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71 OBRA DO ARQ. AUSTRIACO HUNDERTWASSER (1928 – 2000). 1 . 1 ANDERSEN, Véronique, 2006.

Capítulo 3

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3º Capítulo da Dissertação de Mestrado "Espaços de Sociabilidade entre comunidades específicas da antiga Fazenda São Roque em Franco da Rocha São Paulo."

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OBRA DO ARQ. AUSTRIACO HUNDERTWASSER (1928 – 2000).1

.

1 ANDERSEN, Véronique, 2006.

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CAPÍTULO 3 COMPARAÇÃO ENTRE AS PROPOSTAS

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Morfologia, modo como elementos se relacionam, como se conformam os lugares de encontro entre vizinhos no Ambiente Urbano,

através dela podemos também desenhar Espaços de Sociabilidade, Equipamentos Urbanos e toda Infra-estrutura Urbana, todos em total

equilíbrio com o Ecossistema Terrestre.

Legitimidade, radicalização do conceito, a partir da sociedade mercantil urbana no século XVII. A arquitetura formaliza espaços

democráticos que são um Direito de todo cidadão brasileiro, mas que poucos tem consciência de que além de ser desumano é também ilegal,

viver sem acesso aos Direitos Humanos Fundamentais.

Fundamentabilidade, diz respeito aquilo que é permanente, estrutura aquilo que é transitório. É regido pelo Sagrado e o Profano na

sociedade, dimensão em que se estabelece as relações de valor e poder.

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Os elementos acima citados e conceituados, são a base do Modelo Relacional desenvolvido por Sylvio Sawaya. Estes se relacionam com

as instâncias espaciais, seus agentes e atores, tem como objetivo sistematizar as decisões, com todos os envolvidos nas diferentes escalas em que

se tomam as decisões, refletidas no lugar. Através do conhecimento mútuo de todos os envolvidos no Processo Participativo de Projeto, sobre as

diferentes visões de mundo com o objetivo de reduzir as tensões presentes nas diferentes disputas territoriais.

O filósofo francês Pierre Bourdieu, diz: “ a estrutura das relações entre o campo religioso e o campo do poder comanda, em cada

conjuntura, a configuração da estrutura das relações constitutivas do campo religioso que cumpre uma função externa de legitimação da ordem

estabelecida na medida em que a manutenção da ordem simbólica, ao passo que a subversão simbólica da ordem simbólica só consegue afetar

a ordem política quando se faz acompanhar por uma subversão política desta ordem. ... a autoridade propriamente religiosa e a força temporal

que as diferentes instâncias religiosas podem mobilizar em sua luta pela legitimidade religiosa dependem diretamente do peso dos leigos por

elas mobilizados na estrutura das relações de forçam entre as classes. ...” portanto o objetivo é romper com os discursos da racionalidade

hegemônica, através da interpretação dos fenômenos das espacialidades e contemporaneidades em busca da identificação, não apenas do que

reluz diante do novo, mas que resiste e transforma. O que resistir, são os Fundamentos de uma sociedade.

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O fenômeno de crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo teve início com o êxodo rural2 no final do séc. XIX com

a chegada da Indústria de bens não duráveis. Mas no final do segundo quarto do século passado, houve um maior adensamento e aceleração

desse processo com a Política Getulista3. Na década de 70 do século passado a mecanização no processo de produção da indústria, trouxe a

diminuição na oferta de empregos. E assim o processo de adensamento vertiginoso dos subúrbios se intensificaram, assim como as ocupações

ilegais e moradias subnormais4.

Espaço arquitetônico projetado pode inter-facear diferentes atores ou soluções na busca por relações simbiônticas voltadas para melhorar

a qualidade de vida dos moradores dos atuais subúrbios dormitórios. Caso contrario sofrerão novo processo de expulsão das áreas que já dispõe

de infra-estrutura social e econômica, conforme da lógica do mercado imobiliário da economia capitalista.

