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Caracterização das habilidades do
processamento auditivo de crianças atendidas no
ambulatório de transtorno de aprendizagem de
uma clínica escola de Belo Horizonte
Characterization of the abilities in the auditory
processing of children who are seeing at the department
of a learning disability school chinic in Belo Horizonte
Jéssyka Kellen Marçal Teixeira1, Danielle Farias Parreiras
2,
Vanessa Ferreira Mariz3, Luciana Mendonça Alves
4
Resumo
Objetivos: verificar as habilidades do processamento auditivo em crianças atendidas
no Ambulatório de Transtorno de Aprendizagem de uma Clínica Escola de Belo
Horizonte. Métodos: foi analisado o banco de dados das Clínicas Integradas em
Saúde do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix que continha os
protocolos de avaliação do Processamento Auditivo dos pacientes atendidos no
ambulatório de Transtornos de Aprendizagem no período de fevereiro a julho de
2013, a fim de caracterizar a população estudada quanto ao desempenho nos testes,
idade e escolaridade. Os protocolos continham os resultados dos seguintes testes do
processamento auditivo: SSW (Staggered Spondaic Word test); PSI (Pediatric
Speech Intelligibility test) SSI – (Synthetic sentence identification); o teste de
Padrão de Duração e de Frequência Melódicos. Resultados: foram analisados oito
protocolos, sendo 5 de pacientes do gênero masculino e 3 de pacientes do gênero
feminino. A média da idade do grupo estudado foi 10,2 anos, cursando entre o 3° e
7° ano do ensino fundamental. Todos os indivíduos apresentaram alterações nos
testes realizados sendo os mais alterados os testes dicóticos SSW-PSI/SSI-MCC. O
subperfil mais alterado foi o de integração auditiva (87,5%) dos sujeitos.
Conclusão: verificaram-se possíveis transtornos do processamento auditivo em
crianças com transtorno de aprendizagem. É de extrema importância à realização
1 Fonoaudióloga, Especialização em Audiologia pela Pontifícia Universidade Católica-PUC –(BH),
Brasil. [email protected] 2 Fonoaudióloga pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – IMIH – Belo Horizonte (BH),
Brasil. [email protected] 3 Fonoaudióloga, Mestre em Ciências da Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG, docente do
Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – IMIH – Belo Horizonte (BH), Brasil.
[email protected] 4 Fonoaudióloga. Mestre e doutora em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Pós-doutora em Linguística pelo Laboratoire Parole et Langage - França e docente do Curso de
Graduação em Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
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dos testes do processamento auditivo em crianças no período escolar para um
diagnóstico precoce, nortear a terapia e estimular áreas sensoriais.
Palavras-chave: tradição; percepção auditiva; testes auditivos; learning; transtornos de
aprendizagem; estudantes.
Abstract: Objectives: to assess the auditory processing skills in pediatric patients at the
Learning Disorder Clinic at a clinical school in Belo Horizonte. Methods: the database
of the Integrated Health Clinics of Central Methodist University Izabela Hendrix
containing protocols for assessing auditory processing of patients in the Clinic of
Learning Disorder from February/2013 to July/2013 has been analysed, aiming to
characterize the population as far as test performance, age and gender. The obtained
data included the results of the following tests of auditory processing: SSW (Staggered
Spondaic Word test); PSI (Pediatric Speech Intelligibility test) SSI (Synthetic Sentence
Identification); the test of Melodic Frequency and Length Patterns. Results: eight
protocols have been analyzed, being 5 of male patients and 3 of female patients. The
average age of the group was 10.2 years, enrolled between the 3rd and 7th grades of
elementary school. All subjects showed disturbances in the tests conducted, with the
higher changes on the dichotic SSW-PSI/SSI-MCC tests. The sub-profile with the
highest disturbances was the auditory integration one (87.5 % of the subjects).
Conclusion: possible auditory processing disorders have been found in children with
learning disorder. It is of great importance to run auditory processing tests in children
for early diagnosis, conduct therapy and stimulate sensory areas.
Keywords: auditory perception; hearing tests; learning; learning disorders; students
INTRODUÇÃO
O processamento auditivo é definido por um conjunto de operações que o sistema
auditivo realiza como receber, detectar, decodificar e integrar os estímulos acústicos
para, posteriormente, programar uma resposta, ou seja, é o conjunto de habilidades
auditivas necessárias para que o indivíduo compreenda a mensagem ouvida
(OLIVEIRA, MURPHY, SHOCHAT, 2013).
