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    FOR MAO DE PR EGADOR ES

    METODOLOGIA

    COM PODER DOESPRITO SANTO

    MANUAL: TEORIA E PRTICA______________________________________________________________________________

    Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.JESUS CRISTO - Mar 16, 15

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    FICHA TCNICA

    COORDENAO: Taciano Ferreira BarbosaREDAO:

    _________________________________________________ PERFIL DO PREGADOR

    Dercides Pires da Silva, Edinam Gonalves Bueno,Railton Nascimento Souza e Roberto Andrade Tannus

    -----------------------------------------------------------------------------------

    ___________________________________________________ PREGADOR CONDUZIDO PELO ESPRITO SANTO

    ACOLHIMENTO DA REVELAO PARA PREGAO

    ESTRUTURA DO PLANO DE PREGAOTCNICAS DE PREGAO

    Dercides Pires da Silva-----------------------------------------------------------------------------------

    __________________________________________________ REVISO:

    Bonfim Carmo de MoraisDercides Pires da Silva

    Edinam Gonalves Bueno

    Eli Donizete ZagoMarco Antnio Mendona PedrozaRailton Nascimento SouzaRoberto Andrade TannusRoberto Ricardo de SousaTaciano Ferreira Barbosa

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    ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.

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    APRESENTAO

    (...) disse-lhes o Esprito Santo: Separai-me Barnab e Saulo para a obra a queos tenho destinado`. Enviados assim pelo Esprito Santo foram a Selucia, e dali

    navegaram para a ilha de Chipre. Chegando a Salamina, pregavam a Palavra deDeus (...) (At 13, 2b.4-5a)

    A - FAZENDO HISTRIA COM JESUSDesde os albores da Renovao Carismtica Catlica em nossa cidade (Goinia) o

    Esprito Santo nos tem impelido a abraar uma vocao especfica: o anncio da Boa Nova em todosos lugares. Isso sem se descuidar das outras dimenses evanglicas que tambm so importantes paraa causa de nosso Senhor Jesus Cristo. Foi assim com a primeira gerao, encabeada pelo SebastioBernadino da Costa, Alarico de Oliveira, Bonfim do Carmo de Morais, Frei Donrio FalconeriCardoso - OFM.

    A segunda gerao continuou nos passos da primeira. So seus legtimos representantes:Taciano Ferreira Barbosa, Roberto de Andrade Tannus, Manoel do Rosrio dos Santos, MarizeteMartins Nunes do Nascimento, hoje coordenadora da Secretaria Marta Nacional, Margarida Arantes,Snia Costa e muitos outros.

    A nova gerao, graas a Deus tem sido to abundante que no d para arrol-la semextrapolar os limites desta apresentao. So vrias equipes que rompem os limites de nosso Estado para anunciar a Boa Nova. Na Arquidiocese de Goinia o nmero se eleva a centenas de pregadores.

    No incio os pregadores eram forjados na prtica, sem embasamento terico. Isso ocorreucom os da primeira e segunda gerao. medida que os dons iam surgindo, eram colocados a servioda comunidade. Bons pregadores Deus nos deu nesta poca. Continuam entre ns exercendo comamor e eficcia o seu ministrio.

    Com a necessidade, Deus chamou para a pregao muitos jovens. Jovens em idade etambm em vida de Cristo. Estvamos no ano de 1.989. A diferena entre ns e os pregadoresexperientes era facilmente notada. Estes pregavam muito melhor. Pregao ungida, eloqente, comautoridade e poder do Esprito Santo. Sabamos que no incio no eram assim. Haviam sidoformados. Mas por quem? Ao conversar com eles descobrimos que nenhum havia feito oratria, e amaioria nem sequer faculdade. Donde vinha aquela capacidade to grande de pregar? S podia ser deuma fonte: a capacidade deles era dom do Esprito Santo, agindo em suas potencialidades humanas.A fonte era, ento, o Esprito Santo.

    Agora tnhamos uma soluo e um problema. A soluo era o Esprito Santo. O problemaera como nos abrir a Ele com to pouco tempo de caminhada. Vieram da as primeiras tentativas deformao especfica para a pregao, mais voltadas para a parte espiritual. J estvamos em 1.991.

    Em 1.992 ensaivamos os primeiros passos para uma formao metodolgica.Em 1.993, no Congresso Nacional da Renovao Carismtica Catlica, realizado em

    Aparecida, Estado de So Paulo, no ms de julho, Deus comeou a acelerar a sistematizao de nossaformao. Isso se deu com a criao da Secretaria Pedro, a secretaria dos pregadores, cujacoordenao nacional foi destinada por Deus nossa comunidade, exercida pelo Taciano.

    Em dezembro de 1.993, aps vrias reunies de orao e discernimento, Jesus nos disseem profecia, por meio de uma visualizao, seguida de discernimento, o seguinte:

    VISUALIZAO:

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    Um grande urso branco se movia por uma floresta. O seu movimento eradesajeitado. Em ruidoso movimento destrua os arbustos por onde passava. Sua trilha ficavaem desordem com as tenras plantas que pisava e os galhos dos arbustos que arrancava.`

    DISCERNIMENTO:

    O urso forte, poderoso, mas muitas vezes, por se movimentar desajeitadamente, desfaz seu prpriohabitat. Tambm por falta de sutileza pode ficar faminto, pois espanta sua caa.

    O ministrio da pregao possui um Poder imenso dado por Deus. Este poder o prprio Esprito Santo. No entanto, por vrios motivos, s vezes no cumpre sua misso, que evangelizar. Em muitas oportunidades, por mau jeito, o pregador afasta as pessoas deJesus.

    O pregador precisa aperfeioar-se para ser eficaz em sua misso.Deus queria nos formar para a pregao. Era chegado o tempo da formao sistemtica.

    Em orao elaboramos a primeira proposta prtica de formao que foi apresentada em Aparecida,So Paulo, no ms de janeiro de 1.994, aos pregadores reunidos no Auditrio da Rdio Aparecida,em forma de ensino, com os seguintes temas: Tentaes do Pregador, O Pregador e a Igreja, Pregador Conduzido pelo Esprito Santo, Tcnicas de Pregao.

    Em maro de 1.994, fizemos o primeiro curso de formao de pregadores, de formasistematizada, unindo a orao, o estudo e a prtica. Esse curso foi ministrado em Goinia, que a partir daquele dia passaria a ser o nosso laboratrio. Aquele curso foi composto pelos seguintestemas: O pregador e a Igreja, O pregador conduzido pelo Esprito Santo, Estrutura da Pregao,Tcnicas de pregao, Ser discpulo, Fazer Discpulo e Aprofundamento do Contedo da Pregao.

    Ao mesmo tempo em que o Esprito Santo nos enviava pelo Brasil com a misso decolaborar na formao de outros pregadores, Ele nos impelia a aperfeioar a proposta inicial. nisso

    que nossa Comunidade acabou por se constituir no laboratrio, no local das experincias. Assimexperimentamos outros ensinos, vrias dinmicas, vrios mtodos, at chegar, enfim, aos temasinseridos neste manual.

    Como critrio de avaliao procuramos reunir em uma s proposta os frutos, a eficcia ea relativa simplicidade do mtodo. De todas as propostas experimentadas esta foi a que deu melhor resultado.

    B - EM QUE CONSISTE O MTODO DESTE MANUALJustia seja feita, ao participar do primeiro Curso de Discipulado feito no Brasil, em

    janeiro de 1.989, na cidade de Braslia, ministrado pela Clarita, uma pregadora mexicana, Deus nosabriu para buscar na Sagrada Escritura, bem como na cultura do antigo Israel, a pedagogia de Jesus.Assim descobrimos que Jesus, entre outros mtodos, formou seus discpulos orando com eles e por eles, ensinando-os com palavras, ensinando-os com aes, experimentando-os no trabalho, corrigindosuas falhas. Em outras palavras: orando, estudando, praticando e avaliando. Este ciclo se repetesempre.

    Tambm fazia parte do mtodo do Divino Mestre, a valorizao do discpulo. Se odiscpulo s possua um talento, dele partia Jesus para form-lo. Jesus tambm levava o discpulo aconstruir o seu saber, isto , o discpulo de Jesus ao mesmo tempo que era objeto de formao erasujeito desta mesma formao (cf. CIC 2.607).

    Discpulo e Mestre agiam juntos.Esta mesma pedagogia vista na formao de Paulo. Ao reconstitu-la pelo livro dos

    Atos dos Apstolos e pelas suas cartas, tal metodologia nos saltam aos olhos. A diferena que

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    Paulo, podemos afirmar, foi um discpulo do Esprito Santo. Jesus o formou por intermdio do SeuEsprito.

    A dinmica formativa de Paulo, pela ao do Esprito Santo, a nossa esperana detambm sermos formados por Jesus. Nosso discipulado passa necessariamente pela graa do Espritode nosso Senhor Jesus Cristo.

    Ento o nosso mtodo consiste em um constante render-se ao Esprito Santo para sermosformados por Ele. Essa rendio, entretanto, no somente passiva. Ela ativa. A nossa partedevemos fazer. Ela composta da orao, do estudo, da prtica e da avaliao. Sabemos que nestaformao ela infinitamente diminuta, quando comparada com a ao do Esprito Santo. Contudo,sem ela, no haver formao. Este o plano de Deus revelado na Sagrada Escritura. por isso que,mesmo sendo to pequena, devemos faz-la integralmente, cem por cento.

    C - APLICAO DO MANUALEste manual foi concebido para ser aplicado por quem desejar. Na medida do possvel ele

    pretende ser auto-explicativo. Caso ocorra alguma dvida, podem nos escrever para o seguinteendereo: SECRETARIA PEDRO NACIONAL, Associao Servos de Deus, Rua Santa Gertrudes,381, CEP 74.535-420, Setor Coimbra, Goinia-GO, fone 291-7100.

    A idia bsica que serviu de direo para a montagem deste curso, a de uma dinmicacomposta de trs aes principais: uma, executada pelo formador. Ele prega, ensina, sana dvidas,demonstra como se realiza cada etapa do curso, ora com os cursistas. Outra ao realizada peloscursistas. Estes cooperam com a formao ativamente. Desejam ser formados. Expem suas dvidas.Praticam, principalmente, todas as dinmicas propostas. A outra ao feita pelos formadores ecursistas conjuntamente. Ela consiste em depender ativamente do Esprito Santo.

    Para a sua aplicao poder ser observada a programao do curso, que faz parte destemanual. L o leitor encontrar, alm dos horrios, as dinmicas e suas explicaes.

    Deus o abenoe.Amm!

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    CAPTULO I

    O PERFIL DO PREGADOR

    Nosso modelo de pregador Jesus Cristo. Seu mtodo to eficaz que sua Palavra aindaest viva e ecoa pelo mundo, no obstante Ele ter pregado h quase dois mil anos atrs. Ele foiindubitavelmente o maior pregador de todos os tempos. Sua pregao mudou o rumo da histria doocidente e j est agindo no oriente. Ningum jamais viu um discurso to forte, persuasivo e poderoso como o do Senhor Jesus. Ele conhecido mundialmente, embora no tenha sido escritor,doutor, general ou outra espcie de personalidade famosa, segundo os padres do mundo.

