20
Prof. José Laércio Favarin 4ª aula: LPV 564 Produção algodão, café e agrobiologia Departamento Produção Vegetal Setor agricultura USP/Esalq Piracicaba/SP agosto - 2016 "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina" Cora Coralina Interpretação de análise de solo. Fertilização e avaliação do estado nutricional

4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Prof. José Laércio Favarin

4ª aula: LPV 564 – Produção algodão, café e agrobiologia

Departamento Produção Vegetal – Setor agricultura

USP/Esalq

Piracicaba/SP

agosto - 2016

"Feliz aquele que transfere o que

sabe e aprende o que ensina"

Cora Coralina

Interpretação de análise de solo. Fertilização e avaliação do estado nutricional

Page 2: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Composição genérica

da planta de café

Nutrientes são os elementos sem os quais a planta não completa o ciclo de vida. C, O,

H (94%); N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, Zn, e mais não nutrientes (6%).

Independentemente do extrator nunca se obtém o teor real de um nutriente do solo.

Ainda assim, os resultados da análise (X) servem de referência. Isso acontece porque

foram calibrados com a colheita (Y). Análise de solo só faz sentido se há tal correlação!

44

44

100 kg Composição

C - carbono

O - oxigênio

H - hidrogênio 6

CH2O – f otossíntese 94 kg

Nutrientes e não 6 kg

nutrientes

Origem

Atmosfera

Água - solo

Solo+adubo via água

Page 3: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Esse passo não existe para dados de extrato

solução ou pasta de saturação!

EC 1: correção solo? Manutenção do teor?

Cálculo da dose? Situação para foliar?

Co

lhe

ita

Re

lati

va -

%

Produção dada pelo fertilizante

Efeito depressivo do fertilizante

Teor de nutriente no solo X

Médio 2X

Mb B Alto Ma

90

70

100

Raij (1981)

Classes de teor: calibração com colheita relativa

Médio

Fósforo Mehlich– mg dm-3

Teores de nutrientes

Potássio1 – cmol dm-3

Magnésio – cmol dm-3

21 a 30 - A

0,16 a 0,3

0,5 a 0,8

Enxofre – mg dm-3 5 a 10

Potássio – mg dm-3 60 a 120

1Raij (1981)

Fósforo resina1 – mg dm-3 13 a 30

Prezotti et al. (2007)

Fósforo Mehlich– mg dm-3 11 a 20 - M

Fósforo Mehlich– mg dm-3 7 a 10 - A

Page 4: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

8,1 1,2 Ca (cmolc dm-3)

P (mg dm-3)

pH CaCl2

...5cm ...20cm Variáveis

62 12

4,5 6,0

Raij (1992)

3Ca2+ + 2H2PO4

-

Ca3(PO4)2 Sample et al. (1980)

pH H2O 6

Calcário em lavoura perene em formação

e em produção

Café em formação

Cafezal em formação use calcário baixo PRNT, pelo

benefício da ação residual. Por sua vez, em café em

produção prefira calcário mais reativo, pois importa

a produtividade de grãos, e não o efeito residual...

T = K + Ca + Mg + (H+Al) Va = SB (K + Ca + Mg)/T

DC = T x (Vd% – Va%)/PRNT

Page 5: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

1 g C = 3 a 5 g H2O

Pavan et al. (1999)

Pavan et al. (1999)

Nova cafeicultura...

Page 6: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Nova cafeicultura...

Page 7: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Tabelas adubação para café foram feitas

com dados de café diferentes dos atuais.

Dose de nitrogênio para cafezal em

formação, e em produção

Formação: após plantio – 4 g de N/planta, cada 30 dias. No 2° ano, 4 doses

de 8 g/planta a cada 45 dias – de setembro a março. (Raij et al., 1996) .

110 80

Produção

< 20 21 a 30 31 a 40 140 41 a 50 170 51 a 60 200

> 60 230

5a Aproximação MG (1999)

kg ha-1 N sacas ha-1

<25 26-30 >31

250 200

300 350 400 450

175 140

220 260 300 340

N foliar - g kg-1

DN = (NF + NV) x ERN

4,5 kg N por saca! E para a vegetação?

Page 8: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Adubo tem de esperar a chuva na lavoura, não no barracão! A razão é simples-,

há certa demora, entre 20 dias e 30 dias, mesmo irrigado, para chegar à folha

do terço médio. E, ainda, tem o tempo para que o tráfego seja restabelecido...

