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Romantismo Literatura Brasileira

Romantismo

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Romantismo

Literatura Brasileira

Para ver

"Independence of Brazil 1888" por Pedro Américo - Martins, Lincoln. Pedro Américo: pintor universal.

Brasília, Federal District: Fundação Banco do Brasil, 1994 ISBN 85-900092-1-1. Licenciado sob Domínio público, via Wikimedia Commons

- http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Independence_of_Brazil_1888.jpg#mediaviewer/File:Independence_of_Brazil_1888.jpg

• Notar:

• - a força das cores;

• - o movimento das personagens;

• - a imponência das figuras;

• - os elementos bélicos envolvidos;

• - a classe social e política representada;

• - a noção de liderança e poder.

Definições

• BOSI, p. 91:• O primeiro e maior círculo contorna a civilização no

Ocidente que vive as contradições próprias da RevoluçãoIndustrial e da burguesia ascendente. Definem-se asclasses: a nobreza, há pouco apeada do poder; a grande e apequena burguesia, o velho campesinato, o operariadocrescente. Precisam-se as visões da existência: nostálgica,nos decaídos do Ancien Régime; primeiro eufórica, depoisprudente, nos novos proprietários; já inquieta e logolibertária nos que veem bloqueada a própria ascensãodentro dos novos quadros; imersa ainda na mudez dainconsciência, naqueles para os quais não soara em 89 ahora da Liberdade-Igualdade-Fraternidade.

Definições

• BOSI, p. 91

• Segundo a interpretação de Karl Mannheim, oRomantismo expressa os sentimentos dosdescontentes com as novas estruturas: anobreza, que já caiu, e a pequena burguesiaque ainda não subiu: de onde, as atitudessaudosistas ou reivindicatórias que pontuamtodo o movimento.

Assimilação no Brasil

• BOSI, p. 92

• Carente do binômio urbano indústria-operáriodurante quase todo o século XIX, a sociedadebrasileira contou, para a formação de suainteligência, com os filhos de famílias abastadasdo campo, que iam receber instrução jurídica(raramente, médica) em São Paulo, Recife e Rio(Macedo, Alencar, Álvares de Azevedo, FagundesVarela, Bernardo Guimarães, Franklin Távora,Pedro Luís), (...)

Assimilação no Brasil

• BOSI, p. 92• (...) ou com os filhos de comerciantes brasileirose de profissionais liberais, que definiam, grossomodo, a alta classe média do país (Pereira daSilva, Gonçalves Dias, Joaquim Norberto,Casimiro de Abreu, Castro Alves, Sílvio Romero).Raros os casos de extração humilde na faseromântica, como Teixeira e Sousa e ManuelAntônio de Almeida, o primeiro narrador defolhetim, o segundo, picaresco; ou do trovadorsemipopular Laurindo Rabelo.

Assimilação

• RONCARI, p. 288

• A independência política do país, em 1822, com aruptura dos laços coloniais com Portugal e aorganização de uma nação independente, tinhasido o fato mais decisivo para a emergência deuma consciência nacional. Ela não vinha, porém,de forma tranquila, pois, antes de tudo,significava para os homens livres do Brasil aperda de uma identidade segura: (...)

• (...) a de poderem considerar-se tãoportugueses e europeus quanto os dametrópole, comungando os mesmos valoresocidentais, civilizados e cristãos. Apesar dosinteresses políticos e econômicos bastantedivergentes desde o século XVIII, foi somenteapós a Independência que os homens livresbrasileiros se defrontaram com esta perguntacrucial a respeito de sua identidade: quemeram? Europeus ou americanos?

Pontos máximos

• BOSI, p. 92• O romance colonial de Alencar e a poesia indianista deGonçalves Dias nascem da aspiração de fundar em umpassado mítico a nobreza recente do país, assim como– mutatis mutandis – as ficções de W. Scott e deChateubriand rastreavam na Idade Média feudal ecavaleiresca os brasões contrastados por umaburguesia em ascensão. De resto, Alencar, aindafazendo “romance urbano”, contrapunha a moral dohomem antigo à grosseria dos novos-ricos; e fazendoromance regionalista, a coragem do sertanejo àsvilezas do citadino.

Espírito literário

• BOSI, p. 93

• Como os seus ídolos europeus, os nossosromânticos exibem fundos traços de defesa eevasão, que os leva a posições regressivas: noplano da relação com o mundo (retorno à mãe-natureza, refúgio no passado, reinvenção do bomselvagem, exotismo) e no das relações com opróprio eu (abandono à solidão, ao sonho, aodevaneio, às demasias da imaginação e dossentidos).

Temas

• BOSI, p. 93

• O fulcro da visão romântica de mundo é osujeito. Diríamos hoje, em termos de informação,que é o emissor da mensagem.

