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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA
BALNEÁRIO CAMBORIÚ
2014
ALESSANDRA FELINI
ANÁLISE DOS FATORES INTRÍNSECOS DO
MARKETING DE DESTINO QUE POTENCIALIZAM
O SEGMENTO DO TURISMO DE LUXO
EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC
UNIVALI
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
BALNEÁRIO CAMBORIÚ
2014
ALESSANDRA FELINI
ANÁLISE DOS FATORES INTRÍNSECOS DO
MARKETING DE DESTINO QUE POTENCIALIZAM
O SEGMENTO DO TURISMO DE LUXO
EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico
em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI), como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Turismo e Hotelaria.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores
UNIVALI
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
ALESSANDRA FELINI
ANÁLISE DOS FATORES INTRÍNSECOS DO
MARKETING DE DESTINO QUE POTENCIALIZAM
O SEGMENTO DO TURISMO DE LUXO
EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SC
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título
de Mestre em Turismo e Hotelaria e aprovada pelo Programa de
Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria, da Universidade
do Vale do Itajaí, Campus Balneário Camboriú.
Área de Concentração: Planejamento e Gestão do Turismo
Aprovada em: 25/ 02/ 2014
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores (Orientador)
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
_____________________________________________
Profa. Dra. Sara Joana Gadotti dos Anjos
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
_____________________________________________
Profa. Dra. Fabrícia Durieux Zucco
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
______________________________________________
Prof. Dr. Júlio da Costa Mendes
Universidade do Algarve/ Portugal
RESUMO
O marketing turístico e o marketing de destino enfrentam muitos desafios diante do processo
de estruturação e reconhecimento do setor como fundamental para a percepção da necessidade
e importância de gerir os produtos e serviços dos destinos turísticos. Por outro lado, trata-se
de um segmento promissor, haja vista os efeitos da globalização, que influenciou o aumento
do movimento de pessoas entre diferentes destinos no mundo. As mudanças econômicas e
sociais criam vários novos segmentos no turismo, e a exemplo, o segmento de turismo de
luxo, um tópico ainda pouco estudado. Frente a esse contexto temático, o objetivo principal
deste trabalho foi analisar os fatores intrínsecos do destino Balneário Camboriú, município
localizado no estado de Santa Catarina, para a inserção do segmento de turismo de luxo, de
acordo com a opinião de seus agentes intervenientes. O estudo caracterizou-se por ter uma
abordagem qualitativa, na qual a coleta de dados para a pesquisa consistiu na realização de
entrevistas pessoais em profundidade com os principais agentes intervenientes envolvidos na
gestão do turismo no referido município. Foram entrevistados 12 (doze) gestores responsáveis
pelas empresas e organizações que intervêm no turismo local de forma a compreender o
objeto de estudo pesquisado. Os resultados alcançados através da avaliação da análise de
conteúdo e análise de discurso foram que os principais fatores que permitem a inserção do
segmento de turismo de luxo no destino Balneário Camboriú são: a marina, a gastronomia, as
baladas, as belezas naturais e a construção civil.
Palavras-chave: Turismo de Luxo; Marketing Turístico; Marketing de Destino; Balneário Camboriú; Agentes Intervenientes.
ABSTRACT
Tourism marketing and destination marketing face many challenges, in view of the process of
its structuring, and recognition of the sector as fundamental to the perception of the need and
importance of managing the products and services of tourism destinations. Despite these
challenges, tourism is a promising segment due to the effects of globalization, which has led
to increased movement of people around the world. The economic and social changes have
created several new segments in tourism, such as higher class or luxury tourism, a topic that is
still not well studied. In view of this context, the main objective of this study was to analyze
the intrinsic factors of the destination of Balneário Camboriú, a municipality located in the
state of Santa Catarina, as a potential market for the luxury tourism segment, according to the
views of the stakeholders. The study uses qualitative approaches in which the data collection
consisted of personal interviews with the main stakeholders in the tourism management of this
municipality. In order to gain a better understanding of the object of this study, interviews
were carried out with twelve (12) managers responsible for the companies and organizations
involved in local tourism. The responses were submitted to content analysis and discourse
analysis, revealing that the main factors that enable the tourism destination of Balnéario
Camboriú to be inserted in the luxury tourism segment are: the marina, the gastronomy, the
nightlife, the natural beauty, and the civil construction industry.
Keywords: Luxury Tourism; Tourism Marketing; Destination Marketing; Balneário
Camboriú; Stakeholders.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Terminologias mais usadas no marketing em turismo e seus principais autores..... 18
Figura 2 - A roda dinâmica de agentes de turismo ................................................................... 23
Figura 3 - Fases da Pesquisa ..................................................................................................... 63
Figura 4 - Síntese dos procedimentos de confiabilidade e validade ......................................... 73
Figura 5 - Mapa do Brasil – localização de Balneário Camboriú na região Sul ...................... 75
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Os 8Ps do marketing de hospitalidade e turismo ................................................... 25
Quadro 2 - Segmentos do mercado turístico ............................................................................ 38
Quadro 3 - Principais áreas de estudo e assuntos relacionados ................................................ 40
Quadro 4 - Luxo tradicional x Luxo contemporâneo ............................................................... 48
Quadro 5 - Participantes da pesquisa ........................................................................................ 61
Quadro 6 - Exemplo de padrão de classificação das entrevistas .............................................. 69
Quadro 7 - Distâncias de Balneário Camboriú ......................................................................... 76
Quadro 8 - Atrações Naturais: Praias ....................................................................................... 79
Quadro 9 - Atrações Naturais: Parques e Morros ..................................................................... 80
Quadro 10 - Equipamentos ....................................................................................................... 81
Quadro 11 - Perfil dos agentes intervenientes .......................................................................... 99
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMA - American Marketing Association
BC – Balneário Camboriú
BLTA - Brazilian Luxury Travel Association
B2B - Business-to-business
CVBs – Conventions and Visitors Bureaus
DAFO - Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades
DMAI - Destination Marketing Association International
EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILTM – International Luxury Travel Market
MTUR - Ministério do Turismo
OMT - Organização Mundial do Turismo
PIB – Produto Interno Bruto
SANTUR - Santa Catarina Turismo SA
SINDISOL - Sindicato dos hotéis, restaurantes, bares e similares de Balneário Camboriú e
região
SINDUSCON - Sindicato dos Construtores de Balneário Camboriú
SWOT - Strenghts Weaknesses Opportunities Threats
TIA - Travel Industry Association
WTCC - World Travel & Tourism Council
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
1.1. Objetivos ........................................................................................................................ 13
1.1.1. Objetivo Geral............................................................................................ 13
1.1.2. Objetivos Específicos ................................................................................ 13
1.2. Justificativa .................................................................................................................... 13
2. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 15
2.1. Marketing turístico ....................................................................................................... 15
2.1.1. Análise do Ambiente de Marketing ........................................................... 27
2.2. Marketing de destino ......................................................................................................... 28
2.3. Gestão estratégica e planejamento em turismo .................................................................. 32
2.3.1. Segmentação do Mercado Turístico ............................................................ 37
2.4. Turismo de luxo ................................................................................................................. 39
2.4.1. Tendências que afetarão o Turismo de Luxo ............................................... 54
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................. 57
3.1. Caracterização da pesquisa ............................................................................................ 57
3.2. Participantes da pesquisa ............................................................................................... 59
3.3. Técnica de coleta de dados ............................................................................................ 62
3.4. Tratamento e análise de dados ....................................................................................... 63
3.4.1. Fase 1 – Definição das características da pesquisa .................................... 63
3.4.2. Fase 2 – Consultas e Pesquisas Preliminares ............................................. 64
3.4.3. Fase 3 – Consultas e Pesquisas Semiestruturadas (com roteiro) ............... 65
3.4.4. Fase 4 – Consolidação dos Materiais e Análise das Entrevistas................ 66
3.4.5. Fase 5 - Validação...................................................................................... 71
3.4.6. Fase 6 – Discussão dos Resultados ............................................................ 74
4. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DA PESQUISA............................................. 75
4.1. Economia de Balneário Camboriú ..................................................................................... 77
4.1.1. Atrações ....................................................................................................... 78
4.1.2. Serviços........................................................................................................ 83
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................... 87
5.1. Sobre Características Gerais do Capítulo ...................................................................... 87
5.2. Análise dos dados .......................................................................................................... 88
5.2.1. Bloco 1 - Fatores Intrínsecos do Turismo de Luxo em Balneário Camboriú
de acordo com seus agentes intervenientes. ............................................................................. 88
5.2.2. Bloco 2 - Opinião dos entrevistados referente a fatores pré-relacionados 96
5.2.3. Bloco 3 - Questões relacionadas ao entrevistado e sua interação com o
poder público local ................................................................................................................... 97
5.2.4. Bloco 4 - Perfil dos entrevistados .............................................................. 99
5.3. Discussão dos Resultados ............................................................................................ 101
5.4. Validação dos Resultados pelos Entrevistados ............................................................ 104
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 106
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 109
APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas ................................................................................ 121
APÊNDICE B - Instrumento de validação junto a entrevistados .......................................... 124
9
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Cartilha “Mais Turismo Mais Desenvolvimento”, em 2012, o
turismo brasileiro cresceu 6%, dois pontos percentuais acima da média mundial anual. No
turismo internacional, o segmento de negócios, eventos e convenções estava em alta e os
serviços são elogiados em quesitos como hospitalidade, gastronomia e hotelaria (MTUR,
2013).
