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UNIVERSlDADE TUIUTI DD PARANA
FACULDADE DE CIENCIAS BIOL6GICAS E DA SAUDE
CURSO DE ESPECIAUZA<;:Ao:TERAP1A OCUPACIONAL EM SAUDE MENTAL
o ATENOIMENTO GRUPAL EM TERAPIA OCUPACIONAL
Rosinele Marlene Oias
Monografia apresentada ao prograrna de P6s-Graduayao
Especializat;:ao: Terapia Ocupacional em Saude Mental da Universidade Tuiuli do
Parana, como requisito parcial it obtenc;ao do titulo de especialista em Terapia
Ocupacional em Saude Mental.
Orientador: professor Milton Carlos Mariotti
Co-orientadora: professora Rita A. Bernardi Pereira
FEVERE1RO, 2002
-,,,'.<:;
SUMARIO
RESUMO ii
I INTRODUCAO I
2. 0 PACfENTE PSIQUIATRICO - ISOLAMENTO E NECESSIDAOE DO
GRUI'O .............•......................................................................................................... 3
3. CONCEITUACAO DE GRUPO 5
3.1 OS PRINCIPAlS AUTORES DAS TEORIAS GRUPALISTAS.. . 6
4. TERAPIA OCUPACIONAL EM SAVDE MENTAL 10
4.1. TERAPIA OCUI'ACIONAL COM TRABALHO DE GRUPO.. . II
4.2. AREAS OCUPACIONAIS.. . 14
4.2.1 Atividades da Vida Diaria (AVD)... . 144.2.2 Trabalho.. . 144.2.3 Lazer.. 14
5.0 TRABALHO EM GRUI'O NO HOSPITAL PSIQUIATRICO OA CASA DE
SAVDE RIO MAINA 16
5.1 NORMAS lNTERNAS DE FUNCIONAMENTO DE GRUPOS 16
5.2 ATiVIDADES DESENVOLVIDAS NOS GRUPOS DE TERAPIA
OCUPACIONAL NO HOSPITAL PSIQUIATRlCO CASA DE SAlIDE RIO
MAINA .. . .. 17
6. CONSIOERACOES FfNAIS 19
7. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 20
RESUMO
Este trabalho descreve a importancia do grupo como recurso terapeutico
destinado a pacientcs portadores de Transtorno Mental, considcrando a grande cxtensao
do lISC de grupos em Tcrapia Ocupacional. eita os motivos que levam alguns terapeutas
e coordenadores a escolha do trahalho em grupo, bern como: definic;oes e autores que
contribufram para 0 desenvolvimcnto grupaiista. Expoem a hist6ria da Terapia
Ocupacional que esta relacionada com a hist6ria da Psiquialria, a Terapia OcupacionaJ
com trabalho de grupos c sua definic;ao, as areas ocupacionais: atividade da Vida Oiafia
(A VD), Trabalho e Lazer c para finalizar, descrcve 0 trabalho desenvolvido no hospital
Psiquiatrico Casa de Saudc Rio Maina, com pacientes em fase de agudizac;ao.
I LNTRODUCAO
Este trabalho pretende mostrar 0 uso do grupo como recurso terapeutico com
paciciltes portadores de transtornos mcntais em fase de agudizavao e que apresentam
uma alta rotatividade devido a curta durayao da hospitalizacao.
Diante disto-'" faz-se a seguinte pergunta o atendimemo em Terapia
Ocupacional auxilia nos relacionamentos interpessoais e socializayao?
Estudos cientificos com grupos surgiram da necessidade de entender as
relayoes como suporte imprescindivel na compreensao do individuo.
Diante desta perspectiva, varios autores pesquisaram sabre 0 lema grupos.
Para ANDERY e LANE (1992, p.78) 0 grupo e vista como condiyiio
indispensavel para que as relayoes acontecam, vista que 0 individuo esta em permanente
cantato com os demais de sua especie Seb'1lindo essa premissa, os autores relatam:
"Grupo nao e mais considerado como dicolomico em rela<;ao ao individuo, Illas sim
como condic;ao necessaria para conhecer as determina<;oes sociais que agem sobre 0
individuo, bem como a sua a<;ao como sujeito hist6rico, pan indo do pressuposto que
toda ayao transformadora da sociedade 56 pode ocorrer quando individuos se agrupam"
Basicameme, em todos os segmentos da nossa vida, depara-se com formas
diversificadas de grupos, seja no trabalho, na escola, lazer, igreja, elc.
