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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Ciências Contábeis
Camila Marcelino Ferreira Lima
Elisangela Sanches Pinheiro
José Marinho Neto
BALANÇO SOCIAL E RESPONSABILIDADE
SOCIAL NA COOPERATIVA
Unimed - Lins / SP
LINS – SP
2007
CAMILA MARCELINO FERREIRA LIMA
ELISANGELA SANCHES PINHEIRO
JOSÉ MARINHO NETO
BALANÇO SOCIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA COOPERATIVA
LINS-SP
2007
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Ciências Contábeis sob a orientação do Prof. M.Sc. Ricardo Gonçalves dos Santos e orientação técnica da Profª. M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.
Lima, Camila Marcelino Ferreira; Pinheiro, Elisangela Sanches; Marinho Neto, José
Balanço social e responsabilidade social na cooperativa: Unimed de Lins Cooperativa de Trabalho Médico / Camila Marcelino Ferreira Lima; Elisangela Sanches Pinheiro; José Marinho Neto. – – Lins, 2007.
76p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Ciências Contábeis, 2007
Orientadores: Ricardo Gonçalves dos Santos; Heloisa Helena Rovery da Silva
1. Balanço Social. 2. Responsabilidade Social. 3. Unimed Lins. I Título.
CDU 657.1
L697b
CAMILA MARCELINO FERREIRA LIMA
ELISANGELA SANCHES PINHEIRO
JOSÉ MARINHO NETO
BALANÇO SOCIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA COOPERATIVA
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em: ____/____/____
Banca Examinadora:
Prof. Orientador : Ricardo Gonçalves dos Santos
Titulação: Mestre em Contabilidade Avançada pela Universidade de Marilia –
UNIMAR.
Assinatura: _________________________________
1º Prof. (a) : _____________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _________________________________
2º Prof. (a) : _____________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _________________________________
Aos nossos pais,
Que sempre estiveram presentes, incentivando-nos e acreditando em
nossos sonhos.
Amamos vocês!
Ao nosso grupo: Cá, Eli e Zezinho,
Estivemos juntos em todos os momentos, superando todas as
dificuldades e compartilhando as alegrias. Foram quatro anos de
estudos e hoje estamos aqui terminando mais uma etapa de nossas
vidas. Temos a certeza de que esse trabalho, além de auxiliar no nosso
crescimento intelectual, fortaleceu uma grande amizade.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que nos deu o dom da vida, nos capacitou e nos
proporcionou a oportunidade de realizar esse sonho, concluindo com
êxito essa jornada.
Aos nossos professores, que nos proporcionaram conhecimento e
nos incentivaram ao longo desses quatro anos. Queremos agradecer
especialmente aos nossos orientadores Professor Mestre Ricardo
Gonçalves e Professora Mestre Heloisa, por sua eterna paciência, apoio
e dedicação para que obtivéssemos êxito nesse trabalho.
A Unimed de Lins Cooperativa de Trabalho Médico, por ter
aberto espaço para que a pesquisa fosse realizada. E a todos os
colaboradores que nos auxiliaram e nos apoiaram durante o
desenvolvimento do trabalho.
RESUMO
A sociedade passa por transformações e o mundo globalizado exige das empresas maior atenção aos problemas decorrentes de seu desempenho. É de conhecimento que o governo não possui condições de resolver sozinho os males sociais. Para suprir essa necessidade, é preciso que haja sinergia entre governo, empresas e sociedade civil. A Responsabilidade Social ganha novas visões: o que antes era compreendido apenas como doação ou filantropia tornou-se uma estratégia necessária para o crescimento da organização, além de constituir-se uma ação transformadora e uma intervenção direta em busca da solução de problemas sociais. A Responsabilidade Social também é vista como estratégia para aumentar lucros e potencializar o desenvolvimento a longo prazo. Os princípios que regem o cooperativismo requerem a prática da Responsabilidade Social. Deste modo, as metas que definem suas ações não devem ser meramente econômicas, mas também englobar a justiça e o compromisso com a comunidade. A contabilidade também apresenta instrumentos como o Balanço Social, que evidencia todas as ações socioeconômicas desenvolvidas pela empresa em determinado período, fornecendo informações sobre recursos humanos, meio-ambiente, demonstração do valor adicionado e sua distribuição, além dos projetos sociais desenvolvidos em benefício da sociedade como um todo. O Balanço Social traz a público a Responsabilidade Social empresarial, construindo maior vínculo entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. Na pesquisa realizada pôde-se perceber que a Unimed Lins está intimamente ligada à Responsabilidade Social. O Balanço Social na cooperativa auxilia os processos internos, fornecendo dados para a prática de políticas sociais internas e externas. A Unimed Lins realiza várias ações sociais, nas quais o objetivo principal é o desenvolvimento de uma sociedade mais ética, justa e comprometida com o social. Palavras–chave: Balanço Social. Responsabilidade Social.
ABSTRACT
The society passes for transformations and the globalized world demands of companies more attention to the decurrent problems of its performance. It is of knowledge that the government does not possess social conditions to decide alone social males. To supply this necessity, it is need that it has sinergia between government, companies and civil society. The Social Responsibility gains new vision: what before it was understood only like donation or filantropia became a necessary strategy for the growth of the organization, beyond constitute a transformed action and a direct intervention in the search of the solution of social problems. The Social Responsibility also is seen like strategy to increase profits and to potencialize the development in the long-term. The principles that conduct the cooperativism require the practical of the Social Responsibility. In this way, the goals that define its actions musn’t be merely economics, but also to englobe the justice and the commitment with the community. The accountance also presents instruments like the Social Balance, that evidences all the socioeconomic actions developed by the company in determined period, supplying informations about human resources, environment, demonstration of the added value and its distribution, beyond social projects developed in benefit of the society as like whole. The Social Balance brings the public companie Social Responsibility, constructing bonder between the companie, the society and the environment. In the research it could be perceived that the Lins Unimed is intimately linked to the Social Responsibility. The Social Balance in the cooperative assists the internal processes, supplying datas to the internal and external social politics’practice. The Lins Unimed archieves several social actions, in which the main objective is the development of a society more ethical, compromised just and with the social. Keywords: Social Balance. Social Responsibility.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Comparação entre o modelo cooperativista e empresarial........... 14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMUL: Associação da Mulher Unimed Lins
ADCE: Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas
ANS: Agência Nacional de Saúde Suplementar
Banespa: Banco do estado de São Paulo S/A
Cemic: Centro de Estudos do Menor e Integração na Comunidade
CVM: Comissão de Valores Mobiliários
DVA: Demonstração de Valor Adicionado
Fides: Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social
IBASE: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
ONG: Organização Não Governamental
RAIS: Relação Anual de Informações Sociais
RSE: Responsabilidade Social Empresarial
SUS: Sistema Único de Saúde
UTI: Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 11
CAPÍTULO I – UNIMED DE LINS COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO......................................................................................................... 13
1 A COOPERATIVA UNIMED LINS...................................................... 13
1.1 Cooperativismo: conceito e evolução.................................................. 13
1.1.1 Princípios cooperativistas.................................................................... 15
1.1.2 Valores................................................................................................ 16
1.2 Mercado de planos de saúde.............................................................. 16
1.3 Sistema Unimed.................................................................................. 17
1.3.1 Histórico.............................................................................................. 18
1.3.2 Organização do sistema Unimed........................................................ 19
1.4 Unimed Lins........................................................................................ 19
1.4.1 Missão.............................................................................................. 20
1.4.2 Estrutura organizacional...................................................................... 21
1.4.3 Sede administrativa............................................................................. 21
1.4.4 Farmácia Unimed................................................................................ 22
1.4.5 Hospital Unimed A. Gelis.................................................................... 23
CAPÍTULO II – RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E BALANÇO SOCIAL....................................................................................... 25
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E BALANÇO SOCIAL.......................................................................................................... 25
2.1 Conceito.............................................................................................. 25
2.1.1 Responsabilidades: ética, econômica, legal e filantrópica.................. 27
2.2 Origem e evolução.............................................................................. 29
2.3 Responsabilidade Social e a cooperativa........................................... 31
2.4 Contabilidade social............................................................................ 32
2.5 Demonstração de valor adicionado..................................................... 34
2.6 Balanço Social..................................................................................... 35
2.6.1 História e evolução.............................................................................. 36
2.6.2 Realidade brasileira............................................................................. 37
2.6.3 Legislação........................................................................................... 39
2.6.4 Atribuições do Balanço Social............................................................. 40
2.6.4.1 Objetivos............................................................................................ 40
2.6.4.2 Usuários............................................................................................. 41
2.6.4.3 Limites................................................................................................ 42
2.6.4.4 Indicadores......................................................................................... 43
2.6.4.5 Variáveis não mensuráveis................................................................ 44
2.6.4.6 Benefícios........................................................................................... 44
CAPÍTULO III – BALANÇO SOCIAL NA UNIMED DE LINS COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO.................................................. 46
3 INTRODUÇÃO.................................................................................... 46
3.1 Responsabilidade Social e Unimed..................................................... 47
3.1.1 Selo Unimed de Responsabilidade Social.......................................... 48
3.1.2 Ações sociais...................................................................................... 48
3.1.2.1 Apoio à melhor idade......................................................................... 49
3.1.2.2 Banda Cemic - Unimed...................................................................... 49
3.1.2.3 Basquete feminino.............................................................................. 49
3.1.2.4 ONG SOS Rio Dourado..................................................................... 50
3.1.2.5 Voleibol masculino............................................................................. 50
3.1.2.6 Educação corporativa......................................................................... 51
3.1.2.7 Estação saúde.................................................................................... 51
3.1.2.8 Palestras educativas.......................................................................... 51
3.1.2.9 AMUL................................................................................................. 52
3.1.2.10 Papel reciclado................................................................................. 52
3.2 Medicina preventiva............................................................................ 52
3.2.1 Programa contra o tabagismo............................................................. 53
3.2.2 Programa de reabilitação pulmonar.................................................... 53
3.2.3 Programa materno-infantil................................................................... 53
3.2.4 Programa viva melhor......................................................................... 54
3.2.5 Programa melhor idade....................................................................... 54
3.3 Aplicação do Balanço Social na Unimed............................................. 55
3.4 A contabilidade na Unimed Lins.......................................................... 55
3.5 Elaboração do Balanço Social pela Unimed Lins................................ 56
3.6 Integração das práticas sociais com a elaboração do Balanço
Social.............................................................................................................. 58
3.7 Contribuições trazidas pela elaboração do Balanço Social na
empresa......................................................................................................... 59
3.8 Discussão............................................................................................ 59
3.9 Parecer final........................................................................................ 60
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO.................................................................. 62
CONCLUSÃO................................................................................................ 63
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 65
APÊNDICES.................................................................................................. 67
ANEXOS........................................................................................................ 77
INTRODUÇÃO
Com a velocidade das transformações econômicas e sociais e o
crescimento da dificuldade do Estado em suprir as necessidades básicas e
cumprir os direitos sociais, as empresas e os indivíduos acabam por ocupar o
papel de agentes sociais.
A força de mercado e a exigência do consumidor fazem da empresa
uma mola propulsora de transformações sociais.
O balanço social vem então representar de forma transparente as ações
de promoção social realizadas pela empresa, de forma que tanto a organização
quanto a sociedade possam avaliar o desenvolvimento da responsabilidade
social. Através do balanço social são analisados índices sociais, ambientais e
de relação com cliente, funcionários, fornecedores, financiadores, comunidade
e governo. Com a combinação entre responsabilidade social e balanço social a
empresa obterá uma importante ferramenta de apoio à gestão e ao
planejamento.
O objetivo do presente trabalho foi conhecer a contribuição do Balanço
Social para a cooperativa e demonstrar os benefícios de sua elaboração para a
cooperativa e à sociedade.
Com base no exposto, questionou-se:
As informações evidenciadas no Balanço Social elaborado pela Unimed
de Lins Cooperativa de Trabalho Médico trazem contribuições para a
cooperativa?
Para responder ao questionamento formulou-se a hipótese de que as
informações evidenciadas no balanço social elaborado pela Unimed de Lins
Cooperativa de Trabalho Médico contribuem para a cooperativa, auxiliando o
desenvolvimento e a manutenção da responsabilidade social.
Para demonstrar a veracidade da hipótese levantada foi realizada
pesquisa de campo na Unimed de Lins Cooperativa de Trabalho Médico, no
período de fevereiro a outubro de 2007, cujos métodos e técnicas estão
descritos no capitulo III.
O presente trabalho apresenta três capítulos, assim distribuídos:
11
Capítulo I – apresenta a cooperativa onde foi realizada a pesquisa de
campo, sua evolução e estrutura organizacional.