Na década de 50, pesquisadores utilizaram pela primeira vez um teste monoaural de fala
distorcida para avaliar a função auditiva central em pacientes com lesões do sistema
nervoso auditivo central, pois notaram que a bateria audiológica convencional
(audiometria tonal limiar e imitanciometria) não era suficiente para detectar as
alterações na audição destes pacientes (SOARES, SANCHES, ALVES, CARVALHO,
CÁRNIO, 2013).
Dessa maneira, tornou-se necessário uma avaliação que esclarecesse as queixas
auditivas que a audiometria e a imitanciometria não conseguiam justificar. Sendo
assim, a avaliação do processamento auditivo surgiu da necessidade de analisar a
capacidade do indivíduo em reconhecer sons verbais e sons não verbais em escuta
complexa, podendo definir a capacidade do indivíduo de acompanhar a conversação em
ambientes desfavoráveis (OLIVEIRA, MURPHY, SHOCHAT, 2013).
Segundo LUZ et,al (2014) alterações do processamento auditivo podem ser
identificadas por meio de testes eletrofisiológicos cujo objetivo é verificar a integridade
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da via auditiva e por meio de testes comportamentais que avaliam as habilidades
auditivas. Os testes comportamentais são selecionados de acordo com a faixa etária,
nível cognitivo e habilidades de linguagem receptiva e expressiva. Estes permitem
determinar se há ou não a presença de uma disfunção, qualificar o tipo de dificuldade e
direcionar as condutas e o processo terapêutico. Os testes comportamentais auxiliam
não somente no topodiagnóstico, mas também na qualificação das respostas
apresentadas em cada habilidade auditiva.
O transtorno do processamento auditivo pode ser definido como uma alteração ou
inabilidade na recepção, análise e integração das informações auditivas. É uma
patologia de complexo diagnóstico, pois pode estar associado a diversas outras
alterações do desenvolvimento, o que poderá acarretar prejuízos na comunicação em
ambientes ruidosos; compreensão de gracejos e piadas; dificuldade na aprendizagem da
leitura e escrita; atenção reduzida; dificuldades para lembrar e organizar informações
auditivas; e sequencializar estímulos verbais e não verbais (SOARES, SANCHES,
ALVES, CARVALHO, CÁRNIO, 2013; OLIVEIRA, MURPHY, SHOCHAT, 2013).
Pode ser classificado de acordo com as habilidades auditivas em subperfis. De acordo
com Belles e Ferre (1996) os subperfis específicos do transtorno do processamento
auditivo são decodificação, prosódia e integração auditiva. A decodificação auditiva é o
subperfil mais específico à modalidade auditiva. Crianças com alteração neste subperfil
apresentam dificuldades para discriminar os sons ouvidos, analisar os sons da fala, ouvir
em ambientes ruidosos, vocabulário restrito e substituições de grafemas na escrita.
Disfunções em prosódia caracterizam-se por inabilidade para compreender e/ou
identificar intenções de um enunciado. Já os prejuízos da integração podem ser
caracterizados por inabilidade para integrar as informações sensoriais auditivas com
outras não auditivas, como táteis e visuais. Neste caso, as crianças podem apresentar
alterações na leitura, escrita, ritmo e pausas. Os sintomas desse déficit podem ser
somente uma manifestação de dificuldades de caráter multimodal originadas por uma
disfunção no corpo caloso. Os achados típicos na avaliação comportamental do
processamento auditivo são: déficit na nomeação de padrões temporais, com melhor
performance na imitação (Pich Pattem Sequence e Duration Pattern Sequence PPS e
DPS) e desempenho rebaixado em testes dicóticos principalmente em testes com maior
complexidade linguística (Staggered Spondaic Word SSW) (MURPHY-
RUIZ,PENALOZA-LOPEZ, PEDOZA, 2014).
Quanto à definição de sua etiologia, estudiosos apontam que o TPA pode estar
relacionado com a falta de experiência auditiva e sensorial do indivíduo, sua privação
sensorial e maturação do sistema nervoso auditivo central. Algumas prováveis causas
discutidas foram infecções congênitas neonatais (rubéola, sífilis e herpes), febre alta
durante a primeira infância, alterações cromossômicas, infecções pós-natais (meningite,
sífilis, degenerações e desmielinizações), transtornos metabólicos e episódios de otite
média recorrente, principalmente nos primeiros anos de vida (TERTO, LEMOS, 2014).