Segundo R.IBEIRO (1995, p.ll), esses grupos, de ceno modo, sao os
responsaveis pela saude mental do individuo, pois esta depende do seu cnvolvimento
com a c01l1unidade. A conclusao parece imediata: "0 grupo social e respons<lvel pela
saude mental e pel a neUfOse de seus individuos, porque 0 conflito, origina-se do
confronto entre os impulsos instintos dos individuos e os tabus culturais do seu grupo.
Uma cuhura psicologicamente doente, podera causar conflitos cada vez maiores e mais
profundos."
Atraves da utilizayao de lecnicas grupais, cria-se elementos facilitadores de
inser<;ao e reinsen;ao social, possibilitando assim 0 seu convivio do individuo com a
familia, seu retorno ao trabalho, a escola, e tambem possibilita a participac;ao
colaborativa corn outros c assim a obtem;ao de satisfac;ao interpessoal no contexto de
ralacionamentos em urn ambiente de grupo protetor e seguro.
o que se espera com esse trabalho e a idcntificac;ao da irnportancia do
atendimento grupal em Terapia Ocupacional com pacientes portadores de transtomos
mentais como meio para melhorar 0 relacionamento consigo mesmo c com os outros
individuos ja que 0 grupo proporciona este contato direlo. E, a partir dai, demonstrar a
eficacia da utilizar;aodessa metodologia.
No primeiro capitulo, sera apresentado a importancia do atendimento
grupal em Terapia Ocupacional. 0 segundo capitulo aborda 0 portador de transtorno
mental e as dificuldades de 0 mesmo relacionar-se de modo satisfat6rio como membro
de urn grupo. 0 capitulo tres define 0 conceito de grupo c faz uma breve referencia de
alguns autores que contribuiram para 0 desenvolvimento do movimento grupalista. No
capitulo quatm abordar-se a Terapi3 Ocupacional em Saude Mental e sua definic;ao.E
par ultimo relata-se 0 trabalho em grupo no hospital Psiquiatrico da Casa de Saude Rio
Maina em Cricit'imaSanta Catarina.
2.0 PACIENTE I'SIQUIATRICO -ISOLAMENTO E NECESSIDADE 00
GRUPO
Uma das mais graves caracteristicas do Transtomo Mental e 0
isolamento do individuo perante os outros e 0 mundo.
Percebc-sc as dificuldades que cssas pcssoas encontram para viver c
trabalhar de modo satisfatorio como membro de urn grupo devido a incapacidade de
criar novos rclacionamentos.
A rccupera-;ao do portador de Transtomo Mental exige nao apenas
assis\cncia mcdicameJ1losa , como tam bern assistencia psicol6gica adequada, assim
como ambicnles acolhcdores e fatores sociais e ambientais favordveis para que a
cfcliva reintcgrac;i:'io social seja possivel. 0 homcm c delinido como urn ser social, nascc
em sociedade, vive em sociedade.
A rctomada aD trabalho, estudo c lazer represcntam urn ponto maximo
da sociaJiza'tao e e fundamental pard a sua plena recupera'tao.
o melodo de trabalho grupaJ tern dado excelentcs resultados na ajuda a
pacienles relraidos, por carcncia de afeto com severas dificuldades em cstabelecer
reia'toes com oulras pessoas.
Para alguns eoordcnadores c lerapeutas lui uma escolha entre 0 trabalho
grupal e individual, por isso vale a pena verificar as razoes que levam a escolha do
trabalho grupal.
2.1- PORQUE TRABALHO DE GRUPO?
Para LIEBMANN (2000, p.23) as f37.iies para a escolha do trabalho em
grupo sao:
. Muilo aprendizado social e feito em grupos;
Pessoas com necessidades semelhanles podem apoiar-se mutuamenle e sLigerir
solu'toes para problemas comuns, ajudando umas as ouLras;
. Os integrantes de urn grupo podem aprender com feedback dos outros;
4
· Os grupos podem seT catalisadores para 0 desenvolvimcnto de recursos e habilidades
latcntes;
· Os gropos podem ser rnais dcmocraticos, compartilhando 0 poder e a
responsabilidade;
· Os grupos sao mais economicos, permitindo que urn tccnico auxilie diversas pessoas
ao mesmo tempo;
· Os grupos sao mais adequados para algumas pcssoas, por cxemplo, aquelas que
consideram intensa demais a intimidade do trabalho individual;
· Alguns terapeutas consideram 0 tTabalha grupal mais satisfat6rio do que 0 individual.