Capítulo II – conceitua Responsabilidade Social, demonstração de valor
adicionado e Balanço Social e suas características, usuários, limites,
indicadores e benefícios.
Capítulo III – descreve a pesquisa de campo, abordando as ações
sociais realizadas e a elaboração do Balanço Social.
Finalizando apresentam-se a Proposta de Intervenção e Conclusão.
12
CAPÍTULO I
UNIMED DE LINS COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO
1 A COOPERATIVA UNIMED LINS
A Unimed Lins é uma cooperativa do setor de saúde suplementar,
surgida da união de médicos da cidade de Lins.
A cooperativa é uma singular, dentro de um sistema que reúne todas as
Unimeds do Brasil. O sistema Unimed hoje se consolida como a maior
cooperativa médica do mundo e tem 33 % de participação no mercado nacional
de planos de saúde.
1.1 Cooperativismo: conceito e evolução
O cooperativismo é uma doutrina que tem como objetivo a solução de
problemas sociais, por meio da criação de comunidades de cooperação,
formadas por indivíduos livres que realizariam a gestão da população e
participação igualitariamente dos bens produzidos. Modernamente, o
cooperativismo constitui uma prática econômica, em que a cooperativa é uma
empresa que presta serviços aos associados, em geral indivíduos pertencentes
à mesma atividade profissional ou econômica.
Há uma diferença básica entre os modelos de cooperativismo e de
capitalismo.
No cooperativismo há esforços conjuntos e direcionados para o bem de
todos, ou seja, nesse modelo todos ganham. Já no capitalismo há competição,
que são esforços dirigidos para o bem do indivíduo ou de grupos, ou seja,
alguns ganham e a maioria perde.
13
Cooperativa Empresa
Sociedade de pessoas
Número ilimitado de sócios
Produz sobra para os cooperados
O objetivo é prestar serviços aos cooperados
É democrática
Tem sócios que prestam serviços
Remuneração de acordo com o trabalho
Relação civil entre cooperados e cooperativa
O associado é trabalhador autônomo
Cada cooperado, um voto.
Sociedade de capital
Número ilimitado de acionistas
Produz lucro para os acionistas
O objetivo é gerar lucro para os sócios
O sócio majoritário manda
Tem empregados que trabalham
Salário é pré-estabelecido
Tem relação trabalhista
O empregado é subordinado
Mais ações mais votos
Fonte: UNIMED, 2007, p. 37.
Quadro 1: Comparação entre o modelo cooperativista e empresarial.
O cooperativismo nasceu na primeira fase da Revolução Industrial.
Durante décadas, na Inglaterra e na França, foram organizadas diversas
sociedades com características de cooperativas. Esses movimentos de
cooperação foram conduzidos por idealistas, como Robert Owen, Louis Blanc,
Charles Fourier, que defendiam propostas baseadas nas idéias de ajuda
mútua, igualdade, associativismo e auto-gestão.
O processo de industrialização, em sua primeira etapa, fez com que os
artesãos e trabalhadores rurais migrassem para as grandes cidades, atraídos
pelas fábricas em busca de melhores condições de vida. Essa migração fez
com que houvesse excesso de mão-de-obra, resultando na exploração do
trabalhador de forma abusiva e desumana. Ao serem prejudicados pelo novo
modelo industrial que substituiu o trabalho artesanal, 28 tecelões do bairro de
Rochdale, em Manchester, na Inglaterra, decidiram pela criação de uma
sociedade de consumo baseada no cooperativismo puro. Em 21 de dezembro
de 1844, fundaram a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale. Assim
nasceu a primeira cooperativa de consumo da história.
No Brasil, o cooperativismo iniciou-se no final do século XIX,
principalmente na zona rural. Hoje são 7.355 cooperativas, um setor da
economia que gera trabalho para 5,9 milhões de pessoas.
Atualmente as sociedades cooperativas estão reguladas pela Lei nº.
5.764 de 1971 que definiu a política nacional do cooperativismo e instituiu o
regime jurídico das cooperativas. Seu funcionamento é subordinado ao
Conselho Nacional de Cooperativismo - órgão do Ministério da Agricultura.
14
A forte concorrência do mercado globalizado vem obrigando as
cooperativas a se readequarem, buscando ser competitivas e eficientes, sem
se esquecer da preocupação com a sociedade. Logo, o cooperativismo é uma
alternativa bastante atual para enfrentar as constantes mudanças e crises que
o mundo moderno atravessa.
1.1.1 Princípios cooperativistas
As cooperativas são norteadas por princípios que orientam a prática
cooperativista.
São estes os princípios:
a) adesão livre e voluntária: as cooperativas são organizações abertas à
participação de todas as pessoas aptas a assumir responsabilidades
como membro, independente de sexo, raça, religião;
b) gestão democrática e livre: os membros se reúnem em assembléias
para tomar decisões, cada membro representa um voto;
c) participação econômica dos membros: cada cooperado contribui
igualmente para a formação do capital da cooperativa. Se as receitas
são maiores do que as despesas, os rendimentos são distribuídos a
todos até o limite da contribuição e o restante poderá ser investido na
cooperativa ou aplicado de acordo com a decisão da assembléia;
d) autonomia e independência: as cooperativas são organizações
autônomas controladas por seus membros, qualquer acordo firmado
com outras organizações devem manter essa condição;
e) a educação, a formação e a informação: a cooperativa busca
permanentemente a destinação de recursos para a educação e a
formação de todos os envolvidos no seu funcionamento (cooperados
e trabalhadores), busca ainda a divulgação da natureza e das
vantagens do sistema cooperativista aos jovens;
f) intercooperação: há sempre o intercâmbio de informações, serviços e
produtos entre as cooperativas, buscando sempre o aprimoramento
do setor como atividade socioeconômica;
15
g) interesse pela comunidade: as cooperativas trabalham para o bem-
estar de suas comunidades através de políticas aprovadas por seus
membros e realizadas em parceria com outras entidades civis e até
mesmo com o governo. (UNIMED, 2007)
1.1.2 Valores
As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e
responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Os
membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade,
transparência, Responsabilidade Social e preocupação com seu semelhante.
1.2 Mercado de planos de saúde
O mercado de planos de saúde começou a se desenvolver, no Brasil, nas
décadas de 40 e 50, quando empresas do setor público reverteram recursos
próprios e de seus empregados para financiar ações de assistência à saúde.
Mais tarde, a assistência médico-hospitalar foi incluída entre os benefícios
oferecidos aos funcionários das recém-criadas empresas estatais.
No setor privado, as indústrias do ramo automobilístico, sobretudo as
estrangeiras, foram as primeiras a implementar sistemas assistenciais.
A partir da década de 60 que os denominados convênios médicos entre
empresas empregadoras e empresas médicas (cooperativas médicas e
empresas de medicina de grupo), mediados pela Previdência Social,
estimularam, decisivamente, o processo empresarial da medicina.
O mercado se expandiu e, em 1988, a Constituição Federal, além de
estabelecer a atribuição do Estado de assegurar o direito à saúde dos cidadãos
pela criação um sistema nacional de saúde, garantiu o setor de assistência
médico-hospitalar, permitindo a oferta de serviços de assistência à saúde pela
iniciativa privada, sob o controle do Estado.
16
No entanto, no Brasil não havia instrumentos necessários para a
regulação do ramo de planos privados de assistência à saúde, já organizado e
funcionando há décadas no país.
Em 3 de junho de 1998, entrou em vigor a Lei 9.656/98, que definiu as
regras para o funcionamento do setor de saúde suplementar e instituiu diversas
garantias aos usuários.
A criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) - pela
Medida Provisória 2.012-2, de 30 de dezembro de 1999, e, posteriormente,
pela Lei 9.961/00 - resultou da exigência da sociedade para a necessidade de
se regular o setor. O primeiro desafio da ANS foi compor o panorama de um
setor que envolvia 30 milhões de usuários, 2.200 operadoras e milhares de
profissionais da área da saúde e movimentava 23 bilhões de reais por ano.
Todos os esforços foram empenhados para a construção do banco de
dados, que hoje, contempla informações a respeito do mercado de planos de
saúde e dos atores que nele estão envolvidos - consumidores, operadoras,
prestadores de serviços de saúde e gestores do Sistema Único de Saúde
(SUS).
1.3 Sistema Unimed
O Sistema Unimed consolida-se hoje como a maior cooperativa médica
no mundo. Como cooperativa, a Unimed mantém o papel social da assistência
médica, pois não é apenas uma empresa que compra e vende serviços, é uma
cooperativa de trabalho que coloca o ideal da profissão acima do interesse
financeiro.
A cooperativa surgiu da iniciativa de um grupo de médicos, com a
finalidade de adotar um modelo de trabalho inspirado em princípios éticos, que
desse ênfase ao papel social da medicina e garantindo a prática liberal da
profissão e a qualidade do atendimento.
Hoje, o Sistema conta com 103 mil médicos cooperados, 70 mil
empresas contratantes, 66 hospitais próprios, 3.596 hospitais credenciados, 16
mil clínicas e laboratórios credenciados e 14,5 milhões de clientes
17
1.3.1 Histórico
A história da Unimed começa em 1967, com a criação da primeira
Unimed na cidade de Santos. Assim teve início o cooperativismo médico no
Brasil e no mundo.
Anos antes de sua criação, em 1932, o Decreto do Poder Legislativo nº.
22.309 estimulou o cooperativismo no Brasil. Na época, o presidente Getúlio
Vargas incitava a formação e o desenvolvimento de cooperativas agrícolas de
trigo e soja.
Em 1966, a medicina assistencial no país atravessava um momento de
grande efervescência pela perplexidade trazida pelas transformações
estruturais da Previdência Social e pela política de saúde do governo. Nesse
cenário, é fundada a primeira cooperativa na área de medicina do país, a União
dos Médicos – Unimed, a partir da iniciativa de um grupo de profissionais do
setor, sob a liderança do médico Edmundo Castilho.
Sua criação era uma reação da categoria médica que, na época, estava
sujeita à ação centralizadora do Estado e de grandes grupos mercantilistas.
Outras Unimeds foram criadas e implantadas por todo o país, e aos
poucos foi se firmando o cooperativismo médico.
Na década de 70, surgiram as Federações Unimed, visando padronizar
procedimentos operacionais e estimular a troca de experiências entre as
cooperativas de um mesmo estado.
Em 28 de novembro de 1975, foi criada a Confederação Nacional das
Cooperativas Médicas – Unimed do Brasil, entidade máxima do Sistema
Unimed, que congrega Federações e Singulares de todo o país.
Ao longo dos anos, o Sistema Unimed consagrou valores que norteiam
sua filosofia de administração e de operação, como: satisfação dos
cooperados, cooperação, transparência, ética e integridade, valorização dos
colaboradores, compromisso com o cliente e Responsabilidade Social.
Atualmente o Sistema Unimed tem 33% de participação no mercado
nacional de planos de saúde, com cerca de 380 cooperativas abrangendo 75%
do território nacional.
18
1.3.2 Organização do sistema Unimed
O sistema Unimed é constituído por todas as Unimeds do país e
diversas empresas criadas para oferecer suporte a elas, por meio de serviços
desenvolvidos para agilizar e aperfeiçoar o atendimento.
As empresas do sistema Unimed são: Central Nacional Unimed, Unimed
Seguradora, Unimed Tecnologia, Unimed Administração e Serviços, Transporte
Aeromédico, Unimed Participações e Unimed Corretora. Conta ainda com a
Fundação Unimed, que é uma instituição sem fins lucrativos, criada com o
objetivo de promover e propagar soluções estratégicas de gestão, educação e
Responsabilidade Social.
As cooperativas de trabalho médico somam um total de 378
cooperativas, entre singulares, federações e confederação.
As Unimeds singulares são as que atuam em âmbito municipal; as
Unimeds de um mesmo estado organizam-se em federações estaduais, essas
federações reúnem-se em uma única confederação nacional, a Unimed do
Brasil.
As cooperativas estão organizadas na seguinte estrutura:
a) Confederação Nacional: Unimed do Brasil, que congrega as demais
Unimed – federações e singulares de todo país;
b) Confederações Regionais: cooperativas de terceiro grau. São de
abrangência regional e devem ser formadas por, no mínimo, três
federações. Em todo o Brasil são 3 confederações;
c) Federações Interfederativas, Intrafederativas e Regionais/Estaduais;
são cooperativas de segundo grau, constituídas por uma região que
deve conter, no mínimo três singulares. São ao todo 34 cooperativas
desse tipo;
d) Singulares: são cooperativas de primeiro grau, que reúnem médicos
de uma mesma cidade ou micro-região. É formada por, no mínimo,
20 cooperados.São ao todo 338 singulares em todo o Brasil.