A audição e linguagem são funções correlacionadas, interdependentes, que estabelecem
o contato do ser humano com o meio ambiente, promovendo a sua integração intelectual
e social. A primeira função envolve a participação de redes neurais que atuam de
maneira diferenciada no processamento de sons ao longo das vias auditivas centrais. Já
a segunda, envolve um processo complexo, uma vez que está diretamente relacionado à
elaboração e simbolização do pensamento humano. A via sensorial preferencial para a
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aprendizagem muitas vezes é a auditiva e se a mesma estiver alterada, a aprendizagem
provavelmente ficará prejudicada (LUCION, OLIVEIRA, 2010).
O transtorno de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo
heterogêneo de alterações relacionadas com dificuldades significativas que abrangem
diferentes distúrbios que podem afetar várias áreas do desempenho acadêmico, como a
aquisição e uso da fala, leitura, escrita, raciocínio, habilidade matemáticas e audição.
Alguns autores afirmam ser necessária a avaliação das funções auditivas durante o
diagnóstico de pacientes com queixa de dificuldade de aprendizagem, para que aqueles
que possuam alguma alteração possam receber orientações e intervenções adequadas,
tanto no ambiente escolar quanto clínico (KIDA, et.al 2017 ).
A associação entre transtorno do processamento auditivo e transtornos de aprendizagem
adquiriu notoriedade nos últimos anos devido ao crescente número de crianças que vem
apresentando dificuldades escolares, o que leva a questionar possíveis interferências
advindas da infância como, por exemplo, quadro de otites de repetição que pode estar
relacionado a uma alteração nas habilidades do processamento auditivo dessas crianças,
que, como não diagnosticadas na maioria das vezes, são conhecidas como incapazes
levando a evasão e reprovação escolar em larga escala, o que tem gerado um problema
nacional (SANTOS, NAVAS, 2002).
É de suma importância à intervenção precoce por um grupo multidisciplinar, com a
intenção de proporcionar diagnóstico precoce, nortear a terapia e estimular áreas
sensoriais. É fundamental que cada caso seja analisado individualmente com base nas
alterações apostadas na avaliação, para que o estabelecimento dos objetivos a serem
alcançados seja feito da forma mais precisa e especifica possível (KIDA, et.al 2017;
SANTOS, NAVAS 2002).
O objetivo do presente estudo foi verificar possíveis alterações do processamento
auditivo em crianças com transtorno de aprendizagem atendidas no ambulatório de
transtornos de aprendizagem das Clínicas Integradas em Saúde do Centro Universitário
Metodista Izabela Hendrix (CEUNIH) no período de fevereiro a julho de 2013.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Este estudo caracteriza-se por ser descritivo retrospectivo, realizado no período de
fevereiro a julho de 2013. Foi analisado o banco de dados das Clínicas Integradas em
Saúde do CEUMIH que contém os protocolos de avaliação do processamento auditivo,
idade e a escolaridade dos pacientes atendidos no ambulatório de Transtorno de
Aprendizagem com o objetivo de caracterizar a população estudada.
A disponibilização dos dados foi concedida pela administração das Clínicas Integradas
em Saúde por meio da assinatura do termo de autorização.
A pesquisa teve caráter documental, em que se preservou a identidade, assim como
quaisquer dados que pudessem identificar os sujeitos participantes da coleta de dados.
As informações analisadas no banco de dados foram: idade, gênero e escolaridade de
cada um dos pacientes atendidos, além de informações sobre os resultados dos seguintes
testes do processamento auditivo: SSW – que avalia a habilidade de figura-fundo por
meio do reconhecimento de sons em escuta dicótica; PSI – que avalia se o indivíduo é
capaz de selecionar a mensagem principal de sons competitivos (figura-fundo), o teste
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de Padrão de Duração e de Frequência Melódicos – que avalia a habilidade auditiva de
ordenação temporal e discriminação de sons quanto aos aspectos de frequência e
duração (SOARES, SANCHES, ALVES, CARVALHO, CÁRNIO, 2013).