    Muitas pessoas, no decorrer da histria, tiveram perfis semelhantes ao de Jesus. Nestareflexo descreveremos o perfil de duas das que tiveram uma pregao mais semelhante do Mestre.

    necessrio que o pregador visualize os principais traos e sinais da pregao de Jesus, bem como de outros evangelizadores; de So Paulo e de Apolo, por exemplo.

    Neste trabalho envidaremos esforos para traar o perfil adequado quele que se colocacomo arauto do Senhor. Buscaremos em Deus os principais atributos do seu servo na pregao

    A - PERFILO perfil o contorno do rosto de algum visto de lado. a representao de um objeto

    que visto s de um lado. Perfil o mesmo que silhueta, a descrio de algum em traos rpidos(Dicionrio Aurlio). Somente conseguiremos traar o perfil do pregador visualizando seus principaistraos pelo ngulo da f e luz da Palavra de Deus, mirando-nos em Jesus de Nazar, nosso Senhor eSalvador.

    Pelo perfil, mesmo na semi-escurido, possvel identificar os objetos conhecidos.Assim, um carro, um cachorro, uma pessoa, podem ser descobertos com relativa facilidade, devidoaos traos fsicos que formam o seu perfil.

    Mas, j que estamos falando do que seja perfil do pregador, vejamos, em rpidas palavras, o que seja um pregador:

    Pregador, em gregoKeryx , quer dizer, arauto. Pregao, do gregoKerussein, Kerigma - proclamao. Pregar uma traduo inadequada do termo, visto que ela adquiriu nouso contemporneo o significado de oratria do plpito, que inclui instruo e exortao. Hojeoratria supe-se preparao e elaborao pessoais e do tema, por meio de formao especfica e demtodos lgicos e retricos.

    Os pregadores formados por Jesus, em seu ministrio terreno, receberam slida instruoa cerca das coisas do Reino, bem como aprenderam um mtodo infalvel: o mtodo de Jesus:evangelizar com obras e palavras. Com este mtodo o termo proclamar adquiriu significao peculiar no Novo Testamento para indicar especificamente o anncio do Evangelho. A palavraproclamar pressupe que os pregadores so arautos que anunciam simplesmente aquilo que foramencarregados de anunciar. No em seu prprio nome, mas pela autoridade de quem os envia.

    Voltando ao nosso assunto, podemos dizer que o perfil do pregador formado pelostraos de sua personalidade transformada por Jesus, somado com outros atributos humanosdesenvolvidos pela Graa de Deus, mais os necessrios dons do Esprito Santo.

    B - VALOR DO PERFIL NO MINISTRIO DA PREGAO

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    Assim como aos objetos se identifica pela silhueta formada por um conjunto de traosque constituem o seu perfil, ao pregador tambm se conhece pelo seu perfil, que vem a ser o conjuntode atributos espirituais e humanos que lhe so dados pelo Senhor da messe. Isso significa que aqualidade do pregador dada a conhecer pelas caractersticas que formam o seu perfil.

    Ao enviar os apstolos pelo mundo com a misso de fazer discpulos todos os povos (cf.Mt 28,18-20), aqueles que os receberam puderam ver gravado neles a face de Jesus. Isso ocorreu porque o perfil de cada um deles foi forjado por Jesus, com as caractersticas que pertenciam a Elemesmo. Exemplo disso Pedro reconhecido por algumas pessoas no dia do julgamento de Jesus.Chegaram a lhe dizer que o seu modo de falar denunciava sua condio de discpulo de Jesus. EPedro, todos sabemos, era antes um pescador, com o seu vocabulrio, a sua expresso, o sotaque e omodo especfico de falar, comum aos pescadores.

    Aqueles que recebem a mensagem da evangelizao precisam ver em ns, pregadores daBoa Nova, os mesmos traos que havia em Jesus. Sem estas caractersticas o evangelizador noatrair as pessoas para o Senhor. Esses traos precisam estar marcados em nossa vida para que todos,ao nos verem, digam alegremente: O Senhor est com eles!

    No resta dvida de que Jesus, Paulo, Pedro, Apolo, dentre outros, por sua postura e personalidade (por seu perfil) predispunham as pessoas a ouvirem e acolherem a palavra de vida queanunciavam. nisto que est o valor do perfil do pregador.

    Outrossim, estudando o perfil de alguns pregadores chega-se concluso de que aautoridade na pregao, manifestada por uma proclamao vigorosa, acompanhada de converso e deoutros sinais e prodgios, est ligada, em grande parte, seno totalmente, a uma personalidadeinteiramente entregue a Jesus Cristo. Isso bem lgico, posto que o Esprito Santo no faz a glria dohomem, mas de Deus.

    V-se que de suma importncia que o pregador tenha a personalidade moldada por Jesus. Ele quem nos transforma em arautos. O arauto algum que est pronto para proclamar o

    que o Senhor quer, por obras, palavras, gestos e atitudes, segundo a vontade dEle. Muitos de nssemeamos o Evangelho com os lbios, mas o arrancamos com os gestos, com as atitudes. quetalvez nos falte um perfil de pregador, uma personalidade tecida por Jesus, mediante a ao poderosado Esprito Santo. O doutor da lei chamado Saulo um notvel exemplo da falta de um perfil de pregador. J o Apstolo Paulo, o Saulo convertido a Jesus e por Ele, para ns um modelo de pregador que recebeu do Esprito Santo o perfil adequado misso. De tal forma Deus trabalhou emPaulo que acabou por lhe urdir uma personalidade cativante, capaz de testemunhar o amor incondicional por Jesus Cristo, bem como uma f sem medidas, alm de capacit-lo a suportar enormes sofrimentos pelo seu Senhor.

    importante que os pregadores sejam vistos como discpulo de Cristo. No estamosexercendo uma tarefa qualquer, mas a mais sublime de todas, que consiste em atrair os coraes parao Senhor. Esta grandiosa tarefa somente pode ser levada a bom termo por aqueles que estiveremlutando para refletir em seu rosto, palavras e aes o perfil do Grande Pregador de Nazar daGalilia.

    C - MODELOS DE PERFIL1. JESUS Em Lucas 24, 32 e 45 vemos a Palavra de Jesus queimando os coraes dos

    discpulos, alm de abrir-lhes o entendimento para que compreendessem as Escrituras. Esteefeito da pregao perseguido por todos os pregadores. Sucede, entretanto, que ele noocorre por acaso. fruto de uma pregao ungida. No captulo seguinte veremos sobrequem repousa a uno do Esprito Santo.

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    Aqui destacaremos alguns aspectos importantes do perfil de Jesus, enquanto pregador, tais como: consagrao ao Pai, docilidade ao Espri to Santo, uno do Espri toSanto, amor, conhecimento da Escritura, orao, jejum, obedincia, fidelidade, comunidadee intercesso.

    A consagrao de Jesus como pregador foi feita diretamente por Deus Pai, desdea sua gerao humana. Pela boca do anjo Gabriel Deus nos revelou esta verdade. Comefeito, disse o mensageiro divino a Maria, me de Jesus, que ela conceberia o Filho deDeus, pela fora do Altssimo (cf. Luc 1, 30-35; 4,18s).

    Jesus foi concebido para ser consagrado ao Pai, a fim de nos resgatar do inferno eda morte. Por isso sua palavra precisava ser dotada de poder especial.

    Desde a sua gerao at a ascenso vemos Jesus dcil ao Esprito Santo. OEsprito Santo repousava sobre Ele e O ungia. O Pai O dirigia por meio da ao do EspritoSanto.

    Ningum ama mais do que aquele d a vida por seus amigos. Ao depararmos comesta revelao na Escritura, no imaginamos o impacto que ela deve ter provocado no nimode quem ouvia Jesus naqueles dias fatdicos que envolveram sua paixo e morte. S quemama como Jesus amou poderia ter a incomensurvel autoridade espiritual que Eledemonstrou possuir.

    Por vrias vezes os grandes de Israel quiseram provar que Jesus no conhecia alei. Eles queriam desmoraliz-lo. De todas essas artimanhas Ele se livrou. Por fim seusopositores tiveram que reconhecer que Ele tinha autoridade para pregar, pois conhecia a Leie os Profetas como ningum. Talvez por no aceitarem tal superioridade de Jesus, eautoridade que da promanava, se firmaram ainda mais no propsito de destruir sua vida.

    Vezes sem conta os discpulos encontraram Jesus em orao.

    Sou pessoalmente curioso para saber como era a orao de Jesus. Creio que eraum autntico colquio com o Pai. Nela Deus restaurava as foras de Jesus. Era momento deintimidade no qual trocavam confidncias. O Pai lhe curava as feridas derivadas dos ataquese da ingratido de quantos agrediam Jesus enquanto pregava e fazia o bem. Aps uma noitede orao Ele aparecia livre, restaurado em sua humanidade, sem feridas. Havia repousadonos braos do Pai.

    Do jejum no h necessidade de falar. Neste aspecto o exemplo de Jesus grita emnossos ouvidos. Ele comeou seu ministrio jejuando por quarenta dias consecutivos.Quantas vezes deve ter jejuado durante sua vida pblica? Quantos de ns teremos jejuado por quarenta horas ininterruptas antes de iniciarmos nosso ministrio?

    Em Filipenses 2, 8 o Esprito Santo nos diz qual a qualidade da obedincia deJesus. Sua qualidade foi o mximo. Sendo Ele Deus obedeceu ao Pai at a morte de cruz,sofrendo em seu corpo todas as agruras porque passam os seres humanos. Em suaobedincia no havia lugar para usurpao da glria do Pai, por isso Ele o exaltou diantedos cus, da terra e at dos infernos.

    A fidelidade de Jesus exemplar. Os Evangelhos so o maior testemunho dela. No se afastou sequer um j do plano de sua misso. Pregou como deveria. Viveu como oPai desejou e morreu como Deus planejou. Em termos de fidelidade no houve em JesusCristo obstculos para a proclamao da Boa Nova.

    Jesus era afvel. Sua presena era cativante e agradvel. As pessoas gostavam det-lo por perto. Ele era convidado para festas e ceias. Em seu ministrio Ele reunio umgrande nmero de discpulos que se enchiam de contentamento em sua presena.

    Jesus um grande exemplo de que se deve viver em comunidade. Ao ser geradoveio do seio da Santssima Trindade, a comunidade perfeita. Saiu da comunidade formada

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    por Ele, o Pai e o Esprito Santo para formar outra comunidade: Jesus, Maria e Jos.Depois, para realizar o seu ministrio de pregao, criou outra comunidade, aquela quedestinaria a ser o primeiro colgio apostlico. Ao separar-se deste voltou para aComunidade Santssima. Jesus nunca est sozinho.