Esse crescimento reflete positivamente nos indicativos de empregabilidade e no
Produto Interno Bruto (PIB) nacional (COOPER et al., 2008), bem como benefícios e
vantagens são importantes fatores para fomentar o desenvolvimento do setor turístico no
Brasil. Entretanto, os resultados positivos mostram também algumas peculiaridades em
segmentos do turismo, como por exemplo, o turismo de luxo. O relatório da International
Luxury Travel Market, baseado em dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), indica
que turistas de luxo correspondem a 3% do movimento de turistas no mundo, representando
25% dos gastos em viagens internacionais.
O estudo também mostra que as viagens de luxo geraram 25 milhões de viagens
mundialmente e US$ 180 bilhões em gastos, ou US$ 7.200 por viagem. O gasto médio diário
do turista de luxo é oito vezes maior que dos turistas convencionais. Nas últimas duas décadas
o segmento de luxo começou a atrair investimentos, constituindo-se como um mercado novo e
lucrativo. De acordo com o relatório elaborado pela MCF Consultoria sobre o Panorama
Mundial do Mercado de Luxo, o segmento cresceu entre 12% e 18% anualmente nesta última
década, apresentando taxas de crescimento superiores nos países emergentes, como China e
Rússia (MTUR, 2011).
No Brasil, esse segmento do turismo, ou seja, o turismo de luxo, também tem se
destacado, e seus indicativos revelam uma proporção de duas a três vezes o crescimento do
PIB (TEJON, 2010). “Antigamente reservados aos círculos da burguesia rica, os produtos de
luxo progressivamente „desceram‟ à rua” (LIPOVETSKY; ROUX, 2003, p. 15), o que
significa dizer que, o inacessível finalmente se tornou acessível. O turismo de luxo é
tendência que vem para incrementar os setores da cadeia produtiva do turismo, porém, tem
sido pouco pesquisado no mundo acadêmico e científico (TEJON, 2010), haja vista a
contemporaneidade do tema. Diante desta evidente oportunidade de crescimento, o Instituto
Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) atua junto a Brazilian Luxury Travel Association
(BLTA) para fortalecer e incrementar os destinos de Luxo no país.
A BLTA surgiu diante da crescente melhora dos produtos e serviços brasileiros, com
10
a missão de “tornar o Brasil um destino de Luxo reconhecido internacionalmente”. Criada em
2008, ela reúne os mais sofisticados hotéis, resorts e operadoras de turismo. De diferentes
categorias, cada um oferece uma rara experiência dentro da diversidade que é o Brasil. O Vila
Naiá, por exemplo, é um hotel singular que consegue reproduzir no Sul da Bahia o encanto e
o charme das vilas de pescadores, com o requinte de um estabelecimento de padrão
internacional (BLTA, 2013).
Em um painel de especialistas de mídias de luxo no Festival de Miami em 2011, os
executivos da indústria concordaram que o mercado de luxo da América Latina está pronto
para um crescimento estelar em um futuro próximo, em médio prazo. Eles disseram que o
boom econômico do Brasil, Colômbia, Chile, Argentina e México estão reforçando o poder de
compra dos consumidores e o apetite por produtos de luxo. Porém, de acordo com os
painelistas, o marketing para ricos latino-americanos deve ser feito de forma diferente do que
na Europa, Ásia ou em outras partes do mundo. Eles concordam que na América Latina, as
marcas devem treinar a equipe para envolver os clientes de uma forma "mais quente, mais
íntima e mais humilde" do que em outros mercados (CASTANO, 2011).
De acordo com Nadine Hennigs et al (2013), empresas de luxo internacionais são
desafiadas pela identificação e satisfação de necessidades e desejos comuns dos segmentos de
mercado globais. Apesar dos bens de luxo se tornarem disponíveis a uma ampla gama de
consumidores, o modelo de consumo conspícuo tradicional foi transformado em uma nova
sensibilidade de luxo experimental, que é marcado por uma mudança na forma que os
consumidores definem luxo.
O Brasil vem sendo invadido, segundo D‟Angelo (2006), periodicamente por novas
marcas e destinos de luxo desde a década de 1990, quando houve a estabilização da moeda e a
abertura da economia. Esse processo acabou por caracterizar o país como o segundo melhor
mercado emergente para os produtos turísticos, ficando atrás apenas do mercado asiático.
As estimativas do setor de luxo brasileiro para o fechamento do ano de 2013 eram de
um faturamento de R$ 23,5 bilhões. No ano de 2012 o faturamento atingiu a cifra de R$ 20,5
bilhões. E para 2014 foi previsto um crescimento no mercado, em torno de 10% a 15%
(D‟ANGELO, 2006). Para os próximos seis anos, segundo o especialista na área, Claudio
Diniz (2013), são bastante promissores os segmentos de hotelaria de luxo, gastronomia,
aviação executiva, construção civil de alto padrão e o segmento náutico. O especialista
também salienta que, este último, é pouco explorado, apesar da riqueza da costa brasileira,
complementando que, a demanda de executivos por hotéis de luxo vem crescendo no país.
“Tudo que é francês nós copiamos. Os europeus e os americanos querem algo que tenha o
11
DNA do Brasil. O mundo quer uma marca brasileira de luxo que represente a história
brasileira do luxo” (DINIZ, 2012, pag.58).
Hemzo e Silva (2009) confirmaram que com um luxo mais democrático o
consumidor deixa de interessar-se somente por ostentação e reconhecimento social, partindo
em busca do prazer, do belo e de satisfação individual, sejam eles adquiridos por meio de
produtos e serviços de alto luxo, ou produtos e serviços de luxo acessível. Sentimentos como
beleza, autoconfiança e alegria passam a ser as características mais associadas ao consumo, e
valores como hedonismo, um mundo de beleza e senso de realização, ganham proeminência.
Essa realidade motivou a presente pesquisa, no que tange a busca para compreender
este “novo luxo” e inseri-lo na realidade local. Partiu-se do princípio de que as localidades
turísticas necessitam cada vez mais de um eficiente gerenciamento mercadológico e uma
identidade clara e definida. Nesse ínterim, surgem as estratégias de marketing direcionadas ao
marketing turístico, o qual desempenha um papel fundamental como mecanismo de
articulação entre a oferta e a demanda dos destinos turísticos.
Como objeto de estudo foi selecionado a cidade de Balneário Camboriú (BC),
localizada no estado de Santa Catarina. Esta seleção se deu principalmente pelo interesse em
se observar o cenário existente nessa cidade nos dias atuais. Segundo o “Atlas do
Desenvolvimento Humano 2013”, a renda per capita média de Balneário Camboriú cresceu
105,33% nas últimas duas décadas, passando de R$791,69 em 1991 para R$1.563,49 em 2000
e R$1.625,59 em 2010, e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de
Balneário Camboriú foi de 0,845 em 2010 (ATLAS BRASIL,2013).
Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação
(com crescimento de 0,121), seguida por Longevidade e por Renda. Ainda, conforme informe
da Prefeitura Municipal (2014), Balneário Camboriú, localizado no litoral da região centro-
norte de Santa Catarina, é conhecido como a Capital Catarinense do Turismo. Além das praias
paradisíacas e dos atrativos turísticos modernos e inovadores, a cidade possui comércio forte e
atuante. É um dos 65 destinos indutores classificado pelo Ministério do Turismo (MTur). Por
toda a orla, há infraestrutura como bares e restaurantes, que oferecem culinária típica da
região litorânea. Balneário Camboriú também abriga os edifícios mais altos de Santa Catarina,
além dos mais luxuosos.
Atualmente, o maior residencial da cidade (e também do Brasil) tem 164 metros de
altura, mas deve ser superado em breve por outro, de 240 metros, em fase de obras pela
construtora FG Empreendimentos. Ao perceber o desenvolvimento de um turismo de luxo na
região, a construtora saiu de Blumenau e consolidou-se no mercado formado principalmente
12
por compradores do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (ATLAS BRASIL, 2013).
Diante desta realidade, por meio do levantamento e verificação da oferta do destino,
comparados a opinião de seus agentes intervenientes, buscaram-se os fatores que contribuem
para a inserção da cidade no nicho de mercado do turismo de luxo. Para tal, observaram-se os
componentes do destino citados por Buhalis (2000), este modelo é frequentemente referido
quando se discute a competitividade de marketing de destino. Nele o autor coloca que a
maioria dos destinos compreendem um núcleo de componentes, que podem ser caracterizados
com os “6 As” como estrutura (Atrações, Acessibilidade, Serviços, Pacotes disponíveis,
Atividades e Serviços auxiliares). Portanto, um destino pode ser considerado como uma
combinação de todos os produtos, serviços e, finalmente, as experiências fornecidas
localmente. Com base nessa estrutura procurou-se abranger todos os componentes do destino
através da avaliação de seus agentes intervenientes do turismo.