Conludo, tambCm existem algumas desvantagens que devem ser do conhecimento
do terapeuta:
· E mais dificil manter 0 sigilo proprio do grupo pOTque ha mais pessoas envolvidas;
· Os grupos precisam de recursos, e podcm ser dificeis de organizar;
· Os rnernbros de urn grupo recebem mcnos atcnyao individual;
Urn grupo pede ser rotulado ou estigmalizado.
3. CONCEITUA<,:AO DE GRUPO
Desde 0 nascimento, 0 individuo participa de diferentes grupos, numa
constante diaU:tica entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma
identidade grupal e social.
Todo individuo passa a maior pane do tempo de sua vida convivendo e
interagindo com diversos grupos, ele se agrupa sob as mais variadas formas:
associal;oes csportivas, c1ubes, igrejas, partidos politicos, seitas, etc.
De acordo com ZIMERMAN e OSORIO (1997. p.27)· "urn conjunlo de
pessoas constitui urn grupo, um conjunto de grupos constitui uma comunidade e um
conjunto interativo das comunidades configura uma sociedade,"
Segundo os aut ares acima cilados, e muito vaga e imprecisa a definic;ao de
grupe. A palavra grupo tanto define um conjunto de tn!s pessoas, como lambem pode
conceiluar uma familia, uma turma ou gangue de formayao espontanea, uma multidao
reunida num comicio, de um grupo lerapeutico, uma fila de onibus, etc. Entao, 0 que
seria um grupo operativo ou terapeutico? Esses grupos propriamente seriam
caracterizados por:
· reunir lodos os integrantes face a face, em lorno de uma tarefa e de urn objetivo
comum ao interesse deles;
nao seria apenas um somatorio de illdividuos. 0 grupo se constituiria como nova
entidade, com leis e mecanismos proprios e especificos;
· Ter 0 tamanho que nao exceda ao limite que possa colocar em risco a indispensitvel
preservar;:ao da cOlllunicar;:ao;
· Levar em conla espayO, tempo e a combinar;:ao de algumas regras;
E indispensavel que fiquem c1aramente preservada e separadamente as identidades de
cada urn dos individuos do grupo;
em todo grupo coexistem duas [oryas cOlllradit6rias, que seria a coesao e a outra a
desintegrar;:ao;
· e inevitavel a formar;:ao de um campo grupaJ em que gravitem fantasias, ansiedades,
mecanismos defensivos, etc.
31 OS PRINCIPAlS AUTORES DAS TEORIAS GRUPALiSTAS
LEWIN foi 0 criador do conceilO de dinamica de grupo e fundador do
Centro de Pesquisa em Dinamica de Grupos, em Havard, era contra a concep<;ao de
compreender 0 homem apenas individual mente.
Ele postulava que qualquer individua, por mais ignorado que seja, faz pane
do cantexlO do seu grupo social, 0 influencia e e por esle fortemcnte intluenciado e
model ado.
Para ele, 0 grupo possui:" ... estrutura propria, objclivos proprios com outros
grupos. A essencia de um grupo nao e a scmelhanr;a au a diferenya entre seus membros,
mas a sua intcrdependencia, Pode-se caracterizar urn grupo como urn todo dinamico;
islo significa que uma mudanya no estado de qualquer sub-parte modifica 0 estado de
tadas as sub-partes." (LEWIN apudFARLAS, 1995, p.29)
Em 1930, este medico romeno Moreno introduz a expressao "Ierapia de
grupo" 0 arnor desse aulor pelo tealro, desde a sua infiincia, propiciou a utilizayao da
importante tecnica grupal conhecida como psicodrama > bast ante difundida e praticada
na atualidade. Moreno trabalhou com grupos constituidos por crianyas vietnamistas e
prostitulas, alem de desenvolver uma sessao psicodranullica de grupo no Teatro
Komodien Haus, onde considera 0 nascimento do Psicodrama Co1etivo ou Sociodrama.
Sua tecnica visa a compreender as ralayoes interpessoais por meio de calarse e do
desempenho de papeis
RIVIERE, psicanalista argentino, tomou-se 0 grande nome na area dos
grupos operativos. Ele acreditava na possibilidade de partir da coletividade para a
compreensao do individuo enquamo ser unico. Grupo para ele e: '''urn conjunto restrito
de pessoas que ligadas par canst antes de tempo e espayo e articuladas por mutua
representayao interna se prop6em, em forma explicit a ou implicita a lima tarefa que
censtitui sua finalidade, inter atuando atraves de complexes mecanismos de
adjudicayao e assunyao de papeis."