    D para voc imaginar quantas vezes nossa Senhora intercedeu pelo ministrio deJesus? Inmeras, voc deve estar dizendo.

    lgico extrair da Sagrada Escritura a ilao de que nossa Senhora intercedeu, emuito, por Jesus Cristo e por sua misso. Ela era (e ) uma mulher de orao. Para ns noresta dvida de que ela foi a intercesso personificada do ministrio do seu divino Filho,nosso Senhor Jesus Cristo. Ele viveu em nossa terra sem se prevalecer de sua igualdade comDeus. Isso significa que viveu aqui como homem. Em tudo, menos no pecado.Experimentou nossos sofrimentos e sentiu nossas necessidades. Em resumo: se Ele viveucomo homem, conforme est em Filipenses 2, 5-8, precisou de orao intercessria em seuministrio.

    Foi com Ele que os Apstolos intensificaram esta prtica da orao deintercesso, haja vista que o Novo Testamento supera em muito as antigas tradies deIsrael a este respeito.

    2. APOLODiz a Sagrada Escritura, a respeito de Apolo, o seguinte:

    Entrementes um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homemeloqente e mui versado nas Escrituras, chegou a feso. Era instrudo no caminhodo Senhor, falava com grande fervor de esprito e ensinava com preciso a respeitode Jesus, embora conhecesse somente o batismo de Joo. Comeou, pois, a falar na

    sinagoga com desassombro. Como Priscila e quila o ouvissem, levaram-no consigoe expuseram-lhe mais profundamente o caminho do Senhor. Como ele quisesse ir Acaia, os irmos animaram-no e escreveram aos discpulos que o recebessem bem.A sua presena (em Corinto) foi, pela graa de Deus, de muito proveito para os quehaviam crido, pois com grande veemncia refutava publicamente os judeus, provando, pelas Escrituras, que Jesus era o Messias. (Atos 18, 24-28).

    Cremos no pairar dvidas de que Apolo, certamente, era dotado de muitos dosatributos que formavam o perfil de Jesus. Destacaremos, a partir do trecho acima, outrasqualidades dele. Assim, temos que ele era eloqente, profundo conhecedor das Escriturasat ento escritas, instrudo no caminho do Senhor (a Escritura que ento estava sendoformada) homem de profunda f (falava com fervor de esprito) linguagem precisa,anunciava com destemor, acolhia a formao, no tinha orgulho espiritual (a prova disso queacolheu a formao dada por quila e Priscila) aceitava a autoridade dos discpulos(esperou ser enviado para a Acaia) autoridade na pregao.

    Um trao marcante no perfil de Apolo foi o seu senso de comunidade. Alm da f, aeloqncia e o conhecimento das Sagradas Escrituras. Ele no saiu pelo mundo a pregar o Evangelho por vontade prpria, mas, embora desejasse ardentemente ir para a Acaia e l exercer o seuministrio, esperou que os discpulos o enviassem para aquele lugar, no quis ir por sua vontadeapenas, mas aguardou o envio da comunidade e, uma vez enviado em misso para aquela Cidade,viveu em harmonia com os outros cristos. Ele no saiu atropelando as pessoas, mas soube colocar-se humildemente a servio dos que precisavam da confirmao da f, foi submisso aos Apstolos

    alm de ser extremamente til para derrubar os argumentos contrrios f em Jesus Cristo. Emboracativasse a amizade e a preferncia de muitos, pela Sagrada Escritura no se denota nenhumacontraposio de sua parte a Pedro e Paulo. J naquela poca ele escrevia, com o seu exemplo de

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    vida, um mandamento eclesial que viria a lume centenas de anos aps, o qual transcreveremos aseguir:

    Sendo feito em unio com toda a comunidade eclesial, o anncio nunca umfato pessoal. O missionrio est presente e atuante em virtude de um mandato recebido, peloque, mesmo se estiver sozinho, sempre viver unido, por meio de laos invisveis mas profundos, atividade evangelizadora de toda a Igreja. Os ouvintes, mais cedo ou maistarde, entrevem, por detrs dele, a comunidade que o enviou e o apia (RMi 45)

    O fruto de todas essas qualidades foi: A sua presena (em Corinto) foi, pelagraa de Deus, de muito proveito para os que haviam crido. Com as caractersticas queformavam o perfil de Apolo, Deus pde fazer dele um instrumento eficaz para o Reino.Apolo firmava a f dos neoconvertidos a Jesus Cristo. L em Corinto deveria existir outros pregadores depois de Paulo e antes de Apolo, dado a abundncia de dons que o Espri toSanto derramou sobre aquela comunidade, entretanto parece que no havia algum com oum perfil semelhante ao de Apolo. Deus, ento, providenciou para que ele fosse para l, afim de colaborar na evangelizao da comunidade em suas dimenses querigmticas e

    catequticas. No h como negar a importncia do perfil de Apolo para o exerccio do seuministrio. pena que no cabe aqui explorar sua personalidade convertida a nosso Senhor Jesus Cristo.

    3. PAULO Paulo, como pregador do Evangelho, o Apstolo que mais deixou marcas na Bblia.

    Dois dos quatro evangelistas, Lucas (que tambm escreveu os Atos dos Apstolos) e Marcos,andaram com Paulo, comearam seu ministrio com ele. Portanto, o que conhecemos de Jesus e das primeiras comunidades devemos muito a So Paulo, pois quase metade do Novo Testamento composto das suas epstolas, alm da narrao da obra do Esprito Santo atravs dele, consignada noLivro dos Atos.

    O perfil de Paulo recheado de muitos dos traos do perfil de Jesus. Lendo Atos dosApstolos e suas cartas vemos o quanto so abundantes.

    Eis alguns traos do seu perfil: profundo conhecedor das Escrituras, finquebrantvel, linguagem precisa, anunciava com destemor, acolhia a formao, humilde,aceitava a autoridade dos discpulos, tinha autoridade na pregao, profundo senso decomunidade, excepcional sensibilidade s moes, inspiraes e revelaes do Esprito Santo, dotadode dons carismticos acima dos cristos de sua poca (e talvez de todos os tempos) acolheu o dom dafortaleza como poucos. Pelo que se tem notcia na histria crist, dentre os que no conviveram comJesus em seu ministrio na Terra Santa, foi inigualvel em intimidade com Jesus Ressuscitado.Experincia de salvao em meio a uma das teofanias mais marcantes dentre todas que esto narradasna Bblia.

    Solicitamos aos irmos que antes de prosseguirem na leitura, meditem em cadatrao do perfil de Paulo, o pregador servo de Jesus.

    No momento nos parece desnecessrio comentar os atributos do perfil de Paulo. Destarteelegemos para reflexo o trao mais marcante do seu perfil, que sua experincia de salvao pessoal, por entender que dela advieram todos os demais, uma vez que a partir daquele dia nocaminho de Damasco ele entregou-se incondicionalmente a Jesus e ao Esprito Santo.

    Jesus apareceu depois de ressurrecto a mais de quinhentas pessoas (cf. I Cor 15, 3-10).Paulo no estava no meio delas (cf. I Cor 15, 8, combinada com At 9, 1-7). Mas Jesus queria Paulo, por isso o pescou no caminho de Damasco. Sobre esta pesca milagrosa tenho me indagado: Jesusapresentou-se a Paulo teofanicamente devido a amplitude da misso que lhe era reservada, ou foi

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    porque na pessoa do ento Saulo existiam as condies suficientes para uma teofania daquelanatureza? Ou, ainda, seria por por esses dois motivos juntos? Com a palavra os telogos e msticosescolhidos por nosso Senhor Jesus Cristo.

    parte os questionamentos, no necessrio ser graduado em teologia para perceber queesta experincia de salvao, nos moldes em que foi feita, com interveno direta de Jesus, atingindodois sentidos naturais do ser humano, viso e audio, acompanhada pelos sinais do Esprito Santoque se seguiram por meio do profeta Ananias, marcaram profundamente a misso do pregador Pauloe de todo o cristianismo (cf. At 26,12-18). Arriscamos inclusive a dizer que dessa experincia desalvao dependeu o anncio eficaz da Boa Nova at os confins da Terra, como havia ordenado e predito o Senhor.

    Paulo, por no conviver com Jesus enquanto este vivia entre os seus em sua vida terrena,estava com grande dificuldade de assimilar o anncio do Evangelho feito pelos Apstolos. Jesus, nocaminho de Damasco, resolve este problema. Deste fato nos fica a lio de queo Mestre, aquele queensina, converte e envia, resolve todos os problemas do nosso ministrio, inclusive - eprincipalmente - o srio problema da falta de experincia de salvao pessoal que assola a

    muitos de ns nos tempos atuais. por sua experincia com Cristo que Paulo pode dizer: Eu vivo, mas j no sou eu, Cristo que vive em mim (Gl 2,20a).

    Para finalizar esta reflexo sobre o perfil de Paulo, ofertamos mais um dado da Revelao para o nosso enriquecimento espiritual:

    A minha palavra e a minha pregao longe estavam da eloquncia persuasiva dasabedoria; eram antes uma demonstrao do Esprito e do poder Divino, para que a vossa fno se baseasse na sabedoria, mas no poder de Deus (I Cor 2,4-5).

    So Paulo, corajosa e ousadamente, como s acontece com o pregador cheio do EspritoSanto, declarava que sua pregao era, antes de tudo, uma demonstrao da fora do Esprito Santo,que o poder de convencimento no vinha simplesmente da eloquncia, mas da dependncia doEsprito de Cristo. Como Jesus, Paulo dependia do Esprito Santo para levar a Boa Nova. Nissotambm seguia os passos do Mestre.

    D - CARACTERSTICAS DO PERFIL DO PREGADOR importante que o viajor conhea o caminho que deve percorrer. Ningum cumprir sua

    misso sem chegar ao seu destino. Quanto melhor se conhecer o itinerrio a ser percorrido, melhor se poder transp-lo com rapidez e segurana.

    Com o objetivo de conhecer o caminho que o pregador deve desbravar em si mesmo, ecom a conscincia de que ele deve colaborar com o Esprito Santo na formao do seu perfil,enumeramos os traos que este perfil deve conter, tendo como modelos Jesus, Paulo e Apolo.

    Se o pregador conseguir pelo menos vislumbrar a vontade de Jesus no conjunto dos traosque devem formar seu perfil, ele aderir mais prontamente vontade de Deus para a definio do seucarter de evangelizador.

    Sem a pretenso de exaurir os traos, enumeramos os que seguem:O pregador :Pessoa de orao, batizado no Esprito Santo (aceita este batismo - cf. At 9,17);

    conduzido pelo Esprito Santo (cf. At 16, 6-10) paciente e perseverante diante das

    perseguies (cf. At 5, 41), pessoa de f, testemunha da ressurreio de Jesus, chamado por Deus, membro do corpo mstico de Cristo (Ama a Igreja com fidelidade e obedincia,enquanto instituio sagrada e na pessoa dos ministros ordenados; tambm nas dimenses

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    doutrinrias e sacramental), inserido na realidade do seu povo, responsvel, ntimo de Deus, pessoa das Bem-aventuranas, humilde.

    O pregador tem:Experincia de salvao pessoal, a Viso do Plano de Deus (Ef 3,17-19; Gl 1, 16-

    16), zelo pelo Evangelho.O pregador leva as Pessoas a Jesus, busca o Dom da F, ama e Perdoa as traiese perseguies dos irmos, aceita e pratica os dons carismticos, prega com poder doEsprito Santo, vive o que Prega, fala a verdade, busca a formao.