Esses agentes intervenientes do turismo, assim chamados nesse trabalho, são
definidos como aqueles que intervêm na atividade turística de uma localidade, ou seja, os
turistas, a comunidade local, o Estado (Governo e instituições públicas), as organizações não
governamentais e as empresas turísticas (OMT apud MADEIRA, 2010). No presente estudo,
que tem como foco principal o nicho de turismo de luxo em Balneário Camboriú, foram
escolhidos como sujeitos da pesquisa os agentes que intervinham diretamente neste segmento
em termos de oferta, excluindo assim a opinião do turista.
Considerado como uma ferramenta de gestão (BLUMBERG, 2005), o marketing de
destino é definido como o esforço global de identificar o que o destino tem para ofertar; seu
mercado-alvo, ou seja, os indivíduos que possuem dinheiro, tempo e desejo de viajar para
conhecer este destino e a melhor forma de persuadir e fidelizar os clientes identificados
(KASTENHOLZ, 2002). Conforme Seaton (1996), esse é o ponto nevrálgico do marketing
turístico, uma vez que seu campo de investigação, o destino, congrega e suporta todos os
diferentes interesses envolvidos na atividade turística. Logo, tanto a sua aplicação como o
entendimento da sua dinâmica exige a compreensão desses interesses, os quais estão
diretamente relacionados à complexa organização formada pelos agentes intervenientes do
turismo nos destinos.
Portanto, neste trabalho busca-se identificar a resposta para a seguinte pergunta de
pesquisa: quais os fatores intrínsecos de Balneário Camboriú – SC que favorecem a inserção
no segmento do turismo de luxo no destino, na percepção dos agentes intervenientes do
turismo?
13
1.1.Objetivos
Neste tópico definem-se os objetivos do trabalho, classificados em geral e
específicos, que orientam todos os esforços de pesquisa e alcance dos resultados.
1.1.1. Objetivo Geral
Analisar os fatores intrínsecos do marketing de destino que potencializam o
segmento do turismo de luxo em Balneário Camboriú na percepção dos agentes
intervenientes.
1.1.2. Objetivos Específicos
Descrever as características da oferta do destino turístico Balneário Camboriú, quanto
aos atrativos, serviços e infraestrutura;
Identificar os agentes intervenientes do destino Balneário Camboriú no segmento do
luxo;
Identificar os fatores do marketing de destino segundo modelo de analise proposto por
Buhalis;
Analisar os fatores do marketing de destino segundo percepção dos agentes
intervenientes do turismo de Balneário Camboriú.
1.2. Justificativa
Frente ao exposto, a presente pesquisa visa contribuir para que o destino de
Balneário Camboriú defina com clareza a identidade e a marca do local, pois se acredita que
os empresários do segmento de luxo devem estar atentos ao comportamento do mercado,
principalmente para aproveitar as oportunidades vindouras. Segundo as previsões da
Organização Mundial do Turismo (OMT) e da World Traveland Tourism Council (WTTC), a
América Latina poderá tornar-se o novo “Eldorado turístico”. A América do Sul vai receber
58 milhões de turistas até 2030, conforme relatório da OMT, denominado “O turismo até
2030”. Grande parte das viagens internacionais será realizada por turistas provenientes das
economias emergentes, e o WTTC prevê que o gasto turístico na região vá crescer 7,5%, até o
ano 2021, atingindo os 55 mil milhões de euros (OMT, 2011).
Tem-se observado nos consumidores da classe média um aumento nos níveis de
gosto e qualidade (SILVERSTEIN; FISKE; BUTMAN, 2008). Novas políticas de pagamento,
14
como o financiamento, facilitaram o acesso dessa camada da população ao luxo. Fatores como
a democratização do consumo de luxo e o aumento no padrão de vida da classe média
culminaram no surgimento do chamado Novo Luxo (GALHANONE, 2008). Consumidores
tendem a pagar mais por produtos em categorias que eles julgam importantes e, desse modo,
os hábitos de compra não estão mais diretamente relacionados ao nível de renda do
consumidor (SILVERSTEIN; FISKE; BUTMAN, 2008). Mudanças culturais como o
aumento no nível educacional, a participação da mulher no mercado de trabalho e mudanças
na estrutura familiar (aumento dos números de divórcios e de casais sem filhos, homens e
mulheres casando-se cada vez mais tarde, entre outros) contribuíram para um aumento na
renda discricionária do lar e, portanto, a renda disponível para gastar com produtos e serviços
supérfluos. A compra e o consumo se dão não só pela ostentação nesse novo cenário, mas
muito mais pelo prazer que se espera pelo uso de uma marca de prestígio (LIPOVETSKY,
2007).
No círculo acadêmico, esse assunto, o luxo, até pouco tempo rejeitado, começou a
ser visto como elemento integrante da sociedade ocidental, por sua importância como objeto
que compreende um significado de sonho, exclusividade, recompensa, identidade, emoção e
encantamento. Mas, ainda há obstáculos, e a razão é fácil de entender: “Num momento em
que metade do mundo está mal nutrida e o verdadeiro combate é pela igualdade de
oportunidades, a ostentação do luxo ofende e escandaliza" (CASTARÈDE, 2005, p.27).
Esse quadro problematiza-se ainda mais quando se observa que, tradicionalmente, no
segmento turístico, as ações de marketing concentram-se no aumento da visitação. Essa
abordagem não reconhece as necessidades e limitações de cada destino, bem como as suas
características geográficas, ambientais e socioculturais. Em contraste ao marketing, a
literatura voltada para o planejamento se concentra mais sobre os impactos do turismo e no
desenvolvimento do turismo, limitando, e muitas vezes ignorando, a dinâmica do mercado e
as exigências de empresários no destino e do lugar de origem (RYAN, 1991; BURNS, 1999).
Ryan (1991) explica que as empresas e os governos têm aplicado apenas parte do mix de
marketing para o turismo (ou seja, a promoção), e pouca atenção é dada para os outros
componentes do marketing (RYAN, 1991).
Dessa forma, a presente pesquisa contribui com os conhecimentos acadêmicos sobre
o assunto por apresentar-se como um tema interessante e pouco abordado nos meios
acadêmicos, bem como se sentiu a necessidade de compreender melhor o mercado turístico e
o segmento de turismo de luxo na dinâmica de Balneário Camboriú. A seguir será apresentada
a revisão de literatura sobre a temática estudada.
15
2. REVISÃO DA LITERATURA
O presente capítulo tem como principal objetivo apresentar uma revisão da literatura
sobre os temas que sustentam a pesquisa: o marketing; o marketing de destinos turísticos; e o
turismo de luxo. Para tanto, salienta-se que, o conceito de marketing de destinos turísticos –
principal temática deste estudo –, está relacionado ao de marketing, e para compreensão do
primeiro, faz-se necessário uma extensa análise sobre as particularidades do marketing de
lugares e de cidades.
No que tange ao turismo de luxo, uma área temática ainda pouco estudada, observa-
se que é necessário verificar os elementos que o circunda, e a partir desses dados, estudar a
sua relação com as organizações de gestão de destino. Acredita-se que esse percurso teórico
possa contribuir para verificar se Balneário Camboriú pode ser um destino com potencial para
o segmento do turismo de luxo.
2.1. Marketing turístico
O termo marketing é derivado da palavra inglesa market, que tem como significado a
palavra “mercado”. Nesse segmento, marketing trata da relação adequada entre o produto e o
mercado. De acordo com a American Marketing Association (AMA), marketing é “a
atividade, conjunto de instruções e processos para a criação, comunicação, entrega e troca de
ofertas que tenham valor para o consumidor, clientes, parceiros e sociedade de um modo
geral” (AMA, 2013). A complementar, Kotler (2000, p.29) destaca que esse “é um processo
social por meio do qual as pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o
que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor comum”.
Para Ferrel e Hartline (2000), o marketing adquire diferentes definições. Para aqueles
que não trabalham com marketing, este é apenas uma função dos negócios, dentre outras, tais
como: produção; pesquisa; administração geral; recursos humanos; e contabilidade. Nesse
segmento conceitual, a meta do marketing é conectar a organização aos clientes. Enquanto
que aqueles que executam tarefas de marketing tendem a vê-lo como um processo de
gerenciamento do fluxo de produtos do local de concepção para o local de consumo. Nessa
segunda concepção, o marketing está relacionado à satisfação das necessidades humanas e
sociais, portanto, está atrelado ao padrão de vida das pessoas, não só em termos de aumento
do consumo e da prosperidade, mas também em termos do bem-estar da sociedade.
Em 1950, após as Grandes Guerras Mundiais, o mercado começou a exigir
variedade. O lema da década de 50 foi: "tenha o produto certo e mantenha os custos baixos".
16
Isso refletiu o início de um mercado e mídia de massa.
Ajzental (2008) destaca que na década de 1960 começaram os debates sobre a
ampliação dos conceitos de marketing. Esse debate teve como marco os artigos publicados
por Kotler e Levy (1969), que os acrescentaram às organizações empresariais e também às
sociais. Em âmbito teórico, Lazer (1969) escreveu sobre as dimensões sociais dos negócios,
enquanto Luck (1969) limitava o escopo de marketing apenas aos processos de negócios e
atividades que resultem em transação de mercado. Kotler e Levy (1969) insistiam na ideia
geral da troca, enquanto Ferber (1970) já visualizava que o marketing deveria diversificar sua
atuação em campos de política pública e social.