Foram incluídos na amostra os protocolos contidos e registrados corretamente no banco
de dados do Ambulatório de Transtorno de Aprendizagem das Clínicas Integradas em
Saúde do CEUMIH, no período entre fevereiro e julho de 2013, de indivíduos na faixa
etária entre oito e doze anos com audição normal. Foram excluídos dados referentes a
avaliações registradas em outros anos, além de registros com dados incompletos e
indivíduos que, segundo o banco de dados, apresentavam alterações neurológicas.
Todas essas informações estavam descritas no banco de dados do CEUMIH.
A análise exploratória objetivou uma caracterização da amostra total dos pacientes
examinados, sendo, para isso, utilizadas medidas descritivas (média e desvio-padrão e
mediana) para as variáveis quantitativas (PSI-MCI, SSI-MCI, SSW, DPS e PPS) e
distribuições de frequências para as variáveis qualitativas (idade e escolaridade). As
análises foram realizadas no software estatístico minitab, versão 15, 2007.
RESULTADOS:
Esta pesquisa foi realizada com oito pacientes de ambos os gêneros, sendo cinco do
gênero masculino e três do gênero feminino. A média de idade do grupo estudado foi
10,2 anos (variando entre 8,6 a 12). Em termos de escolaridade, o maior percentual dos
pesquisados 37,5% cursavam o 4º ano do ensino fundamental, 25% cursavam o 3º ano,
12,5% cursavam o 5º ano, 12,5% cursavam o 6° ano e outros 12,5% da amostra
representaram os pacientes que cursavam o 7° ano.
A tabela 1 apresenta a caracterização dos sujeitos nos testes realizados do
processamento auditivo.
Testes auditivos Casos %
PSI - SSI MCI 0 dB Alterada 0 0,0
Normal 8 100,0
PSI - SSI MCI -10 dB Alterada 2 25,0
Normal 6 75,0
PSI - SSI MCI -15 dB Alterada 2 25,0
Normal 6 75,0
PSI - SSI MCC 0dB Alterada 0 ,0
Normal 8 100,0
PSI - SSI MCC -40dB Alterada 0 12,5
Normal 8 87,5
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40
SSW Direita Competitiva Alterada 6 75,0
Normal 2 25,0
SSW Esquerda
Competitiva
Alterada 6 75,0
Normal 2 25,0
SSW Tipo A AUSENTE 8 100,0
Normal 0 0
SSW EO Alterada 7 87,5
Normal 1 12,5
SSW EA Alterada 7 87,5
Normal 1 12,5
SSW Inversões Alterada 5 62,5
Normal 3 37,5
PPS Imitando Alterada 5 62,5
Normal 3 37,5
PPS Nomeando Alterada 6 75,0
Normal 2 25,0
DPS Imitando Alterada 3 37,5
Normal 5 62,5
Total 8 100
Análise realizada por meio do software minitab, versão 15, 2007. (Legenda: PSI–
Pediatric Speech Intelligibility test; MCI -Mensagem Competitiva Ipsilateral; MCC -
Mensagem Competitiva Contralateral;SSW – Staggered Spondaic Word test ;EO- Efeito
de ordem; EA-Efeito Auditivo; PPS -Pich Pattern Sequence; ; DPS -Duration Pattern
Sequence;%- Percentagem).
A tabela 2 apresenta a estatística descritiva dos testes dicóticos em relação à idade.
Dicótico Idade Estatistica Descritiva
N Média D.P 1Q Mediana 3Q
PSI - SSI MCC 0dB 9 4 100,00 ,00 100,00 100,00 100,00
10 1 100,00 100,00 100,00 100,00
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12 3 100,00 ,00 100,00 100,00 100,00
PSI - SSI MCC -40dB 9 4 95,00 5,77 90,00 95,00 100,00
10 1 90,00 90,00 90,00 90,00
12 3 100,00 ,00 100,00 100,00 100,00
SSW Direita Competitiva 9 4 66,00 22,04 48,00 61,50 88,50
10 1 73,00 73,00 73,00 73,00
12 3 80,33 11,24 68,00 83,00 .
SSW Esquerda Competitiva 9 4 62,00 22,47 43,00 59,00 84,00
10 1 85,00 85,00 85,00 85,00
12 3 78,33 20,42 55,00 87,00 .