2 Por volta de 1875, após a construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway para o escoamento do café produzido no interior paulista, houve o primeiro “boom” industrial. Junto com ele, a cidade de São Paulo teve sua expansão urbana intensificada, e com ela também as cidades vizinhas no entorno da linha férrea, entre elas, a cidade de Franco da Rocha que acabou se transformando em subúrbio dormitório, característica ainda muito presente na região. No início da década de 50 do século passado houve em São Paulo o segundo “boom” da indústria, dessa vez a de bens duráveis, o que chamou a atenção de muita gente que morava em áreas rurais que acabaram por fazer o êxodo rural, inchando a cidade de São Paulo e também as cidades vizinhas. LANGENBUCH, 1971. 3 Construiu a Infra-Estrutura necessária para a entrada da indústria de bens duráveis, como o automóvel. 4 IBGE.

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Essa lógica é cruel e não se relaciona com a estrutura do Suporte Biofísico, interage com a especulação imobiliária conforme

verificamos no capitulo 5. A consolidação da democracia na bacia do Juqueri, pode acontecer por meio da participação popular nas decisões de

Políticas Públicas na região e também para reivindicar as ações dos responsáveis legais para que tudo possa conviver em harmonia.

O desenho da ocupação da Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno, invade as áreas de Reserva Permanente do Patrimônio Natural, tais

como as matas ciliares e topos de morros, o projeto do assentamento manteve o vício das trilhas dos índios, as montantes e as jusantes. As casas

estão situadas ao longo das vias, e não criam os locais de sociabilidade.

A costura do tecido urbano na Estrutura do Suporte Biofísico buscando não agredi-lo, gentilmente bordando ponto a ponto é

acompanhado da costura das relações sociais, os vínculos foram estabelecidos sem critérios de afinidade e agora poderiam ser reformulados. É

o objetivo do projeto realizado para Uso e Sistema Viário da APA “Odette Rocha”, em escala 1:2500, o dobro do projeto realizado pelo ITESP.

Mas ainda isso é pouco, pois meu projeto foi realizado de modo autocrático, a medida em que eu não pude realizar o processo

participativo de projeto, devido as ressalvas dos assentados, pois já foram muito pesquisados e já realizaram muitas reuniões, estão cansados de

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conversa fiada, querem resultado. Ainda assim, esse material que produzimos poderia ser utilizado em reuniões para discutirmos o que seria o

projeto ideal pra aquele espaço.

Este é sonho: que todos juntos pudéssemos nos unir ao redor do objetivo de projetar coletivamente o espaço público da Antiga Fazenda

São Roque, e também o privado com maior critério, para assim garantir a escala do detalhe na execução do projeto. No caso poderíamos até

mesmo pensar na moda como forma de identificar o indivíduo sem massificação, na realidade deve ser algo mais clássico e ligado a estilo ao

invés daquilo que é efêmero.

Frank Lloyd Wright, critica a miséria do homem nas grandes cidades afirmando: “nenhum cidadão pode criar algo além de máquinas.”...

“O cidadão verdadeiramente ‘urbanizado’ torna-se um vendedor de idéias rentáveis, um viajante que explora a fraquezas humanas especulando

com as idéias e invenções dos outros, um parasita do espírito”... “Ele trocou seu contato original com os rios, os bosques, os campos e os animais

pela agitação permanente, a contaminação do óxido de carbono e um conjunto de celas de aluguel instaladas sobre a rigidez de um solo

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artificial.”...” a própria vida é cada vez menos ‘suportável’ na grande cidade. A vida do cidadão ‘urbanizado’ é artificial e gregária; torna-se a

aventura cega de um animal artificioso.”5

Wright fala também sobre democracia: “A democracia não pode se permitir ao luxo de confundir a simples personalidade com a

verdadeira individualidade humana. Do mesmo modo como a vontade humana e o puro intelecto nunca poderão produzir uma individualidade

autêntica.”

Milton Santos, em 8/01/2001disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo: “ A globalização, tal como ela se relaciona com o Brasil,

criou uma seletividade maior ainda no uso dos recursos públicos que se tornaram muito mais orientados para a vida produtiva que para a

problemática social.”

As idéias assim sem ligação com o local ficam fora do lugar e o lugar permanece fora das idéias6. A prática do planejamento urbano no

Brasil é bem diferente de sua retórica. Portanto qual seria o melhor mecanismo para garantir a preservação da Estrutura do Suporte Biofísico e

5 CHOAY, Françoise, 2002. 6 MARICATO, Ermínia. IN: ARANTES, 2000.

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sua Biodiversidade? A criação de uma APA resolve a questão da posse da terra, mas existe também o problema da especulação imobiliária.