Em âmbito prático, em 1970 perpetuava-se ainda no marketing um mecanismo de
causa e efeito, haja vista que o mercado reagia aos estímulos dos anunciantes. Mas, já se pôde
observar uma evolução. Passava-se a considerar desejos e necessidades de segmentos mais
específicos, servindo para enquadrar as pessoas em determinados padrões típicos de
comportamento. Assim, as empresas, que eram dirigidas às vendas, empregavam suas
energias para modificar a mente do consumidor no sentido de se adaptarem ao produto.
Em 1980, consolida-se o conceito de nicho de mercado. O fundamento era chegar
mais perto do cliente, ou seja, conhecer e dominar determinados segmentos de mercados.
Contudo, nessa época o conceito de marketing transcende o foco no consumidor e passa a
integrar as questões sociais mais amplas. Nesse sentido, nasce o conceito de marketing de
relacionamento e busca-se a fidelização do cliente por meio de uma política empresarial de
comércio.
A partir da década de 1990, a competitividade contribui para consolidar os conceitos
de marketing de relacionamento e canal de marketing – uma estratégia de marketing que visa
disponibilizar produtos ou serviços ao consumidor de acordo com a sua exigência. Assim, as
empresas passam a aderir ao princípio de relacionamento cooperativo com outras
organizações, e surgem, então, as parcerias que vão refletir atualmente no conceito de fusão
entre grandes marcas de um determinado segmento.
Na atualidade, o marketing já não se resume às ações a serem executadas a partir de
um plano, mas sim a uma consciência que permeia todos os integrantes de uma empresa,
desde as recepcionistas até o diretor. Desse modo, o marketing passou a ser a própria forma
de a empresa operar. Para tanto, as funções do marketing remetem a duas finalidades
primordiais. Uma permeia a identificação de nichos de mercado ou oportunidades de
demanda, inadequadamente satisfeitas pelas ofertas existentes, seja da própria empresa seja de
seus concorrentes. Outra consiste em conquistar e preencher esses nichos com o mínimo de
17
recursos e custos operacionais (RICHERS, 2000).
Embora o marketing tenha uma relação mais estreita com organizações com fins
lucrativos, as organizações que não visam ao lucro também aderem a uma política de
marketing. Portanto, hoje, o marketing é adotado por instituições lucrativas e não lucrativas, e
visa ao estudo dos fenômenos que ocorrem no intercâmbio de valores econômicos, sociais,
morais ou políticos, nos quais ele é utilizado para vender ideias, com o intuito de melhorar a
qualidade de vida.
Os autores Kotler e Levy (1969) defendem a implantação do conceito de marketing a
todas as organizações, tradicional ou não. Assim, as estratégias de marketing para obter-se
lucro passaram a ser aplicadas por inúmeras organizações sem fins lucrativos com o propósito
de atingirem os objetivos e metas traçados pela política das empresas.
Skinner (2008) traça um paralelo entre o surgimento e desenvolvimento de pesquisas
de marketing de lugares com o surgimento do marketing de serviços, como por áreas distintas
dentro do marketing. No entanto, segundo ele, a própria área do tópico permanece confusa,
uma vez que, termos usados para descrever seus vários fenômenos associados não foram
claramente definidos, há pouco consenso sobre qual é o tipo de marketing ou marca que
melhor se aplica a lugares, e a literatura não resolveu as diferenças de marketing / marca de
indivíduos, lugares e nações inteiras, levando assim a confusão tanto para os acadêmicos
quanto para os profissionais.
Saber aproveitar toda a potencialidade do turismo em seu aspecto de
empreendimento é um dos maiores desafios encontrados pelo marketing, que, sendo bem
aplicado, gera resultados positivos e lucrativos a curto e médio prazo, ou se mal implantado e
desenvolvido, pode apenas significar gastos de grandes quantias em dinheiro, com ações que
não efetivam a marca do município no seu campo promocional. Para tanto, faz-se
imprescindível estudar modelos e ações de boas práticas do marketing ligado ao campo do
turismo, para que se possa disseminar uma nova cultura de empreendimentos de sucesso nessa
área.
O estudo da aplicação do marketing no turismo é essencial para o desenvolvimento
de um município, visto que propicia a compreensão dessa ferramenta voltada ao setor turístico
e identifica como as ações de marketing auxiliam uma Administração Pública, tornando um
investimento a melhor forma de incitar o potencial turístico de uma cidade.
Para tanto, inicia-se o planejamento de marketing como um estudo do destino
turístico, pois esse pode ter vários atrativos que façam com que as pessoas se desloquem de
seus lares para visitá-los. Ter uma clara classificação dos atrativos naturais e culturais locais e
18
de possível desenvolvimento de outros, faz com que a administração a partir do destino
comece a pensar claramente em seu marketing. Porém ainda mais recente que o estudo do
marketing, o marketing turístico procura se adaptar através da aplicação de conceitos da
administração de marketing adequados à indústria do turismo.
Vale salientar que em turismo, o marketing é encontrado com várias terminologias e
tipos: marketing turístico; marketing de cidades; marketing de lugares; marketing de destinos;
marketing de destinos turísticos; marketing de hospitalidade e turismo; marketing de turismo;
marketing de relacionamento; marketing do produto turístico; entre outros.
Na figura 1 são demonstradas algumas dessas terminologias, com foco nas mais
usadas no marketing em turismo e em seus principais autores. A partir do conteúdo exposto é
possível perceber que o marketing no turismo é uma área de estudo muito jovem, o que
acarreta várias discussões para todos os envolvidos no ensino, na pesquisa e no estudo dessa
temática. A própria área temática tem certa deficiência e indefinição em termos conceituais.
Figura 1 - Terminologias mais usadas no marketing em turismo e seus principais autores
Fonte: Elaborado pela autora.
A princípio Kotler e Levy (1969) incluíram o marketing turístico no segmento de
produtos/serviços “sem fins lucrativos”. Posteriormente percebeu-se que o turismo é diferente
de outras indústrias ou atividades, pois o serviço prestado constitui uma amálgama que pode
incluir componentes como: o transporte; alojamento; comida; bebida; atrações; visitas
culturais; que geralmente são fornecidas por diferentes empresas e instituições. Esses
componentes podem ser vendidos direta e separadamente aos turistas.
19
O marketing visto como uma associação a localidades e regiões tem se tornado uma
atividade central na gestão regional, pois consegue gerar vantagens competitivas. Essas
vantagens passam por uma diferenciação do destino, valorizando o intangível e tornando
único o que dele procede (COOPER; HALL, 2008).
De acordo com Krippendorf (1971), o marketing turístico é baseado nas
singularidades do produto que se originam na sua intangibilidade. Portanto, trata da adaptação
sistemática e coordenada da política das empresas de turismo, tanto privadas como do Estado
– no plano local, regional, nacional e internacional –, visando à plena satisfação das
necessidades de determinados grupos de consumidores, obtendo, com isso, um lucro
apropriado.
Russchmann (1990) compreende, geralmente, o marketing como uma dimensão da
gestão empresarial. No caso do turismo, essa visão deve ser ampliada, uma vez que, não
somente as empresas, mas também as instituições cooperativas e o Estado fornecem
importantes serviços turísticos. Dessa forma, os responsáveis pelo marketing turístico são: as
empresas individuais; as instituições cooperativas; e o Estado.
Pensar o marketing para um espaço turístico pressupõe a compreensão da atividade
de turismo (EJARQUE, 2009; FONT, 2009; LANQUAR, 2001; MIDDLENTON; CLARK,
2002; PRETOCCHI, 2004), com o intuito de pensar em como planejá-la e geri-la (BIGNE;
FONT; ANDREU, 2000), analisando e mensurando a atividade, assim como elaborando
ferramentas para compreender os impactos que a gestão do marketing pode ter sobre o espaço.
O marketing turístico deve ter como estratégia básica conhecer bem os seus clientes reais e
potenciais para, a partir desse conhecimento, desenvolver produtos que venham a satisfazer
seus desejos e necessidades (MIDDLENTON; CLARK, 2002; PETROCCHI, 2004).
O marketing turístico se caracteriza por uma oferta constituída por uma infinidade de
produtos turísticos e por uma importante demanda no território geográfico. A oferta é
basicamente constituída pela indústria de transporte (aérea, rodoviária, ferroviária, marítima e
lacustre), pela indústria de alojamento (hotéis, campings e colônias), pelas indústrias
complementares (agências de viagens, restaurantes, cafés, bares, casas noturnas, cinemas,
teatros, museus) e pelos recursos turísticos (naturais, históricos, artísticos, gastronômicos e
culturais, entre outros). Enquanto que a demanda é constituída por turistas nacionais e
internacionais (GOUVEA; YAMAUCHI, 1999).
A indústria turística insere-se no setor dos serviços e apresenta algumas
características particulares que pressupõem uma abordagem de marketing diferente da que
tradicionalmente se considera para o produto, destacando-se a sua intangibilidade,
20
inseparabilidade, produção e consumo simultâneo, heterogeneidade/variabilidade. Como
características específicas do serviço turístico, citam-se o exposto: custo elevado;
sazonalidade; interdependência; impacto na sociedade; e vulnerabilidade perante envolvente
contextual (CUNHA, 2001).