Análise realizada por meio do software minitab, versão 15, 2007.(Legenda: PSI –
Pediatric Speech Intelligibility test,SSI- Synthetic sentence identification, MCC -
Mensagem Competitiva Contralateral, SSW – Staggered Spondaic Word test,N-
números, DP –desvio padrão, 1Q- Primeiro Quartil, 3Q-Terceiro Quartil, dB –
Decibéis).
A tabela 3 apresenta a estatística descritiva dos testes dicóticos em relação à
escolaridade.
N Média D.P 1Q Mediana 3Q
PSI - SSI MCC 0dB 3a série 2 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00
4a série 3 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00
5a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
6a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
7a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
PSI - SSI MCC -40dB 3a série 2 95,00 7,07 90,00 95,00 .
4a série 3 93,33 5,77 90,00 90,00 .
5a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
6a série 1 100,00 100,00 100,00 100 0
7a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
SSW Direita Competitiva 3a série 2 61,50 19,09 48,00 61,50 .
4a série 3 71,33 22,55 48,00 73,00 .
5a série 1 68,00 68,00 68,00 68,00
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6a série 1 83,00 83,00 83,00 83,00
7a série 1 90,00 90,00 90,00 90,00
SSW Esquerda Competitiva 3a série 2 59,00 22,63 43,00 59,00 .
4a série 3 71,67 24,85 43,00 85,00 .
5a série 1 55,00 55,00 55,00 55,00
6a série 1 87,00 87,00 87,00 87,00
7a série 1 93,00 93,00 93,00 93,00
Análise realizada por meio do software minitab, versão 15, 2007.(Legenda: PSI
Pediatric Speech Intelligibility test,SSI- Synthetic sentence identification, MCC -
Mensagem Competitiva Contralateral, SSW – Staggered Spondaic Word test,N-
números, DP –desvio padrão, 1Q- Primeiro Quartil, 3Q-Terceiro Quartil).
A tabela 4 apresenta estatística descritiva dos testes de processamento temporal em
relação à idade.
Processamento Temporal Idade
Estatística Descritiva
N Média D.P 1Q Mediana 3Q
PPS Imitando
9 4 40,00 16,33 25,00 40,00 55,00
10 1 50,00 50,00 50,00 50,00
12 3 93,33 5,77 90,00 90,00 .
PPS Nomeando
9 4 30,00 16,33 15,00 30,00 45,00
10 1 70,00 70,00 70,00 70,00
12 3 78,33 16,07 60,00 85,00 .
PPS Reversão
9 4 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
10 1 1,00 1,00 1,00 1,00
12 3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
DPS Imitando
9 4 87,50 15,00 72,50 90,00 100,00
10 1 80,00 80,00 80,00 80,00
12 3 96,67 5,77 90,00 100,00 .
DPS Nomeando
9 4 92,50 15,00 77,50 100,00 100,00
10 1 100,00 100,00 100,00 100,00
12 3 89,00 1,73 87,00 90,00 .
DPS Reversão 9 4 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
10 1 2,00 2,00 2,00 2,00
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12 3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Análise realizada por meio do software minitab, versão 15, 2007.(Legenda: PPS Pich
Pattern Sequence; DPS -Duration Pattern Sequence; N-números; DP –desvio padrão;
1Q- Primeiro Quartil; 3Q-Terceiro Quartil).
A tabela 5 apresenta a estatística descritiva dos testes de processamento temporal em
relação à escolaridade.
Processamento Temporal Escolaridade Estatística Descritiva
N Média D.P 1Q Mediana 3Q
PPS Imitando
3a série 2 50,00 14,14 40,00 50,00 .
4a série 3 36,67 15,28 20,00 40,00 .
5a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
6a série 1 90,00 90,00 90,00 90,00
7a série 1 90,00 90,00 90,00 90,00
PPS Nomeando
3a série 2 40,00 14,14 30,00 40,00 .
4a série 3 36,67 30,55 10,00 30,00 .
5a série 1 90,00 90,00 90,00 90,00
6a série 1 60,00 60,00 60,00 60,00
7a série 1 85,00 85,00 85,00 85,00
PPS Reversão
3a série 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4a série 3 0,33 0,58 0,00 0,00 .
5a série 1 0,00 0,00 0,00 0,00
6a série 1 0,00 0,00 0,00 0,00
7a série 1 0,00 0,00 0,00 0,00
DPS Imitando
3a série 2 90,00 14,14 80,00 90,00 .