Acontece quando o proprietário, poderia alugar o imóvel valorizado e viver sem trabalhar, apenas de renda. Os atuais assentados da Comuna da

Terra Dom Tomas Balduino, poderão legalmente se tornarem especuladores, caso queiram ou sejam manipulados para essa ação.

Para que isso não aconteça na Comuna, pode-se utilizar algum tipo de aluguel, desvinculado do mercado financeiro, e que seria pago

com a participação em uma Cooperativa de Serviços, por exemplo. Isso possibilita uma decisão de uso da terra independentemente do valor da

mesma, através da instituição de um Estatuto eleito por todos.

Esta ação local ajuda o morador a se sentir dono do lugar, para que assim ajude a cuidar do patrimônio coletivo. O espaço de moradia, se

torna também o local de outras formas de relacionamento sócio-econômico, pois também se trabalha ali. Este formato pode ser mais efetivo para

se alcançar o ideal da Comuna da Terra Dom Tomás Balduino.

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No Estado de São Paulo, mais precisamente no município de Bragança Paulista, há uma experiência piloto, que foi organizada por uma

Associação de Proteção e Assistência Carcerária7, a APAC, que é o Conselho do Município quem dirige a Associação da Sociedade Civil

Organizada, grupo de cidadãos ligados ao Poder Judiciário; Legislativo; Ministério Público; OAB;Policia Civil; e Conselho da Comunidade8.

Através da administração dos recursos da Cadeia Pública para a alimentação dos presos pela APAC – Bragança Paulista, com R$ 45 mil

mensais, contrataram funcionários técnicos e da área da saúde; pouparam para a realização de uma reforma ampliando sua capacidade para 230

presos. Esta experiência demonstra que os recursos, quando aplicados conscienciosamente, dão resultados. Também afirma a necessidade de

que a sociedade local se aproprie de seu entorno. Nesse Modelo o Estado tem a obrigação de garantir os recursos, enquanto a Iniciativa Privada

e Sociedade Civil Organizada local, tem o dever de direcionar de modo eficaz tais recursos. Nessa experiência a mudança administrativa trouxe

a redução de gastos e eficiência administrativa, o que precisa acontecer é o povo ficar de olho nos gastos públicos.

7 MASSOLA, 2005. 8 O Conselho da Comunidade se torna o conselho deliberativo da APAC, assim a torna apta a intervir nos assuntos de cumprimento de pena da Comarca.

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Por este motivo pensei em associar um SIG ao projeto físico da APA “Odette Rocha”, através dele o espaço será apropriado, pois

estabelece um caminho para que nos relacionemos com a Estrutura de Relações do Prático Inerte. Esse caminho esta sugerido através do projeto

que fiz para a disciplina de Sistemas de Informação Espacial com o professor Marcelo Giacalia.

Através das novas tecnologias podemos ter consciência de coisas que não conseguíamos antes, como as transmissões ao vivo das

reuniões do Supremo Tribunal Federal pela televisão. Ou mesmo as transmissões de fatos terríveis como bombardeios, ataques de pilotos

suicidas, aberturas de Copas e Olimpíadas, shows, Oscar, enfim uma infinidade de possibilidades de participar visualmente, em tempo real, pela

internet, tudo isso para trabalho e diversão. E por que não, para elaborarmos nossa Razão Comunicativa Habermasiana, potencializada a enésima

potencia?

Quanto a sub-cultura carcerária, diminuiu o nível de violência entre os presos além da redução no índice de reincidência. Para obter tais

resultados os presos são separados em dois grupos distintos: um com presos comuns, e outro com presos de confiança que são responsáveis pela

segurança. Assim pode-se abordar a escala microscópica do poder assim como abordado na Sociologia. Nos EUA os presos são avaliados pelo

grau de periculosidade e assim decide-se pra que tipo de instituição irão.

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Com apenas 250 presos não há rebelião e nem superlotação, a Sociedade exige o cumprimento dos direitos dos condenados, é um sistema

que objetiva a extinção das prisões, mas é factível apenas no interior. Familiares dos presos aprovam o Modelo de Organização local.