    Dentre eles comentaremos alguns nos subitens que seguem.

    1. O PREGADOR INSERIDO NA REALIDADE DO SEU POVOO pregador no se aliena da realidade que o cerca. Ele o profeta que anuncia a Boa

    Notcia do Reino do Pai, mas tambm chamado a denunciar as ms notcias que afligem os filhos

    de Deus. Ele sabe viver engajado no meio social que o cerca. Com sabedoria e equilbrio pauta seuviver pela Palavra de Deus, testemunhando Jesus Cristo em todos os lugares. No Documento de Puebla (do nmero 35 ao 50) os bispos fizeram uma radiografia da

    Amrica Latina. Mostraram uma triste terra de empobrecidos, de diferenas sociais que esto beirade uma catstrofe, onde os problemas sociais a cada dia se agravam mais e nada - ou quase nada -temos feito para minimizar o estado crtico dos filhos de Deus que habitam o nosso Brasil. Enquantoisso grassa em nossa terra o desemprego, o subemprego, a prostituio, a corrupo, a inexistncia decondies dignas para a sobrevivncia, a falta de esperana.

    O pregador brasileiro est inserido na sofrida realidade latino-americana. Ele dirige sua pregao a este povo oprimido e explorado. Por isso que no pode estar indiferente e alienado do

    seu meio social; no pode exercer sua misso sem que tenha senso crtico desta realidade. Deve fazer uma anlise correta, luz do Evangelho, dos problemas que assolam esta Terra de Santa Cruz. Urgeque tenha conscincia de sua misso de profeta que no se deixa manipular por srdidos interesses.

    um trao marcante o fato do pregador no ser uma pessoa separada do mundo. Ele algum que vive no mundo, contudo no se deixa levar pelas coisas do mundo. Ele se serve domundo e no se deixa dominar por ele. Em todo o momento reflete sobre a autntica vontade deDeus, revelada na Sagrada Escritura, conforme a Doutrina da Igreja.

    Quando Jesus nos falou que somos o sal deste mundo (Mt 5,13), fez uma clara aluso aofato de no termos nem sal de menos, nem sal demais. O sal serve para dar sabor aos alimentos e paraconserv-los. Quando uma comida est sem sal, todos reclamam de sua falta. Quando o sal passa notempero de um alimento, a reclamao geral, todos notam que o sal em demasia incomoda e tornadifcil a ingesto dos alimentos. Assim tambm acontece com o pregador. No pode ter sal de menos,isto , ser um indivduo sem f, sem sabor, que deixa o ambiente ao seu redor se deteriorar. Nemtampouco o pregador pode ter o sal sobrando, que incomoda os que esto em volta, gerando antipatia pelas coisas de Deus.

    O equilbrio do pregador o impede de usar exageros emocionais para atrair as pessoas para Deus, pois sabe que quem faz a obra nos coraes dos homens o Esprito Santo e no ele.

    2. RESPONSVELOutro trao do perfil do pregador sua fidelidade aos compromissos assumidos. triste

    para uma comunidade ficar esperando um pregador e este, por motivos pessoais e sem avisar comantecedncia, deixar o povo esperando.

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    O pregador precisa ser uma pessoal responsvel. Sempre que puder deve se preparar comantecedncia para no ter que recorrer a improvisaes (conf. Exortao ApostlicaCatecheseTradendae 17).

    O pregador assume a responsabilidade com sua formao permanente, bem como com a preparao das pregaes que faz. Uma e outra ajudam a sua capacitao para se dirigir aos irmos-ouvintes. Ambas devem ser feitas antecipadamente, por meio da orao pessoal, estudo, penitncias, participao nos sacramentos, jejum. Como o atleta que a si mesmo impe um duro treinamento, commuitos sacrifcios, para obter uma coroa terrena, de glria temporria (cf. II Tim 2,1-8 e I Cor 9,24-27), o pregador deve preparar-se para alcanar uma coroa incorruptvel, eterna.

    3. O PREGADOR PACIENTE E PERSEVERANTE Neste sentido o apstolo So Paulo descreve qual o verdadeiro distintivo daqueles que

    servem a Deus, isto , o sinal que separa os apstolos daqueles que seguem as coisas do mundo.Leiamos:

    Os sinais distintivos do verdadeiro apstolo se realizaram em vosso meioatravs de uma pacincia a toda prova, de sinais, prodgios e milagres (II Cor 12,12).A pacincia toda prova (cf. Eclo 2, 1ss) o primeiro sinal do verdadeiro apstolo.

    Antes mesmo dos outros sinais, ou seja, os prodgios e milagres, a pacincia pode aparecer como o primeiro sinal confirmatrio do ministrio do pregador, isto , de que Deus o constituiu para sementedo Reino.

    Estamos num mundo em que poucos tem aprendido a arte de esperar. O mundo tem pressa. A cada dia mais pressa. Estamos na era do imediatismo. O homem moderno exige respostas prontas, resultados rpidos, os quais, devido pressa, podem no levar a nada. preciso perseverar no servio de Deus com pacincia, sabendo esperar o momento exato da hora de Deus. uma arte.

    um dom do Esprito Santo.H algum tempo atrs, ao chegar no local de um encontro durante o momento de

    animao musical, verifiquei que as pessoas estavam com o semblante fechado, pois o coordenador do evento, apressado com o tempo, no havia feito uma boa orao inicial. Fiquei em silncioesperando o que o Senhor queria com aquilo. Aquele irmo chamou-me para iniciar a pregao,afobado como estava por causa dos atrasos e contratempos ocorridos. O som no estava regulado, oambiente estava tenso. Sabendo que no se deve queimar etapas com as coisas de Deus, que no sedeve render s pressas para fazer as coisas do Senhor, a fim de no faz-las de qualquer jeito, noconsegui comear a palestra. Pacincia!! Era a ordem do Senhor que clamava dentro de mim. Eleno queria que eu me inquietasse com aquela situao. O Esprito Santo nos inspirou para quelevssemos o povo orao com muita calma, mesmo que perdssemos um tempo da pregao. Omomento da colocao em si ficou menor, mas o resultado foi maravilhoso, os ouvintes foramlevados a um profundo arrependimento, a uma necessidade enorme de se voltarem para Deus. Nofinal o coordenador reclamou que, na sua tica, todos queriam escutar o pregador. Respondi-lhe: melhor que escutem a Deus, Ele tem muitas formas para se comunicar com o homem! (Roberto A.Tannus).

    O caf solvel uma soluo simples e rpida para quem est com pressa detom-lo, mas no o mais saboroso. O caf que uma amiga minha preparava era de fato diferente.Ela possua no seu quintal alguns ps de caf, nos quais ela sempre ia para colher seus frutos. Depoisela torrava os gros no fogo lenha e os moa, deixando o p bem fininho. Ento pegava aquele pe, cuidadosamente, coava com gua fervendo num bule de metal, num coador de pano feito por ela.

    O cheiro gostoso recendia pela casa toda. Era um caf diferente, mais trabalhoso, mas que tinha umsabor todo especial, como era bom! (Roberto A. Tannus)Assim tambm com as coisas de Deus. Quando perseveramos com pacincia, esperando

    as demoras dEle, sem nos irritarmos com os contratempos e dissabores. Quando continuamos nos______________________________________________________________________________

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    esforando, no h dvida de que O veremos agir, mesmo que nos parea estar Ele demorando.Assim os frutos sero melhores. O importante, portanto, perseverar pacientemente.

    Fiquei profundamente impressionado com a orao de um bispo, um santo sacerdote, seunome Dom Jos Chaves, da Diocese de Uruau, Estado de Gois. J na altura dos muitos anos devida consagrada, ouvimo-lo pedir ao Senhor: D-me a graa, Senhor, de perseverar no teu caminho por toda a minha vida. Ele, um servo renomado da Igreja, que j havia, desde a sua infncia, seguidoos passos do Mestre, orava com fervor para sua perseverana! Pensei comigo mesmo que ainda nohavia rezado por mim nesta inteno. Vi o quanto importante perseverar. Olhei a silhueta daquelehomem, de parcos cabelos esbranquiados sobre sua cabea, que havia gasto sua vida peloEvangelho, mas que ali estava, humildemente, implorando a Deus por sua perseverana. Como importante perseverar! (Roberto A. Tannus).

    Este o segredo do servo paciente: seguir em frente, perseguir o alvo com foras semprerenovadas (cf. Is 40, 31).

    Quando Jesus nos convidou para a misso, Ele no disse que teramos uma vida folgada,tranqila. Ao contrrio, veja o que Ele diz:

    Referi-vos estas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflies. Coragem! Eu venci o mundo (Jo 16,33).

    Diante de todos os problemas que vierem sobre ns, diante de toda incompreenso quetivermos para levar a palavra da verdade, lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus:

    Sereis odiados de todos por causa de meu nome; mas aquele que perseverar ato fim ser salvo (Mt 10,22).

    Se queremos pregar a Palavra do Senhor como servos autnticos temos que perseverar,mas com pacincia.

    4. O PREGADOR NTIMO DE DEUSO pregador senta-se aos ps do Mestre. S Jesus possui as palavras certas para dizer aos

    outros discpulos que ouviro o pregador.Biblicamente falando, intimidade significa conhecer profundamente. A palavra conhecer

    largamente empregada pela Palavra de Deus com a conotao de conhecimento profundo (cf. Gn4,1 e Mt 1, 25). A intimidade entre Deus e o pregador acontece quando este se aproxima de Jesus emorao. Essa intimidade agradvel a Deus (cf. Heb 11, 6).

    O Papa Paulo VI dizia claramente que quando conhecemos de fato, amamos, pois impossvel algum que, ao ser evangelizado, no evangelize. (Evangelii Nuntiandi 71). Realmente impossvel amar algum de verdade sem conhec-lo. Assim tambm com Deus. Precisamosconhec-lo, sermos dEle, para assumirmos como nossos os seus planos de amor.

    Uma passagem ilustra bem a necessidade de sermos ntimos de Deus, que aquela emque Samuel, ainda menino, foi at Eli achando que era ele que o chamava (I Samuel 3,1-10), quando,na verdade, era o prprio Deus quem lhe falava. Por trs vezes Deus chamou Samuel, o qual,confundindo a voz de Deus com a do velho sacerdote, foi at ele e lhe perguntou o que queria. Por trs vezes no reconheceu a voz de Deus que o chamava, no sabia ainda escutar a voz do Senhor. Naterceira vez que Deus o chamou, Eli percebeu que era o Senhor quem queria falar com o menino. notrio que precisamos conhecer o Senhor, se queremos servi-lo segundo a sua vontade.