80

120

160

180

0 20 140 100 60

Dias após adubação

40

Neto & Favarin (2010) N

-NO

3- -

mg

kg-1

40

200 kg ha-1 N

Dados não publicados!

Lugar do fertilizante é na lavoura, onde

deve esperar a chuva!

Se adubar antes da chuva, não use a ureia no 1° parcelamento. Ureia só depois de as chuvas afirmarem...

Page 9: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Recuperação e lixiviação de nitrogênio

Net

o &

Fa

vari

n (

20

11

)

800 600 0

27

40

60

80

100

Pro

du

ção

re

lati

va -

%

N – kg ha-1

N foliar – g kg-1

28 29 30

200 400

41,1

74,6

164,4

149,2

kg ha-1

N

%

200

400

600 273,0 45,5

Bortolotto (2010)

800 228,8 28,6

ERNF Lixiviação N

3,7

1,3

%

7,6

13,0

kg ha-1

14,8

2,6

45,6

104,0

LEM: 15% argila; 1,2% MO

kg ha-1

Page 10: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Temperatura solo

Franco (1982) 15

23

9

33

3

38 Ma

ssa

sec

a r

aíz

es -

g

Economia de 50% de água não evaporada. A forrageira

competiu pouco com o café, é possível a convivência!

jun/11 40

Águ

a n

o s

olo

– g

kg- ¹

jul/11 ago/11 set/11

80

100

60

Favarin & Pedrosa (2013) sem resíduo

com resíduo

-

115,8 (38,6%)

23,0 (15,3%)

80,0 (53,3%)

150CF+150BQ Balanço N

300CF, sem BQ

Cafeeiro - CF

Cafeeiro - BQ

CL = BQ - CF 1,8 (2,2%) -

Lixiviação no CF 5,2 (3,5%) 18,2 (6,1%)

Favarin e Pedrosa (2013)

N - kg ha-1

17,7c 28,0a Produção – scs/ha

Consórcio café com forrageira:

conserva água e eficiência do

nitrogênio

Page 11: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

-

-

Produção

< 20

21 a 30

31 a 40 -

41 a 50 15

51 a 60 18

> 60 20

5a Aproximação MG (1999)

kg ha-1 K2O sacas ha-1

<6 6-9 >9

40

30

50

60

70

80

20

10

25

30

35

40

35-60% argila

P-Mehlich - mg dm-3

As tabelas de adubação foram elaboradas

com dados de café diferente dos atuais.

Adubação fosfatada:

café em produção

DP = (PF + PV) x ERP

0,5 kg P2O5 por saca! E a vegetação?

Laviola (2008)

0,2 0,3 0,06 P

347,5 201,7 30,4 MS

GR

mg por fruto

EX CH

Page 12: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

O fósforo importa na pré/pós-florada, quando é baixo o teor foliar, mesmo em solo

fértil. Deficiência ocorre por falta água (difusão) e/ou temperatura baixa, pois sua

absorção é ativa -, depende da respiração. E a respiração depende da temperatura.

Dias após florada

P f

olia

r –

g kg

-1 1,8

1,5

1,6

1,7

- 56 42 126 168 0 266

VG CH ER GR MA FL

Neto & Favarin (2010)

1,9

80 kg ha-1 P2O5

Fósforo nas folhas: depende da fenologia e modo

de aplicação do nutriente

P: 1,2 a 2,0 g/kg

-0,30 -0,01

µ h-1 MPa

P-xilema

0,02 5,99

Ruiz et al. (1988)

Page 13: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Reis (2009)

130

100

50

100 200 300 400

P2O5 – kg ha-1

Saca

s p

or

he

ctar

e

Reis (2009)

O caso fósforo: dose elevada, mito ou verdade?

O café não responde a doses tão altas de

fósforo – superior a 400 kg ha-1. Isso foi um

erro técnico. Água esconde erros técnicos...

46

4,6

4,2 pH – CaCl2

Café irrigado

P resina – mg dm-3

Al – (m - %)

0,2 Mg - cmol dm-3

Atributos solo

Reis (2009)

0

Autor relacionou a produtividade com a

dose de fósforo. A resposta, entretanto,

se deu pela menor toxidez de Al, o qual

foi precipitado pelo fósforo.

Page 14: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

média de 2 locais

125

100

Produção

< 20

21 a 30

31 a 40 150 41 a 50 175

51 a 60 200

> 60 225 5a Aproximação MG (1999)

kg ha-1 K2O sacas ha-1

<60 60-120 >120

250

200

300 350

400

450

190

150

225 260

300

340

mg dm-3

Laviola (2008)

5,9 4,1 1,0 K

3,8 4,3 0,7 N

347,5 201,7 30,4 MS

GR

mg por fruto

EX CH

As tabelas de adubação foram elaborada

com dados de cafezais muito diferente dos

cafezais atuais. E agora?