A APAC (Associação de Proteção Carcerária) possui apoio do juiz Corregedor da Cadeia Pública de Bragança, isso faz muita diferença,

pois assim que o sujeito comete o delito, o juiz já está pronto para dar a sentença.

O governo quer implantar tal esquema em todas as Cadeias Públicas, repetindo um modelo sem levar em conta características do local e

as relações que se estabelecem com o lugar. Deste modo poderá criar uma barreira de proteção territorial contra o crime organizado.

Essa notícia trata de dar maior sentido ao projeto de uma Unidade Integrada – que poderia ser piloto no Estado de São Paulo. Onde já

existe um edifício com apartamentos individuais, parecidos com os que estão em funcionamento na Aldeia da Esperança. Entre a sede do Centro

Pioneiro e o futuro Distrito Industrial.

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Uma alternativa ao atual Modelo Econômico Capitalista é a Economia Solidária9, através da preservação dos recursos hídricos podemos

criar uma simbiose entre aqueles que dividem o mesmo território.

Outra questão abordada é a ocupação desordenada de encostas, fato que decorre, em Franco da Rocha e Região Norte da Metrópole

paulistana, da ausência de Políticas Publicas para ordenar o crescimento dos subúrbios dormitórios no decorrer da história. Além da miséria e

privações tão presente no cotidiano da maioria da população ali residente, existe o risco de desabamento de suas “casas”.

A permanência das vias no topo e sobre a linha da jusante, torna essas áreas já naturalmente frágeis mais suscetíveis a erosão. A Rede

Hídrica é a espinha dorsal, e determina como será o desenho das vias no local. Se apenas repetíssemos o desenho das vias usadas no tecido dá

maioria dos bairros de São Paulo, com malha de cruzamento ortogonal, estaríamos criando um novo processo de desertificação para a área, onde

as nascentes seriam suprimidas ou canalizadas.

O desenho proposto pelo ITESP, não corrigiu esse detalhe e todo o Sistema Viário esta locado no topo dos morros. Esse formato acelera

a vazão da água além de ocupar Áreas de Proteção Permanente nos topos dos morros e ao redor dos cursos d’água. Outro problema deste

9 KOMUNA, 2005.

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desenho, é o impedimento a livre da circulação dos animais silvestres pela área, pois eles precisam de locais bem projetados para atravessarem

as vias, caso contrário podem ser atropelados.

No novo desenho do Sistema Viário procuramos locar as vias a meia encosta, o que permite a preservação dos topos, da mesma forma a

linha do montante fica protegida. As matas ciliares também foram preservadas, além de toda a área de mata existente ter sido incluída como

Área de Proteção, assim como prevê a recuperação das manchas de capoeira e campo, conforme o desenho do Zoneamento da APA “Odette

Rocha”.

Com esse formato pudemos cortar vales com as vias formado um desenho que cria pontos de passagem dos animais, embaixo das pontes

os bichos circulam livremente, podendo passear por um território maior, facilitando sua miscigenação. Essa é uma preocupação que fortalece a

criação desse ponto de preservação ambiental, pois esta localizada nas proximidades das APAS de “Jundiaí” e “Cajamar” que estão situadas a

noroeste e oeste, respectivamente, do local pesquisado. A leste um pouco mais distante, e com uma linha férrea a ser atravessa pela fauna local,

temos as APAS “Represa do Bairro da Usina” e “São Francisco Xavier”. Ao norte esta localizada a APA II de “Piracicaba e Juqueri Mirim”.

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Esta situação demonstra sua relevância quando pensamos em permitir que haja diversificação genética para a continuidade da vida

Silvestre dos animais terrestres presentes nas reservas de Mata Atlântica da Megalópole do Sudeste. Isso propicia criar espaços de sociabilidade

entre a realidade do Suporte Biofísico e sua Biodiversidade, com a dimensão mais presente nas relações de territorialidade que atuam no

território supra delimitado. Essa escala afirma o local, onde também procura manter a mesma estrutura de relações.

As áreas que possuem maior declividade foram destinadas à produção de Agro Floresta Sucessional. A divisão do território pelo sistema

de vias proposto, determinou um desenho de quadras que são bem diferentes das tradicionais quadras, ou sistemas radiais que foram implantados

na Paisagem da Região de Franco da Rocha.