    O que me deixou intrigado nesta passagem que Samuel servia a Deus (I Sam 3,1), sem

    que o conhecesse de fato (I Sam 3,7). Ele at dormia junto da Arca da Aliana, aquela que Moissusava para consultar o Senhor. Estava to perto da Arca, mas no sabia ainda se comunicar comDeus, ou melhor, no sabia escut-lo. Samuel servia no templo, estava a servio de Deus, mas no O

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    ouvia. SERVIA, MAS NO CONHECIA. Corremos o mesmo risco, ou seja, de servir a Deus semconhecer a Sua vontade , sem ouvi-lo.

    Muitos de ns nos lanamos na misso, mas no encontramos tempo para escutar oSenhor na orao pessoal. Servimos ao Senhor, mas no O conhecemos intimamente e nem Oconsultamos para saber de Sua vontade. FALTA-NOS INTIMIDADE COM ELE.

    Imagine se uma pessoa fosse at a sua casa para ajud-lo a dar uma faxina e comeasse,sem lhe perguntar, a guardar as coisas nos lugares em que ela bem entendesse colocar, sem consult-lo para saber onde voc costuma guard-las. Voc diria bem depressa: Deixe que eu fao do meu jeito! Assim tambm acontece conosco em relao ao Senhor. Somente faremos do Seu jeito se Oescutarmos.

    Orao exatamente isto:Orao no s saber o que Deus quer, mas fazer o que Ele quer

    (Christifideles Laici 58).Para termos fora de fazer a vontade de Deus como pregadores precisamos ter uma

    vida de orao, necessitamos ter um tempo aos ps do Mestre, urge que saibamos o que Ele quer dens.A Igreja reservou a Quarta Seo do Novo Catecismo para a nossa intimidade com Deus.

    a parte da orao. o Esprito Santo nos convocando pela palavra da Igreja para sermos ntimos donosso Deus.

    5. O PREGADOR PESSOA DE FA f do pregador madura. Ao menos precisa ser. Essa espcie de f leva adeso

    incondicional ao plano de Deus.

    A f imatura semelhante da ovelha. Uma das principais caractersticas deste animal que ela no sabe discernir entre a erva boa e a erva m. Ela vai pastando e comendo o que acha deverde na frente. Come toda a erva, mesmo a venenosa. Por isso necessrio que o pastor v frente eretire as ervas ruins para que a ovelha no as coma e, assim, no morra intoxicada. O mesmoacontece com o pregador da Palavra de Deus. As ovelhas so aqueles que escutam a palavra. Muitasvezes o pblico para o qual nos dirigimos no sabe discernir entre a s Doutrina dos Apstolos e adoutrina venenosa que vem de fora da Igreja. O pregador no pode passar dvidas para aqueles que oescutam, no pode semear ervas venenosas no corao daqueles cuja f ainda no os capacita adiscernir entre a Verdade e a mentira.

    inconcebvel que se coloque para pregar aquelas pessoas que tm restries a dogmasda Igreja, pregadores que no aceitam totalmente a Doutrina Apostlica, homens e mulheres que tmresistncia em obedecer hierarquia da Igreja. As ovelhas que escutam um pregador que temrestries a Maria, por exemplo, logo, imperceptivelmente, absorvero o veneno da rejeio a nossaMe. Um pregador de tendncias cismticas ou herticas poder contaminar aqueles que o escutam.

    Ao lanar nossos olhos sobre o Novo Testamento descobrimos que a f da Igreja primitiva baseava-se na Doutrina dos Apstolos (cf. Atos 2,42). Os primeiros cristos no seguiamdoutrinas feitas pelas mos dos homens, doutrinas inventadas por alguns iluminados (cf. II Tim4,1-4). Os primeiros cristos aprendiam a Doutrina dos Apstolos e perseveravam nela. Mais do queisso, transmitiam-na aos neoconvertidos, passavam para frente os ensinamentos daqueles queandaram com Jesus, ensinamentos estes que a Igreja Catlica guardou ao longo dos anos, combatendoatravs de seus telogos e santos, em Conclios e Snodos, todas as heresias que tentavam desvirtuar

    os ensinamentos recebidos dos Apstolos.O Papa Paulo VI no Documento Evangelii Nuntiandi (nmero 15) afirmou

    categoricamente que a pregao da Doutrina no vem do que o indivduo pensa, ela est fundada em

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    bases slidas que so os ensinamentos dos Apstolos. No podemos pregar o que achamos, no se pode pregar sem que se saiba primeiro o que Deus j revelou, sob o discernimento e a Doutrina daIgreja.

    O pregador algum cuja maturidade de f repousa na Doutrina Apostlica, recebida pela Igreja e conservada por ela com muito zelo e amor, ao longo de dois milnios, nos quais umgrande nmero de testemunhas assinaram seus depoimentos com o prprio sangue (cf. CIC 38, 108,250, 286, 890 e 1550).

    6. O PREGADOR HUMILDEA palavra humilde vem do radical latinohumus , que nomeia a parte frtil do solo. no

    hmus que a semente d bons frutos.Fazendo uma transposio de significado, podemos dizer que o pregador humilde

    aquele cujo corao hmus para acolhimento da semente do Reino, que a Palavra de Deus.Conhece-se a qualidade do corao do pregador, se ele tem hmus ou se tem

    pedregulhos, pelos frutos de humildade que produz. Para citar somente alguns, diremos que estesfrutos so a paz, a mansido, o perdo, a renncia a si mesmo, a aceitao da prpria cruz

    O pregador humilde no ciumento. Ele sabe que nada lhe pertence neste mundo. dotado de conscincia de que um mero administrador dos bens que Deus lhe concedeu, sejam bensmateriais, imateriais ou espirituais. Por isso desapegado das coisas seculares. Faz dos bens materiaismeios para alcanar os celestiais.

    Neste aspecto do perfil do pregador fica evidenciado que ele no busca os prpriosinteresses (cf.Catechesi Tradendae 6 e Evangelii Nuntiandi 32), nem tampouco ciumento comoCaim (cf. Gn 4,1ss), mas tem humildade genuna, ele ciente que toda glria, todo elogio, todoaplauso para o Senhor.

    Um episdio na vida de Santo Vicente de Paulo demonstrou que ele possua essahumildade genuna. Um dia ele se dirigiu a um bar para pedir ajuda para suas dezenas de crianas,rfos de guerra, que estavam passando fome. Ao estender a sua mo para pedir, recebeu nela, da parte de um dos que ali estavam, uma cusparada. Sem perder a calma ele tirou um leno, recolheuaquilo com cuidado, guardando em seguida em seu bolso. Depois se dirigiu a todos novamente: Isso para mim, obrigado! Mas o que vocs podem dar para minhas crianas que passam fome? - Oresultado que todos, profundamente tocados, contriburam generosamente.

    Caim matou antecipadamente a Abel no seu corao a partir do momento em que no sealegrou pela realidade de que Deus havia abenoado o seu irmo mais que a ele. Pelo contrrio, Caimficou irritado, pois queria as atenes voltadas apenas para si, no se importando que se seu irmoestava sendo agraciado por Deus, ele, de certa forma, seria tambm beneficiado pela presena deDeus no seu irmo Abel. Caim no possua a humildade genuna de se alegrar com o favorecimentoda parte de Deus para com o seu irmo.

    O pregador corre o mesmo risco de Caim. a tentao de, ao invs de mostrar a Jesus emsua pregao, chamar todos os mritos para sua pessoa. O pregador tem que estar ciente de que umaseta apontada para o Senhor, como o marinheiro de sentinela que, ao avistar a terra, grita do alto domastro: Terra a vista!. claro que, diante da palavra do marinheiro, todos os olhos se voltaro parao lugar em que ele aponta. Ningum ficar com os olhos voltados para o marinheiro-sentinela, mas para o que ele anuncia. O pregador aponta para Jesus.

    Certa feita um pregador comeou a reclamar a Deus pois a sala em que ele sempre ia

    pregar, naquele seminrio, ficava quase vazia, ao passo que a do pregador do lado, bastante ungido, permanecia repleta. O Senhor respondeu s suas lamrias ciumentas, prpria de quem necessita dehumildade: Agradea a Mim, pois ele est do nosso lado!. Precisamos estar sempre prontos a ter a

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    face do verdadeiro servo que reconhece o irmo, sermos desapegados de orgulho, sabermos respeitar o irmo, apoi-lo em sua caminhada e sermos agradecidos a Deus pelo dom a ele concedido.

    Quando Jesus convidou o Jovem rico (Mc 10, 17ss) para segui-lo, exigiu dele quedeixasse de lado os seus bens materiais. A exigncia foi muito para ele. Sua resposta foi virar ascostas para Jesus e retirar-se abatido. Seu corao no era humilde. Nele a Palavra de Jesus no davafrutos.

    No caminho da evangelizao Jesus deseja substituir nossos antigos valores. Ao coraohumilde Ele liberta da busca desenfreada de glrias do mundo, com seus prazeres e sedues.

    Um dia So Pedro interpelou a Jesus sobre quais seriam as recompensas daqueles quedeixam tudo para segui-lo. Pedro, que havia deixado a profisso de pescador de peixes para ser pescador de homens, queria saber o que o aguardava como galardo. Jesus lhe deu uma promessaque, de incio, deve ter deixado Pedro eufrico, pois a promessa de que receberia, j neste mundo,cem vezes mais. Porm, antes do fim da resposta deve ter recebido uma surpresa. Vejamo-la:

    Em verdade, em verdade vos digo, ningum h que tenha deixado casa, ouirmos, ou irms, ou pai, ou me, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa doEvangelho que no receba, j neste sculo, cem vezes mais casas, irmos, irms, mes,filhos e terras com perseguies e no sculo vindouro a vida eterna (Mc 10, 29-30).

    Quem entrou para o ministrio de pregao achando que vai ter uma vida tranqila esossegada est muito enganado!

    Quem agraciado com este ministrio sabe que ter que renunciar a muita coisa paraseguir o Mestre, que ter de crucificar o seu homem velho para assemelhar-se a Jesus. Ter derenunciar e, de alguma maneira, estar pregado cruz de Cristo. Quem quer pregar a palavra, precisaestar primeiro pregado cruz de Cristo, como o Esprito Santo nos pede pelo ministrio de Paulo:

    Na realidade, pela f eu morri para a lei, a fim de viver para Deus.

    Estou pregado cruz de Cristo. Eu vivo, mas no sou eu, Cristo que vive em mim (Gl2,19-20).Por vezes sem conta, ainda hoje, os pregadores devem perdoar calnias, injrias,

    difamaes, injustias de toda ordem contra sua pessoa ou contra seus entes queridos. Esse perdoser possvel se o pregador receber do Esprito Santo o dom da humildade, o dom de ter um coraocheio de hmus para acolher a Palavra de Jesus.

    7. O PREGADOR FALA A VERDADEA face do pregador marcada pelo amor verdade. A mentira no pode ter vez em nossa

    vida.Jesus falou de um modo a no deixar dvidas de que Satans o pai da mentira. Portanto,

    todo aquele que se deixa levar pelo caminho da falsidade comea a fazer a vontade daquele queseduziu e enganou nossos primeiros pais.

    Nossa pregao tem que ser autntica, de nossa palavra deve fluir a verdade comtestemunhos que refletem a realidade que vivemos. No podemos ter apenas a fachada de cristos.