1.4 Unimed Lins
19
A Unimed de Lins Cooperativa de Trabalho Médico foi fundada em 17 de
maio de 1993, pelo Dr.Nilton Nicolau Naufal e contava com trinta e oito
médicos cooperados.
No início, era subordinada à Federação das Unimeds do Estado de São
Paulo, sendo que, em 1994, tornou-se uma cooperativa singular.
A Unimed Lins oferece uma completa rede de assistência médica, de
acordo com as necessidades e condições de cada cliente.
Conta com 60 cooperados, 25 serviços credenciados, 4 hospitais
conveniados e 1 próprio, com plantão de atendimento pediátrico e adulto,
serviço de remoção, com 2 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) móveis
completas.
Sua área de cobertura abrange 10 municípios da região: Lins,
Promissão (onde mantém um posto de atendimento), Sabino, Guaiçara,
Cafelândia, Pongaí, Guarantã, Getulina, Uru e Guaimbê.
Em dezembro de 2004, foi inaugurado o Espaço Infantil em parceria com
o Amigão Supermercados. Lá as crianças entre 3 e 8 anos podem brincar,
assistir a vídeos, pintar, com a orientação de funcionárias especializadas,
enquanto os pais podem fazer suas compras com tranqüilidade.
Foi uma das pioneiras na instalação da Farmácia Unimed, que atende a
seus usuários com medicamentos de qualidade a preço de custo.
Na área hospitalar, a Unimed Lins começou reformando e aparelhando
um andar da Santa Casa de Lins. Com a necessidade de ampliar o
atendimento, mudou para o Hospital Antônio Gelis, que foi arrendado e acabou
sendo comprado em 2004. Atualmente, o hospital Unimed A. Gelis está
passando por uma grande reforma, ganhando uma nova UTI com seis leitos,
ampliação do Centro Cirúrgico, Farmacotécnica, nova Central de Materiais,
Quimioterapia e também uma nova entrada.
1.4.1 Missão
Identificar e satisfazer as necessidades de seus clientes (internos e
externos), gerando seu bem-estar através do cooperativismo de trabalho.
20
1.4.2 Estrutura organizacional
A Unimed Lins é formada por quatro grupos: cooperados,
administradores eleitos, administradores contratados e colaboradores.
Em Lins, a Unimed é composta por três empresas: sede administrativa,
a Farmácia Unimed e pelo Hospital A. Gelis.
1.4.3 Sede administrativa
A sede administrativa localiza-se na Rua Dom Bosco, 13 no Centro de
Lins, em um imóvel alugado de aproximadamente 750m.
Em março de 2006, foi inaugurado o Unimed Vida, localizado na Rua
Floriano Peixoto, 930. No local funcionam os departamentos: comercial,
medicina preventiva e a Associação da Mulher Unimed Lins (AMUL).
Emprega cerca de quarenta colaboradores que se distribuem nos
seguintes departamentos:
a) atendimento: é responsável pelo atendimento direto aos clientes;
b) cadastro: realiza o cadastro de novos clientes, além da manutenção
dos cadastros já existentes;
c) comercial: realiza a venda dos planos de saúde Unimed, orientando o
cliente na escolha do produto que mais suprirá suas necessidades;
d) controladoria: é dividida em três partes:
− gestão contábil: é o responsável pela parte contábil, elaboração
de demonstrações financeiras, parte tributária e fiscal;
− gestão financeira: é responsável por contas a pagar e a receber;
− negociação: realiza a cobrança e negociação para aqueles
clientes em débito com a cooperativa;
e) contas médicas: é responsável pela apuração dos pagamentos a
serem realizados aos médicos cooperados e credenciados e
prestadores de serviço, além do faturamento dos serviços prestados
às empresas e a outras Unimeds;
21
f) gestão de credenciamento: realiza o credenciamento de novos
médicos e prestadores de serviços, além do controle das
documentações exigidas dos novos credenciados e daqueles já
existentes;
g) gestão de custos: controle dos custos de telefone e energia elétrica,
classificação das despesas de todas as notas de compra, elaboração
de demonstrativos de custos;
h) gestão de processos: monitora a área jurídica da empresa e observa
questões relacionadas à Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS);
i) gestão de pessoas: estabelece as regras e os critérios para
disciplinar as relações de trabalho, realiza também recrutamento e
seleção, treinamento, cálculo de folha de pagamento e outros
cálculos relativos à área trabalhista;
j) marketing: seu maior objetivo é a elevação do nome Unimed,
realizando para isso a divulgação da marca Unimed Lins;
k) medicina preventiva: é o responsável por todos os programas
voltados a prevenção, Unilar e eventos, como o Estação Saúde;
l) saúde ocupacional: realiza os serviços na área ocupacional, suprindo
a necessidade das empresas que não realizam esse serviço;
m) serviço social: é responsável pelo atendimento aos clientes no que
diz respeito à satisfação com os serviços prestados pela Unimed
Lins;
n) tecnologia da informação: realiza suporte técnico e aquisição de
softwares. É responsável pela utilização dos recursos de informática
e pela segurança das informações da Unimed Lins.
1.4.4 Farmácia Unimed
Foi inaugurada em 05 de janeiro de 1996, e localiza-se na Rua Floriano
Peixoto, 838, no Centro de Lins, ao lado da sede administrativa.
Conta hoje com 9 colaboradores.
22
A Farmácia Unimed tem como característica qualidade no atendimento
dos usuários Unimed, oferecendo medicamentos de qualidade a preços
atrativos. A busca pela comodidade de seus clientes é constante. Oferece o
serviço de Disk Méd, que é a entrega gratuita de medicamentos. Conta ainda
com a venda via internet, que também tem entrega gratuita, através do site da
Unimed Lins, onde estão disponíveis os serviços de consulta de preços e o
bulário eletrônico.
1.4.5 Hospital Unimed A. Gelis
O hospital Unimed A. Gelis está localizado na Rua Luiz Gama, 1677, no
Jardim Arapuã, na cidade de Lins.
Foi fundado em 1974, pelo Dr. Antônio Gelis. Posteriormente foi
arrendado pela Unimed Lins, sendo finalmente comprado em 2003.
Hoje são cerca de 140 colaboradores, distribuídos nos setores:
a) administrativo;
b) atendimento;
c) berçário;
d) centro cirúrgico;
e) dose unitária;
f) enfermagem;
g) lavanderia;
h) limpeza;
i) manutenção;
j) pronto-atendimento;
k) telefonia;
l) UTI.
Desde abril de 2006, o hospital Unimed A. Gelis vem passando por uma
ampla reforma, aumentando sua área de 1500m² para 3200m².
Nesta reforma, estão sendo construídos:
a) setor de quimioterapia;
b) farmacotécnica;
23
c) moderna e equipada UTI com 6 leitos, inclusive isolamento;
d) novo centro cirúrgico com 4 salas;
e) sala de recuperação anestésica;
f) nova recepção para facilitar o acesso e distribuição dos serviços;
g) laboratório de urgência;
h) agência transfusional;
i) sala de endoscopia e ultra-som.
Além da reforma do berçário, de todos os apartamentos e da recepção
antiga, será feita também a integração do antigo com o novo centro cirúrgico.
A reforma está prevista para ser entregue em outubro de 2007.
24
CAPÍTULO II
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E BALANÇO SOCIAL
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E BALANÇO SOCIAL
A sociedade passa por transformações e o mundo globalizado exige das
empresas maior atenção aos problemas decorrentes de seu desempenho. As
pessoas possuem cada vez mais informações e, conscientes, preocupam-se
com o humano, o social e ambiental em suas relações financeiras.
O governo não possui condições de resolver sozinho os males sociais e,
para suprir essa necessidade, é preciso que haja sinergia entre governo,
empresas e sociedade civil.
De acordo com De Luca (2005), as empresas, que estrategicamente
estão voltadas à gestão de Responsabilidade Social, assumem uma função de
relevante interesse social tratando de questões como meio ambiente, saúde,
idoso, infância e outros.
Oferecer produtos com qualidade e preço competitivo não se concretiza
mais como diferencial. A idéia de resultados a curto prazo perde espaço para a
sustentabilidade, que pensa no lucro que perdura ao longo do tempo.
A contabilidade também apresenta instrumentos que tornarão evidentes
as atividades de caráter social desenvolvidas pela empresa: a Demonstração
do Valor Adicionado e o Balanço Social.
Com a união das práticas de Responsabilidade Social e elaboração do
Balanço Social, as empresas geram benefícios para elas e para a sociedade.
2.1 Conceito
A Responsabilidade Social empresarial (RSE) tornou-se evidente por
volta dos anos 60. O intuito primordial era a busca por uma maior consciência
25
dos segmentos da sociedade em relação à responsabilidade das empresas na
preservação do meio-ambiente e cumprimento dos direitos dos consumidores.
No decorrer dos anos, passou a abranger uma maior quantidade de ações,
desde o suprimento de necessidades sociais até ações de sustentabilidade do
próprio negócio. O tema responsabilidade social é amplo, assim como é o conceito. Da amplitude do tema, surge a complexidade do conceito. Isto porque tema e conceito compreendem um espectro amplo: da conduta ética, às ações comunitárias e de tratamento dos funcionários e ao dinamismo das relações que a empresa mantém com os diversos públicos. (MELO NETO; FROES, 2001, p. 31)
Superficialmente, a idéia de RSE pode representar uma obrigação legal,
comprometimento ético, ou filantropia.
A Responsabilidade Social refere-se à ética como base das ações com
todos os públicos com os quais a organização pode interagir, os chamados
stakeholders (clientes, funcionários, fornecedores, acionistas, governo,
sociedade e meio-ambiente).
Não se pode mais entender a Responsabilidade Social somente como
filantropia. Segundo Melo Neto; Froes (2001), a filantropia é uma simples
doação, fruto da maior sensibilidade e consciência do empresário; a
Responsabilidade Social é uma ação transformadora: uma nova forma de
inserção social e uma intervenção direta em busca da solução de problemas
sociais.
De acordo com De Luca (1998), a empresa além de um agente
econômico com a missão de produzir riqueza, é também um agente social e,
como um dos componentes da sociedade, deve prestar contas aos demais.
Assim, o relacionamento da empresa com a sociedade toma dimensões
maiores do que as legalmente assumidas tornando-as, de acordo com Reis;
Medeiros (2007), propulsoras do desenvolvimento econômico e social.
É importante destacar que entre os interlocutores do tema existem divergências e convergências fundamentais a respeito do que realmente leva as empresas a adotarem um comportamento socialmente responsável na gestão dos negócios – não conseguir mais permanecer indiferente frente à gravidade dos problemas que assolam a humanidade, assumindo um compromisso social que contribua para maior bem-estar da sociedade e sustentabilidade que assolam o planeta, ou somente interesses econômicos e privados de sustentabilidade do próprio negócio. (REIS; MEDEIROS, 2007, p. 5)
26
Destaca-se também que hoje as práticas de ações sociais são tidas
como fator de agregação à imagem corporativa das empresas.
Praticando ações de caráter social, as empresas estarão, além de
beneficiando uma causa, criando uma vantagem competitiva aos concorrentes.
Uma empresa, ao apoiar as causas certas de forma certa (...), põe em funcionamento um círculo vicioso. Ao focar as condições contextuais mais relevantes para sua indústria e suas estratégias, garante que a suas habilidades empresariais serão especificamente apropriadas para ajudar os beneficiários a criar mais valor. E, ao reforçar o valor produzido pelos esforços filantrópicos de sua área, acentua a melhora do contexto competitivo. O que reverte em importantes benefícios tanto para a empresa quanto para as causas que apóia. (PORTER; KRAMER, 2005, p. 157)
A realidade de cada empresa é diferente, e dentro dessa realidade a
empresa buscará definir sua área de atuação. Para Melo Neto; Froes (2001), a
empresa deve definir primeiramente seu foco de ação social, em seguida, sua
estratégia social e finalmente, seu papel social.
Conforme Vergara; Branco (2001), nesse novo século, as empresas
serão julgadas por seus compromissos éticos, pelo foco nas pessoas e pelas
relações responsáveis com o ambiente natural. E ainda, de acordo com Rizzi
(2002), para uma empresa ter sucesso, competitividade, conquistar e ampliar
mercado, sua Responsabilidade Social é indispensável.
O termo Responsabilidade Social é descrito por diversos autores, e cada
um o interpreta em relação a sua área profissional. Assim são encontradas
definições relacionadas a diferentes áreas do conhecimento como: Ciências
Sociais, Economia, Administração e Marketing. Segundo Reis; Medeiros
(2007), é possível constatar que ainda não há uma definição conceitual e
consensual a respeito do tema, que ainda pode ser considerado em
construção.