As ‘quadras’ do novo projeto desenhado, foram designadas com critérios a partir do uso anterior, ou conforme a infra estrutura já

presente. Outro fator determinante para a localização das atividades, foi a determinação de que a área seria destinada a Área de Proteção

Ambiental, vigorada pela legislação do SNUC10. Assim pretendemos criar uma forca legal que impeça ações especulativas dos assentados ou de

seus descendentes.

10 SNUC, 2000.

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“O Espaço deixa de ser Espaço e passa e ser Tempo”11, através de formas e fluxos que se relacionam na Estrutura do Prático Inerte.

Espaço é Natureza, o Planeta Terra é o espaço, o que é diferente do nosso Universo Cultural que podemos chamar de mundo. Os Atores Sociais

agem com base em um Projeto Político de Sociedade, seus Agentes, no Sentido de Pertencimento, são aqueles que possuem Identidade Sócio

Territorial. O Território é Divisão Política, e pode ser dividido em Instância Social. É historicamente construído pelas ações de toda a

coletividade. Já aquilo que é territorial, segundo as teorias de bases endógenas12, pode criar resistência ao processo de globalização. São

relações que se estabelecem no Espaço, físico ou virtual, que objetivam fortalecer a economia local. Isso acontece quando existe Identidade

Cultural dos usuários do Espaço, que permitem assim o Acontecer Solidário, gerando uma Cultura da Paz.

A Paisagem Urbana, deve suscitar a imaginabilidade13 para ser legível, singular, ter formas simples, dar idéia de continuidade, possuir

algum elemento que predomine as ligações devem ser claras e as direções definidas, pelo menos até o alcance visual.

11 SANTOS, Milton. 1996. 12 LEMES, Manoel. N.A., 2005. 13 MAZZILI, Clice. 2003.

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Não podemos esquecer porém que a “... paisagem, é mais que espaço observado, trata-se de espaço vivenciado, da sensibilidade das

pessoas com seu entorno. ...” 14 passando assim a idéia de movimento das series temporais, isso pode ser complementado com nomes e

significados15. A Escola Alemã Bauhaus ensina através da Gestalt, que a compreensão do todo depende das partes.

Os elementos que fazem parte da dimensão visual são: equilíbrio; configuração; e forma. Nesse último podemos citar os componentes do

espaço: cheio, vazio, figura, fundo, dentro, fora, vertical, horizontal, perspectiva, mobilidade, ordem/desordem, simbolismo, expressão e função.

Abstrato é a qualidade sinestésica de um fato visual reduzido a seus componentes básicos. O Projeto deve estar embasado em dados naturais

significativos, para que se possa compreender a dialética do Espaço. Tais informações devem ser referentes aos usuários, suas famílias, a

comunidade, seu modo de organização, locais de lazer. Essas informações precisam ser analisadas nas diferentes escalas da cidade, pois existem

diferentes lógicas agindo no mesmo espaço físico.

NO QUADRO A BAIXO VEMOS COMO FUNCIONA ESSE SISTEMA DE INFORMAÇÃO:

14 SANDEVILLE, Euler Jr.: apud: SATO, Clara Nori. 2007. 15 CULLEN, Gordon. 1971.

4

• Componentes do SIG

SoftwareSIG

SistemasDesenvolvidos

Espacial

Alfanumérica

SIGUsuário

Equipe deSuporte

MundoReal

Abstraçãoou

Simplificação

Base dedados

RESULTADOS

Hardware

COMPONENTES

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FONTE: GIACALIA, 2007.

O trabalho do Arquiteto pode ser também desenvolver os Sistemas de Informação Geográfica, posto que demandam de significação. Isto

feito os valores já presentes no cotidiano das comunidades, são incorporados ao projeto, assim o local conseguira abrigar os inputs e outputs

projetados coletivamente pela sociedade, a consulta as comunidades permite contextualização do lugar. É uma forma de aproximar escalas dão

USUARIOS

EQUIPE SUPORTE

MUNDO REAL

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distantes quanto a da unidade habitacional e da cidade, isso pode romper com o condicionalismo sócio-cultural que insere a unidade habitacional

em um contexto mais complexo.

Para melhor compreensão da resultante dessas ações e forças, é necessária sua sistematização, o que possibilita uma manipulação mais

rápida e precisa destes dados, mostrando a realidade. Os sistemas devem estar conectados a ‘blogs’ de acesso público, sobre os problemas

enfrentados pela administração pública no exercício de suas funções.