    O pregador precisa ter pureza de inteno, precisa viver dentro de si a grande verdade que servir a Deus de todo o corao.

    O mundo anseia por verdade. Ele deseja Verdade ardentemente. No sabe reconhec-la,mas anela por encontr-la. A verdade toca profundamente. Quando Jesus declarou a Pilatos que Eleveio dar testemunho da Verdade e que todo aquele que da Verdade ouve a sua voz, Pilatos perturbou-se. Perdeu a segurana que o Imprio Romano lhe dava e perguntou a Jesus, e a si mesmo,certamente muito intrigado: Que a Verdade? ... At hoje o grito da alma aflita de Pilatos ecoa

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    pelo mundo em busca da Verdade. Daquela hora em diante aumentou naquele juiz romano a vontadede libertar a Verdade. Quem encontra a Verdade ganha a prpria vida. Somos chamados a pr aVerdade nos coraes de quantos nos ouvem.

    O pregador s tem um Caminho que a Verdade, sabe que no pode ter a Vida por outromeio que no seja Jesus (cf. Jo 14, 6). Por experimentar a Verdade ele sabe que s ela libertar seusirmos-ouvintes (Jo 8, 32).

    Dentro desta verdade o pregador algum alegre (cf Eclo 30,22ss ; I Tess 5,16 ; Nem8,9-10 ; Fil 4,4), no possui a tristeza do jovem rico, pois est sempre sorrindo no caminho das pegadas de Jesus.

    No entanto, para que a Verdade chegue aos irmos, necessrio que o pregador fale averdade, mesmo que para isto ele tenha que pesquisar muito, assim como So Lucas investigou averdade que anunciou a Tefilo.

    8. O PREGADOR O HOMEM DAS BEM-AVENTURANASUm dos trechos da Sagrada Escritura que possui grande parte da doutrina de Jesus o

    Sermo da Montanha. Neste trecho do Evangelho de S. Mateus, captulo 5, encontramos traos bemdelineados que precisam estar marcados no rosto e na vida do pregador; falando de outro modo, emseu perfil.

    a) Corao de pobreDeus a nica riqueza do pregador. No se troca Deus por nada. O pregador que tem o

    corao pobre sempre quer aprender, gosta de escutar outros pregadores, no est cheio de si, mascontinuamente est disposto a ouvir.

    b) Aquele que choraEm Jesus o pregador busca consolar o seu povo. Muitas vezes quando Jesus viu a

    multido sedenta para ouvir a Palavra de Deus, ficou tomado de compaixo. O pregador aquele quefala movido pela compaixo do povo que sofre, que chora junto com o povo, que no fica alheio aoseu sofrimento e suas angstias, a voz do Senhor a amparar, apoiar, exortar e consolar.

    c) manso Como bom conduzir um cavalo manso, que aceita o comando das rdeas! Como bom

    acariciar um cachorro manso, que faz companhia, que alegra uma casa! O pregador manso, noagride, sabe ser carinhoso, dcil sem perder a autoridade e a compostura diante do erro. No quebra ocanio rachado, nem a mecha que ainda fumega (cf. Isa 42, 3).

    d) justo So Jos foi chamado de homem justo. Justa uma luva que veste uma mo, sendo-lhe

    til para manusear as coisas. So Jos foi chamado justo porque superou a lei, podia agir de acordocom a Lei, se quisesse. Se tivesse assim agido teria deixado Santa Maria em m situao. Ser justo no querer o mal para o irmo, amando-o para alm da lei.

    Nossa terra precisa de justia, onde o direito seja respeitado e a opresso ao pobre sejacombatida com todas as nossas foras.

    ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.

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    O justo da Bblia supera a lei. Esta somente regula o mnimo tico para o amortecimentodos conflitos sociais. Ela muito pouco para o pregador.

    e) misericordioso

    Usar de misericrdia imitar o corao de Jesus. saber perdoar como Jesus (cf. Jo 8, 1-11), no ficar medindo as pessoas (cf. Lc 6, 35ss). Ter misericrdia ter atitudes de ajuda ao irmoque sofre, sair de si, gastar tempo com o irmo, ser como o samaritano que acudiu o seu prximo cado no caminho (cf. Lc 10, 25-37).

    O termo misericrdia vem de uma combinao de dois radicais latinos:miseria e cor .Misria significa desgraa, infelicidade; por extenso, sofrimento.Cor corao. Misericrdia ter no prprio corao o sofrimento do irmo; sentir com as cordas do corao a dor dos filhos deDeus.

    f) Tem o corao puro Ter o corao puro ter o desejo de servir a Deus com retido de intenes, no ter

    malcia, no deixar os maus pensamentos e desejos serem alimentados no nosso interior, no pregar com segundas intenes.

    g) pacfico Ser pacfico no significa ser fraco. Pacfico aquele que forte, mas sabe dosar sua

    fora. Ser pacfico transformar as situaes de briga, de guerra, de ressentimentos, de desamor, emambiente de harmonia, perdo e amor. O perfil do pregador reflete a Paz de Jesus. O pregador levaem si a paz aos conflitos que grassam no corao dos homens.

    h) Caluniado e perseguido por causa de Jesus Aceita com resignao ser caluniado por amor a Jesus. No revida, espera com pacincia

    que a verdade venha tona. No se defende. O Senhor sua defesa. Faz das injustias sofridas adubo para enriquecer a sua humildade. Este trao do perfil fruto que o Esprito Santo faz amadurecer nocorao do pregador humilde. Assim ele aceita as crticas, reconhece os erros e nunca revida aosataques que sofre, mesmo quando est com a razo. Tudo leva para Jesus.

    9. O PREGADOR USA OS CARISMASCom efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele

    concede o Esprito sem medidas. (Jo 3,34).O mensageiro de Deus fala a linguagem dAquele que o envia. Nosso Pai o nico Ser

    realmente rico em todo universo. Tudo lhe pertence, at nossa salvao. Sua maior riqueza Ele j nosdeu: junto com a salvao, pelos mritos da paixo, morte e ressurreio de Jesus, deu-nos umParclito, Algum para estar sempre ao nosso lado, o Esprito Santo. Deu-o sem medidas, em profuso.

    Jesus rogou ao Pai e Ele tem derramado sobre ns o Seu Esprito. Os pregadores precisam ser vasos limpos e desobstrudos para serem repletos do Poder que Deus nos manda do

    Alto. Somente se enche vaso que est vazio. necessrio que nos esvaziemos do pecado, dos apegoss coisas do mundo, de ns mesmos, de nossas auto-suficincias, mas principalmente do medo desermos usados pelo Esprito Santo com os carismas.

    ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.

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    O grande kairos (kairs) do nosso tempo tem sido o derramamento do Esprito sobre todaa criatura, j anteriormente predito pelo profeta Joel (Joel 3,1ss). O Esprito tem multiplicado onmero dos fiis agraciados com seus carismas para manifestar a presena de Jesus ressuscitado por meio de curas prodigiosas e milagres. Esse derramamento das graas dos carismas sobre a IgrejaCatlica sempre existiu ao longos dos seus quase dois mil anos de existncia, mas, neste sculo, tem

    acontecido com mais evidncia, como no incio, a partir do Pentecostes Apostlico. Hoje se cumpre aseguinte promessa de Jesus:Em verdade, em verdade vos digo: aquele que cr em mim far as mesmas

    obras que fao, e far ainda maiores do que estas; porque vou para junto do Pai (Jo 14,12). No podemos ser pregadores que tem medo dos carismas, eles completam a pregao. Os

    carismas foram necessrios no tempo dos Apstolos, pois havia muitas barreiras para se transpor,como a ignorncia, a dureza dos coraes dos escribas e fariseus, a idolatria dos pagos, a indiferenados gregos, e o atesmo dos romanos e at o medo dos discpulos.

    Ser que nos dias de hoje esta situao tem sido diferente? claro que no!Basta que olhemos em volta de ns, e constataremos que estamos mergulhados num mar decapitalismo ateu, numa sociedade atolada nos anti-valores, numa mentalidade consumista, numaviso de Deus deturpada. Mais do que nunca os carismas so necessrios para mostrar ao mundocorrompido pelo pecado que Jesus Cristo Vive e o Senhor!

    Para que a pregao dos Apstolos surtisse efeito o Senhor colaborava com eles com osmilagres que a acompanhavam, eis o testemunho da Sagrada Escritura:

    Os discpulos partiram e pregaram por toda a parte. O Senhor cooperava comeles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam (Mc 16,20).

    No tempo presente Jesus quer cooperar conosco, com nossa pregao, com os sinais desua presena em nosso meio, por meio de curas, prodgios e milagres. No podemos ficar intimidadosdiante de nada!

    Ao surgirem os primeiros obstculos pregao dos apstolos, quando foram ameaados pelos escribas, fariseus e sacerdotes do templo, ao invs de se calarem, oraram pedindo a Deus maisPoder, mais batismo do Esprito Santo, a fim de que vencecem os obstculos que se colocavam entreeles e sua misso, inclusive o medo. Deus no se fez esperar, prontamente atendeu a splica dos primeiros pregadores, conforme lemos no texto abaixo:

    Agora, pois, Senhor, olhai para as suas ameaas e concedei aos vossos servosque com todo desassombro anunciem a vossa palavra. Estendei a mo para que se realizemcuras, milagres e prodgios pelo nome de Jesus, vosso santo servo! Mal acabavam de rezar,tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Esprito Santo eanunciavam com intrepidez a Palavra de Deus. (At 4,29-31).

    Precisamos pedir o Esprito Santo como os Apstolos. Eles tinham certeza que Jesusqueria que anunciassem o Evangelho. Estavam convencidos de que sem o Poder Divino no poderiam cumprir sua misso. Se pedirmos como eles, com abertura de corao, com certeza oscarismas faro parte do nosso ministrio, pois tambm hoje necessrio que preguemos a Palavracom intrepidez, com os carismas, com a fora do Esprito Santo.

    O prprio Jesus usou os carismas para evangelizar. Nossa Igreja reconhece isto no NovoCatecismo. Vejam que comovente ensinamento nossos pastores nos do, no nmero 1.503 do CIC:

    A compaixo de Cristo para com os doentes e suas numerosas curas deenfermos de todo o tipo so um sinal evidente de que Deus visitou o seu povo (Lc 7,16) eque o Reino de Deus est bem prximo. Jesus no s tem poder de curar, mas de perdoar os pecados. Ele veio curar o homem inteiro, alma e corpo; mdico de que necessitam osenfermos.

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    Tambm afirma o Novo Catecismo que Deus usa certas pessoas com carismas especiais,como o da cura:

    O Esprito Santo d a algumas pessoas um carisma especial de cura, paramanifestar a fora da graa do Ressuscitado. (CIC 508)

    Os carismas especiais so concedidos por Deus para mostrar a fora de Jesusressuscitado. O Novo Catecismo ainda afirma serem os carismas um favor especial de Deus, comofavor imerecido, dom gratuito que parte do corao de Deus misericordioso:

    Os carismas so graas especiais, significam dom gratuito, favor, benefcio.Seja qual for o seu carter, s vezes extraordinrio, como o dom dos milagres ou daslnguas, os carismas se ordenam graa santificante. Acham-se a servio da caridade, queedifica a Igreja. (CIC 2.003).