BION, psicanalista da sociedade britanica foi fortemente influenciado
pelas ideias de M. Klein, partindo de suas experiencias com grupos realizados em urn
hospital militar durante a Segunda Guerra Mlindial
Vale destacar a sua cOllcepyao de que qualqller grupo movimenta-se em
dois pianos: 0 primeiro. que ele denomina "grupo de trabalho" • opera no plano do
consciente e eSla voltado para execuyao de alguma taref.:1; 0 segundo e 0 "grupo de
pressuposlOS basicos", 0 qual csta radicado no inconsciente
MARSH roi urn dos primeiros no uso da grupoterapia em hospitais
psiquiatricos. Utilizava metodos inspiralivos e de revivcncia, atraves de aulas,
discussoes em grupo, musica, ane, dan~a e oulros recursos para envolver os pacientes
uns com os oulros. Ele roi e precursor do que hoje pode-se chamar de comunidade
terapeutica.
FOULKES roi lider mundial da psicoterapia de grupe, realizou grupes com
veteranos de guerra. Manifeslou a crenya de que a terapia de grupo era expressao de
uma nova alitude em face do eSludo e melhoria das relayoes hurnanas.
Em seguida, serao citadas algumas formas de grupos, segundo RIBErRO
(1995, p.1S).
a) COllllfllidade Terapelffica
terapeutica.
Seu trabalho significava urn apcrfeicoamento da comunidade entre 0
hospital e a comunidade, entre as diversas unidades de servico do hospital. Esse fato
estimulou 0 hospital a reconhecer a importancia do grupo terapeutico e da terapia social
para 0 tratamenlO.
Criou-se atividades de todos os generos: trabalhos, atividades artisticas,
clubes com jogos, danyas, banda de musica, jomal. Havia atividades ligadas a jardins,
agriculturas, animais. as pacientes eram livres inclusive para nao fazer nada. Tratava-
se, portanto, de dar a eles a possibilidade de participacao nas decisoes importantes,
ligadas a diversos tipos de problemas. Assim aprenderiam, sobretudo a procurar e a
promover lideranya, a verbalizar seus sentimenlos a se auto determinar, ter mais
confiany3 em si proprios.
b) Terapia de Grllpu~ de Casais
Grupos de casais sao grupos fonnados com a finalidade especial de
discutir e analisar seus problemas comuns.
Nos grupos assim formados, os casais nao se conhecem e nao devem ter
nenhuma ligac;ao fora da situayao de grupo.
A atitude do terapeuta e de permissividade, espolltaneidade, nao
diretividade, mantendo-se mais como uma figura de fundo, para permitir ao grupo criar
suas propria situayao terapeutica, amadurecer-se para a soluc;ao de seus problemas.
c) Grupos de A lividade,'>,'
Esses grupos podem ou nao produzir urn certo efeito terapeulico de
cariner psicologico, embora suas finalidade seja a realizac;ao de uma larefa determinada.
Essas atividades sao organizadas com a finalidade de melhorar a saude fisica, mental e
espiritual.
d) Grupos Terapelllicos
Grupos Tcrapeuticos sao aqueles que se reunem com finalidade
deliberadamente terapeutica. Sao diversos os meios e tecnicas, podendo-se recorrer a
alividades como: l11usica, teatro, danc;a e cinema, entre oulras. Existem duas
modalidades: a primeira encara a atividade como tim. A ocupac;ao do grupo e diferente
daquela que os individuos desenvolvem normal mente. A ocupac;ao do grupo e
considerada essencial em si mesma. A segunda quer atingir 0 grupo atraves da
ocupac;ao, que nesse caso, sera terapeuticamellte secllndaria. A participa\=ao ativa no
trabalbo do grupo se constitui no principal instrumento terapeutico
9
e) PsicolerapiCl de Grupo
A prcocupa~ao com 0 relacionamento grupal e nao com uma tarefa
grupa\ especifica coloca-se dentro de uma visao propriamcntc terapeutica. A principal
atividade do grupo seria a comllnica~ao verbal. Nao se trata de urn grupo de
conversa9ao, mas de comunic3yao
10
4. TERAI'IA OCUPACIONAL EM SAUDE MENTAL
A Terapia Ocupacional veIn gradativamente ganhando importancia na area
de Saude Mental. Com a Refof1lla Psiquiatrica, por lei, e exigida a contrata~ao de
Terapeutas Ocupacionais nos hospitais psiquiatricos, um proflssional de 20 hams
semanais para cada sesscnta pacientes.