2.1.1 Responsabilidades: ética, econômica, legal e filantrópica
Para melhor definir, podem-se identificar quatro tipos de
Responsabilidade Social: legal, ética, econômica e filantrópica. As quatro
27
responsabilidades, de acordo com Reis; Medeiros (2007), resultam em
condutas específicas que poderão ser avaliadas pela sociedade e que definem
uma área determinada sobre a qual a empresa toma decisões.
As responsabilidades que estarão promovendo a RSE são colocadas em
degraus, onde se tem no primeiro a responsabilidade legal e, na seqüência, as
responsabilidades ética, econômica e, por fim, a filantrópica.
Ser socialmente responsável parte antes de tudo do cumprimento do
que está estabelecido legalmente. A responsabilidade legal refere-se assim, ao
desempenho de todas as leis e regulamentos do governo, apresentando um
comprometimento empresarial adequado, cujas metas econômicas sejam
atingidas de maneira legalmente aceita pela sociedade.
A dimensão ética refere-se aos padrões de conduta aceitável, da
maneira definida pelo stakeholders, ou seja, padrões, normas ou expectativas
que refletem as preocupações de todos os públicos envolvidos com a empresa
tais como: empregados, clientes, fornecedores, acionistas e a comunidade no
que diz respeito à proteção e ao cumprimento de seus direitos por parte da
empresa.
O degrau econômico define-se em maximizar para os stakeholders a
riqueza, o valor. Assim, essa responsabilidade econômica está diretamente
relacionada ao impacto das decisões tomadas pelos acionistas, que têm o
poder financeiro sobre a administração da empresa. A empresa deve unir os
interesses econômicos com as expectativas da sociedade.
A responsabilidade filantrópica identifica-se na restituição do que foi
recebido da sociedade. Essa responsabilidade pressupõe uma ação voluntária
das empresas, orientadas pelo compromisso com a sociedade.
Evidencia-se que, mais do que satisfação de necessidades básicas de
sobrevivência, as pessoas querem a preocupação das empresas com o
oferecimento de produtos e serviços que melhorem sua qualidade de vida.
De acordo com De Luca (2005), a Responsabilidade Social vai além da
postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade; ela
significa uma mudança de atitude numa perspectiva de gestão empresarial com
foco na qualidade das relações e na geração de valor para toda sociedade.
A Responsabilidade Social será nesta perspectiva, a união das quatro
28
responsabilidades que, bem trabalhadas, tornarão efetiva a função social
ampla desejada pela sociedade.
2.2 Origem e evolução
Desde o século XVII já se iniciavam as discussões sobre
Responsabilidade Social.
As discussões sobre as responsabilidades dos executivos sobre seus atos em relação à sociedade já datam do século XVII, onde o poder das empresas era controlado pelo poder público e pela população e esta tinha compromissos com projetos de âmbito social, embora esse panorama tenha mudado quando as empresas conseguiram mudar a legislação em seu benefício. (REIS; MEDEIROS, 2007, p. 7)
De acordo com Reis; Medeiros (2007), em 1919, a questão já começava
a ser discutida durante o julgamento de um processo judiciário. No caso Dodge
versus Ford, Henry Ford desejava não distribuir parte dos dividendos para
investir os lucros na própria empresa com fim de expansão, aumento de
salários e reserva para a esperada redução de preços dos automóveis. Ford
perdeu a causa para os irmãos Dodge, porque a Suprema Corte entendeu que
as corporações existem para benefício dos acionistas. Mas, a partir do
episódio, o tema virou alvo de discussão e críticas, ganhando o conhecimento
do público.
Outros casos vieram à tona e a Justiça determinou, então, que uma
corporação poderia buscar o desenvolvimento social. Segundo Reis; Medeiros
(2007), a decisão foi utilizada pelos defensores da Responsabilidade Social,
que justificavam que não somente a filantropia corporativa, mas outras medidas
de cunho social, que não representavam retorno financeiro, deveriam ser
tomadas pelas organizações.
A contraposição dos interesses econômicos à filantropia foi questionada,
indo ao encontro dos movimentos culturais que ocorreram nos anos 60, nos
EUA, e mais no final de década, na Europa.
29
Nos anos 60, autores europeus destacaram-se, discutindo problemas
sociais e suas possíveis soluções. Nos EUA, empresas já se preocupavam
com a questão ambiental e divulgação de suas atividades no campo social. Já
na década de 70, começou a preocupação de como e quando a empresa
deveria responder por suas obrigações sociais e a demonstração para a
sociedade ganhou importância.
Na década de 90, com uma maior participação de autores na questão de
Responsabilidade Social, entrou em cena a discussão sobre os temas ética e
moral nas empresas.
Foi nesta época que o tema começou a ser propagado no Brasil, por
intermédio de ações de institutos de pesquisa, entidades não-governamentais e
associações empresariais.
Como difusores de Responsabilidade Social no Brasil, podem ser
citados: a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social.
A ADCE, desde sua constituição em 1960, iniciou uma pregação sobre
Responsabilidade Social aos dirigentes das empresas. Em 1965, publicou a
Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas, revelando mudanças na
mentalidade empresarial.
Em 1997, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, já lançava
campanhas que marcaram a aproximação dos empresários com as ações
sociais. Foi através da figura de Betinho que o IBASE tornou-se pioneiro na
discussão de relatórios corporativos com enfoque social no Brasil.
Em 1998, foi criado pelo empresário Oded Grajew, o Instituto Ethos, com
o objetivo de disseminar a prática da Responsabilidade Social empresarial por
meio de publicações, experiências, programas e eventos.
O marco para o movimento de RSE foi a conscientização de indivíduos e
grupos da sociedade frente à decadência de grandes centros urbanos, o
aumento dos problemas ambientais e a ascensão do consumeirismo.
De acordo com Melo Neto; Froes (2001), os problemas sociais deixaram
de ser um problema do Estado, dos governos locais, mas se tornaram um
desafio a ser vencido pela ação conjunta do Estado, das empresas e da
sociedade civil.
30
Os empresários passaram a chamar para si o exercício da
Responsabilidade Social, a partir do momento em que começaram a perceber
que os problemas sociais atrapalhavam o desenvolvimento dos seus negócios.
Essas ações sociais da empresas ganharam dimensões amplas,
passando a ser vistas como forma de estratégia com foco nos clientes, na
economia e nos mercados.
Ao desenvolverem suas ações sociais, inicialmente sob a forma assistencialista e filantrópica, as empresas começaram a identificar ganhos expressivos de imagem. Aos poucos, foram evoluindo para um novo patamar de ações sociais. Abandonaram as práticas filantrópicas tradicionais e começaram a adotar modelos de empreendedorismo social e filantropia de alto desempenho. (MELO NETO; FROES, 2001, p. lX)
Segundo Melo Neto; Froes (2001), a empresa socialmente responsável
acaba ganhando internamente e externamente. Internamente, aprimora o
ambiente de trabalho e promove melhoria da qualidade de vida no trabalho.
Externamente, gera retorno para a empresa - social, institucional, tributário-
fiscal, de mídia, econômico -, aprimora os relacionamentos com seus diversos
públicos e promove o desenvolvimento sustentável do local e da região.
O que se pode perceber é que hoje, seja pelo poder econômico ou pelo
conjunto de competências técnicas, as empresas tornaram-se uma das
instituições mais influentes nos rumos da sociedade. E a sociedade exige cada
vez mais respostas às novas situações.
2.3 Responsabilidade Social e a cooperativa
A RSE traz à tona o conceito de ética, transparência, comprometimento
social e ambiental, valores emergentes que permeiam o mercado atual. Porém,
esses valores sempre estiveram presentes na essência da cooperativa, que se
constitui como sociedade de pessoas que se organizam para valorizar o
trabalho e promover a dignidade das pessoas.
A Responsabilidade Social, no caso das cooperativas, não é algo
suplementar como para as empresas, mas sim, a sua própria razão de ser.
31
Os princípios que regem o cooperativismo requerem a prática da
Responsabilidade Social. Deste modo, as metas que definem suas ações não
devem ser meramente econômicas, mas também englobar a justiça e o
compromisso com a distribuição eqüitativa de renda.
Diferente das sociedades de capital, para a cooperativa a preocupação
com as pessoas, deve suplantar todas as demais no momento da elaboração
de seu planejamento.
Pode-se afirmar que as ações de planejamento estratégico da
cooperativa devem consistir no crescimento econômico, necessariamente
aliado ao desenvolvimento sustentável da região onde está inserida.
2.4 Contabilidade social
A contabilidade é o meio através do qual se obtém informações de
natureza econômica, financeira e social. De acordo com De Luca (1998), a
contabilidade surge desde o momento em que existe um organismo econômico
e tem como principal objetivo demonstrar a vida econômica e as mutações
pelas quais ele passa.
A contabilidade é uma ciência social que estuda a riqueza patrimonial individualizada, sob os aspectos quantitativos e qualitativos, tendo como objetivos a geração de informações e a explicação dos fenômenos patrimoniais, possibilitando o controle, a análise, a avaliação, o planejamento e a tomada de decisão, no enfoque passado/presente/futuro. Tudo isso servindo aos mais diversos usuários, para que eles possam, por meio de seus atos, buscar a prosperidade da entidade e da sociedade. (KROETZ, 2000, p. 21)
Assim como outras ciências, a ciência contábil é dividida em
especializações e cada uma estuda o patrimônio sobre uma ótica particular.
O enfoque econômico-financeiro do sistema de informações contábil é
apresentado através dos tradicionais demonstrativos contábeis e gerenciais,
como Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício. São
apresentadas informações sobre o fluxo de receitas e despesas, sobre capital e
patrimônio.
32
Numa visão social, a contabilidade está vinculada à Responsabilidade
Social da empresa. Assim, segundo De Luca (1998), numa abordagem social,
o objetivo da contabilidade é fornecer informações para permitir aos seus
usuários uma avaliação dos efeitos das atividades da empresa sobre a
sociedade onde ela está inserida.
Pode-se identificar, então, a Contabilidade Social definida em dois
âmbitos diferentes, na macroeconomia e como especialização da ciência
contábil.
Na macroeconomia, é apresentada também como Contabilidade
Nacional que se define, de acordo com Reis; Medeiros (2007), em uma técnica,
similar às dos sistemas convencionais de contabilidade, que se propõe a
apresentar uma síntese de informações cifradas em unidades monetárias,
sobre vários tipos de transações econômicas que se verificam em determinado
período de tempo, entre diversos setores e agentes do sistema econômico de
um país. Assim, na macroeconomia, a contabilidade social permite avaliar o
desempenho de um país, ou região através de demonstrativos econômicos e
sociais.
Como parte da ciência contábil, é definida como um demonstrativo de
informações qualitativas e quantitativas sobre as relações entre as empresas e
os ambientes interno e externo com que se relacionam, procurando identificar,
estudar e evidenciar os efeitos que certas variações no patrimônio das
entidades causam na sociedade.
(...) o desenvolvimento da Contabilidade Social faz-se necessário, porquanto a sociedade parece exigir das organizações, por meio de seus gestores, maior clareza em suas ações, para que possam ser responsabilizados por seus atos, e para que o ser humano, enquanto cidadão e consumidor, tenha opção de escolha no momento em que adquire seus produtos, observando não apenas preço e qualidade, mas também a relação entre a entidade e o meio ambiente, e a entidade e a sociedade. (KROETZ, 2000, p. 52)
A Contabilidade Social trará o suporte para que se possa ao final do
exercício, ou a qualquer momento, evidenciar o desempenho da atividade
social da empresa, bem como avaliar a aplicação dos planos sociais
realizados. O instrumento utilizado será o Balanço Social e a Demonstração do
Valor Adicionado (DVA).
33
2.5 Demonstração de valor adicionado
O conceito de valor adicionado na economia é utilizado para mensurar
as atividades econômicas de uma nação através da definição de seu produto
nacional.
De acordo com De Luca (1998), um dos elementos mais importantes e
diretamente responsável pela produção econômica nacional são as empresas,
que produzem os bens e serviços que atendem às necessidades de consumo e
de acumulação da sociedade.
No ambiente empresarial, a DVA terá a mesma definição utilizada pela
economia: a diferença entre o valor da produção e os consumos intermediários
em determinado período. O que difere é o ambiente onde é aplicada.
Devido a transformações socioeconômicas, surgiram diferentes tipos de
usuários de informações econômico-financeiras, com diversas necessidades.
Segundo De Luca (1998), a demonstração do valor adicionado surgiu para
evidenciar o quanto de valor a empresa adiciona aos insumos que adquire,
bem como sua distribuição aos elementos que contribuíram para essa adição,
atendendo a esses diferentes usuários.
“Estreitamente relacionada com o conceito de Responsabilidade Social,
a DVA surgiu para atender às necessidades de informações dos usuários sobre
o valor da riqueza criada pela empresa e sua utilização”. (DE LUCA, 1998, p.
