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CENSOS DE BIOMASSA DE VERTEBRADOS PARA O CRETÁCICO INFERIOR DO ALGARVE – INFERÊNCIAS SOBRE A DINÂMICA DAS COMUNIDADES E ESTATUTO METABÓLICO Carolina Barata – 10ºano Daniela Tinoco – 10ºano Eduardo Barros – 9ºano Irma Pimenta – 10ºano Jorge Ledesma – 9ºano E.B.I. Dr. Joaquim de Barros – Paço de Arcos – Grupo de Paleontologia

Censos de Biomassa - Cretácico Inferior do Algarve

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Com base apenas no censo icnológico descoberto, na sua grande maioria por alunos do Grupo de Paleontologia, no Cretácico Inferior do Algarve, concluiu-se que pelo menos os dinossáurios carnívoros seriam muito provavelmente endotérmicos.

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CENSOS DE BIOMASSA DE VERTEBRADOS PARA O

CRETÁCICO INFERIOR DO ALGARVE – INFERÊNCIAS SOBRE A DINÂMICA DAS COMUNIDADES

E ESTATUTO METABÓLICO

Carolina Barata – 10ºano

Daniela Tinoco – 10ºano

Eduardo Barros – 9ºano

Irma Pimenta – 10ºano

Jorge Ledesma – 9ºano

E.B.I. Dr. Joaquim de Barros – Paço de Arcos – Grupo de Paleontologia

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O estatuto metabólico dos animais extintos, especialmente o dos dinossáurios Mesozóicos, é um assunto que continua em aberto.

A sua fisiologia é importante para conhecermos melhor a sua ecologia, comportamentos, história de vida.

A endotermia e a ectotermia representam os dois extremos da termoregulação.

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Por exemplo, os animais endotérmicos são capazes de frequentarem / habitarem regiões com grande espectro de climas, conseguem manter níveis de actividade superiores aos ectotérmicos, apresentam mais frequentemente comportamentos sociais e gregários (mamíferos e aves actuais versus répteis e anfíbios modernos).

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São várias as aproximações para inferências sobre o seu estatuto metabólico, incluindo a anatomia dos órgãos respiratórios, a reconstrução da postura, a presença de estruturas integumentares semelhantes a penas, a histologia dos ossos e as taxas de crescimento resultantes deste tipo de análise. Mais recentemente, a investigação centrou-se na estimativa das capacidades aeróbias de dinossáurios bípedes extintos, quando estes animais se deslocam em «corrida lenta», a partir de dados obtidos de pistas fósseis.

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Os endotérmicos modernos necessitam de consumir mais energia do que os ectotérmicos de dimensões comparáveis – um leão de 150 kg consome muito mais e muito mais frequentemente do que um crocodilo com o mesmo peso.Assim, a razão entre o

número de predadores e o número de potenciais presas para uma dada região e extensão temporal deve variar, conforme os carnívoros sejam endo ou ectotérmicos.

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Neste trabalho estimamos inicialmente o número de produtores individuais de pegadas / pistas de vertebrados presentes em vários níveis de um intervalo de tempo limitado – Barremiano (130 M.a. – 125 M.a.), do Barlavento do Algarve – em que não se conhece um único osso.

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Utilizamos estes dados porque mais de 90% destas pegadas encontradas foram descobertas por alunos do nosso Grupo, desde 1996 até Janeiro de 2011.

Salema oriente – 9 pegadas de teropodes de pequenas

dimensões, representando no mínimo três bípedes predadores distintos.

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Pista de ornitopode de dimensões médias descoberta na praia da Salema, região ocidental.

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Pegadas de ornitopodes da praia Santa

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Pegada de teropode, na praia Santa, região oriental – o maior exemplar de dinossáurio carnívoro.

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Par de pegadas de pés de sauropode, junto de uma pegada de teropode.

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Pegadas de crocodilo – praia da Salema, região oriental.

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Pegada de ornitopode gigantesco (comprimento de 79cm, da praia Santa, zona oriental).

Pegada de teropode, descoberta em 2008, da praia da Salema, região oriental.

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Tendo em conta a grande variação de dimensões de pegadas que se observam em muitas jazidas, a maioria das pistas representa indivíduos diferentes e por isso a explicação mais simples é a de assumirmos que uma pista representa a passagem de um indivíduo.

Note-se que esta amostra inclui animais que deixaram pistas / pegadas em vários níveis distintos, numa sequência estratigráfica distinta.

Mapa das pegadas do nível 1 da praia Santa, região oriental.

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Classe de dimensões das pegadas de ornitopodes (comprimento em cm), encontradas no nível inferior da praia Santa, região oriental. Terão passado no mínimo 8 animais distintos.

Pegada de ornitopode com 10 cm de comprimento.

Pegada de teropode com 14 cm de comprimento.

(Amostras descobertas em 2010)

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Animais deixando pistas paralelas, com a mesma direcção e sentido, sem sobreposição e com interespaçamento regular, embora possam estar representados por pegadas de dimensões idênticas, devem ter sido diferentes – comportamento gregário, social de grupo. O que implica que cada pista, mesmo que seja formada por pegadas de dimensão idêntica, corresponde a um animal distinto.

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Produzimos assim um censo icnológico em termos de abundância relativa do número de produtores de pegadas que podem ser distribuídos por herbívoros e por carnívoros (vertebrados e apenas dinossáurios).

Os icnotaxa podem, com relativa segurança, ser atribuídos a dinossáurios carnívoros (ou melhor, teropodes) e herbívoros (no caso presente, ornitopodes e sauropodes).A pista de crocodiliano descoberta é atribuída a um animal carnívoro (regime alimentar proposto para a maioria dos crocodilianos Mesozóicos).

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Mas podemos ir mais longe – modificar estes gráficos circulares para reflectirem estimativas de biomassa, ou seja, o número total de material vivo representado pela população em questão. Ou seja, convertemos números de pegadas / pistas em estimativas de biomassa.

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Utilizamos alguns procedimentos standard:. altura de anca igual a 4 x o comprimento da pegada. estimativa da massa corporal deduzida a partir desta dimensão . não tivemos em conta a presença de sacos aéreos em sauropodes e teropodes, que terá influência no peso total destes animais. deduzimos que os teropodes tinham todos hábitos alimentares carnívoros, tal como o único crocodiliano

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A razão predador / presa e as biomassas de predadores para as suas potenciais presas, devem ser diferentes, conforme os predadores sejam endotérmicos ou ectotérmicos.

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Comparando a biomassa predadores / presas:. se os predadores forem ectotérmicos, então a percentagem de predadores é elevada. se os predadores forem endotérmicos, então a percentagem de predadores é muito baixa (é o caso das comunidades de grandes mamíferos actuais de África)

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Os dados obtidos para o Barremiano do Algarve sugerem razões de biomassa de dinossáurios predadores / presas muito semelhantes aos que ocorrem com as grandes populações de mamíferos (endotérmicos) modernos e muito distintos das que se baseiam em comunidades de répteis (ectotérmicos) actuais. Estes resultados estão de acordo com as mais recentes análises publicadas, que sugerem que a endotermia estava amplamente desenvolvida nos dinossáurios. Note-se que para este intervalo de tempo e para todo o Algarve não temos um único osso de vertebrado!