4a série 3 83,33 15,28 70,00 80,00 .
5a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
6a série 1 90,00 90,00 90,00 90,00
7a série 1 100,00 100,00 100,00 100,00
DPS Nomeando
3a série 2 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00
4a série 3 90,00 17,32 70,00 100,00 .
5a série 1 90,00 90,00 90,00 90,00
6a série 1 90,00 90,00 90,00 90,00
7a série 1 87,00 87,00 87,00 87,00
DPS Reversão 3a série 2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
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4a série 3 0,67 1,15 0,00 0,00 .
5a série 1 0,00 0,00 0,00 0,00
6a série 1 0,00 0,00 0,00 0,00
7a série 1 0,00 0,00 0,00 0,00
No presente estudo, os testes monóticos, Pediatric Speech Intelligibility e Synthetic
Sentence Identification (PSI-SSI), na condição de mensagem competitiva ipsilateral,
apresentaram maior número de resultados dentro da normalidade (75% dos sujeitos).
Não observou diferença no desempenho dos testes em relação à idade e escolaridade.
Em relação à caracterização dos transtornos, observou-se que todos os indivíduos foram
classificados com, pelo menos, um subperfil de transtorno do processamento auditivo
segundo Bellis e Ferre (1996), sendo 87,5% classificados como transtorno de integração
auditiva, 12,5% de prosódia e 12,5% de decodificação auditiva.
DISCUSSÃO:
Na pratica clínica, em crianças com queixas de alterações na leitura e escrita várias
habilidades devem ser investigadas a fim de caracterizar um provável fator etiológico,
ou muitas vezes até mais de um. Entre as habilidades necessárias para um adequado
aprendizado de leitura e escrita, é de consenso comum que a função auditiva exerce
papel preponderante (LUCIAN, OLIVEIRA, 2010; SANTOS, NAVAS 2002).
A associação entre o transtorno do processamento auditivo e transtorno de
aprendizagem é cada vez mais frequente devido ao crescente número de crianças com
dificuldades escolares, o que nos levou a questionar possíveis alterações nas habilidades
do processamento auditivo dessas crianças.
Acreditamos que a percepção e a produção da fala são eventos relacionados. A
habilidade para produzir fala inteligível depende, em grande parte, das habilidades para
processar os paradigmas do espectro acústico e da prosódia da fala do locutor. Assim, a
apreciação de frequência, da intensidade e da duração dos sons serve como base
construtora da audição e da linguagem (FRIEDERICIAD, 2012; ROMERO,
CARDOSO, CAPELLINI 2012).
Considerando que a linguagem é um sistema de comunicação contendo diferentes
elementos, que dizem respeito á fonologia ou á estrutura do estímulo que são os padrões
de sons da língua, á sintaxe, que é organização dos estímulos em padrões significativos
e ainda á semântica, relativa ao significado de um estímulo .Muito da linguagem e
aprendido pela audição. Para que uma criança aprenda na escola, portanto, ela deve ter
boa detecção de sons e ainda ser capaz de separar sons de fala de outros ambientais, isto
é, ter boa atenção dividida. Quando suas habilidades auditivas não são boas, torna-se
muito difícil aprender sem assistência especial, mesmo tendo inteligência normal,
motivação e saúde (SANTOS, NAVAS, 2002).
No presente estudo, observou-se alterações nos testes monóticos, dicóticos e de
processamento temporal (tabela 1). Uma série de pesquisas também demonstrou
alterações do processamento auditivo em crianças com transtorno de aprendizagem
confirmada por testes comportamentais do processamento auditivo (OLIVEIRA,
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MURPHY, SHOCHAT, 2013; SOARES, SANCHES, ALVES, CARVALHO,
CÁRNIO 2013;PEREIRA , SILVA, CARDOSO, 2013).
Ao comparar as faixas etárias com os escores obtidos nos testes dicóticos do
processamento auditivo, observou-se melhora com o aumento da idade e escolaridade.
(tabela 2 e tabela 3). O teste SSW é o que querer uma maior demanda linguística, ele
avalia as habilidades auditiva de integração binaural, discriminação auditiva, interação
auditiva e sequencialização. Alguns autores afirmam que os primeiros anos de vida são
críticos para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem, pois, neste
período, ocorre a maturação do sistema auditivo central. A experienciação auditiva,
nesta fase, quando há maior plasticidade e estabelecimento de novas conexões neurais, é
imprescindível para o desenvolvimento normal da audição e de linguagem (LUZ,
COSTA, FERREIRA, 2014).