32)
As tradicionais demonstrações contábeis têm a função de evidenciar o
lucro e a forma como foi calculado, apresentando o resultado da empresa ao
proprietário. A DVA vem trazer uma visão diferente, pois além de demonstrar o
lucro aos investidores, evidencia quais são os outros beneficiários da riqueza
gerada pela empresa.
Por meio da DVA, é possível perceber a contribuição da organização
para cada elemento com o qual se relaciona. A DVA é na realidade a diferença entre os recursos consumidos que a organização adquiriu de terceiros e o que ela produziu, ou seja, representa o que foi agregado de valor ao produto/serviço (riqueza gerada), dentro de seu ciclo operacional. Demonstrando ainda, sua distribuição para empregados, governo, financiadores, acionistas (...). (KROETZ, 2000, p. 40)
34
A utilização de valor adicionado na empresa é considerada pelos
economistas como ligação entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade
Nacional. De acordo com Kroetz (2000), o somatório do valor adicionado de
cada entidade representa a quantificação do PIB produzido em determinada
atividade, região, ou ainda, é um instrumento real para preparação
metodológica do PIB de um país, estado ou município. No total de riqueza
gerada pela economia de uma nação, encontra-se a soma do valor adicionado
das empresas.
A DVA ainda não é obrigação legal, porém segundo Kroetz (2000),
estuda-se sua obrigatoriedade na reformulação da Lei 6.404/76. A Comissão
de Valores Mobiliários (CVM) propõe que a demonstração do valor adicionado
seja incluída no anteprojeto de alteração da lei, estabelecendo que as
empresas abertas, assim como quaisquer outras de grande porte, a publiquem.
Muitas são as informações apresentadas na DVA, e sua apreciação torna-se fundamental no processo de análise da entidade, demonstrando o que ela adicionou de riqueza aos produtos/serviços, associada a sua distribuição. (KROETZ, 2000, p. 41)
Através de análises de dados apresentados pela DVA, é possível
perceber a participação de cada elemento em sua formação e acompanhar as
relações evolutivas ao longo de sucessivos exercícios sociais.
A elaboração da DVA faz-se muito importante, pois além de evidenciar a
contribuição de cada empresa para a riqueza nacional, estará auxiliando no
planejamento estratégico das atividades da empresa.
2.6 Balanço Social
O novo perfil do mundo globalizado, onde os executivos necessitam de
informações relativas à Responsabilidade Social corporativa a fim de minimizar
seus riscos, requer que a Contabilidade evolua no sentido de prestar
informações atualizadas não somente de ordem financeiro-patrimonial.
Nessa perspectiva, encontra-se o Balanço Social, um instrumento que
evidencia todas as ações socioeconômicas desenvolvidas pela empresa em
35
determinado período, fornecendo informações sobre recursos humanos, meio
ambiente, demonstração do valor adicionado e sua distribuição, além dos
projetos sociais desenvolvidos em benefício da sociedade como um todo.
“(...) o Balanço Social é um instrumento de apoio à gestão, pelo qual se
mostra a face interna e externa da organização, o que permite sua avaliação,
sua análise e os ajustamentos necessários.” (KROETZ, 2000, p.61)
O Balanço Social tem dado credibilidade no mercado para as empresas
que o publicam. Desse modo, apesar de não ser obrigatório, é fundamental a
publicação por todas as empresas, pois a cada dia torna-se evidente sua
importância.
2.6.1 História e evolução
No início dos anos 60, durante a Guerra do Vietnã, o governo Nixon
(EUA) e as entidades que o apoiaram foram severamente criticados. Esse
contexto desenvolveu a noção de Responsabilidade Social, que foi a
norteadora do Balanço Social. Em decorrência desse movimento social,
surgem os primeiros relatórios socioeconômicos que descrevem as relações
sociais da empresa, dentro e fora dela.
O desenvolvimento de modelos melhor elaborados e a divulgação do Balanço Social começaram a ser efetuados no início dos anos 70, na América do Norte e na Europa, desenvolvendo-se principalmente nos EUA, na França, na Bélgica, em Portugal e na Inglaterra. (REIS; MEDEIROS, 2007, p.38)
E foi a partir desta idéia que, em 1971, a empresa alemã Steag produziu
um balanço de suas atividades, uma espécie de relatório social. No entanto, o
verdadeiro marco na história dos balanços sociais ocorreu na França em 1972,
onde a empresa Singer fez, o assim chamado, primeiro Balanço Social da
história das empresas.
Na França, após várias experiências que consolidaram a necessidade
de uma avaliação mais sistemática por parte das empresas no âmbito social,
foi criada a primeira Lei nº. 77.769, em 12 de julho de 1977, que tornava
36
obrigatória a realização de Balanços Sociais periódicos para todas as
empresas com mais de 700 funcionários que acabou caindo para 300
funcionários.
Logo após a iniciativa francesa, vários países europeus passaram a
adotar os preceitos franceses, publicando também o Balanço Social. Dentre
eles, a Holanda teve destaque por publicar esses relatórios, algo inédito até
então, através de boletins internos da própria empresa, em um relatório
separado ou no corpo do relatório anual.
De acordo com Kroetz (2000), na América Latina, o Balanço Social
aparece mesclando os modelos americano e europeu, buscando uma forma de
humanizar a empresa e desenvolver focos de democracia.
2.6.2 Realidade brasileira
No Brasil, várias discussões eram motivadas, por volta de 1960, pela
idéia da Responsabilidade Social, mas sofreu-se com a falta de liberdade
devido às restrições impostas pelo regime militar.
Na década de 70, surge um grupo de estudiosos que formularam
propostas para o desenvolvimento de um Balanço Social que atendesse às
necessidades brasileiras.
Com a discussão em torno da atuação social das empresas e da
construção de uma ética empresarial, muitas empresas investiram em áreas
sociais ocupadas somente pelo Estado.
Criado pelo Decreto-lei nº. 76.900, de 23 de dezembro de 1975, a
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) foi o primeiro tipo de relatório
brasileiro obrigatório, que contém aspectos de recursos humanos e sociais.
Destinada ao Ministério do Trabalho, a RAIS tem como objetivo fornecer às
entidades governamentais da área social, informações referentes à empresa e
a cada um de seus empregados com os quais manteve relação de emprego
durante qualquer período do ano-base.
Na década de 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial
e Social (Fides) chegou a elaborar um modelo.
37
A empresa Nitrofértil, em 1984, foi o primeiro documento brasileiro com
a denominação de Balanço Social. Na mesma época, foi publicado o relatório
de atividades sociais do Sistema Telebrás e, em 1993, o Banco do Estado de
São Paulo SA (Banespa) publicou junto com as demais demonstrações
contábeis o chamado Balanço Social do Banespa.
Em 1997, a discussão sobre Balanço Social tornou-se abrangente a
partir das manifestações do sociólogo brasileiro Herbert de Souza, fazendo
com que diversas organizações e pessoas passassem a debater o Balanço
Social em âmbito nacional.
Conforme Reis; Medeiros (2007), visando estimular a participação de um
maior número de corporações para a elaboração e divulgação do Balanço
Social, o IBASE, em 1998, lançou o Selo Balanço Social IBASE/Betinho. O selo
é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o Balanço Social,
no modelo definido pelo Instituto. Através do selo, as empresas certificadas
evidenciam o comprometimento com a qualidade de vida dos funcionários, da
comunidade e do meio ambiente.
Assim, foi a partir dos anos 90 que as empresas começaram a divulgar
sistematicamente as ações realizadas em relação à comunidade, ao meio
ambiente e aos próprios funcionários. As ações sociais passaram a se
desenvolver de maneira concreta e sistemática, utilizadas como estratégia
empresarial; preocupações e atuações no âmbito social tornaram-se uma
questão econômico-financeira relacionada à sobrevivência empresarial.
O IBASE destacou-se criando um modelo para a elaboração do Balanço
Social, esse modelo vem sendo seguido por um número crescente de
empresas.
Hoje, muitas empresas vêm divulgando voluntariamente o resultado de
suas práticas sociais, mas nenhuma delas segue um modelo específico, devido
à inexistência de modelo e regras únicos de elaboração.
Segundo Reis; Medeiros (2007), o principal enfoque do Balanço Social
nos EUA e na Europa é a evidenciação da contribuição para defesa dos
recursos naturais e a conservação normal de uma vida digna, focando a
influência das organizações no meio externo. No Brasil, ao contrário,
apresenta-se um Balanço Social interno, focando salários, condições físicas e
38
ambientais de trabalho, o bem-estar social e a seguridade social; evidenciam-
se em segundo plano as questões ambientais.
2.6.3 Legislação
A crescente elaboração e a divulgação do Balanço Social vêm
estimulando a criação de normas legais para regulamentar a divulgação das
atividades das empresas voltadas ao bem-estar do indivíduo e das
comunidades.
Com relação à legislação sobre o Balanço Social no Brasil, existem leis
apenas nos municípios de Porto Alegre-RS, Santo André-SP, São Paulo-SP,
João Pessoa-PB, e Uberlândia-MG; em nível estadual, no Estado do Rio
Grande do Sul.
Na esfera federal, foram propostos dois projetos de lei. No Senado
Federal, o projeto de Lei nº. 117 de 1996 que tem por objetivo tornar obrigatória
a publicação do Balanço Social para as organizações que já são obrigadas a
publicar o balanço patrimonial, este projeto ainda permanece em discussão. No
Congresso Nacional, o projeto de Lei nº. 3.116/97, de autoria das deputadas
federais: Marta Suplicy, Maria da Conceição Tavares e Sandra Starling, que
pretendia estabelecer a obrigatoriedade da elaboração do Balanço Social para
as empresas privadas com mais de 100 empregados e entidades públicas em
geral, independente do número de empregados.
O projeto de Lei nº. 3.116/97 foi arquivado em 1º de fevereiro de 1998,
devido ao final da legislatura dos proponentes, sendo substituído pelo projeto
de Lei nº. 32/99, de autoria do deputado Paulo Rocha, basicamente uma
reapresentação do projeto anterior. Esse projeto segue seu trâmite legal, e se
aprovado em todas as comissões do Congresso, poderá ser transformado em
lei.
Na realidade, a obrigatoriedade da publicação do Balanço Social ainda
gera controvérsias. A CVM, por exemplo, incentiva a divulgação do Balanço
Social, mas não de forma compulsória.
39
“Resta saber se a obrigatoriedade significa um avanço na cultura
econômica nacional e se a divulgação do Balanço Social é de interesse dos
empresários e governantes.” (KROETZ, 2000, p. 61)
2.6.4 Atribuições do Balanço Social
O Balanço Social é o instrumento de evidenciação das ações realizadas
pela empresa. Através desse demonstrativo, a empresa mostra aos acionistas,
empregados e a sociedade seu grau de comprometimento social.
Segundo De Luca (2005), quando apresentado juntamente com as
demonstrações contábeis da empresa, o Balanço Social torna-se um
importante documento de demonstração e avaliação do comprometimento da
empresa com aspectos sociais.
2.6.4.1 Objetivos
O Balanço Social tem como objetivo inicial e genérico suprir a
necessidade de informações sociais.
Kroetz (2000) identifica os objetivos do Balanço Social:
a) revelar, conjuntamente com as demais demonstrações contábeis, a
solidez da estratégia de sobrevivência e crescimento da entidade;
b) evidenciar, com indicadores, as contribuições à qualidade de vida da
população;
c) abranger o universo das interações sociais entre: clientes,
fornecedores, associações, governo, acionistas, investidores,
universidade e outros;
d) apresentar os investimentos no desenvolvimento de pesquisas e
tecnologias;
e) formar um banco de dados confiável para análise e tomada de
decisão dos mais diversos usuários;
40
f) ampliar o grau de confiança da sociedade na entidade;
g) contribuir para a implementação e manutenção de processos de
qualidade, sendo a própria demonstração do Balanço Social um
parâmetro para tal;
h) medir os impactos das informações apresentadas no Balanço Social
perante a comunidade dos negócios; no amanhã da entidade; na
marca/goodwill, na imagem do negócio;
i) verificar a participação do quadro funcional no processo de gestão
(gestão participativa);
j) servir de instrumento para negociações laborais entre a direção da
entidade e sindicatos ou representantes dos funcionários;
k) melhorar o sistema de controle interno, permitindo qualificar o
ambiente organizacional, numa perspectiva de confirmar a
regularidade da gestão identificada com o gerenciamento social e
ecologicamente correto;
l) clarificar os objetivos e as políticas administrativas, julgando a
administração não apenas em função do resultado econômico, mas
também dos resultados sociais.
