0 ou 6-0, em um padrão contínuo,

    com início no “fundo” do “V” e avançando na direção da margem. A pele é ocluída

    com seda 5-0 ou 6-0 em um padrão de pontos interrompidos, com início na

    margem palpebral (SLATTER, 1998).

    Outra técnica para tumores que envolvam menos de um terço da

    margem palpebral é excisar-se as lesões que envolvem as pálpebras e aproximar

    suas margens diretamente. Se necessário, deve-se romper o ligamento cantal

    lateral para avaliar a tensão. A técnica é feita da seguinte forma: estabiliza-se a

    pálpebra e proporciona-se a hemostasia com uma pinça de calázio ou abaixador

    de língua estéril, para sustentar e estabilizar a pálpebra. Com uma lamina de

    Bard-Parker n°15 ou uma lamina de Beaver n°64, faz-se uma cunha ou uma

    incisão em forma de casa ao redor de tumores que envolvem menos de um terço

    da margem palpebral. Remove-se o tumor e 1 a 2 mm de pele normal em cada

    lado. Feche a pálpebra em duas camadas. Faz-se uma incisão de cantoplastia

    lateral ou uma incisão semicircular aproximadamente no comprimento da margem

  • 8/18/2019 Correcoes Cirurgicas Das Blefaropatias - Carolina Campos Coppieters

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    palpebral para criar um flape deslizante e permitir um fechamento sem tensão, se

    necessário. Faz-se uma incisão elíptica ao redor da massa que não envolvam a

    margem palpebral ou a conjuntiva, tenham menos de 25% do comprimento da

    pálpebra, e não sejam mais largas que 4 a 5 mm. Fecha-se a pele com suturas

    interrompidas (fios não-absorvÍveis 4-0 a 6-0). Poderá ocorrer um ectrópio

    secundário caso se remova uma lesão muito grande por meio de uma excisão

    elíptica. Caso se observe um ectrópio durante o fechamento, use um flape

    rotacional ou de avanço em vez de fechamento por aproximação direta

    (FOSSUM, 2005).

    Tumores que necessitam da excisão de um terço ou mais da

    pálpebra necessitam do uso de técnicas de restauração mais complexas. Para as

    lesões que não envolvem toda a espessura da pálpebra, pode ser utilizado

    avanço tecidual de espessura parcial. Esta técnica preserva a conjuntiva

    palpebral. Se, entretanto, a maior parte da pálpebra inferior foi removida, poderá

    ser utilizado retalho mucocutâneo do lábio inferior, para restauração da pálpebra.

    O uso de um retalho plexo subdérmico mucocutâneo tem diversas vantagens

    sobre os outros procedimentos. Este tecido pode substituir áreas palpebrais

    extensas, proporcionando nova membrana mucosa em substituição da conjuntiva

    palpebral. Bons resultados cosméticos foram obtidos em cães com esse

    procedimento (SLATTER, 1998).

  • 8/18/2019 Correcoes Cirurgicas Das Blefaropatias - Carolina Campos Coppieters

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    O eletrocautério e a criocirurgia são métodos alternativos para a

    remoção de pequenos tumores da pálpebra. Uma alça acoplada a unidade de

    eletrocautério cirúrgico ajudará na remoção de papilomas, melanomas e

    pequenos carcinomas das células basais. A córnea deve ser protegida, porque as

    feridas corneanas causadas pelo calor do cautério cicatrizam com muita lentidão.

    Do mesmo modo pode haver contra-indicação para o uso de eletrocautério, caso

    seja desejável o exame microscópico do tecido excisado, porque este instrumento

    coagula os pequenos tumores e altera sua arquitetura histológica (SLATTER,

    1998).

    Alguns casos de tumores que envolvem mais de um terço do

    comprimento da margem palpebral exigem flapes de avanço para reconstrução.

    Um flape de avanço de pedículo único e um flape de pálpebra a pálpebra são

    opções para reconstrução. Após resseccionar a massa, cria-se um flape de

    avanço de pedículo único por meio de uma extensão distal das incisões medial e

    lateral perpendicularmente à margem palpebral. Divulciona-se e mobiliza-se a

    maior quantidade possível de conjuntiva adjacente ao defeito para alinhar o flape.

    Avança-se o flape até a margem palpebral, alinhando-a cuidadosamente com a

    pálpebra remanescente e suturando-a na posição (fio não-absorvível 4-0 a 6-0).

    Sutura-se a conjuntiva e a pele na nova margem palpebral com um padrão

    contínuo simples (absorvível 6-0) (FOSSUM, 2005).