Outro fator importante é a participação dos pais e professores quando se trata da
estimulação dessas crianças, o que propicia um bom desenvolvimento social, psíquico,
educacional e emocional, visando o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem e
elaborando novos sistemas de ensino que viabilizem o acesso a informação. Segundo a
literatura pode haver também disfunção no corpo caloso que faz a conexão temporal,
parietal e occipital. A maturação do corpo caloso ocorre a partir dos sete anos de idade e
se estende até 10 a 12 anos (OLIVEIRA, MURPHY, SHOCHAT, 2013; SOARES,
SANCHES, ALVES, CARVALHO, CÁRNIO 2013; RABELO, SHOCHAT, SANFINS
2000).
Tal atraso maturacional interfere de forma significativa no desempenho dos testes de
processamento auditivo e nas habilidades de leitura e escrita. Esses achados corroboram
com a literatura nacional que aponta que tal diferença pode interferir diretamente em
habilidades que exigem a manipulação de informações fonológicas na memória e que
são necessárias para a aprendizagem da leitura e escrita em idade escolar, sendo este um
componente verificado em escolares com quadro de transtorno de aprendizagem
(FRIEDERECIAD 2012).
Nos testes de ordenação temporal verificou-se melhor desempenho com o aumento da
idade e escolaridade (tabela 4 e 5). Por meio dos testes de ordenação temporal DPS e
PPS, pode-se detectar alterações nas habilidades auditivas de discriminação e
sequencialização (processamento temporal). A resolução temporal ou discriminação
referem-se à duração mais curta do tempo no qual um indivíduo pode discriminar entre
dois sinais auditivos (ROMERO, CARDOSO, CAPELLINI, 2012).
A ordenação temporal, ou sequencialização, refere-se ao processamento de dois ou mais
estímulos auditivos na sua ordem de ocorrência no tempo. Isto foi um fenômeno
altamente investigado, em particular por causa da sua importância na percepção de
discurso. Tal processo não é restrito a um hemisfério apenas, mas necessita de
integração da informação de ambos os hemisférios através do corpo caloso. A privação
sensorial desses sujeitos pode contribuir para falta de integração das informações
visuais, táteis e auditivas propiciando dificuldade na leitura e escrita. (LUCIAN,
OLIVEIRA, 2010). Crianças com mais experimentação sensorial e com um nível de
escolaridade avançado, geralmente, apresentam melhores desempenho nos testes de
processamento temporal. (MURPHY, SCHOCHAT, 2009)
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Ao considerar que o processamento temporal está intimamente relacionado ao
desenvolvimento adequado da linguagem, este estudo corrobora com a literatura
demonstrando que a ordenação temporal (capacidade de reconhecer, identificar e
ordenar estímulos acústicos, de acordo com sua ordem de apresentação) também é
considerada uma das funções mais importantes do sistema nervoso central, uma vez que
a fala e a compreensão da linguagem são dependentes da capacidade de se trabalhar
com a sequência sonora. (MURPHY, SCHOCHAT, 2009; SIMON, ROSSI, 2014)
No presente estudo a maior parte das alterações foi no teste de Padrão de Frequência,
quando comparado ao teste de Padrão de Duração. Desta forma, confirmam-se os dados
encontrados na literatura, como comprovado em um estudo que utilizou uma amostra de
50 crianças, obtendo como resultado um número maior de alterações encontradas no
teste de padrão de frequência no grupo com alterações de leitura, quando comparado as
encontradas no grupo controle. Observou-se também que na modalidade (imitando) o
desempenho dos participantes em relação à solicitação de respostas não-verbais foi
melhor quando comparado a solicitação verbal (nomeando). A dificuldade na
modalidade (nomeando) pode ser explicada pela necessidade de integração inter-
hemisférica (via corpo caloso) dos estímulos na solicitação de resposta verbal, o que não
ocorre na solicitação não-verbal, levando a conclusão de que esses indivíduos pudessem
apresentar uma dificuldade na integração. Outra possibilidade encontrada na literatura
para justificar esse achado está no fato das respostas verbais parecerem mais difíceis em
crianças com problemas de linguagem, uma vez que a nomeação envolve processos
cognitivos mais elaborados, como atenção, definição do conceito para representação do
estímulo percebido e movimentos articulatórios adequados para pronúncia da palavra
selecionada (LUCIAN, OLIVEIRA, 2010).