2.6.4.2 Usuários
Segundo Kroetz (2000), o Balanço Social deve servir aos mais diversos
usuários como instrumento capaz de agregar valor. Sendo assim, é necessária
a utilização de uma metodologia de apresentação clara e concisa que esteja de
acordo com as necessidades informativas apresentadas pelos usuários.
Aos diretores/administradores, o Balanço Social torna-se um instrumento
de controle, planejamento e tomada de decisão, ajudando na visualização de
tendências e oportunidades. Não é apenas em função dos resultados
econômicos, mas sociais e ecológicos.
Aos acionistas, oferece informações complementares às demonstrações
contábeis e financeiras, possibilitando maior segurança nas tomadas de
decisão em relação a seus investimentos.
41
Aos fornecedores, mostra as políticas sociais utilizadas, aumentando a
confiança na entidade com a qual negociam.
Aos clientes, apresenta a oportunidade de conhecer as políticas da
empresa em relação ao ambiente social e sua relação com trabalhadores e
comunidade, demonstrando a qualidade interna e externa da organização,
permitindo assim maior tranqüilidade na opção do produto ou serviço
pretendido.
Aos funcionários, além de fornecer bases para negociações com a
categoria patronal, demonstra ações desenvolvidas em beneficio do quadro
funcional e traça o perfil dos funcionários: faixa etária, nível salarial,
escolaridade, entre outros.
Para os sindicatos, as informações obtidas no Balanço Social auxiliam
no aperfeiçoamento da negociação com os empresários, além de demonstrar
os benefícios que dizem respeito ao quadro de associados.
À sociedade, através de órgãos legais, permite as organizações
exercerem suas atividades, tendo a obrigação e o direito de fiscalizar as ações
desenvolvidas.
Para o governo, torna-se um instrumento de apoio para o planejamento
e a tomada de decisão governamental, pois apresenta dados em termos de
ações sociais, permitindo controlar e incentivar as empresas.
Aos estudiosos, com a divulgação de diversos balanços sociais,
permitirá gerar um grande banco de dados, contribuindo com novas pesquisas
nas áreas econômica, contábil, administrativa, social, entre outras.
Aos concorrentes, possibilita aproveitar dados divulgados, mostrando o
nível de competitividade, tendências, além de ações desenvolvidas em termos
de Responsabilidade Social.
2.6.4.3 Limites
O Balanço Social, como demonstração da Responsabilidade Social da
organização, deve observar alguns limites no que diz respeito às informações a
serem divulgadas.
42
Deve-se atentar para a privacidade dos indivíduos ou instituições
envolvidas na demonstração, todas as informações divulgadas necessitam de
autorização das partes interessadas, a não ser em caso de exigência da
legislação.
Sigilo, não deve evidenciar informações que poderão comprometer a
eficácia e eficiência e até mesmo a continuidade da organização.
Subjetividade, o Balanço Social deverá mostrar apenas a realidade
devendo-se evitar opiniões e suposições.
Uniformidade ou consistência, a organização deverá optar pela maneira
mais compreensível, evitando assim erros de interpretação. Vale ressaltar que
a organização deve apresentar basicamente a mesma metodologia na
elaboração de sucessivos balanços, permitindo a comparação entre diversas
publicações.
Utilidade, a quantidade de informações não é importante, mas sim, a
qualidade. As informações publicadas devem ser capazes de causar surpresa
ao destinatário e levá-lo a praticar uma ação.
Economicidade, o custo do Balanço Social não deve ser superior ao
benefício de sua elaboração.
2.6.4.4 Indicadores
Segundo Kroetz (2000), o Balanço Social deve informar a influência da
entidade na sociedade e no meio ambiente, como por exemplo: investimentos
realizados em educação, cultura, esporte e meio ambiente.
Internamente as informações divulgadas devem refletir as iniciativas que
mais contribuem para a promoção humana de seus funcionários como
educação profissional, saudade, segurança no trabalho, alimentação e esporte.
As informações evidenciadas deverão complementar o sistema de
informação contábil.
Não há regulamentação internacional com relação à demonstração do
Balanço Social, sendo assim cada organização divulga as informações que
julgar conveniente.
43
Segundo Kroetz (2000), as informações publicadas no Balanço Social
podem ser favoráveis ou desfavoráveis.
Como informações favoráveis podem ser citadas:
a) investimento em treinamento saúde e educação de funcionários;
b) escolaridade, índice de satisfação, faixa etária, tempo na entidade,
dos funcionários;
c) investimento em higiene e segurança no trabalho;
d) doações e investimentos em programas sociais e no meio ambiente.
Informações desfavoráveis:
a) programas de demissões, índices de doenças ocupacionais;
b) prejuízos à comunidade e ao meio ambiente.
2.6.4.5 Variáveis não mensuráveis
Entre as variáveis sociais apresentadas no Balanço Social muitas são de
difícil mensuração como: capital intelectual e satisfação funcional. Essas
informações devem ser analisadas de forma diferenciada, buscando
desenvolver métodos para mensuração e divulgação.
Porém, enquanto não há métodos confiáveis de contabilização e
mensuração, essas variáveis não mensuráveis podem ser descritas por laudos
periciais, indicadores, entre outros.
2.6.4.6 Benefícios
Segundo Kroetz (2000), os benefícios do Balanço Social são de difícil
mensuração, pois as informações divulgadas atendem a um variado número de
usuários, cada qual impondo um grau diferenciado de importância e utilidade.
Aos dirigentes da empresa, serve como fonte de dados numéricos que
são fundamentais nas tomadas de decisão referentes às responsabilidades e
ações sociais da organização. Para os funcionários, o Balanço Social garante a
44
chance de que suas expectativas sejam ouvidas pela empresa de uma maneira
quantificada e sistematizada. Aos fornecedores e investidores, permite
conhecer como a instituição assume as responsabilidades em relação ao seu
quadro humano. Para os clientes, revela o clima humano na organização,
agregando valor institucional aos produtos oferecidos por ela. Ao governo,
contribui de maneira importante para a elaboração de políticas públicas.
Segundo Oliveira (2002), embora o objetivo principal da elaboração do
Balanço Social seja melhorar a atuação social da empresa, é a imagem
institucional dela que se amplia. Ela se torna efetivamente uma empresa cidadã
perante a opinião pública.
45
CAPÍTULO III
BALANÇO SOCIAL NA UNIMED DE LINS COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO
3 INTRODUÇÃO
Para demonstrar que as informações evidenciadas no Balanço Social
elaborado pela Unimed de Lins Cooperativa de Trabalho Médico contribuem
para a empresa auxiliando o desenvolvimento e a manutenção da
Responsabilidade Social, foi realizada uma pesquisa de campo na cooperativa,
no período de fevereiro a outubro de 2007.
O principal objetivo foi conhecer a elaboração e a contribuição do
Balanço Social para a cooperativa.
Os métodos utilizados foram:
a) método de estudo de caso, onde foram analisados os aspectos
voltados à Responsabilidade Social e a sua demonstração no
Balanço Social;
b) método de observação sistemática, onde foram analisados e
acompanhados os procedimentos aplicados na elaboração do
Balanço Social e a realização de ações sociais;
c) método histórico, onde foram observados os dados da evolução
histórica da Responsabilidade Social, bem como da elaboração do
Balanço Social.
A pesquisa foi realizada de acordo com as técnicas:
Roteiro de estudo de caso, (Apêndice A);
Roteiro de observação sistemática, (Apêndice B);
Roteiro do histórico de Responsabilidade Social e Balanço Social,
(Apêndice C);
Roteiro de entrevista para o Gerente, (Apêndice D);
Roteiro de entrevista para o Contador, (Apêndice E);
Roteiro de entrevista para a Analista de marketing, (Apêndice F).
46
3.1 Responsabilidade Social e Unimed
A Unimed possui uma gestão voltada à Responsabilidade Social, por
isso, adota como princípios essenciais o desenvolvimento sustentável da
sociedade, a preservação dos recursos ambientais e culturais, o respeito à
diversidade e ainda busca ações que reduzam as desigualdades sociais.
Em 2001, a Unimed do Brasil e a Fundação Unimed lançaram a Política
Nacional de Responsabilidade Social, que tem como missão disseminar esta
prática no Sistema Unimed, oferecendo apoio e instrumentos para o
desenvolvimento de programas sociais e ambientais fundamentados na ética
cooperativista e nos direitos humanos.
Seus principais objetivos são:
a) disseminar a prática de Responsabilidade Social ética e socialmente
correta;
b) monitorar indicadores sociais;
c) oferecer suporte ao desenvolvimento de programas sociais;
d) direcionar o desenvolvimento de ações sociais e o investimento
social;
e) favorecer a atuação social em rede, desenvolvendo parcerias com
outras instituições e organismos localizados nas regiões de atuação
das Unimeds.
Para alcançar as metas propostas foram desenvolvidas as seguintes
ações:
a) campanha de voluntariado Dia V;
b) Código de conduta;
c) consultorias e palestras;
d) Manual de Responsabilidade Social;
e) Selo Unimed de Responsabilidade Social;
f) Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde;
g) movimento renovação.
A Unimed Lins, baseada no preceitos da Unimed do Brasil, acredita que
a RSE é a relação ética e socialmente responsável em todas as suas ações,
políticas, práticas e relações. Assim, a boa prática social está inserida nos
47
diversos relacionamentos com a comunidade, colaboradores, fornecedores,
meio-ambiente, governo, consumidores e cooperados.
É investido 1% do faturamento anual da cooperativa, no
desenvolvimento de projetos sociais.
A cooperativa é certificada com os Selos de Responsabilidade Social
2007 e Empresa Amiga da Criança, por desenvolver programas que
contribuem para uma sociedade mais justa, ética e comprometida com o
desenvolvimento.
3.1.1 Selo Unimed de Responsabilidade Social
O selo foi lançado em 2003, ele identifica as Unimeds que promovem
ações socialmente responsáveis e é um importante diferencial para todo o
mercado, que reconhece e valoriza as empresas com essa postura.
O número de Unimeds que recebem o selo vem aumentando a cada
ano. Em 2003, foram 55 cooperativas certificadas; em 2004, 87; em 2005, 144;
em 2006, 154; e, em 2007, foram 179 de um total de 209 inscritas.
3.1.2 Ações sociais
A Unimed Lins pratica regularmente ações sociais, não só através de
projetos próprios, como também em parceria com vários órgãos públicos,
organizações não-governamentais (ONG), entre outros.
Participa também através de patrocínios, mediante pré-análise do
projeto (objetivo, público-alvo e atividades desenvolvidas), verificando também
a procedência das solicitações.
São feitos investimentos em várias áreas, principalmente na cultura e no
esporte, pois a cooperativa acredita que ao oferecer a possibilidade de inclusão
social, promove a qualidade de vida dos seus participantes e contribui para a
superação das desigualdades sociais.
48
A cooperativa incentiva o envolvimento de seus colaboradores
em atividades que beneficiem a comunidade. São organizadas atividades como
gincanas, além do estímulo à participação nas atividades sociais
desenvolvidas, despertando a solidariedade e a consciência social.
Além de praticar a Responsabilidade Social, a Unimed Lins cobra de
seus fornecedores, pelo critério de desempate nas cotações de compras, que
sejam empresas socialmente responsáveis.
3.1.2.1 Apoio à melhor idade
É um programa realizado em parceria com o Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium (Unisalesiano).
Tem por objetivo proporcionar, através do lazer, uma melhor qualidade
de vida para os integrantes da Faculdade da terceira idade. São oferecidas
também palestras de Medicina Preventiva para orientação aos integrantes
desse programa.
São atendidas cerca de 45 pessoas. Os resultados são: motivação,
integração e retorno social.
3.1.2.2 Banda Cemic - Unimed
O projeto visa integrar as crianças e adolescentes através do ensino da
música. O resultado, além do aprendizado, é a melhoria no convívio em
sociedade.
É realizado em parceria com o Centro de Estudos do Menor e
Integração na Comunidade (Cemic) e são atendidas cerca de 40 crianças e
adolescentes. Teve início em setembro de 2004.
3.1.2.3 Basquete feminino
49
O projeto tem o objetivo de estimular novos talentos e formar equipes
competitivas para disputar os campeonatos oficiais da Federação Paulista de
Basquete e também dos campeonatos Inter-Unimeds. Além das aulas de
basquete, as atletas também participam de palestras educativas. As crianças e
adolescentes precisam estar matriculadas nas escolas públicas (municipais ou
estaduais), freqüentando as aulas e obtendo bom rendimento. São atendidas
cerca de 75 crianças e adolescentes.
É realizado em parceria com Cemic e Comunidade Educacional para o
Trabalho.
3.1.2.4 ONG SOS Rio Dourado
A Unimed Lins, em parceria com a ONG SOS Rio Dourado, apóia o
desenvolvimento de programas de proteção, recuperação e a preservação
ambiental.