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    Como alternativa, pode-se usar uma incisão semicircular no canto

    lateral para avançar a margem palpebral lateral à pálpebra superior ou inferior

    centralmente. Para fechar defeitos, também podem ser criados outros flapes,

    incluindo flapes rotacionais, Z-plastias, em alça de balde e palpebrais cruzados

    (FOSSUM, 2005). Pode-se remover o pedículo de transferência cutânea após 4 a

    6 semanas, caso deseje-se, posteriormente, se necessário, pode-se revistar a

    nova margem palpebral para uma aparência mais cosmética (FOSSUM, 2005).

    Usa-se um flape de pálpebra a pálpebra para reparar grandes

    defeitos criados por remoção de massa ou traumatismo com um flape de plexo

    subdérmico mucocutâneo. Pode-se usar o flape para repor uma parte ou toda a

    pálpebra inferior e pode-se modifica-la para reconstruir a pálpebra superior.

    Marca-se duas incisões paralelas no lábio superior, em ângulo de 46° a 50° a uma

    linha que traça a bissetriz dos cantos medial e lateral da fissura palpebral. Faz-se

    uma incisão mais larga que o defeito, outra incisão labial de espessura completa

    ao longo das linhas marcadas. Rompe-se a mucosa oral em um nível suficiente

    para substituir a conjuntiva excisada. Faz-se a dissecação cuidadosamente a pele

    a partir da mucosa oral remanescente para permitir um comprimento de pedículo

    suficiente para atingir o defeito palpebral sem tensão. Aproxima-se a mucosa oral

    com suturas interrompidas simples ou contínuas (fio absorvível 3-0 a 5-0). Cria-se

    uma incisão em ponte por meio de uma incisão desde o ponto médio do defeito

    palpebral até a face cranial do local doador. Gira-se o flape na posição, depois

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    aproxima-se a mucosa oral do flape da conjuntiva remanescente com suturas

    interrompidas ou contínuas internalizadas (fio absorvível 4-0 a 6-0). Termina-se a

    transferência suturando-se a pele do flape na pálpebra remanescente e, depois,

    reaproxima-se a pele nas margens labiais usando um fio de sutura não-absorvível

    4-0 a 5-0. Para evitar comprometimento vascular, não tenta-se corrigir dobras e

    pregas cutâneas na reconstrução facial (FOSSUM, 2005).

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    5- CONCLUSÃO

    O entrópio é a eversão da margem palpebral, fazendo com que os

    cílios e pêlos entrem em contato com a conjuntiva e a córnea, causando epífora,

    graus variáveis de lesão de conjuntiva e córnea, resultando em dor ocular

    constante. Pode ser classificado em: congênito, adquirido ou espástico. Atinge

    principalmente cães das raças: Chow chow, Bloodhound, Labrador retriever,

    Buldogue inglês, Dobermann pinscher, Chesapeake Bay retriever, São Bernardo,

    Rottweiler, Poodle, Setter irlandês e Shar Pei.

    O ectrópio é a eversão da pálpebra inferior, com exposição da

    superfície conjuntival, sendo comum em cães e raro em gatos e nos grandes

    animais. Tem etiologia congênita, fadiga dos músculos faciais, paralítica,

    traumática ou iatrogênica. Os sinais clínicos são conjuntivite crônica e epífora.

    Acometem principalmente cães das raças São Bernardo, Bloodhound, Cocker

    Spaniel americano, Bassethound, e Buldogue.

    Animais das raças São Bernardo, Dobermann pinscher, Buldogue

    inglês e Cocker spaniel podem ter uma combinação de entrópio e ectrópio, sendo

    entrópio lateral e ectrópio central das pálpebras inferiores e superiores.

    Deve-se ter muita atenção ao comprar um filhote, pois o único

    tratamento para essas afecções são os procedimentos cirúrgicos. A única

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    profilaxia possível para essas patologias é a retirada dos animais acometidos da

    reprodução.

    As massas palpebrais podem ser inflamatórias ou neoplásicas.

    Massas neoplásicas são comuns em cães. Os tumores palpebrais malignos

    incluem carcinomas de células escamosas, adenocarcinomas, carcinomas de

    células basais ou fibrossarcomas. Em gatos também podem ser melanomas,

    neurofibroma e carcinomas de células escamosas e basais. Essas massas

    causam desconforto, interferem na função palpebral e podem causar ceratite.

    No caso das massas palpebrais o único tratamento também é a

    excisão cirúrgica.

    Conclui-se então que o único tratamento efetivo nas blefaropatias

    acima descritas, é a intervenção cirúrgica. O tratamento clínico pode aliviar os

    sintomas, mas não resolve o problema.

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