    A Encclica Redemptoris Missio mostra que os gestos que caracterizaram a misso deJesus Cristo eram perdoar e curar. Vejamos:

    A libertao e a salvao, oferecidas pelo Reino de Deus, atingem a pessoahumana tanto em suas dimenses fsicas como espirituais. Dois gestos caracterizam a missode Jesus: curar e perdoar. As mltiplas curas provam sua grande compaixo diante dasmisrias humanas; mas significam, tambm, que, no Reino de Deus, ho haver doenasnem sofrimentos, e que sua misso, desde o incio, visa libertar as pessoas desses males. Na perspectiva de Jesus, as curas so tambm sinal da salvao espiritual, isto , da libertaodo pecado. Realizando gestos de cura, Jesus convida f, converso, ao desejo do perdo.(RMi 14).

    Diante das palavras da prpria Igreja, no resta dvida que devemos usar os carismas, porm devemos faz-lo de acordo com o que recomenda Lumen Gentium 12 e o Documento nmero53 da CNBB.

    Por causa da humanidade sofredora e doente o Senhor tem suscitado nos fiis os carismas para manifestar a presena de Jesus no nosso meio. Glria a Deus!Era esta a razo porque a palavra dos apstolos entrava como espada de dois gumes, pois

    o Senhor cooperava com o discpulos, dando-lhes autoridade no falar, devido s curas e milagres quemostravam realmente que o testemunho deles era verdadeiro, que a presena de Jesus ressuscitado erareal entre eles.

    So Paulo afirmava que o Evangelho por ele pregado no era apenas com palavras, mascom o poder do Esprito Santo:

    O nosso Evangelho vos foi pregado no somente por palavra, mas tambm com poder, com o Esprito Santo e com plena convico... (1 Tes 1,5)

    Nossa pregao tambm tem que ser acompanhada de sinais da presena de Deus, como ade S. Paulo, a de So Pedro, a de Filipe, a de Jesus, pois como no a eloquncia que converte,tambm no so as belas palavras que abrem os coraes. Eles so abertos pelos sinais da presena deDeus que vm com os carismas do Esprito Santo.

    Como Jesus se revelava aos homens do seu tempo por meio de suas obras, Ele se revelaaos nossos irmos-ouvintes mediante os prodgios que faz por meio dos carismas do Esprito Santo.Ele quer se manifestar por meio destes dons. Caso os pregadores equilibrados no lhe respondamsatisfatoriamente outros o faro.

    10. O PREGADOR MEMBRO DO CORPO MSTICO DE CRISTO medida que o pregador aprofunda a dimenso mstica do seu relacionamento

    com Jesus Ressuscitado ele mais se sente inserido na Igreja. que Jesus, sendo a cabea da

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    Igreja, deseja que seus membros sejam colocados no devido lugar, ou seja, no seu prprioCorpo Misterioso, formado por todos os cristos, em unidade com o sumo Pontfice,escolhido por Ele mesmo.

    Ainda hoje Jesus clama por unidade, como o fez em Joo 17, aps t-la ensinadoaos primeiros discpulos, conforme Joo 15, 1-8.

    No h dvida que o sentido de pertena Igreja de Jesus Cristo marcaindelevelmente o perfil do pregador realmente chamado para a inefvel misso de pregar aBoa Nova em todos os lugares.

    Carinhosamente solicitamos a todos os pregadores que leiam novamente, comdetida reflexo, a Constituio Dogmtica Lumen Gentium . Trata-se do primeiro documentoinserido no Compndio do Conclio Vaticano II. Nele compreenderemos porque Jesus faz daSua Igreja (e nossa) a luz dos povos. A quem ama a Jesus Cristo e sente as fibras docorao vibrarem por amor a Igreja dAquele que deu a Sua vida por ela (cf. Ef 5, 25) impossvel ler os nmeros de 1 a 160 deste Compndio uma s vez.

    Se o pregador deseja levar algum a Cristo necessita de uma direo. Quem lhefornece essa direo, de maneira segura, a Igreja. por isso que ns, ao introduzirmos nacomunidade eclesial um recm batizado, ou mesmo um antigo, temos certeza que oentregamos a Jesus Cristo nosso Senhor.

    Nossa misso de pregadores se resume exatamente nisto: entregar nossos irmos-ouvintes a Jesus Cristo. Somos para Jesus e para Deus Pai o que um velho servo de Abraofoi para ele e Isaac. O Livro do Gnesis, captulo 24, narra o feito deste servo. Seu nomesequer lembrado pelo narrador sagrado, mas por certo est gravado na palma da mo doSenhor.

    Sua proeza consistiu em encontrar uma noiva para Isaac e faz-la se apaixonar por ele sem ainda conhec-lo. O nome da noiva, que se tornou esposa do filho de Abrao,era Rebeca.

    Abrao, cnscio do plano de Deus para ele, ao ver que Isaac atingira a idadenbil, chamou o servo mais antigo e lhe deu a misso de conseguir-lhe uma noiva. Apstransmitir-lhe rigorosas instrues a respeito, entregou-lhe uma fortuna que seria utilizada para presentear a noiva e para convencer seus familiares a entreg-la a Isaac.

    Munido dos tesouros, acompanhados de vrios servos, aquele homem saiu paracumprir a sua misso.

    O que desejamos ressaltar aqui a fidelidade daquele servo no cumprimento doseu mister. Ele seguiu risca as instrues de Abrao. A escolha da noiva foi segundo a

    vontade de Deus. Para isso ele orou e pediu um sinal. Ao que o Deus de Abrao prontamente atendeu.Com aquela fortuna, mais aqueles escravos, o velho servo bem poderia ter

    comprado Rebeca para si. Mas, no... ele era um servo fiel! Sua misso consistia emconseguir uma noiva para o filho do seu senhor. Nada mais.

    Assim ele usou todo o seu talento de comerciante, toda a sua perspiccia, bemcomo a inteligncia e a capacidade de persuaso para tirar Rebeca de onde vivia e faz-la seapaixonar por Isaac sem ainda v-lo. Em outras palavras, ele entregou a noiva ao noivo. Anoiva que, se quisesse, poderia ter sido sua. Aquele servo era um grande amigo do noivoIsaac.

    Deus escolhe o pregador, cujo nome no importa para a misso, mune-o defabulosos tesouros constitudos de bens materiais (dinheiro e estudo) dons naturais esobrenaturais e o envia para conseguir uma noiva para o seu Divino Filho. Para cumprir nossa misso necessrio que sejamos amigos de Jesus. Essa amizade nos fortalecer contra

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    as tentaes de ferir a unidade. Assim no formaremos grupos particulares, mas inseriremostodas as noivas na festa nupcial do noivo que s acontece verdadeiramente na expressoterrena de sua casa: a Igreja.

    Sublime misso, essa de ser amigo do noivo!

    Consciente da grandeza dessa misso o pregador certamente ter facilidade paraamar a Igreja, devotando-lhe fidelidade e obedincia, enquanto instituio sagrada, e na pessoa dos ministros ordenados, assim como vivendo as suas dimenses doutrinrias esacramental.

    11. VISO DO PLANO DE DEUS O pregador conhece o plano de Deus. Esse conhecimento apresenta-se em duas

    partes complementares entre si. Uma, no sentido geral, j revelada na Sagrada Escritura. Aoutra, em carter particular, diz respeito vontade de Deus para o pregador. Nesta Jesusrevela ao pregador o que ele deve fazer, qual a sua misso pessoal no contexto do planogeral.

    Um grande exemplo da viso destas duas dimenses do plano de Deusencontramos em So Paulo. No geral ele a tinha antes de conhecer Jesus. Enquanto ele possua somente este conhecimento geral era um perseguidor dos amigos do noivo. Mesmoaps ele ser batizado no Esprito Santo, mas antes de lhe ser revelado qual o seu ministrioespecfico, ele, embora desejasse ajudar, estava atrapalhando (cf. At 9, 20-30).

    No Captulo primeiro da Carta aos Glatas, a part ir do versculo quinze, lemosum dado importante sobre a conscincia que o Esprito Santo deu a Paulo, a cerca do planode Deus para ele. Vemos nesta revelao da Sagrada Escritura uma clara explicao do xitodo ministrio paulino. que Paulo sabia o que fazer e tambm como fazer. Jesus lhe

    revelara o contedo da sua pregao (cf. At 26,12-20). Por isso no perdia tempo. Eraeficaz porque sabia como fazer o anncio. Quando Deus revela o que fazer, revelatambm o como fazer, isto , o jeito dEle, como Ele quer que preguemos.

    Dois trechos da Sagrada Escritura ilustram o que acima afirmamos. Vejam-nos:Cristo no me enviou para batizar, mas para pregar o Evangelho, e isto sem

    recorrer habilidade da oratria, para que no se desvirtue a cruz de Cristo. Minha palavra ea minha pregao longe estavam da eloqncia persuasiva da sabedoria, eram, antes, umademonstrao do Esprito e do Poder Divino, para que vossa f no se baseasse na sabedoriados homens, mas no poder de Deus (I Cor 1,17; 2, 4-5).

    Mas ns pregamos Cristo crucificado, escndalo para os judeus, e loucura paraos pagos (I Cor 1,23).

    Paulo por experincia sabia que a f autntica s se fundamenta com segurana no Poder de Deus. Essa foi a f que Jesus lhe deu no caminho de Damasco. Agora, dotado de Poder Divinosuficiente para fazer o mesmo com suas comunidades, esfora-se para que tenham o mesmotratamento que Jesus Cristo, o Divino Pregador do Pai, um dia dispensou-lhe, abrindo seus olhos paraver a Verdade e o corao para aceit-la.

    Com as seguintes palavras nossa Igreja faz eco a este ministrio do Esprito Santo legadoa ns por intermdio de Paulo:

    O anncio tem por objeto cristo crucificado, morto e ressuscitado: por meiodele realiza-se a plena e autntica libertao do mal, do pecado e da morte; nele Deus d avida nova, divina, eterna (RMi 44, par. 3).

    Ouamos, como Paulo, o que Jesus e o Esprito Santo dizem Igreja (cf. Apoc 1,11; 2, 7) a fim de que tenhamos a viso do plano de Deus.

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    12. ZELO PELO EVANGELHOZelo pelo Evangelho o dom do Esprito Santo que faz o corao do pregador arder de

    desejo de pregar a tempo e a destempo, ao seu redor e alm fronteiras. Esse dom no deixa jamais o

    pregador calado. Ele tem que pregar, tem que anunciar, porque se se calar o fogo do Senhor queimasuas entranhas, conforme I Cor 9,16s.Este zelo levou muitos profetas da Antiga Aliana a enfrentar a morte. J na Nova seu

    prprio fundador, Jesus Cristo, precedeu uma multido no caminho da sacrifcio da prpria vida.Jesus at mesmo relegava a segundo plano seu conforto pessoal devido ao zelo evanglico que ardiaem seu ser. s vezes nem se alimentava (cf. Jo 4, 31-39), passava noites em orao (cf. Luc 6,12),Arrostava o desprezo de sua gente (cf. Luc 4, 14-30; Jo 7,3-9).