O projeto promove a educação ambiental e o desenvolvimento
sustentado na sua região de atuação, incluindo a realização de pesquisas,
estudos, projetos, testes, desenvolvimento de processos, cursos, seminários,
treinamento, gestão e estudos de viabilidade na área de meio ambiente.
3.1.2.5 Voleibol masculino
O projeto atende cerca de 400 crianças e adolescentes do sexo
masculino, e tem por objetivo retirar crianças da rua por meio do esporte.
Na modalidade de voleibol, são trabalhados a integração, o
envolvimento, o comprometimento com resultados e o trabalho em equipe,
resultando em melhores oportunidades e também melhorando sua convivência
familiar e dentro da comunidade.
As aulas são realizadas duas vezes por semana nas quadras em
parceria com a Secretaria Municipal de Esportes de Lins.
50
3.1.2.6 Educação corporativa
O projeto Educação Corporativa visa oferecer ao colaborador a
oportunidade de completar seus estudos no Ensino Fundamental e Ensino
Médio, como também o curso básico de informática, através de parceria com
Unisalesiano e Microlins.
Teve início em abril de 2005 e atende a cerca de 15 colaboradores.
3.1.2.7 Estação saúde
O projeto Estação Saúde foi idealizado pelo departamento de medicina
preventiva da Unimed Lins, com o objetivo de orientar a população em geral na
prevenção das doenças que ocorrem com maior freqüência,
São oferecidos serviços como: aferição da pressão arterial; exames de
glicemia capilar, exames de colesterol Cálculo do IMC – Índice de Massa
Corporal (peso e altura) e orientação nutricional em parceria com a UNIMEP; pesquisa sobre o estresse; Teste Peak Flow ( teste respiratório ) para avaliação
da capacidade pulmonar; dependência de nicotina;; massagem relaxante, em
parceria com a AMUL; orientação de higiene bucal em parceria com a
Uniodonto, entre outras.
É realizado desde agosto de 2005, trimestralmente, no Calçadão
Tancredo Neves, no centro da cidade de Lins e, periodicamente, na cidade de
Promissão.
3.1.2.8 Palestras educativas
A Unimed Lins, através do departamento de Medicina Preventiva,
promove palestras nas empresas, escolas e comunidade em geral. Estas
palestras têm a finalidade de informar sobre a importância e o significado da
51
prevenção de doenças e são ministradas por médicos cooperados e outros
profissionais da área da saúde.
3.1.2.9 AMUL
A AMUL trabalha, desde setembro de 2002, especialmente com o
Programa Vida Iluminada visando ao desenvolvimento e à integração de
portadores de necessidades visuais na sociedade.
A Unimed Lins colabora mensalmente com a AMUL, além de ceder
espaço físico para o seu funcionamento.
As atividades desenvolvidas pela AMUL são: orientação psicológica,
natação, música, curso de massoterapia, curso de telemarketing, braile e
informática.
3.1.2.10 Papel reciclado
Desde 2005, a Unimed Lins vem priorizando o uso do papel reciclado.
Esse tipo de papel já é utilizado para a emissão de guias, autorizações,
envelopes, jornais, propostas e impressões internas. A intenção é adotar,
gradativamente, esse tipo de papel para todos os documentos.
3.2 Medicina preventiva
A Medicina Preventiva é a parte da Medicina que se encarrega de
propor medidas de promoção da saúde e prevenção de doenças.
As práticas preventivas têm evoluído com o passar do tempo,
representando hoje um grande avanço na medicina, por sua eficiência e
52
objetividade crescentes. A educação visando à prevenção é a melhor forma de
alcançar e manter uma vida saudável.
A Unimed Lins oferece aos seus usuários, gratuitamente, vários
programas para a promoção da saúde e prevenção de doenças, garantindo
assim o bem-estar dos mesmos.
3.2.1 Programa contra o tabagismo
Visando a saúde de seus clientes, a Unimed implantou, em fevereiro de
2004, o programa de tratamento de tabagismo. O programa conta com uma
equipe multidisciplinar composta por médico pneumologista, psicóloga,
nutricionista e assistente social.
3.2.2 Programa de reabilitação pulmonar
O programa de reabilitação pulmonar, em parceria com a Clínica de
Fisioterapia do Unisalesiano de Lins, iniciou em junho de 2005, e é voltado aos
clientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica, asma e outras
patologias pulmonares. Consiste em exercícios de relaxamento, alongamento e
fortalecimento da musculatura visando aumentar a capacidade respiratória,
com isso melhorando o quadro clínico e a qualidade de vida dos pacientes.
Conta com uma equipe multidisciplinar composta por médico
pneumologista, fisioterapeuta, educador físico, nutricionista e assistente social.
3.2.3 Programa materno-infantil
A gravidez é um período onde a mulher precisará de todas as
informações necessárias através de um trabalho educativo e preventivo. O
53
departamento de Medicina Preventiva implantou, em setembro de 2006, um
programa para esclarecer dúvidas e eliminar tabus durante a gestação,
incentivando o parto natural e o aleitamento materno. Consiste de aulas
práticas e teóricas semanalmente.
As gestantes realizam aulas práticas - exercícios físicos - antes de cada
aula teórica, orientados e acompanhados por fisioterapeuta, com o objetivo de
melhorar o desconforto causado pelo crescimento do bebê, prevenir posturas
erradas, entre outras.
O programa conta com uma equipe multidisciplinar composta por médico
obstetra, pediatra, psicóloga, nutricionista, enfermeira, fisioterapeuta e
assistente social.
3.2.4 Programa Viva Melhor
A obesidade é considerada um dos principais problemas de saúde
pública, pelo aumento de doenças cardiovasculares, doenças pulmonares,
diabetes, hipertensão e, conseqüentemente, maior risco de complicações à
saúde.
Em agosto de 2003, a Unimed Lins implantou o programa Viva Melhor,
atendendo pessoas obesas por meio de uma equipe multidisciplinar que conta
com: nutricionista, psicóloga, assistente social, técnica de enfermagem e outros
profissionais da saúde quando necessário (médico e educador físico). O programa oferece aos clientes avaliação nutricional individual e
acompanhamento em grupo, palestras preventivas, grupo terapêutico, aferição
de pressão arterial e exames laboratoriais.
3.2.5 Programa melhor idade
Desde agosto de 2007, a Unimed Lins implantou o programa Melhor
Idade, atendendo usuários Unimed, com idade acima de 59 anos.
54
Esse programa oferece aos idosos: acompanhamento nutricional, aulas
de hidroginástica, grupo terapêutico com psicóloga e monitoramento de
pressão arterial.
3.3 Aplicação do Balanço Social na Unimed
O IBASE, em parceria com diversas instituições, desenvolveu um
modelo de Balanço Social voltado às cooperativas, oferecendo assim um meio
para viabilizar a obtenção de informações mais estratégicas voltadas ao
cooperativismo.
O modelo desenvolvido pelo IBASE oferece:
a) às cooperativas um instrumento para tornar públicas e transparentes
suas ações internas e externas;
b) às cooperativas um instrumento que as permita avaliar seu próprio
desempenho cooperativo;
c) aos fornecedores, clientes, órgãos públicos e à população em geral
informações sobre como as cooperativas estão aplicando os
princípios cooperativistas.
A Unimed do Brasil e a Fundação Unimed vêm priorizando o Balanço
Social desde 2004. O modelo seguido é o proposto pelo IBASE. Esse incentivo
faz parte da Política Nacional de Responsabilidade Social. Em 2005, 144
cooperativas preencheram o Balanço Social seguindo o modelo proposto.
Já em 2006, foi lançado o Balanço Social Consolidado 2005, que apurou
o total de pouco mais de meio bilhão de reais investidos em ações sociais pelo
Sistema Unimed.
3.4 A contabilidade na Unimed Lins
A contabilidade da cooperativa é realizada no setor de Gestão Contábil e
obedece às normas da ANS adotando, inclusive, o plano de contas padrão.
55
O setor é responsável pela contabilidade da matriz, que é a operadora
de planos de saúde e suas duas filiais: farmácia e hospital. O sistema contábil é todo informatizado integrando todos os outros
sistemas, com exceção da folha de pagamento dos funcionários.
As demonstrações contábeis são feitas de forma unificada englobando
todas as movimentações da matriz e filiais. Assim, é utilizado um único plano
de contas, sendo que a contabilidade de cada empresa é apresentada de
forma individualizada dentro desse plano.
A cooperativa atende todas as exigências das normas de contabilidade
no que diz respeito à elaboração e demonstração dos relatórios obrigatórios.
3.5 Elaboração do Balanço Social pela Unimed Lins
A Unimed Lins vem preenchendo o Balanço Social proposto pela
Unimed do Brasil desde 2004.
No final de cada exercício, é disponibilizado, através do site da Unimed
do Brasil, um modelo a ser preenchido por todas as cooperativas do sistema.
Também é disponibilizado o modelo da DVA.
O Balanço Social é um trabalho que envolve todas as áreas da
cooperativa e seu preenchimento demanda a colaboração de vários
profissionais. Porém, para que a uniformidade das informações seja garantida,
a responsabilidade e coordenação cabem à área de contabilidade.
O modelo do Balanço Social é dividido em 7 quadros:
a) identificação;
b) indicadores do corpo funcional;
c) indicadores de organização e gestão;
d) indicadores econômicos;
e) indicadores sociais internos;
f) indicadores sociais externos;
g) outras informações.
O quadro de identificação refere-se aos dados cadastrais da
cooperativa. É expresso o tempo de existência desde sua fundação até o dia
56
31 de dezembro do exercício a que se refere o Balanço Social. É definido o
ramo de atividade da cooperativa e deve constar também o nome do contador
responsável pelo preenchimento, que assina o documento em conjunto com a
diretoria da cooperativa.
Os indicadores do corpo funcional buscam identificar a diversidade e a
distribuição econômico-social na cooperativa. Esses indicadores referem-se
aos funcionários e terceirizados que estejam sob responsabilidade da
cooperativa e aos cooperados que exerçam atividades administrativas. São
quantificados: o número de pessoas na cooperativa, as admissões e
demissões durante o período, os trabalhadores terceirizados, pessoas em
funções administrativas, negros e mulheres cooperados em funções
administrativas, pessoas não alfabetizadas, mulheres que trabalham na
cooperativa, entre outros.
O terceiro quadro apresenta informações relativas aos aspectos das
principais políticas sociais internas adotadas na cooperativa, bem como as
orientações sobre os processos decisórios e como se compõe a estrutura de
gestão. Entre outras informações, são evidenciados: o procedimento para
integralização das quotas-partes, valor do maior e menor salário pago ao
empregado, quantidade de assembléias realizadas, principal fonte de crédito e
número de acidentes de trabalho.
O quadro de indicadores econômicos mostra um resumo dos principais
itens econômico-financeiros da cooperativa. São apresentados: receita bruta,
patrimônio da cooperativa, remuneração dos cooperados, folha de pagamento
com salários e encargos, sobras ou perdas no exercício, entre outros.
Os indicadores sociais internos referem-se aos investimentos realizados
pela cooperativa, voltados aos seus cooperados e colaboradores. São
considerados itens como: despesas com alimentação e saúde, investimentos
em alfabetização, cultura e lazer, capacitação profissional, ações ambientais
relativas à operação da cooperativa, participação nos resultados, entre outros
dados.
No sexto quadro, são evidenciados os indicadores sociais externos.
Esse quadro tem como objetivo conhecer os investimentos realizados pela
cooperativa em benefício da comunidade em que atua ou da sociedade em
geral. Através do quadro, é possível conhecer os investimentos em projetos
57
ambientais, saúde, esportes, educação e filantropia; além de permitir avaliar a
interação comercial com outras cooperativas.
No quadro destinado a outras informações, são elencados: o número
total de reclamações e críticas de consumidores e a quantidade destas que são
solucionadas no período.
O modelo de DVA disponibilizado tem por objetivo evidenciar a geração
de riqueza da cooperativa e sua distribuição no período do Balanço Social. É
baseada no Balanço Patrimonial da cooperativa encerrado em 31 de
dezembro.
O modelo preenchido é enviado através do site da Unimed do Brasil,
que elabora o Balanço Social consolidado de todas as Unimeds. (Anexo E)
3.6 Integração das práticas sociais com a elaboração do Balanço Social
Na Unimed Lins, as ações sociais estão intimamente ligadas à
elaboração do Balanço Social.
A gestão da RSE na cooperativa é de responsabilidade do departamento
de marketing, que é responsável pelo total desenvolvimento e
acompanhamento dos projetos próprios e dos projetos em parceria, através de
relatórios, visitas e prestação de contas.