Anlcriormcmc, a pnitica da Terapia Ocupacional estava a cargo de
profissionais que nao tinham formacao especifica, 0 importantc era manter lodos os
pacientes ocupados de algutna maneira e de quaiqucr maneira.
Na psiquiatria fTancesa, Philippe Pinel recomenda a ocupacao para os
alienados, dizendo que "a ocupaCiio retira 0 paciente de seu munda m6rbido e 0 dirige
para 0 !nundo rea\." (HENRIQUES et all.1999,p.13).
A historia da Terapia ocupacional esta relacionada com a historia da
Psiquiatria e, it medida que a sociedade passou a ver as homens como iguais a partir
dos principios socio-filos6ficos da Revolw;ao Francesa, e que se pode reconhecer na
loucura a doenya mental e criar espayos proprios para 0 seu tratamento. "Foi nesse
momenta que a cura pelo trabalho e lazer passou a ser uma abordagem bastante aceila,
com 0 objetivo de responder as necessidades da refonlla humanizadora de assistencia
aos 10ucos. (AMBROSIO apud LIBERMAN. 1998. p. 10)
Segundo visao de JORGE (1999, p.14)" a Terapia Ocupacional produz e
apressa a cura e as melhoras, porque procura, atraves de mecanismos muito simples e
naturais, permitir ao homem doenlc, intervir na realidade exterior. E isto porque 0
proprio alO de criar pode fomccer (ao paciente) novos visiumbres, novas perspectivas
e uma mova compreensao para ayao, seja 0 proprio ato da criayao .simples ilhota de
esperanya .."
A Terapia Ocupacional scria COIllOuma medicayao para 0 doente, nao seria
urn complemento e sim lima ahernativa para 0 paciente, utilizado com a certeza de
transformayi'io, fazendo-o aceitar a intcrnayi'io de maneira mais agradavel. E JORGE,
apud HENRIQUES et all.(\999,p.14) acrescenta que "nao e posslvel mentir quando se
fabrica. Os erros, os acertos, os objetos sao sempre obra intencional , ainda que nao
II
conscientes, e 0 ato de fazer traz, em seu baja, necessariamente 0 pensar. E 0 pensar
tTaz consigo a necessidade de comunicar, e que ninguem faz 56 por fazer."
Segundo JORGE (1984, p.68) "0 homem em atividade e, antes de tudo, urn
homem vivo ... Fazer e saber distingucm 0 homem dos Qutros animais. Fazer, enquanto
atividade de transforma<;ao, e, de fato, a a<;ao que deifica 0 hornem. 0 ocio, enquanto
morte da atividade, significa nao 56 a morte do homem, mas urn retorno do mesmo a um
estagio anterior de seu desenvolvimento."
4.1. TERAPIA OCUPACIONAL COM TRABALHO DE GRUPO
o terapeuta ocupacional lem sido 0 profissional que predominantemente
trabalha com grupos, principalmenle na area da Saude Mental. Apesar de seT urn recurso
mllito recomendado e praticado na Terapia Ocupacional ainda falta-nos pesquisa e
avaliayao critica de seu uso.
Diz MAXIMINO (1995, p. 28) que as principais adaptayoes que foram
feitas no campo dos grupos, na telltativa de enteoder seu funcionamento sao: 1- 0 usa de
conhecimentos adquiridos a respeito do funcionamento de grupos verbais; nos grupos
de atividade e 2- aplicayao de descobertas feitas em grupos terapeuticos de neuroticos,
aos grupos de psic6ticos, deficientes fisicos e mentais, e outros que procuram ajuda.