Espaço Vital é expresso pelas necessidades territoriais de uma sociedade em função do seu desenvolvimento tecnológico, isto segundo

Ratzel16. Já a Social Democracia inglesa, assim como outros movimentos políticos, diz que é a razão de ser do Estado. Mas infelizmente, No

Congres Internacional d’Architecture Moderne, em 1928 foi dito: “A Arquitetura Moderna reduziu o espaço individual, junto com certas

necessidades individuais, doravante desprovida de uma verdadeira justificativa”.

O arquiteto norte-americano Halprin abstraiu o conceito de espacialização de uma peça musical de teatro, para o processo participativo

de projeto, assim como todos os campo do esforço humano. Esse método possibilita a incorporação de diferentes dimensões ao mesmo tempo,

16 CASTRO, Iná E., CORREA, Roberto, GOMES, Paulo. 1995.

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com isso o primeiro projeto pode mudar completamente, se assim todos preferirem. São ciclos que ele estabeleceu quatro elementos de

fundamentação: R = “Resource whit are what you have to work with.”; S = Score –> “ a printed piece of music showing at the parts for the

instruments or voices” descrição do processo dominante do desempenho; V = Valuation -> avaliação com análise de resultados das ações,

possibilidades escolhidas e decisões tomadas; P = Processo, aquilo que integra tudo.

A Paisagem ... “como conformação em câmbio de processos naturais e humanos num sítio (lugar, região). É, portanto um termo

complexo, a implicar em sínteses diversas, posto que a realidade ‘designada’ é complexa e interativa. Como arquitetos creio que nos interesse

um conceito operativo para nossas práticas, as quais envolvem a intelecção e a organização do espaço em escalas diversas17.

Lugar é também complexo de relações de localização determinada, pode ser Espaço banal, cotidiano, da existência do Evento. Lugar da

percepção empírica do mundo, a cidade é local de encontros, as cidades gregas possuíam cerca 5000 famílias, o que determinava um número de

aproximadamente 25000 pessoas.

17 SATO, Clara, 2007.

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Os lugares se articulam horizontalmente no território e verticalmente em rede para ação dos atores sub-locais e são únicos, híbridos e

singulares contem e são contidos pelo global. Sua valorização deve ser orientada para além da valorização das formas do lugar, compreendendo

também o Sistema de ações do lugar, preexistentes e potenciais. A relação da ação econômica na Sub-Bacia do Juqueri, pode ser o meio de

ensinamento do ciclo da água e das conseqüências que o mesmo sofrerá, no caso da continuidade dos atuais: nível de emissão de poluentes no

Ambiente Natural; e utilização dos Recursos Naturais sem os devidos estudos sobre o Impacto Ambiental dessas ações.

Já que não é possível calcular, estimar, nem controlar os movimentos migratórios do capitalismo, as Comunas da Terra incorporam no

cotidiano dos trabalhadores rurais, os elementos de um novo modo de vida. Porém ainda não há como definir se é uma coisa ou outra, e também

não é algo que separe o urbano do rural.

De qualquer modo, seja no espaço urbano seja no rural, a população de menor renda é prisioneira do espaço. Arquitetura captura o vazio

pela forma e o espaço é sua matéria prima. Ela também não se presta a análise, apenas se aplica. E é através da palingenesia o arquiteto aprende

com outros arquitetos, isto feito os valores almejados no cotidiano das comunidades, são incorporados ao projeto, mas se as comunidades não

são consultadas, não haverá contextualização do lugar, e as idéias estão fora do lugar e vice-versa.

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Qual o Modelo de Sociedade que poderá sobreviver aos problemas ambientais que existem no Planeta? Qual a filosofia que exemplifica

as qualidades necessárias, e as ensinara à humanidade sobre essa Nova Era de transformação do modelo de valor fordista-taylorista para um

modelo que privilegie o real valor do Ser Humano e da vida no Planeta Terra? Qual o modo de vida que deveremos adotar para sobreviver às

catástrofes, provocadas pelo homem, que estão por vir? Quem deverá estar (ou está) no comando dessa transformação? Ela acontece de modo

eficiente?