Um estudo realizado com indivíduos de 7 a 11 anos sem alterações de linguagem
verificou que o desempenho das crianças no Teste de Padrão de Frequências na
modalidade de resposta não-verbal foi significativamente melhor do que na solicitação
de respostas verbais, corroborando os achados deste estudo (SOARES, SANCHES,
ALVES, CARVALHO, CÁRNIO, 2013).
No presente estudo, os testes monóticos PSI e SSI na condição de mensagem
competitiva ipsilateral apresentaram maior número de resultados dentro da normalidade.
Por meio destes testes é possível analisar o aspecto de fechamento auditivo, que faz
menção à habilidade do indivíduo em compreender sons de fala, mesmo que
incompletos, e a habilidade de figura fundo, que se refere a capacidade de identificar
mensagem primária na presença de sons competitivos. A decodificação auditiva refere-
se à identificação dos componentes de uma mensagem auditiva. Desta forma, o
fechamento auditivo desempenha um importante papel nas atividades cotidianas no
indivíduo. Os testes monóticos avaliam cada orelha separadamente, desafiando o
sistema auditivo ao reduzir a redundância extrínseca do sinal de fala, a fim de avaliar a
habilidade auditiva central do fechamento auditivo, não sendo, portanto, necessária a
integração das fibras comissurais que fazem a união entre áreas simétricas dos dois
hemisférios, o que pode justificar os melhores resultados nessa categoria dos testes
(SOARES, SANCHES, ALVES, CARVALHO, CÁRNIO, 2013; PRANDO,
GONÇALVES , MORAES , FONSECA 2013)
Nesta pesquisa, o subperfil do transtorno do processamento auditivo mais encontrado
foi o de integração auditiva (87,5% dos sujeitos), caracterizado principalmente pelas
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alterações nos testes dicóticos Staggered Spondaic Word, Pedictric Speech Intelligibility
e Synthetic Sentence Identification na condição de mensagem competitiva contralateral
(SSW-PSI/SSI-MCC) .Este fato pode ser explicado devido à dificuldade de integração
inter hemisférica, ou seja, dificuldade em integrar os estímulos auditivos com os visuais
ou táteis (FRIDERICIAD 2012; LUCIAN, OLIVEIRA, 2010; OLIVEIRA, MURPHY,
SHOCHAT, 2013).
A associação entre o transtorno do processamento auditivo e os transtornos de
aprendizagem quando detectados precocemente, possibilitam a adequada orientação aos
pais, norteiam a terapia e estimulam as áreas sensoriais; por isso é de extrema
importância a realização dos testes do processamento auditivo nas crianças em período
escolar (TERTO, LEMOS 2014; PRANDO, GONÇALVES , MORAES ,FONSECA
2013).
Outras pesquisas devem ser realizadas com um número maior de participantes
comparando esta população a crianças sem alteração de aprendizagem. Devem ser
realizados testes de interação binaural (MLD) e outros testes de resolução temporal
(GIN e RGDT).
CONCLUSÃO:
O presente estudo foi realizado no período de fevereiro a julho de 2013. Foram
analisados os protocolos de oito indivíduos, sendo cinco do gênero masculino e três do
gênero feminino. A média de idade do grupo estudado foi 10,2 anos (variando entre 8,6
a 12), cursando entre o 3° e 7° ano do ensino fundamental. Todos os indivíduos desta
amostra apresentaram alteração em algum subperfil do transtorno do processamento
auditivo, sendo o subperfil de integração auditiva o mais alterado.
Pesquisas realizadas mostram dificuldades em torno do processamento auditivo em
quase todos os subperfis primários. Desta forma, as dificuldades em quaisquer dessas
habilidades podem acarretar atrasos no desenvolvimento da criança, prejudicando em
vários aspectos inclusive em âmbito escolar. Por isso é de extrema importância a
realização dos testes do processamento auditivo em crianças no período escolar,
visando, além de um diagnóstico precoce, nortear a terapia e estimular as áreas
sensoriais.
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