De acordo com BENETTON (1991, p. 37), 0 uso de atividades em grupos
favorece a existencia de dois lipos de dinamica: a primeira, cada paciente faz sua
atividade e manu!m com 0 terapeuta uma reiayao individual, chama-se de grupo de
atividade; 0 segundo, quando os pacientes resolvem fazer uma unica atividade em
conjunto e a terapeuta mantem 0 grupo nessa relayao de trabalho conjunto, chamado de
atividade grupal
MOSEY apud MAXlMiNO (J 998, p.SO ) define 0 grupo como sendo urn
agregado de pessoas que compartilham uma proposta que 56 pode ser atingida atraves
da interayao e trabalho conjunto,ter ideias e compol1amento em comum, apresentando
urn certo grau de afeto e confianya entre si
FIDLER E FLIDER (ll'lId MAXlMrNO (1998, p.50) nao definem grupo,
referindo-sc as relac;5es grupais como "alga mais do que simplesmente tratar varias
12
pessoas ao meSlllo tempo" e que "assim como os grupos podem seT patol6gicos, urn
bom cntendimento e pro post as de modificaoyao podem lef um significado
potencialmente terapeutico."
Um nUl11cro imenso de pacicntcs portadores de Transtomos Mentais etratado principal mente ou unicamente em grupos, talvez iSla ja seja um indicativa da
eficiencia deste tipo de inlervenoyao. A escolha deve-se em parte as vantagens
econ6micas que este tipo de abordagem oferecc.
Cada concepc;ao tcarica ve a abordagem em grupo de uma maneira. Sendo
assim,"a Terapia Ocupacionai. circundada de teorias provindas de oulros campos, tern
usado grupos para mobilizar, estimular, educar, trcinar para 0 trabalha , lrcinar para a
vida em sociedade, recriar e abordar problemas de relacionamento, conscientizar,
etc .. "( MAX1MIANO, 1995, p. 28)
A mesma aut ora cita alguns motivos para 0 uso dos grupos de atividades
como recursos de tratamentos, sao eles:
Grupo COIIIO caixa de I'essollollcia.
Para alguns pacientes, 0 trabalho de terapia ocupacional em selliJlg grupal
pode ser eficaz. No inicio do atendimento vamos tentando varios caminhos de
mobiliza'Vao, 0 grupo pode funcionar como uma caixa de ressonancia, ampliando as
possibilidades de intervenyao.
GrlljJo como Espavo Polellcia/.
o ambiente deve ser suficientemente confiavel e facilitador para que 0
paciente possa arriscar-se a estabelecer relayoes e usar objet os.
Represemaviio iJllerna do gr/lpo COIllO lillie/ode e seils ejeilos lerapf:ulicos.
COl1struir uma repreSenlayaO de grupo implica em poder ver aquele conjunto
de pessoas como uma unidade, da qual se faz pane. Para que 0 gmpo possa existir enecessaria uma especie de "trabalho pre-grupal", uma especie de "prepara'Vao"
13
A ahordagelll illtera/iva I de grlfpo de arillidades
Este grupo e estruturado para promover 0 desenvolvimcnto e 0 uso de
habilidades interpessoais e sociais. Avalia-se as deficits de comunicac;:ao verbal e nac
verbal, os aspectos pessoais e a adequay30 cultural; aiem de elaborar situac;:oes e
exercicio que promovam a capacidade do paciente para inidar e manter interaC;:6es
adequadas com as outr05 individuos e poderem interagir e vivenciar.
A abordagem do grllpo psicoterap{mfico
o terapeuta que optar por esla abordagem prec;sa ter muita experiencia e
conhecer bem teorias e tt~cnicas grupais para saber lidar com conflitos e assim obler 0
melhor do grupo.
Umas das caracteristicas e que 0 produto da atividade grupal da ao grupo
um enfoque e um sensa de realizay30 potencial, e e subordinado ao processo do grupo,
que fornece aos membros os insights e as experiencias de aprendizagem.
Sendo que, geralmente , 0 principal objetivo do grupo e pennitir que 0
paciente participe de modo a explorar suas reayoes e seus problemas pessoais par meio
de interayoes e comparti!hando 0 processo grupa1.
o terapeuta grupa! precisa estar atento ao que acontece no grupo, respeitar
os senlimcnlos que aflaram, ter a sensibilidade para perceber 0 momento certo de
imervenyao e evitar 0 que e prejudicial ao andamento do grupo como urn todo.
o grupo de Terapia Ocupacional e vista como sendo identico a quaisquer
grupos psicoterapeuticos, porem deles diferellciado pelo uso de atividades.
Essas atividades va~ desde nas mais simples elaborayao, tais como:
expressivas ( desenho, co!agem e pintura), atividades ludicas (jogos simples, domino,
cart as) ate as mais complexas que requerem maior atenyao, coordcnayao e elaborayao,
as artesanais, assim como aqueJas que visam 0 movimento e expressao corporal,
atividades recreativas, comemorativas, horta e jardinagem.