Nesse contexto, as características básicas que distinguem os serviços dos bens
materiais, de acordo com adaptação realizada com base em Burke (1991), são intangibilidade,
inseparabilidade, heterogeneidade, perecibilidade, unicidade, simultaneidade e sazonalidade,
descritas a seguir:
intangibilidade: os serviços não podem ser apreciados de forma material, pois não
são vistos, tocados e dimensionados. Depois de ocorrerem, existem apenas como memórias,
sem qualquer valor residual.
inseparabilidade: os serviços prestam-se juntamente ao capital econômico e
humano que os produz, sendo, portanto, inseparáveis.
heterogeneidade: é a característica mais visível de todos os serviços – a
uniformidade ou a estandardização são quase impossíveis, pois existe sempre algo de caráter
mais subjetivo que os acaba distinguindo.
perecibilidade: qualquer serviço "vive" no momento exclusivo em que é oferecido
ao cliente, apesar de existirem serviços que mesmo que prestados no dia seguinte, no mesmo
local e pelo mesmo empregado (por exemplo, a atenção prestada a um cliente na recepção de
um hotel), este será já uma nova prestação na medida em que a capacidade de atender no dia
anterior um cliente pelo empregado desapareceu no momento em que o cliente deixou de
requerer o seu serviço. Em hotelaria, há uma frase significativa que sintetiza o contexto: “o
quarto não vendido hoje, jamais voltará a ser vendido; amanhã volta a haver o mesmo número
de quartos para vender”.
unicidade: certos produtos, pela sua diferenciação, pelo seu exotismo, pela sua
raridade ou pelo seu componente humano, cultural ou ambiental, são considerados únicos,
facilitando o processo de diferenciação da concorrência.
simultaneidade de produção e consumo: apesar de muitos dos produtos turísticos
terem sido comercializados previamente, o seu consumo é realizado no local e no momento da
produção. Esse fato implica que o canal de distribuição tenha de funcionar no sentido inverso
ao sentido tradicional, uma vez que são os consumidores que têm de se deslocar ao local de
consumo.
sazonalidade: a maioria dos produtos está sujeita à sazonalidade, ou seja, à
21
flutuação na procura em diferentes épocas do ano, dias ou até horas. O maior desafio de
gestão de marketing é diminuir o efeito da sazonalidade, mantendo um equilíbrio na procura
durante todo o ano.
Vale relembrar que na complexidade do produto turístico predominam elementos
intangíveis, a qualidade com que esses elementos são fornecidos torna-se um dos atributos
que os clientes mais valorizam. Considera-se, no entanto, que uma coisa é realçar a qualidade
do serviço na promoção, outra os clientes a reconhecerem, o que depende do desempenho e
das atitudes dos empregados e exige a prática de um verdadeiro marketing interno, através de
sistemas de motivação, incentivo e de transparência na definição de funções e no
estabelecimento de objetivos, o que facilita a comunicação com os clientes.
Sobre o exposto, estão implícitos adequados métodos de estratégia e gestão,
incluindo a formação profissional, essencialmente no posto de trabalho, para que o pessoal de
contato direto com o público final que tem uma importância acrescida, esteja apto a prestar
um serviço adequado às necessidades dos clientes.
Uma diferença fundamental do marketing turístico em relação ao marketing dos
demais setores de serviços é que a empresa turística deve ter a programação de prestação de
serviços e de bens materiais, cabendo aos serviços o papel mais importante nessa combinação.
Outra peculiaridade do marketing turístico é a de que o serviço não procura o consumidor,
mas este é quem procura o serviço desejado. Portanto, a premissa básica é a de que o turismo
implica não só gastos para sua efetivação, mas também disponibilidade de tempo livre para
seu consumo (TEIXEIRA, 1977).
Sobre o exposto, Trigueiro (1999) diz que o planejamento e a administração das
atividades de turismo de uma localidade dependem significativamente de um esforço para a
aplicação do marketing mix, o qual é composto pelas seguintes etapas: design urbano;
infraestrutura; serviços básicos; eventos e atrações; pessoas e imagem; conforme descrito em
detalhes a seguir:
Design urbano: o design urbano diz muito sobre o caráter de uma cidade e
redefine a maneira como esse é transmitido de uma geração para outra. Fornece informações
sobre o local, refletindo seus valores históricos e culturais. Uma estratégia para melhorar um
local é educar as autoridades públicas quanto aos princípios de conservação do patrimônio
histórico e da arquitetura urbana da localidade.
Infraestrutura: embora uma ótima e bem mantida infraestrutura não garanta o
crescimento de uma localidade, a falta dela é uma deficiência grave. Para manter a qualidade
22
de vida (exigência principal do turista atual) e patrocinar a produtividade econômica, é
necessário desenvolver e manter a infraestrutura do local. Para o segmento turístico, apenas as
belezas naturais não garantem o desenvolvimento do negócio, é preciso que a administração
turística invista na infraestrutura. A estratégia é a localidade oferecer um bom padrão de
serviços, tais como: saneamento; transportes; energias convencionais e renováveis; limpeza
pública; estradas conservadas e limpas; entre outras. Essas melhorias visam atrair e manter
turistas na localidade.
Serviços básicos: a capacidade de uma localidade em conquistar e manter turistas
são bastante reduzidos, quando a sua fama é de possuir, por exemplo, um alto índice de
criminalidade. Os turistas escolhem seus destinos levando em consideração a segurança da
localidade. Afinal, o turista gosta de ser bem tratado (e paga para isso), estar em segurança,
ter um atendimento com qualidade e, sobretudo, ser respeitado como cidadão. Uma estratégia
de marketing é desenvolver programas de sensibilização e conscientização para a qualidade
total dos serviços junto à população como um todo.
Eventos e atrações: existe uma diferença entre dizer que uma determinada
localidade funciona e dizer que ela é atraente. O termo atração se refere a características
físicas, enquanto eventos têm a finalidade de diversão. A promoção sistemática dessas duas
atividades é fundamental para atrair turistas. Os principais tipos de atração que uma
localidade deve levar em consideração como estratégias de marketing são as belezas naturais,
históricas e suas personagens famosas, parques temáticos, gastronomia, edifícios e
monumentos, museus e praças etc. Os eventos são caracterizados como festivais de músicas e
culturais, shows de artistas famosos, manifestações folclóricas, competições esportivas, entre
outras.
Pessoas: uma cidade pode possuir uma boa infraestrutura e uma diversificação de
atrações e eventos, um design urbano diferencial e, mesmo assim, não ser bem-sucedida
devido à imagem que os turistas têm de seus habitantes. A hospitalidade dos residentes de
uma localidade pode afetar positiva ou negativamente a atratividade do local. Uma das
estratégias de marketing é implantar um programa de conscientização da população, para que
ela se envolva no contexto das atividades turísticas da localidade.
Imagem: define-se imagem de uma localidade como a soma das crenças, das
ideias e impressões que as pessoas têm do lugar. As imagens apresentam-se como uma
simplificação de várias associações e informações ligadas à localidade. Logo, elas são
produtos ou serviços de uma mente que tenta processar e “tirar a essência” de uma série de
23
dados sobre o local. A estratégia para divulgar a imagem de um local é conseguir deixar na
mente dos turistas ou visitantes lembranças e saudades, de modo que ele seja um futuro
agente de venda dessa localidade.
Assim, as localidades que procuram conquistar e manter turistas, conceito
fundamental da filosofia de marketing, como fator de desenvolvimento, devem investir
plenamente na implantação do marketing mix (também denominado composto de marketing)
como uma ação do marketing turístico.
Além disso, Buhalis (2000) propõe que a comercialização de destino seja utilizada
como um mecanismo estratégico em coordenação com planejamento e gestão para
proporcionar adequados ganhos para todas as partes interessadas, e não simplesmente como
uma ferramenta promocional. O autor sugere ainda que a fim de que este objetivo seja
alcançado, os mais bem sucedidos como destinos competitivos serão aqueles que imporem
uma formação eficaz dos recursos humanos, cooperarem com concorrentes e complementares
para aprender com eles, empreenderem em marketing inovador e na pesquisa liderada,
utilizando novas tecnologias e objetivos genéricos estratégicos.
Buhalis (2000) argumenta que a implementação desses objetivos dependerá das
relações entre os pares e das dinâmicas selecionadas. Na Figura 2, é possível apreciar o
esquema utilizado pelo autor para evidenciar a dinâmica de relacionamento entre os distintos
stakeholders dentro de um destino.
Figura 2 - A roda dinâmica de agentes de turismo
Fonte: Buhalis (2000, p.4).
24
A roda dinâmica dos stakeholders proposta por Buhalis (2000) demonstra que o
desenvolvimento e a implementação dos objetivos estratégicos nos destinos dependem da
relação entre os diferentes stakeholders existentes, mesmo que os interesses de alguns
stakeholders possam conflitar com os interesses de outros, já que tendem a maximizar seus
benefícios e diminuir suas responsabilidades perante os demais (BUHALLIS, 2000;
SAUTEER; LEISEN, 1999).