Adubação potássica: dose de potássio

DK = (KF + KV) x ERK

4,7 kg de K2O por saca. E vegetação?

Page 15: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

K -

g k

g-1

20

22

24

- 56 42 126 168 0 266

CH ER GR MA FL

Favarin & Neto (2010)

18 314 kg ha-1 K2O/67,5%

VG

Dias após florada

jan

Média 2 locais

K2O - kg ha-1

30

20

0 480 240 120 0

Pro

du

ção

- s

acas

ha-1

10

R2 = 0,94 40 Safra baixa

70

60

50

R2 = 0,91

80

Safra alta

Pro

du

ção

- s

acas

ha-1

Silva et al. (2001)

314 kg ha-1 K2O até janeiro, e solo

com 0,2 cmolc dm-3 não segurou a

concentração foliar da expansão em

diante. O fluxo direto de K do solo

para aos frutos explica a queda da

concentração do 3° par de folhas –,

isto é chega menos K a essas folhas

Adubação potássica:

fenologia e carga

de frutos

K: 18 a 25 g/kg

Page 16: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

O café é uma planta que exporta grandes

quantidades de potássio na casca e nos

grãos. Cuidado com esse nutriente! O teor

no solo diminui muito rápido - de fértil

para menos fértil.

K foliar – g kg-1

65

20 15 10

% K

OR

- f

ruto

s

45

R2 = 0,87**

Lima Fo & Malavolta (2003) 85

Frutos de café drenam muito K, isto é,

remobilizam da ordem de 54% a 64%

do K foliar, 20% dos ramos, e de 30% a

40% da raíze. Esgotam muito a planta!

O restante vem do solo e fertilizante.

4,7 kg/saca K2O. Como fica o teor solo?

55

25

45

24 29 19

35

N foliar – g kg-1

% N

OR

- f

ruto

s

R2 = 0,82**

Lima Fo & Malavolta (2003)

Remobilização de N e K de órgãos de reserva para

os frutos

Page 17: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

10B - foliar

Absorveu 6% 65Zn via foliar e translocou menos 5% via floema (Sartori, 2007). A planta

absorveu 9% 10B via foliar e translocou 0,3% às folhas novas - 75 dias (Boaretto, 2006).

B

B

B

B

B

9% absorvido

0,3% - 75 dias

65Zn - foliar

Zn

Zn

Zn

B

Zn

6% absorvido

< 5% absorvido

Foliar citros: absorção e

Translocação...

Tezotto & Favarin (2010) - (1) DTPA - 210-20 - *morte

55,1a 5,0 11,8 193,3*

45,6a 5,3 13,0 115,6

59,9a 4,0

83,0

39,5

26,2 10,0 4,8 (0,6/1,2)

mg kg-1 - 128 DAP mg dm-3 Sacas/ha

Fruto Ramo Folha2 Zinco(1)

Concentração adequada de Zn na folha é

obtida facilmente via foliar. Zinco via solo,

além da fixação, acumula nas raízes e nos

ramos - parece um “sistema regulador” da

concentração foliar

Page 18: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Dentro limites, há relação: teor do nutriente x produção; teor x concentração foliar; e

concentração foliar x produção. Quanto maior o teor, maior a concentração foliar e,

por extensão, maior será a produção (Malavolta, 1992).

Interpretação da análise foliar: base teórica...

A foto feita na coleta das folhas, reflete acontecimentos durante a sua formação. Isso

remete a eventos de “dias atrás”... Daí, a ”interpretação precisa ser dinâmica”, o que

não é simples! Ainda, qual par de folhas amostrar - nutrientes móveis/imóveis?

3° par folhas

Page 19: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

Deficiência/toxidez nutricional é mais fácil identificar por comparação entre plantas

normais e plantas anormais. Os dados de tabelas servem como referência, não são

verdades absolutas –, a agricultura, como a cafeicultura, mudou muito!

Interpretação: faixas estreitas são uma

pequena parte do segmento da zona adequada

Page 20: 4aula-Interpretar solo-Estado nutricional-16.pdf

A essência do conhecimento

científico é a sua aplicação

prática!

Prof. José Laércio Favarin

Departamento de Produção Vegetal

Setor agricultura

Até mais...

[email protected]