14
Em seguida serao abordadas as tres areas ocupaciollais, que inclui: AVD,
Trabalho e Lazer.
4.2. AREAS OCUPACIONAIS
4.2.1 Atividades da Vida Diaria (A VD)
Essas atividades compreendem desde as atividades fundamentais para a
sobrevivencia - comer, manter-se aquecido, evitar perigos, manter a higiene pessoa\ e ,
em algumas situavoes, habilidades sociais hasieas - ate os aspectos mais complex~s do
cuidado pessoal e da vida independente, como cozinhar, fazer cornpras e realizar
serviyos domesticos. (HAGEDORN, 1999, p.43)
o terapeuta ocupacional tern como finalidade estimular 0 individuo para
que ele adquira 0 interesse pel os cuidados basicos compreenda sua importancia e
continue com a disposiyao de realiza-Ios diariamente.
4.2.2 Trabalho
FREUD aplld HENRIQUES et aiL, (1999, p.14) Comenta acerca da
importancia do trabalbo: " reconhecendo a imporlaneia do trabalho, eontribui-se, melhor
do que por qualquer outra leenica de vida, para apertar os vinculos entre a realidade e °individuo, este, com efeilo, em seu trabalho, esta solidamente apegado a uma parte da
realidade: a comunidade humana."(FREUD ap"dHENRJQUES et aiL, 1999, p. 14,)
Segundo JORGE ( 1984, p. 32) 0 trabalho, e gratificador, confere status ao
trabalhador, da-Ihe riqueza, identidade social, poder, reforeo a individualidade e da
condie6es de sobrevivencia.
4.2.3 Lazer
o lazer gera prazer, proporciona descanso, relaxamento, divertimento. Leva
o individuo a esquecer os problemas, fugir cia angustia e solidao da vida privada.
o lazer tambem gera formas e meios de socializayao e agnlpamento
'"'Pessoas desempregadas e urn crcsccnte numero de aposentados vern
enconlrando dificuldades em lidar com horarios naQ estruturados e precisam de
15
orient8y30, enquanto que, para os que nao padcm trabalhar par incapacidade eu doenya,
o lazer pode ser crucial par oferecer prop6sitos e significados para a
vida."(HAGEDORN, 1999,p. 43)
o grau de eficiencia que 0 individuo tem para descmpenhar as areas
ocupacionais e uma indicavi'io de sucesso ou nao na adaptayao ao ambiente social e tern
fundamental importancia no bem-estar psico16gico, social e financeiro desse individuo.
16
5.0 TRABALfiO EM GRUPO NO flOSP1TAL PSIQUIA.TRICO DA CASA DE
SAUDE RIO MAINA
A Casa de Saude Rio Maina e uma Instituiyao Privada, prestadora de
servic;os hospitalarcs e ambulatoriais especializados em psiquiatria
Passui um total de 202 leil05 assim distribuidos: 12 leit05 em apartamentos privativos e
190 leitos de enfcnnaria, seode: 122 leitos masculinos e 68 leitos femininos.
o selor de Terapia Ocupacional e coordcnado pcr duas Terapeutas
Ocupaciollais que alendem nos periodos matutino e vespertino
o hospital conta com uma equipc multidisciplinar: Medicos, Enfermeiros,
Terapeutas Ocupacionais, Psic61ogos, Assistentes Sociais e Nutricionisla.
Os pacientes inlernados sao cncaminhados para avaliayao individual e em
seguida inseridos nos grupos terapeuticos
5.1 NORMAS INTERNAS DE FUNCJONAMENTO DE GRUPOS
a) As atividades somente scrao prescritas previamente pelo terapcula ocupacional;
b) Todo paciellle internado tern indica~ao para participar dos grupos de terapia
ocupacional;
c) A avalia~ao quinzenal dos pacientes em atendimento grupal sera realizada pelo
terapeuta ocupacional e, quando necessario, com 0 auxilio de outro tecnico;
d) Nao e permitido fumar em honirio de grupo;
e) Respeitar os horarios de atendimento pre.estabelecidos.
t) Permanecer na sala durante todo 0 atendimento;
g) Nao e pennitido gritar ou exibir comportamento amea~ador;
h) Nao devem destruir moveis ou outros objetos da sala.
i) 0 grupo devera ter um livro onde serao relatadas as atividades desenvolvidas nos
grupos bern como numero de participantes.