A imagem do destino é desenvolvida a partir de programas de investigação em
marketing, que guiam a atividade promocional condizente à afirmação e à consolidação da
imagem do destino. Buhalis (2000) identifica as contribuições da investigação em marketing
para o marketing da área destino, da seguinte forma: a) identificação dos atributos que
definem os segmentos de mercado; b) identificação dos atributos necessários para a afirmação
do destino; c) avaliação e desenvolvimento da imagem do destino; d) segmentação do
mercado e desenvolvimento dos marketings mix‟s correspondentes; e) diversificação de
mercados; f) avaliação da elasticidade da procura; g) redução da sazonalidade pela
segmentação de mercado; h) avaliação dos motivos que levam o turista a preterir um
determinado destino; i) analisar a compatibilidade dos segmentos de mercado; j) avaliar
canais de distribuição alternativos; k) avaliar os impactos turísticos e selecionar os segmentos
certos; l) avaliar a efetividade do marketing e selecionar os canais de promoção certos.
Nesse contexto é importante compreender que as sensações e as imagens formam o
conjunto de representações dos produtos e serviços de luxo. O valor dessas representações
para o consumidor é que permite que ele pague muito mais caro por um artigo que pode ser
encontrado com características semelhantes a um custo menor. Portanto, a marca é
impregnada de significados que não são visíveis.
Com a economia globalizada, o setor de turismo necessita vislumbrar novas soluções
que possam atender aos anseios, desejos e fantasias de seus clientes, com uma equipe de
profissionais que saibam identificá-los corretamente, dando satisfação aos seus clientes. “Os
homens de marketing das empresas de serviços devem estar aptos a reconhecer que o mercado
ao se globalizar passa a exigir conhecimentos que levem a formular estratégias consistentes
para evitar desastres financeiros” (KEEGAN et al, 1995, p. 47). Para Cobra (2001), com o
impacto dos sistemas informatizados como a Internet, o setor de turismo necessita reavaliar o
seu papel na criação e na administração da demanda de serviços de viagem, de lazer e
hospitalidade. Como o produto turístico é uma combinação de ação e emoção em que os
aspectos tangíveis e intangíveis se sobrepõem numa mistura entre o real e o imaginário, a
criatividade do setor deve ser intensa.
25
O marketing no turismo consiste precisamente em identificar segmentos de mercado,
promover o desenvolvimento de produtos turísticos e fornecer aos turistas potenciais
informações sobre os produtos e serviços ofertados, ou seja, é necessário descobrir o que os
turistas querem, desenvolver serviços turísticos adequados às necessidades e desejos deles,
comunicá-los sobre os produtos e serviços disponíveis e fornecer informações sobre onde
adquiri-los, de modo que o processo de troca entre a organização e os turistas resulte em
lucros e satisfação (TRIGUEIRO, 2001).
Cabe ressaltar que no marketing turístico os agentes locais estão envolvidos, ou
devem ser envolvidos de forma efetiva no planejamento, gestão e controle das ações de
marketing para o espaço turístico. Pois, deve-se buscar que o marketing turístico seja
realizado de forma efetiva e com resultados positivos para todos os envolvidos (FONT, 2009;
LANQUAR, 2001; MIDDLENTON, 2002).
Além dos já conhecidos 4Ps de marketing (produto, preço, promoção e praça),há
outros 4 Ps mais específicos ao marketing de hospitalidade e turismo. O marketing mix
turístico está condicionado pelas particularidades características que emergem ao mercado
turístico, conforme exposto no quadro a seguir:
Quadro 1 - Os 8Ps do marketing de hospitalidade e turismo
TRADICIONAL ADICIONAL
* Produto * Pacotes
* Preço * Programação
* Praça (Local) * Pessoas
* Promoção * Parceria
Fonte: Morrison (2012, p.217).
De acordo com Morrison (2012), os componentes do mix de marketing no turismo
podem ser descritos conforme segue:
a) produtos e serviços indicam a variedade de instalações e produtos que uma
organização individual ou destino oferece aos clientes;
b) pessoas ou anfitriões e hóspedes são os alicerces do sucesso e sobrevivência de
uma organização de hospitalidade e turismo e representam as pessoas que ela emprega e
aquelas a quem serve;
c) pacotes, elemento que se resume a uma orientação de marketing, resultantes das
descobertas das necessidades e desejos das pessoas para, então, montar e combinar destinos,
serviços e instalações que correspondam às necessidades;
26
d) programação, que também está orientada para os clientes e representam os
acontecimentos e atividades especiais criados para eles, tais como entretenimentos, festivais
etc., sendo estes criados para aumentar os gastos ou a duração da estada dos clientes, ou para
somar ao apelo pelos pacotes;
e) distribuição ou local é como a organização planeja posicionar o produto ou
trabalhar com outros grupos complementares no canal de distribuição. Para fornecedores,
transportadoras e stakeholders, isso significa como utilizarão os intermediários do comércio
de turismo (tanto on-line como off-line) para atingir os objetivos de marketing. Para os
intermediários, significa os relacionamentos que têm com outros intermediários, fornecedores,
transportadoras e stakeholders.
f) o elemento de promoção ou mix promocional, normalmente representa a maior
porcentagem do orçamento de marketing e envolve a necessidade maior de conselheiros e
profissionais externos, devendo ser planejado em detalhes, com grande ênfase nos custos, nas
responsabilidades e no cronograma.
g) no sétimo elemento de parceria ou marketing cooperativo, tecnicamente seria
correto incluir a parceria como parte de cada um dos outros 7Ps, entretanto, o plano de
marketing deve discutir os tipos, custos e retornos financeiros dos programas de marketing
cooperativo propostos (MORISSON, 2012).
h) e, ao oitavo elemento do mix de marketing de turismo que seria a fixação de
preços, deve-se atribuir uma atenção maior por se tratar de uma técnica de marketing e um
determinante de lucros importante, sendo recomendada uma gestão de receita ou plano de
fixação de preços abrangente que leve em consideração descontos, preços e tarifas especiais
projetados para o período futuro e adequados aos produtos e serviços oferecidos
(MORISSON, 2012).
O trabalho de construção de uma marca é feito através de estratégias de marketing e
diferenciação. Para tanto, vale salientar que os conceitos de legitimidade e identidade são
inerentes às marcas de luxo, conceitos estes que caracterizam o diferencial dos produtos
luxuosos ou sofisticados das marcas de consumo de massa. Lipovetsky e Rouk (2005, p.137)
“afirmam que legitimidade das marcas do segmento de luxo é oriunda de duas características
fundamentais, a tradição (legitimidade tradicional) ou a criação (legitimidade carismática).”
Para tanto, faz-se relevante uma análise do ambiente de marketing, o qual será descrito a
seguir.
27
2.1.1. Análise do Ambiente de Marketing
Todos os conceitos sobre o turismo implicam na existência de um mercado turístico,
“um conjunto de atividades econômicas em torno de produtos turísticos, através das quais
diversos agentes buscam satisfazer suas necessidades e obter benefícios, transacionando tais
produtos” (VAZ, 2001, p.17). Para compreender esse mercado, a teoria propõe uma
segmentação, na qual o marketing é subdividido em ambiente interno, microambiente e o
macroambiente. O ambiente interno segundo Vaz (2001) é representado pela própria
organização turística, ou seja, o ambiente gerador do produto, dividido em organismos
oficiais, as empresas que desenvolvem o turismo receptivo, as que desenvolvem o turismo
emissivo e o grupo misto. Enquanto que o microambiente de marketing refere-se aos
elementos próximos ao dia a dia do destino, ou seja, dos processos que afetam sua capacidade
de prestar os serviços. Ele é composto pelos turistas e pelas empresas que formam o trade1
direta e indiretamente, com destaque para os fornecedores, intermediários, parceiros,
concorrentes e operadoras. E, por fim, o macroambiente consiste nas forças sociais maiores
que afetam todo o microambiente, que incluem os ambientes demográfico, econômico,
natural, tecnológico, político-legal, sociocultural e ecológico.
No caso do macroambiente, as tendências são identificadas por meio de estudos e
observação dos hábitos de consumo dos turistas, visando prever o que ocorrerá no futuro,
gerando expectativas relativas às oportunidades que podem ser aproveitadas pelo mercado.
Segundo Trigueiro (2001), a administração de marketing turístico deve estar atenta
às questões ambientais, com o objetivo de identificar novas oportunidades, descobrir as
ameaças e desenvolver vantagens diferenciais com vistas ao fortalecimento turístico de uma
localidade, fazendo para isso a distinção entre o microambiente e o macroambiente.
Entende-se por microambiente de marketing turístico o conjunto de todos os
mecanismos do mercado – fornecedores, intermediários comerciais, público e as
organizações envolvidas no turismo – que afeta diretamente a atividade turística de
uma localidade e que, em graus diferentes, pode ser controlado através de ações de
marketing. [...] Por macroambiente de marketing turístico entende-se um sistema
mais amplo, constituído pelo complexo demográfico, físico, tecnológico, político,
econômico e sociocultural. Trata-se de variáveis não–controláveis diretamente, mas
que interagem com o processo de desenvolvimento turístico de um local.
(TRIGUEIRO, 2001, p.24).
Na visão de Morrison (2012), o macroambiente de marketing de hospitalidade e
turismo são eventos não controláveis e que irão moldar a forma como os negócios são feitos,
1 O trade turístico é um termo específico da área e muito utilizado comercialmente e que engloba as áreas
econômicas envolvidas nas prestações de serviço para atender às necessidades comuns de todos os turistas, tais
como transportadores, meios de hospedagem, agências de viagem, operadoras de turismo, organizadores de
eventos entre outros (MOTA, 2001).