• O eu romântico, objetivamente incapaz deresolver os conflitos com as sociedade, lança-se àevasão. No tempo, recriando uma Idade Médiagótica e embruxada. No espaço, fugindo para asermas paragens ou para o Oriente exótico.

Nacionalismo e heroísmo

• BOSI, p. 95• Na ânsia de reconquistar “as mortas estações” e de

reger os tempos futuros, o Romantismo dinamizougrandes mitos: a nação e o herói.

• A nação afigura-se ao patriota do século XIX como umaideia-força que tudo vivifica. Floresce a História,ressurreição do passado e retorno às origens (Michelet,Gioberti). Acendra-se o culto à língua nativa e aofolclore (Schlegel, Garret, Manzoni), novas bandeiraspara os povos que aspiram à autonomia, como aGrécia, a Itália, a Bélgica, a Polônia, a Hungria e aIrlanda. (...)

Herói

• BOSI, p. 95

• O homem romântico reinventa o herói, queassume dimensões titânicas (Shelley, Wagner)sendo afinal reduzido a cantor da própriasolidão (Foscolo, Vigny).

• Mas, como herói, é o poeta-vate, o gênioportador de verdades, cumpridor de missões.

Indigenismo

• RONCARI, p. 290-291• O indígena americano já não era visto pela cultura

europeia como o bárbaro selvagem, mas como ohomem natural, puro, ainda não corrompido pelosmaus costumes da civilização. Além do indígena, o paísera valorizado ainda pela forte presença do “mundonatural”, grandes extensões de prados, rios eflorestas, em oposição ao ambiente essencialmenteurbano que começava a caracterizar os paíseseuropeus adiantados. Além disso, as grandes florestase extensões ainda não ocupadas nem modificadas pelohomem estavam próximas das cidades, mesmo dacapital, o Rio de Janeiro.

Indigenismo 2

• Tudo isso, considerado até então como sinal derusticidade e barbárie, adquiria um novo valor,positivo, e se tornava motivo de orgulho. Aliteratura brasileira, seguindo o exemplo europeu,como os romances de Chateubriand, escolherápara heróis e personagens dos romances epoemas índios e índias e ambientará suasnarrativas no seio das florestas ou nas grandesextensões do sertão, onde a aventura era maispossível do que nos espaços urbanos, povoadosde comerciantes e meirinhos.

Transformações formais

• BOSI, p. 96

• Os códigos clássicos, vigentes desde a Renascença,dispunham de macrounidades, os gêneros poéticos(épico, lírico, dramático) e de microunidades, asformas fixas (epopeia, ode, soneto, rondó, tragédia,comédia...). No interior desses esquemas, queformalizavam categorias psicológicas, atuava uma redede subcódigos tradicionais: topos, mitemas, símbolos;que, por sua vez, se traduziam, no nível da elocução,pelas figuras de estilo, de sintaxe e de prosódia,responsáveis pelo tecido concreto do texto literário.

Transformações formais

• BOSI, p. 96• Na França, a partir de 1820, e na Alemanha e na Inglaterra,

desde os fins do século XVIII, uma nova escritura substituíraos códigos clássicos em nome da liberdade criadora dosujeito. As liberações fizeram-se em várias frentes. Caiuprimeiro a mitologia grega (velha armadura mal remoçadano tempo de Napoleão), e caiu a golpes do medievismocatólico de Chateubriand et alii. Com as ficções clássicasfoi-se também o paisagismo árcade que cedeu lugar aopitoresco e à cor local. A mesma liberdade desterra formaslíricas ossificadas e faz renascer a balada e a canção, emdetrimento do soneto e da ode; ou, abolindo qualquerconstrangimento, escolhe o poema sem cortes fixos, quetermina onde cessa a inspiração (...).

Transformações formais 2

• BOSI, p. 96• A epopeia, expressão heróica já em crise no século XVIII, é

substituída pelo poema político e pelo romance histórico,livre das peias de organização interna que marcavam anarrativa em verso. No teatro, espelho fiel dos abalosideológicos, as mudanças não seriam menos radicais:afrouxada a distinção de tragédia e comédia, cria-se odrama, fusão de sublime e grotesco, que aspira areproduzir o encontro das paixões individuais contido pelasbienséances clássicas. O martelo, augurado por Victor Hugono prefácio do Cromwell, põe abaixo todas as convenções,começando pela vetusta lei das três unidades que ostrágicos da Renascença haviam tomado a Aristóteles.

Referências

• BOSI, Alfredo. História concisa da literaturabrasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

• RONCARI, Luiz. Literatura brasileira: dosprimeiros cronistas aos últimos românticos. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de SãoPaulo, 2002.