Os projetos são monitorados de tal maneira a torná-los auto-
sustentáveis com incentivo de lideranças e análise da viabilidade econômico-
financeira.
São acompanhados constantemente: o público-alvo, o número de
pessoas atendidas, os valores investidos e as atividades desenvolvidas.
A cooperativa sempre busca cumprir o papel social, divulgando os
projetos e mostrando que num futuro muito próximo somente as empresas que
se preocuparem com essa causa terão sobrevida no mercado.
3.7 Contribuições trazidas pela elaboração do Balanço Social na empresa.
58
A Unimed Lins acredita que o Balanço Social traz inúmeros benefícios
para a empresa, dentre eles podem ser citados:
a) mostra de forma clara e transparente o quanto a empresa se envolve
com os problemas sociais, pois mostra seus projetos e investimentos
nesta área, o que pode ser fator de decisão na escolha do cliente por
um produto ou serviço;
b) potencializa as ações de marketing, pois o apelo social é significativo
na percepção dos clientes no atual mercado;
c) é um instrumento de medida que permite enxergar a empresa no
bem-estar social;
d) os colaboradores ficam mais fidelizados à empresa e acabam
participando dos projetos, o que impacta diretamente no aumento da
produtividade.
3.9 Discussão
Conforme observado por Melo Neto; Froes (2001), a Responsabilidade
Social é uma ação transformadora: uma nova forma de inserção social e uma
intervenção direta em busca da solução de problemas sociais. Essa prática
pode ser observada nas ações sociais desenvolvidas pela Unimed Lins, pois a
cooperativa prioriza os investimentos em cultura e esportes preocupando-se
em promover a qualidade de vida de seus participantes e a superação das
desigualdades sociais. Pode-se perceber essa prática em programas como:
basquete feminino e Banda Cemic - Unimed.
Na Unimed Lins, a gestão das práticas de Responsabilidade Social cabe
ao departamento de marketing que divulga as ações realizadas,
transformando-as em um diferencial competitivo. Conforme Vergara; Branco
(2001), nesse novo século, as empresas serão julgadas por seus
compromissos éticos, pelo foco nas pessoas e pelas relações responsáveis
com o ambiente natural. E ainda, de acordo com Rizzi (2002), para uma
empresa ter sucesso, competitividade, conquistar e ampliar mercado, sua
Responsabilidade Social é indispensável.
59
Nas políticas sociais desenvolvidas pela Unimed Lins estão presentes os
conceitos das quatro responsabilidades: ética, legal, filantrópica e econômica
citados por Reis; Medeiros (2007). Na verdade estes conceitos já estão
presentes na base dos princípios cooperativistas e na essência da cooperativa
que se constitui como sociedade de pessoas que se organizam para valorizar o
trabalho e promover a dignidade das pessoas.
Pôde-se perceber que o Balanço Social elaborado pela Unimed Lins,
está de acordo com a realidade brasileira observada, ou seja, é foco das
demonstrações é interno, evidenciando salários, condições físicas e ambientais
de trabalho, o bem-estar social e a seguridade social.
O conceito de Balanço Social apresentado por Kroetz (2000), pode ser
observado na Unimed Lins, pois a demonstração na cooperativa é utilizada
como instrumento de apoio a gestão, avaliação e análise das ações internas e
externas praticadas.
3.9 Parecer final
Na pesquisa realizada pôde-se perceber que a Unimed Lins está
intimamente ligada à Responsabilidade Social, pois, na condição de
cooperativa, deve dar ênfase a ações que tenham como objetivo o
desenvolvimento social, não só de seus cooperados, mas da comunidade em
que está inserida.
A cooperativa realiza várias ações sociais, cujo objetivo principal é o
desenvolvimento de uma sociedade mais ética, justa e comprometida com o
social. Os colaboradores também participam desenvolvendo trabalhos
voluntários que auxiliam nas ações sociais da cooperativa.
O Balanço Social na Unimed Lins auxilia os processos internos,
fornecendo dados para a prática de políticas sociais internas e externas. Esses
dados são utilizados principalmente pelo departamento de marketing, para
potencialização de suas ações voltadas à Responsabilidade Social.
Pôde-se perceber que realmente as informações evidenciadas no
Balanço Social elaborado pela Unimed Lins contribuem para a cooperativa,
60
61
auxiliando o desenvolvimento e manutenção da Responsabilidade Social. A
principal contribuição da elaboração do Balanço Social é trazer a público de
forma clara os resultados das ações e políticas sociais adotadas, tornando-se
um meio de avaliação da eficácia dessas práticas, além de fomentar novas
iniciativas.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A Unimed de Lins Cooperativa de Trabalho Médico desenvolve vários
projetos sociais, próprios e em parceria, focando sempre o bem-estar da
comunidade com a qual interage. A cooperativa também se preocupa em
transparecer os resultados de suas atividades sociais, preenchendo o modelo
de Balanço Social disponibilizado pela Unimed do Brasil.
Diante da pesquisa desenvolvida, sugerimos que:
a) o Balanço Social preenchido seja exposto de forma explicativa aos
colaboradores, desenvolvendo sua consciência social e procurando
oferecer subsídios para que eles sejam multiplicadores da
responsabilidade social praticada na cooperativa, divulgando junto a
comunidade;
b) a cooperativa publique, juntamente com as demais demonstrações
contábeis, o Balanço Social elaborado no exercício, apresentando
assim, os investimentos destinados à área social, buscando interar
seus clientes e a comunidade em geral, quanto à amplitude das
ações sociais praticadas pela Unimed Lins;
c) seja elaborado um banco de dados que contenha informações
específicas e de fácil visualização, para que o departamento de
marketing possa ter um controle contínuo quanto aos projetos
desenvolvidos pela cooperativa. Poderão ser organizados dados
sobre público alvo, número de pessoas e entidades beneficiadas por
cada projeto, os recursos investidos e resultados obtidos. Essas
informações, desde que atualizadas, servirão como base para a
própria manutenção da responsabilidade social, o desenvolvimento
de novos projetos e como fonte para a elaboração do Balanço Social;
d) o Balanço Social seja utilizado como subsídio de demonstração e
avaliação do comprometimento da empresa com aspectos sociais,
servindo, como base para a estipulação de metas e comparações
posteriores.
62
CONCLUSÃO
As práticas de ações sociais são cada vez mais comuns nas empresas.
Nessa perspectiva, a RSE vem se tornando tema atual e amplamente
discutido. A empresa que desenvolve ações sociais será vista de forma
diferenciada pela sociedade e pelo consumidor.
Pode-se entender a Responsabilidade Social como forma de
desenvolvimento sustentável, em que a empresa ganha da sociedade e deveria
da mesma maneira comprometer-se a restituir em forma de ações sociais
éticas aquilo que foi absorvido. Ações de sustentabilidade são aquelas que
darão suporte ao desenvolvimento do ambiente em que a empresa opera, e
podem incluir integração de interesses entre os setores público, privado e
sociedade civil organizada.
A contabilidade evoluiu, e por meio do Balanço Social e DVA, traz
suporte para evidenciação do desempenho da atividade social da empresa.
É importante que haja integração entre a Responsabilidade Social e
elaboração do Balanço Social, que também servirá como base para a avaliação
quanto às ações sociais praticadas.
As contribuições das informações contidas no Balanço Social são
relevantes, pois envolvem todo o público com o qual a empresa se relaciona. É
interessante também que seja feita sua publicação juntamente com as demais
demonstrações contábeis, para que possa ser avaliado, além do desempenho
econômico, o desempenho social da empresa.
Conforme descrito no parecer final do capitulo III, na pesquisa realizada,
pôde-se perceber que a Unimed Lins está intimamente ligada à
Responsabilidade Social. Pôde-se perceber também, que realmente as
informações evidenciadas no Balanço Social elaborado pela Unimed Lins
contribuem para a cooperativa, auxiliando o desenvolvimento e manutenção da
Responsabilidade Social.
Através da pesquisa realizada, podemos concluir que o Balanço Social é
importante ferramenta estratégica para o aperfeiçoamento das atividades
sociais da empresa, ressaltando a transparência nas relações com os
diferentes públicos com os quais se relaciona.
63
A pesquisa colaborou para amadurecimento e desenvolvimento
profissional do grupo, além de ampliar a visão sobre o tema. Esperamos que
nosso trabalho contribua para a disseminação e conhecimento sobre o
assunto, que está em constante evolução. Por isso, sugerimos um estudo
direcionado ao marketing voltado a Responsabilidade Social, utilizando como
instrumento o Balanço Social.
64
REFERÊNCIAS
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66
APÊNDICES
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APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso
1 INTRODUÇÃO
Serão descritos: breve esclarecimento sobre o assunto a ser abordado,
o objetivo da pesquisa, questionamento e hipótese levantados, os métodos e
técnicas de pesquisa utilizados e o período de coleta de dados.
2 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO
ESTUDADO
Serão apresentados: breve histórico da empresa Unimed de Lins
Cooperativa de Trabalho Médico, sua evolução, estrutura organizacional e
aspectos voltados a responsabilidade social; histórico e evolução do balanço
social e responsabilidade social, bem como seus conceitos e características.
3 DISCUSSÃO
Os dados obtidos na revisão bibliográfica serão confrontados com a
realidade da empresa.
4 PARECER FINAL SOBRE O CASO E SUGESTÃO SOBRE
MANUTENÇÃO OU MODIFICAÇÕES DE PROCEDIMENTOS
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APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistemática
I IDENTIFICAÇÃO
Empresa:.....................................................................................................
Localização:................................................................................................
Atividade Econômica:..................................................................................
Inicio da Atividade:......................................................................................
Porte:...........................................................................................................
Número de Funcionários:............................................................................
II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS
1 Práticas de ações sociais
2 Elaboração do Balanço Social
3 Utilização do Balanço Social
4 Controle das ações sociais praticadas
5 Público alvo das ações sociais
6 Marketing Social
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APÊNDICE C – Roteiro do Histórico de Responsabilidade Social e Balanço
Social
I IDENTIFICAÇÃO
Empresa:.....................................................................................................
Localização:................................................................................................
Atividade Econômica:..................................................................................
Inicio da Atividade:......................................................................................
Porte:...........................................................................................................
Número de Funcionários:............................................................................
II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS
1 Origem
2 Evolução
3 Conceitos
4 Utilização na empresa
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APÊNDICE D – Roteiro de entrevista para o Gerente Administrativo
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Escolaridade:.........................................................................................................
Profissão:...............................................................................................................
Tempo de atuação na empresa:............................................................................
Outras experiências profissionais:.........................................................................
Residência/local:....................................................................................................
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1 Atualmente a responsabilidade social empresarial vem sendo muito
divulgada e discutida. Como a empresa se posiciona sobre o assunto?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
2 O balanço social é utilizado na empresa?
2.1 Em caso afirmativo, há quanto tempo é utilizado?
2.2 Em caso negativo, porque o balanço social não é utilizado?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
3 Você acredita que o balanço social traz benefícios para a gestão da
empresa?
3.1 Enumere.
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
4 A empresa leva em conta a pratica de ações sociais na escolha de seus
fornecedores?
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...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
5 A empresa já foi questionada por clientes a respeito do desenvolvimento
da responsabilidade social?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
72
APÊNDICE E – Roteiro de entrevista para o Contador
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Escolaridade:.........................................................................................................
Profissão:...............................................................................................................
Tempo de atuação na empresa:............................................................................
Outras experiências profissionais:.........................................................................
Residência/local:....................................................................................................
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1 A seu ver o que é responsabilidade social?
1.1 Qual a importância para a empresa?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
2 O que você entende por balanço social?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
3 O balanço social deve ser planejado de acordo com o desenvolvimento
da empresa ou é simplesmente uma obrigação?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
4 Como é elaborado o balanço social na empresa?
4.1 Quais os indicadores levados em consideração?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
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...............................................................................................................................
5 Como você vê a utilização do balanço social na área contábil?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
74
APÊNDICE F – Roteiro de entrevista para Analista de Markteting
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Escolaridade:.........................................................................................................
Profissão:...............................................................................................................
Tempo de atuação na empresa:............................................................................
Outras experiências profissionais:.........................................................................
Residência/local:....................................................................................................
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1 É feita a divulgação do balanço social ao público?
1.1 De que maneira?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
2 A empresa pratica regularmente ações sociais?
2.1 Comente.
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
3 Quais são os projetos sociais desenvolvidos atualmente pela empresa?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
4 De que modo o marketing se relaciona com a responsabilidade social na
empresa?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
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5 É realizada algum tipo de pesquisa a fim de identificar o feedback junto
ao público?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
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ANEXOS
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ANEXO A – Sede administrativa
78
ANEXO B – Hospital Unimed A. Gelis
79
ANEXO C – Organograma
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