28
incluindo como fatores do ambiente de marketing: a concorrência; leis e regulamentos do
governo; economia; tecnologia; sociedade e cultura; e prioridade e objetivos organizacionais.
No caso desses fatores, os gerentes de marketing podem influenciar as ações, mas
não controlá-las, devendo estar sempre atentos aos movimentos e atividades da concorrência.
Já os fatores leis e regulamentos, economia, tecnologia e sociedade e cultura, influenciam
diretamente o comportamento do consumidor que irá afetar a organização na definição do seu
mixde marketing.
Na criação e no ganho de valor do destino são necessárias adequações nas atividades
do mix de marketing que possibilita as organizações turísticas enfrentar com eficiência todas
as ameaças do ambiente de marketing e aproveitarem as oportunidades.
Para melhor compreensão sobre marketing de destino, que é o caso do objeto do
presente estudo, a seguir faz-se uma breve abordagem para melhor compreendê-lo.
2.2. Marketing de destino
De acordo com a Organização Mundial do Turismo, um destino turístico ou
simplesmente destino é um espaço físico onde o turista pernoita pelo menos uma vez, e cuja
escala pode ir desde um país a uma região ou ilha, a uma cidade ou a um espaço dentro da
própria cidade (OMT, 2010).
Destinos turísticos são compreendidos por Buhalis (2000) como áreas geográficas
definidas que oferecem um conjunto de produtos e serviços turísticos integrados que serão
comercializados e consumidos pelos turistas sob a marca comum do destino. Assim,
retomando o exposto pela OMT (2010), um destino turístico inclui todos os serviços de
turismo, recursos, atrações, facilidades e serviços/produtos de suporte oferecidos aos
visitantes durante o seu período de estadia.
Para ser turístico, um destino deve enquadrar-se a padrões mínimos de hospitalidade,
a começar pela qualidade de vida da população anfitriã. Infraestrutura, acessos, terminais de
viagem, sinalização, comércio e serviços de informações, meios de hospedagem e de
alimentação constituem o ambiente favorável ao ingresso e permanência do turista por tempo
compensador, tanto para ele quanto para a comunidade local (BENI, 2001).
A competitividade de destinos turísticos tornou-se uma área de interesse (MIKI;
GÂNDARA; MEDINA-MUÑOZ, 2011) não só do meio acadêmico, mas de órgãos públicos
em busca dos potenciais benefícios econômicos e sociais da atividade turística. No Brasil, o
estudo da competitividade de destinos turísticos vem ganhando importância a partir do
diagnóstico realizado pelo Ministério do Turismo, presente no Plano Nacional de Turismo
29
(2003 – 2007), que aponta a falta de estruturação do setor turístico como a causa de sua baixa
competitividade (COSTA; HOFFMANN, 2006). O MTur vem mantendo o desenvolvimento
da competitividade do produto turístico brasileiro entre suas diretrizes e seus objetivos gerais
como forma de orientar suas políticas (MTUR, 2007).
O crescimento do interesse pelo tema pode ser constatado também pelo aumento da
literatura científica específica (CASTRILLÓN et al., 2011). Nos últimos anos, diversos
modelos para aferir a competitividade de destinos turísticos foram desenvolvidos em âmbito
internacional, entre os quais podem ser citados: Heath (2003); Dwyer e Kim (2003);
Competitiveness Monitor (GOOROOCHURN; SUGIYARTO, 2004); Traveland Tourism
Competitiveness Model (FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL, 2011).
O Brasil também apresenta sua contribuição com dois modelos: Comp & tenible
Model (MAZARO, 2007) e o Modelo Brasileiro (MTUR, 2008; 2009; 2010). Esse último foi
desenvolvido pelo Ministério do Turismo em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV)
e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
Com a heterogeneidade dos públicos, em sua faixa-etária, gênero, fatores
econômicos e interesses estão as dificuldades em saber como atrair a uma maior gama de
turistas. Cada público-alvo é sensibilizado de uma forma, por um canal mais propício. E a
concorrência entre destinos turísticos continua a intensificar-se.
Com a substituição entre os destinos sendo difundida, requer-se a vantagem de ter a
capacidade de gerir eficazmente todos os componentes do sistema de turismo, para garantir
que o sucesso seja alcançado. Para auxiliar a atingir esse objetivo, muitos destinos criaram as
Destination Management Organization ou Organização de Gestão do Destino (DMO),
visando prover liderança para a gestão do turismo no destino. Apesar de os papéis das DMOs
já terem sido explorados (PREZENÇA, 2005), ainda há muito a ser feito para se entender
como a DMO pode ser mais eficazmente estruturada e operada, de modo a tornar o destino
para o qual é responsável mais competitivo e, finalmente, bem sucedido.
Mas, em vista da complexidade, da heterogeneidade e da complementaridade das
atividades econômicas que compõem os serviços prestados ao turista, a competitividade de
um destino turístico não pode ser avaliada a partir de uma única atividade econômica. Dessa
forma, para análise da competitividade de destinos turísticos é necessária uma visão
abrangente que considere os diversos fatores que direta ou indiretamente influenciam o seu
desempenho (MIKI; GÂNDARA; MEDINA-MUÑOZ, 2011).
Dessa forma, preconiza-se que os planejadores e gestores de um determinado destino
turístico devam identificar em qual segmento de mercado se está mais capacitado para
30
atender, levantando e selecionando os atrativos de modo a analisar quais destes possuem
maior singularidade, para que possa ser um diferencial que venha a satisfazer e atrair os
visitantes (CHIAS, 2007; PETROCCHI, 2004).
Kotler (1993) salienta que melhorar a imagem não é suficiente para garantir a
prosperidade de uma cidade num conceito de destino turístico. É necessário desenvolver
características especiais para satisfazer os moradores e atrair pessoas de fora. Há cidades que
possuem atrações naturais (Rio de Janeiro), outras beneficiam de uma extraordinária herança
de construções históricas (Atenas) e há ainda aqueles países que investem na construção de
monumentos famosos como a Torre Eiffel em Paris, na França, o Empire State Building de
Nova Iorque, Estados Unidos, ou o Taj Mahal na Índia.
No que tange às questões para o desenvolvimento dos recursos humanos, sua função
parece ser essencial em qualquer âmbito, tanto nas organizações quanto nos destinos. Na
importância atribuída ao turismo sustentável, as questões relevantes remetem à participação
de forças vivas no planejamento e na gestão dos destinos (BAPTISTA, 2003).
Há ainda a preocupação com os recursos herdados, as questões econômicas, os
condicionantes dos transportes, as novas modalidades de trabalho em benefício dos residentes
e outras situações que permitam o bem-estar. Além disso, parecem importantes aquelas
questões que promovam a participação e a integração das populações locais, individualmente
ou em grupos, de forma que o turismo estabeleça um processo de interesse comunitário
(BAPTISTA, 2003).
A esse conceito de destino, está atrelado o exposto sobre marketing. Nesse sentido,
ao partir da ideia de que o marketing é muito mais do que a soma de meras ações
promocionais para gerar demanda, Font (2009) argumenta sobre a preocupação que os
gestores devem ter com o uso das ferramentas de marketing para gerir destinos de forma
responsável, contribuindo para um direcionamento adequado e que seus resultados sejam um
reflexo das ações projetadas.
Além disso, Horner e Swarbrooke (1996) argumentam que o marketing de destino
envolve o uso de turismo como um meio para um fim e não um fim em si, por razões que
incluem a melhoria da imagem de uma área para atrair indústrias, o aumento da gama de
serviços e equipamentos disponíveis para a comunidade local, dando aos residentes locais
mais orgulho da sua área local, fornecendo uma justificativa de financiamento de melhorias
para o meio ambiente local, e tentando fazer com que o destino fique politicamente mais
aceitável para os forasteiros.
Embora seja amplamente reconhecido que o marketing contribui muito para o
31
desenvolvimento de destino (COOPER et al., 1998;HOWIE, 2003; PRIDEAUX;COOPER,
2002), o processo não é sempre fácil ou bem compreendido e é particularmente uma forma
desafiadora da arte do marketing (BENNETT, 1999).Os desafios são relacionados com a
complexidade do produto turístico e o número dos intervenientes envolvidos no marketing de
destino.
À medida que as definições de comercialização tanto de lugar e destino se
intensificam, surge um grande desafio: a fragmentação da propriedade. Não há um único
produto sobre o qual o produtor tem o controle total. O produto turístico é composto por
organizações de diferentes tamanhos, governo, incluindo o meio ambiente natural. E a
imagem de um destino pode ser afetada por eventos externos incontroláveis (BENNETT,
1999).
Assim, existem muitas e diferentes partes interessadas envolvidas no processo,
incluindo tanto organizações públicas e privadas, bem como os moradores locais, todos os
quais, individualmente, têm pouco controle sobre a comercialização do produto. Essa falta de
controle sobre as muitas organizações de marketing de produto turístico levaram o destino a
concentrar-se, principalmente, sobre o aspecto promocional do mix de marketing (HORNER;
SWARBROOKE, 1996).