17
5.2 ATlVIDADES DESENVOLVlDAS NOS GRUPOS DE TERAPIA
OCUPACIONAL NO HOSPITAL PSIQUIATRICO CASA DE SAUDE RIO MAINA
Grupos opera/iva .••: Esse tipo de tccnica grupal e freqUentementc utilizada
pclo Terapeula Ocupacional. E util enfatizar que a atividade do coordcnador dos grupos
operativQs deve fiear centralizada unicamcntc na tarefa proposta. Para PICHON
RIVU'::R1 (1994, p. 59), "0 grupo operativo e urn instrumento de trabalho, urn metoda de
invesliga~ao c cumprc, al6m disso, uma flmcraO terapeutica".
No Hospital, essa modalidade de teenica grupal e utilizada para organizayao
de tareras, tais como: organizayao e manutenyao do ambientc, sob supervisao de urn
terapCUla ocupacional. 0 grupo aconlece lodas as segundas feirns com a finalidade de
operacionalizar cslns funyocs.
Tarnbem sao ofcrecidas atividades ludicas, recreativas, incluindo festas,
bailes, passeios ex lemos, corte de cabelo que tern a participayao dos alunos do SESe.
Grupo da horta e jardinagem: Desenvolvida em ambienle rural, exp5e os
pacicnles ao contato com cstimulo completamente diferente da realidade intramuros da
instituiyao. Tendo, portanto, a possibilidade de profissionalizayao e sua conseqOencia oa
reintegrayaO social; a oportunidades de, a partir de urn estimulo, observar a natureza em
seu aspecto evolutivo, proporcionando a simboiizayao da evoluyao pessoal e seu frutos.
Grllpo de afividades manua;.••: Tern como objetivo a elaborayao das
atividades voltadas para: hlibitos de trabalho, indcpendencia nas atividades do cotidiano,
resgatc das habilidades pcrdidas. As ativid[ldcs dcsenvolvidas sao: bordado, croche,
tape<;aria, cestaria, trico, tcar e pintunl em pano de prato.
Grllpo de atividades express;vas: Todos os pacientes podcm ingressar no
grupo, nao importando em que nivel esteja. As atividades realizadas neste grupo sao:
desenhos, pinturas, colagem c modeJagens. Essas atividades podem represcnlar urn
outro veiculo importante para a comUniCay80 e a cxpressao. Por sua caracteristica
especial, a pimura pode retratar, simultaneamentc, muitos aspectos da expcriencia. 0
lcrapcuta deve estar atento 0 que acontece durante 0 processo de criayao do paciente,
entendendo que os passos sao mais signiticativos que 0 resultado tinal, pois e dumnte 0
processo que este vivencia 0 conflito e tenta a seu modo representA-lo na tecnica
escolhida.
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Biblioleca: Projeto desenvolvido para atender os internos, coma com iivros,
revistas e jomais, senda os pacientes responsaveis pelo funcionamento.
A organiza~ao da rotina diaria do paciente internado esta vinculada aos
grupos de atividadcs que tem como objetivo 0 rcsgarc do pacicnte enquanto pessoa
capaz de se desenvolver e de descobrir 0 seu potencial
19
6. CONSrDERA(:OES FINAlS
Acredita-sc que a atividade de grupo constitui-se uma alternativa de
atendimento em Saude Mental, onde tern se moslrado um importante recurso terapeutico
associado ao tratamento farmaco16gico na rcabilitayao do individuo com Transtorno
MeniaL
o grupo abre possihilidade ao participante de melhorar 0 relacionamento
inter e intrapessoal, a reinseryao social e sociabilidadc.
A terapia de grupo fai reconhecida porque preenchc certas necessidades que
as lerapias individuais nao podem satisfazer e aproxima-se mais do ambiente natural em
que as pessoas vivem, trata tanto da dimlmica individual como da grupaL
AJgumas mudanyas no comportamento do paciente podem ser assinaladas;
lais como: maior interesse peia atividade (iniciariva e participa.;ao); aumento do nivel de
aprendizado e cooperar;:ao grupaJ; melhora na critica e participativa e na capacidade de
executar tarefas; possibilidade de estabelecer e aprofundar vinculo terapeutico .
Sai da era da individualidade para il1gressar l1a era da £rupalidade, na qual,
para atingir nossas metas OliO bas tara' ao ser humano 0 esfof(;o individual sem a insen;ao
no coletivo. Mais do que nunca e preciso compreender e aprender a trabalhar com
grupo.
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7. REFERENCIAS BI8L10GRAFICAS
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