    No Velho Testamento, dentre todos os exemplo de zelo pelo anncio da Palavra de Deusque temos, so paradigmticos os dos profetas Elias e Jeremias. Perseguidos, caluniados,continuavam a gritar para que todos ouvissem a vontade de Deus.

    No Novo Testamento os exemplos so abundantes. Porm o que est mais claramenteregistrado o do pregador So Paulo, conforme vrias passagens do Livro dos Atos dos Apstolos, bem como seu prprio testemunho feito na Segunda Carta aos Corntios, Captulo onze e naexortao feita na Carta aos Romanos Captulo oito, versculos de trinta e cinco a trinta e nove.

    Este zelo pelo Evangelho um forte sinal de que o pregador um escolhido para amisso de anunciar a Jesus Cristo. Ele tambm essencial para que nos abramos para receber o domda fortaleza. Lembramos que sem este dom poderemos sucumbir ante os embates que o Inimigo (ouinimigos) do Evangelho pem em nosso caminho, ou, no mnimo, correremos o risco de sermostransformados em pregadores de lamrias, ao invs de fazer um vivo, alegre, esperanoso e vibranteanncio de Jesus Ressuscitado.

    E - FORJANDO NOSSO PERFILIgualar-se a Jesus tarefa sobre-humana. Quase to difcil assemelhar a Paulo ou a

    Apolo. Porm necessrio que busquemos possuir um perfil semelhante ao deles, para que, atravsda fora do Esprito Santo, possamos dizer como So Paulo:

    No pretendo dizer que j alcancei (esta meta) e que cheguei perfeio. No.Mas eu me empenho em conquist-la, uma vez que tambm eu fui conquistado por JesusCristo (Fil 3,12).

    Esta deve ser a nossa meta: buscar o perfil do verdadeiro pregador do Evangelho. Mesmo

    que nossa luta dure a vida toda, devemos persegui-la. Ainda que cheguemos ao final da jornada bastante imperfeitos, longe de alcan-la, devemos perseverar. O prprio So Paulo declarou que nohavia chegado perfeio, mas que empenhava-se em busc-la. Coragem! Empenhadamente procuremos com objetividade o perfil de verdadeiros pregadores servos de Deus.

    Muitos de ns somos barro nas mo do oleiro. Assim Deus Pai, o Santssimo Oleiro,amolda-nos conforme for a Sua Vontade.

    Outros j so madeira. Mais duros do que o barro. Mas Jesus Cristo, o DivinoCarpinteiro, com arte, amor e pacincia, entalha em ns o seu perfil.

    Outros so ferro. Metal muito duro. Os antigos ferreiros para conseguirem forjar umaferramenta que fosse til precisava ter cuidado com o tempero do ao. Na forja levava-se o metal ao

    fogo. Quando ele se tornava brasa era conduzido com o auxlio de uma tenaz at uma bigorna. Comum martelo tambm de metal o arteso batia aquele ferro incandescente para transform-lo emferramenta. De vez em quando o metia em um balde de gua. Isso servia para temper-lo e para fazer a brasa voltar sua primitiva dureza com mais rapidez. Era intil tentar concluir o trabalho de uma s

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    vez. A operao de levar o ferro ao fogo para que se tornasse brasa, em seguida submet-lo aomartelo sobre a bigorna e gua, era repetida quantas vezes fosse necessrio para que a ferramentafosse bem forjada, isto , ficasse til para o trabalho. Ferramenta til era a que tinha boa tmpera eera adequada para a funo qual se destinava.

    Hoje a forja industrial. O ferro derretido sob altas temperaturas e colocado em formasque do o perfil certo para cada ferramenta, segundo sua utilidade.

    O Esprito Santo o arteso, ou o metalrgico, que nos forja, segundo a vontade de DeusPai e a necessidade de Jesus. A diferena que o ferro no tem vontade prpria. Queda inerte nasmos do ferreiro.

    Para colaborarmos melhor na forja do nosso perfil, til visualizarmos os principaistraos do perfil do pregador. Alguns deles j foram citados e outros comentados no item acima.Outros esto nos comentrios sobre Apolo e Paulo e todos esto em Jesus, conforme retratam osEvangelhos. Olhar que devemos dirigir para os traos do perfil precisar ser iluminado pela f e luzda Palavra de Deus, a fim de nos avaliarmos e descobrir o muito que nos falta. Aqueles de ns queconseguirem dar este passo iniciar esta caminhada no rumo certo.

    No comentaremos aqui os traos do perfil. Eles j foram suficientemente expostos nositens anteriores.Contudo devemos alertar os irmos sobre o trao fundamental do perfil dopregador, que a experincia concreta de Jesus Cristo em sua vida. Sem esta experinciapessoal (e real) de salvao, no passaremos de pregadores medocres, engolidos pela massa, ouretransmissores de experincias de terceiros. Sabemos todos que Jesus no nos chamou parasimples sermos engolidos pelas massas, mas para sermos fermento na massa, e, se necessrio,como Ele mesmo foi, e , sermos tambm alimentos para ela.

    Deus nos chama para entregarmos a ele nosso perfil, a fim de que, com o fogo do SeuEsprito, tal como o ferreiro forja a ferramenta necessria para a colheita, Ele forje nosso carter,nossa personalidade, imprimido em nosso perfil os traos do Seu Divino Filho, o principal dos

    pregadores.A Sagrada Escritura fornece o caminho que devemos percorrer para a urdidura do nosso

    perfil. Este o caminho da cruz e da renncia de si mesmo (cf. Mat 16, 24), da consagrao total (cf.Luc 1, 15; 3, 2; Jo 3, 30), da converso (volta para Jesus, At 9, 6) e da converso continuada (buscada santidade).

    1. CRUZ E RENNCIAA sustentao da atitude da pessoa que no aceita a sua cruz pode ser uma oculta rebeldia

    contra Deus. Quem no aceita a sua cruz porque ainda no aceitou, no corao (com os lbios at

    que no muito difcil) a Jesus como seu Senhor, ou seja, como dono de si mesmo.Cremos que a aceitao da cruz de Cristo e da prpria uma grande graa do EspritoSanto; se no for um carisma extraordinrio, ao menos um extraordinrio carisma necessariamenteser. Aceitar a cruz em si mesmo, com tudo o que ela significa, a comear pela prpria negao de si,vai contra as fibras mais profundas do nosso ser. Tambm vai de encontro com as correntesfilosficas mais significativas que tm plasmado o viver humano e muitas vezes impedido que Jesusreine literalmente no mundo que por direito lhe pertence. por isso que essa aceitao haver de ser um carisma, uma vez que para efetiv-la no se consegue, a contento, somente com foras humanas.

    O fruto da renncia de si mesmo significa entregar a Jesus o corpo (como So Francisco)e o esprito (como So Paulo) para deixar o Nazareno imprimir neles as suas marcas. Assim poderemos aos poucos ver nosso perfil se parecer, como canta o festejado Padre Zezinho, com Jesusde Nazar.

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    2. CONSAGRAOA consagrao ser abordada no captulo II. Por ora saibamos que a consagrao

    necessria para que haja espao em nossa vida para a ao do Esprito Santo. Sem consagrao noh porque amoldar-se o perfil do pregador ao perfil de Jesus. Isso, por si s, j influencianegativamente a vontade do pregador, no que tange a deixar-se transformar pelo Esprito Santo.Assim, mesmo que Jesus queira forjar o seu perfil, o pregador acabar por impedir uma das primeirasgraas que recebemos do Esprito Santo, que a transformao do nosso carter. Essa transformaodo carter trao fundamental na formao do perfil do pregador. O carter de Pedro era marcado pela pescaria de Peixes. Jesus o transformou tanto que at o seu jeito de falar revelava que ele era dosseus (cf. Mat 26, 73). Pedro por essa poca tinha s trs anos de consagrao.

    Outro grande exemplo de consagrao o de Joo Batista. Ele foi consagrado desde suagerao. Leiam Lucas 1, 15 e 3, 2, e Joo 3, 30. Valeria o esforo traarmos o perfil desde grandeservo. Hoje, entretanto, no poderemos faz-lo.

    3. CONVERSO Para entender a dinmica da converso a dividiremos em duas fases. Uma instantnea,

    outra contnua. Esta no acontecer sem a primeira. Aquela no ter sentido sem a segunda. Ambasso necessrias para que haja realmente aquilo que se entende por converso.

    Converso vem do verbo converter. ao de converter. Converter significa modificar adireo. Um viajante que se move rumo ao sul descobre que deve seguir para o oeste. Ao rumar paraa nova direo estar convertendo o sentido de sua viagem. Aquele exato instante em que o viajantemodifica a sua direo o que denominamos de converso inicial. Esta instantnea. A partir desteinstante comea-se a segunda fase. O seguir viagem na nova direo significa converso continuada.

    Um pessoa em determinado dia de sua vida se descobre pecadora. Pra. Pensa. Resolve

    mudar de vida. Isso ainda no converso, no sentido que adotamos aqui.Agora aquela mesma pessoa ouve o anncio da Boa Nova, confronta sua vida com o

    anncio recebido e cai em si. Ao voltar para seu interior descobre que Jesus est lhe chamando parauma direo bem definida, diferente da que tem seguido, mas ela, ao invs de segui-la, estavaseguindo rumo proposta que o mundo lhe fazia. Caso neste ou noutro momento deixar de seguir omundo e voltar-se para a direo de Jesus, ter feito a converso inicial, que, repetimos, instantnea.

    Ainda a pessoa acima referida, aps voltar-se para Jesus (converso inicial) decide-seempreender marcha na direo que Jesus indica, falando em termos catequticos, resolve conduzir sua vida conforme a proposta da Sagrada Escritura, resolve e efetivamente comea a caminhar com

    Jesus, tendo como farol o Evangelho dEle. Ao fazer isto esta pessoa estar comeando a segunda fasede sua converso, que continuada. S termina com seu ltimo ato consciente na vida terrena.Jesus deu esta graa da converso, em suas duas fases, a todos os discpulos citados no

    Evangelho, exceto a Iscariotes que s aceitou a primeira. Judas Iscariotes, como nos narra So Jooem seu Evangelho, captulo 12,1-6, no havia entregado sua vida totalmente a Jesus, nem sequer chegou a vilumbrar a segunda fase da converso, pois continuava ladro, mesmo vivendo com Jesus por trs anos. Na converso de Zaqueu nota-se com nitidez estes dois momentos. A primeira fase daconverso de Zaqueu se deu quando ele ainda estava trepado no sicmero. A segunda comeouquando ele estava com Jesus j em sua casa (cf. Lucas 19, 1-11).

    Aps sua ascenso ao Cu Jesus, com o Esprito Santo, continuou a dar esta graa. Oexemplo mais marcante que est na Sagrada Escritura o do Apstolo Paulo. Outro que tambm muito esclarecedor,