As definições sugerem que o marketing de destino deva satisfazer as necessidades de
todas essas partes interessadas, bem como os segmentos-alvo. Assim, Prideaux e Cooper
(2002) argumentam que o marketing de destino deva ocorrer não só do lado da demanda para
aumentar o número de visitantes, mas também do lado da oferta para comercializar o destino
a intermediários e aumentar o número de vendedores, por meio de investimentos em
alojamento, entretenimento e infraestrutura, etc. Os autores, no entanto, notam que ao lado do
marketing de destinos a oferta é uma subárea pesquisada, em oposição ao que exige o
marketing.
Na dimensão organizacional, além das maneiras como se processam as relações entre
as organizações, enfatiza-se a necessidade de que elas sejam fundamentadas e consolidadas
com base em uma distribuição simétrica de poder. É preciso, portanto, entre as organizações
que constroem a coalizão da força-tarefa do sistema de gestão do turismo, um equilíbrio de
forças, uma soma de interesses, e que se equilibrem as disputas por poder (SROUR, 1998;
ADIZES, 2004; CARLZON, 2005).
Quanto aos papéis, às funções e às responsabilidades dos atores, não é somente no
turismo que se apresentam questionamentos, dúvidas e indefinições sobre a atuação do setor
público. Essa situação abrange e afeta as atividades econômicas de maneira geral.
32
(HIRSCHMAN, 1961; RAMOS, 1989; SANTOS, 2004). Por isso é necessário compreender
os conceitos de gestão estratégica e o planejamento turístico.
2.3. Gestão estratégica e planejamento em turismo
O planejamento estratégico municipal pode se constituir em um instrumento de
política pública relevante para o planejamento e desenvolvimento local e regional.
Principalmente pelas dificuldades dos recursos financeiros nos municípios, pela obediência à
Lei de Responsabilidade Fiscal, pela exigência do Estatuto da Cidade e pelas pressões dos
munícipes e dos interessados na cidade. Tais interessados também podem ser chamados de
atores sociais ou stakeholders, residentes ou não no município. Essas pressões podem ser
minimizadas pela elaboração e implementação de um planejamento estratégico participativo
nos municípios, pois pode propiciar o envolvimento coletivo dos cidadãos com seus anseios e
pode descentralizar e compartilhar as decisões dos administradores locais.
Cooper et al. (1998) identificaram os objetivos ou metas – que não devem ser
conflitantes entre si –, para a estratégia. Esses objetivos estão presentes nos planos de
desenvolvimento de turismo, dos quais se destacam: a alta qualidade oferecida ao cliente;
fomento da prática do turismo; distribuição dos benefícios pela população receptora;
desenvolvimento de projetos arquitetônicos e de paisagismo como forma de preservação dos
recursos culturais e naturais; implementação de políticas e programas nos destinos, capazes de
atrair turistas de todo o mundo; maximizar a entrada de divisas; atrair turistas com gasto
médio diário elevado; promoção do emprego no destino; e criação de condições para que as
regiões periféricas interrompam o recurso à emigração e elevem os seus níveis de rendimento
e de emprego (COOPER et al., 1998). Essa perspectiva poderia ser recomendada aos
responsáveis políticos dos países que pretendem apostar no turismo, enquanto indústria
estruturante para as suas economias. Mas, se a aposta assentar exclusivamente no
monoproduto Sol e Praia, por exemplo, alguns riscos se colocam.
O marketing de destinos, para Lundberg (1990) e Kastenholz (2005), envolve o
esforço global de identificar o que o destino tem para oferecer (quais os produtos), quais os
grupos de pessoas têm o tempo, o dinheiro e o desejo de viajar para o destino (mercado-alvo),
e qual a melhor forma de entrar em contato e convencê-los a viajar para esse destino.
Por seu turno, pelo lado da procura, os consumidores tomam as suas decisões a partir
do juízo que fazem acerca das variáveis relevantes do destino que irão visitar. Assim,
relativamente à gestão estratégica e marketing dos destinos, Moutinho (2000) estuda as várias
influências no processo de tomada de decisão do consumidor, bem como o seu
33
comportamento. O autor relaciona o preço com a qualidade e o valor percebido por parte do
consumidor, apresenta os principais métodos de fixação de preços em turismo, encara a gestão
da qualidade sob várias perspectivas e refere, neste domínio, a importância das principais
técnicas de análise multivariada.
A oferta turística inclui a qualidade de serviço, garantida pela oferta de mão-de-obra
especializada – com competências e um nível de educação adequado – e preparada para
responder às expectativas dos visitantes.
Cada modelo de análise de destino, em específico, fornece contribuições particulares
e possibilita, de acordo com seus indicadores e variáveis, a compreensão ou esquematização
do objeto de análise. Buhalis (2000) fornece a visão geral de várias modelos para o marketing
estratégico e gestão de destinos, entre elas, estrutura de 6 (seis) itens, também denominadas de
6 As que são:
A1– Attractions (Atrações): naturais, artificiais, construídas propositadamente,
patrimônio, eventos especiais;
A2 – Accessibility (Acessibilidade):sistema de transporte inteiro composto de rotas,
terminais e veículos;
A3 – Amenities (Serviços):alojamento e restauração, instalações, varejo, outros
serviços turísticos;
A4 – Available packages (Pacotes disponíveis):pacotes pré-arranjado por
intermediários e diretores;
A5 – Activities (Atividades): todas as atividades disponíveis no local de destino e que
os consumidores vão fazer durante a sua visita;
A6 – Ancillary services (Serviços auxiliares): serviços utilizados pelos turistas, tais
como bancos, telecomunicações, correios, quiosques, hospitais, etc.
No entender de Buhalis (2000), para uma correta análise da amálgama que
caracteriza um destino, é preciso considerar em primeiro lugar a complementaridade destes
elementos, sendo a qualidade de cada um deles fundamental para o seu sucesso. Dando como
exemplo um fraco serviço de restaurante ou de alojamento poderá contribuir para o declínio
da satisfação do turista.
Além disso, é de sublinhar que, apesar de os serviços turísticos serem essenciais para
o desenvolvimento do setor, sem a existência de atrações, não conseguem vingar, pois são por
elas motivados. Quer isto dizer que um hotel por si só, por exemplo, não é considerado uma
atração turística, mas se um destino não tiver bons hotéis não se registrarão deslocações
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turísticas e o setor não se expandirá (BUHALIS, 2000).
De acordo com Buhalis (2000), a gestão estratégica e os objetivos de marketing para
os destinos consistem em aumentar a prosperidade a longo prazo da população local; encantar
os visitantes pela maximização da sua satisfação; maximizar a rentabilidade financeira das
empresas locais e maximizar os efeitos multiplicadores; otimizar os impactos do turismo,
assegurando um equilíbrio sustentável entre os benefícios econômicos e os custos
socioculturais e ambientais. Este autor trata dos impactos relativos a cada fase do ciclo de
vida do produto/destino turístico, evidenciando as características do destino, o marketing, os
impactos econômicos, os impactos sociais e os impactos ambientais.
A oferta turística tende a mudar para responder ao novo perfil dos turistas e para
enfrentar a concorrência. A adoção de novos instrumentos e modelos de gestão e a procura de
soluções inovadoras têm levado as empresas a modernizar-se e a reduzir custos (BUHALIS,
2000).
Middleton e Clarke (2001) propõem 12 etapas para o marketing dos destinos: (1)
pesquisa de dados e inteligência de marketing; (2) representação nos mercados de origem; (3)
organização de Workshops e de “trade shows”; (4) viagens de familiarização (de jornalistas,
agências de viagens e operadores turísticos); (5) manuais de vendas de viagens; (6) apoio com
produção de literatura e distribuição; (7) participação em esquemas de marketing conjunto ou
joint ventures; (8) sistemas de informação e de reservas; (9) apoio a novos produtos; (10)
consórcios comerciais; (11) assistência e proteção ao consumidor; e (12) consultoria ao setor.
Essas tarefas enquadram-se nas políticas governamentais, em termos de estratégia de
marketing de turismo, para aumentar as receitas do turismo, para “atrair a procura por estação
e por área do país”, para “proteger os interesses dos consumidores e aumentar a qualidade do
produto e do ambiente do destino” e para “assegurar o desenvolvimento sustentável”, ou seja,
o “crescimento inteligente” (MIDDLETON; CLARKE, 2001).
Assim, importa definir as prioridades nesse domínio. Trata-se de um processo
complexo que envolve pessoas, processos, design (do destino com a sua componente
simbólica), filmes, utilização dos serviços Business-to-business (B2B), sistemas de gestão de
destinos na web, consultoria, entre outros meios altamente dispendiosos, apesar dos recursos
serem escassos.
Os desafios impostos por um ambiente empresarial competitivo no setor turístico têm
exigido a adoção de estratégias para a conquista e manutenção de mercados. Os gestores desse
segmento precisam encontrar a melhor forma de criar valor superior para o cliente,
proporcionando vantagem competitiva para a organização.
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Riege e Perry (2000) apresentam três abordagens de estratégia para o turismo: 1)
abordagem orientada para o consumidor; 2) abordagem para a competição; 3) e a orientação
para as empresas. A abordagem orientada para o consumidor inclui a estratégia de marketing
não diferenciada (total cobertura do produto/mercado), a qual focaliza nas expectativas dos
mercados-alvo,